Filosofia para Adolescentes
Filosofia para Adolescentes
Filosofia para Adolescentes
Prefácio
É da natureza humana querer explicar tudo a sua volta, talvez, como
pensava Nietzsche, para evitar surpresas desagradáveis, mas, também, porque,
isso, nos dá grande satisfação, como pensava 24 séculos atrás, Aristóteles. É o
que nos propomos fazer neste livro em relação ao ensino de filosofia para
adolescentes. Um desafio que é em um primeiro momento assustador, mas,
depois, recompensador, porque é da natureza humana querer se comunicar bem
com os outros, embora nem sempre consiga e este desejo inclui a efetivação da
comunicação entre professor e alunos adolescentes.
O ensino de filosofia para adolescentes tem sido deixado de lado como
menos importante para os filósofos, uma atividade paralela, no máximo, sem
importância. O problema é que os doutores em filosofia, fechados em suas salas,
nada mais fazem do que repetir o que os antigos escreveram e, no máximo, tiram
palavras mais difíceis dos textos, mas mantém a ênfase na divulgação da
cronologia dos períodos filosóficos como se fosse importante saber quem veio
depois de quem. Às vezes, destacam temas, mas numa linguagem que o
adolescente médio não entende ou se entende, não relaciona a sua curta
experiência de vida. E a causa reside no fato destes professores desempenharem
nas suas universidades de origem apenas a atividade de tradutor de idiomas, para
tentar descobrir algum detalhe que tenha passado despercebido de Aristóteles, de
um Kant ou outro pensador; lá, o senso crítico é como um ser vivo que morre na
casca, sem nenhuma chance de se viabilizar. Mas, por senso crítico não queremos
dizer apenas pedir a opinião de um aluno. Certa vez, ouvi dois alunos falando que o
professor fez uma prova onde pedia a opinião do aluno e vi que os dois caíram na
risada. Dar nota apenas pela opinião? Sim e não. Sim, mas não somente por isso:
é preciso uma opinião justificada em motivos, de preferência após uma visualização
de duas ou mais alternativas e, então, decidir por uma delas, explicando o por quê
da escolha. Isto é fazer uso da racionalidade!
Há vantagens em ensinar jovens a filosofar (tarefa dividida com a Ciência):
isto amplia a capacidade de perceber o mundo a sua volta. Especificamente a
Filosofia, ela trata daquelas perguntas mais difíceis que vão além das perguntas
que os cientistas fazem. Estes últimos não perguntam se o espaço existe, mas os
filósofos, sim, pois se o espaço existe este universo está em algum espaço? E este
espaço está em algum ou alguns outros, em uma quantidade infinita? Kant, por
exemplo, defendeu a tese de que o espaço é um sentido interno, não real.
Geralmente as perguntas mais fáceis são relacionadas ao senso comum, como os
ditados e crenças populares. Por que vai chover? Porque, respondem, meu joelho
dói. Mas, por que a dor é anterior à chuva? Não sei, dizem eles. Já a ciência pode
dar um passo além: a mudança de pressão atmosférica afeta a sensibilidade dos
nervos de um joelho que tenha sido operado ou lesionado que estão mais perto da
superfície da pele. E a filosofia perguntará: o que é dor? Tudo está determinado? O
que é a gravidade que mantém um oceano atmosférico sobre nossas cabeças?
Dois objetos chegam realmente juntos ao chão, independente da massa? Por que
então a lua nunca caiu sobre a Terra? Não seriam necessários relógios cada vez
mais precisos (e uma série sem fim deles) para procurar uma diferença
pequeníssima entre os dois objetos? Etc.
A desvantagem é que ensinar filosofia seria algo muito precoce para a cabeça
dos adolescentes. Mas, não vemos nisso um problema. A questão central é saber
qual a formação necessária que deve ter um professor para dar aulas de filosofia.
Pergunto isso, pois houve uma estagiária que me substituiu e se saiu melhor do
que eu. Suas aulas davam espaço aos alunos para exporem suas juvenis idéias.
Mas, isto é filosofar? Em parte, sim, ter idéias próprias é importante, mas não é
tudo. Como não recorrer aos pensadores antigos quando eles têm uma opinião
melhor que as nossas? Mas, como compatibilizar estas duas visões? Talvez
apenas depois (e esta idéia a estagiária me ensinou, também) que as opiniões se
esgotarem. De qualquer maneira um professor de filosofia completo ou quase
completo (ninguém é completo) é aquele que tiver bom conhecimento dos
pensadores antigos (ou melhor, dos pensamentos antigos) e, melhor ainda, tiver
desenvolvido seus próprios pensamentos quando aqueles pensamentos antigos se
mostrarem frágeis, limitados. Lembro-me de que os alunos para ironizar a mim ou a
minhas aulas perguntavam: o que é a chuva? O que é um tombo?, pois eu sempre
pergunto sobre tudo. Se daqui a dez ou vinte anos eles se lembrarem disso, de um
professor que os chateava perguntando sobre coisas que ele achavam óbvias,
banais, então eu terei feito o meu trabalho. Há uma definição muito simples de
filosofia: ensinar a perguntar os porquês das coisas; por que os próprios filósofos
não a praticam?
Aliás, há um professor, Girardelli, que defende que a filosofia é a
desbanalização do banal. Eu acrescento: mostrar que o banal é complexo, isto é,
aquilo que as pessoas pensam e fazem como verdadeiro e correto, e, mostrar,
também, que o complexo, as coisas que as pessoas crêem ser incognoscíveis, é
banal, explicável. Ou, em outras palavras, o superficial é profundo e o profundo,
superficial. E para perceber isto é preciso se distanciar ou mais ou menos o que
Nietzsche escreveu: tomar a decisão, triste, de abandonar a cidade para enxergar o
topo dos seus prédios.
E, para que serve a escola? Dizem que ela é reflexo da sociedade: em uma
sociedade onde todos fazem tudo, os mais novos aprenderiam direto com os
adultos (por exemplo: nas sociedade indígenas ou pequenos agrupamentos
humanos isolados); em uma sociedade especializada ou com divisão de trabalho,
levamos os jovens à escola. Mas, isto é insuficiente? Pensamos que não, pois a
escola se propõe a dar uma visão ampla de mundo e, para tal perspectiva, é
preciso uma curiosidade sobre tudo que naturalmente ultrapassará os limites de
uma tribo (ainda que sejam bons selvagens, como pensava Jean-Jacques
Rousseau, queremos viver em um lugar onde as condições de sobrevivência só
garantem a vida de umas seis mil pessoas?), ou, na proposta capitalista, a escola
seria mera fornecedora de mão de obra. Queremos formar um ser completo, idéia
que o próprio Rousseau defendeu e, também, Schiller e, antes deles, Platão e
Aristóteles. Por que não pensar a escola não como reflexo, mas uma visão futura,
utópica mesmo, de uma sociedade ideal?
Não sei se me aproximo dos teóricos do pensamento crítico, pois
acreditamos que o senso crítico é importante para defender nossas idéias ou
reconhecer argumentos melhores do que os nossos, mas entendemos que a
escola, antes disso, procura diminuir aqueles desejos sexuais (concupiscência) e
a preguiça (ou fazemos isto e a escola tem este papel ou valerá a “lei do mais
forte”, queremos esta lei vigorando? Somos, sim, amigo Nietzsche, niilistas ou
pragmáticos?), freqüentes nos jovens e, ainda, os desejos materiais, enfim, o que
chamamos (apressadamente) de egoísmo (apenas quando são excessivos), mais
ativos nos mais jovens, que estão mais próximos deles e os incitam
constantemente. O que não significa que não devamos falar sobre: certa vez, eles
me perguntaram se eu era virgem?, por que eu era solteiro?, me deram o apelido
de um filme de comédia – “o virgem de 40 anos”. Em geral, eles depreciam os mais
velhos e em resposta a isto eu disse que o sexo que os adolescentes praticam é
parecido com o dos coelhos: eles fazem rápido e várias vezes. Falar sobre sexo é
instrutivo, os ajudará no futuro a serem melhores parceiros: disse-lhes, por
exemplo, que os filmes pornôs são úteis pois ensinam posições diferentes para
fazer sexo com quem amamos. Dependendo do nível de renda familiar, é comum o
uso de um vocabulário chulo, que devemos trocar por expressões científicas: ter
relações sexuais em vez de “bimbar” ou “trepar”, dizer testículos em vez de bolas,
vagina em vez de boceta ou perereca, pênis em vez de “pau”, “pica”, etc,
expressões que menosprezam a beleza envolvida em um processo natural, ainda
que a intenção deles não seja ver o outro como um objeto de sua satisfação
pessoal, é, em geral, assim que eles se comportam: sem pensar no outro como
alguém com sentimentos. Não queremos uma sociedade assim. Estamos
ensinando valores, dirão? Sim. E isto é errado? Quando se libera totalmente a
sexualidade juvenil uma das conseqüências é a banalização do corpo, o que inclui
gravidez precoce. Pensar assim é ser conservador? É curioso que, normalmente,
se atribua a conservadores a defesa do controle populacional; ocorre, contudo, que
com menos pessoas no mundo, haverá mais empregos e maiores salários, salários
que não podem ser altos por simples decreto governamental.
Sem sombra de dúvida, contudo, é o nosso dever mostrar a eles que cada um
de nós quer “vender” ou convencer os demais de nossos valores e os valores
vigentes são, na verdade, aqueles valores de pessoas ou grupos que prevaleceram
sobre outros, como uma seleção natural, não da espécie, mas dos valores.
Deve-se levar em conta, também, a sobrecarga de conteúdos sobre os
estudantes: é útil que se estude assuntos mais diversos para estimular a
curiosidade por todas as coisas, mas a quantidade não deve ser excessiva. Em
países como o Japão os alunos chegam às universidades estressados ou, como
preferimos, “exaustos mentalmente”, talvez por falta de minerais ou talvez se
deva às exigências sem sentido e diferente dos anos anteriores, eles já não
aceitam as regras que não sejam racionalmente justificadas. Lembro-me que na
faculdade não havia espaço para a crítica das teorias, apenas o seu “jesuítico” ou
“medieval” estudo. Não que isso não seja importante, mas por que falar tão pouco
durante um semestre inteiro sobre um parágrafo extraído de texto de um pensador,
sem qualquer crítica, pressupondo-o como verdade definitiva. Talvez a indisciplina
dos alunos seja um sinal, um efeito, de uma exaustão mental.
É difícil saber a causa principal entre tantas candidatas. Em uma aula no final
do ano de 2008, parei para pedir silêncio (não conseguia falar, nem ouvir alunos,
era uma aula onde, em círculo, debateríamos filmes sobre o amor, um tema que
não lhe é estranho!) e desta vez, diferente das muitas outras anteriores, expressei
o quanto aquilo me fazia mal, que aquele comportamento era insuportável para o
professor. Uma aluna disse que conversavam muito, porque eu, professor, não me
impunha (ora, é preciso gritar com eles para que se comportem, eles mesmo
precisam de limites e pedem-no ao professor!); outro aluno, disse que eu não era
bom professor e, então, eu pedi que ele fosse à secretaria da educação se queixar,
mas que não ficasse em aula importunando; via-se claramente que é uma geração
descontente com tudo e com todos – outros professores (mais experientes que eu)
já tinham adquirido o hábito de abandonar a sala quando a conversa era excessiva
e outros costumavam mandar os alunos para fora da sala de aula. A própria
secretaria estadual (ausente) rejeitara que se expulsasse ou, antes, suspendesse
alunos, mas não dava outras alternativas. Aquela mesma aluna me perguntou se
eu era autista, pois eu olhava para cima quando falava; não havia percebido isto,
mas procurei uma causa: (a) estava para ter um AVC pela indisciplina deles? (b)
pedia a Deus que mandasse um raio sobre mim? (c) Há, sim, a velha “navalha de
Ocham”, a alternativa mais simples, em geral, é a mais provável: minhas lentes de
contato, não sei por que causa, ficavam secas ou meus olhos não produziam
suficiente lágrimas para os lubrificarem! Na aula seguinte, como a aluna se
comportava mal, batia repetidas vezes na mesa e associei aquele comportamento
anormal ao de um portador de síndrome de Down e perguntei-lhe se ela tinha tal
doença? Há adolescentes gostam de incomodar pelo prazer de incomodar ou para
chamar atenção, como certos animais que gritam para marcar território. É errado
agir assim? Não, contra a irracionalidade às vezes devemos agir
irracionalmente!
Observei, também, uma certa insensibilidade: quando continuam
conversando na mesma altura da voz do professor, mesmo percebendo que o
professor está pedindo que colaborem com ele e, em alguns casos, mesmo quando
o professor está rouco! Por que se comportam assim? Não sentem compaixão
pelos outros? Ou não isto não lhes foi ensinado? Se esta hipótese estiver correta,
então, faz mais sentido ainda a “domesticação” desta condição que lembra a de
animais selvagens. É claro que punição não adianta: ou saem da aula e passam
um tempo isolados (biblioteca, por exemplo), ou, como fizeram com as meninas–
lobo da Índia, joga-se algo para elas para conquistarmos sua atenção. Medidas
frias, dirão? Certamente é isto que dirão muitos psicólogos e pedagogos.
Porquê? Porque eles ficam um período com os alunos e não 80 dias por ano!
Muitos professores crêem que a causa da indisciplina é a desestruturação
das famílias e a falta de afeto. Concordamos, em parte, mas vemos muitos alunos
abraçados, cumprimentando-se, trocando beijos no rosto, sem segundas intenções,
o que indicaria que tentam suprir aquilo que faltou na infância. Há, ainda, muito
comum, um menosprezo da família pela educação e isto pode interferir na
maneira como o adolescente enxerga a escola.
Outra hipótese da indisciplina é, que algumas pessoas já mencionaram: os
meios de comunicação bombardeiam a cabeça dos jovens, os jogo, as músicas on-
line, os celulares, ou seja, a tecnologia, faz com que eles recebam um bombardeio
de informações, mal conseguindo digeri-las completamente e, logo, passando de
uma fonte para outra. A educação (leia-se: os educadores) se ressentem disso,
pois não podemos fornecer a mesma quantidade e nem devemos, pois é a
qualidade que deve-se enfatizar; ocorre que, o pouco do que nós professores
informamos não atrai facilmente a atenção deles. É preciso, então, melhorar a
maneira como se leva os conteúdos aos alunos. Certa vez, li no quadro a matéria
do professor anterior: ele encheu os alunos com textos para copiarem, como se
quisesse apenas faze-los calar a boca.
Como ensinar sobre as estruturas intracelulares apenas com palavras, um
ensino monótono? Outro professor escreveu sobre um poeta português que
ninguém conhece, mais para preencher o tempo de suas aulas; poderia ter
aproveitado para pedir que os alunos construíssem suas próprias poesias! A
questão é que ainda torturamos nossos alunos, um resquício do ensino medieval,
uma tortura psicológica, não física, embora, para nós, seja também física, porém,
microscópica, interna.
Pensamos que o problema estivesse no fato de que os jovens de quinze a
dezoito possuírem alguma deficiência no seu desenvolvimento mental, pois nos
chamou muito nossa atenção o fato de eles precisarem muito tocar as coisas como
condição para aprenderem, etapa que Piaget relacionou a adolescentes de onze
anos e não de quinze, embora as crianças estudadas fossem as Austríacas, de
uma sociedade economicamente melhor estruturada. Mas, eles dominam as novas
tecnologias mais do que nós adultos e mesmo um pequeno atraso mental pode ser
atribuído por professores desmotivados e falta de afeto, mencionada no parágrafo
anterior.
Listemos as causas da indisciplina possíveis:
(a) exaustão mental por excesso de informações, o que faz deles insensível
aos pedidos do professor?
(b) falta de autoridade por parte do professor?
(c) desestruturação familiar e falta de afeto?
(d) falta de autoridade, primeiro, na família?
(e) desprazer no conteúdo dado em aula em comparação com as novas
tecnologias (televisão, celular, internet)?
(f) má alimentação e poucas horas de sono?
Aula 1: Para que serve a escola? O que faremos juntos neste ano?
O que vocês esperam da escola?
Aula 2: o que é filosofia e a necessidade dos porquês.
Aula 3: filosofia estuda tudo ou o todo?
Aula 4: o que pensam os filósofos? (Youtube 1)
Aula 5: as crianças e os porquês: elaborar 20 perguntas.
Aula 6: Mitos (Youtube2 ou retroprojetor).
Aula 7: a coruja, símbolo da filosofia.
Aula 8: construção de uma linha do tempo.
Aula 9 - 12: exercício de causalidade com jornais, revistas, etc.
Aula 13-22: 1o trabalho: Filosofar através das músicas preferidas.
Aula 23: Sócrates.
Aula 24: exercício sobre Sócrates e a explicação do 2o trabalho de
autoconhecimento.
Aula 25: Teoria sobre a mente: Freud.
Aula 26: Estudo sobre Ilusão de ótica e mensagem subliminar: :
exercício prático.
Aula 27: a interpretação dos sonhos.
Aula 28: Angústia, medo e ansiedade.
Aula 29: Quais causas determinaram minha personalidade?
Aula 30: Filosofar através de livros e filmes sobre o amor.
Aula 31: casais sem filhos e a perpetuação da espécie?
Aula 32: o Futebol e a paixão.
Aula 33-36: Entrega do trabalho sobre o autoconhecimento.
Aula 37: Leitura do texto sobre a vida de Buda.
Aula 38: a felicidade reside no prazer? Há um sentido para a vida?
Aula 39: À procura de coisas belas: fotos com celular?
Aula 40: De que são feitas as coisas?
Aula 41: Qual a sua opinião sobre de que são feitas as coisas?
Aula 42: Há um mundo eterno? Estudo de Platão.
Aula 43: Platão e o mito da caverna.
Aula 44: Desenhe Deus, alma e destino.
Aula 45: Há livre-arbítrio?
Aula 46: um medidor de bondade?
Aula 47: como nos tornamos bons? E por que ser bom?
Aula 48: exercício de dilemas éticos ou aulas de etiqueta?
Aula 49: bioética: vida e morte.
Aula 50-51: documentário: O Inferno de Dante.
Aula 52: violência.
Aula 53: elaboração de um jornal sobre o tema da violência.
Aula 54: julgamento: têm os animais direito à vida?
Aula 55: introdução ao assunto “tempo” e “eternidade”.
Aula 56-60: como será o futuro? Comidas, saúde, transporte e
governo.
Aula 61: as empresas têm filosofia?
Aula 62: cooperativismo.
Aula 63: o sentido da visão.
Aula 64: o sentido do olfato.
Aula 65: o sentido do tato.
Aula 66: o sentido do paladar.
Aula 67: o sentido da audição.
Aula 68: os limites da razão.
Aula 69: o pensamento tem uma ordem?
Aula 70: dois testes de inteligência.
Aula 71: exercícios de lógica humana.
Aula 72: quadrado lógico
Aula 73: Explicação do 3o trabalho “faça algo para mudar o mundo”.
Aula 74-75: vídeo “V de vingança”, política, tirania, anarquismo, e
cidadania.
Aula 76-77: Apresentação do 3o trabalho “faça algo para mudar o
mundo”.
Aula 78: Documentário: O segredo.
Aula –79: 4o trabalho: fixe objetivos para toda a vida.
Aula 80: fechamento do ano e notas.
Trabalhos Sócio-
parciais Prova Recuperação participativo Total
(mínimo 2) final
1o trimestre 10 14 24 1 25
2o trimestre 12 16 28 2 30
3o trimestre 19 24 43 2 45
(A3) O professor dispõe do planejamento dos conteúdos a serem lecionado no ano para
enviar por E-MAIL, que inclui os TEXTOS que serão utilizados nos trabalhos parciais e nas
provas.
PROF>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> ALUNO
9788590729303 The myths of time, ego and laws 552 549 1,427
Um texto oportuno para o início do ano é o que trata da importância do silêncio, pelo menos,
naqueles momentos onde ele seja adequado:
Obs: como baixar um vídeo do Youtube? Na internet encontram-se sites onde se pode baixar o
software “VDownloader”, através do qual se baixa com facilidade os vídeos do YOUTUBE. O que é necessário é copiar
o URL do respectivo vídeo, o seu endereço. O vídeo, do computador, se copia para um CD e, este, pode ser exibido
em um DVD.
Caso não consigamos usar a sala, podemos apresentar exemplos de teorias sobre os mais
variados temas tirados de nosso livro Curso de Filosofia Temática:
Heráclito: tudo está constantemente mudando: não somos os mesmos, não entramos duas
vezes no mesmo rio, porque na segunda vez já não somos os mesmos e nem o rio é o mesmo.
Parmênides: aquilo que é, é e não pode não-ser. Assim, só há um ser, sendo o movimento
uma ilusão, esteúnico ser é imóvel, infinito, eterno.
Demócrito: Defendeu a existência de átomos. O que permaneceria se um corpo fosse
divisível, sem fim, em partes cada vez menores? Seriam compostos de pontos sem dimensão?
Corpos com dimensão seriam constituídos de elementos sem dimensão? Se adicionássemos ou
subtraíssemos um destes pontos ao corpo, ele não teria nenhuma alteração em seu tamanho! E,
ainda, o que garantiria que os corpos permanecessem e não simplesmente desaparecessem?
Al Gazali: uma chama não é a causa da queima de um chumaço de algodão; é na presença
dos dois que ocorre a combustão. A idéia de que a chama é a causa do algodão queimar é uma
ilusão.
Epicuro: por que Deus não acaba com o mal? Apresenta as possíveis alternativas: (a)
Deus quer impedir o mal, mas não pode, (b) pode, mas não quer, (c) nem quer e nem pode e (d)
quer e pode. Se Ele quer, mas não pode, é “impotente”. Se pode e não quer, é “invejoso”. Se nem
quer e nem pode, é tanto “impotente”, quanto “invejoso” e, por isso, nem mesmo Deus é. Mas, se
quer e pode, por que, então, não impede o mal? Entende Epicuro que o que chamamos de bem e
mal, dependem e “repousam” apenas em nossa sensibilidade, pois conforme a circunstância, algo
bom pode causar algo mau e vice-versa. Mesmo a justiça que nasce da natureza, não passa de um
contrato, uma convenção, vantajosa às partes.
Protágoras: Embora Platão e outros filósofos os criticassem, reconheciam Protágoras
como um dos maiores mestres em retórica. É dele a frase “o homem é a medida de todas as
coisas, das que são e das que não são”, sendo que a verdade é relativa à opinião de cada pessoa.
Sócrates: Acreditava que os deuses nada precisavam; por isso, quanto menos ele
precisasse, mais próximo estaria dos deuses. A sua noção de felicidade se distancia dos
sentimentos, quando ele diz que quando bebemos, porque temos sede, estamos dizendo, ao
mesmo tempo, que sentimos prazer com sofrimento. Dizia que quanto menos precisar, mais
felizes seremos.
Platão: Elaborou uma doutrina em que ele crê na existência de dois mundos, um eterno e o
outro, perecível, temporal, físico e mutável. Este último, uma simples imitação do primeiro. E, o que
somos? Uma matéria na qual foi posta uma forma, humana, existente eternamente em um mundo,
também, eterno. Sobre a alma, especificamente, Platão disse que ela possui três partes: uma
racional ou intelectiva, localizada na cabeça; outra, irascível, na região do coração; e, ainda, uma
outra, concupiscível, na região do umbigo e fígado - “insaciável”. Em todas as pessoas, uma das
partes da alma predomina: no guerreiro, por exemplo, é a parte irascível que prevalece; por meio
dela é que nós nos exaltamos. Nos filósofos, prevalece a intelectiva. E nos demais, a
concupiscível. Para Platão, as três partes da alma devem estar em equilíbrio - a virtude da
temperança - , evitando os excessos.
Santo Agostinho: Nosso nascimento e crescimento visam a alcançar a “perfeição divina” e
uma vez “perfeitas”, não permanecem aí e, por mais que se “esforcem por existir” e quanto mais
rápido crescem, mais depressa acabam por “não existir”, envelhecendo e morrendo
São Tomás de Aquino: os anjos são pura forma, sem matéria, eles não raciocinam, pois
aprendem instantaneamente.
René Descartes: de onde tiramos as idéias de perfeição e infinito se tudo a
nossa volta é imperfeito e finito? Deus põe estas idéias em nossa mente.
Thomas Hobbes: Por que há diferença nas paixões dos indivíduos? Para ele,
isto se deve à diferença dos corpos, da educação e dos costumes recebidos. É esta
diferença que produzirá diferentes talentos nas pessoas e pela mesma causa,
haverá pessoas com “maior ou menor desejo” em relação ao poder, dinheiro, saber e
honra. Há uma tese sobre a loucura: para ele, ela consiste em um excesso de
paixão. Quando há uma ausência de desejos ou paixões, ele diz que “é como estar
morto”. A natureza humana é representada pela “cupidez natural” e pela “razão
natural”, esta última se esforça em tentar que os homens, através de pactos entre si,
evitem a “morte violenta”, que é vista por todos como o mal supremo – somos somos
naturalmente egoístas, o “homem é o lobo do homem”.
John Locke: nada está em nossa mente que não tenha passado pelos sentidos. A
idéia de duração, por exemplo, surge quando percebemos duas ou mais sensações.
David Hume: de onde tiramos a idéia de que somos um “eu”, se tudo o que percebemos
são sensações fragmentadas: estou sentado, ouço o telefone tocar, ligo a tevê, caio no sono?
Kant: a forma não está nas coisas, a forma da gota não está na gota, todas as gotas
parecem ter a mesma forma, mas é a mente que cria a forma.
Schiller Escreveu que dois instintos são primários em nós: a fome e o amor.
Schopenhauer: Para ele, só a dor é real. Pergunta: por que envelhecemos? Para que,
assim, “a morte não seja tão pesada” e sem “sequer ser sentida”. Observou, também, que só
aqueles que passam dos noventa anos, experimentam a “eutanásia” (do grego “boa morte”), aqui,
significando uma “morte calma”, quando morrem sem estarem doentes, quase sempre quando se
encontram sentados e depois da refeição.
Nietzsche: "E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária
solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la
ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e
cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida
há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar
entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio. A eterna ampulheta da existência
será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e
rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um
instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se
esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te
triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras
vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar
de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna
confirmação e chancela?"»
Henri Bergson: Definiu a matéria como uma “fina película entre o homem e Deus”.
Enquanto não a investigamos, Deus se manifesta nela.
Jean-Paul Sartre: a eternidade que procuramos não é a vida que dure eternamente, mas o
descanso da consciência (um desligamento total)
Karl Popper: a história da humanidade não é a história dos generais, dos presidentes, a
história dos livros de história que valorizam apenas umas poucas pessoas, mas a história de cada
ser humano e a história de todos os homens.
Mais importante que decorar ou entender estas e outras teorias será elaborar
críticas que ajudarão a confirmar as teorias ou rejeitá-las.
Nietzsche 1844-1900dC
Karl Marx 1818-1883dC
Santo Agostinho 354dC
Parmênides 530-460aC
Hegel 1770-1831dC
Empédocles 450aC
Kant 1724-1804dC
Jesus Cristo ano 1
Protágoras 490aC
Wittgenstein 1921
Aristóteles 384aC
Demócrito 460aC
Pitágoras 530 aC
Heráclito 500aC
Sócrates 499aC
Renascimento
Grécia antiga
Platão 347aC
Tales 585 aC
Idade Média
Iluminismo
Século XX
Roma
1224dC
Se sobrar tempo (olha ele aí, de novo, o que quer que seja, um Deus Cronos ou uma força
externa ao universo – alguém já saiu para fora do universo para comprovar esta tese? ou, então,
uma força interna, em nossa mente?), podemos propor que os alunos pensem em uma nova forma
de calendário à semelhança de Augusto Comte que estabeleceu o ano 1 a partir da revolução
francesa. Que evento importante tomaríamos côo ano 1 de um novo calendário a ser utilizado por
toda a humanidade?
