GEORGE, Pierre - Panorama Do Mundo Atual
GEORGE, Pierre - Panorama Do Mundo Atual
GEORGE, Pierre - Panorama Do Mundo Atual
da
sbre
0
uesenvolv1mento de um m erc.WO m"erno
e, de outro lado, garantir, com uma yohnca a longo pr azo,
os mercados ext er nos, provocando neles um recl:lo que per-
mita dentro de um esquema de previso, encnxar a pro-
'
34
duo (poltica de ajuda tcnica, financi amento das expor-
taes por meio de crditos a prazo mdio etc.). Resultou
disso uma proliferao de atividades de servio pblico, de
publicidade, de distribuio de mercador ias, de public re-
lations. A proporo dos ativos no diretament e produtivos
aumenta, a fim de atender o conjunto dessas necessidades.
Oner a o lucro da produo, mas torna-o seguro devido
sua atividade funcional prpria e ao aumento do nmero de
consumidores (ampliao do mercado interno). Evidente-
mente, ste processo s pode ser aceito, pelas grandes em-
prsas de produo, na medida em que, por outro lado, as
novas tcnicas de produo e o aumento da produtivida-
de ampliarem considervelmente a linha divisria entre os
custos de produo e os preos de venda.
Na Europa Ocidental, no incio do decnio de 1960, a
proporo das atividades profissionais no diretamente pro-
dutivas varia entre 48% (Pases-Baixos) e 35% (Repblica
Federal Alem) contra menos de 30% par a o conjunto antes
da Segunda Guerra Mundial. Nos Estados Unidos, aquela
proporo eleva-se a 56% contra 44% em 1929. A parte da
populao ativa no agrcola e no industrial eleva-se, por-
tanto, a mais da metade da populao ativa na Amrica do
NoTt e e a apmximadamente a metade na Europa Ocidental.
II. - Novas Tcnicas
e No v as Tendncias
At o fim do sculo XIX e, mesmo, at a Primeir a Guerra
Mundial, o desenvolvimento industrial r ealizou-se em bases
tcnicas e com matrias-primas que vinham sendo utilizadas
desde o incio da revoluo industrial. Os consumos de pro-
dutos brutos aumentaram. As sries de produo permane-
ceram as mesmas: construes navais, equipamento para
estradas de ferro, material para conservao urbana (cana-
lizaes) e obras pblicas, aparelhagem industrial, arma-
mento no setor metalrgico, explosivos, colorantes, fertili-
zantes, especialmente a partir do tratamento do carvo pelas
indstrias qumicas, tecidos de algodo, de l e de sda con-
fiados s indstrias txteis.
A lista de matrias-primas negociadas nos mercados in-
ternacionais e, sobretudo, no mercado de Londres, que per-
maneceu ligado funo de entreposto at o fim do sculo
limitada e as operaes industriais so r elativamente
ples. A mo-de-obra fornecida pelo campo. Ela se for ma
35
_/ '
- -
-7-
/
;/
/_ rA
i
I
- -
- - -/ -
I
I
I ,f D
'c::/ 7
I
I
! '
f
I
/,
I
I
/ '
/ / _,
I I I
FIG_ 3 a. - Produo mundial de energia em 1913
Tdas as f ontes de energia convertidas em equivalentes-hulha. Ctfras em milhes de t oneladas
de equivalentes-hulha
FIG. 3 b.- Produo mundial de energia em 1963
Tdas as fontes de energia convertidas em equi valentes-hulha. Cifras em milhes de toneladas
'-"> de equivalentes-hulha -..;)
I
I
jll
! 11
I
111
li
I
\
na f brica, e dos futuros oper rios no se exige out ra pr e-
parao alm de uma correta instruo pr imr ia elementar.
A evoluo tecnolgica do sculo XIX consiste, essen ci al-
mente, em reduzir a complexidade dos movimentos e gestos,
com uma maior diviso do trabalho e com uma estandardi-
zao das oper aes (taylorizao, t r abalho em cadeia, cro-
nometragem das operaes etc.). Os r endiment os do t r a-
balho aumentam, sobretudo nas grandes fbricas organizadas
segundo mtodos elaborados na Amrica, mas no existe
alterao propriamente dita na essncia do trabalho, que
permanece sendo um conjunto - decompost o em gr ande
nmero de unidades elementares - de gestos que contri-
buem diretamente para a elaborao progressiva do produto
fabricado. "Trabalho em migalhas"Ol , mas deixando perce-
ber, na maioria dos casos, o efeito do gesto pr odu-
tivo. A mquina ou a mquina-ferramenta sempre, como
seu nome indica, um instrumento que aumenta a eficcia do
gesto do operrio, introduz, entre seu impulso e seu efeito,
o multirilicador da aplicao da energia mecnica, mas con-
tinua a fazer o trabalho de uma "ferramenta".
Em menos de meio sculo, por uma sucesso de muta-
es bruscas, vemos surgir novas font es de ener gia, novas
matrias-primas, uma quantidade cada vez maior de produ-
tos fabricados, que se vo eliminando reciprocamente por
meio de processos de concorrncia tcnica e comercial em
que o vencedor quase sempre a indstr ia qumica. A m-
quina deixa de ser um simples auxiliar do h omem para trans-
formar-se num substituto do homem e, em casos extremos,
ultrapass-lo, realizando operaes que le incapaz de fazer
no prprio domnio dos mecanismos e criaes da intelign-
cia (ordenadores eletrnicos). O espao conquistado nas
trs dimenses por meios de comunicao e de r elao que
tendem para a instantaneidade (deslocamentos e comunica-
es com velocidades supersnicas) . Na medida em que o
homem inventa e constri mquinas que ultrapassam de
longe seus prprios ritmos de realizao e de trabalho, a
prpria noo de trabalho post a novamente em questo.
1. MOBILIZAO DE NOVAS FONTES DE ENERGIA
E DE NOVAS MATRIAS-PRIMAS
Em 1913, o conjunto da indstria mundial assent ava- se num
consumo de 1 213 milhes de tonel adas de car vo. A Amrica do
Norte produzia menos de 550 milhes de t oneladas, a Eur opa Oci-
(1) G. FRIEDMANN, Paris, 1956.
38
dental aproximadamente a m . .
malis de 100 o resto do mundo
. eo e evava- se a consumo mu d' 1
pamg:to !:lidreltrico IT_1 ilhes de toneladas e
0
de andos mais t ar de, o no _N _?rts dos Alpes.
ind . oes. e toneladas - v ao e da ordem
qtue ef mais do dbro
/ '
Estados
\
\
\
:\
Unidos
CIMENTO
Produo em milhes de t oneladas
Qtwcientes em kg/hab./ano
70
FIOS DE ALGODA O
Produo em milhes de toneladas
Quocientes individuais em kg/hab./ano
1.2
1.1
V.R.S.S. l" ur opa dos
I A.! .. C. J
Frc. 8 b. - P1oduo industriais camctersticas
dos grandes grupos de pases industriais
assegurar , nos mais breves prazos e nas melhores condies a
das emprsas em dificuldade, a readaptao profis;io-
nal da mao-de-obra s mudanas tecnolgicas, uma poltica agr-
cola. comum, uma poltica coletiva de ajuda aos pases subdesen-
volvidos. Em 1959, os Seis decidiram liberar a circulao de capitais
dentro da C. E. E., o que, na realidade, no est assegurado seno
por uma srie de medidas progressivas que t m como obj etivo
fazer desaparecer, a mdio prazo, todo e qualquer contrle das
tda _restric;o fiscal e administrativa s transferncias de
capitais e de mveshmentos. A C. E. E. tem suas instituies indepen-
dent es dos governos de cada Estado: uma comisso executiva um
conselho de ministros, uma assemblia parlamentar eur opia 'uma
crte de justia. '
131
I
Um dos objetivos da Comunidade Econmica Europia fa-
cilitar os investimentos americanos na Europa. De 19?2 1?59,
stes passaram de 810 milhes a 2,1 bilhes de dlares, d1stnbmdos
como o indica o quadro que se segue.
INVESTIMENTOS AMERICANOS PARTICULARES
NOS PASES DO MERCADO COMUM
DESDE 1952 AT 195901
1952 1955 1956 1957 1958
Alemanha Ocidental 251 332
i
429 581 666
Blgica- Luxembur go 95 134 150 192 208
Frana
276 376
I
427 464 546
.........
80 157 207 252 280
Itlia . ............ . .
Pases-Baixos
I
108
I
162
I
186 191 207
.. . ....
1959
795
210
632
313
244
1 399 1 680 1 907
12194 TOTM, . . . . . . . . . . . i 810 . 1161
I
NOVOS ESTABELECIMENTOS AMERICANOS NA EUROPA
DESDE A CRI ACO DO MERCADO COMUM
(por profissional )
Indstrias qumicas ..
Construes mecnicas
Construes eltricas
Meios de transporte
Diversos . ..... . ... .
TODOSOS .. l
SETORES . . . . . . . . I
i
C<!
.c
rJ
E
<li
:;;]
7
21
3
3
21
GO
co
"-"
co
'-<
-
....
H
11 11
13 13
2 7
5 6
16 16
i
......
47 53
o
oD
c;J
,_.
::l
.o
Q) Q)
p:j X
;:s
H
18
15
7
2
13
Ul
o
co
p:j
I
Ul
<li
Ul
'@
p.,
-ro
+'
o
E-<
59
77
26
19
86
(I) Posio cumulativa no fim do ano.
(2) No mesmo tempo, foram criados na Gr- Bretanha apenas
46 estabel ecimentos americanos.
132
Alguns exemplos de ent1ada de grandes sociedades ame?"icanas
no Mercado Comum. - Indst1ia qtmica: na Alemanha, Dupont
de Nemours, uma filial e uma sociedade mista com a Sachtleben
A G. fr Bergbau Chemische Industrie, a Pigment Chemie GmbH.,
U. S. Rubber Co. por sua subsidiria Nangatuck Chemical, em as-
sociao com. a Bayer ; na Blgica, Union Carbide criou a Societ
Chimique des Drivs du Ptrole S. A , a Cobenam; Amoco Che-
mical filial de Standard Oil of Indiana; na Fmna, Dow Chemical
por intermdio de sua filial sua em associao com Pchiney:
Societ Plastichimie; U. S. Dubber em associao com Ugine; Phi-
lips Petroleum e Continental Carbon Co. fundaram a Compagnie
Franaise du Carbon Black S. A.; Godfrey L. Cabot etc.; na Itlia,
Union Carbide, em associao com Edison, constituiu a Celene S.
P. A.; Olin Mathieson fundou com Rumianca a sociedade Nanga-
tuck-Rumianca; Dow Chemicals n iou uma fili al, Dow Chimica
Italiana; nos Pases--Baixos. B. F. Goodrich constitui. com a Alge-
meene Kunstzude Uni e (A. K. U.) , uma nova sociedade: N. V. Che-
mi sche Industrie A K. U.-Goodrich (CIAGO). Dupont de Nemours
construiu uma grande fbric8. de fibras sintticas em Dordrecht.
Aparelhos eltricos e mecnica: na Alemanha. associaqo da
Bendix Corp. com a Tcldunken (TclPdix). Radio Comoration of
America concl ui um 8crdo de f abricH;io com Mctz \VPrke. J. Deere
and. Co. cont rola a HPinri ch Lanz A. G .. a Anwrican Machine and
Foundry funda uma filial com o nome de Socit A M. F. Deuts-
ch1and, Aircraft Marinc Products cria a sociedade Dcutsche A. M. P .
GmbFL; na Blgica, \Vestinghouse Electric International associa-se
aos Ateliers Jaspar, Burndy Corp. constri uma f brica em Malines,
Gardner Denver funda um consreio com a Socit Bruges & Ni-
vell e. Outboard Marw CorP. cria uma f;brica em Br uges. Union
Tank Car penetra na Socit des Atcliers do Construction de Wil-
lebrock que tomam a razo social Graver S. A. ; nl Fmna. Burdy
associ a- se com a subsidiria S. G. E. da Sodt Prci sion Mcani-
que Labinal para formar a Socit I3urndv S. G. E. , Uni t ed Aircraft
tem intersses na Precilec. Westinghouse Electric International fun-
da a filial Westinghouse Electric of Eur opa, Parson and Whitemore
funda a Socit Black Clawson. J. Deere and Co. funda a Com-
pagnie Franaise John Deere que mantm a maior parte do canital
da Compagnie Continentale de Motoculture. Burroghs constri na
Normandia uma fbrica e montagem de -mquinas calculadoras,
Allis-Chalmers incorpora os t!l)}issements de Constructions M-
caniques de Vendeuvr e; na Itlia, Radio Corporation of America
funda com o grupo itali ano I. R. J. fbricas produtoras de material
eletrnico no JVIezzogio1no, a American Machine and Foundry ins-
tala-se com a ajuda da S. A S. I. B.; nos Pases- Baixos, apesar
das posies firmes conquistadas pel8. Philips, a General Electric
cria a Apparatenindustrie Electronics N. V. etc.
P or uma dialtka sutil, os S2is contam com os investiment0s
americanos para fortale cer sua capacidade de produo e atingir
um nvel que os coloque em posio vantajosa com r elaco aos
Estados Unidos e Unio Sovitica. Mas ste result ado s poderia
ser obtido com a adeso da Gr- Bretanha e, na mesma oportuni-
133
dade, dos pases da pequena associao de livre comrcio. Os dois
problemas que dominam os negcios europeus no incio da dcada
de 60 so: o ingresso da Gr-Bretanha e a aplicao do tratado de
Roma (reduo das tarifas alfandegrias) , que encontra dificul-
dades, especialmente no domnio do comrcio de produtos agrcolas.
A agricultura alem e, sob certos aspectos, a agricultura francesa
esto em posio desvant ajosa com r elao agricultura dos outros
pases do Mercado Comum.
134
CAPTULO II
O EIXO MEDITERRNICO
E O ORIENTE MDIO
PAN-ARARISNJ:O E PETRLEO
o MEDITERRNEO, que se confundiu com o mundo civili-
zado, tem, hoje, em suas costas, pases de evoluo t cnica,
econmic<l e, at mesmo social, atrasada. A transferncia,
depois das grandes descobertas, da iniciativa econmica e
do esprito empreendedor para o Noroeste da Europa deser-
dou literalmente o Mediterrneo. Este ficou sendo terra de
arcasmos, tanto na Espanha e no Mezzogiorno italiano, quan -
to no sul da Pennsula Balcnica, na fachada ocidental da
Asia e no Magrebe. Mas esta convergncia de arcasmos no
procede dos mesmos antecedentes histricos. Na Europa,
so economias que paralisaram no estgio de desenvolvimen-
to em que se encontravam quando a revol uo industri al
arrastou o resto do continente num pr ocesso acelerado de
transformao e tomadas mais pobres devido subtrao de
riquezas e homens em benefcio de regies em processo de
industrializao.
Ao final de evolues histr icas diferentes, o Magrebe,
os pases do Oriente Prximo e Mdio encontram-se todos
nas mesmas condies de subdesenvolvimento e de misria
social: agriculturas primitivas de baixo rendimento e de
baixa produtividade, subequipamento, at raso da i ndustriali-
nto, presso demogrfica em crescimento, gigantismo ur-
bano acompanhado de proliferao de zonas de habitao
rudiment ar com subemprgo crnico.
Os pases da orla asitica e da orla africana do Medi-
terrneo tm em comum uma tradio religiosa e uma cultu-
ra: o Islamismo. Mas o Isl abarca realidades nacionais di-
ferentes: a TuTquia, que dominou a bacia mediterrnica no
sculo XVI e cuj o imprio deslocou-se progressivamente
para desaparecer completamente ao trmino da Primeira
135
Guerra Mundial;
0
IT, de povoamento
no Azerbaidj, persa no centro, rabe no sul) que e
tico em relao aos outros (os IrJrna-
nos so em grande maioria xiitas) e os pmses que eno-
minam rabes na medida em que o arab1sr-r:1.0 defme uma
poltica e vontade de do que u_ma
afirmaco de pureza racial, da e dos paises
do "crescente frtil" ao Oceano Atlanhco, passand? pelo
Egito e pela velha Berbria. Os pase:;;
ciam-se no somente por sua compos1ao ; sua h1stona na-
cional, h mais de dez sculos, maAs taffi:bem, pela forma de
seu ingresso na histria contemporanea, e, pela
de suas relanes com os pases industriais durante o secu o
XIX e do sculo XX. O Ir continua sendo _um velho
pas onde as estruturas feudais alteraram-se !Dmto
com as reformas parciais, mais tericas que reais; a Turqma,
despojada de seu frgil imprio em 1919, empreendeu COf!l
Mustaf Kemal sua converso em Estado J?as di-
ficilmente se desembaraa de e,st:uturas A
massa oscilante do Oriente Pr?x1mo e. Med10 e conshtmda
elos Estados rabes dos qums o pretende fazer-se
ieconhecer como guia ideolgico e,pohtlco. O Magrebe, fru-
to do estatuto colonial durante a decada 1953-1962,
solidrio com os pases rabes, mas :traves de
tiplas dificuldades; o da pnmeira ecapa desta soli-
dariedade: sua propna coesao. .
Podemos considerar quatro grupos do ponto de v1sta da
geografia poltica: . 1
_ o grupo constitudo pelos nac10nais muu -
manos no rabes : Ir e Turqma; , .
_ 0 grupo dos pases rabes do Oriente Prox1mo e
Mdio;
0
grupo do Magrebe, ligado ao precedente pela orla
costeira da Lbia; . _
__
0
quarto abrange apenas um Estado, cuja locahzaao
disputado pelos pas.es o Estado de
Israel, criado pelo mov1mento s1?msta. . .
Esta pluralidade poltica, que preside a outras
dades em menor escala, est envolvida por mteres-
ses cujos comandos dom1c1hados
pases industna1s da Europa e da Amenca do Norte. O M_
diterrneo e o Canal de Suez, que tinham o
papel, no sculo XIX e at o ano 1930, de grande e1xo do
136
---- - - ------
comrcio colonial diversificado, por onde transitavam os pro-
dutos mais variados, das especiarias, sda borracha estanho
do Extremo Oriente e do Sudeste da aos e s
de Madagscar, aos oleaginosos da Indonsia e da
Indw . . . , tornaram-se antes de tudo se no exclusivamente
a via dos petroleiros: em primeiro 'lugar, a via das
las do Levante",. recebiam o petrleo do Iraque, e de
Suez, arrendada IniCialmente aos petroleiros do British Pe-
troleum carregados nos portos iranianos do Glfo Prsico.
Por outro lado, hoje a transversal norte-sul que encaminha
o petrleo da Lbia e do Saara (proximamente o crs do
Saara). De menos de vinte milhes de toneladas po; volta
de 1930, o trfego de petrleo pelo Mediterrneo passou para
de 200 .de Quase a metade pode ser
refmada nas refmanas situadas nos portos medit errnicos.
O pe!rle? um de aes, de tcnicas,
de relaoes, mcluslVe relaoes de dependncia, ligado s
formas e aos problemas da economia industrial mais flexvel
e a um quadro _natural de pases antigos,_
onde 1mperahvos f1s1cos bastante ngorosos comandam ritmos
milenares de trabalho e de vida. O Oriente o Magrebe so
regies das margens ridas da zona temperada. Reproduzem
repetidamente a trilogia da montanha, em grande parte nua,
mas onde os carneiros e as cabras encontram alimento entre
as pedras depois de longas caminhadas, das baixas encostas
ao longo das quais fica retida um pouco de terra. as baixadas
scas onde nascem cereais (cevada e trigo dur) e os solos
alagadios, as plancies fluviais, sujeitas a inundaes e fe-
bres, mas onde ,o humano pode, com a irrigao,
pro":o9a! abundan_c1a agncola onde, muito freqentemente,
a m1sena dos agncultores contrasta com a exuberncia da
Ade rvores frutferas, de legumes e de cereais.
em toda o fel :nuito pobre, seja le operrio
ou mee1ro (khammes); le tem que alimentar a
fam11IaA corp menos de 300 francos por ano e, durante todo
o ano, ele e torturado pela fome. Sua condio mudou muito
pouco. Mas, enquanto recentemente tda fortuna provinha
da renda da terra e dos saques efetuados sbre a renda da
comerciantes e pelos artesos que viviam na
cidade, a s9mbra dos da terra e do pas, hoje a for-
provem do petroleo. Esta fortuna sai, em parte, do
P.m.s, mas ela transformou completamente as hierarquias so-
Ciais, salvo entre as grandes massas, que so constitudas de
137
,
I
I
I
h
camponeses famintos sbre os quais age, regionalmente, a
atrao dos estaleiros, das refinarias e favelas
Assim que, atualmente, a presena ou a VI-
zinhana, a passagem ou o, do diferen-
ciam as diversas partes deste rosarw de pmses andos loca-
lizados s margens do Mediterrneo Meridional e Oriental.
Os problemas de desenvolvimento no se colocam seno a
partir do fato de um pas ou .ste
investimento, at o momento tao mal uhhzado nas reg10es
mais favorecidas por suas riquezas geolgicas. E, sob ste
aspecto, apesar das descobertas recentes do petrleo saaria-
no, o Magrebe distingue-se do o qual, pelo
cimento atual dos poos mundiais de hH:lrocarburetos, dispoe
de mais de 60% das reservas mundiais ...
I. O Oriente
O prestgio fabul oso do Oriente, que r epousa':a sbrc
uma mi.stificaco - a identificao de algumas cortes de
prncipes com pases -agrcolas e -
cedeu lugar, no es.prito dos ocide"?tais,
culativa de fornecimento de petroleo aos pmses mdustna1s
em condies mais vantajosas. "Middle East" tornou-se si-
nnimo de pas do petrleo. Aproximadamente um tro do
petrleo consumido em todo o mundo fornecido pela dobra
tectnica que comea na Mesopotmia e se prolonga pelo
Glfo Prsico. Preocupao em garantir o fornecimento de
produtos de petrleo, por um lado, vontade de
lucros cada vez maiores em todos os terrenos, tanto econo-
mico quanto poltico, por outro lado, polarizam a eco-
nmica e poltica dos pases interessados no petroleo, de
forma que se faz diferena entre pases que petr?-
leo ou que esto nos pontos de passagem do petroleo e aque-
les que esto fora do universo do petrleo. A Turquia
marginal com relao "bacia do petrleo". Israel foi ps to
margem das correntes de circulao do petrleo. O Egito
possui apenas fracas possibilidades de produo, mas con-
trola a via principal de passagem, o Canal de Suez. Os pro-
dutores pertencem ao grupo dos Estados rabes, com exceo
do Ir, e so: Iraque, Arbia Saudita, Kuweit, Katar, Bah-
rein e Ir.
138
1. A TURQUIA
Trinta milhes de habitantes (trs vzes mais do que
em 1930) numa superfcie em grande parte montanhosa e
rida, igual a uma vez e meia a superfcie da Frana fazem
da Turquia um pas miservel, mas tambm de co;traste
na medida em que o desenvolvimento desigual da
entre as cidades e o campo e entre as diferentes regies
co!ltribui P,ar<l: aumentar a diversidade das paisagens natu-
rais. O propno povoamento, sob um verniz comum repre-
sentado pela turquizao do ponto de vista lingstico e pela
islamizao do ponto de vista da religio e cultura, deixa
entrever ao observador avisado uma heterogeneidade ori-
ginal. Os contrastes advm, tambm, da diferena entre o
arcasmo de uma agricultura que sedentria e nmade, por
um lado, e, por outro, das emprsas industriais recentes e
?astante modernas, das realizaes do gnio civil e dos con-
JUntos urbanos que tendem para o futurismo. Ao lado de
uma agricultura de subsistncia, que mantm no limiar da
misria um campesinato famlico, que emigra para
as favel as suburbanas, diversos setores mineiros beneficia-
ram--se, nos trs ltimos decnios, de investimentos da parte
do Estado, que nacionalizou as minas, e de iniciativas de
sociedades privadas de equipamento e de indstrias de trans-
formao. O produto nacional bruto atinge 5 bilhes de d-
lares, dando um quociente de 850 francos por habitante
anualmente, o que elevado para a Asia, mas representa
apenas um sexto do quociente francs. A industrializaco
permanece essencialmente ao nvel da indstria extrativa:
4 milhes de toneladas de carvo, 500 000 toneladas de ferro
200 000 toneladas de cromo (quarto produtor mundial corri
um sexto da produo total), 20 000 toneladas de cobre
2 000 toneladas de antimnio. Uma pequena siderurgia
duz 250 000 toneladas de ao por ano. Mais promissoras so
as produes de cimento, com 2,5 milhes de toneladas e
de eletricidade, com 5 bilhes de quilowatts-hora,
de incio de uma industrializao difcil que, apesar das
de e de cromo, repousa
sobre o credito estrangeuo. A Turqma faz parte dos pases
do Pacto do Atlntico e recebe, assim, alguma ajuda em
dlares, mas sua balana comercial est constantemente de-
ficitria e o quociente individual do produto nacional bruto
em declnio; o nvel de vida se deteriora e a populao aumen-
139
j
.....1- ----------
ta de aproximadamente um milho de indivduos por ano.
No possvel ser otimista, embora a situao econmica e
o potencial estejam entre os mais favorveis da Asia.
2. A BACIA PETROLFERA
Num pas que permaneceu fiel s formas antigas da vida
rural, onde as estruturas sociais continuaram estruturas tri-
bais, onde so encontradas ainda regies em que subsiste a
escravido, a existncia de petrleo provocou apenas algu-
mas perturbaes superficiais. Os chefes de Estado, uma di-
minuta camada dirigente de grandes proprietrios de terra,
de chefes de grandes famlias e de militares subtraram a
mais-valia extraordinria resultante da explorao por so-
ciedades estrangeiras de imensos recursos. No Ir, o govr-
no nacionalizou os poos e sua explorao, reduzindo, assim,
a participao do estrangeiro nos lucros comerciais e nos lu-
cros sbre as operaes de refino. Mas uma pequena frao
apenas desta renda considervel transformada em inves-
timentos de equipamento nacional. O petrleo uma rique-
za estranha s naes do Oriente Mdio, tanto em conse-
qncia da alienao das rendas percebidas pelos governos
e pelas classes dirigentes, quanto em conseqncia da explo-
rao dos poos por firmas estrangeiras. Os investimentos
mais visveis so os das construes de estradas, de ferrovias
e de construes urbanas. A vida rural, mesmo onde os pro-
gressos so tecnicamente possveis, conserva quase a mesma
imagem milenar de vizinhanas muitas vzes escabrosas de
sedentrios e nmades, ambos miserveis, ignorantes, gene-
rosos e prolficos. bem verdade que a populao rural se
v cada vez mais seduzida pelas falsas aparncias da vida
urbana. A capital do Ir uma aglomerao de dois milhes
de habitantes e smente o Ir tem dez cidades de populao
superior a 100 000 habitantes (Abad, centro das refinarias
de petrleo, tem mais de 250 000), Bagd tem mais de meio
milho. Smente as cidades de mais de 100 000 habitantes
(em nmero de sete) somam um quarto da populao do
Iraque. Smente a Arbia permanece ainda estranha a esta
coagulao da populao nas cidades - e de uma populao
em grande parte ociosa.
