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Super-Revisão OAB Doutrina - Direito Civil
Super-Revisão OAB Doutrina - Direito Civil
Super-Revisão OAB Doutrina - Direito Civil
E-book537 páginas11 horas

Super-Revisão OAB Doutrina - Direito Civil

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Sobre este e-book

Sobre a obra SUPER-REVISÃO OAB - DOUTRINA COMPLETA - 13ª ED – 2023


A experiência diz que aquele que quer ser aprovado deve fazer três coisas: a) entender a teoria, b) ler a letra da lei, e c) treinar. As obras da coleção "Como Passar" cumprem muito bem os dois últimos papéis, pois trazem número expressivo de questões comentadas alternativa por alternativa, inclusive com a indicação de dispositivos legais a serem lidos. Porém, só o treinamento e a leitura de lei não são suficientes. É necessário também "entender a teoria".

Por isso, a presente obra foi concebida exatamente para cumprir esse papel: trazer para você uma Super-Revisão da Teoria, possibilitando uma preparação completa para você atingir seu objetivo, que é a aprovação no exame.

Estudando pelo livro você certamente estará mais preparado para enfrentar o momento decisivo, que é o dia do seu exame.

O livro traz as disciplinas do Exame de Ordem e foi construído a partir de estatísticas deste e das preferências da organizadora.

Tudo isso sem contar que apresenta um conteúdo forte, porém altamente sistematizado, sem prejuízo de trazer a jurisprudência atualizada de interesse para o exame.

Trata-se, assim, da Revisão dos Sonhos de quem vai fazer o Exame de Ordem!
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de set. de 2023
ISBN9786555158724
Super-Revisão OAB Doutrina - Direito Civil

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    Pré-visualização do livro

    Super-Revisão OAB Doutrina - Direito Civil - Wander Garcia

    Super-Revisão OAB Volume 01. autor Adolfo Mamoro Nishiyama Editora Foco.

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD

    G216s Garcia, Wander

    Super-Revisão OAB Doutrina – Direito Civil [recurso eletrônico] / Wander Garcia ; coordenado por Wander Garcia. – 13. ed. - Indaiatuba, SP : Editora Foco, 2023.

    138 p. ; ePUB. – (Super-Revisão)

    Inclui bibliografia e índice.

    ISBN: 978-65-5515-872-4 (Ebook)

    1. Direito. 2. Ordem dos Advogados do Brasil - OAB. 3. Exame de Ordem. 4. Direito civil. I. Título. II. Série.

    2023-2000

    CDD 347

    CDU 347

    Elaborado por Odilio Hilario Moreira Junior - CRB-8/9949

    Índices para Catálogo Sistemático:

    1. Direito civil 347 2. Direito civil 347

    Super-Revisão OAB Volume 01. autor Adolfo Mamoro Nishiyama Editora Foco.

    2023 © Editora Foco

    Coordenador:Wander Garcia

    Cocoordenadora: Ana Paula Dompieri

    Autores: Wander Garcia

    Diretor Acadêmico: Leonardo Pereira

    Editor: Roberta Densa

    Revisora Sênior: Georgia Renata Dias

    Revisora: Simone Dias

    Capa Criação: Leonardo Hermano

    Diagramação: Ladislau Lima e Aparecida Lima

    Produção ePub: Booknando

    DIREITOS AUTORAIS: É proibida a reprodução parcial ou total desta publicação, por qualquer forma ou meio, sem a prévia autorização da Editora FOCO, com exceção do teor das questões de concursos públicos que, por serem atos oficiais, não são protegidas como Direitos Autorais, na forma do Artigo 8º, IV, da Lei 9.610/1998. Referida vedação se estende às características gráficas da obra e sua editoração. A punição para a violação dos Direitos Autorais é crime previsto no Artigo 184 do Código Penal e as sanções civis às violações dos Direitos Autorais estão previstas nos Artigos 101 a 110 da Lei 9.610/1998. Os comentários das questões são de responsabilidade dos autores.

    NOTAS DA EDITORA:

    Atualizações e erratas: A presente obra é vendida como está, atualizada até a data do seu fechamento, informação que consta na página II do livro. Havendo a publicação de legislação de suma relevância, a editora, de forma discricionária, se empenhará em disponibilizar atualização futura.

    Bônus ou Capítulo On-line: Excepcionalmente, algumas obras da editora trazem conteúdo no on-line, que é parte integrante do livro, cujo acesso será disponibilizado durante a vigência da edição da obra.

    Erratas: A Editora se compromete a disponibilizar no site www.editorafoco.com.br, na seção Atualizações, eventuais erratas por razões de erros técnicos ou de conteúdo. Solicitamos, outrossim, que o leitor faça a gentileza de colaborar com a perfeição da obra, comunicando eventual erro encontrado por meio de mensagem para contato@editorafoco.com.br. O acesso será disponibilizado durante a vigência da edição da obra.

    Data de Fechamento (31.12.2022)

    2023

    Todos os direitos reservados à

    Editora Foco Jurídico Ltda.

