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4 - Educao Do Campo e Pedagogia Da Alternncia - Adriene

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Revista Eletrnica de Culturas e Educao N. 6 V.2 p. 46-60 Ano III (2012) Set.-Dez. ISSN 2179.8443 Caderno Temtico V

Educao, Escolas e Movimentos Sociais do/no Campo

EDUCAO DO CAMPO E PEDAGOGIA DA ALTERNNCIA: algumas consideraes metodolgicas 1

Adriene Viana Lima Universidade Federal do Recncavo Baiano

RESUMO O presente artigo parte do trabalho de concluso de curso de Especializao Educao do Campo e Desenvolvimento Territorial do Semirido Brasileiro. Ele recupera alguns elementos norteadores da Educao do Campo para compreender sua relao com a Pedagogia da Alternncia. O objetivo recuperar a relao entre estas duas dimenses do fazer educativo da classe trabalhadora ainda em construo. Palavras chaves: Educao do Campo. Pedagogia da Alternncia. Escola Famlia Agrcola. RSUM Cet article fait partie de l'achvement des travaux de l'ducation et du dveloppement rural spcialisation territoriale de la semi-aride du Brsil. Il rcupre des lments directeurs de l'ducation Champ de comprendre leur relation avec la pdagogie de l'alternance. L'objectif est de rtablir la relation entre ces deux dimensions de l'ducation la classe ouvrire encore en construction. Mots-cls: Education terrain. Pdagogie de l'alternance. Ecole famille agricole.

Trabalho orientado pela prof Doutora Silvana Lima da UFRB junto ao curso de Especializao em Educao do Campo e Desenvolvimento Territorial do Semirido Brasileiro da UFRB. Contato: nene.viana@hotmail.com

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A histria da educao no Brasil revela o quanto populao do campo no teve acesso a educao ou a acessou precariamente. Para Arajo a

Educao de qualidade constitua e ainda constitui, em grande medida, privilgio de classe. Os currculos, contedos e calendrios urbanos, escolas precrias, entre outros, alm da ausncia de polticas pblicas estratgicas, consistentes e contnuas, asseguradoras desse direito, so indicadores do descaso que historicamente caracterizou o poder pblico em relao Educao do Campo (ARAJO, 2004, p. 174).

Mesmo no perodo histrico em que o nosso pas era eminentemente agrrio, as constituies brasileiras - de 1824 at 1988, nunca se referiram Educao rural como uma forma especifica de trabalhar em sala de aula. Contudo, a constituio de 1988 em seu artigo 205 proclama a educao [como], direito de todos e dever do Estado e da famlia. No contraponto educao rural surge a Educao do campo mediante as lutas dos movimentos sociais nas ltimas dcadas do sculo XX. Gradativamente os movimentos em articulao com o poder pblico e as universidades vo gestando polticas educacionais

preocupadas com as especificidades e subjetividades dos camponeses. De acordo com Caldart (2008), a Educao do Campo nasceu como mobilizao/presso de movimentos sociais por uma poltica educacional para comunidades camponesas articuladas s lutas por reforma agrria partindo-se de uma compreenso de campo carente de terra e condies de trabalho, de escolas apropriadas para as pessoas que ali residem visando maior desenvolvimento de seu territrio. Segundo Fernandes (2006, p.30), para que haja o desenvolvimento do territrio campons necessrio uma poltica educacional que entenda sua diversidade e amplitude e, que entenda a populao camponesa como protagonista propositiva de polticas, e no como beneficirios e ou usurios. Com tal compreenso, em 2003 aprovada as Diretrizes Operacionais para a Educao Bsica nas Escolas do Campo. Com ela nasce uma nova perspectiva de poltica de formao integral dos sujeitos camponeses, ou seja, uma educao que leve em considerao o contexto socioeconmico, poltico, histrico, ambiental, cultural, de gnero, raa e etnia. As diretrizes propem que os currculos, contedos, metodologias, calendrios e ambientes de ensino aprendizagem contemplem a realidade do jovem campons. No entanto, a sua aplicao continua sendo uma reivindicao dos movimentos sociais.