Se as tradies tcnicas e sociais do campo permanecem
aparentemente imutveis, a cir culao das riquezas postas em
movimento pela indstria petrolfera desperta muitos apeti-
140
"'
f.i
Cl) Cl)
-o 'ti
V>
., 8
r! .8 .
' :5
tl':.o.:S
Cl)
.,.,
o
o
o
., o
o
tl
.,
3l o
Cl)
"' o o
"O
......
o
""
s
"'
f:l
'O
t>l!mj
permite certo volume de passagem anuahnente - em.bora recentes
obras permitam a passagem a de,petrolelros de 50 000
toneladas - a incerteza com relaao as ex1gencws ou recusas dos
pases de d um carter especulativo petrolfera,
onde as condies geolgicas asseguram as mms solldas garantias
tcnicas s emprsas de produo.
3. OS ESTADOS RABES DAS COSTAS ORIENTAIS
DO MEDITERRNEO
Dos trs pases rabes situados s margens do Mediter-
rneo Oriental, Sria, Lbano e Egito, o Egito que possui
a populao mais 30 milhes de con-
tra 5 a 2 milhes respectivamente. Sua posiao no flanco
do Istmo de Suez confere-lhe grande possibilidade de ma-
nobra poltica, mas sua sada para o mar
muito limitada. O delta do Nilo uma zona impropna para
instalaes porturias. Alexandria o desembocadouro ma-
rtimo do Egito, mas o prto est situado a <;lo delta,
diante de um pas que no tem nenhum comercio a lhe
oferecer a Tripolitnia. A tradio histrica egpcia foi sem-
pre a uma abertura territorial na costa sria e libanesa.
E tda a poltica atual do Egito, que, para tanto, o
nome de Repblica rabe Unida quando de uma pnmeir.a
associao territorial com a Sria, est _yoltada para reali-
zao de uma unidade ou !ederaao entre. o e os
pases que asseguram a_ entr: o. ,e o
eixo de penetrao da Asw, a Mesopotamia, Isto e, os J.?aiSes
do "crescente frtil": alm do Lbano, que apenas litoral
e mediterrnico, Sria, Iraque, Jordnia.
Esta poltica, que mergulha suas razes na herana, da
Liga Arabe, constituda no, perodo de entre-guerras, .o
desmembramento do Imperio Turco, encontra certas difi-
culdades provenientes da diversidade de intersses
e pessoais em jgo. Em suma, cada um dos Estados consi-
derados tem sua originalidade, orientaes, sistemas de re-
laes que lhes so prprios. Parcamente dotados, do ponto
de vista agrcola, os "Pas.es do Levante" enco:;traram, po.r
vrias vzes, em sua historia, uma compensaao nas ativi-
dades martimas e comerciais. A Fencia, os Estados orien-
tais do tempo das Cruzadas so os antepassados do
libans e srio-libans de hoje. Mas a eterna fraqueza desses
pases est na oposio entre as especulaes, muitas vzes
bastante lucrativas, de uma burguesia urbana bastante em-
preendedora tanto no comrcio quanto na alta finana, mes-
144
mo e1n comparao aos pases mais avanados, como no co-
mrcio varejista, e um campesinato que no escapa lei
geral da grande misria oriental, apesar da extenso das
zonas irrigadas e das culturas arbustivas.
O Egito encontra-se em situao privilegiada em rela-
o aos outros Estados rabes orientais, no somente por
causa de sua posio geogrfica, que uma posio-chave,
no somente por causa da importncia de sua populao,
mas sobretudo, atualmente, por ter sido o primeiro Estado
rabe que se tornou independente aps a fase de colonizao
e de semicolonizao do sculo XIX e incio do sculo XX.
O Egito o ponto de partida de diversas manifestaes de
um nacionalismo rabe que encontra sua aplicao em todos
os pases rabes descolonizados. tambm o primeiro pas
do Oriente Prximo e Mdio a empreender, sistemticamen-
te, uma poltica de industrializao que a presso demogr-
fica da populao do vale do Nilo exigia com a mxima
urgncia. le tenta um tipo de desenvolvimento que pode
fazer escola. Reclama a direo ideolgica da evoluo no
somente dos pases rabes do Oriente Prximo e Mdio mas
tambm dos pases rabes do Magrebe. E ainda o
Egito toma posies de Estado neutralista' e de guia dos
neutralistas africanos. A expanso do Isl ao sul do Saara
assegura-lhe base de irradiao tradicional.
O produto nacional bruto apenas de 3 a 4 bilhes de
francos: o individual portanto, da ordem de 100
a 120 francos O Egito deve lutar numa frente dupla:
a do pan-arab1smo e a do desenvolvimento nacional. Ambos
so inseparveis, pois, na medida em que, com o sucesso
das obras financiadas com crditos externos, como a bar-
ragem de Assu, com o sucesso de empreendimentos indus-
triais, a renda nacional e o nvel de vida podero ser ele-
vados sensivelmente apesar da forte presso demogrfica
(crescimento natural de aproximadamente 3% ao ano!) e
tambm na medida em que as injustias sociais mais gri-
tantes puderem ser atenuadas aumentar a influncia do
Egito. '
4. A HIS'.RIA CONTRA A HISTRIA: O ESTADO DE ISRAEL
Num oriente muulmano e de maioria rabe, o Estado
de _funciona como um corpo estranho e um alvo para
as opos1oes convergentes dos Estados rabes, alis divididos
145
por outros problemas. A reconstituio de um Estado judeu
pelo sionismo, na terra ancestral d_os hebreus, o
pamento de judeus dispers_os diaspora ell:rope1a, no. Onen-
te, no Magrebe, com o apow fmanceiro dos
na Amrica do Norte um dos empreendimentos mats on-
ginais do sculo xx.' o .nvel cultural dos _israelitAas, _espe-
cialmente daqueles que v1eram da Europa, a 1mportanc1a dos
recursos financeiros postos em ao, permitiram ao Estado
de Israel, apesar de inmeras dificul?ad.es, subme.,!,ido a UJ:?
crco constante, situar-se no plano tecmco l!.;stado_ pl-
lto para a valorizao das possibilidades nat'!ra1s do Onen-
te Prximo. Mas seus sucessos no setor agncola, seus em-
preendimentos artesanais e apo_iados, no resta
dvida numa ajuda excepcwnal do extenor , tornam sua
presena ainda mais irr_ita_nte o.s rabes, g.ue
consideram que seus direitos histoncos sobre a
so iguais aos dos primeiros ocupantes, ausentes durante mll
anos. . . e comnaram os 60 bilhes de francos do produto
nacional bruto '"com os 4 bilhes egpcios, para um nmero
de habitantes doze vzes menor.
II. - O MagTebe
Entre o Glfo de Gabes e o Oceano Atlntico, com 2 000
km de leste a oeste com 300 a 350 km de norte a sul, o Ma-
grebe rene escarpadas a pequenas e
planaltos ridos: 20 milhes de hectares de terras arave1s e
plantadas, 50 milhes de hectares de pastagens pobres, apro-
ximadamente 30 milhes de habitantes ; menos de um hec-
tare cultivado, pouco mais de dois de _territrio
agrcola por habitante! Ora, terras sao mmto :eouco
generosas. Os rendimentos em tngo duro ceyad<.: sao ?a
ordem de sete quintais .por hectare. Os ammms sao :esiS-
tentes mas ma<rros e de pequeno tamanho. Raros sao os
bons ;olos nos q
0
uais se pode introduz_ir
ou semeaduras de trigo tenro, produzmdo mats de dez qum-
tais por hectare (Marrocos Atlntic?) . Mesmo a
mediocridade no est nunca garantida. Os anos de seca sao
perodos de privao e de misria. Os ritmos
como os ritmos cclicos de bons e maus anos, provocam mi-
graes de populao. Mesmo em I:egi_o de economi<;t
tria, existe sempre certa turbulencia humana,
pastorais, migraes temporrias daqueles que a terra nao
146
pode alimentar e que alimentaro a famli a tirando o m-
xim.o de seus magros salrios, ganhos duramente nas pro-
priedades do estrangeiro, xodo daqueles a que a sca tudo
tomou, o gado e o alimento.
Embora a misria seja o destino comum, a histria di-
ferenciou profundamente os pases do 1\!Iagrebe. A frica
romana guardou sua personalidade apesar das invases e
das transformaes da Idade Mdia rabe. A Tunsia est
aberta a todos os contatos culturais; ela assimilou as formas
mais difer entes e mais complexas de administraco e de re-
laes internacionais. Apesar da exigidade de "seus recur-
sos, embora ela possua menos de um sexto da populao
total do J\i[agrebe, ela desempenha o papel de maior potncia
do Norte da Africa. Sua posio convida-a a ser interme-
diria e rbitro entre o Magrebe e o Oriente, mas nem por
isso ela faz concesses no plano das relaes entre a Europa
e a Africa. Ela o pas poltico do Magrebe, o mais urbani-
zado, embora apenas uma cidade, a capital, ultrapasse meio
milho de habitantes. Mas o modernismo desta vocao po-
ltica esconde certo conservantismo das estruturas, o qual
grandemente superado pelo vizinho ar gelino, que atravs
da dura luta de liber taco t ornou-se mais r evolucionrio.
A sutileza aqui aproxima-se muito da fragilidade.
O Marrocos, na outra extremidade do Magrebe, foi sem-
pre o pas das mar gens ocenicas, da neve e das brumas, em
grande parte fora das fronteiras do Mediterrneo e das ci-
vilizaes mediterr nicas. Suas estruturas sociais permane-
ceram muito mais rurais : o Marrocos um agregado de
tribos. A vida urbana tradicional nunca passou de uma ex-
ceo de grandes cidades fronteirias, ao mesmo tempo que
cidades-mercados, como Fez e Marrquexe. le ficou sendo
a expresso mais profunda do r egime feudal em terra do
Isl, simtrico das sociedades iraquiana e rabe da outra
extremidade do mundo mediterr nico. le se fixou na ima-
gem de uma Idade Mdia colorida, mas de uma impenetrvel
misria, embora seu solo tenha acolhido os empreendimentos
mais audaciosos e mais bem organizados de tda a Africa
do Norte no perodo colonial.
Entre os dois situa-se a Arglia, fracionada pela natu-
reza, sobrecarregada de homens de um deserto que se revela
rico em recursos industriais, onde mais de um sculo de
colonizao consagrou a ruptura com as tradies e abriu
o caminho para a livre procura das formas modernas de
147
desenvolvimento. A guerra acabou de destruir tudo o que
poderia proceder das antigas estruturas. As populaes fo-
ram deslocadas, as famlias dispersadas. As relaes sociais
foram postas novamente em questo. Diferentemente do
que aconteceu nos pases vizinhos, sua independncia veio
acompanhada de uma revoluo. Dificilmente poderia ser
de outro modo por causa da prpria diversidade dos laos
entre metrpole e colnias no caso do Marrocos e da Tu-
nsia, de um lado, e, do outro, da Arglia.
Os regimes de protetorado superpuseram-se a estruturas
sociais e polticas nacionais. Orientaram a evoluo dstes
pases no sentido que parecia mais favorvel ao colonizador.
Certos grupos, certas fras polticas e sociais receberam
vantagens em detrimento de outros. Foram explorados an-
tagonismos em benefcio do poder-rbitro da potncia tute-
lar. Seria, portanto, inexato dizer que o protetorado no
mudou nada na situao ou na evoluo da Tunsia e do
Marrocos. As operaes financeiras foram a oportunidade
para favorecer grupos ou pessoas. Mas cada pas conservou
um estilo de evoluo que lhe era prprio. J se disse que
a Tunsia evolura no sentido da criao de uma classe diri-
gente que se originou da burguesia esclarecida que, sem di-
ficuldades, recebeu a sucesso do regime dos beis, enquanto
o Marrocos conservava-se mais tradicional , mais fielmente
apegado s estruturas da sociedade muulmana. A Arglia,
ao. contrrio, perdeu, em etapas sucessivas, os diversos ele-
mentos de sua arquitetura social e poltica nacional. O esta-
belecimento de uma populao estrangeira em suas cidades
e nos campos, a transformao dos sistemas e do volume de
produo, a insero do pas numa economia de mercado,
tiveram como conseqncia a elaborao de uma nova hie-
rarquia social em que, via de regra, o "indgena" ficava si-
tuado nas mais baixas camadas. As fontes e meios de pro-
duo caram nas mos dos colonizadores to mais fcilmente
dado que foram les que, instalados desde a metade do s-
culo XIX, realizaram a revoluo tcnica e econmica a
partir e ao lado de uma sociedade que permaneceu dentro
dos quadros de uma economia tradicional de subsistncia.
Ao argelino s restou a alternativa entre a vida desta eco-
nomia de subsistncia residual prsa a terras superexplo-
radas e esgotadas, e o regime de salrio nas emprsas euro-
pias. A independncia, conquistada aps uma guerra longa
e assassina. seguida pelo regresso da maior parte dos euro-
l48
inseparvel de uma reconstruo da economia e da
sociedade, que deyer ser, necessriamente, nova. No pre-
sente caso, o penodo colonial constitui um hiato entre a
sociedade arcaica da poca pr-industrial e a sociedade mo-
que se As de estrutura, sempre
d1f1ce1s em outros pa1ses porque poem em auesto intersses
nacionais tradicionais, so necessrias aqu( porque preciso
p::-eencher_um arranjar um substituto. A reforma agr-
na, a nacwnahzaao de emprsas industriais decorrem da
prpria de tanto, ou mais, que' de princpios,
que seJa necessario fazer abstrao dstes. A organi-
zaao fazendas _do _vovo, a autogesto das pequenas ci-
dades, sao formas mteuamente novas em terras da frica.
Estas podem acelerar evolues que iro alm das prprias
fronteiras da Arglia.
!'>- diversida?e das coloca um problema es-
sen:I.al: o da umdade, SeJa sob que forma fr, econmica ou
poAhtlca, centralista ou federativa, do Magrebe. Cada um dos
tres pases tem suas possibilidades de desenvolvimento. Estas
so_ bastant e li_mitadas em relao s necessidades de popu-
que _a uma melhoria rpida do nvel de vida
e. C!-lJOS efetivos estao em constante crescimento. Estas pos-
sibilidades certamente aumentariam merc de uma totali-
zaao que comportaria certo efeito multiplicador. A idia
de um grande Magrebe unido foi lancada vrios anos antes
do fim do cm:flito argelino, em Tnis. Mas a disparidade
dos membros e grande e as tentativas de unidade so difceis.
ESCASSEZ AGRCOLA
PERSPECTIVAS DE INDUSTRIALIZAO
A agricultura da frica do Norte compunha-se at a
independncia, de dois setores diferentes: um setor auto-
co_nsumo, de baixo rendimento, voltado para a produo de
tngo duro e de c6l vada, de favas, de azeite e para a criao
de ovelhas, de cabras, de cavalos, de jumentos e mulos e um
setor de comercializao, em que a vinha mantinha um lu-
gar de grande importncia, juntamente com o trigo tenro
de com as frutas e temporos das regies
prox1mas aos portos, com a cltncultura e a oleicultura. Al-
gumas exploraes, organizadas cientificamente situadas em
boas terras, com investimentos obti-
nham alto rendimentos e permitiam grandes lucros, graas
149
aos salrios baixos. O primeiro problema a colocar o da
reconverso desta agricultura. Seu primeiro objetivo a
insero da terra norte-africana numa economia alimentar
que atenda a necessidades cada vez maiores. O aumento dos
rendimentos a melhor ia dos solos e sua proteo contra as
diferentes fo'rmas de destruio e de alterao, a valorizao
de terras subexploradas (pastagens que podem ser conver-
tidas em terras cultivveis e principalmente serem planta-
das) constituem preocupaes comuns. Mas no est_ de for-
ma alguma demonstrado que a melhor maneira de alnnentar
as populaes norte-africanas cultivar nos do Magreb_e
cereais e leguminosas que produzem apenas rendi-
mentos, enquanto a vi nha teve grandes sucessos ah. O am-
biente mediterrnico mais propcio arboricultura. Na
medida em que os produt os do cultivo de, planta_es
centes e arbustivas (oliveiras, frut as cltr icas, vmha) tive-
rem um mercado seguro, seu valor permitir ad9ui-
rir fora mais alimentos do que podenam ser produzidos
naqueles mesmos solos. _
Nestas condies, qualquer balano da pr odus ao atual
t em apenas urn indicativo: as opoes tor:;a-
das, confor me, t ambem, as de venda ao exte-
rior que a nfase para o neste_ou na_quele
trmo. Mas o que e cer to e que uma pohtlca de mves!lmen-
t os o fit o a
tradiciOnal a sau de sua mdigencia, tan.o no quadro md1
vidual quanto no quadro cooper ativo, aumen-
tar sensivelmente - entretanto em llmltes reduzid_os - os
rendimentos que, atualmente, so
A produo peT capita melO de t_ngo e de
25 kg de cevada, um pouco mais de 2 htros ae azelte ... As
terras do Norte da Africa so insuficientes para conter sua
populao e incapazes de . . reformas de estru-
tura podem garantir melhor produ_to bruto,
favorecer a introduco de metodos de cultlvo mais produ-
tivos. As vendas de ,produtos especializados compen-
sar importantes aquisies de alimentos. A do pro-
blema econmico norte-africano no pode ser exclusiVamente
agrcola.
Na herana do perodo colonial, os norte-
-africanos encontraram um estudo geologico, mmto bem
elaborado, de todo seu solo, um relatrio das jazidas de
minrios, sendo que muitas delas foram exploradas com a
150
ALGUNS PRODUTOS AGRCOLAS DOS TRS PASES
Trigo (milhes de
quintais)
Cevada (milhes de
quintais)
Vinho (milhes de
hectolitros) . . .. . .
5
220
Azeite de oliva (mi-
lhares de quintais) ,, ? 5
Gado ovino (milhes -,
Laranjas (milhes de
quintais) .... . . . .
Limes (milhes d e
2
170
15,6
5
..,
,u
4
0,6
1,5
4
0, 5
7,6
770
19, 6
22,3
6,5
de cabeas) . . . . . .
1
quintai s) _ j __ _______ __j __
finalidade de exportar minrios. A venda de minrios cujas
reservas so suficientemente importantes para permitir, sem
perigo, futuramente, vendas ao exterior, pode servir para
financiar novos equi pamentos industriais. O que mais falt a
a stes pases , em verdade, a indstria de bens de pr o-
duo, de obj etos de uso e de bens de consumo. Face a
um mer cado irregular de produtos agr colas, as indstrias
de conservas constituiriam igualmente um elemento de se-
gurana econmica. Uma parte das infr a-est ruturas neces-
srias para esta industrializao existe: meios de transporte,
portos martimos, equipamento eltrico. Mas estas infra-
-estruturas devem ser completadas : a produ.o de eletrici-
dade de 130 kw;h por habitante na Arglia, de menos de
100 kw j h no Marrocos e na Tunsia ...
A industrializao dos pases do Magrebe parecia um
sonho, quando era preciso importar quase tda a energia de
fora. A explorao de jazidas de petrleo e de gs no Saara
modificou os dados do problema. Mesmo permanecendo ex-
portador de quantidades significativas, o Magrebe pode
estabelecer um desenvolvimento industrial, de acrdo com
suas necessidades, na utilizao de uma parte de sua pro-
duo. As vendas podem prover os fundos necessrios aos
investimentos. Esto para ser solucionados mltiplos pro-
blemas: no somente os dos convnios com as companhias
de petrleo, mas tambm os problemas de financiamento
de novas indstrias, de formao de mo-de-obra e de qua-
151,
I
i
I
I
l ;
dros. Quase todos st es problemas so polticos e quase tod_?S
colocam-se de maneira diferente segundo se escolha a opao
dos nacionalismos ou a do Magrebe unido.
O incio das atividades produtivas dos poos de
do Saara implica novas condies :;as relaoes d_a
Africa do Norte com a Europa: a orgamzaao dos respecti-
vos direitos dos "inventores" e dos proprietrios de poos
e da extrao em comum, a organizao do at
os portos de embarque e eventual;mente organ:zaao da
transformao (por exemplo, da hquefaao do gas) antes
da exportao O l.
O Saara produziu, em 1962, 30 milhes de toneladas d_e
petrleo contra 16 milhes de toneladas em 1961_ e 8,5 mi-
lhes de toneladas em 1960. O ano de 1962 fo1 marcado
pelo ingresso no mercado de um nvo produtor, impulsi?-
nado pela Standard Oil: a Lbia (9 000
pases esto includos nesta produao: a, Argeha, no. tern-
trio saariano, de qual se I?etroleo. de Hass1 Me_s-
saud e de Edjele e por CUJO terntono transita a pr?duao
do primeiro dstes poos em direo de Bugi, a Tunsia, que
atravessada pelo oleoduto de Edjele at prto em-
barque de La Slrra ao sul Sfax, e a L:b1a. O gas sa-
ariano (Hassi R'mel em especial), que devera ser exportado
para a Europa em navios-tanques ou em sub-
marinos, parecer, talvez, menos til quando for estimada
totalmente a capacidade de do grande, poo
neerlands da provncia de Groningue . . El.e encontrara, sem
dvida fcilmente, um escoadouro na Afnca do Norte, pro-
gressiva e rpidamente industrializada.
(I) Reservas de petrleo no Saara, em 1.
0
de janeiro de 1962:
700 milhes de toneladas.
152
CAPTULO III
AMBIGOIDADE DA SIA
I. - Disparidades Demogrficas e Econmicas
e Diversidade Poltica
METADE DA POPULAO do mundo vive na sia. As taxas
de fecundidade so de tal ordem que, mesmo sem atingir os
valres recordes da Amrica Latina, elas provocam um
agravamento inint errupt o da participao demogrfica asi-
tica na evoluo dei mundo. A Europa. que, durante vrios
sculos, procurou manter o contrle das pennsulas e das
da sia. abandonou tal empreendimento. Fora do do-
mnio rabe, que ocupa tanto o continente africano quanto o
asitico mas oue se coloc? propriamente na zona mediter-
rnica, o continente asitico constitui, hoje, a grande encru-
zilhada das experincias e das disputas ideolgicas mundiais.
O neutralismo se faz represent ar oor uma massa imponente
de mais de meio bilho de homens. Mas a Unio Sovitica,
herdeira territorial do Imprio Russo, ocupa o norte da
sia e estende-se aos mares orientais; penetra at ao cora-
o do continente e faz fronteira com o Ir, o Afeganisto,
a ndia e a China pela grande depresso aralo-cspia. A
China inspirou-se em sua ideologia para construir uma so-
ciedade e uma economia socialista. Mas as conjunturas e
as fases de desenvolvimento dividem, no plano ttico ou
estratgico, a Unio Sovitica, Estado socialista industria-
lizado, empenhado diretamente na competio tcnica, co-
mercial, militar, com pases capitalistas industriais, da Chi-
153
na, que quer sair do subdesenvolvimento por vias socialistas
e transformar-se em exemplo para os pases que procuram
uma forma de desenvolvimento. Apesar de sua largur a, o
Oceano Pacfico no aceito pela Amrica como fronteira.
qs Estados _Dnidos montam guarda nos arquiplagos perif-
ncos da s1a e se dependuram nas extremidades das penn-
sulas coreana e indo-chinesa, onde mantm governos fracos
acusados de corrupo. '
1. DIVERSIDADE DAS RELAES PRODUO-CONSU:MO
O continente asitico oferece as maiores contradies
entre focos de acumulao humana de excepcional densi-
dade e vazios imensos. Esta enorme extenso de t er r as
constitui, verdadeiramente, a mais catica reunio de con-
trastes naturais: os mais altos cumes do globo, as maiores
depresses, as costas mais frias e mais sinistras do rtico
ao cabo Tcheliuskin ou ao arquiplago da Nova Sibria,
paisagens da zona equatorial nos arquiplagos vulcnicos
da Indonsia ... Mas a verdadeira contradio fsica aquela
cujos trmos so: a arquitetura construda por processos
geolgicos escalonados por milhes de anos, a qual vazia
e especificamente desumana, e os monturos de destroos
arrancados do edifcio, sbre os quais a humanidade pulula
como um mar de detritos de grandes construes naturais
cujas dimenses no eram as mesmas que as suas. bem
verdade que stes pedaos do alto edifcio central arranca-
dos pelo glo, pelas guas, pelo vento, constituem o alimento
da agricultura. As civilizaes da sia so civilizaes da
poeira e da lama. Originam-se do casamento da carne da
montanha com a gua que cai do cu. Os homens amon-
toam-se nas bacias internas, nas grandes reas em depresso
cercadas das mais altas mont anhas e dos velhos macicos
gastos, na Mesopotmi a, na plancie do Ganges e, finJal-
mente, nas ltimas e mais fr geis construes aluvionais,
os deltas.
Trata-se de uma humanidade mesquinha, que impres-
siona tanto por sua obstinao em viver como pela preca-
riedade de sua vida. O contraste comovente entre aquilo
que Jules Sion denominava pululamento da vida e pulula-
menta da morte junta-se hoj e a uma contradio tcnica;
154
um bilho e de homens, a metade da humanidade de-
pende do mmrmo de possibilidades materiais de existncia
provementes de recursos exguos de uma terra superpovoada
e de um em parte subexplorado, na China,
arqmpelagos, nas penmsulas do Sudeste da sia e na
N_o >nente Mdio, onde a populao da ordem de
de s?mente o produto lquido da
do petroleo ( drvrdrdo entre as companhias es-
e os governos) representa perto de trs bilhes
de dolares, tanto quanto ? PEoduto bruto do Paquisto
ou da I!1donesra, que tem 100 mllhoes de habitantes cada um.
E o o Iraque acrescentar a isso o produto no
de sua agncu]tura ... Estamos longe de encon-
trar ai a Imagem da opulencia!
