Macroeconomia Avançada I - Capitulo 5
Macroeconomia Avançada I - Capitulo 5
Macroeconomia Avançada I - Capitulo 5
Fundamentos Microeconómicos do
Ajustamento Nominal Incompleto
A) O modelo de informação imperfeita de Lucas
B) Modelos dos novos keynesianos
C) Modelos dinâmicos dos novos keynesianos e
ajustamento desfasado dos preços
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 1
Introdução
z Este capítulo concentra‐se nos fundamentos
microeconómicos para a rigidez dos preços e dos
salários.
z Esta questão é importante por várias razões:
• É uma hipótese central dos modelos keynesianos;
• As razões que explicam a rigidez nominal são importantes para a
definição de políticas.
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Introdução
z Vamos analisar duas fontes possíveis de imperfeições nominais:
• Lucas (1972) e Phelps (1970): os produtores não observam o nível geral
de preços, pelo que tomam as suas decisões de produção sem terem
perfeito conhecimento dos preços relativos que vão receber pelos seus
bens.
• Modelos dos Novos Keynesianos: os efeitos reais dos choques
monetários derivam de pequenos custos de ajustamento nominal dos
preços ou dos salários ou de pequenas fricções no ajustamento nominal.
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A) O modelo de Informação
Imperfeita de Lucas
z Hipótese central do modelo:
• Quando um produtor observa uma alteração no preço do bem que produz,
não é capaz de determinar se esta revela uma alteração nos preços
relativos ou uma variação no nível geral de preços.
• No primeiro caso a quantidade óptima a produzir altera‐se, mas no
segundo caso não.
z Devido a esta falta de informação, os produtores, perante uma
subida do preço do seu bem, consideram que esta reflecte ambas as
situações.
• Daí que a oferta agregada seja positivamente inclinada.
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O modelo de Informação
Imperfeita de Lucas
z Assume‐se que os indivíduos produzem bens usando o seu próprio
trabalho, vendem os seus produtos em mercados competitivos e usam os
rendimentos para comprar outros produtos.
z O modelo tem dois tipos de choques:
• Perturbações aleatórias nas preferências que alteram a procura relativa por cada um
dos bens.
• Dão origem a variações nos preços relativos dos bens e na quantidade relativa produzida
dos diferentes bens.
• Perturbações na oferta de moeda, ou de uma forma mais geral, na procura
agregada.
• Quando estes choques são observados, alteram o nível geral de preços mas não têm
impactos reais.
• Quando não são observados, alteram o nível de preços e o produto agregado.
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O Caso de informação perfeita
z Comportamento dos produtores
• Há muitos bens diferentes na economia. Um produtor representativo de um
bem típico produz de acordo com a seguinte função de produção:
• O consumo do indivíduo é igual ao seu rendimento real: Ci=PiQi/P
• A utilidade depende positivamente do consumo e negativamente do número
de horas trabalhadas:
• A utilidade marginal do consumo é constante e as perdas marginais de utilidade
resultantes do trabalho são crescentes. Quando o nível geral de preços é
conhecido, a função utilidade pode ser simplificada:
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O Caso de informação perfeita
• Admitindo que os mercados são competitivos, o indivíduo maximiza a sua
utilidade tomando Pi e P como dados e escolhendo Li de forma a satisfazer a
seguinte condição de primeira ordem:
• Ou,
• Representando com letras minúsculas os logaritmos das variáveis em causa,
temos:
• A equação (6.6) é uma função oferta de trabalho (indirectamente é uma função
produção) em que a oferta de trabalho do produtor depende positivamente do
preço relativo do seu bem.
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O Caso de informação perfeita
z Procura
• A procura pelo bem i e por produtor (Qi) depende de três factores:
• do rendimento real agregado (Y),
• do preço relativo do bem (Pi / P),
• e de uma perturbação aleatória nas preferências (Zi).
• Por simplificação, admite‐se uma função procura logarítmica e linear. A procura
pelo bem i será então:
• zi tem média zero entre os bens, representando choques puramente relativos na
procura. η é a elasticidade da procura pelo bem i.
• Admite‐se ainda que:
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 8
O Caso de informação perfeita
• Finalmente, a procura agregada é igual a:
• Esta é uma forma muito simples de modelar a procura agregada.
• Está implícita uma relação inversa entre preços e produto, que é a
característica fundamental da procura agregada.
• Literalmente, m representa o logaritmo da oferta de moeda, mas pode ser
entendido como qualquer variável capaz de influenciar a procura agregada.
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O Caso de informação perfeita
z Equilíbrio
• O equilíbrio ocorre quando a quantidade procurada por produtor (6.7) iguala a
oferecida (6.6):
• Resolvendo em relação a pi
• Utilizando médias:
• Em equilíbrio,
• (6.10) e (6.14) implicam
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O Caso de informação perfeita
z Logo, a moeda é neutral:
• um aumento na oferta de moeda (m) dá origem a um aumento igual nos
preços de todos os bens (nos pi) e portanto, no nível geral de preços, não
sendo as variáveis reais afectadas.
z Conclusão:
• Admitindo informação perfeita, alterações na procura agregada não
afectam as variáveis reais.
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O Caso de informação imperfeita
z Comportamento do produtor
• Os produtores observam o preço do seu bem, mas não o nível geral de
preços.
• Preço do bem i:
• O produtor gostaria de tomar a sua decisão de produção com base em ri,
mas não o consegue observar, apenas o consegue estimar com base em pi
que observa.
• Lucas assume que os produtores criam expectativas racionais para ri com
base em pi e agem como se o valor esperado fosse conhecido com certeza.