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A Educao do/no campo de qualidade um direito constitucional regulamentado pela Resoluo CNE/CEN, n. 1/2002. uma modalidade de ensino que prever um projeto institucional e proposta pedaggica especfica para as escolas do campo (Art. 4 e 5); prever atendimento e calendrio escolar especfico (Art. 7); Assegura atividades curriculares e pedaggicas direcionadas para um projeto de desenvolvimento sustentvel (Art. 8 II); Estabelece que controle da qualidade da educao se faa pela comunidade escolar (Art. 8 IV); prever formao especfica inicial e continuada para todos os profissionais da educao do campo (Art. 12); Resguarda o respeito a diversidade e o direito ao respeito s particularidades fortalecendo a poltica da igualdade. Para garantir o financiamento, determina a diferenciao do custo-aluno, demogrfica e na relao professor/aluno (Art. 15). A necessidade de uma educao apropriada a realidade do campons est coadunada na proposta das Escolas Famlias Agrcolas (EFA) que para Calvo a variao na densidade

Uma Associao de Famlias, pessoas e Instituies que buscam uma formao comum, da evoluo e do desenvolvimento local atravs de atividades de formao principalmente dos jovens sem excluir os adultos. O objetivo consiste em facilitar os meios e os instrumentos de formao adequados ao crescimento dos educandos que so os principais protagonistas da promoo e do desenvolvimento integral e todo o processo de formao. (CALV, 1999, p.17)

A partir de Pistrak (2000) pode-se dizer que a escola sempre foi uma arma nas mos das classes dirigentes. Sendo assim, necessrio mudar este quatro colocando esta arma nas mos de jovens camponeses que por muito tempo no tiveram oportunidades de estudar em uma escola prxima a sua casa. Considerando as conquistas acumuladas, como mostram Lima e Barbosa,

Dentre as importantes conquistas do Movimento [de Educao do Campo] podese destacar: i) a criao de instrumentos legais e da Frente Parlamentar da Educao do Campo. A primeira tem por marco a aprovao das Diretrizes Operacionais para a Educao Bsica nas Escolas do Campo2 e as resolues que definem os princpios da Educao do Campo e cria o PRONERA. A segunda uma associao que atua como um frum de articulao poltica e suprapartidria, constituda no mbito do Congresso nacional, com durao indeterminada e atuao regida por um estatuto. Seu objetivo promover e aprimorar a legislao federal que lhes pertinente3;
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Resoluo CNE/CEB 1, 03/04/2002. Texto redigido pelos membros da Frente Parlamentar hoje coordenada pelos deputados federais Padre Joo, Marcon e Luci Choinacki, ambos do Partido dos Trabalhadores.

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ii) Criao de programas educacionais destinados aos sujeitos do campo que permitem a efetivao do projeto ora analisado como o Programa Nacional de Educao na Reforma Agrria (PRONERA) 4; o Programa de Apoio Formao Superior em Licenciatura em Educao do Campo (PROCAMPO)5, a criao do Observatrio da Educao do Campo, do Frum nacional e Fruns Estaduais e, surgimento de diversos Grupos e linhas de pesquisa em Mestrados, Doutorados e cursos de ps-graduao, dentre tantas outras conquistas. Vale destacar que todos so resultados da forte articulao entre movimentos e pesquisadores; iii) Aes de mbito local fruto da apropriao do projeto ora citado pelas redes municipais de ensino, resultado da atuao dos professores (as) que cursam as licenciaturas em Educao do Campo e diversas outras articulaes; iv) No campo terico e metodolgico, o movimento tem conseguido avanar na pesquisa, na definio e delimitao do campo da educao em uma ntida contraposio ao agronegcio e trazendo para o centro dos processos formativos o debate sobre o acirramento da lgica contraditria de acumulao do capital e da luta de classe no campo. Trata-se de um contraponto ao projeto dominante de educao, de poltica de desenvolvimento e de agricultura. v) Produo do conhecimento6 e pesquisas. (LIMA, BARBOSA, 2012, p. 3)

As diversas experincias estudadas evidenciam de que as experincias com a Educao do Campo em nosso pas vm dando certo.

A Pedagogia da Alternncia

A Pedagogia da Alternncia uma proposta terica metodolgica distinta da educao convencional, pois permite ao educando ter uma viso especfica da sua realidade atravs dos conhecimentos tericos absorvidos na sala de aula e situ-los na integralidade de sua vivncia pessoal, social, ambiental e econmica.

