2016 - 2023: contos e novelas
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2016 - 2023 - Bettina Lenci
Bettina Lenci
2016/2023
Contos e Novelas
Sumário
1944 / 1988 - o professor
20 - quartos de hotel
1933 - cadernos de max
363 - passado em obra
1989 - o destino de um olhar
015 - meus chinelos
1963 - os imigrantes
PARA ÁUREA
1944 / 1988 – O professor
O corpo jazia inerte, sem vestígios de sangue, no frio ladrilho verde-água do meu banheiro. Não reconheci o corpo morto. Só o conheci com vida. Há muito que não encontrava Alberto. Ele me pareceu mais gordo no terno cinza, aparentemente recém-saído do tintureiro. Uma morte sem vinco.
Alberto era professor de História e eu, de Filosofia. Exprimíamos, em acaloradas discussões, as matérias de nossos estudos. Alberto, leitor compulsivo de Nietzsche, não tinha a menor fé na humanidade, enquanto eu, apesar dos horrores cometidos ao longo da história, acreditava, analisando Nietzsche sob outro ângulo, que o ser humano estava em constante processo de transformação, para melhor.
Alberto era filho único; eu também. Nascera em 44 e eu em 45. Lembrei que vivia com a mãe demente que necessitava de cuidados. Seu caso era de internação, mas o pai de Alberto, ao morrer, não deixou seguro de saúde para a esposa. Eu, já órfão, com a herança de meus pais, comprei este apartamento e morava sozinho.
De repente, me dei conta de que não sabia mais nada da vida de Alberto. Será que a mãe dele já morreu? Olhei o relógio, oito horas da noite. Com que chave Alberto abriu a porta da minha casa? Desviando meu olhar atônito, de relance vi no espelho o corpo vestido que jazia no meu banheiro. Esforcei-me para não me fixar nas boas lembranças vividas com ele nos anos de faculdade.
Alberto parecia dormir. Terno e gravata, sapatos lustrosos, pronto para ser enterrado. Ele sempre fora meticuloso.
Dei-me conta de ter pedido a Alberto que me devolvesse a chave antes de ele partir em viagem. Não deve ter devolvido. Caso contrário, não estaria aqui.
Novamente, meus pensamentos se embaralharam. Senti saudades desse amigo. Senti raiva da morte e alívio por não ter trocado a fechadura do meu apartamento.
Jean não deve saber que Alberto está morto. Preciso avisá-lo. Temos que preparar seu enterro. Saí para a rua, fazia frio. Esqueci de verificar de que modo Alberto havia se suicidado. Ele deve saber por que Alberto quis morrer no banheiro do meu apartamento.
Quando cheguei ao café do Jean, como que para me abstrair do fato, me ative a olhar o menu do dia, grudado na porta de fora do bistrô. Li, sem entender, acordando para a realidade somente quando me deparei com o nome do local Lê sale cochon
. Através do vidro, procurei por Jean, como sempre atrás do balcão, o quadro de azulejos com o desenho de um porco gordo e sujo às suas costas. A imagem da cara lívida de Alberto voltou: seus olhos estavam fechados, lembrei.
Senti muita raiva e, num pensamento horrível, proferi:
— Seu porco, tinha que fazer isso com sua vida e deixar para eu descobrir a razão desse seu gesto macabro?
Jean, estranhando o meu olhar furioso, voltou-se num giro rápido. Sentei-me no banco alto, forrado de couro marrom — será que de pele de porco?
Minha urgência era contar o ocorrido e pedir sua ajuda para remover o corpo de nosso amigo do meu banheiro.
Ao terminar o relato, Jean ficou mudo, virou-se e foi buscar dois copos, que encheu com licor de anis, o mais forte que a França conhece. Vem do Oriente e fica branco como leite quando misturado com água. Parece um suco, mas engana — e muito. Era a bebida preferida de Toulouse-Lautrec, o pintor das mulheres de cabaré. Jean tomou de um trago só, limpou a boca com a manga do pulôver, e disse:
— Filho da puta!
