MSC Asmmarios
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MSC Asmmarios
MEDIDAS DE EFICINCIA
ENERGTICA E AMBIENTAL NA
INDSTRIA
DISSERTAO DE MESTRADO EM
TECNOLOGIAS AMBIENTAIS
ANA SOFIA MENDES MONTEIRO AMORIM RIOS
Vila Real, 2008
Universidade de Trs-os-Montes e Alto Douro
MEDIDAS DE EFICINCIA
ENERGTICA E AMBIENTAL NA
INDSTRIA
DISSERTAO DE MESTRADO EM
TECNOLOGIAS AMBIENTAIS
ANA SOFIA MENDES MONTEIRO AMORIM RIOS
Vila Real, 2008
Este trabalho foi expressamente elaborado com
vista obteno do grau de Mestre em
Tecnologias Ambientais.
Resumo
Desde a revoluo industrial, o crescimento da populao tem sido exponencial, facto este
que tem levado ao aumento da quantidade das necessidades bsicas humanas. Por outro lado, a
sociedade tem-se desenvolvido a grande velocidade, apoiando-se na energia, que um dos
pilares mais importantes e um vector fundamental no desenvolvimento socioeconmico de
qualquer pas. Deste modo, um desafio do presente desenvolver meios e recorrer a tecnologias
amigas do ambiente para produzir energia de uma forma eficiente e no muito dispendiosa sem
afectar o ambiente nem alterar o clima. Torna-se assim evidente a necessidade da substituio
das fontes de energia convencionais por fontes de energia alternativas ou renovveis como uma
das medidas a implementar.
O presente trabalho, que analisa um caso real de uma indstria de papel, tem como base
no s estas consideraes mas tambm o facto do sector industrial assumir uma elevada
importncia para o contributo dos objectivos nacionais nesta matria. O objectivo principal
deste trabalho foi avaliar a viabilidade econmica e ambiental da utilizao de diferentes fontes
de energia, em alternativa s convencionais actualmente utilizadas. Foram estudados diferentes
sistemas energeticamente eficientes: sistema de cogerao de turbina a gs; sistema solar
trmico com painis concentradores e sistema solar trmico com painis de vcuo.
A implementao destes dois sistemas surge da necessidade desta empresa, como
consumidora intensiva de energia segundo o RGCE (Regulamento de Gesto do Consumo de
Energia) ter de apresentar medidas para minimizar o consumo energtico e, consequentemente,
a factura energtica actual.
So apresentados os valores de custo e tempo de retorno dos investimentos bem como a
anlise do impacte ambiental nas diferentes situaes, que permitem tirar concluses
relativamente viabilidade dos sistemas propostos.
No que diz respeito ao sistema de cogerao, este mostrou ser uma boa alternativa ao
sistema actualmente utilizado, trazendo melhorias significativas quer a nvel econmico, quer a
nvel ambiental. Em relao ao sistema solar trmico, das vrias solues analisadas, o que
apresentou melhores resultados mostrou-se igualmente vivel, embora com resultados menos
favorveis no que diz respeito ao tempo de retorno do investimento inicial.
ii
Abstract
Since the Industrial Revolution, the populations growth has been exponential, which
has led to the increase of the quantity of basic human needs. On the other hand, society has
been developing fast, supporting itself on energy, which is one of its most important pillars and
a fundamental vector to the social and economic development of any country. This way, it is a
present-day challenge to develop means and use friendly-environment technologies in order to
produce energy in an efficient and not very expensive way without affecting the environment or
changing the climate. So, the need of replacing the conventional energy sources by alternative
or renewable ones as a measure to be implemented becomes obvious.
This project, which analyses a real case of an industry of paper, is based not only on these
premises but also on the fact that the industrial sector has a great importance to the contribution
of the national aims on the topic.
The main aim of this assignment is to evaluate the economic and environmental viability of
using different energy sources as an alternative to the conventional ones used nowadays.
Different energetically efficient systems were studied: system of co-generation gas turbines,
thermal solar system, CPC panels and solar system with vacuum panels.
The implementation of these two systems arises from this companys need as an intensive
energy consumer according to the RGCE (Energy Consuming Management Regulation) to
present measures to minimise the energy consumption and, consequently, the present day
energy bill.
Values of cost and investment payback time as well as the analysis of the environmental
impact on different situations are presented and allow the drawing of conclusions concerning
the viability of the proposed systems.
The cogeneration system proved to be a good alternative to the one presently used, with
great economic and environmental improvement. Regarding the thermal solar system, from the
analysis of several solutions, the one with the best results is also viable, despite the less
favourable results concerning the payback time of initial investment.
iii
Rsum
Ds la rvolution industrielle, la croissance de la population a t exponentielle. Ce fait a
amen laugment de la quantit des ncessits humaines basiques. Dautre cot, la socit sest
dveloppe grande vitesse, en sappuyant dans lnergie, qui est un de ses piliers plus
importants et un vecteur fondamental dans le dveloppement socio-conomique de nimporte
quel pays. Donc, cest un dfi du prsent dvelopper les moyens et faire recours des
technologies amies de lenvironnement pour produire nergie dune faon efficiente et pas trs
chre sans affecter lenvironnement ni changer le climat. Cest vident le besoin de remplacer
les sources dnergie conventionnelles par des sources dnergie alternatives ou renouvelables
comme une des mesures implmenter.
Le prsent travail, qui prsente un cas rel dune industrie de papier, a comme base pas
seulement ces considrations mais aussi le fait du secteur de lindustrie prendre une importance
leve pour la contribution des objectifs nationaux dans cette matire.
Lobjectif principal de ce travail est valuer la viabilit conomique et environnementale de
lutilisation des diffrentes sources dnergie, en alternative aux conventionnelles actuellement
utilises, qui rencontrent les besoins nergtiques de lentreprise, travers limplmentation
dun systme de CHP de turbines gaz et dun systme solaire thermique constitu par des
panneaux solaires CPCs ou de vide.
Limplmentation de ces deux systmes a surgi du besoin de cette entreprise, comme
consommatrice intensive dnergie selon le RGCE (Rglement de Gestion de la Consommation
dEnergie) de prsenter des mesures pour minimiser la consommation nergtique et, par
consquent, la facture nergtique actuelle.
Ce sont prsents les valeurs de cot et de temps de retour des investissements et aussi
lanalyse de limpact environnemental dans les diffrentes situations, qui permettent davoir des
conclusions en ce qui concerne la viabilit des systmes proposs.
En ce qui concerne le systme de CHP, celui a dmontr tre une bonne alternative au
systme actuellement utilis, en apportant des amliorations significatives au niveau
conomique et environnemental. En ce qui concerne le systme solaire thermique, de toutes les
solutions analyses, celle qui a prsent les meilleurs rsultats sest montre galement viable,
malgr les rsultats moins favorables lgard du temps de retour de linvestissement initial.
iv
Agradecimentos
Ao Prof. Doutor Amadeu Duarte da Silva Borges pela transmisso de conhecimento
cientfico, apoio, total disponibilidade e motivao. Tambm ao Prof. Doutor Nuno
Afonso Moreira pela transmisso de conhecimento e apoio prestado.
Um especial agradecimento empresa Fbrica de Papel e Carto Zarrinha S.A., em
particular D. Marieta pela disponibilizao de dados. Ao Eng. Augusto pela disponibilidade e
apoio facultados.
O meu muito obrigada a todos os meus familiares e amigos, dos quais no necessito citar o
nome, pela motivao e pacincia que demonstraram.
v
A vocs, Pai e Me.
vi
ndice
RESUMO ...................................................................................................................................... I
ABSTRACT ................................................................................................................................ II
RSUM .................................................................................................................................... III
AGRADECIMENTOS ............................................................................................................... IV
NDICE ....................................................................................................................................... VI
NOMENCLATURA ............................................................................................................... XIII
1. INTRODUO ................................................................................................................... 1
1.1 Enquadramento Energtico Nacional ............................................................................ 1
1.1.1 Sector Transportes ................................................................................................. 5
1.1.2 Sector Domstico .................................................................................................. 6
1.1.3 Sector Industrial .................................................................................................... 7
1.2 Objectivo ..................................................................................................................... 10
1.3 Contedo da Tese ........................................................................................................ 10
2. ENERGIA NA INDSTRIA ........................................................................................... 12
2.1 Introduo ................................................................................................................... 12
2.2 Consumo de Energia no Sector Industrial ................................................................... 13
2.3 Emisses na Indstria .................................................................................................. 18
2.3.1 Emisses Gasosas ................................................................................................ 19
2.3.2 Efluentes Lquidos ............................................................................................... 24
2.3.3 Resduos Slidos ................................................................................................. 25
2.4 Energias Renovveis ................................................................................................... 26
2.4.1 Energia Solar ....................................................................................................... 28
2.4.2 Biomassa ............................................................................................................. 30
2.4.3 Biocombustveis .................................................................................................. 31
vii
2.4.4 Biogs .................................................................................................................. 33
2.4.5 Elica ................................................................................................................... 35
2.5 Cogerao .................................................................................................................... 36
2.5.1 Vantagens e Desvantagens da Cogerao ........................................................... 37
2.5.2 Principais Tecnologias de Cogerao .................................................................. 40
2.5.3 Desenvolvimento da Cogerao em Portugal...................................................... 41
3. AUDITORIA ENERGTICA .......................................................................................... 46
3.1 Introduo ................................................................................................................... 46
3.2 Auditorias Energticas no Sector Industrial ................................................................ 47
3.3 Medidas de Utilizao Racional de Energia ................................................................ 54
3.3.1 Tecnologias de Processo ..................................................................................... 55
3.3.2 Tecnologias Energticas ...................................................................................... 56
3.3.2.1 Caldeiras .......................................................................................................... 57
3.3.2.2 Instalaes Elctricas ...................................................................................... 58
3.3.2.3 Ar Comprimido ............................................................................................... 59
3.3.2.4 Variadores Electrnicos de Velocidade .......................................................... 60
3.3.2.5 Iluminao ....................................................................................................... 61
3.3.2.6 Sistema de Ar Condicionado ........................................................................... 64
4. CARACTERIZAO GERAL DA EMPRESA ............................................................. 66
4.1 Introduo ................................................................................................................... 66
4.2 Caracterizao das Instalaes .................................................................................... 68
4.2.1 Descrio das Actividades Desenvolvidas na Instalao .................................... 68
4.2.1.1 Produo de Papel Reciclado .......................................................................... 69
4.2.1.2 Unidade de Carto Canelado ........................................................................... 74
4.2.2 Produo .............................................................................................................. 78
4.2.2.1 Laborao Geral da Fbrica ............................................................................ 78
4.2.2.2 Laborao dos Turnos e Sectores .................................................................... 79
4.3 Medidas Implementadas na Empresa .......................................................................... 80
4.3.1 guas ................................................................................................................... 81
4.3.2 Emisses Atmosfricas ....................................................................................... 81
4.3.3 Rudo ................................................................................................................... 81
viii
4.3.4 Balano Mssico da Actividade .......................................................................... 81
4.4 Medidas Resultantes da Auditoria Energtica ............................................................. 82
5. FACTURA ENERGTICA ACTUAL............................................................................. 83
5.1 Introduo ................................................................................................................... 83
5.2 Balano Energtico ..................................................................................................... 84
6. DIMENSIONAMENTO DE SOLUES ENERGETICAMENTE EFICIENTES ..... 94
6.1 Introduo ................................................................................................................... 94
6.2 Equipamentos de Cogerao ....................................................................................... 95
6.3 Turbinas a Gs ............................................................................................................. 97
6.4 Dimensionamento do Sistema de Cogerao ............................................................ 100
6.4.1 Anlise da Factura Energtica Actual ............................................................... 100
6.4.2 Anlise da Factura Energtica Futura ............................................................... 101
6.4.3 Viabilidade Financeira ...................................................................................... 104
6.4.3.1 Cash Flow ...................................................................................................... 105
6.4.3.2 VAL ............................................................................................................... 105
6.4.3.3 TIR ................................................................................................................ 106
6.4.4 Emisses Gasosas .............................................................................................. 109
6.5 Painis CPCs e de Vcuo .......................................................................................... 111
6.5.1 Dimensionamento da Instalao de Painis Solares .......................................... 114
6.5.1.1 Cenrio 1 ....................................................................................................... 118
6.5.1.2 Cenrio 2 ....................................................................................................... 122
6.5.1.3 Cenrio 3 ....................................................................................................... 123
6.5.1.4 Cenrio Vivel ............................................................................................... 126
6.5.1.5 Investimento e Lucro ..................................................................................... 127
7 CONCLUSES E TRABALHO FUTURO ................................................................. 130
7.1 Concluses ................................................................................................................ 130
7.2 Trabalho Futuro ......................................................................................................... 131
ix
ndice de Tabelas
Tabela 1.1 Condies de realizao de auditorias energticas segundo Decreto-Lei 71/2008 de
15 de Abril de 2008. ...................................................................................................................... 9
Tabela 2.1 Quadro resumo de impactes ambientais por fonte de energia. .................................. 16
Tabela 2.2 Quadro resumo de impactes ambientais por fonte de energia. .................................. 17
Tabela 2.3 Factores de emisso de CO
2
por tipo de combustveis (APEC, 2004) ...................... 19
Tabela 2.4 Potencial de aquecimento global (Equivalentes de CO
2
(Antunes et al Salgueiro,
2000) ........................................................................................................................................... 20
Tabela 2.5 Evoluo histrica da potncia total instalada em renovveis (MW) Portugal
Continental. (DGEG N38, 2008) ............................................................................................... 27
Tabela 2.6 Descrio e utilidade de Biocombustveis (Portal das Energias Renovveis) ........... 32
Tabela 2.7 Potencial estimado de aproveitamento de Biogs. .................................................... 34
Tabela 2.8 Comparao entre as principais tecnologias de cogerao. (Portal:
http://cogeneration.net) ............................................................................................................... 41
Tabela 4.1 Produo por produto final. ....................................................................................... 80
Tabela 5.1 Produo .................................................................................................................... 84
Tabela 5.2 Energia Elctrica ....................................................................................................... 85
Tabela 5.3 Thick Fuelleo ........................................................................................................... 85
Tabela 5.4 Consumos e custos de energia no ano de 2006 ......................................................... 85
Tabela 5.5 Desagregao do Consumo de Energia por Produto Final em 2006 ......................... 86
Tabela 5.6 Consumos especficos e valores de K para os produtos em anlise. ......................... 87
Tabela 5.7 Consumos de Electricidade Totais no Ano de 2006. ................................................. 88
Tabela 5.8 Consumos de Thick Fuelleo[kgep] Totais no Ano de 2006. ................................... 89
Tabela 5.9 Produo global referente ao ano de 2007 e aos primeiros nove meses de 2008. ..... 90
Tabela 5.10 Variao percentual de produo mensal por tipo de produto final em relao ao
ano anterior. ................................................................................................................................. 91
Tabela 5.11 Consumos relativos a 2007/2008............................................................................. 92
x
Tabela 6.1 Razo entre Potncia Elctrica e Calor (Jnior, 2006) .............................................. 96
Tabela 6.2 Tarifas Transitrias. (www.edp.pt) ......................................................................... 103
Tabela 6.3 Resultados TIR ........................................................................................................ 108
Tabela 6.4 Converso de Electricidade em Emisses de CO
2
................................................... 109
Tabela 6.5 Temperaturas mdias mensais para a cidade de Porto (
C) ..................................... 116
Tabela 6.6 Radiao global incidente em superfcie inclinada a Sul (Wh / m
2
/ dia) ................ 116
Tabela 6.7 Paineis CPCs Galcia. ............................................................................................. 118
Tabela 6.8 Preo de painis CPCs ............................................................................................. 119
Tabela 6.9 Valores utilizados para T=120C ............................................................................ 119
Tabela 6.10 Resultados obtidos para T=120C ......................................................................... 119
Tabela 6.11 Valores utilizados para T=100C .......................................................................... 120
Tabela 6.12 Valores obtidos para T=100C .............................................................................. 120
Tabela 6.13 Valores utilizados para T=90C ............................................................................ 121
Tabela 6.14 Valores obtidos para T=90C ................................................................................ 121
Tabela 6.15 Valores obtidos para T=120C .............................................................................. 122
Tabela 6.16 Valores obtidos para T=100C .............................................................................. 122
Tabela 6.17 Valores obtidos para T=90C ................................................................................ 123
Tabela 6.18 Caractersticas Painel Vcuo ER Galcia .............................................................. 123
Tabela 6.19 Custo Painel Vcuo ER Galcia ............................................................................ 124
Tabela 6.20 Valores obtidos para T=120C .............................................................................. 124
Tabela 6.21 Valores obtidos para T=100C .............................................................................. 124
Tabela 6.22 Valores obtidos para T=90C ................................................................................ 125
Tabela 6.23 Resultados relativos ao painel CPC12 Galcia - Cenrio 1 ................................... 125
Tabela 6.24 Resultados relativos ao painel CPC18 Galcia - Cenrio 2 ................................... 126
Tabela 6.25 Resultados relativos ao Painel Vcuo ER Galcia - Cenrio 3 ............................. 126
Tabela 6.26 Investimento do cenrio vivel. ............................................................................. 128
Tabela 6.27 Lucro do cenrio vivel. ........................................................................................ 129
xi
ndice de Figuras
Figura 1.1 Origem do consumo do Sector Elctrico Nacional. (Apren) ....................................... 4
Figura 1.2 Energia Final por Sector. (DGEG, 2006) ..................................................................... 5
Figura 2.1 Valor dos Produtos de Petrleo Importados em 2006 (10
6
) ..................................... 18
Figura 2.2 Variao das emisses de GEE entre 1990 e 2002, por poluente e por sector de
actividade (REA 2003) ................................................................................................................ 21
Figura 2.3 Emisses de Gases com Efeito de Estufa por Unidade de Energia (CELPA, 2006) . 22
Figura 2.4 Gases com Efeito de Estufa, Emisses Directas por Tipo de Poluente. (CELPA,
2006) ........................................................................................................................................... 23
Figura 2.5 Evoluo da energia produzida a partir de fontes renovveis. (DGEG N38, 2008) . 27
Figura 2.6 Balano Energtico de um Sistema de Cogerao ..................................................... 37
Figura 2.7 Distribuio dos sistemas de cogerao por sector de actividade .............................. 43
Figura 2.8 Evoluo da potncia instalada em cogerao nos ltimos 20 anos em Portugal
(Cogen Portugal). ........................................................................................................................ 43
Figura 2.9 Distribuio dos sistemas de cogerao por tecnologia (Cogen) ............................... 44
Figura 2.10 Contribuio e perpectivas de evoluo da cogerao. ............................................ 45
Figura 3.1 Estrutura tpica de uma Auditoria. ............................................................................. 50
Figura 3.2 Etapas de uma Auditoria Energtica. ......................................................................... 53
Figura 4.1 Vista area da empresa em estudo. ............................................................................ 67
Figura 4.2 Matria-prima ............................................................................................................ 70
Figura 4.3 Formao da folha de papel (processo de evaporao).............................................. 71
Figura 4.4 Produto Final.............................................................................................................. 71
Figura 4.5 Fluxograma do fabrico de papel reciclado da empresa .............................................. 72
Figura 4.6 Fluxograma da fbrica de papel. ................................................................................ 73
Figura 4.7 Mquina de canelar (mdulo de ondular e colagem) ................................................. 75
Figura 4.8 Mquina de corte e vinco ........................................................................................... 76
xii
Figura 4.9 Pranchas de carto canelado empilhado .................................................................... 76
Figura 4.10 Fluxograma da produo de prancha de carto canelado ........................................ 77
Figura 4.11 Fluxograma da produo de embalagem de carto canelado. .................................. 78
Figura 4.12 Fluxograma do fabrico de acessrios de carto canelado. ....................................... 79
Figura 4.13 Balano mssico da actividade. ............................................................................... 82
Figura 5.1 Degradao do Consumo por Fonte de Energia ........................................................ 86
Figura 5.2 Desagregao dos consumos de Energia por produto final ....................................... 86
Figura 5.3 Perfil de Consumos de Electricidade Totais no Ano de 2006. ................................... 88
Figura 5.4 Perfil de Consumos de Thick Fuelleo[kgep] Totais no Ano de 2006. ..................... 89
Figura 6.1 Esquema de um sistema de cogerao. ...................................................................... 95
Figura 6.2 Compra Energia Elctrica, 2006 ................................................................................ 96
Figura 6.3 Custos mdios de Produo a preos de 1998 (Reflectir Energia) ............................ 97
Figura 6.4 Ciclo de Brayton ........................................................................................................ 98
Figura 6.5 Situao Actual ........................................................................................................ 100
Figura 6.6 Situao energtica futura ........................................................................................ 101
Figura 6.7 Conceito de Taxa Interna de Rentabilidade. ............................................................ 107
Figura 6.8 Soluo 1 ................................................................................................................. 114
Figura 6.9 Soluo 2 ................................................................................................................. 115
Figura 6.10 Factor de correco para a temperatura de utilizao da gua (C
2
) ....................... 117
Figura 6.11 Relao entre a fraco solar e rea de colectores ................................................. 127
xiii
Nomenclatura
AQSpP gua Quente Solar para Portugal
ARCE Acordo de Racionalizao dos Consumos de Energia
C.I.E Comisso Internacional de Iluminao
CH
4
Metano
CHP Combined Heat and Power
CIE Consumidoras Intensivas de Energia
CO Monxido de Carbono
CO
2
Dixido de Carbono
CPC Colector Parablico Composto
DGEG Direco Geral de Energia e Geologia
ERSE Entidade Reguladora dos Servios Energticos
ETAR Estao de Tratamento de guas Residuais
ETARI Estao de Tratamento de guas Residuais Industriais
FER Fontes de Energia Renovveis
GEE Gases com Efeito de Estufa
IEE ndice de Eficincia Energtica
MT Mdia Tenso
NO
X
xidos de Azoto
PCI Poder Calorfico Inferior
PCS Poder Calorfico Superior
PIB Produto Interno Bruto
PNAC Programa Nacional para as Alteraes Climticas
PQ Protocolo de Quioto
PREn Planos de Racionalizao dos Consumo de Energia
REP Relatrio de Execuo e Progresso
RCCTE Regulamento das Caractersticas de Comportamento Trmico de Edifcios
RGCE Regulamento de Gesto do Consumo de Energia
RSU Resduos Slidos Urbanos
xiv
SEN Sistema Elctrico Nacional
SGCIE Sistema de Gesto dos Consumos Intensivos de Energia
SO
2
Dixido de Enxofre
UE Unio Europeia
URE Utilizao Racional de Energia
UV Ultra Violeta
VEVs Variadores Electrnicos de Velocidade
Captulo 1
1. Introduo
Aps anlise da situao energtica actual em Portugal, e salientando-se o factor do
desenvolvimento no sustentvel so necessrias aces correctivas para se garantir o futuro das
geraes vindouras. nesta perspectiva que se enquadra o trabalho realizado, tentando atravs
de um leque de solues optar-se pelas de mais fcil e rentvel execuo perante um caso de
estudo, tendo sempre como anlise o melhoramento de aspectos ambientais tais como a emisso
de gases com efeito de estufa (GEE).
1.1 Enquadramento Energtico Nacional
Na transio do sculo XX para o sculo XXI, a sociedade ocidental tornou-se mais
materialista, com acesso fcil a um determinado tipo de bens e servios que, anteriormente, s
estariam ao alcance de uma pequena minoria. Deu-se, assim, uma melhoria da qualidade de vida
da populao e, consequentemente, uma utilizao da energia de uma forma indiscriminada.
Este facto acarretou, contudo, custos elevados que sero ainda maiores a mdio e a longo prazo,
pois no tem existido um crescimento sustentvel. Porm, existem j custos evidentes: florestas
desbastadas, espcies extintas ou que correm srio risco de ser, rios poludos, aumento da
temperatura global com consequentes catstrofes naturais, diminuio perigosa de energias
fsseis, entre outros. (Matias, 2002)
Vrias aces foram e tm vindo a ser tomadas quanto educao da populao para os
problemas ambientais, mas muitas vezes esquecido o facto de tais problemas terem a sua
origem na m utilizao energtica, como por exemplo, consumos excessivos, a utilizao de
um s tipo de energia mal adaptado e a inexistncia de uma utilizao eficiente da energia. de
extrema importncia alertar as pessoas para as questes energticas e a relao
Introduo 2
produo/consumo, devendo estas questes serem alvo de uma anlise cada vez mais cuidada
para mais facilmente se poderem atingir objectivos para a melhoria do meio ambiente.
Tem que existir uma maior consciencializao da populao para os efeitos produzidos pela
sociedade de consumo actual, pois as consequncias no so s a nvel local ou regional mas
tambm a nvel global devido, por exemplo, ausncia de fronteiras na atmosfera.
O dixido de enxofre (SO
2
), os xidos de azoto (NO
X
) e o monxido de carbono (CO) so
gases que se encontram associados a dois graves problemas ambientais: as chuvas cidas e as
alteraes climticas. O dixido de enxofre (SO
2
) resulta essencialmente da queima de
combustveis fsseis e de diversos processos industriais; os xidos de azoto (NO
X
) podem
formar-se naturalmente ou ter origem antropognica, resultando estes ltimos tambm da
queima, a altas temperaturas, de combustveis fsseis; o monxido de carbono (CO) de origem
antropognica resulta tambm da combusto incompleta de combustveis fsseis. Os xidos de
azoto e o dixido de enxofre so, conjuntamente, os principais responsveis pela formao de
precipitao cida e pela modificao das caractersticas dos solos, entre outros. O dixido de
carbono e o vapor de gua, por outro lado, funcionam como uma capa protectora que impede
que o calor do sol absorvido escape para o exterior e este efeito de estufa que permite que
exista um equilbrio da temperatura terrestre, quer durante o dia quer durante a noite. Mas as
actividades humanas provocam emisses de gases poluentes como o xido de azoto, dixido de
carbono e a formao de ozono na troposfera, que provocam um aumento do efeito de estufa e
resultam num aumento da temperatura global. (Fernandes, 2000)
A nvel internacional, ao abrigo do Protocolo de Quioto (PQ) e do compromisso
comunitrio de partilha de responsabilidades, Portugal assumiu o compromisso de limitar o
aumento das suas emisses de gases de efeito de estufa (GEE) em 27% no perodo de 2008-
2012 relativamente aos valores de 1990. Neste contexto, o Programa Nacional para as
Alteraes Climticas (PNAC), adoptado pela Resoluo do Conselho de Ministros n.
119/2004, de 31 de Julho (PNAC 2004), e mais recentemente o PNAC de 2006, aprovado pela
Resoluo do Conselho de Ministros n. 104/2006, de 23 de Agosto, quantifica o esforo
nacional das emisses de GEE, integrando um vasto conjunto de polticas e medidas que incide
sobre todos os sectores de actividade. O PNAC atribui Entidade Reguladora dos Servios
Energticos (ERSE) responsabilidades concretas na definio de mecanismos que promovam a
eficincia energtica ao nvel da procura tendo como objectivo principal a reduo do consumo
de energia elctrica at 2010, face a um cenrio de referncia. O PNAC 2006 apresenta como
meta para 2010, concretamente na medida MAe3 Melhoria da eficincia energtica ao nvel
da procura de electricidade, a reduo de 1020 GWh do consumo de energia elctrica. (Plano
de Promoo da Eficincia no Consumo de Energia Elctrica para 2008, 2007)
Introduo 3
Torna-se assim bem claro que o futuro deve ser alvo de ateno, devendo ser estudado,
apesar de na prtica no poder ser testado, e tentando-se construir uma srie de alternativas de
deciso, a partir das quais emergiro escolhas apropriadas. Uma das solues que mais se
salienta a utilizao de energias renovveis. Portugal apresenta condies privilegiadas neste
captulo de energias, contrariamente ao que se passa com as energias fsseis, convencionais.
Tambm nesta matria a populao dever ser sensibilizada dado que uma das barreiras
implantao das energias renovveis a desconfiana do pblico consumidor. A populao em
geral tem alguma relutncia em aceitar algo de novo, seja em que domnio for, no sendo as
energias renovveis uma excepo a esta regra. (Cordeiro et al Pires, 2002)
No mbito do enquadramento legislativo salienta-se o Decreto-Lei n. 29/2006 de 15 de
Fevereiro que estabelece como uma das Obrigaes de Servio Pblico A promoo da
eficincia energtica, a proteco do ambiente e a racionalidade de utilizao dos recursos
renovveis e endgenos e define como uma das atribuies da regulao Contribuir para a
progressiva melhoria das condies tcnicas e ambientais das actividades reguladas,
estimulando, nomeadamente, a adopo de prticas que promovam a eficincia energtica e a
existncia de padres adequados de qualidade de servio e de defesa do meio ambiente. O
mesmo diploma estabelece ainda os princpios aplicveis ao clculo e fixao das tarifas sendo
de destacar a Contribuio para a promoo da eficincia energtica e da qualidade ambiental.
Portugal apresenta recursos em termos de energia solar e biomassa que se encontram entre
os melhores da Europa, dispondo ainda de amplos recursos hdricos, sobretudo escala dos
pequenos aproveitamentos que se encontram passveis de serem explorados. O clima ameno
existente em Portugal constitui tambm, por si s, um importante recurso que poder contribuir
de uma forma excelente para o consumo de energia dos edifcios, se apropriadamente
explorado, e se houver uma maior preocupao quando estes se projectam e constroem. O pas
apresenta tambm boas condies para um bom aproveitamento do recurso elico e no que
respeita ao aproveitamento da energia das ondas e mars. (BCSD, 2005)
Embora apresentem custos elevados e restries geogrficas e ambientais importantes, as
fontes de energia renovvel representam uma opo vivel para a produo de energia, dado
que:
Os recursos energticos renovveis esto disponveis localmente;
O aproveitamento dos recursos energticos renovveis traduz-se em benefcios ambientais
com a reduo das emisses de CO
2
e outros poluentes;
Contribuem para a criao de emprego, promovendo a coeso social e econmica;
Estimulam a competitividade da indstria europeia;
Introduo 4
Aumentam a segurana e estabilidade no fornecimento de energia, reduzindo as importaes.
(Sousa et al Pregitzer, 2005)
Em 1997 publicado o Livro Branco sobre Energias Renovveis, para uma estratgia e um
plano de aco comunitrios. Este Livro surge na sequncia do Livro Verde, reforando o
objectivo central estabelecido que consiste em duplicar a parte das fontes de energia renovveis
no consumo interno bruto de energia na UE (12% at 2010). ainda apresentado o objectivo de
produo de 22,1% de energia elctrica a partir de fontes renovveis em 2010. As fontes
renovveis so uma forma de gerar electricidade de um modo sustentvel e mais limpo, sendo as
mais usadas: o sol, o vento, a chuva, as ondas do mar, o calor da terra, e a biomassa. O facto dos
processos de converso destas formas de energia no serem poluentes torna-as especialmente
atraentes para uma humanidade j preocupada pela degradao do meio ambiente. (DGEG,
2008) Na Figura 1.1 poder observar-se a evoluo da origem do consumo do Sector Elctrico
Nacional.
Figura 1.1 Origem do consumo do Sector Elctrico Nacional. (Apren)
A forte dependncia energtica do Pas, num contexto de energia cada vez mais cara, um
dos problemas mais graves que Portugal enfrenta actualmente, constituindo tambm uma das
causas da crise geral que abala a economia e a sociedade portuguesa. O cenrio energtico
nacional actual caracterizado por uma forte dependncia externa (87,2% em 2005), devido a
uma escassez de recursos prprios, com uma procura energtica com taxas de crescimento
significativamente superiores s do crescimento do PIB, e com um sistema energtico
0
10
20
30
40
50
60
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
TWh
PRE Renovvel Grande Hdrica PRE No Renovvel
Importao Trmica
fortemente dependente de fontes primrias de origem fssil (petrleo, gs natural e
(DGEG, 2008)
Cada vez mais os instrumentos de poltica de ambiente afectam directa e indirectamente a
produo e consumo de energia. Problemas ambientais como as chuvas cidas, ozono
troposfrico e sobretudo alteraes climticas levam adopo
carcter ambiental que promovem alteraes como a substituio de fuelleo ou carvo por gs
natural na produo de electricidade; a reduo do teor de enxofre nos produtos refinados e a
melhoria da eficincia energtica em divers
licenas de emisses de CO
2
.
A Energia Final, em 2006, atingiu o valor de 19099 ktep, tendo
de 1,9% face a 2005. Registou
gs natural e um aumento de 3,8% em electricidade.
Constata-se uma forte incidncia dos sectores de Indstria e Transportes no peso do
consumo final de energia comparativamente com os restantes sectores de actividade econmica,
tal como visvel na Figura 1
Figura
1.1.1 Sector Transportes
Portugal o pas da Unio Europeia onde maior o peso do transporte rodovirio, no
transporte total. Este modo de transporte o mais caro e poluente, o que consequentemente faz
agravar a ineficincia e a dependncia energtica nacional. Com a situao a
gasosas e com o crescimento do preo da energia necessrio aumentar significativamente o
fortemente dependente de fontes primrias de origem fssil (petrleo, gs natural e
Cada vez mais os instrumentos de poltica de ambiente afectam directa e indirectamente a
produo e consumo de energia. Problemas ambientais como as chuvas cidas, ozono
troposfrico e sobretudo alteraes climticas levam adopo de polticas e medidas de
carcter ambiental que promovem alteraes como a substituio de fuelleo ou carvo por gs
natural na produo de electricidade; a reduo do teor de enxofre nos produtos refinados e a
melhoria da eficincia energtica em diversos processos produtivos ao abrigo do comrcio de
, em 2006, atingiu o valor de 19099 ktep, tendo-se verificado uma reduo
de 1,9% face a 2005. Registou-se uma diminuio do consumo de 5,1% de petrleo, de 2,5% d
gs natural e um aumento de 3,8% em electricidade. (DGEG, 2008)
se uma forte incidncia dos sectores de Indstria e Transportes no peso do
consumo final de energia comparativamente com os restantes sectores de actividade econmica,
1.2.