Os Instrumentos da Pedagogia da Alternncia extraem da realidade concreta, elementos significativos que motivam a relao ensino-aprendizagem. Esses elementos passam por um processo de reflexo nas reas do conhecimento, possibilitando ao jovem perceber as contradies existentes dentro de seu prprio
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Decreto 7.352/2010. Programa de Apoio Formao Superior em Licenciatura em Educao do Campo (Procampo). Segundo o MEC, o programa apia a implementao de cursos regulares de licenciatura em educao do campo nas instituies pblicas de ensino superior de todo o pas, voltados especificamente para a formao de educadores para a docncia nos anos finais do ensino fundamental e ensino mdio nas escolas rurais (Disponvel em http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=673&id=12395&option=com_content&view=article 21/08/2012) Coleo Por uma Educao do Campo (7 nmeros); Coleo caminhos da Educao do Campo/UFMG; produo da Rede de Educao do Semirido Brasileiro (RESAB), etc.

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meio. Neste momento, o indivduo toma distncia de sua realidade e passa a analis-la com um olhar cientfico, tomando dimenso entre o real e o ideal, sendo este a realidade projetada (PPP, EFA JAGUAR ES, 2005, p. 20).

Portanto, no percurso formativo entre casa-escola o educando experincia sua realidade, torna-se elemento crtico formador, sendo agente de um processo dialtico de evoluo atravs da participao da produo de novos conhecimentos atravs da anlise interao do que se v na escola e do que se vive na prpria comunidade. A vida um dos princpios da Pedagogia da Alternncia, trazendo nos seus planejamentos a preocupao com a equidade, o fortalecido enquanto espao de discusso e de experincias de diversas prticas educacionais. Uma educao que vai alm da sala de aula uma soluo:
Criar uma escola que no prende adolescentes entre paredes, mas que lhe permita aprender atravs dos ensinamentos da escola, com certeza, mas tambm atravs dos da vida cotidiana, graas a uma alternncia de estadias entre a propriedade familiar e o centro escolar. (GIMONET, 2005, p. 76).

Nessa proposta o jovem alternar sesses educativas na famlia/Comunidade e na EFA. A alternncia se d de forma integrada onde o trabalho e o estudo so dois momentos interligados, porque em ambos os momentos se aprendem e se interage. Segundo GIMONET (1999, p. 44), as principiais caractersticas da Pedagogia da Alternncia so:
Alternncia de tempo e de local de formao, ou seja, de perodo em situao scio profissional e em situao escolar. Significa uma outra maneira de aprender, de se formar, associando teoria e prtica, ao e reflexo, o empreender e o aprender dentro de um mesmo processo. Significa uma maneira de aprender pela vida, partindo da prpria vida cotidiana, dos momentos experienciais, dando prioridade a experincia familiar, social e profissional. Conduz a partilha do poder educativo, valorizando o saber de cada um e os contextos de vida.

A Pedagogia da Alternncia tm um papel importante, na formao dos sujeitos articulando a pesquisa sobre a realidade local fortalecendo o desenvolvimento local e regional.

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Figura:4 Esquema da dinmica da Pedagogia da Alternncia.


PEDAGOGIA DA ALTERNNCIA

Casa Comunidade

CEFFA

Casa Comunidade

Observar

Refletir

Experimentar Transformar
Novas Interrogaes e Pesquisas

Pesquisa participativa sobre a realidade

Anlise da realidade Comparaes Generalizaes Sntese

Fonte: UNEFAB Folder de divulgao Metodologia das EFAs.

neste contexto, que se distingue a Pedagogia da Alternncia das demais e a importncia da mesma atravs da implantao dos seus instrumentos pedaggicos. Segundo Beggnami (2005), a pedagogia da alternncia apresenta as seguintes caractersticas:
1234567O/a educando /a como ator de sua prpria histria formao Um projeto educativo A propriedade da experincia, ponto de partida e de chegada do processo educativo Uma rede de parceiros que colaboram na formao Um dispositivo pedaggico apropriado ou uma didtica especfica Um contexto educativo favorvel Uma concepo especfica de educador/a

Estas caractersticas so apresentadas em quatro pilares que podem ser visualizados no grfico a seguir:
Figura: 3 Representao grfica dos quatro pilares das EFAs.

OS 4 PILARES DAS EFAS

FINALIDADES

FORMAO INTEGRAL Projeto pessoal de vida

DESENVOLVIMENTO DO MEIO Social, econmico, humano, poltico...

A ALTERNNCIA
MEIOS Uma metodologia pedaggica adequada

ASSOCIAO LOCAL:
Pais, famlias, profissionais, instituies.