Não pude deixar de concordar. Tanto ele como eu amávamos Alberto.
Começamos a recordar o tempo em que nós três brigávamos por causas perdidas, apanhando da polícia, exigindo mudanças no ensino, liderados por Cohn-Bendit, um revolucionário em 1968. Passou-se um bom tempo, até voltarmos à realidade; depois de algumas passagens choradas, já sob o efeito do absinto, estávamos mais conformados.
Jean sugeriu que eu passasse aquela noite na sua casa, pois não deveria dormir junto com o morto. A imagem do rosto de Alberto, agora certamente transfigurada pela máscara da morte, apareceu novamente, num arrepio de aversão.
Concordei.
— Amanhã de manhã, tomaremos as medidas necessárias.
Mas nem Jean nem eu conseguimos sair do bistrô. Era como se, indo embora dali, deixássemos Alberto sem velório.
Perguntei-lhe se sabia por que Alberto havia se suicidado justamente no chão do meu banheiro. Seguiu-se o silêncio.
— Eu acho que Alberto escolheu morrer no seu banheiro para que você se sentisse culpado por sua infelicidade. Ele nunca havia amado um homem antes e nunca mais amou outro de maneira igual. Você transtornou todas as suas formas de viver e acreditar. Vocês se afastaram e ele disse, desolado, sentado onde você está agora, que você não percebeu que isso havia acontecido. Ele perdeu-se por aí, entregando-se a qualquer pessoa que lhe presenteasse com a ilusão de que estava sendo amado. Quando conheceu Rodrigues, um empresário bem mais velho, que o convidou para viajar o mundo, deixou de ser professor. Parecia feliz e várias vezes disse-me que se sentia protegido e cuidado. Rodrigues morreu recentemente. — Ouvi, totalmente recuperado dos meus sentidos.
Que fantasia Alberto criou sobre a nossa amizade? Fomos íntimos ao nos confessar irmãos. Contamos e compartilhamos os momentos mais importantes de nossa jovem vida, protestamos nas barricadas armadas pelas ruas de Paris. Apanhamos, fugimos, nos divertimos juntos. Juntos passamos a noite na prisão.
Bebíamos, viajávamos, olhávamos meninas e lhes fazíamos a corte. Alberto deitava-se com elas. Teria eu cometido um tão abominável engano? Não percebi, em nenhum momento, que Alberto pudesse estar apaixonado por mim. Estava eu apenas voltado para o presente e o meu futuro? Nosso presente e nosso futuro não eram ideais iguais? Apaixonado por um homem? Teria ele pensado em fazer sexo?
Algumas vezes, vi a melancolia transpassar seu olhar, mas deduzi que era por conta da sua infância infeliz. Sim, lembro-me que, uma vez, Alberto me perguntou por que não morávamos juntos. Não dei atenção a essa proposta; devo tê-la descartado, indiferente, como não devo ter prestado atenção à solicitude que Alberto me dedicava.
Senti, ali no bar, ao Jean segurar a minha mão, um buraco se rasgar no meu peito e uma massa preta escorrer dentro para recheá-lo. Hoje identifico como sendo uma dor indelével que me maltrata desde então, a cada vez que o corpo estendido e engravatado de Alberto vem me visitar na insônia do tempo, estendido no chão do banheiro. Uma dor de vergonha. Sinto-me uma pessoa inútil para os outros. Não fui capaz de perceber seu sofrimento. Não sou capaz de amar, pois, se o fosse, teria percebido o sentimento que Alberto me dedicava.
O dia começava chuvoso, o fino vento prenunciava o início do inverno. Olhei em volta do bar vazio e senti-me exaurido, velho e curvado. A visão do bar amanhecido mostrou-me seu lado avesso. O que de noite parece vivo morre ao penetrar a luz do dia trazendo a verdade consigo: o inverno era a estação preferida de Alberto!
