Anais Congresso de Eng Civis
Anais Congresso de Eng Civis
Anais Congresso de Eng Civis
Sob este enfoque, a comissão organizadora do CBENC 2008 escolheu como tema de
abrangência “As Inovações Tecnológicas e o Desenvolvimento Sustentável”. O
momento atual com sérios problemas ambientais de toda ordem exige que a sociedade,
as empresas e as instituições que integram diferentes setores incentivem e promovam
o desenvolvimento dando ênfase as questões socioambientais. A evolução da
tecnologia cada vez mais contundente e acessível vem fazendo com que ela se
constitua numa das principais ferramentas na busca pela sustentabilidade na área de
Engenharia Civil. Porém, para isso é fundamental que se promova exaustivamente a
conscientização para a utilização de inovações tecnológicas, constituindo-se, portanto,
num dos principais enfoques do evento.
Comitê Executivo
Comitê Científico
RESUMO
A Geometria Descritiva e o método de Projeções Cotadas são assuntos que representam um
desafio ao aprendizado de grande parte dos alunos, sendo considerados difíceis por muitos. A
principal razão desta dificuldade é a deficiência da capacidade de visualização espacial, sendo
esta diferente para cada indivíduo. A habilidade mental é uma capacidade humana que pode
ser estimulada ou abandonada; neste caso, algumas regiões do cérebro tendem a deteriorar-se
ou a serem utilizadas para processar outras funções. Um procedimento útil para o
desenvolvimento do raciocínio espacial é a solução de problemas construtivos. O objetivo
desse trabalho é apresentar uma metodologia aplicada à disciplina de Expressão Gráfica I
ofertada ao curso de Engenharia Civil, utilizando o projeto de maquetes como um recurso
didático no processo ensino-aprendizagem do conteúdo de Projeções Cotadas.
1. INTRODUÇÃO
As dificuldades específicas das disciplinas baseadas em Sistemas de Projeção, como
Geometria Descritiva e o método das Projeções Cotadas; a heterogeneidade das turmas e o
pouco tempo disponível para trabalhar estes conteúdos nos cursos de Engenharia têm
motivado a utilização de novas ferramentas e metodologias visando criar uma maior
motivação e interesse nos alunos para o estudo destes (GODINHO et al, 2007).
De acordo com Montenegro (2005), enquanto outros tipos de inteligência são, há muito
tempo, apreciados pela sociedade, a habilidade espacial é um dos mais vitais aspectos das
capacidades humanas. A pessoa dotada de boa habilidade espacial pode mentalmente
manipular, girar, torcer ou inverter uma figura representada. Se a figura representa um
edifício, esta pessoa poderá imaginá-lo visto de frente, de lado ou seccionado. A habilidade
mental é uma capacidade humana que pode ser estimulada ou abandonada; neste caso,
algumas regiões do cérebro tendem a deteriorar-se ou a serem utilizadas para processar outras
funções. Um procedimento útil para o desenvolvimento do raciocínio espacial é a solução de
problemas construtivos.
Braukman (1991) observou uma melhoria significativa na visualização espacial após 18 horas
de treinamento gráfico e com modelos, o que permite atestar a capacidade dinâmica de
aprendizagem da habilidade espacial.
Conforme Montenegro (2007) a motivação dos alunos é aguçada quando se utilizam assuntos
da futura profissão. Então porque não utilizar exercícios práticos nas aulas iniciais do curso?
2. METODOLOGIA
A metodologia apresentada neste trabalho foi realizada com três turmas do curso de
Engenharia Civil, no qual os estudantes deveriam elaborar um projeto de uma cobertura e
construir uma maquete, de forma que pudessem aplicar os conhecimentos adquiridos sobre o
conteúdo de projeções cotadas.
2.1.2 Inclinação
Chama-se inclinação das águas de uma cobertura o menor ângulo que cada uma dessas águas
faz com o plano horizontal, este ângulo é o mesmo que a reta de declive do plano forma com
o plano horizontal, portanto ao obter a inclinação da reta de declive, obtém-se a inclinação do
plano (ou água). A inclinação é dada em graus e a declividade (tangente da inclinação) em
percentual (Figura 2).
i = 35%
35
tg α = tg α = 0,35
100
-1
α = tg (0,35) α = 19,29º
5%
i=3
35
α
100
Para definir o tipo de telha a ser utilizada, deve-se levar em consideração os aspectos
climáticos da região onde a edificação será construída. Regiões com maior ocorrência de
chuvas beneficiam-se com telhados do tipo colonial, onde a inclinação deve ser maior,
fazendo com que a água escoe rapidamente evitando assim o contato com as paredes. De
acordo com a telha escolhida, deverá ser definida a inclinação adequada.
Na Tabela 1 são apresentados alguns tipos de materiais e telhas utilizados para coberturas
planas.
Tabela 1: Tipo de telha e Inclinação adequada
Material Tipo de Telha Inclinação
Francesa, Colonial, Paulista 35%
Cerâmica
Portuguesa 20%
Canaleta, calhetão 3%
Fibrocimento modulada 10%
ondulada 20%
Alumínio 5%
Metálica canaleta aço estrutural ondulada 3%
aço galvanizado 10%
Fonte: Edmundo Rodrigues (2006, pág. 152)
De acordo com Rangel (1976), o processo geral para a determinação das interseções consiste
em achar os pontos comuns das horizontais de mesma cota, que são, evidentemente, pontos da
interseção procurada. No caso de águas de mesma inclinação em respaldos de mesmo nível
tem-se o seguinte processo: como as horizontais de mesma cota distam igualmente dos lados
da poligonal, as interseções procuradas são as bissetrizes desses lados. Assim, este processo
consiste na determinação de bissetrizes, e é chamado processo das bissetrizes (Figura 3a).
No caso de águas com inclinações diferentes, não é possível utilizar o processo das
bissetrizes. Utiliza-se o processo geral que consiste em determinar pontos de mesma cota, que
são, evidentemente, pontos da intersecção procurada (Figura 3b).
Rebater um plano α sobre o plano de projeções π’ é fazê-lo coincidir com este último. Para
tanto, gira-se o plano em torno de uma reta (denominada eixo de rebatimento ou charneira)
que pode ser o traço do plano α sobre o plano π’, ou uma horizontal do plano α, que possua
cota zero ou cota igual ao do plano horizontal sobre o qual o plano α será rebatido.
Para relacionar os conteúdos teóricos com a prática, foi solicitado aos alunos que efetuassem
os cálculos necessários a obtenção da cota da cumeeira principal e do comprimento dos
espigões de forma a poder calcular o número de telhas goivas necessárias para o mesmo. Para
efetuar estes cálculos foi necessário obter a verdadeira grandeza de uma reta inclinada em
relação ao plano horizontal de projeções. Na Figura 6 é apresentado um exemplo de cálculos
realizados sobre a planta de uma cobertura.
Figura 5: Exemplo de uma planta de cobertura projetada pelos alunos, onde efetuaram as
interseções das águas e outros cálculos como cota de cumeeiras.
40°
plano α
Figura 6: Exemplo dos cálculos realizados pelos alunos sobre a planta de uma cobertura.
Em planta, sempre que os ângulos na linha de beiral forem salientes tem-se um espigão e
sempre que os ângulos forem reentrantes, tem-se um rincão. Na construção dos modelos, os
alunos puderam perceber melhor a diferença entre eles.
Uma das dificuldades apresentadas pelos alunos foi a de aplicar alguns conceitos teóricos, tal
como na obtenção da cota de cumeeira, para a qual é necessário obter o intervalo da reta de
declive em função da inclinação do plano (ou água) analisado. Na obtenção do intervalo, há a
necessidade de se inserir uma unidade de cota (conforme figura 10).
Antes da execução deste projeto, os alunos estavam acostumados a utilizar apenas a régua
comum, onde utilizavam 1cm como unidade de cota, durante a execução do projeto
observaram o correspondente valor real do objeto, utilizando a escala 1:75.
Uma das questões que surgiram, foi o porquê da altura das cumeeiras terem ficado
desproporcionais à altura das paredes, ou seja, eles mesmos concluíram que havia erro de
cálculo em seus projetos.
Após a realização do trabalho, foi relatado pelos alunos, que o número de integrantes das
equipes não deveria exceder a três, pois como neste trabalho, o aluno deve ter um grau de
envolvimento elevado, para que possa relacionar os conteúdos teóricos com a prática, se o
número de integrantes da equipe for maior do que três, há dispersão e menor aproveitamento.
O que se pôde observar com a utilização desta metodologia, foi que a utilização dos modelos
facilitou a compreensão da teoria vista em sala de aula, especialmente no que diz respeito ao
método do rebatimento, que costuma ser o tópico que apresenta maior grau de dificuldade de
compreensão por parte dos alunos. Observou-se também, que a disciplina tornou-se mais
atrativa, tendo elevado o empenho e rendimento dos alunos nos conteúdos trabalhados. O
resultado dos trabalhos apresentados superou as expectativas, já que o tempo dado para a
apresentação do projeto foi de apenas duas semanas.
REFERÊNCIAS
BRAUKMANN, J. A comparison of two methods of teaching visualization skills to college
students. Idaho, 1991. Tese de Doutorado - Universidade de Idaho.
RODRIGUES, E. Técnica das Construções - Coberturas. Rio de Janeiro, 2006. Disponível
em: < http://www.ufrrj.br/institutos/it/dau/profs/edmundo >. Acesso em: 18 julho 2008.
GODINHO, J; FALCADE, I; AHLERT, S. O uso de imagens de satélite como recurso
didático para o ensino de Geografia. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO
REMOTO, 13., 2007, Florianópolis. Anais... Florianópolis: INPE, 2007. p. 1485-1489.
MONTENEGRO, G. A. Desenho de Projetos. 1ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2007. 116p.
MONTENEGRO, G. A. Inteligência Visual e 3-D. 1ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2005.
85p.
NASCIMENTO JR, J. R. Geometria Descritiva – Método de Projeções Cotadas. 5ª ed.
Curitiba: UFPR.
RANGEL, A. P. Desenho Projetivo: Projeções Cotadas. 3ª ed. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos, 1976. 152p.
SANTOS, J.; ALMEIDA, I. A. C.; CORREIA, A. M. A. Interpretando a geometria euclidiana
através dos estudos de telhados. In: CONGRESO INTERNACIONAL DE INGENIERÍA
GRÁFICA,14., 2002, Santander. Anais... Santander: INGEGRAF, 2002.
VALENTE, V. C. P. N; SANTOS, E. T. Ambiente Computacional para Apoio ao aprendizado
da Geometria Descritiva. In: CONAHPA 2004 – Congresso Nacional de Ambientes
Hipermídia de Aprendizagem, UFSC, 2004. Florianópolis, SC.
ANÁLISE DA VIABILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE RESÍDUOS DE MADEIRA NA
PRODUÇÃO DE PAINÉIS DE MADEIRA AGLOMERADA
Vilson Cadorin
Departamento de Engenharia Civil
Universidade do Extremo Sul Catarinense
vilson_cadu@hotmail.com
Andrea Murillo Betioli
Departamento de Engenharia Civil
Universidade de São Paulo
andreabetioli@gmail.com
Marcos Marques da Silva Paula
Departamento de Engenharia Materiais
Universidade do Extremo Sul Catarinense
mms@unesc.net
RESUMO
Este trabalho teve por objetivo desenvolver e avaliar a capacidade para a produção de chapas
de madeira aglomeradas produzidas com resíduos de serraria e marcenaria resultantes do
processamento mecânico das madeiras Itaúba, Angelin e Eucaliptus utilizadas na região de
Criciúma. Nesta pesquisa foram definidas as densidades para as chapas conforme o seu
emprego. A densidade para as chapas de madeira aglomeradas apenas prensadas com resina
foi de 0,5 g/cm³ e para as chapas que receberam tratamento com impermeabilizante (resina de
poliuretano) foi de 0,6 g/cm3. As chapas foram produzidas com maravalhas somente
peneiradas. As propriedades físicas avaliadas foram absorção de água, inchamento, expansão
longitudinal e resistência a flexão. Com base nos resultados de análises dimensionais,
resistência e ligações das partículas das placas realizados em laboratório, pode-se concluir que
as chapas manufaturadas com partículas de resíduo de madeira apresentam viabilidade técnica
e econômica para ser empregado como elemento para a vedação ou material de enchimento na
construção civil, pois atingem as características físicas e mecânicas necessárias para o
emprego na construção civil e é um composto de “Economia sustentável”.
1 INTRODUÇÃO
Todo e qualquer material ligno-celulósico pode ser utilizado como matéria-prima para a
fabricação de chapas. Porém, somente as madeiras de folhosas e de coníferas se apresentam
como fonte permanente e ininterrupta de elementos ligno-celulósicos para a produção desses
produtos. Os “particleboard” ou painéis de partículas aglomerados, são produzidos a partir de
pó de serra, cepilho e cavacos de madeira resultantes do beneficiamento na indústria de
esquadrias, móveis e moldureira ou de outro material ligno-celulósico, unidos com aglutinante
orgânico por meio de calor, pressão, umidade, catalisador, entre outros. Esta matéria-prima,
também pode ser proveniente de material florestal de desbaste e poda; resíduos industriais
grosseiros como costaneiras, sobras de destoco, miolos de toras laminadas. Para se ter uma
idéia da quantidade de madeira consumida, basta observar as indústrias paulistas de
beneficiamento de madeira, somente elas consumem 1,3 milhões de metros cúbicos de
madeira amazônica em toras por ano, sendo que 69% são transformadas em móveis populares,
4% em móveis finos, 14% em forros, pisos e esquadrias e 13% em casas pré-fabricadas.
Utilizando-se os coeficientes de transformação para o desdobro de toras de madeira, em torno
de 40 a 65% pode-se atingir um volume de resíduos de madeira amazônica de
aproximadamente 845 mil m3/ano no Estado de São Paulo, conforme destaca SOBRAL
(2002).
O uso desses resíduos de madeira de forma direta como, por exemplo, queimas em fornos
agregam pouco valor ao produto final, sendo necessárias outras formas de reaproveitamento.
A produção de painéis de madeira aglomerada é uma das alternativas no sentido de se obter
um produto de maior valor agregado. O posterior tratamento ou revestimento superficial dos
painéis, por colagem de lâminas naturais ou sintéticas, utilizados na indústria moveleira eleva
ainda mais seu valor.
Este trabalho tem como intuito principal avaliar a viabilidade de utilização dos resíduos de
madeira (serragem) para produção de chapas de madeira aglomerada.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Ao analisar os produtos derivados de madeira percebe-se que estes apresentam uma série de
vantagens em relação a outros materiais para a construção civil. A madeira é um material
renovável disponível abundantemente, biodegradável ou durável dependendo do tratamento.
Além disso, é reciclável e imobiliza carbono proveniente da atmosfera em sua estrutura.
O emprego de painéis à base de madeira permite manter muito das vantagens da madeira
sólida, como exemplo, as dimensões dos painéis não são estritamente relacionadas às
dimensões das árvores. Pode-se agregar valor aos materiais de baixa aceitação como resíduos
de serrarias e desbastes. Existe ainda a possibilidade de eliminar muitos dos defeitos
provenientes da anatomia da árvore como nós, medulas, conferindo ao produto final uma
maior homogeneidade que a encontrada na madeira serrada. Pode-se ainda, pela especificação
de densidade, controlar algumas das propriedades físicas e mecânicas através da adição de
produtos específicos.
Existem alguns tipos de painéis confeccionados com madeira, por exemplo: painéis de MDF
(Medium Density Fiberboard), painéis de fibra de madeira orientada e painéis aglomerados.
Esses painéis de MDF são formados por processo de prensagem a seco e utilizam como
matéria-prima a madeira desfibrada termomecânicamente com a adição de resina sintética,
geralmente uréia-formaldeído, além de outros aditivos em menor quantidade. È um dos
painéis a base de madeira mais avançados tecnologicamente. É possível fabricá-los com
características especiais como resistência a umidade, resistência ao fogo e outros, através da
escolha correta do tipo, do teor de resina e da adição de aditivos em função da exigência. Uma
característica favorável presente nos painéis MDF é a maior densidade nas faces. Esta
densificação nas faces coincide com a região mais solicitada quando o painel trabalha sob o
esforço de flexão estática. A menor quantidade de espaços vazios permite a pintura de
maneira mais econômica e superfícies usinadas com menor rugosidade.
Os painéis de fibra de madeira orientada são painéis estruturais de tiras de madeira 100% de
pinus, orientadas em três camadas perpendiculares, o que aumenta sua resistência mecânica e
rigidez. Essas tiras de madeira são unidas com resinas e prensadas sob alta temperatura. O
painel pode ser utilizado no período de obra nos tapumes, instalações provisórias, bandejas de
proteção, passarelas e formas de concreto. Na construção definitiva, esses painéis podem ser
utilizados em mezaninos e na cobertura ou em paredes, lajes e cobertura. Além disso, podem
substituir a chapa de compensado e a madeira serrada nos mais diversos usos industriais.
Um outro exemplo são as chapas de madeira aglomerada pertencentes a família dos painéis de
madeira reconstituída, do qual também fazem parte, também o MDF, a chapa de fibra e os
painéis de fibra de madeira orientada. O Aglomerado é uma chapa produzida com partículas
de madeira de floresta ou de resíduo, aglutinadas com cola (resina sintética), calor e pressão.
Isto o difere do MDF e das chapas de fibra que são produzidos com fibras de madeira. Desta
forma, são chapas não homogêneas, apresentando três camadas (uma interna e duas externas).
O aglomerado de partículas possui uma grande versatilidade, no que diz respeito as suas
potenciais aplicações, são os mais largamente consumidos no mundo dentre os diferentes
painéis de madeira reconstituída existentes. A produção mundial de aglomerados alcançou 84
milhões de m³ em 2000, destacando-se como maior fabricante os Estados Unidos responsável
por 25% desse volume. O Brasil posiciona-se em nono lugar, com 2% do volume produzido.
3 METODOLOGIA DE TRABALHO
Figura 1: Madeira Angelim (a), Itaúba (b), Eucaliptus (c) e partículas de cepilho e serragem
de madeira.
(a) (b)
Figura 2: Resíduo de madeira (a) e fôrma de prensagem para a fabricação das placas
aglomeradas (b).
O material foi peneirado para remoção das partículas grossas com peneira de malha 10 mm.
As partículas selecionadas foram armazenadas em sacos de polietileno até o momento da
fabricação das chapas. As partículas de madeira foram pesadas em balança de precisão, em
quantidade suficiente para produzir uma chapa e misturadas com o adesivo em um misturador
manual do tipo tambor rotatório por um minuto. A resina de poliéster foi aplicada de forma
manual durante o tempo de mistura. Esse método de aplicação do adesivo garantiu sua
homogeneidade.
Nas placas aglomeradas foram empregadas resina poliéster para o envolvimento das partículas
e prensagem das mesmas. O segundo tratamento foi dado a placa com a utilização da resina
poliuretana, para garantir a maior impermeabilidade, por meio de submersão da placa. Esta
prensagem foi realizada a temperatura ambiente. A massa de partículas com o adesivo foi
distribuída aleatoriamente em uma fôrma metálica medindo 16 x 16 x 10 cm (comprimento,
largura e altura), onde a mesma sofreu uma pré-prensagem. Foram confeccionadas placas
aglomeradas com duas dimensões de 15 x 15 x 1,0 cm, para ensaios físicos, e 7,5 x 7,5 x 1,0
cm, para ensaios mecânicos, como mostra a figura 3.
Figura 3: Placas prensadas com os resíduos de madeira e resina de poliéster (15 x 15 cm).
Foram realizados testes preliminares para definição das proporções de resinas. A proporção de
poliéster usual é de 7 a 12% com prensagem a quente. Como a prensagem foi realizada a frio,
estes teores não foram suficientes para gerar uma coesão entre as partículas, a fim de garantir
a densidade de 600 kg/m3. Para proporções acima de 25%, observou-se que após a prensagem
havia uma sobra de resina. Desta forma, optou-se por utilizar uma proporção de 20% de resina
em relação ao peso seco de serragem.
A fabricação das chapas em laboratório, para ambos os tipos de resinas, foi baseada nos
seguintes parâmetros:
- Densidade nominal das chapas: 0,5 g/cm³ para as placas apenas prensadas
com resina poliéster e 0,6 g/cm³ para as placas que receberam tratamento posterior por
imersão em resina poliuretana.
- Conteúdo de adesivo para ambos os casos: 20% de resina poliéster;
- Para o tratamento posterior à prensagem: 20% de resina poliuretana;
- Tempo de prensagem: 10 minutos;
- Número de repetições: 5 chapas;
- Tempo de fechamento da prensa: 20 segundos;
- Pressão da prensa: 60 kg/cm²;
- Temperatura ambiente.
De acordo com os objetivos do trabalho foram executados dois tratamentos para as chapas. O
primeiro tratamento, denominado de “Trat 1”, foi realizado com a adição de resina de
poliéster na proporção de 20% do peso da serragem. Com a adição da resina a mistura, a
mesma foi prensada respeitando um tempo total de 10 minutos. O tratamento “Trat 2” segue
o mesmo procedimento do tratamento 1, sendo que após a prensagem ocorria a adição da
resina de poliuretano dissolvida em tolueno na proporção de 20% do peso do resíduo de
madeira. A resina de poliuretano foi dissolvida em tolueno, onde a mesma foi preparada numa
solução de 1 para 2 de resina e tolueno, respectivamente.
A prensagem foi realizada em laboratório com prensa de acionamento manual, com
capacidade de 15 toneladas de aplicação de carga e pratos com dimensões de 16 x 16 cm, ou
seja, a dimensão da fôrma metálica possuía um centímetro a mais para que fosse possível o
acerto dimensional das placas, ficando a mesma com o tamanho final de 15 cm x 15 cm. A
pressão aplicada foi de 60 kgf/cm2 e a temperatura dos pratos ficaram em torno de 21ºC +
2ºC. O tempo de fechamento da prensa foi de 20 segundos, e o tempo total de prensagem foi
de 10 minutos.
3.3.1 Tratamentos
De acordo com os objetivos do trabalho foram executados dois tipos de tratamentos para as
placas de madeira, um utilizando somente a resina de poliéster e o outro além desta resina
uma resina poliuretana dissolvida numa solução de tolueno. A média das densidades das
madeiras utilizadas foi de 0,65 g/cm³ e as resinas com densidade em torno de 0,85 g/cm³. O
catalisador utilizado foi o sulfato de amônia (NH4)2SO4.
3.3.2Testes físicos
Os ensaios físicos realizados foram: absorção de água, inchamento e expansão longitudinal.
Para esses ensaios foram utilizados corpos-de-prova de 15 x 15 cm, lixados e submersos em
água à temperatura de 20°C + 2ºC. O material foi colocado na posição horizontal e mantido
submerso a uma profundidade de 25 mm, por meio de pesos em forma de grade. A expansão
longitudinal e o peso das placas foram determinados com balança analítica eletrônica,
condicionada na câmara climática após 2 e 24 horas de submersão em água. O inchamento
das placas em 2 e 24 horas de imersão foi determinado por meio de medições da espessura
média com o uso do paquímetro.
F .L
f flexão = 1,5. (1)
b.d 2
Os valores médios de absorção de água das placas aglomeradas submetidas aos diferentes
tratamentos após 2 e 24 horas de imersão em água são apresentados na Figura 5. Na figura 6
são apresentados os resultados de inchamento e expansão longitudinal em função do tempo.
140
Absorção de água (%)
120 Trat 1
100 Trat 2
80
60
40
20
0
2 horas 24 horas
Trat 1 Trat 1
40
Trat 2 3 Trat 2
30
2
20
10 1
0 0
2 horas 24 horas 2 horas 24 horas
Tempo de imersão em água Tempo de imersão em água
O valor do inchamento das chapas foi maior do que a expansão em função da orientação das
fibras e a presença de porosidades abertas entre as partículas da placa de madeira. A ordem de
aumento do inchamento da madeira submersa em água para o tempo inicial de 2 horas, no trat
1, foi de 7 vezes em relação às medidas da madeira na umidade de equilíbrio. Já quando
considerado o tempo de 24 horas de imersão em água esse aumento foi de apenas 3 vezes o
valor da dimensão da madeira na umidade de equilíbrio.
A Figura 7 mostra o perfil das curvas de força por deslocamento durante o ensaio de flexão
dos corpos-de-prova submetidos aos diferentes tratamentos. Verifica-se pela curva força e
deslocamento um comportamento linear da mesma até aproximadamente 90% da carga última
de ruptura, demonstrando que a resina conseguiu solidarizar as partículas de madeira em um
bloco único.
Figura 7: Curvas força x deslocamento determinadas por ensaio de flexão nos corpos-de-
prova submetidos ao tratamento 1 (Trat 1 – resina de poliéster + resina de poliuretano) e
tratamento 2 (Trat 2 – resina de poliéster).
Os valores médios de resistência à tração na flexão das placas de madeira aglomerada obtidos
em duas amostras são apresentados na Figura 7.
6
Resistência à flexão(kgf/cm )
2
4 4,10
3,09
0
trat 1 trat 2
O tratamento com a resina de poliuretano garantiu uma maior eficiência à chapa, pois, além
de aumentar o desempenho mecânico, reduziu a absorção de água, inchamento e
expansibilidade das chapas aglomeradas.
REFERÊNCIAS
WWW.NORMASTECNICAS.COM.BR. Acesso em 23 de maio de 2008.
WWW.BIOLINE.ORG.BR/request?cf05041. Acesso em 11 de abril de 2008.
WWW.UFSM.BR/cienciaflorestal/artigos/v15n4/A9V15N4.pdf. Acesso em 11 de abril de
2008.
COMMERCIAL STANDARD C.S. 236-66. Mat formed wood particleboard. 1968.
IWAKIRI, S.; CRUZ, C.R.; OLANDOSKI, D.P.; BRAND, M.A. (2000a). Utilização de
resíduos de serraria na produção de chapas de madeira Aglomerada de Eucalyptus
saligna, Eucalyptus citriodora e Eucalyptus pilularis. Revista Scientia Agrária, jan./dez.,
2000a; 7(1): 251-256.
SOBRAL, L. et al. (2002). Acertando o Alvo 2: consumo de madeira amazônica e
certificação florestal no Estado de São Paulo. Belém: Imazon, 2002.
BRITO, E. O. Produção de chapas de partículas de madeira a partir de maravalhas de
Pinus elliottii Engelm. var. elliottii plantado no Sul de Brasil. 1995. 123p. Tese
(Doutorado) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1995.
FAGUNDES, H.A.V. Diagnóstico da produção de madeira serrada e geração de resíduos
do processamento de madeira de florestas plantadas no Rio Grande do Sul. 2003. 180p.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2003.
IWAKIRI S. et al. Produção de chapas de partículas de madeira aglomerada de Pinus
elliottii e Eucaliptus dunnii. Agrárias, Curitiba, v. 15, p. 33-41, 1996.
PEIXOTO, G.L.; BRITO, E. O. Avaliação da granulométrica de partículas de Pinus taeda
combinadas com adesivos comerciais para a fabricação de aglomerados. Revista Floresta
e Ambiente, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 60-67, 2000.