Logo, a equação (6.6) torna‐se em
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O Caso de informação imperfeita
• Lucas assume que os produtores criam expectativas racionais para ri, dado
pi. Isto é, E[ri | pi] representa a verdadeira expectativa de ri dado pi e dada a
distribuição conjunta das duas variáveis.
• De forma a calcular a estimativa de ri, Lucas assume que:
• Os choques monetários, m, seguem uma distribuição normal, com média E[m] e
variância Vm
• Os choques na procura por cada um dos bens, zi , seguem uma distribuição
normal com média zero e variância Vz e são independentes de m
• Como pi=p+ri , pi segue a distribuição normal, a sua média é a soma das médias
de p e ri e a sua variância é a soma das variâncias.
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O Caso de informação imperfeita
• O problema do indivíduo consiste em prever ri com base em pi :
• Visto que pi e ri seguem conjuntamente a distribuição normal, a expectativa de ri
é uma função linear da observação de pi. Assim, temos:
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O Caso de informação imperfeita
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O Caso de informação imperfeita
• Substituindo (6.19) em (6.17) temos a seguinte oferta de trabalho:
• Calculando a média para todos os produtores e usando as definições de y e
p obtemos a função oferta agregada de Lucas:
• Afastamentos do produto do seu valor normal (0 neste caso) são uma
função crescente da surpresa no nível de preços.
• Esta curva da oferta é essencialmente a mesma que a da curva de Phillips
aumentada das expectativas. Lucas fundamentou através da
microeconomia esta visão da oferta agregada.
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O Caso de informação imperfeita
z Equilíbrio
• Combinando a curva da oferta agregada (6.21) com a equação da procura agregada
(6.10) e resolvendo em relação a p e a y temos:
• A posteriori, após m ser definido, estas igualdades verificam‐se. Logo, a priori, antes
de m ser definido, as expectativas dos 2 lados de (6.22) são iguais. Podemos portanto,
usar a equação (6.22) para obter E[p].
• Tirando valores esperados de ambos os lados da igualdade, temos:
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O Caso de informação imperfeita
• Resolvendo em ordem a E[p]:
• Sabendo que m = E[m]+(m‐E[m]) e substituindo (6.25) em (6.22) e (6.23), temos:
• Podemos extrair destas 2 equações as implicações básicas do modelo:
• Variações esperadas na oferta de moeda (genericamente na procura agregada),
E[m], afectam na mesma proporção os preços, deixando inalterado o produto;
• Variações não esperadas na oferta de moeda, m – E[m], têm efeitos reais e nos
preços. A divisão dos impactos depende da variância dos preços relativos e do
nível geral de preços;
• Alterações nas preferências causam alterações nos preços relativos e,
consequentemente, no que é produzido de cada um dos bens, mas em média o
produto real não se altera.
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O Caso de informação imperfeita
• Para finalizar o modelo falta‐nos estudar o que influencia b.
• Note‐se que quanto maior for b maior será o impacto de choques
monetários no produto e menor será o seu efeito no nível geral de preços.
• Recordando a eq. (6.20), 1 Vr
b≡
γ − 1Vr + Vp
• Quanto maior for a variância nos preços relativos (Vr) maior será b.
• Quanto maior for a variância no nível geral de preços (Vp) menor será b.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 19
Implicações e limites
z A crítica de Lucas
• De acordo com o modelo de Lucas, choques não antecipados na procura
agregada aumentam o produto e os preços acima do esperado.
• Verifica‐se, portando, uma relação do tipo da curva de Phillips, uma relação
positiva entre inflação e produto.
• No entanto, não existe uma troca explorável entre produto e inflação, dado
que só surpresas na oferta de moeda têm efeitos reais.
• Uma ideia mais abrangente desta análise é a de que as expectativas são
importantes em muitas relações entre variáveis agregadas e que alterações
na forma de condução da política económica podem alterar essas
expectativas.
• Em consequência, alterações nas regras de política podem alterar as relações
entre as variáveis agregadas.
• Esta ideia é conhecida como a CRÍTICA DE LUCAS (Lucas, 1976).
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Implicações e limites
z Política monetária antecipada e não antecipada
• A ideia de que só choques não antecipados na AD têm efeitos reais tem uma
implicação importante:
• A política monetária só pode ser utilizada para estabilizar o produto se os
governantes tiverem acesso a informação a que o público em geral não tem
acesso. Políticas definidas de acordo com regras não surtem efeitos reais.
• Segundo Lucas, o facto do governo ter acesso a mais informação que o
público não é uma razão válida para defender políticas keynesianas de
estabilização:
• A maioria das políticas de estabilização são adoptadas com base em indicadores
económicos observáveis;
• Se o público não tem acesso a esses indicadores, será mais simples divulgar essa
informação que alterar as regras de condução da política monetária com o
objectivo de estabilizar a economia.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 21
Implicações e limites
z Testes empíricos
• O modelo de Lucas prevê que o impacto real de um choque na procura
agregada seja menor numa economia em que a variância dos choques é
grande (6.20).
• Lucas (1973) utiliza a variação no logaritmo do PIB nominal como medida
dos choques de procura agregada. Para que esta medida fosse precisa duas
condições teriam que ser satisfeitas:
• a curva da procura agregada teria que ter elasticidade unitária. Desta forma,
alterações na oferta agregada afectam P e Y mas não o seu produto, pelo que o
produto real é determinado apenas pela AD;
• a variação no PIB não pode ser previsível nem observável.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 22
Implicações e limites
z Sob estas hipóteses, o modelo por ele testado foi:
• yc,t = c + Δπxt + λyc,t‐1
• onde yc,t é o log da componente cíclica do produto real (yc,t = yt ‐ yn,t) e Δx é a
variação no log do produto nominal.
z Lucas usou uma amostra relativamente pequena de dados temporais
anuais para 18 países de 1951 a 1967 para testar esta hipótese.
