As Grandes Correntes Do Pensamento Do Século XIX
As Grandes Correntes Do Pensamento Do Século XIX
As Grandes Correntes Do Pensamento Do Século XIX
Liberalismo
O liberalismo tem suas origens na filosofia iluminista, expandindo-se pela Europa após
a Revolução Francesa.
Nacionalismo
O "direito dos povos a dispor de si próprios" faz parte de diversas ideologias após a
Revolução Francesa. Aos poucos, devido ao próprio contexto europeu, as populações
passam a incorporar o ideal nacionalista. Este ideal vai tomando a forma de um
sentimento, que se instala no interior das populações europeias.
Isto fez com que as pessoas começasse a ansiar e lutar pela unificação de seus países, a
fim de os transformar em nações soberanas.
O Socialismo Utópico
Roberto Owen, por exemplo, era um capitalista com idéias humanitárias. Em suas
fábricas, reduziu a jornada de trabalho dos operários, procurou melhorar suas habitações
organizou escolas e creches, Seus empreendimentos fracassaram, porém seus ideais
humanitários influenciaram os reformadores sociais que vieram depois
O Socialismo Científico
Em 1848, os alemães Karl Marx e Frederic Engels publicaram uma obra revolucionária:
"O Manifesto Comunista". Eis algumas características da obra:
• A história das humanidades, com exceção das comunidades primitivas, tem sido
a história das lutas de classes. Na antiguidade, havia um conflito entre cidadão
livres e escravos; Na Idade Média, senhores feudais e os servos da gleba e, na
época de Marx, a burguesia dominava economicamente o proletariado.
• Os proletáriados deveriam se organizar e, através de uma revolução, tomar o
poder, quando o proletariado destruiria o modo de produção capitalista e
instituiria o socialismo que seria a transição para uma sociedade comunista. Daí
porque pregava a união do proletariado: "Proletários do mundo todo, univos"!
Resumo
O Urbanismo é um campo do conhecimento, ora considerado como ciência ora como técnica,
que tem a cidade como principal objeto de estudo e intervenção. Surge como campo
do conhecimento, no final do século XIX, na Europa, período pós-revolução industrial,
em busca de transformações necessárias à realidade caótica das cidades. No entanto
uma maior maturidade teórica só foi alcançada no século XX. Observa-se hoje que
ainda conserva-se um conceito tradicional sobre o mesmo, como preso a aspectos
estético-funcionais. Porém o Urbanismo ultrapassou largamente esta visão, não se
limitando a uma simples técnica do engenheiro ou do arquiteto para intervir no espaço
urbano, pois abrange o campo da comunidade, da planificação social. Por isto é
necessária uma abordagem sobre sua epistemologia, de forma mais crítica e ampla,
rompendo paradigmas. O estudo sobre a realidade do espaço urbano (e regional) e
suas manifestações concretas, para intervir na busca de uma melhor qualidade de vida
constitui na essência do urbanismo, sendo que este espaço sofre transformações
permanentes.O texto busca uma reflexão crítica sobre o Urbanismo, desde quando
surgiu como suposta ciência que estuda a cidade e intervêm nos seus espaços,
utilizando uma revisão bibliográfica de vários autores que abordam o seu conceito.
1. Introdução
Escrever este artigo se faz por uma preocupação pela maneira que o Urbanismo é
entendido no ambiente profissional, em instituições públicas, empresas e organizações
sociais que são agentes de planejamento urbano e regional, e também da gestão, assim
como nas Universidades e centros de pesquisa voltados para o estudo da cidade, da
questão urbana.
É importante ressaltar que este texto não se propõe a esgotar a discussão sobre o
conceito de Urbanismo, mas sim fazer com que seja dada uma contribuição crítica para
a abordagem do mesmo, buscando romper com certos paradigmas tradicionais, na busca
de entender como o mesmo se constituiu como campo do conhecimento voltado ao
estudo da cidade.
