Aspidosperma Polinerum
Aspidosperma Polinerum
Aspidosperma Polinerum
Taxonomia e Nomenclatura
Diviso: Magnoliophyta
(Angiospermae)
Ordem: Gentianales
Famlia: Apocynaceae
Colombo, PR
Sinonmia botnica: Aspidosperma
Dezembro, 2004
dugandii Standl.; Aspidosperma
peroba Saldanha da Gama;
Aspidosperma venosum Muell. Arg.
Autores
Paulo Ernani Ramalho Nomes vulgares no Brasil: amargoso, guatambu-amarelo, pau-caboclo e peroba-verdadeira,
de Carvalho, na Bahia; pereiro e peroba-comum, em Minas Gerais; peroba, em Minas Gerais, no Paran e
Engenheiro Florestal, no Estado de So Paulo; peroba-au, peroba-mirim e perobeira, no Estado de So Paulo;
Doutor, Pesquisador
peroba-amarela, na Bahia e no Estado de So Paulo; peroba-amargosa; peroba-branca;
da Embrapa Florestas.
ernani@cnpf.embrapa.br peroba-mida; peroba-osso, no Esprito Santo; peroba-paulista; peroba-rajada; peroba-de-
so-paulo; peroba-do-rio; perobinha; perova, no Paran e no Estado de So Paulo; e sobro,
no Esprito Santo e no Estado do Rio de Janeiro.
Etimologia: Aspidosperma descreve a morfologia da semente, que se acha rodeada por larga
asa circular. O termo formado pela aglutinao de aspis (escudo) e sperma (semente)
(Marquiori, 1995); polyneuron significa muitas nervuras.
O nome peroba-rosa vem da colorao rosada nos primeiros tempos aps o beneficiamento.
Descrio
Ramificao: cimosa, ramifica-se somente na parte superior Na Regio de Bauru, SP, foram observados frutos durante
do tronco. Copa alta, corimbiforme, densa, com rmulos quase todo o ano (Koch & Kinoshita, 1999).
trifurcados caractersticos, o que facilita sua identificao
no meio das demais rvores, mesmo a longa distncia. Contudo, no Estado de So Paulo comum haver anos
sem frutificao, sendo produzidas grande quantidade de
Casca: grossa, com espessura de at 50 mm. A casca sementes apenas a cada 2 a 4 anos (Kageyama et al., 1991).
externa cinzenta a castanho-griscea, spera,
profundamente fissurada longitudinalmente. No Paraguai, a florao e a frutificao dessa espcie
acontecem a cada 2 a 3 anos (Brack & Weik, 1993). O
A casca interna, ao ser raspada, apresenta um rseo muito processo reprodutivo inicia por volta de 20 a 30 anos de
intenso por dentro e a parte viva amarelada, da qual idade (Durigan et al., 1997).
resultam dois estratos ntidos compondo a casca.
Disperso de frutos e sementes: anemocrica, pelo vento.
Folhas: simples, alternas, variveis quanto forma,
oblongas a obovado-elpticas, algumas vezes lustrosas na
face superior, com pice arredondado e margem inteira, Ocorrncia Natural
com at 8 cm de comprimento e 3 cm de largura;
firmemente membranceas ou subcoriceas, as nervuras Latitude: 10 N na Venezuela a 2550 S no Brasil, no
secundrias muito apertadas e paralelas. Paran. No Brasil, o limite Norte da peroba-rosa
possivelmente d-se a 9 S em Mato Grosso e pelo Leste a
Flores: tubulares branco-amareladas a creme, numerosas, 1130 S na Chapada Diamantina, BA. Rambo (1980)
pequenas, em curtas panculas terminais de 1 a 4 cm de menciona como limite Sul para a peroba-rosa, o extremo
comprimento, difceis de serem vistas na floresta. noroeste do Rio Grande do Sul, na Mata do Rio Uruguai.