• O modelo prevê que π seja menor em países com maior variância de Δx.
• E.U.A.: yc,t = ‐0.049 + 0.910 Δxt + 0.887 yc,t‐1
• Argentina: yc,t = ‐0.006 + 0.011 Δxt + 0.126 yc,t‐1
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Implicações e limites
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 24
Implicações e limites
z Algumas questões
• Será plausível assumir informação imperfeita quanto a m e p?
• Será razoável admitir uma elevada elasticidade da oferta de trabalho no
curto prazo?
• Estas dificuldades sugerem que os mecanismos enfatizados no modelo
podem ser relativamente pouco importantes para explicar as flutuações no
produto.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 25
B) Modelos dos Novos Keynesianos
z Se magnitudes nominais fossem irrelevantes para os
indivíduos, choques puramente monetários não teriam
efeitos reais:
• Apesar de não serem completamente irrelevantes, a sua importância
directa ao nível microeconómico é pequena.
• Os salários podem ser indexados, não é difícil obter informação sobre o
nível agregado de preços, contratos de empréstimo e depósitos podem
ser indexados, etc.
• Assim, alguns economistas questionam a relevância dos modelos
keynesianos tradicionais.
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Modelos dos novos keynesianos
z De acordo com os novos keynesianos as imperfeições nominais ajudam a
explicar as flutuações económicas agregadas
z Tal acontece porque pequenas fricções ao nível microeconómico de
alguma forma têm importantes efeitos macroeconómicos.
• Neste capítulo, salientamos os custos de menu – pequenos custos em que as
empresas incorrem quando mudam os preços.
• Como estes não chegam para justificar o ajustamento nominal incompleto, é
necessário assumir também a presença de alguma rigidez real.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 27
Modelos dos novos keynesianos
z Um modelo de concorrência imperfeita e flexibilidade de preços
• A análise deste modelo, que ainda não incorpora imperfeições nominais, é
relevante porque:
• A concorrência imperfeita tem consequências macroeconómicas importantes;
• Os modelos do resto do capítulo salientam as causas e os efeitos de barreiras ao
ajustamento de preços.
• Assim, convém trabalhar primeiro com um modelo que nos mostre os preços que
os produtores escolheriam na ausência de tais barreiras.
• Mostra que a concorrência imperfeita por si só não é suficiente para que a moeda
tenha efeitos reais.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 28
Modelos dos novos keynesianos
z Um modelo de concorrência imperfeita e flexibilidade de preços
z Hipóteses:
• A economia é composta por um elevado número de indivíduos.
• Cada agente fixa o preço de um produto e é o único produtor do mesmo.
• O trabalho é o único factor de produção. Existe um mercado de trabalho competitivo
onde os indivíduos podem comprar ou vender força de trabalho.
• A equação da procura para cada um dos bens é a (6.7):
qi = y ‐ η(pi – p), η>1
• Dado que estamos a admitir concorrência imperfeita, os vendedores irão fixar um
preço acima do custo marginal.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 29
Um modelo de concorrência imperfeita e
flexibilidade de preços
1
• A função utilidade de um indivíduo (6.2) é U i = Ci - Lγi
γ
• O rendimento é agora a soma do lucro obtido na produção e do rendimento do
trabalho logo,
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 30
Um modelo de concorrência imperfeita e
flexibilidade de preços
z O comportamento dos indivíduos:
• Substituindo a função procura de cada um dos bens na função utilidade
• Para o problema de maximização da utilidade a condição de primeira ordem
para Pi é:
• No que diz respeito à escolha de Li a condição de primeira ordem é
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 31
Um modelo de concorrência imperfeita e
flexibilidade de preços
z Equilíbrio:
• Devido à simetria do modelo, em equilíbrio cada indivíduo trabalha o mesmo e produz
a mesma quantidade.
• O produto de equilíbrio é, portanto, igual ao nível comum de oferta de trabalho. Tanto
de (6.41) como de (6.42) podemos exprimir o salário real como função do produto
• Substituindo em (6.40), obtemos uma expressão do preço relativo desejado por cada
produtor:
• Em logaritmos,
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 32
Um modelo de concorrência imperfeita e
flexibilidade de preços
• Duas conclusões podem ser extraídas de (6.45):
• os produtores desejam um preço mais elevado para o seu produto quando o nível
geral de preços aumenta;
• o preço relativo óptimo é uma função crescente do nível de produto.
• Dada a simetria do modelo, todos os produtores escolhem o mesmo pi. O preço de
cada um dos bens é igual ao preço médio. Daí que, o preço relativo desejado por cada
produtor seja igual a 1.
• Podemos então usar (6.44) para obter o produto agregado de equilíbrio
• De Y = M/P, obtemos o nível de preços de equilíbrio
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 33
Um modelo de concorrência imperfeita e
flexibilidade de preços
z Implicações
• Num mercado competitivo, e simétrico, cada produtor trabalha um
montante L , produz uma quantidade do bem igual a L e consome um
montante também igual a L . A sua utilidade é igual a L - (1/ γ )Lγ
e a solução para o problema de maximização é L =1. Então, o produto de
equilíbrio é também igual a 1.
• Neste modelo, o produto agregado é inferior a 1 (6.46), o que representa um
resultado abaixo do óptimo social.
•O afastamento face ao óptimo será tanto maior quanto maior o poder de
mercado dos produtores e quanto mais sensível for a oferta de trabalho ao
salário real.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 34
Um modelo de concorrência imperfeita e
flexibilidade de preços
• Algumas implicações para as flutuações que derivam deste facto:
• Recessões e expansões têm efeitos assimétricos no bem‐estar social.
