O Camiño
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Sobre este e-book
Foi o que Mara e Luz decidiram fazer durante o mês de Outubro de 2022. Duas mulheres que mal se conheciam resolveram abraçar o desafio de completar a viagem entre Porto e Santiago De Compostela durante 12 dias - 320 quilómetros.
12 dias, 12 lições diferentes! A magia do Camiño pode ser sentida em cada etapa desta jornada.
Iremos nos encontrar com muitos desafios, lágrimas, risos, autodescoberta e conquistas.
Nada se compara ao cansaço físico e mental que 12 dias de caminhada podem trazer, mas certamente nada pode ser comparado com o amor, a compaixão e empatia que recebes durante esta caminhada.
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O Camiño - Mara Fernandes
Dedicatórias
Ao João, o meu amor, que sempre está presente, quando eu caio e quando eu voo, sempre orgulhoso de mim, apoiando-me, amando-me. Amo-te Gatinho!!
À minha família, que sempre, SEMPRE me apoia, mesmo nas ideias mais malucas.
À minha melhor amiga Nexy, que sempre esteve presente, mesmo estando a quilómetros de distância e com um fuso horário diferente.
À Lenise, que me segura as pontas no trabalho sempre que decido ir embora, que sente as minhas histórias ainda mais do que eu.
À Florbela, que sempre diz que sou especial e que vou poder fazer tudo o que quiser na minha vida.
À Sara, que foi a primeira pessoa a acreditar que eu faria um livro, dando-me uma caneta em 2020 para os autografar.
A todos os que seguiram os meus diários online, enviando mensagens ou ligando durante o meu Camiño.
A todos os peregrinos que se cruzaram connosco durante esta jornada.
À professora Helena Aleixo pelo contributo nesta edição portuguesa.
E por último, mas não menos importante, à Luz… por aceitar a minha presença no seu Camiño, por me aguentar 12 dias sem enlouquecer, por me apoiar, por me fazer perceber o que tenho e o que posso conseguir, por estar lá , pelas lágrimas, pelas gargalhadas, pelos abraços, pelo amor. Que alma bonita és tu!
Capítulo 1
Dia zero
Sentada na Leitaria Quinta do Paço no Porto à espera da Luz, com a mente distante, pensamentos e ideas a atropelarem-se mutuamente, tínhamos reserva para as 17h e cheguei 2h mais cedo. Nervosismo, ansiedade ou pura adrenalina, na realidade já não conseguia distinguir que sentimentos eram.
Pedi ao empregado de mesa uma simples limonada, sem ter a certeza do porquê de tal escolha, porque na realidade o que eu queria era um Licor Beirão.
A Luz estava hospedada num hotel perto desta pastelaria, muito famosa pelos seus eclairs, que segundo eles afirmam são os melhores e mais antigos do Porto. Com a decoração em azul e branco, o espaço era agradável e estava bem situado entre a Livraria Lello e a Igreja do Carmo. Apesar de ser uma tarde de terça-feira, a confeitaria estava cheia de gente, principalmente turistas espanhóis.
O Porto tinha sido gentil comigo nos últimos quatro dias. Tive a oportunidade de me deliciar com óptima comida, passei tempo com os meus sogros, mostrei a cidade à Luz, voltei a conectar-me com uma das minhas melhores amigas e desconectei-me da frenética Londres.
A vida em Londres anda tão rápido que todas as outras cidades em comparação parecem pacíficas. Para além de todo o stress de uma cidade movimentada, uma semana antes de vir para o Porto, quando estava a terminar uma visita a um dos prédios pertencentes ao portfólio da empresa para a qual trabalho, assisti a três pessoas serem assaltadas e esfaqueadas à minha frente. Ainda estava a recuperar do choque e do medo que a situação me tinha causado. Na verdade, tinha sido uma boa ideia vir mais cedo para Portugal, ter alguns dias antes de iniciar o Camiño para me concentrar neste desafio e deixar para trás o stress dos últimos dias.
O Camiño! Porquê o Camiño? Estava há semanas a tentar entender porque tinha decidido fazer tal coisa.
Voltando a Julho, encontrei a Luz para ajudá-la em algumas questões de trabalho. Ambas trabalhamos para a mesma empresa, mas em áreas diferentes. Eu sou responsável pelo departamento de Higiene & Segurança de trabalho, e a Luz é Gerente de Operações para um dos nossos clientes. Conhecemo-nos há alguns anos, mas o nosso relacionamento era principalmente baseado no trabalho e em esporádicos encontros sociais que a empresa promovia. Sempre fomos educadas, simpáticas e agradáveis uma com a outra, mas não éramos amigas.
Não me lembro como começou a conversa, mas sei que íamos a um dos edifícios do portfólio da Luz. Estávamos na Piccadilly Line juntamente com a Lenise, uma amiga e colega de departamento.
A Luz parecia cansada e eu perguntei-lhe se tinha férias marcadas para breve. Respondeu-me que estava a planear fazer o Camiño de Santiago, mais propriamente a rota do Camiño Português da Costa, em Outubro.