    Avenida Itororó, 348 – Sala 05 – Cidade Nova

    CEP 13334-050 – Indaiatuba – SP

    E-mail: contato@editorafoco.com.br

    www.editorafoco.com.br

    Sumário

    Capa

    Ficha catalográfica

    Folha de rosto

    Créditos

    Apresentação

    Coordenadores e Autores

    1. Direito Civil

    1. Princípios do Direito Civil e Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB

    2. Parte Geral

    3. Direito das Obrigações

    4. Direito dos Contratos

    5. Responsabilidade Civil

    6. Direito das Coisas

    7. Direito de Família

    8. Direito das Sucessões

    Pontos de referência

    Capa

    Sumário

    Apresentação

    A experiência diz que aquele que quer ser aprovado no Exame da Ordem deve fazer três coisas: a) entender a teoria, b) ler a letra da lei e c) treinar. As obras da coleção Como Passar contribuem muito bem com os dois últimos itens, pois trazem número expressivo de questões comentadas, alternativa por alternativa, inclusive com a indicação de dispositivos legais a serem lidos. Porém, só o treinamento e a leitura da lei não são suficientes. É necessário também entender a teoria.

    Por isso, a presente obra foi concebida exatamente para cumprir esse papel: trazer para você uma Super-Revisão da teoria, possibilitando uma preparação completa para você atingir seu objetivo, que é a aprovação no exame.

    Estudando por meio deste livro você, certamente, estará mais preparado para enfrentar este momento decisivo, que é o dia do seu exame.

    O livro traz todas as disciplinas do Exame de Ordem e foi construído a partir de suas estatísticas e das preferências da organizadora.

    Tudo isso sem contar que apresenta um conteúdo forte, altamente sistematizado, trazendo a jurisprudência, de interesse para o exame, atualizada. Trata-se, assim, da Revisão dos Sonhos de quem vai fazer o Exame de Ordem!

    Wander Garcia e Ana Paula Dompieri

    Coordenadores

    Coordenadores e Autores

    SOBRE OS COORDENADORES

    Wander Garcia

    É Doutor, Mestre e Graduado em Direito pela PUC/SP. Professor universitário e de cursos preparatórios para Concursos e Exame de Ordem, tendo atuado nos cursos LFG e DAMÁSIO, no qual foi Diretor Geral de todos os cursos preparatórios e da Faculdade de Direito. Foi diretor da Escola Superior de Direito Público Municipal de São Paulo. É um dos fundadores da Editora Foco, especializada em livros jurídicos e para concursos e exames. Escreveu mais de 50 livros publicados na qualidade de autor, coautor ou organizador, nas áreas jurídica e de preparação para concursos e exame de ordem. Já vendeu mais de 1,5 milhão de livros, dentre os quais se destacam os Best Sellers Como Passar na OAB, Como Passar em Concursos Jurídicos, Exame de Ordem Mapa­mentalizado e Concursos: O Guia Definitivo. É também advogado desde o ano de 2000 e foi procurador do município de São Paulo por mais de 15 anos. É Coach com sólida formação certificado em Coaching pelo IBC e pela International Association of Coaching.

    Ana Paula Dompieri

    Procuradora do Estado de São Paulo. Pós-graduada em Direito. Professora do IEDI. Escrevente do Tribunal de Justiça por mais de 10 anos. Ex-assistente Jurídico do Tribunal de Justiça. Autora de diversos livros para OAB e concursos.

    SOBRE OS AUTORES

    Adolfo Nishiyama

    Advogado. Doutor em Direito do Estado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Professor titular da Universidade Paulista lecionando Direito Constitucional e Direito Processual Civil. Membro do Tribunal de Ética e Disciplina na OAB/SP (2010/2012). Autor de diversas obras jurídicas.

    Arthur Trigueiros –

    @proftrigueiros

    Pós-graduado em Direito. Procurador do Estado de São Paulo. Professor da Rede LFG e do IEDI. Autor de diversas obras de preparação para Concursos Públicos e Exame de Ordem.

    Bruna Vieira – @profa_bruna

    Advogada. Mestre em Concretização de Direitos Sociais pelo UNISAL. Professora de Direito Constitucional em cursos de pós-graduação, concursos públicos e exame de ordem há 12 anos. Autora de diversas obras jurídicas pelas editoras FOCO e Saraiva. Atuou na coordenação acadêmica dos cursos de Pós-graduação da FGV (GVLAW) e foi aluna especial no Curso de Pós-graduação Stricto Sensu da USP (Faculdade de Direito - Universidade São Paulo), nas disciplinas: Metodologia do Ensino Jurídico com o Prof. José Eduardo Campos de Oliveira Faria e "Efetivação do Direito à Saúde em Estados Democráticos de Direito: Fundamentos, Evolução e Desafios do Direito Sanitário, com os professores Fernando Mussa Abujamra Aith e Sueli Dallari.

    Eduardo Dompieri

    @eduardodompieri

    Pós-graduado em Direito. Professor do IEDI. Autor de diversas obras de preparação para Concursos Públicos e Exame de Ordem.

    Fernando Leal Neto – @fclneto

    Advogado. Mestrando em Segurança Pública, Justiça e Cidadania pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Coordenador de Extensão da Faculdade Baiana de Direito e Gestão (Salvador - BA).

