O CASO DORA O presente caso clinico a historia de uma jovem histrica, de apenas 18 anos que Freud atendeu por

r apenas trs meses conhecida pelo pseud nimo de Dora entre outu!ro e de"em!ro de 1#$$% &o inicio de 1#$1 ele escreveu so!re o caso, mais s' (oi pu!licado em 1#$), com o titulo Fra*mento da an+lise de um caso de histeria% ,ste caso trata-se de uma descri./o de um (ra*mento do caso em si, pois este ainda possu0a al*uns eni*mas a serem desvelados% Al*uns pontos da an+lise ainda estavam incompletos e por isso n/o (oi poss0vel a Freud alcan.ar, ou in(erir seus conte1dos devido ao a!andono do caso pela pr'pria paciente, trs meses ap's o in0cio do tratamento% ,ste a!andono, por parte de Dora, a Freud (e" com que ele, mais tarde, admitisse que este caso tratava-se de um (racasso cl0nico% 2uanto 3 escolha do nome Dora para desi*nar sua paciente, Freud, por quest4es ticas, usa este 5seud nimo% 6as o verdadeiro nome de Dora era 7da 8auer 9188:1#;)<% Dora (oi tratada durante trs meses, no (inal de 1#$$% Seu caso (oi descrito em =aneiro de 1#$1 e pu!licado em 1#$)% O circulo (amiliar de Dora inclu0a seu pai que era uma pessoa dominante deste circulo sua m/e e seu irm/o um ano e meio mais velho que ela 9Dora<% O seu pai era um *rande industrial e sempre proporcionou uma situa./o (inanceira muito c moda a Dora e sua (am0lia, dominante pelos seus tra.os de car+ter e circunst>ncia de vida qualquer um que o o!servasse poderia notar ativos talentos incomuns% Com rela./o 3 m/e de Dora, Freud a ima*inava como uma mulher inculta, (1til, concentrava todos os seus interesses nos assuntos domsticos, ima*inava porque nunca conhecera pessoalmente e conclu0a a respeito da personalidade da m/e de Dora apenas !aseado nos relatos tra"idos at ele pelo seu marido e pela sua (ilha% Freud denominou seu caso como ?psicose da dona-de-casa@, pois ocupava o dia todo em limpar e arrumar% A rela./o m/e e (ilha era muito pouco amistosa, havia v+rios anos% Dora menospre"ava a m/e e lhe atirava cr0ticas severas% Dora se su!tra0a por completo de sua in(luncia% =+ a rela./o de Dora com seu irm/o antes, quando era mais nova o tinha como seu modelo, mas depois, quando j+ apresentava seus sintomas histricos e 3 poca de seu tratamento com Freud se mostrava distante com rela./o a ele%

Dora nutria *rande ternura pelo pai, ternura que aumenta cada ve" mais devido 3s *raves doen.as de que padecera este, desde que ela contava A anos de idade% Seu pai contra0ra Bu!erculose% Devido a esse (ato a (am0lia de Dora mudara-se para a cidade 8 em !usca de um clima prop0cio 3 melhora da sa1de paterna% 5ermaneceram por de" anos nesta cidade% 2uando Dora contava com seus oito anos de idade come.a a apresentar seus primeiros sintomas neur'ticos% 5assou a so(rer de uma dispnia cr nica com acessos a*udos ocasionais, demorando cerca de seis meses para se recuperar% 2uando Dora atin*ira seus de" anos de idade, seu pai se su!metera a um tratamento em um quarto escuro, devido a um deslocamento de retina, a capacidade de vis/o de seu pai (ora redu"ida a esta poca% Aos do"e anos acontece a doen.a mais *rave de seu pai, uma crise con(usional, se*uida de sintomas de paralisia e li*eiras pertur!a.4es ps0quicas% Seu pai decide se consultar com Freud em Ciena a pedido de um ami*o% Freud trata o pai de Dora e todos os seus dist1r!ios cessam, conse*uindo dessa (orma um *rande sucesso no resultado do tratamento% &este 0nterim, Dora come.a a so(rer (ortes dores de ca!e.a 9enDaqueca< e eDtensos acessos de tosse nervosa% Devido a estes sintomas, Dora aos de"esseis anos apresentada a Freud pelo seu pai% Dora (icara neur'tica% 6as ainda n/o se entre*a a Freud em tratamento, (ato que s' ir+ ocorrer dois anos mais tarde, quando alcan.ara de"oito anos de idade% Com esta idade Dora apresentava o se*uinte quadro sintom+tico, que piorara !astante desde a sua 1ltima consulta com Freud em Ciena, tosse nervosa acompanhadas por acessos que duravam de trs a cinco semanas, che*ando a durar at meses e como resultado dessas crises (icava a( nica, sentimento de *rande des>nimo e uma vis0vel altera./o no car+ter% ,stava insatis(eita com a (am0lia e mantinha sempre atitudes inamistosas para com o pai e a m/e% ,vitava contatos sociais% Binha (adi*as e (alta de concentra./o% Demonstrava uma tendncia ps0quica de se matar, que mesmo n/o levada a srio pelos pais, os a!alaram quando Dora escreve uma carta se despedindo de todos% 6uita das ve"es se via em ataques de perda de conscincia se*uida de amnsia% ,stes sintomas se tornaram os principais tra.os de sua doen.a e en(im entre*a-se a Freud para tratamento psicoter+pico% ,sta era Dora quando Freud a conheceu% Antes de se adentrar ao tratamento anal0tico de Dora, al*umas (i*uras importantes, nesta hist'ria, precisam ser consideradas, Sr% , SrE F, casal F% A (am0lia de Dora (i"era ami"ade com esse casal na cidade 8 assim que se instalaram% A senhora F cuidou do pai de Dora durante suas doen.as e este era muito *rato a ela pelo desvelo com que se entre*ava a um ami*o% O senhor F era eDtremamente

