Conde De Darby
De Aubrey Wynne
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Sobre este e-book
A Senhorita Hannah Pendleton quer proteger o próprio orgulho, ferido após sua paixão de infância se apaixonar por outra. Determinada a partir alguns corações, ela se lança na emocionante e agitada vida de uma primeira Temporada. Por ser sempre inteligente e direta, os modos suaves e as palavras ensaiadas dos solteiros galantes, embora meticulosos, não fazem nada para mexer com sua alma até que…
Desde o suicídio da esposa na noite de núpcias, o Conde de Darby cultiva uma cuidadosa reputação de libertino que mantém as mães superprotetoras à distância e o agracia com casos ilícitos ilimitados. Contudo, quando Nicholas vê uma adorável recém-chegada sendo cortejada pelo diabo em pessoa, a inocência e candura da moça revivem o senso de cavalheirismo que havia sido enterrado nos confins da alma dele. O gelo ao redor do coração de Nicholas racha enquanto ele tenta, com todo um desespero, salvar Hannah e corrigir um erro hediondo cometido há muito tempo.
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Conde De Darby - Aubrey Wynne
CAPÍTULO UM
… À medida em que cada descoberta do que é falso nos leva à busca fervorosa do que é verdadeiro, também cada nova experiência aponta uma espécie de erro que passaremos a evitar com todo o cuidado.
John Keats
Clube dos Condes Imorais, Londres
Final de outubro de 1819
— É só um jogo amistoso de uíste. Vamos, Darby, jogue conosco. — Foi a tentativa frustrada do marquês de trazer Nicholas para o jogo.
— Perdão, meu senhor, mas não me envolvo com jogatina. — Nicholas, Conde de Darby, balançou a cabeça, um sorriso fácil nos lábios. O olhar dele varreu o cômodo lotado. Vários homens sentavam-se à sua esquerda, perto da lareira, bebendo e conversando. Flanqueando o lado direito do ambiente, viam-se mesas com partidas de uíste faro e hazard em andamento. — Uma aposta amigável nos livros como: será que o herdeiro nascerá dessa vez ou será a nona filha de alguém, ou será que Stanfeld se casará antes dos sessenta anos? É o máximo do meu empenho.
— Eu estou nos livros? — Gideon, o Conde de Stanfeld, fez uma carranca, as sobrancelhas escuras e espessas se juntando. — Como fui parar nos livros?
— Assim que um homem herda um condado, ele se torna muito mais interessante. — Nicholas riu e deu um leve tapa nas costas dele. — Só um exemplo, meu amigo. Não estampa uma das linhas nas apostas do clube. — ele riu. — Ainda não.
— Creio que já me arrependo de o ter indicado como membro do Clube dos Condes. — Stanfeld bateu no W dourado preso à lapela do amigo. — Sua posição melhorou, e eu não o vejo mais perto da armadilha do pároco do que eu.
Uma dor fragmentada, mas familiar, alcançou o coração de Darby, e ele forçou outro sorriso.
— Escapei dessa armadilha uma vez, caso não se lembre. — Ele parou um homem de libré que passava pelo local. — Traga-nos uma garrafa de conhaque, sim? Estaremos na sala de bilhar. — Ele meneou com a cabeça para Stanfeld e saiu depressa.
Nicholas desceu as escadas, o polegar encostado no W. Wicked. Sim, ele era um conde imoral e planejava manter a reputação e o broche por muitos anos. Seus vícios não machucavam ninguém e nem interferiram no título ou família.
Stanfeld o recomendara ao clube de elite. Ele detinha as qualificações necessárias: confiável entre seus pares, a posse de um título de conde e a solteirice. Os benefícios incluíam um andar exclusivo deste clube, um conjunto de salas privadas para cada um, e quase qualquer vício ao alcance de um pedido. Ele utilizava tais salas reservadas com frequência. Na verdade, esta se tornou uma segunda casa desde a morte do pai dele, uma semana após o malfadado casamento de Nicholas.
Ele construiu a reputação de libertino nos últimos anos, as fofocas foram de uma tremenda ajuda, após a morte da esposa. De acordo com as más línguas, o Conde de Darby afogara as mágoas em álcool quando a esposa morreu de maneira misteriosa. Alguns diziam que ela ficou tão assustada com as exigências dele na noite de núpcias que se matou. Outros sussurravam um possível assassinato, que ele não queria mais nada além do dinheiro da pobrezinha, e sabendo ser um par do reino, ele poderia se safar.