    Henrique Subi

    @henriquesubi

    Agente da Fiscalização Financeira do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo. Mestrando em Direito Político e Econômico pela Universidade Pres-biteriana Mackenzie. Especialista em Direito Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas e em Direito Tributário pela UNISUL. Professor de cursos preparatórios para concursos desde 2006. Coautor de mais de 20 obras voltadas para concursos, todas pela Editora Foco.

    Luiz Dellore – @dellore

    Doutor e Mestre em Direito Processual pela USP. Mestre em Direito Constitucional pela PUC/SP. Visiting Scholar na Syracuse Univesity e Cornell University. Professor do Mackenzie, da FADISP, da Escola Paulista do Direito (EPD), do CPJur e do Saraiva Aprova. Ex-assessor de Ministro do STJ. Membro do IBDP (Instituto Brasileiro de Direito Processual) e do Ceapro (Centro de Estudos Avançados de Processo). Advogado concursado da Caixa Econômica Federal.

    Márcio Rodrigues

    Advogado. Mestre pela UFBA. Professor-Assistente da Universidade Federal do Ceará (UFC), foi Professor de Processo Penal da UCSAL (BA), da Faculdade 2 Julho (BA), do IEDI e da Rede LFG. Ex-Professor do Curso JusPodivm. Autor e coautor de livros pela Editora Foco e outras editoras.

    Robinson Barreirinhas

    robinson.barreirinhas@gmail.com

    Secretário Municipal dos Negócios Jurídicos da Prefeitura de São Paulo.Professor do IEDI. Procurador do Município de São Paulo. Autor e coautor de mais de 20 obras de preparação para concursos e OAB. Ex-Assessor de Ministro do STJ.

    Savio Chalita

    Advogado. Mestre em Direitos Sociais, Difusos e Coletivos. Professor do CPJUR (Centro Preparatório Jurídico), Autor de obras para Exame de Ordem e Concursos Públicos. Professor Universitário. Editor do blog www.comopassarnaoab.com.

    1. Direito Civil

    Wander Garcia

    1. Princípios do Direito Civil e Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB

    1.1. Princípios do Direito Civil

    Miguel Reale, coordenador da comissão que redigiu o anteprojeto que deu origem ao novo Código, salienta que esse é norteado por três princípios: o da socialidade, o da eticidade e o da operabilidade. Tais princípios fazem refletir os elementos acima apontados.

    O princípio da socialidade é aquele que impõe prevalência dos valores coletivos sobre os individuais.

    Já o princípio da eticidade é aquele que impõe a justiça e a boa-fé nas relações civis.

    O princípio da operabilidade, por sua vez, é aquele que impõe soluções viáveis, operáveis e sem grandes dificuldades na aplicação do direito. Está contido nesse princípio o da concreção, pelo qual o legislador deve criar leis pensando em situações as mais concretas possíveis, evitando ser muito abstrato, ou quando não possível, dando poderes ao juiz para resolver o conflito de modo a melhor atender às diretrizes legais. O princípio da operabilidade é identificado no Código Civil, por exemplo, quando este confere ao juiz papéis mais abrangentes, tais como papel de juiz moderador (ex.: juiz que pode reduzir o valor de multas, caso abusivas) e de juiz com maior discricionariedade (ex.: juiz que está diante de cláusulas gerais e conceitos jurídicos indeterminados, que permitem que esse agente busque a melhor solução para o caso concreto, diante das diretrizes traçadas pela lei).

    Apesar de não mencionado expressamente por Miguel Reale, entendemos que também norteia o Código Civil o princípio da dignidade da pessoa humana, que é aquele que impõe respeito aos múltiplos aspectos da personalidade humana, como a moral, a intelectual e a física. A existência de um capítulo no Código Civil destinado exclusivamente aos direitos da personalidade, somada à previsão constitucional da proteção da dignidade da pessoa humana demonstram que o princípio em tela informa o atual Código Civil.

    E também não há como negar que o Código Civil ainda dá primazia à propriedade individual, à autonomia da vontade e à igualdade. A primeira é garantida pela Constituição e pelo Código Civil. A segunda ainda é a fonte inicial da formação das relações jurídicas civis. E a igualdade, entendida em seu sentido amplo (tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais), é o princípio que fundamenta as relações privadas, na qual se busca o equilíbrio entre as partes, diferentemente do que ocorre nas relações públicas, em que há supremacia do interesse público sobre o interesse privado, em nítida situação de desequilíbrio.

    A partir dessas observações, é possível criar uma Teoria dos Princípios Basilares, ou seja, uma teoria que visa a identificar quais são os princípios do Direito Civil que inspiram e norteiam todos os outros princípios e regras desse macrossistema.

    Nesse sentido, pode-se dizer que são princípios basilares do Direito Civil os seguintes: a) autonomia da vontade; b) igualdade; c) propriedade individual; d) solidariedade social (contendo as ideias de socialidade, eticidade e dignidade da pessoa humana); e e) operabilidade.