. . Em suma, a metade da populao do mundo deve sub-
sistir com um pr odut o bruto igual a um tro ou a um
do produto bruto norte-americano, que prov as ne-
cessidades de uma populao inferior a 200 milhes de ho-
mens. Mas basta que a indstria aparea, mesmo num pas
altamet_::.te povoado e pobre para que mudem as relaes
A renda per capita de 2 000 francos
no Jai?a? contra 500 na China, 340 na ndia e 250 a 300 na
Indonesra.
2. DIVERSIDADE ETNOLGICA E DIVERSIDADE POLTICA
, .. As. da sia pertencem a mltiplos grupos
etmcos ,_ serra vao, entretanto tentar uma geografia tnica
do contme_nte. sobejamente que a noo
de nao se aplicava a geografia da sia, tanto as mi-
de J.?Opulao as mestiagens
de seculos. A fndra e, sem duvrda, a regio do con-
onde essas mestiagens so mais numerosas mas
nem os que poderiam ser considerados a priori
c?mo mew conservadores, nem a China e Alta sia man-
tiveram grupos tnicos puros. Enquanto na Cen-
tr:=tl eA na _Amrica Sul mestiagens vm-se realizando
ha tres seculos e Ja a formao de populaes
mescladas, na s1a, as populaes atuais procedem
de vanas dezenas de geraes de mestiagens, apesar do iso-
lamento de certas estruturas sociais mais ou menos durveis.
155
---------------------- .. .
'". J o
. . .
- Pases da O.T. A.S.E.
L Pase r<;tbes
( Israel
pases neutmlistas
Repblicas Populareo
Fra. 10. - Mapa poLtico da Asia e distribuio da popuLao
A nica distino possvel a de domnios etnolgicos
caracterizados por determinadas ou superpo-
sies de mestiagens e turas, _Falaremos
essencialmente de uma As1a branca que e Ocidental, de
156
--- ..- .......,_, ____, ,_ .. ....... .. .
uma Asia " morena ' , com uma fort e mestiagem de brancos
e negros, que a sia Meridional.
Os brancos da sia se originam de dois grupos primi-
tivos j caracterizados na Antiguidade: anatlicos e arm-
nios braquicfalos, rabes e indo-afegos dolicocfalos, todos
de cabelos escuros e olhos negros. Ocupam a sia Menor,
o Cucaso, o Ir, a Sria, a Arbia e o Oeste da ndia. Esto
divididos em trs domnios culturais diferentes que, por
pura coincidncia, correspondem aproximadamente a trs
setores polticos: os pases do Cucaoo (Gergia, Armnia)
que fazem parte da U. R. S. S., o domnio rabe da costa
sria e libanesa ao Glfo Prsico e ao Mar Vermelho, que
faz parte de uma zona de civilizao mais vasta (com ex-
ceo do Estado de Israel) e igualmente de uma comuni-
dade poltica especial (v. pg. 142) e finalmente o Norte
e o Noroeste da ndia, que pertence ao bloco neutralista.
As mestiagens com os amarelos so relativamente pouco
numerosas: aparecem sobretudo na depresso aralo-cspia
e ao leste da Caucsia ( quirguizes, turcomanos, populaes
do Azerbaidj). Na ndia, em compensao, a maior parte
da populao provm de uma sucesso de mestiagens de
brancos com negros, sendo que restam poucos grupos puros
(negritos, vedas, bils, gonds e sobretudo indianos negros
ou draviC!.ianos do sul do Dec).
Tambm os amarelos pertencem a vrias raas: pleo-
-siberianos, mongis, chineses do Norte, chineses do Sul,
indonsios, stes mestios de negros (negritos) com mela-
nsios. As mesclas de diferentes grupos em quadros geo-
grficos determinados do uma aparncia de unidade som-
tica a naes e povos como os do Sudeste da sia, mas, em
tda parte, a dimenso cultural que d a medida e os
limites dos grandes grupos e, hoje, a originalidade cultural
confunde-se com as opes polticas: "mundo rabe", pases
neutralistas da ndia, da pennsula indo-chinesa (Camboja,
Laos), da Indonsia, socialismo chins, basties insulares e
peninsulares do "mundo livre", isto , da organizao mi-
litar do Extremo Oriente e do Sudeste da sia sob direo
americana ...
li. - A sia Descolonizada e Neutralizada
Os imprios coloniais europeus caram sbre o conti-
nente asitico pelo Oceano ndico: Imprio das ndias e
Malsia, colnias e protetorados franceses da Indo-China,
157
ndias " Neerhndesas". Foi , portanto, um setor r elativa-
mente estreito, do ponto de vista geogrfico, que se operou
a passagem do regime colonial independncia, atravs de
acontecimentos especficos de cada forma de relaes de
metrpole a pas colonizado e atravs de longa preparao
no caminho da libertao. Seja qual fr a diferenciao dos
processos, o sincronismo quase perfeito, visto que o inter-
valo entre o reconhecimento da independncia dos diversos
pases em questo no excede dez anos e se apresenta como
um dos elementos de liquidao das disputas da Segunda
Guerra Mundial.
Um problema comum a todos os pases descolonizados
foi o da unidade. ste problema particularmente comple-
xo na antiga "Indo-China francesa" onde, diversidade
r egional mantida pelo duplo regime de colnias e de prote-
torados, juntou-se o fracionamento em duas partes do antigo
imprio anamita, com o acrdo que ps fim guerra: Vietn
do Norte e Vietn do Sul. Tanto mais que ste acrdo de
armistcio e de paz levou a uma diviso de zonas de influn-
cia, no mais entre o povo colonizado e sua antiga metr-
pole, mas entre o aliado asitico, representando uma das
ideologias nacionais libertadoras, a China socialista, e o
porta-voz do capitalismo do Extremo Oriente, os Estados
Unidos, que tomaram o psto da Frana em Saigon. Com
isso, o Vietn encontra-se incorporado ao duplo verniz do
socialismo chins e da OTASEOl, isto , as cabeas de ponte
dos Estados Unidos no continente asitico. le foge, assim,
ao setor da Asia descolonizada a partir do momento em que
repeliu a antiga dominao colonial. Ainda abordaremos
ste assunto quando tratarmos do "cordo sanitrio ame-
ricano" (p. 163) .
O problema da unidade no se coloca da mesma ma-
neira na ndia e na Indonsia. sses pases so de estrutura
etnogrfica e etnolgica, lingstica e religiosa heterognea.
Sua histria pr-colonial era a histria de pases divididos
e dilacerados por constantes lutas internas. s divises tra-
dicionais superpuseram-se diferenciaes polticas com car-
ter mais moderno. Mas, freqentemente, os chefes polticos
associaram a causa de sua ideologia ao dinamismo dos irre-
dentismos provinciais ou ao efeito moderador dos conser-
vadorismos religiosos, o que obscureceu os acontecimentos
(1) Organizao dos Terri trios do Sudeste Asitico.
158
s
<lJ
s
o
..0
o
para os observadores estrangeiros. A criao de novos Es-
tados e a estabilizaco das unidades territoriais realizam-se
atravs de lutas no raro violentas, tendo interferido nelas
.,; os ltimos combates contra os antigos senhores coloniais, a
"" luta contra os separatismos provinciais e contra os ensaios
p:j de revolues sociais radicais .
.-i A ndia teve que curvar-se ao reconhecimento de sua
0 dualidade religiosa para evitar um esfacelamento generali-
zado. Dois Estados foram formados sbre a base terica da
:;g separao dos hindustas e dos muulmanos. stes ltimos
p:j eram maioria a leste e a oeste da ndia; o Estado muul-
....; mano, o Paquisto, dividido em dois pedaos, separados
um do outro por uma distncia de 1 800 km e quase im-
possvel realizar sua unidade econmica e cultural. A Indo-
nsia salvou, aparentemente, sua unidade, mas teme cons-
tantemente novas dissidncias, principalmente em Sumatra,
e a diversidade das ilhas torna sempre difcil uma comuni-
dade administrativa e econmica.
1, PROBLEiviAS POLTICOS E DIFICULDADES ECONMICAS
DA NDIA E DO PAQUISTO
A Unio Indiana uma federao que agrupa Estados
de estrutura poltica diversa. No momento em que a Ingla-
terra se retirou, a unidade parecia irremedivelmente com-
prometida. A administrao britnica substituiu, sem modi-
fic-la, uma estrutura tradicional extremamente desmem-
brada e de grande heterogeneidade sob todos os aspectos:
lnguas, religies, estruturas sociais e polticas. Em 1947,
perto de 600 Estados distintos, muulmanos, budistas, hin-
dustas, brancos, morenos ou negros, agarrados s formas
mais arcaicas de vida social, ou de ideologia comunista, pa-
reciam estar dispostos a retomar uma vida independente, sem
CTJ soluo econmica. . . O saTdar Patel negociou pacientemen-
"0 te uma simplificao da carta poltica e a criao de uma
,.g federao multicultural e multi-religiosa que contava, em
1951, 360 milhes de habitantes (85% de hindustas, 10% de
S muulmanos, 5% de budistas). Doze anos mais tarde, a fe-
g derao j tinha ultrapassado a cifra de 440 milhes de ha-
il bitantes. Esta federao sofreu vrios retoques, principal-
mente a reforma de 1956 que consagra o desaparecimento
do antigo Estado de Haiderabad e cria novos Estados tendo
Ul como base a unidade lingstica.
O Paquisto um Estado muulmano voltado, por um
159
lado, para o vale do Indo (Pendjab, Tar, Sindh) e, por
outro lado, para Bengala Oriental: aproximadamente 100
milhes de habitantes, 34 milhes para o Paquisto Ociden-
tal, 42 para o Paquisto Oriental em 1951, 42 e 52 respectiva-
mente 1961, mas le no abarca tda a populao muul-
mana da ndia (aproximadamente 140 milhes em 1963).
O problema principal e urgente, para cada um dsses
pases, a sobrevivncia de uma populao que aumenta de
9 a 10 milhes de pessoas por ano. Reforma agrria, desen-
volvimento agrcola, industrializao so solues imediatas
que se procuram, com maior ou menor sucesso, aplicar
multiplicidade de casos particulares apresentados por cada
regio. O Paquisto tem parentesco com os Estados rabes,
mas no um Estado rabe "participante". A Unio In-
diana, fiel tradio ideolgica de sua luta pela indepen-
dncia, o paladino do neutralismo no mundo contempo-
rneo. O princpio comum a tda a federao, a despeito
de sua diversidade, aqule por que combateu durante
meio sculo o mahatma Gandhi e sbre o qual foi edificada
a independncia, isto , a no-violncia, e sua conseqncia
o neutralismo, de que o herdeiro poltico de Gandhi, o
pandit Nehru, se fz o porta-voz na ndia e nos organismos
internacionais at sua morte em 1964. A Unio Indiana
apoiou fcilmente a idia de uma coexistncia pacfica entre
os pases socialistas e o Ocidente capitalista. Fiel a suas tra-
dies religiosas, procurando modificar muito prudente-
mente suas estruturas por vias propriamente indianas, ela
se interroga sbre as possibilidades de permanecer total-
mente neutra frente ao dinamismo chins, que multiplica
as presses nas fronteiras, mas no hesita em aceitar a ajuda
e os bons ofcios da U. R. S. S. e do Ocidente.
Esta ajuda, na verdade, , sob todos os aspectos, indis-
pensvel. Ren Dumont lembrava em 1961 que "para evitar
hoje a fome, desde maro de 1961, todo dia um navio car-
regado de mais de 116 000 quintais de cereais parte dos
Estados Unidos em direo ndia"(!). A indigncia global
da Unio, a mediocridade da renda nacional, 60% do pro-
duto nacional bruto francs para uma populao quase dez
vzes mais numerosa, traduzem a misria dos casos indivi-
duais. A ndia possui uma aristocracia rica e uma burguesia
confortvel, porm mais de 400 milhes de indivduos vivem
(l) R. DuMoNT, Terres vivantes, Paris, Plon, 1961, p. 170.
160
com. . . cem francos por ano: A ndia iniciou uma planifi-
cao reformista, apoiada na nacionalizao dos grandes
bancos. O perodo abrangido pelo terceiro plano qinqe-
nal vai at 1966. Abrange a realizao de projetos ambicio-
sos, mas dentro das necessidades, de equipamento energtico,
com a construo de centrais eltricas e a industrializao
de monazitas uranferas. O Estado tomou em suas mos o
setor de produo de energia, a siderurgia, o equipamento
pesado e atrai o capital privado a fazer aplicaes em ope-
raes de industrializao diversificada. A agricultura no
pode absorver os excedentes demogrficos; no pode nem
mesmo aliment-los, apesar da extenso das zonas irrigadas
que acompanha a construo de barragens e usinas eltri-
cas. A ndia s pode sobreviver tornando-se industrial. Mas
ela est sujeita contradio entre as exigncias de inves-
timentos demogrficos e as necessidades de investimentos
de equipamento. O quinho da magra renda nacional, que
absorvido para fornecer somente 1 800 ou 2 000 calorias di-
rias aos 10 milhes de habitantes suplementares que surgem
todo ano, no deixa grande disponibilidade para os investi-
mentos suscetveis de realizar um crescimento progressivo,
mesmo que seja lento, do produto nacional bruto. A indus-
trializao est merc do capital estrangeiro e dos emprs-
timos a longo prazo. Por isso, compreende-se por que, desde
1956, foram integradas na planificao geral medidas desti-
nadas a reduzir, o mais rpidamente possvel, a taxa de
fecundidade.
PRODUO "PER CAPITA" DE ALGUNS PRODUTOS
AGRCOLAS E INDUSTRIAIS DA UNIO INDIANA
Arroz ....... . 115 kg por ano Carvo ...... .
Todos os cereais 175 Eletricidade ..
Acar ...... . 7 Ao ......... .
Leite ........ . 60 l Cimento ..... .
140 kg por ano
70 kw-h -
20 kg
11 kg
O Paquisto ainda mais pobre do que a Unio Indiana.
le teve que esperar at 1959 para que fsse empreendida
uma reforma agrria que melhorasse um pouco a condio
do campons e permitisse melhor utilizao do solo. O pro-
duto nacional bruto um dcimo do produto nacional bruto
francs, para uma populao duas vzes maior. A renda per
capita de 240 francos. Tambm aqui j se tomou cons-
cincia do impasse demogrfico: a populao aumentou de
161
26 milhes de indivduos desde a separao da Unio In-
diana e do Paquisto e a criao do Estado paquistans -
em quinze anos. O plano psto em aplicao em 1961 com-
porta medidas de educao e de interveno mdica a fim
de limitar a natalidade, o que contribui para distinguir o
Paquisto dos outros Estados muulmanos.
2. INDONSIA, NEUTRALISMO E COMRCIO INTERNACIONAL
A Indonsia tem os mesmos problemas da ndia e do
Paquisto. Mas les so colocados de forma diferente. Quan-
do no havia mais que 50 milhes de habitantes, era possvel
consagrar parte da superfcie disponvel em Java e, sobre-
tudo, no sul da Sumatra, a cultivos experimentais, sem pr
em perigo o equilbrio alimentar da populao. Os neerlan-
deses tinham obtido resultados excepcionais, indo muito
alm dos rendimentos das plantaes coloniais de outros
pases, no terreno da produo de leo de palmeira, de ltex
de seringueira, de ch, tabaco, de copra. . . A populao
prticamente dobrou entre 1930 e 1960. A agricultura vol-
tada para a produo de produtos alimentcios repele a de
produtos comerciais, e a luta da primeira contra a segunda
toma, naturalmente, caractersticas de reivindicao social
por parte dos camponeses mais pobres. Entretanto, a econo-
mia indonsia no tem futuro se as necessidades de investi-
m_entos de equipamento e de desenvolvimento da produo
nao forem compensadas, pelo menos em parte, pela expor-
tao. A renda nacional foi estimada, em 1960, em 25 bilhes
de francos. A renda per capita pouco superior do Pa-
quisto, aproximadamente 275 francos anuais. Mas a Indo-
nsia tem, sbre o Paquisto, a vantagem de poder exportar
petrleo, minrios (principalmente estanho, bauxita, man-
gans) e produtos agrcolas (leos vegetais, ltex de serin-
gueira, copra, ch, tabaco). Seu neutralismo seguido de
uma poltica comercial to aberta que, desde 1960, os navios
holandeses podem entrar de nvo nos portos das ilhas. O
comrcio exterior, que atingiu, em 1960, 4 bilhes de francos
para as exportaes e 3 bilhes para as importaes feito
com todos os pases possveis. Embora o Japo se tenha
tornado um importante associado, no so esquecidos nem
a Gr-Bretanha, nem a Comunidade Econmica Europia e
so solicitados crditos e ajuda tcnica China, .Alemanha,
U. R. S. S. e aos Estados Unidos. O Estado tomou em suas
162
mos a direo dos setores-chave do desenvolvimento eco-
nnco: bancos, indstrias de equipamento, mas prefere
indenizar a confiscar as propriedades estrangeiras. Seus re-
presentantes t m o cuidado de manter distncia tanto do
socialismo chins quanto do sovitico, mas repudiam o libe-
ralismo que surge como um fragmento da herana do pe-
rodo colonial. "Nosso socialismo no fruto da luta de
classes; no se trata de expropriao de capital pela simples
razo de que os indonsios nunca possuram uma quanti-
dade aprecivel de capitais privados nem terras. "0 l O
apresentado, confunde-se com uma simples
nac10nahzaao da economia, sem compr omisso ideolgico.
.Aqui, muito mais do que na ndia, onde as idias marxistas
s penetraram em algumas regies bem delimitadas (Ke-
rala), o neutralismo oficial deve contar com uma forte
oposio comunista, que se apia em r egionalismo e em
reivindicaes camponesas.
3. AS FRONTEIRAS DO NEUTRALISMO
Quanto mais nos aproximamos das zonas onde esto em
contato as vanguardas do socialismo asitico militante e
combatP.nte e as cabeas de ponte americanas, maior a
dificuldade de os governos se manterem neutros e manifes-
tarem-se como neutros. Esta , entretanto, a orientao
escolhida pelo nvo Estado da Malsia, criado em agsto
de 1963, aps negociaes difceis: antiga Federao dos
Estados Malaios, Cingapura, Brunei. A situao mais deli-
cada a do Camboja e do Laos, colocados geogrficamente
no corao da zona contegtada. O Camboja conseguiu man-
ter sua neutralidade at 1963 e garantiu, em condies inte-
ressantes, o desenvolvimento econmico e social. O Laos
est dividido exatamente entre o neutralismo que detm o
poder, os guerrilheiros do Patet-Lao, que so apoiados pela
Repblica Popular do Vietn do Norte, e os guerrilheiros
dos americanos. A constante incerteza muito pouco pro-
pcia a investimentos e a qualquer poltica de desenvolvi-
mento. Com a Tailndia e a Birmnia, o grupo de van-
. ( l) )\iartohadinego_ro Situation conomique et pto-
J.ets de developpement mdonesten. Aspects actuels de la situation
economiq1Le et sociale de l' Asie du Sud-Est, Institut de Sociologie,
Bruxelas, p. 131.
163
!1'
I
guarda geogrfica dos pases neut r alistas do Sudeste asitico
abrange 70 milhes de habitantes, que vm ajunt ar-se aos
540 milhes de indianos e paquistaneses.
III. - As Peripcias
da Revoluo Chinesa
A revoluo revestiu-se durante longos anos, de formas
excepcionalssimas na China, visto que o comunismo chins
teve caractersticas, na dcada de 1930, de regime poltico
itinerante, cujas disposies geogrficas mudavam de acrdo
com os deslocamentos dos exrcitos, a tal ponto que muito
mais numerosos eram os camponeses chineses que haviam
conhecido o regime comunista, a reforma agrria, do qUE.
aqules que estavam, no momento, adminis-
trao dos sovietes chineses. O mapa permaneceu mudando
at 1937, data do incio da guerra sino-japonsa. Em 1936,
calculava-se que aproximadamente 60 milhes de habitantes
estavam situados em regies dominadas pelos comunistas,
entre a China de Nanquim (Tchang-Kai-Tchek) e a China
de Canto. Durante a guerra sino-japonsa (1937-1945), os
contornos da China comunista so ainda mais apagados, mas
as bases territoriais foram suficientes para sustentar a luta
do VIII Exrcito e do nvo IV Exrcito que constituam,
ento, a fra militar da China "vermelha". Em 1946 desa-
parece o equvoco Tchan-Kai-Tchek. Aps ter feito uma
guerra aparente contra os japonses, le empreende, com a
ajuda americana, uma verdadeira guerra contra a China
comunista. Sua derrota seguida da proclamao da Rep-
blica Popular da China, que se estende a tda a China e a
Manchria, que recebe o nome de China do Nordeste (1949).
1. DA REVOLUO AO "GRANDE SALTO PARA FRENTE"
(1949-1960)
A Repblica Popular da China apo1a-se integralmente
na doutrina marxista-leninista e empreende, desde 1950, a
construo do socialismo segundo o modlo sovitico e com a
ajuda da Unio Sovitica. Tdas as fras contra-revolucio-
nrias so implacvelmente aniquiladas. A r eforma agrria,
liquidando a desigualdade e criando as primeiras cooperati-
vas, foi posta em aplicao no mesmo ano. As grandes
164
. ... ------------
emprsas os bancos que pertenceram a compa-
nhias estr angei r as ou a gr upos ligados ao Kuomintang -
foram nacionalizados. Desde 1952 que o
gar antia a met ade da produo artesanal e
m<:J.ust.na1. No em que. foi psto em aplicao o
pnmeiro plano qumquenal, a Chma encontrava-se com r e-
lao ao processo de desenvolvimento econmico
no ?vel da .u. R. S. S. 1927, Amas ela possua uma
laao aproximadamente cmco vezes maior do que a desta:
Populao (milhes) .. .. .. .. . ... .. . ...... . .
Trabal hador es industri ais . ..... . .. .. . ... . .. .
Superfcie culti vada (milhes de ha ) . . .... .
de car vo (milhes de toneladas)
Produao de ferro fundido .. .. .. . .... . .. . . .
Produo de ao . .. . .. .......... . .. . .. . ... .
Produo de eletricidade (bilhes de kw-h)
Pr,:oduao de .. cimento (milhes de toneladas)
Rede f errov1ana (milhares de km) ....... .
China
1952
583
4
108
63,5
1,9
1,35
7,2
2,8
24,2
U.R.S.S.
1927
147
4,1
112,4
32,3
3
3,7
4,2
4,2
75,6 I
e soviticos afirmam, conjuntamente, que o
desenvolvimento da economia chinesa ser muito mais rpi-
do do que o da economia sovitica graas preexistncia e
ajuda da primeira economia socialista, a economia sovitica.
.. . previses, de resto moderadas, do primeiro plano
for a!? realizadas graas ajuda
mat enal, fmancei r a e t ecnica bastante importante da Unio
Sovitica.
ALGUNS PRODUTOS CHINESES EM 1952 E EM 1957
Produo de eletricidade (bilhes de kw-h) ... .
Carvo (milhes de toneladas) .............. . .
Petrl eo (milhes de toneladas) ........ . .... . .
Ao (milhes de toneladas) . ... ... . . ...... . .
Cimento (milhes de toneladas) . . .. . . .. ..... : :
1952
7,3
63,5
0,4
1,3
2,9
1957
19
124
1,4
5,2
6,7
As camponesas, onde o campons conserva
um pequeno dividendo de seus bens em terras e se beneficia
da pequena propr iedade e da pequena economia familiar
per mitidas ao colcoziano sovitico cobrem nove dcimos do
solo cultivado no final do ano 'de 1956. Os camponeses
(
1
) Dentro dos limites do territrio sovitico daquela poca.
165
adquiriram o hbito de mobilizar-se em grandes campanhas
de obras de intersse tais como a consolidao e o
reparo de diques, aumento da rde de irrigao, eliminao
de ratos etc. A rde de transportes foi melhorada, embora
permanea insuficiente.
Como outros pases asiticos, a China est submetida ao
efei.to da presso demogrfica, que, por muito tempo, ela
hesitou em combater de frente. O subemprgo afeta certa-
mente mais de dez milhes de adultos no final do primeiro
perodo qinqenal.
Para o que o presidente Mao-Ts-Tung deno-
minou "contradies", o govrno da China Popular lana o
programa do "grande salto para a frente" seguindo uma
orientao ideolgica muito mais dogmtica do que a orien-
tao flexvel seguida anteriormente. :!!; rejeitado todo pes-
simismo demogrfico e tda poltica de limitao da nata-
lidade, as massas so mobilizadas, joga-se na balana o
investimento-trabalho, so criadas as comunas rurais onde
desaparecem as ltimas formas de individualismo na socie-
dade rural. Aps haver proclamado o triunfo geral da expe-
rincia, na base de estatsticas aproximadas, o govrno faz,
aps 1960, um balano mais realista e procede a alguns re-
toques. Mas exatamente neste momento que vm a pblico
as divergncias ideolgicas e tticas entre a Repblica Po-
pular da China e a Unio Sovitica.
2. ISOLAMENTO E AUTORIDADE DO SOCIALISJVIO
Em julho de 1960, os peritos e tcnicos soviticos que
trabalhavam na China regressaram U. R. S. S. Em 1963,
a recusa da China em assinar o acrdo de Moscou de sus-
penso das experincias nucleares, concebido como uma
importante etapa da poltica de "coexistncia pacfica", e a
polmica que se seguiu, fazem surgir uma sria divergncia
de pontos de vista quanto concepo das relaes entre os
pases socialistas e os pases capitalistas. A "via chinesa"
oferecida como exemplo aos pases subdesenvolvidos, mas
a imprensa sovitica censura a Repblica Popular da China
por querer colocar seus objetivos territoriais e seu pan-asia-
tismo acima da responsabilidade mundial do socialismo,
principalmente na atual conjuntura, sujeita a uma guerra
nuclear.
166
A China paga caro por sua divergncia com a Unio
Sovitica. A privao da ajuda tcnica e dos fornecimentos
de equipamentos e bens de produo soviticos adia para
um futuro indeterminado a industrializao do pas, que se
entrega, temporriamente, a um grande esfro agrcola que
so as brigadas, isto , aldeias cuja populao constitui co-
munas demasiado grandes para serem unidades de produo,
mas aptas a permanecerem unidades de organizao e de
trocas. A China continua a ajudar aqules pases ligados
a suas posies, tanto a Albnia quanto a Coria e o Vietn
do Norte. E, seja como fr, a importncia de um pas de
700 milhes de habitantes, que conduz uma experincia
inteiramente nova com notvel esprito de deciso e um
agudo sentido revolucionrio, no pode deixar de ser consi-
dervel, principalmente no Sudeste da sia, onde ?
brio dos neutralistas ou dos governos pro-amencanos e
sumamente frgil.