David Hume opõe-se à existência de causas gerais, apenas particulares. Não saberemos se
o sol vai nascer amanhã, escreveu ele, exceto que há uma probabilidade disto ocorrer, baseada
em nossas experiências passadas e no hábito que se desenvolveu em nós a partir de experiências
repetidas e memorizadas, como em seu exemplo das bolas de bilhar, onde casualmente uma
primeira bola está presente quando se inicia o movimento de outra, ambos movimentos distintos
um do outro (livro: Tratado da natureza humana: p. 82). O máximo que podemos fazer é definir
regras gerais com base nas experiências particulares, como, por exemplo, as causas originadas
pela ação da "gravidade" – que, até hoje, não admitiu exceção. Em resumo: todos os nossos
raciocínios sobre causa e efeito são derivados de nosso costume, uma crença que se origina “mais
propriamente nos sentidos e não na parte intelectiva de nossa natureza” (Tratado: p. 75-6, 183).
George Moore escreveu que encontramo-nos, em toda ação, diante da dificuldade de saber
se as conseqüências (efeitos) produzirão “o maior valor futuro”. Máximas como “não mentir” ou
“não matar” também não podem ser garantidas como as melhores alternativas; pode ser que no
futuro que seja melhor o extermínio de toda a nossa espécie, por exemplo, embora, hoje, seja um
mal restringir a vontade de viver dos homens. Como fazer escolhas? Devemos seguir aquelas
escolhas que foram feitas pela maior parte das pessoas, em vez de nos arriscarmos a nossos
julgamentos isoladamente.
Atividade extra-classe: visita ao Museu de
Ciências:
Sugerimos a visita ao museu de ciências da Pontifícia Universidade Católica e que é uma
oportunidade para observarmos as relações de causa e efeito sob o ponto de vista da
ciência.
Instituto Estadual Dom Diogo de Souza Porto Alegre, ___de novembro de 2008.
A minha casa fica lá de traz do mundo A minha casa fica lá de traz do mundo
Onde eu vou em um segundo quando Onde eu vou em um segundo quando
começo a cantar começo a cantar
O pensamento parece uma coisa à toa O pensamento parece uma coisa à toa
Mas como é que a gente voa quando começa Mas como é que a gente voa quando começa
a pensar a pensar
Outra música do mesmo cantor que, aliás, também é formado em Filosofia. Ela fala das
pessoas – “gente”. Fala da vida como um mistério, onde tudo está conectado (“estrelas estão no
olhar”), que há um determinismo (“o amor, Eros, te elegeu para amar...”), de que há um sentido
para a vida (“gente é para brilhar, não para morrer de fome” e “gente quer ser feliz”), que há uma
força interna que nos guia, mas que podemos não segui-la (“não traia nunca essa força ... que
mora em seu coração”) e, entre outras coisas, que somos parte de algo maior (“gente, espelho de
estrelas, reflexo do esplendor”).
Uma última questão: decidimos punir os alunos que não levaram a sério esta tarefa e não
prestavam atenção aos colegas: fizemos uma avaliação e muitos vieram saber como filosofar com
música, algo que já tínhamos repetido bastante nas aulas anteriores. Apresentei-lhes uma música
conhecida: “Parabéns pra você, Nesta data querida, Muitas felicidades Muitos anos de vida!”. O
surpreendente é que a maioria deles apenas explicou o que a música queria dizer e poucos
filosofaram como lhes sugeri: elaborem perguntas difíceis de responder, geralmente estas são as
perguntas filosóficas. Houve uns três alunos de uns trinta que se revelaram filósofos: eles se
perguntaram por que as pessoas desejam felicidade a alguém, lhe está faltando ou será que já não
a possuem? Por que dão “parabéns”, palavra que se usa depois que uma pessoa faz algo bem
feito? Outro aluno criticou a data, pois ficar mais velho nos entristece e um outro, criticou a data
relacionando-a a motivos comerciais. Expliquei-lhes na aula seguinte que a melodia (a música) é
de uma música norte-americana “Good morning to all” (Bom dia pra você, Bom dia pra você, bom
dia queridas crianças, bom dia para todos!), composta pelas professoras de uma escola infantil
Patty e Mildred Hill, em 1893 (Estados Unidos) e depois registrada em nome de Preston Orem.
Mas a letra, na versão brasileira, foi autoria de uma paulistana, Bertha Celeste Homem de Mello,
que venceu um concurso em 1942, patrocinado pela Rádio Tupi (RJ), que queria uma letra que se
adequasse ao original norte-americano de “happy birthday to you”. Fins comerciais? Pode-se
pensar que uma festa de aniversário (A palavra aniversário vem do Latim “anniversariu” e parece,
pela pesquisa que eu fiz, que significa “aquilo que volta todos os anos” ou “o dia em que se faz um
ano, uma volta da Terra ao redor do Sol”) influencia as pessoas a irem a lojas comprar presentes,
sim, mas os únicos que têm dinheiro em mente são os atuais proprietários da canção que dizem
que têm direitos sobre a execução até 2030!
Encontrei uma aluna que tinha a mesma opinião que a minha (aliás foi ela quem disse
primeiro) : ela questionou o uso de “parabéns”, até porque, na China, os filhos é que agradecem
aos pais por ter lhe dado a vida. Além disso, uma data específica de aniversário pressupõe que
naquele dia voltamos ao dia em que nascemos, mas, segundo, os astrônomos, a Terra e o sol ao
redor do qual ela gira, e todo o universo estão em expansão e, então, não voltamos mais àquele
dia. Uma aluna, aliás, matou a charada dizendo que é uma data simbólica - que símbolo fortíssimo!
Está bem reconheço que a data é simbólica, mas por que um dia para nos sentirmos felizes?
Lembrei mais tarde que os “Testemunhas de Jeová” não comemoram aniversários (além de
Natal, Páscoa e Carnaval) : seu motivo é que são “formas sutis de idolatria, adoração”. De nossa
parte, podemos dizer: que é idolatria à ignorância, pois por que a cada ano devemos ficar felizes,
em uma data específica, que sequer é o mesmo dia em que nascemos? Mais: é, também, uma
idolatria ao “eu”, porque tampouco somos os mesmos a vida toda!
Em outras turmas apresentei, também, uma música infantil muito antiga paralelamente
(nada é simultâneo!) com sua versão atualizada, ecológica:
Como filosofaram? Muitos perguntaram sobre as sete vidas dos gatos, outros, se o gato
mereceu ou não ser maltratado, outros, condenaram o ato e viram com bons olhos a nova versão.
De minha parte, penso que eles poderiam ter perguntado se era um tigre, algumas vezes chamado
de “gato” ou por que essas músicas antigas são violentas, etc.
Outra questão importante a debater é a que se refere à experiência da fome: quem tem uma
família que garanta suas necessidades, incluindo a alimentação, nunca experimentou o que é
sentir fome, pois está condicionado (sim, como os animais) a se alimentar em excesso. Ora, o que
se aprenderá com a fome, perguntarão? A dar valor ao que tem e não comer e beber tão rápido e
em grande quantidade a ponto de não mais sentir o que come e o que bebe. Desprezamos cada
momento da vida e entendemos (equivocadamente) que viver é viver apressado, imerso no caos
de estímulos. Recentemente cientistas chegaram à conclusão a partir da observação de dois
grupos de camundongos que, para surpresa de todos, aqueles que comiam pouco, viviam mais
que o outro grupo, que comiam muito; é como se o corpo, por falta de alimentos, precisasse
trabalhar melhor, ainda que com menos “combustível”. Neste ponto o Budismo está correto, pois
incita-nos a permanecermos no momento presente, em uma experiência onde o tempo passa
devagar ou parece mesmo inexistir – não é esta experiência que eles chamam de encontrar o
divino em nós? Não que concordemos cem por cento com eles, temos uma teoria que defende que
estes momentos de paz ocorrem porque acessamos as memórias fetais. De qualquer modo,
através desta mudança de percepção se alcança uma paz interna. Ainda que não exista um
silêncio completo, o cérebro bombardeado por estímulos externos contínuos, não tem tempo para
trabalhar e procurar as informações que pedimos a ele. Lembra o leitor aquelas vezes quando
precisou lembrar de um nome de uma pessoa ou de um endereço e não conseguiu e só mais
tarde, minutos, horas ou até dias depois é que a informação surgiu... como se viesse do nada?
Não, veio do cérebro.
É oportuno lembrar René Descartes (“Paixões da alma”), define a paixão como um
movimento que vem do corpo e informa à alma o que ele precisa. Quando é forte demais, sugere
que pensemos em outras coisas, do contrário, cabe à alma expressar sua vontade: seguir o corpo
ou não., até porque o autoconhecimento é incompleto se fica limitado ao conhecimento
da personalidade e não do corpo.
Descartes listou seis paixões (emoções) primitivas (originais):
- a admiração (uma súbita surpresa da alma diante de objetos que lhe parecem raros e
extraordinários),
- o amor (uma emoção da alma que nos incita a nos unirmos voluntariamente a objetos que nos
parecem convenientes),
- o ódio (uma emoção da alma que nos incita ao contrário, a nos separamos de objetos
nocivos),
- o desejo (uma agitação da alma que nos dispõe a querer para o futuro coisas convenientes),
- a alegria (uma agradável emoção da alma, em que ela experimenta de um bem que é seu) e
- a tristeza (um abatimento diante de impressões vindas do cérebro de algo mal ou defeituoso).
Descartes explica a origem dessas paixões a partir de movimentos dos órgãos do corpo. Por
exemplo: “aconteceu no começo de nossa vida que o sangue contido nas veias era um alimento
bastante conveniente ... e que não havia necessidade de procurar (outro) alimento”. Isto incitou a alma
à paixão da alegria e fez com que os orifícios do coração se abrissem mais do que de costume e
fizessem com que os (impulsos nervosos) fluíssem com abundância ao cérebro.” Mais adiante: “como a
alegria nos faz corar? ... porque abrindo as comportas do coração, faz com que o sangue corra mais
depressa, inflando as partes do rosto”. Já como a tristeza nos faz empalidecer? “Ela estreita os orifícios
do coração, faz com que o sangue corra mais lentamente, torne-se mais frio e espesso, ocupa menos
espaço, se afasta das veias mais distantes, como as do rosto ”. Há, também, a explicação sobre a
origem do riso: “o riso consiste em que o sangue que vem da cavidade direita do coração infla os
pulmões súbita e repetidas vezes, o que faz com que o ar neles contido seja obrigado a sair com força
pela respiração, formando uma voz incompreensível”.
Tarefa : procure identificar estas paixões (emoções) na segunda avaliação que o professor irá
propor a seguir. Procure, também, questionar se elas são realmente seis? O us e há outras emoções
mais básicas?
Tive um professor com doutorado nos Estados Unidos que disse que se um aluno viesse
fazer o curso de filosofia para conhecer a si mesmo, ele teria feito a escolha errada, pois se alguém
quiser se autoconhecer deve ir a um psicólogo ou psiquiatra. Esta é uma resposta tentadora: quem
sabe um dia existam computadores que digam a nós o que nós somos! O que fazem os
pepsicólogos, profissionais que têm um gás no início e depois nos damos conta de que não
passam de água com açúcar, como os refrigerantes? Eles não mostram os métodos que usam,
pois se o fizessem nos daríamos conta de que tais métodos já foram usados antes por ... filósofos!
Claro que há a divisão da mente em três (id-ego-superego), mas esta é uma hipótese, não uma
resposta definitiva. Aquele professor – como muitos outros – era erudito, mas não sábio.
Na primeira vez que realizamos este exercício a receptividade foi muito boa; os alunos
disseram (na primeira vez não pedimos nenhuma prova, como fotografias ou bilhetes escritos por
familiares, o que teria sido mais interessante e à prova de mentiras!) que por mais difícil que tenha
sido abrir mão por uma semana de doces ou orkut (site de relacionamentos), seus pais notaram (e
até estranharam) sua persistência e logo que acabou o período, embora muitos sentissem vontade
de voltar a fazer aquilo que tinham abandonado, apenas uma pequena parcela voltou a fazer na
mesma intensidade que antes.
Não sei se foi bom o que fiz, mas chamei os “auto-indulgentes”, “intemperantes”, de “almas
fracas”, que são dominados por seus desejos (segundo Platão, são as que visam apenas uma
partes da alma: a raiva ou os desejos da carne), uma análise, digamos, clássica da
mente humana, filosófica e psicanalítica. Ocorre que nossa opinião é de que não somos livres para
decidir, o que ocorre é que às vezes nos entediamos com nosso vícios, enquanto muitos mantém-
se neles, prisioneiros da caverna da sua própria mente. Como foi o professor quem os estimulou,
ele foi uma causa externa a suposta vontade do aluno e se no futuro eles lembrarem deste
exercício será porque: (1) eles se entediaram com seu duradouro vício e (2) há neles um resquício
(memória) de que aquela experiência realizada na disciplina de filosofia foi interessante e
despertou uma sensação muito boa. Sem falar que outras pessoas poderão influenciá-los, por
exemplo, incitando-os a uma nova dieta, criticando-os por um programa de tv que estejam
assistindo, etc.
Uma sugestão aos “marinheiros de primeira viagem” ou abstinência (o que não é
inteiramente verdade, pois muitas alunas fazem dietas, o que envolve o risco – grave - de anorexia
e muitos alunos deixam de fazer o que gostam por censura dos pais) é mostra-lhes que deixar um
bilhete visível para você mesmo é um apoio útil na realização desta tarefa, como o exemplo
que desenhamos aqui. O curioso disto é que estamos lembrando a nós mesmos o que nós
decidimos deixar de fazer, mas que, em algum momento, podemos impulsivamente, voltar a fazer –
o “eu” realmente existe ou somos apenas a soma de nossos desejos e nossas memórias?
Algo bastante característico da condição humana a ser testado nesta experiência diz
respeito a termos desejos crescentes e quase sem fim. Dei o meu próprio exemplo aos alunos: eu
consumia muito refrigerante, não conseguia fazer uma refeição sem eles, me dei conta de que
havia me tornado um escravo daquela bebida, então, decidi ficar sem consumi-la e quando voltei
ao velho hábito, tinha reduzido o consumo a 350ml por dia e não o quase 1 litro que eu consumia.
Podemos falar aos alunos de um filme muito interessante: 40 dias e 40 noites, onde um jovem,
decepcionado por ser traído pela namorada, resolve ficar 40 dias sem sexo, resistindo às
“tentações” da carne, freqüentes nesta época da vida
Uma última questão: devemos oferecer aos alunos uma explicação do funcionamento mental
alternativa a de Freud, qual seja, a de que não há um conflito interno (uma luta de boxe),
mas uma “ corrida ” interna para que um desejo predomine, como uma corrida de cavalos, onde
vencerá o mais veloz e com mais força muscular. Esta tese se assemelha aos primeiros escritos
freudianos, nos quais ele disse que na mente parecia haver múltiplas consciências, “eus” tentando
se exteriorizar e quando um deles conseguia, os outros ficavam incógnitos e não tinham
consciência dele. René Descartes, no século XVI, defendeu, também, que não havia conflito entre
as partes da alma, embora muitas vezes o corpo levava a alma a fazer aquilo que o corpo queria,
tal a violência de um desejo. Descartes se contradiz? O corpo não puxa para um lado, enquanto a
alma, para o outro? Uma possível solução é pensar que não há uma alma, como um soberano
com uma vontade dentro de nós, um “eu” ou “ego”, mas, apenas, corpo com desejos que
irrompem.
É interessante que o professor organize um arquivo com uma série de figuras que contenham
efeitos ópticos. Esta é uma aula que prende a atenção dos alunos, além de estimulá-los a buscar
respostas por que nossa mente percebe na figura outros desenhos escondidos. Uma aula assim
pode ser realizada em um outro lugar, onde exista um aparelho de DVD (que leia imagens “jpeg”),
um antigo retroprojetor ou um “data-show”, se a escola tiver um.
Uma sugestão de um aluno foi a apresentação de imagens relacionadas às chamadas
“mensagens subliminares”. Não sei se é o ideal, pois reafirma a ignorância sobre questões que, por
medo, associamos a demônio e a outras fantasias. Porém, como devemos aprender a fazer do
limão, limonada, podemos, também, questionar os alunos sobre dois pontos:
(a) nós, também, emitimos mensagens escondidas para as outras pessoas? Por exemplo:
quando mentimos para elas? Ou, os dois sexos gesticulam involuntariamente uns para os outros,
como quando as mulheres mexem os cabelos e mostram a nuca (sinais, para a ciência, de que têm
interesse no sexo oposto)?
(b) o inconsciente. Tem ele um papel na assimilação destas mensagens? Lembramos de
nossa educação: como meus pais se preocupavam muito com os filhos e faziam tudo por eles,
crescemos perfeccionistas, como se não quiséssemos decepcioná-los agindo de uma maneira que
poderia produzir um efeito errado.
Há um exercício prático que realizei em aula: pedi a uma aluna uma revista emprestada e dela
copiei um parágrafo, como algo assim: “...Já que citar nomes e eventos reais vai acabar gerando
discussão, portanto vou basear toda minha lista em ‘arquétipos’ comuns, que podem facilmente ser
encontradas no Twitter. Se você sentir ofendido, foi mal, mas a carapuça serviu”. Então, invertemos
uivres açuparac a sam lam iof
letra por letra do fim para o início: “
odidnefo ritnes ecove es rettiwt on sadartnocne res
etnemlicaf medop que snumoc sopiteuqra me atsil ahnim
adot raesab uov otnatrop oassucsid odnareg rabaca iav
siaer sotneve e semon ratic que aj”. Não sei qual foi a reação deles, mas
provavelmente, sentiram que (1) estes textos podem não dizer nada, a menos que nossa
imaginação junte palavras e (2) como saber quando a que momento no tempo a mensagem se
refere: ontem, um século atrás, daqui a vinte anos?
No texto da primeira vez em que fiz este tipo de exercício mostrava algumas palavras “são
sepé” (uma cidade), “rop” (que uma aluna viu como o estilo de música “hip hop” e mais algo
parecido com “omnius” (todos) e, ainda, “adil” que eu interpretei como “ardil”, enquanto uma aluna,
lembrou o nome de um parente dela. Minha conclusão: pela mensagem supostamente ali contida
festa em São Sepé, com músicas de Hip hop
haveria, em breve, uma
e todos cairiam numa armadilha!
Por fim, queremos citar um episódio do dr. “House” (na verdade, dois) muito interessante
onde ele sofre um acidente, mas não lembra o que aconteceu. Então, ele precisa dar a mente
pistas, palavras, imagens para que estas remetam-no àquelas memórias esquecidas. Ele não sabe
como apareceu em uma boate, ele está sem suas chaves e sua moto. O que aconteceu? Ele,
então, pede que estimulem diretamente seu cérebro, com remédios ou eletrochoque, nas áreas da
memória. Aparece-lhe a imagem de uma mulher com uma jóia no pescoço, um âmbar (seiva de
árvores fossilizada, muitas com insetos dentro). Com muito esforço ele acaba lembrando que
estava no ônibus que sofreu o acidente com uma namorada do seu colega de trabalho que tinha
ido busca-lo em um bar, pois o barman havia confiscado suas chaves, pois ele tinha bebido muito.
Esta moça se chamava Amber e ela estava com falência dos órgãos, pois ingeriu um remédio para
o resfriado que, não poderia ser filtrada pelos rins (danificados no acidente) e permaneceu no
corpo. O que foi feito para que “House” relembrasse de todos ou de quase todos os fatos?
Acessou-se o inconsciente, ou melhor, as memórias daquele acidente que tinham sido bem
guardadas no cérebro, por causa do choque do acidente.
Há um texto muito bom sobre o consumismo , onde uma criança pede para o seu pai
dinheiro para ir ao shopping comprar alguma coisa e o seu pai pergunta que objeto ele quer
comprar e ele responde que não sabe, mas sabe que quer comprar algo. Isto prova o desejo de
gastar que muitas vezes não está acompanhado do desejo por um objeto específico
(www.mundojovem.com.br: junho de 2007). Em outro texto (jornal Zerohora, 29 de junho de 2008,
a jornalista Martha Medeiros escreveu uma crônica (“Compro, logo existo”), relata que mesmo
sendo uma consumidora moderada, certa vez e deparou em Buenos Aires com artigos que
encontraria em sua cidade, Porto Alegre. Diz ela: “teve um momento em que me vi dentro de uma
loja revirando cabides e me deu um estalo: o que estou fazendo aqui? Que ânsia é esta de
aproveitar os preços? tenho que aproveitar a cidade, meu tempo livre, minha companhia...”. ela,
mais adiante observa que há uma paixão por artigos e outra por comprar, não importando o quê.
Vinte e cinco séculos antes, Sócrates já disse “quanta coisa de que não preciso”, ao caminhar em
uma feira de artigos de luxo, na praça pública de Atenas.
Mas, uma questão relevante é saber o que é necessário e o que é supérfluo ?
Há uma charge do Jornal Pioneiro de 29/10/2008 onde se vê uma criança diante da tevê ouvindo
mais uma notícia sobre crise econômica e ela diz algo assim: “xi! Acabou minhas bolachas
recheadas”.
Música: Música:
Árvore: Árvore:
Cor: Cor:
País estrangeiro: País estrangeiro:
Número: Número:
Carro: Carro:
Filme: Filme:
Comida: Comida:
Sentimento: Sentimento:
Que carro você seria? B) Aquela coisa toda, nem lá, nem cá.
(Quem é você?) Uma super máquina ou C) Redondo, largado, uma lástima.
aquele carrão caindo aos pedaços? Faça o
teste e descubra! É só somar a quantidade 7. Sua característica mais marcante é:
separada de letras A, B e C e conferir o A) Uma? Mas são tantas...
resultado no final. B) A timidez, sem dúvida.
C) A truculência.
1. Quando você dorme:
A) Na hora que deita, desliga do mundo e só 8. Qual a sua música favorita?
acorda no dia seguinte. A) Born to be Wild, do Steppenwolf.
B) Demora até se ajeitar na cama, mas depois B) Fuscão Preto, de e Artilio Versuti e Jeca
embala. Mineiro.
C) Vira, chuta, fala, ronca, é uma coisa louca a C) Qualquer uma da trilha sonora de Carga
sua noite de sono. Pesada.
Mas, o melhor exercício na minha opinião é pedir que o aluno liste suas qualidades e
defeitos e procure relembrar (aqui se assemelha à tese de Platão da reminiscência) quando
adquiriu tais características. Isto é importante por duas razões: (1) perceber que não somos
um ser imutável, mas constantemente mutável e (2) tentarmos (o que envolve esforço e
riscos) mudar aquilo que está atrapalhando nosso aperfeiçoamento pessoal. Aliás, sobre a questão
(1), certa vez, um aluno me surpreendeu: ele perguntou de que adiantava saber as causas que
faziam ou fizeram nós termos esta personalidade, as qualidades e defeitos que temos? Minha
resposta: saber as causas pode fazer com que possamos alterar o comportamento
quando ele for ruim para nós e/ou para os outros. Ele continuou cético. Na aula seguinte, falei
sobre os médicos que buscam a cura de uma doença : como eles fazem isso, senão
através da descoberta da causa ou das causas que produziram a doença? Outra justificativa:
quantos casamentos acabam em divórcio porque um dos cônjuges descobre que a outra
pessoa não é o que ele ou ela gostaria que fosse? Poderíamos evitar isto se refletíssemos antes
de escolher uma pessoa para viver com ele ou ela por muitos anos e terem filhos juntos? Ou como
disse Russell, quando a névoa através da qual o apaixonado vê o outro baixar...
Vimos na internet a terapia do espelho: isto nos faz perguntar: a psicologia substitui a
filosofia? É como perguntar: a lipoaspiração substitui alguém que faz sua própria dieta? Os
conselhos médicos substituem as regras passadas de pai para filho, de avó para neto? Mas,
podemos refletir sobre o espelho: ele revela o que somos? Certa vez vi a imagem do
cachorro refletida no espelho e seu corpo me pareceu mais comprido. O espelho é um olhar
mais objetivo? Talvez.
As amizades influenciam?
Muito mais do que imaginamos. Em 1998, a psicóloga americana Judith Rich Harris causou
uma revolução nas teorias da personalidade ao afirmar que o convívio com os pais é só um dos
fatores que influenciam a personalidade dos filhos e um dos menos importantes. No livro Diga-me
com Quem Andas..., ela fala que as relações horizontais dos 6 aos 16 anos da criança com seus
pares, o grupo de amigos da escola ou da vizinhança são o grande definidor da personalidade
adulta. A teoria de Judith explicaria por que pais normais, que seguiram sempre as regras da boa
educação, deparam com um filho criminoso. Talvez nossos avós não estivessem errados ao se
preocupar tanto com as más companhias. A teoria também tem uma conseqüência aterradora: de
que a educação teria pouquíssimo efeito sobre os filhos. Eles não se tornam o que os pais querem
que sejam mas o que os amigos querem. Se é assim, então como educar os filhos?
O psicólogo Thomas Kindermann descobriu que crianças de um mesmo grupo tinham notas e
atitudes parecidas na escola. Se fizer parte de um grupo em que o desempenho escolar é
importante, a criança se estimula a ter melhores notas. Se não conseguir, é provável que vá para
outra panelinha, dos esportistas, por exemplo, que não consideram as notas uma coisa superlegal.
Tipos de personalidade:
O gordinho engraçado: se não é o mais bonito ou o mais forte do grupo, conquista o carinho e a
atenção de todos de outro jeito: contando piadas.
A bonita e burra: a moça que nasce mais bonita que a média pode ter mais carinho dos pais
(que tratam cada filho de forma diferente) e ser facilmente aceita entre os amigos. Mas essa
herança pode ter um lado ruim: atraindo a atenção pela beleza,ela talvez não desenvolva
artimanhas para se destaca, correndo risco de ficar vazia e desinteressante.
O tímido e inteligente: por que algumas pessoas são abertas e sociáveis enquanto outras são
quietas e tímidas? Uma explicação é o jeito com que nossos pais nos ensinam os sentimentos. O
rapaz inteligente e introvertido pode ter aprendido com o pai a ser frio e distante.
Ao escolhermos uma profissão, devemos ficar atentos para um fato: há pessoas que não se deixam levar por promessas de bens
materiais, não se prendem a regras e gostam de serem pioneiros (são idealistas: professores, escritores, músicos, etc), outros são
curiosos, organizados e individualistas (são pesquisadores: astrônomos, químicos, arqueólogos, etc), outros são práticos, agem e
não gostam de planejar muito (são ativos: militar, biólogo, Eletricista, etc) e outros são líderes naturais, motivando outros a
trabalhar em equipe (são administradores: advogados, engenheiros, programador de computador, etc). O que faz com que sejam
tão diferentes a ponto de escolherem profissões tão diferentes?
Teste de sobrevivência:
Objetivo: OBSERVAR SE A PESSOA TRABALHA MELHOR SOZINHA OU EM GRUPO, DE ACORDO COM O SEU
NÚMERO DE ACERTOS.