Jean me acompanhou ao apartamento.
— Graças a Deus, não temos que vesti-lo para entregá-lo aos vermes! — disse naquela manhã.
Choquei-me com a imagem, a gravata de Alberto, salpicada de estrelas, uma lua no meio e o fundo como a cor do firmamento, sendo comida por vermes.
A polícia chegou, aceitou minha explicação. Não contei a nossa história. Declarei que Alberto era um amigo que havia sido rejeitado por um homem que ele amou. Optou por morrer por falta de um sentido na vida.
Antes que o retirassem do meu banheiro, pedi para fecharem a porta.
Despedaçado pelo relato de Jean, olhei para Alberto e chorei, por mim e por ele. Parei de tremer, não lhe pedi perdão, mas tomei para mim a infinita ternura ao reparar no cuidado que Alberto tomou ao se vestir e preparar-se para morrer junto a mim. Uni-me à sua solidão infinita, ao seu amor envergonhado. Jean estava enganado. Não foi um ato de vingança de Alberto, foi um ato de despedida amorosa. De repente, todo o meu passado, enterrado em algum canto, iluminou-se. Senti-me jovem e estranhamente aliviado. Quantos não foram os gestos de afeto de Alberto que deixei passar e que agora poderia reconhecer? Subitamente, vi a chave de minha casa na sua mão roxa, espalmada. Peguei-a, pus no bolso esquerdo de seu paletó, e confessei baixinho:
— Leve-a contigo. Abra todas as portas que encontrar e obrigado por abrir o meu coração para você, aqui no banheiro de minha casa.
Fizemos o cortejo fúnebre de Alberto. A polícia na frente carregava o seu corpo envolto num saco prata. Jean vinha logo atrás e eu, por último, fechei a porta do apartamento com a minha chave. O meu imóvel datava do século 19 e não tinha elevador. Eu morava no quinto e último andar. Descemos a apertada escada de mármore desgastado com dificuldades em fazer as curvas com a maca. Será que antigamente não se morria? Como o arquiteto não pensou que a morte poderia advir para qualquer um dos moradores destes apartamentos? Ainda chuviscava. Fechei o agasalho, vi Jean pôr sua boina inseparável e o carro da polícia levar Alberto. Ele e eu nos entreolhamos.
Perguntei a Jean se a mãe de Alberto ainda vivia. Ele disse que não. Ficamos em silêncio, pensando como deveríamos proceder em relação ao funeral. O frio estava apertando. Difícil entender uma situação como esta: morre uma pessoa e os que ficam para enterrá-la não sabem a quem avisar que esse ser humano deixou de passear pelas ruas dos vivos.
Lembrei que havia um lugar vago no cemitério ao lado de meus pais. Da mesma maneira que eles me deixaram com um apartamento, também deixaram um túmulo. Nunca havia me ocorrido que eu pudesse vir a morrer, e muito menos que meus pais haviam tratado disso. Quem me enterraria?
— pensei, num relance desconfortável. Jean? Meus tios certamente já estarão mortos e os primos espalhados pelo mundo. Devo procurá-los, restabelecer relações!
Era mamãe quem reunia todos no Natal, na nossa grande casa, aquecida, com guirlandas e árvores piscando luz, mesa maravilhosa, talheres e pratos recém-tirados da gaveta, herança do espólio de meu avô.
Mamãe morreu há 10 anos; portanto, foi no seu enterro que os vi pela última vez. Será que tia Lili ainda vive? Eu costumava gostar do Jerome e de Louise... como ela era bonita! E corei ao pensar na minha prima Louise. Jean, sempre atento, percebeu e perguntou se eu estava com calor naquele frio. Não respondi e, em vez, disse que poderíamos, por hora, enterrar Alberto no meu túmulo e, com mais tempo, pensaríamos numa solução definitiva. Era o melhor que podíamos fazer.
