O Império Invisível - Raymond Bernard
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O Império Invisível - Raymond Bernard
O Império Invisível
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A todos aqueles que buscam...
Índice
feito ver, mais tarde, além das minhas primeiras crenças; e isso
exila para o infinito tudo o que ele deve extinguir. Talvez seja
André Gide.
INTRODUÇÃO
A Atlântida fora de sua lenda, este teria sido, talvez, o título mais
apropriado para esta obra. Ele teria, porém, situado unicamente num passado
longínquo uma história que nunca deixou de ser atual, e à qual, num tempo que
Uma história que nunca deixou de ser atual! Esta constatação deve
ser tomada em seu sentido mais absoluto e, para ser mais preciso, convém
hoje. Por que e como, é o que me proponho explicar-lhes nestas páginas. Vocês
beira do abismo.
A vocês é permitido duvidar e meu propósito não é convencer. Vocês
realidade, e vocês constatarão que faz parte de sua existência diária tanto
fatos, com toda a certeza, muitos de vocês terão ouvido falar, como foi o meu
terão percebido, às vezes, alguma centelha de verdade que podia reunir o que
será diferente, pois iremos de uma vez ao coração do império e, a partir desse
a muitas pessoas. Elas o foram para mim, embora nem por um instante eu as
que o cercam — e das quais é uma parte —, para per-der-se no pântano de seu
faremos mais ainda. Iremos, com efeito, ver o palco em sua totalidade, como se
Neste mundo que nos recebeu para uma etapa de nossa volta, a
convença. Se não o conseguir, vocês tirarão dela pelo menos uma visão
Meu objetivo não é conquistar sua adesão para uma hipótese nem
bem nem mal constituída. Tal intenção seria pueril e sem relação com o assunto
tratado. Uma vez mais nada faço além de transmitir aquilo de que fui o
depositário do momento, enquanto aguardava que me fosse dado o sinal
E, como esse sinal veio, eis a revelação, eis a mensagem atlante, eis o
império invisível... que todavia, será precedida por uma parte documentária,
respeito da Atlântida. Na verdade, muito mais lhe foi comunicado; mas ele foi
e o Crítias. As citações que deles extrai a maioria dos autores para qualquer tese
confusão nos comentários edificados sobre essa base incompleta. Todo o Timeu
e todo o Crítias deveriam ser lidos, estudados, aprofundados, por todo aquele
que seja atraído pela história da Atlântida. Eu diria mesmo que é essencial que
todo Platão seja conhecido e meditado por quem quer que esteja envolvido na
termo. Ele se dirige à multidão, mas também ao iniciado, àquele que sabe ler
nas entrelinhas, àquele que, através dos séculos, pode pôr-se em uníssono com
seu pensamento e sua sabedoria, para deles extrair uma expressão universal da
verdade eterna. Em sua obra, ele semeou largamente o que lhe era permitido
transmitir e, às vezes, até mais. Revela com discrição, com circunspecção, mas
seus diálogos refletem seu profundo conhecimento e, para aquele que sabe
prestar atenção, existe sempre em Platão, no volteio de uma frase ou de um
É preciso ler e reler Platão, assim como é preciso ler e reler os autores
verdadeiramente, que nada é novo sob o Sol e que nossos tempos modernos
não têm tanto que aprender como que redescobrir aquilo que o obscurantismo
medrosa. Melhor que procurar nas obras novas — que, frequentemente, não
será melhor voltar às fontes para nelas beber o puro néctar do conhecimento
autêntico? Na verdade, não há melhor guia que essa sabedoria do passado. Ela
citações serão mais longas que o comum, mas acabo de expor as razões para
assim proceder, e é a atenção mais intensa do meu leitor que peço para o
um distrito chamado saítico, cuja cidade principal é Sais, pátria do Rei Amasis. Os
habitantes honram, como fundadora de sua cidade, uma deusa cujo nome egípcio é
Neite, e o nome grego, pelo que dizem, Atena. Eles gostam muito dos atenienses e
pretendem ter com eles um certo parentesco. Tendo sua viagem se estendido até essa
cidade, Sólon contou-me que foi recebido com grandes honras, depois que, tendo um dia
que nem ele nem nenhum outro grego tinha, por assim dizer, qualquer conhecimento.
Num outro dia, querendo levar os sacerdotes a falar da Antiguidade, pôs-se a contar-
lhes o que se sabe entre nós de mais remoto. Falou-lhes de Foroneu que foi, dizem, o
“Então, um dos sacerdotes que era muito velho, disse-lhe: 'Ah, Sólon, Sólon,
vocês gregos são sempre crianças. Será que não existem velhos na Grécia?' A essas
palavras, perguntou Sólon: 'Que quer dizer com isso?' 'Vocês são todos jovens de
espírito — respondeu o sacerdote —, pois não têm no espírito nenhuma opinião antiga
baseada em uma velha tradição e nenhuma ciência encanecida pelo tempo. E eis a razão.
coisas. Por exemplo, o que se conta também entre vocês a respeito de Faetonte, filho do
Sol, que, tendo um dia atrelado o carro de seu pai e não o podendo manter no caminho
paterno, queimou tudo o que estava sobre a terra e morreu fulminado por um raio, tem,
é verdade, a aparência de uma fábula; mas a verdade recoberta é a de que os corpos que
circulam no céu em volta da Terra desviam-se de seu curso e que uma grande
Então, todos aqueles que moram nas montanhas e nos lugares elevados e áridos perecem
mais depressa que os que moram à beira dos rios e do mar. Nós temos o Nilo, nosso
salvador habitual que, nesses casos, também nos preserva dessas calamidades com seus
mas aqueles que habitam em suas cidades são arrebatados pelos rios para o mar. Entre
nós, nem nestes casos, nem nos outros, a água jamais cai das alturas para os campos.
Acontece o contrário — elas sobem naturalmente, sempre vindas de baixo. Eis como e
por que razões se diz que é entre nós que se conservaram as tradições mais antigas. Mas,
na realidade, em todos os lugares onde o frio ou o calor excessivo a isso não se opõem, a
raça humana subsiste sempre, mais ou menos numerosa. Assim, tudo o que se fez de
belo, de grande ou de notável em qualquer campo, seja entre vocês, seja aqui, ou em
qualquer outro país de que ouvimos falar, tudo isso se encontra aqui consignado, por
escrito, em nossos templos desde tempos imemoriais, e assim se conservou. Entre vocês,
ao contrário, e entre os outros povos, mal dominam a escrita e tudo o que é necessário
como jovens, nada sabendo do que se passou nos tempos antigos, nem aqui, nem entre
vocês mesmos. Pois as genealogias de seus compatriotas, que você recitava há pouco,
Sólon, não diferem muito das histórias que as amas contam às crianças. Em primeiro
lugar, vocês se lembram apenas de um dilúvio terrestre, enquanto que houve muitos
antes daquele. Depois, vocês ignoram que a mais bela e a melhor raça que se viu entre os
homens nasceu em seu país e que dela descendem você e toda a sua cidade atual, graças a
durante muitas gerações, morreram sem nada deixar por escrito. Sim, Sólon, houve um
tempo em que, antes da maior das destruições operadas pelas águas, a cidade que hoje é
Atenas foi a mais valorosa na guerra e, sem comparação, a mais civilizada sob todos os
aspectos. Foi ela, dizem, que realizou as mais belas coisas e inventou as mais belas
insistentemente, aos sacerdotes para lhe contarem exata-mente, e de imediato, tudo o que
'Não tenho razão para recusar, Sólon, e vou contar-lhe em consideração a você e à sua
pátria, e sobretudo, para honrar a deusa que protege sua cidade e a nossa e que as
educou e instruiu, a sua, que ela formou primeiro, mil anos antes da nossa, de um germe
nossa, decorreram oito mil anos: é o número que registram nossos livros sagrados. É,
portanto, de seus concidadãos de há nove mil anos que vou expor rapidamente as
instituições e o mais glorioso de seus feitos. Tornaremos a ver tudo em detalhes e orde-
nadamente, uma outra vez, quando pudermos, com os textos na mão. Compare em
primeiro lugar suas leis com as nossas. Verá que um bom número de nossas leis atuais
foram copiadas daquelas que estavam, então, em vigor entre vocês. É assim que, de
início, a classe dos sacerdotes é separada das outras. O mesmo ocorre com a dos artesãos,
onde cada profissão tem o seu trabalho especial, sem interferir nas outras, e a dos
pastores, dos caçadores, dos lavradores. Quanto à classe dos guerreiros, sem dúvida você
reparou que, entre nós, ela está igualmente separada de todas as outras, pois a lei lhes
proíbe ocupar-se de qualquer outra coisa que não a guerra. Acrescente a isso a forma das
armas, escudos e lanças, de que nos servimos antes de qualquer outro povo da Ásia,
tendo aprendido a usá-los com a deusa que primeiro o ensinara a vocês. Quanto à
ciência, sem dúvida vê com que cuidado a lei dela se ocupou aqui, desde o começo, bem
como a ordem do mundo. Partindo deste estudo das coisas divinas, ela descobriu todas
as artes úteis à vida humana, até as artes divinatórias e a medicina, que cuida da nossa
Foi essa mesma constituição e essa ordem que a deusa estabelecera entre
vocês primeiro, quando fundou sua cidade, tendo escolhido o lugar em que você nasceu,
porque previra que seu clima suavemente temperado lá produziria homens de alta
inteligência. Como ela amava, ao mesmo tempo, a guerra e a ciência, dirigiu sua escolha
para o país que devia produzir os homens mais semelhantes a ela própria e foi esse país
que ela primeiro povoou. E vocês eram governados por essas leis e por outras melhores
ainda, superando todos os homens em todos os tipos de mérito, como se podia esperar de
descendentes e de discípulos dos deuses. Guardamos aqui, por escrito, muitas grandes
ações de sua cidade, que provocam admiração; mas existe uma que ultrapassa todas as
sua cidade destruiu outrora uma imensa potência que marchava insolentemente sobre a
Europa e a Ásia inteira, vinda de um outro mundo situado no oceano Atlântico. Podia-
se então atravessar esse oceano, pois havia uma ilha diante daquele estreito que chamam
as Colunas de Hércules. Essa ilha era maior que a Líbia e a Ásia juntas. Dessa ilha,
podia-se então passar para as outras ilhas e destas ganhar todo o continente que se
estende em frente a elas e costeia esse verdadeiro mar. Pois tudo o que está aquém do
estreito de que falamos parece um porto cuja entrada é estreita, enquanto que o que está
além forma um verdadeiro mar e a terra que o cerca tem verdadeiramente todos
requisitos para ser chamada continente. Ora, nessa ilha Atlântida, reis haviam formado
uma grande e admirável potência, que estendia seu domínio sobre a ilha inteira e sobre
muitas outras ilhas e algumas partes do continente. Além disso, para cá do estreito, de
nosso lado, dominavam a Líbia até o Egito, e a Europa até a Tirrenia. Ora, um dia, essa
potência reunindo todas as suas forças, tentou conquistar de um só golpe seu país, o
nosso e todos os povos situados aquém do estreito. Foi então, Sólon, que o poderio de sua
cidade fez sobressair aos olhos do mundo seu valor e sua força. Como ela levava
vantagem sobre todas as outras pela coragem e por todas as artes da guerra, foi ela que
tomou o comando dos Helenos. Mas, reduzida só às suas forças pela defecção das outras,
preservou da escravidão os povos que ainda não tinham sido submetidos e devolveu
generosamente a liberdade a todos aqueles que, como nós, habitam no interior das
Colunas de Hércules. Mas, nos tempos que se seguiram, houve tremores de terra e
inundações extraordinárias e, no período de um só dia e de uma só noite nefastos, tudo o
que vocês possuíam de combatentes foi tragado de uma só vez para dentro da Terra, e a
ilha Atlântida, tendo afundado no mar, também desapareceu. Eis por que, ainda hoje,
aquele mar é impraticável e inex-plorável, sendo a navegação prejudicada pelo seu fundo
CRÍTIAS
desde a guerra que, segundo as revelações dos sacerdotes egípcios, estourou entre os
povos que habitavam para além das Colunas de Hércules e todos aqueles que habitavam
para cá. É essa guerra que me cabe agora contar em detalhes. Do lado de cá, foi nossa
cidade, dizem, que teve o comando e sustentou,toda a guerra; do lado de lá foram os reis
da ilha Atlântida, ilha que como dissemos, era antigamente maior que a Líbia e a Ásia,
mas que, hoje, tragada por tremores de terra, deixou apenas um fundo limoso
intransponível, que barra a passagem daqueles que navegam daqui para o mar aberto.