    Além dos princípios basilares, e abaixo deles, temos os princípios-norma, que são as normas jurídicas aplicáveis a determinada categoria de relações, dotadas de especial relevância e alta carga valorativa. São exemplos desses princípios os da função social dos contratos (aplicável aos contratos), da boa-fé objetiva (aplicável aos contratos), da função social da propriedade (aplicável ao direito de propriedade), da igualdade entre os filhos (aplicável ao direito de família e sucessões), entre outros.

    Tais princípios têm as seguintes características: a) têm aplicação direta e imediata aos casos concretos; b) têm hierarquia em relação às meras regras-norma, hierarquia essa que é chamada de hierarquia material caso estejam previstos em leis da mesma categoria das regras (ex.: há hierarquia material, e não formal, entre um princípio previsto no Código Civil e uma mera regra prevista no mesmo Código); c) servem de elemento integrativo e de vetor interpretativo aos aplicadores do Direito.

    Por fim, temos os princípios gerais do direito, que são as diretrizes políticas, sociais e jurídicas extraídas do sistema jurídico como um todo. Um exemplo desse princípio é o da presunção de boa-fé. Tais princípios somente são aplicados em caso de lacunas, ou seja, em casos de vazio no sistema jurídico. E, mesmo assim, tais princípios são só chamados caso a lacuna não possa ser resolvida com a analogia e os costumes. Dessa forma, tais princípios não têm aplicação direta e imediata aos casos concretos, dependendo, para sua aplicação, da existência de lacuna que não possa ser suprida pelos elementos mencionados.

    1.2. LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

    1.2.1. Finalidade da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

    A primeira lei que tratou da introdução às normas do Direito Brasileiro foi a Lei 3.071/1916 (antigo Código Civil), que o fazia em seus artigos 1º a 21. Essas normas foram revogadas pelo Decreto-Lei 4.657/1942, atualmente em vigor.

    A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro é norma introdutória do Direito como um todo, e não apenas do Direito Civil, como parecia ser, diante do nome que detinha antes (Lei de Introdução ao Código Civil). Tal lei, na verdade, tem três finalidades.

    A primeira delas, e a que mais se sobressai, é a de regular a forma de aplicação das leis em geral: a) o início e a duração de sua obrigatoriedade (arts. 1º e 2º); b) os mecanismos de integração em caso de lacuna (art. 4º); c) os critérios de interpretação (art. 5º); e d) os meios de preservação da segurança jurídica em face da edição de novas normas (art. 6º).

    A segunda finalidade é a de regular o direito internacional privado brasileiro (arts. 7º a 17).

    A última é a de regular os atos civis praticados no estrangeiro pelas autoridades consulares brasileiras (arts. 18 e 19).

    A primeira finalidade incide não só sobre a aplicação das normas de Direito Civil, mas sobre o Direito como um todo, ressalvada a existência de uma lei especial dispondo de modo contrário. Por exemplo, em Direito Penal, sob o argumento de que existe uma lacuna, não será possível valer-se da analogia para considerar crime um tipo de conduta ainda não regulada pelo Direito, por haver vedação dessa forma de integração na lei penal.

    Neste texto veremos as principais regras da LINDB que interessam diretamente ao Direito Civil, devendo o leitor buscar os detalhes específicos de outros ramos jurídicos, tais como o Direito Internacional e a Hermenêutica, nos textos correspondentes.

    1.2.2. Fontes do Direito

    Quando se pergunta quais são as fontes do Direito, fica sempre a dúvida sobre a qual fonte a indagação se refere. Existem fontes criadoras do Direito (legislador, por exemplo). Há fontes formais do Direito (a lei, por exemplo). Há fontes históricas do Direito (fatos históricos marcantes que deram origem à modificação de uma lei).

    As fontes formais do Direito podem ser divididas em duas espécies: principais e acessórias.

    As fontes formais principais são: a lei, a analogia, o costume e os princípios gerais do direito. Como adotamos o sistema romano-germânico, de início, só a lei é fonte formal principal. Apenas em caso de lacuna é que se admite que o aplicador se valha da analogia, do costume e dos princípios gerais, nessa ordem, como fonte formal jurídica (art. 4º da LINDB).

    Para completo entendimento do assunto, é importante destacar que, por lei, deve-se entender norma constitucional, lei ordinária, lei complementar, lei delegada, resolução legislativa, decreto legislativo e medida provisória.

    Já as fontes formais secundárias ou acessórias são: os decretos, as resoluções administrativas, as instruções normativas, as portarias etc. São acessórias pois guardam obediência a uma fonte principal.

    Doutrina e jurisprudência são consideradas, tradicionalmente, como fontes não formais ou fontes indiretas (mediatas). Isso porque trazem preceitos não vinculantes. São também consideradas fontes meramente intelectuais ou informativas.

    Há de se fazer alguns temperamentos com relação à jurisprudência. Isso porque, apesar de um entendimento reiterado pelos tribunais não ter força de lei, a Emenda Constitucional 45/2004 estabeleceu que o Supremo Tribunal Federal poderá, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula, que terá efeito vinculante e incidirá sobre a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas acerca das quais haja controvérsia (art. 103-A da CF).

    Tais súmulas, ainda que declarativas em relação ao que é Direito, poderão ser consideradas verdadeiras fontes formais, já que têm eficácia erga omnes.