• As decisões quanto aos preços exercem externalidades. Suponhamos
que, partindo de um ponto de equilíbrio, cada produtor decide reduzir o
preço do seu bem num pequeno montante. Ao caírem os preços, M/P
sobe e, portanto, o produto agregado aumenta.
• A hipótese de concorrência imperfeita não implica por si só a não
neutralidade da moeda.
• Neste modelo, uma alteração no stock de moeda leva a alterações
proporcionais nos preços e nos salários nominais, mas o produto e o salário
real não se alteram.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 35
Serão as pequenas fricções suficientes?
z Considerações genéricas
• A economia é composta por muitas empresas, com poder de mercado, que
tomam as acções das demais como dadas.
• A economia está inicialmente no seu nível de equilíbrio com preços flexíveis.
• Após a definição dos preços, a procura agregada é determinada.
• A empresa poderá então optar por alterar o preço do seu bem ou não.
• Se a empresa alterar o preço suporta um custo de menu.
• Que circunstâncias levarão as empresas a alterarem os preços dos seus bens
quando a procura não corresponde ao antecipado?
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 36
Serão as pequenas fricções suficientes?
z Suponhamos que a procura é inferior ao esperado (Figura 6.2):
• A empresa está disposta a manter o preço se o lucro adicional que resulta de o alterar
for inferior ao custo de menu.
• Aspecto crucial: os lucros perdidos por não ajustar o preço podem ser pequenos,
mesmo que a empresa tenha sido muito afectada pela diminuição da procura.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 37
Serão as pequenas fricções suficientes?
z Implicações
• As recessões são encaradas como o resultado de uma falha do
mercado:
• A incapacidade de ultrapassar externalidades causadas pelo problema
do borlista.
• A ideia de que as recessões têm custos elevados não é contraditória
com a hipótese de que estas são causadas por quebras na procura
agregada e pequenas barreiras ao ajustamento dos preços.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 38
Serão as pequenas fricções suficientes?
• Este modelo admite concorrência imperfeita, o equilíbrio ocorre
num ponto abaixo do óptimo.
• Logo, as expansões aumentam o bem‐estar, enquanto as recessões o
reduzem.
• Políticas de estabilização são portanto defensáveis.
• No entanto, para valores razoáveis, o incentivo para as empresas
ajustarem os preços é maior do que o custo de menu.
• Logo, estes custos não chegam para justificar o ajustamento nominal
incompleto.
• É necessário assumir também a existência de alguma rigidez real.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 39
Rigidez Real
z Considerações gerais
• Consideremos novamente uma economia onde se verificou uma
diminuição da procura.
• A empresa representativa que tem de decidir se deve ou não alterar
o preço do seu bem, admitindo que todas as outras empresas
mantêm os preços.
• A diminuição da procura afecta a empresa de duas formas:
• A sua função lucro contrai‐se;
• O preço óptimo é agora menor.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 40
Rigidez Real
• O incentivo para a empresa alterar o preço é dado
pela distância vertical entre A e B.
• Esta distância depende de dois factores: da deslocação
da função lucro e da curvatura da função lucro.
• A distância entre o velho e o novo preço de
maximização dos lucros, C‐D, é determinada pelo
grau de rigidez real:
• Reacção dos preços que maximizam os lucros a
variações no produto agregado.
• Quanto menos sensível for a função lucro ao
afastamento do preço óptimo, menor o incentivo da
empresa para alterar o preço.
• Em suma, para que pequenos custos de ajustamento
dos preços gerem grande rigidez nominal é
necessária uma combinação de rigidez real e de
insensibilidade da função lucro.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 41
Rigidez Real
z Fontes específicas de rigidez real
• Do lado dos custos:
• Quanto menor for a queda dos custos marginais devida a uma redução
da procura agregada, menor o incentivo da empresa para baixar o
preço.
• Isto pode acontecer de duas formas:
• uma menor deslocação para baixo da curva de custo marginal da
empresa em resposta a uma diminuição do produto agregado, o que
implica um menor declínio do preço que maximiza o lucro da
empresa, ou seja, maior rigidez real;
• uma curva de custo marginal menos inclinada implica em simultâneo
maior insensibilidade da função lucro e maior rigidez real.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 42
Rigidez Real
• Do lado das receitas:
• Quanto maior a deslocação para baixo da curva da receita
marginal devida a uma redução da procura, menor a diferença
entre o custo marginal e a receita marginal para a empresa
representativa que mantém o preço.
• Uma maior deslocação para a esquerda da curva de receita
marginal corresponde a maior rigidez real.
• Uma curva da receita marginal com maior inclinação também
faz aumentar o grau de rigidez real.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 43
Rigidez Real
• Factores que podem tornar os custos menos pró‐cíclicos:
• Pequenas externalidades de mercado que façam com que seja
mais fácil comprar e/ou vender em períodos de expansão.
• Outras economias externas de escala ou de aglomeração que
diminuam os custos quando as outras empresas estão a
produzir mais.
• Imperfeições no mercado de capitais que tornem os custos de
financiamento maiores em períodos de recessão.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 44
Rigidez Real
• Do lado das receitas alguns factores potenciais são:
• Pequenos efeitos de mercado que tornem mais fácil às empresas
disseminar informação e aos consumidores adquiri‐la quando a
economia está em expansão.
• Informação imperfeita que torne os consumidores actuais mais
sensíveis a aumentos nos preços que consumidores potenciais a
diminuições nos mesmos.
• Imperfeições no mercado de capitais que façam com que empresas
com problemas de liquidez aumentem os preços em períodos de
recessão.