Quanto aos numerosos povos bárbaros e a todas as tribos gregas que existiam então, a
sequência de minha narração, no seu desenrolar, se assim posso dizer, os fará conhecer, à
medida que forem surgindo. Mas é preciso começar pelos atenienses daqueles tempos e
pelos adversários que tiveram que combater, e descrever as forças e o governo de uns e de
região, e sem disputa. Pois não seria razoável crer que os deuses ignoram o que convém
a cada um deles, nem que, sabendo o que melhor convém a uns, os outros tentem
“Portanto, tendo obtido nessa justa partilha o lote que lhes convinha,
povoaram cada qual a sua região e, quando ela ficou povoada, criaram-nos, a nós, seus
rebanhos e crianças, como os pastores criam seus próprios rebanhos; mas sem violentar
nossos corpos, como fazem os pastores que levam seus animais a pastar a golpes de
chicote, e sim, colocando-se, por assim dizer, por trás, de onde o animal é mais fácil de
ser dirigido. Eles governavam usando da persuasão e dominando, assim, a alma segundo
seu próprio desígnio. Era assim que conduziam e governavam qualquer espécie mortal”.
sorte lhes havia assinalado, Hefestos e Atena, que têm a mesma natureza, porque são
filhos do mesmo pai e porque concordam no mesmo amor da sabedoria e das artes, tendo
ambos recebido em comum nosso país, como um lote que lhes era próprio e naturalmente
ensinaram-lhes a organização política. Seus nomes foram conservados, mas suas obras
pereceram pela destruição de seus sucessores e pelo passar dos tempos. Porque a espécie
que sempre sobrevivia era, como eu disse antes, a dos montanheses e dos iletrados, que
só conheciam os nomes dos donos do país e pouca coisa sabiam de suas ações. Esses
nomes, eles os davam de bom grado a seus filhos, mas, da virtudes e das leis de seus
predecessores, nada conheciam, salvo alguns fatos imprecisos sobre cada um deles. Na
penúria das coisas necessárias em que ficaram, eles e seus filhos, durante várias
cupando com o que se passara antes deles e nos tempos antigos. As narrativas
legendárias e a pesquisa das antiguidades surgem nas cidades ao mesmo tempo que o
lazer, quando vêem que alguns homens são providos das coisas necessárias à vida, mas
não antes. E eis como os nomes dos homens antigos foram conservados sem u recordação
de seus altos feitos. E a prova do que digo é que, OS nomes de Cécrope, Erectéia,
Erictônio, Erisícton e a maioria dos nomes dos heróis anteriores a Teseu, cuja memória
sacerdotes egípcios, quando lhe contaram a daqueles tempos. E o mesmo acontece com o
nome das mulheres. Além disso, a aparência e a imagem da deusa, que os homens
todos os seres vivos, machos e fêmeas, que vivem em sociedade, a Natureza quis que
fossem, uns e outros, capazes de exercer em comum a virtude própria a cada espécie”.
“Nosso país era então habitado por diferentes classes de cidadãos que
exerciam seus ofícios e tiravam do solo sua subsistência. A classe dos guerreiros, porém,
separada das outras desde o começo por homens divinos, habitava à parte. Tinha todo o
necessário para a alimentação e a educação, mas nenhum deles possuía nada de seu.
Pensavam que tudo era comum entre todos, mas não exigiam dos outros cidadãos nada
além do que lhes bastava para viver, e exerciam todas as funções que descrevemos
verídica —, em primeiro lugar que era limitado pelo istmo que se estendia até os cumes
costeando o rio Asopo à esquerda, do lado do mar. Em seguida, que a qualidade do solo
não tinha igual no mundo inteiro, de forma que o país podia alimentar um numeroso
exército dispensado dos trabalhos da terra. Uma forte prova da qualidade de nossa terra
é que o que dela hoje resta pode rivalizar com qualquer uma pela diversidade e pela
beleza de seus frutos e pela riqueza em pastagens próprias para qualquer espécie de gado.
abundância. Que provas temos disto e que resta do solo de então que justifique nossa
afirmação? O país inteiro avança longe do continente para o mar, e aí se estende como
durante os nove mil anos — pois é este o número de anos que decorreram desde aqueles
tempos até os nossos dias -, o solo que deslizou das alturas nesses tempos de desastre não
depositou, como nos outros países, muito sedimento notável e, deslizando sempre sobre o
contorno do país, desapareceu na profundeza das ondas. Por essa razão, como aconteceu
nas pequenas ilhas, o que resta no presente, comparado com o que então existia, parece
um corpo descarnado pela doença. Tudo o que havia de terra gorda e mole deslizou e não
resta mais que a carcassa nua do país. Mas, naqueles tempos, o país intacto tinha, em
lugar de montanhas, altas colinas. As planícies que têm hoje o nome de Felo eram
cobertas de terra gorda. Sobre as montanhas, havia grandes florestas, de que ainda hoje
existem testemunhos visíveis. Se, efetivaments, entre as montanhas, há algumas que não
alimentam mais que abelhas, não faz muito tempo que lá se cortavam árvores capazes de
cobrir as mais vastas construções, cujas vigas ainda existem. Havia também muita
quantidade de grandes árvores frutíferas e o solo produzia forragem que não acabava
mais para o gado. O solo acolhia também as chuvas anuais de Zeus e não perdia, como
hoje, a água que escorre da terra desnuda para o mar. Como a terra era então espessa e
escapar nas cavidades a água das alturas que havia absorvido, e alimentava, em toda
parte, fontes abundantes e grandes rios. Os santuários que existiam outrora tes-
temunham o que estou dizendo. Essa era a condição natural do país. Nele se fizeram
seu trabalho, amigos do belo e dotados de uma felicidade natural, dispondo de uma terra
excelente e de uma água muito abundante, e favorecidos na sua cultura do solo, por
acrópole não estava então no estado em que está hoje. Em uma só noite, chuvas
tinham produzido ao mesmo tempo que essa queda-d'água prodigiosa, que foi a terceira
antes da destruição que ocorreu no tempo de Deucalião. Mas antes, em uma outra época,
era tal a grandeza da acrópole que ela se estendia até o Eridano e o Iliso e compreendia a
Pnix, e tinha por limite o monte Licabeto, do lado que fica em frente à Pnix. Ela era
inteiramente revestida de terra e, exceto em alguns pontos, formava uma planície na sua
parte mais alta. Fora da acrópole, mesmo ao pé de suas vertentes, ficavam as habitações
dos artesãos e dos lavradores que cultivavam os campos vizinhos. Na parte alta, a classe
dos guerreiros ficava sozinha em torno do templo a Atena e a Hefestos, depois de haver
cercado o planalto com um único cinturão, como se faz o jardim de uma única casa.
Moravam na parte norte desse planalto onde haviam organizado alojamentos comuns e
refeitórios de inverno, e tinham tudo o que convinha a seu géênero de vida em comum,
quer em matéria de habitações, quer de templos, com exceção do ouro e da prata, pois não
faziam nenhum uso desses metais, em nenhum caso. Atentos em manter o justo meio
termo entre o fausto e a pobreza servil, mandavam construir casas decentes, qnde
envelheciam com seus filhos e os filhos de seus filhos, e as passavam, a outros como eles.
Quando, no verão, abandonavam como é natural, seus jardins, seus ginásios, seus re-
feitórios, era para a parte sul que iam. No lugar da acrópole atual, havia uma fonte que
foi soterrada pelos tremores de terra e da qual restam finos filetes de água que correm
das proximidades de onde ela se localizara. Mas ela fornecia, então, água abundante a
toda a cidade, água igualmente saudável, no inverno ou no verão. Esse era o tipo de vida
chefes confessos dos outros gregos. Cuidavam criteriosamente que o número, tanto de
“Eis aí quem eram esses homens, e eis como administravam seu país e a
Europa e em toda a Ásia pela beleza de seus corpos e pelas virtudes de toda espécie que
ornavam sua alma, e eram os mais ilustres de todos os homens de então. Quanto à
condição e à primitiva história de seus adversários, se não perdi a memória do que ouvi
contar quando ainda era criança, é o que lhes vou narrar agora, para partilhar este
para que não fiquem surpresos de ouvir nomes gregos aplicados a bárbaros. Vocês
saberão a causa. Como Sólon pensava em utilizar esta história em seus poemas, ele
inquiriu sobre o sentido dos nomes e o que achou foi que os egípcios, que foram os pri-
meiros a escrevê-los, os haviam traduzido em sua própria língua. Ele mesmo, retomando
por sua vez o sentido de cada nome, o transpôs e transcreveu para nossa língua. Esses
manuscritos de Sólon estavam com meu avô e ainda permanecem comigo atualmente, e
desde criança que os sei de cor. Se, portanto, ouvirem nomes parecidos com os nossos,
que isso não lhes cause nenhuma surpresa, pois sabem a causa”.
história. Já dissemos, a propósito do sorteio que os deuses fizeram, que eles dividiram
toda a terra em lotes maiores ou menores segundo os países e que estabeleceram, em sua
honra, templos e sacrifícios. Assim foi que Posídon, tendo recebido na partilha a ilha
Atlântida, instalou os filhos que tivera de uma mulher mortal num lugar da ilha, que
vou descrever. Do lado do mar, estendia-se, pela ilha inteira, uma planície que dizem ter
sido a mais bela de todas as planícies, e fértil por excelência. Mais ou menos no centro
dessa planície, a uma distância de cerca de cinquenta estádios, via-se uma montanha
homens que, de origem, eram do país, nascidos da terra. Chamava-se Evenor e vivia com
uma mulher de nome Leucipa. Geraram uma única filha — Clito, que acabava de atingir
a idade núbil quando seu pai e sua mãe morreram. Posídon apaixonou-se e uniu-se a ela
e fortificou a colina onde ela morava, recortando seu contorno por meio de cinturões
de terra e três de mar e os arredondou, a partir do meio da ilha, de onde estavam todos à
naquele tempo, ainda não se conheciam nem navios nem navegação. Ele mesmo
embelezou a ilha central, coisa fácil para um deus. Fez jorrar do solo duas nascentes de
água, uma quente e outra fria, e fez a terra produzir alimentos variados e abundantes.
