EMENTA: PROCEDIMENTO DE CONTROLE ADMINISTRATIVO. TRIBUNAL DE JUSTIA DE SANTA CATARINA. OFCIO CIRCULAR 53/2008/CGJ/TJ-SC. EXPEDIO DE ALVAR.

INTIMAO DE ADVOGADO PARA APRESENTAO DE DADOS BANCRIOS DA PARTE. DIREITOS DO ADVOGADO. LEI 8.906/94. PROCEDNCIA. 1. Pretenso de desconstituio da determinao da Corregedoria-Geral do TJ/SC aos cartrios judiciais, no Ofcio Circular n. 53/2008/CGJ/TJ-SC, de 14.07.2008, no sentido de que, na ausncia dos dados do beneficirio do alvar, seja intimado o advogado da parte para que fornea tais informaes. 2. Se o advogado possui poderes especiais para receber e dar quitao, no vlido o ato restritivo da possibilidade de expedio, em seu nome, de alvar para levantamento de crdito. 3. necessria a expedio de novo ato pela Corregedoria-Geral de Justia de Santa Catarina, em substituio ao Ofcio Circular n. 53/2008/CGJ/TJ-SC, com o sentido de afastar interpretaes restritivas do direito dos advogados expedio de alvar em seu nome, quando detenham poderes especiais para receber e dar quitao. Procedncia do pedido. RELATRIO Trata-se de Procedimento de Controle Administrativo proposto pela Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Estado de Santa Catarina, pretendendo seja desconstituda a determinao contida no Ofcio Circular n. 53/2008/CGJ/TJ-SC, expedido em 14 de julho de 2008, pelo Corregedor Geral de Justia de Santa Catarina. O mencionado ofcio foi encaminhado aos chefes de cartrios judiciais do Estado e determina que, na ausncia dos dados bancrios do beneficirio de alvar, seja intimado o advogado da parte para que fornea tais informaes. Segundo a requerente, a determinao do Corregedor impossibilita o a expedio de alvars em nome dos advogados, ainda que detenham poderes especiais para para tal finalidade. Alm disso, a determinao colocaria em dvida a lisura da atuao dos advogados, bem como obsta o direito de exercer a profisso com liberdade (art. 7, inciso I, da Lei n.8906/94). O Corregedor-Geral da Justia do Estado de Santa Catarina prestou informaes, argumentando que o Ofcio Circular n 53/2008/CGJ/ TJ-SC no impossibilita a expedio de alvar em favor do procurador da parte. Aduz que o termo beneficirio foi equivocadamente interpretado e, conforme tem sido esclarecido em diversas consultas formuladas perante aquela Corregedoria, a medida adotada tem por finalidade facilitar a expedio de alvars quando no constar nos autos os dados bancrios do beneficirio, seja este a prpria parte ou o advogado que detenha poderes especficos. Diz que essa a interpretao que deve ser conferida ao ato. Noticia, ainda, que a expedio de alvars em nome dos procuradores tem sido deferida normalmente pelos magistrados. Instada a manifestar-se sobre as informaes prestadas pela Corregedoria Geral da Justia do Estado de Santa Catarina, a requerente no respondeu intimao. o relatrio.