Figura 1.2 Energia Final por Sector. (DGEG, 2006)
Portugal o pas da Unio Europeia onde maior o peso do transporte rodovirio, no
transporte total. Este modo de transporte o mais caro e poluente, o que consequentemente faz
agravar a ineficincia e a dependncia energtica nacional. Com a situao a
e com o crescimento do preo da energia necessrio aumentar significativamente o
Introduo 5
fortemente dependente de fontes primrias de origem fssil (petrleo, gs natural e carvo).
Cada vez mais os instrumentos de poltica de ambiente afectam directa e indirectamente a
produo e consumo de energia. Problemas ambientais como as chuvas cidas, ozono
de polticas e medidas de
carcter ambiental que promovem alteraes como a substituio de fuelleo ou carvo por gs
natural na produo de electricidade; a reduo do teor de enxofre nos produtos refinados e a
os processos produtivos ao abrigo do comrcio de
se verificado uma reduo
se uma diminuio do consumo de 5,1% de petrleo, de 2,5% de
se uma forte incidncia dos sectores de Indstria e Transportes no peso do
consumo final de energia comparativamente com os restantes sectores de actividade econmica,
Portugal o pas da Unio Europeia onde maior o peso do transporte rodovirio, no
transporte total. Este modo de transporte o mais caro e poluente, o que consequentemente faz
agravar a ineficincia e a dependncia energtica nacional. Com a situao actual de emisses
e com o crescimento do preo da energia necessrio aumentar significativamente o
Introduo 6
investimento pblico no transporte ferrovirio convencional, fluvial e martimo de mercadorias,
no transporte colectivo de passageiros e desenvolvimento de biocombustveis.
Um dos melhores exemplos onde o transporte j est a ter substanciais melhorias, tanto na
mobilidade como no consumo de energia, o Metro do Porto e sua coordenao com os
restantes meios. Nesta cidade, antes do Metro existir, cerca de 61% das pessoas circulavam de
automvel, 30% de autocarro e 9 % de comboio. O Porto tem graves problemas de mobilidade
e, com o funcionamento da nova rede do Metro, 65,4% dos utentes do Metro foram
conquistados aos outros transportes colectivos pblicos tendo 23,6% tido provenincia no
transporte individual. Cerca de 11.000 veculos automveis deixaram de circular diariamente na
rea metropolitana do Porto, em consequncia do aparecimento do Metro. Os benefcios sociais
e ambientais decorrentes da operao da rede do Metro do Porto esto avaliados num valor
superior a trs bilies de euros (3.058.233 mil euros). Este o impacto estimado no conjunto
dos primeiros vinte e sete anos de funcionamento da rede (at 2030, portanto), e sem considerar
ainda o efeito das linhas previstas para a Segunda Fase. (Estudo Avaliao do Impacto Global
da Primeira Fase do Metro do Porto)
Uma outra soluo aplicvel ao sector dos transportes a utilizao de Biocombustveis
que so apontados como uma das solues a curto prazo em termos de reduo das emisses de
GEE nos transportes. O mercado portugus, semelhana do Europeu, caracterizado por um
elevado nmero de veculos a gasleo (29% do consumo em gasolina e 62% de gasleo),
ficando assim limitado o uso de Bioetanol e havendo uma procura muito maior de Biodiesel. O
Biodiesel apresenta propriedades de combusto semelhantes s do actual gasleo, proporciona
reduo de hidrocarbonetos e tem um contedo de enxofre muito inferior a todos os tipos de
gasleo existentes. O biodiesel puro produz 25% menos partculas e 40% menos
hidrocarbonetos que o gasleo de origem mineral. As emisses perigosas so tambm
grandemente reduzidas e os testes mostram que uma mistura de 5% de biodiesel e 95% de
gasleo corrente reduz significativamente essas emisses.
1.1.2 Sector Domstico
No sector domstico, a gua quente utilizada essencialmente em duches e banhos de
imerso, na lavagem de loua e roupa. Os equipamentos mais utilizados no aquecimento da
gua so os esquentadores e caldeiras murais a gs, e os termoacumuladores a gs e elctricos.
Estes aparelhos so responsveis por cerca de 50% do consumo de energia neste sector,
contribuindo com igual peso na factura energtica mensal das famlias. A energia solar um
recurso endgeno gratuito que poder ser aproveitado atravs da utilizao de colectores
Introduo 7
solares, proporcionando uma importante poupana para os seus utilizadores e contribuir para a
reduo das emisses de CO
2
.
Em finais de 2001, atravs da Resoluo do Conselho de Ministros n 154/2001, de 19 de
Outubro, foi lanado o programa Eficincia Energtica e Energias Endgenas, Programa E4, o
qual rene um conjunto de medidas para melhorar a eficincia energtica e o aproveitamento
das energias renovveis em Portugal, entre as quais a promoo do recurso a colectores solares
para aquecimento de gua, quer nos sectores residencial e servios, quer na indstria: programa
gua Quente Solar para Portugal (AQSpP). O subprograma "gua Quente Solar para Portugal",
tem como meta alcanar um mercado sustentado de 150.000 m de colectores instalados por ano
e com um objectivo de 1 milho de m
2
instalados at 2010. (DGEG / IP-AQSpP, 2004)
Como resposta ao aumento gradual dos consumos de energia, nomeadamente ao nvel dos
edifcios, foi publicada a 4 de Janeiro de 2003 a Directiva Europeia 2002/91/CE, relativa ao
desempenho energtico dos edifcios. Na sequncia desta Directiva, foi publicada a 4 de Abril
de 2006 a nova verso do Regulamento das Caractersticas de Comportamento Trmico de
Edifcios (RCCTE). Este novo regulamento consagra um modelo de certificao energtica,
com os objectivos, por um lado, de garantir que no final da construo os novos edifcios
cumprem a legislao de eficincia energtica em vigor e, por outro, de informar os
consumidores sobre a qualidade trmica dos edifcios. A Regulamentao veio conferir grande
importncia integrao e utilizao de sistemas baseados em energias renovveis, passando a
ser obrigatria a instalao de painis solares em novas construes, ou outras solues
renovveis, segundo a nova legislao. Os valores apontam para um metro quadrado por
ocupante at ao limite de 50% da rea de exposio solar. Esta lei pretende dar impulso ao
Programa gua Quente Solar e ao objectivo de atingir um milho de metros quadrados de
painis solares instalados at 2010. Com esta nova regulamentao pretende-se aumentar em
mais 30% a eficincia energtica dos edifcios.
1.1.3 Sector Industrial
Tambm ao nvel da Indstria so necessrias medidas para diminuir o consumo energtico
que passam quer pelo aumento da eficincia energtica, quer pelo aumento da utilizao de
energias renovveis e/ou alternativas. Surge assim o Decreto-Lei 58/82, de 26 de Fevereiro, que
veio criar um quadro legal para a existncia de regulamentao para as empresas ou instalaes
consumidoras intensivas de energia. Ao abrigo deste diploma foram publicadas duas portarias:
Portaria 359/82, de 7 de Abril, 1 Regulamento de Gesto do Consumo de Energia (RGCE) e a
Introduo 8
Portaria 228/90, de 27 de Maro, Regulamento da Gesto do Consumo de Energia para o sector
dos transportes. Entende-se como empresas ou instalaes consumidoras intensivas de energia:
No caso de empresas de transportes: consumo energtico anual superior a 500 tep (cerca
de 573 000 litros de gasleo/ ano);
No caso geral de empresas ou instalaes, quando se verifique uma das seguintes
situaes:
Consumo energtico anual superior a 1000 tep;
Instalao com equipamentos cuja soma dos consumos energticos nominais
exceda 0,500 tep/hora;
Instalao com pelo menos um equipamento cujo consumo energtico nominal
seja 0,300 tep/hora.
O Regulamento de Gesto do Consumo de Energia prev 3 fases distintas: Auditoria
Energtica, Plano de Racionalizao, e Monitorizao e Controlo do Plano de racionalizao.
Cada ciclo de Gesto do Consumo de Energia tem um prazo de 5 anos, para o caso geral, e de 3
anos, no caso especfico do sector dos transportes.
O conceito de Utilizao Racional de Energia veio alterar decisivamente a forma de
encarar a energia, demonstrando ser possvel crescer sem aumentar os consumos ou afectar a
qualidade da produo. A chave da questo , portanto, haver uma boa gesto de energia de
modo que esta seja gerida de uma forma contnua e eficaz, semelhana de qualquer outro
factor de produo. (BCSD, 2005)
Posteriormente a este primeiro RGCE surge h bem pouco tempo o Decreto-Lei 71/2008
de 15 de Abril, um diploma legal que regula o sistema de gesto dos consumos intensivos de
energia (SGCIE) com vista a compatibiliz-lo com as novas exigncias ao nvel das emisses
de gases de efeito estufa, com a reviso da fiscalidade do sector energtico e com a necessidade
de promover acordos para a utilizao racional de energia. (DL 71/2008)
O Decreto-Lei aplica-se s instalaes consumidoras intensivas de energia (CIE) que passam a
ser definidas como as instalaes que no ano civil imediatamente anterior tenham tido um
consumo energtico superior a 500 toneladas equivalentes petrleo (500 tep/ano), com excepo
das instalaes de cogerao juridicamente autnomas dos respectivos consumidores de energia.
Com base nos relatrios das auditorias, devem ser elaborados, por tcnicos credenciados, Planos
de Racionalizao dos Consumo de Energia (PREn) e submetidos ADENE para aprovao. O
Introduo 9
PREn aprovado passa a designar-se por ARCE (Acordo de Racionalizao dos Consumos de
Energia). O no cumprimento das metas ou a no implementao das medidas definidas no
ARCE, e nos casos em que no ano seguinte ao relatrio final de execuo o operador no
recupere os desvios, implica o pagamento de coimas, e simultaneamente com a privao de
subsdios ou benefcios concedidos por entidades pblicas. As condies para a realizao das
auditorias energticas passam a ser as seguintes:
Tabela 1.1 Condies de realizao de auditorias energticas segundo Decreto-Lei 71/2008 de 15 de Abril de 2008.
Consumos
Energticos
Periodicidade das
auditorias
1 Auditoria Metas a atingir
Implementar nos
primeiros 3 anos
1000 tep/ano
6 em 6 anos
At 4 meses aps
o registo
Reduo de 6% da
intensidade
energtica;
Manuteno das
emisses de CO
2
.
Todas as medidas com retorno
do investimento inferior a 5
anos
500 tep/ano at
1000 tep/ano
8 em 8 anos
At 1 ano aps o
registo
Reduo de 4% da
intensidade
energtica;
Manuteno das
emisses de CO
2
.
Todas as medidas com retorno
do investimento inferior a 3
anos
Os operadores de instalaes abrangidas por um Acordo de Racionalizao dos Consumos
de Energia (ARCE) beneficiam dos seguintes incentivos promoo da eficincia energtica:
1. No caso de consumos inferiores a 1000 tep/ano - Ressarcimento de 50 % do custo das
auditorias energticas obrigatrias, at ao limite de 750 e na medida das
disponibilidades do fundo de eficincia energtica existentes para o efeito, recuperveis
a partir do relatrio de execuo e progresso (REP) que verifique o cumprimento de
pelo menos 50 % das medidas previstas no ARCE;
2. Ressarcimento de 25 % dos investimentos realizados em equipamentos e sistemas de
gesto e monitorizao dos consumos de energia at ao limite de 10 000 e na medida
das disponibilidades do fundo de eficincia energtica existentes para o efeito.
No caso das instalaes que consumam apenas gs natural como combustvel e/ou energias
renovveis, os limites previstos anteriormente so majorados em 25 % no caso das renovveis e
15 % no caso do gs natural.
Introduo 10
Uma das hipteses de utilizao de energias renovveis na indstria a actual tecnologia
dos colectores solares que j permite a obteno de calor a temperaturas entre 80 C e 250 C
com um excelente rendimento. Em muitos processos industriais necessrio calor a estas
temperaturas: produo de vapor, lavagem, secagem, destilao, pasteurizao, etc.. A grande
dimenso das instalaes industriais permite a aplicao de sistemas de baixo custo com uma
boa rentabilidade econmica. Os campos de colectores solares podem ser integrados nas
coberturas das naves industriais, ou instalados em terreno anexo disponvel.
1.2 Objectivo
Este trabalho tem como objectivo primordial a diminuio da factura de energia
elctrica e de produo de vapor e consequente diminuio de emisso de gases com
efeito de estufa na empresa em estudo. Deste objectivo, podem derivar 4 objectivos de
orientao:
1. Quantificar o aproveitamento resultante do uso de energias renovveis para soluo do
problema primordial;
2. Quantificar o aproveitamento resultante da utilizao de novas tecnologias (cogerao);
3. Melhorias de eficincia dos processos, para alm daquelas referidas na auditoria
energtica;
4. Anlise da viabilidade financeira e ambiental.
1.3 Contedo da Tese
O presente trabalho encontra-se dividido em sete Captulos, incluindo este de introduo e o
ltimo onde se apresentam as concluses principais do trabalho e algumas propostas de trabalho
futuro.
No captulo dois analisa-se o consumo energtico no sector industrial e consequente
impacte ambiental proveniente dos diferentes tipos de emisses. dada maior relevncia s
emisses gasosas, por forma a diminuir as mesmas, recorrendo a energias alternativas ou
Introduo 11
renovveis, com o objectivo de dar cumprimento a metas nacionais definidas no Protocolo de
Quioto.
O captulo trs, aborda o conceito e importncia do papel das auditorias energticas na
indstria, considerando a energia como um factor de produo to importante como o trabalho,
o capital e as matrias-primas. A auditoria traduz-se num importante instrumento de apoio
gesto de energia de onde resultam medidas de racionalizao energtica que permitiro
diminuir os consumos e, consequentemente, os custos.
No captulo quatro identificado o caso de estudo fazendo uma caracterizao geral da
empresa atravs da descrio das actividades desenvolvidas nas instalaes, apresentao dos
dados de produo e consumos especficos. So tambm descritas as medidas resultantes da
auditoria energtica realizada empresa em 2007 e as medidas j implementadas pela empresa
tendo em vista a minimizao de impacte ambiental.
Para um melhor conhecimento dos consumos energticos da empresa estes so
especificados no captulo cinco. efectuada uma caracterizao factura energtica actual
atravs da anlise das diferentes fontes de energia, energia elctrica e thick fuelleo. Faz-se
tambm uma anlise comparativa dos valores facultados pela empresa relativamente ao ano
2007/2008 verificando se os objectivos determinados na auditoria esto a ser cumpridos.
No captulo seis so efectuados estudos de viabilidade econmica e ambiental, recorrendo a
energias renovvel e alternativa. So descritas as tecnologias utilizadas bem como os clculos
efectuados e analisados os resultados obtidos.
Captulo 2
2. Energia na Indstria
Contedo do Captulo
Cada vez mais as sociedades modernas esto dependentes deste bem to importante e
escasso que a Energia. Contudo, a satisfao das nossas necessidades energticas feita
custa de energias convencionais como o petrleo, carvo e gs natural. Embora abundantes estas
fontes de energia no so renovveis escala humana, trazendo portanto consequncias
negativas para o meio ambiente. Surge ento um novo conceito, designado por desenvolvimento
sustentado. Este desenvolvimento consiste na utilizao racional da energia e na satisfao das
necessidades energticas.
2.1 Introduo
A Energia, no seu processo de converso/utilizao, contribui com cerca de 2/3 do total das
emisses de Gases de Efeito de Estufa (GEE) em Portugal. Dado que a energia repartida pelos
vrios sectores de actividade torna-se necessrio estabelecer medidas de actuao que conduzam
melhoria da sua eficincia energtica de forma a moderar a actual tendncia de crescimento
dos consumos energticos e, consequentemente, o nvel das emisses dos GEE que lhes so
inerentes.
Assim, na seco 2.2 ir discutir-se o consumo de energia no sector industrial. Este
consumo tem inevitavelmente como consequncia indesejvel a emisso de poluentes.
Energia na Indstria 13
Uma alternativa ao consumo convencional de energia, que no se traduz num aumento de
emisses, o recurso s energias alternativas. Embora estas ltimas sejam baseadas em fontes
de energia convencionais utilizam a mesma de forma mais eficiente.
2.2 Consumo de Energia no Sector Industrial
Em 2004 o sector industrial foi responsvel por cerca de 29 por cento do consumo do
petrleo e seus derivados em Portugal, devendo ter como principais prioridades a reduo da
intensidade e da dependncia energticas, que se apresentam cerca de 70 a 80 por cento
superiores s da UE. (Programa de Actuao para Reduzir a Dependncia de Portugal Face ao
Petrleo, 2004)
Dada a situao actual ser necessrio recorrer a diferentes solues que levem a uma
menor dependncia do exterior e a uma menor poluio do meio ambiente garantindo assim um
desenvolvimento sustentvel. O conceito de desenvolvimento sustentvel surgiu no final do
sculo XX, pela constatao de que o desenvolvimento econmico tambm tem que levar em
conta o equilbrio ecolgico e a preservao da qualidade de vida das populaes humanas a
nvel global. A ideia de desenvolvimento sustentvel tem por base o princpio de que o Homem
deve gastar os recursos naturais de acordo com a capacidade de renovao desses recursos, de
modo a evitar o seu esgotamento. (BCSD, 2005)
Normalmente, as indstrias necessitam para os seus processos industriais de energia
elctrica e energia trmica. Tipicamente estas indstrias recebem a energia elctrica da rede
nacional e utilizam o fuelleo, a biomassa, o gs de petrleo liquefeito e, mais recentemente, em
Portugal, o gs natural como fonte de energia trmica. Estas formas de energia so utilizadas
para a gerao de ar quente, gua quente, vapor ou termofludo, sendo posteriormente efectuada
a respectiva distribuio interna e utilizao em permutadores de calor, para a transferncia de
energia. Esta utilizao das fontes energticas por vezes no a mais eficiente, quer devido
forma como processada a combusto, quer devido s enormes perdas provocadas pela prpria
distribuio.
Continua presente na mente de alguns industriais a ideia de que o crescimento econmico
acarreta necessariamente um aumento dos consumos de energia. O conceito de Utilizao
Racional de Energia, surgido no seguimento dos chamados choques petrolferos, veio alterar
decisivamente a forma de encarar a energia, demonstrando ser possvel crescer sem aumentar os
consumos ou afectar a qualidade da produo. A chave da questo designa-se gesto de energia.
Como qualquer outro factor de produo, a energia deve ser gerida contnua e eficazmente. A
Energia na Indstria 14
gesto de energia deve comear na fase de projecto das instalaes e dos meios de produo de
uma empresa, considerando a escolha de equipamentos e formas de energia a consumir, por
exemplo, e acompanhar a actividade da empresa. (Gaspar, 2004)
A contribuio do sector privado para o desenvolvimento sustentvel, passa tambm pelo
uso racional e eco-eficiente dos recursos naturais e meio ambiente ao produzir produtos e
servios que satisfaam as necessidades das geraes actuais sem comprometer as das geraes
futuras. Na sua essncia a eco-eficincia, uma filosofia de gesto empresarial, que encoraja as
empresas a tornarem-se mais competitivas, mais inovadoras e mais responsveis
ambientalmente.
A optimizao energtica tem sido um factor estratgico com um peso cada vez maior no
desenvolvimento de equipamentos, sistemas e plantas industriais. Para muitos dos actuais
processos produtivos, existem novas formas de utilizao mais eficiente da energia, eliminando
diversos factores intermdios, como o caso da substituio de fluidos intermdios por queima
directa, entre outras. De uma eficiente utilizao da energia depende em muito a reduo dos
custos de explorao e das emisses gasosas nocivas para o meio ambiente.
Na anlise dos impactes ambientais do sector elctrico no se deve centrar apenas no
estudo dos problemas ambientais originados durante a produo de electricidade, deve tambm
considerar-se os impactes originados durante todo o ciclo de vida de uma determinada
tecnologia de produo considerando as seguintes etapas: extraco de recursos, transporte,
refinao/processamento de materiais, produo de equipamentos, construo das instalaes,
operao e desactivao. (Santos et al Martinho, 2001)
Existem empresas que prestam servios de energia, (ESCO) muito trabalho consiste na
gesto da energia do cliente atravs de uma abordagem integrada de todos os aspectos
relacionados com a energia, incluindo no s a oferta, mas tambm os aspectos relacionados
com a utilizao. Os servios de energia integram actividades como auditorias energticas,
implementao de medidas de utilizao racional de energia, projecto e dimensionamento de
sistemas de produo local de energia mais eficientes (sistemas de cogerao e de energias
renovveis), manuteno de sistemas energticos, leasing de equipamentos e financiamento de
projectos. Numa das modalidades de financiamento designada por financiamento por terceiros
utilizada para grandes investimentos, o utilizador pode no participar no investimento inicial,
pagando ao longo do tempo com as poupanas obtidas. (BCSD, 2005)
Os motores elctricos so de longe as cargas mais importantes na indstria e no sector
tercirio. A iluminao aparece como a carga mais importante no sector tercirio, sendo na
indstria a segunda carga mais relevante. Os motores elctricos so utilizados numa vasta gama
de aplicaes, principalmente na movimentao de fluidos em bombas, compressores e
Energia na Indstria 15
ventiladores. A grande importncia dos motores elctricos no consumo de electricidade
verificado nas empresas e o aumento dos custos de energia, levou ao desenvolvimento dos
designados "motores de alto rendimento". Estes motores, como o prprio nome indica,
apresentam um rendimento e um factor de potncia mais elevados que os motores tradicionais
(standard). Os ganhos de eficincia com os motores de alto rendimento, vo desde 1% a 8%, de
acordo com a potncia do motor, o que se pode traduzir por importantes redues do seu
consumo elctrico. (BCSD, 2005)
O tipo de iluminao deve ser determinado a partir das particularidades arquitectnicas do
local. A quantidade e qualidade da iluminao obtidas num determinado espao devero ser
baseadas em alguns requisitos, tais como: desempenho visual, conforto visual, agradabilidade e
economia. Estes requisitos podem ser conseguidos pela escolha de lmpadas e armaduras
adequadas por forma a obter o nvel de iluminao exigido, limitar o encandeamento, permitir
uma boa restituio e, muito importante, obter um baixo consumo de energia elctrica. Tambm
o aproveitamento da iluminao natural, durante o perodo diurno, contribui de forma
significativa para a poupana de energia tanto a nvel de iluminao como nvel de
aquecimento.
Os Programas Motor Challenge e Greenlight so ambos programas voluntaristas da
Comisso Europeia, que tm como objectivo ajudar as empresas a melhorar a eficincia
energtica dos sistemas accionados por motores elctricos e dos sistemas de iluminao,
respectivamente.
A produo descentralizada surge hoje como um importante vector de desenvolvimento
dos sistemas de energia elctrica nas Tabela 2.1e Tabela 2.2apresentam-se descriminados os
impactes ambientais por fonte de energia. A produo descentralizada envolve meios de
pequeno porte, usando energias renovveis (mini-hdrica, elica, solar, geotrmica, biomassa,
ondas e mars, resduos urbanos ou industriais) ou micro turbinas, pilhas de combustvel e
motores alternativos produzindo electricidade, calor e frio operados por produtores
independentes, pelas empresas concessionrias, ou pelos consumidores finais.
Energia na Indstria 16
Tabela 2.1 Quadro resumo de impactes ambientais por fonte de energia.
Cat egori as de i mpact e Te rmoe l ct ri ca Nuc l e ar Inci ne rao de re s duos Mi ni - h dri cas Grande s Aprovei t ament os
Al t e raes Cl i mt i c as
A e xt r ac o, r e f i na o e so br et udo a
que i ma de co mbust ve i s fs s e i s ger a m
e mi s se s de GEE s
A i nc i ne r a o de r e s duos ger a
e mi s se s de CO2
Aci di f i ca o
A r e f i na o e so br et udo a que i ma de
co mbust ve i s f ss e i s ger a m e mi s se s de
SO2 e NOx
A i nc i ne r a o ger a e mi s s es de SO2 e
NOx, par a a l m de out r os co mpost os
ac i di f i c a nt e s
Pol ui o At mos f ri ca
Loc al
As a ct i vi dades de e xt r ac o, t r ans por t e
e que i ma de co mbust ve i s f ss e i s ger a m
e mi s s o de par t c ul a s
As i nst a l a es de i nc i ne r a o e mit e m
met a i s pe s ados e co mpost os or gni cos
t a is co mo dio xi na s
Ozono Tropos f ri co
Os xi do s de a zot o so per cur sor e s do
ozono t r opos fr i co
Os xi do s de a zot o so per cur sor e s do
ozono t r opos fr i co
Fl uxos Hi drol gi cos
Alt er a o do r egi me dos
r ios ; r e du o dos cauda i s
Alt er a o do r egi me dos r io s ; r eduo de
cauda i s
Pol ui o Loc al i zada
de guas Supe rf i ci ai s
e Subt e rrne as
Escor r nc i a s de po l ue nt e s na s
act i vi da de s de e xt r a co t r anspor t e e
r e f i na o; guas de r e f r i ger a o
Pol ui o t r mi ca e r adio act i va
das guas de r e f r i ger a o
Pol ui o t r mi ca ; e f l ue nt e s de
pr oces so e STG
Degr a da o da qua l i da de da gua na
a l buf e ir a ( eut r of i z ao)
Pe rda de
Bi odi ve rsi dade
As e mi s s es r a dio act i va s pode m
a f ect ar or ga ni s mo s vi vo s
Efe it os negat i vos
sobr et udo na s popul ae s
de pe i xe s ; i mpact es
cumul at i vo s
Efe it os negat i vos na s popul a es de
pe i xe s ; submer so de ecos s i st e ma s
t er r est r es
Degradao do Sol o
A e xt r ac o de car vo e o
ar maz e na me nt o de co mbust ve i s ca us a m
degr a da o e cont a mi na o do so lo
A e xt r ac o de co mbust ve i s
nuc l e ar e s pr ovoc a degr ada o
do solo
I nunda o de r e a s que pode m ser
s i gni f i c at i va s ; r i s co de s a l i ni z a o dos
so los
Degradao de Zonas
Cost ei ras e
Ecos si st e mas
Mari nhos
O t r anspor t e de co mbust ve i s f s se i s
pr ovoca co nt a mi na o de ecos s i st e ma s
mar i nho s
Reduo dos s edi me nt os e nut r i e nt e s
t r ans por t ados aume nt a er oso e di mi nui
pr odut i vi da de
Depl e o de Re cursos
Abi t i c os
Os co mbust ve i s f s se i s so r ecur sos
a bit i cos no r e nov ve i s
Os co mbust ve i s nuc l ear e s so
r ecur sos a bit i cos no
r e nov ve i s
Re s duos Sl i dos e
Pe ri gosos
A r e f i na o e que i ma de co mbust ve i s
f s se i s ger a c i nz a s e e scr i a s
Pr oduo de r es duos
r adioa ct i vos dur a nt e a oper a o
A i nc i ne r a o ger a c i nz as e es cr i as
Sade Humana
Radi a e s e mit i da s t m e f e it os
na s ade huma na
Aci de nt e s Grave s
Per i go de e xpl os o e i nc ndio e m t odas
as f a se s
Um ac i de nt e numa ce nt r a l
nuc l e ar pode t er cons equ nc i a s
e xt r e ma me nt e gr a ve s.
Aume nt o da s i s mi c i dade ; pr oba bi l i da de
de ocor r nc i a de ac i de nt es
Ri s cos Qu mi cos
Int ruso Vi sual
As e st r ut ur as a ssoc i a da s ger a m i mpact es
vi s ua i s
As e st r ut ur as a ssoc i a da s ger a m
i mpact e s vi s ua i s
As e st r ut ur as a ssoc i a da s ger a m
i mpact e s vi s ua i s
Alt er a o vi s ua l e m r e as
no per t ur ba da s
I nt r us o vi s ua l da s e st r ut ur as ( e. g.
bar r age m) ; e f e it o pos it i vo a ssoc i a do ao
espe l ho de gua
Ru do
Act i vi dade s as soc i a da s pr ovoca m
aume nt o dos n ve i s de r u do
Act i vi dade s as soc i a da s pr ovoca m
aume nt o dos n ve i s de r u do
I mpact es sci o-
econmi cos
Submer so de nc l eos popul a c io na i s ,
va lor e s pat r i mo ni a i s , e st r ut ur as. Nova s
opor t uni dade s de uso ( e. g. r ecr e io)
Energia na Indstria 17
Cat egori as de i mpact e Sol ar Fot ovol t ai c a Sol ar T rmi ca El ct ri c a El i ca Bi omas sa Geot rmi ca
Transport e e
Di st ri bui o
Al t e raes Cl i mt i c as
A pr odu o das c l u l a s um
pr oces so i nt e ns i vo e m e ner gi a
Emi s se s de GEE s, que no
e nt a nt o no so cont abi l i z a da s
par a aque c i me nt o glo ba l
Li be r t ao de GEE s par a a at mos f e r a ( CO2
e CH4 )
Pode m ocor r er eve nt ua i s f uga s
de SF6
Aci di f i ca o Emi s se s de SO2 e NOx na que i ma Emi s se s de g s sul f dr i co e a m ni a
Pol ui o At mos f ri ca
Loc al
Emi s se s de par t c ul a s
na que i ma
Ozono Tropos f ri co
Emi s se s de NOx
dur a nt e a que i ma
Fl uxos
Hi drol gi c os/ Escas se z
de gua
A r e mo o de veget ao pode
pr ovocar a lt er ae s no escoa me nt o
e i nf i l t r a o
Ri s co de de sc i da dos n ve i s f r et i cos
Pol ui o Loc al i zada de
guas Supe rf i ci ai s e
Subt e rrneas
De scar ga a c i de nt a l de f l u dos
de t r anspor t e de ca lor pode
causar po l ui o
Li xi vi a o de agr oqu mi co s na
pr oduo de bio ma s sa pode causar
cont a mi na o e eut r o f i z ao
Fl u dos hi dr ot r mi co s pode m cont a mi nar
r ecur sos super f f i c i a i s e s ubt er r neos
Der r r a me s a c i de nt a i s de leos
( e ve nt ua l me nt e co m PCB s) e
subst nc i a s t xi c a s
Pe rda de
Bi odi ve rsi dade
Ri s co de co l i s o de
a ve s co m p s da s
t ur bi na s
De st r ui o de veget ao par a
cult ur as de e ner gi a e r e mo o de
r es duos f l or e st a i s.
Li nha s ar ea s pr ovoca m
f r a gme nt a o de ha bi t at s ;
r i sco de co l i s o de a ve s
Degradao do Sol o
Ext e nsa s r e as r equer i da s, ma s
admit i ndo a l guns usos
Ext e nsa s r e as r equer i da s,
admit i ndo a l guns usos
Ext e nsa s r e as
r equer i da s, ma s no
co mpl et a me nt e
ocupada s
Degr a da o do solo por cult ur a s
de e ner gi a ; r i s co de er os o
Ocupa o de so lo par a a s i nst a l a es
I mpl a nt a o de ca bos
subt er r neos
Degradao de Zonas
Cost ei ras e
Ecos si st e mas Mari nhos
Ri s cos par a f auna e f lor a
mar i nha qua ndo os f l u dos so
des car r egados par a o mar
Depl e o de Re cursos
Abi t i c os
Al guma s c l ul a s ut i l i z a m
mat er i a i s es ca s sos
Mat er i a i s r equer i dos par a
f a br i co da s c l u l a s
Re s duos Sl i dos e
Pe ri gosos
Ger a o de r e s duos per i gosos na
pr oduo e des ma nt e l a me nt o das
c l ul a s
Re s duos pot enc i a l me nt e
per i gosos pr oduz i dos no
des ma nt e l a me nt o
Ci nz a s r es ult a nt e s da
co mbust o de ve m t er de st i no
adequado
Sade Humana
Li be r t ao par a a at mo s f er a de co mpos t os
noc i vos
Efe it os na s ade de c a mpos
e l ect r o ma gnt i cos
Aci de nt e s Grave s
Aume nt o do r i sco de
des a ba me nt o, r i sco de e xplo so e
s i s mi c i dade
Ri s cos Qu mi cos
Os mat er i a i s ut i l i z ados t m
a l guma per i gos i dade
Fl u dos de t r a ns por t e de ca lor
pode m apr e se nt ar a l guma
per i gos i dade
Int ruso Vi sual
Os pa i ne i s so l ar e s const it ue m
uma e st r ut ur a est r anha na
pa i s age m
Pa i ne i s so lar e s e i nst a l a o
causa m i mpa ct es vi s ua i s
s i gni f i c at i vo s
As t ur bi na s
const it ue m um
e l e me nt o est r a nho na
pa i s age m
Cult ur as de e ner gi a t m
i mpact e s i mpor t ant es na pa i s a ge m
Est r ut ur as as soc i ada s ( post es,
ca bos, e st aes) c ausa m
i nt r us o vi s ua l
Ru do
O r u do pr ovocado
pe l a
oper ao pode ser um
f a ct or l i mi t a nt e da
i mp l e me nt ao
N ve i s de r u do r e l e va nt e s na f a s e de
oper ao
Efe it o de cor oa
Tabela 2.2 Quadro resumo de impactes ambientais por fonte de energia.