Você e mais um grupo de amigos estão perdidos no interior de um grande Deserto africano, a 50km de uma grande
jazida de minério de ferro. O relógio marca 12 Horas. O termômetro indica uma temperatura de 42º C. Só existem 15
objetos disponíveis para ajudá-los.
Classifique estes objetos por ordem de importância; numerando-os de 1 (o mais importante) a 15 (o menos importante).
( ) Óculos Escuros
( ) Lanterna e 4 Pilhas
( ) Carta Aérea
( ) Canivete
( ) Bússola Magnética
( ) Capa de Chuva (Plástica)
( ) Caixa de Primeiros Socorros
( ) 1 Pára-Quedas
( ) 4 Litros de Vodka
( ) 1 Litro de Água (Por Pessoa)
( ) Pistola Automática 765
( ) 1 Pacote de 500 Gramas de Sal
( ) Livro Sobre “Animais do Deserto”
( ) Espelho de Bolso
( ) Agasalho (Tipo Sobretudo)
CLASSIFICAÇÃO REAL
Aliás, o que é amor? As palavras aceitam os significados que atribuímos a ela, certo. Mas,
há boas teorias que podemos consultar:
• Aristófanes contou a lenda dos seres que tinham os dois sexos (andróginos), mas que por
se rebelarem com os deuses, tiveram seus corpos cortados em duas partes e, por isso, cada uma
delas procura a outra para retornar à condição (ainda que temporária) daquele ser completo de
onde se originaram.
• Platão defende que amar é um sentimento que surge em nós pelo conhecimento que temos
da totalidade da outra pessoa e não por alguma de suas partes do corpo do outro (um desejo
físico).
• René Descartes definiu de um modo claro o que “amar” pode ser: é (a) gostar do outro
tanto quanto gostamos de nós mesmos (amor); (b) é gostar mais do outro do que de nós mesmos
(devoção), que, segundo Descartes deveríamos ter para com o rei e Deus. Quando chego nesta
parte, pergunto: qual dos alunos se atiraria na frente de um carro para salvar sua namorada?
Nenhum deles, respondem ; Ou, (c) gostar mais de nós do que do outro (afeição). Estas distinções
o tempo (leia-se a cultura) não apaga!
O que significa amor platônico? Um amor distante. Idealizado. Há amores ideais? Há três
Outra maneira é simplesmente pedir que nos reunirmos em um grande grupo para falar de
nossos relacionamentos, o que implica abrir um pouco de nossa privacidade, o que não é fácil, mas
os alunos gostam disso, este método prende suas atenções e faz com que atinjamos nosso
propósito que é saber se temos mais chances de ser felizes com uma pessoa parecida conosco ou
diferente de nós? Também, com este exercício, buscaremos motivos como “por que me interesso
mais por pessoas mais extrovertidas?”, por exemplo, ou “por pessoas de um certo tipo físico”? A
idéia de usar retrato falado é tão somente para apresentar-lhes algo diferente, mas o objetivo é o
mesmo.
Lembramos de dois fatos que marcaram minha vida amorosa:
(1) minha primeira professora, meu segundo amor, depois da mãe da gente, era afetuosa,
exigente e tinha cabelos curtos. Até hoje, eu tenho especial admiração por mulheres com cabelos
curtos;
(2) lembro de quanto tempo ficamos apaixonados por uma colega de colégio (da 5a série até
o
o 1 ano (cinco longos anos!) e, então, ela nos deu o fora, dizendo que gostava de mim como
amigo!) , mas por que me apaixonei por ela, se ela é tão diferente de mim, sociável, eu, um
eremita? Fazendo um exercício de reminiscência (método platônico), recordamos que vimos uma
atriz na tevê (Cristina Müllins), desempenhando um papel emocionante (a Santinha que fez
milagres quando criança e se apaixonou por um peão de boiadeiro, José Eleutério) e em seguida
conhecemos esta colega de colégio e associamos uma imagem com a outra! Assim, me apaixonei
por uma pessoa parecida com uma atriz!
Até há pouco tempo me perguntava se havia no mundo uma única pessoa para
amar para sempre (algo como a procura pelo “sapo encantado”). Se cada pessoa é diferente
ao longo da vida, não permanecendo a mesma, como podemos buscar aquela pessoa ideal – em
qual dos momentos temporários? Vê-se que a pessoa ideal não existe, é um esboço de uma
pessoa, uma linha geral apenas!
Outra proposta: refletir sobre sites de encontros : ao escolher certas
características do outro, por que as escolhemos e não outras? Estimule-os a buscar causas
(explicações) para cada escolha que fazemos.
Yahoo. Encontros
Crie o seu perfil:
Sua intenção: ( ) Relacionamento/Romance sério ( ) sexo ( ) amizade/diversão ( )
Relacionamento/Romance casual
Obs.: aqui omitimos as perguntas que o site faz, pois são as mesmas de quem procuramos
(abaixo).
Sugerimos nesta aula dois exercícios: (1o) observar uma série de fotografias de pessoas e
pedir que coloquem algumas (quatro ou cinco) em ordem de beleza. Este exercício ensina muito:
que o belo não é uma questão de escolher algo em detrimento de muitas outras alternativas, mas
uma certa graduação que vai de algo menos belo até algo extremamente belo ou talvez alcance o
conceito que Kant entendia por “sublime” e que via separado das coisas belas. Lembrar um
exemplo familiar no qual alguém estava indeciso entre duas pessoas com diferentes características
física e de personalidade para amar. Amamos o que nos falta? A sociedade interfere? Lembrar
Santo Agostinho e Schopenhauer: para o primeiro, “ninguém ama o que não conhece” e, portanto,
buscamos alguém com características que previamente conhecemos (mas, de onde conhecemos?)
e, para o segundo, buscamos alguém que nos complete e, assim, alguém de baixa estatura
procurará alguém mais alto ou alguém erudito se dará melhor com alguém mais grosseiro e vice-
versa. Qual dos dois está certo? Sugerimos, ainda, que se repita umas duas ou três vezes este
mesmo exercício, para que o aluno perceba algo que percebemos sozinhos: que as nossas
preferências mudam de acordo com nosso presente humor. Podemos pedir que eles teorizem
sobre isso. O que acontece na mente para que nossas escolhas mudem?
(2o) repetir o mesmo exercício anterior, mas, agora, com atenção aos objetos de nosso uso
cotidiano: bebidas, roupas, músicas, estabelecendo uma hierarquia, graus que vai do que menos
gostamos até o que mais gostamos. O objetivo aqui é fazer o aluno refletir sobre os motivos de
suas preferências e aversões.
JERRY STEINBERG
Ter filho para quê?
Professor canadense diz que os casais procriam por inércia e uniões sem filhos são mais felizes e fazem bem ao
planeta
Texto de Paula Mageste
O canadense Jerry Steinberg, de 57 anos, vai logo avisando que gosta de crianças. Mas não em tempo integral.
Gastou sua cota de "paternidade" ajudando a criar os dois irmãos, sendo monitor de acampamento e seguindo a
carreira de professor - dá aulas de inglês para estrangeiros. A gota d'água foi namorar três mulheres que tinham filhos.
Desistiu de formar a própria prole ao ver que o cotidiano que inclui pequenos é cheio de limitações. "Não se pode ter
uma conversa séria às 3 da tarde ou fazer amor às 10 da manhã", diz.
Steinberg sentiu-se isolado em sua decisão e percebeu que estava perdendo os amigos. Eles começavam a ter filhos,
mudavam o rumo na vida e faziam novas amizades em função das crianças. Foi então, há 19 anos, que surgiu a idéia
de fundar um clube de "pessoas sem filhos", o No Kidding. Hoje, são 77 filiais em quatro países, totalizando 8 mil
associados. "Vi que não apenas não estou sozinho, como estou em ótima companhia."
ÉPOCA - Qual porcentagem da população tem filhos por motivos que o senhor considera corretos?
Steinberg - A maioria das pessoas tem filhos sem motivo, sem pensar. A resposta que sempre ouço é que aconteceu
sem planejamento. Acho irresponsável, tolo e egoísta. Crianças são muito preciosas para vir ao mundo por acidente.
ÉPOCA - O senhor acha que as pessoas que optam por ter filhos devem ser questionadas, assim como ocorre com
aquelas que escolhem não procriar?
Steinberg - É claro! A situação hoje é muito unilateral. Os casais que optam por não ter filhos precisam se justificar o
tempo todo, para a família, para os amigos e até para estranhos. Enquanto isso, lemos nos jornais todos os dias sobre
pessoas que nunca deveriam ter procriado. Vemos crianças abandonadas, negligenciadas, que sofrem abuso, pais que
largam a família e não pagam pensão nem querem ver o filho.
ÉPOCA - Por outro lado, a maternidade e a paternidade não são dons naturais, intrínsecos ao ser humano?
Steinberg - De modo algum. Ser boa mãe ou bom pai requer muito conhecimento, dom, habilidade, paciência, energia
e tempo. Se você não tem isso, quais são suas chances reais de sucesso? Parece-me que as pessoas gastam mais
tempo pensando que sapato comprar que em se querem ou não ter filhos. É uma vergonha.
ÉPOCA - Ter filhos não pode ser uma forma de dividir as coisas boas que um casal construiu?
Steinberg - Pode, mas em muitos casos é uma desculpa para o fracasso pessoal. Muita gente abandona as
aspirações de carreira ou de hobby porque tem de sustentar os filhos. Depois, cobra isso da criança, busca realização
por meio dela. É muito cruel exigir que o filho tome conta dos negócios da família. Talvez ele não tenha nem interesse
nem competência. No fim, é uma pena para todos.
ÉPOCA - Mas então não seria melhor rever a forma como se educam os filhos em vez de resolver não tê-los?
Steinberg - Há um problema no modelo adotado pela classe média. Antes os pais ditavam as regras, mas a mesa
virou e agora são as crianças que mandam nos pais. Elas fazem o que querem em locais públicos e os pais se omitem,
numa situação desagradável para os outros.
ÉPOCA - O senhor também defende aquela tese aparentemente fajuta de que não ter filhos é uma decisão
ecologicamente correta?
Steinberg - Não tem nada de fajuto nessa teoria. A quantidade de terra arável, de água potável e de espaço habitável
está limitada no planeta. As pessoas estão sendo forçadas a viver confinadas ou em locais inundáveis ou secos. Não
há pasto. A maioria da população está em centros urbanos, e isso cria vários problemas. Não se produz nada na
cidade, tudo tem de vir de fora. Aí há trânsito. Além disso, existe uma questão psicológica: quanto mais gente viver em
áreas superpopulosas, maior serão a agressividade e a violência. Estamos sob tremenda pressão.
ÉPOCA - Pessoas sem filhos não evoluem menos? Steinberg - Não, ao contrário. A maioria das pessoas sem filhos
que conheço é muito ativa em sua comunidade, faz trabalho voluntário. O foco de quem tem filhos fica mais estreito: é
o lar. Se determinado problema não afeta diretamente seus filhos, não se envolve.
ÉPOCA - Quem tem filhos acaba abrindo mão de algo realmente importante?
Steinberg - Sair para uma cerveja com amigos não é alta prioridade. Mas muita gente precisa parar de estudar ou
encurtar os planos para trabalhar. As aspirações de carreira podem ficar limitadas. Muitas vezes quem tem filho chega
tarde ao trabalho e sai cedo, passa tempo no telefone falando com as crianças ou resolvendo problemas relativos a
elas. Isso pode contribuir para que seja preterido na hora de uma promoção.
ÉPOCA - Por que ainda vemos com estranheza quem opta por não ter filhos?
Steinberg - Mudanças levam tempo. A aceitação de estilos de vida alternativos demora. Há 50 anos era inconcebível
viver junto sem casar. Era pecado. O mesmo valia para mães solteiras ou uniões inter-raciais. Hoje em dia casais
homossexuais adotam crianças ou fazem fertilização para ter os próprios filhos. Vamos chegar a um ponto em que não
procriar também será aceito. Quem, em seu juízo perfeito, insistiria que tenha filhos uma pessoa que não quer, não
tem como bancar e não saberá criar adequadamente uma criança?
ÉPOCA - Como responder à clássica pergunta "Você não vai ter filhos"?
Steinberg - Alguns membros do No Kidding respondem que não podem ter filhos. Acham que a pena que isso
desperta é mais suportável que a indignação. Se alguém insiste comigo, eu digo: "Então tá, você me convenceu. Vou
ter dez filhos e, se não der certo, mando para sua casa para você criar".
Questionário:
(1) Que comparação o filósofo faz entre a paixão pelo futebol e a paixão por uma mulher?
(2) Qual é o objeto da paixão do autor, o time, o técnico, etc ?
(3) Por que a paixão dele não é ser parte da torcida?
(4) Na sentença “É claro que poderia estender isso à paixão amorosa”, o que significa
“isso”?
(5) Dê a sua opinião sobre a causa da paixão futebolística.
Depois de alguns dias, após jogar futebol com alunos na escola, me dei conta de algumas
coisas: (1) quando jogamos, os movimentos são tão rápidos que não dá “tempo” para pensar,
apenas reagir! (2) que o futebol reproduz as caçadas aos mamutes ou algo parecido, como
guerrear, por necessidade e prazer de fazer em grupo algo que não conseguiríamos sozinhos. Esta
conclusão não é filosófica, é antropológica e talvez algum cientista já a tenha posto no papel, mas
não deixa de dar grande satisfação chegar a ela por meio das próprias pernas ou... neurônios!
- “Há 3 000 anos começaram a se formar as principais filosofias e religiões que organizaram as
visões de mundo do homem contemporâneo. Alguns filósofos, como o alemão Karl Jaspers, dão a
essa época o nome de Era Axial. Axial diz respeito a eixo. Foi, portanto, quando o homem
começou a buscar o seu eixo. Ou, segundo Jaspers, quando passamos a prestar atenção em nós
mesmos. A Era Axial estende-se entre os séculos VIII e II a.C.”;
- “O certo é que todos os sábios desse período parecem seguir um caminho comum quando
conclamam seus contemporâneos a radicais mudanças em suas vidas. Do século VIII ao VI a.C. os
profetas de Israel reformaram o antigo paganismo hebreu. Na China dos séculos VI e V a.C.,
Confúcio e Lao-Tsé chacoalhavam as velhas tradições religiosas. Na Pérsia, o monoteísmo
desenvolvido por Zoroastro expandiu-se e influenciou outras religiões. No século V a.C., Sócrates e
Platão encorajavam os gregos a questionar até mesmo as verdades que pareciam mais evidentes.
- “A Índia também passou por grandes transformações. Sua cultura foi dominada pelos arianos,
antigos povos nômades que teriam migrado da Ásia Central 4 000 anos antes. A sociedade ariana
dividia-se em castas: brahmins, os sacerdotes; ksatriyas, os guerreiros e governantes; vaisyas, os
camponeses e criadores de gado; e sudras, os escravos ou marginais. Na Índia dessa época,
surgiu uma revolta contra esses sacerdotes e seus rituais – que incluíam sangrentos sacrifícios de
animais, procurando afastar-se desses rituais e buscar outro tipo de sacrifício, mais interno, de
renúncia às coisas do mundo”;
- “É nessa Índia em ebulição espiritual que surge Sidarta Gautama, o Buda. Era um aristocrata,
da casta ksatrya, a dos guerreiros e governantes. Seu pai, Shudodhana, era o rei do clã dos
sakyas. Vem daí o outro nome pelo qual Sidarta se tornaria conhecido: Sakyamuni, ou "o sábio
silencioso dos sakyas". O pai de Sidarta, temendo que se cumprisse uma profecia segundo a qual
ele se tornaria um homem santo, cercou-o de luxos e prazeres, acreditando que se o mantivesse
ignorante sobre o sofrimento do mundo, iria afastá-lo do caminho espiritual. Aos 16 anos, escolheu-
se uma noiva para ele, a bela Yashodhara, com quem teria um filho, Rahula”.
- “Pouca coisa mudaria na sua vida até os 29 anos. Apesar de todo o luxo, Sidarta sentia-se
infeliz. Certo dia, contra a vontade do pai, saiu para passear fora do palácio e se surpreendeu com
quatro cenas que o tirariam para sempre daquela vida de prazeres: (1o) viu um velho arqueado, de
pele enrugada, movendo-se com dificuldade. Depois, avistou um doente que sofria dores terríveis.
Mais tarde, cruzou seu caminho um cortejo fúnebre. Um morto era carregado por amigos e
parentes que choravam sua perda. Foi um choque e tanto para alguém que sempre vivera
protegido, sem se dar conta de que tudo que nasce também se degenera, envelhece e morre. (4o)
a visão de um mendigo errante, esmolando por comida. Apesar da sua pobreza, tinha porte ereto,
feições radiantes e expressão de profunda serenidade. Sidarta determinou-se a também abraçar
uma vida santa e a buscar uma resposta para o sofrimento que viu no mundo”;
- “Sidarta abandonou o palácio enquanto todos dormiam. Saiu de fininho, sem ao menos se
despedir da mulher e do seu pequeno filho. O príncipe logo aprendeu a dormir no chão e a esmolar
por comida. Além da mendicância, a vida de filósofo-andarilho (ou sramana) incluía práticas de
meditação. Na sua busca, ele se aproximou de dois famosos mestres e rapidamente chegou aos
últimos estágios de absorção contemplativa propostos por eles. Mas ainda não atingira a suprema
realização que buscava”.
- “Dedicou-se então à autoflagelação: um rígido controle dos sentidos desenvolve a
autodisciplina e transfere o máximo de energia corporal para a atividade mental. Durante seis anos,
Sidarta experimentou privações e dores. Mudou radicalmente a alimentação, ampliando o período
entre as refeições. De uma por dia, passou a uma a cada dois dias, três, quatro, até alimentar-se
somente a cada 15 dias. Depois, diminuiu a quantidade até chegar à ração diária de um único grão
de arroz. Simultaneamente, fazia experiências psicológicas, analisando em si mesmo certas
emoções que, acreditava, só poderia eliminar completamente se as observasse em profundidade.
Para analisar o medo e meditar sobre a impermanência, passava noites deitado entre cadáveres e
esqueletos num cemitério. Ainda assim, não alcançara sua realização final. O próprio Sidarta
descreve os efeitos dos jejuns: "Quando eu pensava estar tocando a pele do meu abdomem, era a
minha coluna que eu segurava". Abandonou essas práticas quando já era quase só pele e ossos.
Sua experiência provou que a autoflagelação embota a mente em vez de favorecê-la”.
- “Ele intuiu, então, que o caminho para a libertação não estava nos excessos de ascetismo,
nem nos da sensualidade, mas em um ponto de equilíbrio entre eles. Vem daí a expressão
"caminho do meio", um dos pilares do Budismo. Sidarta voltou a comer. Segundo conta-se, uma
porção de arroz e leite oferecida por uma jovem que o encontrou quase morto à beira de um rio.
Dias depois, recuperado, preparou um assento de capim sob uma figueira – que ficaria conhecida
como a árvore bodhi, ou árvore da iluminação – na região de Bodhgaya, no norte da Índia. Decidiu
então que ou atingiria a iluminação ali ou morreria”;
- “A essência dos ensinamentos budistas está nas práticas meditativas, que se fundam em
tradições anteriores ao próprio Buda. Na meditação busca-se cessar a atividade mental
ininterrupta, na qual pensamentos e fantasias bloqueiam a experiência direta e intuitiva. Na maior
parte do tempo alimentamos pensamentos que podem nos deixar ansiosos, frustrados, com
mágoa, raiva, ressentimento ou medo. Tragada por esse vórtice de sensações, nossa atenção
perde o foco. É por isso que, muitas vezes, comemos sem sentir o sabor do alimento, olhamos
uma pessoa sem vê-la de fato.”
- “Mesmo para um alto praticante como ele, surgiram obstáculos. São imagens que simbolizam
os obscuros medos reprimidos, fragmentos de memória, dúvidas, fantasias e outros conteúdos
mentais tão persistentes e familiares a quem já tenha tentado alguma prática meditativa. Sidarta
transpôs esses obstáculos permanecendo imóvel diante das investidas de Mara, deus indiano da
morte.. Mas há uma pista nas técnicas para lidar com esses conteúdos mentais. Uma delas é a
meditação de ponto único. Nela, a observação concentra-se em um objeto específico (a respiração,
por exemplo), controlando ou suspendendo temporariamente o fluxo dispersivo de pensamentos.
Assim, Sidarta tornou-se um Buda ("o Desperto" ou "o Iluminado") numa noite de lua cheia no mês
de maio, quando tinha 35 anos. Morreu por volta de 483 a.C., depois de um acesso de disenteria
que teria sido causado pela ingestão de carne de porco. Há algo menos divino – ou tão
demasiadamente humano – do que morrer de dor de barriga?”
- “A grande novidade trazida por Buda em sua época foi a idéia de que a vida espiritual, como
capacidade de conhecer a si mesmo, não tem nada a ver com as restrições de casta impostas
pelos brâmanes. Buda diz que todos os seres humanos têm vislumbres de iluminação. Isso
acontece nos momentos em que aquele insistente e auto-referente "eu" não interfere, quando a
mente não se prende ao passado, não sonha com o futuro e se envolve apenas com o momento
presente. Esses vívidos momentos de ligação com o aqui-e-agora contrastam com a mente
habitual. Eles surgem como relances fugidios, mas podem também ser voluntariamente induzidos
pelo processo meditativo. Aí está o fim do sofrimento, a iluminação, o nirvana.
- “Quando ele é representado como um asceta esquelético, refere-se ao Sidarta da fase pré-
Buda. Quando mostrado como um meditador sereno, é o Buda Sakyamuni. Se a figura for a de um
sujeito gorducho e sorridente, quase sempre trata-se de uma divindade local, geralmente símbolo
de prosperidade, na China e no Japão. Vêm do Tibete as famosas imagens de budas em abraços
sexuais com suas consortes, um símbolo da unidade entre iluminação e sabedoria. Apesar do
grande florescimento que teve em sua terra natal, o Budismo foi varrido da Índia em decorrência
das invasões dos hunos no século V d.C. e dos islâmicos nos séculos XII e XIII”.
-“O Budismo só penetraria no Ocidente a partir do século XIX, com o estudo das culturas da
Índia e a publicação de O Mundo como Vontade e Idéia. Nesse livro, o alemão Arthur
Schopenhauer (1788-1860), que influenciaria muitos outros filósofos, como Friedrich Nietzsche,
mergulha nos ensinamentos budistas. O Budismo também chegou à Europa e à América junto com
os imigrantes chineses e, depois, japoneses”.
- “Um grande motivo de estranhamento – e de fascínio – causado pelo Budismo talvez seja a
idéia de um caminho espiritual que depende, em última instância, apenas do esforço de cada
pessoa. O Budismo sustenta que o mundo é uma projeção da mente e que, portanto, o homem não
poderá encontrar no exterior aquilo que não possua dentro de si mesmo”.
23h ir dormir
10h recreio
6h acordar
18h banho
Fala-se, também, que a felicidade não está nos bens materiais, mas podemos
viver sem eles? Ainda que seu consumo seja mínimo, não podemos abrir mão. Karl
Marx opondo-se a Hegel observou que é a condição econômica que guia os
espíritos, nossas escolhas. Podemos pensar que excesso é danoso, basta ver
aquelas pessoas que dedicam-se mais a ganhar dinheiro do que gasta-lo. Ainda
mais em um país injusto como é o Brasil e muitos outros em que uma minoria possui
muito e a maioria possui quase nada. Não devemos, como povo, assemelharmo-nos
aos outros, em uma vida sem excessos? Há muitas pesquisas que tratam disto:
nelas se observa que as pessoas de classe média (intermediária entre a pobreza e a
riqueza) se manifestam mais felizes e o segredo (se é que é segredo) é que este
grupo da população tem bens que garantem uma condição digna.
De qualquer modo, ainda que não tenhamos intenção de reprovar aqueles que
visam o prazer como felicidade, convém, contudo, perguntar: qual é a melhor vida: a
que satisfaz às necessidades de um indivíduo ou à que produz algo para milhões de
indivíduos e, neste ponto, a vida de um filósofo, de um cientista ou de um líder
político e religioso, parecerá a melhor vida! Um exemplo foi Einstein: não se tem
notícia de que fosse obcecado por bens materiais ou visse a felicidade no prazer;
suas descobertas ajudaram a humanidade: a teoria da relatividade, o efeito
fotoelétrico e a fissão nuclear , além de sua atividade política contra o uso da energia
nuclear para fins militares.
É interessante citar Sócrates e Diógenes para quem a vida feliz é uma vida
simples e ela se encontra no exercício da filosofia, não na posse de bens – “quanta
coisa de que não preciso”, diziam eles. Ao olharem uma criança bebendo água com
as duas palmas da mãos, jogaram fora sua caneca, algo supérfluo, para a felicidade
deles.
Há um texto de Platão, chamado de “Philebo”, muito interessante, onde ele
discute qual é a melhor vida, de prazer,de dor ou um terceiro estado, de ausência de
dor?
A maior parte das pessoas crê que o maior bem seja o prazer. Já os mais cultos, crêem que
o bem seja o conhecimento. Mas, para Platão,o bem (a felicidade) reside na posse da virtude e da
sabedoria. São elas as verdadeiras riquezas, bem mais valiosas que o ouro e a prata.
No diálogo “Philebo”, Platão discute sobre qual o modo de vida é o melhor: o que dá
destaque ao prazer, ao conhecimento ou haverá um outro? Primeiro (1o), ele busca conciliar o
prazer com a sabedoria: de que adianta buscar o prazer se não tivermos memória para recordá-lo?
E como nos sentiríamos ao ter conhecimento e memória das coisas, mas sem prazer? Impossível.
Assim, Platão sugere que se procure o bem em uma vida mista, como uma pessoa que nem vive
só de mel, nem só de água, mas uma mistura de ambos.
Mais adiante, no seu livro , o filósofo conclui que a sabedoria e a inteligência (2o) superam o
prazer, pois a nossa mente participa de uma mente maior, ordenadora de todo o cosmo e (3o) que
alguns prazeres são apenas uma dor que cessa e mesmo aqueles prazeres “puros”, específicos da
parte intelectiva da alma - indolores, inconscientes, involuntários – que resultam da atividade da
memória,como quando apreciamos a beleza das cores e das formas, não são “belos em si
mesmos”, mas apenas acompanham as virtudes, como a coragem, a temperança, etc.
Já na obra “A República”, Platão escreveu que os prazeres mais elevados estão submetidos
à alma e à razão.O prazer só aparece em nós como uma conseqüência, após surgir no corpo uma
necessidade, a alma, então, busca “preencher” o que está vazio, ausente, como quando estamos
com sede ou fome. Assim, diante de uma dor, a alma se esforça para retornar à harmonia original
que foi dissolvida. Na mesma obra, ele acrescenta uma importante característica da vida divina: ela
é uma vida sem prazer, nem dor, chamada de estado neutro (ou no grego medétera, nenhuma
das duas, alternativas anteriores), vida desejada pelos filósofos. É esta a melhor vida, porque ela é
uma vida perfeita e eterna, vivida pelos deuses e é ela que devemos buscar!
Perguntas:
(1) para a maioria das pessoas qual é a melhor vida?
(2) qual é o maior bem para as pessoas mais cultas?
