Império Do Café - A Grande Lavoura No Brasil 1850-189
Império Do Café - A Grande Lavoura No Brasil 1850-189
Império Do Café - A Grande Lavoura No Brasil 1850-189
US'
IMPÉRIO DO CAFÉ
A Grande Lavoura
no Brasil
1850 a 1890
Ana Luiza Martins
7ª. EDIÇÃO
1999
SUMÁRIO
Parte I
O café: origens, roteiros, boatos.
Parte II
Percorrendo os documentos___________21
1. Como tudo começou?--------------- 23
2. Do açúcar ao café-------------------- 28
3. Do trabalho escravo ao trabalho livre 59
4. Do rural ao urbano------------------- 73
5. Da Monarquia à República-------- 87
Apêndice
Vocabulário_____90
Cronologia_________ 92
Para saber mais_______________________93
Bibliografia___________________________95
PARTE I
O café: origens, roteiros, boatos.
A Coqueluche da Europa
Um presente clandestino
Um Esclarecimento Importante
As Condições Favoráveis
A Onda Verde
Ainda ao final do século XVIII, sementes e mais tar-
de mudas de café começaram a ser plantadas
intensamente na cidade do Rio de Janeiro. Além da
famosa plantação dos padres capuchinhos
(conhecidos então por barbudinhos), há
referências ao cafezal do holandês João Hoppman
na Estrada de Mata Porcos, do belga Molke na
Tijuca, do russo Langsdorff na Fazenda Mandioca e
do Dr. Lessesne, antigo lavrador de São Domingos,
que plantou 60.000 pés de café em sua fazenda de
Jacarepaguá, funcionando como fornecedor de
mudas e orientador do cultivo da rubiácea1.
A cidade do Rio de Janeiro transformou-se em
imenso cafezal, que cobria os morros da Gávea,
Corcovado, Tijuca e região de Jacarepaguá. Daí,
seu cultivo tomou novos rumos.
Expandiu-se inicialmente pela baixada fluminense
e pelo vale do Paraíba fluminense, tendo como
grandes produtores os municípios de Vassouras,
Valença, Barra Mansa e Resende. Chegou a entrar
em Minas Gerais, na Zona da Mata entre 1791 e
1798.
Por volta de 1790 avançou pelo vale do Paraíba
paulista, inicialmente na cidade de Areias e a
seguir em Bananal, São José do Barreiro e
Silveiras. No centro-oeste paulista havia
plantações de café em Campinas desde 1830, que
se estenderam para Limeira, Rio Claro, São Carlos,
atingindo o ponto extremo, quase desabitado, dos
campos de Araraquara. Em 1890 alcançavam
Ribeirão Preto, no nordeste paulista.
E, para concluir...
Dos idos de 1776, quando se começou a plantar
café no Rio de Janeiro, até 1889, quando se
proclamou a República, observam-se na trajetória
da cultura cafeeira mudanças decisivas no
processo histórico brasileiro. Basta lembrar que
nesse período (em que passamos de colônia a país
independente), e com mais precisão de 1850 a
1890, substituiu-se o trabalho escravo pelo
trabalho livre, buscou-se a cidade em detrimento
do campo, passou-se da Monarquia para a
República.
Importa reter, porém, que essas mudanças
decorreram da transformação do capital produzido
pelo café. Em outras palavras: o capital agrícola,
de início gerado pela lavoura cafeeira,
transformou-se pela sua mercantilização em
capital comercial, que mais tarde investido em
indústrias e no mercado de ações produziu o
capital industrial e financeiro. Por trás de tudo
isso, o mundialmente famoso "cafezinho
brasileiro".
Vamos conferir ao longo do tempo essas
informações.
PARTE II
Percorrendo os documentos
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
Do açúcar ao café
"O lavrador entre nós é um nômade, que hoje cria
e destrói aqui, para amanhã criar e destruir acolá."
(Domiciano Leite Ribeiro, ministro da Agricultura
do Império, em 1864.)
As resistências
Embora o café fosse planta bonita, que enfeitava
os jardins, com florada branca e perfumada, de
sementes vermelhas, produzindo uma bebida
saborosa e estimulante, não foi fácil sua aceitação
pelos lavradores da época.