Gerou cinco pares de gémeos machos, criou-os e, tendo dividido toda a ilha da Atlântida
em dez partes, atribuiu ao mais velho do primeiro par a casa de sua mãe e o lote de terra
em volta, que era o mais vasto e o melhor. Fez dele rei sobre todos os seus irmãos e,
destes, fez soberanos, dando a cada um grande número de homens a governar e um vasto
território. A todos deu nomes. O mais velho, o rei, recebeu o nome que serviu para
designar a ilha inteira e o mar que se chama Atlântida, porque o primeiro rei do país,
naquela época, tinha o nome de Atlas. O gêmeo nascido logo depois, a quem coubera a
extremidade da ilha do lado das Colunas de Hércules, até a região que se chama hoje
região, sem dúvida, tirou seu nome. O segundo par chamou-se Anferes e Evaimon. Do
terceiro par, o mais velho recebeu o nome de Mneseos e o mais moço o de Autoctono. Do
quarto, o primeiro foi chamado Elasipo e o segundo Mestor. Ao mais velho do quinto
par, deu-se o nome de Azaes, ao mais novo o de Diapre-pes. Todos esses filhos de
Posídon e seus descendentes habitaram o país durante muitas gerações. Reinavam sobre
muitas outras ilhas do oceano e, como já disse, estendiam os limites de seu império, do
mais velho era o rei e transmitia sempre o cetro ao mais velho de seus filhos,
conservaram a realeza por numerosas gerações. Adquiriram riquezas imensas, tais como
nunca se viram em nenhuma dinastia real e como não se verão facilmente no futuro.
terra estrangeira. Muito lhes vinha de fora, graças a seu império, mas era a própria ilha
que lhes fornecia a maior parte das coisas para seu uso. Em primeiro lugar, todos os
metais, sólidos ou fundíveis, que são extraídos das minas; e, em particular, uma espécie
de que não possuímos mais senão o nome, mas que era então mais que um nome e que se
extraía da terra em muitos lugares da ilha, o oricalco — o mais precioso, depois do ouro,
dos metais então conhecidos. A ilha produzia, também em abundância, tudo o que a
floresta fornece de materiais para os trabalhos dos carpinteiros. Ela nutria, de forma
igualmente farta, os animais domésticos e os selvagens. Até mesmo uma raça de ele-
fantes muito numerosa era lá encontrada. Pois a ilha oferecia uma pastagem copiosa,
não somente a todos os outros animais que pastam na margem dos pântanos, dos lagos e
dos rios, ou nas florestas, ou nas planícies, mas ainda igualmente àquele animal que por
natureza, é o maior e o mais voraz. Além disto, todos os perfumes que a terra alimenta
madeira, ou de sucos destilados pelas flores ou pelos frutos, ela os produzia e os nutria
perfeitamente; e também os frutos cultivados e os secos, de que nos servimos para nossa
alimentação, e todos aqueles de que nos servimos para completar nossas refeições, e que
designamos pelo termo geral de legumes, e essas frutas lenhosas que nos fornecem
bebidas, alimentos e perfumes, e aquela fruta que tem escamas e é de difícil conservação,
feita para nosso divertimento e nosso prazer, e todos aqueles que servimos depois das
refeições para o alívio e a satisfação daqueles que sofrem de peso no estômago, todas estas
frutas, aquela ilha sagrada, que via então o sol, produzia-os magníficos, admiráveis, em
quantidades infinitas. Com todas essas riquezas que tiravam da terra, os habitantes
“Começaram por lançar pontes sobre as fossas de água do mar que cercavam
a antiga metrópole, para fazer uma passagem para fora e para o palácio real. Esse palácio
eles o tinha erigido desde a origem, no lugar habitado pelo deus e por seus ancestrais.
Cada rei, recebendo-o de seu antecessor, acrescentava algo para seu embelezamento e
punha todos os seus cuidados em superar o antecessor; tanto que fizeram de sua morada
até o cinturão externo, um canal de três pletros de largura, cem pés de profundidade e
porto, para os navios vindos do mar, e prepararam uma embocadura suficiente para que
os maiores navios nele pudessem penetrar. E ainda, através dos cinturões de terra que
separavam os de água do mar, face a face com as pontes, abriram canais largos o
suficiente para permitir que uma triera passasse de um cinturão para o outro, e, por
cima desses canais, puseram tetos, para que se pudesse navegar por baixo; pois os
parapeitos dos cinturões de terra estavam bastante acima do mar. O maior dos fossos
circulares, o que se comunicava com o mar, tinha três estádios de largura, e o cinturão
de terra que o seguia tinha outros tantos. Dos dois cinturões seguintes, o de água tinha
uma largura de dois estádios e o de terra era ainda igual ao de água que o precedia; o que
palácio dos reis, tinha um diâmetro de cinco estádios. Revestiram de um muro de pedra
o contorno desta ilha, os cinturões e os dois lados da ponte, que tinha um pletro de
largura. Puseram torres e portas nas pontes e em todos os lugares onde o mar passava, e
extraindo as pedras, construíram bacias duplas cavada dentro do solo e cobertas por um
teto da própria rocha. Entre essas construções, umas eram de uma só cor, e em outras
[oram entremeadas pedras, de maneira a fazer um tecido variado de cores para o prazer
revestimento, todo o contorno do muro que cercava o cinturão mais externo; de estanho
fundido, o do cinturão mais interno, e o que cercava a própria acór-pole de oricalco com
reflexos de fogo”.
centro da acrópole, havia um templo consagrado a Clito e a Posídon. Seu acesso era
interditado e era rodeado por uma cerca de ouro. Foi lá que, na origem, eles geraram e
deram à luz a raça dos dez príncipes. Era para lá também que se vinha todos os anos, das
dez províncias que haviam partilhado entre si, para oferecer, a cada um deles, os
três pletros de largura e uma altura proporcional a essas dimensões; mas tinha em seu
aspecto qualquer coisa de bárbaro. O templo inteiro, do lado de fora, era revestido de
prata, menos os acrotérios, que eram de ouro; no lado de dentro, a abóbada era
deus, de pê sobre uma carro, conduzindo seis cavalos alados, e tão alto que sua cabeça
tocava a abóbada. Depois, em círculo em volta dele, cem Nereidas sobre delfins, pois
acreditava-se, então, que eram em número de cem. Mas havia ainda muitas outras
estátuas de ouro de todas as princesas e de todos os príncipes descendentes dos dez reis, e
muitas outras estátuas dedicadas pelos reis e por particulares, seja da própria cidade,
seja dos países de fora submetidos à sua autoridade. Havia, também, um altar cuja
grandiosidade e cujo trabalho estavam de acordo com todo este aparato, e todo o palácio
templo”.
“As duas nascentes, uma de água fria e outra de água quente, tinham uma
habitantes, pela virtude de suas águas e o prazer que causavam. Eles as cercaram de
tanques, uns a céu aberto, outros cobertos, destinados aos banhos quentes no inverno.
Os reis tinham os seus à parte, e os particulares também. Havia outros para as mulheres
e outros para os cavalos e os outros animais de carga, cada qual disposto segundo sua
finalidade. Eles levavam a água que deles corria para o bosque sagrado de Posídon, onde
solo. Depois, faziam-na escoar para os cinturões exteriores, pelos aquedutos que
passavam sobre as pontes. Aí, edificaram numerosos templos dedicados a outras tantas
divindades, muitos jardins e muitos ginásios, uns para os homens, outros para os
cavalos, sendo estes últimos construídos à parte em cada uma das duas ilhas formadas
pelos cinturões circulares. Entre outros, no meio da ilha maior, havia sido reservado
havia, de cada lado, casernas para a maior parte da guarda. Os guardas que inspiravam
mais confiança tinham sua guarnição no menor dos dois cinturões, que era também o
mais próximo da acrópole; e para aqueles que se distinguiam entre todos por sua
fidelidade, haviam destinado bairros no interior da acrópole, em torno dos próprios reis”.
trieras; tudo perfeitamente preparado. Eis como tudo estava disposto em volta do palácio
dos reis”.
começava no mar e que, em toda a sua extensão, distava cinquenta estádios do cinturão
maior e de seu porto. Esse muro vinha fechar, no mesmo ponto, a entrada do canal do
lado do mar. Era inteiramente coberto de casas numerosas e apertadas umas contra as
outras. O canal e o porto maior viviam cheios de navios e de mercadores vindos de todos
toda espécie”.
atrás, sobre a cidade e o velho palácio. Agora, falta tentar lembrar qual era o caráter do
país e a sua organização. Em primeiro lugar, disseram-me que todo o país era muito
elevado e ficava a pique sobre o mar; más que, em volta de toda a cidade, estendia-se uma
planície que a cercava e que era, por sua vez, cercada de montanhas que desciam até o
mar; que sua superfície era unida e regular, que era oblonga em seu conjunto, que
media, de um lado, três mil estádios, e no centro, subindo do mar, dois mil. Esta região
ficava, em todo o comprimento da ilha, exposta ao Sul e ao abrigo dos ventos do Norte.