VITAL, B. R.; WILSON, J. B. Efeito da forma geométrica dos flocos e partículas, da
densidade das chapas e do tipo de adesivo nas propriedades mecânicas das chapas de
madeira aglomerada. Árvore, Viçosa, v. 4, n. 2, p. 179-187, 1980.
ANÁLISE DE DIFERENTES SISTEMAS ESTRUTURAIS EM
CONCRETO ARMADO PARA UM EDIFÍCIO RESIDENCIAL
Cláudio da Silva
Curso de Engenharia Civil
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
dinhoeng@hotmail.com
Camila Lopes
Curso de Engenharia Civil
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
camila_eng@hotmail.com
Alexandre Vargas
Curso de Engenharia Civil
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
alexandrevargas@terra.com.br
RESUMO
O crescente aumento no emprego de ferramentas computacionais para projetos de estruturas
em concreto armado tem exigido ao projetista conhecer quais as concepções estruturais
fundamentais para a escolha de uma dada tecnologia. Neste trabalho foi realizado um estudo
comparativo entre quatro diferentes sistemas estruturais, em conformidade com a NBR 6118
(2003) para um edifício residencial, cujas características representam grande parte das obras
executadas na região de Criciúma SC. São levantados quantitativos de concreto, aço, forma e
revestimento na face inferior para as diferentes lajes: gesso, reboco ou laje aparente. Adota-se
o mesmo lançamento dos pilares para os quatro sistemas, alterando-se a tipologia das lajes e o
arranjo das vigas. Utilizou-se lajes pré-fabricadas com blocos cerâmicos, laje maciça, laje
nervurada com EPS e com forma plástica recuperável (cubeta). Para cada alternativa foram
utilizadas três classes de concreto (C20, C25 e C30). Com os resultados, podem-se avaliar os
consumos dos elementos estruturais, dos revestimentos das lajes, e incidências no consumo e
os custos totais de cada sistema estudado. Concluiu-se neste trabalho que a alternativa como a
laje pré moldada foi a que apresentou o menor custo dentre as opções de estrutura estudadas.
1. INTRODUÇÃO
A evolução dos materiais de construção tem oportunizado inúmeras possibilidades de arranjo
dos elementos estruturais que compõem um sistema estrutural em concreto armado. Várias
são as opções, por exemplo, de lajes e dos materiais de enchimento utilizados, no caso de
nervuradas e pré-fabricadas. No entanto, a grande incógnita, é a determinação do sistema que
apresente melhores resultados tanto nos aspectos técnicos como econômico para cada projeto
arquitetônico. Neste trabalho buscou-se utilizar os sistemas mais empregados na região de
Criciúma, SC. Foram realizados estudos comparativos, analisando os consumos dos insumos
empregados nas estruturas de concreto armado; como concreto, aço e fôrmas, além dos
diferentes tipos de revestimento no teto das lajes (uma vez que esse insumo pode influenciar
fortemente na composição de custos) e a influência da classe do concreto adotado no consumo
geral e por elemento estrutural. O projeto arquitetônico escolhido para o estudo foi um
edifício residencial representativo dos imóveis construídos na região.
Foram avaliadas ainda, as flechas nas lajes do pavimento tipo nos sistemas com laje maciça,
nervurada com EPS e nervurada com cubeta recuperável. A flecha da laje pré-moldada, não
foi avaliada. Pressupõe-se, que esta atenderá a todas as prescrições técnicas das normas
específicas de dimensionamento e utilização. Verificou-se que o sistema que obteve o melhor
desempenho, no quesito flecha, foi o sistema com EPS, que apresentou um valor máximo de
6,78mm, e o sistema com o pior desempenho foi aquele que utilizou laje maciça,
apresentando um valor máximo de 9,08mm.
1.500
1.200
1.100
1.000
PM MACIÇA EPS CUBETA
1.565
1.600
1.500
1.400
1.304 1.287
1.300 1.233
1.200
1.100
1.000
PM MACIÇA EPS CUBETA
1.600 1.542
1.500
1.400
1.289 1.273
1.300 1.221
1.200
1.100
1.000
PM MACIÇA EPS CUBETA
CONSUMO TOTAL DE AÇO (kg) - Fck 20 Mpa CONSUMO TOTAL DE FÔRMA (m2) - Fck 20 Mpa
CONSUMO TOTAL DE AÇO (kg) - Fck 25 Mpa CONSUMO TOTAL DE FÔRMA (m2) - Fck 25 Mpa
CONSUMO TOTAL DE AÇO (kg) - Fck 30 Mpa CONSUMO TOTAL DE FÔRMA (m2) - Fck 30 Mpa
-A distribuição do consumo de aço nos elementos estruturais que compõem os sistemas, estão
representados na figura 11, sendo considerando o fck de 25 MPa.
Viga; Viga;
22% 22%
Figura 11: Comparativo do consumo de aço para diferentes elementos estruturais conforme o
tipo de laje adotado.
-A distribuição do consumo de fôrma nos elementos estruturais que compõem os sistemas,
estão representados na figuras 12, sendo considerando o fck de 25 MPa.
Viga; Viga;
73% 43%
Viga; Viga;
39% 40%
6. CONCLUSÃO
As conclusões relativas aos sistemas estruturais estudados referem-se exclusivamente ao
projeto arquitetônico do modelo proposto. Esse projeto apresenta características
representativas dos edifícios construídos na região de Criciúma/SC, o que resulta em
resultados que podem servir de parâmetro para os orçamentos e estudos mais aprofundados
para as decisões da tecnologia a ser empregada. Os quantitativos obtidos neste trabalho
levaram em conta os diferentes valores de altura entre pisos em virtude das diferentes
espessuras de lajes, a otimização dos pilares (redução de seção para valores de fck mais
elevados), além dos revestimentos no teto das lajes (reboco, gesso e laje aparente).
No sistema com laje maciça, ao elevar-se o valor de fck de 25MPa para 30MPa, observou-se
um acréscimo no consumo de aço. Esse fato se deve à prescrição da NBR 6118 (2003) quanto
às taxas mínimas de armadura de flexão em função da resistência a compressão do concreto.
O aumento das deformações, com o aumento do valor do fck, observado em alguns sistemas,
também se explica pelo acréscimo dos vãos ocasionado pela redução das seções transversais
de alguns pilares, o que nos leva à indicação da manutenção de seção constante dos pilares no
pavimento tipo e com dimensões que contribuam para minimizar os efeitos dessas
deformações nos demais elementos estruturais. Finalmente, é importante salientar que, para a
escolha de um sistema estrutural, além dos dados aqui apresentados, devem ser avaliados
outros componentes, tais como: qualidade e capacitação da mão de obra; disponibilidade de
materiais e equipamentos; formas e escoramento; aspectos sensoriais como, vibrações nas
lajes, conforto térmico e conforto acústico; possibilidade de executar serviços em diferentes
momentos, como por exemplo, instalações elétricas sob a laje com forro, além de outros
aspectos pertinentes à execução de estrutura de concreto armado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAUJO, José Milton de. Curso de Concreto Armado. 2.ed. Rio Grande: Dunas, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: Projeto de Estruturas
de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14931: Execução de
Estruturas de Concreto – Procedimento. Rio de Janeiro, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120: Cargas para Cálculo
de Estruturas de Edificações – Procedimento: São Paulo, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8681: Ações e Segurança
nas Estruturas – Procedimentos: Rio de Janeiro, 2003.
CARVALHO, Roberto C.; Figueiredo Filho, Jasson R. Cálculo e Detalhamento de
Estruturas Usuais de Concreto Armado. São Carlos: Editora da UFSCar, 2001. 308 p. il.
MORAES, Marcello da Cunha. Concreto Armado. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1982.
472p. il.
LEONHARDT, F.; MÖNNIG, E. Construções de concreto: princípios básicos de
estruturas de concreto armado. v1. Rio de Janeiro, Interciência, 1977.
PINHEIRO, Libânio M.; Fundamentos do Concreto e Projeto de Edifícios. São Carlos;
Editora da UFSCar, 2004.
ANÁLISE DE PLACAS USANDO O MÉTODO DE ELEMENTOS DE CONTORNO
DE RECIPROCIDADE DUAL
RESUMO
Este artigo aborda o desenvolvimento, a implementação e aplicações de uma formulação de
elementos de contorno (MEC) para análise de problemas estáticos de elasticidade linear em
meios isotrópicos. As integrais de domínio, provenientes dos carregamentos distribuídos ou
dos termos de inércia ou efeitos não lineares como forças de corpo, são transformadas em
integrais de contorno utilizando-se o método da reciprocidade dual (DRM). Os termos de
inércia são aproximados por uma série finita de funções de aproximação e coeficientes a
determinar. Esta série é substituída nas integrais de domínio que então, são transformadas em
integrais de contorno. Esta formulação será aplicada no cálculo de tensões e deformações em
pontos do contorno e pontos internos e da na malha na precisão dos resultados. Os resultados
numéricos são apresentados para problemas quase-isotrópicos e comparados com resultados
presentes na literatura e mostram boa concordância.
1. INTRODUÇÃO
Considerando que nos materiais isotrópicos, a nível atômico e molecular, a hipótese dos
pequenos deslocamentos e levando em consideração que a maioria dos objetos em engenharia
está sujeito a pequenas deformações (< 0,001), é definido o tensor de deformações que
relaciona as deformações com os respectivos deslocamentos:
1
eij = (ui , j + u j ,i ) i,j = 1, 2, 3 (1)
2
onde ui são os deslocamentos ao longo da direção i, eij é o tensor das deformações com os
respectivos deslocamentos:
A partir da transformação de tensão de Cauchy e levando em conta o equilíbrio de um sólido
sob forças de superfície em sua superfície e forças de corpo em seu domínio, obtemos um
conjunto de três equações de equilíbrio:
σji,j + fi = 0 i,j = 1, 2, 3 (2)
sendo esta equação válida para sólidos sem um comportamento dinâmico, que será analisado
em questão, temos que fi são as forças de corpo por unidade de volume e σij é o tensor de
tensões.
Pode-se observar experimentalmente a lei de Hooke (para o caso do material isotrópico):
σki = Ckimnemn k, i, m, n = 1, 2, 3 (3)
onde σki é o tensor de tensões, Ckimn são constantes (dependendo apenas das direções k e i) e
emn que é o tensor de deformações. Podemos re-escrever obtendo:
σij = λδijekk + 2µeij (4)
Onde λ e µ são as constantes de Lamé, δij é o delta de Kronecker, σij é o tensor de tensões.
1. MÉTODOS DOS ELEMENTOS DE CONTORNO PARA MATERIAIS
ISOTRÓPICOS
A formulação de integrais de contorno para elasticidade linear a ser apresentada requer o
conhecimento de soluções para problemas especiais de elasticidade. Nesses problemas as
propriedades do material são as mesmas do componente que se quer analisar, mas
correspondente a um domínio infinito carregado com uma carga pontual unitária. Essas
soluções são chamadas de solução fundamental da elastostática, ou solução de Kelvin, e
consistem para deslocamento e para forças de superfície.
Para estado plano de tensão ou deformação, a relação recíproca entre o estado fundamental,
cujos deslocamentos são dados por Uik e as forças de superfícies são dadas por Tik, e um
estado genérico, sob carregamento estático e com a presença de forças atuantes no domínio
(forças de corpo) é dado por (KANE, 1993):
cik u k + ∫Τ
Γ
ik u k dΓ = ∫U
Γ
t dΓ +
ik k ∫U
Ω
b dΓ
ik k (5)
2. FUNÇÕES DE FORMA
Como enfatizado por (KANE, 1994), o passo fundamental para o desenvolvimento do método
dos elementos de contorno é o abandono da aspiração por uma solução exata do problema.
Este requisito e substituído por outra estratégia: encontrar uma solução aproximada de alta
qualidade em um número finito de pontos no contorno do problema, os nós.
As funções de interpolação no espaço utilizada neste trabalho (funções de forma)
são as funções de forma quadráticas. Funções de forma quadrática permitem o modelamento
de elementos curvos. Os deslocamentos e as forças de superfície são representadas em um
elemento quadrático padrão como:
u1
u (ξ ) = φ1u1 + φ 2 u 2 + φ 3u 3 = [ φ1 φ 2 φ 3 ] u 2 (8)
u 3
t1
t (ξ ) = φ1t1 + φ 2 t 2 + φ 3t 3 = [ φ1 φ 2 φ3 ] t 2 (9)
t 3
onde as funções de interpolação são:
1
φ1 = ξ (ξ − 1) (10)
2
1
(
φ2 = 1 − ξ 2
2
) (11)
1
φ3 = ξ (ξ + 1) (12)
2
onde ξ é a coordenada adimensional ao longo do elemento Fig. 1.
4.1.2. A Função f = 1 – r
Para o caso de f = 1 – r, as funções û e tˆ (PARTRIDGE, 1992) são dadas por:
1 1 − 2v r 2 9 − 10v
ûkm = ⋅ + ⋅ r r,k r,n − δkn r 3 (18)
G 5 − 4v 30 ⋅ (1 − v) 90 ⋅ (1 − v)
2v
tˆlm = [ ( )
⋅ (3A ⋅ r + 4B ⋅ r 2 + 3D ⋅ r 2 ) ⋅r,n δkj + 2 ⋅ A ⋅ r + B ⋅ r 2 ⋅ r,n δkj +
1 − 2v
( ) ]}
+ A ⋅ r + B ⋅ r 2 + 3D ⋅ r 2 ⋅ (r , k δ nj + r , j δ kn ) + 2 B ⋅ r 2 r,k r,n r, j ⋅ n j (19)
1 − 2v 1 10v − 9
sendo: A = ;B = ;D = , G o módulo de elasticidade transversal e v
5 − 4v 30 ⋅ (1 − v) 90 ⋅ (1 − v)
o coeficiente de Poisson.
A solução û é obtida a partir da equação (14) e a solução tˆ é obtida através da
derivação da solução û.
O valor de r é a distância entre um nó fixo e todos outros nós do problema Fig. 3.
A geometria deformada obtida após a análise é apresentada na Fig. 5, onde a geometria inicial
aparece em cor azul e a geometria deformada em cor vermelha.
Figura 5: Geometria deformada para o problema de placa quadrada.
Verifica-se que não existe contração da placa, uma vez que o coeficiente de Poisson é nulo. A
solução analítica para barras tracionadas com força concentrada na extremidade pode ser
utilizada para determinar o erro da solução numérica. A solução analítica do deslocamento,
para esse caso é d = 0,1m .
6. CONCLUSÃO
Verifica-se que ocorre uma redução de erro dos resultados à medida que é utilizado um maior
número de pontos internos, comprovando assim, a convergência dos resultados com o
refinamento da malha. O pequeno valor de erro é relacionado com o tipo de problema
analisado. O deslocamento ao longo da placa tem uma variação linear, enquanto estão sendo
utilizados elementos quadráticos. Assim, mesmo com um elemento de contorno em cada lado
da geometria, obtém-se ótima precisão.
O mapa de cor para deslocamentos na direção y pode ser visualizado na Fig. 7.
A geometria deformada obtida após a análise é apresentada na Fig. 9, onde a geometria inicial
aparece em cor azul e a geometria deformada em cor vermelha.
Esses resultados mostram que, sem o uso de nós internos, o menor erro que pode ser obtido,
para essa solução, é de 10%, que é considerado um erro muito grande para aplicações de
métodos numéricos.
O segundo estudo realizado considerou a malha com quatro elementos em cada lado da placa
e o número de nós internos foi variado Fig. 11.
Com o uso de nós internos, foi possível obter erros bastante pequenos, da ordem de 1%, que
poderiam ser ainda mais reduzido com a utilização de um número maior de nós internos.
8. CONCLUSÃO
Assim, a melhor discretização a ser utilizada implica no uso de uma malha representativa do
modelo e de uma quantidade de nós internos que possa considerar, de forma adequada, as
forças de corpo.
Com o uso de nós internos, foi possível obter erros pequenos, da ordem de 1%, que poderiam
ser ainda mais reduzidos com a utilização de um número de nós internos.
REFERÊNCIAS
Azevedo, A. F. M. – Método dos Elementos Finitos, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, 2003.
Azevedo, A. F. M. - Mecânica dos Sólidos, Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto, 1996.
Brebbia e Dominguez, Boundary Element Method: an Introductory Course, CMP
Publications, 1994.
Brebbia, C.A., The Boundary Element Methods for Engineers, Pentech Press, London, 1978.
Brebbia, C.A., Telles, J.C, e Wrobel, L.C., Boundary Element Echniques - Theory dan
applications in Engineering, Springer-Verlag, 1984.
Kane, James H., Boundary element analysis in engineering mechanics, 1994.
Kane, J., .Boundary Element Analisys in Engineering Contiuum Mechanics., Prentice Hall,
1993.
Larry Wall, Programming Perl, O’Reilly & Associates, 1996.
Partridge, P. W., Brebbia, C. A., e Wrobel, L. C. (1992). The dual reciprocity boundary
element method. Computational Mechanics Publications, Southampton, Boston.
Segadães Tavares, A. - Análise Matricial de Estruturas, Laboratório Nacional de Engenharia
Civil, Curso 129, Lisboa, 1973.
Tymoshenko, S. P.e Goodier, J. N., .Theory of elasticity., 3.edição, McGraw-Hill, Tokio,
1970.
ANÁLISE DE PROBLEMAS ESTÁTICOS USANDO O MÉTODO DE ELEMENTOS
DE CONTORNO DE RECIPROCIDADE DUAL
RESUMO
O presente trabalho apresenta o desenvolvimento, implementação e aplicações de uma
formulação de elementos de contorno (MEC) para análise de problemas térmicos em
materiais isotrópicos utilizando soluções fundamentais. A aproximação geométrica usa
elementos lineares e quadráticos. A formulação desenvolvida é aplicada no cálculo de fluxo e
temperatura de estruturas planas com calor gerado no domínio da estrutura. A presença
explícita da integral de domínio devido a efeitos não lineares como forças de corpo é mantida
na equação tornando obrigatório a discretização e integração através do método da
reciprocidade dual (DRM). No método da reciprocidade dual (DRM) os termos de inércia são
aproximados por uma série de funções de aproximações e coeficientes a determinar. Os
resultados obtidos são comparados com resultados disponíveis na literatura e mostram uma
boa concordância.
1. INTRODUÇÃO
As experiências mostram que quando existe um gradiente de temperatura em um corpo, existe
uma transferência de energia da região de alta temperatura para a região de baixa temperatura.
A energia é transferida por condução e a rapidez da transferência de energia por unidade de
área é proporcional ao gradiente normal de temperatura.
q dT
≈ (1)
A dx
Quando se insere certa constante de proporcionalidade k temos:
dT
q = − k . A. (2)
dx
q' = −k .∇T (3)
dT
onde q é a fluxo de transferência de calor e dx é o gradiente de temperatura na direção do
fluxo de calor. A constante positiva k se chama condutividade térmica do material, e o sinal
de menos é necessário para que possa satisfazer o segundo principio da termodinâmica, ou
seja, o calor deverá fluir para temperaturas mais baixas figura 1.
∂T ∂T ∂T ∂ ∂T
− k . A. + q'.A.dx = ρ .c. A. dx − Ak + k dx
∂x ∂t ∂t ∂x ∂x (8)
∂ ∂T ∂T
k + q' = ρ .c.
∂x ∂x ∂t
Esta é a equação de condução de calor unidimensional. Em muitos problemas práticos o fluxo
de calor unidimensional em estado estacionário (sem geração de calor):
d 2T
2
= 0 ⇒ ∇ 2T = 0 (9)
dx
Observe que está equação é a mesma que a equação (2) quando q = constante.
φ3 = ξ (ξ + 1).
1
(26)
2
onde ξ é a coordenada adimensional ao longo do elemento figura 4.
5. RESULTADOS
Considere o modelo figura 6 de uma chapa de aço inox quadrada, isolado na sua base inferior
e superior Φ 1 = Φ 2 , e submetida a uma diferença de temperatura ∆Τ = 300 K e uma
condutividade térmica k = 18W/m.K. A solução do problema será considerada para uma
malha refinada de 40 elementos no contorno e 81 pontos internos.
5.1.2 CONCLUSÃO 1
Verifica-se que a diferença de temperatura usando os elementos lineares ou quadráticos é
quase desprezível.
5.2.2 CONCLUSÃO 2
As cargas no domínio influem bem pouco nos valores de temperatura e fluxo e podem ser
desprezadas como a maioria dos autores Kane (1994).
Os valores da temperatura em pontos internos para a função f (r ) , sendo que qualquer
combinação da série pode ser escolhida tabela 3.
5.3.2 CONCLUSÃO 3
Pode-se concluir que a variação da temperatura interna é quase desprezível para diferentes
fontes de carga aplicadas no domínio e por esse motivo é possível desprezar seus efeitos. Da
mesma verificamos q a função f (r ) adotada por (Domingues, 1993) apresenta resultados
precisos e não apresentou variações consideráveis expandindo a série como se podia
imaginar.
REFERÊNCIAS
Azevedo, A. F. M., 2003. Método dos Elementos Finitos, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto.
Boley, B. A. and Weiner, J. H., 1985. Theory of Thermal Stresses, Krieger Publ., Malabar
Florida, Reprint.
Brebbia e Dominguez, 1994. Boundary Element Method: an Introductory Course, CMP
Publications.
Brebbia, C.A., 1978. The Boundary Element Methods for Engineers, Pentech Press, London.
Brebbia, C.A., Telles, J.C, e Wrobel, L.C, 1984. Boundary Element Echniques - Theory dan
applications in Engineering, Springer-Verlag.
Holman, J.P., 1999. Transferência de Calor, CECSA.
Kane, James H., 1994. Boundary element analysis in engineering mechanics.
Kane, J., 1993. Boundary Element Analisys in Engineering Contiuum Mechanics., Prentice
Hall.
Krieth, F., 1973. Principles of Heat Transfer Edition, Third Edition, Intext Educational Publ.,
New York.
Larry Wall, 1996. Programming Perl, O’Reilly & Associates.
Partridge, P. W., Brebbia, C. A., e Wrobel, L. C., 1992. The dual reciprocity boundary
element method. Computacional Mechanics Publications, Southampton, Boston.
Segadães Tavares, A., 1973. Análise Matricial de Estruturas, Laboratório Nacional de
Engenharia Civil, Curso 129, Lisboa.
Tymoshenko, S. P.e Goodier, J. N., .Theory of elasticity., 3.edição, McGraw-Hill, Tokio,
1970.
AVALIAÇÃO DE PRÁTICAS CONSTRUTIVAS EM ALVENARIA ESTRUTURAL
COM BLOCOS CERÂMICOS – ESTUDO DE CASO
RESUMO
Atualmente a alvenaria estrutural construída com blocos cerâmicos, desponta como uma
alternativa técnica e economicamente viável. Proporciona edificações racionalizadas e reduz o
tempo de produção. Estudos atribuem à qualidade do sistema, um reflexo relativamente
associado aos procedimentos executivos empregados, materiais incorporados, mão-de-obra e
o nível de detalhamento dos projetos. O presente trabalho tem o intuito de realizar um
diagnóstico retratando o panorama atual no ponto de vista gerencial, da qualidade dos
materiais e controles de execução. A pesquisa foi desenvolvida a partir de estudo de caso nas
obras idealizadas em fase de construção na região de Criciúma – SC. Para alcançar os
objetivos propostos foram levantados informações, através de documentações técnicas, acervo
de projetos e inspeção in loco das técnicas executivas. A verificação foi de acordo com a
normalização brasileira e por meio de procedimentos metodológicos reconhecidos no meio
técnico em geral. Os resultados demonstraram blocos cerâmicos com variabilidade
dimensionais que implicou demasiadamente na coordenação modular. Identificaram-se pontos
equivocados de projeto, reincidência de desaprumos, e falhas na elevação das alvenarias
necessitando de intervenções com tratamentos veementemente efetivos.
1. INTRODUÇÃO
A alvenaria estrutural é um sistema construtivo onde as paredes desempenham a função de
resistir às cargas e aos esforços atuantes na edificação, decorrentes do peso próprio e dos
esforços laterais gerados pelas ações dos ventos (ROMAN et al, 2002).
A vantagem do uso desse sistema, segundo alguns estudos, está no alto potencial de
racionalização dos materiais e dos métodos construtivos utilizados na construção de edifícios.
Impulsionados pelo desenvolvimento tecnológico do setor, com investimentos e melhorias
nos processos efetivo de fabricação, os blocos cerâmicos estruturais se tornaram um dos
materiais muito utilizados por construtoras.
BWC
QUARTO QUARTO
ESTAR / JANTAR
SACADA
A. SERV. COZINHA
(a) (b)
Figura 1: (a) Vista lateral de um bloco residencial; (b) Planta baixa dos apartamentos.
A avaliação em campo foi realizada mediante a inspeção visual e registros fotográficos dos
processos de construção das paredes assim como dos detalhes construtivos, imperfeições,
modulações, entre outros. Foram analisados os alinhamentos, prumos, esquadros, planicidades
e espessuras das juntas das paredes executadas. Para o controle de qualidade da alvenaria,
consideraram-se os procedimentos propostos por Ferreira et al (1994), conforme a Tabela 1,
em conformidade com as recomendações de outros autores.
Tabela 1: Controle de qualidade e inspeção de serviços
Itens analisados Tolerâncias Procedimentos
Espessura das ± 2 mm satisfatório Mede-se com a trena a espessura das juntas e observa-se a sua
juntas ± 5 mm melhorar regularidade ao longo da alvenaria.
No caso de alvenaria aparente, verifica-se através de análise visual,
Frizamento das
a existência de falhas na junta de argamassa e a regularidade ao
juntas
longo do pano de alvenaria.
Prumo da parede Posiciona-se o fio de prumo afastado 5 cm da face dos blocos, e
- medida 1 ±2 mm/m mede se na base da parede a distância até a face da alvenaria,
- medida 2 registrando-se a diferença entre as duas medidas.
Verifica-se, utilizando a régua com bolhas, o nível dos blocos da
Nível da parede ± 2 mm/m parede, através de medidas de trechos ao longo da última fiada
executada.
Estende-se a linha que representa a face interna da alvenaria,
utilizando os referenciais das extremidades do pano ou o esticador
Alinhamento ± 10 mm
quando necessário. Verifica-se o alinhamento da fiada, e mede-se
com a trena o ponto que estiver mais afastado da linha.
Posiciona-se a régua com bolhas encostando-a diagonalmente à
Planicidade
parede, e verificando-se então se os blocos estão no mesmo plano.
Coloca-se o esquadro metálico nos encontros entre o pano de
alvenaria de referência e os panos ortogonais a ele, encostando uma
das faces no pano de referência e medindo o afastamento, quando
Esquadro ± 2 mm/m
existir, entre o gabarito e o outro pano de alvenaria. Verifica-se
através de comparação com o projeto, se as medidas obtidas
atendem às especificações.
Fonte: Ferreira et al (2004).
Para a avaliação dos defeitos foram adotadas duas inspeções: uma com blocos cerâmicos de
diferentes paletes escolhidos aleatoriamente e outra com blocos de um mesmo palete. Os
defeitos foram apurados em 50 blocos cerâmicos, podendo ocorrer à sobreposição simultânea
para um mesmo bloco. A Figura 2 expressa os resultados da primeira e segunda inspeção.