IV. - O Cordo Sanitrio Americano
Os Estados Unidos deram pelo menos tanta importncia
estabilizao das fras em choque no Extremo Oriente
e no Oceano Pacfico quando da Segunda Guerra Mundial
quanto derrota da Alemanha hitlerista. E, em ambos os
teatros de operao, sua poltica baseou-se no aniquilamento
das alianas. Ideolgica e dinmicamente, o socialismo pa-
receu-lhe ser o principal adversrio. A bomba de Hiroxima
teve a inteno de intimidar a Unio Sovitica e deter a
expanso do socialismo na sia, muito mais do que de der-
rotar um Japo j vencido. Os dois pra-choques criados
em 1945 e 1950 para deter a expanso do socialismo no Ex-
tremo Oriente e na Europa so os inimigos de 1945, a Ale-
manha e o Japo. Ambos acham-se integrados em orga-
nizaes militares "regionais" dirigidas pelos americanos:
O. T. A. N. a oeste e O. T. A. S. E. a leste. Trata-se em rea-
lidade, de um retrno poltica do "cordo sanitrio" apli-
cada na Europa Central e Oriental aps o Tratado de Riga,
a fim de estorvar as relaes ideolgicas, polticas e econ-
micas entre a U. R. S. S. e o Ocidente. Como aquela, esta
consiste na ajuda financeira, tcnica, comercial, como tam-
bm poltica e militar, a governos aos quais se pede para
que montem guarda - e se apresentem decididamente anti-
comunist&s - em suas fronteiras e em sua poltica interna
167
e que geralmente pagam bem caro os servios prestados.
Como aquela, esta apresenta um l:?_erigo fcilmente
tvel: o da total dissociao entre esses governos de ocasiao
-j assinalamos a corrupo crnica dlesm -, e os povos
dos referidos pases. Periodicamente, preciso empregar
a fra, com apoio militar americano, para restaurar um
govrno s voltas com uma revoluo, ou se os
gam muito tarde e pareceu muito comprometedor mterv1r
a favor de personalidades demasiado desacreditadas, entre-
gar o poder a uma composio sobressale12te que d as mes-
mas garantias. . . e as mesmas :ereocupa_?es. . , . _
Os diferentes elementos desse cordao samtano sao o
Japo, a Coria do Sul, Taiw (antiga Formosa), as
nas - a mais antiga base americana s portas da sia -,
o Vietn do Sul: 180 milhes de homens. A situao no
a mesma no Japo e nos outros pases do cordo sanitrio.
O Japo era uma potncia industrial no ;no_me!l!O de sua
derrota militar. le se afirmou como tal ha cmquenta anos.
Suportava uma presso demogrfica tanto forte dad_o
que seu territrio teve _que receber os rei?a!nados das. anti-
gas dependncias perdidas. Por sua e
-estruturas, le representava uma base militar e mdustnal
equipada. A poltica americana consistiu, como na
nha, numa contribuio substancial para a recuperaao eco-
nmica e para o desenvolvimento industrial antes de tudo.
Os outros pases, ao contrrio, eram pases subdesenvolvidos
em tdas as acepes do trmo. stes servem apenas de
apoio s instalaes militares americanas. pases
aliados mas cabeas-de-ponte. E em consequenc1a de uma
lgica histrica inelutvel , os scios do ocupante so os re-
presentantes das formas sociais mais _e TI?-ais
tradicionalistas, a tal ponto que, nesses paises, nao sao feitas
as reformas sociais mais urgentes. Nas Filipinas, a questo
agrria bastante grave. As reformas feitas no Vietn do
Sul e na Coria do Sul no satisfizeram as massas campone-
sas e Taiw no passa de um refgio de emigrados que vi-
vem de suas amarguras e de seus sonhos, enquanto a
de mais de dez milhes de camponeses agrava-se dia a dia.
(1) Alain GouRDON, "L'evolution poli tique du Sud-Est asia-
tique depuis la dcolonisation", em Aspects actuels de la situation
conomique et sociale de l'Asie du Sud-Est, Centre d'tude du
Sud-Est asiatique. Instituto de Sociologia, Universidade Livre de
Bruxelas, 1963, pp. 47-65.
168
Paradoxalmente, os basties do anticomunismo asitico so
aqules pases onde os adiamentos da poltica social eco-
nmica melhor prepararam o terreno para a subversao po-
ltica ...
1. O JAPO. SUPERINDUSTRIALIZAO
E HARAQUIRI DEMOGRFICO
Em 1945, a situao do Japo parecia sem soluo e os
meios polticos e intelectuais japonses foram tomados de
pnico diante da derrocada econmica e do incessante cres-
cimento demogrfico. Apesar de um surto industrial bas-
tante rpido, o Japo continuou a sofrer o desemprgo cr-
nico em suas cidades e o subemprgo permanente no campo,
no perodo de entre-guerras. A derrocada do sistema impe-
rial, a perda das bases de minrios e da Man-
chria, o deslocamento dos mercados e a suspensao das en-
comendas do exrcito e da marinha mergulharam o pas
numa trgica aflio. O prprio isolamento do continente,
com o qual as relaes pareciam impostas por condies
geogrficas e econmicas, parecia colocar o Japo numa si-
tuao de grande concentrao demogrfica sem esperana.
Os Estados Unidos viram o perigo que representava para
les um Japo isolado de suas relaes vitais pela vontade
poltica dles e condenado catstrofe. Um verdadeiro cor-
do umbilical foi estendido atravs do Oceano Pacfico a
fim de dar nvo impulso s indstrias japonsas e refazer
a economia nacional. Mas a Amrica insistiu junto ao go-
vrno japons, atendendo a suas prprias inquietaes, para
que a ajuda econmica e financeira fsse literalmente con-
dicionada por uma poltica decidida e eficaz de reduo do
aumento demogrfico, a tal ponto que, hoje, o Japo caracte-
riza-se pelos mais elevados ndices de crescimento econ-
mico entre todos os pases da Asia e por uma reduo da
natalidade superior americana ou mesmo da Europa
Ocidental.
Em 1938, o Japo produzia 6,5 milhes de toneladas de
ao. Em 1962, foram fundidas perto de trinta milhes de
toneladas. Antes da guerra, sua produo de cimento era
de 4 milhes de toneladas e , hoje, de 30 milhes. O Japo
tornou-se um grande produtor de energia eltrica: mais de
140 bilhes de quilowatts-hora em 1963, contra 32 bilhes
em 1938. le produz perto de 200 000 toneladas de alumnio.
169
Existem pouqussimos ramos da
lhe sejam estranhos. O ritmo de desenvolvu:wnto
muito mais rpido do que o do desenvolvimento agncola.
Para um crescimento anual mdio de 6 a 8% do produto
nacional bruto, o aumento da produo industrial da
de 10% por ano. O desemprgo desapareceu nas regwes
industriais, as quais absorvem mais de 3?0 000
por ano. As aglomeraes urbanas ampliaram-se
damente: mais de 10 milhes de habitantes no conJunto ur-
bano Tqui-Yakohama que teJ?;de m31is a forrr:,a
pura e simples de aglomeraao, cmco .m1]hoes na t;'l.egalo-
polis" de Quioto, Osaca, Kobe, 1,5 mllhao em . N ago1a etc.
A construo de imveis um dos setores mms tensos da
atividade nacional. E j foi assinalado com insistncia q.ue
sse crescimento escapara ao acompanhamento de ul!la m-
flao e de um aumento dos preos, pelo menos ate 1963.
A renda per capita aumentou 70% entre 1953 e (12%
na Unio Indiana, 15% na Coria do Sul). O tunsmo, bas-
tante encorajado, tanto de americanos quanto de eurol?eus,
contribui para manter o equilbrio da balana comercial _e
monetria. Certas atividades profissionais comeam a senbr
a falta de mo-de-obra, especialmente de mo-de-obra qua-
lificada. O perodo atual, entretanto, marcado por um aflu-
xo macio ao mercado de trabalho de numerosas classes
nascidas antes de 1945.
A demografia japonsa constitui uma exceo na Asia,
como tambm entre todos os pases de desenvolvimento re-
cente. Em vinte anos a taxa de natalidade reduziu-se me-
tade caindo de um valor numrico prximo ao da China
por de 1940 (35%) para aqule dos pases mais "1:'-al-
thusianos" da Europa Ocidental, 17% em 1962. SucessiVa-
mente, a propaganda a favor: do emprgo de mtodos anti-
concepcionais e a venda mac1a dstes produtos, o
cimento do direito ao abrto legal, efetuado nos hosplta1s e
clnicas pblicos a partir de 1950, a generalizao do ensino
do planning familial, reduziram a natalidade de 2,7 n:ilhes
em 1948 para 1,6 mlho em 1961-1962. A perspectiva da
populao do Japo , portanto, de envelhecimento e de re-
duo" da procura de emprgo a partir de 1970. Um grande
esfro de adaptao do emprgo a uma nova conjuntura
demogrfica impsto por esta evoluo provocada. O Japo
conservar o lugar que a ajuda americana lhe permitiu atin-
gir, estimulando cada vez mais a especializao profissional.
170
:le j se apresenta como um srio concorrente para os pro-
dutores europeus de material mecnico leve e para a eletro-
mecnica. Sua indstria, em 1970-1980, repousar, no mais
sbre a quantidade, mas sbre a qualidade da mo-de-obra.
Um mercado de trabalho menos atravancado permitir
classe operria desenvolver uma ao reivindicatria j mui-
to comprometida. sem dvida pela moderao demogr-
fica que a sociedade japonsa se desembaraar do subde-
senvolvimento. E, nas condies atuais de evoluo dos pases
asiticos, no est excluda a hiptese de o Japo vir um dia
a desempenhar o papel de oficina de fabricaes especiali-
zadas de material de equipamento de preciso e de bens de
consumo para o mercado continental, que permanece tcnica
e estruturalmente em atraso, com relao ao equipamento
material e humano do Japo.
2. AS DEPENDNCIAS AMERICANAS
Um caso particular o das Filipinas, ocupadas pelos
Estados Unidos em 1898, logo aps a revolta dos filipinos
contra a dominao espanhola. Elas so objeto, h mais de
meio sculo, de uma economia de extrao baseada na uti-
lizao de recursos do subsolo (cromo, cobre, mangans,
urnio) e nas plantaes de cana-de-acar herdadas dos
espanhis, de tabaco e de abac (cnhamo de Manilha). Na
verdade, as Filipinas atraem muito mais a ateno e os ca-
pitais americanos hoje, quando so independentes, mas den-
tro do contexto da guerra fria do Pacfico, do que antes,
durante o perodo de administrao direta dos Estados Uni-
dos. O arquiplago permanece, entretanto, bastante pobre
- bem verdade que le tem quatro vzes mais habitantes
do que em 1910 -, subexplorado e de grande sensibilidade
agitao agrria.
A guerra da Coria terminou com a consagrao da di-
viso do pas em duas partes separadas pelo paralelo 38.
Os recursos minerais da Coria esto principalmente no
norte. A Coria do Sul continua a ser um pas rural bas-
tante atrasado, onde a superpopulao pesa sriamente no
nvel de vida. O produto nacional bruto, 1,5 bilho de dla-
res, significando uma renda per capita inferior a 300 francos
anuais, um dos mais baixos da Asia. Mas le no diz tudo
do cortejo de misrias, fruto da guerra, que vai desapare-
cendo somente dez anos depois ...
171
Taiw, com um produto nacional bruto de 1,3 bilho de
dlares para 11 milhes de habitantes, , aparertcmcnte,
mais favorecida, mas o comrcio aqui mais importante do
que a produo bruta. Taiw reabsorve rendas capitalizadas
e gasta subvenes superiores ao que ela produz, apesar de
um sensvel esfro de modernizao da agricultura.
O sul do Vietn est numa situao confusa. As bases
de sua economia no so das menos favorveis entre aquelas
encontradas nos pases asiticos e, sobretudo, no Sudeste
asitico. As plantaes de seringueiras, a produo de arroz,
a possibilidade de utilizao de novas terras, poderiam as-
segurar o crescimento da economia, apesar das destruies
da guerra e da deteriorao dos solos da plancie dos Juncos.
A insegurana permanente, o desintersse dos capitalistas
em investir neste sorvedouro da corrupo, mantm uma
situao de extrema indigncia e de incerteza do dia de
amanh, que faz com que se anseie pelo restabelecimento
da unidade do Vietn em bases, talvez, neutralistas.
Comprometidos pelos americanos com os povos indepen-
dentes da Asia, pouco confiantes na ajuda americana nas
horas decisivas, os pases do cordo sanitrio asitico esto,
hoje, entre os mais inquietos e os mais instveis da Asia e,
at mesmo, do Terceiro Mundo.
172
CAPTULO IV
A AFRICA
1. O CONTI NENTE MAIS DURAMENTE COLONIZADO
EM 1956 EXISTIAM na Africa, ao sul do Saara, dois Estados
africanos independentes: a Libria e a Etipia, com 11 370 e
1184 000 km2 e 1,3 e 20 milhes de habitantes respectiva-
mente. Todo o resto do continente estava dividido entre
Estados europeus ou dominado pela minoria de origem euro-
pia da Africa do Sul: 20 milhes de quilmetros quadrados
e aproximadamente 160 milhes de habitantes. Podiam ser
encont rados 14 territrios dominados pela Frana, 14 domi-
nados pela Gr-Bretanha, 1 dominado pelos belgas, quatro
pelos portuguses, um sob dominao espanhola, um sob
dominao italiana .. . , 35 divises mais ou menos arbitrrias
em relao geografia natural e distribuio dos povos.
O perodo colonial aparece, na histria moderna da Afri-
ca, como um perodo de calmaria, de relativa pacificao,
que se teria seguido s provaes sofridas com o trfico de
escravos e a anarquia. Os exploradores do sculo XIX des-
cobriram um continente devastado pelas razias dos negreiros
e cuja populao aterrorizada tinha abandonado as regies
costeiras, vivendo em zonas de abrigo inseguro, que no eram
capazes de lhe fornecer a alimentao suficiente. Os teste-
munhos de Livingstone e de Savorgnan de Brazza evocam
uma misria e um pnico dificilmente imaginveis: "Todos
os dias encontrvamos - escreve Livingstone aps uma in-
curso de comerciantes de escravos s margens do Chir -
cadveres flutuando no rio; pela manh era preciso tirar das
rodas do navio aqules que tinham ficado presos s ps du-
rante a noite.. . Em tda parte o cheiro e viso de cad-
veres. Muitos fugitivos haviam tombado pelas trilhas onde
173
ainda jaziam os esqueletos. Espectros terrveis mostravam
a sua pouca idade pelo tamanho, mas e rapazes arrasta-
vam-se, com os olhos sem brilho, sombra das cabanas de-
sertas ... "O J A fome, as epidemias completavam as destrui-
es apenas iniciadas pelos comerciantes de escravos. E isto
aconteceu h apenas cem anos . . .
Embora a Europa tenha refeito a ordem e detido o ter-
rvel sorvedouro de vidas humanas da poca do trfico e das
guerras tribais, rpidamente imps um nvo jugo ao con-
tinente africano. A economia colonial uma economia de
retiradas. Ela procura na Africa produtos agrcolas e tropi-
cais e produtos minerais. Mas ao europeu repugna arrostar
o meio natural da frica tropical e sobretudo empreender
a uma tarefa que requeira grande esfro. ltle precisa da
ajuda da mo-de-obra africana para construir estradas de
ferro, estradas de rodagem, pontes, para abrir e explorar
minas, para criar plantaes de rvores tropicais, para trans-
portar produtos alimentcios. Ora, a populao no est pre-
parada, por causa de suas estruturas econmicas e sociais,
para uma participao espontnea nos empreendimentos
europeus. Ela ignora, inicialmente, o uso da moeda, o re-
gime de assalariado, vive em autarcia agrcola de aldeia.
Para integr-la em suas operaes econmicas, o colonizador
recorreu a novas coaes denominadas impsto (o imps to
constitui o meio de coagir o chefe da famlia a fornecer sua
fra de trabalho pela qual le se prov do dinheiro neces-
srio) , transporte feito por homens, corvias de trabalho
nas estradas, nas vias frreas, recrutamento de mo-de-obra
para a lavoura e para as minas. H somente trinta anos,
Jacques Weulersse anotava em seu dirio de viagem, em
Joanesburgo, a seguinte cena:
Nesse instante um rudo de vozes baixas e de ps nus pisando
o cho vem perturbar a calma desta estranha "garehospital" para
gado humano: trata-se de um comboio de negros portuguses vin-
dos de Moambique; pois as minas de ouro, em seu apetite de co-
medoras de homens, no respeitam fronteiras. A estao les, mais
ou menos um milhar, vindos, Deus sabe de que Kraals distantes,
em seus farrapos de viagem; no so, naturalmente, os ricos, os
grandes, que chegam aqui para ganhar a pobre vida que lhes re-
cusa o torro natal. Muitos dles so bem jovens, apenas 16 a 17
anos, tanto quanto se pode conjeturar a idade de um negro; les
vm "s Minas" pela primeira vez, s vzes para ganhar o dote de
(I) Citado por Jacques ViEULERSSE, L'AjTi q_ue NoiTe, Paris,
1934, p. 34.
174
compra de sua noiva; esto sempre assustados, irrequietos, como
ovelhas em r ebanho. Outros, mais idosos, com um ar despreocupa-
do, fazem- se de importantes, brincam com os guardas e at mesmo
com o mdico que os examina e s vzes os reconhece:
"Devolva rneus cavalos, diz-me ste sorrindo; sses folgazes
tomaram gsto pel a vida nos cornpounds, do duro aqui para ir
em seguida fest ejar em sua t err a sob as vistas escanda1izadas dos
"Ancios" da tribo; depois, quando no t m mais t osto, r egr essam. "
Na maior parte das vzes o exame r pido, pois os "r ecruta-
dores locais da W. N. L. A. tm para com seus irmos negros um
diagnstico seguro que faria inveja a muitos mdicos brancos. As
vzes, entretanto, um hernioso, um cardaco, um tuberculoso que
lhes escaparam, abandonam o sombrio r ebanho dos eleitos. les
sero mandados de volta para suas terras. Pois existe uma outra
gare, que no me mostraram, e dela que so enviados, por vzes
::J em vages cheios, todos aqules atingidos pela mina: feridos, es-
h:l tropiados, doentes . .. "O>
I
As obras de atrro e de derrubada das florestas para a
construo de estradas de ferro mataram mais gente do que
a prpria mina. A construo da estrada de ferro "Congo-
-Oceano" parece ter custado milhares de vida humanas, vti-
mas das febres. O transporte de mercadorias feito por ho-
mens tornou-se tamanha obsesso para os africanos que, em
certas regies, se fugia dle como anteriormente se fugia do
trfico, escondendo-se nas florestas. Os prprios contrastes
das paisagens quotidianas desta Afr ica dos anos de 1930 a
1945 do testemunho dste mal-estar: as aldeias afastam-se
das estradas pelas quais chegam o coletor de impostos, o
recrutador, o administrador que t raz as ordens de corvia.
Estas estradas, entretanto, so sulcadas por comboios de mo-
-de-obra que vo dar nas grandes feiras de homens dos pases
das plantaes e das minas: Kolwezi, Joanesburgo, Elisabe-
thville. . . As fronteiras artificiais no detm essas migra-
.g es; freqente o trnsito entre a Costa do Marfim (fran-
6 cesa) para a Costa do Ouro (britnica) a fim de ir trabalhar
g1 nas plant aes de cacau. freqente a travessia do enorme
S Congo entre Brazzaville, a francesa, e Lopoldville, a belga.
H O cobre de Catanga (belga) levado para o mar atravs de
Mocambique ou Angola, ambos portuguses. Mas o africano
ten sempre um senhor branco ao qual le deve o impsto
em dinheiro, o impsto em trabalho e o impsto em sangue,
quando deve ir Europa fazer uma guerr3; cujos motivos
le ignora, contra um adversrio que le no conhece .. .
(l) .Jacques WEULERSSE, Noirs et Bl.ancs, Paris. A. Colin,
1D31, p. 181.
175
Para muitos africanos, a imagem do branco de avent urei-
ros vindos de todos os pases da Europa esquecer um passado
inconfessvel na embriaguez dos cabars africanos, aqules
mesmos com os quais esto diriamente em contato como
capatazes, comerciantes, recrutadores, gozadores e sempre
exploradores, cnicos e desiludidos, alcolicos ora paternos,
ora furiosos. A administrao, s vzes sensvel aos abusos,
mas em geral impotente para reprimi-los, as misses, as
dedicaes individuais nunca conseguiram apresentar da co-
lonizao africana uma face que seria surpreendente que os
africanos no tivessem detestado.
Uma reao tardia, encetada pela Conferncia de Braz-
zaville, por uma prudente retirada da colonizao britnica
comeada em Gana (antiga Costa do Ouro) , por uma reviso
da poltica social das companhias mineradoras no Congo, no
poderia t er outra esperana seno restaurar um clima de re-
lativa confiana to comprometido por todo um passado, abrir
o dilogo e perspectivas de cooperao entre os governos
europeus e as elites africanas, que iriam tomar em suas mos
os destinos de seus pases, com a formao que receberam
em escolas e universidades das metrpoles coloniais.
2. UMA ECOLOGIA INGRATA
A Africa, mal servida pela histria, nem por isso favo-
recida pela geografia. O homem encontra a condies na-
turais pouco proprcias a um desenvolvimento fcil e rpi-
damente progressivo. No Senegal, no Sudo (Mali) , e mais
ainda na Mauritnia, uma estao muito longa limita as
possibilidades da agricultura, reduz mesmo o campo de uma
economia pastoral extensiva: oito meses por ano de parali-
sao das atividades agrcolas . . . Mais ao sul , a floresta
dificilmente penetrvel por uma economia de explorao
contnua. As tcnicas de conservao dos solos contra os
processos de laterizao e de bowalizao ainda no so co-
nhecidas. A economia tradicional salvaguarda um r elativo
equilbrio dos solos agrcolas, desde que stes solos sejam
cultivados apenas um quarto ou um quinto do tempo e sejam
postos em repouso durante 10 a 15 anos, o que impe um
verdadeiro desflorestamento a cada vez que se recomea o
cultivo. Mas ste meio especialmente agressivo para a
vida do homem, e para a dos animais e das plantas que as-
seguram sua subsistncia com trabalho ou com alimento.
176
le anda cheio de infeces e de parasitismos que tornam a
vida, a ao e qualquer iniciativa frgeis e perigosas. Com
efeito, qualquer empreendimento nvo ameaa romper um
equilbrio instvel e abrir o caminho para novas agresses
do meio. O que em outros lugares til, ou pelo menos
neutro, aqui prej udicial ou ameaador: a gua, a flora e a
fauna provocam, antes de t udo, tdas as desgraas e todos
os perigos, a vegetao, a fauna fluvial ou do charco e as
nuvens de insetos portadores de germes, sendo os mais tem-
veis os anfeles portadores da malria e as mscas ts-ts
que transmitem a tripanossomase, a doena do sono. At a
poeira conduz os t emveis meningococos. . . As endemias,
as parasitoses intestinais minam sorrateiramente os organis-
mos aparentemente sos, r eduzem a capacidade de trabalho,
esterili zam famlias, aniquilam crianas. Menos que na ndia,
mas muito mais do que na Amrica tropical e equatorial,
a vida aqui parece estar sempre em sursis. Aparentemente,
a doena est nos homens. Na realidade, ela est em trno
dles e somente porque ela se afirma quando os abate
que parece estar enraizada. Em verdade, ela um dos dados,
se no o dado essencial do meio.
Ao clima, densa vegetao que esmaga t da a frica
tropical mida, ao pulular de miasmas e parasitas, juntam-se
as distncias, a dificuldade das comunicaes, tornando ste
continente macio uma terra isolada onde fazem falta os
entroncamentos que, em tda parte, desempenharam o papel
de centros de r eagrupamento ou de irradiao dos povos.
O esfacelamento da vida africana , em grande parte con-
seqncia disso. '
3. ARCASMO DAS ESTRUTURAS
O povoamento da frica, perturbado por trs sculos de
trfico de escravos, muito descontnuo no final do sculo
XIX. Ainda hoje, a densidade de populao varia de 100
em Ruanda-Urundi- o que excepcional na frica- de
40 na Nigria a 2 ou 3 na Repblica Centro-Africana' no
Gabo, no Tchad, no Congo, no Mali. Ela no a
casa dos 10 seno no Senegal (15), no Alto Volta (16) na
Guin (12), na Li bria (12), na Serra Leoa (24) em Gana
no Toga (26), no Daom (16), em (29), na
Afnca do Sul (13), alm da Nigria e da Ruanda-Urundi
j citados. '
177
As densidades mdias exprimem uma enorme disperso
dos ncleos de povoamento, separados por grandes vazios.
ste povoamento disperso constitui um povoameiJto organi-
zado em pequenssimas clulas sociais. Em tda a Africa
Central, a unidade orgnica a tribo, fracionada em gran-
des famlias que constituem o meio social, por excelncia,
do indivduo. Na Africa Ocidental, em parte sob influncia
do Isl, que atingiu a zona da savana, delinearam-se reinos
de estrutura feudal: Dahom, reino de Gana, reino de Son-
gai de Gao, reinos achantis e mossis, reinos peuls e ualofs
etc. As unidades mais durveis foram o reino de Gana, o
de Songai, o de Mali, os reinos Mossis, mas elas dizem res-
peito apenas a pequenas fraes do continente e constituem
excees num conjunto poltico e at mesmo demogrfica-
mente vazio. O trfico de escravos, as guerras coloniais lan-
aram por terra ste incio de organizao territorial.