A resistência à nova cultura foi descrita no
primeiro romance brasileiro sobre o café, O
capitão Silvestre e frei Veloso na plantação de
café no Rio de Janeiro. Seu autor, o advogado Luís
da Silva Alves D'Azambuja Susano (1785-1873),
vivenciou todo o processo de introdução, resistên-
cia, plantio, desenvolvimento e apogeu do café no
Rio de Janeiro. Segue seu relato sobre a tentativa
do vice-rei Marquês de Lavradio, em 1774, para
introduzir a cultura cafeeira, e a indisposição dos
fazendeiros em atendê-lo:
As vantagens
Os cenários da expansão
No Rio de Janeiro
Já na virada do século XVIII para o XIX, a cidade do
Rio de Janeiro era recoberta de cafezais, conforme
se observa na ilustração a seguir:
A onda verde
A quem viaja pelos sertões do noroeste paulista
empolga o espetáculo maravilhoso da preamar do
café. A onda verde nasceu humilde em terras
fluminenses. Tomou vulto, desbordou para São
Paulo e, fraldejando a Mantiqueira, veio morrer,
detida pela frialdade do clima, à orílha da
Paulicéia.
Mas não parou. Transpôs o baixadão geento e foi
espraiar-se em Campinas.
Aí começa mestre Café a perceber que estava em
casa. Corredor de mundo, viajante exótico vindo
d’Arábia ou d’África, provara pelo caminho todos
os massapés e sondara todos os climas.
Franzia o nariz, porém. Veio sorrir, ali, ao pisar
esse Oásis do Rubidio que é o Oeste paulista. E
arranchou de vez, para sempre, em sua casa.
Repete-se, então, o movimento bandeirante de
outrora. Atrai o homem aventureiro não mais o
ouro dissimulado em pepitas no seio da terra, mas
o ouro anual das bagas vermelhas que se
derriçam em balaios.
A região era toda um mataréu virgem de
majestosa beleza.
Rasgara-a a facão o bandeirante antigo, por meio
de picadas; o bandeirante moderno, machado ao
ombro e facho incendiário nas mãos, vinha agora
não penetrá-la, mas destruí-la.
Almas fechadas ao contemplativismo, nunca lhes
amolentou o pulso a beleza augusta dos jequitibás
de frondes sussurrantes como o oceano, nem o
vulto grave das perobeiras milenárias.
Sua ambição feroz preferia à beleza da desordem
natural a
beleza alinhada da árvore que dá ouro. [...]
(Monteiro Lobato, A onda verde, p. 7 e 15.)
Uma planta de quintal nos portos do
mundo
1779 —79
arrobas*1796 —8 495
arrobas1806 —82 245
arrobas
1821/30 — 3178
1831/40 — 10430
1841/50 — 18367
1851/60 — 27339
1861/70 — 29103
1871/80 — 32509
1881/90 — 51631
(Id., ibid., p. 156.)
E colocou-se em primeiro lugar na pauta de
exportações do Brasil:
AS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE
1821 A 1890 (EM %)
Mecanização
Foi na etapa do beneficiamento que se registrou
progresso técnico na cultura cafeeira. Na
verdade, o próprio sistema escravista levava à
manutenção de métodos antigos, pois os
fazendeiros, ao investir no escravo, deixavam de
fazê-lo em maquinários modernos. Entretanto,
desde 1850 os jornais da época anunciam
modernas máquinas de beneficiamento de café,
cabendo à imprensa do período um papel
fundamental na evolução da tecnologia cafeeira.
Através de sua propaganda, os fazendeiros
tomavam conhecimento das vantagens da
mecanização, adquirindo as famosas máquinas
compostas, que realizavam várias operações ao
mesmo tempo. E que não eram poucas, in-
cluindo: limpeza, separação e lavagem do café
colhido, maceração, despolpamento,
fermentação, lavagem do café em pergaminho,
secagem, armazenamento nas tulhas, separação
das impurezas, descaroçamento, ventilação
dupla, escolha e catação, classificação.
A respeito das máquinas compostas, lê-se na
Gazeta de Campinas, de 1 7 de março de 1870:
A Casa-Grande
Observe duas descrições de casas-grandes, que
espelham momentos econômicos e sociais
diversos:
A Senzala
O declínio prematuro
Mesmo com as técnicas modernas, a cultura
cafeeira se manteve predatória e itinerante,
deixando para trás florestas virgens
destruídas. Fazendas outrora produtivas
tornavam-se imprestáveis e eram
abandonadas por proprietários que iniciavam
plantações em novas terras. A vida faustosa
registrada no apogeu da produção deixa de
existir. Restam apenas terras esgotadas e as
primitivas instalações, agora decadentes. O
abandono da casa-grande é o símbolo maior
desse declínio. Carlos Drummond de Andrade
reproduz bem esse fim de "glória fazendeira":
Casarão morto
O cotidiano do escravo
Escravatura
A situação se agrava
A situação agravou-se para o cafeicultor após a
abolição do tráfico negreiro pela lei Eusébio de
Queirós, em 1850. O escravo tornou-se raro e
caro. Certo que ainda continuou contrabandeado
da África; mais tarde, eram adquiridos no
Nordeste, dos senhores de engenho, devido à
decadência da exploração canavieira.