50 blocos escolhidos de vários paletes
Tipo de defeitos N° %
Fissuras 19 26
Deformações 15 20
Lascas 18 24 Lascas
Quebras 5 7
Descolorações 17 23
Descolorações
Defeitos
Essa caracterização visual depende do bom senso do operador na escolha dos blocos. No
palete escolhido, um ou mais defeitos pode ter destaque em relação aos demais, no entanto há
sempre a predominância e a freqüência de defeitos comuns em todos os lotes. Visualmente
consegue-se distinguir essas imperfeições. No palete da Figura 3.a percebesse uma
uniformidade entre os blocos, diferentemente da Figura 3.b que predominam as descolorações
e da Figura 3.c lascas e quebras.
A presença dos defeitos serve como parâmetro de dados para que as empresas observem e
melhorem os seus processos, promovendo as correções necessárias.
a b c
Figura 3: Predominância de defeitos entre paletes
14,0
12,0
Resistência (MPa)
10,0
8,0 Blocos
6,0 Argamassas
4,0
2,0
0,0
Out/07 Nov/07 Dez/07 Jan/08 Fev/08
Mês
Figura 4: Resistências à compressão média dos blocos cerâmicos e argamassas
20
18
Desaprumo (mm)
16
14 1° Pavimento
12 2° Pavimento
10 3° Pavimento
8
6 4° Pavimento
4
2
0
1 2 3 4 5 6 7 8
Parede
Figura 6: Variação dos desaprumos das paredes
O maior desaprumo encontrado durante a aferição foi de 20 mm. A média dos desaprumos
das paredes foi de 5 mm. Segundo Ferreira et al (1994) a tolerância para o desaprumo é de 2
mm/m, que corresponde neste caso, a 5,2 mm da altura total da parede do pavimento (2,60 m).
Logo, das 32 paredes averiguadas, 14 se encontraram fora da tolerância.
6
Alinhamento (mm).
5
1° Pavimento
4
2° Pavimento
3
2 3° Pavimento
1 4° Pavimento
0
1 2 3 4 5 6 7 8
Parede
Figura 7: Variação dos alinhamentos das paredes
10
Esquadro (mm).
8
6
4
2
0
1° 2° 3° 4°
Pavimentos
Os valores estão representados por pavimento, contendo a variação no esquadro das 4 paredes
analisadas. Tendo como cenário os vestígios de argamassas entre as juntas e blocos
assentados com imperfeições geométricas, procuraram-se durante a vistoria, o posicionamento
do esquadro em pelo menos dois pontos distintos no mesmo canto ortogonal as paredes
(primeira fiada e em meia parede), a fim de confrontar as leituras buscando-se superfícies
mais planas.
Na inspeção dos esquadros, de acordo com os critérios atribuídos por Ferreira et al (1994), a
tolerância deve-se enquadrar por volta de ± 2 mm/m. As aberturas nos esquadros variaram em
média 3,5 mm/m, sendo que o maior valor encontrado foi de 10 mm em um metro de parede.
Partindo-se da referência do autor, considerando-se os excedentes a 2 mm/m, tem-se que
44.% dos valores não satisfazem o requisito exigido.
a b
Figura 9: (a) Bloco fora de alinhamento na primeira fiada; (b) Variação dimensional dos
blocos na largura.
Este estudo proporcionou uma visão ampla da prática construtiva em alvenaria estrutural de
blocos cerâmicos, com informações pertinentes, que podem levar os profissionais envolvidos
a repensarem em estudos mais apurados, na tentativa de promoverem modificações dos
procedimentos, e padronização dos métodos e serviços.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15270. Componentes
Cerâmicos: Parte 2: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural – Terminologia e requisitos.
Parte 3: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural e de vedação – Métodos de ensaio. Rio de
Janeiro, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 5739. Concreto - Ensaio de
compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 1994.
FERREIRA et al. Metodologia de controle da qualidade de execução para sistema construtivo
em alvenaria estrutural não armada. In: ROMAN, H. R.; SINHA, B. P. Proceedings of 5th
International Seminar on Structural Masonry for Developing Countries. Florianópolis,
1994. Anais Florianópolis: UFSC/ University of Edinburg/ ANTAC. v.1. p. 529 - 538.
NAZÁRIO, L.F.P. Avaliação de práticas construtivas em alvenaria estrutural com blocos
cerâmicos - Estudo de Caso. 2008. 142 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Engenharia Civil) – Universidade do Extremo Sul Catarinense, Criciúma.
OLIVEIRA, F. L.; HANAI, João Bento de. Alvenaria estrutural de blocos cerâmicos:
patologias e técnicas inadequadas. Téchne, São Paulo, n.62, p. 54-58, maio. 2002.
ROMAN, Humberto Ramos et al. Análise de alvenaria estrutural. Florianópolis:
Universidade Corporativa da Caixa, 2002. 162 p.
AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO –
PROJETO E EXECUÇÃO
RESUMO
Este artigo visa analisar e avaliar os sistemas de impermeabilização existentes no mercado, e
também os diferentes tipos de materiais. Foram analisadas patologias ocasionadas em uma
edificação existente que não concebeu a execução da impermeabilização em sua construção.
Constatou-se que o sistema impermeabilizante mais utilizado é a manta asfáltica e que esse
material tem um custo mais elevado. Também, deve se considerar a relação custo benefício
desse tipo de impermeabilização ao longo do tempo, pois possui um bom desempenho a
fadiga e ao desgaste, gerando custos menores com manutenção. O enfoque principal do
trabalho refere-se à descrição de detalhamentos em cada substrato a ser impermeabilizado,
visando minimizar os problemas existentes em uma edificação, para não ocasionar patologias
futuras, gerando bem estar e conforto aos usuários.
1. INTRODUÇÃO
Com as exigências do mercado, onde as construções deverão ter um bom desempenho e
também a rapidez da mesma sejam satisfatórios ao cliente e ao empreendedor, muitas vezes
não é realizado um planejamento adequado para uma obra. Esse planejamento deve englobar
desde a concepção da edificação, até a compatibilização de todos os projetos, para que não
haja interferência nos diferentes subsistemas. A compatibilização é um tema que está sendo
implantado aos poucos na construção civil, pois os erros na sobreposição dos projetos podem
gerar problemas, como a reconstrução total e a patologias diversas. Um projeto de
impermeabilização bem planejado, com projetos e detalhes estudados, com materiais
apropriados e profissionais capacitados, possibilita um maior aumento da vida útil da
edificação.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Impermeabilização
Impermeabilização é um processo utilizado a um determinado local, visando torná-lo
impermeável. Fazendo com que a água ou outro fluído não consiga penetrar nesse
determinado ambiente, garantindo a estanqueidade do local.
Em reservatórios, piscinas e encontro de lajes com paredes, que serão aplicadas mantas, na
camada de regularização devem ser executados cantos arredondados, com um raio de 5 cm, de
forma a evitar fissuração ou rasgamento da manta, o objetivo do arredondamento é proteger
os vértices contra a pressão da água nestes locais, considerados críticos, e permitir um melhor
controle da aplicação dos materiais impermeabilizantes evitando acúmulos e formação de
vincos. Em impermeabilizações com mantas as sobreposições deverão ser executadas no
sentido do caimento, respeitando a sobreposição de 10 cm. Após a aplicação do sistema de
impermeabilização escolhido, deve-se fazer o teste de estanqueidade, por um período de 72
horas, é de fundamental importância em se tratando de impermeabilização fazer o teste.
Recomenda-se ser efetuada uma prova de carga com lâmina d’água, para verificação da
aplicação.
Sobre a impermeabilização, deve-se colocar uma camada separadora que pode ser de papel
kraft ou filme de polietileno, para evitar que os esforços de dilatação e contração da
argamassa de proteção mecânica atuem diretamente sobre a impermeabilização.
2.5.3 Juntas
De acordo com CUNHA e NEUMANN (1979), junta de dilatação pode ser definida como
sendo uma separação entre duas partes de uma estrutura para que estas partes possam
movimentar-se, uma em relação à outra, sem que haja qualquer transmissão de esforço entre
elas.
2.6.1. Mantas
As mantas constituem um dos muitos sistemas de impermeabilizantes do tipo flexível.
Quando pré-fabricadas, permitem maior facilidade de execução na obra e melhor controle de
materiais, o que é um real avanço tecnológico sobre a impermeabilização tradicional com
feltro e asfalto. São fornecidas em rolos, e são fáceis de ser instalado nas estruturas.
2.6.2 Cimento Polimérico
Argamassa a base de cimento, aditivada com polímeros que lhe conferem plasticidade e
impermeabilidade. Sistema impermeabilizante rígido destinado à aplicação em estruturas de
concreto não passível de fissuração.
Cimento polimérico é um material fornecido em dois componentes:
• componente A (resina): Polímeros acrílicos emulsionados.
• componente B (pó cinza): Cimentos especiais aditivos impermeabilizantes,
plastificantes e agregados minerais.
2.6.3 Membranas
Conforme YAZIGI (2000), membrana é um produto ou conjunto impermeabilizante, moldado
no local, com ou sem armadura.
As membranas podem ser classificadas em:
• Membrana asfáltica;
• Membrana acrílica;
• Membrana de polímeros.
2.6.4 Emulsão
Asfalto dissolvido em água, através de emulsificadores a base de sabões de soda tenso-
redutores. Usa-se sabão a base de soda junto ao asfalto fluido resultando uma dispersão que
tem na seqüência, o emulsionamento eliminado por processos químicos, sendo que a
dispersão permanece podendo ser aplicada como uma tinta.
O produto já vem pronto para ser aplicado. Aplicar uma demão da emulsão diluída em 50%
de água, que tem a função de camada de imprimação, e aguardar a secagem total. Aplicar com
broxa, rolo ou trincha uma demão de emulsão sobre o local a ser impermeabilizado, aguardar
a secagem entre demãos por no mínimo 12 horas. Entre a 2ª e a 3ª demãos, aplicar tela de
poliéster ou nylon malha 2 x 2 mm. Aguardar a cura completa do produto por no mínimo
cinco dias, após a última demão parta depois aplicar a proteção mecânica.
3.1 Lajes
As lajes necessitam de um acabamento, e as impermeabilizações não podem ficar expostas ao
sol e as intempéries, pois podem desenvolver patologias. Quanto ao processo de
impermeabilização as lajes podem ser classificadas em:
3.2 Fundações
Nos pavimentos em contatos com o terreno podem surgir problemas como a ascensão capilar
da umidade do solo. Pode aparecer nos pisos e propagar-se pela parede, podendo atingir altura
em torno de 2 m. Para evitar o aparecimento da umidade, que podem gerar além de doenças
respiratórias, pode causar eflorescências, descolamento das pinturas e desagregação de
argamassas de revestimento, necessita-se a aplicação de um sistema de impermeabilização
para proteger pisos e paredes.
A escolha do sistema mais adequado vai depender das geometrias das peças, facilidade de
acesso, nível do lençol freático e qualificação da mão de obra. Peças com pequenas dimensões
ou superfícies muito recortadas devem ser impermeabilizadas com membrana asfálticas. Em
cortinas com possibilidade de acesso a face que resultará em contato com o solo, recomenda-
se a impermeabilização com manta asfáltica. Poderão receber o tratamento interno com
cristalizante ou cimento polimérico. Poderá também ser utilizada a manta asfáltica, desde que
não tenha cantos vivos, pois a manta não poderá ser dobrada.
VENTURA (2004), lembra que um dos maiores vilões de áreas como o banheiro,
principalmente no box, é a deficiência na fixação dos ralos. O fundamental é considerar que
os materiais possuem diferentes coeficientes de dilatação e que, se não estiverem bem
ajustados, é comum o aparecimento de fissuras no encontro do ralo com o piso. As tubulações
de PVC devem ser lixadas antes da aplicação dos impermeabilizantes a fim de garantir a
perfeita aderência entre eles. As empresas idôneas de impermeabilização fazem o teste de
refluxo, que atesta a eficácia de tal aderência.
Na fachada, visualmente observa-se mofo e bolor (Figura 07), que pode ser causado pela má
qualidade do reboco, falta do tempo de cura adequado. A laje de cobertura não foi
impermeabilizada e não possui tratamento térmico. Em dias de chuva acumula água nos
cantos, a inclinação da laje não é suficiente para suprir o acúmulo de água. Nota-se a ausência
de pingadeira na platibanda, onde compromete a fachada e a própria platibanda.
4. CONCLUSÃO
Foi constatada a ausência de:
• Junta de dilatação na laje de cobertura, onde futuramente pode ocasionar fissuras,
devida à diferença de dilatação térmica de cada material;
• Tempo de cura adequado para a proteção mecânica, para alcançar a resistência
almejada, e em algumas construções a proteção mecânica nem é executada;
• Manutenção periódica nas construções;
• Profissionais especializados em desenvolver projetos de impermeabilização.
Observou-se que o sistema impermeabilizante mais aplicado na região, é o sistema com manta
asfáltica para lajes, e o hidroasfalto (emulsão asfáltica) para banheiros.
O custo da aplicação da impermeabilização com manta asfástica é mais elevado em relação
aos outros sistemas, mais possui um desempenho melhor, gerando menores custos com
manutenção, e por conseqüência, o custo final acaba tendo menor valor.O custo do
planejamento da execução da impermeabilização em uma obra é menor do que o custo da
aplicação do sistema impermeabilizante de um problema já constatado, sem contar no
desgaste que gera ao usuário da edificação.
Por meio desse trabalho observou-se que um sistema de impermeabilização, com um bom
planejamento, detalhes coerentes com a realidade em obra, com a adequação dos materiais e
mão de obra de qualidade, trás ganhos substanciais para combater as intempéries e, portanto,
aumentando a vida útil da construção. Isso tudo gera uma edificação com níveis de
durabilidades maiores.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8083. Materiais e sistemas
utilizados em impermeabilização. Rio de Janeiro: ABNT, 1983. 3p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9574. Execução de
impermeabilização. Rio de Janeiro: ABNT, 1986. 12p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9575. Impermeabilização
– seleção e projeto. Rio de Janeiro: ABNT, 2003. 2p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9689. Materiais e sistemas
de impermeabilização. Rio de Janeiro: ABNT, 1986. 2p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9690. Mantas de
polímeros para impermeabilização (PVC). Rio de Janeiro: ABNT, 1986. 2p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9956. Mantas asfálticas –
estanqueidade à água. Rio de Janeiro: ABNT, 1987. 2p.
CUNHA, Aimar G. da; NEUMANN, Walter. Manual de Impermeabilização e Isolamento
Térmico. Rio de Janeiro. 1979. 190 p.
Impermeabilização. Disponível em: www.geocities.com/impermea. Acesso em 05 de
dezembro de 2007.
Impermeabilização. Disponível em: www.ibibrasil.org.br. Acesso em 03 de janeiro de 2008.
Impermeabilização. Disponível em: www.fabertecnologia.com.br. Acesso em 03 de janeiro
de 2008.
Impermeabilização. Disponível em:
http://www.4shared.com/dir/5839352/9e19923/Como_Construir_TECHNE.html. Acesso em
20 de maio de 2008.
Impermeabilização Banheiro. Disponível em:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/classificados/imoveis/ult1669u1490.shtml. Acesso em 04
de junho de 2008.
PICCHI, Flávio Augusto. Impermeabilização de Coberturas. São Paulo: Pini. 1986. 208 p.
RIPPER, Ernesto. Manual Prático de Materiais de Construção: Recebimento, transporte
interno, estocagem, manuseio e aplicação. São Paulo: Pini, 1995. 252 p.
THOMAZ, Ercio. Tecnologia, gerenciamento e qualidade na construção. São Paulo: PINI,
2001. 449 p.
VERÇOZA, Enio José. Impermeabilização na Construção. Porto Alegre: Sagra. 1983. 150
p.
YAZIGI, Walid. A Técnica de Edificar. 3. ed. São Paulo: Pini. 2000. 648 p.
ESTABILIDADE GLOBAL EM EDIFÍCIOS ESBELTOS CONFORME NBR
6118/2003
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo estudar a estabilidade global de edifícios esbeltos em concreto
armado, analisando os esforços solicitantes globais, deslocamentos horizontais e o coeficiente
γz sob o uso de diferentes arranjos de vigas, lajes e pilares. Além disso, identificar critérios
que contribuam para a redução dos deslocamentos horizontais e apontar alguns dos possíveis
efeitos gerados por estes na estrutura. As análises estruturais foram efetuadas com auxílio do
software Eberick V5 Gold, empregando-se o processamento via modelo de pórtico espacial e
análise P-Δ para a consideração dos efeitos de 2ª ordem, provenientes da não linearidade
geométrica da estrutura. As conclusões obtidas são: para edifícios esbeltos o
dimensionamento de elementos estruturais isolados é secundário, passando a ser a
estabilização da estrutura o principal desafio do projetista estrutural; um “torsionamento”
global do prédio altera a distribuição normal das cargas nos pilares; para a estabilidade global
do edifício as lajes pouco contribuem à rigidez dos pórticos; o coeficiente γz sofre
interferência direta das cargas verticais e da rigidez global do edifício para o eixo
considerado; recomenda-se ainda atenção especial às simplificações de norma quanto a não-
linearidade física dos materiais.
1. INTRODUÇÃO
A avaliação da estabilidade global das estruturas de concreto armado é ponto indissociável à
análise estrutural de prédios esbeltos, entendidos como edifícios verticais que apresentam uma
relação superior a 4:1 entre a altura total do projeto e a sua menor largura em planta. Para
estas características notadamente são consideráveis os efeitos causados por cargas horizontais,
tais como esforços solicitantes representativos e deslocamentos horizontais excessivos.
Buscou-se, assim, avaliar a interferência de alguns critérios na concepção estrutural desta
tipologia avaliando o comportamento global da estrutura. Dessa forma, o desenvolvimento do
estudo inicia com a adaptação de um pré-projeto arquitetônico efetuado para um edifício
residencial multifamiliar com 33 pavimentos tipo, 107,10 metros de altura e 8,50 metros para
menor largura em planta. Observando as possíveis interferências relevantes dos elementos
estruturais sobre a arquitetura foram propostos diferentes arranjos de vigas, lajes e pilares.
Em cada um dos arranjos as solicitações, deslocamentos horizontais e coeficientes γz foram
apontados e elencados como fonte de dados para a avaliação do comportamento global da
estrutura. As análises mostraram-se pertinentes para o entendimento dos possíveis efeitos a
que estão sujeitas as estruturas esbeltas, bem como à compreensão dos fatores que
influenciam os indicativos de instabilidade global e dos esforços solicitantes no conjunto.
Estes fatores permitem ao projetista estrutural tratar de forma coerente a manifestação dos
esforços, buscando a melhor distribuição, bem como propor de forma fundamentada uma
adequada concepção estrutural.
2. CARACTERÍSTICAS DO ESTUDO
As cargas acidentais (q) foram tomadas como de 200 Kgf/m² para todos os panos de lajes e de
250 Kgf/m² para as escadas. As ações provocadas pelo vento foram previstas ainda conforme
o estabelecido pela NBR 6123 (1988) – Forças devidas ao vento em edificações – sob as
seguintes considerações:
• Velocidade básica do vento de Vo= 30 m/s;
• Maior dimensão da edificação 107,10 m de altura;
• Rugosidade do terreno correspondente à categoria III;
• Fator topográfico S1=1,10;
• Fator estatístico S3=1,00;
• Coeficiente de arrasto em x e y iguais a 1,00;
• Ângulo de aplicação do vento à 0º para as direções x e y;
3.2. Concepções
3.2.1. Pilares
Os pilares são os elementos estruturais de manipulação inicial. Em primeira análise possuem a
tipologia e seções indicadas na tabela 01, com ou sem a presença de capitéis.
a) caso 02 b) caso 03
Figura 3: Posição dos pilares para o caso 02 e 03
3.2.2. Lajes
Mantendo as características do caso 03 em referência aos pilares e vigas, foram então
alteradas as características das lajes. Desta forma dois procedimentos foram verificados: o
aumento na espessura da capa de concreto da laje nervura de 14 cm para 19 cm totalizando
uma laje com 35 cm de espessura (caso 04), e ainda a substituição desta por laje maciça com
20 cm de espessura (caso 05).
3.2.3. Vigas
Partindo das concepções do caso 05, retirando-se apenas os capitéis dos pilares, as
verificações seguiram-se com alteração das características das vigas. Em primeira análise
foram incluídas vigas internas aos pavimentos com a mesma espessura e altura das vigas
adotadas nos bordos das lajes presentes até esta etapa, bw = 12 cm e h = 60 cm, (caso 06). O
novo arranjo de vigas é apresentada na figura 04. Para uma segunda simulação sob alteração
das características das vigas apenas a altura destas sofreram modificação passando de 60 cm
para 100 cm (caso 07).
40
COMPORTAMENTO DOS ARRANJOS Deloc. x (cm)
35
Deloc. y (cm)
30 Gama-z(x)
22,92
Gama-z(y)
25
Valor
20
15,49
14,54
13,44
14,3
14,3
12,95
12,95
12,78
15
10,36
10,09
8,22
10
5,06
5,08
4,17
5
1,83
1,80
1,74
1,75
1,75
1,70
1,57
1,59
1,53
1,19
1,4
1,2
EVOLUÇÃO Ndmín
550
500
Caso 02
450
400
350
300 CASO 03
250
200
Nd (tf)
150
CASO 04
100
50
0
-50 CASO 05
-100
-150
-200
CASO 06
-250
-300
-350
-400 CASO 07
-450
-500
L34
L32
L30
L28
L26
L24
L22
L20
L18
L16
L14
L12
L10
L08
L06
L04
L02
LANCE DO PILAR
Este carregamento descontínuo das cargas é verificado também nos pilares P1, P2, P4, P6 e
P10 para o caso 01, e ainda nos pilares P1, P2, P3 e P7 para os demais casos.
Na figura 7 pode-se verificar o comportamento dos momentos máximos em torno do eixo y
para o pilar P8, que representa satisfatoriamente a evolução dos momentos fletores
solicitantes nos diversos pilares da estrutura.
1400,00
Mhdmáx (tf.m)
1200,00 1127,88
1021,83
1000,00
800,00
672,22
600,00
400,00
200,00
0,00
Caso 02 Caso 03 Caso 04 Caso 05 Caso 06 Caso 07
PILAR 08
-0,14 ; 1,30
1,20 0,74 ; 1,21
1,00
0,80 Caso 01
0,60
Caso 02
0,40
0,20
Caso 03
-0,01 ; 0
0,00
-0,25 -0,05 0,15 0,35 0,55 0,75
eixo (x)
Por conseqüência em edifícios esbeltos alguns pilares podem apresentar carga mínima de
cálculo negativa como apontado anteriormente na figura 6. O exemplo dos pilares P3, P4 e P7
comuns a esta condição nas distribuições dos casos 02 e 03, pode-se verificar que existe uma
tendência de diminuição do acréscimo de carga com a altura da edificação até próximo a 2/3
da altura do prédio medido a partir da base, passando deste ponto a um aumento no
carregamento vertical.
A alteração das lajes, apontadas nos casos 04 e 05, demonstrou a influência do carregamento
vertical sobre o fator γz. A elevação dos coeficientes γz no caso 04 para as direções x e y
justifica-se pela majoração da carga total do prédio em relação ao uso da laje nervurada de 30
cm de espessura. Do mesmo modo, a redução relativa dos coeficientes do caso 04 para 05
segue influenciada pela minoração das cargas verticais incidentes.
Em referência aos deslocamentos, conforme Kimura (2007), “se um edifício tem grandes
problemas de estabilidade, não adianta aumentar a altura das lajes”. A contribuição das lajes é
muito pequena e na maioria dos casos pode ser desprezada. Pode-se verificar que a alteração
da espessura das lajes para auxílio da estabilidade global do edifício pode ser uma solução um
tanto onerosa e sem resultados significativos. Isso foi verificado pelos resultados de
deslocamentos horizontais totais do prédio para o caso 04 e 05. Nestes dois casos houve a
mudança da tipologia da laje e das espessuras equivalentes.
As lajes não interferem para a rigidez dos pórticos resistentes em associação com as vigas e
de pilares, ou seja, a mesma funcionará como um diafragma rígido, hipótese que considera as
lajes infinitamente rígidas no seu plano, garantindo um comportamento mais realista da
estrutura no tocante aos deslocamentos horizontais.
Os incrementos nas inércias das vigas nas direções x e y ao projeto possibilitaram a ampliação
e formação de novos pórticos resistentes aos deslocamentos, com resultados satisfatórios à
estabilidade global da estrutura e a redução de esforços solicitantes incidentes.
4. CONCLUSÃO
Pode-se perceber que a formação de pórticos por vigas e pilares é mais eficiente aos
deslocamentos provocados por ações horizontais em comparação ao uso de lajes adotadas a
este fim. As lajes como indicadas pela literatura técnica não se prestam a absorção de esforços
globais distribuídos nos pórtico, porém são bem entendidas como diafragmas rígidos que
mantém uniforme os deslocamentos no próprio plano. Em adoção a estruturas sem a presença
de vigas, comum em lajes planas, os pilares são os grandes responsáveis pelo
contraventamento da obra.
Do mesmo modo o projetista deve ter especial atenção às direções pouco rigilizadas da
estrutura. Existe uma tendência natural, ou uma maior preocupação de incluir pórticos nas
menores direções da torre.
Com relação à rigidez dos pórticos, de fundamental importância à estabilidade, o uso de
núcleos rígidos à construção, tais como poços de elevadores, apresenta-se de grande valia para
redução dos deslocamentos horizontais. Quanto à manipulação da rigidez dos pilares, com
alteração das seções, pode ser conveniente buscar a aproximação do centro de rigidez do
prédio com o centro geométrico dos pavimentos. Com esta ferramenta os valores dos
deslocamentos tendem a aproximarem-se para os eixos x e y.
Quanto ao parâmetro γz,entende-se que além da altura do projeto, sua magnitude pode ser
alterada segundo pelo menos um dos critérios: modificação da rigidez global do prédio na
direção considerada ou do valor da carga vertical deste. Não dependendo assim do valor das
cargas horizontais que provocam os deslocamentos, desde que o γz ≤ 1,30, para que as
aproximações não lineares indicadas por norma sejam válidas.
Sob critérios construtivos é oportuno que os projetos arquitetônicos de prédios esbeltos sejam
acompanhados por uma consultoria em estruturas, de forma a prevenir que os projetos
estruturais do edifício possam interferir significativamente ou ainda inviabilizar a arquitetura
do empreendimento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118. Projeto de Estruturas
de Concreto Armado – procedimento. Rio de Janeiro, ABNT, 2003.
______. NBR 6120. Cargas para o Cálculo de Estruturas de Edificações. Rio de Janeiro,
ABNT, 1978.
______. NBR 6123. Forças Devidas ao Vento em Edificações. Rio de Janeiro, ABNT, 1988.
KIMURA, Alio. Informática Aplicada em Estruturas de Concreto Armado: Cálculo de
Edifícios com o Uso de Sistemas Computacionais. São Paulo: Pini, 2007.