tamanho e em beleza que todas as que existem hoje. Elas encerravam um grande número
número de reis no passar de muitas gerações, organizada como vou dizer. Ela tinha a
regularidade havia sido corrigido por um fosso cavado em seu contorno. Quanto à
proporções que se lhe atribuem, se considerarmos que era uma obra feita pela mão do
homem, somado às outras obras. É preciso, porém, repetir o que ouvimos dizer: ele fora
e, como o comprimeinto abarcava toda a planície, chegava a dez mil estádios. Esse fosso
recebia os cursos de água que desciam das montanhas, dava a volta na planície, e suas
duas extremidades terminavam na cidade, de onde o faziam escoar para o mar. Da parte
alta da cidade partiam canais de, aproximadamente, cem pés de largura, que cortavam a
planície em linha reta e descarregavam no fosso perto do mar; de um a outro, havia um
intervalo de cem estádios. Eles serviam para fazer a madeira descer flutuando das
montanhas para a cidade, e para o transporte, por barco, das outras produções de cada
estação, graças a outros desvios navegáveis que partiam dos canais e faziam a
comunicação, obliquamente, de uns com os outros e com a cidade. Notem que havia,
guerra, ficara decidido que cada distrito era dez vezes dez estádios, e havia, ao todo, seis
miríades. Quanto aos homens a tirar das montanhas e do resto do país, seu número, pelo
que me disseram, era infinito; eles haviam sido todos distribuídos por localidades e
aldeias desses distritos, sob a autoridade dos chefes. Ora, o chefe tinha ordem de fornecer
para a guerra a sexta parte de um carro de combate, no sentido de fazer seu efetivo
chegar a dez mil; além disso dois cavalos e seus cavaleiros, uma parelha de cavalos, sem
cavalos levado atrás do combatente, mais dois hoplitas, arqueiros e fundeiros em número
de dois para cada espécie, soldados de infantaria leve lançadores de pedras e de dardos
em número de três para cada espécie, e quatro marinheiros para encher mil e duzentos
navios. Era assim que havia sido acertada a organização militar da cidade real. Quanto
às nove outras províncias, cada uma tinha sua organização particular, cuja explicação
seguinte maneira: cada um dos dez reis em seu distrito e sua cidade, tinha todo o poder
sobre os homens e sobre a maioria das leis; punia e condenava à morte quem queria. Mas
instruções de Posídon, tais como lhes haviam sido transmitidas pela lei, e pelas
inscrições gravadas pelos primeiros reis em uma coluna de oricalco colocada no centro
da ilha no templo de Posídon. Era nesse templo que se reuniam, a cada cinco ou seis
cinturão do templo de Posídon touros em liberdade; os dez reis, deixados a sós, pediam
ao deus para fazer-lhes capturar a vítima que lhe fosse agradável, depois do que se
punham à caça, com bastões e laços corrediços, sem ferro. Levavam então à coluna o
touro que haviam apanhado, degolavam-no no seu capitel e faziam escorrer o sangue
sobre a inscrição. Na coluna, além das leis, estava gravado um juramento, que proferia
sacrifício de acordo com suas leis, consagravam todo o corpo do touro. Depois, enchiam
de vinho uma cratera, nela jogavam, em nome de cada um, um coágulo de sangue e
cratera com taças de ouro, faziam uma libação sobre o fogo, jurando que julgariam de
acordo com as leis inscritas na coluna e puniriam quem quer que as houvesse violado
de seu pai. Quando todos haviam assumido esse compromisso, por si próprios e por sua
havia esfriado, cada um vestia uma túnica azul-escura da maior beleza, sentavam-se no
chão, nas cinzas do sacrifício onde haviam prestado juramento e, durante a noite, depois
outro de haver infringido alguma prescrição. Uma vez formulados os seus julgamentos,
inscreviam-nos, quando voltava a luz, numa tábua de ouro, e os consagravam com suas
túnicas, como um memorial. Havia, ainda, muitas outras leis particulares, relativas às
prerrogativas de cada um dos reis, sendo que as mais importantes eram a de jamais
levantarem armas uns contra os outros, reunir-se para prestar-se auxílio, no caso de um
deles pretender destruir uma das raças reais de um estado, deliberar em comum, como
assuntos, mas deixando a hegemonia à raça de Atlas. O rei não tinha poder de condenar
à morte nenhum dos de sua raça, sem o assentimento de mais da metade dos dez reis”.
“Tal era a formidável potência que existia então nessa região, que o deus
reuniu e dirigiu contra o nosso país, pela razão que aqui está. Durante numerosas
gerações, enquanto a natureza do deus se fez neles sentir o suficiente, obedeceram às leis
sabedoria diante de todos os arazes da vida e em relação uns aos outros. Por isso, dando
atenção unicamente à virtude, raziam pouco caso de seus bens e suportavam facilmente
o fardo que era para eles o peso de seu ouro e de suas outras posses. Não estavam
afastavam de seu dever. Moderados como eram, viam claramente que todos esses bens
também cresciam pela afeição mútua unida à virtude e que, se a eles nos apegamos e se
conservaram sua natureza divina, viram aumentar todos os bens de que falei. Mas
quando a porção divina que estava neles se deteriorou pela frequente mistura com
sabem ver, eles apareceram feios, porque perderam os mais belos de seus bens, os mais
preciosos; mas aqueles que não sabem discernir o que é a verdadeira vida feliz achavam-
nos perfeitamente belos e felizes, embora infectados como estavam por injustas cobiças e
pelo orgulho de dominar. Então, o deus dos deuses, Zeus, que reina segundo as leis e que
pode discernir essa espécie de coisas, percebendo o estado infeliz de uma raça que fora
virtuosa, resolveu puni-los para torná-los mais moderados e mais sábios. Para isto,
reuniu todos os deuses em sua morada, a mais preciosa, aquela que, situada no centro de
está longe, muito longe de ser um estudo completo e as hipóteses diferentes não
são, em si, inteiramente erradas, como veremos em seguida. O que fizeram foi
conclusões, só cometeu erros de detalhe, e o que ele diz deve ser conhecido,
mesmo que não contenha o essencial. Esse essencial, aliás, lhes será daqui a
pouco proposto por esta obra, através de uma voz prestigiosa, como o
reproduzimos:
"Este livro foi escrito com o objetivo de apresentar algumas concepções bem
2º. — Que a descrição dessa ilha, deixada por Platão, não é absolutamente,
como por muito tempo se admitiu, uma fábula fantástica, mas sim uma
3º. — Que a Atlântida foi a própria terra onde o homem, pela primeira vez,
5º. — Que a Atlântida não era mais que o mundo antes do dilúvio, com o
6º. — Que os deuses, as deusas e os heróis dos antigos gregos, dos fenícios,
heróis da Atlântida, e que os atos ou feitos que lhes atribui a mitologia não
ferro.
natural, que submergiu no mar a ilha inteira, até o nível dos mais altos
habitantes.
persistiu até nossa época entre muitos povos dos dois continentes, sob a
geral, tão fiel quanto possível, do que era a Humanidade pré-diluviana, e fazer a
sabemos, por uma grande ilha, em torno da qual espalhava-se, ao que parece, tanto a
vulcânicas, que subiam até o alísio superior, e cujo cume era coberto de neves eternas.
Ao pé dessas montanhas, estendiam-se elevados planaltos nos quais viviam os reis com a
sua corte. Abaixo dessa região de elevados planaltos encontrava-se a grande planície da
Atlântida. Das montanhas centrais desciam quatro rios, cada qual seguindo a direção de
um ponto cardeal, para o norte, o sul, o leste e o oeste. O clima era o clima atual dos
Açores, suave e agradável. O solo, vulcânico e fecundo, era, em seus diversos níveis,
próprio para a produção tanto das frutas dos trópicos quanto das frutas das zonas
temperadas”.
Central, aos berberes ou aos egípcios, e uma raça branca, semelhante aos gregos, aos
godos, aos celtas e aos escandinavos. Entre os diversos povos, ocorreram numerosos
conflitos de raças pela conquista da supremacia. A raça de cor escura parece ter sido a
menor em estatura, como o indica a pequenez de suas mãos; a raça de cor clara era muito
mais alta. Daí as lendas gregas relativas a titãs e a gigantes. Os guanchos das Ilhas
Canárias eram homens de alta estatura. Como os objetos fabrica: dos na Idade do Bronze
revelam uma raça humana que tem a mão pequena, e como, por outro lado, a raça que
possuía os navios e a pólvora para canhão tomou parte na guerra contra os gigantes,
pode-se concluir que a raça de pele escura era a mais civilizada, que era a dos
dominado nas duas margens do oceano, faz supor sua origem comum. O fato de que a
explicação de muitos usos constatados nos dois continentes não possa ser encontrado
senão na América, indica que havia na América uma população primitiva que, nas suas
migrações, transportou com ela seus usos, mas esqueceu sua origem, a ocasião em que
foram constituídos”.
necessárias sejam nativos da Europa e não da América, poderia indicar que uma
“Em uma época ainda mais recente, as relações dos atlantes com a Europa
foram mais frequentes e mais regulares que com a América. No que diz respeito aos
animais domésticos de grande porte, era certamente bem mais difícil transportá-los nos
barcos sem coberta daquele tempo, da Atlântida para a América, por sobre uma grande
extensão de mar, que da Atlântida para a Europa, o que podia ser feito por etapas até a
costa da Espanha, passando por aquele grupo de ilhas, agora submersas, que se encon-
trava em frente à entrada do mar Mediterrâneo. Pode também ter acontecido que o clima
trigo, da aveia, que ao do milho, enquanto que a atmosfera mais seca da América convi-
nha melhor a este último. Ainda atualmente, o trigo e a cevada são relativamente pouco
cultivados na América Central, no Peru e no México, e não o são nas zonas baixas
desses países. Por outro lado, cultiva-se relativamente menos milho na Itália, na
Espanha e na Europa Ocidental, cujo clima chuvoso não é favorável a essa planta. Como
vimos anteriormente, temos todas as razões para acreditar que, em tempos muito
certas famílias de palavras nas diversas línguas derivadas da língua ariana primitiva,
tornou possível uma reconstituição da história das migrações dos arianos, do mesmo
modo virá o dia em que a comparação metódica e cuidadosa das palavras, dos costumes,
das artes, da concepção de vida existente nas duas margens opostas do oceano Atlântico
arado no Egito e no Peru mostra que esse instrumento também era conhecido na
Atlântida. E como os chifres de Baal demonstram a alta estima em que era tido o gado,
devemos também admitir que os atlantes tinham, de havia muito, ultrapassado a fase em
que o arado era puxado pelo homem (como no Egito e no Peru, nos tempos antigos, e na
Suécia, em tempos já históricos), para chegar à fase em que o arado é arrastado por um
cavalo ou, pelo menos, por bois. Foram eles os primeiros a criar o cavalo como animal
doméstico e é também por isso que o deus do mar, Posídon ou Netuno, tem seu carro
puxado por cavalos. Daí, também, a existência de campos de corridas para os cavalos,
como Platão os descreve. Possuíam carneiros e fabricavam lã; criavam também cabras,
artificial das terras. Tinham um alfabeto, trabalhavam o zinco, ô bronze, a prata, o ouro
e o ferro”.