(3) em um primeiro momento Platão aceita que o prazer e o conhecimento sejam ambos
procuradoscomo um bem por nós. Que argumento ele utiliza?
(4) que tipo de vida mista é sugerida por Platão?
(5) por que Platão crê que a sabedoria e a inteligência superam o prazer?
(6) Quais são os tipos de prazer, para Platão?
(7) Dê um exemplo de como o prazer está submetido à alma humana?
(8) Por que o prazer só aparece em nós quando sentimos alguma dor?
(9) O que é o estado neutro?
(10) Para os filósofos, o bem (a felicidade) é encontrada em uma vida mista (misturada) ou
em uma vida em que se vive um estado neutro? Por quê?
Tenho uma teoria sobre a felicidade e por que ela não reside no
prazer: imaginemos que as necessidades são como baldes vazios que
precisam ser preenchidos: uma vez preenchidos, a dor (ou a necessidade cessa,
ainda que temporariamente), mas e o prazer, onde está? Ele só pode ser os pingos
que aparecem quando o balde transborda. Pouco, não? Além do mais, se o prazer é
aquilo que buscamos na vida, quando sentimos prazer pela primeira vez o que
buscávamos, se não conhecíamos o prazer? Uma conseqüência desta experiência
mental é que além do prazer e da dor, há, também, um outro terceiro estado – como
Platão chamou – que consiste na ausência da dor, mas que ainda não é pó prazer e
que foi traduzido, nas línguas modernas como “estado neutro”.
Para Epicuro, o sentido Diógenes, está em fugirmos dos prazeres. Também Hegel diz algo
está nos prazere s, já parecido: “somos espírito s finitos amarrados à matéria” e é negando
para ... nossa condição natural que podemos alcançar o absoluto, o infinito.
Como Hegel, Kant acrescentará que o sentido Mas, Nietzsche se oporá a eles dizendo
nada tem a ver com nossa felicidade pessoal: o algo que não podem provar,por isso, são
fim reside no bom uso da nossa razão e da niilistas, defendem o nada após a morte.Só o
nossa vontade e, como elas são capazes de se que existe, diz ele, é este mundo e nossa
realizarem de infinitas maneiras, isto prova que vontade de exercer o poder natural, de se
há uma vida infinita esperando por nós. Tese elevar sobre os demais, de viver esta
não muito diferente dos pensadores vinculados a vida,pois há grande possibilidade de que ela
religiões, como Santo Agostinho e São Tomás se repita infinitas vezes!
de Aquino.
Para Aristóteles, nós temos uma Para Jean-Paul Sartre, não há um sentido, nós é que
essência, somos animais racionais e o construímos, pois nós estamos construindo a nós
nosso fim é exercitar a razão. mesmos constantemente.
Com um crânio de um bobo da corte que o carregava nas costas na infância, Hamlet medita
sobre a mortalidade: "SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO: SERÁ MAIS NOBRE EM NOSSO
ESPÍRITO SOFRER PEDRAS E SETAS COM QUE A FORTUNA, ENFURECIDA, NOS ALVEJA,
OU INSURGIR-NOS CONTRA UM MAR DE PROVOCAÇÕES E EM LUTA PÔR-LHES FIM?”. Este
trecho questiona o SENTIDO DA VIDA. Ele é parte da peça cuja história envolve Hamlet, filho do
rei da Dinamarca que é supostamente picado por uma serpente, mas que, segundo Hamlet, fora
assassinado por seu irmão, Cláudio, que casou-se coma rainha viúva,mãe de Hamlet. O fantasma
do rei encontra Hamlet e clama por vingança. Hamlet pensa ser o demônio. Mais tarde, finge
insanidade para acusar Cláudio de assassinato. Então, recruta uma companhia teatral para
encenar uma história: o assassinato do rei. Cláudio, angustiado, levanta-se no início do espetáculo.
Hamlet o vê rezando e preparando-se para matá-lo, mas evita fazê-lo, pois levaria a alma do
arrependido para o céu. Discutindo com a rainha, sua mãe, Hamlet apunhala o conselheiro do rei
atrás da cortina, pensando se tratar do rei. Ofélia, a mulher que nutria amor por Hamlet,
enlouquece por se sentir rejeitada e, também, pela morte de seu pai, Apolônio, se mata afogada, o
que enfurece seu irmã, Laertes e o rei, Cláudio, que planejam um abriga de espadas contra
Hamlet, usando um florete envenenado e, em uma segunda alternativa, uma taça de vinho
envenenado. A luta começa no cemitério quando chega o cortejo com o corpo de Ofélia; então, é
interrompida, para recomeçar mais tarde. Na luta Hamlet é atingido por Laertes com a espada
envenenada, mas, também, atinge-o quando pega a espada das mãos do outro. Então, perto da
morte, Laertes confessa a conspiração junto com Cláudio para o assassinato do pai de Hamlet e,
este, enfurecido mata Cláudio com a espada e o força a beber o vinho, também,
envenenado,vingando a morte do rei (Hamlet, de Shakespeare)
No filme “O guia dos mochileiros da galáxia”, o sentido da vida é o número 42, resposta
para a pergunta fundamental sobre a vida, o universo e tudo mais que foi obtida após um período
de sete milhões e meio de anos de processamento de um supercomputador gigante chamado de
“pensador profundo”, que havia sido construído por uma raça de seres hiperinteligentes.
No desenho Os simpsons, no episódio “Homer, o herético”, Deus fala a Homer qual é o
sentido da vida, mas a conversa é interrompida pelos créditos.
No livro O alquimista, Paulo Coelho apresenta o significado da vida como uma jornada
individual para encontrar o caminho de cada um, similar ao que é definido pelo budismo como a
“”4a verdade nobre”: este livro narra a história de um jovem pastor que, após ter um sonho repetido,
decide partir em uma busca do auto-conhecimento, e se vê lançado em uma jornada em busca de
mistérios que acompanham a humanidade desde o início dos tempos. Ele metaforicamente cita o
caminho do apóstolo Santiago, que partira da Espanha (dos montes da Andaluzia) impulsionado
pelo desejo de encontrar um, tesouro que viu nos sonhos, chegando ao Egito onde descobre que
o tesouro sempre esteve nos montes da Andaluzia bem no seu nariz, e sobretudo descobre que
sua viagem de muito lhe serviu, pois entendeu a alma do mundo e agora é feliz
consigo mesmo, pois enxerga o que realmente pode lhe fazer feliz e, assim, sua alma se
acalma sabendo que tem tudo o que sempre quis,o que antes era impossível, porque não entendia
seu coração, nem os sinais do universo e não sabia o que desejava. Mas, na verdade, o tesouro
maior que ele conseguiu nesta caminhada não foi material, mas o que ele aprendeu,
conquistou e sentiu durante a jornada.
Uma dica: identificar em dicionários o que significa SENTIDO? Pode-se desenvolver esta
O texto a seguir procura mostrar a partir da teoria da evolução de Charles Darwin que o ser
humano não é mais do que uma máquina a serviço dos genes, estes, sim, os verdadeiros,
senhores. Fazemos tudo por causa deles e não há um sentido para a vida, exceto cumprir os
objetivos que já estão inscritos nos genes. O que você acha disto, da teoria do gene egoísta?
Homens procurariam ter várias parceiras para espalhar seus genes, mas as mulheres, não.
Não poderíamos falar do átomo egoísta? Ou do elétron egoísta? Ou do universo inteiro como
egoísta, se o vazio for uma ilusão, tudo é uma coisa só!
Revista Superinteressante (junho de 2007)
... Planeta Terra, 4 bilhões de anos atrás. Um mundo adolescente, infestado por vulcões,
meteoritos e tempestades violentas. No mar desse inferno, moléculas de carbono encontraram um
porto seguro. E começaram a se juntar, formando cadeias cada vez mais longas e complexas. Uma
hora, como quem não quer nada, apareceu um estranho nesse ninho. Um acidente da natureza.
Era uma molécula capaz de se replicar, de sugar matéria orgânica do ambiente e usar como
matéria-prima para produzir cópias dela mesma. Motivo? Nenhum: ela fazia réplicas por fazer e
pronto. Vai entender... Essa aparição foi algo tão improvável quanto se esta revista (que também é
feita de cadeias de carbono) comesse seus dedos agora e, a partir dos átomos da sua carne, pele
e ossos, construísse uma cópia dela mesma. Improvável, mas foi exatamente o que aconteceu
naquele dia. E não havia nada ali para conter o apetite da monstruosa molécula.
Ainda mais porque arranjar matéria-prima, ou seja, “comida”, nesse oceano primitivo era
fácil: bastava “pescar” nutrientes na água. Assim ela cresceu e se multiplicou. Mas tinha um
problema: nem sempre as réplicas saíam perfeitas. Às vezes acontecia um erro de cópia aqui,
outro ali. Surgiam aberrações. “Um livro e tanto escreveria o capelão do Diabo sobre os trabalhos
desastrados, esbanjadores, ineficientes e terrivelmente cruéis da natureza!”, escreveria Darwin
sobre esse processo bilhões de anos depois. Esses erros aconteciam bem de vez em quando: um
a cada milhão de réplicas. Mas tempo é o que não falta nesse mundo. Então eles foram se
acumulando mais e mais. Só que alguns não davam em aberrações. Muito pelo contrário. Algumas
réplicas nasciam com uma mutação que as fazia se multiplicar mais em menos tempo. E não
demorou para essas mutantes mais férteis dominarem o mar. Só isso já é um tipo de seleção
natural. Mas a regra de Darwin só deu as caras para valer quando aconteceu o inevitável: o mundo
ficou pequeno para tantos replicadores. Com a superpopulação, os ingredientes de que eles
precisavam para fazer suas cópias rarearam. Era a primeira crise de fome no planeta.
A saída? Ir para a briga. Mas estamos falando de moléculas, que não têm lá muito poder de
decisão. Foi aí que provavelmente surgiu uma mutação inédita, que permitia a algumas moléculas
comer outros replicadores. Assim elas conseguiam eficiência total: arranjavam almoço e
eliminavam rivais ao mesmo tempo. Mas o domínio não duraria para sempre. Com o tempo
surgiram mutantes com capa protetora natural. Com essa armadura, dava para comer os rivais
sem o risco de ser comido. Nasciam as primeiras células do mundo. “Os replicadores deixavam de
meramente existir e começavam a fazer contêineres para eles, veículos para que pudessem
continuar vivos. Os que sobreviveram foram os que construíram ‘máquinas de sobrevivência’ para
si”, escreveu o mais notório dos neodarwinistas, o zoólogo Richard Dawkins, da Universidade de
Oxford, na Inglaterra.
Não demorou para virem células mutantes ainda mais terríveis contra as rivais. Elas tinham
o poder de juntar forças com outras células e atacar unidas. E de fazer cópias de si mesmas numa
tacada só, como se todas fossem uma única molécula. Surgiam os primeiros seres multicelulares.
E eles ficaram cada vez mais complexos: suas células passaram a assumir funções distintas
para operar sua máquina de sobrevivência. Faziam como soldados num tanque de guerra: umas
ficavam a cargo da locomoção, na forma de nadadeiras; outras, dos “satélites” para encontrar
comida (visão, olfato).
E o progresso nunca parou. Tanto que hoje boa parte dos replicadores vive em “robôs”
imensos, feitos de milhares de trilhões de células. Agora os chamamos de genes, e eles estão
dentro de nós. Somos sua máquina de sobrevivência.
Sangue do meu sangue
Você é uma máquina de sobrevivência dos seus genes, que o usam para se reproduzir. Ok.
Mas o que aconteceria se esses genes tivessem construído um cérebro capaz de detectar cópias
deles em outro corpo? O seguinte: eles também lutariam pela sobrevivência desse corpo. Fariam
você se sentir aliviado com bem-estar dele.
O fato é que os genes construíram esse sistema de detecção. Todos os cérebros têm isso
em algum grau. E o altruísmo puro é exatamente o que acontece quando dois animais são
parentes próximos.
Existe uma chance em duas de que qualquer um dos seus genes esteja no seu irmão ou no
seu filho. E 1 em 8 de que esteja em um primo. Sendo assim, o que o neodarwinismo diz é: você
não “ama” seus filhos e irmãos. São seus genes que vêem neles maneiras de se perpetuar. E é por
isso que você os ajuda. O geneticista John Haldane (1892-1964), um dos pioneiros do
neodarwinismo, quis deixar isso claro quando lhe perguntaram se ele daria a vida por um irmão. A
resposta: “Não. Mas daria por 2 irmãos ou 8 primos”.
O mesmo vale para quando nos apaixonamos. Se você ama alguém, quer ter filhos com
essa pessoa, quer colocar seus replicadores ali e se esfolar para cuidar dos rebentos. Aí, para o
futuro dos genes, sua vida só faz sentido se aquela pessoa existir. E o sentimento é tão poderoso
que parece eterno enquanto dura.
Outra coisa que determina a hierarquia entre parentes é a expectativa de que eles se
reproduzam. Daí os pais se sacrificarem mais pelos filhos do que os filhos pelos pais.
A evolução do Universo
Falando em lado de fora, e o lado de fora? A evolução seria um fenômeno circunscrito à vida
na Terra ou algo universal, como as leis da física? O físico Lee Smolin, do Perimeter Institute, no
Canadá, fica com a opção número 2.
Smolin mandou as regras de Darwin para o espaço. Literalmente: criou uma teoria que
aplica a seleção natural ao Universo inteiro. E foi além. Para ele (e outros físicos), nosso Universo
é só mais um entre bilhões e bilhões. Todos juntos num Cosmos imensurável que podemos
chamar de Multiverso. Nesse cenário, os universos são os indivíduos, os replicadores. Cada um
lutando para fazer mais e mais cópias de si mesmo.
Bom, este Universo aqui começou quando toda matéria, tempo e espaço que conhecemos
estavam espremidos em algo infinitamente pequeno. Esse pontinho explodiu no “dia” do big-bang,
há 13,7 bilhões de anos, e agora estamos aqui. Mas tem uma coisa: existem alguns lugares no
Universo em que tudo também está espremido desse jeito agora mesmo. São os buracos negros,
que sugam tudo o que está à volta deles, inclusive tempo e espaço. Por isso, Smolin imagina que
dentro de cada buraco negro há um big-bang acontecendo. E os buracos seriam como “gametas”
cósmicos: dariam à luz novos universos, parecidos com o “pai”. Então Smolin considera que as
“espécies” mais bem-sucedidas no Multiverso são justamente as que produzem mais buracos
negros – a “prole” delas vai ser seguramente maior.
Lembre-se que buracos negros são estrelas mortas. E daí? Daí que, quanto maior for o
número de estrelas, maior vai ser o de “gametas”. Mais: as nuvens de matéria onde as estrelas
nascem precisam ser bem frias (por motivos que só teríamos como explicar com uma página
inteira, e bem chata). Bom, e sabe que tipo de coisa é o que há de melhor para esfriar essas
nuvens cósmicas? Moléculas de carbono. Elas mesmas, as que deram o pontapé inicial na vida por
aqui. Quanto mais delas houver por aí, mais “filhos” um Universo vai gerar. E nós, os descendentes
dessas moléculas, seríamos um mero subproduto da verdadeira seleção natural, a do Cosmos.
Parece desolador, mas, se for isso mesmo, podemos nos orgulhar de saber que as leis de Darwin
governam tudo isso.
Ou até mais do que isso. Baruch Spinoza, um filósofo holandês do século 17, defendia que
Deus e Universo são apenas dois nomes para uma coisa só; que o Criador não é exatamente um
criador, mas a grande regra que move o Cosmos. Se você gosta desse ponto de vista (Albert
Einstein gostava) pode dizer tranqüilamente: Charles Darwin não matou Deus.
Só descobriu onde ele estava.
Aula 39: À procura de coisas belas: fotos
com celular?
De nossa experiência, observamos que metade da turma não presta atenção às obras de
arte apresentadas (é preciso ter um sentido estético desenvolvido ou, em nosso entendimento,
uma percepção ampla ou como diz o ditado “enxergar um palmo além do próprio nariz”),
ultrapassando nossos desejos habituais, algo raro como o diamante. O que é paradoxal, pois os
jovens têm uma mente nova, aberta a novas experiências!
O que fazer, então? Uma ida a um museu? Uma Bienal? Propomos uma tarefa prática: pedir
que os alunos vão ao pátio da escola recolher objetos que acreditam ser belos. Depois, em aula
faremos uma exposição e pediremos que justifiquem, digam por quê o objeto é belo e definam o
que é a beleza? È ela uma arma? A arte muda o mundo?
Decifre o código
1- Em + o
2- volta completa da Terra ao redor do sol
3- 600 aC
4- em +a
5- região onde vive o povo citado na expressão: “contentar ____e troianos” ou “isto é
um presente de _____”
6- letra que vem depois de “r” + o verbo “urgir” no pretérito perfeito do indicativo, 3a
pessoa do singular
7- artigo definido, feminino
8- classe de seres vivos + título do livro “O mundo de _______” (nome feminino que
significa sábia ou sabedoria)
9- primeiro filósofo, um teorema da matemática leva seu nome.
10-verbo “ver”, no pretérito imperfeito do indicativo, 3a pessoa singular
11- símbolo do óxido de enxofre, mas invertido
12- 0,1,2,3,4,5,6,7, são uma seqüência de ___?
13- preposição que indica lugar (dentro de)
14- feminino de todos
15- artigo definido feminino plural
16- um dos heróis do quarteto fantástico, feito de pedra (passar para o plural)
17- Talião sem iaô + es
18- verbo “ver”, no pretérito imperfeito do indicativo, 3a pessoa singular
19- artigo definido feminino, singular
20- mineral que compõe 70% dos nossos corpos
21- comer no presente indicativo, 1a pessoa, singular
22- artigo definido masculino, singular
23- “L” + menta (masculino, se existisse)
24- contrário de supérfluo
25- Anarquia sem “rquia” + táxi sem “ta” + mandar sem “dar” + dromedário sem
“medário”21- verbo “ver”, no pretérito imperfeito do indicativo, 3a pessoa singular
26- artigo definido, masculino, singular
27- no vácuo não há .....?
28- preposição que indica lugar (dentro de)
29- onipotente é um ser ______poderoso.
30- “place” em português é.....
31- a banda ____passou (há minutos atrás) (2 letras)
32- preposição que indica lugar (dentro de) + parte inferior do corpo humano (2 letras)
+ sentir a dor do outro (2 letras) + bicicleta sem o “bici” e o “ta” + a letra “s”
33 – verbo da frase “o goleiro d________ o pênalti”, no pretérito imperfeito do
indicativo, 3a pessoa do singular
34- conjunção integrante
35- chamamos os bombeiros quando há ___(4 letras) , _____mineral com gás ou sem,
nome do planeta________ e: há ___rarefeito no topo do Everest
36- verbo que forma a palavra constituição, no presente do indicativo, terceira pessoa
do plural.
37- feminino de todos
38- artigo definido feminino plural
39- um dos heróis do quarteto fantástico, feito de pedra (passar para o plural)
Resposta: No ano de 600 antes de Cristo, na região Grécia surgiu a filosofia. Pitágoras via os números em todas as coisas;
Tales via a água como o elemento fundamental; Anaximandro, o ar em todo lugar; já Empédocles, defendia que fogo, água, terra e
ar constituem todas as coisas.
Devemos incentivá-los a pensar nos efeitos de cada teoria: (a) se há um primeiro elemento
indivisível quem os fez? Existiu eternamente? (b) se não há, como pôde ter existido o universo?
Podemos sob a forma de cartões, como um jogo de SUPERTRUNFO, mostrar aos alunos os pré-
socráticos e pedir-lhes que ajudem os pensadores a defender suas teorias: como podemos ajudar
Tales e sua crença de que tudo é feito de água, Pitágoras, tudo é feito de números (nossos
documentos que o digam, carteira de identidade, registros funcionais, senhas bancárias, etc),
Anaximandro, tudo é feito de algo invisível, Anaxímenes, de ar, Empédocles (fogo, terra, ar e
água). Podemos propor um debate ou até um julgamento onde uma parte da turma critica uma
teoria, enquanto outra a apóia.
Ou, ainda: como duas coisas tão diferentes estariam ligadas: alma e corpo, há uma cola
universal que os agrupa? E o perispírito dos espíritas, de que é feito para colar corpo e alma? Ele
não teria que ser feito de ambos ou um pouco de cada? Mas, o que ligaria estas suas duas partes:
mortal e eterna? Não parece água e óleo? Não seria mais correto pensar que alma e corpo são
graus de uma mesma substância?
Podemos citar a tese de Guilherme de Ockham (“a navalha de Occam”): "a
explicação mais simples é normalmente a mais correta".
Questões científicas podem ser, também, abordadas: quando ocorre a morte (fim do
funcionamento cerebral?), quando surge a vida, união espermatozóide com o óvulo?, somos os
mesmos apesar de a cada sete anos nossas células serem substituídas?
E por que não falar sobre o livro “Mênon”, de Platão que recorda o diálogo em que Sócrates
apresenta a teoria da reminiscência de que a alma de todos traz consigo o conhecimento divino
que contemplou antes de vir para o corpo? Para provar isto Sócrates chama um escravo e pede-
lhe que resolva um problema matemático, ainda que nunca tenha freqüentado a escola: “qual é a
área de um quadrado de 2 pés?”. O escravo responde: “duas vezes dois pés dá quatro”. Esse uma
figura for o equivalente a duas áreas da primeira, pergunta Sócrates? O escravo: “terá oito pés.
Então, Sócrates o corrige: “são 16, não 8!””. E este erro, explica, decorre do fato da alma demorar a
se lembrar do que ela já sabia. Depois, ele pediu ao escravo que identificasse qual é o tamanho do
lado de um quadrado de oito pés de área e o escravo responde”3”, errando novamente, pois 3
vezes três são nove e não oito. Prosseguindo na investigação Sócrates divide um quadrado de 16
pés de área (4 vezes 4) em quatro figuras, desenhando uma diagonal que passa por cada uma
delas de modo que um novo quadrado foi desenhado dentro daquele primeiro, de 16 pés, cujo
lado, agora, é de 8 pés, quantidade procurada pelo escravo.
1. Se alguma coisa pode dar errado, dará. E 8. Quando um trabalho é mal feito, qualquer
mais, dará errado da pior tentativa de melhorá-lo piora.
maneira, no pior momento e de modo que cause
o maior dano possível. 9. Acontecimentos infelizes sempre ocorrem em
série.
2. Um atalho é sempre a distância mais longa
entre dois pontos. 10. Toda vez que se menciona alguma coisa: se
é bom, acaba; se é ruim,
3. Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil acontece.
quanto a explicação do
manual. 11. Em qualquer fórmula, as constantes
(especialmente as registradas nos
4. Tudo leva mais tempo do que todo o tempo manuais de engenharia) deverão ser
que você tem disponível. consideradas variáveis.
5. Se há possibilidade de várias coisas darem 12. As peças que exigem maior manutenção
errado, todas darão - ou a que ficarão no local mais inacessível
causar mais prejuízo. do aparelho.
6. Se você perceber que uma coisa pode dar 13. Se você tem alguma coisa há muito tempo,
errada de 4 maneiras e conseguir pode jogar fora. Se você jogar
driblá-las, uma quinta surgirá do nada. fora alguma coisa que tem há muito tempo, vai
precisar dela logo, logo.
7. Seja qual for o resultado, haverá sempre
alguém para: 14. Você sempre encontra aquilo que não está
a) interpretá-lo mal. b) falsificá-lo. c) dizer que já procurando.
o tinha previsto em
seu último relatório. 15. Quando te ligam: a) se você tem caneta, não
tem papel. b) se tem papel
não tem caneta. c) se tem ambos ninguém liga. 30. Ninguém ficará batendo na sua porta, ou
telefonando para você, se não
16. A Natureza está sempre à favor da falha. houver trabalho algum a ser feito.
17. Entre dois acontecimentos prováveis, 31. O trabalho mais chato é também o que
sempre acontece um improvável. menos paga.
18. Quase tudo é mais fácil de enfiar do que de 32. Errar é humano. Perdoar não é a política da
tirar. empresa.
19. Mesmo o objeto mais inanimado tem 33. Toda a idéia revolucionária provoca três
movimento suficiente para ficar na sua estágios: 1º. é impossível -
frente e provocar uma canelada. não perca meu tempo. 2º. é possível, mas não
vale o esforço 3º. eu sempre
20. Qualquer esforço para se agarrar um objeto disse que era uma boa idéia.
em queda provocará mais
destruição do que se deixássemos o objeto cair 34. A informação que obriga a uma mudança
naturalmente. radical no projeto sempre chega ao
projetista depois do trabalho terminado,
21. A única falta que o juiz de futebol apita com executado e funcionando
absoluta certeza é aquela maravilhosamente (também conhecida como
em que ele está absolutamente errado. síndrome do: "Porra! Mas só
agora!!!").
22. Por mais bem feito que seja o seu trabalho,
o patrão sempre achará onde 35. Um homem com um relógio sabe a hora
criticá-lo. certa. Um homem com dois relógios
sabe apenas a média.
23. Nenhum patrão mantém um empregado que
está certo o tempo todo. 36. Inteligência tem limite. Burrice não.
24. Toda solução cria novos problemas. 37. Seis fases de um projeto: Entusiasmo;
Desilusão; Pânico; Busca dos
25. Quando político fala em corrupção, os culpados; Punição dos inocentes; Glória aos não
verbos são sempre usados no participantes.
passado.
38. Conversas sérias, que são necessárias, só
26. Você nunca vai pegar engarrafamento ou acontecem quando você está com
sinal fechado se saiu cedo demais pressa.
para algum lugar. 39. Não se dorme até que os filhos façam cinco
anos.
27. Os assuntos mais simples são aqueles dos
quais você não entende nada. 40. Não se dorme depois que eles fazem quinze.
28. Dois monólogos não fazem um diálogo. 41. O orçamento necessário é sempre o dobro
do previsto. O tempo necessário
29. Se você é capaz de distinguir entre o bom e é o triplo.
o mal conselho, então você
não precisa de conselho. 42. As variáveis variam menos que as
constantes.
cópia.
43. Pais que te amam não te deixam fazer nada.
Pais liberais, não estão nem 55. O número de exceções sempre ultrapassa o
ai para você. numero de regras. E há sempre
exceções às exceções já estabelecidas.
44. Entregas de caminhão que normalmente
levam um dia levarão cinco quando 56. Seja qual for o defeito do seu computador,
você depender da entrega. ele vai desaparecer na frente
de um técnico, retornando assim que ele se
45. O único filho que ronca é o que quer dormir retirar.
com você.
57. Se ela está te dando mole, é feia. Se é
46. Assim que tiver esgotado todas as suas bonita, está acompanhada. Se
possibilidades e confessado seu está sozinha, você está acompanhado.
fracasso, haverá uma solução simples e óbvia,
claramente visível a qualquer 58. Se o curso que você desejava fazer só tem n
outro idiota. vagas, pode ter certeza de
que você será o candidato n + 1 a tentar se
47. Qualquer programa quando começa a matricular.
funcionar já está obsoleto.
59. Oitenta por cento do exame final que você
48. Nenhuma bola vai parar em um vaso que prestará, será baseado na
você odeia. única aula que você perdeu, baseada no único
livro que você não leu.
49. Só quando um programa já está sendo
usado há seis meses, é que se 60. Cada professor parte do pressuposto de que
descobre um erro fundamental. você não tem mais o que
fazer, senão estudar a matéria dele.