ESTUDO DE CASO À TORÇÃO EM VIGA DE CONCRETO CONFORME A
NBR 6118(2003)
RESUMO
Em vigas sujeitas à torção, admite-se como área resistente um perímetro externo delgado
funcionando como treliça plana onde as tensões principais de tração são decompostas e
absorvidas por armaduras longitudinais e transversais. Este trabalho apresenta a análise de
uma viga submetida exclusivamente à torção, utilizando como critério a inclinação das bielas
segundo os modelos I e II preconizados pela norma NBR 6118 (2003), para diferentes
resistências características do concreto a compressão (fck). O objetivo do estudo é verificar se
o aumento da resistência a compressão do concreto, mantendo a mesma seção, resulta em
ganhos com relação ao consumo de materiais e, por conseqüência, no custo. Como conclusão
do estudo, pode-se observar que o melhor resultado é o obtido para o modelo I com fck de 30
MPa. Para o concreto de fck de 40 MPa observou-se que a área de aço longitudinal se
manteve, para o mesmo modelo de cálculo, mas a área de aço transversal (estribo) aumentou
em aproximadamente 5,4%. O custo do aumento do fck foi de aproximadamente 6%. Por isso,
quando atendido ao requisito de esmagamento da biela de concreto e para resistências a
compressão superiores a 30 MPa, o aumento da resistência do concreto não trás ganhos
significativos no comportamento da viga a torção, por isso o aumento não é justificável por
razões econômicas.
1. INTRODUÇÃO
Torção é um giro que faz a peça a rodar em torno do seu eixo. Existem duas formas de torção, a
torção de compatibilidade e a torção de equilíbrio, como mostra a Figura 1. A torção de
compatibilidade é resultante do impedimento à deformação. A mesma pode ser desprezada desde
que a peça tenha capacidade de adaptação plástica, ou seja, é dispensável para o equilíbrio da
peça. Como exemplo, pode-se citar as vigas de bordo que tendem a girar devido ao engastamento
na laje e são impedidas pela rigidez dos pilares. A torção de equilíbrio é a resultante da própria
condição de equilíbrio da estrutura, se não for considerada no dimensionamento de uma peça
pode levar à ruína. Como exemplo tem-se as vigas-balcão e marquises.
Torção de compatibilidade Torção de Equilíbrio
Segundo Lima et. al (2003), o fenômeno da torção em vigas vem sendo estudado há muito
tempo, com base nos conceitos fundamentais da Resistência dos Materiais e da Teoria da
Elasticidade, mas foi a partir da teoria dos tubos finos de Bredt que o fluxo das tensões foi
compreendido. Percebeu-se que quando o concreto fissura (Estádio II), o seu comportamento
à torção é equivalente ao de peças ocas (tubos) de paredes finas ainda não fissuradas (Estádio
I). Essa afirmativa é respaldada na própria distribuição das tensões tangenciais provocadas
por momentos torçores nas quais, na maioria das seções, são nulas no centro e máximas nas
extremidades, como mostra a figura 2.
De acordo com teoria de Bredt e adotado pela norma brasileira NBR 6118(2003), a torção
deve ser considerada na ruptura, quando os elementos já estão fissurados. A torção gera
esforços tangenciais de compressão e tração no plano da seção transversal. Considerando-se
que nem toda a seção, mas só uma faixa desta a partir da borda externa colabora na resistência
à torção, pode-se determinar uma seção equivalente, conforme mostra a figura 4. Essa seção
equivalente deve ser considerada, pois após a fissuração a colaboração do concreto do núcleo
é muito reduzida, portanto a seção cheia é tratada como seção vazada com uma espessura
equivalente. A partir dos estudos de Bredt, percebeu-se que quando o concreto fissura
(Estádio II), o seu comportamento a torção é equivalente ao de peças ocas (tubos) de paredes
finas ainda não fissuradas (Estádio I).
De acordo com a NBR 6118 (2003), é possível escolher o modelo de cálculo a ser adotado no
dimensionamento de peças a torção. Os modelos preconizados pela mesma são: o modelo I
com ângulo da biela de compressão fixo em 45o e o modelo II onde esta inclinação pode
variar entre 30o à 45o.
O estudo de caso apresentado neste trabalho tem por objetivo avaliar o efeito do aumento da
resistência característica do concreto à compressão para uma dada seção utilizando os
modelos I e II preconizados pela NBR 6118 (2003) e comparar com os custos relativos devido
ao uso de diferentes resistências características do concreto (fck).
A espessura da seção vazada equivalente (he) deve ser escolhida entre os limites mínimo e
máximo determinados respectivamente pelas equações (2) e (3).
h e ≥ 2 c1 (2)
A
he ≤ (3)
μ
A equação (4) e (5) apresenta respectivamente a área delimitada pela linha média da parede e
o perímetro da mesma.
A e = (b - h e ). (h - h e ) (4)
μ e = 2 . (b + h - 2h e ) (5)
em que:
Ae: área limitada pela linha média da parede incluindo a parede vazada (cm2);
b: base da seção transversal (cm);
h: altura da seção transversal (cm).
μ e : perímetro de A e (cm).
A NBR 6118 (2003) preconiza que para o efeito de torção e cisalhamento combinados deve
ser obedecida a verificação da equação (8).
VSd T
+ Sd ≤ 1 (8)
VRd,2 TRd,2
em que: TSd : momento torçor solicitante de cálculo em KN.cm;
Ts : Momento torçor solicitante em KN.cm;
α v2 : coeficiente de efetividade do concreto (equação (9));
fcd: resistência de cálculo do concreto em KN/cm2;
θ : ângulo da biela de concreto comprimido em graus;
fck: resistência característica do concreto a compressão em MPa.
fctd: resistência à tração do concreto em KN/cm2 (equação (10)).
f
α v2 = (1 - ck ) (9)
250
2
3
f ck
f ctd = 0,15. (10)
10
Para o cálculo dos esforços cortantes solicitante de cálculo e esforço cortante de cálculo
usam-se as equações (11) e (12).
Vsd = 1,4.Vs (11)
VRd,2 = 0,54. α v2 . f cd .b w .d.(sen 2θ).(cotα + cotθ ) (12)
em que: Vsd: força cortante solicitante de cálculo em KN;
Vs: força cortante solicitante em KN;
VRd,2 : força cortante resistente de cálculo em KN;
α : ângulo do estribo ao eixo longitudinal da peça em graus.
A torção de equilíbrio deve ser suportada por estribos verticais fechados e pela armadura
longitudinal distribuída ao longo do perímetro efetivo da seção. As taxas geométricas das
armaduras longitudinais e transversais são dadas pela equação (15).
As 0,2 . f ctm
ρ sw = ≥ (15)
b w .s f yk
A falta ou pouca armadura transversal diminui a resistência da viga transversalmente podendo
ocorrer uma ruptura sem aviso (frágil). Como prevenção a norma brasileira exige que seja
colocada uma quantidade mínima de armadura transversal. A exigência de uma armadura
transversal mínima resulta da necessidade de armaduras capazes de suportar os esforços de
tração liberados pelo concreto no momento da formação de fissuras inclinadas devidas ao
esforço cortante (visando um funcionamento satisfatório no que se refere aos estados limites
de formação de fissuras). Por este motivo especifica-se, segundo a NBR-6118/80, a
necessidade da existência de uma porcentagem volumétrica mínima. Para os aços CA-50 e
CA-60 esta taxa mínima geométrica de armadura transversal vale ρ min = 0,14%.
A área de aço total resultante da contribuição do esforço cortante e do torçor é dado pela
equação (19).
A s tota l A sw A st
= + (19)
s s s
em que: A sw : área de armadura transversal parcial, resultante do esforço cortante solicitante
em cm2;
s: espaçamento unitário [cm].
A st : área de armadura transversal parcial, resultante do momento torçor em cm2;
A s total : área de armadura transversal (estribos) total, resultante da soma das áreas de
aço para esforço cortante e momento torçor em cm2;
((Vsd/VRd)+(Tsd/TRd)) ≤ 1
1,40
1,30
1,20
1,10 modelo I – 45°
1,00 modelo II – 30°
0,90 modelo II – 35°
0,80 modelo II – 40°
0,70
0,60
10 20 30 40 50
fck (MPa)
20
19
18
As longitudinal (cm2)
17
16 modelo I – 45°
15 modelo II – 30°
14 modelo II – 35°
13 modelo II – 40°
12
11
10
9
10 20 30 40 50
fck (MPa)
As estribo (cm2)
modelo I – 45°
0,100
modelo II – 30°
0,090
modelo II – 35°
0,080
modelo II – 40°
0,070
0,060
10 20 30 40 50
fck (MPa)
5. CONCLUSÃO
Como principais conclusões deste trabalho se pode verificar que:
- Para o fck de 20 MPa, em todos os modelos de cálculo, a biela de compressão da viga seria
insuficiente para absorver os esforços solicitantes de torção;
- Os resultados obtidos para o fck de 30 MPa, tanto para o Modelo I quanto para o Modelo II,
foram melhores (mais econômicos), comparando-se com os demais fck utilizados;
- Como a área longitudinal tem maior influência sobre o consumo de aço do que a área dos
estribos, pode-se concluir que o modelo I com 30 MPa apresentou-se como mais eficaz, pois
sua área longitudinal resultou em 10,48 cm2, enquanto que no modelo II com θ = 30o
representou um aumento de aproximadamente 73%. Portanto, o modelo de cálculo II pode ser
dispensado, pois se torna antieconômico;
- Verificou-se que o aumento do fck, para uma mesma inclinação da biela de compressão, não
representou em um aumento na área de aço da armadura longitudinal. Já para a área de aço
transversal (estribo), foi verificado o contrário, ou seja, o aumento de resistência do concreto
proporcionou um aumento de aproximadamente 5,4% na armadura transversal. Considerando
o custo do aumento de resistência do concreto em torno de 6%, pode-se concluir que quando
atendida à resistência da biela comprimida de concreto, o aumento do fck neste caso não é
justificável por razões econômicas;
- A conquista de concretos cada vez mais resistentes dão a possibilidade de estruturas mais
esbeltas, ou seja, aparentam uma redução de custo. Para o caso de vigas solicitadas por
esforços de torção verificou-se que o aumento da resistência à compressão do concreto não
apresentou vantagens econômicas, devido ao maior custo e o aumento da taxa de aço dos
estribos. Além disso, a redução excessiva da seção das vigas pode resultar em deformações
excessivas ocasionando patologias na estrutura e deterioração precoce.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT. NBR-6118:2003 - Projeto e Execução de Obras Concreto Armado - ABNT, São
Paulo, 2003.
LEONHARDT, F.; MÖNNIG, E. Construções de concreto: princípios básicos de
estruturas de concreto armado. v1. Rio de Janeiro, Interciência, 1977.
LIMA, S. J.; GUARDA, M.C.C.; PINHEIRO, L.M. Estruturas de Concreto – Torção. Capítulo
18, Nov. 2003.
SÜSSEKIND, José C. Curso de Concreto Vol II. Ed. Globo, São Paulo, 1991.
SANCHES FILHO, E. de S. As prescrições da NB-1/2003 sobre o dimensionamento a torção.
Revista do Ibracon; Ano XI; n.33;Jun/Jul/Ago/2003.
.
RESUMO
Este trabalho estuda prescrições da norma de Projeto de Estruturas de Concreto (NBR
6118/2003) em relação ao detalhamento das armaduras longitudinais de vigas de Concreto
Armado. Para realizar este estudo, foi elaborado o programa VigaCalc, desenvolvido no
Laboratório de Análise de Estruturas (LAE) da Universidade Federal de Santa Catarina, que
permite o detalhamento completo de vigas contínuas de Concreto Armado. Foram analisados
vários exemplos com variações no detalhamento, e os resultados foram comparados com os
procedimentos que vinham sendo usualmente utilizados na prática de projeto. Especial
atenção, foi dada à influência da relação x/d sobre o valor da armadura longitudinal da viga e
na determinação automática da posição do centro de gravidade da armadura. Exemplos
adicionais foram realizados para estudar critérios para a escolha automática da armadura
longitudinal, bem como para a comparação de resultados com programas comerciais. Os
resultados desse trabalho fornecem indicações sobre as configurações que devem ser adotadas
em programas comerciais, buscando uma otimização do detalhamento.
1. INTRODUÇÃO
As alterações introduzidas pela norma de Projeto de Estruturas de Concreto (NBR 6118/2003)
em relação ao detalhamento das armaduras longitudinais serão estudadas neste trabalho. Neste
estudo serão analisados alguns exemplos, com variações no detalhamento, e os resultados
serão comparados com os procedimentos que vinham sendo usualmente utilizados. Especial
atenção, se dará à influência da relação x/d sobre o valor da armadura longitudinal da viga e
na determinação automática da posição do centro de gravidade da armadura.
A NBR 6118/2003 estabelece um valor limite diferente dos apresentados acima para a relação
x/d na região dos apoios, para garantir a ductilidade das estruturas nestas regiões.
Limites estes que são: para fck ≤ 35MPa x/dlim ≤ 0,5
para fck > 35MPa x/dlim ≤ 0,4
.
Para verificar qual a influência que esta modificação no valor da relação x/d, no limite dos
domínios 3-4, traria para o valor da armadura longitudinal. Fez se o dimensionamento e o
detalhamento de uma viga engastada em uma extremidade e apoiada na outra, com dimensões
e carregamento, segundo figura 1. As dimensões dos apoios na figura serve apenas como
referência, e a condição de apoio ou engaste deve ser definida em função do comportamento
estrutural da peça.
2.1. EXEMPLO 1:
50
20
50 400 40
40,0 kN/m
4,45
Neste estudo os valores da relação x/d são alterados, conforme indicado na tabela 1, para
determinar qual a influência que a relação x/d tem sobre o valor da armadura longitudinal. Na
tabela 1 e nos gráficos das figuras 2 e 3, são apresentados os resultados obtidos para a
armadura longitudinal da viga, no apoio esquerdo.
Relação Armadura Longitudinal x Relação x/d Relação Armadura Longitudinal x Relação x/d
Armadura Tração Armadura Compressão
3
10
2,5
9,5
2
10,0mm 10,0mm
A`s (cm²)
As (cm²)
8 0
0,5 0,4 0,3 0,5 0,4 0,3
Relação x/d Relação x/d
12
11,5
11
10,0mm
As (cm²)
10,5
12,5mm
10
20,0mm
9,5
9
8,5
0,5 0,4 0,3
Relação x/d
Analisando a figura 2 pode-se concluir que, no caso da armadura longitudinal de tração, esta
sofre uma redução em seu valor em virtude da diminuição do valor da relação x/d. No caso da
armadura longitudinal de compressão ocorre o inverso.
No gráfico da figura 3 constata-se que a armadura total da viga aumenta à medida que se
reduz o valor da relação x/d. Sendo que, ao passar-se de uma relação x/d de 0,5 para 0,4 a área
de aço sofre um acréscimo aproximado de 5%; quando a relação for de 0,5 para 0,3, o
acréscimo será de 16%; e, ao ir-se da relação de 0,4 para 0,3, o aumento na área de aço será
da ordem de 11%. Salienta-se que estas porcentagens apresentaram uma variação em função
da bitola estudada, mas com pequenas variações em torno da média.
dos adotados automaticamente, para tentar determinar qual seria o detalhamento mais
funcional sem perder de vista o aspecto econômico.
3.1. Exemplo 1:
A viga deste exemplo é constituída por dois tramos, simplesmente apoiada, com dimensões e
carregamento, apresentados na figura 4.
50
15
20 500 40 400 30
30,0 kN/m
25,9 kN/m
5,30 4,35
Neste exemplo, foi estudado o efeito do agrupamento das barras no detalhamento, utilizando
detalhamento com barras isoladas e agrupamentos de duas em duas barras e de três em três
barras. Estudou-se ainda, as seguintes opções para a determinação das bitolas: menor
diferença entre armadura necessária e efetiva (menor delta As), maior diferença entre
armadura necessária e efetiva (maior delta As) e uma concepção do autor de melhor
detalhamento. Com isto geraram-se nove detalhamentos diferentes.
As rotinas do VigaCalc fazem a opção pela menor diferença entre as armaduras necessárias e
efetivas automaticamente e as demais foram obtidas manualmente, por intermédio de uma das
ferramentas disponibilizadas pelo programa.
Para realizar o detalhamento, considerado como a melhor opção, foi levada em consideração
os seguintes fatores: menor número de barras e de camadas, diâmetros que apresentam melhor
condição de manuseio e maior uniformização possível das bitolas utilizadas.
Depois de gerados os nove detalhamentos, fez-se uma comparação entre o peso total de aço
utilizado em cada um dos detalhamentos realizados para a viga exemplo, com o peso total de
aço utilizado nos nove detalhamentos realizados, a qual pode ser visualizada na figura 5.
Esta comparação mostra que, dos nove detalhamentos apresentados, o mais econômico em
relação à quantidade de aço utilizado foi o que utilizou-se os grupos de uma barra e a opção
pela menor diferença entre armadura necessária e efetiva. Constata-se também que, mesmo ao
adotarem-se as opções de maior delta As e “melhor concepção”, os detalhamentos mais
econômicos foram obtidos quando se utilizou o agrupamento de barra em barra no
detalhamento das barras longitudinais.
.
Nas figuras 6 e 7 são apresentados três detalhamentos dos nove gerados, onde a Vig-03.1, foi
obtida com a configuração de menor delta As e grupo de 2 barras; a Vig-03.2, foi obtida com
a configuração de maior delta As e grupo de 2 barras e Vig-03.3, foi obtida com a
configuração de “melhor concepção” e grupo de 2 barras.
Vig-03.1
10,7% 9,0% Vig-03.2
14,3% Vig-03.3
14,3%
Vig-03.4
Vig-03.5
9,9%
9,1% Vig-03.6
Vig-03.7
9,6% 8,8%
14,3% Vig-03.8
Vig-03.9
Figura 5: Gráfico Comparativo de Peso Total das Vigas 03.
Fonte: SEELBACH (2004, pág. 114)
3.2. Exemplo 2:
Neste exemplo estuda-se uma viga de três tramos, simplesmente apoiada, com dimensões e
carregamento, conforme apresentado na figura 8.
50
15
35 455 50 265 40 310 30
36,4 kN 28,4 kN
3,20 1,80
Para realizar este estudo, variou-se o processo utilizado para fazer o detalhamento das barras
longitudinais e a forma de determinação da altura útil da viga, para as seguintes opções de
bitolas utilizadas: menor diferença entre armadura necessária e efetiva, maior diferença entre
armadura necessária e efetiva e proposta do autor de melhor concepção de detalhamento. Com
isto geraram-se doze detalhamentos diferentes.
Neste estudo, a altura útil da viga poderia ser determinada de forma exata ou adotada e o
detalhamento da barras longitudinais poderia ser feita pelo processo exato ABNT(2003) ou
simplificado SÜSSEKIND (1993).
.
A comparação do peso total do aço utilizado em cada um dos detalhamentos realizados para a
viga exemplo com o total de aço utilizado para os doze detalhamentos, pode ser analisado na
figura 9. Constatou-se que, dos doze detalhamentos apresentados o mais econômico, em
relação à quantidade de aço utilizado, foi o que utiliza o menor delta As, a altura útil adotada
da viga e o processo exato para gerar o detalhamento da armadura Longitudinal. E o que
utiliza a altura útil exata da viga, menor delta As e o processo exato para detalhamento.
Constata-se também que se obtém um detalhamento mais econômico quando se utiliza o
processo exato para detalhar as barras longitudinais.
Deve-se ressaltar que, quando se faz o detalhamento utilizando-se a altura útil adotada, pode-
se estar adotando uma altura útil superior a real, que resultaria em uma menor área de aço que
a necessária, ou uma altura útil inferior a real, que acarretaria em uma área de aço superior à
necessária, resultando em peças antieconômicas.
Nos detalhamentos gerados pelo VigaCalc, pode-se constatar que a maior parte dos
detalhamentos é similar, apresentando principalmente diferenças nos pontos de início das
barras e nos comprimentos destas. Estas diferenças estão relacionadas, basicamente com o
processo de detalhamento das barras longitudinais adotado e com a altura útil das vigas
adotada.
Vig-04.1
Vig-04.2
7,4% 6,5% Vig-04.3
11,6% 11,7% Vig-04.4
Vig-04.5
6,7% Vig-04.6
6,0%
Vig-04.7
6,9% 6,9% Vig-04.8
Vig-04.9
Vig-04.10
11,6% 12,0%
Vig-04.11
5,7% 7,1%
Vig-04.12
Figura 9: Gráfico Comparativo de Peso Total das Vigas 04.
Fonte: SEELBACH (2004, pág. 128)
Nas figuras 10 e 11 são apresentados oito detalhamentos dos doze gerados, que foram obtidos
com as seguintes configurações: Vig-04.1 menor delta As, altura útil exata e processo exato;
Vig-04.4 menor delta As, altura útil exata e processo simplificado; Vig-04.7 menor delta As,
altura útil adotada e processo exato; Vig-04.10 menor delta As, altura útil adotada e processo
simplificado; Vig-04.3 “melhor concepção”, altura útil exata e processo exato; Vig-04.6
“melhor concepção”, altura útil exata e processo simplificado; Vig-04.9 “melhor concepção”,
altura útil adotada e processo exato; Vig-04.12 “melhor concepção”, altura útil adotada e
processo simplificado.
.
4. CONCLUSÕES.
Do estudo da influência da relação entre a posição da linha neutra e a altura útil da viga, pode-
se constatar que, quanto menor for esta relação, maior será a área de aço necessária para
absorver os esforços de flexão atuantes sobre as vigas, e que esta relação não terá grande
influência sobre a armadura transversal. Contudo, excetua-se o caso de ocorrer uma mudança
no valor da posição do centro de gravidade das armaduras longitudinais, pois ao ocorrer tal
fato, este afetará o valor da altura útil da viga, que por sua vez interferirá no cálculo da
armadura transversal.
Do estudo sobre detalhamento longitudinal das armaduras, onde com a alteração de alguns
parâmetros de detalhamento obteve-se uma série de resultados diferentes. Com estes, pôde-se
concluir que quando se procede ao agrupamento de barras no detalhamento, há um aumento
no consumo de aço, que é diretamente proporcional ao número de barras agrupadas. Outro
fato que provoca um consumo maior de aço é a utilização do processo simplificado,
apresentado por Süssekind (1993), para determinar os pontos de corte das armaduras.
A utilização da altura útil exata da viga no processo manual, é algo bastante trabalhoso, pois
este valor é influenciado pelo centro de gravidade das armaduras, que, por sua vez, é
influenciado pela área de aço utilizada, a qual é alterada diretamente pela altura útil da viga.
Ou seja, para se determinar o valor exato da altura útil da viga faz-se necessário a realização
de um trabalho repetitivo, até que se encontre um valor que seja constante ao longo do
processo. Por isso, geralmente adota-se um valor para a altura útil da viga, procedimento este
que, normalmente, conduz a uma área de armadura longitudinal e transversal superior à
efetivamente necessária.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NB-1: Projeto de estruturas de
concreto: procedimento. Rio de Janeiro : ABNT, 2003. 170p.
SEELBACH, Luis Carlos. Estudos Sobre Detalhamento Automático de Vigas de Concreto
Armado. 2004. 179 p, il. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil, Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa
Catarina, Orientador: Prof. Dr. Daniel D. Loriggio, Florianópolis, 2004.
SÜSSEKIND, J. C. - Curso de Concreto Armado, São Paulo, Editora Globo,1993. nv. Em
apêndice: Projeto e execução de obras de concreto armado : NB-1/1978 / Associação
Brasileira de Normas Técnicas.
GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NA BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR
Rogério Bardini
Professor do Curso de Engenheiro Civil
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL
rogério.bardini@unisul.br
Marcelo Heidemann
Acadêmico de Engenharia Civil
Universidade do Sul de Santa Catarina – UNISUL
marcelo.heidemann@gmail.com
RESUMO
O aumento do consumo de bens descartáveis gera problemas ambientais em função do
aumento na geração de resíduos, os quais precisam de destinação adequada. Como na maioria
das regiões do país, este cenário também é uma realidade na bacia hidrográfica do Rio
Tubarão e Complexo Lagunar, onde os dados referentes são escassos, falhos e conflitantes.
Diante desta deficiência, buscou-se, através de questionários com questões fechadas, enviados
às vinte e uma prefeituras dos municípios que compõem a bacia, a obtenção de informações e
dados atualizados sobre o gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos. Tais informações se
referem à geração per capta por município, destinação final, índice de cobertura da coleta
seletiva de materiais recicláveis e de coleta seletiva de resíduos orgânicos, destinação final da
coleta regular de resíduos de unidades de saúde e da coleta de resíduos resultantes do serviço
de varrição, capina e limpeza, destinação final da coleta especial (feiras, mercados de rua,
entulhos) e do serviço de recolhimento de animais mortos. A geração per capta é de 0,52
(kg/hab/dia). A situação atual do gerenciamento dos resíduos sólidos urbanos na bacia foi
comparada com a realidade existente no ano de 2001, constatando-se que se encontra
adequada.
1. INTRODUÇÃO
O crescimento populacional e o aumento do consumo de bens descartáveis provocam
drásticas transformações ambientais em função do aumento na geração de resíduos. Além das
quantidades cada vez maiores, ocorre ainda significativa mudança na composição desses
resíduos com o crescente aumento do material inerte e diminuição de material orgânico e
biodegradável, acarretando uma quantidade cada vez maior de resíduos que precisam de
destinação adequada.
Este cenário também se constitui numa realidade no âmbito da bacia hidrográfica do Rio
Tubarão e Complexo Lagunar. Tal realidade motivou o Comitê Tubarão a recomendar aos
municípios da bacia, através Carta das Águas (2007), que “[...] seus agentes deverão estar
comprometidos [...] em monitorar e aperfeiçoar a coleta e destino de resíduos sólidos para,
progressivamente, minimizar os impactos ambientais negativos” (COMITÊ TUBARÃO,
2007).
No entanto, o tratamento dado aos resíduos sólidos na Bacia do Tubarão, assim como em todo
o país, pode ser avaliado a partir da própria dificuldade em se obter informações confiáveis e
detalhadas sobre o tema. Os dados existentes são escassos, falhos e conflitantes, a começar
das estimativas sobre a quantidade de resíduos gerados.
Diante desta deficiência, o Comitê Tubarão pesquisou o gerenciamento dos resíduos sólidos
urbanos (RSU) nos municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar e
comparou os resultados obtidos com a situação existente em 2002.
Neste artigo são apresentados os resultados obtidos, com informações sobre a produção de
RSU e resíduos especiais, constituindo-se, portanto, num diagnóstico de extrema relevância
para os gestores públicos dos municípios da bacia.
2. CONCEITOS E CLASSIFICAÇÃO
De acordo com o Dicionário da Língua Portuguesa (1992) "lixo é tudo aquilo que não presta e
se joga fora”. Resíduos sólidos, segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004),
são “resíduos no estado sólido ou semi-sólido, que resultam de atividades de origem
industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição”.