progresso, começou por fim a tornar-se excessiva, enviaram a leste e a oeste, até os
confins do mundo, grandes expedições colonizadoras. Não foi obra de alguns anos, mas
de séculos inteiros, e a situação que se criou entre estas diversas colónias deve ter sido,
mais ou menos, a mesma que a que existiu mais tarde entre as colónias dos fenícios, dos
reproduziram nos tempos históricos devem ter ocorrido no decorrer de milhares de anos
antes, dando origem a novas raças e a novas línguas. O resultado foi que as pequenas
cor da pele passou, insensivelmente, do branco mais claro ao negro mais escuro, por uma
poderia apresentar a mesma, senão maior variedade de raças que o Império Britânico
atual. Ela teve colônias, como atualmente a Inglaterra, na Ásia, na Europa, na África,
século III e no século V de nossa era, vimos populações inglesas chegar às margens da
França e da Armórica para aí constituir colônias onde se deu continuidade à
nacionalidade e à língua da mãe pátria, povo de origem atlântica. Podemos supor que, da
mesma forma, houve expedições colonizadoras camitas da Atlântida para a Síria, o Egito
juntos o solo das Ilhas Britânicas e transplantando para novas pátrias a civilização
inglesa, teremos uma imagem exata de que se passou em consequência das expedições
povoada por raças provenientes do mesmo tronco, revive, nos tempos modernos, o
império de Zeus e de Cronos. E, assim, como vimos Tróia, o Egito e a Grécia pegar em
armas contra o tronco primitivo, vimos também, nos tempos modernos, a Bretanha
política”.
elevadas e fundamentais que, seja qual for na prática sua influência real, constituem, no
único no Peru e no Egito primitivo. Os povos desses países consideravam o Sol como o
sua vontade. Uma concepção tão elevada só poderia ser o fruto de uma alta civilização.
A ciência moderna deixou patente o quanto a vida inteira da Terra está na dependência
acreditavam que a alma humana é imortal e deveria reviver em seu envoltório corporal.
Em outros termos, acreditavam na ressurreição dos corpos e na vida eterna. Por esse
“Os atlantes tinham uma casta sacerdotal organizada. Sua religião era pura
e simples. Viviam sob um regime monárquico. Tinham reis e uma corte. Tinham juízes,
fábricas, tecelagens, moinhos para os grãos, barcos e veleiros, condutos de água e canais,
e estaleiros. Tinham procissões, estandartes, arcos do triunfo para seus reis e heróis.
uma palavra, gozavam de uma civilização quase tão elevada quanto a nossa. Faltavam-
magnetismo. Conta-se que Deva Nahusha visitara as colônias mais longínquas da Índia.
Um império, que se estendia das cordilheiras até o Hindustão, talvez mesmo até a
China, deve ter sido, em todo caso, um império de fabuloso poder. Em suas grandes
espécie humana. Suponhamos que, no dia de hoje, as Ilhas Britânicas inteiras, com todos
os seus habitantes e todos os tesouros de sua civilização tivessem a mesma sorte e que
fossem tragadas pelo mar até quase a altura do pico das mais altas montanhas da
não sobrevivessem na memória das novas gerações a não ser transformados em deuses
em todos os países da Terra, primeiro sob a forma de uma narração de caráter histórico
verídico, depois, com o passar dos tempos, como lenda, como tradição, como fábula, como
edificar a história das civilizações esquecidas dos povos antigos. Nesse trabalho, nenhum
estudo poderia ser mais interessante nem mais atraente, e nenhum ofereceria à
imaginação mais horizontes, que a história desse povo desaparecido, a história da
uma civilização antiga quando a dos egípcios começava. Seu império já datava de
milhares de anos antes que se pudesse falar de Babilónia, Roma ou Londres. Esse povo
desaparecido foi o de nossos precursores. O sangue desses homens corre em nossas veias.
As palavras de que nos servimos eram, em sua forma primitiva, a que se ouviam nas
cidades, nos palácios e nos templos da Atlântida. Todas as particularidades das raças,
dos troncos étnicos, das crenças, todas as nuanças de nosso pensamento levam-nos, em
dos mares pelo menos alguns restos dessa civilização desaparecida. Algumas partes do
que foi a Ilha Atlântida, por exemplo, aquilo que os mapas ingleses chamam de Dolphin
diversas, e com grandes despesas, expedições para recuperar algumas milhares de peças
de ouro naufragadas com um transatlântico. Por que não se faria o mesmo para chegar
movente que todo o ouro que os espanhóis de outrora roubaram dos peruanos e que todos
os documentos, por mais preciosos que sejam, que se encontram no solo do Egito e da
Caldeia”.
fenícias que se encontram em Corvo, uma das ilhas Açores, não seriam originárias da
Atlântida? É possível que o grande povo fenício, cuja importância foi tão capital na
fundação de colónias, tenha visitado estas ilhas desde o início do período histórico e as
las? Nós mal começamos a compreender o passado. Há uma centena de anos o mundo
ainda nada sabia de Pompeia e de Herculano, nada do vínculo linguístico que une as
nos túmulos do Egito e da Babilónia, nada das civilizações admiráveis reveladas hoje
pensamento teológico da Idade Média, quem poderá duvidar que, dentro de cem anos,
passado do mundo e do género humano e dando a solução de todos aqueles mistérios que
ter encontros excepcionais. Alguns deles eu contei, outros não. Talvez um dia
eu conte estes últimos, pois nenhuma proibição me foi feita neste sentido; mas o
transmitir o que sei, para retificar os graves erros cometidos, ou para responder
resto, aqueles que deles falam tão publicamente e com uma pretensa
experiência só fazem tecer uma trama imaginária que não tem nenhuma relação
descer à arena da contestação para discutir assuntos tão sagrados? Por que, e
em virtude de que autoridade, julgaria a obra de outros, quando esta obra pode
ter dado a algumas pessoas conforto e consolo? Recebi, sem dúvida, daqueles
destino humano, e estaria assim apto para restabelecer a verdade pura no que
lhes diz respeito; mas, ao fazer isso, ao mesmo tempo exporia essa verdade a
uma crítica estéril e destrutiva. Por isso, ainda não resolvi escrever a respeito. Se
assuntos que não pudessem ser verificados no nível do homem em geral, não
um dia o for, saberei então o que escreverei, apoiado por uma força suprema e,
momento preciso em que pode cumprir seu papel e atingir seu objetivo, e
aqueles que sabem conhecem o momento. Assim, espero, mas estou pronto!
outros, antes que seja dado um sinal, que ainda não veio. Tergiversei, portanto,
comigo mesmo durante semanas, adiei a redação desta obra para a qual, ainda
Falarei assim daquele com quem estive em contato, explicarei o modo como o
encontrei, mas não direi nada de preciso, a não ser por alusão, sobre a posição
hierárquica que ocupa no plano esotérico, uma hierarquia que não é deste
termo é impróprio, mas qual outro empregar para designar o que foi um
por perguntas inúteis? Um discípulo aos pés do mestre? Sim, seria mais exato,
amigo belga me afirma que Bruxelas é uma pequena Paris, mas, no Líbano,
mundo. Ora, nem Bruxelas, nem Beirute, nem outras cidades são Paris em
miniatura. Cada grande cidade, em nossa terra, tem sua originalidade própria e
Bruxelas com jóias admiráveis, não se poderia contestar, mas o enfeite é apenas
que tive muitas vezes o privilégio de empreender, de noite como de dia, e que
estou longe de ter levado até o fim. Entre os tesouros que minha lembrança
é aquele a cujo ritmo o meu coração, com amor, vibra para sempre. Um tal
esplendor não se descreve, frui-se com volúpia, e é um prazer tão sublime e tão
variado, segundo a hora e o tempo que, instintivamente, procura-se estreitar o
minha frente; ele, que me fala. Com um brusco sobressalto de vontade, recobro
mas da minha alma já jorrou todo o amor que clamo em uma só palavra:
extraordinário. O mundo atual e a etapa considerável que ele tem que transpor
desta evolução. Naturalmente, é aos mestres invisíveis que me refiro aqui, pois
corpo físico. Por invisível, é preciso entender simplesmente que eles não são
acordo com a lei estrita da impessoalidade, eles não se fazem conhecer e evitam,
deste modo, o culto pessoal que, para tantos postulantes do caminho místico, é
o obstáculo irremediável.
intuição ainda não exercida não são capazes de revelar com uma clareza
satisfatória.
na maioria dos casos, são sinceros consigo mesmos e com seus fiéis. O fato de
temporariamente serviço a alguns, têm sua razão de ser. Vira um dia em que
eles, ou seus discípulos, vencerão esta etapa de ilusão e de erro através de uma
não existe outro mestre além daquele que levam em si: o mestre interior, sendo
que seja — cósmico para um, invisível para outro, e de maneira diferente ainda
Cardeal Branco. Todos têm, porém, um traço comum: trabalham para uma
impossível de avaliar em termos humanos. Ele não se chama nem H. nem K., e
seu nome, se tiver um, Jamais foi revelado, de forma que é conhecido dos altos
raros, que tiveram o insigne privilégio de conhecê-lo por aquilo que ele é,
descrições que dele puderam ser feitas, há vinte anos, não teriam que ser
modificadas — por pouco que fosse — para representá-lo tal como é hoje. Ao
preciso harmonizar todo o seu ser com ele. É preciso afinar-se pelo seu
Tudo isso eu não ignoro, e minha emoção não é menos profunda por
saber-me lá, diante dele, fascinado pela luz que representa e transmite. Devia
esta noite, me deixe em paz! Horas como estas são por demais importantes para
serem profanadas por considerações humanas. "Estou com o mestre, estou com o
poltronas cinzentas listradas de preto que nos receberam. Cabe a ele falar e
cotovelo sobre o velador e, estendendo as mãos para mim, a palma voltada para
fora, diz:
ordenou. Seus olhos, então, se apossam dos meus. Seu brilho torna-se
insustentável e, no entanto, não posso desviar meu olhar. Seu rosto aproxima-se
e envolve-nos um leve halo que parece absorver todo o meu ser, como se eu
beatitude infinita, onde tudo se torna nós e onde não existe separação ...
que a unidade cinde-se em dois seres distintos, em que minhas mãos voltam a
ser minhas, em que elas deixam seu anfitrião acolhedor e em que, mantendo os
"Não estou aqui por sua causa, mas quis este encontro depois de tantos anos
— e sua alma respondeu ao meu chamado, pois você veio. Há tempos, preparei o
caminho que você seguiu e não deixei de velar. O serviço é acompanhado de amargura,
mas a amargura é a poção da vida deste mundo, e este mundo não passa de um crisol
temporário de experiência. O serviço é cumprido por si mesmo e não pelo que dele
resulta para quem o faz. A todo instante, você deve obediência; às vezes, além da sua
servidor, pois ele recebe assim o socorro incessante de seus mestres e sua obra é
santificada... Não vai longe aquele que não ultrapassa os duvidosos e quiméricos limites
de outra forma, como você bem sabe, assim como não ignora as lições que posso dar, a
você e a outros, se o serviço o exigir, e quando o bom caminho tiver que ser mantido,
contra tudo”.