Fruto: folculo deiscente, elipside, sssil, geralmente Variao altitudinal: de 25 m, no litoral do Rio de Janeiro
achatado (s vezes atenuado na base), semilenhoso, com (Nascimento et al., 1996), e 1.300 m de altitude, em
2,5 a 6 cm de comprimento por 1 a 2 cm de largura, com Minas Gerais (Pedralli et al., 1997).
uma crista mais ou menos proeminente, de colorao
pardo-escura, densamente coberto de lenticelas bem Distribuio geogrfica: Aspidosperma polyneuron ocorre
visveis, com 2 a 5 sementes por fruto. de forma natural no extremo nordeste da Argentina
(Martinez-Crovetto, 1963), no norte da Colmbia, no
Semente: elptica, com 2 a 4 cm de comprimento por 8 a norte e no leste do Paraguai (Lopez et al., 1987), no Peru,
10 mm de largura, provida de ncleo seminfero basal, do no noroeste e no norte da Venezuela (Finol Urdaneta &
qual parte uma asa membrancea, parda. Melchior, 1970).
As sementes so albuminosas e apresentam alta taxa de No Brasil, essa espcie ocorre nos seguintes Estados
poliembrionia em sementes mais jovens (Souza & (Mapa 1):
Moscheta, 1987).
Bahia (Luetzelburg, 1922/1923; Soares & Ascoly, No estrato superior, os indivduos apresentam-se com
1970; Mello, 1973; Pinto et al., 1990). distribuio aleatria, enquanto nos estratos inferiores
ocorrem agregados (Durigan et al., 1996). No ocorre em
Esprito Santo (Magnanini & Mattos Filho, 1956; pastos ou em terrenos abertos. rvore longeva, podendo
Thomaz et al., 2000). ultrapassar 1.200 anos de idade.
Temperatura mdia do ms mais frio: 13,5C (Ponta 1994) e perdem a viabilidade em 6 meses, em condies
Grossa e Telmaco Borba, ambas no Paran) a 22C de ambiente no controlado. Contudo, elas mantm a
(Cuiab, MT). viabilidade por at 8 anos, se armazenadas em cmara fria
a 5C (Durigan et al., 1997).
Temperatura mdia do ms mais quente: 21,4C (Ponta
Grossa, PR) a 27,4C (Cuiab, MT). Germinao em laboratrio: as melhores temperaturas para
germinao das sementes so 20C em papel mata-borro
Temperatura mnima absoluta: -6C (Ponta Grossa, PR). verde ou vermiculita n 3, e papel mata-borro verde ou
branco a 25C (Ramos & Bianchetti, 1984).
Nmero de geadas por ano: mdio de 0 a 9; mximo
absoluto de 22 geadas, no Paran.
Produo de Mudas
Tipos climticos (Koeppen): tropical (Am e Aw);
subtropical mido (Cfa), no norte e no noroeste do Paran; Semeadura: recomenda-se semear em recipientes, sacos de
temperado mido (Cfb), menos freqente, no centro-sul do polietileno com dimenses mnimas de 20 cm de altura e 7
Paran e subtropical de altitude (Cwa e Cwb). cm de dimetro, ou em tubetes de polipropileno grande.
Quando necessria, a repicagem pode ser efetuada 4 a 6
semanas aps a germinao.
Solos
Germinao: epgea, com incio entre 14 a 60 dias aps a
A peroba-rosa atinge grande porte em Latossolo Vermelho semeadura. O poder germinativo varia entre 35% a 70%.
distrofrrico (Latossolos frteis) e em Nitossolo Vermelho A formao da muda muito lenta, mnimo de 9 meses
eutrofrrico (Terra Roxa estruturada), provenientes da aps a semeadura.
decomposio do basalto e do diabsio.
Cuidados especiais: na fase de produo de mudas,
Nos solos mais fracos, como os de origem arentica e nos aconselhvel aplicar fertilizantes, bem como fazer o
espiges mais secos, ela atinge porte menor. Ocorre em sombreamento dos canteiros.
solos bem drenados e de textura areno-argilosa a argilosa.