    1.2.3. Lei

    1.2.3.1. Conceito e características

    Em sentido estrito, pode-se conceituar a lei como o ato do Poder Legislativo imperativo, geral, originário e autorizador de se exigir do Estado a garantia de seu cumprimento mediante o uso de coação física, se necessário.

    1.2.3.2. Classificação

    As leis podem ser classificadas a partir de diversos critérios. Vejamos alguns:

    a) Quanto à sua natureza: podem ser substantivas ou adjetivas.

    Substantivas são as que estabelecem os direitos e deveres das pessoas em suas atividades e relações pessoais e profissionais. São também chamadas de materiais.

    Adjetivas são as que regulamentam os atos de um processo, o qual tem por objetivo fazer valer as normas materiais. São também chamadas de normas processuais ou formais;

    b) Quanto à hierarquia: são escalonadas em constitucionais, complementares e ordinárias. As normas complementares estão em posição superior às ordinárias, não só porque exigem quórum especial (art. 69 da CF), como porque, segundo a Constituição, têm o condão de dispor sobre a elaboração das leis (art. 59, parágrafo único), o que se deu com a edição da Lei Complementar 95/1998;

    c) Quanto à competência ou extensão territorial: são federais, estaduais/distritais e municipais;

    d) Quanto ao alcance: podem ser gerais ou especiais.

    Gerais são as que regulam uma dada relação jurídica, a par de outra lei que regula um determinado aspecto daquela relação. Assim, o Código Civil, ao tratar do contrato de locação é uma lei geral (arts. 565 e ss.), ao passo que a Lei 8.245/1991 é uma lei especial, pois trata apenas de um determinado aspecto da locação, no caso a locação de imóvel urbano.

    Especiais são as que regulam sozinhas uma relação jurídica por inteiro ou um determinado aspecto de uma relação jurídica regulada de modo genérico por outra lei. Além da Lei de Locações, podem ser citados o Código de Defesa do Consumidor e o Estatuto da Criança e do Adolescente.

    A classificação é importante para efeito de se descobrir qual é a lei aplicável ao caso concreto. Entre uma lei especial e uma lei geral, ainda que a lei geral seja posterior, deve-se aplicar a lei especial. Isso porque se presume que esta tratou com mais detalhe do assunto.

    É importante ressaltar que uma lei pode ser especial em relação a uma e geral em relação a outra. Por exemplo, em relação à compra e venda prevista no Código Civil, as normas sobre o assunto previstas no CDC são especiais. Mas em relação à Lei de Alienação Fiduciária (Decreto-Lei 911/1969), as normas do CDC são consideradas gerais.

    Outra observação importante é que uma lei pode ser especial e ao mesmo tempo principiológica. É o caso do CDC. Em relação ao CC, trata-se de uma lei especial. Em relação a outras leis especiais, como se viu acima, pode ser considerada lei geral. Nada obstante, como o CDC traz uma série de princípios, e como os princípios são normas que se sobrepõem a meras regras, é possível que o CDC prevaleça em relação a uma lei que, em princípio, traz normas especiais em relação às suas. Só que isso só acontecerá quando houver um conflito entre um princípio do CDC e uma mera regra da lei especial. É o que aconteceu em matéria de indenização por extravio de bagagens. Em que pese haver leis estipulando um tabelamento na indenização, prevalece na jurisprudência do STJ o princípio da reparação integral dos danos (art. 6º, VI, CDC).

    1.2.3.3. Existência, validade, eficácia, vigência, vigor e desuso

    O processo de elaboração das leis tem as seguintes etapas: iniciativa, discussão, votação, sanção (ou veto, com posterior recusa ao veto), promulgação e publicação.

    A sanção, que pode ser expressa ou tácita (CF, art. 66, § 3º) é a aquiescência dada pelo Chefe do Poder Executivo ao projeto de lei aprovado. Permite-se também o veto, motivado pela inconstitucionalidade ou contrariedade do projeto ao interesse público, hipótese em que o Poder Legislativo poderá rejeitá-lo (derrubá-lo), por voto da maioria absoluta dos deputados e senadores, em sessão conjunta.

    Após a sanção ou a recusa ao veto, passa-se à promulgação, que é o ato pelo qual o Poder Executivo autentica a lei, atestando sua existência e determinando sua obediência. O Executivo tem quarenta e oito horas contadas da sanção ou da comunicação da recusa ao veto para proceder à promulgação. Caso não o faça, o Presidente do Senado o fará e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo (CF, art. 66, § 7º).

    Feita a promulgação, vem a publicação, que é a divulgação oficial da nova lei, possibilitando seu conhecimento público.

    Em seguida à publicação, temos uma situação eventual pela qual pode passar uma lei, o chamado período de vacância, que é o lapso temporal entre a data da publicação da lei e um termo prefixado na própria lei ou em outro diploma legislativo, durante o qual aquela não pode ainda produzir efeitos. Esse intervalo entre a data da publicação da lei e sua entrada em vigor chama-se vacatio legis.