• Aumentos nas vendas que ampliem o incentivo das empresas para
desviarem de acordos de conluio através de diminuições do preço.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 45
Rigidez Real
z Para que a teoria dos Novos Keynesianos faça sentido é
necessário assumir alguma rigidez nos salários reais, para
além da rigidez nos preços.
• Os salários reais poderão não ser altamente pró‐cíclicos por duas
razões fundamentais:
• No curto prazo a oferta de trabalho pode ser relativamente elástica ‐ a
investigação empírica não confirma esta hipótese;
• Imperfeições no mercado de trabalho podem fazer com que os
trabalhadores não estejam sobre a sua curva da oferta de trabalho em,
pelo menos, parte do ciclo económico.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 46
Rigidez Real
z Outras fricções
• Uma linha de investigação recente analisa as consequências que
derivam do facto dos contratos de dívida muitas vezes não serem
indexados.
• Nestes casos, as perturbações nominais provocam redistribuições no
rendimento.
• Se o mercado de capitais for perfeito, essas redistribuições não têm
impactos reais importantes.
• Mas este mercado não é perfeito.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 47
Rigidez Real
• O mercado de capitais não é perfeito:
• A existência de informação assimétrica entre quem pede emprestado e
quem empresta, em conjunto com aversão ao risco ou garantias
limitadas, fazem com que, em geral, o resultado óptimo não seja
atingido.
• Há menos investimento e investimento menos eficiente, quando este é
financiado externamente do que quando é realizado com fundos do
próprio investidor.
• Assim, em períodos de recessão o investimento é menor.
• Se os contratos de dívida não estiverem indexados, a flexibilidade dos
preços e dos salários aumenta os efeitos na distribuição resultantes de
choques nominais, aumentando, por conseguinte, os seus efeitos reais.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 48
C) Modelos Dinâmicos dos Novos Keynesianos
e Ajustamento Desfasado dos Preços
z A análise da parte B é estática:
• Considera uma economia num só período , em que os preços estão
inicialmente do nível de equilíbrio (sem fricções).
• Este caso só é apropriado se todos os preços tiverem que ser
revistos antes de cada período, o que não é realista.
• Assim, esta secção analisa casos em que nem todos os preços são
ajustados em todos os períodos.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 49
Fundações dos Modelos Dinâmicos dos
Novos Keynesianos
z Extensão do modelo estático de concorrência imperfeita:
• O tempo é discreto;
• Em cada período as empresas produzem bens utilizando o trabalho com
único factor de produção;
• Como não há governo, o consumo agregado é igual à produção;
• Os agregados familiares maximizam a utilidade tomando os
comportamentos do salário real e da taxa de juro real como dados;
• As empresas maximizam o valor presente descontado dos seus lucros,
sujeitas a constrangimentos na determinação dos preços;
• Finalmente, um banco central determina o comportamento da taxa de juro
real através da condução da política monetária.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 50
Fundações dos Modelos Dinâmicos dos
Novos Keynesianos
z Agregados familiares:
• Função objectivo do agregado representativo:
∞
∑ β [U(C t ) − V (Lt )], 0 < β < 1, V ' (•) > 0, V '' (•) > 0 (6.59)
t =0
Ct1−θ
U(Ct ) = , θ >0
1 −θ (6.60)
• A condição de primeira ordem para a oferta de trabalho em t é:
W
V ' (Lt ) = U' (Ct ) t (6.61)
Pt
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 51
Fundações dos Modelos Dinâmicos dos
Novos Keynesianos
z Agregados familiares (cont.):
• A condição de primeira ordem que relaciona Ct e Ct+1 é:
• Esta é a curva IS dos novos keynesianos. A principal diferença face à IS
tradicional é a presença de Yt+1 do lado direito.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 52
Fundações dos Modelos Dinâmicos dos
Novos Keynesianos
z Empresas:
• A empresa i produz no período t, de acordo com a função de produção Qit=Lit e
Qit = Yt (Pit / Pt )−η
enfrenta a procura .
• Os lucros reais em t, Rt, são os rendimentos menos os custos:
⎝ Pt ⎠ ⎝ Pt ⎠ ⎣⎢⎝ t ⎠
P ⎝ Pt ⎠⎝ Pt ⎠ ⎥⎦
• Definindo πt como a probabilidade de o preço fixado no período 0 se manter
ém t, e λt como a utilidade marginal do consumo do período t face ao 0, a
empresa representativa escolhe o seu preço no período 0, Pi, de forma a
maximizar
∞ ⎡⎛ P ⎞1−η ⎛ W ⎞⎛ P ⎞ −η ⎤
V = ∑ π t λtYt ⎢⎜⎜ it ⎟⎟ − ⎜⎜ t ⎟⎟⎜⎜ it ⎟⎟ ⎥ (6.67)
t =0 ⎢⎣⎝ Pt ⎠ ⎝ t ⎠⎝ t ⎠ ⎦
P P ⎥
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 53
Fundações dos Modelos Dinâmicos dos
Novos Keynesianos
z Empresas (cont.):
• Assumindo que a inflação é baixa e que a economia está sempre perto do
equilíbrio com preços flexíveis, e após algumas transformações, o problema da
empresa resume‐se a:
( )
∞ 2
min ∑ π t pi − pt*
pi t =0 (6.71)
• Em que pi é o logaritmo de Pi e pt* é o logaritmo do preço que maximiza o
lucro no período t.
• Encontrando a condição de primeira ordem para pi e arranjando, temos:
∞
pi = ∑ ωt pt* (6.72)
t =0
• ωt ≡ π t / ∑τ∞=0 πτ
Em que .
