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Iamade



Iamade ou Iamad (Yam(k)had) foi um antigo reino semítico centrado em Halabe (atual Alepo), na Síria.[3] O reino emergiu ao fim do século XIX a.C. e foi governado pela dinastia iamadita, que contou com a diplomacia e a guerra para expandir seu reino. Desde seu nascimento, o reino resistiu às investidas dos vizinhos Mari, Catna e Assíria e tornar-se-ia no mais poderoso reino sírio de seu tempo através das ações do rei Iarim-Lim I. Por meados do século XVIII a.C., boa parte da Síria exceto o sul permaneceram sob controle de Iamade como possessão direta ou mediante vassalagem, e por quase um século e meio, Iamade dominou o norte, noroeste e oeste da Síria e influenciou pequenos reinos na Mesopotâmia nas fonteiras do Elam. O reino foi posteriormente destruído pelos hititas e então anexado por Mitani no século XVI a.C..

Reino de Iamade
Reino de Iamade
c. 1 810 a.C. – ca. 1 525 a.C.
Localização de Reino de Iamade
Localização de Reino de Iamade
Iamade em sua maior extensão ca. 1 752 a.C.
Continente Ásia
Região Mesopotâmia Superior
Capital Halabe
Língua oficial amorita
Religião levantina
Governo Monarquia absoluta
Rei
Grande rei[1][2]
 • c. 1810 – c. 1 780 a.C. Sumu-Epu
 • c. 1780 – c. 1 764 a.C. Iarim-Lim
 • Meados do século XVI – c. 1 525 a.C. Ilim-Ilima I
Período histórico Idade do Bronze
 • c. 1 810 a.C. Fundação
 • ca. 1 525 a.C. Destruição pelos hititas
Área
 • 1 750 a.C. 43 000[1] km2

A população de Iamade era predominantemente amorita e teve uma típica cultura síria da Idade do Bronze. Iamade também foi habitado por uma substancial população hurrita que assentou-se no reino, adicionando a influência de sua cultura. Iamade controlou uma ampla rede comercial, sendo a passagem entre o planalto Iraniano no leste e o mar Egeu no oeste. No rei cultuavam-se as tradicionais divindades semíticas do noroeste e sua capital Halabe foi considerada santa entre outras cidades sírias devido ao culto de Hadade, que foi reconhecido como a principal divindade do norte da Síria.[4]

História

Pouco de Halabe tem sido escavado pelos arqueólogos, pois ela nunca foi abandonada durante sua longa história e a cidade moderna está situada sobre o sítio antigo.[5] Portanto, muito do conhecimento sobre Iamade vem dos tabletes descobertos em Alalaque e Mari.[6]

Estabelecimento

O nome Iamade foi presumivelmente um nome tribal amorita e foi utilizado como sinônimo de Halabe quando referindo-se ao reino.[1][7][8] A cidade de Halabe foi um centro religioso no norte da Síria e foi mencionada pelo nome Ha-lam[9] como vassala do Império Eblaíta, que controlou boa parte da Síria em meados do III milênio a.C..[10] Sua fama como cidade santa contribuiu para sua proeminência posterior,[11][12] e o principal templo nortenho do deus dos trovões sírio Adade estava situado na cidade,[13] que foi conhecida como "Cidade de Adade".[11] Ebla foi destruída duas vezes no fim do III milênio a.C.,[14] e o vácuo do poder na região causado por sua queda pavimentou o caminho para a ascensão posterior de Halabe.[15]

O nome Halabe, bem como Iamade, apareceu pela primeira vez durante o Antigo Período Babilônico,[7] quando Sumu-Epu, o primeiro rei iamadita, foi atestado num selo de Mari como governante da terra de Iamade,[16] que incluía, além de Halabe, as cidades de Alalaque e Tuba.[17][18] Sumu-Epu consolidou o reino e ligou-se a Iadum-Lim de Mari mediante uma aliança dinástica para opôr-se a Assíria,[19] porém o último posteriormente realizaria uma campanha ao norte que ameaçaria seu reino.[20] O rei iamadita apoiou as tribos iaminitas e formou uma aliança com outros Estados sítios, incluindo Ursu, Hassum e Carquemis,[21][22] contra o rei mariota que derrotou seus inimigos,[23] mas foi mais tarde morto por seu filho Sumu-Iamam.[24]