    Segundo a LINDB, não havendo disposição em contrário, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias após sua publicação. Nos estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando for admitida, inicia-se três meses após oficialmente publicada (art. 1º, caput e § 1º). Adotou-se o princípio da vigência sincrônica, já que haverá vigência simultânea em todo o território nacional, ou seja, prazo único para entrada em vigor no país. Tal princípio se contrapõe ao da vigência progressiva, pelo qual a lei vai entrando em vigor no país segundo prazos que variam de acordo com a região¹. Já nos estados estrangeiros, o prazo é outro, de modo que os agentes de nossas representações diplomáticas e os que têm fora do Brasil interesses regulados pela lei brasileira, por exemplo, só ficam obrigados após o período de três meses acima aludido.

    Repare que, no silêncio, temos o período de vacância de quarenta e cinco dias, que poderá ser modificado mediante expressa indicação na lei de que entrará em vigor em outro termo. Segundo a Lei Complementar 95/1998, deve-se reservar a cláusula entra em vigor na data da sua publicação apenas para as leis de pequena repercussão. Quanto às demais, deve-se fixar um período de vacância que contemple prazo razoável para que dela se tenha amplo conhecimento (art. 8º, caput, da LC 95/1998). O Código Civil, por exemplo, entrou em vigor um ano após sua publicação (art. 2.044 do CC). A contagem do prazo dar-se-á com a inclusão da data da publicação e do último dia do prazo, entrando em vigor no dia subsequente à sua consumação integral (art. 8º, § 1º, da LC 95/1998).

    Há períodos de vacância fixados na própria Constituição, como os previstos nos art. 150, III, b e c, e 195, § 6º (no que concerne à cobrança de tributos).

    Pode ocorrer de, no curso do período de vacância, ser necessária nova publicação da lei destinada a alguma correção. Nesse caso, o prazo de vacância começará a correr mais uma vez a partir da data da nova publicação (art. 1º, § 3º, da LINDB).

    Pode ocorrer também de, após o período de vacância, ser necessária nova publicação da lei para o mesmo fim. Nesse caso, como a lei já estava em vigor, os efeitos que ela produziu até aquele momento serão respeitados. A LINDB é expressa no sentido de que as correções serão consideradas lei nova (art. 1º, § 4º), de modo que novo período de vacância deverá ser computado.

    A partir dos eventos narrados (promulgação, publicação e período de vacância) é importante trazer à tona as noções de existência, vigência, vigor, validade e eficácia.

    Segundo a maioria dos doutrinadores, a existência da lei ocorre após a sanção ou a rejeição ao veto (Pontes de Miranda, José Afonso da Silva, Manuel Gonçalves Ferreira Filho, Michel Temer, Luiz Alberto David Araujo e Alexandre de Moraes). A própria Constituição dá a entender que isso ocorre ao mencionar a lei como ato a ser promulgado (art. 66, § 7º). A promulgação, como se viu, apenas atesta a existência da lei. Nesse sentido é ato declaratório. E promulgação é uma verdadeira autenticação, ou seja, uma declaração de que a lei existe, é válida e que deverá ser cumprida, pois tem aptidão para vir a produzir efeitos.

    A existência, todavia, não se confunde com a validade. Quando se tem existente uma lei, tem-se também uma presunção de que também é válida. A própria promulgação já atesta a existência e a validade da lei. Nada obstante, pode ser que o Poder Judiciário reconheça sua inconstitucionalidade. Se tal reconhecimento se der no bojo de uma ação direta de inconstitucionalidade, após seu trânsito em julgado será desfeita definitivamente a presunção de validade que a lei detinha. A validade, portanto, é qualidade da lei de ter sido produzida segundo as condições formais e materiais previstas na ordem jurídica.

    Mas não basta que a lei exista e seja válida. Esta há de ter eficácia, que é a qualidade da lei de poder produzir efeitos jurídicos. A lei só a terá se cumprir as chamadas condições de eficácia do ato normativo, que são: a) a promulgação; b) a publicação; c) o decurso do período de vacância, quando existir. As duas primeiras condições também são chamadas de atos de integração da eficácia da lei. É importante anotar que algumas normas constitucionais, por dependerem de outra para produzirem efeitos, têm eficácia limitada.

    Diante de tais noções, passemos aos conceitos de vigor e de vigência.

    Vigor é a qualidade da lei de poder produzir efeitos jurídicos. Vigor quer dizer força. A lei só tem força quando pode produzir efeitos. E a lei só pode produzir efeitos depois de preenchidas as condições anteriormente aludidas. É por isso que o art. 1º da LINDB dispõe que a lei começa a vigorar após publicada.

    Já a vigência é o tempo em que a lei existiu podendo produzir efeitos. Para alguns é o tempo em que a lei é válida. Vigência não é qualidade. Vigência é período de tempo. Perceba que a vigência requer dois elementos: existência e efeitos. Assim, uma lei promulgada, mas não publicada, não teve vigência, uma vez que, apesar de existir, não pode produzir efeitos. O mesmo se dirá de uma lei que ainda estiver em período de vacância. Uma lei que ainda produza efeitos, mas que já estiver revogada não está em vigência. Isso porque, apesar de produzir efeitos, não tem mais existência. Isso ocorre com o Código Civil anterior. Ele ainda regula algumas relações (produz efeitos), mas está revogado (não tem mais existência).