Os termos “lixo” e “resíduos sólidos”, segundo Monteiro et al. (2001), são normalmente
utilizados indistintamente, sendo assim, consideramos resíduo sólido ou simplesmente "lixo"
todo material sólido ou semi-sólido indesejável e que necessita ser removido por ter sido
considerado inútil por quem o descarta em qualquer recipiente destinado a este ato. Neste
artigo, para efeito de simplificação, usaremos somente o termo “resíduos sólidos”.
4. OBJETIVOS DA PESQUISA
A pesquisa teve como objetivo: a) verificar o gerenciamento dos RSU na Bacia Hidrográfica
do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, localizada no Estado de Santa Catarina, com área total
de 937,22 km², composta por vinte e um municípios: Anitápolis, Armazém, Braço do Norte,
Capivari de Baixo, Grão Pará, Gravatal, Imaruí, Imbituba, Jaguaruna, Laguna, Lauro Müller,
Orleans, Pedras Grandes, Rio Fortuna, Sangão, Santa Rosa de Lima, São Bonifácio, São
Ludgero, São Martinho, Treze de Maio e Tubarão, os quais totalizam uma população de
360.556 habitantes, segundo o Censo 2007 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE); b) verificar o tratamento e a disposição final dos RSU atuais nos municípios e
comparar com a situação de 2002, apresentada no Plano Integrado de Recursos Hídricos da
Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar.
5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS UTILIZADOS NA PESQUISA
Inicialmente foi analisado o panorama do gerenciamento dos RSU apresentado em 2002, pela
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (SDM), através do Plano
Integrado de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar.
Através de questionário contendo questões fechadas, foram obtidas informações atuais
referentes aos serviços de coleta regular de RSU, coleta de materiais recicláveis, coleta
regular de unidades de saúde, serviços de varrição, capina e limpeza, serviços de coleta
especial e, por fim, serviços de recolhimento de animais mortos.
Os formulários foram enviados no segundo semestre de 2007, via correios, às prefeituras dos
vinte e um municípios que compõem a Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo
Lagunar. Por sua vez, não foi pesquisada a situação referente aos resíduos sólidos industriais e
agrícolas em função da destinação final destes resíduos ser de responsabilidade dos geradores.
As informações atuais relacionadas às quantidades de RSU recolhidos e encaminhados ao
destino final foram fornecidas pela empresa que recebe esses resíduos.
Os dados e informações obtidos com os formulários foram tabulados e apresentados através
de mapas temáticos gerados com o auxílio do Sistema de Informações Georreferenciadas
ArcView GIS 3.2. Os mapas com os limites dos municípios foram obtidos através da
montagem de um mosaico com cartas topográficas digitalizadas do IBGE na escala 1:50.000 e
disponibilizadas pela EPAGRI.
Finalmente, foi comparada a situação existente em 2002 com a atual, e esta com as ações 6 e
7 previstas no Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e
Complexo Lagunar.
6. RESULTADOS
Segundo informações da Companhia de Polícia de Proteção Ambiental, citada pelo Ministério
Público Catarinense (2004), em 2001 56% (cinqüenta e seis por cento) dos municípios
catarinenses depositavam seus resíduos sólidos em lixões a céu aberto; 5% (cinco por cento)
em usina de compostagem; 27% (vinte e sete por cento) em aterros sanitários; 7% (sete por
cento) de recolhimento privado; 4% (quatro por cento) em usinas de reciclagem; 1% (um por
cento) em lixão industrial; e, 2% (dois por cento) não possuíam nenhum tipo de coleta
(MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA, 2004).
Em 2001 somente dois municípios da bacia hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar
adotavam procedimentos adequados considerando-se a destinação final dos RSU. Anitápolis
destinava seus resíduos sólidos para a compostagem e incineração, enquanto que Orleans os
encaminhava para um aterro controlado no município de Urussanga.
Os demais municípios (Figura 1) adotavam práticas não recomendadas de gerenciamento de
seus RSU e os encaminhavam para os chamados “lixões a céu aberto”, sendo que o maior
deles encontrava-se no município de Laguna (Figura 2). Este “lixão” era o destino dos RSU
de vários municípios da região, dentre os quais os mais populosos, como Tubarão, Imbituba e
Laguna.
Frente a essa situação o Ministério Público do Estado de Santa Catarina (2004) idealizou o
Programa Lixo Nosso de Cada Dia. Fazendo uso dos Termos de Ajustamento de Conduta
tomou frente na busca de soluções para um problema que era crônico no Estado, ou seja, a
ausência de locais adequados para a destinação final dos RSU na maioria dos municípios
catarinenses. A ação do Ministério Público fez surtir resultados positivos e dois anos depois
do início do programa o número de municípios do Estado com situação adequada passou de
12,6% para 69% de cobertura estadual.
Figura 1: Destinação final dos RSU da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar em 2001.
Fonte: Adaptado de Santa Catarina (2002).
O governo do Estado de Santa Catarina, por sua vez, propôs ações com o objetivo de
contribuir para resolver, ou pelo menos mitigar, os problemas levantados no diagnóstico e
prognóstico do setor de Saneamento Básico. Através da Secretaria de Estado do
Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (SDM) desenvolveu o Plano Integrado de
Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar, no qual foram
apresentadas as chamadas ações 6 e 7, as quais sugeriam a adoção de consórcios
intermunicipais para coleta e disposição final conjunta dos resíduos sólidos e implantação da
coleta seletiva nos municípios da bacia.
Configurando uma realidade diversa da estabelecida em 2001, todos os municípios da Bacia
Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar se adequaram às condições recomendadas
pelo Ministério Público, motivo pelo qual têm hoje uma destinação final aceitável dos pontos
de vista legal e ambiental (Figuras 3 e 4).
Figura 3: Destinação final dos RSU da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar em 2007.
Fonte: Adaptado de Gentil, 2007; Prefeituras Municipais.
Esta nova realidade foi investigada pelo Comitê Tubarão. Através da Câmara Técnica de
Resíduos Sólidos foram enviados questionários às vinte e uma prefeituras da bacia, com
questões referentes ao gerenciamento dos resíduos sólidos. Vinte prefeituras atenderam à
solicitação do Comitê Tubarão, devolvendo o questionário devidamente preenchido.
Os resultados apontaram uma geração per capta média na bacia de 0,52 kg/hab/dia, sendo
Tubarão o município com maior valor, apresentando 0,66 kg/hab/dia, e Rio Fortuna o menor
valor, 0,07 kg/hab/dia. A produção média mensal e a geração per capta dos demais
municípios são apresentadas na tabela 1.
A coleta seletiva de materiais recicláveis é realizada em nove municípios da bacia,
destacando-se os municípios de Santa Rosa de Lima, São Bonifácio, Armazém, Rio Fortuna,
Tubarão, São Martinho, Grão-Pará, Lauro Müller e Anitápolis, com índice de cobertura de
igual ou superior a 50% (Figura 5).
Tabela 1: Produção média mensal e geração per capita de RSU de 17 municípios da Bacia
Hidrográfica do Rio Tubarão e Complexo Lagunar – 2007.
Municípios Produção Média (ton/mês) População Geração per capta
08/2006 - 08/2007 IBGE (2007) (kg/hab/dia)
Armazém 24,83 7.312 0,11
Braço do Norte 474,43 27.730 0,57
Capivari de Baixo 349,59 20.064 0,58
Grão Para 36,92 6.051 0,20
Gravatal 115,08 10.510 0,36
Imarui 68,25 11.675 0,19
Imbituba 640,65 36.231 0,59
Jaguaruna 267,44 15.668 0,57
Laguna 869,82 50.179 0,58
Pedras Grandes 37,76 4.817 0,26
Rio Fortuna 9,42 4.468 0,07
Sangão 73,64 10.300 0,24
Santa Rosa de Lima 6,95 2.031 0,11
São Ludgero 131,73 10.246 0,43
São Martinho 10,61 3.194 0,11
Treze de Maio 59,69 6.599 0,30
Tubarão 1.834,69 92.569 0,66
5.011,48 319.644 0,52
Fonte: GENTIL, Bruno Borges. Foto do aterro [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por
<bardini.com@uol.com.br> em 13 nov. 2007.
Os resíduos orgânicos são recolhidos somente nos municípios de Santa Rosa de Lima, São
Bonifácio, Armazém, Anitápolis e Grão Pará. Não existe este serviço nos demais municípios,
conforme apresentado na figura 6.
Os resíduos provenientes de unidades de saúde têm a incineração como destinação final em
pelo menos treze dos vinte e um municípios da bacia. O destaque negativo, pelo fato de não
existir tal serviço, é dado para os municípios de Pedras Grandes e Sangão (Figura 7).
Figura 6: Índice de Cobertura do Serviço de Coleta Seletiva de Resíduos Orgânicos.
Fonte: Elaborado pelos autores.
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉNICAS. Resíduos sólidos: Classificação,
NBR-10.004. Rio de Janeiro, 2004. 71 p.
AZEVEDO, J.; NASCIMENTO, L. C. A.; MENDES, O. F. Panorama dos Problemas
Gerados, pelos Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil. In: IV SIMPÓSIO DE DIREITO
AMBIENTAL. 2001, São Gonçalo. Anais... Rio de Janeiro: UNIVERSO, 2001 (Em CD-
Rom).
COMITÊ DA BACIA DO RIO TUBARÃO E COMPLEXO LAGUNAR. Carta das Águas.
Tubarão. [2007]. Disponível em:
<http://www.unisul.br/content/navitacontent_/userFiles/File/hotsites/comite/carta_das_aguas.
pdf>. Acesso em: 30 maio 2008.
GENTIL, Bruno Borges. Foto do aterro [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por
<bardini.com@uol.com.br> em 13 novembro 2007.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Contagem da população
2007. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/>. Acesso em: 13 maio 2008.
LAROUSSE CULTURAL. Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova Cultural,
1992. 1176 p.
MONTEIRO, José Henrique Penido et al. Manual de gerenciamento integrado de resíduos
sólidos. Rio de Janeiro, IBAM, 2001. Disponível em: <http://www.resol.com.br/cartilha4/>.
Acesso em: 18 nov. 2007.
MINISTÉRIO PÚBLICO DE SANTA CATARINA, Lixo Nosso de Cada Dia. Disponível
em: < http://www.mp.sc.gov.br/portal/site/portal/portal_detalhe.asp?campo=2103>. Acesso
em: 12 maio 2008.
OLIVEIRA, Solene de. Caracterização física dos resíduos sólidos domésticos (RSD) da
cidade de Botucatu/SP. Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, São Paulo, v. 4, n. 3,
p.113-116. 1999.
OLIVEIRA, Solene de; PASQUAL, Antenor. Gestão de resíduos sólidos na microrregião
Serra de Botucatu/SP. Revista Limpeza Pública, São Paulo, n. 47, p.23-28, 1998. Disponível
em: <http://botucatu.sp.gov.br/Artigos/artigos/R_LimpezaPublica.pdf>. Acesso em: 15 maio
2008.
OLIVEIRA, Vanelli Ferreira de. Lixão a céu aberto [mensagem pessoal]. Mensagem recebida
por <bardini.com@uol.com.br> em 20 nov. 2007.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento e Meio
Ambiente. Plano Integrado de Recursos Hídricos da Bacia do Rio Tubarão e Complexo
Lagunar. Diagnóstico da Forma e Processos Associados à Dinâmica Fluvial. Florianópolis,
2002, v. 1.
HABITAÇÃO AUTO-SUFICIENTE: DIRETRIZES CONSTRUTIVAS BÁSICAS
RESUMO
Questões referentes à sustentabilidade do planeta, como o desperdício de água e de energia
elétrica estão entre os maiores exemplos de fatores causadores dos impactos ambientais
observados na atualidade e vem merecendo crescente atenção em todo o mundo. Na indústria
da construção civil, o estudo e o desenvolvimento de tecnologias e técnicas construtivas que
minimizem esses impactos, assume grande importância no desenvolvimento de uma cidade
mais sustentável. Este trabalho objetiva traçar diretrizes básicas para a construção de uma
edificação residencial auto suficiente no que se refere aos aspectos do abastecimento e reuso
de água, coleta e tratamento do esgoto, além do aproveitamento da energia solar para
aquecimento de água e para geração de energia elétrica, apresentando as tecnologias já
existentes para esta finalidade. Pretende-se contribuir também para a disseminação, junto à
sociedade, de conhecimentos acerca do assunto, influenciando assim em sua qualidade de
vida. Foram utilizados dados de pesquisas da EMBRAPA, do Projeto Planágua (cooperação
técnica Brasil-Alemanha), do Projeto Casa Solar (CEPEL/Eletrobrás), entre outros. O
conhecimento acerca desses sistemas pode ajudar na viabilização de habitações mais limpas e
ambientalmente corretas, dando assim sua contribuição para um modelo mais sustentável para
nossas cidades.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, temas que possuem ligação direta com questões referentes à sustentabilidade do
planeta assumiram proporções consideráveis e vem merecendo crescente atenção em todas as
partes do globo. As questões climáticas, por exemplo, tem deixado o mundo inteiro em alerta
e já se tem comprovação científica acerca dos efeitos danosos à nossa atmosfera, tanto no que
se refere ao buraco na camada de ozônio, quanto ao efeito estufa, ambos provocados pela
intensa e crescente atividade industrial nas sociedades mais desenvolvidas e nos países
emergentes, como é o caso do Brasil.
Mas não são apenas os danos à atmosfera terrestre que causam preocupação. Além da forte
industrialização hoje observada, outros fatores igualmente nocivos acarretam prejuízos
extremamente sérios aos solos, rios, lagos, mares, etc, afetando sensivelmente vários
ecossistemas ao redor do mundo. O desmatamento feito sem manejo e de forma ilegal, a
ocupação irregular do solo urbano e rural, o despejo in natura do esgoto doméstico e o
desperdício de água e energia elétrica estão entre os exemplos mais significativos dos fatores
causadores dos impactos ambientais observados na atualidade.
Esta complexa realidade tem motivado reflexões e discussões cada vez mais amplas e
freqüentes envolvendo os mais diferentes agentes tais como: governos, organizações não
governamentais, órgãos internacionais, além é claro dos mais variados segmentos de uma
sociedade cada vez mais globalizada.
Nesse contexto, no que se refere à indústria da construção civil, o estudo e o conseqüente
desenvolvimento de tecnologias e técnicas construtivas que levem à resultados voltados a um
novo patamar no que se refere a uma maior responsabilidade ambiental, minimizando os
impactos causados ao meio ambiente, assume importância vital para o desenvolvimento de
uma nova concepção de cidade sustentável.
Tal estudo, quando relacionado às construções para uso residencial, deve buscar, entre outras,
respostas à questões tais como: É possível a concepção de uma tipologia construtiva que
contemple aspectos relacionados a um melhor aproveitamento da água das chuvas e da
subterrânea? Seria viável o projeto e a construção de um sistema de reuso de água para
edificações residenciais? Como tratar do esgoto doméstico no próprio local, sem despejá-lo
em redes convencionais de coleta? No que se refere a questão energética, é viável
economicamente a implantação de um sistema de aproveitamento da energia solar?
Este trabalho visa obter as respostas para tais questionamentos, procurando traçar diretrizes
básicas para a construção de uma habitação auto suficiente no que se refere aos aspectos do
abastecimento e reuso de água, coleta e tratamento do esgoto, além do aproveitamento da
energia solar para aquecimento de água e geração de energia elétrica, apresentando as
tecnologias já existentes para tais finalidades.
2. METODOLOGIA
Na seção que trata acerca dos sistemas voltados para a captação de água foram utilizados
dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA e do Projeto
PLANÁGUA, que é uma cooperação técnica entre o Brasil, representado pela Secretaria de
Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Rio de Janeiro - SEMADS e a
Alemanha.
No item sobre sistemas para aproveitamento de energia solar foram utilizados dados do
Centro de Pesquisas Elétricas - CEPEL/ELETROBRÁS e de mídia eletrônica produzida pelo
CNPq, entre outras instituições. Também foram utilizadas informações obtidas em visita à
Casa Solar, que é um projeto também do CEPEL localizado no campus universitário da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Ilha do Fundão – Rio de Janeiro.
Em relação aos sistemas de coleta e tratamento de esgoto foi realizada pesquisa em página na
internet da organização não governamental Sociedade do Sol, especializada no assunto.
Também foram obtidos dados de projeto específico para construção de um sanitário seco
compostável.
Figura 2: Filtros comerciais para limpeza de água da chuva recolhida de áreas cobertas.
Fonte: EMBRAPA (2005, pág. 10)
3.1.3. Armazenamento da água
O reservatório pode ser constituído de lonas de PVC ou PEAD, fibra de vidro, alvenaria
(Figura 3), ferro-cimento ou concreto armado, sendo os de fibra de vidro e alvenaria mais
usados para pequenos volumes, porém os últimos são mais sujeitas a fissuras. As cisternas
podem ser enterradas ou ao nível do solo, devendo-se considerar que nas enterradas a
temperatura da água é menor, reduzindo o desenvolvimento de microorganismos. As cisternas
devem ser cobertas para evitar a entrada de impurezas, matéria orgânica, insetos e animais
domésticos, que possam contaminar a água.
No entanto, 97,6% da água do planeta está nos oceanos, mares e lagos de água salgada. A
água doce, representa os 2,4% restantes, tendo sua maior parte situada nas calotas polares e
geleiras (1,9%). Da parcela restante (0,5%), mais de 95% é constituída pelas águas
subterrâneas.
(a) (b)
Figura 6: Projeto construtivo básico de poço doméstico em área de baixada sedimentar (a) e
com proteção sanitária em áreas com pequenas coberturas de solo (b)
Fonte: SEMADS (2001, págs. 51 e 53)
Esse processo é contínuo, enquanto houver boa irradiação solar ou até quando toda água do
circuito atingir a mesma temperatura. A água aquecida fica armazenada num reservatório
termicamente isolado que evita perda de calor para o ambiente.
Figura 7: Esquema do aquecedor solar de baixo custo, mostrando a caixa
de água quente (1), os coletores (2) e o misturador de água quente (3)
Fonte: SOCIEDADE DO SOL (2008, pág. 5)
Painéis solares (Figura 8) com o objetivo de gerar energia elétrica para fins residenciais estão
sendo instalados em regiões do Brasil onde a rede convencional de distribuição de energia não
alcança.
Após o uso de uma câmara por um período de 3 a 6 meses passa-se a usar a outra câmara. No
final de cada período de repouso retira-se o composto da câmara e alterna-se novamente o uso
das câmaras. Quando da troca da câmara em uso, basta desaparafusar as tampas e trocá-las.
Recomendações: a) Jogar na câmara uma medida de serragem após cada uso; b) Não jogar
dentro das câmaras materiais inorgânicos; c) Se possível, mudar o sistema para que a urina
seja captada e não se misture ao composto, para não prejudicar o processo de compostagem.
6. CONCLUSÕES
Os assuntos aqui abordados de maneira bem sintética, possuem uma imensa gama de
variáveis que merecem um maior aprofundamento visando alcançar uma concepção de
habitação auto-suficiente que realmente atenda a esses e outros requisitos, de maneira
integrada, contribuindo assim na busca da tão desejada sustentabilidade para as sociedades
modernas.
Buscou-se traçar diretrizes básicas para a construção desta edificação residencial sustentável,
com impactos positivos, tanto do ponto de vista ambiental como do sócio-econômico para
seus usuários e para a sociedade em geral.
Alguns dos sistemas aqui apresentados, como por exemplo, o aquecimento solar de água para
banho, encontram-se bastante disseminados no seio da sociedade, já sendo bastante acessíveis
do ponto de vista de sua relação custo-benefício. Por outro lado, outros sistemas como a
geração de energia elétrica fotovoltaica, embora altamente desejável, ainda enfrenta barreiras
relativas ao alto custo do equipamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CEPEL/ELETROBRÁS, Centro de Pesquisas Elétricas – Eletrobrás. Manual de Engenharia
para Sistemas Fotovoltaicos. Rio de Janeiro, RJ. 1999.
CNPq et al.. CD-Rom Eficiência Energética na Arquitetura. Santa Catarina, 1998.
EMBRAPA. Seminário: Planejamento, Construção e Operação de Cisternas para
Armazenamento da Água da Chuva. Concórdia, SC, 2005.
SEMADS, Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – Projeto
Planágua Semads / GTZ de Cooperação Técnica Brasil-Alemanha – Poços Tubulares e Outras
Captações de Águas Subterrâneas – Orientação aos Usuários. Rio de Janeiro, 2001.
SOCIEDADE DO SOL. Manual de Instrução de Manufatura e Instalação Experimental do
Aquecedor Solar de Baixo Custo, 2008. Disponível em: <http://www.sociedadedosol.org.br>
SOCIEDADE DO SOL. Reuso de água residencial. 2003. Disponível em:
<http://www.sociedadedosol.org.br/reuso>
VIEIRA, Itamar. Sanitário compostável, 2006. Disponível em:
<http://www.setelombas.com.br/2006/04/20/sanitario-compostavel>
Inovação na Indústria da Construção Civil com o Blog Corporativo: O caso Tecnisa
RESUMO
1. INTRODUÇÃO
O rádio e a televisão definiram a cara do século XX. Com estas mídias surgiram os campeões
de audiência que marcaram a cultura de massa no século passado, projetaram as celebridades
e revolucionaram nossos costumes, ao apresentar temas sensíveis como divórcio, aborto,
sexualidade ou racismo. Também serviram de meio para que políticos de todos os matizes se
tornassem conhecidos, transmitissem suas mensagens e exercessem o poder de modo eficaz
sobre bilhões de seres humanos. Ainda deram origem a uma indústria pujante, geraram
fortunas e transformaram a economia por meio da publicidade e do marketing. O século
passado pode ser, sem exagero, chamado de Era do Radio e da TV.
2. WEBLOG OU BLOG
O neologismo foi criado pelo norte-americano Jorn Barger em dezembro de 1997 para
designar seu site, Robot Wisdom Weblog (HTTP://www.robotwisdom.comitiome), uma home
page pessoal caracterizada por uma coleção de comentários com links1 para outras páginas de
internet (BLOOD, 2002a, e BAUSCH et al, 2002 apud ARAÚJO, 2006). A expressão surgiu
como derivação de um termo anterior: "web log". A locução substantiva, no jargão da
Tecnologia da Informação, é o nome que se dá ao arquivo digital que contém o registro da
quantidade e do tipo de acessos feitos a um determinado servidor2. Com o tempo, a palavra
weblog foi abreviada, por aférese3, para blog (BLOOD, 2002a apud ARAÚJO, 2006).
A associação decorre da existência de uma ferramenta de edição que permite aos internautas
deixar mensagens. Essa última definição tem sido cada vez mais associada ao conceito
(BAUSCH et al, 2002; e BLOOD, 2002 apud ARAÚJO, 2006) apesar de programas de edição
em outros formatos oferecer o mesmo recurso. Todos os cinco sentidos da expressão
terminam por se amalgamarem, criando híbridos de dois, de três, de quatro ou de todas as
possibilidades semânticas do termo (ARAÚJO, 2006).
CIPRIANI (2006) destaca que essa interação em massa se dá por meio de opiniões em lojas
de comércio eletrônico e websites diversos, fóruns de debate sobre todo tipo de assunto, salas
de bate-papo, colaborações de textos e artigos, e muitos outros meios.
MULLER (2006) afirma que esta explosão dos blogs é confirmada em números através de
relatórios postados pela empresa Technorati — que rastreia o que está sendo publicado na
blogosfera e acompanha o crescimento dos blogs no mundo todo. Em relatório publicado em
2006, a empresa aponta os seguintes números:
As razoes para sobrevivência destes diários é que a internet torna realidade duas promessas da
internet. A primeira é a liberdade universal de expressão que por meio de uma ferramenta
simples, qualquer um pode escrever o que quiser em seu blog. Ele potencialmente será lido
por qualquer habitante da Terra que fale a mesma língua e tenha acesso à rede. A segunda
promessa é a interatividade. Assim que um blogueiro escreve um texto, ele pode receber
comentários. Graças a isso, a ferramenta que parecia servir apenas para alguém escrever as
próprias opiniões e saber o que os amigos achavam transformou-se em algo muito mais
poderoso. Os blogs deixaram de ser meros "diários on-line". Eles dão noticias, contam piadas,
fazem política, criam arte e podem ser considerados até literatura. Ou fazem tudo isso ao
mesmo tempo. Os blogs interferem na cultura, na carreira, nas empresas, na política, enfim,
em todas as áreas da vida (AMORIN: VIEIRA, 2006).
E ainda ressalta que, a principal responsável pela credibilidade que os blogs adquiriram é a
interatividade. Em tese, uma informação veiculada por um diário pessoal on-line não seria
confiável. Mas, a partir do momento em que é posta no ar, recebe correção ou retificação de
milhares de pessoas. Ganha peso e densidade. Foi esse mesmo princípio colaborativo que
tornou a enciclopédia on-line Wikipédia uma fonte de pesquisas com credibilidade
comparável à da tradicional Enciclopédia Britânica,
4. O BLOG CORPORATIVO
Para EMILIANO (2004), o Blog Corporativo é um diário mantido por uma empresa. Através
dele, a empresa detalha seus produtos e serviços, criar um canal de comunicação direta com
os clientes, divulgar notícias próprias e do mercado, demonstrar seu expertise na área de
atuação, Pode ser interno, direcionado aos seus funcionários, ou externo, também para seus
clientes, parceiros, mídia e comunidade. E divide-se em blog corporativo interno e externo.
Desta forma, o conhecimento adquirido é mantido, assim como o histórico das conversas e
decisões. As reuniões também podem ser otimizadas com a implementação de blogs internos.
Além de permitir que os participantes se preparem melhor e tenham discussões mais
adiantadas, muitas vezes consegue eliminar a necessidade de mobilizar as equipes para a troca
de idéias, pois através do blog é possível lançar propostas, dúvidas, questionamentos e receber
as opiniões dos demais integrantes do time. Outro beneficio do blog interno é a difusão do
conhecimento e o nivelamento das informações entre os funcionários, pois tudo que for de
interesse da empresa estará à disposição para consulta durante todo o tempo (EMILIANO,
2004).
O blog corporativo externo é o diário publicado na internet. É através dele que a empresa
poderá criar um novo canal de comunicação com a comunidade na qual está inserida. Entre os
muitos benefícios que o blog externo pode trazer, destaca-se o potencial de fidelização de
clientes e a garantia de presença do empreendimento em mecanismos de buscas como o
Google® e o Yahoo®, criando mais um meio de captação de novos negócios.
CIPRIANI (2006) orienta que a adoção do blog corporativo por parte das empresas deve ser
uma decisão estudada antes de ser colocada em prática. Existem diversos fatores que devem
ser analisados como orçamentos, disponibilidade de pessoal, políticas de uso, processos
afetados, entre outros. As empresas devem acompanhar as informações disponibilizadas na
internet e, principalmente, nos blogs, que são fontes confiáveis de gostos, manias, opiniões,
criticas, idéias, tendências e diversas outras coisas relacionadas. As empresas já estão
adotando o diário como ferramentas de comunicação e interação, para que as companhias se
posicionem como vitrine das oportunidades de negócio que os blogs podem gerar.