Energia na Indstria 18
As grandes centrais continuaro a existir, mas sero complementadas por instalaes de
produo distribudas, isoladas ou integradas numa rede. Esta representa uma mais valia que
naturalmente no pode ser posta em causa pela proliferao da produo descentralizada.
Contudo, dada a maior proximidade aos consumidores, este tipo de produo vai de um modo
geral aliviar a rede, reduzindo os substanciais investimentos necessrios e mitigando os
impactes ambientais negativos resultantes da respectiva expanso. (Paiva, 2002)
A utilizao de energias renovveis e alternativas conjuntamente com um aumento de
optimizao energtica ir melhorar o cenrio representado na Figura 2.1, relativo ao ano de
2006, diminuindo assim a nossa dependncia energtica do exterior e permitir-nos- alcanar os
objectivos a que nos propusemos.
Figura 2.1 Valor dos Produtos de Petrleo Importados em 2006 (10
6
)
(Direco-Geral de Energia e Geologia, Ministrio da Economia e da Inovao,N. 22 - Abril de 2007)
2.3 Emisses na Indstria
A relao entre o sector industrial e o ambiente nem sempre tem sido fcil. Com efeito, a
actividade industrial encontra-se inevitavelmente associada a uma certa degradao da
qualidade do ambiente, uma vez que no existem processos de fabrico que sejam totalmente
limpos. Os impactos ambientais decorrentes das emisses industriais variam com o tipo de
indstria, matrias-primas utilizadas, produtos fabricados, substncias produzidas e com os
prprios processos de fabrico.
38,5
55,8
65,9
89
100,6
181,5
329,8
489,3
0 100 200 300 400 500 600
Gasolinas Auto
Butano
Asfaltos
Lubrificantes
Nafta Qumica
Propano
Fuelleo
Gasleo
Energia na Indstria 19
Devem igualmente intensificar-se a reduo, a reutilizao de resduos e a reciclagem de
materiais bem como outras formas de valorizao dos resduos (em particular dos industriais).
O reconhecimento das fontes, emisses e resduos dentro de uma empresa o primeiro
passo no sentido de um procedimento ambiental correcto. A actividade industrial, se
correctamente orientada, pode contribuir decisivamente para a proteco do ambiente.
2.3.1 Emisses Gasosas
A principal contribuio da indstria em emisses de CO
2
deriva da queima de
combustveis, directa ou indirectamente associados ao uso de electricidade. Assim estas
emisses so calculadas com base no consumo de energia. O parmetro das emisses de CO
2
correspondentes energia total consumida proveniente de combustveis, calculado em
toneladas equivalentes de CO
2
multiplicando as quantidades de combustveis slidos, lquidos e
gasosos usados para produo de energia (calor, potncia ou para auto-produo de
electricidade), pelos correspondentes factores de emisso de CO
2
, ver Tabela 2.3. Tambm a
quantidade de emisses de CO
2
associadas electricidade lquida comprada, deve ser
contabilizada. (APEC, 2004)
Tabela 2.3 Factores de emisso de CO
2
por tipo de combustveis (APEC, 2004)
Tipo de Combustvel Kg CO
2
/GJ ton CO
2
/GWh
Slido (carvo) 96,3 346,7
Lquido (fuel) 76,6 275,8
Gasoso (gs natural) 55,8 200,9
Outros gases com efeito de estufa, listados no Protocolo de Quioto so:
xido Nitroso (N
2
O);
Metano (CH
4
);
Hydrofluorocarbonos (HFCs) (CHF
3
, CH
2
F
2
, CH
3
F, , CHF
2
OCHF
2
);
Perfluorocarbonos (PFCs) (CF
4
, C
2
F
6
, C
3
F
8
, C
4
F
10
, C
5
F
12
, C
6
F
14
, c-C
4
F
8
);
Hexafluoreto de Enxofre (SF
6
).
Energia na Indstria 20
Os valores de emisso correspondentes a estes gases, devero ser transformados em
toneladas equivalentes de CO
2
. O impacto da libertao destes gases no efeito de estufa
calculado multiplicando-se a quantidade de toneladas emitidas por ano, pelo seu Global
Warming Potential (GWP) relativamente ao dixido de carbono, tal como foi publicado pelo
Painel Intergovernamental sobre Alteraes Climticas (Intergovernmental Panel on Climate
Change - IPCC). Em qualquer dos casos as emisses destes gases referem-se unicamente s
provenientes dos processos de produo. (APEC, 2004) Os valores do GWP dependem
fortemente do horizonte temporal adoptado. Na Tabela 2.4 apresentam-se valores de GWP para
alguns GEEs para um perodo de 100 anos. (Antunes et al Salgueiro, 2000)
Tabela 2.4 Potencial de aquecimento global (Equivalentes de CO
2
(Antunes et al Salgueiro, 2000)
GEES GWP (100 anos)
TEMPO DE VIDA
NA ATMOSFERA
(Anos)
Dixido de carbono
(CO
2
)
1 120
Metano (CH
4
) 21 12
xido nitroso (N
2
O) 310 120
CFC-11
(tri clorofl uorometano)
(CCl
3
F)
3800 50
CFC-12
(di cl orodifl uorometano)
(CF
2
Cl
2
)
8100 102
CFC-13
(tri clorotrifl uorometano)
(C
2
F
3
Cl
3
)
4800 85
Tetracl oreto de carbono
(CCl
4
)
1400 42
Clorofrmi o (CHCl
3
) 4 0. 51
HFC -23 (CHF
3
) 11700 264
HFC-22
(cl orodifl uorometano)
(CHClF
2
)
1500 12
Hexafl uoreto de enxofre
(SF
6
)
23900 3200
Perfl uoretano (C
2
F
6
) 9200 10000
Ozono superfi ci al 17 horas
O Decreto-Lei 78/04, de 3 Abril, estabelece o regime da preveno e controlo das emisses
de poluentes para a atmosfera, fixando os princpios, objectivos e instrumentos apropriados
garantia de proteco do recurso natural ar.
Energia na Indstria 21
So objectivos do diploma a preveno e o controlo da poluio atmosfrica;
nomeadamente:
A definio de polticas, medidas e procedimentos de forma a evitar ou reduzir os nveis
de emisso;
Fomento de iniciativas pblicas e privadas ou parcerias destinadas a promover a
melhoria da qualidade do ar, combustveis menos poluentes.
Na Figura 2.2 pode observar-se as emisses nacionais de gases de efeito de estufa em 1990,
2002 e 2003, repartidas pelos principais sectores.
Figura 2.2 Variao das emisses de GEE entre 1990 e 2002, por poluente e por sector de actividade (REA
2003)
A nvel nacional o sector pasta, papel e impresso o que menos contribui para o total de
emisses de gases com efeito de estufa por unidade de energia, tal como se pode observar na
Figura 2.3.
-20 0 20 40 60 80 100
CH4
N2O
CO2
Agricultura
Indstria
Resduos
Processos Industriais
Uso de Solventes
Intal. Peq. Dimenso
Prod. e Transform. de energia
Transportes
Energia na Indstria 22
Figura 2.3 Emisses de Gases com Efeito de Estufa por Unidade de Energia (CELPA, 2006)
As principais fontes de emisses gasosas na indstria papeleira esto associadas
necessidade de produo de vapor e de electricidade para o processo. Este consumo de energia
traduz-se numa elevada emisso de gases com efeito de estufa (dixido de carbono fssil,
metano e xido nitroso), como se pode constatar na Figura 2.4.
As preocupaes ambientais da Indstria Papeleira tm-se traduzido em fortes
investimentos nos ltimos 20 anos. Estes investimentos tm seguido, conforme as empresas e
centros fabris, estratgias e prioridades diferentes, quer nos chamados tratamentos de fim de
linha quer em medidas internas ao longo do processos produtivos e na racionalizao de
consumos. Em qualquer dos casos o progresso verificado na maior parte das variveis
ambientais permite mostrar um padro geral de reduo de impacto ambiental desta indstria,
quer em termos absolutos, quer por unidade de produto. (CELPA, 2006)
No quadro industrial global e nacional, a indstria papeleira tem algumas especificidades
com relevncia para as alteraes climticas, resultantes das caractersticas tcnicas dos
processos industriais e de algumas opes adoptadas no passado. So exemplo destas
especificidades as opes estratgicas seguidas na valorizao de biomassa (casca de madeira e
madeiras degradadas, resduos florestais e licor negro) para o auto-abastecimento energtico,
atravs de unidades de gaseificao e/ou de co-gerao, em alternativa utilizao de
combustveis de origem fssil. (CELPA, 2006)
79,8
74,3
61,5
33
21,4
70,4
71,5
61,5
80,4
60,3
71,2
142,6
76,1
78,6
96,3
51,8
0 20 40 60 80 100 120 140 160
Produo de Electricidade
Transporte Rodovirio
Outros Indstria
Residencial
Pasta, Papel e Impresso
Refinao
Comercial/Institucional
Qumica
Agricultura/Florestas/Pescas
Alimentao, Bebidas e Tabaco
Transporte Areo
Ferro e Ao
Transporte Martimo
Transporte Ferrovirio
Outros Energia
Metais No-Ferrosos
Energia na Indstria 23
Figura 2.4 Gases com Efeito de Estufa, Emisses Directas por Tipo de Poluente. (CELPA, 2006)
As florestas tm sido alvo de grande ateno devido ao seu potencial contributo para
mitigar os efeitos do aquecimento global. do conhecimento comum que as plantas absorvem
dixido de carbono CO
2
da atmosfera e tm capacidade de o armazenar atravs do processo
da fotossntese. Todavia, sabe-se tambm que esta acumulao apenas temporria, pois no
termo do ciclo biolgico cada rvore liberta parcial ou totalmente para a atmosfera o CO
2
que
fixou ao longo da vida. Por outro lado, preciso no esquecer que com os incndios florestais, a
desflorestao e a decomposio das rvores mortas, as florestas tornam-se fontes de dixido de
carbono. As florestas podem assim ser entendidas apenas como sumidouros temporrios para o
dixido de carbono que as actividades humanas emitem para a atmosfera. Comparando a
capacidade que as florestas tm para absorver dixido de carbono com as quantidades emitidas
anualmente, fruto das actividades humanas, chega-se facilmente concluso que plantar rvores
importante mas no constitui uma verdadeira soluo para os problemas do aquecimento
global. Os sumidouros no nos protegem das alteraes climticas, dado que as quantidades de
dixido de carbono actualmente presentes na atmosfera podem nela perdurar por vrios sculos.
Importa pois adoptar verdadeiras e urgentes medidas para mudar o actual sistema de produo
de energia baseado nos combustveis fsseis. Daqui poder concluir-se que o desenvolvimento
de tecnologias inovadoras de elevada importncia para reduzir significativamente o consumo
de energia no seio das indstrias e consequentemente as emisses gasosas resultantes destes
consumos.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0
275
550
825
1100
1
9
9
0
1
9
9
1
1
9
9
2
1
9
9
3
1
9
9
4
1
9
9
5
1
9
9
6
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
2
0
0
3
2
0
0
4
2
0
0
5
2
0
0
6
1
0
0
0
t
o
n
C
O
2
e
q
.
CO2 Dixido de Carbono N2O xido Nitroso
CH4 Metano GEE por tonelada de produo
k
g
C
O
2
e
q
.
p
o
r
t
o
n
e
l
a
d
a
d
e
p
r
o
d
u
a
o
Energia na Indstria 24
2.3.2 Efluentes Lquidos
A gua uma das matrias subsidirias principais na fabricao de pastas e de papis.
utilizada no processo principal, como fonte de energia trmica e mecnica, nos sistemas de
arrefecimento e na produo de energia elctrica.
Os principais investimentos realizados nesta rea tm promovido a racionalizao dos
circuitos de utilizao da gua e a optimizao dos consumos em cada fase. Deste modo, e
apesar dos aumentos de produo verificados, a indstria papeleira tem vindo a reduzir os
consumos totais (em 21%) e especficos (em 56%) de forma consistente desde 1990. Do total de
gua utilizada 69% do volume proveio de captaes superficiais (rios).
Do mesmo modo que a captao de gua, tambm o volume de efluente rejeitado tem
vindo a reduzir-se substancialmente e de forma consistente ao longo dos ltimos anos,
aproximadamente 20% no volume total e 44% em termos especficos, desde 1992. (CELPA Ind
Amb, 2005)
As caractersticas do efluente rejeitado tm tambm sofrido melhorias substanciais num
passado recente, particularmente evidentes no princpio da dcada de 1990, e, de forma menos
acentuada, no trinio 1999-2001. Este padro geral observvel em qualquer das variveis
ambientais: slidos suspensos totais (reduo desde 1990 de 83% na carga especfica); carncia
qumica de oxignio (81%), carncia bioqumica de oxignio (85%) e compostos organo-
clorados (94%).
No caso das indstrias de papel reciclado, a preocupao com o ambiente de facto
notria, constata-se que muitas empresas esto dotadas de ETARIs para o tratamento da gua
utilizada do processo industrial, acautelando assim a qualidade da gua que devolvida ao meio
fsico, tal como o aproveitamento total dos resduos slidos com destino valorizao dos solos
agrcolas.
De forma a cumprir as normas, critrios e objectivos de qualidade das guas de descarga no
meio hdrico, o tratamento tercirio numa ETARI tem os seguintes objectivos:
Remover o azoto atravs do processo de Nitrificao/desnitrificao (Tanque anxico)
Remover o fsforo atravs da precipitao qumica (Sistema Doseador de Produtos)
Eliminar os microorganismos patognicos (Desinfeco)
Remover substncias no biodegradveis / txicas (Filtrao)
Energia na Indstria 25
O tratamento das lamas numa ETARI reveste-se de extrema importncia principalmente se
o destino final for a valorizao agrcola em que a libertao de odores nocivos ou incmodos
tem de ser controlada, as etapas para a estabilizao das lamas consistem:
Na reduo do teor de gua (Espessador)
Na reduo da matria orgnica (Digesto biolgica)
Na reduo do teor de gua e volume da lama (Sistemas de Desidratao)
Na higienizao das lamas
A reutilizao da gua residual tratada deve ser encarada como parte integrante da gesto
dos recursos hdricos de uma estao de tratamento de guas residuais. O efluente poder ser
reutilizado, aps sofrer um tratamento tercirio, em lavagens menores nas instalaes, lavagens
de rgos da prpria ETARI, regas de jardins, entre outros.
2.3.3 Resduos Slidos
Os resduos industriais banais so desperdcios que, como tal, devem ser minimizados com
vista a um aumento de eficincia, reduo de custos e consequente aumento de competitividade
das empresas. Por outro lado, a sua inadequada ou irresponsvel deposio na natureza constitui
uma das maiores fontes de poluio ambiental. O destino final a dar a este tipo de resduos da
responsabilidade de quem os origina, e tem sido um dos grandes problemas enfrentados pelas
empresas.
Uma soluo passa pela sua valorizao, incorporando-os como matrias-primas ou
componentes noutros processos de fabrico.
Na indstria papeleira os resduos slidos provm de diversas fases do ciclo de produo,
sendo o tratamento de efluentes e a preparao de madeiras as componentes do processo mais
significativas na produo de resduos slidos (cerca de 71%). O restante provm,
principalmente, de processos de produo energtica e da caustificao. As solues dadas aos
resduos slidos so tambm diversificadas, sendo a agricultura o principal destinatrio (45%).
Os aterros controlados e a queima de resduos representam, respectivamente, 24% e 15% do
total produzido. (CELPA Ind Amb, 2005)
Na produo de papel reciclado, a quantidade de resduos slidos quase nula, para
alm de reaproveitar uma grande quantidade dos resduos urbanos (de papel), libertando a
sociedade de uma boa fraco dos mesmos.
Energia na Indstria 26
2.4 Energias Renovveis
Para a maior parte das operaes industriais, a electricidade insubstituvel como forma
de energia. Apesar da possibilidade de se efectuar uma racionalizao dos seus consumos, quer
atravs de boas prticas energticas, quer atravs da aquisio de novos equipamentos mais
eficientes quanto ao consumo, a incidncia destas aces sobre o consumo global de
electricidade no muito significativa. Numa empresa, onde a energia normalmente implica
uma despesa, a reduo do custo unitrio da electricidade a maneira mais eficaz para a
reduo da factura energtica. Neste contexto surgem diferentes alternativas que podero ser
utilizadas pelas empresas para a diminuio da factura energtica, tal como por exemplo a
cogerao, a energia solar e a utilizao de biogs. Surge tambm, e de acordo com as
orientaes da poltica energtica da Unio Europeia, no sentido da diversificao energtica e
reduo da dependncia dos combustveis de origem petrolfera, a possibilidade de obter apoios
para a utilizao destas tecnologias alternativas.
Em Portugal, as Energias Renovveis, semelhana do que acontece na UE, tm ainda
uma expresso muito reduzida, embora se estime um elevado potencial para a sua produo,
num quadro de previsvel expanso tendo em conta o agravamento das questes relativas ao
abastecimento petrolfero e s alteraes climticas.
A Tabela 2.5 apresenta os valores relativos evoluo da energia produzida a partir de
fontes renovveis desde 2001.
No final de Abril de 2008, Portugal tinha 7 681 MW de capacidade instalada para produo
de energia elctrica a partir de fontes de energia renovveis (FER), ver Figura 2.5. O acrscimo
de potncia instalada verificado no final do ms de Abril, relativamente a Maro, deveu-se
entrada em funcionamento de uma nova central fotovoltaica e ao reforo de potncia num dos
parques elicos j existentes. (DGEG N38, 2008)
A incorporao de FER no consumo bruto de energia elctrica, para efeitos da Directiva
2001/77/CE, foi de 42% em 2007. Portugal foi, em 2006, o terceiro pas da Unio Europeia
(UE15) com maior incorporao de energias renovveis. A subida de trs lugares, relativamente
a 2005, deve-se ao aumento acentuado da produo hdrica em 2006. A produo de energia
elctrica a partir de FER est concentrada no Norte, principalmente nos distritos de Bragana,
Viana do Castelo, Viseu, Coimbra, Vila Real e Braga (1001, 1001, 788, 735, 627 e 614 MW).
Excluindo a grande hdrica, Viseu, Coimbra, Castelo Branco, Viana do Castelo, Lisboa, Vila
Real, Guarda, Braga e Santarm so os principais distritos em termos de potncia instalada
(538, 468, 363, 336, 261, 247, 224, 174 e 171 MW), correspondendo a potncia destes nove
distritos a 81% do total, em Abril de 2008. (DGEG N38, 2008)
Energia na Indstria 27
Tabela 2.5 Evoluo histrica da potncia total instalada em renovveis (MW) Portugal Continental. (DGEG
N38, 2008)
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Abr 2008 TCMA*
H dri ca Total 4263 4288 4292 4561 4752 4802 4805 4806 2, 0%
Grande H dr i ca
(>30MW)
3783 3783 3783 4043 4234 4234 4234 4234 1, 9%
PCH (>10 e
30MW)
240 251 251 251 232 281 281 281 2, 7%
PCH ( 10MW) 240 254 258 267 286 287 290 291 3, 2%
El i ca 114 175 253 537 1047 1681 2108 2375 62, 6%
Bi omass a
(c/ cogerao)
344 372 352 357 357 357 357 357 0, 6%
Bi omass a
(s/ cogerao)
8 8 8 12 12 24 24 24 20, 1%
RSU 88 88 88 88 88 88 88 88 0, 0%
Bi ogs 1, 0 1, 0 1, 0 7, 0 8, 2 8, 2 12, 4 12, 4 52, 1%
Fot ovol t ai ca 1, 3 1, 5 2, 1 2, 7 2, 9 3, 4 14, 5 18, 9 49, 5%
Ondas / Mars
Tot al 4819 4934 4996 5565 6267 6964 7409 7681 7, 4%
*TCMA Taxa de Crescimento Mdio Anual
Figura 2.5 Evoluo da energia produzida a partir de fontes renovveis. (DGEG N38, 2008)
0
4
8
12
16
20
24
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 Abril
2008
TWh
Biomassa / RSU Elica Hdrica (>10MW)
PCH Fotovoltaica Total Corrigido
Energia na Indstria 28
No caso portugus, face ao diminuto potencial de crescimento da potncia instalada em
centrais hdricas e tendo em conta o carcter oscilatrio apresentado pela produo de energia
elctrica a partir deste recurso, necessrio fomentar o aproveitamento de outras fontes
renovveis para a produo de energia elctrica, nomeadamente a energia elica, solar,
geotrmica e a proveniente da biomassa e do biogs. Embora de forma insuficiente, Portugal
tem apostado no aproveitamento destes recursos, sobretudo a nvel da energia elica.
Seguidamente sero aprofundadas as fontes de energias renovveis que se encontram num
estado de maturao suficiente para serem utilizadas na Indstria. As energias renovveis tais
como: Hdrica, Geotrmica e Ondas e Mars no sero abordadas devido ao difcil
aproveitamento existente in loco.
2.4.1 Energia Solar
A situao energtica nacional traduz-se por um sub-aproveitamento das energias
endgenas.
Uma das fontes endgenas de extrema importncia a energia solar dado que o valor anual
da radiao solar global varia entre 1400 e 1800 kWh/m
2
. Embora sejam necessrios sistemas
auxiliares, que no utilizam energia renovvel, ao nvel de poluio muito reduzido. Por outro
lado, os sistemas de aproveitamento de energia solar so os mais acessveis, monetariamente, ao
consumidor. (Manual Solar Trmico, 2004)
Com mais de 2300 horas/ano de insolao na Regio Norte, e 3000 horas/ano no Algarve,
o nosso pas dispe de uma situao privilegiada para o desenvolvimento deste tipo de energia
que est ainda muito por explorar.
A energia irradiada pelo sol, para a atmosfera terrestre praticamente constante. Esta
energia irradiada ou intensidade de radiao descrita como a constante solar relativa a uma
rea de 1 m2. Esta constante est sujeita a pequenas alteraes, provocadas pela variao da
actividade solar (sun spots) e com a excentricidade da rbita da Terra. Estas variaes, que se
detectam para a gama dos raios UV so menores que 5%, e no so significativas para as
aplicaes de tecnologia solar. O valor mdio da constante solar E0 = 1,367 W/m. (Manual
Solar Trmico, 2004)
A orientao dos painis em relao ao Sol e a nebulosidade do local so factores que
fazem variar a insolao. Em geral, consegue-se tirar o mximo de rendimento quando se
orienta o colector a Sul com uma inclinao num ngulo aproximadamente igual latitude do
lugar Portugal (42 Norte a 36 Sul) ou se no hemisfrio Sul virados a Norte.
Energia na Indstria 29
A energia solar pode ser utilizada directamente para aquecer e iluminar edifcios, aquecer
gua de piscinas, sobretudo em equipamentos sociais, para fornecimento de gua quente
sanitria nos sectores domstico, servios, indstria e agropecuria. A energia solar tambm
possibilita a produo de elevadas temperaturas para produo de vapor de processo ou gerao
de electricidade, atravs de tecnologias de concentrao da radiao. Atravs do efeito
fotovoltaico converte-se a radiao solar em energia elctrica. A produo de electricidade a
partir da energia solar tambm pode ser feita por converso trmica, no apenas via
fotovoltaico. Utilizam-se sistemas que concentram a radiao incidente numa cavidade
absorvedora e aquecem a alta temperatura, um fluido: ar, gua, leo trmico, que pode ento ser
utilizado num ciclo termodinmico convencional, inteiramente idntico ao que se faz nas
centrais termoelctricas convencionais a combustveis fsseis. Se o produto final do sistema
solar for vapor teremos este a passar numa turbina de vapor acoplada a um gerador para
produo de electricidade, se for ar quente a alta presso e temperatura este passa numa turbina
a gs para o mesmo efeito. Pode ainda ter-se um motor do tipo Stirling com um ciclo de
expanso e compresso de um gs (ar, por exemplo). Mais perto de uma situao de utilizao
no mercado esto as tecnologias solares que produzem vapor e as do tipo motor Stirling.
Recentes programas, como o Programa gua Quente Solar, na sequncia do Programa E4
(Eficincia Energtica e Energias Endgenas), pretendem implementar o uso da Energia Solar
em Portugal. Este programa prope um acrscimo na dinmica do actual mercado, pretendendo
atingir um valor de 150000 m
2
de colectores solares instalados por ano, que poder conduzir a
cerca de 1 milho de m
2
de colectores instalados em 2010. (DGEG / IP-AQSpP, 2004)
A grande dimenso das instalaes industriais permite a aplicao de sistemas de baixo
custo com uma boa rentabilidade econmica. Os campos de colectores solares podem ser
integrados nas coberturas das naves industriais, ou instalados em terreno anexo disponvel.
(DGEG / IP-AQSpP, 2004)
Existe uma grande variedade de colectores e diferentes tipos de circuitos o que leva a que
seja necessria a elaborao de um projecto cuidado, de modo a obter um custo mnimo de
investimento aliado a uma excelente eficincia do sistema.
Uma instalao solar industrial formada por um campo de colectores solares nos quais
circula um fluido, gua ou gua com glycol (circuito primrio). A circulao do fluido
controlada por um dispositivo dependendo da intensidade da radiao solar incidente nos
colectores. Um permutador permite a transferncia de energia trmica, resultante da converso
da radiao solar nos colectores, que pode ser utilizada para aquecer lquidos, ar ou produzir
vapor. O acoplamento do sistema solar ao sistema de aquecimento convencional pode ser feito
Energia na Indstria 30
em diferentes pontos: acoplamento directo a um processo, pr-aquecimento de gua ou gerao
de vapor no sistema central.
Em muitas indstrias as necessidades de aquecimento so to elevadas que no h
necessidade de armazenamento da energia captada pelo sistema solar. Isto permite instalar
sistemas solares de muito baixo custo uma vez que so eliminados os custos do armazenamento
de energia. O caso mais simples aquele que corresponde a um sistema solar fornecendo
energia a um processo industrial em funcionamento contnuo e com uma carga constante (ou
pelo menos durante grande nmero de horas do perodo de funcionamento) e superior aos
ganhos solares (processo em funcionamento pelo menos 12 horas por dia no perodo diurno).
Nestes casos, o sistema solar pode ser projectado sem armazenamento. O calor solar produzido
alimenta directamente o processo ou o sistema de aquecimento convencional. O sistema pode
ser indirecto, uma vez que a utilizao de fluidos especiais, para proteco do colector e dos
materiais que o constituem contra o congelamento e a corroso, impe a utilizao de um
permutador para separar o circuito dos colectores (circuito primrio) do circuito de consumo.
Se, como frequentemente comum, o processo industrial funcionar s 6 ou 5 dias na
semana, isto , no funciona ao fim-de-semana, o sistema pode ser projectado considerando o
armazenamento da energia captada durante o fim-de-semana. Esta ser utilizada durante os
restantes dias da semana. O armazenamento ser tambm necessrio se verificarem grandes
flutuaes nas necessidades de energia para o processo industrial durante os perodos de
funcionamento (picos de carga, pequenos intervalos de paragem do processo).
Em quase todas as indstrias possvel o acoplamento do sistema solar ao sistema de
aquecimento convencional j existente. Isto pode ser feito, quer por pr-aquecimento da gua de
alimentao para as caldeiras (neste caso o nvel de temperatura aumenta com o aumento da
recuperao de condensados) ou utilizando um sistema solar que produza vapor. Este ltimo s
recomendado para indstrias que utilizem vapor a baixa presso (2 3 bar) e em climas com
elevados nveis de radiao. Os sistemas solares so utilizados nos processos industriais para
permitir a poupana de energia convencional. possvel determinar a energia poupada
recorrendo a mtodos de clculo adequados.
2.4.2 Biomassa
A Biomassa a massa total de organismos vivos numa dada rea. Esta massa constitui uma
importante reserva de energia, pois constituda essencialmente por hidratos de carbono.
Energia na Indstria 31
A biomassa constitui uma fonte renovvel de produo energtica para a produo de
electricidade, calor ou combustvel, sendo muito variado o leque de produtos utilizveis para
este fim, oriundos em larga medida da actividade agrcola, silvcola, pesca e respectivas fileiras
industriais: produtos e subprodutos da floresta, resduos da indstria da madeira, culturas e
resduos de culturas agrcolas, efluentes domsticos e de instalaes de agro-pecuria, efluentes
e resduos de indstrias agro-alimentares, como por exemplo lacticnios, matadouros, lagares ou
indstrias de transformao de frutos secos e resduos slidos urbanos.
A utilizao deste tipo de energia renovvel apresenta potenciais benefcios tais como:
A reduo das emisses de carbono, se geridas (durante a produo, transporte e
utilizao) de forma sustentvel;
O aumento da segurana energtica pela diversificao das fontes de energia e
utilizao de fontes locais;
A criao de proveitos adicionais para os sectores agrcola e florestal;
A reduo de resduos.
Actualmente, cerca de 13% do abastecimento mundial de energia primria garantido pela
biomassa, mas existem grandes diferenas regionais, nos pases desenvolvidos cerca de 3% das
suas necessidades energticas so garantidas pela biomassa, enquanto que no continente
africano a taxa varia entre os 70-90%.
A nvel da indstria houve desenvolvimento de tecnologias para a utilizao deste tipo de
energia atravs de caldeiras com alimentao automtica e regulao electrnica
de combustvel/ar para permitir a queima de diversos tipos de madeira com o mximo de
eficincia.
A maior limitao da biomassa a sua disponibilidade e quo ampla pode ser a sua
utilizao como fonte de energia. A publicao Caminhos para 2050 indica que, nesse ano, a
taxa de biocombustveis no mix de transporte rodovirio pode chegar aos 15%, bem acima dos
1% actuais. tambm estimado que, num futuro prximo, a biomassa poder ser utilizada mais
intensamente na produo de energia elctrica. (Portal das Energias Renovveis, 2008)
2.4.3 Biocombustveis
Atravs de diferentes tecnologias de converso, possvel obter biocombustveis slidos,
lquidos e gasosos que, por sua vez, podem gerar energia trmica, mecnica e elctrica como se
observa na Tabela 2.6.
Energia na Indstria 32
Tabela 2.6 Descrio e utilidade de Biocombustveis (Portal das Energias Renovveis)
Tipo de
combustvel
Descrio Utili dade
Biocombust vei s
sli dos
Lenha, carvo vegetal, resduos
florest ais e agrcol as, fraco
orgni ca do li xo, restos de madeira
Quei ma em l areiras, foges e
braseiros (para calor), quei ma
industrial (para vapor e
electri cidade)
Biocombust vei s
gasosos
Biogs (a parti r de resduos de
suiniculturas, do trat amento de
esgotos e do li xo urbano)
Quei ma (para calor e electri cidade)
Biocombust vei s
lqui dos
Biodiesel, et anol (a partir de plantas
como cana-de-aucar e gi rassol),
met anol
Combust vei s para automveis
Da utilizao de biocombustveis resultam vrios benefcios de natureza econmica
(reduo da factura energtica, promoo de actividades capazes de gerao local de riqueza),
social (criao lquida de emprego, fixao de populaes, combate desertificao),
estratgico (diminuio da dependncia energtica, promoo dos recursos energticos
endgenos) e ambientais (comparativamente cadeia de produo de combustveis fsseis, a
produo de biodiesel permite evitar a emisso de 2,17 toneladas de CO
2
/ton de ster
produzido).
Segundo a Resoluo do Conselho de Ministros n. 21/2008 de 5 de Fevereiro A
promoo da utilizao de biocombustveis nos transportes tem tambm um papel fundamental
no combate s alteraes climticas, representando uma das principais medidas previstas no
Programa Nacional para as Alteraes Climticas (PNAC), da que o Governo tenha decidido
aumentar para 10 % o objectivo de incorporao de biocombustveis nos combustveis fsseis
de 5,75 %, em teor energtico, em 2010, superando assim o valor indicativo da poltica
energtica da Unio Europeia, com evidentes ganhos ao nvel ambiental, com destaque para o
benefcio decorrente da valorizao dos resduos mas contudo a norma EN 590, para o
gasleo rodovirio e a norma EN 228, para a gasolina, impem um limite de 5 %, em volume,
quer para a incorporao de biodiesel sob a forma esteres metlicos de cidos gordos (FAME)
no gasleo rodovirio de comercializao generalizada, quer para a incorporao de bioetanol
na gasolina, normas que se encontram em reviso com vista a permitir maior incorporao nos
combustveis no mdio prazo
Ainda na respectiva Resoluo do Conselho de Ministros Nos termos da alnea g) do
artigo 199. da Constituio, o Conselho de Ministros resolve:
1 Determinar a criao de especificaes que permitam a comercializao de combustveis
com incorporaes de biocombustveis superiores s constantes nas normas vigentes, com
Energia na Indstria 33
nveis mximos de 20 % a partir de 2008, para os veculos compatveis com essas
especificaes.
O etanol, produzido actualmente numa quantidade superior a 25 mil milhes de litros,
mais utilizado do que o biodiesel, que tem uma produo de cerca de 1,7 mil milhes de litros.