50. Crianças nunca ficam quietas para tirar
fotos, e ficam absolutamente 61. A citação mais valiosa para a sua redação
imóveis diante de uma câmera filmadora. será aquela em que você não
consegue lembrar o nome do autor.
51. Nenhuma criança limpa quer colo.
62. Caras legais são feios. Caras bonitos não
52. A ferramenta quando cai no chão sempre são legais. Caras bonitos e
rola para o canto mais legais são gays.
inacessível do aposento. A caminho do canto, a
ferramenta acerta primeiro o 63. A maioria dos trabalhos manuais exigem três
seu dedão. mãos para serem executados.
53. Guia prático para a ciência moderna: a) Se 64. As porcas que sobraram de um trabalho
se mexe, pertence à biologia. nunca se encaixam nos parafusos
b) Se fede, pertence à química. c) Se não que também sobraram.
funciona, pertence à física. d) Se
ninguém entende, é matemática. e) Se não faz 65. Quanto mais cuidadosamente você planejar
sentido, é psicologia. um trabalho, maior será sua
confusão mental quando algo der errado.
54. O vírus que seu computador pegou, só ataca
os arquivos que não tem 66. Tudo é possível. Apenas não muito provável.
67. Em qualquer circuito eletrônico, o 83. Se você está se sentindo bem, não se
componente de vida mais curta será preocupe. Isso passa.
instalado no lugar de mais difícil acesso.
84. No ciclismo, não importa para onde você vai;
68. Qualquer desenho de circuito eletrônico irá é sempre morro acima e
conter: uma peça obsoleta, contra o vento.
duas impossíveis de encontrar, e três ainda
sendo testadas. 85. Por mais tomadas que se tenham em casa,
os móveis estão sempre na
69. O dia de hoje foi realmente necessário? frente.
70. A luz no fim do túnel, é o trem vindo na sua 86. Existem dois tipos de esparadrapo: o que
direção. não gruda, e o que não sai.
71. A vida é uma droga. E você ainda reencarna. 87. Uma pessoa saudável é aquela que não foi
suficientemente examinada.
72. Se está escrito "Tamanho Único", é porque
não serve em ninguém. 88. Você sabe que é um dia ruim quando: O sol
nasce no oeste; você pula da
73. Se o sapato serve, é feio! cama e erra o chão; o passarinho cantando lá
fora é um urubu; seu bichinho
74. Nunca há horas suficientes em um dia, mas de cerâmica te morde.
sempre há muitos dias antes do
sábado. 89. Por que será que números errados nunca
estão ocupados?
75. Todo corpo mergulhado numa banheira faz
tocar o telefone. 90. Mas você nunca vai usar todo esse espaço
de Winchester!
76. A beleza está à flor da pele, mas a feiúra vai
até o osso! 91. Se você não está confuso, não está
prestando atenção.
77. A informação mais necessária é sempre a
menos disponível. 92. Na guerra, o inimigo ataca em duas
ocasiões: quando ele está preparado,
78. A probabilidade do pão cair com o lado da e quando você não está.
manteiga virado para baixo é
proporcional ao valor do carpete. 93. Tudo que começa bem, termina mal. Tudo
que começa mal, termina pior.
79. Confiança é aquele sentimento que você tem
antes de compreender a 94. Amigos vêm e se vão, inimigos se
situação. acumulam.
80. A fila do lado sempre anda mais rápido. 95. "Pilhas não incluídas"
81. Nada é tão ruim que não possa piorar. 96. Você só precisará de um documento
quando, espontaneamente, ele se mover
82. O material é danificado segundo a proporção do lugar que você o deixou para o lugar onde
direta do seu valor. você não irá encontrá-lo.
corrida é apostar nele.
97. As crianças são incríveis. Em geral, elas
repetem palavra por palavra 99. Toda partícula que voa sempre encontra um
aquilo que você não deveria ter dito. olho.
Mapa do cérebro:
Lobo frontal (frente): controla o movimento e produz a fala
Lobo parietal (em cima): recebe e processa informações a partir dos sentidos
Lobo occipital (atrás) : controla a visão
Cerebelo (abaixo do cérebro): controla o tônus muscular e os movimentos
Medula:área de passagens dos nervos, regula funções automáticas como
respiração.
Tálamo (centro): regula a sensibilidade
Hipocampo: (um pouco abaixo do tálamo): centro da memória
Amígdala (na frente do hipocampo): gera emoções a partir das percepções e
pensamentos.
Córtex: recobre os quatro lobos nos dois hemisférios.
Uma aluna da turma 223 do ano de 2008, na qual leciono religião, apresentou uma
interessante objeção a esta teoria: quando respondemos algo instantaneamente, sem que
tenhamos 10 segundos para pensar? Neste caso, também não pensamos, respondi. E fiz uma
experiência: perguntei para alguém qual era sua cor preferida: ela disse azul. Aqui, também, disse
eu, não há espaço para pensar e a resposta saiu imediata, pois (1o) eu não deixei tempo para
refletir e (2o) a cor azul é a que ela mais gostava mesmo e não havia outra que se igualasse à cor
azul; aliás, ela estava usando uma sombra (pensei que se chamasse rímel) nos olhos desta cor.
Temos uma teoria sobre liberdade ou para provar que não há um momento em que
escolhemos livremente entre duas ou mais coisas: se ser livre é poder escolher entre duas ou mais
alternativas que se apresentem ao mesmo tempo a nós, então isto nunca acontece, pois, por
exemplo, escolher entre azul e amarelo vistas ao mesmo tempo ou juntas é, na realidade, não
perceber nem azul nem o amarelo, mas uma combinação de ambos, verde. Aqui podemos usar
folhas de celofane (transparentes e coloridas) onde mostramos a combinação das cores, ainda
mais porque entendemos que despertar o senso estético é imprescindível para a vida em
sociedade (aprender ou habituar-se a ver beleza em tudo), como bem disse Schiler em sua “Carta
sobre a educação estética do homem”. Ou, nas palavras de Nietzsche: o homem cientista é a
continuação do homem artista (e, acréscimo nosso. O homem estético é a continuação do homem
filósofo).
Agora, por que ainda dizemos que somos livres? Em que sentido isto é correto. Se existe a
palavra “livre” ela deve se referir a algo. O que é este algo? Para Thomas Hobbes, ser livre é não
estar preso por ferros. Há liberdade de pensamento? Se sim, há, também, o seu oposto: pode um
pensamento estar ou ser aprisionado? Aqui, estamos fazendo “filosofia da linguagem” e podemos
dar uma pequena introdução, embora os alunos não precisem saber que se trata de “filosofia da
linguagem”, não é preciso encher a cabeça com tanto preciosismo.
Podemos, também, pedir-lhes que eles construam seus próprios exemplos a favor e
contra a idéia de liberdade ou livre-arbítrio e o exemplo do professor pode
aparecer entre os exemplos apresentados.
Para quem defende que somos livres, podem argumentar que a mente é
distinta do cérebro e a consciência não está em nenhuma parte do cérebro! Ela, a
consciência, não parece ser algo fisiológica, uma função do corpo, pois, se fosse, ela
teria que ser ora voluntária, ora involuntária, mas não podemos parar de ter
consciência.
Quais são as principais teorias por que devemos ser éticos? Para Sócrates (quem
cultiva a sabedoria se torna bom, a melhor vida é a do sábio), para Platão (uma alma boa vai para
junto de Deus e quando ela vaia julamento após a vida, mostra-se despida e as marcasda maldade
são visíveis perante os juízes), para Aristóteles, a virtude é uma disposição da alma que se
adquire e desenvolve nas nossas ações diárias em sociedade, para Thomas Hobbes (a
lei determina o certo e o errado; o pensador fala, também, sobre o valor (honra) de um ser
humano é o seu preço o tanto que lhe será pago pelo uso de seu poder, por exemplo, um
comandante de soldados em uma guerra tem um valor alto ou um juiz incorruptível, em tempo de
paz); para Kant, a razão concebe suas próprias leis morais (age de modo que tua ação possa
ser exemplo para os outros), para Stuart Mill, é bom que as pessoas respeitem-se uns aos
outros, pois todos ganham com isso e Nietzsche, não podemos esquecer, diz que a moral é
criação dos fracos para controlar os fortes.
De qualquer modo, creio que, por experiência própria, nossos alunos têm uma boa idéia do
que é ser ético: uma vez fui com uma bandeira de um partido político. Além de despertar a ira em
uma colega de trabalho, um aluno me disse que aquela tinha sido uma atitude antiética da minha
parte; senti-me bem por ele ser tão franco comigo! O que é ético para eles: no caso daquele aluno
é não influenciar os alunos, ainda que não votassem e ainda que não prestassem atenção às
minhas aulas! (eram turmas muito difíceis que não respeitavam quando o professor queria falar e
nem mesmo quando um deles queria falar!).
Até aqui Sócrates procura mostrar que conhecer o que é a virtude requer defini-la, chegar a
uma idéia geral, não apenas citar exemplos particulares de pessoas virtuosas. Agora,
Como nos
apresentaremos os argumentos utilizados para responder à pergunta:
tornamos bons? A virtude é natural ou é ensinada?
A resposta de Sócrates: natural, não é, pois se alguns de nós fossem naturalmente
bonsosrecolheríamos e os guardaríamos na Acrópole.se ela pode ser ensinada,significaria que ela
é uma ciência, mas nunca observamosprofessores que ensinassem a virtude e mesmo homens
muito virtuosos, como o político Péricles, não conseguiu ensinar seu filho a ser virtuoso como ele
foi. Conclue, então,que avirtude não é ensinadae nem é natural;ela é uma “espécie de juízo”ou
opinião, oumelhor, um”instinto dado por Deus” a uma pessoa.
Para Aristóteles, não importa definir o que é virtude ou a bondade, o que importa é realizar
atos bons, assim como, é realizando atos corajosos que nos tornamos corajosos. Quem está com a
razão, Sócrates ou Aristóteles?
No século XVIII e XX esta questão retorna ao debate com Jean-Jacques Rousseau e Emile
Durkheim: para o primeiro “o homem nasce bom e a sociedade o corrompe” e , para o segundo, “”o
homem nasce egoísta e a educação poderá torna-lo solidário”. Quem tem razão?
Uma alternativa é propor uma aula de etiqueta (pequena ética). Esta será uma aula bem
prática: interpretaremos em aula as regras mais comuns de etiqueta, como se tivéssemos em um
restaurante. Como devemos nos comportar? Como usar os talheres? Podemos pedir ajuda para as
alunas – as mulheres sabem mais dessas coisas ou recorrer a um livro ou, ainda, a reportagens
em jornais. Será uma aula prazerosa, com certeza; imaginemos os alunos, com aquelas poses,
escolhendo o talher correto, fingindo que come um prato caríssimo, que puxa a cadeira para sua
companhia, etc.
Devemos, contudo, ficar atentos para não esquecer o ensino de filosofia:
- Pergunte aos alunos que outras regras existem na sociedade? Dê pistas se preciso:
legislações (leis escritas pelo poder Executivo e aprovadas pelos parlamentos), costumes e
mandamentos religiosos, e, o mais difícil de lembrar-se, o sentimento de que algo está certo ou
está errado.
- Podemos ir além e perguntar o que acontece se cada uma destas regras não forem
seguidas? Se forem as leis escritas, prisão, se as leis divinas, inferno, se o sentimento interno,
surgirá a culpa ou, então, os olhares de censura da família e dos grupos sociais aos quais
pertençamos.
E a morte, quando ocorre? Precisamos saber quando ela acontece para pode tirar órgãos
para transplante, do contrário estaríamos salvando uma pessoa e matando outra!
Se os parentes concordarem, médicos voltam para a UTI, onde o corpo, legalmente morto há
algumas horas, respira por aparelhos, tem o coração batendo e órgãos vitais perfeitos. Aquela
pessoa nunca mais vai sentir, ver ou ter algum traço de pensamento racional, mas, quando o bisturi
penetrar na pele, é possível que ela dê um pulo. Parece filme de terror, não? Trata-se do "efeito
lazaróide" (de Lázaro, aquele que Jesus ressuscitou). Não significa que a pessoa teve alguma dor:
é apenas um reflexo da medula espinhal. Por isso, alguns médicos costumam aplicar anestesia
geral antes da operação. Mas espera aí: se a pessoa já está morta, por que anestesiá-la?
Após a retirada dos órgãos, os aparelhos são finalmente desligados. O sangue começa a parar,
o coração dá as últimas batidas, as células deixam de se reproduzir. Depois de 3 horas, ainda é
possível fazer um braço se contrair com estímulos elétricos. Só então o corpo do jovem que se
acidentou com um carro fica duro, pálido e frio, aquilo que as pessoas geralmente aceitam como
morte.
Com ajuda de um respirador, o coração pode ser mantido batendo e o sangue circulando. E
apesar de clinicamente morto, o paciente pode suar e reagir a cortes. Mas se os aparelhos forem
retirados, coração e respiração param. O sangue pára de circular e as células deixam de se
reproduzir. Com o fim da circulação, o sangue começa a coagular nos órgãos e tecidos, deixando-
os inviáveis para transplantes. Algumas exceções: as córneas, que podem ser retiradas até 3
horas, e os ossos, que resistem até 6 horas após o fim da respiração.
Cerca de 3 horas após a parada cardíaca, o corpo toma o aspecto conhecido como morte. O
fim da circulação deixa a pele pálida. O sangue estaciona, produzindo a rigidez cadavérica, que
começa no pescoço e termina nos pés. O calor do corpo cai cerca de 1o C por hora, até ser
regulado pela temperatura ambiente. O corpo começa a se comportar como um objeto físico. A
membrana das células não funciona mais e o cadáver começa a perder água. Dezoito horas depois
da parada cardíaca, as bactérias começam a decompor o cadáver e iniciam a putrefação. Depois
de 8 semanas, resta apenas o esqueleto.
É correto deixar de socorrer um bebê que ainda respira? Devo ajudar a matar meu irmão que
não quer ficar para sempre imóvel numa cama? A questão é especialmente difícil para os médicos.
Ficamos entre duas opções: sermos assassinos ou torturadores", diz Almeida, da Unifesp. A lei no
Brasil encara como homicídio a eutanásia, o ato deliberado de apressar o fim de quem está
morrendo. A ortotanásia, a "morte no momento certo", é considerada omissão de socorro e tem
pena de 1 a 6 meses de prisão. Apesar disso, a ortotanásia é freqüentemente praticada. O médico
retira os aparelhos e deixa o doente seguir seu curso de morte. Outros médicos, diante de
pacientes terminais que sofrem dores atrozes, aplicam sedativos acima do limiar tóxico, sabendo
que isso resultará em morte".
O caso da americana Terri Schiavo (em Estado vegetativo há 15 anos, teve danificado o córtex,
a "casca" do cérebro, região responsável pelo raciocínio, movimentos voluntários e sentidos, não
senti, nem tem memória ou consciência de si, mas a atividade automática do corpo continua
normal. Os olhos mantêm-se abertos, há respiração e até choro involuntário) é o melhor exemplo.
Após os tribunais americanos decidirem pela retirada dos tubos de alimentação, Terri levou 13 dias
para morrer de fome e de sede. "Seria bem mais ético aplicar uma injeção letal para reduzir não o
sofrimento dela, que era incapaz de sentir, mas da família e dos médicos que a trataram por tanto
tempo", afirma Almeida.
Uma lei sancionada pelo então governador Mário Covas em 1999 estabelece o direito de um
doente recusar o prolongamento de sua agonia e optar pelo local da morte. O próprio Covas, que
morreu de câncer, beneficiou-se dessa lei. O papa João Paulo 2º fez a mesma escolha. Silenciado
pelo mal de Parkinson, morreu em seu apartamento no Palácio Apostólico.
Há outro texto, também, sobre a morte. Podemos comparar os dois, identificar semelhanças
e diferenças entre eles, um texto científico e outro, filosófico.
* Há muito tempo, no Tibete, uma mulher viu seu filho, ainda bebê, adoecer e morrer em seus
braços, sem que ela nada pudesse fazer. Desesperada, saiu pelas ruas implorando que alguém a
ajudasse a encontrar um remédio que pudesse curar a morte do filho. Como ninguém podia ajudá-
la, a mulher procurou um mestre budista, colocou o corpo da criança a seus pés e falou sobre a
profunda tristeza que a estava abatendo. O mestre, então, respondeu que havia, sim, uma solução
para a sua dor. Ela deveria voltar à cidade e trazer para ele uma semente de mostarda nascida em
uma casa onde nunca tivesse ocorrido uma perda. A mulher partiu, exultante, em busca da
semente. Foi de casa em casa. Sempre ouvindo as mesmas respostas. "Muita gente já morreu
nessa casa"; "Desculpe, já houve morte em nossa família"; "Aqui nós já perdemos um bebê
também." Depois de vencer a cidade inteira sem conseguir a semente de mostarda pedida pelo
mestre, a mulher compreendeu a lição. Voltou a ele e disse: "O sofrimento me cegou a ponto de eu
imaginar que era a única pessoa que sofria nas mãos da morte".
* Em certas ordens religiosas católicas, os monges, ao se encontrarem nos corredores do
mosteiro, costumam dizer uns aos outros: "Memento mori", uma expressão latina que significa
"lembre-se de que vai morrer". A saudação – que é o contraponto de "Carpe diem" ("aproveite o
dia") – funciona como um exercício espiritual de aceitação gradual e diária da morte, vendo-a como
uma conseqüência da própria vida e também de preparação para o momento em que ela
acontecer. O contrário disso é o culto ao ego, ao "pequeno eu" que há dentro de cada um de nós,
manifestado na não-aceitação do curso natural dos acontecimentos, quando ele não ocorre como
gostaríamos. E que está presente no indivíduo que tenta se colocar sempre acima do todo a que
pertence. Ao não conseguir fazê-lo, esse "eu" sofre exagerada e desnecessariamente para aceitar
a parte que lhe cabe.
* Uma história antiga ajuda a entender melhor esse processo de pequenas aprendizagens – e
como muitos de nós o ignoram. Um dia, há muito tempo, um homem resolveu fazer um trato com a
Morte. Prometeu a ela que não ofereceria resistência quando sua hora chegasse. Mas pediu, em
troca, que fosse avisado com antecedência porque queria ter tempo suficiente para terminar todas
as suas tarefas. O acordo foi feito. Tempos depois, houve um acidente grave na cidade e muitos
amigos do homem morreram. Anos mais tarde, um vizinho próximo faleceu. Em seguida, foi a vez
de um tio. Até que o homem ficou doente e, em alguns meses, encontrou-se com a Morte. Ela tinha
vindo buscá-lo. Revoltado, reclamou: "Eu pedi que você me avisasse quando viria e não recebi um
sinal!" Ao que a Morte respondeu: "A morte dos seus amigos, do seu vizinho, do seu tio não
bastaram?"
Para quem busca na filosofia maneiras de lidar melhor com a morte, as reflexões finais do
filósofo grego Sócrates – condenado a tomar cicuta, um veneno letal –, realizadas no século V
a.C., representam um excelente exercício de aceitação. "Porque morrer é uma ou outra destas
duas coisas. Ou o morto não tem absolutamente nenhuma existência, nenhuma consciência do
que quer que seja. Ou, como se diz, a morte é precisamente uma mudança de existência e, para a
alma, uma migração deste lugar para outro", afirmou Sócrates. Em outras palavras: para quem não
acredita na continuação da vida, a morte é o nada, é a ausência completa de angústias e
desesperos, é o fim das aflições. E para quem acredita na continuação da vida, a morte é a
passagem desta existência para outra melhor. De qualquer modo, a dor estaria na vida e não na
morte.
Quando chegou o momento de beber o veneno, Sócrates disse a seus discípulos, numa última
lição: "Mas já é hora de irmos: eu para a morte e vocês para viverem. Mas quem vai para melhor
sorte é segredo, exceto para Deus."
Mesmo no mundo ocidental, no entanto, sobrevivem tradições que, ao festejar a morte,
celebram a vida. O "Dia dos Mortos", no México, é um exemplo disso. "Ainda existem aldeias que
desenterram os mortos nesse dia. Trata-se de um costume indígena milenar. As refeições são
feitas no cemitério e as crianças ganham doces e bombons em forma de caveiras", diz o historiador
Leandro Karnal, professor de História da América na Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). "No interior do país, sobrevive a prática de conversar com os mortos para colocá-los a
par do que aconteceu durante o ano." As famílias preparam altares para seus falecidos e neles
colocam os objetos de predileção do parente morto: livros, cigarros, comidas, fotografias.
* atitude de festejar a morte também está presente na cultura japonesa. "Povoado do Moinho",
o último episódio do filme Sonhos (1992), do diretor japonês Akira Kurosawa, exibe o confronto
entre a antiga concepção de morte, expressa nos ritos funerários do vilarejo, e a nova,
ocidentalizada, representada por um forasteiro que assiste à cerimônia. O cortejo segue, alegre,
pelas ruas do povoado. Crianças, jovens e adultos cantam e dançam durante todo o trajeto do
enterro. Eles celebram a morte de uma das mulheres mais velhas da aldeia. O clima de festa
surpreende o forasteiro, acostumado – como nós – à atmosfera sombria de boa parte da liturgia
funerária ocidental. Um velhinho centenário, então, explica ao rapaz que é uma honra encontrar a
morte depois de uma existência tão plena como a daquela mulher.
* A morte já foi vista de modo mais familiar pelo Ocidente. E não faz tanto tempo assim.
Até meados do século passado, era costume morrer em casa, cercado por parentes. "A família
reunia-se em volta do leito para ouvir a última palavra daquele que estava morrendo", afirma o
historiador Eduardo Basto de Albuquerque, da Universidade Estadual Paulista, em Rio Claro. "Era
um momento de despedida." Não se ocultava das crianças a morte como se faz atualmente. O
velório também era, na maioria das vezes, realizado em casa – tradição que ainda sobrevive em
algumas cidades do interior do Brasil. "Existiam comidas típicas para a ocasião. Os parentes
preparavam alguns pratos para receber os conhecidos que participavam do enterro”.
Propomos que a turma se divida em dois grupos (pode ser masculino e feminino,
por exemplo) e cada um deles formule cerca de 10 questões sobre o filme. A cada resposta certa,
o grupo receberá “x” pontos, a cada resposta errada, perderá “x” pontos ou não receberá nenhum.
Mente que mata: Por que certas pessoas não conseguem conter o impulso
violento que há em todos nós? O que leva alguns criminosos a ser tão cruéis?
Saiba o que diz a ciência. (extraído da revista Superinteressante/ abril de 2002)
Quem nunca teve vontade de esganar alguém? Por mais zen que possa parecer, ninguém está
livre do arrebatador impulso para a violência. "Assim como em outros animais, a violência faz parte
do ser humano", diz Márcia Regina da Costa, professora de Antropologia da PUC de São Paulo.
"Assim como ocorre com os nossos desejos sexuais, a vida em sociedade exige a repressão de
alguns instintos", afirma o psicólogo paulista Antônio Carlos Amador Pereira, especialista em
desenvolvimento psíquico de adolescentes e adultos. Ou seja: por mais vontade que tenha de
agredir alguém, você tem que renunciar a esse desejo para viver em grupo. "Essa é a diferença
entre a vida selvagem e a civilização".
Mas como explicar os crimes perversos que foram planejados com a tranqüilidade de quem
prepara uma refeição? O que se passa na mente de um seqüestrador que agiu teoricamente em
busca de dinheiro mas que não se conteve e estuprou e queimou sua refém? Segundo a medicina,
psicopatas são, na verdade, portadores do distúrbio de personalidade anti-social."A prevalência
desse distúrbio na população é estimada em 2,5%".Segundo essa proporção, o Brasil teria nada
menos que 4,5 milhões de pessoas nessa condição – o equivalente à soma das populações do
Estado de Mato Grosso e de Sergipe. Muita gente, não? Ainda bem que nem todos os psicopatas
são criminosos cruéis. "Sofrer desse distúrbio não significa necessariamente que a pessoa seja ou
se torne um assassino". Na maioria dos portadores desse transtorno, o comportamento anti-social
se manifesta por traços como egoísmo e falta de escrúpulos. É aquele colega de trabalho que
atropela os outros para subir na vida ou o político que desvia dinheiro de um hospital para crianças
órfãs com câncer para sua conta bancária. "Boa parte dessas pessoas também são psicopatas",
diz Del Nero. "Mas menos de um 1% comete assassinatos cruéis."
O motoboy Francisco de Assis Pereira é um dos que estão nessa lista. Em 1998, ele confessou
ter assassinado dez mulheres no Parque do Estado, em São Paulo. A técnica do "Maníaco do
Parque", como ficou conhecido, era seduzir moças e depois estuprá-las e matá-las por
estrangulamento. Ao confessar seus crimes, Pereira estava com o olhar sereno. Não demonstrou
sinais de emoção ou de arrependimento e disse que, se retornasse às ruas, voltaria a matar. "Os
psicopatas sabem que estão fazendo algo errado", afirma o psiquiatra americano Jonathan Pincus.
"Eles simplesmente não sentem que estão fazendo algo errado."
Mas, afinal, qual a origem desse transtorno? O chamado psicopata nasce assim ou é fruto do
ambiente em que vive? Até hoje, os pesquisadores se dividem. De um lado estão os que procuram
encontrar no cérebro a origem da sociopatia. Uma pesquisa analisou imagens computadorizadas
de cérebros de sociopatas e sugeriu que eles apresentam algumas alterações no córtex frontal, a
parte do cérebro que fica logo abaixo da testa e que é considerada responsável por nossa
capacidade de sentir emoções. Resta saber se essa alteração é genética ou fruto de algum
distúrbio psicológico adquirido.
Do outro lado estão os que acreditam que a insensibilidade dos psicopatas é fruto de um
trauma, como violência ou abuso sexual na infância. Enfim, um problema de software e não de
hardware. Outro ponto polêmico que divide os especialistas é o papel da pobreza na formação de
assassinos frios. "Em regiões pobres, há mais famílias desestruturadas, mais abuso e violência
infantil e, conseqüentemente, mais assassinos frios." Para o psicólogo Antônio Carlos Amador
Pereira, da PUC de São Paulo, esse elo é mais direto: "Viver numa sociedade que celebra o
consumo e se sentir excluído dessa festa é claro que torna uma pessoa muito mais vulnerável ao
ódio e à violência", diz. "Por que você acha que alguns seqüestradores vão direto a um shopping
center depois que recebem o resgate?" Além do consumo, o psicólogo diz que a violência tem
outro atrativo para jovens excluídos: a sensação de poder. "Com uma arma na mão, uma pessoa
se sente uma espécie de Deus, com o poder sobre a vida e a morte de outro ser humano", diz o
psicólogo. "É preciso que a violência deixe de ser encarada como a única forma, ainda que breve,
de viver intensamente."
JEFFREY DAHMER
CRIME - Matou 17 rapazes e comeu seus órgãos.
DIAGNÓSTICO - Psicopata. Dahmer tem todos os traços do portador de distúrbio de personalidade anti-social (o
chamado psicopata). Quando foi preso, em 1991, mostrou os corpos que mutilava e comia sem manifestar emoção.
CHARLES MANSON
CRIME - Participou do assassinato e mutilação de mais de cinco pessoas – entre elas Sharon Tate, mulher do
cineasta Roman Polanski, que estava grávida de oito meses.
DIAGNÓSTICO - Abuso na infância. Não conheceu o pai e a mãe ficou presa por roubo durante boa parte da
infância de Charles.