85% acreditam que o blog é uma ferramenta de comunicação importante (sendo que os
dois motivos mais importantes são: facilidade de compartilhar informações rapidamente e
em longo alcance e oportunidade de influenciar a opinião pública e a decisões
estratégicas).
mais de 80% admitem que eles (ou seus clientes) não possuem uma política de uso de
blogs.
apesar da maioria das empresas acharem que os blogs são importantes, apenas 36% estão,
efetivamente, utilizando os blogs para seus clientes ou para sua própria companhia.
Empresas tradicionais ou fora do ramo de tecnologia também reconhecem o valor desse tipo
de opinião coletiva e já utilizam essa inteligência da população on-line para criar e
desenvolver produtos com a cara do consumidor ou colher opiniões e previsões de mercado.
A Lego, fabricante de brinquedos, criou em seu websìte uma área dedicada para seus clientes
desenvolverem seus próprios modelos ( www.lego.com/eng/factory ). Com isso, as crianças e
adultos aficionados por Lego criam modelos excepcionais, que são expostos em galerias
virtuais e geram ainda 25 Capítulos. Também existe uma seção dedicada à troca de
experiências e dicas, dando um charme de comunidade engajada em prol da "Legoland"
(CIPRIANI, 2006).
No Brasil, poucas empresas aderiram a idéia e as grandes empresas que estão com seus
diários, ainda não estão usando o blog de uma maneira estruturada, relacionando-se
efetivamente enviando e recebendo informações dos clientes e parceiros (olhando o público
externo). Ainda pior, nem mesmo os canais de comunicação mais tradicionais como o e-mail
e call-center obtêm bons índices de satisfação do cliente, isso por conta da onda de
otimização de processos e redução de custos que passaram pelas companhias neste início de
século XXI de encolhimento econômico.
Dentro da economia nacional a construção civil não tem se caracterizado por avanços
tecnológicos e gerenciais significativos. O setor se destaca pela tendência de centralizar
informações e decisões nas mãos de seus engenheiros. Além disso, seus gestores têm grande
resistência à implantação de inovações tecnológicas, quer seja nas Areas de planejamento e
gerenciamento (SCHMITT, 1998).
Segundo SILVEIRA (2005) nesta nova Era, tradicionais conceitos são abandonados ou
questionados, e o próprio conceito de "organização" está mudando, de forma a refletir os
desafios inerentes ao novo ambiente. Na sociedade interconectada, a fonte primária de criação
de valor mudou a ênfase da produtividade para os relacionamentos, e a capacidade de
colaborar precisa se tornar uma competência-chave para a organização.
A proposta metodológica é avaliar como a empresa Tecnisa utiliza o blog como meio de
comunicação e interação.
A agência de propaganda na Internet EMARKET afirma que os blogs estão cada vez mais
presentes no mundo empresarial como ferramenta de comunicação. Vários setores percebem o
canal como uma oportunidade de lidar diretamente com o consumidor e evitar ruídos
causados por intermediários. No Brasil, já é possível encontrar - poucos - blogs de empresas
dos setores de tecnologia e serviços, entre outros. (EMARKET, 2006)
Seguindo essa tendência corporativa, a Tecnisa lançou seu blog corporativo. É o primeiro do
setor de construção civil no Brasil. O novo período para a companhia, que já utiliza a mídia
on-line como um dos principais meios de comunicação com clientes, parceiros, fornecedores
e funcionários, a página eletrônica “www.blogtecnisa.com.br” ´foi inaugurada.
Um dos diferenciais desse canal é que a empresa escreve como uma pessoa comum e se
posiciona próxima ao cliente. A mensagem deve ser sempre verdadeira, informal e clara. Os
resultados do uso do blog passam pela mudança de comportamento e a abertura empresarial
para ouvir, acatar e propor melhorias para as critica de funcionários, parceiros e clientes. A
Tecnisa pretende aumentar sua transparência com a nova ferramenta, diz Busarello, um dos
executivos responsáveis pela publicação no blog, que a influência dos blogs no meio
corporativo já é forte e muitos podem decidir uma compra. Diz também que já leu blogs com
mensagens de clientes criticando produtos e mau atendimento. E que esse canal foi escolhido
por se adequar ao momento de comunicação da Tecnisa, em que foi focada a consolidação da
marca sob os signos de modernidade, credibilidade e transparência, conclui (TECNISA,
2006).
Continuando a entrevista, ele descreve o conteúdo do blog, que contém temas do dia-dia da
empresa, o que faz no lançamento de um produto, uma obra semi-entregue, fim de uma obra,
mas também temas que envolvem o mundo da empresa, o mundo dos negócios, onde são
coladas opiniões sobre a mulherização, como nos colocamos no mercado "gay friendly", isso
acaba gerando também, uma maior abrangência no conteúdo do nosso blog, também
disponível para comentários e criticas, aí que a conversação com o público que é interessante,
o blog permite essa comunicação interativa com a audiência, com o público e quanto mais
temas, mais interessante. O blog da Tecnisa, no começo, recebeu uma critica por haver
poucos temas abertos, eram termos muito focados no que a Tecnisa fazia. Exemplo: A
Tecnisa saiu na revista, a Tecnisa iniciou uma obra (TECNISA, 2006).
Partindo do princípio que são indivíduos, e não entidades ou departamentos por trás de um
blog, as conversas entre essas duas partes (que na verdade é uma única blogosfera) são
mandatórias. Blogs sem conversas não existem, por isso, quando pensamos em blogs, a idéia
de conversa está embutida. E se a sua empresa está na categoria das que não querem abrir essa
porta para o mercado, muito em breve ela poderá estar defasada em relação aos seus
concorrentes. Os consumidores ganharam novos poderes com a internet e agora com os blogs.
Tudo o que você faz ou diz está sujeito a conversações na blogosfera (CIPRIANI, 2006).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
AMORIM, R.; VIEIRA, E. Blogs — Como eles estão mudando a vida de todos nós. Revista ÉPOCA. Editora
Globo, ed n'.428, julho, 2006.
ARAUJO, A. V.; Weblog e jornalismo: os casos de No Mínimo Weblog e Observatório da Imprensa (Bloi).
Dissertação (Mestrado em Ciências da Comunicação) — Escola de Comunicação e Artes. Universidade de São
Paulo. São Paulo, 2006.
CIPRIANI, F. Blog Corporativo - Aprenda como melhorar o relacionamento com seus clientes e fortalecer
imagem da sua empresa. Editora Novatec. Ed. n'.1. São Paulo, 2006.
EMARKET. Tecnisa lança blog corporativo como ferramenta de comunicação. Agência de marketing na
Internet, publicada em 06/07/2006, Acessado na http://www.emarket.ppg.br/lindex.asp?InCDMateria=4166 em
09/12/2006,
EMILIANO. Blogs corporativos em detalhes Acessado na http://www.blogcorporativo.com.br/blogcorporativo
em 10/12/2006.
MULLER, P. Blogs corporativos — uma introdução Acessado na http://www,sinestesia.com.uk/blog/?page
id=501 em 10/12/2006.
NASCIMENTO, L. A.; LAURINDO, F. J. B.; SANTOS, E. T. A Eficácia da TI na Indústria da Construção
Civil. III Simpósio Brasileiro de Gestão e Economia da Construção (III SIBRAGEC). UFSCar, São Carlos, SP -
16 a 19 de setembro de 2003.
NASCIMENTO, L.A.; SANTOS, E.T. A Contribuição da Tecnologia da Informação ao Processo de Projeto
na Construção Civil. Workshop de Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios, São Carlos, 2001,
OLIVEIRA, O. J. de; MELHADO, S. B.. Modelo de Gestão para pequenas empresas de projeto de edifícios.
Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP. BT/PCC/416. São Paulo, 2005.
PEPPERCOM STRATEGIC COMMUNICATIONS. Nova pesquisa internacional sobre blogs corporativos..
PR Biz update. Acessado na http://www.blogcorporativo.net em 10/12/2006.
SILVEIRA, H. F. R. Informação em organizações virtuais: uma nova questão para a coordenação
interorganizacional no setor público. Ciência da Informação. Brasília, v. 24, n. 2, p. 70-80, mai./ago, 2005.
Disponível em: http://www.ibict.br/cionline.
SCHMITT, Carin Maria. Integração dos documentos técnicos com uso de sistemas de informações
computadorizados para alcançar qualidade nos projetos de obras de edificação. In: VII Encontro Nacional de
Tecnologia do Ambiente Construído. Florianópolis, 1998, Anais, UFSC, Santa Catarina.
TECNISA. Blog corporativo. Acessado na http://www.blogtecnisa.com.br em 12/12/2006.
Panorama da Construção Sustentável no Município de Aracaju/SE
RESUMO
A problemática ambiental se tornou uma realidade inconveniente. A degradação do meio
ambiente é algo crítico e a construção civil aparece como um importante agente neste
processo. A sustentabilidade no setor da construção civil é algo que ganha força pelo mundo
todo. Uso racional de água e energia, aproveitamento de materiais renováveis e menor
desperdício de recursos naturais são pontos cada vez mais discutidos e desenvolvidos.
Medidas precisam ser tomadas, e estas são diferentes a depender das realidades de cada
região. Esta regionalidade é um dos motivos para se realizar um panorama da construção civil
no município de Aracaju, estado de Sergipe. Para isto, adotou-se como método de trabalho um
levantamento qualitativo, por meio de questionários direcionados a empresas construtoras,
órgãos de engenharia e consumidores Deste modo, a pesquisa possibilitou não só identificar o
que pensam estes atores, se eles se contradizem e qual o caminho que Aracaju está tomando
em termos de construção sustentável. Ao se realizar este panorama pôde-se perceber que a
situação encontrada é bastante problemática, com divergência de caminhos e expectativas.
1. INTRODUÇÃO
O mundo passa por mudanças ambientais, que cada vez mais afetam o ser humano e a sua
sobrevivência no futuro no planeta. A construção civil é uma indústria predatória, que gasta
sem piedade os recursos naturais, e cada vez mais degrada o meio-ambiente. É necessária uma
mudança na forma de agir, e passar a pensar o desenvolvimento do homem e a manutenção do
meio-ambiente como um só. Isso deve acontecer para todos os homens, sem separação de
classe econômica, habitat, ou cultura. Cada região tem suas peculiaridades, e é possível se
realizar diferentes tipos de desenvolvimento sustentável, adequados a cada situação.
A construção sustentável se mostra cada vez mais necessária para a manutenção do mundo
que o homem quer deixar para os seus descendentes. Tendo em vista estes pontes, o presente
estudo busca fazer um panorama da construção sustentável no município de Aracaju,
identificando o que vem sendo feito, o que pode ser feito, levando-se em consideração as
peculiaridades da região. A pesquisa procura entender como as empresas de construção que
atuam no município de Aracaju, estado de Sergipe, tem se portado diante desta nova filosofia
que se desenvolve no mundo todo.
Observa-se ainda a opnião dos órgãos ligados à área da engenharia civil, olhando se a
construção sustentável no município é uma realidade apenas para construções de alto padrão
ou pode ser aplicada em habitações de interesse social. Deste modo, a pesquisa busca também
entender o que os consumidores esperam da construção sustentável, se eles possuem
conhecimento sobre o assunto, se cobram um maior compromentimento tanto das empresas da
construção civil quanto dos órgãos relacionados, ou ainda se as empresas se preocupam em
passar para os seus clientes esse conhecimento de forma clara.
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1. A construção civil e os impactos ao meio ambiente
Durante muito tempo, a construção civil se desenvolveu através da exploração de recursos
naturais para suprir a necessidade de moradia do homem e este processo vem sendo
implantado sem nenhuma preocupação com as condições de suporte da natureza
(CARVALHO, 2008b). Apesar disso, a construção civil sempre teve inegável importância na
sobrevivência e qualidade de vida dos seres humanos, com provisão de casas e infra-estrutura,
proporcionando condições vitais para o desenvolvimento social e econômico mundial
(ESPINOZA et al., 1999, apud CARVALHO, 2008a).
Com relação ao impacto social, ele é a informalidade das empresas e profissionais, que causa
irregularidades, como: realização de trabalhos sem contrato, existência de trabalhadores sem
capacitação profissional, trabalho infantil, contratação de fornecedores que não pagam
tributos ou encargos, desrespeito a normas técnicas, concorrência desleal, entre outros
(CARDOSO, 2007, apud CARVALHO, 2008b). Ademais, a indústria da construção civil
ocupa uma posição bem destacada na economia do país, sendo responsável por importante
parcela no PIB (valores superiores a 15 %). Além disso, emprega um contingente importante
de pessoas, tanto direta quanto indiretamente, acredita-se que são cerca de quatro milhões de
empregos direto, e 3 de empregos indiretos para cada emprego direto.
Carvalho (2008b) afirma que os impactos econômicos vão além, pois a construção civil tem
um papel extremamente importante na geração de riquezas de um país. Têm influência direta
em decisões políticas, embora não tenha um reflexo forte nas importações. O autor cita ainda
Bluemenschein (2004) quanto aos impactos ambientais, que ocorrem ao longo da cadeia de
produção da construção civil, através da extração de materiais, da ocupação de terras, do
transporte da matéria prima, do processamento desta matéria prima, dos processos
construtivos e da geração de resíduos. Assim, a demanda de materiais na construção civil é
algo bastante expressivo, em comparação às outras indústrias. Para a construção de um
edifício, são demandadas enormes quantidades dos mais variados materiais. Pode-se até dizer
grosseiramente que para cada metro quadrado construído, são utilizadas aproximadamente
uma tonelada de materiais.
O uso de energia também é algo preocupante, tanto antes da fase de produção (durante o
transporte) quanto durante a construção. Cerca de 80 % da energia utilizada na produção de
um edifício é consumida durante a produção e o transporte de materiais (JOHN, 1996).
Apesar de todos os impactos gerados, verifica-se que nenhuma sociedade conseguirá atingir o
desenvolvimento sustentável sem que a construção civil passe por sérias e profundas
mudanças (JOHN, 2000, apud DALTRO FILHO et al., 2005). Mudanças de pensamentos e
ações se mostram prementes para a que manutenção da vida humana na terra seja possível.
Exatamente neste ponto é que se insere o desenvolvimento sustentável e a sua aplicação.
O homem, entre todos os seres que vivem no planeta terra, sempre se mostrou o mais
destruidor e desequilibrador, mesmo com toda a sua capacidade de raciocínio. Foi exatamente
devido a esta capacidade de pensar e criticar que ele constatou que os recursos naturais não
são eternamente renováveis e que algo precisava ser feito perante a situação de degradação
que se apresentava cada vez mais forte.
Cardoso (2005) apud Carvalho (2008b) afirma que além dos impactos causados pela perda de
materiais e pela produção de resíduos de construção destacam-se impactos no meio físico,
biótico e antrópico. Recomenda-se, então, para a avaliação de sustentabilidade em edifícios,
que sejam adotados critérios sociais, gerenciais e ambientais. Segundo Moretti (2005) apud
Carvalho (2008b), no tocante às recomendações sociais, são previstas algumas ações para a
minimização dos impactos sociais, como melhoria das condições de hospedagem e
alimentação, da segurança do trabalho, do treinamento dos colaboradores e busca pela
diminuição de incômodos à vizinhança por ruídos, vibrações e poluição do ar.
Com relação às preocupações ambientais no canteiro, pode ser citada redução da geração de
resíduos do canteiro, gerenciamento de resíduos do canteiro, valorização da reciclagem e
reuso, limitação dos incômodos e poluições causadas pelo canteiro e limitação de recursos
demandados, como água e energia (CARDOSO, 2006, apud CARVALHO, 2008b).
Dada a importância, o CONAMA (2002) define resíduos da construção civil como aqueles
“provenientes de construções, reformas demolições de obras de construção civil, e os
resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos,
concretos em geral, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros,
argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiações elétricas,
etc., comumente chamados de entulho de obra, caliça ou metralha.”.
Esta resolução estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos na
construção civil e com ela os municípios e o Distrito Federal ficam obrigados a elaborar e
implantar uma gestão sustentável dos resíduos da construção civil. Segundo Daltro Filho et al.
(2005), a reciclagem é outro ponto importante relacionado aos resíduos sólidos. Ela envolve
um conjunto de instrumentos jurídicos (licenciamento ambiental dos empreendimentos
industriais e dos aterros municipais), econômicos (venda dos materiais recicláveis ou o seu
beneficiamento) e de fomento. Os autores complementam que o tratamento dado aos resíduos
em Aracaju é semelhante ao que é observado na maioria dos municípios brasileiros, sem
nenhuma estrutura para o gerenciamento de volumes significativos de entulhos e para a
resolução dos inúmeros problemas por eles criados.
A implantação de Aracaju foi marcada não pela ampliação de sua área de ocupação original,
mas por um projeto de ocupação de uma área de 32 quadras, medindo 110 metros de lado,
com projeto do engenheiro Sebastião Basílio Pirro. A implantação destas quadras foi realizada
em uma área cheia de lagos, inundável, baixa com relação ao nível do mar, através de aterros
(FRANÇA, 2005; SOUZA, 2005, apud CARVALHO, 2008a).
Para as empresas, buscou-se entrar em contato com todas aquelas que possuam destaque e
estejam constantemente participando do mercado, de acordo com o porte da empresa (grande,
média, e pequena/micro), selecionou-se tres emrpesas de cada porte. Foram ainda
entrevistados representantes de empresas de engenharia civil e de arquitetura.
Com os órgãos buscou-se seguir a mesma linha de raciocínio para com as empresas. Os
órgãos incluídos no universo de pesquisa são expressivos na realidade da construção civil no
município aracajuano. São órgãos das mais variadas finalidades, como associações de
empresas construtoras, órgãos ambientais, órgãos regulamentadores da profissão engenharia
civil, instituições de ensino da profissão através de professores, profissionais liberais, etc. Por
último, os consumidores foram escolhidos aleatoriamente, buscando-se coletar dados com
pessoas de diferentes formações e conhecimentos distintos da área da engenharia civil.
Foram elaborados dois tipos de questionários para ser aplicado no universo de entrevistados.
No primeiro tipo de questionário, direcionado às empresas, buscou-se abordar os mais
variados temas de sustentabilidade, como tecnologias utilizadas, informação de funcionários
sobre o tema abordado, relações da empresa com os órgãos, os consumidores e os
responsáveis políticos acerca do assunto. Algumas perguntas foram mais específicas e se
relacionaram com a parte executiva e construtiva dos empreendimentos.
Quanto aos órgãos, a variedade apresentada neste universo de entrevistados foi alta dando aos
resultados obtidos uma abrangência que condiz com a realidade de Aracaju. Foram enviados
ou foram contactados pessoalmente todos os orgãos que exercem influencia no setor da
construção civil em Aracaju, destes retornaram o questionário apenas doze pessoas. No grupo
dos consumidores o número de entrevistados que retornou o questionário foi de quinze
pessoas.
Observa-se na Figura 2a que o interesse maior das construtoras com a construção sustentável
ainda está relacionado com o fator econômico. Porém, este interesse divide espaço com o
ambiental e o social, o que mostra um começo de mudança de pensamento das empresas com
relação à construção sustentável, como uma forma de dar condições das futuras gerações
viverem num planeta pelo menos semelhante ao atual.
80,00% 72,73%
60,00% 54,55%
70,00%
50,00%
60,00%
40,00% 50,00%
40,00%
30,00% 27,27%
30,00%
18,18% 18,18%
20,00% 20,00%
9,09%
10,00%
10,00%
0,00%
0,00% Extremamente Importante Pouco importante
Economico Ambiental Social importante
(a) (b)
Figura 2: (a) Fatores de maior interesse para as empresas construtoras com relação à construção sustentável; (b)
Importância da construção sustentável para as empresas entrevistadas.
Com relação ao nível de importância da construção sustentável, como pode ser percebido na
Figura 2b, a grande maioria considera este tipo de construção importante, seguido por uma
pequena parte que considera extremamente importante e de uma ínfima parcela que considera
pouco importante. Isto mostra que a mentalidade das construtoras está mudando a favor da
sustentabilidade e que este primeiro passo de transformação de consciência é muito
importante para a mudança da realidade atual.
Procurou-se conhecer também quais eram os maiores empecilhos, na opinião das empresas,
para que a construção sustentável fosse aplicada na cidade de Aracaju da mesma forma que é
aplicada em outras partes do mundo. A maior parte respondeu que falta uma participação mais
efetiva e incisiva do governo, além do custo teoricamente elevado para implantar essas
tecnologias, custo esse que seria repassado para os clientes. Estes não são bem informados
sobre o assunto e não se interessam em adquirir empreendimentos deste tipo.
4.2. Resultados e comentários dos órgãos ligados à Engenharia Civil
Ao analisar o questionário, percebe-se que a respostas NÃO apresentou uma porcentagem
superior a 50%, enquanto que as respostas SIM e NT (não tenho conhecimento) se
apresentaram com valores de porcentagem próximos, como pode ser visto na Figura 3a. Pode-
se inferir que os órgãos relacionados à engenharia no município de Aracaju consideram que a
construção sustentável não está desenvolvida como deveria estar.
90,00% 83,33%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00% 16,67%
10,00%
0,00%
0,00%
Extremamente Importante Pouco importante
importante
(a) (b)
Figura 3: (a) Resultado geral para os órgãos ligados à engenharia civil; (b) Importância da construção
sustentável para os órgãos ligados à construção civil entrevistados.
Com relação ao nível de importância da construção sustentável (Figura 3b), a grande maioria
considera este tipo de construção extremamente importante, seguido por uma pequena parte
que considera importante e com nenhum entrevistado considerando pouco importante. São
dados muito mais satisfatórios do que os apresentados pelas empresas, o que mostra que os
órgãos apresentam uma mentalidade completamente positiva com relação à construção
sustentável e que já é possível cobrar ações das empresas e das autoridades.
Procurou-se ainda conhecer, junto aos órgãos, quais eram os maiores empecilhos para que a
construção sustentável fosse aplicada na cidade de Aracaju da mesma forma que é aplicada
em outras partes do mundo. Uma pequena parte dos respondentes disse que faltam maiores
ações por parte das autoridades pelo desenvolvimento da construção sustentável, mas a grande
maioria afirmou que o maior problema definitivamente é a desinformação da população
acerca da problemática ambiental e a influência da construção civil nesta.
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
18,75%
20,00%
10,00% 6,25%
0,00%
Extremamente Importante Pouco importante
importante
(a) (b)
Figura 4: (a) Resultado geral para os consumidores da engenharia civil; (b) Importância da construção
sustentável para os consumidores da construção civil entrevistados.
Buscou-se saber junto aos consumidores quais eram os maiores empecilhos para que a
construção sustentável fosse aplicada na cidade de Aracaju da mesma forma que é aplicada
em outras partes do mundo. Assim como aconteceu com os órgãos, uma parte extremamente
expressiva das respostas disse que o maior problema definitivamente é a desinformação da
população sobre a situação. Além disso, teve destaque a falta de interesse das empresas na
questão ambiental, sempre priorizando o lucro, e a falta de ações das autoridades
responsáveis.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realizar um levantamento de qualquer tipo é uma tarefa complicada que exige paciência. A
consciência para retornar os questionários ainda é algo que não existe na população brasileira.
É importante coletar dados junto com um número expressivo de pessoas e que estes
representem de forma significativa aquilo que a pesquisa busca.
É possível perceber no contato com a construção civil em Aracaju que a sustentabilidade não
faz parte da realidade e do cotidiano das empresas construtoras e dos empreendimentos
oferecidos por ela. A pesquisa buscou identificar onde se encontram os problemas e o que
cada parte envolvida nas atividades da construção civil pensa sobre a problemática ambiental
e a nova tendência sustentável, que começa a despontar com força total no mundo.
Com os dados obtidos nas entrevistas dos três grupos é possível apontar o que não está correto
e o que precisa mudar, bem como o que pensa cada parte. Observa-se que as empresas não se
interessam em aplicar novas técnicas de construção sustentáveis nem em passar a importância
da sustentabilidade para os seus consumidores.
A informação das empresas para com os consumidores e os órgãos é algo deficiente, que
precisa ser melhorado. Além da oferta de tecnologias sustentáveis nos empreendimentos ser
limitada, não existe uma divulgação nem uma conscientização delas junto ao cliente. A
desinformação dos clientes sobre a péssima situação ambiental, que é agravada pela
construção civil antiquada em diversos lugares no mundo, é outro fator de peso para a
situação ruim da construção civil em Aracaju.
Com o cliente desinformado não existe o interesse por parte das empresas em pagar mais caro
para implantar uma situação sustentável em seus empreendimentos, tendo em vista que a
aceitação do consumidor não será boa e os lucros idem. O fator econômico é o que mais pesa
para as empresas e a implantação de técnicas sustentáveis acaba sendo relegada a segundo
plano, mesmo quando o custo para esta implantação não é tão alto.
A mudança de pensamento por parte das empresas também é vital. Claro que o fator
econômico é importante, mas o fator ambiental se torna cada vez mais preocupante e precisa
ser cuidado. Mudanças não surgem de uma hora para outra e não vêm de graça. Sempre existe
um preço a se pagar para que uma inovação se consolide. Uma tecnologia sustentável como o
reuso de água, por exemplo, pode se apresentar cara atualmente, mas à medida que começa a
ser utilizada em uma escala maior, os custos começam a cair. Existem diversos exemplos de
empresas que utilizam corriqueiramente a sustentabilidade, nos seus diversos níveis, em seus
produtos com preços que se aproximam e muito dos preços das construções tradicionais. É
evidente que essas conquistas não foi algo obtido desde o começo das ações, mas depois dos
esforços e riscos é algo que as torna diferenciadas e líderes nas suas áreas de atuação.
As empresas precisam também começar a investir em informação junto aos seus clientes.
Tudo o que elas fazem possui apenas um objetivo: atingir o consumidor. Assim, a
conscientização deste é ponto chave para que o desenvolvimento sustentável seja atingido.
Não adianta ser sustentável e não demonstrar isso junto ao comprador. É preciso que a
informação seja divulgada para servir de exemplo a todos de que algo está sendo feito.
Além dos consumidores e das empresas, tanto as autoridades quanto os órgãos precisam rever
seus conceitos de atuação quando o assunto é sustentabilidade. Faltam ações do governo mais
enérgicas e eficazes para que a construção sustentável se desenvolva. Não existem incentivos
às empresas que buscam a sustentabilidade. Não existe uma fiscalização eficaz para que os
abusos da construção civil ao meio ambiente sejam diminuídos. As leis são ultrapassadas e
inoperantes. Não existe um investimento consistente em pesquisas que tornam os caminhos
para a sustentabilidade mais acessíveis a todos. Os órgãos que deveriam representar as
empresas e buscar sempre a melhoria da construção civil também se mostram inertes e
desinformados, tanto quanto os consumidores. Não existe ainda um sistema de avaliação
ambiental para habitações em uso no município de Aracaju. Nem um que busque se adequar
às realidades da região, nem algum dos vários sistemas já utilizados pelo mundo todo, que
dão credibilidade às construções que optam pelo sustentável.