• Esta equação indica que o preço fixado pela empresa i é uma média
ponderada dos preços que maximizam o lucro durante o tempo em que
esse preço se mantém em efeito.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 54
Fundações dos Modelos Dinâmicos dos
Novos Keynesianos
z Empresas (cont.):
• Havendo incerteza, as empresas baseiam os seus preços nas expectativas sobre
os que maximizam os lucros, pt* :
∞
[ ]
pi = ∑ ωt E0 pt*
t =0
(6.73)
• Tendo em conta que o preço real de maximização do lucro é proporcional ao
salário real e que este aumenta com Y, vamos assumir que o logaritmo do preço
que maximiza os lucros toma a seguinte forma:
pt* = φmt + (1 − φ )pt , mt = pt + yt (6.74)
• Substituindo em (6.73), obtemos:
∞
pi = ∑ ωt E0 [φmt + (1 − φ )pt ] (6.75)
t =0
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 55
Fundações dos Modelos Dinâmicos dos
Novos Keynesianos
z O Banco Central:
• Para descrevermos a determinação da taxa de juro real é preciso introduzir a
política monetária no modelo.
• Uma abordagem possível é assumir que o banco central segue uma regra que
determina a taxa de juro, tendo em conta outras variáveis do modelo, tais
como o produto e a inflação actuais e esperadas.
• Com preços rígidos, o banco central pode controlar a taxa de juro real através
da taxa nominal.
• Assumindo que o banco central determina a trajectória do PIB nominal, mt,
podemos ignorar o mercado monetário e até a curva IS.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 56
Fundações dos Modelos Dinâmicos dos
Novos Keynesianos
z Extensões:
• Derivação do comportamento do banco central através de optimização.
• Inclusão explícita da moeda.
• Inclusão do investimento e das despesas governamentais.
• Consideração de modelos mais complicados do comportamento do consumo.
• Resolução do problema de escolha do preço de forma exacta, em vez de
recorrer a aproximações.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 57
Modelo com Preços Predeterminados
z Hipóteses do modelo de Fischer (1977)
• Os preços são fixados de 2 em 2 períodos, mas podem ser diferentes em cada
um dos períodos.
• Em cada período, metade dos produtores estarão a fixar os seus preços para os
próximos 2 anos.
• Em cada período, 50% terão que adoptar os preços fixados no contrato
estabelecido há dois períodos atrás e os restantes 50% adoptam os preços
fixados no período anterior.
• m é considerada exógena. Informação sobre mt pode ser revelada
gradualmente nos períodos que antecedem t, de tal forma que Et‐1mt pode ser
diferente de Et‐2mt.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 58
Modelo com Preços Predeterminados
z Resolução do modelo
• Em cada período, metade dos preços são os estabelecidos no período anterior
e a outra metade são os estabelecidos há 2 períodos atrás.
• O preço médio no período é dado por:
(1
pt = pt1 + pt2
2
) (6.76)
pt1
onde representa o preço fixado para t pelos agentes que fixaram os preços em (t‐1),
2
pt
e o preço para t estabelecido pelos agentes que fixaram os preços em t‐2.
• Porque assumimos um comportamento de certeza equivalente e os agentes
seleccionam o preço que esperam venha a maximizar os lucros.
( 1
)
pt1 = Et −1 [φmt + (1 − φ )pt ] = φEt −1mt + (1 − φ ) pt1 + pt2
2
(6.77)
(6.78)
( 1
)
pt2 = Et −2 [φmt + (1 − φ )pt ] = φEt −2mt + (1 − φ ) Et −2 pt1 + pt2
2
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 59
Modelo com Preços Predeterminados
z Resolução do modelo (cont.):
• O objectivo é determinar de que forma evoluem os preços e o produto em
função do comportamento de m.
• pt1
Resolvendo (6.77) em ordem a ,
2φ 1 −φ 2
pt1 = Et −1mt + pt (6.79)
1+φ 1+φ
• Tirando expectativas de ambos os lados da equação em t‐2 temos,
2φ 1 −φ 2
Et −2 pt1 = Et −2mt + pt (6.80)
1 +φ 1+φ
• Substituindo (6.80) em (6.78) e simplificando
1 ⎛ 2φ 1 −φ 2 2 ⎞ (6.81)
pt2 = φEt −2mt + (1 − φ ) ⎜ Et −2mt + pt + pt ⎟
2⎝1 +φ 1+φ ⎠
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 60
Modelo com Preços Predeterminados
z Resolução do modelo (cont.):
• pt2
Resolvendo em ordem a ,
pt2 = Et −2mt (6.82)
• Substituindo (6.82) em (6.79) e simplificando,
2φ
pt1 = Et −2mt + (Et −1mt − Et −2mt ) (6.83)
1 +φ
• p = (
1 1 2
pt + pt )
Recordando que , que
t
2
yt = mt ‐ pt e substituindo (6.82) e (6.83)
nestas expressões temos:
φ
pt = Et −2mt + (Et −1mt − Et −2mt ) (6.84)
1 +φ
1
yt = (Et −1mt − Et −2mt ) + (mt − Et −1mt )
1+φ (6.85)
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 61
Modelo com Preços Predeterminados
z Ilações:
• Choques não antecipados na procura agregada têm efeitos reais:
mt ‐ Et‐1 mt
• Choques na procura agregada que apenas são antecipados depois de os
primeiros preços terem sido fixados têm efeitos reais:
Et‐1 mt ‐ Et‐2 mt.
• É possível estabilizar a economia utilizando regras de política.
• Interacções entre os agentes que estabelecem os preços podem ampliar ou
reduzir os efeitos da rigidez microeconómica nos preços.