A pretenso formulada no presente Procedimento de Controle Administrativo de que seja desconstituda a determinao contida no Ofcio Circular n. 53/2008/CGJ/TJ-SC, expedido em 14 de julho de 2008, pelo Corregedor Geral de Justia de Santa Catarina. O mencionado ofcio determina que, quando ausentes os dados bancrios do beneficirio do alvar, seja emitido ato ordinatrio intimando o advogado da parte para que fornea tais informaes. Confira-se o seu teor: Diante do parecer exarado nos autos 308479-2008.5, pelo Juiz-Corregedor Dinart Francisco Machado, determino que, quando ausente nos autos dos processos os dados bancrios do beneficirio do alvar, seja emitido ato ordinatrio intimando o advogado da parte para que preste as informaes, de acordo com o seguinte modelo: Fica intimado o advogado do autor/ru para informar o banco, agncia e conta corrente da parte XX, e o respectivo n. de CPF, no prazo de 5 (cinco) dias . A Ordem dos Advogados do Brasil - Seccional do Estado de Santa Catarina sustenta, em sntese, que a exigncia afronta o art. 7, inciso I, da Lei n. 8.906/94, alm de colocar em dvida a lisura da atuao dos advogados. A Corregedoria-Geral de Justia argumenta que h inadequada interpretao da expresso beneficirio contida no ato questionado. Informa que diversas consultas dirigidas quela Corregedoria foram respondidas no sentido de que a determinao no tem o objetivo de impedir que os alvars sejam expedidos em nome dos advogados constitudos, mas de facilitar a liberao dos valores quando ausentes os dados bancrios do beneficirio, seja a parte ou seu procurador com poderes especiais. Embora afirme a Corregedoria-Geral do TJ/SC que o sentido da determinao no corresponde ao que tem sido atribudo pelos cartrios judiciais, o seu enunciado leva a concluso diversa. O modelo de despacho constante do prprio Ofcio Circular autoriza a interpretao tida por equivocada, adotada pelos cartrios judiciais. A intimao ali mencionada para que o advogado informe o banco, agncia e conta da parte , no prazo de 5 (cinco) dias. Se o advogado possui poderes especiais para receber e dar quitao, no vlido o ato restritivo da possibilidade de expedio, em seu nome, de alvar para levantamento de crdito ( CPC art. 38). Essa a orientao de diversos precedentes do STJ (AgRg no Ag 425731 / PR , Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJ 24.02.2003). Cabe lembrar que da Ordem dos Advogados do Brasil a responsabilidade pela apurao das condutas praticadas por advogados que importem locupletamento em detrimento dos clientes, para aplicao das sanes disciplinares cabveis, nos termos da Lei n. 8.906/94. necessria, portanto, a expedio de novo ato pela Corregedoria-Geral de Justia de Santa Catarina, em substituio ao Ofcio Circular n. 53/2008/CGJ/TJ-SC, com o sentido de afastar interpretaes restritivas do direito dos advogados expedio de alvar em seu nome, quando detenham poderes especiais para receber e dar quitao.

Em face do exposto, julgo procedente o pedido formulado neste Procedimento de Controle Administrativo para determinar Corregedoria Geral de Justia do Estado de Santa Catarina a modificao da determinao contida no Ofcio Circular n. 53/2008/CGJ/TJ-SC, com a devida publicidade, nos termos da fundamentao supra. Intimem-se. Aps, arquive-se independentemente de nova concluso. Braslia, 15 de setembro de 2009. JOS ADONIS CALLOU DE ARAJO S Conselheiro Relator Segue a ntegra do voto do ministro Jefferson Luiz Kravchichyn: CONSULTA N. 0001440-12.2010.2.00.0000 RELATOR:CONSELHEIRO JEFFERSON KRAVCHYCHYN REQUERENTE:PRESIDNCIA DA COMISSO DE DIREITOS E PRERROGATIVAS DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL - SECO DE SO PAULO REQUERIDO:CONSELHO NACIONAL DE JUSTIA DECISO MONOCRTICA VISTOS, Trata-se de consulta formulada pela Presidncia da Comisso de Direitos e Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil - Seco de So Paulo diante do Conselho Nacional de Justia, em que indaga: [...] se o advogado precisa, efetivamente, de poderes especiais no instrumento de mandato para efetuar o levantamento de quantias depositadas nos processos, ou se os poderes da clusula ad judicia j seriam suficientes para a finalidade. Relata o requerente que o expediente originrio deu causa ao Processo n 200810000025300 de interesse de Elisabete Perissinoto, sendo reclamada a Juza de Direito Renata Manzini. Aduz que, solicitadas as informaes Corregedoria-Geral do Estado de So Paulo, veio a notcia de que o expediente l aforado sobre o assunto, a partir do ofcio n 5913-E/CNJ/COR/2008, de 20/10/2008, foi arquivado em razo da falta de elementos para seu seguimento.