2. Urbanismo e cidade
A cidade ideal se apresenta como fruto dos valores éticos, filosóficos e sociológicos de
cada cultura e de cada época. As teorias da cidade evoluem e enriquecem, por isso é
difícil saber como é a cidade ideal, já que algum tempo depois da sua definição ela já
não vai corresponder às expectativas da época. Assim, o Urbanismo não pode ser
observado apenas sob o ponto de vista de uma técnica de estudo e intervenção física do
espaço, pois quando de intervém na sua morfologia, ele necessita ser estudado e
planejado conhecendo os aspectos sociológicos, filosóficos, históricos, etc. e sendo que
uma cidade é resultado das diversas mudanças que ocorrem na sociedade, e que lhe
impõe transformações (BONET CORREA, 1989).
O Urbanismo é considerado como uma ciência que nasceu no final do século XIX,
para o estudo, a organização e intervenção no espaço urbano, como prática das
transformações necessárias à realidade caótica das condições de habitação e salubridade
em que viviam os habitantes de grandes cidades européias, na época da revolução
industrial. Entretanto uma maior maturidade teórica só foi alcançada então no final do
século XX. Como área do conhecimento autônomo pode ser considerado recente
(BONNET CORRERA, 1989). Surgiu para estudar e buscar soluções para os problemas
da cidade, sendo esta um espaço em transformação permanente, que, no entanto se for
observada durante um curto período de tempo pode parecer estática.
“Uma ciência, e uma arte e, sobretudo uma filosofia social. Entende-se por urbanismo, o conjunto
de regras aplicadas ao melhoramento das edificações, do arruamento, da circulação e do
descongestionamento das artérias públicas. É a remodelação, a extensão e o embelezamento de
uma cidade, levados a efeito, mediante um estudo metódico da geografia humana e da topografia
No entanto, Segundo Bonet Correa (1989) o termo Urbanismo teria sido criado em
1868, quando Cerdá escreveu a Teoria General de la Urbanización. O seu surgimento
teria acontecido em 1910, quando teria sido apresentado no Congresso de Londres onde
se reuniram vários dos estudiosos pioneiros no campo do Urbanismo. Neste ano seria
utilizado pela primeira vez o termo “Urbanismo” e se realizou a primeira exposição
sobre o mesmo, que teve lugar em Berlim, na Alemanha.
Para outros estudiosos o Urbanismo traz uma noção que o abrange de forma que
ele seja tão velho quanto a civilização urbana, como se o termo já existisse desde que
quando o homem cria uma organização morfológica para o espaço das cidades
(HAROUEL, 1990), pois desde que surgiram as primeiras comunidades havia indícios
de uma organização hierárquica de espaços de poder (a exemplo da Polis grega e a
Civitas romana, na civilização antiga), ou para a defesa do território, o que nos leva a
crer que o Urbanismo já se praticava como ação de ordenamento do território, porém
sem um caráter científico.
Desta maneira o Urbanismo ainda conservou algumas das suas bases tradicionais
de pensamento. É considerado ainda por muitos como de domínio dos arquitetos, que
são tidos como “especialistas no assunto”, porém geralmente com base em aplicações
práticas e despolitizadas segundo Choay (1965), e considerado ainda segundo muitos
técnicos (arquitetos e engenheiros) uma ciência “em função de novas técnicas de
construção e do estilo de vida e das necessidades próprias de homem do séc. XX”, que
seriam as funções estabelecidas pela Carta de Atenas (Habitar, Circular, Trabalhar,
Cultivar o corpo e o espírito), sendo esta a forma de se pensar a cidade do séc. XX, após
a 2a Guerra Mundial, quando se fez a reconstrução de muitas cidades européias. Sob
esta visão teórica e profissional, pioneira na prática do Urbanismo, a cidade é vista
como um objeto técnico, determinado e exato (Le Corbusier, 1992), sem uma atenção
maior para as questões sociais, históricas e culturais que permeiam o espaço urbano.
Quando se observou um grande avanço na sua prática, a partir dos anos 50, do século
XX, numa necessidade de renovação urbana nas cidades no pós-guerra, houve também
uma explosão de idéias e doutrinas teóricas ao passo que o Urbanismo passava então a
ser centro das atenções de arquitetos, engenheiros, geógrafos, sociólogos, historiadores,
filósofos e escritores, como uma ciência (BONET CORREA, 1989; CHOAY, 1965).A
partir de então se desenvolveu um caráter mais crítico sobre os problemas urbanos, e
mais analítico, com grande contribuição teórica de várias áreas do conhecimento.
