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Lúdicos E Lúcidos
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Lúdicos E Lúcidos
E-book119 páginas1 hora

Lúdicos E Lúcidos

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Sobre este e-book

Estes “ensaios literários”, na ausência de classificação melhor, foram escritos por Lina Lorenzini provavelmente entre 1972 e 2002. Foram textos que ela escreveu para si mesma, como forma de memorizar, resenhar e avaliar as incontáveis obras e autores que leu. Seus herdeiros julgaram por bem reuni-los e mostrá-los ao mundo, como uma justa homenagem a esta autora profícua, pouco conhecida do grande público, que jamais publicara algo em vida, embora tenha se dedicado integralmente à literatura, como atestam estes estudos, amadores em sua essência, mas capazes de revelar por trás da mulher solitária que foi, uma leitora atenta e uma escritora talentosa.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de ago. de 2024
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    Lúdicos E Lúcidos - Lina Lorenzini

    LÚDICOS

    e

    LÚCIDOS

    LÚDICOS

    E

    LÚCIDOS

    – Ensaios literários –

    Lina Lorenzini

    Século XX

    Copyright © 2024 by Lina Lorenzini

    Todos os direitos reservados.

    Proibida toda e qualquer reprodução

    Sem a permissão expressa do autor.

    Apoio: Clube de Autores

    (https://clubedeautores.com.br/)

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Ensaios : Coletâneas : Literatura  080

    Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129

    "Quanto mais me despedaço,

    Mais fico inteira e serena".

    (Cecília Meireles)

    Dedicado à Flavia Lisboa,

    Por seu amor amador aos livros.

    SUMÁRIO

    PREFÁCIO

    GRANDE SERTÃO: VEREDAS

    (Guimarães Rosa)

    A UTOPIA

    (Thomas More)

    VERSIPROSA

    (Carlos Drummond de Andrade)

    PRIMEIRO AMOR

    (Ivan Turgueniev)

    ROBINSON CRUSOÉ

    (Daniel Defoe)

    CORAÇÃO DAS TREVAS

    (Joseph Conrad)

    O LIVRO DE OURO DA POESIA DOS ESTADOS UNIDOS (Vários)

    CONTOS ESPARSOS

    (Machado de Assis)

    SONETOS

    (Bocage)

    O MANEQUIM DE VIME

    (Anatole France)

    POEIRA

    (Rosamond Lehmann)

    A ARTE DE AMAR

    (Ovídio)

    A ALMA ENCANTADORA DAS RUAS

    (João do Rio)

    CABEÇA DE PAPEL

    (Paulo Francis)

    FAHRENHEIT 451

    (Ray Bradbury)

    O VERMELHO E O NEGRO

    (Stendhal)

    A BALADA DO CÁRCERE

    (Bruno Tolentino)

    OS SOFRIMENTOS DE WERTHER

    (Wolfgang Goethe)

    ORGULHO E PRECONCEITO

    (Jane Austen)

    Sobre a obra e a autora

    PREFÁCIO

    Lina Lorenzini deixou-nos centenas de arquivos de computador e dezenas de caixas e gavetas carregados de literatura. Em seu vasto acervo (que aos poucos vamos ordenando), encontramos inúmeros textos que poderiam ser catalogados como ensaios (ensaios literários, ainda que não ensaios acadêmicos) sobre diversas obras e autores que a grande escritora leu e analisou com profundidade e esmero, para si mesma, na solidão de seu apartamento, primeiro em Florianópolis e, mais tarde, em seus anos finais, em Curitiba.

    Seus primeiros textos nessa seara eram, no fundo, resenhas (ou, antes, resumos) dos livros que ajudaram a compor sua formação como autora. Embora ainda incipientes, neles já se percebia a escritora abrindo sozinha picadas na densa selva da literatura. Com o passar do tempo, os textos naturalmente foram se sofisticando e ganhando profundidade, podendo ser agora classificados como estudos dos autores que ela leu e dissecou com a categoria que compete a todo amador de livros.

    Por que ela os fez? Não sabemos. Certamente os compôs somente para si, sem o desejo formal de que um dia pudessem ser reunidos em um livro (afinal, ela nada publicou em vida, apesar da extensão de seus escritos: contos, romances, crônicas, poemas). A qualidade de seus ensaios, conforme atesta este volume (e um próximo, a ser lançado em breve), mostra a qualidade indubitável da autora de A Professora, Ele, Tios Sombrios, dentre outras obras suas que um dia certamente serão reconhecidas como o legado de uma escritora fecunda e grande estudiosa de literatura.