    Assim, pode ser que uma lei tenha vigor, mas não tenha mais vigência. O CC antigo ainda produz efeitos (tem vigor), mas não existe mais (não tem vigência).

    Por fim, vale trazer à tona a noção de desuso e costume negativo, que são as circunstâncias de a lei, em que pese poder produzir efeitos jurídicos, não ter utilidade, no primeiro caso, ou estar sendo descumprida por destinatários do Direito, sem que haja sua exigência ou aplicação pelos agentes estatais competentes, no segundo. Um exemplo de desuso é a lei que trata da proibição de caça de um tipo de animal que já está extinto. E um exemplo de costume negativo é o que se deu em relação ao crime de adultério. O Código Penal, em que pese vigente quanto a esse crime, não vinha sendo aplicado quando cometido o tipo penal em questão, que veio a ser retirado da ordem jurídica.

    Cabe anotar que existem juristas ou jusfilósofos que apresentam noções diferentes das que colocamos. É o caso de Kelsen, para quem a eficácia tem a ver com o plano concreto, tem relação com o que chamamos de desuso. E o que chamamos de eficácia, para Kelsen, é vigência.

    1.2.3.4. Vigência da lei

    1.2.3.4.1. Princípio da obrigatoriedade

    Ao conceituarmos a lei, vimos que é um ato imperativo, um ato que prescreve conduta às pessoas. De nada valeria a lei se os destinatários de seus comandos tivessem a faculdade de cumpri-los ou não. É fundamental para a efetividade da ordem jurídica que as pessoas sejam de fato obrigadas a cumprir a lei.

    Nesse sentido, o art. 3º da LINDB dispõe que ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece. Esse dispositivo consagra o princípio da obrigatoriedade (ignorantia legis neminem excusat).

    A justificativa do princípio apresenta três teorias: a) a da presunção legal de que a lei, publicada, passa a ser de conhecimento de todos; b) a da ficção de que todos passam a conhecer a lei com sua publicação; c) e a da necessidade social de que assim seja, possibilitando uma convivência harmônica. Esta é a teoria mais aceita.

    A Lei das Contravenções Penais, em seu art. 8º, mitiga o princípio ao dispor que no caso de ignorância ou errada compreensão da lei, quando escusáveis, a pena pode deixar de ser aplicada.

    A ignorância da lei, nos demais casos, é inescusável. O que se admite é que haja um erro (não ignorância) sobre a ilicitude do fato (art. 21 do CP) ou de direito (art. 139, III, do CC), a ensejar isenção ou diminuição de pena no primeiro caso e anulabilidade no segundo.

    1.2.3.4.2. Vigência da lei no tempo

    Neste tópico estuda-se o princípio da continuidade e a revogação das leis e também o conflito das leis no tempo.

    Princípio da continuidade é aquele pelo qual a lei terá vigência enquanto outra não a modificar ou a revogar. Ou seja, a regra é a de que as leis têm caráter permanente. Mas há exceções à regra.

    Há casos em que a lei tem vigência temporária (leis temporárias), que cessará nas seguintes hipóteses: a) advento de termo (prazo) fixado para sua duração; b) implemento de condição resolutiva (leis circunstanciais); c) consecução de seus fins.

    A lei também poderá perder vigência: a) pela não recepção em função de nova ordem constitucional; b) por suspensão de sua execução pelo Senado, em razão de declaração incidental de inconstitucionalidade pelo STF; ou c) pelo trânsito em julgado de ação destinada ao controle concentrado de constitucionalidade, em caso de reconhecimento da inconstitucionalidade.

    A revogação é a supressão de uma lei por outra. Existem variadas espécies de revogação, daí a pertinência de proceder a sua classificação:

    a) Quanto à extensão: pode ser total ou parcial.

    Revogação total (ou ab-rogação) é a supressão integral da lei anterior. O art. 2.045 do atual Código Civil revogou por inteiro o Código anterior.

    Revogação parcial (ou derrogação) é a supressão de parte da lei anterior;

    b) Quanto à forma de sua execução: pode ser expressa ou tácita.

    Revogação expressa é aquela em que a lei nova declara inequivocamente a supressão de dada lei. O atual Código Civil, como se viu, revogou expressamente a Lei 3.071/1916 (CC anterior) em seu art. 2.045.

    Revogação tácita é aquela em que a lei nova, apesar de não declarar inequivocamente que a lei antiga está sendo suprimida, mostra-se incompatível com ela ou regule inteiramente a matéria de que essa tratava.

    A incompatibilidade se dá, por exemplo, quando uma lei nova permite algo que a antiga proibia. Ou quando a primeira proíbe algo que a segunda permite. Chama-se também revogação indireta.

    A regulamentação por inteiro de uma matéria se dá quando a nova lei esgota a matéria da qual a lei anterior tratava. Assim, ainda que a nova Lei de Falências não fizesse referência expressa à revogação da lei anterior, o fato é que esta ficaria revogada, uma vez que aquela regula por inteiro a matéria dessa. Chama-se também revogação global.