É preciso também que esta empresa se preocupe mais com o desenvolvimento de técnicas
sustentáveis a ser aplicadas em seus empreendimentos, através de investimentos em pesquisas
junto a órgãos de ensino como universidades, por exemplo. É necessário que as autoridades
realizem mais campanhas sobre construção civil e meio ambiente, por exemplo, e que se
mostre mais receptiva às necessidades das empresas construtoras. É preciso ainda que todos
os envolvidos pensem que são parte de um todo, pois essa visão holística não existe e se
mostra um grande entrave para a situação sustentável em Aracaju.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARVALHO, Emerson Meireles de. Resíduos sólidos da construção civil e
desenvolvimento sustentável: modelo de sistema de gestão para Aracaju. 2008a. Dissertação
(Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente). Universidade Federal de Sergipe.
Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. São Cristóvão.
DALTRO FILHO, José; BANDEIRA, Arilmara Abade; BARRETO, Ismeralda Maria Castelo
Branco do Nascimento; AGRA, Leonilde Gomes da Silva. A problemática dos resíduos
sólidos da construção civil em Aracaju: Diagnóstico. Sergipe: Aracaju, 2005. 105 p.
RESUMO
O presente trabalho analisa o comportamento da aderência aço-concreto em prismas
cilíndricos de concreto armado, através análise numérica e experimental, submetidos a
carregamento cíclico, simulando o contato entre os dois materiais. O objetivo principal é
quantificar a perda de rigidez desses espécimes, quando submetidos a ciclos de carga, em
serviço. A análise numérica utiliza o MEF como ferramenta; são levados em conta os efeitos
da não linearidade física dos materiais e da não linearidade geométrica dos espécimes. Com
esse modelo pretende-se reproduzir de maneira fiel e realista a forma dos materiais
envolvidos, o aço com suas nervuras e o concreto que o envolve. Na simulação numérica são
analisados modelos construídos com elementos bidimensionais axissimétricos. A simulação
do contato entre as superfícies do aço (e suas nervuras) e do concreto envolvente é feita
através de eficiente algoritmo de contato, baseado em técnicas do tipo Newton-Raphson,
contido no aplicativo ABAQUS. O modelo constitutivo do concreto permite medir o dano
progressivo, podendo assim avaliar a perda de rigidez dos espécimes. Os ensaios
experimentais com os espécimes, para carregamento monotônico e cíclico, foram realizados
no laboratório de estruturas da EESC-USP. Comparações feitas entre os modelos numéricos e
os ensaios experimentais são apresentadas e comentadas.
1. INTRODUÇÃO
O concreto é um material de comportamento complexo. A não linearidade decorrente da
fissuração, proveniente dentre outras causas do processo de microfissuração interna do
concreto, mesmo antes de sua utilização, torna bastante complexa a execução de uma
simulação numérica que permita reproduzir de forma fiel e realista o comportamento do
concreto ao longo de um processo de carregamento, mormente para ações cíclicas.
A grande maioria dos modelos teóricos e numéricos existentes na literatura técnica e ao
alcance de engenheiros e pesquisadores não consideram as dimensões reais isoladas de cada
parte, do aço (com suas nervuras) e do concreto, juntamente com a ligação dessas partes
através do contato na interface entre elas, seja pela complexidade do fenômeno ou mesmo
pelas dificuldades inerentes ao desenvolvimento desses modelos.
O concreto armado é, na sua essência, dependente da aderência. Sob o ponto de vista do
carregamento, a aderência é fortemente afetada pelo tipo de ação imposta à estrutura. As
ações cíclicas, que se fazem sentir pela variação do tempo de aplicação da carga,
caracterizam-se por imprimir uma determinada amplitude de tensão. As ações cíclicas
impõem diminuição da aderência e perda de rigidez à estrutura devido ao aumento e
propagação das fissuras no concreto. Os efeitos das ações cíclicas sobre as estruturas têm sido
estudados, correntemente, nos estados limites de ruptura por fadiga. Ultimamente diversas
pesquisas têm sido dirigidas para o estudo dos efeitos das ações cíclicas no âmbito da
degradação da ligação aço-concreto.
As normas vigentes nos paises, notadamente no Brasil, continuam, no entanto, a adotar suas
recomendações baseadas em pesquisas realizadas com carregamento estático. Mais ainda, a
introdução dos efeitos da interação entre o aço e o concreto na análise das estruturas de
concreto armado, se mostra de grande importância quando se deseja uma modelagem mais
realista do funcionamento dessas estruturas.
Entender cada um desses materiais isoladamente (o aço e o concreto) e entender,
principalmente, o funcionamento desses materiais quando trabalhando em conjunto (concreto
armado) continua sendo, portanto, preocupação e motivação constante e atual.
O presente trabalho, baseado em resultados obtidos na tese de doutorado de (OLIVEIRA F.
,J., 2005) analisa experimental e numericamente o comportamento de espécimes cilíndricos
de concreto armado quando submetidos a carregamento monotônico e cíclico. O que se
pretende é avaliar a perda de rigidez desses espécimes, considerando o comportamento da
interface aço-concreto. Resultados numéricos são confrontados com resultados obtidos
experimentalmente.
2. METODOLOGIA
O presente trabalho foi dividido em duas fases distintas: uma fase de investigação
experimental e outra de análise teórico/numérica. Na fase experimental foram realizados
ensaios estáticos e cíclicos em espécimes cilíndricos de concreto armado (CP’s). Procurou-se
determinar a perda de rigidez desses espécimes, após a aplicação de um certo número de
ciclos, através medição de deformações. O equipamento usado para a realização dos ensaios
foi uma máquina INSTRON localizada no Laboratório de Estruturas da Escola de Engenharia
de São Carlos (LE-EESC).
O estudo teórico consistiu numa análise numérica baseada no método dos elementos finitos,
apoiado em modelos de dano e plasticidade. O modelo axissimétrico utilizado para
representar o comportamento dos CP’s, contendo uma única barra de aço em seu eixo e
submetidos a carregamento estático e cíclico, em nível de serviço, considerou o contato entre
as duas superfícies aço-concreto. A figura 1 mostra o modelo usado e o CP pronto para o
ensaio (instrumentado com transdutor).
transdutor de
deslocamento
25
200
100
barra Ø=6.3
275
barra Ø=10.0
100
3. ANÁLISE EXPERIMENTAL
O ensaio de arrancamento para o CP com barra de 6.3 mm foi realizado com controle de
deslocamento a uma taxa de 0,05 mm/s. Para o CP com barra de 10.0 mm foi usada uma taxa
de 0,02 mm/s; os registros para aquisição de dados foram feitos com uma leitura a cada
segundo. A figura 2 mostra o resultado do ensaio para os CP’s com barra de 6.3 e 10.0 mm.
18 40
16 35
14
30
12
25
força (kN)
força (kN)
10
20
8
15
6
10
4
5 10.0 mm
2 6.3 mm
0 0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
35,0
30,0
25,0
força (kN)
20,0
15,0
10,0
10.0 mm
5,0
6.3 mm
0,0
0,0 0,2 0,3 0,5 0,6 0,8 0,9 1,1 1,2 1,4 1,5
deslocamento (mm)
Da análise dos ensaios mostrados nas figuras 2 e 3, podem ser extraídos os resultados
apresentados na tabela 1, com as respectivas cargas de ruptura e deslocamento último da
barra.
Tabela 1: Carga de ruptura e deslocamento para os CP’s
Carga de ruptura (kN) /
CP Observações
deslocamento (mm)
6.3 mm 16,6 - 0,49 Não apresentou fissuras - arrancamento
10.0 mm 36,1 - 0,58 Apresentou fissuras - fendilhamento
Fonte: Oliveira Filho, Josafá de (2005, pág. 121)
O ensaio veio comprovar o que já havia sido escrito por GOTO (1971), ELIGEHAUSEN et al
(1983), BULLETIN D’INFORMATION n. 230 (1996), entre outros. A aderência é função,
praticamente, da aderência mecânica proveniente da irregularidade da superfície e das
nervuras das barras. Verificou-se que no ensaio com barra de 6.3 mm o espécime sofreu
ruptura por arrancamento da barra, como ilustra a figura 4 (a); observar o concreto esmagado
entre as nervuras. Para a barra de 10.0 mm, no entanto, antes mesmo que ocorresse
esmagamento total do concreto e a barra escorregasse, aconteceu o fendilhamento da peça,
provavelmente devido às altas tensões radiais de tração. O ensaio veio confirmar essas
afirmativas, como mostra a figura 4 (b).
Figura 4: Ruptura por arrancamento (a) e por fendilhamento (b)
Fonte: Oliveira Filho, Josafá de (2005, pág. 122)
O ensaio cíclico para o CP de 6.3 mm foi realizado com controle de deslocamento a uma taxa
0,03 mm/s. A leitura de aquisição variou de 0,1 reg./s a 0,2 reg./s. A carga máxima aplicada
foi de 13 kN (aproximadamente 80% da carga última) e a carga mínima de 7 kN
(aproximadamente 40% da carga última). Foram aplicados um total estimado de 230 ciclos.
Após o último ciclo, o CP foi levado à ruptura sendo atingida a carga de 19,8 kN. As figuras 5
e 6 (a) mostram, respectivamente, a curva força x deslocamento para o CP com barra de 6.3
mm e 10.0 mm.
20,00
18,00
16,00
14,00
12,00
força (kN)
10,00
8,00
6,00
4,00
6.3 mm
2,00
0,00
0,000 0,025 0,050 0,075 0,100 0,125 0,150 0,175 0,200 0,225
deslocamento (mm)
35,0 35,0
30,0 30,0
25,0 25,0
força (kN)
força (kN)
20,0 20,0
15,0 15,0
10,0 10,0
1º ciclo
5,0 5,0
10.0 mm ultimos ciclos
0,0 0,0
0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0,800 0,900 0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0,800 0,900
4. ANÁLISE NUMÉRICA
As simulações numéricas realizadas neste trabalho, para a modelagem dos CP’s cilíndricos de
concreto armado, tiveram o propósito de testar o comportamento e a eficiência do algoritmo
de contato quando simulando o efeito da aderência aço-concreto através do contato entre suas
superfícies e, principalmente, medir a perda de rigidez após um determinado número de ciclos
de carga aplicado. Foi escolhido um modelo bidimensional axissimétrico, tanto da barra
nervurada quanto do concreto, considerando o contato entre os dois materiais, conforme
mostra a figura 7, para o CP de 10.0 mm (dimensões em cm).
concreto
200
100
O modelo constitutivo utilizado para o aço foi o elasto-plástico e para o concreto os modelos
elástico e inelástico, com dano. Para avaliar os níveis de tensões de aderência, o deslizamento
relativo entre as superfícies na interface aço-concreto e a perda de rigidez da estrutura pela
degradação progressiva da seção transversal da estrutura, foi utilizado o MEF instalado no
programa comercial ABAQUS (2002), disponível no laboratório de computação do SET
(EESC-USP). A figura 8 mostra o modelo axissimétrico e a superfície de contato (na cor
vermelha), para o aço e para o concreto, respectivamente.
5. RESULTADOS
No capítulo 3 foram apresentados os ensaios realizados no LE-SET com CP’s de concreto
armado e no capítulo 4 as simulações numéricas feitas com modelos os axissimétricos. Nesse
capítulo é feita uma análise dos resultados mais importantes colhidos na pesquisa.
0
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0
deslizam ento (m m )
12
tensão de aderencia (MPa)
10
Algumas considerações podem ser feitas das observações tiradas dos ensaios à ruptura
realizados com os CP’s:
Ficaram bastante evidentes os modos de ruptura por arrancamento e por fendilhamento,
como esperado;
O comprimento de ancoragem usado para o CP com barra axial de 6.3 mm foi de 10 Ф (63
mm), contrariando, por conseguinte, o que recomenda a NBR 6118:2003, item 9.4.2.5.
Observou-se, no entanto, que o valor registrado para a tensão de aderência, correspondente
a um deslizamento de 0,1 mm, foi aproximadamente o triplo do valor limite;
Para o CP com barra axial de 10.0 mm o valor registrado para a tensão de aderência,
correspondente a um deslizamento de 0,1 mm, foi praticamente coincidente;
Verificou-se que as barras não entraram em regime de escoamento;
Para o ensaio cíclico, a tabela 2 apresenta um resumo dos dados e alguns resultados colhidos.
Pu é a carga de ruptura alcançada no ensaio estático de arrancamento; Pmax e Pmin são os
limites superior e inferior da amplitude da carga cíclica aplicada e Puc é a carga alcançada na
ruptura após a aplicação do último ciclo de carga.
Na figura 12 as curvas dos CP’s de 6.3 mm e de 10.0 mm são plotadas juntas de modo a se ter
uma visão comparativa da evolução relativa dos deslocamentos entre elas. Nessas figuras são
mostrados o 1º ciclo, alguns ciclos intermediários e os últimos ciclos, inclusive a última fase
do ensaio quando o CP é levado à ruptura, após o último ciclo.
40
35
30
25
força (kN)
20 1º ciclo - 10.0
ciclos interm. - 10.0
15
ultimos ciclos - 10.0
10 1º ciclo - 6.3
ciclos interm. - 6.3
5
ultimos ciclos - 6.3
0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
deslocamento (mm)
A figura 13 mostra comparativo entre o ensaio à ruptura e o ensaio cíclico para os CP’s com
barra axial de 6.3 mm e 10.0 mm, respectivamente.
20 40
18 35
16
30
14
25
força (kN)
força (kN)
12
10 20
8 15
6
10
4 cic. 10.0 mm
cic. 6.3 mm 5
2 rup. 10.0 mm
rup. 6.3 mm
0
0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45 0,50 0,55 0,60
deslocamento (mm) deslocamento (mm)
Algumas considerações podem ser feitas das observações tiradas dos ensaios com carga
cíclica:
Aumento da carga de ruptura, após a aplicação do último ciclo de carga, e a conseqüente
diminuição do deslocamento na ruptura;
Para o CP com barra axial de 6.3 mm o aumento da carga de ruptura é de
aproximadamente 12 % (última coluna da tabela 2) enquanto que o deslocamento na
ruptura é aproximadamente 3,5 vezes menor;
Para o caso do CP com barra axial de 10.0 mm o aumento da carga de ruptura é de
aproximadamente 5 % (última coluna da tabela 2) enquanto que o deslocamento na ruptura
é aproximadamente 25 % maior.
45
40
35 experimental
força (kN)
Abaqus - pto conc.
25
20
15
10
0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8
deslocamento (mm)
Diante das análises numéricas apresentadas nesse item é possível tecer alguns comentários a
respeito do comportamento dos CP’s de concreto armado:
As mudanças bruscas de direção da normal ao elemento de uma das superfícies tornam o
problema mais rígido e de difícil convergência;
O carregamento aplicado pode ser em incrementos de força ou de deslocamentos;
constatou-se que a solução obtida para carga aplicada com incrementos de deslocamento
converge mais rapidamente, com menos iterações;
A discretização da malha utilizada para o modelo mostrou-se eficiente;
Em pontos sobre a superfície de contato ficou bastante evidente o dano localizado;
6. CONCLUSÕES
Dentre as diversas observações e constatações feitas ao longo deste trabalho, algumas foram
consideradas relevantes e são apresentadas neste capítulo.
O valor limite recomendado pela NBR 6118:2003 para a tensão de aderência, correspondente
a um deslizamento de 0,1 mm, mostrou-se conservador.
Constatou-se o aumento crescente do deslocamento em função da aplicação de ciclos de
carga, com conseqüente perda de rigidez.
Nas simulações numéricas, a barra de aço foi modelada levando em conta suas características
reais, com o desenho de suas nervuras.
Em alguns trabalhos que tratam da análise numérica de peças de concreto armado, o modelo
usado para a barra de aço é representado por elementos de barra (no Abaqus denominado
REBAR), apresentando o inconveniente de perder sua característica tridimensional.
Nas simulações numéricas, a barra de aço, com suas nervuras, e o concreto envolvente, são
unidos na interface através superfícies de contato; essa estratégia confere ao conjunto uma
resposta mais realista podendo-se obter da análise, por exemplo, o deslizamento dos pontos da
interface, dano ocorrido e perda de rigidez.
O modelo constitutivo, denominado no Abaqus de “Concrete Damaged Plasticity”, mostrou-
se bastante adequado para retratar o funcionamento conjunto entre a barra de aço e o concreto;
o autor não encontrou, para o tema estudado, nenhum trabalho onde essa estratégia de
modelagem tenha sido utilizada.
Para o modelo axissimétrico, a resposta foi considerada satisfatória mesmo o modelo
mostrando-se bastante rígido.
Na análise numérica, os valores encontrados na interface, para a variável d de dano
localizado, próximos da unidade, indicam a degradação da interface. Perda de rigidez da peça
e conseqüente ruptura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABAQUS/CAE User’s Manual. Versão 5.8 (1998) e versão 6.2 (2002). Hibbitt, Karlsson &
Sorensen, Inc.
ACI COMMITTEE 408. (1991). Abstract of: State-of-the-art-report: bond under cyclic
loads. ACI Materials Journal, v.88, n.6, p.669-73, Nov./Dec.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2003). NBR 6118 – Projeto de
estruturas de concreto - procedimento. Rio de Janeiro, ABNT.
COMITE EURO-INTERNATIONAL DU BETON (1996). RC elements under cyclic loading:
state of the art report. Bulletin D’Information n.230.
ELIGEHAUSEN, R. e POPOV, E. P. e BERTERO, V. V. (1983). Local bond stress-slip
relationships of deformed bars under generalized excitations. Report n. UCB/EERC-83/23.
University of California, Berkeley. 162 p.
GOTO, Y. (1971). Cracks formed in concrete around deformed tension bars. ACI Journal,
April.
OLIVEIRA FILHO, JOSAFÁ de. (2005). Estudo teórico-experimental da influência das
cargas cíclicas na rigidez de vigas de concreto armado. Tese de Doutorado. 218 p. EESC-
USP.
PROJETO DE FUNDAÇÕES – UMA ANÁLISE COMPARATIVA
ESTUDO DE CASO
Camila Lopes
Curso de Engenharia Civil
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
camila_eng@hotmail.com
Adailton Antônio dos Santos
Curso de Engenharia Civil
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
adailton@unesc.net
Alexandre Vargas
Curso de Engenharia Civil
Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC
alexandrevargas@terra.com.br
RESUMO
Para a escolha da opção mais adequada de fundação faz-se necessária uma criteriosa análise
técnica e econômica das alternativas possíveis. O que se observa é uma tendência do mercado
nesta área, em optar por soluções que priorizam economia no empreendimento, em detrimento
de aspectos técnicos. Neste trabalho, são avaliadas diferentes possibilidades de fundação, para
uma obra e perfil geotécnico pré-estabelecidos, objetivando a melhor opção, aliada ao menor
custo e melhor desempenho. Após análise do perfil geotécnico do solo, é determinada a
capacidade de carga para fundação superficial e o seu dimensionamento estrutural. São
dimensionados quatro tipos de fundações profundas mais usuais na região, avaliando-se todas
as variáveis que influenciam diretamente no custo total, e também aspectos técnicos
executivos. Concluiu-se que a execução de sapatas apresentou-se inviável para a obra em
estudo, decorrente de seu elevado custo, quando comparada com as demais opções estudadas,
bem como seu processo executivo mediante as características do solo de fundação. Em
relação às estacas, os resultados mostraram que as do tipo pré-moldadas de concreto
apresentam menor custo, bem como, a solução mais viável tecnicamente, analisando as
características do solo, o entorno e os demais elementos que contribuem na composição do
custo final.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente a atividade nas áreas de projeto e execução de fundações tem-se pautado
fortemente pelo fator econômico, algumas vezes em detrimento do aspecto técnico. Para
estabelecer a solução de fundação mais adequada, deve-se fazer uma criteriosa análise técnica
e econômica das alternativas possíveis, devendo ser ponderadas variáveis tais como as
condições das edificações vizinhas à obra, características geotécnicas do solo, viabilidade
técnica de execução, além da consideração dos elementos que compõem o custo final.
Inicialmente será analisado o perfil geotécnico do solo em estudo, a fim de identificar as
diversas camadas, o nível do lençol freático e a capacidade de carga de cada uma das
camadas, para o posterior dimensionamento dos diferentes tipos de fundações a serem
estudados. Na determinação da tensão admissível do solo serão utilizados métodos teóricos,
de acordo com a norma NBR 6122 (1996), uma vez que não faz parte desse estudo ensaios
laboratoriais. Na seqüência são dimensionadas sapatas rígidas isoladas com carga centrada,
através do modelo bielas e tirantes, segundo a norma NBR 6118 (2003), além da
determinação do recalque imediato para esse tipo de fundação, com base na Teoria da
Elasticidade. A seguir é determinada a capacidade de carga de diferentes tipos de estacas
resultante da interação estaca-solo, pelo Método de Décourt e Quaresma e o de Aoki e
Velloso, com base no perfil geotécnico adotado, comparando com a capacidade nominal das
1
estacas, para posteriormente projetar o número de estacas por pilar e os blocos de coroamento.
De posse dos dados será feito o levantamento dos quantitativos e dos custos, para então
realizar a análise técnica e econômica das soluções.
Foi adotado como valor único para a tensão admissível do solo (σadm.) igual a 1,75 kgf/cm².
Uma vez adotado um valor único para a tensão admissível do solo (σadm.) igual a 1,75 kgf/cm²
ou 175 kN/m², coeficiente de Poisson igual a 0,50, no caso de argila saturada, módulo de
Young igual a 25.000 kN/m², fator de forma da sapata (Is) igual a 0,99, no caso de sapata
quadrada rígida, efetuou-se o cálculo para a previsão dos recalques, cujos resultados obtidos
são resumidos na Tabela 4. Cabe salientar que, os fatores de embutimento (Id) e espessura da
camada compressível (Ih) foram desprezados, tendo em vista a homogeneidade do solo de
fundação.
7.1. Quantitativos de aço e concreto das fundações profundas moldadas “in loco”
8. LEVANTAMENTO DE CUSTOS
Para a análise orçamentária foram considerados os itens listados a seguir, sendo que tais
valores correspondem aos valores médios obtidos mediante um sistema de aquisição de dados,
junto às empresas executoras. Os valores adotados correspondem ao mês de junho de 2008.
• Valor do m³ pronto, considerando-se concreto (fck = 20 MPa), aço, fôrma e desfôrma,
no caso de fundação superficial e blocos de coroamento de estacas. Preço médio do m³
pronto = R$ 1.000,00;
• Valor por m³ de escavação e reaterro = R$ 20,00;
• Valor por metro de execução/ cravação de cada tipo de estaca proposto. Cabe salientar
que os valores compreendem mão-de-obra e locação dos equipamentos, no caso de
estacas moldadas “in loco” e mão-de-obra, locação dos equipamentos, bem como o
valor propriamente dito da estaca enquanto material, no caso de estaca pré-moldada.
Tabela 7: Valor por metro de execução das estacas moldadas “in loco”.
Valor unitário
Tipo de estaca Diâmetro execução/ m
(cm) (R$/m)
32 35
Tipo Strauss 42 50
52 65
35 23
Escavada 40 27
45 29
30 32
Hélice Contínua 35 34
40 36
80,45 m³
Estaca Tipo Strauss
113,84 m³
Sapata
0 20 40 60 80 100 120
Figura 1: Gráfico do volume de concreto total para sapatas e estacas moldadas "in loco".
9.2 Levantamento comparativo dos volumes de concreto dos blocos de coroamento para
cada tipo de estaca
Os blocos de coroamento representam uma parcela significativa no volume de concreto total
quando o tipo de fundação for estaca. Através da Figura 2 é possível analisar esta influência,
bem como comparar os volumes obtidos para os blocos das fundações profundas. Cabe
salientar que não foram incluídos os volumes do lastro de concreto simples neste
levantamento.
18,85 m³
Estaca Hélice Continua
22,36 m³
Estaca Escavada
25,00 m³
Figura 2: Gráfico comparativo dos volumes de concreto dos blocos de coroamento para cada
tipo de estaca.
63,84 m² 61,96 m²
Figura 3: Gráfico comparativo das quantidades de fôrmas necessárias à execução das sapatas
e blocos de coroamento das estacas.
Estaca Hélice
Continua
R$ 24.163,82
Estaca Escavada
R$ 33.639,51
Estaca Tipo Strauss
0,00
5.000,00
10.000,00
15.000,00
20.000,00
25.000,00
30.000,00
35.000,00
40.000,00
45.000,00
Valor (R$)
A Figura 4 mostra que a estaca Hélice Contínua foi a opção que apresentou maior custo.
Seguida das estacas tipo Strauss, Pré-moldada e Escavada. A diferença, quando comparada à
estacas Escavadas, é de R$ 17.059,55, o equivalente a 1,71 vezes o valor. Em relação à estaca
tipo Strauss, a diferença é de R$ 7.583,86 (junho/ 2008). Analisando individualmente os tipos
de estaca propostos, considerando as variáveis citadas no início deste tópico, é possível
perceber que tais variáveis exercem influência direta no custo total, com maior ou menor
intensidade dependendo do tipo de estaca.
Tipos de fundação
Estaca Hélice Continua R$ 60.837,68
R$ 47.391,89
Estaca Escavada
R$ 59.573,77
Estaca Tipo Strauss
R$ 126.212,50
Sapatas
0,00
20.000,00
40.000,00
60.000,00
80.000,00
100.000,00
120.000,00
140.000,00
Valor (R$)
A Figura 5 mostra que a fundação superficial foi a opção que apresentou maior custo em
relação às demais. A diferença entre os valores é significativa, equivalendo a 2,08 vezes o
custo total da opção em estaca de maior valor. Repetindo o comportamento demonstrado pela
estaca Hélice Contínua na Figura 4, a mesma manteve o maior custo em relação aos demais
tipos de fundação em estaca. Quando comparada à estaca tipo Strauss, a diferença entre os
valores é pouco representativa, sendo a primeira 2,08% superior a segunda. Porém, analisando
a disponibilidade dos equipamentos e da mão-de-obra especializada para execução do serviço,
enfatizando a taxa de deslocamento, a opção por estacas do tipo Hélice Contínua seria pouco
atrativa, sendo a estaca Pré-moldada de concreto a opção que resultou em menor custo para
fundação. Analisando os gráficos das Figuras 4 e 5, torna-se evidente a influência do valor
dos blocos de coroamento sobre o custo total da opção adotada para estacas.
10. CONCLUSÃO
Para a análise do tipo de fundação a ser executado todos os seus componentes devem ser
avaliados. Assim, não basta definir o tipo de estaca sem considerar a disponibilidade de
equipamentos e mão-de-obra, taxas de mobilização e blocos de coroamento. Os estudos
realizados comprovaram a significativa influência dos itens citados a cima, no custo total da
fundação por estaca. Características do entorno também devem ser avaliadas de maneira
minuciosa, apontando os empecilhos observados. Tendo em vista o tipo de solo em estudo e o
nível elevado do lençol freático, a opção por fundações profundas moldadas “in loco” requer
cuidados executivos. Através de uma análise global dos resultados, bem como uma avaliação
técnica, pode-se concluir que a opção em estaca Pré-moldada de concreto, apresentou menor
custo e melhor desempenho executivo, mediante as características do terreno e avaliação do
entorno, podendo ser considerada a melhor opção técnica e econômica. Finalmente, conclui-
se que algumas características de uma obra podem impor certo tipo de fundação, porém,
outras obras podem permitir uma variedade de soluções. É imprescindível a realização do
programa de investigação do subsolo, que compreende as investigações preliminares,
investigações de projeto e, quando necessário, investigações durante a fase de execução da
obra, seguida da interpretação de seus resultados para orientação do tipo de fundação a ser
executado. Um bom projeto de fundações deve considerar basicamente três aspectos: análise
técnica, econômica e executiva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 – Projeto de
estruturas de concreto: Procedimentos. Rio de Janeiro, 2003.