Nenhuma das famílias comentou ou falou daquela noite, para desespero dos que queriam os detalhes sórdidos. Demorou anos para que as línguas cessassem de trabalhar. No entanto, os rumores ainda mantinham as mães intrometidas preocupadas com suas filhas inocentes. Isso o manteve fora da lista de solteiros elegíveis.
Na realidade, o suicídio foi tratado de maneira silenciosa, com toda a eficiência com que uma catástrofe relacionada a um nobre sempre foi tratada. A lei que exige o confisco dos bens de um suicida, neste caso, o dote, foi contornada com um veredicto de non compos mentis. Um júri composto por seus pares determinou que Alice não estava sã quando cometeu o ato. A mãe de Alice testemunhou acerca da melancolia da filha nos dias anteriores ao casamento.
Nicholas revirou os ombros, o casaco caro abraçando sua forma, e afastou essa lembrança desagradável. Em vez disso, ele se concentrou na deliciosa ruiva que o esperaria mais tarde nos aposentos dele ali, após uma garrafa de conhaque alucinante e algumas partidas de bilhar com seus dois amigos mais próximos. Ele nunca repetiria o erro do pai, já que não tinha nenhum gosto por jogatina. Os venenos de sua escolha eram a bebida e qualquer mulher sem o desejo de um marido.
Seu caso atual era uma beldade que teve a infelicidade de se casar com um barão idoso. O marido ia para a cama no início da noite, e ela ficava na cama de Nicholas até de madrugada. Eles se reuniam todas as semanas pelo último ano, era um arranjo agradável para ambos. Portanto, com a confidencialidade proporcionada pela sede dos Condes Imorais, sua amante entrava e saía do clube com toda a facilidade, e ninguém nem percebia. Embora, às vezes, ele sentisse uma pontada de piedade pelo barão envelhecido.
Nathaniel, o Visconde Pendleton, sentava-se em uma cadeira de couro com o encosto alto perto do fogo, as pernas cruzadas, a cabeça para trás, um copo na mão. As brasas reluziam na abotoadura de prata de suas mangas, enquanto ele girava o líquido âmbar no copo de cristal. Seus cabelos castanhos ainda traziam algumas riscas de ouro do sol de verão, e seus olhos verdes estavam pensativos.
— Como a bebida chegou antes de mim? Acabei de pedir. — Nicholas parou na mesa lateral e serviu-se no decantador. — Parece pensativo.
— Pedi uma garrafa também. Sei como odeia compartilhar, Darby. — Pendleton disse com um sorriso. — E sim, pondero um dilema.
Ele sentou-se ao lado do amigo, afundando-se no couro macio e cruzando as botas hessianas polidas nos tornozelos.
— Esperemos por Stanfeld, daí poderá nos contar ao mesmo tempo.
— Contar-me o quê? — O Conde de Stanfeld entrou, seguido por um homem com uma garrafa. — Obrigado, Edward. — Ele pegou o decantador e colocou ao lado do que já estava na metade.
— Tenho um problema. — Pendleton disse.
As sobrancelhas de Stanfeld arquearam enquanto ele se servia.
— Um monstruoso, se a quantidade de álcool serve como alguma medida.
— Rá! Nada melhor do que três cabeças confusas chegando a uma solução. Tenho certeza de que podemos resolver os meus e todos os problemas do mundo com apenas mais uma garrafa.
— Não, seriam necessários pelo menos quatro. — Nicholas levantou-se, drenou as últimas gotas do copo e se serviu de novo. O calor agradável se espalhou por seu corpo, uma promessa de doce dormência e uma noite de sono sem sonhos. Ele pegou um taco de bilhar e o moveu de uma mão para outra, verificando o peso, a retidão. — Quem é o primeiro desafiante?
Pendleton balançou a cabeça.
— Cedo o lugar a Stanfeld. Vocês dois jogam, e eu falo.
Conforme os homens começaram o jogo, Pendleton contou sua história.
— Sabem que minha irmã, Hannah, deveria ter sua primeira Temporada no ano passado.
Ambos murmuraram em concordância e, em seguida, com um aceno de Nicholas, Stanfeld acertou a primeira bola com um estalo alto.
— Sim, ela mudou de ideia acerca de uma Temporada em Londres quando você se casou com Lady Eliza. Ela decidiu conhecer a nova irmã e esperar até os dezoito anos. — Nicholas sorriu para a falha do adversário, se curvou e mandou uma bola em uma das caçapas de canto. — Na esperança de encontrar algum proprietário de terras doce e bonito perto de casa,