Abracei Jean, desajeitado e agradecido por ele estar ali comigo. Senti-me muito só!
No fim da tarde, Alberto foi enterrado. Não sabíamos qual era a sua religião. Assim, não houve cerimônia alguma. Só Jean e eu, ali de pé, enquanto os coveiros abriam o meu túmulo. Sobre a lápide, havia uma cruz esculpida e os nomes de meus pais: Auguste e Marie Eunice. Na lápide de mamãe, os anos de 1919 e 1987. Na de papai, 1906 e 1974. Olhei em silêncio. Meus olhos vazios não haviam lido nada. Mentalmente, tentei calcular a idade de Alberto. Ele nascera em 44, disso tinha certeza, e registrei os anos de 1944 e 1998.
Claro: eu sou um ano mais velho; portanto, ele está com 54 anos. Preciso lembrar de anotar o dia e mês de seu nascimento e morte.
Jean falou, interrompendo o meu primeiro momento de paz. Disse que achava que Alberto era judeu e que seus pais tinham fugido da Rússia assim que ele nascera. Não dei ouvidos nem a ele nem à religião de Alberto. Meu olhar agora se voltara para os ciprestes, sempre verdes, que contornavam o cemitério, tristes, amparando o vento fino que insistia em se entranhar no meu coração, isolando-o de qualquer pensamento. Hoje sei que me encontrava em estado de choque. Muito tempo depois, ao rememorar aquele dia, percebi que meus pais morreram, ambos, aos 68 anos.
Voltamos lentamente para casa no carro de Jean. A noite já fechada, os faróis fazendo brilhar o chão molhado. Sem me perguntar, Jean levou-me até o seu bistrô, ajudou-me a sair do carro e a última coisa de que lembro foi que ele me deu um copo de absinto para beber. Acordei no dia seguinte, em casa. Jean havia me levado e posto na cama, inconsciente. Permaneci no quarto adiando a vontade de ir ao banheiro: não tinha coragem. Ao não poder resolver de outro modo, abri a porta. Meu banheiro encontrava-se no estado como sempre esteve: limpo, sem nenhum vestígio de que ali Alberto estivera estendido. Foi quando realizei que Alberto não se suicidara com sangue escorrendo pelo ladrilho. Planejou seu suicídio, desinfetado, asséptico, cuidando de mim até para morrer.
Retomei minha vida na faculdade. Voltei a jantar, todos os dias, no Sale Cochon, antes de voltar para casa.
Depois da morte de Alberto, o que antes tinha sido meu prazeroso refúgio solitário tornou-se minha prisão povoada de lembranças que eu não queria reviver. Teria sido Alberto realmente homossexual?
Essa dúvida tornou-se uma obsessão. Onde quer eu estivesse, passeando ao longo do Sena, visitando livrarias e bibliotecas, na ópera.
No dia seguinte ao enterro, Jean veio visitar-me para saber se eu estava bem. (Hoje, tantos anos passados, lembrei que jamais o agradeci por ter cuidado de mim.)
Sentou-se ao pé da minha cama e entregou-me um maço de papéis amarfanhado. Disse que tinha a chave do apartamento de Rodrigues, onde Alberto morou até o dia anterior à morte; que foi até lá para averiguar se nosso amigo havia deixado algum bilhete, uma nota do porquê do seu gesto, e encontrou aquele pacote amarrado com uma fitinha de cetim rosa e preto que disse me pertencer, pois eram as minhas iniciais que vinham depois do: Para meu esquecido amigo...
.
O pacote ficou exatamente onde Jean o havia deixado. Negligenciei a mim mesmo e ao pacote tomado de pânico ao pensar em desembrulhá-lo. Entrava depois do jantar em casa, com medo. Saía de manhã para o trabalho, com medo. Durante o dia, distraia-me dando aulas e cuidando de dois discípulos que eu orientava em suas teses de mestrado, Claude e Gabriel. Mas, uma vez de volta à minha casa, sentia-me inquieto, envelhecendo entre quatro paredes, e eu, que sempre fui bastante desleixado, tornei-me maníaco por limpeza. Passei o inverno de 1999 enclausurado, corrigindo textos de alunos e assistindo à TV. Não havia percebido que o inverno de 1998, após a morte de Alberto, havia transcorrido igualmente enclausurado, corrigindo textos de alunos e assistindo à TV.