O biodiesel e o bioetanol podem constituir, a curto prazo, uma alternativa aos combustveis
convencionais.
A emisso de GEE neste tipo de energia renovvel no zero porque na produo da
matria-prima h um investimento em energia tambm fssil. Quanto mais eficiente for o
processo produtivo, menor a emisso de CO
2
.
O etanol produzido a partir da cana-de-acar no Brasil tem um impacte baixo em CO
2
, em
comparao com o etanol tradicional proveniente do milho, porque:
Os produtos de biomassa, tais como talos de cana-de-acar, so utilizados para a
produo de calor e electricidade no processo;
A produtividade elevada e a utilizao de fertilizantes, intensos em GEE, feita em
quantidades limitadas.
Uma outra soluo possvel para a produo de biodiesel a utilizao de algas, estas
alimentam-se de CO
2
para ser possvel o seu crescimento e no final produzem ainda o leo para
biodiesel. Assim possvel conjugar a absoro de CO
2
da atmosfera juntamente com a
produo de um biocombustvel. Foi formada em 1997 e a partir de Janeiro deste ano deu
origem Algafuel que se dedica especificamente industrializao de biomassa de microalgas
para a produo de biocombustvel. Cada tonelada de microalgas produzida consome entre 2 a 3
toneladas de CO
2
, tendo ainda uma capacidade de acumulao intracelular de lpidos que pode
atingir 60-70% do seu peso seco. O recurso s microalgas para a produo de biocombustvel
visa a diversificao das fontes de energia, apresentando ao mercado novas solues que
privilegiem o combate s emisses de gases poluentes.
2.4.4 Biogs
O biogs um gs combustvel, constitudo em mdia por 60% de metano e 40 % de CO
2
,
que obtido pela degradao biolgica anaerbica dos resduos orgnicos.
Actualmente existe em Portugal cerca de uma centena de sistemas de produo de biogs,
na sua maior parte proveniente do tratamento de efluentes agro-pecurios (cerca de 85%) e
destas cerca de 85% so suiniculturas. Este aproveitamento que, para alm de resolver os
Energia na Indstria 34
problemas de poluio dos efluentes, pode tornar uma explorao agro-pecuria auto-suficiente
em termos energticos. Os efluentes slidos resultantes podem ser ainda aproveitados como
adubo. O biogs representa actualmente cerca de 3% do consumo energtico nacional. As reas
potenciais principais de produo de biogs so as do Sector agro-pecurio, da Indstria agro-
alimentar, das ETARs municipais e dos Resduos Slidos Urbanos (RSU). Existe no entanto
um potencial muito maior por explorar, as estimativas encontram-se representadas no quadro
seguinte.
Tabela 2.7 Potencial estimado de aproveitamento de Biogs.
Fonte
Energi a elctri ca
[GWh/ ano]
Agro-pecuri o 226
Agro-ali mentar 120
ETAR' s 157
RSU (aterros) 383
Em Portugal so ainda poucas as empresas com estaes de tratamento de efluentes com
digesto anaerbia. A sazonalidade da actividade de certas empresas pode ser um factor que
dificulte a sua aplicao.
A digesto anaerbia um processo que, com excepo do tratamento das lamas das
ETAR, no tem tido aceitao alargada em Portugal, contribuindo para o efeito o elevado custo
de investimento, o fracasso de algumas instalaes e a propaganda negativa de empresas com
tecnologia concorrente. No entanto, o processo indiscutivelmente muito vantajoso na
degradao dos efluentes e resduos orgnicos existindo tecnologias adaptveis a qualquer tipo
de substrato sendo, contudo, a sua divulgao e conhecimento insuficiente.
No processo de depurao das guas residuais das grandes cidades efectuado nas ETAR
existe a possibilidade de produzir biogs com uma percentagem de metano da ordem dos 60-
70% atravs de um processo de fermentao anaerbia em tudo semelhante ao das exploraes
agro-pecurias. A produo de biogs estima-se em 45 litros por habitante o que para uma
cidade de 100.000 habitantes equivale a uma produo de 4500 m
3
dia. Com esta produo
pode-se alimentar por exemplo um grupo de Cogerao da marca Caterpillar G398, que consiste
num motor de combusto interna de 12 cilindros em V, com uma cilindrada de 48300 cc,
potncia de 285 kW (382 cv) e com um consumo de 155 m
3
/h que acciona um gerador de 250
kW. Alm desta potncia elctrica obtm-se ainda uma potncia trmica de 900 kW. Para uma
instalao deste tipo o balano energtico dirio estima-se em cerca de 6000 kWh de
electricidade e 8200 kWh de energia trmica a usar nos fermentadores. Com a instalao de um
Energia na Indstria 35
grupo deste tipo seriamos capazes de satisfazer as necessidades elctricas da instalao,
produzir um excedente de energia trmica, e ainda injectar gs na rede de abastecimento
pblico. O perodo de payback para este tipo de instalao de 4-5 anos o que tambm a torna
numa opo particularmente interessante.
importante apoiar esta tecnologia "amigvel" que, para alm do contributo importante na
rea do ambiente poder, no sector da energia, atingir uma potncia de cerca de 100 MW, em
termos de energia elctrica, no balano energtico nacional. O biogs pode ser usado na gerao
de energia mecnica (nos motores de combusto interna), energia elctrica (nas centrais a
biogs) e energia trmica (sem sistemas de queima directa aquecimento ambiente, guas
quentes sanitrias, foges e incineradores). Adicionalmente, o biogs pode ser utilizado como
combustvel nas centrais de cogerao.
2.4.5 Elica
O aproveitamento da energia elica para produo de electricidade feito recorrendo aos
aerogeradores de grande dimenso, os quais podem ser implantados em terra ou no mar e estar
agrupados em parques ou isolados. Existem tambm sistemas hbridos de mdia dimenso, onde
se combinam os aerogeradores elicos com sistemas fotovoltaicos, diesel ou hdricos, podendo
ou no possuir sistema de armazenamento de energia. So apenas usados para pequenas redes
ou para aplicaes especiais tais como bombagem de gua, carga de baterias, dessalinizao,
etc. A sua capacidade ronda os 10-200 kW.
Em Portugal, o primeiro parque elico foi criado em 1988 em Santa Maria (Aores), mas
actualmente a distribuio destas centrais abrange quase todo o territrio nacional com
aproximadamente 1.131 MW de potncia instalada at Fevereiro 2006, 106 parques elicos e
703 turbinas elicas. (DGEG N38, 2008)
No entanto s nos ltimos 5 anos, inicialmente com o Programa Energia e mais
recentemente com o Programa E4, que se criaram algumas condies para o desenvolvimento
real deste tipo de energia.
O recurso energtico elico onshore disponvel em Portugal estima-se nos 4.800 MW,
tendo em conta um cenrio de restrio ambiental moderada. Apesar deste potencial, existiram
uma srie de barreiras que contriburam para o fraco desenvolvimento da energia elica em
Portugal. (DGEG N38, 2008)
Energia na Indstria 36
2.5 Cogerao
Perante a dependncia actual de energia e das suas fontes energticas principais, os
combustveis fsseis, surge cada vez mais a necessidade de achar alternativas, visto que estas
so no renovveis. A cogerao no sendo uma alternativa uma maneira de optimizar o uso
dos combustveis, aproveitando de uma melhor maneira a energia que deles possvel retirar.
A cogerao definida como sendo o processo em que h produo simultnea de energia
trmica e energia mecnica (normalmente convertida em energia elctrica), destinados a
consumo prprio ou de terceiros, a partir de uma fonte de combustvel (biomassa, fuelleo, gs
natural, gs propano, resduos industriais). O calor produzido pode ser utilizado directamente no
processo industrial, bem como recuperado e convertido para utilizao em aquecimento de
espaos e/ou aquecimento de gua. Complementarmente a partir do calor poder ainda produzir-
se frio, por absoro, passando o processo a designar-se por trigerao.
De acordo com o Decreto-Lei n. 186/95, a cogerao definida como:
O processo de produo combinada de energia elctrica e trmica, destinando-se ambas
a consumo prprio ou de terceiros, com respeito pelas condies previstas na lei.
Tradicionalmente, os consumidores satisfazem a sua procura de energia comprando
separadamente a electricidade e os combustveis s companhias distribuidoras.
A cogerao representa uma alternativa, de elevada eficincia energtica, tal como se pode
verificar na Figura 2.6, que permite reduzir a factura energtica dos utilizadores com
necessidades simultneas de calor (gua quente ou vapor) e electricidade ou energia mecnica.
Os potenciais utilizadores de Cogerao so instalaes que verificam as seguintes
caractersticas:
Necessidades simultneas e contnuas de energia trmica e energia elctrica;
Disponibilidade de combustveis de qualidade;
Perodo de funcionamento de pelo menos 4.500-5.000 horas por ano;
Espao suficiente e uma adequada localizao para a implementao do novo
equipamento;
Calor residual disponvel de elevada qualidade.
O dimensionamento de um sistema de cogerao deve ser executado a partir das
necessidades de energia trmica, sendo a energia elctrica um subproduto, usado para auto
consumo, podendo os eventuais excedentes ser vendidos ao sistema pblico. (Paiva, 2002)
Energia na Indstria 37
2.5.1 Vantagens e Desvantagens da Cogerao
Vantagens da cogerao
Economia de consumos de energia primria
Os sistemas tradicionais de produo de energia elctrica (centrais termoelctricas e
nucleares) tm uma eficincia mdia da ordem dos 37%, i.e., apenas 37% da energia total
consumida convertida em energia elctrica. Este valor ser ainda mais baixo se tivermos em
conta as perdas por transporte, que podem atingir os 5%, sendo todo o restante dissipado para a
atmosfera sob a forma de calor.
Devido utilizao desse calor residual, os sistemas de cogerao apresentam eficincias
globais superiores a 80% pelo que as economias geradas no consumo de energia primria so
significativas.
Custos evitados na construo de grandes centrais electroprodutoras e sistemas de transporte
A implementao de centrais de cogerao permite aumentar a capacidade instalada de
produo de energia elctrica, eliminando assim a necessidade de se construrem novas
Energia Trmica
Energia
Elctrica
Perdas
65%
100%
Combustvel
50%
15%
35%
Figura 2.6 Balano Energtico de um Sistema de Cogerao
Energia na Indstria 38
instalaes electroprodutoras centralizadas. A electricidade , por isso, gerada com menores
investimentos, traduzidos em custos inferiores por kWh, o que se traduz num aumento de
competitividade das empresas.
Por outro lado, o facto de a energia ser produzida junto ao prprio consumidor elimina
tambm as necessidades de reforo da capacidade de transporte das linhas elctricas instaladas
ou mesmo a construo de novas linhas.
Diminuio no impacto ambiental
Como resultado da elevada eficincia na produo de energia dos sistemas de cogerao, as
necessidades em combustvel so bastante inferiores. Por esse motivo possvel obter redues
at 50% na emisso de poluentes, nomeadamente de CO
2
, o principal gs de estufa.
Uma vez que a maioria dos sistemas de cogerao utiliza o gs natural como combustvel,
as emisses de xidos de enxofre e de partculas so praticamente nulas.
Vantagens para as empresas
Reduo importante na factura energtica global do consumidor sendo esta tanto maior
quanto menor o custo do combustvel utilizado. Na grande maioria das instalaes onde existem
sistemas de cogerao obtm-se redues na factura energtica de 20 - 30%, o que se traduz em
retornos de investimento da ordem dos 3 anos.
Fornecimento de energia sem interrupes: a existncia de uma central de cogerao , por
si s, uma garantia de segurana no abastecimento de energia elctrica. Este um aspecto
dificilmente quantificvel em termos econmicos mas extremamente valioso, principalmente em
certos processos industriais.
Outras vantagens da cogerao so (Guide to Cogeneration, 2001.):
Elevada eficincia dos sistemas de converso e utilizao de energia;
Possibilidade de utilizao de variadas formas de combustvel como a biomassa,
fuelleo, gs natural, gs propano, desperdcios industriais, resduos agrcola, etc.;
Forma descentralizada de produo de energia, projectada para satisfazer as
necessidades dos consumidores locais, com elevada eficincia, e com menores
perdas no sistema de transporte e distribuio de energia;
Energia na Indstria 39
Maior segurana no abastecimento geral e local a produo local de energia,
atravs da cogerao, apresenta menos falhas no abastecimento de electricidade
e/ou calor aos consumidores;
Reduo da carga trmica rejeitada para o ambiente ao utilizar de forma mais
eficiente a energia contida no combustvel;
Reduo da dependncia energtica de terceiros;
Possibilidade de venda EDP de eventuais excedentes de electricidade resultantes
da produo simultnea de electricidade e calor/frio;
Reduo do impacte ambiental associado produo de energia elctrica;
Melhoria do rendimento energtico nacional e preservao das reservas de energias
no renovveis;
Desvantagens da cogerao
Uma das desvantagens da cogerao que o calor s pode ser usado perto do centro
produtor, devido maior dificuldade no transporte da energia trmica (perdas trmicas nas
tubagens), o que limita estas instalaes a unidades relativamente pequenas se comparadas com
as centrais trmicas convencionais.
Investimento que pode no ser rentvel economicamente:
Riscos duma aco a longo prazo (decidir e fixar a procura energtica da empresa,
preos de combustveis, taxas e impostos);
Mudana no processo de produo pode mudar o factor de cogerao
=Calor/Electricidade, Isto implica custos adicionais;
Necessidade de incluso de unidades de back-up (para calor ou potncia), o que
implica custo de capital que no est sempre a render;
Custos do sistema de distribuio, que devem ser contabilizados logo no projecto
inicial.
Energia na Indstria 40
2.5.2 Principais Tecnologias de Cogerao
Aspectos a serem considerados na escolha da tecnologia so:
- Disponibilidade de combustvel adequado a cada tecnologia. necessrio que as
empresas tenham combustveis, com condies de fornecimento adequadas. Por exemplo, no
caso de ser possvel a utilizao de combustvel gasoso, nomeadamente o gs natural,
- Aspectos referentes ao impacto ambiental;
- Custo do investimento. Embora eventualmente viveis financeiramente, existem
projectos de cogerao que pela sua reduzida dimenso no justifica a complexidade subjacente
ao projecto, para alm de no terem o impacto energtico a nvel nacional que justifique a sua
implementao. Um sistema de cogerao s vivel em empresas que operem, pelo menos,
4500 horas por ano e que seja permanentemente necessrio o fornecimento de energia trmica e
elctrica de forma estvel.
- Eficincia de converso. O factor mais importante que define a cogerao, como
economicamente rentvel, a diferena entre o custo de energia elctrica e o custo de
combustvel, para a empresa em questo. Em principio, quanto maior for o diferencial, mais
favorvel o projecto.
A Tabela 2.8 sintetiza as gamas de variao dos principais parmetros relacionados com
sistemas de cogerao.
Na cogerao aproveita-se o potencial existente nos produtos resultantes da queima de um
combustvel que esto a alta temperatura para gerao de trabalho e energia trmica.
Os produtos de combusto a alta temperatura possuem uma grande disponibilidade para
converso de sua energia interna em trabalho. Quando se utiliza esta energia em baixas
temperaturas (como calor para processo) esta disponibilidade dissipada. A cogerao visa o
aproveitamento deste potencial, obtendo uma forma de energia de maior qualidade
termodinmica (trabalho), baixando a temperatura dos produtos de combusto que depois
fornecem calor para processo. Um motor trmico, por exemplo uma turbina a gs, aproveita a
energia dos produtos de combusto produzindo trabalho. Os gases de exausto so rejeitados a
uma temperatura suficientemente alta para fornecerem calor para processo ao passarem por uma
caldeira de recuperao.
Energia na Indstria 41
Tabela 2.8 Comparao entre as principais tecnologias de cogerao. (Portal: http://cogeneration.net)
Mqui na Motri z Turbi na Gs
Turbi na de
Vapor
Ci cl o
Combi nado
Mot or de
Combus to
I nterna ci cl o
Ot t o
Cl ul a de
combust vel
Potnci a (MWe) 0, 2- 100 0, 5- 100 4- 100 0, 015- 30 0, 01-0, 25
Razo Cal or
El ectri ci dade
1, 25-2 2- 10 0, 5- 1, 7 0, 4- 1, 7 1, 1
Rend. El tri co
(%)
15-35 10-40 30-40 25-45 35-40
Rend. Trmi co
(%)
40-59 40-60 40-50 40-60 20-50
Rend. Total ( %) 60-85 60-85 70-90 70-85 55-90
Tempo vi da t i l
(anos )
15-20 20-35 15-25 10-20 >5
Carga M ni ma
(%)
75 20 75 50 Sem l i mi t es
Ef i cci a 90-98 99 90-98 92-97 >95
Cus t o de
I nst al ao
(/ kWe)
600-800 700-900 600-800 700-1400 >2500
Cus t o de
Operao
(/ kWe)
2- 7 3 2- 6 6- 12 2- 12
NOx ( kg/ MWh) 0, 2- 2 0, 9 0, 2- 2 1- 14 <0, 01
Temp. Uti l i zvel
( C)
450-800 - 450-800 300-600 250-550
Us o de Energi a
Trmi ca
Aqueci ment o
AQS, vapor BP-
AP, di st r i ct
heat i ng
Vapor BP- AP,
di st r i ct
heat i ng
Vapor BP- AP,
di st r i ct
heat i ng
Aqueci ment o,
AQS, vapor BP,
di st r i ct heat i ng
AQS, vapor BP-
AP
Combus t vel Gasoso, l qui do Todos Gasoso, l qui do
Gs, gasol i na,
gasl eo
Gs
2.5.3 Desenvolvimento da Cogerao em Portugal
A cogerao foi introduzida em Portugal no sector industrial nos anos 40, sendo as
primeiras instalaes baseadas em turbinas de vapor (contra-presso) que satisfaziam grandes
necessidades de vapor de baixa presso. No entanto, apenas na dcada de 90 a cogerao veio a
ter um crescimento significativo em termos de potncia instalada e de energia produzida.
A cogerao a gs natural a nica que actualmente ainda se encontra em crescimento,
enquanto que a cogerao a diesel e a cogerao em contra-presso mantm uma tendncia de
estabilizao.
Do ponto de vista qumico, o gs natural constitudo por uma mistura de gases, onde o
metano (CH
4
) predomina na ordem dos 90%. Fisicamente, um gs com uma massa volmica
de 0,84 kg/m
3
e uma densidade relativamente ao ar de 0,65. Esta caracterstica confere-lhe boa
segurana em caso de fuga, por rpido escoamento ascensional. O poder calorfico superior
(PCS), consoante as origens, varia entre 9 000 kcal/m
3
e 12 000 kcal/m
3
. Dado o relativo peso
do hidrognio, o poder calorfico inferior cerca de 10% inferior ao PCS.
O gs natural tem sido o combustvel mais utilizado nos diversos sistemas de cogerao
devido s suas caractersticas fsico-qumicas, bastante favorveis quando comparadas com
outros combustveis fsseis. Como benefcios mais significativos na sua utilizao temos:
Energia na Indstria 42
Utilizao directa do combustvel, sem necessidade de processos intermdios de
tratamento e refinao.
Abastecimento de combustvel atravs de gasodutos, o que evita a construo de
depsitos de armazenamento na instalao consumidora (com consumos elctricos
suplementares para aquecimento e bombagem).
Reduo significativa nas emisses de poluentes atmosfricos. A combusto do gs
natural permite uma reduo importante nas emisses de CO
2
quando comparado com
outros combustveis fsseis, obtendo-se redues at 20% em relao ao fuelleo e at
50% em relao ao carvo. Por outro lado, so praticamente nulas as emisses de
partculas e de xidos de enxofre.
Reduo significativa nos custos de manuteno devido menor deposio de resduos
carbonosos nas partes internas do motor e elevada manuseabilidade e limpeza do
combustvel.
Reduo at 70% no consumo de leo de lubrificao relativamente aos sistemas de
cogerao a fuelleo.
Preo bastante competitivo comparativamente com os combustveis com origem nas
fraces pesadas da nafta.
Os sectores onde so preferencialmente implementadas centrais de cogerao a gs natural
so:
Indstria txtil
Indstria cermica
Indstria agro-alimentar
Indstria qumica
Indstria pasta de papel
Hospitais
Edifcios comerciais de servios
Indstria hortcola
Redes de distribuio de calor e frio
Consumidores de energia elctrica e trmica, em geral.
Energia na Indstria 43
A Figura 2.7 mostra a distribuio da implementao deste tipo de sistema por sectores de
actividade mais relevantes.
Figura 2.7 Distribuio dos sistemas de cogerao por sector de actividade
No contexto europeu, Portugal encontra-se aproximadamente na mdia da Unio Europeia,
no que respeita percentagem de electricidade produzida em cogerao (Energia em Portugal
2001). Na Figura 2.8 pode observar-se a evoluo de potncia instalada ao longo de 20 anos
(1980-2001).
Figura 2.8 Evoluo da potncia instalada em cogerao nos ltimos 20 anos em Portugal (Cogen Portugal).
54%
1%
3%
2%
40%
Pasta e papel Txtil Outros Alimentar Qumica e Petrleos
0
200
400
600
800
1000
1200
80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01
MW
Contra Presso Diesel (fuelleo) Gs
Energia na Indstria 44
No total, os ltimos nmeros disponveis, indicam que a potncia instalada em unidades de
cogerao atinge cerca de 1200 MW, com a distribuio por tecnologia tal como representada
na Figura 2.9.
Figura 2.9 Distribuio dos sistemas de cogerao por tecnologia (Cogen)
A 10 de Dezembro de 2001 foi publicado o Decreto-Lei n. 312/2001, que define o regime
de gesto da capacidade de recepo da energia elctrica nas redes do sistema Elctrico de
Servio Pblico, proveniente de centros electroprodutores do Sistema Elctrico Independente.
Na mesma data foi publicado o Decreto-Lei n. 313/2001 que altera o Decreto-Lei n. 538/99,
revendo normas relativas s condies de explorao e tarifrios de actividade de produo
combinada de calor e electricidade.
Os benefcios energticos e ambientais da cogerao so de tal forma evidentes que a unio
europeia determinou como meta a atingir em 2010 os 18% de energia elctrica produzida por
esta via. Em Portugal, no ano 2000 este valor situava-se nos 12% pelo que, considerando uma
taxa de crescimento do consumo da ordem dos 6% ao ano, verifica-se que h ainda um longo
caminho a percorrer (Figura 2.10).
Existem instaladas centrais de cogerao com potncias desde os 15 kW at vrias dezenas
de MW pelo que qualquer consumidor de energia elctrica e trmica poder instalar este tipo de
sistema, desde pequenos agregados de edifcios habitacionais a indstrias de grande dimenso.
Contudo, a sua implementao dever ser sustentada por um estudo de viabilidade econmica
(aps as condies tcnicas estarem garantidas) onde as economias e proveitos gerados na
45%
16%
9%
30%
Turbina Vapor Turbina Gs Motor Otto Motor Diesel
Energia na Indstria 45
factura energtica devero ser confrontados com o investimento a realizar, para clculo do
perodo de amortizao.
Figura 2.10 Contribuio e perpectivas de evoluo da cogerao.
(Portal das Energias Renovveis)
Captulo 3
3. Auditoria Energtica
Contedo do Captulo
Os desafios que se colocam ao Pas em matria de poltica energtica e ambiental obriga-
nos a assumirmos elevada responsabilidade na implementao de aces destinadas a responder
a desafios como a diminuio da intensidade energtica do PIB, reduo da dependncia
energtica do exterior, presso ambiental centrada na reduo das emisses de gases com efeito
de estufa. neste sentido que se torna importante no s aplicar os conceitos de consumo
eficiente de energia a novas instalaes como ser tanto ou mais importante aplicar-se a
unidades j existentes. Assim uma ferramenta disponvel a prtica de auditoria energtica.
3.1 Introduo
O peso da factura energtica nos custos de explorao duma empresa do sector industrial
habitualmente baixo, quando comparado com o peso de outros factores de produo,
nomeadamente mo-de-obra e matria-prima. A gesto de energia por isso frequentemente
negligenciada, facto que gera significativos desperdcios de energia e contribui para a reduo
da competitividade das empresas.
Aps discusso da relevncia da auditoria energtica na indstria (ou noutro sector) ser
importante a anlise de dados resultantes da mesma visando a aplicao das medidas de
racionalizao de energia.
Auditoria Energtica 47
3.2 Auditorias Energticas no Sector Industrial
A evoluo do mercado da energia condicionada por um conjunto de factores qualitativos
e quantitativos que so determinantes para a mudana das empresas. Os custos das facturas
energticas no param de aumentar, tendo-se tornado por isso um custo de explorao/produo
com implicaes profundas nos preos dos produtos e servios prestados. A Gesto de energia
passou a ser um factor crtico de sucesso obrigando as empresas a alterar as suas decises e o
modo de funcionamento.
Embora o argumento da competitividade continue naturalmente a ser aquele que mais
sensibiliza a generalidade dos industriais, a crescente presso ambiental veio reforar a
necessidade de utilizar eficientemente a energia. Seja por imposio legal, seja pela necessidade
de cumprir requisitos ambientais como forma de aceder a sistemas de apoio ou simplesmente
por uma questo de imagem ou presso da opinio pblica, cada vez mais a eficincia
energtica est na ordem do dia. para alm disso unanimemente aceite que, mais cedo ou mais
tarde, instrumentos polticos de mercado, como taxas ou impostos ambientais, introduziro
finalmente o princpio do poluidor pagador, penalizando fortemente as empresas menos
preparadas.
assim que assumem particular importncia o levantamento e a auditoria energtica. Com
efeito, qualquer processo de gesto de energia ter necessariamente que comear pelo
conhecimento da situao energtica da instalao. O princpio bvio - para gerir
indispensvel conhecer o objecto de gesto.
Com a realizao de uma auditoria energtica pretende-se realizar o levantamento e anlise
crtica das condies de utilizao da energia, com vista deteco de oportunidades de
racionalizao energtica, atravs de medidas com uma viabilidade tcnico-econmica aliciante.
A auditoria energtica surge assim como um instrumento fundamental, que o gestor de energia
possui para contabilizar os consumos de energia, a eficincia energtica dos seus equipamentos
e as perdas que se verificam, tendo como finalidade ltima reduzir essas perdas sem afectar a
produo, isto , economizar energia atravs do uso mais eficiente da mesma.
O principal propsito de uma Auditoria Energtica a procura de uma maior rentabilidade
da energia, conseguida atravs de uma gesto apropriada proposta pela mesma, que reduz o
consumo mantendo, ou mesmo elevando os nveis de produo do sistema. A principal fonte
que nos permite tal poupana a racionalizao da energia conseguida pela anlise dos
resultados da Auditoria.
O Consumo especfico (C) de um determinado produto mede a quantidade de energia
consumida para produzir uma unidade (toneladas, litros, unidades) daquele produto e definido
Auditoria Energtica 48
como sendo a razo entre o consumo de energia final e a quantidade de produo do produto em
anlise, em unidades fsicas. Este indicador utilizado ao nvel microeconmico de uma
determinada empresa e essencialmente uma funo da produo, Do ponto de vista da
utilizao racional de energia pretende-se a reduo deste indicador atravs da eficincia
energtica. (Borges, 2008)
Pr
Consumo energia final GJ
C
Unidade de produto oduto
(
=
(
(3.1)
onde C pode ser expresso em gep grama equivalente de petrleo/ unidade de produto,
kgep quilograma equivalente de petrleo/unidade de produto ou GJ giga Joule/unidade
de produto.
As auditorias permitem conhecer os consumos de energia e contabilizar os mesmos,
interpretar dados e tomar decises, avaliar medidas de racionalizao implementadas e
optimizar procedimentos. A Auditoria energtica pode definir-se como um exame detalhado das
condies de utilizao de energia numa instalao. A auditoria permite conhecer onde, quando
e como a energia utilizada, qual a eficincia dos equipamentos e onde se verificam
desperdcios de energia, indicando igualmente medidas com viabilidade tcnico-econmica para
as anomalias detectadas de modo a reduzir os consumos energticos necessrios sua
actividade. Estas medidas sero integradas num plano estratgico de interveno que definir
claramente as medidas a tomar e os objectivos anuais a alcanar, no que respeita reduo dos
consumos energticos. (Correia et al Cabral, 2002)
As auditorias tm como objectivos:
Caracterizar e quantificar as formas de energia utilizadas;
Caracterizar a estrutura do consumo da energia;
Avaliar o desempenho dos sistemas de gerao, transformao e utilizao de energia;
Quantificar os consumos energticos por sector, produto ou equipamento;
Relacionar o consumo de energia com a produo;
Estabelecer e quantificar potenciais medidas de racionalizao;
Especificar um plano de gesto de energia na empresa;
Analisar tcnica e economicamente as solues encontradas;
Auditoria Energtica 49
Propor um esquema operacional de gesto de energia na Empresa;
Propor a substituio de equipamentos do processo por outros mais eficientes;
Propor a alterao de fontes energticas, caso se justifique;
Propor um plano de racionalizao para as aces e investimentos a empreender.
Existem dois tipos de auditorias possveis de se realizarem, as Auditorias Simples e as
Auditorias Completas. Nas Auditorias Simples utilizada informao relativa aos diferentes
consumos de electricidade, gua, gs e combustveis utiliza-se a facturao. Nalguns casos estas
informaes so complementadas utilizando curvas de consumo caractersticas aplicadas ao
consumo global e medio pontual de condies interiores. Para edifcios possvel estabelecer
o consumo especfico ou o ndice de Eficincia Energtica (IEE), que pode ser comparado com
valores limites preestabelecidos de consumos padro. No caso da indstria, a informao sobre
os consumos complementada com informao relativa ao processo de fabrico que inclui
caractersticas do equipamento e horas de funcionamento. Esta auditoria permite comparar os
consumos energticos com os valores limites estabelecidos pela legislao em vigor. As
Auditorias Completas permitem monitorizar os sistemas. Tanto o nmero como o tipo de
medies a efectuar varivel. A deciso sobre o tipo de medies efectuar deve basear-se num
conhecimento prvio do tipo sistema em anlise. usual proceder-se medio das condies
da envolvente, das condies interiores e exteriores, medio desagregada do consumo por
equipamentos ou grupos de equipamentos e medio do consumo por reas. O tipo de medio
varivel dependendo do equipamento disponvel e do sistema em causa (edifcio de servios
climatizado, processo industrial). Excluem-se os casos em que o sistema possua gesto com
informao detalhada sobre as condies de funcionamento dos diversos equipamentos e
condies do ar. Uma auditoria simples poder ser suficiente para que seja cumprida a
legislao, mas na maioria dos casos no ser suficiente para se poder determinar a melhor
soluo tcnico-econmica. Os custos associados a este tipo de auditoria assim como a
dimenso do sistema em anlise podem ser fortes impulsionadores da realizao deste tipo de
auditorias. As vantagens das auditorias simples so a sua curta durao e portanto a obteno
duma resposta rpida com custos moderados. A deciso entre a auditoria simples e completa
deve ter em conta a dimenso do sistema, nvel de qualidade e preciso dos resultados que se
pretende e naturalmente o custo de uma ou outra escolha. As auditorias simples apenas
permitem uma informao a nvel mensal, sendo a definio de 1 ms aproximada devido
facturao no corresponder a medies efectuadas sempre a uma mesma hora e no mesmo dia
do ms. A obteno de valores horrios ou com intervalos de tempo inferiores apenas possvel
caso seja efectuada uma auditoria completa com registo dos valores atravs dum sistema de
aquisio de dados.
Auditoria Energtica 50
A conduo eficaz de uma Auditoria Energtica um processo que envolve algumas
tarefas a desenvolver por ordem e sequncia correcta, que vo desde a anlise detalhada dos
consumos de energia e produo dos cinco anos antecedentes Auditoria, passando pela anlise
detalhada das facturas de energia dos 12 meses que antecedem a Auditoria, pela anlise fsica
dos equipamentos geradores e/ou consumidores de energia, as suas condies de operao e
controlo, assim como os cuidados de manuteno e o seu tempo de funcionamento, at fase
final do estudo no qual so indicados os resultados e medidas a tomar para a reduo dos
consumos energticos. A estrutura tpica de relatrio de auditoria conforme o indicado na
Figura 3.1. (Correia et al Cabral, 2002)
A primeira fase, como a da grande maioria dos trabalhos, consiste no planeamento do
servio de eficincia energtica, sendo uma etapa decisiva para a qualidade do trabalho a
desenvolver. Entre as diversas tarefas a realizar nesta fase, destacam-se o estabelecimento de
objectivos, a seleco da equipa auditora e a atribuio das devidas responsabilidades.
Uma vez nas instalaes a diagnosticar e sempre que tal seja necessrio, a equipa de
auditores comea por completar e corrigir a informao previamente solicitada aos responsveis
da empresa ou edifcio em questo. Esta fase compreende a recolha de toda a informao
possvel e til para a elaborao do relatrio, comeando por fazer todas as medies
necessrias identificao das possibilidades reais de economias de energia, analisando as
INFORMAO BSICA
CONTABILIDADE ENERGTICA
EXAME DA INSTALAO
ECONOMIAS DE ENERGIA
CONCLUSES
Figura 3.1 Estrutura tpica de uma Auditoria.