    Anote-se que é possível que uma lei revogada continue a produzir efeitos. Exemplo disso é a disposição do art. 2.038 do atual CC, que determina a continuidade da aplicação do CC/1916 para as enfiteuses já existentes quando da entrada em vigor do primeiro. Trata-se da ultratividade ou pós-atividade da lei.

    É importante anotar que, salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência (art. 2º, § 3º, da LINDB). Ou seja, se uma lei A é revogada por uma lei B, e a tal lei B é revogada pela lei C, a lei A não fica restaurada. Isso quer dizer que não existe o efeito repristinatório (restaurador) da primeira lei revogada. O que pode acontecer é a lei C expressamente dizer que novamente entrará em vigor a lei A. Neste caso teremos uma lei nova e não exatamente uma repristinação.

    De qualquer forma, ainda que não adotado como regra pela nossa LINDB, vamos conceituar o instituto da repristinação, que consiste na restauração da lei revogada, em virtude da lei revogadora ter perdido a vigência. O instituto em tela só é admitido quando a lei expressamente restaurar a lei anterior.

    Em resumo, a lei perde vigência nas seguintes hipóteses: a) fim do prazo ou do motivo que enseja sua vigência (lei temporária); b) suspensão da execução pelo Senado, em razão de declaração incidental de inconstitucionalidade pelo STF; c) trânsito em julgado de ação destinada ao controle concentrado de constitucionalidade, em caso de reconhecimento da inconstitucionalidade; d) não recepção em função de nova ordem constitucional; e) revogação por outra lei.

    Tema pertinente a esse tópico é o conflito de leis no tempo. Será que toda lei posterior revoga a lei anterior? A resposta é negativa. O critério cronológico ou temporal (lex posterior derogat legi priori) cede em função dos critérios hierárquico (lex superior derogat legi inferiori) e da especialidade (lex specialis derogat legi generali).

    Assim, uma lei nova não revoga um dispositivo constitucional que com ela esteja em contrariedade, pois a norma constitucional, em que pese mais antiga, tem hierarquia superior à norma infraconstitucional. Prevalece o critério hierárquico sobre o cronológico.

    Do mesmo modo, uma lei geral nova não revoga uma lei especial velha, pois o critério da especialidade prevalece. A norma é especial quando possui em sua hipótese de incidência todos os elementos da norma geral e mais alguns especializantes. Presume-se que, na feitura da lei especial, procurou-se tratar com mais detalhe as particularidades do tema, da questão. O princípio da isonomia, que impõe tratar os desiguais de modo desigual, fundamenta a ideia de que o especial prevalece sobre o geral. Assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Código de Defesa do Consumidor não ficaram revogados pelo novo Código Civil, já que trazem normas especiais em relação a este. Prevalece o critério da especialidade sobre o cronológico.

    Deve-se tomar cuidado, todavia, com um aspecto. Muitas vezes uma lei preponderantemente geral, como é o Código Civil, contém normas especiais, que, assim, podem revogar normas anteriores com ele incompatíveis. É o caso da matéria referente ao condomínio edilício, que é uma questão única, não passível de tratamento estanque, e que foi regulada por inteiro no atual Código Civil. Por trazer normas especiais, os arts. 1.331 a 1.358 do CC revogaram substancialmente a Lei 4.591/1964, mesmo sendo esta uma lei especial.

    Deve-se tomar cuidado com a afirmativa de que a lei especial revoga a lei geral. Às vezes, a lei especial apenas está regulando uma das categorias abrangidas pela lei geral, não a revogando, portanto. O Código Civil anterior, de modo geral, regulava os vícios redibitórios. Veio o CDC e regulou os vícios do produto ou do serviço para uma relação de consumo. A lei geral não ficou revogada. Continua a ser aplicada de modo genérico. Apenas não se aplica àquela categoria de negócios considerados relação de consumo. Ou seja, a lei especial não revogou a geral. Apenas retirou um espectro de sua incidência.

    No tema aplicação da lei no tempo é, ainda, importante anotar que a lei nova, apesar de ter efeito imediato e geral, deve respeitar o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada (art. 6º da LINDB). A Constituição, em seu art. 5º, XXXVI, reforça o princípio ao dispor que a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.

    Trata-se do princípio da irretroatividade da lei.

    A coisa julgada pode ser conceituada como a qualidade da sentença de mérito de o seu comando ser imutável. Isso se dá com o trânsito em julgado da decisão.

    O direito adquirido é aquele que já se incorporou ao patrimônio de seu titular, uma vez que preenchidos, sob a vigência da lei anterior, os requisitos para a aquisição do direito. Para a LINDB, consideram-se adquiridos assim os direitos que seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo prefixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem (art. 6º, § 2º).

    O ato jurídico perfeito é aquele já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou (art. 6º, § 1º, da LINDB).

    A lei não pode prejudicar tais valores, mas pode beneficiar. É por isso que a lei penal que beneficia o acusado retroage (art. 5º, XL, da CF) e que a lei tributária também retroage em alguns casos (art. 106 do CTN).

    Não se deve confundir retroatividade com aplicabilidade

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