Walter Lippmann
Walter Lippmann (Nova Iorque, 23 de setembro de 1889 – Nova Iorque, 14 de dezembro de 1974) foi um escritor, jornalista e comentarista político estadunidense, famoso por ser um dos primeiros a introduzir o conceito de Guerra Fria;[1] cunhar o significado do termo "estereótipo" no psicológico moderno e criticar a mídia e a democracia em sua coluna de jornal e em vários livros, em especial, Opinião Pública,[2] de 1922. Lippmann também foi um autor notável para o Conselho de Relações Exteriores e desempenhou um papel significativo na carta de inquérito pós-guerra mundial de Woodrow Wilson, como seu diretor de pesquisa. Suas opiniões sobre o papel do jornalismo em uma democracia foram contrastadas com os escritos contemporâneos de John Dewey, no que foi posteriormente chamado de “debate Lippmann – Dewey".[3] Lippmann ganhou dois Prêmios Pulitzer, um para sua coluna de jornal "Today and Tomorrow" e um para sua entrevista de Nikita Khruschev, em 1961.[4][5]
Walter Lippmann | |
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Nascimento | 23 de setembro de 1889 Nova Iorque |
Morte | 14 de dezembro de 1974 (85 anos) Nova Iorque |
Sepultamento | Oceano Atlântico |
Cidadania | Estados Unidos |
Cônjuge | Helen Byrne Lippman, Faye Albertson |
Alma mater |
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Ocupação | jornalista, escritor, político, analista político |
Distinções | |
Segundo o professor de jornalismo Michael Schudson,[6] o teórico da comunicação e crítico da mídia, James W. Carey, considerou o livro Opinião Pública, de Walter Lippmann, como "o livro fundador do jornalismo moderno" e também "o livro fundador em estudos de mídia americana".[7]
Sobre a mesma obra, os ideais retratados pelo autor fazem que ele seja considerado um dos precursores da Teoria do Agendamento ou Agenda Setting. Mais precisamente no capítulo “O mundo exterior e as imagens de nossas mentes”, Lippmann discorre sobre o fato de que os veículos midiáticos são a ponte entre as formas que as pessoas recebem um conteúdo e os acontecimentos reais. A partir disso, compreende-se, conforme a teoria, a possibilidade de que a mídia pode dar maior enfoque a certos assuntos em detrimento de outros que possam ser considerados política e socialmente mais relevantes.
Biografia
editarNascido em uma abastada família judia, graduou-se em Harvard (1910), onde também foi assistente do filósofo George Santayana. Nos anos em que esteve em Harvard, interessou-se pelo socialismo e, por um curto período, atuou no movimento socialista. Também teve contato com William James e o pragmatismo, que funcionou como contraponto para o humanismo idealista de Santayana. Mais importante para a sua formação intelectual, porém, foi o encontro com o cientista social inglês e ideólogo fabiano Graham Wallas, cuja obra Human Nature in Politics (1908) teve grande influência sobre os primeiros escritos de Lippmann.[8]
Lippmann trabalhou como jornalista nos periódicos liberais New Republic e World - do qual foi editor, entre 1929 e 1931. Naquele ano, surpreendeu a muitos dos seus leitores quando se transferiu para o conservador e republicano New York Herald Tribune, onde passou a escrever a coluna Today and Tomorrow. A partir de 1936, Lippmann afastou-se dos setores geralmente considerados mais liberais ou progressistas, tornando-se mais do que qualquer outro comentarista ou colunista, um porta-voz establishment americano.[8] Posteriormente atuou também na Newsweek.
Lippman contribuiu para popularizar o conceito de Guerra Fria - que utilizou pela primeira vez em 1947. Também é atribuída a ele a expressão manufacture of consent,[2] que aparece em seu livro Public Opinion (1922). A expressão inspirou o título do livro de Edward S. Herman e Noam Chomsky, Manufacturing Consent: The Political Economy of the Mass Media (1988), que é uma análise da mídia como negócio.
Publicações
editar- A Preface to Politics (1913) ISBN 1-59102-292-4
- Walter Lippmann no Projeto Gutenberg
- The Stakes of Diplomacy (1915)
- The Political Scene (1919)
- Liberty and the News (1920)
- Public Opinion (1922)
- The Phantom Public (1925)
- A Preface to Morals (1929)
- The Good Society (1937)
- The Cold War (1947)
- Essays in the Public Philosophy (1955)
Referências
- ↑ LIPPMANN,W. The cold war: a study in U.S. foreign policy. Harper, 1947.
- ↑ a b LIPPMANN, W. Opinião Pública. Vozes, 2008.
- ↑ SILVEIRINHA, Maria João. CAMPONEZ, Carlos. Intelectualidade, autonomia e desprofissionalização – Regresso a questões cadentes. In: CUNHA, Isabel F. CABRERA, Ana. SOUSA, Jorge P. (Orgs.). Pesquisa em Media e Jornalismo - Homenagem a Nelson Traquina. LabCom, 2012. P.48-77.
- ↑ "Special Awards and Citations". The Pulitzer Prizes, 1958. Acesso em: 14 de junho de 2017.
- ↑ "International Reporting". The Pulitzer Prizes, 1962. Acesso em: 14 de junho de 2017.
- ↑ SCHUDSON, Michael. The ‘Lippmann – Dewey debate’ and the invention of Walter Lippmann as an anti-democrat 1985-1996. International Journal of communication, n. 2, 2008.
- ↑ CAREY, James W. "The Press and the Public Discourse". The Center Magazine, n. 20, 1987.
- ↑ a b Encyclopedia.com [www.encyclopedia.com/topic/Walter_Lippmann.aspx Walter Lippmann]
Ligações externas
editar- Wikisource: Walter Lippmann (em inglês)
- Wikibooks Communication Theory/Propaganda and the Public. Sobre a propaganda, segundo a perspectiva de Walter Lippmann (em inglês)
- Obras de Walter Lippmann (em inglês) no Projeto Gutenberg (em inglês)
- Public Opinion (1922). University of Virginia (em inglês)
- Men of Destiny, por Walter Lippmann (1927) (em inglês)
- Biografia com excertos de trabalhos (em inglês)
- historymatters.gmu.edu Walter Lippman, "Debunking Intelligence Experts: Walter Lippmann Speaks Out". "The Mental Age of Americans", New Republic 32, no. 412 (Out. 25, 1922): 213–215; no. 413 (Nov. 1, 1922): 246–248; no. 414 (Nov. 8, 1922): 275–277; no. 415 (Nov. 15, 1922): 297–298; no. 416 (Nov. 22, 1922): 328–330; no. 417 (Nov. 29, 1922): 9–11 (em inglês)
- Walter Lippmann. American Writers: A Journey Through History (em inglês)