Auditoria Energtica 51
operaes ou os equipamentos maiores consumidores de energia. Em muitos casos, a
experincia mostra que as fbricas no possuem instrumentao de medida adequada
realizao de balanos de massa e energia. Para alm disso, a instrumentao instalada tem, por
vezes, uma preciso desconhecida ou duvidosa. Assim, com o objectivo de recolher os dados
necessrios e de verificar a preciso dos instrumentos permanentes, essencial o uso de
instrumentos de medida portteis.
Aps a interveno no local, os auditores organizam e tratam toda a informao recolhida
ao longo das duas primeiras fases. O tratamento da informao deve privilegiar a produo de
um conjunto de indicadores e outros resultados, de natureza quantitativa, susceptveis de
permitir uma avaliao rigorosa do desempenho energtico da instalao, no que respeita
utilizao da energia.
A equipa de auditores realiza os clculos dos consumos especficos de energia pelos
principais equipamentos, por produto ou actividade, por sector produtivo e o correspondente ao
global da instalao. So tambm determinadas as eficincias energticas dos equipamentos
maiores consumidores de energia, que devero ser analisadas criticamente e comparadas com os
equipamentos comercializados que apresentem bons rendimentos. O valor do consumo
especfico de energia, sempre que possvel, comparado com o consumo especfico homlogo
de referncia definido para o ramo de actividade em causa, se este for conhecido.
contudo, necessrio analisar detalhadamente as principais operaes ou processos da
instalao em causa, no sentido de verificar a correco dos procedimentos e identificar
possveis alteraes que conduzam a um incremento da eficincia energtica sem colocar em
causa os nveis de operao e a qualidade dos mesmos. Detectadas as situaes de m utilizao
de energia, o auditor estuda as possveis solues a implementar para corrigir as anomalias.
realizada uma anlise tcnico-econmica a todas as solues que eventualmente possam ser
implementadas e quantificadas as potenciais economias de energia elctrica.
Para cada equipamento consumidor intensivo de energia necessrio fazer um balano de
massa e energia que permita conhecer as perdas, rendimentos, consumos especficos, etc, de
modo que, comparando com os valores nominais de processo, se possam determinar as
possveis melhorias a efectuar com a finalidade de diminuir as perdas e aumentar a eficincia
energtica.
No relatrio final deve constar de forma organizada toda a informao obtida, a anlise
sobre a situao energtica da instalao em causa, as situaes encontradas / observaes e
medies efectuadas durante a fase de trabalho de campo, a determinao de consumos
especficos de energia por instalao global e operaes e equipamentos maiores consumidores
dessa fonte de energia e a sua comparao com valores de referncia, a identificao das
Auditoria Energtica 52
anomalias e propostas as medidas de conservao de energia consideradas mais convenientes
para anular ou diminuir as anomalias, com a indicao dos respectivos valores de investimentos
associados sua implementao. Este documento dever apresentar aos gestores da instalao
em causa, de uma forma organizada, clara e concisa, toda a informao relevante sobre a
situao da utilizao da energia na instalao.
O plano de racionalizao dos consumos de energia um documento que estabelece a
estratgia a seguir em termos de aces e investimentos por forma a serem cumpridos
determinados objectivos de economia de energia na empresa. Tais objectivos ou metas de
reduo dos consumos de energia, por tipo de produto e ou instalao, referem-se a um perodo
de tempo.
A quantificao de metas a cumprir feita de acordo com a frmula seguinte:
2 5
C K n
M
= (3.2)
em que, M a - reduo do consumo especfico de energia a obter at ao fim do ano n de
aplicao do plano de racionalizao; C o consumo especfico de energia obtido no exame da
instalao atravs da realizao da Auditoria de Energia; no ano de aplicao do plano de
racionalizao dos consumos de energia e K o consumo especfico de energia de referncia.
Em princpio K o valor de referncia tabelado. Havendo no pas uma instalao com um
consumo especfico de energia inferior ao tabelado, ser esse mnimo que ir servir para a
definio do novo consumo especfico de energia de referncia. Tal novo consumo especfico de
energia de referncia, passar a ser 90% desse mnimo nacional. No entanto, na prtica, as
entidades s quais compete a definio dos novos consumos especficos de referncia no o tm
feito, pelo que os auditores adoptam para cada auditoria que esto a efectuar o procedimento
anteriormente referido e que se baseia no anterior desempenho da prpria empresa: Se se obtm
para a instalao em anlise C <K, o novo valor de referncia, para essa empresa e auditoria em
andamento, passar a ser de 0,9C. (Pinho, 2003)
Tendo por base o Plano de Racionalizao de Consumos de Energia elaborado e aprovado,
as actividades a realizar no mbito do acompanhamento do plano de racionalizao consistem
na manuteno de registo actualizado do consumo especfico de energia verificado para o
perodo em anlise e objectivo previsto no plano de racionalizao; na elaborao de relatrios
Auditoria Energtica 53
de controlo da execuo do plano e do progresso do plano, no balano do estado actual do plano
de implementao das medidas de utilizao racional de energia.
A auditoria energtica pode tambm constituir uma obrigao legal. Tal como j foi
referido no Captulo I, seco 1.1.3., com efeito, esto abrangidas pelo sistema de gesto dos
consumos intensivos de energia (SGCIE), todas as empresas ou instalaes consumidoras
intensivas de energia (CIE).
Planeamento
Definio de objectivos
Seleco da equipa de
auditores
Recolha de dados histricos
Contabilidade energtica
Trabalho de campo
Recolha de informao
Monitorizao de consumos
Anlise de equipamentos
Deteco de economias de energia
Tratamento de dados
Tratamento de informao recolhida
Definio de indicadores energticos
Clculo de consumos especficos
Balanos de massa e energia
Anlises da economia de energia
Relatrio
Descrio do trabalho efectuado
Contabilidade energtica
Anlise de equipamentos
Descrio das economias de
energia
Concluses
Figura 3.2 Etapas de uma Auditoria Energtica.
Auditoria Energtica 54
Com base nos relatrios das auditorias, devem ser elaborados, por tcnicos credenciados,
Planos de Racionalizao dos Consumo de Energia (PREn) e submetidos ADENE para
aprovao. As instalaes CIE cujo consumo seja superior a 1000 tep/ano so obrigadas a
implementar, nos primeiros 3 anos, todas as medidas cujo perodo de retorno de investimento
seja inferior ou igual a 5 anos. Nas restantes CIE, obrigatrio implementar todas as medidas
cujo perodo de retorno do investimento seja inferior a 3 anos. O PREn aprovado passa a
designar-se por ARCE (Acordo de Racionalizao dos Consumos de Energia).
Os operadores das CIE devem apresentar ADENE, a cada dois anos at ao dia 30 de
Abril, um relatrio que descreva a execuo e o progresso verificados na implementao do
ARCE. Nesse relatrio devem ser referidas as metas atingidas e os desvios verificados, bem
como as medidas a tomar para a sua correco.
3.3 Medidas de Utilizao Racional de Energia
As crises energticas dos anos setenta motivaram a economia mundial para aumentar a
eficincia energtica, tendo sido obtidos nas ltimas dcadas ganhos elevados de eficincia,
particularmente na Europa Ocidental e no Japo. Portugal, com consumos de energia per capita
que representam cerca de metade da mdia europeia, tem experimentado o agravamento da
intensidade energtica na sua economia (rcio do consumo de energia pelo produto interno
bruto), contrariamente generalidade dos pases da Unio Europeia. Portugal, para criar a
mesma quantidade de riqueza, necessita de maior quantidade de energia que os seus parceiros
comunitrios. S a retoma intensiva de aces de utilizao racional de energia permitir uma
forte presso sobre os produtores de forma a atrasar a subida dos preos e ser em todo o caso
uma medida positiva vlida para todos os cenrios de evoluo futura.
A valorizao das economias de energia, possveis de realizar pela via de gesto energtica,
conduz a benefcios que se podem repercutir, de forma global, a nvel nacional e, de forma
directa e imediata, a nvel do consumidor com as seguintes vantagens entre outras:
Aumento da eficcia do sistema energtico;
Reduo da factura energtica;
Acrscimo de produtividade da empresa (e nos benefcios de explorao) em quaisquer
sectores de actividade;
Aumento da competitividade no mercado interno e externo ou aumento de
disponibilidades financeiras para outros fins;
Auditoria Energtica 55
Conhecimento mais profundo nas instalaes e do custo energtico de cada fase,
processo ou sistema.
Em muitas situaes a URE pode tambm conduzir a uma elevada economia nos custos do
ciclo de vida dos equipamentos utilizadores de energia (custo inicial mais custo de
funcionamento ao longo da vida til). Embora geralmente sejam mais dispendiosos, em termos
de custo inicial, os equipamentos mais eficientes consomem menos energia, conduzindo a
custos de funcionamento mais reduzidos e apresentando outras vantagens adicionais.
Um dos impactos mais significativos da utilizao de energia primria atravs da URE,
para alm da reduo dos custos associados factura energtica, contribuir para a mitigao
das emisses de poluentes associadas converso de energia.
As medidas podem ser agrupadas em duas categorias distintas Tecnologias de processo e
Tecnologias energticas.
3.3.1 Tecnologias de Processo
Alteraes tecnolgicas ao nvel do processo produtivo. Consideram-se neste caso medidas
de implementao mais complexa e que envolvem habitualmente investimentos mais avultados.
Na maioria dos casos, este tipo de solues oferece benefcios que vo alm da reduo dos
consumos de energia e que, se devidamente enquadradas num dos diversos sistemas de apoio
indstria portuguesa, constituem solues muito vantajosas para as empresas.
A seleco dos equipamentos mais apropriados, associado a boas prticas da sua utilizao,
reduziria os consumos em 20%, traria benefcios econmicos aos utilizadores, e produziria uma
reduo substancial de emisses.
Os motores elctricos efectuam a converso da energia elctrica recebida da rede em
energia mecnica no seu veio, por intermdio das interaces electromagnticas e mecnicas
entre os enrolamentos e os materiais magnticos do rotor e estator.
O accionamento de mquinas e equipamentos mecnicos por motores elctricos um
assunto de extraordinria importncia econmica nacional. No campo dos accionamentos
industriais, avalia-se que cerca de 70% da energia elctrica consumida pelo conjunto de todas as
indstrias seja transformada em energia mecnica atravs de motores elctricos, da qual apenas
metade energia til. Este facto, resultante de uma escolha pouco criteriosa do equipamento
instalado, transforma o campo de aplicao dos motores elctricos numa rea onde os potenciais
de economias de energia so significativos.
Auditoria Energtica 56
O motor elctrico transforma, ento, a energia elctrica fornecida pela rede em energia
mecnica e uma reduzida percentagem em perdas.
3.3.2 Tecnologias Energticas
Medidas de implementao mais simples e que, pelo reduzido investimento que
habitualmente envolvem, devem merecer uma ateno imediata por parte das empresas.
Em alguns casos as medidas de utilizao racional de energia propostas no se traduzem
numa reduo dos consumos de energia, mas apenas numa reduo da factura energtica.
1. Afinao dos parmetros de queima dos geradores de calor;
2. Isolamento trmico de superfcies quentes;
3. Optimizao das condies de funcionamento de equipamentos;
4. Eliminao das fugas de fluidos quentes;
5. Aproveitamento de combustveis ou fontes de calor residuais;
6. Substituio da queima de combustveis por Gs Natural;
7. Dimensionamento correcto das instalaes energticas;
8. Eliminao de ms utilizaes de ar comprimido;
9. Eliminao das fugas de ar comprimido;
10. Recuperao da energia trmica em compressores de ar;
11. Substituio de motores convencionais por motores de alto rendimento;
12. Alterao da opo tarifria;
13. Deslastre de cargas;
14. Compensao do factor de potncia;
15. Optimizao e controlo da iluminao;
16. Introduo de variadores electrnicos de velocidade (VEVs);
17. Melhor aproveitamento das condies de iluminao natural;
18. Implementao de sistemas de gesto de energia;
19. Instalao de sistemas de cogerao.
Para atingir esta reduo no so necessrios investimentos, apenas necessrio determinar
e adoptar as prticas j verificadas esporadicamente em empresas e que levam ao menor
consumo especfico verificado.
A manuteno e actualizao semanal do sistema de gesto de energia permite avaliar
resultados e detectar eventuais redues de eficincia energtica (como por exemplo fugas de ar
Auditoria Energtica 57
comprimido), sendo assim uma ferramenta essencial evoluo contnua e boa manuteno
dos melhores resultados obtidos.
3.3.2.1 Caldeiras
Um dos sectores de maior consumo na indstria a central trmica, podendo afirmar-se
que os geradores de calor so uma presena quase constante na maioria das instalaes
industriais. As instalaes de caldeiras na indstria e no comrcio variam muito de capacidade,
indo desde poucas centenas de quilos de vapor por hora at capacidades acima de cinquenta mil
quilos. Numa caldeira, denominao usual de gerador de calor, existe um local destinado
combusto, designado por cmara de combusto, e outro local destinado transmisso de calor,
a caldeira propriamente dita.
A cmara de combusto apresenta diversas formas, consoante o tipo de gerador, assim
como, conforme o tipo de combustvel a queimar. Pode-se assim falar de tubos de fogo, ou
cmara de combusto, rectangular, circular, ou com paredes tubulares; de fornalhas, que
compreendem o sistema de queima de um combustvel slido, normalmente com as paredes em
material refractrio e isolante. O corpo do gerador o local onde se d a transferncia de calor
dos gases de combusto para o fludo a aquecer. Para alm destes componentes do gerador,
existem ainda outros equipamentos auxiliares que permitem melhorar e vigiar o bom
funcionamento do gerador, como por exemplo as bombas de alimentao, as vlvulas de
segurana, o quadro de controlo e comando, manmetros diversos pressostatos,
economizadores, e muitos outros. (Gaspar, 2004)
As perdas totais de calor da caldeira so devidas:
s perdas dos gases de exausto;
s perdas de calor para o meio ambiente (perdas por radiao);
s perdas de descarga de fundo.
A regulao da combusto tem por objectivo minimizar as perdas de energia nos gases de
combusto, o que implica a reduo da temperatura e do excesso de ar a valores mnimos, sem o
aparecimento de CO e inqueimados em grandes quantidades. Assim, para se conseguir um
rendimento trmico elevado, minimizando os custos de combustvel, a quantidade de ar
admitido para combusto deve ser apenas a necessria para assegurar a combusto completa do
gs em todas as ocasies. Os fornecedores da caldeira e do queimador devem ser consultados
para determinao do ajuste ideal. Para comprovar se essa relao ar-combustvel est correcta,
Auditoria Energtica 58
o mtodo usual fazer ensaios com o gs de exausto ao sair da caldeira. A partir da
temperatura e composio desse gs, possvel obter-se a perda de calor na exausto.
Como os gases de exausto saem da caldeira com uma temperatura superior do vapor
produzido, parte desse calor pode ser recuperado, dependendo da disponibilidade de espao,
utilidade do calor recuperado e programao operacional das caldeiras. Existem alguns
sistemas:
Economizadores so aquecedores de gua de alimentao que podem poupar at 5%
de combustvel e so particularmente apropriados para uso em caldeiras a gs;
Recuperadores de asperso sistemas para uso em caldeiras a gs;
Rodas de calor unidades de recuperao de calor na qual o gs de exausto passa por
um segmento de tambor rotativo com grande rea de superfcie de absoro de calor. A
parte aquecida passa, em seguida, pelo segmento adjacente, no qual se d a passagem
forada do ar que absorve calor. O ar aquecido pode ento ser aproveitado em processos
industriais ou aquecimento da ambiente;
Reguladores de exausto em alguns casos podem obter-se ainda economia
instalando reguladores de exausto para uso individual nas caldeiras.
As caldeiras devem ser drenadas para remoo de depsitos de sais que se acumularam no
fundo e para evitar depsitos nos tubos e arrastamento de poluidores para a tubagem de vapor.
Para evitar perda desnecessria de calor, as drenagens devem ser no menor nmero possvel,
compatvel com a manuteno do nvel recomendado de slidos em suspenso.
Deve manter-se um registo permanente dos dados de desempenho da caldeira de modo que
os sinais de mau funcionamento possam ser detectados com antecedncia.
3.3.2.2 Instalaes Elctricas
Existem quatro formas de baixar o custo da energia elctrica:
Reduzir a potncia de ponta, reorganizando operaes e consumos;
Transferir consumos de horas de ponta para horas de vazio ou cheias;
Reduzir ou anular o consumo de energia reactiva (uso de condensadores);
Uso de equipamentos mais eficientes.
A ligao rede elctrica de alimentao (rede do distribuidor) pode ser efectuada a vrios
nveis de tenso (tenso de entrega). A tenso de entrega a um consumidor industrial situa-se em
geral ao nvel da mdia tenso (MT), sendo por isso necessria a instalao de postos de
Auditoria Energtica 59
transformao (PTs), a fim de possibilitar o abastecimento aos centros de consumo em baixa
tenso (BT).
A rede de uma instalao industrial normalmente constituda pelo conjunto dos quadros
elctricos equipados com equipamentos de medidas, comando e proteco, pela rede de cabos
elctricos e dispositivos auxiliares que permitem estabelecer a interligao da entrada da energia
elctrica com os mltiplos receptores motores, aparelhos de iluminao, aparelhos
electrodomsticos, etc. (Gaspar, 2004)
A concepo dos circuitos elctricos apresenta-se, assim, como uma rea onde possvel
tomar medidas no mbito da Utilizao Racional de Energia, para tal, ao estabelecer-se uma
rede elctrica, deve procurar garantir-se que:
A extenso dos circuitos que alimentam os diversos equipamentos seja a menor
possvel. Garante-se assim a minimizao das perdas em linha, a reduo das quedas de
tenso e economias significativas em cabos, aparelhagem de proteco e comando e
dispositivos auxiliares;
A repartio das cargas pelos circuitos deve ser efectuada tendo em considerao a sua
correcta utilizao final;
Distribuio equitativa pelas trs fases;
A fiabilidade do fornecimento de energia aos receptores seja elevada, isto , que a
ocorrncia de avarias provoque interrupo de servio do menor nmero possvel de
receptores.
3.3.2.3 Ar Comprimido
Diversos processos industriais a melhor opo, como fora e/ou meio de controlo, o ar
comprimido. Infelizmente no nosso pas poucos gestores e tcnicos encaram o ar comprimido
como uma forma de energia, que dever ser utilizada racionalmente de modo a rentabilizar o
processo produtivo.
A rede de distribuio tem como funo transportar o ar comprimido para os diversos
utilizadores com a mnima introduo de perdas de carga e de fugas. Para evitar a ocorrncia de
excessivas perdas de carga e fugas, a rede de distribuio deve ter a mnima extenso possvel, a
quantidade necessria e suficiente de acessrios e o dimetro das condutas adequado. (Gaspar,
2004)
Auditoria Energtica 60
As redes de distribuio devem ser dimensionadas de modo a que as perdas de carga entre
a unidade compressora e o ponto de consumo mais afastado no excedam os 0,3bar. Para
instalaes que cobram reas bastante grandes admissvel uma perda de carga superior, no
entanto esta nunca dever ultrapassar os 0,5bar.
As perdas de carga devem-se a determinados factores e elementos que provocam
resistncia ao movimento do ar, dos quais se podem destacar os seguintes: a velocidade na
seco da conduta; as unies; as soldaduras; a rugosidade do interior das condutas; as curvas e
os ngulos da rede; os acessrios e por ltimo as vlvulas. As perdas de carga ao longo da rede
de distribuio afectam consideravelmente o rendimento da instalao.
As velocidades admissveis nas linhas de ar tm como valores normais entre os 6 e 10 m/s,
que so suficientemente baixos para no criar excessivas perdas de carga e dificultar a separao
da gua. Nos ramais de tubagem curtos admitem-se maiores velocidades porque, sendo curtos,
no produzem uma excessiva queda de presso.
3.3.2.4 Variadores Electrnicos de Velocidade
Uma grande parte das aplicaes em que se utiliza fora motriz beneficiaria, em termos de
consumo de energia elctrica e de desempenho global, se a velocidade do motor se ajustasse s
necessidades do processo.
Devido ao progresso verificado nas ltimas dcadas nos domnios da microelectrnica e
electrnica de potncia, os variadores electrnicos de velocidade (VEVs) vieram alargar
substancialmente a gama de aplicaes em que vantajosa a variao de velocidade dos
motores de corrente alterna. Alm da possibilidade de regulao de velocidade, os VEVs,
tambm chamados fontes de frequncia varivel (ou conversores de frequncia) substituem,
com enormes vantagens, todos os sistemas at agora utilizados para o arranque dos motores de
induo. Normalmente, estes aparelhos convertem a frequncia (50 Hz) e a tenso fixas da rede,
em valores ajustveis, apropriados s caractersticas do motor.
Na generalidade das situaes o valor registado para a velocidade e a carga nominais oscila
entre os 80 e 90%, ainda que sejam possveis rendimentos tpicos de VEVs de 95-97% plena
carga, que decrescem lentamente medida que a carga se reduz. (Gaspar, 2004)
A Soporcel tem vindo a adoptar h longa data, desde o arranque da primeira fbrica de
papel em 1991, a utilizao generalizada de motores com variadores electrnicos de velocidade
(VEVs) em substituio de tecnologias como por exemplo o controlo de caudal e/ou de presso
de fluidos atravs de motores com velocidade fixa e controlado atravs do estrangulamento de
Auditoria Energtica 61
uma vlvula de controlo. A utilizao de VEVs pode atingir redues de consumos de energia
elctrica na ordem dos 10 a 20%, em funo do regime de trabalho de cada aplicao e
naturalmente do tempo de funcionamento. Com regimes de funcionamento superiores a 8.400
horas/ano as poupanas podem ser muito significativas.
3.3.2.5 Iluminao
A energia elctrica consumida nas instalaes de iluminao nos diferentes sectores de
actividade (indstria, servios e domstico), representa aproximadamente 25% do consumo
global do pas, e cerca de 5% a 7% do consumo global de energia elctrica de uma instalao
industrial. Sendo portanto uma rea onde a utilizao de equipamentos mais eficazes se
traduzir em redues significativas de consumos energticos.
Assim, procura-se hoje em dia instalar equipamentos que proporcionem os nveis de
iluminao necessrios ao desempenho das actividades reduzindo quer o consumo de energia
elctrica quer os custos de manuteno dos sistemas.
Para alm das questes relacionadas com as instalaes de iluminao propriamente ditas,
convm referir que a fonte luminosa mais barata, a iluminao natural, normalmente
desprezada na concepo dos projectos arquitectnicos de edifcios, pelo que a reduo nos
custos energticos destas instalaes passa necessariamente pela valorizao desta componente.
Os nveis de iluminao natural variam durante o dia e com as pocas do ano. A sua utilizao
como forma de iluminao dos locais de trabalho dever ser uma das preocupaes essenciais a
ter em conta nos projectos de arquitectura. Atravs de solues adequadas, possvel obterem-
se economias de energia significativas, no s no que diz respeito iluminao como tambm
ao aquecimento ambiente. No entanto, a maioria das instalaes industriais e de servios
auditadas no foram projectadas tendo em conta a utilizao das condies de iluminao
natural, e como tal torna-se necessrio recorrer utilizao da iluminao elctrica como
complemento natural. Assim, sempre que possvel, os arquitectos ou projectistas devero ter
em considerao a utilizao de sistemas mistos de iluminao, devero tambm ser previstos
processos de controlo automtico, de modo a garantir um nvel uniforme de iluminao.
A iluminao de qualquer espao deve ser estabelecida de acordo com os critrios de
quantidade e qualidade da iluminao proporcionada. Assim, devero ser tomadas em
considerao os seguintes parmetros caractersticos das instalaes:
Nveis de iluminao: As diversas tarefas visuais desempenhadas requerem diferentes
nveis de iluminao: quanto maior for o nvel de detalhe ou menor for o contraste com
Auditoria Energtica 62
o fundo, maior ser a quantidade de luz necessria para a realizao das tarefas. As
instalaes de iluminao devem pois proporcionar nveis de iluminao adequados
quer exigncia das tarefas a desempenhar, quer s caractersticas dos utilizadores,
nomeadamente a sua idade e caractersticas visuais. Nesta medida, a Comisso
Internacional de Iluminao, C.I.E., recomenda nveis mnimos de iluminao para as
diferentes tarefas.
Equilbrio da iluminao: Uma distribuio equilibrada da iluminao, evitando uma
iluminao direccional muito difusa ou demasiado forte reduzindo assim contrastes
acentuados, um factor imprescindvel para o rendimento e conforto visual dos
utilizadores.
Encandeamento: O encandeamento, directo ou reflectido, produz nos utilizadores
sensaes de desconforto que, em casos extremos, pode conduzir total incapacidade
de viso. vulgar a ocorrncia deste fenmeno nas instalaes com lmpadas
fluorescentes montadas em rgua desprotegidas. A sua eliminao fcil, sendo para tal
necessrio a instalao nas armaduras de grelhas difusoras ou de polarizadores.
Restituio de cor: O modo como a luz reproduz as cores dos objectos designa-se por
restituio de cor. Uma das caractersticas importantes das lmpadas o seu ndice de
restituio de cor, factor determinante para a sua escolha em funo das tarefas a
desempenhar e da necessidade da criao de uma atmosfera agradvel, contribuindo
assim para o aumento de rendimento.
De uma forma geral, uma boa iluminao melhora a velocidade de percepo e aumenta a
sensibilidade visual, pelo que os nveis de iluminao recomendados (DIN 5035) tm em conta
o desempenho visual mdio necessrio realizao das tarefas. Deve ter-se em ateno que os
valores recomendados na norma DIN 5035 so valores genricos tendo em ateno padres
mdios de iluminao relativos a cada actividade. No entanto, necessrio ter em conta as
condies especficas de cada aplicao, como sejam as condies envolventes, a idade dos
funcionrios e as caractersticas inerentes tarefa.
Reduzir os nveis de iluminao recomendados com a finalidade de reduzir os consumos de
energia uma medida errada, pois normalmente esta atitude traduz-se num decrscimo de
produtividade, num aumento significativo de acidentes de trabalho e num aumento da fadiga
dos trabalhadores.
O projecto de iluminao interior visa pois a obteno de um nvel uniforme de iluminao
no espao considerado, tendo em considerao as condies do local (implantao de mquinas,
tubos, condutas, e outros equipamentos), as tarefas a executar e as caractersticas dos
utilizadores.
Auditoria Energtica 63
A concepo das instalaes de iluminao na ptima da utilizao racional de energia,
pressupe a verificao de alguns paramentos, essenciais para a reduo dos consumos
energticos, mantendo ou melhorando as condies globais de iluminao nos espaos
considerados. Assim, deve ter-se em considerao os seguintes aspectos:
Dar prioridade iluminao natural, mantendo sempre limpas as reas de entrada de
luz;
Dimensionar correctamente os nveis de iluminao necessrios para os locais,
prevendo nveis gerais de iluminao e nveis especficos para os diferentes postos de
trabalho;
Optar correctamente pelo tipo de iluminao mais adequada para os locais em questo,
tendo tambm em ateno as necessidades de restituio de cor das tarefas a executar;
Utilizar sempre equipamentos de rendimento elevado, no s no que se refere ao tipo de
lmpadas como tambm das luminrias e seus acessrios;
Utilizar sistemas de controlo e comando automtico nas instalaes de iluminao;
Utilizar sempre que possvel luminrias que permitam a sua integrao no plenum do
ar condicionado;
Proceder regularmente s operaes de limpeza e manuteno das instalaes, de
acordo com um plano estabelecido, e apoiados preferencialmente nos sistemas
automticos de gesto de iluminao;
Definir correctamente os perodos de substituio das lmpadas, optando sempre pelo
mtodo de substituio em grupos.
Na maioria das situaes o acrscimo de investimento inicial devido utilizao dos
equipamentos atrs descritos recuperado em tempo aceitvel, atravs das economias de
energia que proporcionam.
O rendimento de um sistema de iluminao aumenta medida que tornamos as salas mais
claras devido distribuio de cores nas superfcies envolventes dos espaos. Este aumento
pode atingir, em sistemas de iluminao indirecta, valores na ordem dos 50%, se compararmos
com a situao inicial e definida como base. O aumento de rendimento do sistema pressupe
uma diminuio do nmero de luminrias instaladas e consequentemente uma reduo da
potncia instalada e uma diminuio do consumo energtico do sistema. (Gaspar, 2004)
Em cada tipo ou sistema de iluminao, existem equipamentos com rendimentos bastante
diferentes. Os mais eficientes sero aqueles que incluem no s a utilizao de lmpadas de
elevada eficincia, mas tambm luminrias equipadas com reflectores espelhados, que permitem
elevar o rendimento total do sistema.
Auditoria Energtica 64
As luminrias so equipamentos que permitem filtrar, repartir e transformar a luz das
lmpadas, compreendendo todos os acessrios necessrios para as fixar, proteger e unir ao
circuito de alimentao elctrica, e como qualquer outro equipamento apresentam tambm um
rendimento.
O rendimento de um aparelho de iluminao exprime a relao entre o fluxo total emitido
pelas lmpadas instaladas no aparelho e o fluxo efectivamente emitido pelo aparelho. Assim,
quanto mais obstculos se encontrarem entre as lmpadas e o plano a iluminar, menor ser a
quantidade do fluxo luminoso dessas lmpadas emitido pelo aparelho, e consequentemente
menor ser o seu rendimento.
A Diviso Fabril de Ovar da Salvador Caetano candidatou-se como parceiro do GreenLight
em Abril de 2004, procedendo substituio de balastros magnticos por electrnicos e das
lmpadas de descarga de 400W por 4 fluorescentes de 80W com balastro electrnico. O tempo
de amortizao previsto foi de 5,1 anos, mas com o aumento do preo da electricidade, o tempo
de amortizao previsto para 2006 baixou para cerca de 4 anos, para uma reduo de consumos
de 142.300 kWh por ano.
3.3.2.6 Sistema de Ar Condicionado
Manter portas e janelas fechadas ao usar o equipamento;
Manter filtros limpos de modo a garantir a boa circulao do ar. Filtros sujos foram o
aparelho a trabalhar mais;
Evitar lmpadas incandescentes nos ambientes com ar condicionado (elas produzem
mais calor que outro tipo de lmpadas);
Ajustar a temperatura do termostato de modo que a temperatura adequada seja mantida;
Desligar os aparelhos de ar condicionado pelo menos uma hora antes do encerramento
do expediente;
Impedir incidncia de raios solares no aparelho;
Evitar a obstruo do ar com cortinas, mveis ou outros objectos que dificultam a
circulao do ar.
Quando so possveis diferentes solues tcnicas ou quando se oferecem vrias
oportunidades de investimento, tambm necessrio avaliar os projectos para decidir qual ou
Auditoria Energtica 65
quais devero ser executados. A correcta avaliao da viabilidade financeira dos investimentos
em instalaes de produo condio necessria para que a progressiva implantao das novas
medidas de racionalizao de energia se faa de modo slido e convincente.
A maneira como utilizamos a energia de que dispomos uma questo chave neste processo
e por isso o aumento da eficincia energtica das operaes nas empresas imprescindvel para
se atingirem os objectivos do novo modelo de desenvolvimento, tanto pela diminuio da
intensidade energtica global, como pelo aumento dos correspondentes resultados econmicos.
A eficincia energtica constitui-se como uma valiosa oportunidade para as empresas, mais
uma vez, se afirmarem como parte da soluo, com criao de valor real para o negcio e
simultaneamente para a sociedade e para o ambiente.
Captulo 4
4. Caracterizao Geral da Empresa
Contedo do Captulo
Atravs da auditoria energtica possvel determinar o estado actual da empresa, poder
assim determinar-se a factura energtica actual da empresa em estudo.
A anlise de consumos de energia permitir determinar-se medidas de melhoria de
eficincia energtica ou mesmo alterao de equipamentos de processo, assegurando estes um
menor consumo e consequentes custos para a empresa e diminuio de emisses gasosas.
4.1 Introduo
O caso de estudo ser efectuado numa indstria denominada Fbrica de Papel e Carto
Zarrinha S.A., ver Figura 4.1, que tem como actividade a fabricao de papel reciclado,
produo de carto canelado e embalagens
O incio da empresa data de 1956, inicialmente tratava-se uma pequena fbrica de papel
seco ao ar, com menos de 1.200 m
2
, laborando em nome Individual e posteriormente, em 1992,
transformou-se em Sociedade Annima. No incio da dcada de oitenta, 1981, foi adquirida a
primeira caneladora e mquinas de transformao, ampliando a gama de produtos para o sector
do Carto Canelado, tendo para o efeito construdo uma nova fbrica. Ao longo dos anos tm
sido adquiridos vrios terrenos contguos s instalaes, de forma a poder crescer a empresa, e
tm vindo a renovar o parque de mquinas. Em Agosto de 2002 a empresa adquiriu a
Caracterizao Geral da Empresa 67
Certificao de Qualidade pela NP EN ISO 9001:2000 e tem como objectivo futuro conseguir a
Certificao Ambiental.
Figura 4.1 Vista area da empresa em estudo.
A Zarrinha produz uma diversidade de artigos produzidos e comercializados
nomeadamente, o papel embalagem, em formatos, e o carto simples face, em bobine, composto
por dois papis (uma cobertura e um ondulado) com medidas at 2,50 m de largura, e, papel
embalagem, em bobines, que se destina ao sector do carto canelado.