Fonte: Calv (2005,p 29). In: Revista Formao por Alternncia

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Cada um desses quatro pilares tem o seu enfoque importante na interligao entre si. As Escolas Famlias Agrcolas utilizam o mtodo da Pedagogia da Alternncia que tem como princpio os quatro pilares que so: a Associao; a Pedagogia da Alternncia; A Formao Integral e O desenvolvimento Sustentvel e Solidrio. De acordo com BEGNAMI (2005), dos quatro pilares dois so objetivos e dois so meios para se atingir estes objetivos. Ou seja, a formao integral e o desenvolvimento das pessoas e da comunidade so objetivos do projeto poltico pedaggico do CEFFA. A associao e a pedagogia da alternncia so as ferramentas utilizadas para buscar estes objetivos. A pedagogia da Alternncia acredita na agricultura familiar e no desenvolvimento do campo atravs de pequenas propriedades e at em trabalho coletivo com afirma (Zamberlan,1996, p. 09). A Escola Familiar Agrcola (EFA) foi se espalhando, principalmente nas regies onde predomina a pequena propriedade familiar ou at coletivo-comunitrio ( o caso de alguns pases africanos). Na Escola Famlia Agrcola o estudante o protagonista de seu prprio conhecimento junto s famlias e outros grupos sociais. Pedro Puig Calv, (Calv, 1999, p.5). Afirma que Escola Famlia Agrcola uma Associao de Famlias, pessoas e instituies que buscam solucionar a problemtica comum da evoluo e do desenvolvimento local atravs de atividades de formao, principalmente dos jovens, sem, entretanto excluir os adultos. A Pedagogia da Alternncia permite uma aproximao da escola/famlia e suas produtividades. Percebe-se que os espaos pedaggicos de formao no ocorrem apenas em sala de aula, mas tambm na famlia na convivncia social, cultural, nos servios de produo de conhecimento, entre outros.
Nesta perspectiva de aproximao do meio escolar e do meio familiar/produtivo organizase o movimento de vai-e-vem entre a prtica e a reflexo terica, movimento este que constitui um dos fundamentos da alternncia que, assume sentido de estratgia de escolarizao, possibilitando aos jovens que vivem no campo, conjugar a formao escolar com as atividades e tarefas da unidade produtiva familiar, sem desvincular-se da famlia e da cultura do meio rural (QUEIROZ, 2004).

A educao Integral um dos instrumentos de conexo da metodologia da Pedagogia da Alternncia.

A Formao Integral e personalizada A formao integral o terceiro pilar da Pedagogia da Alternncia. De acordo com Rocha (2007 p.15):
(...) uma formao vista em todos os seus aspectos: pessoas, profissionais, culturais, poltico, tico, etc, que perpassa todas as nossas aes, nos proporcionando inmeros aprendizados e experincias. Essa formao ocorre medica que lhe agregada de forma

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dialtica e articulada suas vrias dimenses:cognitiva,afetiva,relacional,emocional,corporal,esttica, tica e espiritual.

A Pedagogia da Alternncia pensa a educao de forma integral e prepara o individuo para atuar na sociedade. A educao Integral torna-se um desafio no s para a Pedagogia da Alternncia, mais as aes educativas do campo, que possam aprofundar a teoria do conhecimento que queremos realmente transforma-se, ou como nos fala Arroyo(1994)

Temos como objetivo o desenvolvimento integral dos alunos numa realidade plural, necessrio que passemos a considerar as questes e problemas enfrentados pelos homens e mulheres de nosso tempo como objeto de conhecimento. O aprendizado e vivencia das diversidades de raa, gnero, classe, a relao com o meio ambiente, a vivncia equilibrada da afetividade e sexualidade, o respeito diversidade cultural, entre outros, so temas cruciais com que, hoje, todos ns deparamos e,como tal,no podem ser desconsiderados pela escola (p.31).

Figura; 05 Diagrama da dinmica da Formao Integral

Formao Integral
ECOLGICOS INTELECTUAIS

TICOS

TCNICOS

ESPIRITUAIS

ECONMICOS

FILOSFICOS

J O V E M

CIENTFICOS

PROFISSIONAL

HUMANOS SOCIOLGICOS OUTROS

ARTSTICOS

Fonte: Benagmi,2005.