Atlântida, e isso, naturalmente, não se deve ao acaso. Esse enorme interesse que se
expressa atualmente nos países mais distantes uns dos outros é, por assim dizer,
provocado. Entenda que é obra daqueles de quem, em data relativamente recente, você
recebeu a mensagem, para você e alguns outros. Meu papel e o dos membros do conclave
invisível foi estimular nessa direção o Interesse de dirigentes que podem transmitir um
secreto pode ser agora recebido por grupos menos fechados. Você deverá transmiti-lo,
vier o momento de dar-lhe forma e de escrevê-lo, estarei perto de você para dirigir seu
receberão este conhecimento por vias diferentes. Ele será apresentado sob uma forma
destina; mas a substância será a mesma. Assim, não se preocupe com o que poderá ser
oportuno..."
A Atlântida! Certamente, fui outrora atraído pelo estudo desse
desconhecido precisamente, não teria qualquer coisa a ver com esta espera?
Agora tenho certeza que sim. Eu estava preparado para o suposto acaso desta
respostas. Novamente sou cativado por essa voz suave, que, às vezes, mal é
perceptível:
atlantes!..."
verdade não se contesta, mesmo que seja ofuscante a ponto de suscitar a dúvida
naquele que não tivesse o privilégio de que gozo neste momento, ao ouvir o
mestre.
"O continente, tal como existiu, foi descrito, de maneira mais ou menos
satisfatória, por Platão, mas o sacerdote egípcio, na sua alta sabedoria e, é verdade,
época grega. Na realidade, a Atlântida, mesmo exotérica, isto é, a religião de massa, era
monoteísta no sentido absoluto, de maneira muito similar à crença judia e mais similar
ainda ao islame de nossa era. A primeira manifestação divina para nosso sistema
degenerada em relação àquelas. Além disso, haviam sido ajustadas a seu país de adoção,
para incluir principalmente o Nilo e tocar, assim, ainda mais a imaginação popular”.
transportes, em comparação com os quais o que conhecemos atualmente não é nada, era
na sua época o coração do mundo. Em outras palavras, o mundo inteiro era conhecido
dos atlantes e, no mundo inteiro, os atlantes tinham missionários e colônias mais ou
certos países particularmente abertos, era estabelecida uma filiação direta pelo colégio
dos sábios, isto é, pelos mais altos iniciados daquele tempo, guardiães da sabedoria
secreta. Essa filiação era marcada por um templo piramidal à imagem da pirâmide
Somente uma pirâmide, todavia, reproduziu a pirâmide suprema, e ainda assim numa
atlante, enquanto que as outras revelam uma parte dessa sabedoria: a que estava
correntes para evitar qualquer catástrofe geológica que estivesse no poder do homem
estudado em que eram edificadas. Em outros lugares, bastavam pontos de proteção. Este
é o caso, por exemplo, dos dolmens e menires que marcavam, com precisão, os lugares de
podiam realizar-se. O mesmo acontece com essas numerosas pedras, de tamanho mais ou
menos considerável, que ainda se vêem espalhadas pelo mundo, em propriedades,
campos, até mesmo em cidades. Mas essas tinham por objetivo exclusivo, digamos,
constituía, desse modo, um receptáculo eficaz para a totalidade das forças cósmicas.
países colonizados utilizavam de maneira prática os efeitos desse saber, assim como
atualmente muitos usam a eletricidade sem ter conhecimentos precisos sobre o assunto...
eminente ocupada pela Atlântida no mundo, uma vez que o mundo inteiro a ela estava
do que havia, do que fora trazido pelos atlantes e adaptado a cada região, desenvolveu-se
um conhecimento novo, com suas crenças próprias, sua mitologia, suas superstições e
passaram a ser, pela força dás circunstâncias, responsáveis pelo país que administravam,
saber era mais ou menos rudimentar segundo as regiões, embora os dados fundamentais
fossem em toda parte similares. Daí resultaram, na África por exemplo, aquelas
sociedades iniciáticas que, se assumem uma forma diferente de um país para outro, têm
símbolos até fazer deles uma pavorosa caricatura, deu-se ao gesto ou à ação iniciática e
simbólica um valor real que salientava uma pretensa crueldade, como se, pelo fato da
tradição ocidental afirmar que o iniciado matará o iniciador, pudéssemos admitir que
se com o nome impróprio de fetichismo toda uma sabedoria autêntica. Mas os etnólogos
modernos voltam atrás nas tolas concepções de seus predecessores. Isso é bom, pois na
que não o são! — além da forma e dos elementos exteriores, é uma parte da sabedoria
desapareceu em outras partes do mundo, com o passar dos tempos: os druidas, por
exemplo! Em todo caso, tudo o que no passado pôde parecer epifenômeno no campo do
vista psicológico e simbólico, aos países onde essa perpetuação devia cumprir-se”.
“Mas há uma outra fase a considerar, e ela diz respeito à perpetuação da
surpreende. A maioria dos fatos me era conhecida. Como ele mesmo declarou,
dedicada ao saudoso Nicolas Roerich, que foi legado do Dr. H. Spencer Lewis,
no Tibete. Portanto, eu não ignorava que as perguntas feitas pelo autor eram, na
tudo o que estava escrito ou não. Ele reúne o que está disperso. Restabelece a
desaparecido, evitando voltar ao que é admitido de modo geral ou que pode ser
não podia estabelecer uma relação correta entre as diversas construções dessa
inquietação da posse e do poder, torturados por não terem acesso aos primeiros
última chave. Tendo esboçado em grandes linhas o que me queria dizer, ele
"O colégio dos sábios, como você já devia saber, não ignorava os perigos que
ameaçavam a sabedoria que lhes cabia proteger. Eles estavam por demais conscientes das
imperfeições da natureza humana e dos excessos mortais aos quais, com freqüência, os
e sabe, também, o que foi feito para a perpetuação e a propagação do conhecimento sob
uma nova forma, no ciclo que se abria diante da Humanidade. Assim, você tomou
ao pequeno número, à elite da Humanidade. Portanto, não preciso voltar a essa questão.
Mas o que, até agora, não lhe foi revelado é isto: os sábios atlantes também guardaram os
pensamento, que transmitia vida e energia, havia desaparecido. O pai não mais existia e
também, de forma discreta mas eficaz, nas crenças e na condução das massas. Os sábios,
continente. Eles tinham os meios. Mas, em razão do que se tinha passado, e igualmente
porque isso estava de acordo com o plano universal, recusaram-se a fazê-lo, e ocultaram
que reencontraria a força e a civilização atlantes. Era o mundo inteiro que seria chamado
a tornar-se a nova Atlântida. Isso numa longa, muito longa marcha, estendendo-se
talvez por milênios, desde a escuridão nascida da catástrofe até a luz finalmente
própria enfrentaria uma última escolha, da qual resultaria uma era de extraordinária
civilização ou, ao contrário, o fim não mais de um continente, mas, desta vez, do
mundo”.
Humanidade estupefata. É por isso que você está aqui comigo, para receber esta
resposta é simples: eles não tinham escolha. A lei devia ser aplicada. O plano universal
devia desenvolver-se como estava previsto. Mas isto não significa que os sábios não
tenham guiado essa evolução. Ao contrário, eles o fizeram com um cuidado e uma
receber e utilizar sem perigo as descobertas que lhe eram sugeridas, entregaram, como
não podemos empreender esta noite, pois já é muito tarde. Peço-lhe para não me fazer
nenhuma pergunta. Reflita no que lhe disse e complete sua documentação exterior.
Deixo Bruxelas amanhã, mas marco encontro com você em Genebra para daqui a seis
semanas. Sei qual é seu hotel lá. Você será avisado de minha presença. Chegou o
acalmar por três vezes o tumulto de meus pensamentos e vacilo num oceano de
luz, enquanto ressoa a iluminante e doce melopéia da sílaba sagrada: ôm, ôm,
que só pode ser superada pela oração. Então, tendo voltado ao meu
casa do mestre, o rosto entre as mãos, meu ser lança-se em um Hosannah sem
qualquer outro. Para mim, os suíços todos se parecem pelas notáveis qualidades
que os caracterizam. Sem dúvida, têm alguns defeitos — que homem não os
tem? — mas o amor que lhes tenho faz-me ignorar tais defeitos; ou, antes, eu
não os noto. Aliás, não sei o que se lhes poderia censurar, e as imperfeições
insignificantes com que são tachados, às vezes, são, como já constatei muitas
vezes, apenas suscitadas pela inveja e por um fiapo de ciúme contra um povo
mais belo cumprimento que se possa dirigir ao país, pois não se confiam
excepcionais. Mas ainda há mais. A Suíça soube fazer dos mais nobres objetivos
ele; eu também!
seus aspectos próprios. Mas, tendo a aventura me conduzido hoje à Suíça, não
era justo que eu brevemente resumisse por que motivo amo este país e seus
habitantes?
é bela, viva, moderna, com seus bairros animados, seus vestígios do passado e
mais cedo ou mais tarde, pois, se se supõe que todos os caminhos levam a
é, de fato, por excelência, a hotelaria com um' modo de receber que se aproxima
da perfeição. É impossível não ficar satisfeito, a menos que se tenha muito mau
gênio ou não se aprecie o conforto e a limpeza. O Hotel Presidente, onde
entrou no salão enquanto lá me achava com o mestre. Quem quer que tivesse
precisado de algum local para fazer hora, teria facilmente encontrado lugar,
mais adiante, em um salão tão confortável quanto o nosso. É claro também que
quanto necessário.
um grau bem menor, se considerar meu próprio caso, jamais dou como
resto, isto nos poderia interessar? O mestre interessa-nos por ele mesmo, e não
pelo que faz. Quantos erros não nos arriscaríamos a cometer, julgando-o por
total receptividade. Não somente eu o ouço, mas participo dele, nele. O fluxo da
transmissão atinge certamente meu entendimento objetivo, mas meu ser inteiro
recebidas teriam pouco efeito sem essa adesão integral criada em mim, em
assim realizada, pois sugerem, criam a imagem e aquilo que a cerca, e veiculam
fixa meus olhos com seu olhar calmo, a tal ponto que algumas vezes me
dirigido que chegava até mim, e, no entanto, como não acreditar que ele fala
neste momento, uma vez que ouço sua voz impressionante de paz e de doçura:
"Eis-nos reunidos para uma segunda conversa. Haverá uma terceira, que
será a última, sobre um grande tema atual. Ela terá lugar em Paris e você não terá,
portanto, por uma vez, que viajar. .. para encontrar o mestre! É igualmente dentro de
primordial, nos reuniremos no Café de la Paix. Mas ainda não estamos lá e vou retomar
minha exposição interrompida em Bruxelas. Sei que você utilizou este intervalo para
reler Platão e outros testemunhos. Fazendo isso, você facilitou minha tarefa, pois posso
discípulo a quem são confiadas as chaves. Mas, a propósito da Atlântida, faço mais, e
comentários, essas explicações e essas revelações dêem uma direção a seus pensamentos e
conversa, você conhecerá, em todo caso, a questão da Atlântida em toda a sua verdade”...
salientando que todo o conhecimento atlante havia sido preservado pelos sábios e
ocultado para ser transmitido, por eles e seus sucessores, à Humanidade, de forma
progressiva, levando em conta seu desenvolvimento e sua capacidade, com o passar das
idades, a tirar um proveito amplamente construtivo daquilo que ela acreditaria serem
novas descobertas. Não digo que os conhecimentos sugeridos levaram todos a realizações
similares às da antiga Atlântida. Por exemplo, os aviões modernos não são, de forma
idêntico, pois uma mesma lei ou causa produz necessariamente os mesmos efeitos.