Numa escala de maior e principal produo, a Zarrinha, pela caracterstica dos seus
investimentos, tem hoje uma capacidade produtiva, "lay-out" e "know-how", capaz de responder
s necessidades do mercado do Carto Canelado nas suas principais vertentes, tais como:
Placas ou Pranchas de carto canelado, destinadas a transformadores, ou
utilizao directa em vrios sectores. Com uma caneladora de alta velocidade e
produo, est preparada para fabricar diversos tipos de prancha, ao nvel das vrias
caneluras, tais como os Micros "canais E e N", Finos "canal B", Largos "canal C",
Duplos "canais B+C", e, bem assim, como diversas combinaes entre os diferentes
canais. Para alm dos papis provenientes de produo prpria, adquirem tambm
papis a outras empresas (nacionais e Europeias).
Para alm das Placas ou Pranchas como venda directa, a Zarrinha, tem tambm uma
elevada capacidade transformadora instalada, quer na produo, quer em qualidade, de
embalagens, capaz de dar resposta s mais variadas necessidades do mercado, no que
respeita a carto, modelos e impresso. Este um produto essencialmente
Caracterizao Geral da Empresa 68
personalizado, por cliente, pelo que no produzido o designado "produto stock". A
embalagem, sempre destinada a um fim, normalmente acondicionador e de transporte,
pelo que pode diferir na sua composio quer ao nvel da qualidade e caractersticas,
quer de formatos, ou de imagem final.
Para as situaes em que existe a necessidade de fazer a impresso de alta qualidade, a
Zarrinha est equipada com uma mquina que possibilita a impresso at 5 cores directas, mais
uma de verniz.
4.2 Caracterizao das Instalaes
As instalaes so constitudas essencialmente por dois edifcios onde se encontram a zona
de produo de papel, zona administrativa, oficinas e armazenagem, e um outro onde se
encontra a zona de produo de carto canelado, transformao, impresso e armazenagem. A
nave fabril encontra-se localizada a sul, sendo caracterizado uma estrutura metlica constituda
por madres e contraventamentos de cobertura e prticos de duas vertentes. A cobertura
revestida a chapa simples com revestimento inferior de manta de l de rocha e barreira de vapor.
O piso intermdio constitudo por laje em beto, a zona sobre este piso possui cobertura em
painel com 30 mm de poliuretano. O revestimento da fachada em painel sandwich com 30 mm
de poliuretano e chapa lacada simples. O edifcio administrativo construdo em estrutura
metlica constituda por vigas principais, prticos simples e de contraventamento. O
revestimento da cobertura em chapa lacada dupla revestida interiormente com manta de l
rocha. As paredes so em alvenaria, coberta com chapa lacada simples. Na primeira grande rea,
esto localizadas no primeiro piso os servios de escritrios e no segundo piso a administrao e
servios de apoio. Na nave fabril encontra-se a armazenagem de papel, a impresso, acabamento
e expedio, tudo em espao aberto. Localizada ainda na nave, mas compartimentado e
contendo dois pisos, localiza-se no piso trreo a expedio e a pr-impresso. No piso superior
localizam-se os balnerios/vestirios, cozinha, refeitrio e arquivos.
4.2.1 Descrio das Actividades Desenvolvidas na Instalao
O processo produtivo da Fbrica de Papel e Carto da Zarrinha poder ser dividido em duas
grandes unidades:
Unidade de Papel;
Caracterizao Geral da Empresa 69
Unidade de Carto Canelado:
- Produo de carto canelado;
- Produo de embalagem de carto canelado.
4.2.1.1 Produo de Papel Reciclado
O Fabrico de Papel Reciclado compreende, sequencialmente, as seguintes etapas:
1. Seleco de matria-prima;
2. Desfibrao;
3. Depurao.
4. Controlo de consistncia;
5. Formao da folha e drenagem;
6. Prensagem;
7. Secagem;
8. Bobinagem;
9. Rebobinagem.
neste processo que se produz a folha de papel (bobines de papel) que fornece a linha de
produo de carto canelado ou para venda. A fabricao de papel constituda, basicamente,
de duas etapas, sendo a primeira o preparo da pasta e a segunda a produo da folha.
A fbrica de papel dedica-se produo de papel reciclado usando 100% de papel velho,
tal como se pode verificar na Figura 4.2, a matria-prima separada em apara limpa e apara
vulgar. A matria-prima devidamente armazenada e gerida medida das necessidades de
produo. A apara vulgar usada para fazer o flutting e a base do linere por sua vez a apara
limpa usada para produzir a cara do liner.
Aps armazenagem inicia-se a preparao da pasta, o papel desfibrado, nos pulpers
(desfibradores) com utilizao de gua onde realizada a degradao mecnica, desta etapa
resulta a primeira separao de contaminantes que so devidamente prensados e encaminhados
para aterro sanitrio.
Em seguida a pasta de papel encaminhada para um outro pulper (designada por
Dumpulper turbo separador) para remoo das impurezas maiores (alguns metais e plsticos)
que esto agregados matria-prima. Todos estes resduos so encaminhados para um
compactador de matria no celulsica.
Caracterizao Geral da Empresa 70
Figura 4.2 Matria-prima
Antes do encaminhamento da pasta para os tanques de recepo, so adicionados corantes
que tm como funo a remoo de tintas e afinar a qualidade da pasta para o tipo de papel a
produzir. Do tanque de recepo, a pasta encaminhada para um sistema de depurao
centrfuga e depurao de baixa presso, onde se faz a segunda separao, onde so removidos
os materiais pesados (metais, pedras, areia) sendo posteriormente armazenada nos tanques de
distribuio. No final desta fase a pasta possui aproximadamente um teor de humidade na ordem
dos 80% e massa de papel de 20%.
A pasta segue para a etapa de diluio, onde feita o controlo da quantidade de fibra
(consistncia da pasta) de modo a ser a ideal para o fabrico pretendido, tanto em termos de
gramagem do papel final como em termos de velocidade de mquina.
A depurao fina a etapa seguinte onde os depuradores ciclnicos de baixa densidade
fazem a separao das micro-areias das fibras celulsicas. Desta etapa resultam areias que so
desidratadas e enviadas para aterro sanitrio.
Terminando a preparao da pasta, d-se ento incio formao da folha de papel. A
mistura introduzida de forma uniforme sobre uma tela mvel, a tela formadora. A aco
filtrante da tela formadora, combinada com um sistema de vcuo e rolos prensa, extrai a maior
parte da gua contida na pasta, formando assim, a folha de papel. A gua resultante deste
processo enviada para a diluio e o excesso canalizada para depsitos de armazenagem.
Imediatamente aps a formao o papel sujeito a aspirao por vcuo o que, alem de retirar
gua, promove o cruzamento das fibras melhorando as caractersticas do papel.
Aps a fase descrita anteriormente, a folha de papel atravessa agora a seco de secagem,
ver Figura 4.3, onde entra em contacto com cilindros, aquecidos atravs de um circuito de
vapor, que extraem a maior parte da gua restante por meio de um processo trmico,
Caracterizao Geral da Empresa 71
provocando a sua evaporao. O objectivo que o teor de humidade seja o mais baixo possvel
a chegar secaria.
Na secaria a folha de papel aquecida de forma a evaporar o remanescente teor de
humidade existente na folha de modo a que esta quando chegue ao enrolamento possua uma
humidade aproximada de 8%.
Figura 4.3 Formao da folha de papel (processo de evaporao)
O papel j pronto encaminhado fase de acabamento, rebobinagem, onde cortado no
formato pretendido. A apara sobrante, denominada por apara limpa novamente conduzida para
o armazm de papel para a fabricao de nova pasta. Nesta fase feita tambm a identificao
de bobines. As bobines so depois pesadas e armazenadas, ver Figura 4.4.
Figura 4.4 Produto Final
Nas Figuas 4.5 e 4.6 so ilustrados os fluxogramas do fabrico do papel reciclado.
Caracterizao Geral da Empresa 72
Figura 4.5 Fluxograma do fabrico de papel reciclado da empresa
Tanques de Recepo
Desperdcios
(Aparas e folhas
defeituosas)
Tanques Armazenamento
e Distribuio
Diluio da Massa
Rebobinadora
Bobines de Papel
Armazm de Bobines
M
q
u
i
n
a
d
e
P
a
p
e
l
Armazm
Corantes
Formao da Folha
Prensagem
Secagem
Bobinagem
Matria Prima
Papel Velho
(Comprada)
Desperdcios +
No Conformes
Desfibrador
M
a
t
r
i
a
n
o
c
e
l
u
l
s
i
c
a
Depurao
Figura 4.6 Fluxograma da fbrica de papel.
Folha
Papel
Armazenamento
Mat. Prima
Diluio
Depurao
Fina
Enrolamento
Armazenamento Rebobinagem
Secagem
Prensagem
Formao
Folha
Desfibrao
Depurao
Centrifuga
Grossa
Depurao
Baixa Presso
Controlo
Consistncia
Transporte
Papel
Pasta
Pasta
Folha
Papel
Papel Bobine
Pasta
Apara Limpa Apara Vulgar
gua Corante gua gua
gua
Pasta
Retorno
Anti-Espuma
gua
gua
Evaporao
de
gua
gua Areias
Finas
Apara
Limpa
Pasta
Retorno
Pasta Pasta
Pasta
Pasta
Folha
Papel
Folha
Papel
Bobine
Resduos
Slidos
gua
Areias
Agrafos
etc.
Plsticos
Areias
Agrafos
etc.
gua
Caracterizao Geral da Empresa 74
4.2.1.2 Unidade de Carto Canelado
O Fabrico de Carto Canelado compreende, sequencialmente, as seguintes etapas:
1. Planeamento da produo
2. Preparao da cola
3. Disponibilizao da matria-prima (bobines de papel)
4. Controlo dos parmetros da caneladora
5. Produo de simples face
6. Juno simples face com cobertura
7. Secagem
8. Corte transversal e vincos
9. Corte longitudinal
10. Empilhamento
11. Paletizao e cintagem
12. Armazm de produto em curso ou expedio
Por sua vez o Fabrico de Embalagens composto pelos seguintes passos:
1. Planeamento da produo
2. Preparao de ferramentas (clichs e cortantes)
3. Preparao dos parmetros da mquina
4. Afinao das tintas
5. Escatelamento e Vincagem
6. Impresso
7. Controlo de dimenses das caixas
8. Colagem (quando existe)
9. Paletizao e cintagem
10. Cintagem e filme retrctil
11. Armazm
12. Expedio
Do total produzido na unidade de papel reciclado, apenas 40 a 50% das bobines que so
utilizados no processo de produo de carto canelado, sendo as restantes vendidas. Existe uma
parte da matria-prima que adquirida no exterior e acondicionada nos armazns de bobines de
papel. O processo de transformao do papel em embalagem composto pela produo de
Caracterizao Geral da Empresa 75
prancha de carto e posteriormente pela sua impresso, corte e fecho de acordo com os
requisitos apresentados pelo cliente.
O papel adquirido, matria-prima para a unidade de fabrico de carto canelado,
normalmente de qualidade superior ao produzido na Zarrinha, e que se deve ao facto de alguns
clientes exigirem uma melhor qualidade do carto canelado e de impresso.
No incio do processo na mquina caneladora, ver Figura 4.7, so colocados dois tipos de
papel, papis de cobertura para as faces interiores e exteriores da prancha a produzir e papis de
ondular para realizao do canal pretendido.
Figura 4.7 Mquina de canelar (mdulo de ondular e colagem)
Se a qualidade a obter for composta por dois ondulados uma das coberturas passa a ter a
funo de folha separadora entre os dois papis ondulados. O papel de ondular vai passar por
dois cilindros recortados que lhe transmitem o perfil pretendido (canal N, E, B, C disponveis) e
em seguida com a ajuda de uma prensa, conferem a estabilidade ao ondulado atravs da sua
colagem a uma folha de cobertura ou folha de separao originando o mdulo primrio (face
simples). De seguida este face simples estabilizado transportado para uma unidade de colagem
onde lhe adicionada uma nova cobertura. Para a produo do papel ondulado do tipo duplo,
so dois os ondulados a transportar para a unidade de colagem sendo a adicionada a nova
cobertura e feita a unio entre os ondulados, O nmero de faces depende apenas do tipo de
carto acabado que se pretende produzir.
Caracterizao Geral da Empresa 76
No final desta fase a folha de carto j est formada, procedendo-se sua secagem
(solidificao do processo de colagem) e respectiva estabilizao da temperatura
(arrefecimento) antes de continuar no processo. Na fase seguinte secagem, a folha de carto
passa para a seco de corte longitudinal e vinco para o formato pretendido, ver Figura 4.8.
Figura 4.8 Mquina de corte e vinco
Por ltimo o carto ser empilhado e colocado sobre paletes que estaro disponveis para o
seu transporte dependendo do nmero de encomendas, as pranchas de carto canelado podem
ser armazenadas e depois enviadas aos clientes (ver Figura 4.9)
As que no so expedidas so normalmente encaminhadas para as seces de
transformao e/ou seco de trabalhos grficos. No processo de produo de embalagens de
carto, as placas de carto canelado so alimentadas em diversos tipos de mquinas (Troclador
rotativo, Troclador plano, mquinas integradas, mquinas de impresso) onde se processa o
fabrico das mesmas, na sequncia adequada ao produto a obter de acordo com os requisitos dos
clientes. Estas mquinas permitem impresso a vrias cores (mx. de 6 cores numa nica
passagem) executar cortes e vincos, de acordo com o modelo e formato solicitado pelo cliente,
fecham (por agrafagem ou colagem) se aplicvel ao modelo a ser executado.
Figura 4.9 Pranchas de carto canelado empilhado
Caracterizao Geral da Empresa 77
Nas Figuras 4.10 a 4.12 so ilustrados os fluxogramas relativos a produtos finais
que dependem da produo de carto canelado.
Papel (Comprado)
Papel (Produo Interna)
Produo
de Papel
Armazm Bobines Papel Armazm Bobines Papel
Mquina Mquina
Encoladora
Corte Longitudinal / Vinco
Refrigerao
Mesa de Secagem
Refrigerao
Pranchas
de
Carto
Armazm de Produtos
em Curso de Fabrico
Armazm de Produtos
Acabados
Transformao
Expedio
Caneladora
Figura 4.10 Fluxograma da produo de prancha de carto canelado
Caracterizao Geral da Empresa 78
4.2.2 Produo
A caracterizao que se apresenta relativa ao ano de referncia de 2006.
4.2.2.1 Laborao Geral da Fbrica
Nmero de horas de trabalho por dia: 24
Nmero de dias de trabalho por semana: 5
Nmero de dias de trabalho por ano: 230
Paletizao e Cintagerm
Expedio
Acessrios
Caixas de
Carto Canelado
Pranchas de Carto
Armazm Produtos
Slotter
Agrafadora ou Coladora
Produo
de Carto
Canelado
Troclador Combinada
Figura 4.11 Fluxograma da produo de embalagem de carto canelado.
Caracterizao Geral da Empresa 79
Perodo de paragem anual: 3 semanas em Agosto, 1 semana em Dezembro, alguns dias por
ocasio do feriado local.
4.2.2.2 Laborao dos Turnos e Sectores
Fabrico de Papel
1 Turno Fabrico de Papel Fluting: 8h-16h
2 Turno Fabrico de Papel Fluting: 17h-24h
3 Turno Fabrico de Papel Fluting: 24h-8h
Fabrico de Carto Canelado
1 Turno 6h-14h
2 Turno 14 22h
Transformao de Carto Canelado
1 Turno 6h-14h
2 Turno 14 22h
Produo de
Carto
Pranchas
de Carto
Armazm
Produtos em
Curso de
Fabrico
Mquina Combinada
(Corta + Vinca + Pica)
Corta
Vinca Pica
Acessrios
Paletizao
e Cintagem
Figura 4.12 Fluxograma do fabrico de acessrios de carto canelado.
Caracterizao Geral da Empresa 80
A Tabela 4.1apresenta para o ano de 2006 os dados de produo por produto final. A
designao de Papel Fluting usada na empresa corresponde de Papel CI (cobertura interior de
desperdcios), designao utilizada nos consumos especficos de referncia publicados pela
D.G. G. E.. Reala-se o facto de a produo de caixas ser resultado da transformao de parte
das pranchas de carto canelado produzidas na Caneladora.
Tabela 4.1 Produo por produto final.
Ms Papel
Fluti ng
[ton]
Carto
Canel ado
- Pranchas
[ton]
Carto Canel ado
Transformao
- Caixas (ton)
Si mples
Face
(ton)
Janei ro 1100. 3 1806. 9 1 933. 6 142. 7
Feverei ro 1365. 9 1451. 6 1 808. 9 137. 8
Maro 1694. 9 2170. 2 2 214. 3 168. 6
Abril 1147 1596. 3 1 897. 0 128. 9
Maio 1697. 9 1947. 1 2 007. 2 181. 1
Junho 910. 8 1479. 3 1 666. 1 79. 3
Jul ho - 805. 1 843. 4 -
Agosto - 866. 2 1 286. 5 -
Setembro - 1695. 1 2 202. 8 -
Outubro - 1617. 5 2 237. 6 -
Novembro - 1809. 7 2 142. 5 -
Dezembro - 1071. 7 1 477. 5 -
Total 7917 18 316. 5 21 717. 4 838. 4
4.3 Medidas Implementadas na Empresa
A empresa encontra-se em permanente actualizao dispondo de um parque de mquinas
diversificado e tecnologicamente actual.
Para a melhoria contnua do desempenho ambiental da empresa, foram nos ltimos anos
efectuados estudos e implementadas medidas para a minimizao de impactes.
So enumeradas de seguida algumas medidas implementadas que se traduziram em
resultados relevantes e outras em implementao, no que respeita a melhoria das condies
ambientais da empresa:
Caracterizao Geral da Empresa 81
4.3.1 guas
1. Implementao de um sistema de tratamento de guas residuais industriais
(FLOTADOR), permitindo optimizar a reintegrao no processo, por um lado, das
guas clarificadas e por outro, das guas coladas, ricas em fibras que constituem a
matria-prima na produo do papel;
2. Instalao de tanques armazenamento de guas, aumentando capacidade de reteno por
questes de segurana;
3. Aquisio de equipamentos com optimizao de sistemas de lavagem;
4. Implementao de medidas de minimizao de consumos de gua.
4.3.2 Emisses Atmosfricas
1. Substituio do tipo de combustvel utilizado nas caldeiras, passando de Fuelleo para
Gs Natural, o que permitir minimizar, ainda mais, as emisses de gases ara a
atmosfera.
4.3.3 Rudo
1. Cabines de insonorizao da caneladora;
2. Insonorizao de destroadores.
4.3.4 Balano Mssico da Actividade
Na Figura 4.13 representa-se o balano mssico da actividade da empresa.
Os valores indicados para os resduos reportam a 2005, dado que, 2006 no foi um ano de
normal funcionamento da empresa devido ao acidente da caldeira que provocou paragem de
alguns meses na produo de papel e, originou a existncia de resduos que no so
representativos do normal funcionamento da instalao. Estes foram correctamente
encaminhados por operadores licenciados/ autorizados. Como resduo com menor quantidade
encaminhada em 2006 pela reduo na produo de papel reciclado encontram-se os rejeitados
da reciclagem de papel e carto, 244 ton.
Caracterizao Geral da Empresa 82
Figura 4.13 Balano mssico da actividade.
4.4 Medidas Resultantes da Auditoria Energtica
Da auditoria energtica realizada empresa em 2007 resultaram as seguintes medidas para
racionalizao de energia:
Medida 1 - Reduo de consumos de energia elctrica em equipamentos de produo e
escritrios, fora dos perodos de laborao.
Medida 2 - Alterao do sistema de recolha dos condensados das mquinas de papel e
optimizao do mesmo.
Medida 3- Substituio do combustvel utilizado no gerador de vapor (thick fuelleo) por Gs
Natural e aquisio de novo gerador de vapor.
Medida 4 - Instalao de sistema de recuperao do vapor de expanso do tanque de
condensados.
Medida 5 - Isolamento trmico de vlvulas e flanges.
Medida 6 - Isolamento trmico do depsito de condensados.
Emisses para o Ar Rudo Ambiental
P
r
o
d
u
t
o
s
R
e
c
u
r
s
o
s
Resduos Efluentes Lquidos
Papel Reciclado
8032 ton.
Caixas de Carto
canelado
22511 ton.
Placas de Carto
Canelado
18316 ton.
Simples face em
bobine
838 ton.
gua
19749 m
3
Energia (EE+FO)
2109,7 tep
Papel Velho
11164 ton.
Bobines de Papel
29198 ton.
Tintas e vernizes
80 ton.
Soda
92 ton.
Borax
14 ton.
Amido
847 ton.
Cola
6 ton.
CO 272,0 Kg
NO
x
22893,3 kg
SO
2
50546,7 kg
COT 226,7 kg
Partculas 2946,7 kg
CO
2
5709,0 kt
Rej. recicl. de papel e carto
628,2 ton.
Lamas de ETARI - 198,9 ton.
Madeira 6 ton.
Emb. de metal 23,3 ton.
Plstico 7,4 ton.
Sucata 24,7 ton.
leos Usados 3,2 m
3
Cinzas caldeira 1,89 ton.
Lmp. Fluorescentes 40 unid.
Aparas papel e carto 343,5
ton.
Tinteiros e tonners 0,032 ton.
No existem
descargas para o
meio hdrico
Captulo 5
5. Factura Energtica Actual
Contedo do Captulo
O peso da factura energtica nos custos de explorao duma empresa do sector industrial
habitualmente baixo, quando comparado com o peso de outros factores de produo,
nomeadamente mo-de-obra e matria-prima. A gesto de energia por isso frequentemente
negligenciada, facto que gera significativos desperdcios de energia e contribui para a reduo
da competitividade das empresas.
5.1 Introduo
A conduo eficaz de uma auditoria energtica um processo que envolve algumas
tarefas a desenvolver por ordem e sequncia correctas, que vai desde a anlise detalhada das
facturas de energia do ano que antecede a auditoria, passando pela anlise fsica detalhada aos
equipamentos geradores/consumidores de energia trmica e elctrica existentes na instalao,
suas condies de operao e controlo, assim como os cuidados de manuteno e o seu tempo
de funcionamento, at fase final do estudo no qual so indicados os resultados e medidas a
tomar para a reduo dos consumos energticos em reas especficas.
As diversas formas de energia adquiridas pela empresa auditada so conhecidas, uma
vez que so medidas e facturas pela empresa fornecedora. No entanto a desagregao dos
consumos por utilizao, seco ou equipamento e a avaliao das perdas de energia necessita
ser contabilizada, ou seja, medida.
Factura Energtica Actual 84
As facturas energticas consistem nos registos descritivos dos consumos de energia da
empresa. Tendo por base estes documentos possvel determinar o tipo de energia utilizado e o
respectivo consumo num determinado perodo de tempo, o seu custo, o tarifrio energtico
associado e outras informaes teis. So documentos que em virtude da sua natureza tcnica
devem ser analisados com ateno. A empresa deve assumir um comportamento dinmico e
efectuar uma anlise crtica s facturas de energia elctrica, de forma a detectar oportunidades
de interveno que proporcionem melhorias econmicas. O primeiro passo a realizar consiste na
criao de um histrico de facturao, normalmente constitudo pelo conjunto das facturas de
energia elctrica dos 12 meses anteriores.
5.2 Balano Energtico
O balano energtico a relao entre entradas e sadas de energia de uma zona
determinada e num dado perodo de tempo, que se pode referir a energia primria, energia
derivada, energia final e/ou energia til. Os valores de seguida apresentados baseiam-se nos
dados fornecidos pela auditoria energtica efectuada empresa.
Tabela 5.1 Produo
Papel Fl uti ng
[ton]
Carto Canel ado
- Pranchas [ton]
Carto Canel ado
Transf ormao -
Cai xas (ton)
Si mpl es Face
(ton)
Total 7917 18 316. 5 21 717. 4 838. 4
A empresa apresenta consumos de energia elctrica e thick fuelleo, representados na
Tabela 5.2, Tabela 5.3 e Tabela 5.4.
Factura Energtica Actual 85
Tabela 5.2 Energia Elctrica
Ms
Total Acti va
kwh
Val or
()
Custo
(/ kwh)
Janei ro 904 055 61 257. 72 0. 068
Feverei ro 850 106 73 111. 23 0. 086
Maro 765 050 68 161. 96 0. 089
Abri l 778 167 66 128. 18 0. 085
Mai o 836 157 71 874. 96 0. 086
Junho 806 762 68 899. 11 0. 085
Jul ho 122 546 13 918. 27 0. 114
Agosto 125 100 14 701. 00 0. 118
Setembro 154 019 16 911. 33 0. 110
Outubro 172 066 18 042. 27 0. 105
Novembro 173 193 18 336. 27 0. 106
Dezembro 254 295 24 568. 52 0. 097
Total Mdi a 5 941 516 515910. 82 0. 087
Tabela 5.3 Thick Fuelleo
Ms
Total Acti va
kwh
Val or
()
Custo
(/ kwh)
Janei ro 222. 3 65 840 296. 2
Feverei ro 255. 3 77 163 302. 3
Maro 298. 6 94 119 315. 2
Abri l 228. 6 69 746 305. 1
Mai o 280. 2 86 000 306. 9
Junho 196. 4 58 093 295. 9
Jul ho 76. 3 22 525 295. 2
Agosto 26. 7 8007 300. 3
Setembro 74. 6 22 012 294. 9
Outubro 79. 5 20 488 257. 8
Novembro 78. 7 19 890 252. 8
Dezembro 52. 1 12 803 245. 9
Total Mdi a 1869. 2 556 685 297. 8
Tabela 5.4 Consumos e custos de energia no ano de 2006
Forma de
Energi a
Ori gem
Consumo
Anual
Factor de
Converso
(tep)
Consumo
Anual
(tep)
Preo
Uni tri o
Custo Anual
()
Energi a
El ctri ca
EDP
5941516
kWh
29010-6 1672, 9 0, 087/kwh 516911, 892
Thi ck
f uel l eo
BP
Port ugal
1869. 2 t on 0, 969 1811, 3 297, 8/t on 556647, 76
Tot al :
3484, 2
Tot al :
1073559, 7
Factura Energtica Actual 86
Figura 5.1 Degradao do Consumo por Fonte de Energia
Tabela 5.5 Desagregao do Consumo de Energia por Produto Final em 2006
Thi ck
Fuel l eo
(tep)
Energi a
El ctri ca
(tep)
Total
( kgep)
Total
(tep)
Percentagem de
Consumo por
Produto(%)
Papel Fl uti ng * 967. 6 1107. 3 2 074 891 2074. 9 59, 6
Carto Canel ado -
Pranchas
381. 1 94. 8 478299 475. 9 13, 7
Si mpl es Face* 10. 8 9. 3 20063 20. 1 0, 6
Carto Canel ado -
Cai xas
451. 9 461. 5 913399 913. 4 26, 2
Total 1811. 3 1672. 9 3484. 210
3
3484. 2 100
Figura 5.2 Desagregao dos consumos de Energia por produto final
Factura Energtica Actual 87
Reala-se o facto de a desagregao acima apresentada, ter em considerao o facto de o
fabrico de papel Fluting s ter laborado no 1 semestre de 2006.
Tal como j referido no captulo 3 o consumo especfico de um determinado produto mede
a quantidade de energia consumida para produzir uma unidade desse mesmo produto, pode ser
calculado atravs da seguinte frmula:
Pr
Consumo energia final GJ
C
Unidade de produto oduto
(
=
(
(5.1)
Consultando as tabelas anteriores pode calcular-se o consumo especfico por produto
final da empresa em estudo, resultando os dados de produo por produto final apresentados na
seguinte Tabela 6. A designao de Papel Fluting usada na empresa corresponde de Papel CI
(cobertura interior de desperdcios), designao utilizada nos consumos especficos de
referncia publicados pela D.G. G .E.. Reala-se o facto de a produo de caixas ser resultado
da transformao de parte das pranchas de carto canelado produzidas na Caneladora.
Tabela 5.6 Consumos especficos e valores de K para os produtos em anlise.
Tipo de Produto Fabri cado
Consumo Especfi cos -Dados
Histricos - C
(kgep/ton)
Consumo Especfi co
DGEG -K
(kgep/ton)
Papel Fl uti ng 262 290
Carto Canel ado (Pranchas) 26 30
Carto Canel ado - Caixas 42 45
Si mples Face 24 *
* No est definido consumo especfico de referncia
Factura Energtica Actual 88
Tabela 5.7 Consumos de Electricidade Totais no Ano de 2006.
Ms
Total Acti va
(KWh)
Janei ro 904055
Feverei ro 850106
Maro 765050
Abril 778167
Maio 836157
Junho 806762
Jul ho 122546
Agosto 125100
Setembro 154019
Outubro 172066
Novembro 173193
Dezembro 254295
Figura 5.3 Perfil de Consumos de Electricidade Totais no Ano de 2006.
0
100000
200000
300000
400000
500000
600000
700000
800000
900000
1000000
C
o
n
s
u
m
o
d
e
e
n
e
r
g
i
a
e
l
c
t
r
i
c
a
(
k
W
h
)
Factura Energtica Actual 89
Tabela 5.8 Consumos de Thick Fuelleo[kgep] Totais no Ano de 2006.
Figura 5.4 Perfil de Consumos de Thick Fuelleo[kgep] Totais no Ano de 2006.
A Figura 5.4 evidencia uma reduo no consumo de thick fuelleo no segundo semestre de
2006, resultado, como j referido anteriormente, da paragem na produo de papel.
0
50000
100000
150000
200000
250000
300000
350000
C
o
n
s
u
m
o
d
e
T
h
i
c
k
F
u
e
l
l
e
o
(
k
g
e
p
)
Ms
Thi ck
Fuelleo[kgep]
Janei ro 215429
Feverei ro 247347
Maro 289363
Abril 221513
Maio 271553
Junho 190273
Jul ho 73935
Agosto 25839
Setembro 72326
Outubro 77016
Novembro 76241
Dezembro 50446
Factura Energtica Actual 90
Tabela 5.9 Produo global referente ao ano de 2007 e aos primeiros nove meses de 2008.
2007 2008
Papel
Fluting
[ton]
Cart o
Canel ado
Cai xas
[ton]
Cart o
Canel ado
Pranchas
[ton]
Papel
Fluting
[ton]
Cart o
Canel ado
Cai xas
[ton]
Cart o
Canel ado
Pranchas
[ton]
Janei ro 1 554 2 398 1 252 1 693 1 965 1 635
Feverei ro 1 324 1 887 1 483 1 620 2 087 1 526
Maro 1 438 2 092 1 610 1 493 1 924 1 719
Abril 1 221 1 705 1 359 1 620 1 960 1 890
Maio 1 667 1 859 1 954 1 509 1 928 1 950
Junho 1 344 1 952 1 901 1 517 2 076 1 669
Jul ho 1 681 2 116 2 214 1 898 2 301 2 098
Agosto 421 1 596 958 544 1 380 591
Setembro 1 686 2 058 1 923 1 781 2 448 2 013
Outubro 1 806 2 322 1 775
Novembro 1 806 2 139 1 509
Dezembro 1 151 1 713 1 146
Produo
Anual
17 099 23 836 19 084 13 675 18 068 15 091
A Variao Percentual em relao a igual perodo do ano anterior dada pela seguinte
expresso:
1 100
Xt
sXt
Xt S
( | |
% =
| (
\
(5.2)
onde a srie: X
t
para t = 1, 2, ..., n e
s
X
t
% a variao percentual da srie X
t
em relao a
igual perodo do ano anterior.
Como exemplo o clculo da Variao 2007- 2008 de Papel Fluting no ms de Janeiro ser o
seguinte:
1693
( 2007 2008) 1 100 8, 94
1554
s Janeiro
( | |
% = = %
| (
\
(5.3)
Factura Energtica Actual 91
Tabela 5.10 Variao percentual de produo mensal por tipo de produto final em relao ao ano anterior.
2007-2008
Variao
Papel
Fluting
(%)
Variao
Cart o
Canel ado
Cai xas
(%)
Variao
Cart o
Canel ado
Prancha
(%)
Janei ro 8, 9 -18, 1 30, 6
Feverei ro 22, 4 10, 6 2, 9
Maro 3, 8 -8, 0 6, 7
Abril 32, 7 14, 9 39, 1
Maio -9, 5 3, 7 -0, 2
Junho 12, 9 6, 4 -12, 2
Jul ho 12, 9 8, 7 -5, 3
Agosto 29, 3 -13, 5 -38, 2
Setembro 5, 7 19, 0 4, 7
Outubro
Novembro
Dezembro
Vari ao
Anual
10, 2 2, 6 3, 1
Da anlise da Tabela 5.10 verifica-se que houve um aumento de 2,6% na produo de
Carto Canelado caixas, um aumento de 3,1 % na produo de Carto Canelado - pranchas,
relativamente ao ano de referncia e um aumento de 10,9 % na produo de Papel Fluting.
A Tabela 5.11 apresenta o consumo global de energia registado durante os primeiros 9
meses de 2008, estabelecendo a sua comparao com o registado no perodo homlogo referente
a 2007.
Tabela 5.11 Consumos relativos a 2007/2008.