Propagao vegetativa: Ribas et al. (1998) estabeleceram
um protocolo regenerativo baseado na embriognese
Sementes somtica para a peroba-rosa, e Carvalho et al. (1999)
conduziram trabalhos para micropropagar e induzir calos
Colheita e beneficiamento: os frutos da peroba-rosa
em explantes dessa espcie.
dispersam suas sementes quase imediatamente aps a
modificao da colorao do verde para o marrom-escuro e
devem ser coletados antes da disperso, para evitar a
perda de sementes.
Caractersticas Silviculturais
Nmero de sementes por quilo: 3.600 a 14.000 (Lorenzi, Hbito: seu crescimento em altura d-se sempre atravs de
1992). trs brotos, sendo que dois so suprimidos e apenas um
deles prevalece; este emite tambm trs brotos, e at nas
Tratamento para superao da dormncia: no apresenta plantas adultas os galhos terminam em trs pequenos
dormncia. ramos.
largos (3 m x 3 m), necessita de desrama artificial, j que Vale salientar que nesses plantios as plantas de peroba-
apresenta bifurcaes prximas ao solo. rosa, circundadas pelas plantas dessas espcies,
apresentam maior crescimento em relao aos plantios
Mtodos de regenerao: a peroba-rosa inadequada para homogneos de peroba.
plantio puro a pleno sol, mesmo em solo de boa fertilidade
qumica, chegando em alguns plantios a apresentar 100% Em funo de sua exigncia ecolgica, essa espcie parece
de mortalidade (Tabela 79). Recomenda-se plantio misto, necessitar de uma espcie estimuladora como vizinha para
associado com espcies pioneiras. ter seu crescimento e tronco favorecidos (Kageyama &
Castro, 1989).
H resultados bem-sucedidos de plantio de peroba-rosa
com grevlea (Grevillea robusta), de peroba-rosa com Ela tambm pode ser estabelecida em vegetao matricial
calabura (Muntigia calabura) ambos no Estado de So arbrea em capoeira, capoeiro ou em floresta secundria,
Paulo (Gurgel Filho et al., 1982b; Mora et al., 1980) e com a abertura de faixas e plantio em linhas. No brota
com outras pioneiras. dos tocos, aps o corte.
Crescimento e Produo
Devido gr reversa, a madeira de peroba-rosa tende
a rachar ao ser pregada. Para evitar isso, os carpin-
O crescimento inicial da peroba-rosa muito lento, mas a
teiros empregam artifcios tais como amassar a ponta
produo volumtrica, a partir de 12 anos, j enquadra a
do prego antes de pregar; outro artifcio usado pelos
espcie como de crescimento moderado (Tabela 79),
carpinteiros furar no local, com broca mais fina, at
chegando a atingir 5,90 m3.ha-1.ano-1. Em condies
2/3 da espessura da pea, e s depois bater o prego.
ideais, o incremento mdio anual em altura, nas primeiras
2 dcadas, de aproximadamente 50 cm (Kageyama et
al., 1991).
Produtos e Utilizaes
Constituintes qumicos: na casca e no lenho, foram BRACK, W.; WEIK, J. Bosque nativo del Paraguay:
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Saponinas: apresenta maior quantidade no lenho e menor florstica. Daphne, Belo Horizonte, v.5, n.2, p.5-16,
quantidade na casca (Sakita & Vallilo, 1990). 1995.
Medicinal: na medicina popular, a casca (amarga e BRANDO, M.; GAVILANES, M.L. Elementos arbreos
adstringente) usada em chs para combater a febre ocorrentes no domnio da Caatinga, no Estado de Minas
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Circular Exemplares desta edio podem ser adquiridos na: Comit de Presidente: Luciano Javier Montoya Vilcahuaman
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