a*rad+vel com Dora, levava-a para passear e dava-lhe al*uns presentes, Dora se dava muito !em com os : (ilhos do casal, os tratava como se (ossem seus pr'prios (ilhos% A senhora F era muito in(eli" no casamento e tinha no pai de Dora seu 1nico apoio e consolo e este por sua ve", n/o estimava o sr% F% O casal F sempre (alava em div'rcio, o 1nico elo que os uniam eram os (ilhos% O sr% F n/o a!ria m/o dos re!entos% Dora ouvia as con(idencias da Sra% F% Sa!ia o estado das rela.4es dela com o marido% Dora se identi(icava tam!m com a Sra% F% &o amor por seu pai% Fa" se imprescind0vel, neste momento citar al*uns (atos ocorridos entre estes persona*ens para se entender a (uncionalidade de cada sintoma de Dora, que mais tarde seria tra!alhado por Freud em sua cl0nica% O primeiro (ato seria a cena do !eijo, no per0odo em que Dora estava com 1; anos de idade, o Sr%F com!inou com Dora e sua esposa que (ossem encontr+-lo em sua loja na pra.a principal, para que assistissem um (estival reli*ioso, mas ele aca!ou indu"indo a esposa a (icar em casa, despachou os empre*ados e estava so"inho quando Dora che*ou 3 loja% ,m se*uida, ao invs de sair voltou e estreitou su!itamente Dora contra si e deu-lhe um !eijo nos l+!ios, sendo a primeira sensa./o de eDcita./o seDual sentida e vivida por Dora, mas Dora sentiu no momento uma violenta repu*n>ncia% Dora, que vinha aceitando os assdios do Sr% F%, (o*e quando este tenta !eij+-la% 6esmo assim a rela./o com o Sr% F prosse*uiu e nenhum dos dois jamais mencionou esta cena% As conseqGncias sintom+ticas re(letidas em Dora ap's esta eDperincia se resumem em trsH a repu*n>ncia, a sensa./o de press/o na parte superior do corpo, e a hesita./o de conversar a(etuosamente com homens% O se*undo (ato, o passeio no la*o, pode ser descrito da se*uinte (orma, Dora conta a sua m/e que o Sr% F lhe (i"era uma proposta amorosa, em um passeio no la*o se*uidamente 3 proposta (eita pelo Sr F, Dora o es!o(eteia% Chamado a prestar contas de seu comportamento ao pai e ao tio, o acusado ne*ou, qualquer atitude de sua parte que pudesse ter dado mar*em a essa interpreta./o% O Sr F levanta ent/o suspeitas so!re Dora, pois a mesma mostrava interesse pelos assuntos seDuais, se*undo lhe disse a Sra F% Dora queria que seu pai rompesse com o Sr F e principalmente com a Sra F pela qual seu pai nutria uma pro(unda ami"ade% &este conteDto Dora levada ao consult'rio de Freud pelo pai, que havia sido tratado anteriormente por ele% 2uando o pai vai pedir ajuda a Freud, Dora est+ no

ponto em que se recusa a ver novamente o casal F%, alm de ter deiDado um !ilhete, ao alcance do pai, onde amea.ava suicidar-se, caso o pai n/o se a(astasse do casal% Durante o processo teraputico Dora relata, a Freud, dois sonhos que contri!u0ram pra material de an+lise% O primeiro sonho (oi descrito assim por Dora, eis o sonho tal como Dora relatouH ?uma casa estava em chamas, papai estava ao lado da minha cama e me acordou. Vesti-me rapidamente. Mame ainda queria salvar sua caixa de jias, mais papai disse: no quero que eu e meus dois filhos nos queimemos por causa da sua caixa de jias. escemos a escada !s pressas e, lo"o que me vi do lado de fora acordei. Dora recordava ter tido este mesmo sonho trs noites sucessivas em I J 9lu*ar no la*o onde acorrera 3 cena do la*o com o Sr% F, proposta amorosa<% Depois de al*umas semanas Dora volta a sonhar com cuja resolu./o interrompeu-se a an+lise% Dora narrouH ?,u estava passeando por uma cidade que n/o conhecia, vendo ruas e pra.as que me eram estranhas%Che*uei ent/o a uma casa onde eu morava, (ui ate o quarto e ali encontrei uma carta da mam/e% Di"ia que, como eu saia de casa sem o conhecimento dos meus pais, ela n/o quisera escreverme que o papai estava doente% A*ora ele morreu e, se quiser voc pode vir% ?Fui ent/o para esta./o e per*untei umas cem ve"esH@ Onde (ica a esta./oK@ Rece!ia a respostaH@ Cinco minutos% @Ci depois 3 minha (rente um !osque espesso no qual penetrei, a ali (i" a per*unta a um homem que eu encontrei% Disse-meH 6ais duas horas e meia% 5ediu-me que eu deiDasse acompanhar-me% Recusei e (ui so"inha% Ci a esta./o a minha (rente n/o conse*uia alcan.+-la% Ai me veio um sentimento ha!itual de an*ustia de quando, nos sonhos, n/o se conse*ue ir adiante% Depois, eu estava em casaL nesse meio tempo, tinha de ter viajado, mas nada sei so!re isso% Diri*i-me 3 portaria e per*untei ao porteiro por nossa casa% ?A criada a!riu para mim e respondeuH A mam/e e os outros j+ est/o no cemitrio%@ Ap's cerca de trs meses Dora desiste, para surpresa de Freud, da an+lise at ent/o levada a srio% Se*undo Freud, tudo se prendeu com a trans(erncia% Dora despede-se para n/o mais voltar%