Assim, no sobra nada- alm das criaes administra-
tivas coloniais - seno a estrutura familiar. A estrutura
familiar, que constitui o trao comum a tdas as sociedades
africanas, sejam elas de filiao patriarcal ou matriarcal,
corresponde a uma vida em pequenas comunidades quase
fechadas, ora sem hierarquizao social (democracia elemen-
tar da grande famlia, dirigida pelo conselho de famlia, onde
as divises essenciais so as classes de idade), ora de estru-
tura aristocrtica, com uma nobreza de proprietrios, de
camponeses e de castas de artesos. Mas cada um tem cons-
cincia de pertencer a uma tribo ou a um povo que agrupa
um nmero maior ou menor de famlias e constitui um grupo
homogneo e concreto que, eventualmente, se projeta nas
regies ou, sobretudo, nas cidades, nas quais seus membros
reformam uma unidade social aps ter deixado o territrio
primitivo da tribo ou do povo. Estas unidades servem de
base formao de milcias ou, mais simplesmente, de clien-
telas a servio de um de seus membros. Mas, trata-se, sem-
pre, de coletividades muito pouco numerosas, que no se
fundem umas com as outras. Os povos do Sudo falam 400
dialetos diferentes, os Bantos 275!... Nada melhor do que
ste fato para evocar o fracionamento da humanidade afri-
cana. O terrvel caos introduzido pelo comrcio de escravos
aniquilou os primeiros ensaios de formao de unidades po-
lticas estveis e recolocou a Africa no fracionamento f ~
miliar.
As conquistas coloniais superpuseram-se a um retalha-
178
-----------------
mento impreciso dos territrios de reinos instveis na Africa
Ocidental ou de povos da Africa Central. Elas introduziram,
fixaram um retalhamento convencional resultante de ocupa-
es militares, ratificadas por acrdos internacionais entre
Estados europeus. E, finalmente, ser ste retalhamento que
servir de quadro para as independncias.
O ATRASO NA EXPLOSO DEMOGRF'ICA
A Africa est includa, hoje, no grande movimento de expanso
demogrfica que caracteriza a poca atual. Mas ela entrou nle
relativamente tarde. At o final da Segunda Guerra Mundial, a
vida das pequenas coletividades africanas permaneceu dominada
pelo mdo, mdo ancestral herdado dos sculos de escravizao,
mdo das opresses da colonizao. Ela refugiou-se num isolamen-
to pouco permevel s intervenes da medicina e da educao.
A grande mortalidade, sob as diversas formas de mortalidade in-
fantil, de adolescentes e de adultos, por causa da ausncia de hi-
giene e das mais elementares precaues contra as infeces e os
parasitos, foi admitida, at bem recentemente, como uma fatalidade
natural, pelas populaes vitimadas. Os ritos e as prticas mgicas
contribuem para o aumento dos riscos de morte causada por in-
feces provocadas por circuncises, excises, escarificaes, tatua-
gens etc. As taxas de mortalidade permaneceram elevadas nos
campos: 41% na Guin, 47% no Mali. Nestes paises a mortalidade
infantil permanece elevada: mais de 300%. Mas esta mortalidade
est em vias de reduzir-se naqueles lugares onde pode penetrar a
ao mdico-social. No Senegal ela apenas de 25%, em Gana de
23% para o perodo 1946-1950; ela reduziu-se a 21% em 1958. Em
Madagscar a taxa de mortalidade geral era 19% em 1946-1950 e
de 14 apenas em 1958. No Congo-Lopoldville ela seria de 20%0l.
A disperso dos valres numricos mostra que a situao est em
plena evoluo. Em 1940-1950, a taxa de mortalidade estava com-
preendida, em geral, entre 40 e 50%. Hoje, embora subsistam pon-
tos de resistncia reduo da mortalidade, principalmente nos
pases onde a densidade de populao baixa, o povoamento dis-
perso e isolado, numerosas regies puderam reduzir metade, ou
at mais, suas taxas de mortalidade (20 ou menos de 20%).
Ora, as sondagens tm revelado uma fecundidade muito mais
elevada do que se imaginava, na medida em que, subestimando
uma mortalidade que, na realidade, era muito elevada, se expli-
cava a estagnao numrica da populao africana pela hiptese
de uma fecundidade anormalmente baixa. As taxas de natalidade,
calculadas segundo essas sondagens, so de 62 ou 63 para os campos
guineenses, de 52 para os do Mali e do Senegal, de 58 na Costa do
Marfim ...
(I) Anurio Demog1fico e Estudos Demogrficos (las Naes
Unidas.
179
COMPOSIO DA POPULAO POR IDADES
EM ALGUNS PASES DA FRICA 1
Pas
Cal!le_rum ... . . .... . . .. . .
Gwne .. .... ..... .. .. . . .
Costa do Marfim ... . ... .
Mali ... .. . . . ..... . .... .
Senegal .. . ............ .
Repblica Centro-Africana
Congo (Brazzaville) .... .
Tchad .. ... . ..... .. . ... .
Gana ... . ......... . .. . .
Gmbia . ... ... . ....... .
Nigria . ....... ....... .
Angola .... ..... . ..... .
Basutolndia ....... . .. .
Bechuanalndia ....... .
Congo (Lopoldville) ... .
Ilha Maurcia .......... .
Moambique .. . .. .. . .. .
o
'"(jO
[f>
o>:1
S::<lJ
<G c..>
1958
1955
1958
1958
1958
1958
1959
1959
1948
1959
1952-1953
1950
1946
1946
1953
1956
1959
28,6
42,1
44,9
36,4
40,1
34,7
41 ,6
42,5
33,7
31,2
40,2
39,1
37.6
36:5
35,2
44,1
40,4
68,2
52,9
51,1
55,7
53,4
62,9
56.4
53:9
61,4
59,9
53,9
56
53,5
55,7
58,4
51
54,5
2,5
4,9
4
7,S
6,5
2,4
2
3,6
4,9
8,9
4,9
4,7
8,9
7,b
6,4
5
5
Nessas co:r;dies, as taxas de crescimento natural atingiro,
doravant_e, valore.s da ordem de 2 a 3% por ano nos pases em que
a mortalidade baixou no decorrer do ltimo decnio.
A conseqncia demogrfica foi um vigoroso rejuvenescimento
da populao africana. A tendncia inversa ainda muito recente
para que a onda demogrfica possa ter atingido a idade adulta.
Os pases pela reduo da mortalidade tm, hoje, per-
centagens supenores a 50% nas idades inferiores a vinte anos en-
qu_al!-to aqules que ainda no realizaram sua revoluo
un;a maior proporo de adultos. Dado que a longe-
amda e a proporo de velhos encontra- se
reduzida a taxas mmto baixas.
Os adultos de 22 a 59 anos representam, geralmente, menos da
metade da populaao. Os de idade inferior a 20 anos so mais
do que aqules na Costa do Marfim, na Guin, na Ni-
ger!a, no Congo, no Senegal e em Moambique. :l!:les sero ainda
mais numerosos nos prximos anos. A Africa, por sua vez entrou
para o grupo dos pases muito jovens, onde os problemas 'da for-
mao, do emprgo e de habitao para as classes jovens ocupam
(I) O. N. U., Boletim Econmico para a A frica, Adis-Abeda,
II, n .
0
2, junho de 1962, p. 73.
180
o primeiro lugar. Esta nova situao demogrfica parece parti-
cularmente incompatvel com a gerontocracia tradicional da velha
sociedade patriarcal.
5. ASPECTOS E CARACTERSTICAS
DO SUBDESENVOLVI MENTO AFRICANO
Tendo como objetivo principal a produo de gneros
alimentcios e matrias-primas destinados exportao, a
economia colonial mobilizou - e s vzes explorou ao m-
ximo - alguns setores que lhe pareceram particularmente
propcios aos produtos agrcolas comerciais, devido s apti-
des do meio natural e devido proximidade dos portos de
embarque. A economia colonial organizou a produo de
minrios com vistas exportao de minrios brutos e de
concentrados e estabeleceu as infra-estruturas de transporte
em funo das necessidades desta produo e desta exporta-
o, limitando-se ao mnimo de equipamentos, por causa das
dificuldades encontradas para estabelec-los num pas onde
a mo-de-obra era escassa e frgil, o meio natural particular-
mente agressivo. Resultou da, em todo o continente, uma
dualidade fundamental entre os pontos de impacto da eco-
nomia colonial: grandes portos como Dacar, zonas de plan-
taes como a Costa do Ouro (atualmente Gana), zonas
miPeiras como Witswatersrand e Catanga e o resto do con-
tinente entregue e si, diluindo-se em uma infinidade de
pequenas comunidades familiares que a administrao s
controla de muito longe, contentando-se com arrecadar os
impostos e, de tempos em tempos, fazer recrutamentos de
homens, sem intervir nem na organizao social nem na
economia, a qual permaneceu uma autarcia agrcola alde.
As descries da sociedade e do meio geogrfico africa-
nos freqentemente desconcertaram por sua disparidade.
Mas esta disparidade procede da prpria realidade da Africa.
No existe uma agricultura africana, nem uma agricultura
da savana nem uma agricultura da floresta. Existe, em ver-
dade, quase tantas maneiras de abordar o problema da sub-
sistncia pela utilizao do solo quantos so os povos da
Africa. O fator comum a exigidade da margem de segu-
rana entre a quantidade de produo obtida e a soma de
necessidades da coletividade local. E a situao torna-se cada
vez mais aflitiva por causa da generalizao progressiva do
crescimento natural da produo.
Excetuando-se as zonas exploradas com a produo de
181
li
!
alimentcios por companhias euro-
P.eias ou sob seu controle, a agricultura africana caracte-
nzada por sua descontinuidade e por uma baixa produtivi-
dade. Os rendimentos so desiguais, mas geralmente baixos.
A descontinuidade conseqncia imediata da descontinui-
dade povoamento. E!a decorn:! tambm da prtica das
rotaoes de longa duraao. Os espaos cultivados formam
pequenas manchas no meio da savana e da floresta secun-
drias. So muito reduzidas as relaes entre comunidades
separadas por g_ral}-des distncias de vegetao, apenas atra-
vessadas por pess1mas trilhas. Cada coletividade no tem
outra P!eocupao sen? assegu;ar sua prpria continuidade,
o que lhe e necessario e completando esta
duao com a ajuda diversas formas de coleta, de psca
e de caa. As cond1oes de conservao das colheitas so
pssimas. Assim, parte das colheitas estraga-se ou se perde
antes ?o E ,o clssico para tdas as
comumdades e o do penodo de hm de safra que se confunde
com um perodo de carncia de alimentos. As trocas so
prticamente impossveis enquanto as coletividades no fo-
rem servidas uma rde de comunicaes regionais. No
oportumdade de vender eventuais excedentes de pro-
duao,. nem de comprar em contrapartida outros produtos
ou obJetos de uso, as populaes africanas no se sentem
a aumentar seu esfro alm do que lhes parece
tradiciOnalmente necessrio em funo das prprias neces-
Esta situao designada por alguns autores pelo
neologismo encravamento. Alis, qualquer esfro de aumen-
to da produo c?mporta perigos que algumas populaes
perceberam perfeitamente. Uma superexploraco dos solos
com os mtodos tcnicos das coletividades rurais africanas
e tambm, sob certas formas, com uma introduco incon-
siderada de processos agrcolas inadequados pani' a frica,
ameaa transfonx1ar regies inteiras em verdadeiros deser-
tos. A agricultura africana est procura dos mtodos de
sua revoluo agrcola e, dentro das condies de explorao
descontnua, ela no tem nenhuma possibilidade de 8.ch-los.
Esta agricultura caracterizada pela separao da agricul-
tura e da criao de gado, portanto pela no-utilizao do
mesmo naquelas regies onde a criao de gado
poss1vel. Ignora-se tudo a respeito dos processos de seleo
de sementes e de gado. Os rendimentos so magros por
uma soma de trabalho s vzes considervel. Os instrumen-
----------------
tos de trabalho so engenhosos, mas de uma eficcia irrisria.
Na zona saeliana e sudanesa, o milho rende de 5 a 6 quintais
por hectare. O babau do Congo d 500 kg de leo por hec-
tare. Os plantadores de arroz da Costa do Marfim obtm
apenas 5 e 7 quintais de paddy por hectare. . . O pso mdio
cfe um animal de chifres est compreendido entre 100 e 150
kg, tanto na zona sudanesa quanto na montanha da frica
Oriental. Um carneiro do Sudo pesa 12 a 15 kg. O pso
mdio dos porcos criados em Gana, em Angola, na Rodsia
ou em Madagscar no ultrapassa 50 kg ...
At o momento atual, no existem indstrias africanas.
Os investimentos industriais foram aplicados exclusivamente
em operaes de produo para exportao. O equipamento
eltrico, a construo de estradas de ferro so, em realidade,
projees no continente africano de operaes teleguiadas
pelas matrizes de grandes companhias europias. As coisas
se passam, aparentemente, de forma diferente na Africa do
Sul, mas as indstrias esto em mos da minoria de origem
europia que afasta, sistemticamente, todos os africanos,
salvo para garantir-se a mo-de-obra necessria para fazer
estas indstrias produzirem.
As cidades, que crescem em ritmo rpido devido ex
puls.o de uma parte da populao rural de povoaes que
no podem mais prover a manuteno integral de sua popu-
lao, esto subequipadas para a produo. Elas so, essen-
cialmente, centros comerciais onde se efetuam todos os
gcios, at mesmo os mais humildes e mais srdidos. A
aprendizagem do esprito e das tcnicas da emprsa e do
investimento nacional longa e difcil. Na maior parte dos
casos faltam quadros. preciso encontrar mtodos de
pamento e de organizao que permitam a produo com
um nmero diminuto de quadros qualificados e de auxiliares
estrangeiros. Alguns pases africanos parecem, de imediato,
poder obter melhores resultados do que outros, mas o dia
de amanh sempre incerto.
6. AS VIAS DO DESENVOLVIMENTO AFRICANO
Os Estados africanos no so igualmente favorecidos para
poderem criar, em boas condies, uma indstria nacional
e, sobretudo, uma indstria de base. Mas em tda parte a
agricultura pode ser transformada e tornar-se fonte de cria-
o de capital nacional. O govrno de Gana deu o exemplo
183
fundando uma caixa de compensao, alimentada pelos exce-
dentes da renda proveniente da venda do cacau nos melhores
anos, sustentando os preos de produo nos menos favor-
veis e constituindo uma reserva de capitais para os investi-
mentos em equipamentos. Para atingir tais resultados, mis-
ter se faz assegurar a realizao de duas condies essenciais:
a) o "desencravamento" que permita introduzir, em todos
os pases considerados, um setor de produo comercial
ao lado do setor de produo de autoconsumo e que ste
setor comercial seja dedicado ao fornecimento de exce-
dentes de produtos alimentcios clssicos, de que as cida-
des em rpido crescimento tm crescente necessidade, ou
que le seja inserido numa economia de mercado inter-
nacional, como o mercado do cacau, do leo de palmeira,
do amendoim e de bananas;
b) o aumento dos rendimentos de forma a assegurar para
a mesma quantidade de trabalho, ou um pouco mais, a
possibilidade de produzir a alimentao necessria para
a coletividade local e os excedentes destinados ao mer-
cado.
A primeira condio est subordinada tanto a obras p-
blicas quanto evoluo da mentalidade. Em verdade, a
experincia mostra que ambos vo de braos dados e que
o advento da estrada e do caminho desperta novas tentaes
e tendncias.
A segunda condio supe uma ao esclarecida e pru-
dente que afaste todo perigo de dilapidao do capital em
terras atravs de uma superexplorao destruidora de solos
agrcolas. A orientao que comea a predominar est numa
combinao de culturas mais intensivas dos produtos tradi-
cionais e a introduo de culturas conservadoras ou regene-
radoras de solos que substituam as rotaes de longa durao
por uma economia complementar que apresente as mesmas
vantagens agronmicas. As experincias mostram que os
rendimentos miserveis da agricultura tradicional podem,
quase em tda parte, ser multiplicados pelo menos por qua-
tro e, at mesmo, por dez. No Congo-Lopoldville, na Costa
do Marfim, foram aclimadas variedades de babaus que da-
vam 3 a 4 toneladas de leo por hectare, enquanto as culturas
tradicionais produzem de 300 a 500 kg. Na Nigria e na Costa
do Marfim, os pequenos plantadores de seringueiras colhem
184
200 a 250 kg de ltex por hectare: a companhia Firestone
obtm 1 500 kg por hectare na Libria. As novas plantaes
de bananas do Camerum e . da Guin, utilizando as espcies
Gros-Michel e Poyo, do 40 a 50 toneladas por hectare contra
10 a 12 para as plantaes no melhoradas. Para os cereais,
os aumentos possveis so de 5 quintais por hectare para
20 ou mesmo 50, para o arroz, 30 e 50, para o milho. No
existe, prticamente, nenhuma cultura que no possa ser
melhoiada em propores bem elevadas, na medida em que
as variedades so selecionadas, que so empregados fertili-
zantes e que so praticados tratamentos contra os parasitos
e as doenas criptogmicas. Inmeras pesquisas apiam-se
no desenvolvimento de culturas de leguminosas tropicais,
suscetveis de formar a base de culturas forraginosas, que
garantam um complemento para a colheita e permitam me-
lhorar as qualidades do gado. Para os mesmos fins tem-se
em vista recorrer s plantaes de cactos inofensivos.
Na verdade, mais difcil aumentar rpidamente o ren-
dimento do rebanho: os bois sudaneses fornecem seis a sete
vzes menos carne e gordura do que os europeus. A produ-
o de leite ainda mais baixa em trmos relativos. Mas,
para recuperar esta diferena, seria necessrio uma melhoria
radical das pastagens, uma luta constante contra as epizo-
otias, contra as privaes estacionais atravs de reservas de
forr agem, alm das essenciais operaes de seleo. J exis-
te um nmero suficiente de estaes experimentais e fa-
zendas modernas para que se possa esperar uma melhoria
num futuro muito prximo.
A revoluo agrcola pode ser realizada na frica com
o mnimo de investimentos. Ela penetra muito desigual-
mente conforme a regio. Mas no seria possvel prejulgar
o papel do exemplo como fator de acelerao, uma vez que
os camponeses podem temer que todo esfro destinado a
aumentar a produo sej a fonte de impsto suplementar. A
resistncia das velhas geraes no poderia agentar muito
tempo diante da presso das classes jovens e numerosas,
desde que estas sejam persuadidas pela escola e pela infor-
mao da possibilidade de viver melhor em trco de um
esfro um pouco maior, mas s custas de maior vigilncia
no trabalho.
A distribuio da populao ativa entre os diversos se-
tores das atividades profissionais e a comparao do volume
da produo primria e das exportaes, com relao ao
185
' I
IMPORTNCIA DA PRODUO PRIMRIA E DAS EXPORTAES
EM RELAO AO PRODUTO INTERNO BRUTO
EM ALGUNS PASES AFRICANOS
Pas
oro o
o <J
Hlj Ci3
lct:S . ,.... ro .
<:>:< ::>
ro ;:::
;:sro c
..... ttl ;:>
ec
O.P-1 . .....
11; o. ClJ
(.)., (I)
Guin .. .. ... . .. .. .. . 50
Sudo . ... ... . . ... .. . 58
Costa do Marfim .. . . 65
Congo (Lopoldvill e) 47
Gana .. . .. . ... . .. .. . 66
Camerum ..... . ... . . 52
Nigria ... . .. . .. . .. . 64
Ug1}n?-a ..... . ... . .. .
Quema . ... . ..... . .. .
68
43
87
87
91
85
70
91
78
80
9
12
30
15
18
18
12
29
13
COMPOSIO DO PRODUTO I NTERNO BRUTO
4
7
4
8
5
4
2
4
9
POR TIPO DE ATIVIDADE EM ALGUNS PASES AFRI CANOS
Pas
9,7 I
Guin . . . . . 1956 48 10
8
I
Sudo .. _ . . 1958- 59 58
Camerum . . 1956 49 3 13 i
Nigria . . . . 1958 63 1 7,3 I
Gana . . . . . . 1958 60 4 I
Congo (Lo- 14 I
__ J
3!l
produto interno bruto, mostram o atraso das economi:1:; 110 1
campo do desenvolvimento industrial.
Os pases africanos so subequipados do ponto de vi::l.1
energtico e da organizao dos transportes.
186
CONSUMO DE ELETRlCIDADE
E EQUIPAMENTO EM MEIOS DE TRANSPORTES
DE ALGUNS PASES AFRICANOS
Pas
Guin . ... . .
Sudo . . ... .
Camerum .. .
Nigria .. . .
( :ana ...... .
Congo (Lo-
poldville)
<:os ta do Mar-
fim . ..... .
7
6
17
14
15
158
15
2,8
2
1,2
3,3
5,1
2,5
4,1
31
9
24
30
13
52
1,8
1,2
3,3
0.7
2,2
1,6
4,2
Diante de carncias to graves e por causa da escassez
dt quadros - 20 a 25% _de adultos alfabetizados, menos de
:t':, de jovens de 14 a 19 anos nos estabelecimentos de en-
::illo secundrio (salvo em Gana onde a proporo eleva-se a
--,a planificao dirigida por uma equipe de tcnicos
11:1 ser o nico meio eficaz de promover um desenvol-
vlltHJlto geral que desemboque na abertura de novos se-
de produo por intermdio da formao de um capital
1 1: w ional.
Iniciada no fim do perodo colonial, a planificao tor-
111111 --se a forma quase universal de organizao do desen-
,. ,.l vimento nos diversos Estados africanos. Parte dsses
1 d:iJJos elaborada por sociedades de assistncia tcnica
' ""Jll ou sem a cooperao de Estados europeus: a Compag-
ltl' d'tudes Industrielles et d'Amnagement du Territoire
(( '_ 1. N. A.) no Senegal, a Socit d'conomie et de Ma-
iluJnatiques Appliqus (S. E. M. A.) em Madagscar, a
: :,wit'L d'tudes pour le Dveloppement conomique et
: :,.n;d (S. E. D. E. S.) para o Camerum, o Institut de
I 'vtloppement conomique et Technique (I. D. E. T.) para
11 I l;unn etc. Em 1962 havia mais de quinze planos de
olo:jo'IIVOlvimento em vias de execuo e outros dez em vias
187
D
Estados. i . ndependeti.tes antes
de: 2.a guerra mundial
Estados ir-dependentes depois
da 2.a guerra mundial
a) Territrios sob tulela
Territrios que goz.om d
a b autonomia in terno-
Fra. 11. - Mapa pol.tico da Africa
de elaborao. Os Estados mais deliberadamente
dores criaram instituies completamente novas na Afnca,
tais como a Comisso de Planificao do Estado de Gana,
o Comissariado do Plano do Senegal, o Comissariado Geral
do Plano de Madagscar, o Ministrio de Desenvolvi!Dento
Econmico e seu escritrio de planificao da Nigna etc.
stes planos no implicam em ne_:n
econmicas. Apelam amplamente ao capltal pnvad? e nao
excluem a cooperao do capital privado estrangeiro. No
Congo-Lopoldville, f_!.nanciar _o plano_ de desen-
volvimento com uma partlc1paao de 44% do capital estran-
geiro, na Nigria com 40%, em Gana com 24%.
188
A maior parte dos planos dedica parte dos investimen-
tos e dos esforos industrializao. Esta parece ser neces-
sria para absorver os excedentes de mo-de-obra rural e,
em primeiro lugar aqules que j perderam suas razes e
se acumulam nas favelas suburbanas, para valorizar parte
dos produtos destinados exportao, atualmente exporta-
dos brutos, para melhorar a balana comercial libertando
os Estados africanos de determinadas importaes de pro-
dutos manufaturados e assegurando-lhes os recursos para
as trocas. A Africa no carece de recursos de base. Embora
ela seja relativamente pobre de carvo e embora no pos-
sua os recursos tcnicos e financeiros para aproveitar o
urnio, mesmo assim ela est longe de ter sido completa-
mente prospectada do ponto de vista do petrleo. Ela possui,
na zona tropical mida, importante potencial de energia
hidreltrica. O continente rico em recursos minerais de
tdas as espcies: minrio de ferro na Mauritnia, na Li-
bria, em Serra Leoa, na Guin, bauxita no Camerum, na
Guin, no Congo, em Gana, minrio de chumbo e de zinco
no Congo, na Rodsia, minrio de cobre igualmente na
Rodsia e no Congo, alm de ouro e metais raros, urnio
e diamante da Unio Sul-Africana. Mas a distribuio geo-
grfica das jazidas de tal forma que, atualmente, im-
possvel pretender criar uma indstria a no ser em
alguns pases privilegiados por esta distribuio e em co-
bertura internacional.
Cada Estado pode empreender utilmente a criao de
uma indstria de equipamentos e de transformao de nvel
mdio: fbricas de cimento, indstrias agrcolas e alimen-
tcias. Mas, tambm neste caso, parece ser necessrio uma
coordenao. A Africa tem muito poucas infra-estruturas
de produo, muito poucos quadros, muito poucos pioneiros
capazes de estabelecer as mesmas estruturas administrativas
e econmicas em vrios pontos e sobretudo naqueles Estados
que no possuem nem mesmo um milho de habitantes.
7. FRAC!Ol AMENTO POLTICO E TENTATIVAS FEDERALISTAS
Em menos de cinco anos, a libertao das antigas co-
lnias francesas e inglsas, o abandono da soberania belga
sbre o Congo, fizeram com que 29 Estados novos tivessem
acesso independncia. A Africa tem atualmente, ao sul
do Saara, incluindo a Etipia e a Libria, anteriormente
189
...
independentes, 29 Estados independentes e uma dzia de
territrios ainda submetidos ao estatuto colonial. O r etalha-
mento poltico da Africa atual procede diret&mente das
divises administrativas do perodo colonial e da partilha
dos territrios africanos entre os imprios. As dimenses e
o nmero de habitantes variam em propores considerveis
e, se alguns Estados garantiram condies essenciais sua
viabilidade, outros parecem ser criaes abstratas. Desgra-
adamente, entre as heranas do perodo colonial , os par-
ticularismos regionais, que se transformaram em naciona-
lismo, so uma das dificuldades mais srias encontradas
pelo desenvolvimento da Africa.
ESTRUTURA POLTICA DA FRICA ATUAL
I. - Estados independentes:
Mauritnia
Senegal
Mali ......... . . . ...... . . .
Alto Volta
Nger . . . . . . . .. . .. . . . . . ....... .
Guin ...... . ..... . .. ... . . . . . .
Serra Leoa
Libria
Costa do Marfim
Gana
Togo ..... . .. .. . . . . . . .
Daom .. .. . ... .
Nigria ....... . . .. . .. .. . .
Camerum ... ... .. . .. .... .
Repblica Centro-Africana
Tchad ..
Gabo . .. ..... . . . ... .... .
Repblica do Congo-Brazzaville .
Repblica do Congo-Lopoldville
Sudo
Etipia
Somlia . .... .. . .
Zanzibar
Qunia
Uganda ..