Entre 1852 e 1859, chegaram de outras
províncias para o Rio de Janeiro 26 622 escravos,
de acordo com esta relação:
AnoHomensMulheresMédia18353753593
671845384371378185510758579661865
972114510591875125611061181
A propaganda
A ferrovia
A locomotiva
(Ao Conselheiro Homem de Mello)
As cidades
Em função da economia cafeeira, conheceram
rápidas transformações a sede da Corte (Rio
de Janeiro), a cidade de São Paulo, as cidades
portuárias como Ubatuba e Santos c aquelas
até onde chegava a ferrovia, conhecidas como
"fim de linha" ou "pontas de trilho". Isso por-
que, responsáveis pela produção,
comercialização e exportação do café, eram
as grandes fornecedoras do mercado externo.
No restante do Brasil, um imenso mundo
rural, encontravam-se ainda vilas perdidas e
atrasadas.
Mesmo na província de São Paulo,
responsável por 2/3 da arrecadação do país,
os contrastes eram grandes. Um exemplo
desses contrastes e de uma supervalorização
das cidades cafeeiras é a cidade de Bananal,
no vale do Paraíba paulista.
Em 1854, Bananal é o primeiro produtor de
café da província, com 554 600 arrobas; o
município contava então com 7 621 escravos,
que correspondiam a 66,4% da população
total, que era de 11 663 pessoas. Nessa década,
abrem-se ruas, constroem-se palacetes,
adquirem-se lampiões para iluminação pública, e
na cidade havia até um agente do Consulado
Geral de Portugal.
Entretanto, o "aformoseamento" da cidade
escondia problemas graves, comuns a várias
cidades promissoras da província, como se
percebe pelo relatório a seguir:
[...] A Cidade situada em uma pequena planície,
está cercada por altos montes, não podendo ser
convenientemente lavada por ventos; edifícios
sem regra, e aglomeração de povo são já causas
para os habitantes contraírem qualquer moléstia.
O pequeno Cemitério colocado em um lugar
baixo, cercado por montes, pela Matriz e uma
casa alta, não podendo ser ventilado, além disso
recebendo as umidades dum monte e descendo
as deste e suas a um carrego, que dá serventia a
diferentes moradores, servindo de pasto para
cavalos, porcos e cabritos, catacumbas mal
construídas e ainda arrombadas, e o que mais?
[...] Águas estagnadas com vegetais em
decomposição no centro da cidade, e margens
dos Rios; casas edificadas em charcos; quintais
com lama, com profundidade de dois palmos; de-
pósito de imundícies, chiqueiros de porcos,
animais mortos em decomposição, porcos e cães
volantes no centro da Cidade, açougues não
ventilados, verdadeiras estufas e mal asseados;
matadouros em lugares indeterminados, eis as
causas que a Comissão encontrou mais que
suficientes para qualquer epidemia mortífera.
[...]
(Transcrição do relatório de uma comissão de
higiene que verificou as condições da cidade de
Bananal em 1850. Apud: Marly Rodrigues et alii,
Bananal. Estudo de tombamento.)
A cidade de Santos, conforme foi apreendida
pelo escritor Júlio Ribeiro, por volta de 1888,
exemplifica uma dinâmica incomum nas cidades
brasileiras e mesmo paulistas daquele tempo:
A sociedade
PROFISSÕES
Agrimensor
Manuel José de Carvalho, rua da Aurora.
Architecto
Antonio Montezuma Leite, rua da Boa
Vista.
Dentistas
Fernando Rossi, rua Municipal.
Joaquim Gomes d'O1iveira, idem.
Esculptor
Mendes, rua Formosa.
Homoeopathas
José Joaquim Rodrigues da Silva.
Luiz Antonio José de Freitas.
Médicos
Dr. João Henrique Gattiker, rua do Commercio.
Dr. Joaquim de Paula Souza, idem.
Dr. Jose Ferreira de Seixas, idem.