• Recorde‐se da equação (6.45) que φ mede a resposta dos preços reais
desejados ao produto agregado real:
pi* − p ≡ c + φy
• O produto agregado não depende de Et‐2mt.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 62
Modelo com Preços Fixos
z Modelo de Taylor (1979, 1980)
• Os agentes fixam preços que permanecem em vigor durante 2 períodos.
• Há dois grupos de empresas que definem alternadamente os preços.
• Duas pequenas diferenças adicionais face ao modelo anterior:
• Um indivíduo que fixe o seu preço no período t, fá‐lo para os períodos t e t+1 em
vez de para os períodos t+1 e t+2 como no modelo anterior.
• Assume‐se que mt segue um processo específico, um passeio aleatório:
mt = mt‐1 + ut (6.86)
onde ut é uma variável de ruído branco (white noise).
• Assume‐se um comportamento de certeza equivalente que leva os produtores
a fixar os preços o mais próximo possível do óptimo.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 63
Modelo com Preços Fixos
• Logo, sendo xt o preço escolhido pelos agentes que fixam os preços em t
temos: 1
(
xt = pit* + Et pit* +1
2
)
(6.87)
1
xt = {[φmt + (1 − φ )pt ] + [φEt mt +1 + (1 − φ )Et pt +1 ]}
2
• pi* − p ≡ c + φy
A segunda linha obtém‐se usando (6.45) e y = m ‐ p (6.10), que
p* = φm + (1 − φ )p
implicam que .
1
• pt = ( xt + xt −1 )
Dado que e m t = mt‐1+ ut , ou seja, Etmt+1=mt
2
x +x
xt = φmt + (1 − φ )⎛⎜ t t −1 ⎞⎟ + φmt + (1 − φ ) (Et xt +1 + xt )
1 1 1 1 1
2 2 ⎝ 2 ⎠ 2 2 2
1
xt = φmt + (1 − φ )(2 xt + xt −1 + Et xt +1 ) (6.88)
4
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 64
Modelo com Preços Fixos
• Resolvendo em ordem a xt
xt = A (xt‐1+ Etxt+1) + (1‐2A) mt (6.89)
onde 1 1 −φ
A≡
21+φ
• De forma a encontrarmos a solução do modelo necessitamos de eliminar Etxt+1.
Para isso, podemos recorrer ao método dos coeficientes indeterminados.
• Este método consiste em utilizar a teoria para encontrar uma forma
funcional genérica da solução do problema e depois determinar os valores
que os coeficientes dessa forma funcional devem tomar de forma a
satisfazerem as equações do modelo.
• No período t, o stock de moeda (mt) e os preços fixados no período anterior
(xt‐1) são conhecidos. Dado que o modelo é linear podemos propor uma
solução para xt em função de mt e de xt‐1
xt = μ + λxt‐1 + νmt (6.90)
• O objectivo é agora determinar se existem valores para μ, λ e ν que
solucionem o modelo. Podemos adivinhar os parâmetros usando o equilíbrio
de longo prazo do modelo:
• No equilíbrio de longo prazo o produto é estável, assim como os preços.
• Dado que mt segue um passeio aleatório os agentes que fixam os preços no
período t não têm qualquer motivo para esperar que mt+1 seja diferente de mt.
• Mais ainda, os preços escolhidos são iguais aos desejados em cada período.
Recordando (6.45) sabemos que isso acontece quando yt = 0. Sendo yt=0 (6.10)
implica pt = mt em cada período. Se os preços escolhidos e os desejados em cada
período são iguais, (6.60) implica xt = pt = mt = xt‐1 = pt‐1 = mt‐1, etc.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 66
Modelo com Preços Fixos
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 67
Modelo com Preços Fixos
• Substituindo (6.65) nesta expressão
Et xt+1 = λ[λxt‐1 + (1‐λ) mt] + (1‐λ) mt = λ2 xt‐1 + (1‐λ2) mt (6.93)
• Substituindo esta expressão em (6.89) obtemos
xt =A[xt‐1 + λ2 xt‐1 + (1‐λ2) mt ] + (1‐2A) mt
= (A+Aλ2 ) xt‐1 + [A(1‐λ2) + (1‐2A)] mt
• Se encontramos a solução para o modelo esta igualdade deve verificar‐se,
pelo que podemos igualar os coeficientes de ambos os lados da equação:
λ = A + Aλ2 (6.95)
1‐λ = A (1‐λ2) + (1‐2A) (6.96)
• Usando a fórmula resolvente em (6.95):
1 ± 1 − 4 A2 (6.97)
λ=
2A
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 68
Modelo com Preços Fixos
• Substituindo o valor de A dado em (6.62), e depois de alguma álgebra,
obtemos os 2 valores possíveis de λ
1− φ
λ1 = (6.98)
1+ φ
1+ φ
λ2 =
1− φ (6.99)
• Só a primeira solução é razoável. Quando λ=λ1 , |λ|<1 e a economia é
estável. Quando λ = λ2 , |λ|>1 e a economia é instável: um pequeno distúrbio
leva o produto para mais ou menos infinito.
• Assim os valores que solucionam o problema são:
1− φ
λ1 =
μ = 0 , , ν = 1 ‐ λ1
1+ φ
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 69
Modelo com Preços Fixos
• Podemos agora descrever o comportamento do produto agregado adoptando
estas soluções:
yt = mt ‐ pt yt = mt ‐ (xt‐1 + xt)/2
• Dado (6.92): xt = λxt‐1 + (1‐λ) mt
1
yt = mt − {[λxt −2 + (1 − λ )mt −1 ] + [λxt −1 + (1 − λ )mt ]}
2 (6.100)
yt = mt − ⎢⎡λ ( xt −2 + xt −1 ) + (1 − λ ) (mt −1 + mt )⎤⎥
1 1
⎣ 2 2 ⎦
• Dado que mt = mt‐1 + ut e (xt‐1 + xt‐2)/2 = pt‐1
yt = mt −1 + ut − ⎡⎢λpt −1 + (1 − λ )mt −1 + (1 − λ ) ut ⎤⎥
1 (6.101)
⎣ 2 ⎦
1+λ
yt = λ (mt −1 − pt −1 ) + ut
2
1+λ
yt = λyt −1 + ut
2
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 70
Modelo com Preços Fixos
z Ilações:
• Desde que λ1 seja positivo, choques na procura agregada têm efeitos de longo
prazo no produto, efeitos que perduram mesmo após todos os produtores
terem ajustados os seus preços.