Com base num documento bastante atual resultante de estudos sobre o Urbanismo
desenvolvidos na Europa e outros países podemos chegar à conclusão de que existe
realmente uma distinção entre Arquitetura e Urbanismo quanto aos elementos de
estudo, de tomada de decisão, e de intervenção:
“...a composição urbana difere fundamentalmente da arquitetura pelo fato de que a “cidade” e o
“edifício” não têm o mesmo ritmo temporal. Enquanto que a Arquitetura se renova rapidamente o
espaço urbano em si está mais vocacionado para a longa duração. Por isso, os dados que conduzem
à tomada de decisão arquitetônica ou urbana ao serem diferentes na sua essência implicam saberes
diferentes capazes de organizar e utilizar esses mesmos dados(...) Igualmente devemos referir uma
outra diferença que é fundamental. A escala do projeto urbano engloba “o todo”, ao passo que a
escala arquitetônica corresponde ao edifício e eventualmente ao seu redor mais próximo. Desenhar
o espaço urbano com as ferramentas da arquitetura é produzir um espaço formal desenraizado dos
enquadramentos que referimos. Esse “todo” é a sociedade e território no seu conjunto, inscritos
num passado (da memória), presente (que se vive)e futuro que se perspectiva.(...) (ULHT, 2003).
Alguns autores tentam definir o Urbanismo como algo que não é ciência, nem
arte, mas que compreende tudo que diz respeito à vida social do homem, como
indivíduo isolado e como parte da coletividade e que o mesmo é multidisciplinar, e por
haver essa diversidade de campos, exige que vários profissionais trabalhem em
conjunto, a fim de se chegar a uma solução não fragmentada ou que deixe de abordar
alguma questão específica, de modo que o conjunto das soluções parciais conduza a
uma solução complexa satisfatória. Outrora, muitas vezes se coloca o termo como uma
técnica de planejamento urbano, stricto sensu, que visa disciplinar e/ou ordenar o
crescimento da cidade em decorrência do processo de urbanização, atendendo à
demanda crescente por infra-estrutura, serviços e abastecimento, visando assim
melhorar a qualidade de vida da população urbana, e a concretização desta oferta de
infra-estrutura, a urbanificação, seria a medida de intervenção no espaço urbano, que
deveria atingir principalmente as camadas mais carentes da sociedade.
O pensar nestas condições de vida deve abranger fatores diversos que não são
apenas técnicos e estéticos, ou estético-funconais. Isto não quer dizer que as questões
técnicas e estéticas deixem de ter importância, pelo contrário, devem ser objeto de
análise, pois interferem diretamente na estrutura, na paisagem, e na qualidade de vida do
espaço urbano, porém não devem ser o centro da questão urbanística, numa perspectiva
reducionista, como muitos consideram.
O interessante é que sob uma visão mais ampla deve-se buscar entender o
Urbanismo como o conjunto de ações voltadas ao planejamento, a gestão da cidade e ao
ordenamento do uso e ocupação do solo urbano em várias escalas desde a escala local à
regional, porém devendo haver uma abordagem multidisciplinar acerca do território
(sob seus aspectos históricos, culturais, econômicos), de maneira transversal e
multireferencial, envolvendo várias áreas do conhecimento e, sobretudo as questões
políticas, de maneira que se possa alcançar a sustentabilidade sócio-ambiental urbana.
Vale salientar também a existência do que poderia ser uma nova denominação,
porém pode-se considerar uma corrente que surgiu na década de 80, após a Segunda
Guerra Mundial, nos EUA, foi o chamado New Urbanism (Novo Urbanismo), inspirado
nos padrões utilizados antes da Segunda Guerra Mundial, que não deixou de ser
conservador nas suas premissas, isto considerando seus aspectos políticos e filosóficos,
Segundo Souza (2002 , p.144):
Ao final do século XIX, e nas primeiras décadas do séc. XX, o Urbanismo era
considerado desde o ponto de vista meramente higiênico e sanitário, que seria a causa
de, sobretudo, da necessidade de proteger, naquela época, o desenvolvimento das
enfermidades tropicais (cidades com o Rio de Janeiro, Recife e Santos, podem ser
consideradas como exemplos), passando pelo ponto de vista estético, existia a
necessidade de construir novas capitais adequadas à importância de suas funções cívicas
(a exemplo de Belo Horizonte) até se preocupar com os problemas de trânsito urbano
(fluidez), e assim coma abertura ou ampliação de vias públicas (LODI, apud Whittick,
1975), sendo que nesta época destacou-se o trabalho de engenheiros e médicos, no
estudo e na prática do Urbanismo.
