Fé em meio ao caos: aluno
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Fé em meio ao caos - Antônio Cabrera
S UMÁRIO
1. Notável oportunidade
2. Trabalho, emprego e desemprego
3. O clamor do sangue
4. Injustiça social
5. Efeitos do velho ateísmo
6. O ativismo ateísta na sociedade
7. Fé e gratidão
8. Perseverando na santidade
9. Um câncer espiritual na sociedade moderna
10. Crise de fé
11. Seu corpo é de Deus
12. Corrupção
13. Chamado à diferença
1
N OTÁVEL OPORTUNIDADE
Crise econômica, fé e trabalho
Filipenses 4.6
LEITURA DIÁRIA
D Mt 8.23-27 – Pequena fé
S Hc 3.17-19 – A fonte de alegria
T Is 45.18 – Criação e propósito
Q Hb 11.33-34 – Fé que triunfa
Q Rm 12.13 – Chamado à caridade
S 1Pe 1.3-9 – Fé apurada por fogo
S Tg 1.2-4 – Provação e fé
INTRODUÇÃO
A cidade de Enterprise, no estado americano de Alabama, tem o único monumento do mundo dedicado a uma praga agrícola.
Na década de 1890, uma praga chamada bicudo mexicano
começou a devastar as culturas de algodão do Alabama. Em 1916, todo o algodão do Estado se achava infectado pelo inseto, o que causava de 20 a 40 milhões de dólares por ano em prejuízos econômicos.
H.M. Sessions, um empresário local, convenceu os endividados agricultores locais a substituir o algodão pela cultura do amendoim. Diante da excelente produção deles, agricultores vizinhos logo seguiram o exemplo e, em 1917, o condado obteve a maior safra de amendoim do país.
Com o cultivo do amendoim tendo provado ser mais rentável do que o algodão, em 1919, outro empresário, Roscoe Fleming, propôs a criação de uma estátua dedicada à praga que tinha sido um arauto da prosperidade
. Sim, foi preciso uma praga, uma crise, para que Enterprise pudesse diversificar e sair da crise.
Apesar de todos os dilemas que uma crise econômica pode acarretar, precisamos nos conscientizar de que, nela, como igreja, temos uma notável oportunidade de exercitarmos e proclamarmos a fé.
I. DEPENDÊNCIA DE DEUS
Tudo em nossa vida está ligado à economia. Se a economia se deteriora, o caos se estabelece ao nosso redor – as cidades ficam cheias de desabrigados, desempregados ou empobrecidos – ou dentro de nossos lares – nosso padrão de vida vai junto, nossos relacionamentos são afetados. Nesse cenário, tendemos a ficar abatidos, ansiosos, a ser dominados pelo desânimo e medo. Contudo, não podemos entregar os pontos nem baixar a guarda. É preciso realinhar nosso foco com a Escritura, que nos ensina a depositar nossa confiança no Senhor e a depender dele. Não importa o tamanho da crise; é assim que devemos viver.
Escrevendo aos filipenses, o apóstolo Paulo repete uma ordem dada pelo Senhor Jesus: Não andeis ansiosos de coisa alguma
(Fp 4.6; cf. Mt 6.25,31,34). A ansiedade, em sua essência, é uma reação inadequada diante das situações da vida, o resultado natural de centralizarmos nossas esperanças em algo ou alguém, em vez de Deus. A ansiedade é um sinal de idolatria e desobediência a Deus. Note que as palavras das Escrituras são bem restritivas, coisa alguma
deve nos levar à ansiedade. Nem mesmo uma crise econômica, por mais difícil que seja.
Aprender o que Deus quer nos ensinar no meio da dificuldade é mais importante do que sair dela. O Senhor espera que nosso coração esteja sempre firmado nele e em sua Palavra, que confiemos nele. Contudo, isso não é natural para nós, pois somos tímidos, homens de pequena fé
(Mt 8.26). Temos de viver em total dependência do Senhor. Para isso, precisamos conhecer e olhar para aquele em quem somos chamados a confiar. Isso nos dará condições para enfrentar a crise como Habacuque: "Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos currais não haja gado, todavia, eu me alegro no
Senhor
, exulto no Deus da minha salvação" (Hc 3.17-18).