Dr. Francisco Vilella de Paula Machado, idem.
Parteiras
Manoela, rua da Aurora,
Rita, rua do Commercio.
Professores de música
Eduardo Bohn, rua do Commercio. Ensina piano e
canto.
José Bento Barreto. Ensina música vocal e
instrumental.
D. Maria Cândida da Motta. Ensina piano e canto.
Commercio
Lojas de fazendas
Antonio Domingues Tinoco, rua Direita.
Antonio Gonçalves Amorim, rua da Boa Vista.
Antonio Martins Lamenha, rua de Santa Cruz.
Candido José de Souza Soares, rua da Cadéa.
Candido Valle & Irmão, rua do Commercio.
Eugenio Brochini, rua de S. João.
Francisco Villares Pinto Palha, rua da Cadêa.
Guimarães & Filho, rua Municipal.
Gabriel de Moraes Dutra, rua Formosa.
Guilherme Platt, idem.
João Xavier de Souza, rua de Santa Cruz.
Indústrias e Profissões
Armazéns... 62
Açougues.... 9
Advogados... 6
Boticários… 2
Bilhares…… 2
Almanak
Barbeiros... 2
Collegios... 2
Fábricas de carros... 3
Fábricas de cal... 2
Dentistas... 2
Ferrarias... 6
Hospedarias... 3
Latoeiros... 4
Mascates... 4
Marceneiros... 4
Médicos... 4
Padarias... 3
Serventuários... 4
Sellarias… 2
Tabernas… 8
14 Brasileiros.
31 Portuguezes.
37 Allemães, italianos e de outras
nacionalidades.
(Thomas C. de Molina, org., Almanak de São João
do Rio-Claro para 1873, p. 31, 57-8.)
Os escravos representavam a força de trabalho
do país.
Por volta de 1881, a alemã Ulla von Eck morou
em fazendas de café e também na cidade, como
professora de filhos de fazendeiros. As cartas que
relatam sua experiência, escritas para a irmã na
Alemanha, foram publicadas no livro Alegrias e
tristezas de uma educadora alemã no Brasil, sob
o pseudônimo de Ina von Binzer. Sua observação
sobre os negros na sociedade da época é
significativa:
A cultura
No texto a seguir, também da alemã Ina von
Binzer, devemos ter presente a formação
européia e a dificuldade da autora em
adaptar-se a um país rural dos trópicos.
Entretanto, apesar de suas observações
cáusticas e ácidas sobre nosso meio cultural,
seu comentário não está longe da verdade:
S. Paulo, 5 de abril de 1882.
Minha Grete do coração.
É verdade mesmo: São Paulo é o melhor lugar do
Brasil para educadoras, tanto a capital, como
toda a província, porque os moços da nova
geração namoram a ciência e dão-se ares de
erudição e de filosofia.
Somos uma cidade universitária!
Mas não pense em Bonn ou Heidelberg, pois a
academia daqui não é senão uma Faculdade de
Direito.
No interior da província há um seminário onde se
preparam padres (esqueci o nome do lugar),
aqui formam-se advogados e no Rio de Janeiro os
discípulos de Esculápio, os doutores "par
excelence".
Os brasileiros dão ótimos advogados, podendo
dessa forma aproveitar seu talento declamatório.
Dão a vida por falar, mesmo quando é para não
dizer nada. Com a eloqüência que esbanjam num
único discurso, poder-se-iam compor facilmente
dez em nossa terra; embora não possuam
verdadeira eloqüência nem marcada
personalidade, falando todos com a mesma
cadência tradicional usada em toda e qualquer
circunstância. Tudo é exterior, tudo gesticulação
e meia cultura.
O fraseado pomposo, a eloqüência enfática já
são por si próprios falsos e teatrais; mas se você
tirar a prova real, se indagar sobre qualquer
assunto, não se revelam capazes de fornecer a
informação desejada.
Há pessoas na alta direção do Partido
Republicano que não conhecem a história nem a
constituição do país nem muito menos as das
outras nações. Há outros, que se dizem
partidários do sistema filosófico do espiritual
Comte, mas não compreendem os seus mais
elementares ensinamentos. Alguns dão opinião
sobre línguas estrangeiras, mas não sabem
explicar nenhuma regra da sua própria.
Querem possuir sem demora todas as novidades
no terreno da técnica, mas os engenheiros para
a montagem vêm da Europa; quando estes se
retiram, se por acaso se parte uma das peças
das máquinas, nenhum nacional sabe consertá-
la.