5. Conclusões
Referências
AGACHE, Alfred. Ed. Foyer Brésilien. Cidade do Rio de Janeiro, remodelação, extensão e
embelezamento (Plano Agache).Rio de Janeiro,1930.
BONET CORREA, Antonio, Las Claves del Urbanismo, Ariel: Barcelona, 1989.
DEL RIO, Vicente. Introdução ao desenho urbano no processo de planejamento. Pini: São
Paulo,1990.
GONÇALVES Jr. Antonio José; SANT ´ANNA Aurélio; CARSTENS Frederico R. S. B.;
FLEITH Rossano Lucio. O Que é Urbanismo. Editora Brasiliense: São Paulo, 1991.
GRAZIA, Grazia de, QUEIROZ, Leda Lúcia R.F.( et alii) A Sustentabilidade do Modelo
Urbano Brasileiro. Um Desafio – Rio de janeiro: Projeto Brasil Sustentável e Democrático:
FASE/IBASE,2001.
HAROUEL, Jean Louis.História do Urbanismo./ Jean Louis Harouel; tradução Ivone Salgado –
Papirus: Campinas,1990.
MARICATO, Ermínia. As idéias fora do lugar e o lugar fora das idéias. Planejamento urbano
no Brasil. In.: ARANTES, Otília. et alii. A cidade do pensamento único. Petrópolis:Vozes,
2000.
SOUZA, Marcelo Lopes de. Mudar a Cidade: uma introdução crítica ao planejamento e à gestão
urbanos. Bertrand Brasil: Rio de Janeiro,2002.
VILLAÇA, Flávio. Uma Contribuição para a história do planejamento urbano no Brasil. In.
DEAK, Csaba e SCHIFFER, Sueli Ramos(Orgs.). O processo de Urbanização no Brasil.
FUPAM/ EDUSP: São Paulo, 1999.
WIRTH, Louis.O urbanismo como forma de vida. apud: VELHO, O.G. (Org.).O fenômeno
urbano. 2a ed Zahar : Rio de janeiro, 1973.
É importante aqui entender que espaço urbano é colocado como o que abrange todas as
suas áreas de influência, inclusive o meio rural, pois não se pode desprezar as relações
sócio-econômicas , culturais e espaciais, sobre tudo de troca então existentes.
Ainda há muito a descobrir sobre a origem das primeiras cidades, porém existem vestígios que
testemunham a preocupação com a organização hierarquizada dos espaços desde pelo menos o 4º milênio
antes de Cristo. Em cidades antigas situadas nos vales dos grandes rios - do Nilo, no Egito, ao Tigre e
Eufrates, na Mesopotâmia, ao Indo, na Índia, e ao Huang-Ho, na China - que se encontram os
aglomerados que representam, mais que pelo seu tamanho, a cidade como resultado de "uma enorme
mobilização de vitalidade, poder e riqueza", como diz Lewis Mumford. Isto corresponde em geral a
definições precisas de espaços construídos e de espaços de circulação, em malhas ordenadas, de que o
exemplo mais marcante é a retícula de vias ortogonais, com espaços focais destinados às presenças mais
importantes da cidade, normalmente o palácio ou o templo.
É importante ressaltar que existiram outras versões para a mesma Carta de Atenas, que,
no entanto traziam a mesma fórmula da “cidade funcional”, ou cidade ideal moderna.
O que parece ainda persistir dentro de ótica corporativista, mas acredito que esta visão
esteja ultrapassada.
Então percebe-se uma busca para se instaurar uma ordem funcional aos setores da cidade, contribuindo
assim para manter através dos seus planos, a ordem social interessante às classes dominantes e a
organização e do espaço urbano, assim como as intervenções urbanísticas, conforme os seus interesses de
acumulação do capital, seguindo um conceito funcionalista clássico.