2007 2008
Elect ricidade ThickFuelleo
Total
Energi a
Elect ricidade Gs Natural ThickFuelleo
Total
Energi a
Variao
[kWh] [kgep] [ton] [kgep] [kgep] [kWh] [kgep] m3 [kgep] [ton] [kgep] [kgep]
2007-
2008
Jan. 747 930 216 900 264 255 758 472 658 841 734 244 103 0 0 281 272 086 516 188 9%
Fev. 912 801 264 712 210 203 432 468 144 1 036 768 300 663 0 0 245 237 851 538 513 15%
Mar. 816 929 236 909 240 232 928 469 838 945 815 274 286 85 144 77 481 88 85 049 436 817 -7%
Abr. 899 018 260 715 209 202 831 463 546 1 059 073 307 131 164 342 149 551 93 89 710 546 392 18%
Mai. 889 655 258 000 264 255 390 513 390 1 059 073 307 131 237 493 216 119 0 0 523 250 2%
Jun. 781 622 226 670 208 201 397 428 067 1 059 073 307 131 230 248 209 526 0 0 516 657 21%
Jul. 976 788 283 269 264 256 107 539 375 1 024 633 297 144 283 976 258 418 0 0 555 562 3%
Ago. 430 065 124 719 103 99 807 224 526 468 567 135 884 98 479 89 616 0 0 225 500 0%
Set. 1 006 625 291 921 239 231 513 523 435 1 034 326 299 955 276 251 251 388 0 0 551 343 5%
Out. 876 639 254 225 260 252 328 506 553
Nov. 975 537 282 906 309 299 285 582 191
Dez. 921 811 267 325 181 175 525 442 850
Total
Anual
10235420 2 968272 2751, 6 2666300 5634572 8529062 2473428 1375933 1252099 707 684695 4410222 7%
Factura Energtica Actual 93
Atravs da anlise dos dados apresentados pela empresa sero em captulos posteriores
estudadas diferentes solues eficientemente energticas com vista a diminuir o consumo de
energia e consequente diminuio da factura energtica.
Estas solues tero como consequncia a diminuio de poluentes para a atmosfera,
diminuindo assim o impacte ambiental produzido pela empresa.
Captulo 6
6. Dimensionamento de Solues Energeticamente
Eficientes
Contedo do Captulo
A utilizao crescente de recursos energticos finitos, nomeadamente os recursos fsseis
apresentam impactes no clima e no meio ambiente que sofrem mudanas e prejuzos
irreversveis que aumentam com a utilizao de combustveis.
Assim neste captulo sero estudadas solues eficientemente energticas e que
apresentem menor nmero de emisses, recorrendo assim a energias alternativas e
renovveis.
6.1 Introduo
A cogerao pode definir-se como a produo combinada de energia elctrica e trmica
(potncia e calor) no mesmo equipamento calor tecnologia CHP (Combined Heat and
Power), ou seja, um sistema de cogerao evita a utilizao de equipamentos de produo
de calor e/ou de frio e tambm evita ou atenua a compra de energia elctrica rede pois o
sistema pode produzir energia para consumo no local ou mesmo para consumo de terceiros.
A cogerao, ao produzir calor e electricidade a partir de uma nica fonte de energia,
conduz a redues nos custos de operao acima de 40%.
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 95
Figura 6.1 Esquema de um sistema de cogerao.
Aliado cogerao temos o conceito de energia descentralizada/localizada que diz respeito
produo de energia onde ela consumida on-site generation, ou seja, a energia
produzida no local de consumo sendo evitadas as perdas das redes de distribuio. Este tipo de
sistemas aplicvel no sector da indstria e em edifcios onde existe uma exigncia de
electricidade e de calor (quente ou frio) e onde o tempo de operao do sistema excede as 4000
horas anuais.
6.2 Equipamentos de Cogerao
Os ciclos de gerao termoelctrica baseados em turbinas a gs encontram-se em
estgio maduro de fiabilidade e eficincia apresentando ainda expressiva vantagem com
reduo do impacto ambiental e um enorme potencial de desenvolvimento tcnico com
consequente elevao da eficincia global.
Um primeiro ponto a ser analisado, a relao entre potncia e calor, que caracteriza cada
tecnologia de cogerao. Uma vez que, de forma geral, essas relaes no so coincidentes com
relaes de demanda de potncia elctrica e calor da unidade industrial, a escolha de uma
tecnologia em detrimento de outra implica sempre, na escolha pelo atendimento pleno de uma
das duas formas de demanda energtica.
Tabela 6.1
Turbina a vapor
Elect ricidade/calor 0, 10 a 0, 30
Os projectos de Cogerao so altamente flexveis e no h
de consumidor energtico. O ponto de partida para esses
preliminar de viabilidade com o objectivo de identificar o
necessidades do consumidor e determinar se
O estudo preliminar deve envolver as seguintes fases:
1. Anlise da actual situao energtica;
2. Estimativa das necessidades futuras;
3. Avaliao tcnica;
4. Avaliao econmica
Analisando a Figura 6.2
tarifrio na empresa em estudo,
energia elctrica atravs da impl
apresenta a maioria do seu consumo no tarifrio de maior custo.
Figura
Para determinar qual o equipamento que
analisar quais as necessidades energticas que so necessrias de garantir. Se se optasse por
garantir a demanda trmica iria ocorrer um excesso de produo de energia elctrica, este
excesso poderia ser vendido rede, o
nacional demasiado penalizante s
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes
Razo entre Potncia Elctrica e Calor (Jnior, 2006)
Turbina a vapor Ciclo combinado Motor Diesel
0, 10 a 0, 30 0, 60 a 1, 50 0, 80 a 2, 40
Os projectos de Cogerao so altamente flexveis e no h solues rgidas para cada tipo
de consumidor energtico. O ponto de partida para esses projectos um rigoroso estudo
preliminar de viabilidade com o objectivo de identificar o sistema mais adequado para as
necessidades do consumidor e determinar se atractivo economicamente ou no.
O estudo preliminar deve envolver as seguintes fases:
1. Anlise da actual situao energtica;
2. Estimativa das necessidades futuras;
4. Avaliao econmica.
2, distribuio do consumo de energia elctrica total por perodo
tarifrio na empresa em estudo, torna-se evidente a necessidade de garantir a produo de
energia elctrica atravs da implementao do sistema de cogerao, dado que a empresa
apresenta a maioria do seu consumo no tarifrio de maior custo.
Figura 6.2 Compra Energia Elctrica, 2006
Para determinar qual o equipamento que melhor se adequa ao caso em estudo necessrio
analisar quais as necessidades energticas que so necessrias de garantir. Se se optasse por
garantir a demanda trmica iria ocorrer um excesso de produo de energia elctrica, este
ido rede, o regime de tarifrio de venda da energia elctrica rede
penalizante se tivermos em considerao a tendncia decrescente para os
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 96
Turbina Gs
0, 30 a 1, 2
rgidas para cada tipo
projectos um rigoroso estudo
sistema mais adequado para as
activo economicamente ou no.
ica total por perodo
se evidente a necessidade de garantir a produo de
ementao do sistema de cogerao, dado que a empresa
melhor se adequa ao caso em estudo necessrio
analisar quais as necessidades energticas que so necessrias de garantir. Se se optasse por
garantir a demanda trmica iria ocorrer um excesso de produo de energia elctrica, este
regime de tarifrio de venda da energia elctrica rede
tendncia decrescente para os
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 97
preos da energia elctrica, ver Figura 6.3, e a tendncia crescente para os preos do gs natural
(segundo informaes da ERSE sobre a reviso trimestral dos preos, s o custo do gs natural
comprado por Portugal Nigria e Arglia sofreu um aumento de 29,8 por cento do terceiro
para o quarto trimestre deste ano) eliminam a viabilidade de projectos de Cogerao de
importante racionalidade energtica que apresentam como fim a venda de energia elctrica.
A limitao da potncia instalada a 5% da potncia de curto-circuito, no ponto de interligao,
gera dificuldades e constrangimentos que na maior parte dos casos no so justificveis.
(Ferreira, 1999)
Figura 6.3 Custos mdios de Produo a preos de 1998 (Reflectir Energia)
6.3 Turbinas a Gs
Basicamente uma turbina a gs consiste em um tipo de motor trmico onde produzido
trabalho a partir de um fluxo contnuo de gases quentes, provenientes da queima contnua de um
combustvel. Este sistema de Turbina a Gs actualmente muito difundido nas instalaes onde
h necessidade de calor residual para o processo ou de uma grande quantidade de electricidade
obtida em sistemas de Cogerao que dispem de gs natural.
Uma turbina a gs, na verdade, um equipamento que inclui trs conjuntos: compressor,
cmara de combusto e turbina de potncia. O ciclo termodinmico que descreve o
funcionamento das turbinas a gs denomina-se ciclo de Brayton, ver Figura 6.4.
0
1
2
3
4
5
6
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
1
9
9
4
1
9
9
5
1
9
9
6
1
9
9
7
1
9
9
8
1
9
9
9
2
0
0
0
2
0
0
1
2
0
0
2
2
0
0
3
2
0
0
4
2
0
0
5
2
0
0
6
2
0
0
7
2
0
0
8
2
0
0
9
2
0
1
0
M
i
l
h
a
r
e
s
d
e
E
u
r
o
Custos Variveis Custos Fixos Custos Totais Custo Mdio
C
n
t
.
d
e
E
u
r
o
/
k
W
h
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 98
O ciclo de potncia a gs ideal o ciclo Brayton, que composto por quatro processos
reversveis:
Compresso isentrpica num compressor;
Fornecimento de calor a presso constante num aquecedor;
Expanso isentrpica numa turbina;
Rejeio de calor a presso constante.
O fluido de trabalho o ar, que pode ser considerado gs perfeito.
Figura 6.4 Ciclo de Brayton
Entre 1 e 2 o ar comprimido de forma adiabtica por um compressor tipo axial. Ao passar
pelo queimador ou cmara de combusto (de 2 a 3), o ar expande-se devido ao calor fornecido
pelo processo de combusto. Isso ocorre supostamente sob presso constante porque a forma
construtiva da cmara oferece pouca resistncia ao fluxo. O ar aquecido pela combusto
movimenta uma turbina num processo teoricamente adiabtico (de 3 a 4). Ao sair da turbina, o
ar troca calor com o ambiente num processo claramente isobrico.
Quanto eficincia energtica deste tipo de sistema, pode-se considerar que bastante boa,
no sendo como bvio de 100%, uma vez que como sabido tal sistema virtualmente
impossvel. No entanto o uso de Turbinas a Gs na Cogerao proporciona uma eficincia
Combustvel
Cmara de
Combusto
Turbina Gs
Compressor
2 3
A
r
E
x
a
u
s
t
o
1 4
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 99
global de aproximadamente 75% que se pode justificar do seguinte modo: da energia total
intrnseca ao combustvel utilizado na combusto, cerca de 30% convertida em energia
mecnica, aproximadamente 50% encontra-se contida nos gases de exausto (que so expulsos a
temperaturas da ordem dos 500-600 C), parte da restante energia (cerca de 20%) absorvida
pelo sistema de refrigerao, sendo o resto perdido no meio ambiente.
Em relao a aplicaes desta tecnologia podemos referir que este tipo de Cogerao
habitualmente usado em sistemas de mdia e grande dimenso, onde so exigidas potncias no
escalo entre os 40KW e os 250MW, e em que as exigncias de energia so constantes.
Tal como todos os sistemas, o uso da turbina a gs tem vantagens e desvantagens, das quais
se destacam as seguintes:
Vantagens:
Manuteno simples (menores tempos de paragem);
Elevada fiabilidade;
Baixa poluio ambiental;
No necessita de vigilncia permanente;
Disponibiliza energia trmica a temperaturas elevadas (500 a 600);
Unidades compactas e de pequeno peso;
Arranque rpido;
Baixo nvel de vibraes;
Turbinas a gs tendem a ser mais compactas, isto , tem uma maior razo potncia/peso
(at 70% em relao a outros motores);
Desvantagens:
1. Limitado a nvel de variedade de combustvel consumido;
2. Tempo de vida til curto;
3. Ineficcia em processos com poucas necessidades trmicas;
4. Necessidade de uso de dispositivos anti-poeiras/sujidade, anti-corroso (em especial em
casos de pausas de funcionamento prolongado).
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 100
6.4 Dimensionamento do Sistema de Cogerao
O principal benefcio da cogerao no sector papeleiro a reduo dos custos de energia. A
produo local de electricidade para auto-consumo permite diminuir consideravelmente a
quantidade de energia que necessria comprar rede pblica.
6.4.1 Anlise da Factura Energtica Actual
As facturas energticas consistem nos registos descritivos dos consumos de energia da
empresa.A factura energtica actual da empresa baseia-se no consumo de dois tipos de energia
Energia Elctrica e Thick Fuelleo. Este consumo pode ser esquematizado atravs da Figura
6.5.
O calor libertado na cmara de combusto de uma caldeira transferido para o fludo
trmico, mas uma boa parte perde-se nos gases que so enviados para a atmosfera.
Para calcular a Factura Energtica Actual utiliza-se a seguinte equao:
Ts
Gases
Combust
Te
Thick Fuelleo
Ar
m
Vapor
Energia Elctrica
Caldeira
Figura 6.5 Situao Actual
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 101
. . .
EE EE TF TF
F E A CO C CO C = + (6.1)
onde
EE
CO o consumo de energia elctrica em / kWh ano , o
EE
C o custo de energia
elctrica em / kwh ,
TF
CO corresponde ao consumo de Thick Fuelleo expresso em
/ ton ano e por ltimo
TF
C que corresponde ao preo por tonelada de Thick Fuelleo expresso
em / ton.
. . . 5941516 0, 087 1869, 2 297, 8
. . . 1073559, 7 /
F E A
F E A ano
= +
=
(6.2)
A F.E.A. representa o custo anual gasto em energia pela empresa em estudo.
6.4.2 Anlise da Factura Energtica Futura
Atravs da implementao de um sistema de cogerao a empresa poder minimizar os
seus gastos com a energia. De seguida ir calcular-se a factura energtica da empresa aps
implementao de um sistema de cogerao a turbina a gs.
O fluxo de energia futuro apresenta-se esquematizado na Figura 6.6.
Figura 6.6 Situao energtica futura
Ar Compressor
Cmara de
Combusto
Turbina a gs
Gs Natural
Gases de
Combusto
Energia
Elctrica
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 102
Para calcular a Factura Energtica Futura utiliza-se a seguinte equao:
. .
GN GN manut EE EE EE EE
F E F CO C C CO C Pd CV = + + (6.3)
onde
GN
CO o de consumo de gs natural em
3
m ,
GN
C o custo em de gs natural por
3
m
;
manut
C o custo da manuteno determinada pelo fabricante para o novo equipamento em ,
EE
CO a quantidade de energia elctrica que teria que se comprar de para satisfazer a empresa
expressa em kw,
EE
C o preo de energia elctrica comprada rede em / kw,
EE
Pd
quantidade de energia elctrica produzida em kW e
EE
CV o preo de kwvendido rede.
De seguida calcular-se- cada uma das incgnitas da equao para assim se poder saber
determinar qual a F.E.F..
Para saber qual ser a quantidade de gs natural consumida por cada uma das turbinas do
sistema em estudo, utiliza-se a seguinte frmula:
.
3
( )
Q
mcomb m
PCI
=
(6.4)
onde
.
mcomb o consumo de combustvel (gs natural) por cada uma das turbinas em
3
/ m s ,
Q
=
=
(6.5)
Considerando que 1m
3
de gs natural equivale a 10,53kWh o valor ser de,
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 103
.
1867968 10, 53 19670689, 3 / mcomb kWh ano = = (6.6)
Dado o sistema ser composto por trs turbinas no total o sistema consumir:
.
19670689, 3 3 59012068 /
comb
m kWh ano = = (6.7)
A empresa apresenta um valor de consumo de combustvel que se situa no escalo 3 da
tarifa aplicvel logo ter um tarifrio fixo de energia de 0,027794 / kWh, tal como possvel
observar na Tabela 6.2.
Tabela 6.2 Tarifas Transitrias. (www.edp.pt)
Tarifa Escal o
Consumo anual
(m
3
)
Termo tari fri o
fixo (/di a)
Energi a
(/ kWh)
Tari fa base
Escalo 1 10. 000 - 80.000 1, 5852 0, 043834
Escalo 2 80. 001 - 350. 000 1, 5852 0, 037834
Escalo 3
350. 001 -
2. 000. 000
1, 5852 0, 027794
A produo de energia elctrica anual ser dada pela seguinte expresso:
24 / 230 /
3000 24 / 230 /
16560000 /
EE EE
EE
EE
Pd P h dia dias ano
Pd h dia dias ano
Pd kWh ano
=
=
=
(6.8)
em que
EE
Pd a produo de energia elctrica anual,
EE
P a potncia elctrica instalada por
turbina expressa em kW .
A manuteno tem um custo de 0, 002 / kWhlogo no sistema em estudo a manuteno
anual ter o valor de,
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 104
/
16560000 0, 002
33120
Manut EE Manut
Manut
Manut
C Pd C kWh
C
C
=
=
=
(6.9)
Tendo assim determinado todos as variveis j ser possvel calcular a factura energtica
futura:
. . . 59012068 0,027794 33120 5941516 0,087 16560000 0,12
. . . 203013,3/
FEF
FEF ano
= + +
=
6.4.3 Viabilidade Financeira
O payback uma das tcnicas de anlise de investimento mais comuns que existem
payback o tempo entre o investimento inicial e o momento no qual o lucro lquido acumulado
se iguala ao valor desse investimento, isto , payback corresponde ao nmero de anos que
necessrio esperar para reaver o dinheiro investido. O payback uma ferramenta til que
permite uma apreciao da rentabilidade de um investimento em relao ao tempo. Em
geral, quanto menor o PB melhor o investimento. prtica corrente, na anlise de
empreendimentos, fixar-se um perodo de recuperao mximo aceitvel (maximum
acceptable payback period, na terminologia anglo-saxnica); este perodo estabelecido
pelo investidor. Regra geral, aceita-se o projecto se o payback for inferior ao perodo
mximo estabelecido; rejeita-se caso seja superior. (M. Vinha et al R. Verssimo, 2006)
Assim o payback pode ser calculado atravs da seguinte frmula:
( )
(1800000 3) (200000 3)
6, 3
1073559, 7 203013, 3
Investimento
Payback
FEA FEF
Payback anos
=
+
= =
(6.10)
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 105
A empresa
ao investir 6000000 recuperar o valor do investimento inicial em
aproximadamente 6 anos.
Os critrios de avaliao que so habitualmente usados para medir o interesse econmico
dos projectos contam com despesas e receitas futuras que naturalmente apresentam uma
margem de erro devido incerteza existente. Assim, quando se admitem como certos os
parmetros que condicionam a avaliao (custos, receitas, durao dos equipamentos, encargos
de operao e de manuteno e outros), isso resulta mais da atitude de quem avalia do que de
evidncias objectivas. Como consequncia, mais correcto falar-se em obter uma previso dos
dados necessrios anlise de um projecto do ponto de vista econmico.
Os indicadores de avaliao de investimentos mais usados na avaliao de projectos de
investimento em centrais de produo descentralizada so o VAL e a TIR.
6.4.3.1 Cash Flow
Cash flow a medida de rentabilidade de um projecto, ou seja, os fluxos lquidos gerados
pelo projecto que assumem a forma de numerrio (fluxos de tesouraria). Os registos relevantes
para a medio do cash flow so as receitas e despesas efectivas em numerrio, no os custos e
proveitos que apenas tm um registo contabilstico e no correspondem entrada ou sada
efectiva de dinheiro.
6.4.3.2 VAL
O valor actual lquido (VAL) a diferena entre as entradas e as sadas de dinheiro, os
chamados fluxos monetrios (Cash-flow), devidamente actualizados durante a vida til do
empreendimento.
Um projecto de investimento considerado rentvel quando o seu VAL positivo.
H duas frmulas para o clculo do VAL. Quando existe um nico investimento no
momento inicial, aplica-se a expresso,
( )
I
j
CFp
VAL
n
p
p
+
=
1 1
(6.11)
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 106
em que CFp Cash flow de explorao do perodo p, I a despesa de investimento inicial e j
a taxa de actualizao.
Quando h diversos investimentos escalonados no tempo, aplica-se a expresso,
( )
( )
= =
+
+
=
n
p
n
p
p
j
Ip
j
CFp
VAL
0 1
1
1
.
(6.12)
onde Ip = a despesa de investimento no perodo p
A frmula utilizada para calcular o VAL ser a seguinte,
(1 ) 1
(1 )
n
n
a
VAL I R
a a
+
= +
+
(6.13)
onde I o investimento em , R a receita bruta expressa em e aa taxa com o valor de 10%.
20
20
(1 0,10) 1
6000000 1987200 10636185
0,10(1 0,10)
VAL
+
= + =
+
Assim poder concluir-se que a empresa ao investir 6000000 valoriza o capital investido a
uma taxa de 10%, e que no final dos 20 anos (vida til do equipamento) para alm de recuperar
o capital investido, poder gerar um excedente de 10636185 .
6.4.3.3 TIR
A taxa interna de rendibilidade de um projecto de investimento a taxa de actualizao que
anula o valor actual lquido. Pode dizer-se que a TIR a taxa mais elevada a que o investidor
pode contrair um emprstimo para financiar um investimento, sem perder dinheiro. Num
projecto de investimento convencional, a TIR uma funo decrescente e convexa que tende
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 107
para um valor negativo do investimento (I ) quando a taxa de actualizao (j) tende para
infinito (Figura 6.7)
A avaliao da TIR situa imediatamente o interesse do empreendimento na escala de
avaliao do mercado financeiro.
Figura 6.7 Conceito de Taxa Interna de Rentabilidade.
Na prtica, a TIR calculada por um processo iterativo. No processo mais simples,
determinam-se, por tentativas, dois valores do VAL, respectivamente positivo e negativo,
correspondentes a dois valores de j to prximos quanto possvel, sendo o valor da TIR
finalmente determinado por interpolao atravs da expresso,
( )
(
+ =
2 1
1
1 2 1
VAL VAL
VAL
j j j TIR (6.14)
em que j
1
a taxa para a qual o VAL > 0; j
2
a taxa para a qual o VAL < 0; VAL
1
o valor
actual lquido positivo; e VAL
2
o valor actual lquido negativo.
Os resultados obtidos para o caso de estudo foram os seguintes,
-4,E+01
-2,E+01
0,E+00
2,E+01
4,E+01
6,E+01
8,E+01
1,E+02
1,E+02
1,E+02
-1,00E+01 1,40E+02
VAL
Taxa de actualizao (j)
TIR
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 108
Tabela 6.3 Resultados TIR
Iterao TIR
0 10%
1 32, 5680%
2 32, 5680%
TIR=32,6% significa que a empresa ao realizar o investimento conseguir valorizar o seu
capital a uma taxa de 32,6%.
Comparao entre VAL e TIR
Estes dois mtodos de avaliao so frequentemente utilizados de uma forma
complementar, devido a responderem a diferentes necessidades de anlise. A TIR permite
avaliar os projectos de uma forma imediata, seleccionar aqueles cuja TIR se situa acima de um
dado valor predefinido e eliminando aqueles cuja TIR est abaixo desse valor. Dois projectos
podem ter TIRs iguais e VALs diferentes, tudo dependendo da intensidade capitalista de cada
um. De um modo idntico, um projecto pode ter uma TIR inferior de outro projecto, mas
possuir um VAL superior. a poltica financeira da organizao que investe que seleccionar os
projectos a executar em funo das disponibilidades e das diversas alternativas em presena.
(Zunido e tal Magalhes, 2006)
TIR > TA (Taxa de actualizao) Implica que o VAL > 0; o projecto consegue gerar
uma taxa de rendibilidade superior ao custo de oportunidade do capital, pelo que
estamos perante um projecto economicamente vivel.
TIR < TA Implica que o VAL < 0; o projecto no consegue gerar uma taxa de
rendibilidade superior ao custo de oportunidade do capital, pelo que estamos perante um
projecto economicamente invivel.
(Ministrio da Economia e da Inovao, 2008)
Os critrios de avaliao de viabilidade financeira do projecto para a empresa em estudo
apresentam, portanto, valores indicativos de um investimento rentvel para diminuio da
factura energtica actual.
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 109
6.4.4 Emisses Gasosas
As emisses de CO
2
referentes situao actual podem ser calculadas da seguinte forma,
contabilizando os consumos de electricidade actual e de fuelleo actual.
A Tabela 6.4 apresenta os valores de converso de electricidade em toneladas de CO
2
emitidas, tornando possvel determinar o total de emisses de CO
2
resultantes do consumo de
electricidade actual.
Tabela 6.4 Converso de Electricidade em Emisses de CO
2
Consumo de
Electri ci dade
(MWh)
Factor de Converso
Electri ci dade (site EDP)
kg CO
2
/MWh
Total de Emisses
de CO
2
(ton)
5941, 516 414 2458, 788
Relativamente s emisses referentes ao consumo de Thick Fuelleo, estas so calculadas
da seguinte forma,
2
CO
Em Dados da actividade Factor de emisso Factor de oxidao = (6.15)
onde Dados da actividadecorresponde ao consumo anual de Thick Fuelleo, o
Factor de emisso toma o valor de
2
77, 4 / tonCO TJ , o Factor de oxidao 0, 995e
sabendo que 1 tonelada de Thick Fuelleo corresponde a 40,17 GJ,
2
2
2
1869, 2 40,17 77, 4 0, 995
5782, 6
CO
CO
Em
Em tonCO
=
=
Assim, o total de emisses de CO
2
corresponde soma de emisses calculadas
anteriormente,
2
2
5782, 6 2458, 788 8241,37
Totais CO
Em tonCO = + =
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 110
De seguida calcula-se o total de emisses por energia consumida,
2
2
/
TotaisCO
TotaisCO kWh
EE TH
Em
Em
CO CO
=
+
(6.16)
( )
2
/ 2
8241, 37
0, 3 /
5941516 1869, 2 11530
TotaisCO kWh
Em tonCO kWh = =
+
Aps implementao da cogerao as emisses de CO
2
sero calculadas tendo em conta o
tipo de combustvel - gs natural. A combusto deste gs apresenta a seguinte equao
estequiomtrica,
( )
4 2 2 2 2 2
3, 76 CH a O N bCO cH O dN + + + +
O
C
H
N
2 2
1
4 2
2 3, 76
a b c
b
c
a d
= +
=
=
=
2
1
2
15, 04
a
b
c
d
=
=
=
=
( )
4 2 2 2 2 2
2 3, 76 2 15, 04 CH O N CO H O N + + + +
4 2
4 2
4 2
1 1
16 44
1000 2750
CH CO
g CH g CO
g CH g CO
Tendo em conta que a massa volmica de CH
4
de
0,84 kg/m
3
,
3
4 2
3
4 2
1,19 2, 75
1 2, 31
m CH kg CO
m CH kg CO
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 111
Sabendo que sero utilizados
3
5603904 / m ano de gs natural, o valor de emisso de
gases apresentar um valor dado pela seguinte frmula,
2 2
2
2, 31 5603904 12945018 /
12945 /
EmissoCO kgCO ano
tonCO ano
= =
=
De seguida calcula-se o total de emisses por energia consumida,
2
2
/
TotaisCO
TotaisCO kWh
GN
Em
Em
CO
=
2
/ 2
12945
0, 2 /
59012068
TotaisCO kWh
Em tonCO kWh = =
6.5 Painis CPCs e de Vcuo
Os sistemas industriais solares trmicos, como fonte de energia renovvel, podem cobrir
uma parte significativa das necessidades de calor e electricidade industrial. Estas necessidades
em calor industrial constituem cerca de 1/3 das necessidades totais de energia nos pases da
Europa do Sul.
Uma das principais aplicaes dos painis solares destina-se produo de gua a elevadas
temperaturas destinada a uso industrial: temperaturas superiores a 80 C e 100 C (gua saturada
ou vapor).
A instalao industrial em larga escala conduz a custos de sistema muito baixos, de tal
forma que os sistemas solares para obteno de calor de processo industrial podero ser
economicamente competitivos, a curto prazo, face aos sistemas que usam combustveis fsseis.
Os custos dos investimentos actuais em sistemas solares trmicos variam entre 250 e 500
Euros/m
2
(correspondendo a 250 1000 /kW de potncia trmica) conduzindo a custos mdios
energticos, na Europa do Sul, que vo de 2 a 5 cntimos/kWh para aplicaes a baixas
temperaturas e de 5 a 15 cntimos/kWh para sistemas a mdia temperatura.
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 112
Para a situao energtica que a empresa apresenta iro ser estudados diferentes cenrios
que englobam dois tipos de painis solares: CPCs e de Vcuo.
O desenvolvimento da ptica permitiu muito recentemente a descoberta de um novo tipo de
concentradores (chamados CPC ou Winston) que combinam as propriedades dos colectores
planos (tambm podem ser montados em estruturas fixas e tm um grande ngulo de viso o
que tambm permite a captao da radiao difusa) com a capacidade de produzirem
temperaturas mais elevadas (> 70C), como os concentradores convencionais do tipo de lentes.
Os painis solares - CPC (colector parablico composto), pela sua especial construo, fazem a
captao da energia solar de um modo verdadeiramente eficiente, obtendo uma rentvel
utilizao especialmente em regies de menor insolao.
A diferena fundamental entre estes colectores e os planos a geometria da superfcie de
absoro, que no caso dos CPCs a superfcie absorvedora constituda por uma grelha de
alhetas em forma de acento circunflexo, colocadas por cima de uma superfcie reflectora. A
captao solar realiza-se nas duas faces das alhetas j que o sol incide na parte superior das
alhetas e os raios que so reflectidos acabam por incidir na parte inferior das alhetas, aumentado
assim ainda mais a temperatura do fluido e diminuindo as perdas trmicas.
O segredo do elevado rendimento do sistema deve-se a uma superfcie de espelhos
cncavos que permite concentrar a radiao num conjunto de tubos de vidro sob vcuo com
reduzidas perdas. A superfcie reflectora, atravs da sua configurao, permite assim concentrar
a radiao com a utilizao de materiais espelhados com elevado nvel de reflectividade. O
ngulo de abertura destas superfcies permite captar a radiao directa e a difusa tal como nos
colectores planos.
Para os CPCs a eficincia ptica apresenta valores na ordem dos 0,70, semelhantes aos
colectores planos no entanto tendo em conta o melhor isolamento trmico o valor de UL <3,5
W/mK. Os custos do sistema com estes colectores so:
Custos especficos do colector: ~ 250 /m (No inclui montagem, reparao e IVA);
Custos de sistema para uma habitao unifamiliar para 4m/350l: ~ 3200 (IVA
includo mas no inclui montagem nem acessrios suplementares).
Vantagens:
Tem elevada eficincia mesmo com elevadas diferenas de temperaturas entre o
absorsor e o meio envolvente (e.g. no vero);
Tem uma elevada eficincia com baixa radiao (e.g. no inverno);
Suporta aplicaes de calor com mais eficincia do que os colectores planos;
Funciona com elevadas temperaturas, e.g. para condicionamento do ar.
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 113
Desvantagens:
Mais caro do que um colector plano.
A nova tecnologia de colectores de vcuo proporciona maior rendimento na captao da
radiao solar. Disponveis em diferentes superfcies, so especialmente indicados para sistemas
de aquecimento central ou sistemas de arrefecimento por absoro, pois permitem atingir
temperaturas elevadas sem perda de rendimento.
Vantagens:
Apresenta boa eficincia, mesmo com elevadas diferenas de temperatura entre o
absorsor e o meio envolvente (p.e. no vero);
Apresenta boa eficincia com baixa radiao (p.e. no inverno);
Suporta cargas trmicas com mais eficincia do que os colectores planos;
Atinge elevadas temperaturas, possibilitando a utilizao em sistemas de ar
condicionado e produo de vapor;
Facilmente transportado para qualquer local (apresenta um baixo peso e pode ser
montado no local da instalao);
Atravs da afinao das placas absorsoras (na montagem, na fbrica ou durante a
instalao) estas podem ser alinhadas em direco ao sol (no caso de certos produtos);
Colectores de tubos de fluxo-directo podem ser montados horizontalmente num telhado
plano, providenciando menores perdas trmicas, devido ao vento e menores custos de
instalao evitando-se a remoo de material do telhado e mantendo a sua estrutura
intacta.
Desvantagens
Mais caro do que um colector plano;
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 114
6.5.1 Dimensionamento da Instalao de Painis Solares
A orientao ptima em Portugal, para os sistemas solares voltada a Sul com uma
inclinao de 38. Um desvio pouco acentuado para Este ou Oeste prejudica a captao na
ordem dos 5%, desde que a inclinao se reduza para cerca de 25. O sistema pode instalar-se
respeitando a inclinao do telhado da habitao, minimizando-se, assim, o possvel impacto
visual do sistema com a arquitectura do imvel, assegurando um ngulo mnimo de 10. Quando
possvel, o ngulo com a horizontal ser o da Latitude 5. Os ngulos com a horizontal
superior a 35 favorecem o Inverno e os ngulos inferiores a 35 favorecem o Vero. Assim, em
instalaes de uso estival, a inclinao dever ser de 30 e, para instalaes de uso anual, a
inclinao dever ser de 45, sendo admissveis desvios de 15 para qualquer dos casos. Para o
caso em estudo a inclinao considerada foi de 30 que para a latitude de 41 optimiza os
parmetros determinantes de clculo, fraco solar anual e investimento de projecto.