4 As mais leves levam às mais pesadas 4 As mais leves não levam às mais pesadas
Quase todos os usuários de drogas pesadas já As pesquisas que fazem essa associação não
consumiram maconha. O governo americano diz são conclusivas. Como explicar, por exemplo,
que fumar maconha aumenta em 56% a chance que a maioria das pessoas que usa maconha
de consumo de outra droga não migra para drogas mais pesadas?
Aliás, sobre as leis, podemos debater os principais crimes e suas penas. Por que cada um tem
uma pena diferente? Observemos os crimes relacionados à vida e ao patrimônio: que penas são
maiores? Outras questões podem ser formuladas: filosofar é questionar, fazer perguntas
difíceis de responder!
Código civil (dia 1º de janeiro de 1942), Presidente Getúlio Vargas
Relação de causalidade
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Os três poderes. Escrito por Márcio Zoratto Gastaldo (revista Mundo Jovem)
O que é poder? Inicialmente, devemos definir que o poder aqui tratado é o direito de
deliberar, agir e mandar. As palavras “autoridade”, “soberania”, “império”, “domínio” e “influência”
são todas sinônimos desse conceito. A teoria da tripartição dos poderes surgiu de Aristóteles, na
sua obra “Política”. No século XVII, John Locke reconheceu a importância das três funções
distintas no poder estatal, no “Segundo tratado sobre o governo civil”.
Foi Charles de Secondat ou Barão de Montesquieu, no entanto, quem consagrou a teoria.
Ele escreveu, em 1748, o livro “O espírito das Leis” que, “segundo uma experiência eterna, todo
homem tende a abusar do poder que lhe foi atribuído, só não o fazendo se encontrar limites à sua
ação”. E, para que ninguém possa abusar do poder é necessário que, pela disposição das coisas,
o poder limite o poder”. Esse sistema de controle entre um poder e outro também é conhecido
como “sistema de freios e contrapesos”.
O artigo 2o de nossa Constituição determina que “são poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo,o Executivo e o Judiciário”. Mas, na prática, como isso funciona?
O poder Legislativo tem a função de elaborar as normas jurídicas ou as leis que regem o
povo. Ele é exercido pelo Congresso Nacional, que se compõe da Câmara de Deputados
(representantes do povo, com mandato de quatro anos) e do Senado federal (representantes dos
Estados e do Distrito Federal, com mandato de oito anos). Nos Estados e municípios, o poder
Legislativo é exercido pela Assembléia Legislativa (deputados estaduais) e pela Câmarade
Vereadores, respectivamente. O poder executivo administra o país de acordo com as leis, fazendo
executa-las pelos diversos órgãos da administração e exigindo seu cumprimento por parte do povo.
É exercido pelo presidente da república, auxiliado pelos ministros de Estado. Nos Estados e
Municípios é exercido, respectivamente, pelo governador e pelo prefeito, ambos auxiliados por
secretários.
O poder judiciário tem a função de julgar e decidir, de acordo com as leis, as questões ou
dissídios entre os indivíduos ou entre indivíduos e as autoridades, fiscalizando a aplicação das leis.
É exercido pelos seguintes órgãos: Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça,
Tribunais Regionais Federais e Juízes federais, Tribunais e juízes do trabalho, Tribunais e juízes
eleitorais, Tribunais e juízes militares e Tribunais e juízes dos Estados e do Distrito Federal.
Para que possa haver harmonia cada poder exerce e sofre limitações. Na realidade, o que
se tem percebido é uma interferência grande de um sobre o outro. Um exemplo disso é a grande
quantidade de Medidas Provisórias, editadaspelo presidente e submetidas ao Congresso Nacional
(em 17 anosdesta Constituição,são mais de 6300 medidas editadas e reeditadas). Em teoria o
controle entre os poderes ocorre da seguinte forma:
* Poder Legislativo: controla o judiciário participando da escolha dosmembros dos tribunais
superiores,julgando os ministros do STF nos crimes de responsabilidade e fiscalizando como é
gerenciado o dinheiro pelo poder Judiciário; controla o Executivojulgando o presidente da
república, o vice e os ministros de Estado,noscrimes de responsabilidade, apreciando as contas do
presidente e dos demais órgãos da administração pública, podendo convocar ministros para
prestar contas e criar comissões parlamentares de inquérito (CPIs) para apuração de
fatosrelevantes.
* Poder Executivo: controla o Judiciário nomeando ministros do STF e dos demais tribunais
superiores; controla o legislativo participandona elaboração dasleis, através da sanção (aprovação)
ou o veto (rejeição) dos projetos aprovados pelo legislativo e participando da escolhados ministros
do Tribunal de Contas da União.
* Poder Judiciário: controla o Legislativo conferindo a constitucionalidade das leis e atos
administrativos, julgando os membros do congresso Nacional noscrimes comuns e os membros do
Tribunal de Contas da União nos crimes comuns e de responsabilidade; controla o poder executivo
cuidando da constitucionalidade das leis e atos administrativos, julgando o presidente, o vice e os
ministros noscrimes comuns e julgando os ministros, também, noscrimesde responsabilidade,
quando esses não forem conexos com crimes atribuídosao presidente ou ao vice.
É importante lembrar Em 1º de Dezembro de 1955, em Montgomery, no estado
americano do Alabama, Rosa Parks, de 42 anos recusou-se a ceder seu lugar a um homem. O
homem que ela deixou em pé era branco. Rosa Parks foi presa por desobedecer às leis que
estabeleciam a distinção racial, mas a repercussão do caso deu origem a um boicote aos ônibus
coordenado pelo reverendo Martin Luther King. O protesto durou 381 dias e terminou com uma
decisão histórica da Suprema Corte, declarando inconstitucionais todas as formas de segregação
nos ônibus.
O detalhe é que naquele dia, voltando para casa depois de um dia inteiro de trabalho, Rosa se
sentou na área do ônibus destinada aos negros. Mas uma lei local determinava que, se não
houvesse assentos vagos entre os reservados aos brancos (na parte da frente do veículo), estes
podiam ocupar o lugar de um negro. O movimento civil que Rosa Parks detonou foi um dos mais
importantes da história da luta contra o racismo nos Estados Unidos.
As reivindicações eram relativamente modestas: eles queriam ser tratados com
cortesia, sem a obrigação de ceder lugar aos brancos, e pediam a contratação de
motoristas negro. As autoridades não os atenderam. A reação nada teve de pacífica. Houve
casos de constrangimento policial e bombas explodiram em casas de líderes negros. A batalha, no
entanto, seria ganha e marcaria o nascimento de uma liderança negra fundamental.
Viu como um pequeno gesto pode mudar a História? (Fonte: luzdeluma.blogspot.com)
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Nos anos 1960, jovens americanos queimavam as convocações para ir lutar no Vietnã,
explicando, em atos públicos, porque eram contrários a guerra dos Estados Unidos contra aquele
país. podem-se citar (também) as diversas campanhas do líder indiano Mahatma Gandhi, na
campanha pela independência de seu país. Gandhi incorporou à noção de desobediência civil o
caráter de não-violência. A desobediência civil é feita de atos pacíficos e seus praticantes não
reagem à repressão quando a ela são submetidos.
O argumento filosófico que fundamenta a desobediência civil é o seguinte: o cidadão só tem o
dever moral de obedecer às leis, se os legisladores produzirem leis justas. Em 1849, Henry David
Thoureau escreveu o ensaio sobre “Desobediência civil”, depois que se recusou a pagar impostos
ao país, porque este gastava os recursos em uma guerra injusta contra o México. Assim, ele
substituiu os discursos de protesto por uma ação visando dar exemplo aos outros cidadãos. (Fonte:
blog.itarare.com.Br)
Uma outra maneira de ver a origem de uma sociedade – a brasileira – é ler o livro “O
povo brasileiro”, do pensador Darcy Ribeiro, em 1996. Eis alguns trechos:
A invasão do Brasil: A revolução mercantil em Portugal e Espanha estimularam à procura por
novas terras, onde extraíssem matéria-prima e riquezas. Tal expansão recebeu o apoio da Igreja
Católica (1454), que via aí a oportunidade de expandir o catolicismo, tarefa que Deus teria dado ao
homem branco. Portugal e Espanha “gastaram gente aos milhões”, “acabaram com florestas,
desmontam morros a procura de minerais (estima-se que foram levados para Europa 3 milhões de
quilates de diamantes e mil toneladas de ouro), “só a classe dirigente permanece a mesma,
predisposta a manter o povo gemendo e produzindo ”, não o que os povos colonizados querem ou
precisam, mas o que eles impõem à massa trabalhadora, que nem mesmo participa da
prosperidade.
Para os índios aqueles homens brancos eram gente do Deus-Sol (o criador ou Maíra), mas esta
visão se dissipa: “como o povo predileto sofre tantas privações?”, se referindo às doenças que os
europeus lhe trouxeram –coqueluche, tuberculose e sarampo, para as quais não tinham anticorpos.
Assim, muitos índios fogem para dentro da mata e outros passam a conviver com os seus novos
senhores. Outros, deitavam em suas redes e se deixavam morrer ali. Aos olhos dos índios, por que
aqueles oriundos do mar precisavam acumular todas as coisas? Temiam que as florestas fossem
acabar? Em troca lhes davam machados, canivetes, espelhos, tesouras, etc. Se uma tribo tinha
uma ferramenta, a tribo do lado fazia uma guerra pra tomá-la.
No ventre das mulheres indígenas começavam a surgir seres que não eram indígenas, meninas
prenhadas pelos homens brancos – e meninos que sabiam que não eram índios... que não eram
europeus. O europeu não aceitava como igual. O que eram? Brasilíndios, rejeitados pelo pai,
europeu, filhos impuros desta terra, e pela mãe, índia. São também chamados de “mamelucos”,
nome que os jesuítas deram aos árabes que tomavam crianças dos pais e as cuidavam em casa.
Esses filhos das índias aprendem o nome das árvores, o nome dos bichos, dão nome a cada rio...
Eles aprenderam, dominaram parcialmente uma sabedoria que os índios tinham composto em dez
mil anos. Estes mamelucos eram caçadores de índios, para vender ou para serem seus escravos.
“A grande contribuição da cultura portuguesa aqui foi fazer o engenho de açúcar... movido por
mão-de-obra escrava. Por isso, começaram a trazer milhões de escravos da África. Metade morria
na travessia, na brutalidade da chegada, de tristeza, mas milhões deles incorporaram-se ao Brasil”.
O custo do tráfico de escravos nos 300 anos de escravidão foi de 160 milhões de libras-ouro, cerca
de 50% do lucro obtido com a venda do ouro e do açúcar . Os escravos negros vinham para o
Brasil e eram dispersados por esta terra, evitando que um mesmo povo (ou etnia) permanecesse
unido. Embora, iguais na cor, falavam línguas diferentes, o que os força a aprender o português, o
idioma do seu capataz. Em geral, aos 15 anos eram aprisionados como escravos, trocados por
tabaco, aguardente e bugigangas, trabalhavam por 7 a 10 anos seguidos e morriam de cansaço
físico. Sofria vigilância constante e punição atroz. Havia um castigo pedagógico preventivo, mas
também mutilação de dedos, queimaduras, dentes quebrados, 300 chicotadas para matar ou 50
por dia, para sobreviver. Se fugia, era marcado a ferro em brasa, cortado um tendão, tinha uma
bola de ferro amarrada ao pé ou então, era queimado vivo. Eles fizeram este país, construíram ele
inteiro e sempre foram tratados como se fossem o carvão que você joga na fornalha e quando você
precisa mais compra outro”.
“Todos nós somos carne da carne daqueles pretos e índios (torturados) e a mão possessa que
os supliciou”... “A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós
a gente sentida/ sofrida ”... Estima-se que em 3 séculos, o Brasil importou entre 4 a 13 milhões de
africanos. Um e cada quatro, eram mulheres – “eram o luxo que se davam os senhores e o
capatazes, as mucamas, que até se incorporavam à família (ex : Chica da Silva), como ama de
leite. Chegavam a provocar ciúme nas senhoras brancas, que mandavam arrancar seus dentes.
Em 1823, em uma revolta em Pernambuco, organizada por barbeiros, boticários, alfaiates,
artesãos, ferradores, etc, armados de trabucos, uma “multidão de gente livre e pobre” cantava
assim: “marinheiros (portugueses) e caiados (brancos). Todos devem se acabar, porque os pardos
e o pretos, o país hão de habitar”.
As classes sociais no Brasil lembram um funil invertido e não uma pirâmide, como em outros
países. O Patronato, o Patriciado e o Estamento gerencial são as classes dominantes. O
Patronato, empresários que exploram economicamente empregados, O Patriciado, tem poder de
mando devido a seu cargo, como generais, deputados, bispos, líderes sindicais, O Estamento
gerencial de empresas estrangeiras, tecnocratas competentes que controlam a mídia, forma a
opinião pública, elege políticos. Abaixo desta cúpula, estão as classes intermediárias ou os
“setores mais dinâmicos”, são propensas a prestar homenagem às classes dominantes, mantém a
ordem vigente e são constituídas de pequenos oficiais, profissionais liberais, policiais, professores,
baixo-clero, etc. A seguir, vem as classes “subalternas” ou “núcleo mais combativo”, composta por
operários de fábricas, trabalhadores especializados, assalariados rurais, pequenos proprietários,
arrendatários, etc. Preocupam-se em proteger o que conquistaram. Depois, há uma grande massa
de oprimidos, o “componente majoritário” (que predomina), enxadeiros, bóias-frias-, empregadas
domésticas, serviços de limpeza, pequenas prostitutas, biscateiros, delinqüentes, mendigos, etc,
em geral, analfabetos. Para Darcy Ribeiro, os escravos de hoje são essas pessoas
“subassalariados”, que infundem, com sua presença, “pavor e pânico” pela ameaça de insurreição
(revolução) social e só são capazes de “explosões” de revolta, mas, em geral, aceitam seu destino
de miséria, pois são incapazes de se organizarem politicamente, como em sindicatos.
Houve um conflito entre os jesuítas e os mercadores que escravizavam os índios, como “gado
humano”, quase um bicho: e da ameaça de extinção dos índios, jesuítas construíram missões onde
poderiam ensinar o catolicismo. Para Darcy Ribeiro, as missões foram uma primeira experiência
socialista.
Com o desemprego na Europa, no século 19, vêm para cá 7 milhões de pessoas. Quando da
chegada de outros povos imigrantes como italianos, alemães, japoneses, etc, a população
brasileira já era numericamente maciça (quatorze milhões de brasileiros) e definida etnicamente
quando absorveu a cultura e a raça dos imigrantes, diferente dos europeus que foram para a
Argentina caíram em cima do povo argentino, paraguaio e uruguaio que haviam feito seus países,
que eram oitocentos mil, e disso saiu um povo europeizado.
Só não ocorreu secessão (fragmentação, independência dos estados) do Brasil, porque “em
cada unidade regional, havia representações locais da mesma camada dirigente (classe social)”...
“Tal é o Brasil de hoje, na etapa que atravessamos na luta pela existência. Já não há índios
ameaçando seu destino. Também negros desafricanizados se integraram nela com um contingente
diferenciado, mas que não aspira a nenhuma autonomia étnica. O próprio branco vai ficando cada
vez mais moreno e até se orgulha disso”
Pergunta Darcy Ribeiro: “Por que alguns povos, mesmo pobres na etapa Colonial, progrediram
aceleradamente, integrando-se à revolução industrial, enquanto outros se atrasam?”. Sua
explicação: os povos transplantados, como os norte americanos que vieram da Inglaterra, já se
encontram prontos, mas, os povos novos, que vão se construindo mais lentamente, como o Brasil,
com a mistura de índios, negros e brancos. ... Um aglomerado de índios e africanos, reunidos
contra a vontade e a administração local, sob controle dos neo-brasileiros, filhos de europeus e
índias ou negras, dependentes da metrópole (Portugal). Os três séculos de economia agrária no
Brasil “moeram e fundiram as matrizes indígena, negra e européia em uma nova etnia” (p.261). O
povo brasileiro tem “erupções de criatividade”: no culto a Iemanjá, que se cultuava no dia 2 de
fevereiro na Bahia e 8 de março em São Paulo, no RJ, foi alterado para 31/dezembro. Temos a
primeira santa que tem relações sexuais. Isso é uma coisa fantástica! Um povo que é capaz de
inventar uma coisa destas! Nunca houve depois da Grécia! À Iemanjá não se pede a cura da Aids,
mas um amante carinhoso ou que o marido não bata tanto. O negro guardou sobretudo sua
espiritualidade, sua religiosidade, seu sentido musical. (O brasileiro é) um povo singular, capaz de
fazer coisas, por exemplo, a beleza do Carnaval carioca, que é uma criação negra, a maior festa da
Terra!.
O antropólogo identificou nas regiões do Brasil 5 tipos de mestiços ainda existentes hoje:
1. O Brasil Crioulo: representado pelos negros e mulatos na região dos engenhos de açúcar
no nordeste brasileiro, nas terras de Massapé e no recôncavo baiano. Depois da abolição, o ex-
escravo ganhava um pedaço de terra (fica como um agregado da fazenda, em terra dos outros)
para produzir comida e comprar sal, panos e satisfazer necessidades mais elementares. No século
19, a roda d´água e a tração animal são substituídas pela máquina a vapor e os senhores de
engenho são substituídos por empresas bancárias. Em 1963, com a ditadura militar, houve o
retorno ao antigo poder dos senhores das fazendas (patronato), que reagiram ao projeto de
pagamento de salário mínimo, através da elevação do preço do açúcar.
2. O Brasil Caboclo: no século 19 e últimas décadas do séc. 20, foram para a Amazônia 500
mil nordestinos (fugindo da seca) para trabalhar com extração de látex (borracha) das seringueiras
e, por isso, mais da metade dos caboclos que já viviam deste trabalho, foram desalojados para as
cidades de Belém e Manaus, perdendo-se a sabedoria milenar de viver nas florestas que eles
herdaram dos índios. Em cada seringal, os mestres ensinam a sangrar a árvore sem matá-la,
colher o látex e depois defumá-lo em bolas de borracha. Em cada 10-15 km raramente se encontra
200 seringueiras. Percorre-se, ainda hoje, duas vezes por dia uma mesma estrada: de madrugada
para sangrar as árvores e ajustar as tigelas ao tronco e na segunda vez, para vertê-las num galão
que levará para o rancho. Depois, trabalha na tarefa de coagulação do látex. Além de coletor,
dedicava-se à caça e à pesca e protegia-se das flechas dos índios.
Nos primeiros anos da presença dos portugueses na Amazônia, índios são escravizados para
buscarem na mata as “drogas da mata”, as especiarias, os produtos que a floresta oferece, como
cacau, cravo, canela, urucu, baunilha, açafrão, salsa parrilha, sementes, casacas, tubérculos, óleos
e resinas - eles “foram o saber, o nervo e o músculo dessa sociedade parasitária”. E isto porque
nenhum colonizador sobreviveria na mata sem esses índios que eram “seus olhos, mãos e pés”.
Há também a extração de minérios como manganês, no Amapá, e Cassiterita, em Rondônia e
na Amazônia, exploradas por uma multinacional americana – a Bethlehem Steel, cujo custo pago
por ela é apenas aquele que ela gasta para extrair e transportar o minério. Militares alemães
sugeriram a Hitler que a conquistasse, como importante ponto para a expansão germânica. Os
Estados Unidos propuseram à ditadura militar brasileira o uso da Amazônia por 99 anos para
estudos.
3. O Brasil Sertanejo: No sertão encontra-se uma vegetação rara confinada de um lado pela
floresta da costa do atlântico, pela Amazônia e ao sul pela zona da mata. Nas faixas de florestas,
há palmeiras de buriti, carnaúba, babaçu, pastos raros e arbustos com troncos tortuosos devido a
irregularidade das chuvas. A criação de gado nesta região fornece carne, couro e bois para serviço
e transporte, animais trazidos de Cabo Verde, pelos portugueses, pertencendo inicialmente aos
engenhos e depois a criadores especializados. Os vaqueiros naquela época davam conta do
rebanho e como pagamento separavam 1 cabeça de gado para ele e três para o dono.
O trabalho de pastoreio moldou o homem e o gado da região: ambos diminuíram de tamanho,
tornando-se ossudos e secos de carne. Hoje, enquanto o gado cresce, alcançando ossatura mais
ampla e recebe tratamento, o vaqueiro e sua família, não. Apesar das enormes somas de dinheiro
que vem do governo federal, para ajudar os flagelados pela seca, são os “coronéis” (fazendeiros
que monopolizam a terra) que se apropriam dos recursos, “mais comovido pela perda dos eu
gado... do que pelo trabalhador sertanejo”. Estas somas de dinheiro vão para a construção de
estradas e para açudes para o gado passar e beber água. Os sertanejos permanecem itinerantes,
pois vivendo por dez anos em uma propriedade, eles teriam direito a ela, mas dependeriam de um
registro no cartório, que fica distante e caro. Em contraste, políticos estaduais concedem facilmente
milhões de terras a donos que nunca as viram e que um dia desalojam sertanejos que viviam nelas
(isto chama-se “grilhagem”).
Diante de tanta miséria, o sertanejo que vive isolado no interior (diferente do que vive no litoral),
tem uma visão fatalista e conservadora sobre sua vidaPeriodicamente, anunciavam a vinda do
messias –diziam “o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. Um dos acontecimentos mais
trágicos ocorreu em Canudos, sob a liderança de Antônio Conselheiro, um profeta e reformador
social, era visto pelos fazendeiros como subversivo, que poderia estimular a mão-de-obra a
abandonar as fazendas e reivindicar a divisão das terras. Lá chegaram a 1000 casas. Outro
fenômeno que surge no sertão é o cangaço: uma forma de banditismo, formado por jagunços, que
surgiu nas fazendas.
4. O Brasil Caipira: São os homens que dirigiam as bandeiras (exploração que adentrava ao
interior do Brasil), e a população paulista (mamelucos). Cada um deles possuía uma indiada cativa
para o cultivo da mandioca, feijão, milho, abóbora, tubérculos, tabaco, urucu, pimenta, caçadas e
pesca. Lá só se falava a língua tupi. Dormiam em redes, usavam gamelas, porongos, peneiras
como as que os índios usavam, além de armas, candeias de óleo. Consumiam rapadura e pinga.
Cada família fiava e tecia algodão para as roupas de uso diário e para os camisolões e ceroulas,
para os homens e blusas largas e saias compridas, para as mulheres. Andavam descalços, de
chinelas ou de alpargatas. Não queriam apenas existir, como os índios, mas estabelecer vínculos
mercantis externos e aspirar a se tornar uma camada dominante, adquirindo artigos de luxo e
poder de influência e mando. Por um século e meio venderam mais de 300 mil índios para os
engenhos de açúcar.
As bandeiras serviam, também, mas para explorar ouro e diamantes. O padre Calógeras avalia
que 1400 toneladas de ouro e 3 milhões de quilates de diamantes foram levados do Brasil-Colônia.
Do ouro extraído por Portugal quase todo foi para a Inglaterra, para pagar as suas importações,
ouro que financiou a indústria inglesa. Um novo tipo social surgia: o garimpeiro, que explorava
clandestinamente o diamante, monopólio de Portugal.
Quando Monteiro Lobato (além do sítio do pica-pau amarelo) criou o personagem Jeca Tatu , o
fez como um “piolho da terra”, uma praga incendiária que atiçava fogo à mata, destruindo as
riquezas florestais para plantar roçados, uma caricatura do caipira, destacando a preguiça, a
verminose e o desalento que o faz responder sempre: “não paga a pena” a qualquer proposta de
trabalho que lhe faziam (ou entregava 50% da produção ao patrão ou trabalhava por conta própria,
pagando pelo uso da terra, com 1/3 da colheita. Outra saída: ir para as cidades, marginalizando-se
lá). O que Lobato fez foi descrever o caipira sob o ponto de vista de um intelectual e fazendeiro,
diante da experiência amarga de encaixar os caipiras no seu “sistema”. O que Monteiro Lobato não
viu foi o traumatismo cultural, o caipira marginalizado pelo despojo de suas terras, como um
produto residual natural do latifúndio agro-exportador. Somente mais tarde é que o escritor
compreendeu e defendeu a reforma agrária.
Outro tipo humano surgido foi o dos bóias-frias que vivem em condições piores do que as que
vivem os caipiras, cerca de 5 milhões de pessoas à espera da posse de terras em que possam
trabalhar. Eles estão presentes mais nos canaviais do que nas fazendas de café, isto porque os
cafezais precisam de muita gente apenas na derrubada da mata e nos 4 primeiros anos. Depois, só
nas colheitas.
5. O Brasil Sulino: Foi a expansão dos paulistas ocupando a região sul do Brasil, antes
dominada pelos espanhóis, a causa que anexou esta região ao Brasil. No começo do século 18,
paulistas e curitibanos vêm para cá, instalarem-se como criadores de cavalos e muares e recrutam
os gaúchos para o trato do gado. Sobre os gaúchos (população de mestiços), estes surgem,
segundo Darcy Ribeiro, dos filhos e filhas entre espanhóis e portugueses com as índias guaranis.
Havia um dito popular: “esta indiada é toda gaúcha”. Dedicavam-se ao gado que se multiplicava
naturalmente nas duas margens do rio da prata e que foram trazidos pelos jesuítas. Com o
esgotamento das minas de ouro e diamante e a pouca procura por gado do Sul, foi introduzida aqui
a técnica do charque, trazida pelos cearenses. Já a imagem do gaúcho montado em cavalo brioso,
com bombacha, botas, sombreiro, pala vistosa, revolver, adaga, dinheiro na guaiaca, boleadeiras,
lenço no pescoço, faixa na cintura e esporas chilenas, diz Darcy Ribeiro, ou é a imagem do patrão,
fantasiado de homem do campo, ou é de alguém que integra algum clube urbano (centro nativista)
e não passa de folclore. Já o “gaúcho novo”, será o peão empregado que cuida do gado, agora,
mal pago, come menos e vive maltrapilho. Apesar disso, o peão de estância é um privilegiado em
comparação com os biscateiros, os que vivem em terrenos baldios, os subocupados, que arranjam
trabalhos esporadicamente, em tosquias ou esticar os arames, todos eles chamados de “gaúchos-
a-pé”. Já os que vivem como autônomos rurais, lavram o terreno dos outros, pelo regime de
“parceria”.
Mas, não se pode dizer que o povo do Sul tivesse origem apenas paulista. Havia, também
lavradores vindos das ilhas dos Açores em Portugal, que ocuparam a região litorânea, com lavoura:
milho, mandioca, feijões, abóboras, etc, enquanto outros fugiram desta “caipirização” cultivando
trigo, os gaúchos, nos campos da fronteira, com o pastoreio e os gringos, descendentes dos
imigrantes europeus, viviam isolados do resto da sociedade, o que fez com que o governo
brasileiro exigisse o ensino do idioma e os recrutasse os gringos para o exército. Com a
distribuição legal de terras (sesmarias), em Rio grande, Pelotas, Viamão e missões, as invernadas
se tornam estâncias e o estancieiro se faz “caudilho”, contra ataque dos castelhanos,
acrescentando gado de outras bandas. Mais tarde, o estancieiro se tornará patrão, dono de
matadouros e frigoríficos. Os imensos campos livres do passado, agora, são retângulos, todos com
donos. Entre as instâncias há imensos corredores de aramados divisórios.