Pouco antes do Natal, anunciaram que, durante a noite, era esperado um frio de 15 graus abaixo de zero, temperatura atípica para a cidade de Paris, e que nevaria muito. Que todos ficassem atentos de manhã ao sair, por conta das estradas congeladas e provavelmente algumas linhas de metrô também.
Quando acordei, olhei pela janela embaçada e não vi uma única pessoa na rua. Os carros soterrados na neve, um silêncio de morte. A televisão pedia que os parisienses ficassem em casa, pois a cidade tornara-se um caos: comunicação interrompida, trens parados, congestionamento por toda parte.
Eu não tinha como chegar às minhas aulas, porque também a sala estaria vazia.
Um estranho prazer tomou conta de mim. Sorri! Parecia criança a quem dizem não ter que ir à escola naquele dia. Talvez a neve e a proximidade das festas de fim de ano contribuíram para a inesperada alegria. A neve trazia recordações que poderiam encher minha alma deprimida.
Ao decidir voltar para a cama, esbarrei no pacote amarfanhado que Jean havia deixado sobre a minha escrivaninha que também servia de mesa de cabeceira. Ele havia caído atrás dela e eu fui obrigado a me agachar para pegá-lo. Minha alegria infantil dissipou-se, escurecendo novamente meu horizonte. Com o pacotinho nas mãos, a fita preta e rosa desfeita, eu o virei e desvirei várias vezes, as iniciais como que saltando para fora do papel dizendo, sem engano, que elas me pertenciam. Por um momento, achei que estava dentro de um filme de horror: os vermes comendo a gravata de Alberto, seu terno impecável emoldurado no ladrilho branco do meu banheiro, o pacote de papéis deixado para mim. Voltei a sentir o cheiro da assepsia, mas percebi que não estava ansioso. Mexia na realidade!
— Preciso acabar com o fardo que carrego para todo lado. O jeito é enfrentar os papéis e saber o que dizem para mim.
Lembrei do enterro; lembrei, claramente, de meus pais, da minha casa iluminada para o Natal. Lembrei de Alberto e senti saudades de tudo. Da minha juventude. Recordei as discussões sobre o que se passava atrás da cortina de ferro. Alberto sempre tenso, a favor da esquerda e da vida parcimoniosa. Eu, ao contrário, um bon vivant, que achava que o mundo aguardava a minha chegada, gastando a mesada que ainda ganhava de meus pais. Depois, as barricadas... Foi Alberto quem disse que o mundo jamais seria o mesmo. Ele estava certo.
Ocorreu-me que simplesmente apagar o passado é como um professor deixar escrito na lousa a lição com letra feia. Tive a necessidade de eu mesmo escrever nessa lousa, integrar esse passado no seu próprio lugar. — Estes papéis me farão voltar para o ponto em que deixei tudo para trás, cortando a minha vida em dois.
Abri. A fitinha caiu no chão e comecei pelo fim, ansioso para saber se havia alguma mensagem que explicasse por que Alberto veio morrer no meu banheiro. O vento uivava pelos vãos da janela. Levantei-me para colocar os rolinhos de areia protetores. Consegui deixar o assobio do lado de fora e comecei a ler:
A alma existe, sim. M. é uma pessoa desalmada.
Vive no desamor!!
Dueto, terceto, quarteto, quinteto.... estou só, no meu quarto, pensando em M.
Alberto conhecia bem música e creio que tocava piano. Mas quem seria M.? Homem ou mulher? E continuava com sua letra, um bordado sobre um tecido