Para o caso de estudo analisaram-se duas solues possveis de implementao dos painis
solares: a primeira possibilidade passa por aquecer uma pequena quantidade de gua de
reposio, desde 15 a 80 C, que necessria adicionar ao sistema devido a perdas existentes
durante o processo, ver Figura 6.8; a segunda possibilidade passa por fazer o aquecimento de
toda a gua, gua de recirculao, que d entrada na caldeira atravs do sistema solar trmico,
desde 83 a 120 C (Figura 6.9).
Caldeira
U
t
i
l
i
z
a
o
Reposio
Painis
Solares
Figura 6.8 Soluo 1
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 115
A primeira soluo no se apresentou vivel devido grande amplitude de temperatura que
era necessrio garantir. Esta soluo implicava um elevado nmero de painis e
consequentemente um elevado investimento inicial que, de acordo com os clculos efectuados,
no seria vantajoso para a empresa. Os clculos que se apresentam de seguida so efectuados
para a segunda soluo.
O caudal mssico de vapor necessrio pela indstria de 13,8kg/s, e assim num dia e em
toneladas o valor de 1192320 / l dia .
A energia necessria ao aquecimento de guas designada por carga trmica vai ser dada
pela expresso:
( )
.
0, 00116
cons utiliz rede
Q V ND T T = (6.17)
onde
cons
V o volume de gua consumido por dia e por habitante expresso em / / l dia pessoa;
ND o nmero de dias do ms;
utiliz
T a temperatura de utilizao da gua e
rede
T a
temperatura de gua da rede.
O comportamento do sistema avaliado com base da sua fraco solar f que representa a
relao da energia fornecida pelo sol (nos colectores) e a energia necessria (carga trmica):
Painis
Solares
Caldeira
U
t
i
l
i
z
a
o
Reposio
Figura 6.9 Soluo 2
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 116
(6.18)
O clculo da fraco solar faz-se atravs de dois coeficientes:
(6.19)
(6.20)
onde I a radiao mdia mensal incidente na superfcie dos colectores expressa em
2
/ / kWh m dia ; o rendimento ptico mdio do colector, baseado na temperatura de entrada
e A a rea til de colectores em
2
m , para os clculos efectuados o valor utilizado foi de
3000m
2
. Este valor foi determinado tendo em conta a maximizao do valor da fraco solar
(f~1) em funo do investimento (<1000000).
O coeficiente X deve ainda ser corrigido, tendo em considerao dois factos:
A capacidade de acumulao (volume do depsito) faz variar a fraco solar
factor de correco
1
C ;
A temperatura de utilizao condiciona o comportamento do sistema factor de
correco
2
C (Figura 6.10)
.
Tabela 6.5 Temperaturas mdias mensais para a cidade de Porto (
C)
Ci dade Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Porto 8, 8 9, 3 11, 0 12, 6 15, 1 17, 9 19, 8 19, 6 18, 4 15, 5 11, 3 9, 0
Tabela 6.6 Radiao global incidente em superfcie inclinada a Sul (Wh / m
2
/ dia)
Ci dade Incl i nao Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Porto 30
0
2598 3609 4671 6100 6477 6805
Ci dade Incl i nao Jul Ago Set Out Nov Dez
Porto 30
0
7080 6748 5620 4314 3099 2612
solar
ct
Q
f
Q
=
0
0, 024 (100 )
arg
amb
ct
ND k T A perdas mensais nos colectores
X
c a trmica mensal Q
= =
arg
ct
energia mesal absorvida nos colectores I ND A
Y
c a trmica mensal Q
= =
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 117
O factor final de X , ser igual a:
2 1 0
C C X X = (6.21)
A fraco solar mensal para sistemas lquidos dada a partir da expresso:
2 2 3
1, 029 0, 065 0, 245 0, 0018 0, 0215 f Y X Y X Y = + + (6.22)
2 2 3
1, 029 0, 065 0, 245 0, 0018 0, 0215 f Y X Y X Y = + + (6.23)
para valores de Y e X compreendidos entre 0 < Y < 3 e 0 < X < 18, respectivamente.
Figura 6.10 Factor de correco para a temperatura de utilizao da gua (C
2
)
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 118
Se, ao efectuar os clculos, a fraco mensal for superior a 1 (o que pode acontecer nos
meses de vero) deve tomar-se f=1, uma vez que a energia excedentria desperdiada.
A fraco anual calculada do seguinte modo:
, ,
,
,
, ,
solar anual mensal CT mensal
meses solar anual
anual
CT anual
CT anual CT mensal
meses
Q f Q
Q
f
Q
Q Q
=
=
`
=
(6.24)
A radiaao solar incidente nos colectores intalados na indstria de papel como lgico vai
variar ao longo do dia no possiblitando aos colectores a garantia da sua potncia mxima
durante todo o intervalo de tempo. Existe assim a necessidade de garantir um depsito para
acumulao de gua que ir ter um volume igual ao volume de consumo dirio, V= 1200m
3
.
Com base nestes clculos e expresses efectuaram-se as seguintes tabelas para os diferentes
cenrios:
6.5.1.1 Cenrio 1
Utilizando um painel concentrador CPC12 Galcia com as seguintes caractersticas:
Tabela 6.7 Paineis CPCs Galcia.
VICOREN - CPC
Modelo CPC12 CPC18
Tubos sob vcuo 12 18
o 0,66 0,66
a1 w/m
2
/k 0,82 0,82
a2 w/m
2
/k 0,006 0,006
Material tubos Cobre Cobre
Superfcie selectiva Nitrato de Alumnio Nitrato de Alumnio
rea til m
2
3 3
Presso mxima Bar 10 10
Ligaes mm 15 15
Peso kg 37 54
Dimenses mm 16401390100 16402080100
Cdigo 571 8710
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 119
Tabela 6.8 Preo de painis CPCs
Cdigo Designao Preo
571 Painel CPC Colector sob vcuo 2 m
2
(1) 975,24
8710 Painel CPC Colector sob vcuo 3 m
2
(1) 1383,48
Tendo em conta a temperatura de entrada de gua na caldeira e a temperatura da gua
sada,
83
120
entrada
sada
T C
T C
=
=
Tabela 6.9 Valores utilizados para T=120C
Tentou garantir-se este intervalo de temperatura atravs da utilizao de painis, obtendo-
se os seguintes resultados,
Tabela 6.10 Resultados obtidos para T=120C
Porto Janei ro Feverei ro Maro Abri l Mai o Junho Jul ho
I
( kWh/ m
2
. di a)
2, 5980 3, 6090 4, 6710 6, 1000 6, 4770 6, 8050 7, 0800
T amb (C) 8, 8 9, 3 11 12, 6 15, 1 17, 9 19, 8
c2 2, 1025 2, 1038 2, 1075 2, 1050 2, 0800 2, 0700 2, 0700
ND 31 28 31 30 31 30 31
Porto Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
I ( kWh/ m
2
. di a) 6, 7480 5, 6200 4, 3140 3, 0990 2, 6120
T amb (C) 19, 6 18, 4 15, 5 11, 3 9
c2 2, 0700 2, 0700 2, 0750 2, 1075 2, 1025
ND 31 30 31 30 31
Janei ro Feverei ro Maro Abri l Mai o Junho Jul ho
X_0 0, 105218 0, 104641 0, 102680 0, 100834 0, 097949 0, 094719 0, 092527
Y 0, 100520 0, 139637 0, 180727 0, 236017 0, 250603 0, 263294 0, 273934
f 0, 090959 0, 128994 0, 168288 0, 219878 0, 233589 0, 245450 0, 255253
Q_CT 1586406 1432882 1586406 1535231 1586406 1535231 1586406
X 0, 154854 0, 154097 0, 151478 0, 148578 0, 142614 0, 137248 0, 134072
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 120
Tabela 6.10 (continuao)
Utilizando o mesmo painel concentrador tentou garantir-se um aumento de temperatura at
100C, utilizando-se os seguintes valores,
Tabela 6.11 Valores utilizados para T=100C
Porto Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Agt Set Out Nov Dez
I
( kWh/ m2. di a)
2, 5980 3, 6090 4, 6710 6, 1000 6, 4770 6, 8050 7, 0800 6, 7480 5, 6200 4, 3140 3, 0990 2, 6120
T amb
(C)
8, 8 9, 3 11 12, 6 15, 1 17, 9 19, 8 19, 6 18, 4 15, 5 11, 3 9
c2 1, 8375 1, 8363 1, 8325 1, 8250 1, 8000 1, 7800 1, 7700 1, 7725 1, 7775 1, 7950 1, 8325 1, 8375
ND 31 28 31 30 31 30 31 31 30 31 30 31
Os resultados obtidos encontram-se na tabela 6.12,
Tabela 6.12 Valores obtidos para T=100C
Janei ro Feverei ro Maro Abri l Mai o Junho Jul ho
X_0 0, 229003 0, 227748 0, 223479 0, 219461 0, 213184 0, 206153 0, 201382
Y 0, 218778 0, 303915 0, 393347 0, 513683 0, 545430 0, 573051 0, 596209
f 0, 194632 0, 271829 0, 349670 0, 448764 0, 474521 0, 496683 0, 514861
Q_CT 728889 658351 728889 705377 728889 705377 728889
X 0, 294555 0, 292741 0, 286668 0, 280362 0, 268612 0, 256867 0, 249512
Q_sol ar 141865 178959 254870 316548 345873 350349 375276
Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Anual
X_0 0, 201884 0, 204898 0, 212179 0, 222726 0, 228501
Y 0, 568251 0, 473262 0, 363283 0, 260968 0, 219957
f 0, 493394 0, 417937 0, 325314 0, 233809 0, 195763 0, 368547
Q_CT 728889 705377 728889 705377 728889 8582081
X 0, 250488 0, 254944 0, 266603 0, 285701 0, 293909
Q_sol ar 144298 184833 266973 337564 370567 376823 404935
Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Anual
X_0 0, 092758 0, 094142 0, 097488 0, 102333 0, 104987
Y 0, 261088 0, 217445 0, 166914 0, 119904 0, 101062
f 0, 243638 0, 203554 0, 155861 0, 110124 0, 091512 0, 179162
Q_CT 1586406 1535231 1586406 1535231 1586406 18678647
X 0, 134406 0, 136412 0, 141601 0, 150967 0, 154515
Q_sol ar 386508 312503 247258 169066 145175 3346503
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 121
Q_sol ar 359630 294803 237118 164923 142689 3162903
Utilizando o mesmo painel concentrador tentou garantir-se um aumento de temperatura at
90C, utilizando-se os seguintes valores,
Tabela 6.13 Valores utilizados para T=90C
Porto Janei ro Feverei ro Maro Abri l Mai o Junho
I ( kWh/ m
2
. di a) 2, 5980 3, 6090 4, 6710 6, 1000 6, 4770 6, 8050
T amb (C) 8, 8 9, 3 11 12, 6 15, 1 17, 9
c2 1, 7050 1, 7025 1, 6950 1, 6850 1, 6600 1, 6350
ND 31 28 31 30 31 30
Porto Jul ho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro
I
( kWh/ m
2
. di a)
7, 0800 6, 7480 5, 6200 4, 3140 3, 0990 2, 6120
T amb (C) 19, 8 19, 6 18, 4 15, 5 11, 3 9
c2 1, 6200 1, 6233 1, 6313 1, 6550 1, 6950 1, 7050
ND 31 31 30 31 30 31
Os resultados obtidos encontram-se na seguinte tabela,
Tabela 6.14 Valores obtidos para T=90C
Janei ro Feverei ro Maro Abri l Mai o Junho Jul ho
X_0 0, 556150 0, 553101 0, 542735 0, 532978 0, 517732 0, 500657 0, 489071
Y 0, 531319 0, 738080 0, 955270 1, 247516 1, 324617 1, 391696 1, 447937
f 0, 438437 0, 592599 0, 737032 0, 903993 0, 944668 0, 978833 1, 006050
Q_CT 300131 271086 300131 290449 300131 290449 300131
X 0, 663766 0, 659159 0, 643955 0, 628647 0, 601605 0, 573002 0, 554606
Q_sol ar 131588 160645 221206 262564 283524 284301 301946
Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Anual
X_0 0, 490291 0, 497608 0, 515293 0, 540905 0, 554931
Y 1, 380039 1, 149351 0, 882260 0, 633779 0, 534182
f 0, 974310 0, 855326 0, 693745 0, 518247 0, 440779 0, 757727
Q_CT 300131 290449 300131 290449 300131 3533798
X 0, 557122 0, 568207 0, 596967 0, 641784 0, 662310
Q_sol ar 292420 248429 208214 150524 132291 2677655
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 122
6.5.1.2 Cenrio 2
Utilizando um painel concentrador CPC18 Galcia com as caractersticas apresentadas na
Tabela 6.7, obtiveram-se os valores apresentados na tabela seguinte, para garantir a temperatura
de 120C,
Tabela 6.15 Valores obtidos para T=120C
Janei ro Feverei ro Maro Abri l Mai o Junho Jul ho
X_0 0, 1052177 0, 1046408 0, 1026795 0, 1008336 0, 0979493 0, 0947190 0, 0925269
Y 0, 1005198 0, 1396367 0, 1807268 0, 2360166 0, 2506032 0, 2632939 0, 2739340
f 0, 0909589 0, 1289940 0, 1682878 0, 2198784 0, 2335892 0, 2454503 0, 2552530
Q_CT 1586405, 606 1432882, 483 1586405, 61 1535231, 232 1586405, 61 1535231, 23 1586405, 61
X 0, 1548541 0, 1540967 0, 1514780 0, 1485783 0, 1426142 0, 1372478 0, 1340715
Q_s ol ar 144297, 6502 184833, 2954 266972, 669 337564, 2118 370567, 274 376823, 028 404934, 737
Agos t o Setembro Out ubro Novembro Dezembro Anual
X_0 0, 0927577 0, 0941421 0, 0974879 0, 1023334 0, 1049869
Y 0, 2610885 0, 2174448 0, 1669140 0, 1199042 0, 1010615
f 0, 2436379 0, 2035543 0, 1558607 0, 1101242 0, 0915117 0, 17916199
Q_CT 1586405, 61 1535231, 23 1586405, 61 1535231, 23 1586405, 61 18678646, 7
X 0, 1344059 0, 1364119 0, 1416011 0, 1509674 0, 1545145
Q_s ol ar 386508, 491 312502, 9 247258, 361 169066, 135 145174, 731 3346503, 48
Utilizando o mesmo painel concentrador tentou garantir-se um aumento de temperatura at
100C, obtendo-se os seguintes valores,
Tabela 6.16 Valores obtidos para T=100C
Janei ro Feverei ro Maro Abri l Mai o Junho Jul ho
X_0 0, 2290031 0, 2277476 0, 2234789 0, 2194613 0, 2131838 0, 2061531 0, 2013822
Y 0, 2187785 0, 3039151 0, 3933465 0, 5136831 0, 5454304 0, 5730514 0, 5962092
f 0, 1946316 0, 2718290 0, 3496698 0, 4487639 0, 4745205 0, 4966832 0, 5148606
Q_CT 728889, 0624 658351, 4112 728889, 062 705376, 512 728889, 062 705376, 512 728889, 062
X 0, 2945553 0, 2927411 0, 2866676 0, 2803619 0, 2686117 0, 2568667 0, 2495125
Q_s ol ar 141864, 8352 178959, 008 254870, 498 316547, 503 345872, 831 350348, 679 375276, 231
Agos t o Setembro Out ubro Novembro Dezembro Anual
X_0 0, 2018844 0, 2048976 0, 2121794 0, 2227256 0, 2285009
Y 0, 5682514 0, 4732621 0, 3632834 0, 2609679 0, 2199574
f 0, 4933942 0, 4179370 0, 3253143 0, 2338089 0, 1957630 0, 36854733
Q_CT 728889, 062 705376, 512 728889, 062 705376, 512 728889, 062 8582080, 9
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 123
X 0, 2504880 0, 2549438 0, 2666035 0, 2857013 0, 2939093
Q_s ol ar 359629, 616 294802, 951 237118, 055 164923, 274 142689, 479 3162902, 96
Utilizando o mesmo painel concentrador tentou garantir-se um aumento de temperatura at
90C, obtendo-se os seguintes valores,
Tabela 6.17 Valores obtidos para T=90C
Janei ro Feverei ro Maro Abri l Mai o Junho Jul ho
X_0 0, 5561505 0, 5531014 0, 5427346 0, 5329776 0, 5177322 0, 5006574 0, 4890709
Y 0, 5313192 0, 7380796 0, 9552701 1, 2475161 1, 3246167 1, 3916963 1, 4479367
f 0, 4384370 0, 5925988 0, 7370318 0, 9039931 0, 9446684 0, 9788332 1, 0060496
Q_CT 300130, 7904 271085, 8752 300130, 79 290449, 152 300130, 79 290449, 152 300130, 79
X 0, 6637656 0, 6591586 0, 6439546 0, 6286470 0, 6016048 0, 5730024 0, 5546064
Q_s ol ar 131588, 4458 160645, 1619 221205, 947 262564, 0316 283524, 079 284301, 279 301946, 457
Agos t o Setembro Out ubro Novembro Dezembro Anual
X_0 0, 4902906 0, 4976083 0, 5152929 0, 5409051 0, 5549309
Y 1, 3800391 1, 1493509 0, 8822598 0, 6337791 0, 5341823
f 0, 9743099 0, 8553264 0, 6937451 0, 5182469 0, 4407793 0, 75772715
Q_CT 300130, 79 290449, 152 300130, 79 290449, 152 300130, 79 3533798, 02
X 0, 5571221 0, 5682065 0, 5969669 0, 6417840 0, 6623100
Q_s ol ar 292420, 408 248428, 842 208214, 254 150524, 36 132291, 448 2677654, 71
6.5.1.3 Cenrio 3
Utilizando um painel de Vcuo ER Galcia com as caractersticas apresentadas na Tabela
6.18.
Tabela 6.18 Caractersticas Painel Vcuo ER Galcia
VICOREN - VCUO
Modelo CPC21
Tubos sob vcuo 21
o 0,66
a1 w/m
2
/k 0,82
a2 w/m
2
/k 0,006
Material tubos Cobre
Superfcie selectiva Nitrato de Alumnio
rea til m
2
1,33
rea total m
2
2,32
Presso mxima Bar 10
Ligaes mm 15
Peso kg 51
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 124
Dimenses mm 16401450100
Cdigo 4070
Tabela 6.19 Custo Painel Vcuo ER Galcia
Cdigo Designao Preo
4070 ER- Vcuo 2 m
2
623,70
Tambm para este painel tentou-se garantir as trs temperaturas testadas nas hipteses
anteriores, 120C, 100C e 90C. Para a temperatura de 120C os resultados obtidos resumem-se
na Tabela 6.20,
Tabela 6.20 Valores obtidos para T=120C
Janei ro Feverei ro Maro Abri l Mai o Junho Jul ho
X_0 0, 1052177 0, 1046408 0, 1026795 0, 1008336 0, 0979493 0, 0947190 0, 0925269
Y 0, 1005198 0, 1396367 0, 1807268 0, 2360166 0, 2506032 0, 2632939 0, 2739340
f 0, 0909589 0, 1289940 0, 1682878 0, 2198784 0, 2335892 0, 2454503 0, 2552530
Q_CT 1586405, 606 1432882, 483 1586405, 61 1535231, 232 1586405, 61 1535231, 23 1586405, 61
X 0, 1548541 0, 1540967 0, 1514780 0, 1485783 0, 1426142 0, 1372478 0, 1340715
Q_s ol ar 144297, 6502 184833, 2954 266972, 669 337564, 2118 370567, 274 376823, 028 404934, 737
Agos t o Setembro Out ubro Novembro Dezembro Anual
X_0 0, 0927577 0, 0941421 0, 0974879 0, 1023334 0, 1049869
Y 0, 2610885 0, 2174448 0, 1669140 0, 1199042 0, 1010615
f 0, 2436379 0, 2035543 0, 1558607 0, 1101242 0, 0915117 0, 17916199
Q_CT 1586405, 61 1535231, 23 1586405, 61 1535231, 23 1586405, 61 18678646, 7
X 0, 1344059 0, 1364119 0, 1416011 0, 1509674 0, 1545145
Q_s ol ar 386508, 491 312502, 9 247258, 361 169066, 135 145174, 731 3346503, 48
Para a temperatura de 100C os resultados foram os da tabela seguinte,
Tabela 6.21 Valores obtidos para T=100C
Janei ro Feverei ro Maro Abri l Mai o Junho Jul ho
X_0 0, 2290031 0, 2277476 0, 2234789 0, 2194613 0, 2131838 0, 2061531 0, 2013822
Y 0, 2187785 0, 3039151 0, 3933465 0, 5136831 0, 5454304 0, 5730514 0, 5962092
f 0, 1946316 0, 2718290 0, 3496698 0, 4487639 0, 4745205 0, 4966832 0, 5148606
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 125
Q_CT 728889, 0624 658351, 4112 728889, 062 705376, 512 728889, 062 705376, 512 728889, 062
X 0, 2945553 0, 2927411 0, 2866676 0, 2803619 0, 2686117 0, 2568667 0, 2495125
Q_s ol ar 141864, 8352 178959, 008 254870, 498 316547, 503 345872, 831 350348, 679 375276, 231
Tabela 6.21 (continuao)
Agos t o Setembro Out ubro Novembro Dezembro Anual
X_0 0, 2018844 0, 2048976 0, 2121794 0, 2227256 0, 2285009
Y 0, 5682514 0, 4732621 0, 3632834 0, 2609679 0, 2199574
f 0, 4933942 0, 4179370 0, 3253143 0, 2338089 0, 1957630 0, 36854733
Q_CT 728889, 062 705376, 512 728889, 062 705376, 512 728889, 062 8582080, 9
X 0, 2504880 0, 2549438 0, 2666035 0, 2857013 0, 2939093
Q_s ol ar 359629, 616 294802, 951 237118, 055 164923, 274 142689, 479 3162902, 96
Para a temperatura de 90C os resultados foram os da tabela seguinte,
Tabela 6.22 Valores obtidos para T=90C
Janei ro Feverei ro Maro Abri l Mai o Junho Jul ho
X_0 0, 5561505 0, 5531014 0, 5427346 0, 5329776 0, 5177322 0, 5006574 0, 4890709
Y 0, 5313192 0, 7380796 0, 9552701 1, 2475161 1, 3246167 1, 3916963 1, 4479367
f 0, 4384370 0, 5925988 0, 7370318 0, 9039931 0, 9446684 0, 9788332 1, 0060496
Q_CT 300130, 7904 271085, 8752 300130, 79 290449, 152 300130, 79 290449, 152 300130, 79
X 0, 6637656 0, 6591586 0, 6439546 0, 6286470 0, 6016048 0, 5730024 0, 5546064
Q_s ol ar 131588, 4458 160645, 1619 221205, 947 262564, 0316 283524, 079 284301, 279 301946, 457
Agos t o Setembro Out ubro Novembro Dezembro Anual
X_0 0, 4902906 0, 4976083 0, 5152929 0, 5409051 0, 5549309
Y 1, 3800391 1, 1493509 0, 8822598 0, 6337791 0, 5341823
f 0, 9743099 0, 8553264 0, 6937451 0, 5182469 0, 4407793 0, 75772715
Q_CT 300130, 79 290449, 152 300130, 79 290449, 152 300130, 79 3533798, 02
X 0, 5571221 0, 5682065 0, 5969669 0, 6417840 0, 6623100
Q_s ol ar 292420, 408 248428, 842 208214, 254 150524, 36 132291, 448 2677654, 71
Tabela 6.23 Resultados relativos ao painel CPC12 Galcia - Cenrio 1
83C-90C 83C-100C 83C-120C
rea ( m
2
) 3000 3000 3000
N Col ectores 1500 1500 1500
Custo/ Col ector* () 634 634 634
Custo Fi nal () 951, 000 951, 000 951, 000
f anual 0, 75773 0, 36855 0, 17916
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 126
* - dado o nmero elevado de colectores o fornecedor concedeu um desconto de 35%
Tabela 6.24 Resultados relativos ao painel CPC18 Galcia - Cenrio 2
83C-90C 83C-100C 83C-120C
rea ( m
2
) 3000 3000 3000
N Col ectores 1000 1000 1000
Custo/ Col ector* () 899 899 899
Custo Fi nal () 899, 262 899, 262 899, 262
f anual 0, 75773 0, 36855 0, 17916
* - Dado o nmero elevado de colectores o fornecedor concedeu um desconto de 35%
Tabela 6.25 Resultados relativos ao Painel Vcuo ER Galcia - Cenrio 3
83C-90C 83C-100C 83C-120C
rea ( m
2
) 3000 3000 3000
N Col ectores 2256 2256 2256
Custo/ Col ector* () 405 405 405
Custo Fi nal () 914447 914447 914447
f anual 0, 75773 0, 36855 0, 17916
* - Dado o nmero elevado de colectores o fornecedor concedeu um desconto de 35%
6.5.1.4 Cenrio Vivel
Para que a implementao de um sistema solar trmico seja economicamente vivel
necessrio que jogue com factores, como o nmero de colectores, consequente rea ocupada e
fraco solar, pois tudo isso implica custos. No sector industrial, para que um projecto de
instalao de colectores solares seja vivel, necessrio que a rea ocupada pelos colectores no
exceda os 4000 m
2
e que a fraco solar anual obtida seja na ordem dos 30%.
Analisando os valores resultantes apresentados para os painis solares considera-se o
cenrio 2 como a mais vivel tendo em conta o custo final e a fraco solar.
Tendo em conta a Figura 6.11, o valor da fraco solar para as reas de 2500 m
2
e de 3000
m
2
semelhante, ambas garantindo aproximadamente 30%. Uma vez que a reduo da rea de
3000 m
2
para 2500 m
2
implica uma reduo em cerca de 150000, definiu-se esta ltima como a
rea til de colectores. Os valores do investimento e lucro a seguir apresentados sero
determinados em funo desta rea.
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 127
Figura 6.11 Relao entre a fraco solar e rea de colectores
6.5.1.5 Investimento e Lucro
O investimento ser calculado atravs da seguinte frmula,
Investimento custo painel taxa IVA N colectores = (6.25)
em que a taxa de IVA de 12% e o preo do colector de 899.
899 / 1,12 833 838975 Investimento colector colector = =
Uma vez que se desconhece os custos de instalao e outros custos associados, ir admitir-
se que estes so inferiores ao custo relativo da taxa de potncia e possveis aumentos do kWh.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
f
(
%
)
rea (m
2
)
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 128
Tabela 6.26 Investimento do cenrio vivel.
Fraco Solar
(f )
rea total
( m
2
)
N.
col ectores
Investi mento
()
0, 034181578 250 83 83. 571
0, 067708153 500 167 168. 149
0, 100586991 750 250 251. 720
0, 13282536 1000 333 335. 291
0, 164430524 1250 417 419. 869
0, 195409751 1500 500 503. 440
0, 225770306 1750 583 587. 011
0, 255519455 2000 667 671. 589
0, 284664466 2250 750 755. 160
0, 313212604 2500 833 838. 731
0, 341171135 2750 917 923. 309
0, 368547326 3000 1000 1. 006. 880
0, 395348442 3250 1083 1. 090. 451
0, 421581751 3500 1167 1. 175. 029
0, 447254518 3750 1250 1. 258. 600
0, 472374009 4000 1333 1. 342. 171
0, 496947492 4250 1417 1. 426. 749
0, 520982231 4500 1500 1. 510. 320
0, 544485493 4750 1583 1. 593. 891
0, 567464545 5000 1667 1. 678. 469
Como forma de calcular o lucro relativo que advm da utilizao dos colectores solares na
indstria de papel recorre-se seguinte expresso,
,
0, 087 / N de anos - Investimento
solar anual
Lucro Q kWh = (6.26)
em que 0,087 corresponde ao preo de 1 kWh de electricidade. Na tabela seguinte apresenta-se
os valores relativos ao lucro face fraco solar respectiva.
Dimensionamento de Solues Energeticamente Eficientes 129
Tabela 6.27 Lucro do cenrio vivel.
Fraco Solar
(f )
Lucro 5
anos
()
Lucro 10
anos
()
Lucro 15
anos
()
Lucro 20
anos
()
0, 034181578 44. 036 171. 643 299. 249 426. 856
0, 067708153 84. 619 337. 388 590. 156 842. 925
0, 100586991 123. 792 499. 304 874. 816 1. 250. 328
0, 13282536 160. 573 656. 438 1. 152. 302 1. 648. 166
0, 164430524 193. 984 807. 837 1. 421. 690 2. 035. 543
0, 195409751 226. 065 955. 569 1. 685. 074 2. 414. 579
0, 225770306 255. 836 1. 098. 683 1. 941. 530 2. 784. 376
0, 255519455 282. 318 1. 236. 224 2. 190. 131 3. 144. 037
0, 284664466 307. 551 1. 370. 262 2. 432. 973 3. 495. 683
0, 313212604 330. 556 1. 499. 843 2. 669. 130 3. 838. 417
0, 341171135 350. 353 1. 624. 015 2. 897. 677 4. 171. 338
0, 368547326 368. 983 1. 744. 846 3. 120. 708 4. 496. 571
0, 395348442 385. 466 1. 861. 383 3. 337. 300 4. 813. 216
0, 421581751 398. 822 1. 972. 673 3. 546. 525 5. 120. 376
0, 447254518 411. 093 2. 080. 786 3. 750. 479 5. 420. 172
0, 472374009 421. 298 2. 184. 767 3. 948. 236 5. 711. 705
0, 496947492 428. 458 2. 283. 665 4. 138. 872 5. 994. 079
0, 520982231 434. 614 2. 379. 547 4. 324. 481 6. 269. 414
0, 544485493 438. 785 2. 471. 461 4. 504. 137 6. 536. 813
0, 567464545 439. 993 2. 558. 454 4. 676. 916 6. 795. 377
Atravs da anlise da tabela anterior verifica-se que existem lucros ao longo do tempo de
vida til do equipamento, no final de 5 anos obter-se- um valor de 330556 e no final de 20
anos um valor de 3838417 mostrando assim que se trata de um investimento vivel.
Captulo 7
7 Concluses e Trabalho Futuro
7.1 Concluses
O elevado consumo de energia tem conduzido a sociedade na pesquisa de solues
energeticamente eficientes e baseadas em fontes de energia alternativa e renovveis.
Por anlise do perfil nacional de consumo de energia, verificou-se que o sector industrial
representa cerca de 29% do consumo de energia. Neste sector, a indstria do papel contribui de
forma significativa para este valor.
Aliado ao elevado consumo, surgem tambm os aspectos negativos associados s emisses
de gases de efeito de estufa. Assim, ser necessrio no s encontrar solues energeticamente
eficientes, mas tambm tecnologicamente limpas.
Para a realizao deste trabalho foi considerada uma indstria do papel, cujo consumo de
energia depende de fontes de energia baseadas em combustveis fsseis.
Tendo como base a auditoria energtica realizada empresa em estudo, tentou-se, no
decorrer deste trabalho, analisar a viabilidade econmica e ambiental da implementao de um
sistema de cogerao e de um sistema utilizando energia renovvel, neste caso, recorrendo a um
sistema solar trmico.
A opo pela implementao do sistema de cogerao nesta empresa deveu-se ao facto de,
em termos nacionais, a indstria papeleira ser o sector que mais contribui para o total de energia
Concluses 131
elctrica com origem nesta forma de produo tendo-se mantido, atravs de novos
investimentos, como o principal sector cogerador e, desta forma, aumentar a sua auto-
suficincia em relao s necessidades de consumo. Da anlise efectuada neste trabalho,
confirmou-se que a hiptese da cogerao vivel, sendo um investimento que a empresa deve
considerar a curto prazo, uma vez que diminui a factura energtica actual, para rapidamente
usufruir da poupana resultante da implementao deste sistema. Tambm a nvel ambiental
verificam-se melhorias significativas no que diz respeito s emisses de gases com efeito de
estufa, sendo este um factor importante e que dever ser tido em conta na tomada de deciso.
Relativamente ao sistema solar trmico, esta hiptese foi considerada no s pelo facto de
aumentar a percentagem de utilizao de energias renovveis a nvel nacional mas tambm por
se tratar de uma tecnologia que j permite a obteno de calor a temperaturas entre os 80C e
250C com excelentes rendimentos e, por esta razo, j ser um sistema implementado com
sucesso em algumas empresas da indstria do papel. Neste trabalho analisaram-se diversas
solues fazendo variar factores como o tipo de colectores, temperaturas de utilizao e rea til
de captao tendo-se obtido uma soluo economicamente vivel, analisando os valores obtidos
no captulo 6. Tal como na soluo anterior, tambm este sistema apresenta uma diminuio de
emisses de gases com efeito de estufa dado que ir haver um menor consumo de combustvel.
Atravs da implementao dos sistemas apresentados conseguir-se- no s diminuir a
factura energtica actual e melhorar o desempenho ambiental da empresa como tambm
contribuir para os objectivos nacionais de racionalizao energtica e diversificao de fontes de
energia.
7.2 Trabalho Futuro
No desenvolvimento do trabalho apresentado, diferentes perspectivas de trabalho podem
ser sugeridas:
- Recorrer a outras fontes de energia renovvel, como por exemplo, a produo e
consequente utilizao de biogs;
- Verificao das eficincias dos equipamentos produtores de calor tendo em conta as
temperaturas dos gases de escape, bem como, perdas nas tubagens de transporte de vapor.
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