    Considere, caro leitor, que o presente trabalho foi resultado de anos de reclusão voluntária e de persistentes leituras de uma professora ginasial em suas poucas horas vagas, quando o tempo lhe permitia, sem uma família próxima para lhe questionar o porquê de tantas elucubrações aparentemente sem propósito, como pareceram seus textos vistos inicialmente por nós, leigos ou pouco afeitos à vida literária mais raiz.

    Analisados agora em retrospectiva, toda a sua carreira solitária e silenciosa perfaz completo sentido: foi professora de Língua Portuguesa, sem família e poucos amigos, vinda de uma pequena cidade do interior (Tubarão/SC), local e época nada propícias para estudos aprofundados de literatura, dada a precariedade de bibliotecas, livrarias e sebos, nada de Internet, nenhum apoio de mestres ou literatos, que talvez nem existissem ou nada soubessem dessa sua estranha predileção aprofundada pelos livros, e que por certo veriam toda aquela dedicação com desconfiança, talvez até com desdém, e nenhum curso acadêmico na área ou grupo literário para lhe dar suporte ou qualquer empurrão editorial.

    Lina optou por diplomar-se na escola do eu-sozinha, sem ninguém para ajudar e muitos para atrapalhar. Aprendeu tudo sem nenhum tutor, mentor, professor ou instrutor. Foi tateando no escuro até pôr gradualmente em ação todo o seu amor às letras, fossem em prosa ou em versos, até nos expor toda a sua paixão voraz pela literatura. Paixão que a fez intelectualmente (ou espiritualmente) chegar tão longe, ainda que permaneça hoje desconhecida do grande público.

    Após sua morte, em 2019, uma vez descobertos os seus arquivos e cadernos, acreditamos que seria melhor mostrar seus escritos ao mundo do que simplesmente jogá-los fora (como chegamos a aventar no início, quando ainda não havíamos percebido o real valor de seu arsenal literário) ou, pior, deixá-los dormindo no esquecimento até que outros, ainda mais tardiamente, os encontrassem.

    Nesta obra, que reúne seus textos (e seu amor) sobre literatura, provavelmente compostos entre 1972 e 2002 (à mão, datilografados ou digitados), cada ensaio (ou ensaio, sempre entre aspas, como costumava enfatizar) é um passeio pelos livros e autores que ela saboreou. Neles, o leitor é conduzido por Lina pelo universo que cada título encerra, como um passeio sem compromisso por um jardim florido e sossegado. Quem já leu tais obras, pode concordar ou discordar dela, mas reconhecerá que está diante de uma leitora atenta e perspicaz. Quem não os leu por certo se sentirá estimulado a penetrar em suas páginas agora já com um lampião à mão.

    Pede-se ao leitor que se deixe levar tal qual a autora se deixara conduzir: só, quase que desamparada, sem as armas das enciclopédias e Googles da vida, e sem as amarras da academia. Aqui é somente a paixão que a guia e não a ciência literária, com todos os seus vícios e limites pré-definidos. Aqui é o mundo dos amadores literários, daqueles que amam livros sem nada saberem sobre os misteriosos mecanismos internos que os regulam.

    Escritos à moda antiga, cada ensaio é quase como uma troca de cartas entre amigos com gostos semelhantes, ainda que possam divergir em muitos pontos. Valem ao menos como um registro da obra lida, de modo a não permitir que ela seja tão facilmente esquecida.

    Boa viagem. Boa leitura.

    GRANDE SERTÃO: VEREDAS

    (Guimarães Rosa)

    Todos os elogios já conferidos a esta grande obra, em especial a reinvenção não da língua portuguesa, mas a de sua sintaxe (dificultando a tarefa de tradutores), sob o viés sertanejo dos grotões das Gerais, eu endosso e assino embaixo, por isso tratarei aqui apenas de seus defeitos, que resumo em dois principais: a inverossimilhança e o final brusco e insípido.

    Diferente de A Metamorfose, de Kafka, onde o tcheco nos coloca de cara em uma situação ridiculamente inverossímil, mas na qual mergulhamos de bom grado, fazendo de conta que de fato existe a possibilidade de um dia acordarmos na condição de um inseto, Rosa pretende contar uma história supostamente real, um épico homérico, com pitadas históricas, sociológicas e filosóficas, mas sempre com os dois pés na realidade (apenas o idioma está sendo reinventado).

    O erro que me pareceu primário está em Diadorim, personagem central, ser uma mulher que se finge de homem, vivendo entre eles, jagunços notórios, durante anos, os quais não percebem sua natureza diferente, acreditando apenas tratar-se de um guerreiro estranho, um tanto delicado, mas ainda assim valente o suficiente para viver normalmente entre eles.

    Ora, uma pessoa normal faz xixi

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