Entretanto, o que quero dizer é claro: toda a civilização material que a Humanidade
onde vinha a sabedoria adquirida pelos atlantes? Depois: como essa sabedoria oculta
perpetuou-se até a nossa época e como se perpetua ainda? Esse será o assunto de nossa
conversa de hoje”.
razoável para o pretenso racionalista é a que constitui a verdade ou, no mínimo, a que
dela mais se aproxima. Essa sabedoria vinha de fora, de uma outra galáxia e foi trazida
chefes do continente atlante não eram terrestres. Eles ficaram na Terra assim como,
evidente que descobrir um planeta diferente é excitante para o mundo que empreende
semelhante aventura, e isto traz novas aquisições aos seus próprios conhecimentos e a
seu desenvolvimento. Mas, daí a povoar um planeta inóspito, há um abismo que poucos
realizada pelos primeiros exploradores das regiões desconhecidas de nossa Terra; com a
diferença, todavia, de que aqueles que vieram ao nosso planeta não foram seguidos por
outros e, mesmo entre aqueles que vieram, a maior parte regressou, abandonando, para
sempre, aqueles que ficaram, à obra que decidiram realizar, num irresistível movimento
compreenderá, porém, que os que se decidiram a ficar haviam aceitado seu destino, a
missão que lhes era concedida, pois nada se deve ao acaso, e a partida de nossa Terra
unidade”.
“Não é excessivo dizer que os homens são os elos distintos de uma mesma
corrente. Isso acontece com o universo inteiro onde nada é separado, senão para a
de que eram portadores, e a massa tinha tendência a considerá-los como deuses dotados
conhecimento, e com eles constituíram o primeiro colégio dos sábios — esse colégio tão
escrituras sagradas de todos os povos à luz do que lhe expus, você encontrará nelas,
confirmada, por muitas alusões, essa grande origem da evolução humana. Mas outras
“Vejamos agora como essa sabedoria oculta perpetuou-se até nossa época e
como ainda se perpetua. Chegamos aqui ao ponto mais extraordinário das revelações que
tempos de hoje, que se dizem fortes, se recusariam a dar crédito às minhas palavras.
Você, é lógico, não fará isso. Sua fé é total e é por isto que o universo lhe aparece sob
seus horizontes mais secretos. É o privilégio de todos aqueles que se esforçam para
sobrepujar-se a si mesmos, para ir além de seu pobre raciocínio e dos limites que se
impõem ridiculamente por medo de serem enganados. Eu lhe digo, na verdade, vale mais
a pena correr o risco de ser enganado mil vezes que perder uma só vez a revelação capital
infinito”.
cataclismo, e agora você sabe a obra que realizaram, de acordo com seus graus de
e que essa descendência ainda se perpetuou. Pois bem, por mais extraordinário que possa
desaparecido”.
“Os atlantes de que falo não são aqueles que, adaptando-se às novas
circunstâncias, contraíram casamento no seio dos povos junto aos quais deviam
prosseguir, solitários, na obra que mencionei, dando origem a novas raças, como Fulbés,
por exemplo, na África e em outros lugares... Refiro-me aos atlantes de origem pura,
dentro da própria raça. Esses atlantes só se casaram com atlantes; assim foi desde a
interrompo o mestre:
— Mas... onde estão eles? É possível que exista uma raça em nosso
terminou!. ..
— Não! Não terminou! Está muito longe disso! A cada dia uma
modificadas sem parar... Uma raça, com efeito, perpetua-se sobre a Terra e esta
o ignora, pois tudo o que é necessário para a sua própria proteção é feito, uma
vez que seu papel de assistente deve, mais tarde, tornar-se um papel de ator o,
creia, será um primeiro papel. É nessa raça — a mais pura que existe — que são
escolhidos aqueles que, periodicamente, devem substituir, no colégio, um sábio
que está em jogo. O colégio dos sábios continua, pois, a existir e é ele, como
Não sei por que, de repente, tenho a convicção intuitiva de que esse
colégio só pode agir, a este respeito, em comum acordo com o Alto Conselho do
certa forma, o governo dessa raça secreta. É ele que garante, definitivamente, sua
mas não há outra mais apropriada para designar esses alguns milhares de seres de uma
constante”.
“Onde estão eles? Reconheça que não o posso revelar com precisão — nem
mesmo a você! Contudo, você não deixa de saber as questões que levantam para o mundo
dos cientistas e dos pesquisadores as estranhas narrações referentes a seres que vêm não
se sabe de onde, fazer compras que pagam em uma moeda desconhecida de ouro do mais
puro, e tantas outras histórias do mesmo gênero! Sim, muitos enigmas ainda se
perigo a temer..."
Esses enigmas, em relação com o assunto tratado pelo mestre
já mencionado, e que espero seja lido pelo maior número possível de membros
constato uma menção de meus encontros com o insólito, que Robert Charroux,
para não incorrer em minha censura amistosa, atribui sem mais a um mestre de
depois, que importa? Chegou o momento em que o oculto deve ser descoberto
com prudência.
eterna Atlântida, a hora da descoberta final soará mais cedo do que se poderia imaginar.
reunidos ficam situadas em todos os continentes e são vitais no sentido mais absoluto do
termo. São centros de força e os atlantes são, por conseguinte, seus guardiães
vigilantes”.
perigosos, algumas vezes mortais, dos homens inconscientes das perturbações que criam
supor que, de uma forma ou de outra, o governo oculto do mundo não utilize
essa força poderosa representada pelos atlantes e seu colégio. Além da função
tradição autêntica, o colégio dos sábios tem uma influência direta sobre o
mistério.
Como lamento os homens exclusivamente apegados à satisfação de
seus desejos egoístas e aqueles que, em sua louca pretensão, se dizem prontos a
Certamente, não enganam ninguém, menos ainda aqueles que pensam enganar
desgarradas. Mas assim é feito o mundo e não poderia ser de outra forma. A lei
da evolução é rígida e ninguém escapa a ela. Tudo deve ser experimentado pelo
duramente compensada, mais cedo ou mais tarde, tem sua razão de ser... Mas
exterior que lhe é sugerido. No plano da evolução planetária, também existe lembrança
Nos dois casos, depois da brutal involução que leva ao fundo do abismo, que se tornará o
ponto de partida, é o retorno que começa e, nos dois casos, a evolução se cumpre para um
processo progressivo”.
limitam, querendo a todo preço generalizar uma lei secundária e conceder-lhe o poder de
dar a qualquer pergunta formulada uma resposta, satisfatória talvez para eles mesmos,
que gostariam, doutamente e com auto-suficiência, de a impor aos outros! Veja, por
exemplo, a noção de arquivos acásicos. Para uns, ela é o deus ex-machina do menor
problema. Ora, nada é mais errado. E como é lamentável que um conhecimento básico
possa, às vezes, levar um discípulo, seguramente sincero, a uma atitude paralisante que
o impede de ver mais longe e que impede sua tomada de consciência. É verdade que
ninguém, em uma determinada encarnação, pode ir além de sua medida e, se esta for
atingida por ele, sua existência será um sucesso, constituindo-se um bom augúrio para a
próxima”!
de receber um conhecimento novo, uma vez que este conhecimento deve ser agora
revelado. Que nos importa se, porventura, este conhecimento cair em terreno não
preparado! Esta eventualidade não poderia impedir a revelação daquilo que deve ser
reencontrada que ela caminha atualmente; antes de velejar, se a etapa for duramente
vencida, em direção de novas conquistas que levarão, nos séculos futuros, à união dos
mundos, à união das galáxias, para que tudo, finalmente, fique terminado. Mas, nesse
Como você sabe, nosso próximo encontro terá lugar em Paris. Peço-lhe para se preparar
olhos... E sinto o sopro, e ouço o ôm, ôm, ôm... Oh, minha alma, rejubila-te
me por meio de leituras, às vezes árduas, que, dizem respeito à Atlântida; e por
meio de muitas meditações sobre esse assunto tão importante que é objeto de
outros. As chaves! Como o mestre tem razão! O que ele me confiou projeta uma
exaltante. ..
isso? Estará dando a entender que sua última descrição me fará reviver a
história da Atlântida? Não, não pode ser isso. O mestre disse precisamente ver,
Que circunstâncias? O Café de la Paix, no coração de Paris, não pode ser o local
Mas afinal por que todas estas perguntas que agitam minha mente?
O mestre sabe. Então? Então, afasto as reflexões inúteis e, com confiança, espero
Para falar de Paris, minha pena hesita, pois Paris não se descreve,
uma ópera, uma canção enfim e, talvez, um sorriso. Paris é tudo isto, e nada foi
dito, e nada direi, porque Paris é você, sou eu e é o mundo. Cada um tem a sua
Paris, pois Paris é de todos e eu tenho a minha, é lógico, mas, como a sua, ela
de Paris, assim como sua vizinha, a ópera, ou a célebre Torre Eiffel, o Arco do
Durante muito tempo, o mistério nele se instalou, com Gurdjieff, e com ele uma
havia esperado.
e sem que eu deixasse a minha. Agora, não estou menos consciente no Café de
la Paix, e sei que o mestre está aqui comigo. Não é esta verdade secreta que
ostentação, colocou a mão direita sobre a minha e, os olhos fixos nos meus,
você já conhece, aliás, o essencial, pois que realizamos juntos uma longa viagem na
história secreta e consideramos o que deve ser visado para um futuro próximo, em
“Agora você sabe o que a Atlântida representou outrora, e o que não deixa
de representar. Ela está sempre presente e, para a Humanidade, sem que esta se dê
conta, ela é o primeiro objetivo a alcançar. Você tem conhecimento dos ciclos da
Humanidade, das eras que ela atravessou e daquela em que acaba de ingressar. Esses
ciclos, essas eras por cujo cumprimento, em condições normais, outros zelam,
constituem, por agora, as diferentes etapas em direção a esse objetivo que é a volta da
Atlântida”.