As dores do parto:
Nosso destino é nos unificarmos com todos os latino-americanos por nossa oposição comum ao
mesmo antagonista, a América anglo-saxônica, para fundarmos, tal como ocorre na comunidade
européia, a nação latino-americana sonhada por Bolívar. Hoje somos quinhentos milhões, amanhã
seremos um bilhão, contingente suficiente para encarar a latinidade em face dos blocos chineses,
eslavos, árabes e neobritânicos.
Somos povos novos ainda na luta para fazermos a nós mesmos como um gênero humano novo
que nunca existiu antes. O Brasil é já a maior das nações neolatinas, com magnitude populacional
e começa a sê-lo também por sua criatividade artística e cultural. Precisa agora sê-lo no domínio
da tecnologia da futura civilização, para se fazer potência econômica, de progresso auto-
sustentado. Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização,
mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma, mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque
incorpora em si mais humanidade, mais generosa, porque aberta à convivência com todas as
nações e todas as culturas e porque está assentada na mais bela e luminosa província da terra.
Tabelas extraídas da obra “O povo brasileiro”, escrita por Darcy Ribeiro (1996)
Tarefa para a próxima aula: pedir aos alunos que tragam relógios
antigos ou atuais para uma exposição na aula
Zenão: uma flecha arremessada na direção e sentido de um alvo não está em movimento,
pois em cada instante ela está parada e o movimento total não pode ser a soma de vários instantes
parados.
Santo Agostinho: é célebre a resposta que dá sobre o que é o tempo: “Se ninguém me
perguntar, eu sei. Mas, se me perguntarem, eu já não sei”. Então, lembra de uma anedota comum
à sua época, para os que perguntavam o que Deus fazia antes de criar o universo e o tempo: Ele
preparava o inferno para quem faz este tipo de pergunta. Falando sério, para ele, o tempo não está
no movimento dos astros, pois se os astros parassem, mas a roda do oleiro continuasse a rodar,
ainda teríamos como medir o tempo das voltas da roda, para saber se ocorrem em intervalos iguais
ou não. Defende Agostinho que o tempo só passou a existir após a criação do universo. Na
eternidade de Deus, “nada se mede pelo tempo”, tudo é simultâneo e nada é sucessivo (obra:
Confissões: livro XI, cap.11). Está claro, para ele, que nem o passado e nem o futuro existem.
Seria mais apropriado dizer que existem três tempos: o “presente do passado” (a memória), o
“presente do presente” (nossa visão) e o “presente do futuro” (esperança). Há, também, disse
Agostinho, três tempos, o presente, o passado e o futuro, como as pessoas “ordinariamente e
abusivamente usam”. Ele não se opõe, nem se importa e nem critica que utilizemos estes termos,
desde que “não julguemos” que o futuro já exista ou que o passado ainda exista.
Pode-se citar, também, e até propor uma exibição de filmes como o Dejà vú que fala de
uma máquina do tempo que dobra o espaço (vazio?) em torno do planeta e aproxima no presente o
que aconteceu seis dias antes e os paradoxos de se construir uma máquina que voltasse no
passado e se matarmos a nós mesmos, mais jovem, como teríamos construído a tal máquina (o
paradoxo dos gêmeos de Einstein)? Dobrar o espaço significa algo parecido como pôr uma bola de
boliche sobre uma cama: o lençol e o colchão são deformados, não por causa do peso da bola,
mas de sua massa; a gravidade, assim, não é, pela teoria de Einstein (diferente das teorias da
gravidade de Aristóteles – o que é feito de terra move-se para baixo e o que é feito de fogo e ar
move-se para cima, um movimento natural em cada objeto, atuando de dentro para fora e Newton
– corpos se atraem uns aos outros mesmo separados), uma força que puxa os objetos para baixo,
mas um espaço deformado que faz com que a lua, por exemplo, percorra o caminho ao redor da
Terra. Há, também a teoria de que os corpos trocam partículas entre si, grávitons; é isso que
chamaríamos. Há, também, os filmes “De volta para o futuro” ou “ Em algum lugar do
passado”, em que o protagonista apenas com o pensamento viaja no tempo.
Um texto sobre o tempo, extraído de um programa de televisão (Fantástico – rede Globo),
do dia 1o de janeiro de 2006:
Será que o tempo funciona da mesma maneira para todo mundo? Será que tempo é apenas
uma ilusão? O tempo é um mistério. E um assunto para a filósofa Viviane Mosé.
Maria tem apenas dez anos, mas o seu dia-a-dia é bastante acelerado. Ela tem aulas de
piano, pilates, violino, alemão e inglês. “Sem a minha rotina, ia ficar meio angustiada, ia ser meio
chato ficar à toa, sabe?”, comenta a menina.
Maria convive de uma forma aparentemente tranqüila com o excesso de compromissos e
responsabilidades. Para ela, é natural fazer várias coisas ao mesmo tempo:
“Não me vejo sem esses compromissos, não me vejo sem a minha rotina. É bom ter o tempo
ocupado, ter coisa para fazer, bastante coisa. Eu gosto”.
Ela faz parte de uma geração que vive uma outra experiência de tempo. Um tempo que
parece correr cada vez mais depressa.
“Acho que o dia com 24 horas é muito pouco, devia ter mais horas, para eu me ocupar mais,
fazer mais coisas”, diz.
Você viu no último domingo que o tempo do relógio é uma invenção do homem para organizar
a vida em sociedade. A divisão entre horas, minutos e segundos, passado, presente e futuro não
existe na natureza.
“O relógio no Ocidente se disseminou, se distribuiu e passou a organizar o tempo do trabalho,
passou a organizar as atividades humanas”, afirma o físico Luiz Alberto de Oliveira, do Centro
Brasileiro de Pesquisas Físicas.
E nós passamos a achar que o tempo do relógio é o próprio tempo do mundo, das coisas, quando
não é. Mas se não está no relógio, onde está o tempo?
“Existem dias que você fala assim: ‘Poxa, o tempo passou rápido’. Tem outros dias que você
fala assim: ‘Poxa, o tempo não quer passar’”, diz a dona-de-casa Vera Lúcia Rosa.
Você já reparou que o tempo dos velhos não é o mesmo dos jovens? O tempo das grandes
cidades não é o mesmo das cidades do interior?
“É como se a nossa vida fosse cada vez mais cheia, mais densa, mais condensada de
atividades, de acontecimentos”, comenta Luiz Alberto de Oliveira.
Crianças e jovens da era digital, dos clipes, games e computadores têm uma experiência de
tempo muito mais acelerada do que seus pais tiveram no passado.
Hoje, a nossa experiência de tempo está profundamente marcada pela tecnologia, pela
internet, pelo mundo virtual. Conectados em uma grande rede, podemos estar em vários lugares ao
mesmo tempo. Isso faz nascer um novo tipo de presente - um agora planetário. Em toda parte e
em todo lugar é sempre "agora".
“O que acontece no Japão, nós testemunhamos praticamente sem retardo. Temos cada vez
mais mundo nos acessando. Cada vez mais mundo acessível a nós”, diz o físico.
A cada dia, mais acontecimentos cabem dentro de um mesmo tempo. É o que vive Maria,
com suas diversas atividades. Isso é responsável pela aceleração extraordinária que nós
experimentamos.
A física hoje considera que não existe apenas o tempo convencional, do relógio, e sim vários
tempos. A internet permite um deles, mas existem outros.
Você viu domingo passado que o filósofo Santo Agostinho dizia que o tempo foge, escapa de
nós. Mas para o filósofo francês Henri Bergson, ao contrário, o tempo pode ser alargado,
estendido. Pode ser vivido como duração.
Para ele, não conseguimos nos relacionar diretamente com o tempo porque usamos a
inteligência, e não a intuição. A nossa inteligência divide o tempo em partes iguais e fixas - horas,
minutos e segundos do relógio. Mas com isso deixamos de vivenciar a passagem de um momento
para outro, a duração do instante.
Para facilitar nossa compreensão, vamos pensar em um rio. Ele muda o tempo inteiro, mas
ainda assim podemos perceber a sua continuidade, sua duração. Mas se dividirmos o rio em várias
partes, ele vai deixar de ser um rio. Da mesma forma, o tempo. Quando dividimos o tempo em
hora, minuto, segundo, perdemos o fluxo, a continuidade, a totalidade do tempo. Perdemos a
duração do instante, do presente. Dessa forma, deixamos de viver o mais íntimo e essencial do
mundo.
O relojoeiro Jan Josef Drabeck aprendeu desde cedo a importância de cada segundo. Ele
literalmente vive do tempo. “Desde pequeno com esse som de tique-taque, relógios de pulso, de
parede”.
O ofício é tradição de família: seu avô já trabalhava com relógios na Europa. Mais de 40 anos
de atividade deram a Jan outra visão sobre o tempo. Para ele, a ansiedade nos rouba o instante.
“Todas as pessoas hoje não conseguem mais se situar em cada momento que elas estão.
Elas não estão ali. O tempo foge”, opina o relojoeiro.
A arte, para Bergson, permite uma outra experiência do tempo.
“O ator, no processo de criação, é Deus. Ele tem o poder de lidar com o tempo. O ator é um
duplo. É quase como o jogo do ventríloquo, ou da marionete. Quer dizer, o ator está sempre
manipulando o tempo, ele está conduzindo o espectador”, teoriza o ator Luís Mello.
Na arte, os ponteiros do relógio podem correr para trás. As leis do tempo, como conhecemos,
deixam de valer. O instante poético rompe com o instante do nosso cotidiano. Era o que pensava o
filósofo francês Gaston Bachelard.
“O poeta vive outro tempo quando está fazendo poesia. É um tempo desconstruído, um tempo
que não tem sujeito, verbo e predicado; início, meio e fim”, diz o poeta Chacal. “O barato e a onda
é o tempo em suspensão. É muito bom exercitar isso, para você não achar que o tempo é essa
coisa que nos escraviza, que nos martiriza”.
“Se você conseguir, pelo menos aos poucos, ter consciência desse tempo e tentar, como na
arte, ali no momento, criar esse tempo para você como pessoa, pessoa comum, que vai à
farmácia, que vai ao supermercado... Você consegue um tempo de andar pelas ruas, tempo de
olhar. Observar as coisas”, opina Luís Mello.
“O tempo do embrião talvez não seja o mesmo tempo do ancião. Talvez o tempo da ira e da
alegria não sejam rigorosamente os mesmos. Talvez haja uma revolução para se fazer na
experiência do tempo. Talvez seja necessário fazer uma reengenharia do tempo”, diz o físico.
Extraído do livro: Os mitos do tempo, do ego e das leis, escrito pelo professor Antonio
Jaques de Matos
Habibs
Quando a rede Habib’s inaugurou em 1988 sua primeira loja na
Rua Cerro Corá em São Paulo, certamente o mercado de
alimentação não imaginaria o crescimento vertiginoso por qual o
Habib’s iria trilhar nas últimas duas décadas, alcançando a marca
atual de 305 endereços distribuídos pelo Brasil e 150 milhões de
consumidores, o que colocou o Habib´s como a maior rede de fast
food genuinamente nacional. Essa posição, resultado do nível de
profissionalização que o Habib’s instituiu em seu segmento e das
constantes e necessárias inovações para atender plenamente o
cliente, esteve sempre aliada ao trinômio de preços baixos,
variedade e alta performance em qualidade, características que
ilustram perfeitamente a filosofia da empresa, duas vezes
premiada como: Melhor franquia pela ABF (Associação Brasileira
de Franquia), cinco prêmios “Consumidor Moderno de excelência
em serviços ao cliente” e três vezes eleita melhor fast food com o
“Prêmio Alshop Visa”, conhecido como o Oscar do Varejo no
segmento fast food.
Texaco
Visão
A essência da Filosofia da Chevron é a nossa visão: ser a empresa global de energia
mais admirada graças à sua gente, às suas parcerias e ao seu desempenho.
Faber Castell
Filosofia
O respeito ao individuo e ao meio ambiente estão presentes na Faber-Castell desde
sua fundação
Desde sua fundação a Faber-Castell tem pautado suas ações por um grande
respeito ao ser humano e ao meio ambiente e sabe o quanto essa postura é
importante para garantir um futuro saudável para as próximas gerações.
As iniciativas da Faber-Castell hoje, no Brasil e no mundo, são reflexos da vocação
histórica da empresa de atuar com total responsabilidade social. Uma filosofia que
está explícita em seus valores, incorporada na cultura de seus colaboradores e que,
assim, deverá se perpetuar por centenas de anos mais.
Para esta empresa a responsabilidade socioambiental não se resume a uma
iniciativa isolada ou sazonal, mas em um processo contínuo que nasceu há mais de
240 anos.
A qualidade superior sempre fez parte da história da Faber-Castell nos produtos, nos
cuidados com o meio ambiente, na postura ética e socialmente responsável. Por
isso, a Faber-Castell é a companhia para você escrever a sua história.
Wal Mart
O Wal-Mart é mais do que apenas o maior varejista do mundo. É uma força
econômica, um fenômeno cultural e o alvo de muitas controvérsias. Tudo começou
com uma simples filosofia do fundador Sam Walton: oferecer aos compradores
preços mais baixos do que eles pudessem encontrar em qualquer outro lugar.
Ele exigia que seus funcionários também mantivessem as despesas o mais baixo
possível.
Outra possibilidade é falar sobre as empresas que fazem parte de campanhas como as
relacionadas ao movimento vegetariano, com cuidado para não convencê-los, mesmo porque uma
mudança de dieta deve ser acompanhada por um médico. Há uma religião, Adventista, que possui
fábricas de comida vegetariana, cuja marca é SUPERBOM . Poder-se-ia apresentar aos
alunos para eles provarem estes alimentos: conhecemos e consumimos um bife feito de soja e,
também, uma maionese sem ovos , tudo para promover a conscientização (de
religiosos, mas, também, de ateus) para disseminar o respeito aos animais, criaturas divinas, para
uns, ou, seres que devemos respeitar e cuja vida é um direito inviolável, para outros. Acredito que
muita da importância que se atribui à escola é levar aos alunos novos pontos de vista que eles não
conheceriam normalmente, especialmente porque eles não têm curiosidade suficiente para acessar
um canal de tv sobre Ciências, por exemplo.
Realizamos uma “prova” do bife vegetal entre alunos de ensino religioso da turma
223 em 2008: todos mostraram interesse, mas na hora da degustação a maioria fez cara de nojo
(muitos disseram que parecia comida de gato!) e poucos realmente ingeriram o alimento. Depois
disso, evitamos repetir a experiência em outra turma – além do produto ser caro, não vale a pena
oferecê-lo se os alunos provavelmente o colocarão no lixo. Sugiro, então, que se use a cozinha da
escola para preparar algum alimento com “proteína de soja” in natura, grossa ou miúda e fazer com
eles ajudem no preparo.
Aula 62: cooperativismo.
A teoria de Karl Marx está por trás da revolução socialista e comunista e, também, nas
idéias do cooperativismo.
Manifesto do Partido Comunista, publicado em 1848, por Karl Marx e Friedrich Engels:
“Por burguesia compreende-se a classe dos capitalistas, proprietários dos meios de
produção que empregam trabalho assalariado. Por proletariado compreende-se a classe de
trabalhadores assalariados que, privados de meios de produção próprios, se vêem obrigados a
vender a sua força de trabalho para poder existir”.
INTRODUÇÃO: Um fantasma ronda a Europa - o fantasma do comunismo. Todas as
potências da velha Europa unem-se numa Santa Aliança para conjurá-lo: o papa e a czar,
Metternich e Guizot, os radicais da França e os policiais da Alemanha... O comunismo já é
reconhecido como força por todas as potências da Europa. É tempo de os comunistas exporem, à
face do mundo inteiro, seu modo de ver, seus fins e suas tendências, opondo um manifesto do
próprio partido à lenda do espectro do comunismo.
PARTE 1 - BURGUESES E PROLETÁRIOS: A história de todas as sociedades que
existiram até nossos dias tem sido a história das lutas da classes... Nas primeiras épocas
verificamos quase por toda parte, uma completa divisão da sociedade em classes distintas, uma
escala graduada de condições sociais. Na Roma antiga encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus,
escravos; na Idade Média, senhores feudais, vassalos, mestres, oficiais e servos, e, em cada uma
destas classes, gradações especiais. A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da
sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes. A sociedade divide-se ... em duas
grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado... (E) O governo do estado
moderno não é se não um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa.
A burguesia despojou de sua auréola todas as atividades até então reputadas veneráveis e
encaradas com piedoso respeito. Do médico, do jurista, do sacerdote, do poeta, do sábio fez seus
servidores assalariados.
A burguesia só pode existir com a condição de revolucionar incessantemente os
instrumentos de produção, por conseguinte, as relações de produção e, com isso, todas as
relações sociais... Necessita estabelecer-se em toda parte, explorar em toda parte, criar vínculos
em toda parte.
Devido ao rápido aperfeiçoamento dos instrumentos de produção e ao constante progresso
dos meios de comunicação, a burguesia arrasta para a torrente de civilização mesmo as nações
mais bárbaras.
Os baixos preços de seus produtos são a artilharia pesada que destrói todas as muralhas da
China e obriga a capitularem os bárbaros mais tenazmente hostis aos estrangeiros. Sob pena de
morte, ela obriga todas as nações a adotarem o modo burguês de produção, constrange-as a
abraçar o que ela chama civilização, isto é, a se tornarem burguesas. Em uma palavra, cria um
mundo à sua imagem e semelhança.
A burguesia submeteu o campo à cidade. Criou grandes centros urbanos; aumentou
prodigiosamente a população das cidades em relação à dos campos e, com isso, arrancou uma
grande parte da população do embrutecimento da vida rural.
Com o desenvolvimento da burguesia, isto é, do capital, desenvolve-se também o
proletariado, a classe dos operários modernos, que só podem viver se encontrarem trabalho e que
só o encontram na medida em que este aumenta o capital. Esses operários, constrangidos a
vender-se diariamente, são mercadoria, artigo de comércio como qualquer outro; em
conseqüência, estão sujeitos a todas as vicissitudes da concorrência, a todas as flutuações do
mercado.
O crescente emprego de máquinas e a divisão do trabalho, despojando o trabalho do
operário de seu caráter autônomo, tiraram-lhe todo atrativo. O produtor passa a um simples
apêndice da máquina e só se requer dele a operação mais simples, mais monótona; mais fácil de
apreender. Desse modo, o custo do operário se reduz, quase exclusivamente, aos meios de
manutenção que lhe são necessários para viver e procriar.
... Além disso... frações inteiras da classe dominante, em conseqüência do desenvolvimento
da indústria são precipitadas no proletariado, ou ameaçadas, pelo menos, em suas condições de
existência. Também elas trazem ao proletariado numerosos elementos de educação.
PARTE 2 - PROLETÁRIOS E COMUNISTAS: ... A Revolução Francesa, por exemplo, aboliu
a propriedade feudal em proveito da propriedade burguesa. O que caracteriza o comunismo não é
a abolição da propriedade geral, mas a abolição da propriedade burguesa. Censuram-nos, a nós
comunistas, o querer abolir a propriedade pessoalmente adquirida, fruto do trabalho do indivíduo,
propriedade que se declara ser base de toda liberdade, de toda atividade, de toda independência
individual. Pretende-se falar da propriedade do pequeno burguês, do pequeno camponês, forma de
propriedade anterior à propriedade burguesa? Não precisamos aboli-la, porque o progresso da
indústria já a aboliu e continua a aboli-la diariamente. Ou por ventura pretende-se falar da
propriedade privada atual, da propriedade burguesa? ... O capital é um produto coletivo: só
pode ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos membros da sociedade, e
mesmo, em última instância, pelos esforços combinados de todos os membros da sociedade. O
capital não é, pois, uma força pessoal; é uma força social.
Horrorizai-vos porque queremos abolir a propriedade privada. Mas em vossa sociedade a
propriedade privada está abolida para nove décimos de seus membros. E é precisamente porque
não existe para estes nove décimos que ela existe para vós.
... Nos países mais adiantados, as seguintes medidas poderão geralmente ser postas:
1. Expropriação da propriedade latifundiária e emprego da renda da terra em proveito do
Estado;
2. Imposto fortemente progressivo;
3. Abolição do direito de herança;
4. Confiscação da propriedade de todos os emigrados e sediciosos;
5. Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital
do Estado e com o monopólio exclusivo;
6. Centralizarão, nas mãos do Estado, de todos os meios de transporte;
7. Multiplicação das fábricas e dos instrumentos de produção pertencentes ao Estado,
arroteamento das terras incultas e melhoramento das terras cultivadas, segundo um plano geral;
8. Trabalho obrigatório para todos, organização de exércitos industriais, particularmente para
a agricultura;
9. Combinação do trabalho agrícola e industrial, medidas tendentes a fazer desaparecer
gradualmente a distinção entre a cidade e o campo;
l0. Educação pública e gratuita de todas as crianças, abolição do trabalho das crianças nas
fábricas, tal como é praticado hoje. Combinação da educação com a produção material etc.
Em lugar da antiga sociedade burguesa, com suas classes e antagonismos de classes,
surge uma associação onde o livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre
desenvolvimento de todos.
PARTE 4 - POSIÇÃO DOS COMUNISTAS DIANTE DOS DIVERSOS PARTIDOS DE
OPOSIÇÃO
... Os comunistas não se rebaixam a dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam
abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem
social existente. Que as classes dominantes tremam à idéia de uma revolução comunista! Os
proletários nada têm a perder a não ser suas algemas. Têm um mundo a ganhar. PROLETÁRIOS
DE TODO O MUNDO, UNI-VOS!
Friedrich Engels lembra a influência de Charles Darwin sobre Karl Marx e que,
este último, disse que tinha feito no campo da economia a descoberta que Darwin tinha feito
no campo da biologia.
- "Quando o médico e o velho da venda preta entraram na camarata com a comida, não
viram, não podiam ver, sete mulheres nuas, a cega das insônias estendida na cama, limpa como
nunca estivera em toda a sua vida, enquanto outra mulher lavava, uma por uma, as suas
companheiras, e depois a si própria."
• "Não lhe parece que deveríamos comunicar ao ministério o que se está a passar, Por
enquanto acho prematuro, pense no alarme público que iria causar uma notícia destas, com mil
diabos, a cegueira não se pega, A morte também não se pega, e apesar disso todos morremos."
• "Quando o director veio ao telefone, Então, que se passa, o médico perguntou-lhe se estava
só, se não havia gente por perto que pudesse ouvir, da telefonista não havia que recear, tinha mas
que fazer que escutar conversas sobre oftalmopatias, a ela apenas a ginecologia lhe interessava."
• "O medo cega, disse a rapariga dos óculos escuros, São palavras certas, já éramos cegos
no momento em que cegámos, o medo nos cegou, o medo nos fará continuar cegos, Quem está a
falar, perguntou o médico, Um cego, respondeu a voz, só um cego, é o que temos aqui. Então
perguntou o velho da venda preta, Quantos cegos serão precisos para fazer uma cegueira.
Ninguém lhe soube responder."
• "Lutar foi sempre, mais ou menos, uma forma de cegueira, Isto é diferente, Farás o que
melhor te parecer, mas não te esqueças daquilo que nós somos aqui, cegos, simplesmente cegos,
cegos sem retóricas nem comiserações, o mundo caridoso e pitoresco dos ceguinhos acabou,
agora é o reino duro, cruel e implacável dos cegos, Se tu pudesses ver o que eu sou obrigada a
ver, quererias estar cego, Acredito, mas não preciso, cego já estou, Perdoa-me, meu querido, se tu
soubesses, Sei, sei, levei a minha vida a olhar para dentro dos olhos das pessoas, é o único lugar
do corpo onde talvez ainda exista uma alma, e se eles se perderam"
"Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres
que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que
vêem, Cegos que, vendo, não vêem" Ensaio sobre a cegueira (José Saramago).
Bem, propomos que os alunos em duplas realizem a tarefa alternadamente de serem os
cegos e os guias e que andem pelo colégio, mesmo por caminhos mais difíceis e depois relatem o
que sentiram. Dirão que a visão é importante, lhe darão mais valor e respeitarão os que não a têm.
Sobre as cores : o preto é ou não a soma de todas as cores? Ou é o branco, como
pensava Issac Newton? Talvez ambos: o preto, pela sobreposição das cores e o branco, pela
sucessão delas? Basta você pegar tinta e misturá-las: dá preto, não branco. A luz pode ser
decomposta em todas as cores, mas ela não é branca, parece-me transparente! Alunos disseram
que ponto uma cor ao lado da outra em um circulo e girando este círculo veremos a cor branca,
mas isso é uma sucessão de cores, onde perdemos o foco em cada uma, como se a mente não
podendo percebe-las individualmente, percebe uma coisa só, como se estivesse fora de foco!
Aliás, não será que as próprias cores sejam idealizações das mentes humanas? Talvez não
exista preto ou branco ; o universo mais escuro pode conter alguma radiação que nossos
olhos e nossos instrumentos ainda não percebem! Outra questão que levantei em aula: a soma
dos alunos da turma 217 pode ser: (a) a quantidade total de alunos, por exemplo, 25, ou, ainda, (b)
a quantidade total de corpos misturados uns sobre os outros (tétrico, eu sei!). Uma soma conserva
os elementos, a outra, os destrói, portanto, não são somas idênticas!
Há uma propaganda (incentivando a doação de córneas) na televisão que mostrava
pessoas em momentos felizes, abraçando alguém, comemorando uma vitória, etc, e que dizia mais
ou menos assim: que nos melhores momentos da vida fechamos os nossos olhos e, assim, não
precisamos deles para as emoções que só o coração sente. Há sempre algo de verdadeiro em
tudo o que as pessoas dizem e, em certo sentido, fechamos os olhos, mas, talvez, não porque,
assim, possamos sentir melhor o que está acontecendo, mas simplesmente porque qualquer objeto
que se aproxime de nosso rosto provocará uma reação automática de fechamento das pestanas.
Porém, pode-se supor, ainda, que sem enxergar damos mais atenção a quem, por exemplo,
estamos abraçando.
Podemos fazer um caminho oposto ao que inicialmente propusemos: em vez de tentarmos
experimentar a ausência da visão, podemos desenvolvê-la, estimular os alunos a perceber tons de
cores que nunca tinham percebido. Na Wikipédia encontramos a “ psicologia das
cores”, assunto que podemos trabalhar em aula: podemos pedir que eles encontrem no pátio
objetos com cores incomuns ou um máximo de variedades de cores. Depois, com auxílio da
Wikipédia podemos analisar se cada cor tem uma personalidade. Diz o texto: “Na cultura ocidental,
as cores podem ter alguns significados, alguns estudiosos afirmam que podem provocar
lembranças e sensações às pessoas”. Podemos perguntar: é só na cultura ocidental? E na
oriental? Lá, por exemplo, o luto é representado pela cor branca. Dizem que as cores verde, lilás e
vermelha despertam a fome? O Mcdonalds usa as cores amarela e vermelha em seus restaurantes
em todo o mundo.
É interessante o professor folhear jornais e revistas para levar aos alunos notícias sobre
descobertas científicas: pesquisadores da universidade de Mannheim (Alemanha) testaram borrifar
cheiros agradáveis ou não nos travesseiros com os quais as pessoas dormiam. Muitas delas
tiveram sonhos agradáveis (quando o cheiro era de flores) e outras, desagradáveis (quando o
cheiro era, também, desagradável).