Ruanda
Burundi
Tanganica ..
Malavi e Zmbia .. ... ... . .. . . . . . . .
Madagscar ...... . .
Unio Sul-Africana ...... .
190
(I) Em milhes de habitantes
(2) Em quilmetros quadrados
Populao I
0,6
3
4
4,4
2,5
2,6
2,5
1,3
3,3
7
1,5
2
36
4,4
1,2
2,7
0,5
0,8
14,5
12
21
2
0,3
7,3
7
2,5
2,1
9,6
8,5
5,6
16
Super fcie 2
1 085 000
97 000
1 200 000
274 000
1 267 000
245 000
72 000
111 000
322 000
337 872
56 600
115 000
923 000
475 422
617 000
284 000
267 000
342 000
2 345 000
2 500 000
1 184 000
637 000
2 600
282 000
239 600
28 000
27 834
937 000
1 254 000
595 000
1 223 000
II. - T e1T-itrios sob tuteLa l:
Gmbia ........ . ........ . . .. .. .
Guin Portugusa ......... . . . . . .
Rio Muni ... .. ................. .
Costa Francesa elas Somlias .... .
Angola ... .... .. . . ...... ... . . .. .
Moambique ...... .. . ... ... . ... .
Sudoeste Africano ....... . .. .... .
Bechuanalndia .... . ..... . . .. .. .
Suazilndia .... . . . ... ..... . .... .
Basutolndia ...... . . . .. ........ .
Populao
0,2
0,5
0,2
0,06
5
6,6
0,5
0,3
0,3
0,7
Superfcie
10 300
36 000
26 000
22 000
1 246 000
783 050
824 000
574 000
17 363
30 300
Os chefes de Estado africanos muito cedo tomaram
conscincia da impotncia de uma Africa fracionada ao
extremo. Mas as diversas tentativas de federalismo encon-
traram mltiplos obstculos e fizeram surgir desconfianas
e invejas. Os governos dos menores Estados, portanto dos
menos viveis, so freqentemente os menos favorveis a
uma poltica que lhes faz temer um enfraquecimento de
sua autoridade. Os vnculos podem ser estabelecidos mais
fcilmente entre aqules Estados que estavam sob domnio
de um mesmo imprio colonial, porque a lngua usual e as
instituies so idnticas, mas a histria da colonizao con-
fundiu territrios de domnios diferentes. E as contradies
parecem ser insuperveis: a primeira tentativa de associa-
o no foi a da Guin e de Gana, que terminou com dispa-
ridades e concorrncias econmicas, com Gana pertencendo
zona de influncia da libra e Guin do franco? A
segunda, mesmo confinada zona de lngua francesa, no
teve melhor sorte: a Federao do Mali deveria compreen-
der inicialmente o Senegal, o Mali, o Daom e o Alto Volta.
Apenas o Senegal e o Mali entraram para ela e por dois anos
somente (1958-1960). Por outro lado, a Africa no fica indi-
ferente s proposies que ultrapassam os quadros da antiga
"Africa Negra". Diversas tentativas de agrupamento foram
esboadas a partir de 1960: o grupo de Casablanca, criado
nas conferncias de Casablanca e do Cairo em 1961: Guin,
Mali, Gana com Iv1arrocos, Arglia e a Repblica Arabe
Unida; o grupo de Brazzaville formado em 1960 em Abidj
e Brazzaville: Camerum, Repblica Centro-Africana, Con-
go-Brazzaville, Costa do Marfim, Daom, Gabo Alto Volta,
Madagscar, Mauritnia, Niger, Senegal, Tcha'd e organi-
(1) A antiga Rodsia do Sul tornou-se territrio autnomo
com o nome de Rodsia.
191
'
zado em Dacar em 1961 na Organizao Africana e lVIal-
gache de Cooperao Econmica (0. A. M. C. E.); o grupo
de Monrvia (conferncia de 8 a 12 de maio de 1961): 20
Estados dos quais vrios fazem parte dos grupos preceden-
tes. Estes diversos grupos reuniram-se numa conferncia
pan-africana em Adis-Abeba, em maio de 1963, para elabo-
rar uma Carta da 0Tganizao da Unidade AfTicana, cujos
objetivos esto definidos no artigo 2:
a) reforar a unidade e a solidariedade dos Estados africanos;
b) coordenar e intensificar a cooperao e os esforos conjuntos
para oferecer melhores condies de existncia aos povos afri-
canos
c) defender a soberania, a integridade territorial e independn-
cia dos Estados africanos;
d) eliminar, sob tdas as suas formas, o colonialismo da frica;
e) favorecer a cooperao internacional, levando devidamente em
considerao a Carta das Naes Unidas e a Declarao Uni-
versal dos Direitos do Homem.
Para tanto, os Estados membros coordenaro e harmonizaro
sua poltica geral, em especial nos seguintes setores:
a) poltica e diplomacia;
b) economia, transportes e comunicaes;
c) educao e cultura;
d) sade, higiene e nutrio;
e) cincia e tcnica;
f) defesa e
Assinaram a carta os representantes dos seguintes pases: Ar-
glia, Burundi, Camerum, Congo (Brazzaville), Congo (Lopold-
ville), Costa do Marfim, Daom, Etipia, Gabo, Gana, Guin,
Alto Volta, Libria, Lbia, Madagscar, Mali, Marrocos, Mauritnia,
Nger, Nigria, Repblica rabe Unida, Repblica Centro-Africana,
Ruanda, Senegal, Serra Leoa, Somlia, Sudo, Tanganica, Tchad,
Togo, Tunsia, U ganda.
difcil medir, a partir de agora, o alcance dsses atos
de unio que tm, pelo menos, o intersse de mostrar que
esta unio considerada necessria pelos Estados africanos.
Estes mesmos Estados no ignoram que les no pode-
ro resolver seus problemas e, sobretudo, garantir o cresci-
mento econmico numa conjuntura demogrfica em rpida
ascenso sem uma ajuda que no podem encontrar na frica.
Por outro lado, les so sensveis a diversas teorias de de-
senvolvimento, cuja aplicao est ligada ao fato de recorrer
preferencialmente a determinada ajuda. As escolhas dife-
192
de uns e de yutros romper a frgil unidade
Ora, tres soluoes apresentam-se aos Estados
a ncanos:
- ?olicitar_ e receber ajuda de suas antigas metrpoles
as quais mantiveram intersses em seus terr't, '
for d 1 onos em
ma e, mveshmentos agrcolas ou mineiros A ' .
dade de 1 - - comum-
- mgua e os sistemas de comunicao facilitam esta
operaao. Os administrativos e polticos _ even-
tualmente tambem quadros tcnicos f
1 - - armam-se nas es-
co, as super_wres e nas universidades francesas, belgas in-
flesas. Sociedades ?e desenvolvimento, escritrios de estudo
ornecem seus serv_1os, os governos abrem crditos a longo
prazo e sua cauao encoraja os investimentos privados
os governos_ J:esitam em ir demasiado longe
pohhca que a opos_Iao acusa de facilitar a retomada de
aventuras especulahvas qualificadas de neocolonialismo.
Recorrer a _outros Estados capitalistas que no de-
sempenharam nenhum papel na colonizao da frica:
e, os Estados Unidos. sabido
0
_que Amenca tem pelo continente africano, cujas
matenas-pnmas podem ser-lhe teis e onde ela v um cam-
po amplam:_nte abert? para a venda de equipamentos e
para a l?caao de servios. Mas os Estados africanos temem
o p_odeno da Amrica, mais ainda do que
0
poderio das
coloniais e a popularidade dos Estados
esta senamente empanada na frica pelo racismo
sulista.
- Aproveitar a _ajuda dos pases socialistas, oferecida
sob_ 3l form_': acolhida de estudantes nas universidades da
Umao Sovietlca e Populares (principalmen-
t: na. Tcheco-Eslovaqma), d: formao de quadros profis-
siOnais, de venda de matenal de equipamento facilitada
pela concesso de crditos a longo prazo. Mas o dilogo no
estabelece com facilidade por causa do obstculo lings-
tico e da dureza para os africanos da estada nas altas lati-
tudes. As estruturas sociais e a mentalidade esto mal
:preparadas para receber modelos socialistas e o temor de um
Isolam_ento relao Amrica e Europa faz hesitar.
.t<.;stados do grupo de Casablanca e da unio
avanaram mais em suas relaes com os
_socialistas do que os outros Estados africanos, mas
evltanao provocar uma ruptura com os pases de economia
193
\
I
:I
li
capitalista e, operando reconverses de sua
poltica geral e economica. . . _ . . .
Embora desejada, a umdade nao , tem
dade imediata. Um pesado fardo recai sobre o
nente mais sria do que a presena frag da autonaade
sbre a Guin, Angola, Moambi.qu.e, a
vivncia de um Estado violentamente colomallsta, a Uma_o
Sul-Africana, o pas mais racista do mundo, uma
noria de brancos mantm zelosamente o monopolw da admi-
nistrao e da .mas o mais rico, graas
s minas de ouro, de uramo, de diamantes e provendo-se de
carvo e metais no ferrosos por sua aliana com a Federa-
o das Rodsias e da Niassalndia. . . .
O gegrafo se v tentado a grandes
tos naturais capazes de formar econo,micas,
mas at o moment o atual, a pohtlca predommou sobre a
geografia e sbre econmica. Entre o frarci.oname,nto
excessivo e estenllzador e o sonho de uma Arnca un7da,
ainda no so percebidos os sintomas de grandes orgamza-
es regionais, econmicamente viveis, ,ca12azes de se _iml?o-
rem bastante rpidamente como potencias de pnme1ra
grandeza.
194
CAPTULO V
AMRICA LATINA
OU HEMISFRIO AMERICANO?
A AMRICA, tanto a do Sul quanto a do Norte, uma cria-
o da Europa. Mas as linhas de fra leste-oeste tendem
a ser substitudas, h mais de meio sculo, pelas linhas de
frca norte-sul.
"Ao sul do Rio Grande, a contribuio do povoamento
europeu foi, em grande parte, uma contribuio mediterr-
nea. Juntou-se aos escravos importados e substituiu mais
ou menos completamente um povoamento autctone ind-
gena, que, na Amrica anglo-sax, foi destrudo. Resultou
da um ambiente humano original que, imagem das fontes
europias, permaneceu muito tempo estranho revoluo
industrial que transformou a Amrica anglo-sax. No sculo
XX, a disparidade mostrou-se considervel em todos os
planos econmico, social, tcnico - entre a Amrica in-
dustrial, com os nveis de vida mais elevados do mundo e
a Amrica rural latifundiria, que mantm uma posio
pouco invejvel na "geografia da fome".
Era grande a tentao, para a Amrica industrial, de
estender sua influncia econmica e poltica Amrica ru-
ral, de tirar proveito dos arcasmos desta e de seus baixos
nveis de vida, adquirindo a baixo preo, trabalho, energia
e matrias-primas e abrindo grandes mercados. O conti-
nente americano apresentava tdas as condies sociais,
econmicas, demogrficas para que se instaurassem relaes
especficas entre uma economia desenvolvida e um conjunto
de pases subdesenvolvidos, isto , por um motivo ou outro,
dominados. A Europa no estava mais em condies de
desempenhar o papel do pas desenvolvido, salvo como asso-
ciado e ocasionalmente. A Amrica do Norte, entretanto,
tinha tdas as condies para impor-se.
195
CAPTULO I
A PROCURA DE UM EQUILBRIO
ENTRE OS PASES INDUSTRIAIS
Q mdustrial escapou Europa
Ocidental no decorrer do fim do sculo XIX e comco do
sculo XX, quando foi edificada a economia dos Estados
Unidos com seus princpios, suas tcnicas e seus homens. A
revoluo industrial permaneceu, entretanto, em mos de
um grupo histrico e geogrfico, o do Atlntico Norte, ori-
ginrio das iniciativas do Noroeste da Europa. A "renova-
o" do Japo e sua industrializao e, mais ainda, a revo-
luo socialista da U. R. S. S. e a criao de uma economia
industrial sovitica alteraram progressivamente o sentido
da revoluo industrial do sculo XIX europeu. Esta revo-
luo indust rial desembocou, na Europa, em meio sculo de
concorrncias e de guerras dramticas, onde se sepultou
definitivamente a supremacia histrica da Europa industrial
de 1880. A rpida industrializao, por vias diversas, dos
Estados Unidos e da Unio Sovitica e as exigncias tcnicas
e financeiras imensas da "segunda" revoluo industrial
mostraram que a escala do desenvolvimento, para os pases
industriais, no era mais a da centena ou do milho de qui-
lmetro quadrados, a de uma nao de 50 milhes de sditos,
menos ainda a de um Estado de uma dezena de milhes de
habitantes. Podemos at mesmo nos perguntar, com certa
inquietao, se a conquista de meios de poderio tcnico su-
premo por alguns continentes no ameaa levar, numa nova
di::nenso, a uma repetio dos conflitos nos quais a supre-
macia da Eropa soobrou.
O objetivo do esfro de equipamento das duas maiores
potncias do mundo atual manter um equilbrio de fras
que desencoraje qualquer aventura que, antecipadamente,
no teria outro desfecho que no fsse uma recproca des-
87
truio total. A Europa procur a r ecuperar -se, reencontrar
um lugar que a conser vao de um excepcional vigor cultu-
ral, intel ectual e tcnico a autoriza a Mas a
soluo deve ser procurada em uma unificao de fr as
produtivas, o que coloca diferentes problemas polticos. A
Europa dos Seis, a Comunidade do Carvo e do Ao (C. E.
C. A.) e o Mercado Comum representam um pr imeiro ensaio.
ste no se r ealiza sem contnuas contradies internas. E
a Europa dos Seis no tda a Europa Ocident al industrial.
A Organizao de Cooperao e de Desenvolvimento Euro-
peu (0. C. D. E.) apenas urna associao de estrutura
muito frouxa. A adeso da Gr-Bretanha e de seus associa-
dos da Associao de Livre Comrcio (A. L. E.) ao Mercado
Comum no parece fci l. Entre os Estados Unidos, que to-
maram o lugar da Europa para defender o capitalismo, a
livre emprsa, e a Unio Sovitica, primeiro pas do mundo
a ter construdo uma economia socialista, a terceira fra
europia apenas virtual. E ela deve muito aos Estados
Unidos. possvel estabelecer ainda um outro equilbrio?
I. --- D-uas potn cias id.ustT'iais
e-m escala cont in ental
Com produes industriais de base da ordem de 20 a
25% da produo mundial, d uas economias, amer icana e
sovitica si tuam-se par t e em relao pr oduo dos mais
ativos entre os pases industr iais do mundo. No plano de
alguns pr vdutos de alta qualificao, alguns Estados da Eu-
r opa Ocidental ocupam urn lugar menos apagado que no das
indstrias fundament ais. Mas seria errado pensar que os
Estados Unidos e a U. R. S. S. no so, ao mesmo t empo,
os dois maiores r ealizadores nos ramos mais diversos e mais
especializados das indstrias de desenvolvimento mais re-
cente. A superior idade de ambos no domnio da balstica
e da navegao for a da atmosfera procede, precisament e, do
fat o de possurem os pr odutos de base e as tcnicas mais
avanadas.
Os Est ados Unidos tm, no campo da indstria pesada, uma
ligeira pr imazia sbre a Unio Sovitica. possvel tambm que
a diversidade de sua produo industrial, principalmente no campo
das pequenas indstrias (txteis, qumicas ou alimentcias) , seja
maior. Mas os ritmos de evoluo e as formas de organizao da
produo so absolutamente difer entes. O quadro anterior mostra
que, enquanto que o crescimento mdio dos pr odutos essenciais foi
88
ALGUNS PRODUTOS INDUSTRIAIS
DOS ESTADOS UNIDOS E DA UNIO SOVITICA *
Estados Uni
1
dos \
ProdU \
co de
.1962
Unio Sovitica
Produ-
o de
1962
I 1929 192 elrl % 1929 1962 em %
Car vo .. . . ...
552
Linhita . . . . . . .
2
:Jetrleo
138
Gs natur al . .. ;)4.
Ener gia hidre-
ltrica
1" . I
Halanco ener-
gtio em bi -
l hes de k wh I 1179
Ao 57
Alum nio '' . o . O,l
Cimento 29,5
Fios de algodo l 424
396
3
:361
395
lfiO
3 063
89
1,9
56,3
] 700
I
I
I
I
I
I
I
I
I
I
da de
1929
255
156
I Aprox .
2 000
190
I
120
i
41
3,5
13
2,3
0.5
9fi
fi
1,8
500
382
135
186
75,2
70
l 320
7f)
1
57,3
l 200
da de
1929
1900
1 500
000
240
(*) Em milhes de toneladas, salvo para o gs n at ur al (b ilhes de m 3 ).
a eletricidade (bilhes d e kw/ h ) e os .fios de algd o (milhares de tonel adas) .
PARTICIPAO DE ALGUNS PRODUTOS INDUSTRIAIS
DOS ESTADOS UNIDOS E DA UNIO SOVITICA
NA PRODUO M UNDIAL DE 1962
Energia .. .. . . . ... . . ... .. .
Ao .... . .. .. .. . .. .. . .... .
Alumnio . . .... ... .. .. . . .
Cimento . . ... . ..... . . . ... .
Estados
Unidos
27 %
24,5-
39
16 -
Unio
Sovitica
16,5%
21 -
20 -
16,4--
(I ) Taxas de converso: para 1929, 750 g de car vo, 500 g de
produtos petrolferos, 0,5 m:l de gs natural para 1 k w/ h . P ar a
1962, 450, 350 g e 0,3 m3, r espectivamente.
89
da ordem de 1 para 2, nos Estados Unidos, entre 1929 e 1962, no
mesmo perodo le foi de 1 para 20 na Unio Sovi tica (exceo
feita s indstrias de bens de consumo, representadas aqm pela
produo de fios de algodo, qu2 foi multiplicada apenas por 2,4).
Estas cifras no poder o ser compreendidas se n o as colocarmos
numa cronologia do desenvolvimento econmico.
Os Estados Unidos concluram a primeira fase de seu desenvol-
vimento industrial, aquela fase que comportava a montagem de
uma indstria siderrgica, a construo e o equipamento da r de
ferrovi ria, a constru das cidades e portos, de uma frota comer-
cial, de uma aviao, de uma indstria diversificada que produz
bens de produo e bens de consumo, logo aps a Primeira Guerra
Mundial, beneficiando-se do surto permitido pelo esfro de abas-
tecimento dos Aliados e pela participao na guerra. les comeam
a sofrer os efeitos da saturao de seu mercado interno exatamente
no momento em que os Aliados, livres das devastaes da guerra,
tornam-se maus compradores. A crise americana da dcada de
1930, a qual obrigou os americanos a reconsiderar tda a orientao
de sua economia, apresenta-se, de imediato, como uma crise de
superproduo, ou seja, no existe mais equilbrio entre a oferta
e a procura de produtos. Ela age, portanto, como um freio sbre
a produo americana, que, doravante, estar constantemente, salvo
quando os Estados Unidos participam de guerras importantes (Se-
gunda Guerra Mundial, guerra da Coria), abaixo de sua capaci-
dade de produo. nestas condies, ao mesmo tempo favorveis
para a posse de r eservas de capitais, de produtos tcnicos e de equi-
pamentos, e desfavorveis pela incerteza das garantias de amor-
tizao e de r entabilidade dos investimentos, que se efetua a assimi-
lao dos novos processos de produo industrial. A procura de
produtos de base elevou-se a um r itmo irregular e lento, enquanto
que os investimentos e o valor da produo aumentavam muito
mais rpidamente. Uma parte importante da produo alimenta
um consumo interno maior na base de uma acelerao das rotaes
financeiras e da acumulao, enquanto que as indstria.s de bens
de produo e as indst rias estratgicas de nvo tipo solicitam
investimentos de amortizao muito mais lenta.
A U. R. S. S. comeou sua industrializao exatamente no mo-
mento em que a economia americana suportava o rude golpe da
crise. Aquela sofreu outro tipo de provao: a invaso e a. guerra
de 1941-1945. Embora a guerra tenha, evidentemente, estimulado
um imenso esfro de produo, o seu saldo aqui foi de pesadas
destruies e perdas de vidas humanas. Ela se traduz, na curva
do desenvolvimento, por uma queda bastante sensvel, que se ope
curva ascensional que corresponde aos Estados Unidos. A Unio
Sovitica procura, de maneira contnua, r ealizar o equipamento de
seu territrio, a superao do atraso tcnico dos anos 1927- 1929 e
a construo das indstrias de bens de consumo necessrias para
o atendimento das necessidades de sua populao, tudo isto levando
em considerao a depresso devida guerra. De imediato, o es-
fro principal est dirigido para as indstrias "mes", isto , as
indstrias geradoras de outras indstrias e para as indstrias que
exigem alto nvel tcnico, orientadas para as proezas tcnicas, as
quais se tornaram o veculo, para as duas grandes potncias mun-
diais, de afirmao da capacidade de ambas em todos os setores.
90
Enquanto os Estados Unidos r eabsorvem, pelo jgo da acumulao
dos lucros das indstrias de b0ns de consumo, uma parte da frao
distribuda da renda nacional, a U. R. S. S. acelera a rotao de
seu capital de produo contendo ainda o desenvolvimento das
indst rias de bens de uso e de consumo, recorrendo diretamente
poupana sem aplicao a fim de aumentar sua capacidade de
investimento. A comparao do ritmo de crescimento no decnio
1953-1962 d a medida da velocidade de recuperao da economia
sovitica frente economia americana, para os setores essenciais
das indstrias de bens de equipamento.
PRODUTOS SOVITICOS E SUA RELA..O
PERCENTUAL COM SIMILARES AMERICANOS
EM 1953 E EM 1962
1953 1962
Energia (tdas as fontes convertidas
em energia eltrica l .. . ....... .
Ao . . .... . . . ... ...... ........ .
Cimento . ....... . ....... . .... . . . . .
Fios de algodo ......... . .. . ...... .
33
38
33
47,5
II. -Especificidade dos Estados Unidos
J. . A DISSIMETRIA AMERICANA
61
85
102
70
Os Estados Unidos ocupam um pouco mais de 9 milhes
de quilmetros quadrados, pouco menos do que todo conti-
nente europeu, inclusive a parte europia da U. R. S. S. Seu
territrio, com exceo dos Estados geogrficamente exte-
riores (Alasca, ilhas do Hava), est situado entre os para-
lelos 49 e 25 (as latit udes de Paris e do Sul de Marrocos).
A superfcie cultivada cobre 4 500 000 km
2
, dos quais um
pouco n1enos de dois milhes de quilmetros quadrados ara-
dos e plantados, e um pouco mais de 2,5 milhes de quil-
metros quadrados ut ilizados como pastos.
As distncias e as unidades geogrficas so de dimen-
ses desconhecidas na Europa. Os mesmos tipos de paisagem
se estendem por 1 000 ou 2 000 km: os Grandes Lagos esten-
dem-se de oeste a leste por mais de 1 200 km, a grande
plancie do Missri-Mississpi, entre a fronteira canadense e
o glfo do Mxico, mede mais de 2 000 km, os Apalaches tm,
t ambm, 2 000 km de comprimento ... Os mesmos tipos de
solos ocupam superfcies de vrias centenas de milhares de
quilmetros quadrados. Os fenmenos geogrficos so de
91
tipo continental e os dados econmicos esto, evidentemen-
te em harmonia com esta ordem dimensional.
' Com um rendimento mdio de 20 a 25 quintais por
hectare e uma agricultura de cereais de rotao bienal ou
trienal, a capacidade de produo de cereais da ordem de
2 bilhes de quintais. Embora no utilizando totalmente esta
capacidade de produo, os Estados so o m_aior_ pro-
dutor de cereais do mundo, com 1 bllhao de qumt a1s de
milho, 300 milhes de quintais de trigo etc. O Sul pode pro-
duzir tanto em solo sco como irrigado, mais da metade da
mundial de algodo (a produo americana foi re-
duzida voluntriamente a um tro da colheita mundial) .
O potencial industrial , igualmente, imenso. As dispo-
nibilidades de r ecursos brutos conhecidos colocam a Am-
rica do Norte nos primeiros lugares, quando no no primeiro
lugar, apesar da impor tncia da utililizao dsses r ecursos
h mais de um sculo.
O equipamento dos recursos hidreltricos do continente
permitiria produzir tanta eletricidade como tdas as hidro-
centrais existentes atualmente no mundo. Mas, para tanto,
necessrio que o territrio americano sej a int egralmente ex-
plorado. A economia americana uma economia geogrfica-
mente dissimtrica, em que a oposio entre terras explora-
das e t erras inexploradas se afirma entre o Leste e o Oeste.
A separao entre ter ras regularmente utilizadas c t erras de
explorao descontnua t empo e no espao se faz,
modo, ao longo do mend1ano 100. O fator de estenlldao.e
est r epresentado aqui pela aridez c:ontinent al. que os
territrios situados entre as cadeias oc1dent.ms do srstema
das Rochosas e o meridiano de 100 graus . A utili zao agr-
cola do solo americano , portanto, for temente dissimtrica.
O Leste oferece uma sucesso de regies agrcolas, cujas
qualidades atendem s exigncias de uma gama de tipos
climticos que se estendem desde os domnios continentais
frios do norte da Pr adaria at o sul da Flrida, marcada-
mente tropical. No ?este, a da est
intimamente ligada a de uma rede de 1rngaao ( oasrs de
Phoenix, grande vale californiano) .
Do ponto de vista da distribuio dos r ecursos do sub-
solo, a aissimetria no est longe e ser inversa. Mas a
riqueza mineral do continente norte-americano de tal
ordem que uma nova dissimetria pde sem
92
RESERVAS MUNDIAIS DE ENERGIA
PARTE DA AMRICA DO NORTE EXPHESSA EM PEHCENTAGEM
(1.
0
de janeiro de 1961)
Combus-
tveis s-
i
lidos (bi-
lhes de to-
neladas )
Petrleo
(milhes de
toneladas)
Gs na tural
(bilhes de
metros
cbicos)
Minerais
radiativos
(milhares
de tone-
ladas de
urnio)
- - ---'---------- -- - --------- - - --------
.1\.frica . . . . . . 24 1155 850 293
Amrica do
Norte . . . . 1 245 51 5 825 13,3 7 930 42 493 I 59,5
Amrica do
Sul . . . . . . 13 3 260 1 400 2
sia . . . . . . . 229 27 830 5 940 '?