O projeto educativo de uma escola que usa a Pedagogia da Alternncia desenvolve em dois tempos e oferece alguns benefcios no mbito escolar e familiar e comunitrio como afirma Begnaimi (2005 P. 41):

As vantagens no mbito escolar so Espao privilegiado de socializao, do aprender a ser, a conviver e a trabalhar em equipe; Presena de uma equipe de educadores /as que acompanham de forma personalizada, estabelecendo um clima de amizade e respeito mtuo; Um plano de formao que motiva a construo de um projeto profissional Entrelaando N 7 V. 2 Ano III (2012) p.46-60 Set.-Dez ISSN 2179.8443

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Um currculo que parte da realidade e valoriza a cultura do estudante e sua comunidade; Um conjunto de atividades informais complementares que estimulam a criatividade a criatividade, a autonomia, a espontaneidade e a auto-estima. A famlia que se envolve na vida da escola e da formao do filho...

Ainda segundo o mesmo autor, no mbito familiar e comunitrio, as vantagens so:


A alternncia permite a manuteno dos vnculos do jovem com sua famlia e comunidade; O estudante no se distanciados seus parentes, amigos e grupos da comunidade; Ligaes com as razes, valorizao da cultura local e cultura da auto-estima; Rompimento com preconceitos contra o meio rural e os povos camponeses; Valorizao da vida e priorizao das experincias como meio de aprendizagem e lugar de intervenes; Incentivo prticas scias, motivando os jovens a participar e a engajar-se em um grupo social concreto.

Esse tipo de educao contribui com a formao do jovem e o meio scio profissional dos jovens.

Pedagogia da Alternncia e seus Instrumentos Pedaggicos

Segundo Begnami (2005), a organizao do Plano de Formao que articula um conjunto de instrumentos pedaggicos e atividades necessrias para uma alternncia integrativa que valorize, de fato, e priorizar a experincia como lugar de aprendizagem e formao. Os instrumentos pedaggicos servem de conexo entre escola famlia e comunidade facilitando assim o aprendizado dos jovens. Os principais instrumentos pedaggico das Escolas Famlias Agrcola e suas funes no processo do ensino aprendizagem so: 01 Planos de Estudos (PE) O Plano de Estudo um dos instrumentos fundamentais na pedagogia da alternncia, ligando o saber ao fazer. Ele pode levar o aluno a descobrir prticas, experincias utilizadas pelos seus pais, avs, rgos e comunidades, quando em sesso na famlia /comunidade.

O Plano de Estudo (PE) constitui um meio para o dilogo entre aluno EFA - famlia. feito de questes elaboradas em conjunto, na EFA a partir de um dilogo entre alunos e monitores, tendo por base a realidade objetiva do jovem. Questes ligadas ao sua meio, situao familiar, tcnicas, sade da comunidade, os remdios caseiros, os meios de

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transporte, os meios de comunicao, a religio, as fontes de energia... (ZAMBERLAN, p. 29, 1996).

O estudo organizado em dois momentos: na EFA monitores e alunos elaboram conjuntamente as perguntas que comporo um questionrio. Este questionrio ser trabalho mediante pesquisa durante uma sesso no meio scioprofissional. Ao retornar para a EFA, as respostas dos questionrios so socializadas na turma, debatidas. Do debate elaborada uma sntese, cujo texto servir de base para estudo nas diversas matrias. Esse instrumento tem o objetivo de ajudar o jovem a reconhecer de forma mais cientifica seu ambiente de vida e trabalho.

02- Caderno da Realidade O caderno da realidade outro instrumento pedaggico que deve ajudar a fazer a fotografia de sua realidade. Em poucas palavras, o caderno da vida do aluno. um documento em que o jovem registra e anota todas suas reflexes, os estudos e aprofundamento feito na EFA. a sinterizao racional da reflexo e ao provocada pelo Plano de Estudo e A Folha de Observao o lugar, onde ficam ordenadas todas as experincias educativas que acontecem na EFA. Estes instrumentos possibilitam ligar o saber ao fazer dentro da realidade social do jovem despertando na equipe de monitores da EFA a importncia da organizao de um plano de formao que respeite a filosofia da escola.

03- Folha de Observao FO A folha de observao um questionrio simples, feito por monitores de cada disciplina, com a participao dos jovens sobre a realidade dos mesmos e utilizada para complementar e ampliar os temas do plano estudo ou pesquisar alguns temas especficos daquela disciplina, depois colocado no caderno da realidade para enriquec-lo.