______. NBR 6122 – Projeto e execução de fundações: Procedimento. Rio de Janeiro, 1996.
______. NBR 6484 – Execução de sondagem de simples reconhecimento dos solos: Método
de ensaio. Rio de Janeiro, 1980.
______. NBR 8036 – Programação de sondagens de simples reconhecimento dos solos para
fundação de edifícios: Procedimento. Rio de Janeiro, 1983.
ALONSO, Urbano Rodrigues. Previsão e Controle das Fundações. São Paulo: Edgard
Blücher Ltda., 1998. 142 p.
______. Dimensionamento de Fundações Profundas. São Paulo: Edgard Blücher Ltda.,
1989. 169 p.
ARAÚJO, José Milton de. Curso de concreto armado. 2 ed. Rio Grande: Dunas, 2003. v. 4.
231 p.
BUENO, B. S.; LIMA, D. C.; RÖHM, S. A. Fundações Profundas. Universidade Federal de
Viçosa, Viçosa/ MG: Imprensa Universitária da Universidade Federal de Viçosa, 1985. 62 p.
CAPUTO, Homero Pinto. Mecânica dos Solos e suas aplicações: Mecânica das Rochas –
Fundações – Obras de Terra. 6 ed. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos
Editora S.A., 1987. v. 2. 498 p.
GEOFIX Fundações. Hélice Contínua Monitorada. [s.d.]. Disponível em:
<http://www.geofix.com.br/site_final/servicos.htm>. Acesso em 10 de fev. 2008.
GIUGIANI, Eduardo; FIGUERO, Gláucia. Investigações Geotécnicas. Construções III.
et. al. Fundações - Teoria e prática. 2 ed. São Paulo: PINI, 1998. 771 p.
JOPPERT, Ivan Jr.. Fundações e Contenções de edifícios: qualidade total na gestão do
projeto e execução. São Paulo: PINI, 2007. 221 p.
LEAL, Ubiratan. Bases concretas.Téchne. São Paulo, ed. 83, p. 40-41, fev. 2004.
MELHADO, Silvio Burrattino et al. Fundações. Escola Politécnica da Universidade de São
MUNHOZ, Fabiana Stripari. Análise do comportamento de blocos de concreto armado
sobre estacas submetidos à ação de força centrada. São Carlos, 2004. 148 p. Dissertação
(Mestrado) – Departamento de Engenharia da EESC-USP.
NAKAMURA, Juliana. Estacas pré-fabricadas.Téchne. São Paulo, ed. 83, p. 42-45, fev.
2004.
SIMONS, Noel E.; MENZIES, Bruce K. Introdução à Engenharia de Fundações. Rio de
Janeiro: Interferência Ltda., 1981. 199 p.
TSCHEBOTARIOFF, Gregory P. Fundações, Estruturas de arrimo e Obras de terra. São
Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978. 513 p.
VELLOSO, Dirceu A.; LOPES, Francisco R.. Fundações: critérios de projeto -
investigação do subsolo - fundações superficiais. São Paulo: Oficina de Textos, 2004. v.1.
226 p.
UM ESTUDO DE CASO DA APLICAÇÃO DA ANÁLISE BAYESIANA NA
ATUALIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA DO SOLO DURANTE A CRAVAÇÃO DE
ESTACAS
Marcus Pacheco
Departamento de Estruturas e Fundações
Universidade do Estado do Rio de Janeiro, marcus_pacheco@terra.com.br
RESUMO
O presente trabalho apresenta uma aplicação de um procedimento de atualização da
resistência do solo durante a cravação (SRD) baseado em registros documentados durante a
execução do estaqueamento. O procedimento é aplicado a um conjunto de estacas pré-
moldadas de concreto armado de um extenso estaqueamento executado na Zona Oeste do Rio
de Janeiro A atualização é procedida através da aplicação dos conceitos da análise Bayesiana,
assumindo que os parâmetros da distribuição probabilística utilizada são variáveis
randômicas. A incerteza dos parâmetros é modelada por distribuições “a priori” e “a
posteriori”. A distribuição “a posteriori” é calculada pela atualização da distribuição “a
priori”, utilizando uma função de máxima verossimilhança, que contém a observação obtida
dos registros de cravação. Os resultados mostram uma qualidade bastante satisfatória da
atualização da resistência no caso das estacas analisadas, podendo ser muito útil na seleção
das estacas a serem submetidas a provas de carga estática ou dinâmica.
1. INTRODUÇÃO
A previsão da capacidade de carga de estacas envolve uma série de incertezas em razão das
variações espaciais das propriedades do solo, limitações da investigação geotécnica,
simplificações nos modelos de cálculo, efeitos do tempo, dificuldades de se obter com
exatidão os carregamentos atuantes nos elementos de fundação, diferenças nos processos
construtivos, entre outras.
Esta ferramenta estatística é utilizada para atualizar o valor esperado, bem como a variância,
da distribuição probabilística da resistência oferecida pelo solo durante a cravação de estacas
pré-moldadas. A metodologia é ilustrada na Figura 1, tendo sido utilizada por Guttormsen
(1987) em aplicações a fundações offshore.
a priori
verossimilhança
Função Densidade de
Probabilidade a posteriori
σ Q2, L. µ QP + σ Q2, P. µ QL
µQ = (1)
σ Q2, L + σ Q2, P
2
σ Q2, L . σ Q2, P
σ = 2,L
Q (2)
σ Q + σ Q2, P
Nas equações (1) e (2) µ Q é o valor esperado da resistência do solo durante a cravação
atualizada, ou seja, obtida “a posteriori”, enquanto µQP e µQL são, respectivamente, o valor
esperado da resistência prevista originalmente (“a priori”) e aquela obtida a partir dos dados
de cravação no campo (função de verossimilhança). O valor de σ Q2 designa a variância da
distribuição atualizada da resistência do solo durante a cravação (“a posteriori”) e σ Q2, P e σ Q2, L
são, respectivamente, as variâncias da distribuição prevista originalmente, pelos ensaios de
campo, “a priori”, e a partir dos registros de cravação (pela função de verossimilhança).
Com base na variabilidade do valor de NSPT, foram desenvolvidas expressões que determinam
o valor esperado e a variância do atrito lateral unitário e da resistência de ponta unitária, a
cada metro de profundidade.
As expressões que determinam o valor esperado e a variância foram desenvolvidas com base
no emprego de métodos probabilísticos aproximados. A formulação utilizada foi a “FOSM”,
first order second moment, na qual são considerados apenas os dois primeiros momentos
probabilísticos das variáveis aleatórias, ou seja, a média e o desvio padrão, admitindo-se uma
distribuição normal para as variáveis.
A Tabela 1 resume os resultados obtidos para a estimativa “a priori” de algumas estacas do
Setor N do embasamento da obra.
Cabe destacar que os maiores coeficientes de variação ocorreram nas estacas com maior
percentual de carga previsto na ponta (71% para a P 137B), enquanto os menores coeficientes
de variação ocorreram nas estacas com maior percentual de carga previsto por atrito (77% de
atrito e 23% de ponta para a P 109D).
A Tabela 2 ilustra, para cada uma das estacas analisadas, a porcentagem de carga na ponta e
os respectivos coeficientes de variação em relação às cargas de ponta e atrito. Para facilitar a
comparação, as estacas foram listadas sequencialmente, da maior para a menor parcela de
carga prevista “a priori” na ponta.
A Tabela 2 ilustra que o coeficiente de variação da carga prevista “a priori” por atrito foi
bastante uniforme, variando na faixa de 0,13 a 0,30, com média de 0,19. Por outro lado, em
relação à carga prevista pela ponta, pode-se observar que a variabilidade foi muito maior. O
coeficiente de variação da carga prevista pela ponta se situa numa faixa ampla, no intervalo de
0,48 a 1,11, com um valor médio igual a 0,74.
3. FUNÇÃO DE VEROSSIMILHANÇA
Guttormsen (1987) procedeu sua análise paramétrica em estacas offshore e verificou que a
eficiência do martelo é uma das fontes de maior incerteza nas previsões de cravabilidade.
Segundo aquele autor, os fabricantes dos martelos geralmente apresentam limites superiores
de eficiência, admitindo que tudo esteja funcionando perfeitamente. Contudo, durante as
cravações offshore, as eficiências podem se situar em patamares significativamente inferiores
aos especificados, face às deficiências na manutenção dos martelos. Se este é o caso das
estacas offshore, nas estacas em terra, objeto do presente estudo, patamares ainda menores de
eficiência podem ser esperados. Guttormsen (1987) sugere que os estudos de cravabilidade de
estacas offshore sejam procedidos com uma faixa de incerteza na eficiência de cerca de 10%.
Neste trabalho, que apresenta resultados preliminares da aplicação do teorema de Bayes à
atualização da resistência mobilizada pelo solo durante a cravação de estacas de diâmetros
bem inferiores, com emprego de martelos a queda livre, utilizou-se o seguinte procedimento
para a definição da eficiência: a eficiência média foi fixada em 60%, associada a uma faixa de
variação de 50 a 70%.
As variâncias devidas à incerteza dos demais parâmetros foram incorporadas a uma variância
única, obtida a partir de um coeficiente de variação, denominado por Ω, baseado na
experiência do projetista.
Guttormsen (1987) sugere, assim, que a variância total da estimativa através do estudo pela
equação da onda através do programa GRLWEAP (2005), σ T , seja obtida pela equação (3)
abaixo:
σ T2 = σ H2 + σ L2 (3)
nº de golpes/penetração
Figura 2: Resistência mobilizada durante a cravação versus número de golpes por penetração.
iii) Executando-se o programa para o limite inferior da faixa de incerteza da eficiência e para
o limite superior da mesma faixa, obtêm-se duas outras curvas de cravabilidade, que
delimitam uma região onde devem se situar as curvas correspondentes à faixa de incerteza
selecionada para a eficiência do martelo.
iv) Entrando-se no eixo das ordenadas com a resistência dinâmica esperada obtida em ii), nas
curvas de cravabilidade correspondentes aos limites superiores e inferiores de eficiência,
obtem-se o limite inferior, n1 , e superior, n2 , do número de golpes por penetração,
exemplificado na Figura 3.
SRD
>eficiência
<eficiência
η1 η2
nº de golpes/penetração
Figura 3: Obtenção dos limites (inferior e superior) do número de golpes por penetração
correspondentes ao valor esperado da resistência mobilizada durante a cravação.
A variância σ H2 em relação ao número de golpes é estimada, então, pela equação (4)
(Guttormsen, 1987):
2
n1 − n2
σ H2 = (4)
2
A parcela σ L2 da variância devida às demais incertezas pode ser calculada, ainda segundo o
mesmo autor, como:
σ L2 = ( Ω µ N ) 2 (5)
A Tabela 3 resume os resultados obtidos para a estimativa dos valores de resistência do solo
durante a cravação obtidos da função de verossimilhança para algumas estacas analisadas.
As equações (1) e (2) indicadas anteriormente permitem que se combine as duas fontes de
informação obtidas nas Tabelas 1 e 3, ou seja, a distribuição “a priori” da resistência do solo
mobilizada durante a cravação, e a distribuição da função de verossimilhança, de forma a se
obter uma previsão “a posteriori”, ou seja, atualizada, da resistência oferecida pelo solo
durante a cravação.
Cabe observar que a resistência do solo durante a cravação obtida “a posteriori” está sempre
compreendida entre os valores “a priori” e os correspondentes à função de verossimilhança, se
aproximando mais do valor que apresente a menor variância.
µ QL − µ QP
D= (6)
(σ Q2, L + σ Q2, P )
(i) um valor de D igual a zero indica que a estimativa “a priori” e a obtida da função de
verossimilhança são iguais. A atualização, neste caso, somente influenciará (reduzirá) a
estimativa “a posteriori” da variância.
(ii) um pequeno valor de D (menor que ± 1,5) indica uma atualização satisfatória da
resistência oferecida durante a cravação.
(iii) um valor positivo de D indica que a estimativa “a posteriori” será superior àquela obtida
“a priori”.
(iv) um valor negativo de D indica que a estimativa “a posteriori” será inferior àquela obtida
“a priori”.
A Tabela 5 mostra que, para todas as estacas analisadas, exceto a estaca P-190D, a qualidade
da atualização foi satisfatória. No caso da estaca P 190D, o valor elevado do indicador de
falha, superior a 1,5, sugere que a estimativa “a priori” e a função de verossimilhança
apresentam estimativas contraditórias.
A razão desta discrepância, segundo reporta Guttormsen (1987) nas análises que o autor
realizou em uma série de estacas offshore, deve ser investigada em termos do perfil de solo
representativo, parâmetros utilizados no programa GRLWEAP (2005) e incertezas no método
de previsão da resistência “a priori”.
6. CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
Ang, A. H. S. E Tang, W, H. (1984). Probability Concepts in Engineering Planning and Design. John Wiley
&Sons, Inc.
American Petroleum Institute (API) (1989). Recommended practice for planning, designing and constructing
fixed offshore platforms. API RP2A, 18th ed., Dallas, Texas, USA.
Avelino, J. D. (2006). Análise de Desempenho de Estacas de Fundação em um Terreno com Presença de Solos
Moles. Tese de MSc, COPPE/ UFRJ.
Cabral, E. V. (2008). Contribuição à Confiabilidade de Estacas Cravadas através de um Estudo de Caso com a
Aplicação da Teoria Bayesiana. Tese de MSc, UERJ.
Cabral, E. V., Danziger, B. R e Pacheco, M. P. (2008). Uma Aplicação da Análise Bayesiana na Atualização da
Resistência do Solo durante a Cravação. Anais do XIV Cobramseg (CD ROM), Búzios, Rio de Janeiro.
Decourt, L. e Quaresma,A. R. (1978). Capacidade de carga de estacas a partir de valores de SPT. Anais do 6o
COBRAMSEF, Rio de Janeiro, vol.1, p. 45-53.
De Ruiter, J., e Beringen, F. L. (1979). Pile Foundations for Large North Sea Steructures. Marine
Geotechnology, Vol.3, No 3, p. 267-314.
GRLWEAP (2005). Wave equation analysis of pile driving, Manual from the 2005 Version.
Guttormsen, T. R. (1987). Uncertainty in Offshore Geotechnical Engineering. Application of Bayesian Theory to
Pile Driving Predictions. Research Report Societe Nationale Elf Aquitaine. NGI Report 85307-9.
Lacasse, S., Tan, A. H. And Keaveny, J. M. (1991) Expert assistant for updating axial pile capacity from pile
drivng observations. Proc. Field Measurements in Geotechnics. Sorum, Balkema.
Lacasse, S., Goulois, A. (1989) Reliability analysis of axial pile capacity. Proc. XII International Conference on
SMFE, Rio de Janeiro, pp. 845-848.
Lacasse, S. E Nadim, F. (1994). Reliability issues and future challenges in geotechnical engineering for offshore
structures. NGI Publication,No 191, p. 1-30.
Semple, R. M. e Gemeinhardt, J. P. (1981). Stress history approach to analysis of soil resistance to pile drivig.
Proc. 13rdOTC, Houston, Texas, Vol.1, p.165-172.
Stevens, R., Wiltsie, A. e Turton, T. H. (1982). Evaluating pile drivability for hard clay, very dense sand and
rock. Proc. 14thOTC, Houston, Texas, Vol.1, p.465-481.
Toolan, F. E. e Fox, D. A. (1977). Geotechnical planning for pile foundation for offshore platforms. Proc.ICE,
Part 1, Vol.1, pp. 221-243, Londres.
Uma Nova Visão Metodológica do Ensino de Desenho Técnico na Engenharia Civil
Resumo
O novo significado da formação profissional do Engenheiro Civil, passando a ser entendido através da
construção do conhecimento solidificado de forma dialética e, ainda proporcionando aos acadêmicos
experiências que os levem a refletir sobre a área de aplicação profissional. Nossas reflexões estão no âmbito do
que concerne ao ensino do Desenho Técnico, nos levando a desenvolver uma metodologia que destaque a
importância de resgatar o ensino desta disciplina, como um instrumento facilitador na construção do
conhecimento, firmando-se através da utilização de recursos que geram possibilidades de novos caminhos para a
aprendizagem, diferente da didática tradicional, facilitando o aprendizado da disciplina no curso de Engenharia
Civil. Isto posto, estaremos reestruturando o ensino do Desenho Técnico, criando uma nova perspectiva na
formação dos futuros profissionais na área. Sintonizados com nova visão de mundo, expressa em um novo
paradigma de sociedade e formação profissional, garantindo ao acadêmico uma formação global e crítica como
sujeito de transformação da realidade, capacitando-o para o exercício da cidadania, como resposta para os
grandes problemas contemporâneos.
1. Introdução
A importância de resgatar o ensino do Desenho Técnico, como um instrumento
facilitador na construção do conhecimento, firmou-se através da compreensão da necessidade
de (re) introduzir no processo ensino-aprendizagem o princípio de que toda a morfogênese do
conhecimento tem algo a ver com a experiência criativa e compartilhada. Um trabalho
possível de construção coletiva, de conhecimentos e atitudes, delineou-se de modo desafiador,
levando-nos à criação de uma metodologia que propiciasse o desenvolvimento de trabalhos
em que a teoria e a prática caminhassem juntas e não somente se limitassem a problemas
resolvidos em sala de aula. Adotou-se uma tomada de posição no que concerne à metodologia
do ensino, diferente da didática tradicional do método único, utilizando o ensino do desenho
como um instrumento facilitador do aprendizado, criando possibilidades reais inseridas nos
contextos individuais de cada um dos educandos.
A metodologia trabalhada propôs a utilização de recursos que geram possibilidades de
novos caminhos para a aprendizagem, reestruturando o ensino do Desenho Técnico através da
construção do conhecimento solidificado de forma dialética. Assim, surge um novo
significado para a formação profissional do futuro Engenheiro Civil.
Pretendeu-se com este trabalho proporcionar ao acadêmico experiências que o levasse
a refletir sobre sua área profissional, principalmente no que concerne ao ensino do Desenho
Técnico e suas diversas aplicações, tanto no campo profissional como durante a formação
acadêmica da Engenharia Civil. Propomos atividades que ajudam o professor a abordar
assuntos da disciplina de Desenho Técnico com temas e elementos relacionados à realidade
dos acadêmicos de Engenharia Civil, além de sugerir projeto a ser aplicado durante o decorrer
da disciplina.
2. Revisão Bibliográfica
Dentre os diversos problemas enfrentados pelas universidades no que se refere à
formação acadêmica e profissional, um dos principais é a fragmentação curricular. As
disciplinas básicas são desvinculadas das profissionalizantes, pois são ofertadas por
departamentos que pertencerem a outros setores com visões distintas da formação em
Engenharia Civil. Este fator, segundo Luz (2004), gera uma descontinuidade do aprendizado,
tornando os conteúdos ministrados vazios, sem aplicação na prática profissional e sem
nenhuma ligação com as disciplinas profissionalizantes.
A autora acima continua afirmando que a descontinuidade leva ao desinteresse, ao
desestímulo por parte dos acadêmicos que passam pelo curso sem saber para que servem as
disciplinas básicas e onde deveriam aplicá-las. Isto causa sérios problemas na vida acadêmica
dos estudantes, como se comprova nas seguintes considerações de coordenação de curso:
3. O Desenho Técnico
O Desenho Técnico é considerado expressão gráfica coordenada, não permite tanta
variedade na representação de qualquer objeto, deve ser apresentado sempre da mesma
maneira, seja por um único desenhista, ou por vários. Por ser uma linguagem gráfica, onde
objetos tridimensionais são representados no plano, exige-se o treinamento de quem vai
interpretá-los.
O desenho representado na figura 01, para leigos nessa modalidade de linguagem,
representa apenas três losangos. No entanto, para quem conhece a linguagem gráfica do
Desenho Técnico, a figura representa um hexaedro (cubo) em perspectiva isométrica. Assim,
para se interpretar um desenho técnico é necessário mais que saber as normas desta linguagem
de comunicação é necessário também desenvolver a visão espacial, permitindo o
entendimento de formas espaciais sem estar vendo fisicamente os objetos.
Conforme ZACHARIAS (2003) uma das Sete inteligências da Teoria das Inteligências
Múltiplas de Gardner é a inteligência visual-espacial. Esta inteligência é a habilidade para
visualizar objetos e dimensões, de formar modelos mentais e utilizá-lo para orientar e
organizar elementos visuais de forma harmônica e estabelecendo relações estéticas entre eles.
Alguns indivíduos conseguem desenvolver esta inteligência mais facilmente, conseguindo
visualizar com maior habilidade representações bidimensionais de figuras espaciais. "A
habilidade de percepção das formas espaciais a partir das figuras planas pode ser desenvolvida
a partir de exercícios progressivos e sistematizados". (RIBEIRO, PERES e IZIDORO, 2003)
4. O Desenho e o Engenheiro
Um dos instrumentos para a comunicação do Engenheiro é o desenho, e se
fundamentado nas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) fará que
seus projetos sejam compreendidos por aqueles que deverão aprová-los, construí-los, operá-
los ou mantê-los. O mais importante para um engenheiro não é saber desenhar com total
precisão, mais sim visualizar todo o sistema e conseguir ser claro na explanação de suas idéias
através, ao menos, de esboços. (GÓES, 2003)
5.2. Escala
Ao perguntar aos acadêmicos “O que é escala? O que conhecem sobre escala?” Muitos
não terão resposta. Mas ao pedir a estes que ampliem ou reduzam um desenho, com certeza os
acadêmicos executarão o solicitado.
Todos sabem o que significa escala, pois nas primeiras séries (ou ciclos) do Ensino
Fundamental, atividades como reduzir e ampliar desenho são desenvolvidas. E por que não
resgatar estas atividades para a aula no ensino superior? O professor poderá levar aos seus
acadêmicos, um desenho como a figura 04 e solicitar que o reduzam e o ampliem.
5.5. Cotagem
Um dos elementos fundamentais para a execução de um projeto é a cotagem. Mesmo
que o desenho não seja perfeito, mas a cotagem for elaborada corretamente, será possível
executar o projeto.
a) b) c)
d) e) f) g)
Figura 05: Elementos e objetos relacionados à Engenharia Civil – (a) vista superior de muro, (b) corte de tubo
de drenagem, (c) vista frontal de rampa de acesso com escada, (d) planta baixa de ambiente, (e) janela com arco
de circunferência, (f) coluna circular, (g) vista superior de telhado com chaminés circulares.
As normas para cotagem estão disponíveis em vários livros sobre desenho técnico,
além da própria norma da ABNT. Assim sugerimos elementos e objetos relacionados à
Engenharia Civil em forma de exercícios de cotagem.
g) h) i) j) l)
Figura 07 – Sólidos relacionados à Engenharia Civil - (a) parede com pilastra de concreto, (b) base com pilastra
e parede, (c) parede com pilar chanfrado, (d) coluna circular com base octogonal, (e) telhado tipo tenda, (f)
telhado com tacaniça, (g) muro, (h) base de parede com pilastra de canto, (i) muro com ressalto de pilastra, (j)
escada com patamar, (l) parede com fundação.
Os sólidos utilizados para exercícios sobre vistas ortográficas poderão ser utilizados
nos exercícios de fixação dos métodos de execução de perspectivas isométrica, cavaleira e
cônica.
5.9. Cortes
O corte mais utilizado na Engenharia Civil é o corte aplicado a projetos arquitetônicos,
como mostra a figura 09. Sugere-se que o professor traga a sala de aula uma maquete que
reproduza a figura.
6. Considerações Finais
Para mudar um cenário de crescentes desigualdades, procuramos, desvendar a
decantada “funcionalidade” da realidade universitária, optando por desenvolver uma
metodologia de cunho dialético, procurando desvendar o singular conjunto de contradições
que caracterizam a sociedade e a prática universitária, com o objetivo de resgatar a
importância do ensino do Desenho Técnico como instrumento facilitador da aprendizagem
dos conteúdos das disciplinas curriculares do Curso de Engenharia Civil.
Com o desenrolar desta metodologia, suas aplicações e análise dos seus resultados,
percebemos e utilizamos aqui as afirmações de Luz (2004) de que hoje a melhoria da
qualidade do ensino superior e, conseqüentemente, da melhoria da prática de ensino envolve
muito mais questões como: formação continuada de professores, profissionalidade e novos
paradigmas, relação universidade e processo produtivo, transformação social, dentre outras.
Todas elas, intimamente ligadas, formando uma teia de inter-relações que não podem ser
analisadas separadamente. Portanto, os resultados deste trabalho não advêm somente da
aplicação da metodologia em sala de aula, mas também, de uma mudança de postura e atitude,
no que concerne à educação, fruto desse conjunto de vivências e experiências construídas da
prática diária.
Ao fazermos uma retrospectiva deste estudo no seu âmbito geral, percebemos que
cada etapa apresentada foi, em si mesma, conclusiva e aos poucos definindo e mostrando os
resultados esperados. Buscamos mostrar sugestões, com exemplos de atividades simples, para
o ensino do Desenho Técnico de forma que os acadêmicos absorvam o conhecimento mais
facilmente, uma vez que os temas abordados estão relacionando a teoria com a prática através
de sugestões para trabalhos com materiais manipuláveis.
Referências Bibliográficas
BERNSTEIN, B. Estrutura do conhecimento educacional. In: DOMINGOS, A. M. et al. A
teoria de Bernstein em sociologia da educação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1986.
GÓES, A. R. T. Desenho Técnico – Engenharia Civil – “Uma proposta metodológica”.
Curitiba, 2003. Monografia (Especialização em Desenho Aplicado ao Ensino da Expressão
Gráfica) – Setor de Ciências Exatas, Universidade Federal do Paraná.
LUZ, A. A. B. S. A (re) significação da geometria descritiva na formação profissional do
engenheiro agrônomo. Curitiba, 2004. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade
Federal do Paraná.
NEIZEL, E. Desenho técnico para a construção civil. Tradução de: Marion Luiza
Schmieske. São Paulo: EPU-EDUSP, 1974. Original alemão. v.1.
RIBEIRO, A. C.; PERES, M. P; IZIDORO, N. Teoria do desenho projetivo utilizado pelo
desenho técnico. Disponível em: <www.debas.faenquil.br/~clelio/pdf/capitulo2.pdf>
Acessado em 16 de mar. 2003.
SCHEER, S. Entrevista concedida pelo Professor Doutor Sérgio Scheer - UFPR.
Curitiba, 05 de out. 2003.
SILVA, S. F. A linguagem do desenho técnico. Rio de Janeiro: LTC, 19__.
UFPR. Setor de Ciências Agrárias. Projeto de implantação do núcleo de orientação
acadêmica. Curitiba, 1999.
ZACHARIAS, V. L. C. F. Gardner e a inteligência. Disponível em:
<http://www.centrorefeducacional.pro.br/gardner.htm> Acessado em 20 de nov. 2003.