Seria o Urbanismo de Versalhes, de Washington, dos planos urbanísticos de Haussman (em Paris) e de
Pereira Passos (no Rio de Janeiro), bem próximo das premissas do Urbanismo Moderno.
No que diz respeito ao ensino e prática profissional, segundo Lodi (apud Whittick, 1975, p.210):
Importante salientar que neste período entre o início do século XIX até final do séc. XX foram inclusive
criados alguns cursos de pós-graduação em Urbanismo, ao final dos quais poderia se obter o título de
“urbanista”.
O plano urbanístico de Brasília, elaborado por Lúcio Costa, é um exemplo clássico das idéias do
Urbanismo Moderno, baseadas nos postulados da Carta de Atenas, porém foi executado e constitui até os
dias atuais num dos seus maiores símbolos.
Revolução Industrial
Com a Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, e a criação de fábricas em cidades, a
população de muitas cidades europeias e americanas começaram a aumentar rapidamente,
recebendo milhares de pessoas vindas dos campos, abandonando trabalhos nas áreas rurais,
para trabalhar na indústria. Isto fez com que cidades da época ficassem superlotadas, sujas
e barulhentas. Muitas pessoas viviam em bairros que possuíam péssimas condições
sanitárias, na qual famílias inteiras viviam espremidas em casas de um ou dois cômodos,
perto das fábricas.
Reformistas sociais começaram a pedir ao governo que melhorassem tais condições precária de
vida, sugerindo planos como novo zoneamento, com casas, jardins e áreas verdes. Também
sugeriram a separação de zonas industriais e residenciais, cada uma em zonas separadas da
cidade. Várias municipalidades e governos tomaram medidas para melhorar a qualidade de
vida nas cidades, mas à medida que estas continuavam a crescer rapidamente, as poucas
medidas tomadas foram insuficientes para surtir algum efeito.
Planejadores urbanos tentaram mostrar a imagem de uma cidade ideal, na Feira Mundial de
Chicago, em 1893. Largas e grandes avenidas, com grandes estruturas públicas, eram dois
dos muitos aspectos numa cidade ideal. A exposição marcou o início do movimento City
Beautiful (Bela Cidade, em inglês), nos Estados Unidos.
Islamabad no Paquistão.
Até o final do século XIX, o planejamento urbano na maioria dos países industrializados era de
responsabilidade de arquitetos, que eram contratados por empresas particulares ou,
raramente, pelo governo. Mas o crescimento dos problemas urbanos durante o final do
século XIX forçou governos de muitos países, em especial, o dos Estados Unidos, a
participar mais ativamente no processo de planejamento urbano.
Entre 1900 e 1930, muitas cidades nos Estados Unidos introduziram comissões de planejamento
urbano e leis de zoneamento. Um dos mais famosos planos de revitalização urbana desse
período foi o Plano Burnham, que revitalizou uma grande parte da cidade de Chicago.
Atualmente, o planejamento urbano de uma cidade é geralmente feito por acordos entre
agências governamentais e empresas privadas, especialmente nos países desenvolvidos.
Nos países subdesenvolvidos, porém, o planejamento urbano passa por um momento de
redefinição. Se, por um lado, tais países atravessaram longos períodos de planejamento
centralizador e autoritário (não raro resultando em periferias urbanas espraiadas,
estruturadas por projetos residenciais movidos mais pelo caráter quantitativo que pelo
qualitativo), nas últimas duas décadas, o planejamento rrbano no Brasil, por exemplo, tem
procurado colocar-se como possível mediador no conflito social pelo solo urbano. O foco
do planejamento, pelo menos academicamente, deslocou-se do regulamento do uso e
ocupação do solo para o tratamento dos processos especulativos de produção do espaço
urbano, colocando-se contra ou a favor deles. Surge daí a idéia de planejamento urbano
participativo (trabalhada por exemplo por teóricos como Ermínia Maricato, ex-Secretária
Executiva do Ministério das Cidades) no qual as decisões são tomadas através de um
processo democrático no qual o profissional não assume mais o papel de "autor do plano",
mas de "condutor do processo". Contrariamente a esta tendência, teóricos internacionais,
como Manuel Castells, propõem o que se convencionou chamar de planejamento urbano
estratégico, que procura tratar as cidades sob a lógica da guerra fiscal e de sua localização
na suposta nova rede de cidades globais.