04- Viagem de Estudo A viagem de estudo a pea fundamental na pedagogia da alternncia, pois atravs dela os jovens passam a conhecer outras realidades e novas prticas. Cada EFA organiza viagens priorizando as turmas das sries finais do curso. a oportunidade de conhecer, estabelecer intercambio e estimular o crescimento profissional.
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05- Sero O sero acontece no perodo da noite j que os estudantes permanecem na EFA em tempo integral. um momento para integrao de atividades artsticas, debates que ministrado por algum de fora ou pelo monitor responsvel do dia.

06- Avaliao A avaliao na EFA tem o objetivo verificar o desempenho de suas tarefas prticas, a auto avaliao e a capacidade de convivncia em grupo envolvendo as famlias, os monitores, a famlia, o prprio aluno e a comunidade. o momento de avaliao coletiva e ao mesmo tempo em que avaliam so avaliados.

Os Sujeitos do Processo de Ensino Aprendizagem 1 - OS AGENTES EDUCACIONAIS A pedagogia da alternncia desenvolvida numa interao entre jovens, monitores, mestres de estgios e familiares, fazendo deles os principais agentes educacionais da pedagogia da alternncia.

02-OS ALUNOS Os alunos so sujeitos de sua prpria histria que atravs da descoberta da sua realidade graa ao PE fazem-se animadores (lderes) e participam do desenvolvimento scio poltico econmico - religioso da comunidade. Como executores do plano de estudo so pesquisadores rurais em fase de formao.

02- OS MONITORES Acompanham a evoluo do jovem, no como fornecedor de conhecimento, e sim, como orientador tcnico; no comandam, no dirigem, participam, no ensina, aprende com os alunos, buscando relacionar os fatores entre a descoberta da vida e ensina na compreenso crtica das implicaes tcnicas do aluno.

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De acordo com SILVA (2004), os monitores desenvolvem uma responsabilidade educativa de orientao e acompanhamento dos alunos nas vivncias em grupo, que implica uma atuao em vrios planos e funes, constituindo, desta forma uma identidade diferenciada dos demais docentes. O papel do monitor e a monitora que trabalham na EFA vai alm do universo da sala de aula, preciso uma dedicao exclusiva com tempo para a formao integral dos estudantes e seu meio o meio onde ele vive por isso, o mesmo tem que ser capaz de mobilizar as pessoas neste processo de ensino aprendizagem: Veja o que diz Begnami (2005):
Capacidade tcnicas, conhecer bem ad reas do conhecimento com o qual trabalha; Conhecimento da realidade e compromisso poltico com o meio onde se situa o CEFFA; Capacidade de liderana, animao acompanhamento personalizado dos estudantes no internato; Capacidade de comunicao que facilita as relaes entre os diversos ambientes, pessoas e entidades que devem ser mobilizadas, articuladas para colaborar no processo de formao; Preparao pedaggica especifica que lhe proporcione: Conhecimento sobre como trabalhar as especificidades da pedagogia da alternncia; Conhecimento da realidade socioprofissional do estudante; Capacidade de trabalhar em equipe, com maturidade emocional e afetiva, enfim, compromisso com o projeto educativo.

Devido diferena na metodologia e ao intenso convvio entre educandos e educadores, torna-se necessrio que se desenvolvam estas caractersticas nos agentes facilitadores da aprendizagem, pois o protagonismo exigido para o percurso da aprendizagem exige grande interao e atitude de colaborao, o que levar os professores a tambm aprenderem.

09-OS PAIS AGRICULTORES So protagonistas das aes de formao de seus filhos. Acompanham as atividades de forma participativa e responsvel, favorecendo o dilogo entre a famlia e a escola. No plano de estudo so possuidores de conhecimento prtico da realidade local e responsveis por transferi-los aos alunos e a sua escola, socializando esse saber tanto no nvel da cultura como na sua tecnologia e atividades desenvolvidas.

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10- OS MESTRES DE ESTGIOS So aqueles que, durante o perodo de estgio em um empreendimento ou empresa, possuem a funo de dar orientao profissional e geral no crescimento do jovem. Eles atuam seguindo os seguintes objetivos:
Assumem a formao do jovem; Ajudam o jovem no seu crescimento integral; Ajudam o jovem em sua insero no seu ambiente e na reflexo sobre o futuro; Favorecem na progressiva participao dos jovens no conjunto dos trabalhos do empreendimento ou empresa; Permitem ao jovem (dentro do possvel), acesso a diferentes iniciativas e responsabilidades.