Rivalidade com Assíria e expansão

 
Caso legao de Nicmi-Epu de Iamade ao rei de Alalaque

A ascensão de Sansiadade I da Assíria provou-se mais perigosa para Iamade do que Mari. o rei assírio foi um conquistador ambicioso com o objetivo de governar a Mesopotâmia e Levante, e chamou-se rei do mundo.[25] Ele cercou Iamade com seus aliados Carquemis, Hassum e Ursu ao norte e ao conquistar Mari a leste, forçando o herdeiro mariota Zimri-Lim a fugir. Sumu-Epu recebeu Zimri-Lim e ajudou-o contra a Assíria uma vez que era o herdeiro legítimo de Mari.[24] A aliança mais perigosa de Sansiadade foi com Catna, cujo rei Isiadade tornar-se-ia agente assírio nas fronteiras de Iamade e casou sua filha com Iasma-Adade, filho do rei assírio que foi instalado pelo pai como rei em Mari.[26]

Sumu-Epu foi aparentemente morto durante sua luta com Sansiadade e foi sucedido por seu filho Iarim-Lim I,[27] que consolidou o reino de seu pai e transformou-o no mais poderoso Estado na Síria e norte da Mesopotâmia.[4][28][29] Iarim-Lim cercou Sansiadade com seus aliados Hamurabi da Babilônia e Ibalpiel II de Echnuna e então em 1 777 a.C. avançou para leste, conquistando Tutul e instalando Zimri-Lim como governador da cidade. A morte do rei assírio ocorreu um ano depois. Iarim-Lim então enviou seu exército com Zimri-Lim para restaurar o trono ancestral dele como aliado-vassalo,[30] cimentando a relação através dum casamento dinástico entre o novo rei mariota e Chibtu, a filha de Iarim-Lim.[31]

Iarim-Lim ocupou-se nos anos seguintes de seu reinado com a expansão de seu reino, que alcançou o alto vale do Chabur no leste,[32] e Mama no norte.[33] As cidades-Estado sírias foram subjugadas através de alianças ou pela força; Mama, Ebla e Ugarite tornaram-se vassalas de Iamade,[1][34] enquanto Catna permaneceu independente mas foi forçada a fazer a paz, uma vez que havia perdido seu aliado assírio e havia ficado sozinha para enfrentar Iamade.[26][35] Uma amostra da política diplomática e militar de Iarim-Lim pode ser lida num tablete descoberto em Mari, que foi enviado ao rei de Der ao sul da Mesopotâmia, que incluía uma declaração de guerra contra Der e seu vizinho Dinictum e as menções do estacionar de 500 navios de guerra iamaditas por 12 anos em Dinictum e o apoio militar iamadita prestado a Der por 15 anos. As realizações de Iarim Lim elevaram Iamade ao estatuto de grande reino e o rei iamadita seria intitulado grande rei.[1][36]

"Não há rei que é poderoso sozinho. 10 ou 15 reis seguem Hamurabi, o governante da Babilônia, um número similar [aqueles] de Rim-Sin de Larsa, um número similar de Ibalpiel de Echnuna, um número similar de Amude-piel de Catanum, mas 20 seguem Iarim-Lim de Iamade."