Europa . . . . . 193 430 250 31
Oceania . . . . 13 I 8
U. R. S. S. . . 689 4 500 i 2 300 ?
- - - -----'- 2 ___ l ___
juzo entre o Leste explorado e o Oeste, onde se encontram
as maiores reservas .
Na verdade, a distribuio do povoamento e da histria
do desenvolvimento do continente agiram no mesmo sentido
que as aptides agrcolas. A Amrica do Norte um conti-
nente em que 83% da populao reside na metade l este do
pas (3). Os Estados Unidos so uma potncia atlntica, embo-
ra muitos dos episdios de sua poltica mundial t enham feito
com que les se voltassem, por vrias vzes, para o Oceano
Pacfico: mais de quatro quintos da populao e da renda
nacional esto a leste do eixo Missri-Mississpi. O oeste,
nenhuma continuidade do povoamento e da explorao,
osis num deserto econmico que, no 1: aro, tambm um
deserto climtico e biolgico. A prpria costa no oferece
seno instalaes descontnuas. A grande extenso
cana d a alguns dles uma fra e uma beleza excepcionais :
So Francisco, Los Angeles.
( l) Estados Unidos: 185.
( 2) Entre 30 a 300 bilhes de toneladas de equivalente de
carvo.
(3) A populao total dos Estados Unidos era de 190 milhes
no incio de 1964.
93
2. UMA SUBLIMAO DO CAPITALISMO EUROPEU
Os Estados Unidos receberam sua populao da Europa.
Certamente que a populao atual deve menos imigrao
do que se pode imaginar se considerarmos quo grandes
eram os contingentes que partiam da Europa em direo aos
Estados Unidos no incio do sculo XX. Uma fecundidade
bastante elevada, uma mortalidade reduzida mantiveram
para a populao americana primitiva - instalada no con-
tinente americano antes de 1860 - um aumento natural de
300 000 a 350 000 por ano, em mdia de 1860 a 1880, de 400 000
a 500 000 de 1880 a 1900, superior a um milho de 1900 a
1920. No deixa de ser verdade que entre 1880 e 1920, exa-
t amente, os Estados Unidos absorveram aproximadamente
quarenta milhes de imigrantes e sua civilizao e suas ideo-
logias so de origem europia. .
Convm, ainda, distinguir o Sul, regio de lat ifundirios
que utilizaram escravos negros no plantio de algodo e t a-
baco at a Guerra de Secesso, cuja psicologia social teria
algumas semelhanas com a das velhas sociedades da Am-
rica Latina ou mesmo da Africa do Sul, e o Nort e, que, ao
contrrio, seguiu de perto o exemplo da revoluo industrial
europia.
Ora, os "empreendedores" do Nordeste americano que,
indo alm das regies de velha colonizao da Nova-Ingla-
terra, atingiram o outro lado dos Apalaches, a regio dos
Grandes Lagos, as plancies do Ohio e do Mississpi, depa-
raram com um potencial de desenvolvimento indust rial cor-
r espondente ao do Noroeste da Europa, elevado ao quadra-
do: a jazida de " carvo betuminoso" dos Apalaches e as
bacias petrolferas do Illinois - Indiana dispem ainda, mes-
mo depois de um sculo de extrema explorao, de reservas
duas a trs vzes superiores s r eser vas de todos os lenis
petrolferos da Europa Ocidental, com uma produtividade
cinco a seis vzes superior em igual nvel tcnico. A jazida
de minrio de ferro do Lago Superior forneceu, de 1854 a
1938, 1 800 milhes de toneladas de metal, partindo de um
minrio cujo teor s igualado .na Europa pelo da Sucia.
Os Grandes Lagos ofereceram possibilidades de . transporte
bem superiores s que oferecia, na Europa, o prprio Reno.
E foi ainda no Nordeste americano que se descobriram os
primeiros poos de petrleo. A industrializao foi realizada
em escala diferente da da Europa e sem nenhuma coao,
94
advindo das formas de organizao prvias da propriedade
ou da utilizao do solo uma revoluo industrial, num am-
biente nvo, que no comportava nenhuma contradio fun-
damental.
As tcnicas e as formas de organizao do capitalismo
europeu puderam ser aplicadas sem, o:rtros limites os
seus prprios. Na Europa, foi necessano em conside-
rao as estruturas o t er-
ritorial em Est ados de d1mensoes des1guars - mas sempre
muit o r eduzidas em relao aos espaos americanos - as
necessidades herdadas. Na Amrica, durante cinqenta anos,
tudo foi possvel a qualquer pessoa num meio espe-
cialmente generoso. A tal ponto que, para o amencano de
hoje, a idade de ouro o perodo da
luta, aquela que precedeu a dos sohdos. bastwes
da economia americana contemporanea na qual a hvre em.-
prsa mais uma teoria do que uma realidade. Durante
ste perodo de concorrncia absoluta, os "empreendedores"
travaram uma luta encarniada. A seleo foi impiedosa e
alguns destinos ficaram por muito outros
foram efmeros, entre aqueles mesmos que parec1am estar
fadados aos maiores sucessos. A estabilizao se deu quando
a amplitude e a diversidade das operaes ultrapassaram as
possibilidades e a dos mais. quando
os bancos substitmram os trustes - ahas, associando-se a
les. Evoluo semelhante do capitalismo europeu, mas
realizada com grande simplificao e
tismo. ste gigantismo favoreceu a ass1mllaao de tecmcas
e de mtodos de trabalho cuja experincia s podia ser vli-
damente feita em escala diferente daquela das emprsas
europias, cuja atividade e iniciativa so pelo
fracionamento da produo e dos mercados. A Amenca tor-
nou-se ent o o mest re em capitalismo da Europa e, enquan-
to os Estado; europeus, para resolver diversas
internas ensaiavam diferentes compromissos entre setor pn-
vado e os Est a?-os a
ser os defensores da livre empresa e da hvre concorrencm.
Entretanto, a poca da euforia sem terminou 1930
com o incio da grande crise, a qual de1xou na memona dos
americanos, poupadoo pelas g_uerras a Guerra .de ?eces-
so, a recordao de uma catastrofe d1sso, o
Estado interveio essencialmente como chente, prmclpalmen-
te atrs da abertura de um imenso mercado para as inds-
95
trias estratgicas, mercado ste que absorve parte impor-
tante da renda nacional que revertida em benefcio das
emprsas que trabalham para o setor pblico. As
que so feitas na produo, principalmente r:o domnw da
agricultura, evitam sobrecarregar o mercado mterno. O go-
vrno segue uma poltica de ampliao dos mercados
nos at ento de importncia muito limitada, e de investl-
no exterior. Foram elaborados mecanismos eficazes
contra as recesses. O simples cuidado em trocar o vocbulo
crise por um trmo nvo mostra que sses mecanismos
tendem-se at o domnio da psicologia social e do condi-
cionamento da opinio pblica. Tanto pela ateno dada
previso econmica quanto pelo de aparelho
financeiro e de seu aparelho de produao, o capltahsmo ame-
ricano afirma-se no mundo de hoje, como o capitalismo por
excelncia.
3. UMA ECONOMIA DE DIMENSES MUNDIAIS
E SEUS PROBLEMAS
Em 1929 a indstria americana era capaz de, num lapso de
alguns anos atender procura do mercado mundial. . Ela
produzia 50% da produo mundial de c.ar:vo, 64 % da de petr?leo,
60% da de ao, perto de 40 % da de alum:mo, da de automove1s
e avies mais de trs quartos da produao de maqumas operatnzes.
O pas industrial dos Estad?s Unidos, a Aler:1anha,
possua uma capacidade in<'!ustnal v<;:zes menor, a Gra-Bre-
tanha, que vinha em terceiro lugar, seis vezes menos. . . .
Em 1941- 1944 o esfro de guerra provoca o salto que a cnse
da dcada de 1930 tornara impossvel. So batidos os recordes de
produo e os recordes de ritmos. Os Es!ados. Unidos
em 1944 81 milhes de toneladas de ao, Oit o dec1mos da proauao
mundial', s vsperas da guerra. Lanam a fr ota de todos
os tempos constroem, em alguns anos, mals av10es do que todos
os que desde o incio 9 a aviao. _Ao rilesmo. tempo r eno-
vam- se as tcnicas a aceleraao da rotaao dos capitais permite
substituir todos os 'meios de produo caducos por novos equipa-
mentos. E entretanto, em valor r elat ivo, a produo industrial
americana 'no chega a atingir suas posies de 1929. Ela se situa,
aps a Segunda Gm;rra Mundial, em trn? cl!" um t ro da produ-
o mundial. E contmua ameaada pela ex1gmdade dos escoadouros.
Os americanos transformaram completamente o mercado in-
terno: o equipamento do continente, que absorvera a maior parte
da produo industrial, at a Primeira Guerra )-Vlu_ndial , no pode
mais, apesar da importanc1a das grandes obras pubhcas e dos
timentos estratgicos, equilibrar a oferta crescente de produtos m-
dustriais. le substitudo pelo consumo e pelo uso de bens fun-
gveis. A indstria teve, tambm, que diversificar- se ao infinito e
associar-se intimamente s t cnicas de publicidade e de condicio-
namento da clientela.
96
Surgiram diversas preocupaes aps a guerra no on.texto da
preveno vigilante da recesso:
- manter baixos custos de produo com a utilizao de matrias-
-primas e fontes de energia das mais baratas possveis e com
a r eduo do tempo de trabalho necessrio para produzir cada
objeto;
mant er a reserva de recursos nacionais suficientemente impor-
tant es para que a economia americana no seja ameaada por
esta ou aquela forma de ruptura de suas relaes internacionais;
exportar mercadorias, equipamentos, servios, capitais, a fim de
evitar uma ruptura de equilibrio entre as disponibilidades ame-
ricanas e a capacidade de uso dessas disponibilidades pelo pr-
prio mercado americano.
A evoluo das indstrias primrias nos Estados Unidos foi
desigualmente favorvel: o desenvolvimento das indstrias de pe-
trleo e sobretudo a mobilizao macia do gs natural permitiram
reduzir considcrvelmente o preo da energia que era, desde o
incio, bem menos elevado que na Europa, graas s condies de
explorao excepcionalmente favorveis do carvo americano. Mas
certas inquietaes procedem de dificuldades tcnicas crescentes,
encontradas na tentativa de manter constante o nvel da produo
de petrleo, que, por sinal, um nvel bastante elevado: 350 mi-
lhes de toneladas anuais, aproximadamente. Se o mercado de
gs pode ser considerado nvo, o mesmo no se pode dizer do
mercado de petrleo, cujos custos de produo esto em elevao.
Por razes mais forte s ainda, os minrios so mais caros aps mais
de cinqenta anos de explorai.o macia. Teme- se um esgotamento
rpido demai s dos recursos em bauxita. O ferro de Minesota no
tem mai s hoje o mesmo t eor das jazidas exploradas em 1900. A
explorao de novas jazidas polimetlicas no Oeste, de acesso di-
fcil e mal servidas pelos meios de transportes atuais, exige alguma
reserva, embora o Utah e o Colorado estejam sendo abertos, paula-
tinamente, explorao de minrios. Em conjunto, a jovem eco-
nomia arnericana se prevalece do envelhecimento de suas inds-
trias primrias e r enuncia, pelo menos de imediato, utilizao de
recursos cobiados por diversos Estados europeus. Conseqente-
mente, ela procura na importao complementos para o funciona-
mento de suas indstrias manufatureiras. Em escala bem diferente,
el a empreende a organizao de um mercado mundial de abaste-
cimento de minrios, como h cem anos atrs, e numa conjuntura
tcni ca muito mais simples, fizera a Gr-Bretanha. Ela equipa
novos mercados de produo, assinando contratos de explorao
com pases estrangeiros e investindo no equipamento de explora-
es de minrios e em instalaes de transporte. no exterior. Gran-
des sociedades americanas como a U. S. Steel c a Standard Oil
r ealizam grandes empreendimentos no mercado mundial e foi orga-
ni zado um nvo sistema de relaes com novos substitutos indus-
triais, principalmente para a primeira fase de elaborao de pro-
dutos brutos (refinarias de petrleo, concentrao de minrios,
siderurgia). No que se refere ao petrleo, trata.-se de um sistema
que engloba a Venezuela e o Oriente Mdio. Quanto ao ferro,
trata-se de uma organizao geogrficamente mais limitada ao con-
tinente, com o Chile e, sobretudo, a Venezuela, na Amrica Latina
9'1
e, por outro lado, o Canad (Labrador). A Africa tambm, tem
seu papel no fornecimento de produtos de base, mclustve uramo,
aos Estados Unidos. A importao de produtos brutos vmdos etc
pases onde a mo-de-obra mal remunerada, a importao de
jazidas de fcil explorao, situadas prximas ao mar, reduz os
custos de produo das indstrias de base, tanto mais que o custo
da mo-de-obra americana elevado.
O segundo fator ~ reduo do custo de pr9duo a conten-
o de despesas de. salc;nos com a automatlzac;_ao, sendo est_a pre-
cedida pela normahzaao e pela estandardtzaao da produao.
Resta ainda aliviar o mercado interno ampliando os escoadou-
ros da indstria e da agricultura americanas. Contrriamente a
uma opinio aceita at os dias atuais, a econorr:ia americana ex-
portou apenas uma pequena parte de sua produao, menos de 20%,
salvo em tempo de guerra: pequena percentagem, mas import ante
quantidade de mercadorias e grande movimento de dinheiro devido
grandiosidade da economia americana. Por outro lado, os _Estados
Unidos exportaram em grande escala seus cap1ta1s, fmanctando a
reconstruo a Europa aps a Segunda Guerra Mundial, partici-
pando em aumentos de capital de sociedades europias, subvencio-
nando certa forma de conservao do equilbrio poltico interna-
cional com a ajuda dada a diversos pases considerados, em dada
conjuntura, como pontos de apoio contra qualquer risco de perda
de influncia dos Estados Unidos.
A expanso americana no mundo repousa hoj e sbre uma dou-
trina e sbre necessidades. Necessidade de abertura do mercado
de fornecimento de produtos de base, necessidade de uma margem
de investimento e de venda de mercadorias, necessidade de con-
trle de um sistema de relao que una os diferentes associados
econmicos dos Estados Unidos com os prprios Estados Unidos.
Doutrina? A da misso dos Estados Unidos de defender, em todo o
mundo, a livre emprsa contra o socialismo e a planificao. Esta
doutrina tem diferentes exegetas. Os mais rigorosos consideram
que a Amrica deve reservar sua ajuda financeira e tcnica para
aqules pases que constiturem, decididamente, um bloco "antico-
munista", o "mundo livre". Outros pensam que, numa conjuntura
incontestvelmente de concorrncia no plano tcnico e econmico
e tambm no poltico com a Unio Sovitica, a distribuio da
ajuda americana constitui a melhor garantia da salvaguarda da
influncia dos Estados Unidos em grande parte do mundo, inclu-
sive junto aos pases que se consideram neutralistas. Por isso
que vemos a Amrica concorrer com a Unio Sovitica para equi -
par a ndia de instalaes siderrgicas ou de grandes barragens.
E mais ainda: em 1963 os Estados Unidos ajudam a Unio Sovi-
tica a r esolver sua crise de alimentos. A poltica econmica pode
ser considerada como r ealista, talvez porque as necessidades f alem
mais alto do que a doutrina ...
Mas a sombra do gigantism,') norte-americano contnua a cau-
sar mdo queles mesmos que tm mais razo de temer que seu
pas seja escurecido por ela. No resta dvida de que a Africa
mantm-se reticente com relao a uma grande potncia que no
resolveu o "problema negro" em sua prpria casa. Os mais r efra-
trios a um pan-amer canismo dirigido pelos Estados Unidos sii o
os Estados da Amrica Latina, com algumas excees (veja pg.
98
191) . Penetrar na Asa um velho sonho americano, mas os Es-
tados Unidos apenas conseguiram fazer reconhecer sua influncia
nas cost as do continente asitico, no Japo, ora aterrorizado pela
bomba de Hiroxima, ora r estaurado industrialmente para pr em
xeque a China e no Vietn do Sul, no sem alguma incerteza.
Finalmente, no a Europa, a me ptria, de bom ou mau grado,
a mais fiel amizade americana, por causa de suas divises e de
seu temor expanso socialista?
III. - Especificidade da Unio Sovitica
Enquanto em 1929 a segunda potncia econmica do
mundo, depois dos Estados Unidos, era a Alemanha, com
uma capacidade de produo industrial da ordem de um
quart o da produo dos Estados Unidos, em 1963-64, o se-
gundo lugar ocupado pela Unio Sovitica, com uma capa-
cidade de produo de 66 a 75 % da dos Estados Unidos no
que se refere maior parte das indstrias de base (veja
pgs. 89-91). Ora, enquanto a pujana americana nasceu da
transferncia de fras jovens e de experincias da Europa
Ocidental para um meio virgem, denominado, no incio dste
sculo, "pas nvo", a pujana da Unio Sovitica tem suas
razes numa velha civilizao europia, se insere num com-
plexo de grande potncia decepcionada no sculo XX, pela
descontinuidade entre a grandeza na poca napolenica e
as condies de autoridade econmica e poltica, no incio
do sculo XX. Esta afirmao de potncia nova apia-se na
aplicao de uma outra doutrina do crescimento e do desen-
volvimento, o socialismo, que se ope aos padres tcnicos,
sociais e morais do capitalismo. At aqule momento, tnha-
mos assistido a concorrncias entre pases de estrutura eco-
nmica e social semelhante e afirmao da superioridade
dstes pases concorrentes com relao queles que no ti-
nham as mesmas formas de organizao, isto , os pases no
industriais. A revelao da pujana econmica da Unio
Sovitica coloca outros problemas de relaes internacionais,
de ressonncia geral em todo o mundo.
Existe um trmo comum: a escala, a dimenso conti-
nental. Quase todo o resto diferente e no somente a base
ideolgica e os mtodos de desenvolvimento (veja pg. 58),
mas tambm a estrutura e a distribuio da populao e das
"fras produtivas", a natureza dos problemas econmicos
e sociais internos, os temas de atrao dos pases estran-
geiros e, em especial , dos pases do "Terceiro Mundo".
99
] -" O .PAS DAS l.HANDES SOLIDES
A Unio Sovitica ocupa um territrio de 22,3 milhes
de quilmetros quadrados, duas vzes e meia a superfcie
dos Estados Unidos e mais que a super fcie total dos Estados
Unidos e do Canad. Mas os solos agricultveis ultrapassam
dificilmente 5 milhes de quilmetros quadrados, dos quais
2 milhes de terras arveis; as ordens de grandeza aproxi-
mam-se bastante das dos Est ados Unidos. Em compensao,
a percentagem de utilizao do solo nacional de 50;/c para
os Estados Unidos e de apenas 22% para a Unio Sovitica.
A explicao principal deve ser procurada na posio em
latitude e na posio, com relao ao conjunto da massa
continental da Eursia, do territrio sovitico. Enquanto os
Estados Unidos esto compreendidos entre os paralelos 49
e 250 >, a U. R. S. S. estende-se entre os paralelos 80 e 35.
Trs quartos do territrio sovitico esto situados ao norte
da latitude da fronteira norte dos Estados Unidos. E as
regies subtropicais, ao invs de se abrirem, em parte, para
o mar como na Amrica, esto aqui, ao contrrio, em bolses
no interior do continente e cercadas de altas montanhas.
Dezesseis a dezessete milhes de quilmetros quadrados do
territocio sovitico tm uma densidade de populao inferior
a 1 habitante por quilmetro quadrado. No se trata de ter-
ritrios absolutamente desprovidos de intersse econmico.
Encontram-se a importantes jazidas de minrios. Freqen-
temente preciso atravess-los para ir de uma regio eco-
nmica a outra. Mas les constituem vazios humanos, onde
se localizam algumas coletividades, somente na medida em
que o exigem as necessidades da economia ger al.
Essas gr andes soli des formam, em primeiro lugar, uma enor-
me m a s ~ a de territrios que ocupa tda a zona rtica e subrtica
e que avana tanto mais para o sul quanto mais penetrarmos no
interior da massa continental eurasitica e tanto mai s, tambm,
quanto a altitude mdia da regio se elevar at o paralelo 55, pelo
menos na Sibria Oriental (Transbaicalia) . Trata-se de uma su-
perfcie de mais de 12 milhes de quilmetros quadrados, dos quais
nove dcimos interessam ao continente asitico. A segunda massa
de solides corresponde aos territrios ridos por causa da posio
em latitude (entre os paralelos 35 e 40), mas muito mais por causa
de sua "insularidade" continental na depresso aralo-cspia, o anti-
go Turquesto Russo, entre o limite Razakh que est entre 50 e 55
graus de latitude, a fronteira iraniana e os grandes leques de c a ~
( t ) Com exceo do Alasca.
1>00
deias montanhosas que t erminam do lado oeste as mais altas t erras
da Asa, o " teto do mundo", Pamir, Tian-Chan . . . 4 milhes de
quilmetros quadrados de estepes desertas, os semidesertos dos
autores russos (polupustynia) e de deserto puro da r egio turco-
mana e karakalpak.
Outra forma de solido o isolamento em r elao s grandes
corr entes de circulaco martima. Os Estados Unidos so um pas
atlntico, mas tm, tambm, soberbos escoadouros no Oceano P a-
cfico e so banhados pelos mares quentes do mundo caraba. A
Unio Sovitica s tem acesso aos mares de grande trfico por
bacias interiores: o Mar Bltico, o Mar Negro. Uma imensa f a-
chada martima que se desdobra por mais de 10 000 km de com-
primento inutilizada pelo glo, que impede a abordagem durante,
pelo menos, nove meses do ano desde o Mar de Bar ents at a
Camtchatca e uma part e das costas do Mar de Ocotsk . Apesar das
faanhas tcnicas que permitiram forar a passagem de Nordeste
e dar uma vida sazonria s costas desertas dos mares de Barent s
e de Cara, e em menor grau s cost as de Laptev, da Sibria Orien-
tal e de Bering, esta fachada martima quase to inabordvel e
t o intil Dnra uma explorao contnua quanto o litor al norte da
Amrica, do Alasca terra de Baffin.
O povoamento, a vida e a produo, com exceo de algumas
zonas de minerao organizadas para a explorao de r ecursos
relativamente raros - do mesmo modo que as de Clmax numa
das regies mais ridas das Montanhas Rochosas dos Estados Uni-
dos para a extrao de molibdnio, esto concentradas entre os
paralelos 60 e 48 na parte europia da U. R. S. S., entre os para-
lelos 56 e 50 na Sibria Ocidental, entre os paralelos 54 e 50 na
Sibria Oriental e entre os paralelos 50 e 44 no Extremo Oriente.
Existem, t odavia, excees que correspondem ao r eaparecimento
de meios de vida mais amEmos ao p das grandes cadeias de mon-
tanhas circunjacentes, ao sul do territrio da Unio: no Cucaso
e no Piemonte, nos vales interiores das montanhas da Alta Asia,
no grande conjunto r egional que os gegrafos soviticos denominam
Asia mdia ( Srednei Azii) , do Piemonte cazaquisto e da Quir-
guzia ao norte, ao Tadjiquisto, ao sul. Mas stes ambientes pe-
rifricos t m uma grande caracterstica: les pertencem ao dom-
nio hi strico das minorias nacionais da Unio.
2. HETEROGENEIDADE NACIONAL
E DESENVOLVIMENTO REGIONAL DESIGUAL
O Imprio Russo, que constituiu os fundamentos t er-
ritoriais da Unio Sovitica, era formado da reunio do es-
pao nacional russo (no sentido mais amplo do trmo, isto
, russo, ucraniano e bielo-russo) e das conquistas russas em
regies desertas ou subpovoadas (Ural, Sibria, Extremo
Oriente sovitico) com os territrios nacionais de velha ci-
vilizaes asiticas: a civilizao de afinidade iraniana da
Gergia, a da Armnia, que possui parentescos com os anti-
101
- --- --
gos assrios, as civilizaes turco-trtaras do Azerbaidj , dos
Piemontes da Alta Asia (usbequistes, cazaquistes, quir-
guizes, turcomanos) e os ltimos herdeiros da Bactri ana e
da Sogdiana alexandrina, os tadjiques. Na fachada ocidental
da Unio, outras nacionalidades, em parte residuais com
relao a um passado que atingiu espaos geogrficos mais
vastos, separam o domnio propriamente russo do mar e das
naes da Europa Central: as nacionalidades blticas, uralo-
-altaicas dos fineses e dos estonianos, protoblticas dos letes
ou letos e dos lituanos, eslavo-ilria dos moldvios.
A estrutura federal da Unio Sovitica uma estrutura
nacional, sendo o territrio da Unio dividido em 15 rep-
blicas federadas, no interior das quais, repblicas e territ-
rios autnomos fornecem um quadro administrativo a na-
cionalidades menos numerosas e encravadas no interior de
outra repblica nacional.
A diversidade de nacionalidades e de culturas, a reali-
dade da orginalidade da vida quotidiana de cada uma dessas
repblicas so caractersticas que no poderiam escapar-nos
quando circulamos nas repblicas caucasianas na Asia m-
dia. Todavia, o veculo mais comum a lngua russa e,
apesar de uma descentralizao recentemente acrescida dos
processos de elaborao e de aplicao dos Planos, a unidade
da economia se afirma em tda parte.
A diversidade das nacionalidades coincide amplamente
com a diversidade das aptides naturais e das economias
regionais, por causa da posio das repblicas nacionais no
russas na periferia do territrio e, principalmente, nas fron-
teiras quentes do Cucaso e do Piemonte da Alta Asia. As
repblicas caucasianas so regies produtoras de frutas, de
vinhas. O algodo aparece, sobretudo, no Azerbaidj. As
da Asia mdia so, por excelncia, regies de algodo, mas
tambm de l, de sda, de frutas e legumes, que crescem
nos antigos osis de Koresm e de Zeravch de Tachkent e
do vale de Vakhch, grandemente aumentados pel as recentes
obras de irrigao. -
Nas regies russas, a variedade procede, sobretudo na
Europa, da posio em latitude com relao s zonas de solos
e de vegetao, das boas terras de tchernozions das pradarias
ucranianas aos solos cidos e cinzentos, os podzols dos con-
fins das florestas mistas e das florestas de conferas do
Nor t e. Mas as diferenas mais importantes so as que exis-
tem entre as regies histricas, situadas a oeste do Volga e
102
as conquistas efetuadas a partir do sculo XVII em direo
da Sibria e do Oceano Pacfico.