O desenvolvimento destas habilidades, a constante interao educando - educador e a continuada anlise da realidade a partir dos ciclos escola famlia vai dotar o jovem de senso crtico, e aguada vontade de participao na sociedade. Esta nsia de civilidade vai acabar introduzindo na sociedade novos elementos para discutir e propor alternativas ao desenvolvimento. Diferentemente das geraes que os precederam, estes agentes podero encontrar um modelo de desenvolvimento mais adequado na forma e no tempo as suas caractersticas evolutivas, pois o que sempre pautou o desenvolvimento foi o modelo centralizador voltado para o homem padro: urbano, branco, letrado e reprodutor do ponto de vista dos europeus colonizadores.

CONSIDERAES FINAIS O presente estudo foi desenvolvida na Escola Agrcola Comunitria Margarida Alves e procurou mostrar a trajetria de jovens camponeses que experimentar uma educao diferenciada encontraram uma oportunidade de Revelou que houve

para a populao do campo.

mudanas na vida das pessoas que fizeram esta experincia. Nesse estudo vimos a maioria dos egressos estudaram na EFA entre 2 a 4 anos, conheceram a escola atravs de pessoas da famlia, comunidade, amigo ou por outro aluno. Em linhas gerais percebemos que existe um bom relacionamento entre a EFA e os egressos, percebi-se que tem ex-alunos que retorna a escola para trabalhar como; monitor, assistncia tcnica nas comunidades na agricultura familiar. A metodologia adotada foi possvel a confirmao da hiptese, assim como, o alcance do objetivo proposto. Em snteses, o que no saiu na fala dos entrevistados, mais ficou evidente a falta de compromisso do estado para coma as EFA.
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Seria interessante que outras estudos nessa perspectiva fossem realizados nas EFA . Isso s contribui para a avaliao e o aperfeioamento da proposta da pedaggica alm de servido de dados para as EFA . Finalmente, cabe reconhecer que a EACMA tem um papel importante neste processo de ensino aprendizagem atravs de um ensino diferenciado para o campo.

Referncias
ARAJO, S. R. M. Escola para o trabalho escola para a vida: o caso da Escola Famlia Agrcola de Angical Bahia. 2005. 419 p. Dissertao (Mestrado)- Universidade do Estado da Bahia, Salvador. 2005. BEGNAMI. Joo Batista. Pedagogia da Alternncia como Sistema Educativo. Revista da Formao por Alternncia. v 1 (2005) Braslia: Unio Nacional das Escolas Famlias Agrcolas do Brasil, 2006. v- 1 n. 2 Semestral BRASIL. Lei de Diretrizes e Base da Educao Nacional. Lei n 9.394/96. CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do Movimento Sem Terra. So Paulo: Expresso Popular, 2004. CALDART, Roseli Salete. Sobre Educao do Campo Braslia: MDA, 2008. CALVO, Pedro Puig. Introduo: Centros Familiares de Formao em Alternncia. In: Unio Nacional das Escolas Famlias Agrcolas do Brasil UNEFAB. Pedagogia da Alternncia: alternncia e desenvolvimento. Salvador: Dupligrfica. 1999. P. 15-25. CNE. Diretrizes Operacionais para a Educao do Campo Bsica das Escolas do Campo. CNE/MEC,Braslia,2001. EACMA. EFA de Ilhus. Projeto Poltico Pedaggico. Ilhus-Bahia, 2010. FERNANDES, Bernardes. Os campos da pesquisa em Educao do Campo: espao e territrio como categorias essenciais. In. MOLIN, Mnica (org). Educao do campo e pesquisa: questes para reflexo, Braslia, MDA, 2006. FREIRE, Paulo. (1978). Pedagogia do Oprimido. 5 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. GIMONET, Jean-Claude. Nascimento e desenvolvimento de um movimento educativo: as Casas Familiares Rurais de Educao e de Orientao. In: SEMINRIO INTERNACIONAL DA PEDAGOGIA DA ALTERNNCIA, 1., 1999, Salvador. Anais. Salvador: Unio Nacional das Escolas Famlia Agrcola do Brasil, 1999, p. 39-48. QUEIROZ, Joo B. P. (1997). O processo de implantao da Escola Famlia Agrcola (EFA) de Gois. Dissertao de Mestrado. Goinia: UFG.
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Educao do Campo e Pedagogia da Alternncia _ LIMA

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