Instado a manifestar-se, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil informou que a matria ora analisada j se encontra disciplinada no mbito da Justia Federal, por meio da Resoluo n 55 do Conselho da Justia Federal, de 14 de maio de 2009. Afirma que o Conselho Federal defende a legitimidade em conferir-se aos advogados poderes especiais para realizao de levantamentos de recursos vinculados a processos judiciais decorrentes de precatrio, remisso e depsitos judiciais. Pondera que a solicitao para que as instituies bancrias aceitem cpia da procurao constante dos autos originais, desde que constem os poderes especficos de receber e dar quitao, e esteja devidamente autenticada pela Secretaria da Vara. Ressalta, por fim, no que se refere proteo do jurisdicionado contra atos de terceiros que possam atravessar procuraes objetivando o levantamento dos valores, a Presidncia enviou ofcio ao Corregedor-Geral da Justia Federal solicitando que, alm da previso expressa que obrigue as instituies bancrias a aceitarem cpia da procurao constante dos autos para fins de levantamento de valores, tambm seja disciplinado na Res. 55/09 a possibilidade de destaque dos honorrios contratuais no mbito da execuo, cujo escopo final resguarda a eficincia do ato e garante a segurana do pagamento de valores. , em sntese, o Relatrio. Decido: A consulta formulada consiste no questionamento da necessidade de procurao com poderes especiais para o levantamento de depsitos judiciais em nome do patrono constitudo nos autos, e repercute, sobremaneira, na atuao da advocacia, motivo que enseja o pronunciamento desse Conselho. Ressalta-se que a atuao profissional dos advogados indispensvel administrao da Justia, conforme previso constitucional, e, conseqentemente, no h como aceitar-se que a prestao jurisdicional seja eficiente quando um de seus pilares encontra-se prejudicado. Imperioso destacar, preliminarmente, que o mandato judicial ou extrajudicial no se extingue pelo decurso de tempo, mantm-se vlido desde que permanea a confiana recproca entre o outorgante e seu patrono no interesse da causa, conforme dispe o artigo 16 do Cdigo de tica e Disciplina da OAB. Entendo que a questo de emisso de guias para o levantamento em favor do patrono da causa fica sujeita, to somente, expressa previso de poderes no instrumento procuratrio. Presentes nos autos, os mesmos, certamente, no findam pelo decurso temporal sem que assim esteja previsto. O Estatuto da Advocacia, Lei n 8.906/94, prev em seu art. 5 que o advogado postula em juzo ou fora dele, fazendo prova do mandato que o constitui e que a procurao para o foro em geral habilita-o a praticar todos os atos judiciais, em qualquer juzo ou instncia, podendo, com a insero de poderes para receber e dar quitao, ver em seu nome expedido o mandado de levantamento judicial.

Para tanto, a limitao ou diminuio do que foi outorgado pelo constituinte no pode ser aceita, desde que presente o instrumento procuratrio que em seu bojo contenha poderes para receber e dar quitao. Nesse norte, a procurao firmada com claros e expressos poderes para que o advogado efetue levantamento de valores que se encontram depositados em juzo, suficiente e faz cessar qualquer debate no que tange expedio de guias. Em recente deciso desse Conselho Nacional de Justia, sob relatoria do Conselheiro Jos Adnis Callou de Arajo S restou debatida a questo em voga: Procedimento de Controle Administrativo. Tribunal de Justia de Santa Catarina. Ofcio circular 53/2008/CGJ/TJSC. Expedio de Alvar. Intimao de advogado para apresentao de dados bancrios da parte. Direitos do Advogado. Lei 8.906/94. Procedncia. - 1) Pretenso de desconstituio da determinao da Corregedoria-Geral do TJ/SC aos cartrios judiciais, no Ofcio Circular n. 53/2008/CGJ/TJ-SC, de 14.07.2008, no sentido de que, na ausncia dos dados do beneficirio do alvar, seja intimado o advogado da parte para que fornea tais informaes. 2) Se o advogado possui poderes especiais para receber e dar quitao, no vlido o ato restritivo da possibilidade de expedio, em seu nome, de alvar para levantamento de crdito. 3) necessria a expedio de novo ato pela Corregedoria-Geral de Justia de Santa Catarina, em substituio ao Ofcio Circular n. 53/2008/CGJ/TJ-SC, com o sentido de afastar interpretaes restritivas do direito dos advogados expedio de alvar em seu nome, quando detenham poderes especiais para receber e dar quitao. Procedncia do pedido (CNJ - PCA 200910000023502 - Rel. Cons. Jos Adnis - 90 Sesso - j. 15.09.2009 - DJU 18.09.2009).(grifou-se) Cumpre salientar que no mbito da Justia Federal de primeiro e segundo graus, os procedimentos relativos expedio de requisies, ao cumprimento da ordem cronolgica dos pagamentos e ao saque e levantamento dos depsitos j fora regulamentado pela Resoluo n 55, do Conselho da Justia Federal, de 14/05/2009: Art. 5 Se o advogado quiser destacar do montante da condenao o que lhe couber por fora de honorrios contratuais, na forma disciplinada pelo art. 22, 4, da Lei n8.906/1994, dever juntar aos autos o respectivo contrato antes da expedio da requisio. 1 Juntado o contrato, cabe ao juzo requisitante efetuar o destaque na mesma requisio de pagamento do exequente, e ao tribunal, efetuar o depsito em nome do advogado. 3 O contrato particular de honorrios celebrado entre o advogado e seu constituinte no obriga a Fazenda Pblica a antecipar o pagamento ou a faz-lo de forma integral quando o crdito do exequente estiver submetido ao parcelamento de que trata a Emenda Constitucional n 300/2000; consequentemente, o contrato de honorrios de advogado, bem como qualquer cesso de crdito, no transforma em alimentar um crdito comum, nem substitui uma hiptese de precatrio em requisio de pequeno valor, tampouco altera o nmero de parcelas do precatrio comum, devendo ser somado ao valor do requerente para fim de clculo da parcela. 4 Em se tratando de RPV com renncia, o valor devido ao requerente somado aos honorrios contratuais no pode ultrapassar o valor mximo estipulado para tal modalidade de requisio.