Não se encontra profundidade em parte alguma;
e mesmo que procurem adquirir a cultura alemã
em todos os campos da ciência, tudo ficará
somente em superficial imitação, enquanto não o
fizerem com a mesma perseverança, aplicação e
seriedade dos alemães. Não se aproximam de
nós por irresistíveis afinidades interiores e cada
vez mais me convenço — e os próprios
brasileiros o reconhecem — que de coração
inclinam-se mais instintivamente para os
franceses e outros povos latinos, mesmo quando
se deixam empolgar pelo espírito alemão e pela
energia inglesa.
Mas percebo que estou perorando; portanto,
mudemos depressa para outro assunto. [...]
(p.77-8.)
CAPÍTULO 5
Da Monarquia à República
A caminho da República
E, por fim, o café acabou por interferir na
mudança do regime político.
Já lembramos que o desenvolvimento e apogeu
da lavoura cafeeira transcorreu sob o regime
monárquico, mais exatamente durante o
Segundo Reinado (1840-1889). O Império
brasileiro, tendo à frente o monarca D. Pedro II,
acabou por sustentar-se no império do café. Essa
monarquia, bastante centralizadora, atendia
sobretudo aos interesses dos fazendeiros do
velho vale do Paraíba, garantindo-lhes
principalmente a manutenção do regime
escravista. Desagradava porém a grupos
importantes do centro-oeste, os cafeicultores
progressistas, senhores do poder econômico, que
ambicionavam pelo poder político;
descontentava também a emergente camada
média urbana, que via na Monarquia um regime
de privilégios impedindo-lhe maior participação
social; parte deste grupo, os militares estavam
inconformados pelo não-reconhecimento de sua
importância no quadro do Império.
O ideal de Liberdade, Igualdade e
Fraternidade, peculiar a uma República, era
perseguido por elementos atuantes da
sociedade da época. Em busca desses
propósitos, foi fundado o Partido Republicano,
constituído por fazendeiros, na sua maioria
proprietários de muitos escravos e que
pensavam na abolição, mas com indenização.
Em 13 de maio de 1888, a lei Áurea pôs fim à
escravatura no Brasil, porém sem
indenização. A partir daí nada mais prendeu a
nação ao regime monárquico.
Atravessando uma fase de progresso
econômico, o país, que já tinha ferrovia,
símbolo de progresso na época, queria se
modernizar...
A queda do imperador
VOCABULÁRIO
1. Contos
Cidades mortas (contos e impressões, 1919), de
Monteiro Lobato
Cidades vivas (1924), de Breno Ferraz do Amaral
(réplica ao anterior)
2 . Teatro
Os ossos do barão (1964), de Jorge Andrade
3. Filmes
Chamas no cafezal (1954), direção de José Carlos
Burle. Multifilmes
Inocência (1983), direção de Walter Lima Júnior. L.
C. Barreto Produções Cinematográficas
A moreninha (1915), direção de Antônio Leal. Leal
Filmes Sinhá moça (1953), direção de Tom Payne.
Estúdios Vera Cruz
Escrava Isaura (1949), direção de Eurides Ramos.
A. P. Cinelândia
Gaijin, os caminhos da liberdade (1980), direção
de Tizuka Yamasaki.
4. Viagens
Exatamente por ser itinerante, o cafezal deixou
marcas nas paisagens onde floresceu.
Algumas fazendas remanescentes permitem
conhecer in loco uma unidade de produção
cqfeeira, guardando ainda a sede primitiva, as
senzalas e/ou colônias, terreiros, tulhas, etc.
Você não perderá a viagem se, estabelecendo um
roteiro prévio, procurá-las no vale do Paraíba
fluminense e paulista. Neste, a Fazenda Pau d
Alho, no município de São José do Barreiro,
tombada pela SPHAN, é aberta ao público. Ao seu
redor estão muitas outras, algumas restauradas e
em bom estado de conservação, como a Fazenda
Boa Vista e a Fazenda Resgate, ambas no
município de Bananal.
Já no interior do Estado de São Paulo, sugerimos
que tome o trem na Estação da Luz e avance,
dependendo do roteiro, pelas antigas linhas da
Mojiana ou da Paulista. Nesta, a Fazenda do
Pinhal, no município de São Carlos, tombada pela
SPHAN e pelo Condephaat, guarda as
características da época, constituindo-se em
exemplar dos mais preservados.
BIBLIOGRAFIA