E os cães: por que eles lambem a perna da gente (ou objetos quaisquer) antes de cheirá-la
? Faça um suspense e se eles não oferecerem hipóteses (escreva alternativas (a), (b), (c), (d) no
quadro), responda: é para que aquela substância que interessou o cão pela primeira vez seja
dissolvida na água (saliva), liberando, assim, uma maior quantidade da mesma substância!
Falando em cão ou cães: mais de um deles, pertencentes à minha família, tinham o hábito de
esfregar o rosto em carniças de animais. O cheiro lhes parecia agradável, mesmo que para nós
pareça horrível? Como é possível? Tendo eles faro mais apurado, imagino que eles possam
identificar elementos naquele cheiro e lhes pareça harmonioso, mas não para nós, um mau cheiro
indistinto. Será por que remete-nos à lembrança de doenças, assim, como não cheiramos fezes,
nem urina?
Revista Superinteressante (Janeiro de 1998)
Os primeiros seres, que viviam nas profundezas dos oceanos, certamente só
possuíam esse sentido (OLFATO), com o qual localizavam a comida, descobriam os
parentes e evitavam os inimigos. O cérebro tinha apenas centros olfativos, que interpretavam os
odores, e centros motores, que controlavam os movimentos. Quanto mais as espécies foram
evoluindo, diminuía o tamanho da área cerebral especializada no olfato, chamada rinencéfalo, que
cedeu espaço para outras estruturas especializadas. No homem, por exemplo, uma área do
rinencéfalo foi ocupada pelo uncus, a parte do cérebro que controla as reações motoras do
organismo diante das emoções, como tremer de medo.
No final das contas, o nariz do homem acabou perdendo para qualquer focinho de
animal. No ser humano, as células olfativas cobrem uma área de 10 centímetros quadrados do
nariz; já no cachorro, essas células ocupam 25 centímetros quadrados; e no tubarão, 60. Enquanto
o homem, para perceber o cheiro do ácido acético presente no vinagre precisa de 500 milhões de
moléculas dessa substância por metro cúbico de ar, o cão pode sentir o mesmo cheiro com apenas
200 mil moléculas.
Além disso tudo, falamos, ainda, da história da jovem Helen Keller (27 de junho de 1880 – 1
de junho de 1968), exemplo de superação que merece ser citado: ela ficou cega aos dois anos de
idade e, pouco depois, surda.
Nem por isso deixou de estudar e chegou a se formar em Filosofia. Aprendeu as letras
quando alguém as escrevia na palma de sua mão e, depois, relacionava as palavras tocando nos
objetos. Se a lição envolvia aprender o que é água, ficava assim: primeiro, alguém com os dedos
escrevia na palma da mão dela, letra por letra: á+g+u+a (ou w+a+t+e+r, Helen ela norte-
americana) e, depois, molhava a sua mão com água e, por aí em diante, para cada objeto.
Outra questão que despertará debate diz respeito à sinestesia. Em um blog
(http://www.sinestesia.co.uk), encontramos Patrícia Müller que relata sua condição: “Eu sou
sinesteta de várias modalidades, mas predominantemente das modalidades 1) léxica>gustatória e
2) léxica>olfativa, formas menos comuns de sinestesia. Ela acrescenta que a sinestesia não se
trata de uma doença, apenas um processo que ocorre nos neurônios, que causa a mistura de
sensações diferentes – “Alguns sinestetas “vêem” sons, outros sentem o sabor de palavras ou
formas, o cheiro dos objetos que tocam, enxergam imagens ao ingerir certos alimentos, e outras
misturas de sensações”.
Por fim, é útil citar as qualidades primárias (a forma, a quantidade ou o número das coisas)
e secundárias (as sensações que existem em nossa mente, como a dor, as cores, o quente e o
frio) de John Locke. Especificamente sobre a forma, o que ela é? Existe separada da matéria,
como pensava Platão e mesmo São Tomás de Aquino na Idade Média, a ponto de dizer que os
anjos só têm forma e não matéria? Um chafariz tem uma forma real ou ela surge na nossa mente a
partir da imagem das gotas d’água, sendo a água uma substância material como outras? E a forma
humana? Saímos de uma mesma fôrma?
Ponto de vista semelhante é o de Nietzsche: para ele, a forma foi “inventada por nós”.
Ele defende (frag. 9(144)) que somos nós que criamos as noções de “coisa”, “sujeito”, “predicado”,
“substância”, “forma”, “finalidade”, embora estas noções não existam realmente, pois sempre surge
“algo novo”, que tão somente tem uma aparência semelhante com as coisas que o antecederam,
uma vã tentativa de “fixarmos o mundo” como algo verdadeiro, idêntico (Fragmentos finais: Unb,
p.73).
Pensamos em falar aqui da espécie humana ou da forma humana? A forma está no ser
humano, em cada um de nós? Saímos de uma mesma forma? Aliás, há uma espécie? Nosso DNA
é a causa da espécie? Temos 46 pares? (aliás, há três seres vivos que têm o mesmo número de
DNA e não são da mesma espécie: o rato branco, o macaco rhesus e a planta aveia!). Um aluno
defendeu, brilhantemente, que o nosso DNA tem uma combinação específica que nos faz humanos
(dizem que ele é 95% parecido com o dos chimpanzés, exceto por 5%). Mas, mesmo assim, o DNA
dos “humanos” não é igual, há diferenças e se houver uma única basta para dizer que somos
parecidos, mas distintos uns dos outros. Na minha modesta opinião, só gêmeos poderiam fazer
parte de uma espécie, pois têm, segundo a ciência, o mesmo DNA. Há um argumento que uso em
aulas, mas que é mal compreendido: é que quando os alunos dizem que ser humano é ter 23 pares
de cromossomos nos núcleos das células, eu pergunto: e as pessoas portadoras da
síndrome de Down? Elas têm um cromossomo a mais no 23o par. Estão, por isso, fora
da dita “espécie humana”?
Mas, se você respondeu sim a uma ou mais das perguntas anteriores, responda-me por que,
então, as crianças-lobo (na foto uma delas, Amala, resgatada de uma alcatéia em outubro de 1921,
na Índia, com sua irmã, Kamala) parecem se comportar como lobos e não como humanos?
Ocorreu um fato desagradável no final desta aula, mas que nos ensinou muito:
depois que mostramos aos alunos como queríamos o exercício, um ou dois alunos
abriram nossa pasta e roubaram um pedaço grande do chocolate que havíamos
trazido (lembre o leitor que na aula anterior os alunos puderam degustar dois tipos
de chocolate e nesta aula, o professor). Isto nos mostrou o quanto de imaturidade há
em alguns alunos, uma limitada capacidade de perceber além dos seus desejos e
uma ilimitada falta de consideração com o professor. Resultado: fiz uma queixa à
direção e eles foram ameaçados de prisão (dois deles eram maiores de idade);
havia, ainda, um terceiro que levou a culpa pelos dois primeiros. Que tipo de vida
familiar eles têm que os leva a fazer coisas deste tipo sem levar em conta o esforço
do professor para apresentar uma aula mais atraente?
Uma pequena correção para as futuras aulas sobre o estudo das sensações:
talvez seja a de propor que cada um experimente diversos gostos: a acidez do limão,
o doce do mel, a acidez, o amargo do chocolate e o salgado do sal. Pode parecer
estranho, mas e provar água? Podemos provar diversas águas minerais, as
adocicadas e a água da torneira: são todas insípidas? Certa vez ouvi um químico
dizendo que isto não é correto: não há como tirar todo o gosto, o cheiro e a cor. Nós,
filósofos, podemos perguntar: por que só há quatro gostos?
Outras idéias de exercícios de paladar:
(a) apresentar aos alunos em dois recipientes uma colher de café de açúcar
branco e outra de açúcar dietético (com uma quantidade de aspartame) e pedir que
identifiquem se as duas substâncias são a mesma ou se há diferenças e se houver,
em que difeririam. Apenas no final da experiência o professor dirá do que se tratam
as substâncias ou, então, pode pedir na metade do teste que digam qual é açúcar e
qual é adoçante artificial. É preciso que o profesor planeje a quantidade certa para
que nenhum aluno fique sem experimentar: se temos 500gr de açúcar com
aspartame, devemos dividi-lo por 40 alunos ou seja, 12 gramas e meia por aluno, o
que dá um a porção pequena, mas suficiente para que ele sinta o gosto. Esta
experiências são importantes por diversas razões: ensinar aos alunos a degustar
pequenas quantidades, descobrindo que não é o excesso de consumo que nos dará
todo o conhecimento sobre as coisas, mas a atenção aos detalhes.
Quando fizemos este exercício em algumas turmas em 2008, surgiu uma
opinião interessante: eles disseram (filosofaram) que havia dois tipos de granulações
de açúcar distintas, um era maior e outro menor, mas, alertei-os de que isto era uma
sensação referente ao tato, da língua, mas não era uma sensação vinda do paladar,
este mede se algo é pouco ou muito doce, por exemplo, mas não o tamanho daquilo
que é doce!
(b) na década de 80 do século passado, os refrigerantes a empresa Pepsi
resolveu realizar um teste em que oferecia provas de Coca-cola e da Pepsi, sem
mostrar o rótulo e pedia que os consumidores identificassem qual copo continha
Coca-cola e qual, Pepsi e o mais surpreendente foi que as pessoas não distinguiam
uma da outra! Em geral, a Coca é mais amarga que a Pepsi, o que é estranho, pois
se sabe que em cada 300ml de Coca-cola há cerca de seis colheres de sopa de
açúcar branco, substância inútil que rouba nutrientes do corpo quando é
metabolizada em nosso organismo. Aqui, também, é preciso calcular a quantidade
correta: se são 40 alunos por turma, então, devemos dar uma prova de uns 50 ml,
quantidade mínima, mas suficiente (mesmo porque o professor não tem muito
dinheiro para pagar refrigerantes para, por exemplo, 9 turmas; o ideal é que estes
exercícios sejam feitos ao longo do ano e não em uma mesma época!). Assim, se
cada aluno receber 100ml de refrigerante multiplicado pelos 40 alunos dá 4 litros ou
2l de Coca-cola e 2 de Pepsi. Podemos brincar com eles e, em algumas turmas,
oferecer apenas Coca-cola ou apenas Pepsi, para ver como reagem à experiência e
se saem bem ou não.
(c) identificar os sabores em balas: há algumas que têm cores variados e
gostos de frutas, o que cria um ambiente de voltar a ser criança: aquela curiosidade
natural acompanhada de sorrisos e olhos brilhando! Contudo, podemos substituir as
substâncias artificiais testadas por sucos naturais e frutas. Estaremos ensinando os
alunos, duplamente!
Há, aquela mesma aluna que visitou o museu de ciências da PUC e que a
citamos antes, encontrou um outro experimento interessante: lá, eles pediam que os
visitantes relacionassem os nomes de substâncias a seus gostos, como identificar
“canela” a sua respectiva substância.
Podemos ainda, mostrar aos alunos através da imagem de diversas variações
do refrigerante Coca-cola que são produzidos no mundo: com limão, sem cafeína,
com adição de vitaminas B, com gosto de café, cereja, etc, para que eles reflitam
porque há sabores diferentes em diferentes partes do mundo, por que não chegaram
ainda aqui, em nosso país, Brasil, e pensar, também, que outros sabores
ainda não desenvolvidos poderiam ser desenvolvidos?
Coca-cola sem cafeína
Coca-cola light sem cafeína
Coca cereja
Coca cereja preta e baunilha
Efervescente com essência de café
Diet com Splenda
Cocadiet com vitamina B3,B6, B12, zinco e magnésio.
É muito oportuno lembrar experiências pessoais: quantos de nós se maravilha
em provar um refrigerante novo ou comer pizza, mas após muitas experiências
semelhantes sentimo-nos enjoados e entediados. Por que isto acontece? O
que experiências repetidas provocam em nossos cérebros? Tenho uma teoria que
defende que a duração das coisas é uma dor que surge na memória a partir de
experiências repetidas: as sensações vão sendo guardadas na memória até que
aquele lugar fique cheio das mesmas sensações, o que provocaria uma dor por
excesso de sensações na memória. Como é apenas uma teoria, não quero
importuná-los sobre isto, mas, ainda assim, podemos como um dançarino que gira
em volta da sua parceira, procurar observar o ponto de vista dos estudantes para
saber se esta teoria está em conformidade com as sensações entediantes que eles
relatarão.
Para finalizar, da Wikipédia extraímos algumas curiosidades: O sabor não tem
só que ver só com o gosto, mas também com o aroma do que se tem na boca. É por
isso que, quando estamos resfriados, a comida nos parece sem sabor, embora o
seu paladar continue presente. Algumas teorias consideram um quinto gosto
primário: o umami. Umami é uma palavra japonesa que significa «com um bom gosto
de carne» e se aplica à detecção de glutamatos. Quem me dera poder viver em uma
época onde em vez do quadro o professor disponha de uma tela ligada a internet!
Semelhanças entre o
ser humano e um
X
computador
CORPO
CÉREBRO
CONSUMIDORES DE CIGARRO
Este exercício abordará questões como inteligência, mas, ainda, método
científico (quando se procura uma variável a ser testada, mantendo as demais
idênticas ou semelhantes em ambos os grupos testados), mostraremos aos
estudantes como se testa uma hipótese (se o cigarro afeta a capacidade de pensar).
Evidente que poderão perguntar (e isso será ótimo) se não há outras variáveis a
serem avaliadas, como se as pessoas fumantes são fumantes, porque são rebeldes
e se forem rebeldes, não gostam de estudar e, isto, seria uma causa para uma
menor nota nos testes e não o hábito de fumar!
Podemos, também, reunir todas as reflexões e chegar a uma definição do que é inteligência.
Pode-se falar, também, das diferentes (múltiplas) inteligências (teoria de Howard Gardner), e da
diferença entre razão e irracionalidade (Há uma matéria de um jornal sobre a crise financeira norte-
americana, cujo título é “momento é de irracionalidade”).
Com base neste quadro, submetemos cada alternativa a regra (do quadro
anterior) para ver se elas estão ou não em conformidade:
(a) a ordem certa seria: os aviões decolam se não há nevoeiro (ver sentido da
flecha “”)
(b) esta é a certa: sem nevoeiro a temperatura é diferente de 5o C.
(c) o certo seria dizer “se há nevoeiro, eles não voam”, pois os aviões podem
não decolar por outros motivos.
(d) é o contrário: primeiro a temperatura deve estar abaixo de 5oC, depois
surge o nevoeiro.
(e) é errada, pois a temperatura afeta primeiro o nevoeiro e não a decolagem
dos aviões.
(1) “Se depois do avô vem o pai e depois dele o filho, então”:
( A ) se na há o avô, não há o filho?
( B ) se não veio o filho é porque não veio o avô?
( C ) se não veio o filho é porque não veio o pai?
Por fim, há um teste bem mais difícil, atribuído a Einstein, encontrado em toda
a internet, difícil porque não há pistas suficientes e, a certa altura, é preciso
improvisar, isto é, arriscar pôr informações em um lugar e ver se não surge alguma
inconsistência com a planilha como um todo. De qualquer modo a acresceremos a
seguir:
1. Há 5 casas de diferentes cores;
2. Em cada casa mora uma pessoa de uma diferente nacionalidade;
3. Esses 5 proprietários bebem diferentes bebidas, fumam diferentes tipos de
cigarros e têm um certo animal de estimação;
4. Nenhum deles têm o mesmo animal, fumam o mesmo cigarro ou bebem a
mesma bebida.
Dicas
O Inglês vive na casa Vermelha.
O Sueco tem Cachorros como animais de estimação.
O Dinamarquês bebe Chá.
A casa Verde fica do lado esquerdo da casa Branca.
O homem que vive na casa Verde bebe Café.
O homem que fuma Pall Mall cria Pássaros.
O homem que vive na casa Amarela fuma Dunhill.
O homem que vive na casa do meio bebe Leite.
O Norueguês vive na primeira casa.
O homem que fuma Blends vive ao lado do que tem Gatos.
O homem que cria Cavalos vive ao lado do que fuma Dunhill.
O homem que fuma BlueMaster bebe Cerveja.
O Alemão fuma Prince.
O Norueguês vive ao lado da casa Azul.
O homem que fuma Blends é vizinho do que bebe Água.
Teste beta: outra experiência curiosa e, até agora insolúvel: quando nos
mudamos para uma nova casa, a vizinha do lado reclamou de um cheiro de gás no
seu banheiro. Eis algumas pistas:
- em ambas as casas (construídas com tijolos porosos) os banheiros não têm
janelas e os cheiros e vapores do banho saem por uma ventilação comum que sobe
até o telhado, tão comum que podemos ouvir os vizinhos tomarem banho através
daquela comunicação de saída de ar, mas entrada de sons. Mas, segundo a planta
das casas deve haver (não sabemos) um exaustor eólico no telhado para ambas as
casas que deveria remover o mal cheiro;
- Os banheiros ficam no segundo andar;
- No térreo ou primeiro andar, fica o aparelho que aquece a água que vai de
cano antigo até o banheiro;
- O aparelho funciona assim: um botijão de gás (que fica no pátio, fora da casa)
libera o gás que dentro do aparelho (que também está fora da casa, nos fundos) é
queimado e aquece a tubulação de água; somente a água quente sobe até o
segundo andar;
- Um segundo botijão, que, também está do lado de fora da casa leva através
de um encanamento gás até a cozinha que fica ao lado do pátio. No fogão, o gás é
queimado e as panelas com alimentos são aquecidas.
Onde está a solução? Não sabemos. Uma explicação: (a) o cano que levam o
gás do pátio até o fogão pode ter sido mal instalado e, por isso, terem se rompido em
alguma parte, o que faria com que o gás infiltra-se pelos tijolos porosos até o
banheiro, no segundo andar; contudo, na época em que escrevíamos este texto,
chamamos um técnico em aquecedores e perguntamos se ele já tinha visto algo
assim ocorrer e sua resposta, foi que se isto ocorresse, o gás seria constantemente
sentido, uma vez que ele estaria ininterruptamente se infiltrando nos tijolos. Outra
explicação (b) é que os gases (produzidos por humanos) do banheiro não estejam
saindo pelo duto até o telhado, pois ou não temos um exaustor eólico, ou ele não
está funcionando e, assim, os gases vão parar no banheiro da vizinha, daí a
reclamação. Aquele mesmo técnico tinha outra hipótese (c): de que o cheiro de cloro
a uma temperatura alta da água produziria o cheiro do gás sentido pelos vizinhos e,
algumas vezes, por nós mesmos. Aceitamos qualquer das duas soluções.
Pensamos, como solução se o cheiro continuasse a ser sentido pela vizinha,
em ligar o botijão de gás direto ao fogão, para saber se não havia infiltração pelas
paredes e pôr um outro botijão ligado ao aquecedor, no pátio. Mais recentemente,
porém, a vizinha trocou uma válvula do seu próprio aquecedor – parecia que a fonte
do gás estava em sua própria casa ou teria sido apenas mais um capítulo desta
novela? Semanas depois, após tomar banho, senti um cheiro de gás e segui-o com o
nariz até... o ralo do chuveiro. Era forte e vinha dali. Como o encanamento vai para a
rua, pode ser o cheiro do esgoto ou de algo em decomposição?
Teste gama:
Foi publicado na revista Época (7 de julho de 2008): “Numa cidade americana, 18
adolescentes ficaram grávidas. Pacto? Omissão dos adultos?”.
Tal fato lembra o filme “Juno”, uma adolescente que aos 16 anos engravida na
primeira transa. Quando a barriga e os enjôos aparecem ela dá a notícia aos pais e
rapidamente fala que encontrou um casal perfeito para a adoção do seu filho, sem se
dar conta dos momentos angustiantes que ela viverá.
Na cidade de Gloucester (EUA), 18 adolescentes de uma escola pública
engravidaram quase ao mesmo tempo, todas abaixo de 16 anos,
( ) Seria o efeito Juno, como definiu a imprensa?
( ) teria sido um pacto para engravidar, como sugeriu o diretor da escola, pois
todas elas eram amigas e ficaram felizes com a gravidez e, por isso, não adiantaria
fornecer aos jovens anticoncepcionais e camisinhas?
Teste delta: Como conciliar dormir no verão com temperatura agradável sem suar
e sem ser atacado por mosquitos?
Como os itens abaixo podem ser combinados da forma mais econômica para
resolver o problema?
( ) instalar uma tela na janela
( ) comprar um aparelho elétrico com veneno para mosquitos
( ) comprar um ar-condicionado
( ) passar repelente na pele
( ) deixar porta do quarto aberta
( ) deixar porta do quarto fechada
Universais Universais
positivas (U+) contrárias negativas (U-)
subalternas
subalternas
Se você ligar as
setas em diagonal,
encontrará frases
contraditórias
Existenciais Existenciais
positivas (E+) contrárias positivas (E-)
Houve algo positivo quando fizemos este exercício: quando dissemos que a
frase “todos os homens são mortais” é contradita pela “Jesus não é mortal”, alunos
questionaram se Jesus era mesmo imortal, pois seu corpo, também, morreu. Mas
tais questões podem, também, serem debatidas no capítulo sobre Deus, alma, etc.
Podemos citar Aristóteles: como acontecem os atos morais, perguntou ele? Em nossa
mente, realizamos um silogismo, uma dedução, ou ainda, uma série de passos que se iniciam por
uma primeira premissa, válida universalmente, uma segunda premissa que se refere a fatos
particulares e que, juntas, nos conduzem a uma conclusão. Na última etapa, a nossa alma deve
afirmar o que foi concluído - ou negar - e, então agir.
Dá, então, o seguinte exemplo: dadas as premissas:
- “tudo o que é doce deve ser provado” e “aquilo é doce”, segue-se a conclusão de que a
- “pessoa que não é impedida de comer doce, deve provar aquilo que é doce”.
Se a premissa (universal), que está em nossa mente, nos recomenda não provar o doce,
mas, ao lado dela, há outra premissa (também universal) dizendo que devemos provar o doce,
pode ocorrer que sejamos levados a escolher a segunda alternativa. Isto é comum em pessoas
ditas “incontinentes” - que se deixam levar pela parte irracional de suas almas - e isto ocorre que as
suas conclusões não são propriamente conhecimentos - e nem mesmo a primeira premissa é
universal -, mas, simples opiniões.
Vi alguns alunos chorando ao final deste filme. Ele trata de diversas questões importantes:
aceitação da diferença, o papel dos indivíduos nas transformações sociais, o determinismo e a
liberdade, governos que tomam decisões em nome do povo, mas sem a participação do povo, o
risco de se definir democracia como governo da maioria oprimindo a minoria, a existência de um
governo que manipula a informação e faz o que quer sem prestar contas (tirania), etc.
Podemos propor o seguinte debate: até onde pode ir um governo? Deve governar sozinho? O
povo deve participar apenas na eleição? Há outras formas de participação? A lei tem limites ou
decide sobre toda a nossa vida? Podemos citar frases, como a de Nietzsche: “Um político divide os
seres humanos em duas classes: instrumentos e inimigos".
Houve uma tirania real, o nazismo:
... A propaganda nazi colocava os soldados alemães na posição desse super-homem e,
segundo Peter Scholl-Latour, o livro "Assim Falou Zaratustra" era dado a ler aos soldados na frente
de batalha, para motivar o exército. Isto também já acontecera na Primeira Guerra Mundial. Como
dizia Heidegger, ele próprio nietzscheano e nazista, “na Alemanha se era contra ou a favor de
Nietzsche”.Todavia, Nietzsche era explicitamente contra o movimento anti-semita, posteriormente
promovido por Adolf Hitler e seus partidários.
...A este respeito pode-se ler a posição do filósofo: “Antes direi no ouvido dos psicólogos,
supondo que desejem algum dia estudar de perto o ressentimento: hoje esta planta floresce do
modo mais esplêndido entre os anarquistas anti-semitas
e (anti-judeus): aliás onde
sempre floresceu, na sombra, como a violeta, embora com outro cheiro.”... “tampouco me agradam
esses novos especuladores em idealismo, os anti-semitas, que hoje reviram os olhos de modo
cristão-ariano-homem-de-bem, e, através do abuso exasperante do mais barato meio de agitação,
a afetação moral, buscam incitar o gado de chifres que há no povo...” (in Genealogia da Moral)
(Nietzsche - Wikipédia).
Há dois temas que podem ser abordados como alternativas ou complementos ao estudo sobre
política:
(a) positivismo: escola filosófica que acredita que a humanidade alcançou um estágio que
ultrapassa a infância (teológica) e a adolescência (metafísica) e visa ao domínio da razão como
critério para a tomada de decisões, embora seu pensador principal, Augusto Comte tenha
transformado a doutrina em religião da humanidade, humanidade endeusada em uma figura
feminina. Situada em um momento histórico em que era preciso afirmar o método científico como
critério de busca de verdades em oposição à solução medieval escolástica, que misturava fé com
razão, tinha por lema “O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”, cujas duas
últimas sentenças estão na bandeira do Brasil e lema da pátria.
Conclusão
Nossa presente proposta não é um trabalho acabado, antes um esboço de
planos de aulas, um guia para quem quer percorrer o caminho que leva a Filosofia
até os adolescentes. Antes de tudo, o professor precisará se interessar por todos os
assuntos que a filosofia abordou nos últimos séculos e continuará abordando, não,
apenas, memorizando-os, mas construindo opiniões fundamentadas sobre eles,
especialmente a partir da relação que se possa fazer entre as teorias e as
experiências que vivemos em nossas vidas, o que contribuirá para o
desenvolvimento de suas próprias teses, quando as já existentes se mostrarem
insuficientes.
O professor precisará, também, estar aberto a mudanças. Para isso, sugerimos
que ele aceite e estimule a vinda de estagiários (de filosofia ou outras áreas, como a
pedagogia), para que fique mais fácil oxigenar sua mente e propor novas
metodologias mais próximas dos adolescentes e, ouça as sugestões dos alunos,
que, em geral, desejariam aulas que se aproximassem de suas vidas e de seus
gostos. Aliás, é muito comum que uma aula seja bem recebida por uma turma, mas
não por outra, isto é, seja um sucesso na turma 213 e um grande fracasso na 214.
Poderia pensar que cada turma tem uma personalidade, uma consciência coletiva
(como certa vez especulou Freud ou como Jung acreditava), mas o que ocorre é que
há lideranças que dão o tom, ou seja, definem o comportamento da turma, o restante
dos alunos os seguem. As más lideranças (bagunceiras, imaturas), estas, deveriam
ficar na biblioteca, mas isto depende o quanto a direção da escola se sensibiliza em
ajudar os professores, coisa rara!
Não há nada de errado em reconhecer suas limitações em sua didática, pois
há uma natural distância entre a filosofia que aprendemos nas Universidades e os
interesses juvenis, fato que nos estimulou a escrever este livro e que deve preocupar
quem ensina filosofia, não importando que idade tem aquele que a estuda – se é
criança, jovem ou ancião: é preciso, como escreveu Kant, descermos das altas torres
do que o próprio pensamento abstrato constrói, ainda que a vida seja, tal como
pensava Platão, um retorno à caverna para esclarecer aqueles que não vêem a
essência das coisas, com todos os riscos inerentes a esta árdua tarefa, o que não
significa a posse da verdade suprema, mas a posse de um número maior de
perspectivas, que possam nos mostrar que há perguntas mais difíceis e respostas
mais completas que nem pensávamos que existissem! [fim]