• Quando se verifica um choque positivo na procura, um grupo de produtores não
pode alterar os seus preços, pelo que o produto sobe.
• Por razões competitivas, ao grupo de produtores que pode ajustar os preços não
convém que os seus preços sejam muito diferentes dos do outro grupo.
• No período seguinte, o outro grupo ajusta os preços mas também está limitado pelo
facto de não querer preços relativos muito diferentes.
• Os preços ajustam‐se lentamente, não se deslocam imediatamente e
completamente para o novo nível de equilíbrio de longo prazo.
• O produto retorna lentamente ao normal com yt =λyt‐1 em cada período. Choques
na procura têm efeitos no produto que perduram ao longo do tempo.
• A rigidez nos preços é maior que no modelo anterior e, em consequência, o
impacto de um choque na procura agregada é mais persistente.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 71
O Modelo de Mankiw & Reis
z Modelo Mankiw & Reis (2002):
• Este modelo propõe uma solução potencial para o puzzle da inércia na inflação.
• Assume preços predeterminados, que resultam dos custos de obtenção e
processamento de informação (sticky information).
• As empresas podem escolher não actualizar continuamente os seus preços,
mas escolher uma trajectória para os mesmos, que seria seguida até nova
recolha de informação.
• Assunções:
• Em cada período, cada empresa tem a probabilidade α de adoptar uma nova
trajectória para os preços (0<α≤1).
• Em cada período uma fracção α das empresas adopta uma nova trajectória.
• Mesmo que em média o ajustamento seja frequente, algumas empresas poderão
ter de esperar muito tempo depois de um choque para poderem ajustar as suas
trajectórias de preços.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 72
O Modelo de Mankiw & Reis
z Resolução do modelo:
• Tal como no modelo de preços predeterminados, desvios de yt de zero só se
devem a informação sobre mt revelada depois de algumas empreses terem
fixado os seus preços para o período t.
• O produto é dado por uma expressão deste tipo
yt = ∑ (1 − ai )(Et −i mt − Et −(i +1 )mt )
∞
(6.118)
i =0
Em que ai é a fracção de informação sobre mt que chega no período t‐i e que passa
para o nível agregado de preços.
• Para resolver o modelo é preciso encontrar os ai. Para tal, usamos λi para
representar a fracção de empresas que têm a oportunidade de alterar os seus
preços em t, em resposta a informação sobre mt que chega em t‐i:
λi = 1 − (1 − α )i +1 (6.119)
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 73
O Modelo de Mankiw & Reis
z Resolução do modelo (cont.):
• Como as empresas podem estabelecer um preço diferente para cada período,
as que ajustam os seus preços podem responder livremente a nova
informação.
• p* = φm + (1 − φ )p
Sabemos que e que a alteração em pt em resposta a
nova informação é ai (Et −i mt − Et −(i +1 )mt )
• Assim, as empresas que são capazes de responder aumentam os preços
em: (1 − φ )ai (Et −i mt − Et −(i +1)mt ) + φ (Et −i mt − Et −(i +1)mt )
= [(1 − φ )ai + φ ](Et −i mt − Et −(i +1 )mt )
• Como só uma fracção λi das empresas é capaz de ajustar os seus preços,
o nível geral de preços sobre por:
λi [(1 − φ )ai + φ ](Et −i mt − Et −(i +1 )mt )
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 74
O Modelo de Mankiw & Reis
z Resolução do modelo (cont.):
• Assim, temos
λi [(1 − φ )ai + φ ](Et −i mt − Et −(i +1 )mt ) = ai (Et −i mt − Et −(i +1 )mt )
• Pelo que ai deve satisfazer:
λi [(1 − φ )ai + φ ] = ai (6.120)
• Resolvendo em ordem a ai e usando (6.119), obtemos:
ai =
φλi
=
[
φ 1 − (1 − α )i +1 ] (6.120)
[
1 − (1 − φ )λi 1 − (1 − φ ) 1 − (1 − α )i +1 ]
• Finalmente, como pt + yt = mt, podemos escrever pt como:
pt = mt ‐ yt (6.122)
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 75
O Modelo de Mankiw & Reis
z Implicações:
• Um aumento permanente na procura agregada (m) leva a um aumento no
produto, que gradualmente desaparece, e a um aumento gradual no nível de
preços.
• Se o grau de rigidez real é elevado (φ pequeno) os efeitos no produto podem ser
muito persistentes, mesmo se o ajustamento dos preços for frequente (λ alto ).
• Quando há rigidez real (φ <1), o impacto de uma alteração no número de
empresas adicionais que ajustam os preços é maior quanto maior for o número
de outras firmas que também estão a ajustar.
• A passagem para uma menor taxa de crescimento da procura agregada produz
uma recessão cuja cava é atingida só passado algum tempo.
• Uma alteração para política desinflacionária produz primeiro um recessão e,
depois, baixa a inflação.
• Nenhuma política monetária pode fazer o produto desviar‐se sistematicamente
do seu nível normal.
2008/2009 Macroeconomia Avançada I 76