Há algum tempo que eu pensava no assunto, mas talvez estivesse com medo de dar o primeiro passo e sem pensar duas vezes, disse-lhe:
- Perfeito! Eu vou contigo!
A Luz olhou-me surpreendida com a minha reacção, mas é gentil e educada e talvez por isso tenha aceitado, sem fazer qualquer outra pergunta. Passou-me as datas em que estava a pensar ir, e eu prometi-lhe que entraria em contato com ela em breve com a confirmação das minhas férias. Continuou sorrindo e consentindo positivamente com a cabeça, sem fazer qualquer comentário, enquanto na minha mente eu já me imaginava de mochila às costas algures entre Portugal e Espanha.
-Já viste que acabaste de te oferecer para ir de férias com a Luz, tens noção disso?
– perguntou-me a Lenise quando saímos do prédio, completamente surpresa com a minha atitude.
-Eu sei que talvez me tenha precipitado um pouco, mas sempre quis fazer isto. Esta é a oportunidade que eu procurava! E enfim, a Luz é super tranquila, tenho a certeza que nos vamos divertir.
- respondi ignorando por completo as preocupações da Lenise.
-Só estou a pensar se ela quer realmente ir contigo… Se quererá fazer este tipo de viagem na tua companhia.
– disse a Lenise olhando-me de frente.
-E porque não?
– perguntei enquanto já conferia alguns detalhes sobre o Camiño no meu telemóvel.
Duas semanas depois, enquanto estava a ir para o trabalho, uma senhora com dois bastões de caminhada cruzou-se comigo na saída do metro.
Sem hesitar, tirei-lhe uma foto e enviei para a Luz:
É um sinal! xx
A Luz respondeu-me com um simples:
Ahahahah, xx
A Lenise continuava a dizer-me que eu deveria ter a certeza que a Luz não se importava de me ter como companheira de viagem, mas eu ignorava todos os seus conselhos, seguindo firme na minha ideia e respondendo sempre o mesmo: -E por que não?
Reunimo-nos algumas vezes para elaborar o nosso plano, íamos preparando todo o equipamento, verificando a rota a fazer, marcando voos, fazendo anotações dos Albergues, e preparando-nos fisicamente com muitas caminhadas e exercícios.
Nem por uma vez perguntei à Luz se estava feliz por a acompanhar. Nem por uma vez pensei na possibilidade de não ir. Tudo se encaixou tão bem que eu não senti motivo para fazer perguntas.
Outubro chegou rápido como uma bala, e de repente lá estávamos nós, prontas para embarcar nesta aventura.
Sentada aqui e agora, refletindo sobre os últimos 4 meses, penso em todas as perguntas que deveria ter feito antes.
Perguntas que deveria ter feito à Luz, mas essencialmente perguntas que deveria ter feito a mim própria.
O que é que o Camiño tem, que faz com que todas as pessoas falem sobre ele?
Porque é que eu estou a fazer isto?
Porque é que estou nesta aventura com a Luz? Porque é que a Luz tem que vir comigo?
Será que estou física e mentalmente preparada para este desafio?
Alguns amigos perguntaram-me se estava a fazer isto por motivos religiosos… Quando lhes disse que estava na procura de uma conexão espiritual mais elevada, olharam para mim ainda mais intrigados com a minha resposta.
Essa era a única coisa que tinha definido na minha mente, queria aprofundar o meu nível espiritual.
Desde criança que tive essa ligação com o mundo místico, com o não físico, com outros tipos de manifestações que o Universo nos pode dar. Durante a pandemia comecei a explorar muito mais o assunto, passando horas a estudar e a fazer cursos em disciplinas como reiki, tarot e life coaching.
No seguimento desses estudos, fazer o Camiño parecia a coisa mais lógica a fazer, como uma progressão pessoal natural na evolução da minha jornada.
Lógica para quem? Porque agora para mim parecia totalmente ilógica…
O empregado de mesa veio pela terceira vez à minha mesa para me perguntar se a minha limonada estava boa, penso que se apercebeu que eu não havia bebido nada.
Mantive-me a escrever notas soltas no meu diário de viagem, mas na realidade a minha mente estava longe. Nem me tinha apercebido que as 2 horas tinham passado e de repente a Luz estava do lado de fora da pastelaria a acenar-me.
A Luz chegou feliz e confiante, o seu humor estava alto e completamente o oposto da minha situação melancólica.
-Estás pronta?
– perguntou-me enquanto limpava o rosto da chuva.
Acenei com a cabeça, pagando a limonada ao rapaz que me a tinha servido.
De seguida, apanhámos o autocarro para o nosso Albergue numa paragem mesmo em frente à pastelaria. Durante a viagem de 20 minutos, conversámos sobre a Luz e o tempo que ela passou com a sua família durante aquele dia. A família da Luz estava no Porto a fazer uma viagem cultural com alguns outros amigos de Valência. A Luz é colombiana mas mudou-se para Espanha com a sua família há muitos anos atrás, a sua família vive até hoje na cidade de Valência. As histórias do dia da Luz foram uma distração MUITO bem-vinda para o meu momento de reflexão.
O nosso Albergue situava-se na Boavista, um bairro residencial do Porto. Uma menina tailandesa, com um inglês débil, completou o