Adota-se como requisito para o advogado destacar da condenao o que lhe couber em razo de previso contratual a existncia de procurao nos respectivos autos, a qual deve conter poderes especiais para receber e dar quitao. Noutro bordo, quando a natureza dos honorrios for sucumbencial, seu levantamento pode se dar pelo patrono da causa, independente da juntada de procurao com poderes especiais, conforme sedimentou o Superior Tribunal de Justia: PROCESSUAL CIVIL - EXECUO DE TTULO JUDICIAL PROMOVIDA PELA PARTE HONORRIOS ADVOCATCIOS: LEVANTAMENTO PELO ADVOGADO - ART. 23 DA LEI 8.906/94 EXIGNCIA DE APRESENTAO DE PROCURAO COM PODERES ESPECIAIS PARA DAR E RECEBER QUITAO - DISSDIO NO CONFIGURADO. 1. No se configura o dissdio jurisprudencial quando no demonstrada a similitude ftica entre acrdos confrontados. 2. Acrdo recorrido que indeferiu expedio de alvar em nome de advogado, em execuo de ttulo judicial promovida pela parte, porque no apresentada procurao com poderes especiais para dar e receber quitao. 3. A jurisprudncia desta Corte pacfica no sentido de que, a teor do art. 23 da Lei8.906/94, os honorrios sucumbenciais fixados na sentena transitada em julgado direito autnomo do advogado, podendo a execuo, nesse particular, ser promovida tanto pela parte quanto pelo prprio advogado. Assim, mesmo promovida pela parte, possvel o levantamento ou expedio de precatrio dos honorrios em nome do advogado, independentemente da apresentao de procurao com poderes especiais. 4. Recurso especial conhecido em parte e, nessa parte, provido. (REsp 874.462/RS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/10/2008, DJe 18/11/2008) Apresenta-se, portanto, adequado conferir ao advogado poderes especiais para o levantamento de recursos vinculados a processos judiciais decorrentes de precatrio, remisso e depsitos judiciais, no entanto, necessria se faz a presena nos autos de procurao que contenha poderes especficos de receber e dar quitao, devidamente autenticada pela Secretaria da Vara. Em questes como a presente em que j houve prvia manifestao do Plenrio deste Conselho, a consulta formulada pode ser respondida monocraticamente pelo Conselheiro Relator, nos termos do art 90000 do Regimento Interno do CNJ. Ante o exposto, respondo a consulta no sentido de que o advogado precisa, efetivamente, de poderes especiais no instrumento de mandato para efetuar o levantamento de quantias depositadas nos processos, no sendo suficientes para tal finalidade os poderes da clusula ad judicia.

Braslia, 10 de maio de 2010. Conselheiro JEFFERSON KRAVCHYCHYN Relator

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Diligncia. Audincia. Protocolo. Correspondente Jurdico. Apoio.
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