Tablete enviado para Zimri-Lim de Mari descrevendo a autoridade de Iarim-Lim I.[4]

Iarim-Lim I foi sucedido por seu filho Hamurabi I, que reinou pacificamente. Ele foi capaz de forçar Carquemis a submissão,[30] e enviou tropas para ajudar Hamurabi da Babilônia contra Larsa e Elam.[37] A aliança terminou, contudo, quando o rei babilônio saqueou Mari e destruiu-a. A Babilônia não atacou Iamade, e as relações entre os reis permaneceram pacíficas nos anos posteriores.[26] Hamurabi I foi sucedido por seu filho Aba-El I, cujo reinado testemunhou a rebelião da cidade de Irridu, que estava sob autoridade do príncipe Iarim-Lim, irmão de Aba-El. O rei respondeu a rebelião destruindo Irridu e compensando seu irmão com o trono de Alalaque, criando assim um ramo cadete da dinastia.[38]

Declínio e fim

 
Cabeça de um deus descoberta próximo de Jabul (ca. 1 600 a.C.)

A era dos sucessores de Aba-El I é precariamente documentada,[38] e pelo templo de Iarim-Lim III em meados do século XVII a.C., o poder de Iamade declinou devido a conflitos internos.[39][40] Iarim-Lim III governou um reino enfraquecido, e embora impôs a hegemonia iamadita sobre Catna,[38] a fraqueza era óbvia, pois Alalaque tornou-se independente sob o alto-declarado rei Amitacum.[39] Apesar desta regressão, o rei de Iamade permaneceu o mais forte entre os Estados sírios, uma vez que foi referido como grande rei pelos hititas,[28] a contraparte diplomática equivalente do rei hitita.[2]

A ascensão do Império Hitita no norte representou a maior ameaça para Iamade,[41] embora Iarim-Lim III e seu sucessor Hamurabi III foram capazes de resistir as agressões do rei hitita Hatusil I através de alianças com os principados hurritas.[38] Hatusil escolheu não atacar Halabe diretamente e passou a conquistar os vassalos e aliados de Iamade, começando com Alalaque no segundo ano de suas campanhas sírias ca. 1 650 a.C. (cronologia média) ou ligeiramente depois.[42][43] Hatusil então dirigiu seus ataques aos hurritas em Ursu, a nordeste de Halabe, que foram derrotados apesar do apoio militar de Halabe e Carquemis.[44] O rei hitita então derrotou Iamade na Batalha do Monte Atalur, e saqueou Hassum junto com várias outras cidades hurritas no sexto ano de suas guerras sírias.[42] Após muitas campanhas, Hatusil I finalmente atacou Halabe. O ataque foi fracassado e o rei hitita foi ferido, vindo a morrer mais tarde, em ca. 1 620 a.C..[45][46] As campanhas de Hatusil enfraqueceram consideravelmente Iamade, causando seu declínio em estatuto: o monarca deixou de ser estilizado como grande rei.[47]

Hatusil foi sucedido por seu neto Mursil I, que conquistou Halabe ca. 1 600 a.C. e destruiu Iamade como grande poder no Levante.[48] Mursil então partiu para a Babilônia e saqueou-a, mas foi assassinado em seu retorno à capital hitita de Hatusa, e seu império desintegrou.[49] Halabe foi reconstruída e um reino expandiu-se a partir dela e novamente incluiu Alalaque.[50] O reino restabelecido foi governado por reis sobre quem nada se sabe, exceto seus nomes; o primeiro é Sarra-El, que pode ter sido filho de Iarim-Lim III.[51] O último rei da dinastia a governar como rei de Halabe foi Ilim-Ilima I,[52] que foi morto durante uma rebelião orquestrada pelo rei Parsatatar de Mitani, que anexou Halabe ca. 1 525 a.C.. O filho de Ilim-Ilima, Idrimi, fugiu para Emar e então conquistou Alalaque ca. 1 518 a.C..[53][54] Sete anos após sua conquista de Alalaque, Idrimi fez paz com Mitani e foi reconhecido como vassalo,[55] e permitiu o controle de Halabe, embora teve que realocar a residência da dinastia para Alalaque e reivindicou o título de "rei de Halabe"; o uso do nome Iamade também terminou.[56]

Reis de Iamade

As datas são estimadas e fornecidas segundo a cronologia média.[2]

 
Selo de Aba-El I
 
Selo de Nicmi-Epu

Referências

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