II. UMA GRANDE OPORTUNIDADE
O cristão não deve ser pessimista nem otimista, mas realista. Ele precisa olhar para a crise não apenas como um problema, mas como uma grande oportunidade – lembre-se do caso da cidade de Enterprise.
Sob a graça divina, momentos adversos podem se transformar em bênção, trazer crescimento e progresso, testemunho e proclamação da fé em Cristo. Portanto, não desperdice a crise.
Muitas vezes a criatividade nasce da angústia, como o dia nasce da noite escura. Na crise surgiram grandes invenções, descobrimentos e estratégias. Sem crise não há desafios; sem desafios, a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. Na crise pode aflorar o melhor de cada um. Veja estes exemplos de bons frutos que alguns irmãos produziram em momentos de crises: John Bunyan escreveu o livro O Peregrino; Lutero traduziu a Bíblia em Wartburg; as cartas mais afáveis de Paulo foram escritas na prisão; e o livro de Apocalipse foi escrito por João no exílio em Patmos.
Mas para não desperdiçar a crise temos de nos lembrar que o nosso esforço será vão se Deus não estiver à frente; não adianta muito trabalho e empenho, pois "se o
Senhor
não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o
Senhor
não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão que penosamente granjeastes; aos seus amados ele o dá enquanto dormem." (Sl 127.1-2).
III. TRABALHO, FÉ E ORDEM
Antes de ser acabado, o mundo era sem forma e vazio (Gn 1.1-2). Em seu ato criacional, Deus trouxe ordem, beleza e harmonia ao caos. Nosso Deus não criou a terra para ser um caos, mas para ser habitada (Is 45.18). Em tempos de desarranjos financeiros, precisamos nos lembrar de que, como imitadores de Deus, a primeira coisa que criamos com o nosso trabalho é uma ordem: doenças são tratadas, janelas são reparadas, calçadas quebradas são alinhadas, etc.
O trabalho coloca ordem no caos econômico. Trabalho e fé são instrumentos divinos que nos possibilitam vencer as crises como nossos irmãos do passado, os quais, por meio da fé, subjugaram reinos, praticaram a justiça, obtiveram promessas, fecharam a boca de leões, extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio da espada, da fraqueza tiraram força, fizeram-se poderosos em guerra, puseram em fuga exércitos de estrangeiros
(Hb 11.33-34).
IV. CARIDADE E COMPAIXÃO
Nas Escrituras também aprendemos que, na crise, somos chamados à caridade. Pense, por exemplo, na crise internacional ocorrida no Império Romano, quando a igreja primitiva foi desafiada a socorrer os irmãos carentes de Jerusalém. Os cristãos da Macedônia intervieram para suprir as necessidades deles (2Co 8). De modo semelhante, somos chamados a seguir o exemplo de Cristo e exercer o ministério da misericórdia, especialmente em tempos de crise (cf. Rm 12.8). O mandamento bíblico é claro: [...] compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade
(Rm 12.13).
É importante relembrar que, biblicamente, a responsabilidade de cuidar do próximo foi dada pelo Senhor à igreja e não às forças seculares, de maneira que há um desvirtuamento de propósitos quando a igreja transfere essa sua prerrogativa para um Estado secular. É emocionante aprender dos cristãos primitivos, pois uma carta de Plínio ao Imperador Trajano diz de maneira peremptória que eles cuidam dos pobres deles e dos nossos
.
É fácil construir pontes, estradas, casas, etc. O difícil é transformar vidas. E quem faz isso é o Senhor, valendo-se ordinariamente do seu povo, não do Estado ou de entidades assistenciais. Portanto, não negligencieis, igualmente, a prática do bem e a mútua cooperação; pois, com tais sacrifícios, Deus se compraz
(Hb 13.16).
Generosidade cristã e compaixão não são as mesmas coisas que os programas de bem-estar do governo. Na Bíblia, a compaixão significa literalmente sofrer junto com outro
. Isso é perfeitamente demonstrado por Cristo, que veio a sofrer junto conosco e, finalmente, morrer na cruz em nosso favor. Compaixão também é demonstrada na parábola do bom samaritano, que não apenas transferiu dinheiro para ajudar um homem ferido, mas dispôs-se a sujar as mãos e a sofrer junto com ele. Pela sua própria natureza, a compaixão não pode ser feita à distância. Os burocratas governamentais que estão fisicamente afastados das pessoas carentes não