“Antes de qualquer nova alçada para metas mais elevadas, num percurso
zodiacais, será necessário primeiro que a época da volta, com aquilo que implica, seja
transposta com sucesso. Pareço repetir-me mas este ponto é de uma importância
grande escolha se apresentar, poderá ser, pela loucura dos homens, o fim do mundo. É
permitido esperar que será, antes, a partida para cumes mais elevados. A Humanidade,
certamente, poderá cometer o erro fatal, pois dispõe de si própria; mas o universo
atribuiu-lhe bons guias e é provável que ela siga os impulsos que deles emanam, ainda
que só por instinto de preservação. De qualquer forma, o plano universal previu todas as
tenho confiança. Nos momentos em que seu destino está em jogo, não faltam ao mundo
isto não é exato. Sem dúvida alguma, os atlantes haviam desenvolvido uma agricultura
próspera, mas era uma conseqüência, uma aplicação de seus vastos conhecimentos. A
de metais e de ligas perdidos em seguida, sendo que só alguns deles foram reencontrados.
Só posso repetir o que declarei numa conversa anterior: tudo o que o nosso século
ocorrerá com tudo o que será adquirido a esse respeito no futuro; isto até a hora da
grande escolha”.
Atlântida. Habitaram corpos atlantes e, à medida que o objetivo de que tanto falei for se
aproximando, cada vez mais essas almas terão retomado lugar na Terra. Aí tem você
atração era praticamente nula no passado. Agora, vem aumentando sem cessar. Que
Humanidade está preparada, nas condições que é chamada a enfrentar, para seu próprio
bem. Ela jamais será apanhada desprevenida. Instala-se lentamente uma situação e,
quando o objetivo estiver à vista, uma maioria dos habitantes da Terra será formada de
interior”.
resultado da lei cármica e o respeito pela noção de responsabilidade, uma vez que seres
responsáveis por uma situação passada tornarão a se encontrar face a uma situação
conheço por demais a técnica iniciática para não ser penetrado pela importância
que atribui a cada uma de suas palavras. O que por enquanto me parece sem
registra com fidelidade, pois sei que, refletindo nisso, a sós comigo mesmo, um
e de nada: "Não vejo nisto nada de novo... Isto não me trouxe grande coisa!" Existe
diante de seus limites e suas platitudes, que seria vão argumentar. Quem age
como se soubesse tudo, mesmo que assegure o contrário, não está pronto para
uma luz maior. Ora, a luz não é transmitida pelas obras doutas em que se mira
uma questão de uma importância tão vasta e na forma pela qual a encararei de
forma pela qual a luz desceu sobre a Terra para nela prosseguir a sua obra, você tem
vai de uma galáxia a outra, de um planeta a outro — pelo tempo de existência deste
planeta — e oferece-se ao ser vivo sob a forma que lhe é adequada. Houve, no universo
inteiro, portadores de luz, missionados, como aqueles que um dia vieram à Terra para
despertá-la. A luz recebida pela Humanidade será, em breve, por ela levada adiante, e a
transmissão prosseguirá da mesma maneira, e aquilo que chamam de tempo e espaço não
distinguirá a luz que brilha para sempre, não somente em nosso mundo, mas também no
universo inteiro. Você participará melhor, deste modo, da tarefa de ajudar os homens a
“O fio condutor lhe foi revelado. Cabe a você, agora, utilizá-lo para adquirir
um conhecimento mais exaustivo sobre esse assunto e sobre muitos outros. Cumpri com
qualquer plano imaterial, mas vivo e que se perpetua sobre a Terra, no meio dos
homens”...
efetivo, exigem uma série de condições sem as quais a meta não pode ser
um lado, que você esteja pronto — e você está — particularmente hoje, e, por
— É Notre-Dame!
os raros passantes que me olham com curiosidade, alguns com suspeita, mas
não dou importância e meus pensamentos voltam-se para mim mesmo, para
minha existência, em que há tanto tempo o mistério tomou lugar. Como antes
de toda grande etapa de minha vida, revejo os anos passados e suas estranhas
que gozei. Considero a dualidade de meu ser — essa dualidade sem a qual não
haveria o terceiro ponto que faz com que eu seja. Como devemos dar graças
pelos limites de nossa natureza humana! Sem eles, sem sua permanente
presença que nos lembra que somos também homens, que seria de nós na
dado mais, não é porque um serviço maior é exigido deles. Exigido... palavra
alma.
Se a alguns é dado mais! Minha existência é votada, por excelência,
tento avaliá-las em sua justa medida. Qual é a mais importante? Hesito durante
que a precederam.
Não posso, evidentemente, ver o mundo tal como ele aparece para a
exterior a mim e que quiseram ensinar-me como tal. Por um lado — e nisso não
lembranças, sempre percebi o lado de fora como o fazem todos os seres, mas a
esta percepção, por assim dizer comum, sempre se juntou qualquer coisa a mais
deveria dizer a saber — que este mundo de que digo ter consciência não é, em
última análise, senão a projeção de minha própria consciência. Melhor dizendo,
sou o criador de meu próprio universo; este não é mais que a objetivação do
meu eu. Contemplo, assim, unicamente aquilo que projetei fora de mim mesmo,
do mesmo modo que um pintor exprimindo numa tela virgem o mundo que
iniciado. É o estado de todos os seres, quaisquer que sejam e onde quer que se
encontrem, com a única diferença que raros são aqueles que disso tomaram
cedo, pude projetar fora de mim mais que os outros. Isto não significa que eu
tenha tido consciência disso desde o início. Ao contrário, jamais me teria vindo
vantagem que devia ser esclarecida e ampliada por minha formação iniciática;
ao mesmo tempo que velava, tanto quanto possível, a vantagem de que gozava,
Foi no lidar com o mundo que foi precise que assim me acostumasse,
conhecimento que, em seguida, deviam, por sua vez, reagir sobre meu
se dispõe. Mas tive outro privilégio: o de cedo ser guiado para o conhecimento
iniciático. Se não tivesse sido este o caso, estremeço pensando no que poderia
ter-me acontecido, no orgulho de que teria podido ser presa, com aquilo em que
ele implica de erro e de atração pelo poder material ou, ao contrário, na vida
neutra e sem brilho com que poderia ter-me contentado, voltado para uma
faculdade especial permitiu-me, muito cedo, em todo caso, ter uma concepção
particular de nosso universo. Dizer que essa concepção foi, logo de início, o que
ela é agora, seria, no mínimo, exagerado. Uma concepção, para ser válida, para
conhecimento que dela é extraído. Caso contrário, ela não passa de uma
especulação intelectual. Não sei se minha concepção presente será ainda mais
ampliada ao ritmo das experiências que ainda me serão propostas pela vida,
isto é, em última análise, por mim mesmo. Duvido, no entanto, que me seja
dado ir além da minha aquisição presente, de vez que tudo, inclusive o novo,
acontecimento se desenvolver...
desde a leve dor até a intensa alegria interior. Mas, ainda uma vez, é sempre em
nós mesmos que nos iniciamos, pois somos o começo e o fim sem o
compreender, até o instante do fiat que nos revela a nós mesmos em nossa
ávido de saber disso retire mais que insatisfação. Sem dúvida, é porque o plano
astral, em si, não está em parte alguma, senão em nós mesmos. A questão, em
alguns minutos, serão onze horas! Apresso o passo... Lá está ele, perto da
catedral, e, sem uma palavra, sem um gesto, ele me precede: sim, a catedral está
aberta. Como pude duvidar que não estaria aberta para ele!...
e eu, discípulo entre os discípulos, em busca de mais luz, discípulo pronto para
um sábio, ainda neste mundo sem ser deste mundo, se prepare para cumular
— Estás pronto?
é a noite, total, absoluta, como se, por algum encantamento maléfico, eu fosse
pensamento num esquecimento torturante. Mas isso não dura mais que um
breve instante — o tempo de uma morte — e, na calma de um inconcebível
inunda com sua certeza e sinto, muito naturalmente, seu valor, sua presença. A
longe o vivo quadro sobre o qual ele parece em superposição. Aquilo que vejo,
abstração ganha vida, as palavras se tornam objeto, sem que isso me espante,
esse corpo como se fosse o meu; como se nenhuma separação existisse entre ele
e mim; como se, na comunhão em que me envolvo com ele, tudo se unisse em
A última impressão, depois da imagem de grupos à espera num cenário que sei
atual, é a de uma assembléia de alguns homens que estão diante de mim e que
Surge um fogo não sei de onde. É noite ainda. Meus olhos ofuscados
abrem-se sobre a penumbra onde o mestre me espera, seu rosto muito próximo
ou explicitassem.
— Oh, mestre! Peço sua bênção, e que ela se estenda a todos aqueles
mãos nas suas, as pálpebras fechadas, o coração vibrando com uma inefável
alegria, em silêncio, participo do poder de um ôm que ecoa até o infinito, sob as
serviço, onde me esperam meus irmãos. É a eles que confiarei a mensagem, pois
só a recebi para eles. Assim será cumprida a vontade dos mestres, a vontade de
para ele proveitosa a tal ponto que ele mesmo, por vezes, dificilmente poderá
efetuadas pela ciência clássica e distinguir, nas obras especializadas, aquilo que
continente, e que ele viveu comigo; uma aventura em duas etapas, formando
obra. Decerto, mesmo sem estes dois elementos, eu teria, transmitido o que o
para o fazer. Mas eu sabia que a experiência de uma dupla iniciação em um dos
trabalho anteriormente preparado. Isto diz bem do quanto era essencial esperar
os dois elementos anunciados. Uma vez mais era-me, assim, dada a prova de
profunda.
infringe sem conseqüências graves, por vezes perigosas. E esta lei de prudência
aplica-se em particular no que diz respeito aos mestres. O rosacruz deve ser
inclui todos os conhecimentos que cada qual pode esperar de uma das mais
privilégio de viver.
relativa a um plano diferente do nosso. Elas estão ligadas àquilo que se chama
nível astral ou psíquico. Adio constantemente para mais tarde esse projeto, por
uma forma ou d< outra. Se esse for o caso, todos sabem que estou disponível e
sempre pronto, para servi-los, para atender a qualquer apelo, se aprouver aos
.mestres encaminhar esse apelo ao discípulo que sou, para sempre, como cada
um de vocês.
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