Em circunstncias histricas radicalmente diferentes
russos e americanos ocuparam seu territrio atual
de um vasto movimento de migraes que atingiu o ponto
mximo no incio do sculo XX. Em ambos os casos as
regies atingidas em poca relativamente recente pelo ' po-
voamento so menos continuamente ocupadas, menos densa-
mente povoadas que as zonas de partida, que aqui esto a
oeste, sendo que a migrao de direco contrria de
ocupao do solo americano. Tanto mais que a orla asitica
sbre o Oceano Pacfico muito mais ingrata que a costa
americana de Portsmouth a Los Angeles. o equivalente
em latitude costa do Canad e da Nova Inglaterra, em
condies climticas e hidrolgicas ainda mais rigorosas. A
vida no sorri seno a partir de Vladivostok, mas ainda
aqui, o mar gela trs meses por ano. A ocupao
do solo das regies histricas, onde a densidade de popula-
o permite mesmo a comparao com densidades europias
ocidentais, da regio industrial central em trno de Moscou
ope-se a disperso de "plos de desenvolvimento" do Ural'
da Sibria Ocidental, principalmente no Kuzbass e na
dos bons solos entre Irtych e Tobol, da Sibria Oriental em
trno de Krasnoiarsk e de Irkutsk, no Extremo Oriente nas
bacias do Amur: em trno de Blagovetchensk, de Khaba-
rovsk e nas regies do Ossuri. Progressivamente, o equipa-
mento industrial, conforme as aptides de cada um dsses
plos de desenvolvimento, estende-se para leste. Um nvo
complE:;xo nascendo em trno das hidrocentrais gigantes
do Iemsse1 e do Angara. Mas os 220 milhes de soviticos
ain?a so poucos para garantir a valorizao total do espao
nacwnal, pelo_ menos parte incorporvel ao que Max.
Sorre denommava ecumeno. verdade que uma parte im-
portante dessa populao parece ainda mergulhada numa
economia agrcola de baixa produtividade sobretudo nas
regies de povoamento tradicional do
3. ONIPOT!NCIA DO PLANO
A economia sovitica uma economia socialista inteira-
mente regida pelos mecanismos complexos e decisivos da
planificao. A oposio com relao economia dos Esta-
dos Unidos radical. Tda iniciativa produtiva, tda criao
103
de novos conjuntos de produo, so regidos pelo Plano, isto
, pelo organismo econmico do Estado,. ~ l ~ prprio arti-
culado sbre o esquema federativo da d1v1sao do solo em
repblicas nacionais.
O Plano distribui os crditos e os instrumentos de pro-
duo, a populao ativa, o conjunto daquilo que os econo-
mistas soviticos denominam "fras produtivas", entre os
diferentes ramos da produo, por um lado, e, por outro,
entre as diversas regies econmicas. Estas interferem com
as repblicas nacionais, pois vrias repblicas podem fazer
parte de uma mesma grande regio econmica como a Trans-
caucsia ou a sia mdia ou ainda a fachada bltica, mas
tambm porque cada repblica est dividida em pequenas
regies econmicas (mais de uma centena para o conjunto
da Unio) e a imensa Repblica Russa, a maior da Unio,
est dividida, sucessivamente, em grandes e pequenas re-
gies econmicas. A planificao , portanto, setorial e geo-
grfica. Ela ultrapassa os quadros estreitos da gesto das
emprsas e da economia setorial ou regional, para englobar
todos os setores auxiliares da produo e da distribuio,
em realidade tudo o que denominamos "tercirio", na me-
dida em que no se pode separar, no somente o "tercirio
econmico" mas mesmo o "tercirio no econmico", da
organizao' de uma economia dirigida. O Plano abrange,
assim, tdas as atividades e tdas as formas, sociais e cul-
turais, tanto quanto econmicas, da vida nacional. l'!:le dis-
tribui as instrues aos organismos de execuo, os minis-
trios, e stes administram ao mesmo tempo o que setor
pblico nos pases de economia liberal e tudo o que setor
privado, desde a produo at a distribuio.
4. PASSAGEM DE UMA ECONOMIA
COM PREDOMINNCIA AGRCOLA A UMA ECONOMIA
INDUSTRIAL COM ESCASSEZ AGRCOLA
Na Amrica, o desenvolvimento da grande agricultura
da Pradaria fz-se em sincronizao com a industrializao,
e as estruturas agrcolas evoluram muito rpidamente para
formas de emprsas mais ou menos homlogas s formas de
emprsas industriais, salvo no Sul e nos Apalaches e, em
menor grau, na Nova Inglaterra onde, alis, a transforma-
co das estruturas agrrias e da economia agrcola se con-
funde com o desenvolvimento, no espao, da vida urbana.
104
Na Unio Sovitica, o ponto de partida da economia mo-
derna urna agricultura de baixo rendimento, de baixa pro-
dutividade, a qual ocupava trs quartos da populao ativa
por ocasio da Revoluo de 1917 e alimentava aproxima-
damente cento e vinte milhes de pessoas. bem verdade
que numa situafto muito pr?:ima da misria. A criao e
o desenvolvimento de uma economia industrial fizeram-se
acompanhar de uma proliferao de cidades e de um cres-
cimento considervel das populaes das cidades de antes
da Revoluo. Mas, estatisticamente, parece que o desenvol-
vimento industrial absorveu a totalidade do aumento natural
de populao de aproxirnadamente meio sculo, sem que a
populao do campo tenha diminudo sensivelmente. De 220
milhes de soviticos 110 milhes vivem e trabalham no
campo, isto , quase ~ mesmo que em 1 9 1 ~ ~ Ora, desde a
Revoluo, a participao da renda industrial na renda na-
cional aumentou 45 vzes e a participao do produto agr-
cola duas vzes e meia. . . A indstria aproveitou-se de uma
situao privilegiada e realizou prodgios de desenvolvimen-
to. O campo no realizou ainda, no sentido mais amplo do
trmo, sua revoluo. A tal ponto que, hoje, a economia e
a sociedade soviticas so caracterizadas por uma vitria da
industrializao no plano quantitativo e no plano da assimi-
lao das mais aperfeioadas tcnicas e descobertas cient-
ficas e pela persistncia de um arcasmo tcnico, social e
mental do campo. A taxa de crescimento da produo agr-
cola semelhante ao progresso geral da economia agrcola
mundial. A realizao sovitica, por excelncia, a conquis-
ta de uma economia industrial de primeira ordem, a partir
de uma situao de pas subdesenvolvido em estado de blo-
queio por parte dos pases industriais.
Aparentemente, a Unio Sovitica conseguiu o que era
mais difcil e fracassou naquilo que estava a seu alcance:
a realizao da revoluo agrcola no sentido tcnico do tr-
mo. A importncia de suas colheitas pesa no balano dos
recursos mundiais por causa da importncia das superfcies
trabalhadas (um tro das terras cultivveis da zona tem-
perada do hemisfrio Norte) muito mais do que por causa
dos rendimentos e da produtividade, que permanecem baixos.
A verdadeira faanha a industrializao, a assimilao das
tcnicas mais avanadas, a aquisio de todos os expedientes
para disputar o primeiro lugar com os Estados Unidos ...
mais fcil resolver problemas tcnicos do que problemas
105
sociais e o problema agrcola mais ur:n problema social do
que tcnico.
No deixa de ser verdade que, com um perfeito enten-
dimento da discriminao entre os diversos graus de urgn-
cia na industrializao, os planificadores souberam promover
com notvel apuro as indstrias cujo desenvolvimento co-
manda as formas ulteriores de crescimento e de progresso
t cnico e econmico. provvelmente nisso que a plani-
ficao afirma sua superioridade sbre o empirismo da con-
corrncia. O Plano soube e quis, deliberadamente, sacrificar
as indstrias cujo progresso no t em importncia na con-
juntura atual de desenvolvimento. Resultam da aparentes
distores no progresso das tcnicas e do mercado de pro-
dutos industriais, atrasos que chocam o observador ame-
ricano ou europeu ocidental, mas que so, simplesmente,
conseqncia de uma opo lgica na cronologia dos inves-
timentos e do crescimento. Fraquezas internas aparentes
como os atrasos na fabricao de certas sries industriais no
domnio dos produtos de consumo ou materiais domsticos,
mas, em compensao, aquisio de posies altamente com-
petitivas no plano das concorrncias internacionais.
5. A ACEITAO DO SOCIALISMO SOVITICO
O desenvolvimento da economia sovitica , antes de
tudo, uma questo sovitica. :E:le tem sua significao na
conquista de posies de fra no plano internacional e no
estabelecimento de bases tcnicas para a passagem da eco-
nomia socialista economia comunista. Mas desempenha o
papel de publicidade com relao s naes que procuram o
caminho do desenvolvimento. Por isso que cada opo tem
um alcance geogrfico. Quando so sacrificadas as indstrias
de confrto domstico, de fabricao de automveis indivi-
duais, realizao de grandes obras de dominao do ter-
ritrio e do espao, por que se escolheu entre a simpatia
dos pases subdesenvolvidos e a ateno, neste momento
problemtica, do cidado americano. Quando so reforadas
as possibilidades de desenvolvimento das repblicas nacio-
nais num contexto de ampla difuso da cultura nacional,
porque se pensa no intersse que isso pode despertar nas
naes que conquistaram sua independncia recentemente.
O sucesso da industrializao constitui objeto de reflexo
para os povos cuja expanso demogrfica torna ilusria qual-
106
quer soluo propriamente agrcola do problema econmico
e social nacional. Nias certo que a aceitao do socialismo
sovitico seria muito maior se ste pudesse oferecer lies
de uma experincia plenamente bem sucedida no domnio
da agricultura, que ainda constitui tema de ao imediata
para dois teros da humanidade.
6. I NTRODUO DO SOCIALISMO
NOS PASES DA EUROPA
A destruio pela guerra das estruturas de Estados dos pases
da Europa Central, o descrdito das classes dirigentes em grande
parte comprometidas por sua colaborao com o ocupante alemo,
a libertao pelo Exrcito Vermelho criaram entre o Elba e o Mar
Negro um vazio poltico e condies favor veis para a edificao
de novos regimes econmicos, sociais e polticos, que se inspiram
no exemplo da Unio Sovitica, beneficiando-se de sua ajuda. To-
davia, em sua evoluo prpria, stes pases diferenciam-se na
aplicao dos princpios do socialismo organizao da produo
(trata-se de economias planificadas, cujo desenvolvimento har-
monizado pelo Conselho de Ajuda Econmica Mtua que , mu-
tati s mutani s, um homlogo da Comunidade Econmica Europia
do Oeste (veja pg. 108) e na organizao das relaes sociais.
Foram, assim, fundadas oito repbLicas populares. Somente uma
delas escapa aliana sovitica, a Albnia, que escolheu o caminho
chins. A Iugoslvia mantm distncia, mas no deixa de invocar
seu apoio ao socialismo. As outras repblicas diferem umas das
outras sobretudo pela poltica camponesa e pela maior ou menor
desconfiana com relao ao Ocidente e s idias do Ocidente.
O fato nvo - e isto o impor tante - a industrializao
acelerada de pases qv.e, com exceo da Tcheco-Eslovquia, das
provncias croatas e eslavnias da Iugoslvia, da Silsia polonesa,
da cidade de Budapeste e, at certo ponto, os Lander orientais da
antiga Alemanha, permaneceram fundamentalmente rurais e sub-
metidos a uma estrut ura agrria de tipo latifundirio, apesar dos
esboos de reformas agrrias aps a Primeira Guerra Mundial.
O quadro da pgina mostra a importncia da revoluo industrial
na Europa Central.
A populao urbana aumentou rpidamente, passando de 30%,
em mdia, para mais de 40% em todos os pases e para metade da
populao total na Polnia, na Repblica Democrtica Alem e
na Tcheco-Eslovquia. A agricultura beneficiou-se de um grande
esfro de mecanizao, mas a formao de grandes exploraes
mecanizadas, na base da socializao da agricultura (organizao
de fazendas estatais e fazendas cooperativas) desenvolveu-se muito
desigualmente. A Polnia em especial, manteve uma pequena eco-
nomia rural tradicional em mais de trs quartos do territrio. A
Iugoslvia igualmente bastante prudente em sua poltica social
no campo. Romnia, Hungria e sobretudo Tcheco-Eslovquia e Bul-
gria fizeram a coletivizao muito mais rpidamente. Seja como
107
PRODUO DE ENERGIA NAS REPBLICAS POPULARES
Carvo
Linhita
em
equiva-
lente
carvo
Total
convcr-
bilhes
1 de kw/ h
I
res da Europa C>nr<' l :?SI ovq1!ia, c:c.) .
Na I'ranca, esto em cnrsn algum::)s expenenc1as fk;:r:' i:lpo:
sobretudo Mnntpclh;r-T ,a :; :1. a_ J.escon-
tinuidadf advfTn , nas mD.is n;;.s veZPi' . da y.a;'; nc1::J.-
d2s resi.ds1;ciais,_ ,s.ol: ,a
dins, E:m tornn d.r: nucJ eos dr> ;:; . ;vlf;:J_rl..-, c:{"'nbiJo l l CJ. _l:o.l. !a-"'
c centros
O .. DA T.Jl\-_-_:.:\N 1\
E A DEGRADAO DA VID1\ 1iHBANA TRAD'lCIONAL
O pupuJ.aciuaa l_ , !J da
fcie urbana e, cwn. m:?.is r azo aindJ, a djspcrso elo cspao
urbanizada numa estrutuh:a descontnua plurinuclear, es-
<lUartejam a vida urb:ma. Os di E:r e!ltes t rmos: ,
casies de coiT1:J.nicao P. de rela.oes soCl2lS,
erofissionais esto separados, uns dos outros, por chstancras
.l , _ '...., ..._ , . J. --. o-o A11,....J..0':' rle (o
expressas cana yez 1-0l_ ce1n1:- ,:) e ... J ..... :-: ,,;)"J. -
custo tem a dupla sigrfic0c,o de Ul'Yl a despesa n swlogrca e
d8 u-r_no. e nl. ('.C:n1 tr arJ ..S}:J Crt 0) .
227
assim, a unidade da vida diria tradicional da cidade. Ao
mesmo tempo desaparecem as modalidades desta vida di-
ria. Os quadros materiais da comunidade urbana, o meio
social nico, forum ou igreja, mercado ou bairro comer-
cial, local de parada onde se tornam pblicas coletivamen-
te as alegrias e as lutas, desapareceram progressivamen-
te. O revezamento feito - e mal feito - por pequenos
ncleos de vida local no seio da aglomerao nuffi'd escala
inferior de relaces e de necessidades elementares. Alm
do crescimento dimensional, a utilizao generalizada do
automvel contribuiu para o deslocamento da vida urbana
tradicional, seja transformando as condies de convivncia
dos ncleos histricos de vida coletiva, seja facilitando a
disperso da populao e da residncia em trno do ncleo
urbano inicial (caso do desenvolvimento da residncia peri-
urbana em casas individuais nas cidades americanas). As
condies da vida econmica e social oriundas das novas
formas de trabalho contribuem igualmente para esta disso-
luo do organismo social, do organismo vivo que era a ci-
dade histrica. Por mais racional que seja a preparao do
espao urbano, superando a fase das improvisaes liberais,
ela no conseguiu, at o momento atual, dar de nvo vida
coletividade urbana, a qual no mais do que um am-
biente de coabitao e deixou de ser um ambiente de comu-
nidade. Com a rua, com o bairro, com a praa, lugar de
passeio e de encontro, desapareceram os elementos da vida
urbana tradicional, sem que nada os t enha, realmente, subs-
titudo.
5. OS PROBLEMAS DAS AGLOMERAES MODERNAS
O crescimento dimensional das aglomeraes vem acompanha-
do de uma profunda transformao interna. Os ncleos originais,
as cidades histricas concentram funes de direo dos setvios
pblicos e das emprsas privadas. Conservam a funo comercial
tradicional. Mas, como estas diversas atividades adquirem impor-
t ncia crescente nas economias e nas cidades modernas. o volume
construdo recent ement e para a totalidade das necessid,ades e das
formas de existncia da cidade progressivamente absorvido pelos
escritrios, pelos bancos, pelas agncias comerciais, pelas lojas co-
merciais, pelos hotis, pelas salas de espetculos etc. O nmero de
habitantes dos bairros antigos diminui tanto mais depr essa quanto
mais os pontos comerciais substiturem os locais de habitao e o
envelhecimento das construes exigir operaes de r enovao. Re-
sulta da a primeira forma de choque dentro da cidade: ent re os
228
locais trabalho de todo o pessoal dos escritrios, das admin; ..
traes das c das lojas e os bairros onde deve f ixar r esi-
dnci a.' Por outro lado, na medida em que a cidade r ecebe ativi-
dades industriais. as fbricas e os mais antigos bairros operrios
engastam-se nas margens dos rios, dos canais, ou das vi as frreas,
mas os espaos industriais geralmente no contiveram as exign-
cias dte localizao das inst alaes tcnicas. Parte da mo-de- obra
no pode habitar nas proximidades dos locais de trabalho. Reside,
como o pessoal dos escritrios e das lojas, em bairros residenciais.
Salvo na economia socialista, stes bairros apresentam-se sob a
forma de bairros diferenciados conforme as categorias scio- pro-
fissionais da populao que les abrigam. Uma baseada
sobretudo no custo das construes e dos alugueis, que leva em
considerao o desejo dos mais favorecidos de no se misturarem
aos oper rios e aos mais modestos f uncionrios, separa os bairros
"operrios" dos bairr os de "classe mdia" e dos bairros ricos, aos
quais reservado muit as vzes, na gria das agncias imobilirias,
o nome de bair ros r esidenciais. As formas de habitao so vari-
veis: o bairro operrio pode associar edif cios de quatr o ou seis
andar es pobremente construdos, com fachadas que envelhecem
rpidamente, a pavilhes diminutos; o bairro de classe mdia ofe-
rece, t ambm, ora prdios com unidades mais confortveis, de apre-
sentao mais cuidada, que pertencem freqentemente a reparties
pblicas ou a coletividades especializadas, ora cidades-j ar dins c
lt eamentos com pavilhes estreitos e sem harmonia. O bairro de-
nominado r esidencial um bairro de imvel de grande confrto,
freqent emente em condomnio ou um bairro de parques. Na Am-
r ica do Norte, a classe mdia e parte da classe rica habitam bairros
de casas de campo, que se estendem por dezenas de quilmetros
em trno das grandes cidades, enquanto os menos favorecidos ficam
mais perto do centro, em bairros em vias de deteriorao.
As conseqncias desta evoluo urbana podem ser conside-
radas sob dois aspectos : o da ruptura da unidade e do sentimento
de unidade ou da solidariedade urbanas, o da separao geogr-
fica dos locais de atividade quotidiana e de localizao dos empre-
gos, dos locais de habitao. Os efeitos do primeiro so de ordem
psicolgica, sociolgica, poltica. Os efeitos do segundo so de or-
dem prtica: t rata-se da mobilidade quotidiana da populao urba-
na, <.e specialmente- mas no exclusivamente - da populao ativa.
Tdas as cidades so animadas por um movimento de t urbu-
lncia quotidiana que corresponde ao deslocamento das pessoas de
seu domiclio para os locais de trabalho e vice-versa. Original-
mente, e ainda hoj e nas cidades pequenas e mdias (at 300 ou
350 000 habitant es), o dia de trabalho dividido em dois expedien-
t es, com o r etrno ao l ar na hora do almo. So registrados quat ro
perodos de mxima circulao: a manh, o meio- dia, o perodo
entr e 13,30 h e 14 h e o f im da t arde . Acima de um limite dimen-
sional que varia segundo as condies de circulao local, mas
que se situa entre 300 000 e 400 000 habitant es, o deslocamento entre
um expediente e outro torna-se impossvel para a maior parte das
pessoas ativas. As migr aes quotidianas limitam- se, ento, a uma
vaga pela manh e outra tarde. Todavia, convm junt ar s mi-
graoes do trabalho as migraes do consumo G dos servios, que
229
urbana, operam no contexto de contradies permanentes entre
as aspiraes mais ou menos conscientes dos indivduos e os ser-
vios ou mercadorias que existem para serem vendidas ou aluga-
das. O urbanista deve levar em considerao tanto uma como a
outra coisa e procurar uma tica que permita ponderar a presso
dos intersses particulares e das facilidades financeiras.
232
CAPTULO II
A PROCURA
DE NOVAS RELAES
INTERNACIONAIS
1. A PROCURA DE UM EQUILBRIO ENTRE
CAPITALISMO E SOCIALISMO
O MUNDO FOI SACUDIDO, com intervalo de um quarto de
sculo, por dois conflitos que custaram a vida, segundo as
estimativas mais prudentes, respectiva11.ente a 10 e a 40 mi-
lhes de indivduos e arruinaram reg1es inteiras. Estava
em jgo a criao de novos imprios econmicos, alemo e
japons em detrimento dos imprios coloniais do sculo XIX
e da independncia das naes europias e asiticas. Estas
guerras podem ser atribudas ao passivo das contradies
de intersses da economia de concorrncia, oriunda da revo-
luo industrial. Mas elas marcam o fim da poca dominada
pela competio das potncias imperialistas para controlar
o mundo econmicamente. A Primeira Guerra Mundial ge-
rou as condies da derrubada do Imprio Russo pela revo-
luo bolchevique e a criao do primeiro Estado socialista,
a Unio das Repblicas Socialistas Soviticas. Ao atacar a
Unio Sovitica em 1941, a Alemanha de Hitler transformou
a guerra imperialista numa guerra entre Estados capitalis-
tas e o Estado socialista que se originou da revoluo de
1917. Os dois acontecimentos histricos estavam muito inti-
mamente interligados no mesmo processo de iniciativa para
que a derrota militar da Alemanha no significasse a con-
dio primacial de esclarecimento da situao. Desde 1945,
desde a advertncia feita, no ao Japo j vencido, mas
Unio Sovitica, cujos exrcitos progrediam em tdas as
frentes, pela bomba de Hiroxima, comeava-se a escrever
um nvo captulo nas relaes internacionais em escala mun-
dial, o da guerra fria, isto , a prova de fra entre os pases
de economia capitalista e os pases socialistas. Com efeito,
uma das conseqncias da guerra foi estender a zona de
233
influw:i do s<Jdaliswo sour e um bilho de h :..i lll ::llS e ace-
lerar o extraordinrio esfro industrial da Unio Sovitica
at o ponto de permitir-lh;. travar, no plano do potencial
estratgico, u.m dilogo de igu;;;l para igual com os Estados
Unidos. DmGnte dez anos, ::t geografia poltica do mundo
fol.dominada peb lt:ita de dois "blocc: s" coLC'l'etizados pm
alianas m.ilitc.H'S e econmicas : O. T. A .. N., O. T . A. S. E. O!,
Pacto de . .. C) puder ten1vel dus ele destrui-
cdo inacica; forJl ecid(JS pelo desen.volvnentu das tcnicas,
(t eu a esta luta um dramtico e, pot isso mesmo,
f'z surgir o intersse pela procura de frmulas de equilbrio
da "distenso". As na;es mais impacientes de urna rupt ura
do equilbl'io no so as na-es industriais que rnedem o
ureo dos conflitos anteriores e t111 conscincia do be.lano
:Oavoroso de um nvo conflito, mas as naes erre situa.o
de subdesenvolvimento acossadas pela insolvel cGntradio
entre sua misria tcnica, financefra e social e aceler ao
de seu desenvolvimento demogr-fico.
H vrios anos, os defensores capitalist a.
e social;ta exploram prudentemente os rneios de evits.:c um
confronto militar, que equivaleria a uma destruio recpro-
ca. sem excluir os ncome:n:;ur veis eLmos causados a outros
pi;sc-s. A tese da competio pacfica progrediu lentmnente,
apesar da hostilidade dos extremistas e dos aventureiros.
Ela tem apenas uma significao virtual a cur-to prazo para
os pases industriais, j qu as drcunstneias histricas pt::r-
mitiram aos pases capitalistas, graas prioridade no
mnio do crescirnento, chegar mais cedo do que a Unio
Sovitica ao lrnim da economia de consumo, apesar das
contradies internas especfi.cas do sistema entre o cresci-
mento dos lucros e a distribuico dos bens de consumo. Em
compensao, ela bastante dir1micn com relao aos pases
subdesenvolvidos. A situao hoj e, complicada por-
que os esquemas de desenvolvimento e a ajuda tcnica, que
est ligada a les, no so apresentados em forma de um
confronto simples com dois trmos. As teses capitalist as tm
mltiplos aspectos,. conforme os continentes e dependendo
dos donos da situao. As teses socialistas so soviticas ou
chinesas. Mas o t erreno delimitado e car acterizado sem
equvoco. Os problemas so prticame11te os mesmos para
( 1) Organizao dos do i
1
.tlntico Norte, Organi-
zao dos Territri os do Sudeste da Asia.
234
todos os pases subdesenvolvidos, com exceo das variantes
que advm de uma desigual presso demogrfica.
2. OS PASES SUBDESENVOLVIDOS APS A INDEPENDtNCIA
indispensvel est abelecer uma distino, tambm, en-
tre os pases que co21quistaram sua independncia no incio
do sculo XIX - a m.aior parte dos pases da Amrica La-
tina -- ou que no foram colonizados - a China - e aaules
que, aps um perodo mais ou menos longo de dominao
colonial, fazem atualmente a difcil experincia da indepen-
dncia: a ndia, o Sudeste asitico, a maior parte da Africa.
O livro de J acques Lambert mostra as fases sucessivas por
que passaram os Estados latino-americanos at atingirem as
atuais formas de govrno e de administrao<lJ. Sem com
isso querer prej ulgar das modalidades da evoluo poltica
dos novos Estados independentes, no h motivo para pensar
que les encontraram subitamente os quadros polticos, ad-
ministrativos e sociais qut! lhes permitiro levar a bom tr-
mo seus processos de cresciment o.
O estudo dos diversos conjuntos continentais demons-
trou que a independncia recebe suas caractersticas pr-
prias de seus antecedentes e das condies em que se reali-
zou. a descolonizao. Qualquer generalizao presta-se a
contestaes. Se verdade que as principais fontes de fra-
queza dos governos dos pases descolonizados so a inexpe-
rincia, a ignorncia dos problemas econmicos e a cor-
rupo, estas caractersticas aplicam-se desigualmente aos
diversos pases em questo. Estas no so, alis, exclusiva-
mente especficas das classes dirigentes dos novos Estados
independentes. Elas aplicam-se, em grande parte, a Estados
que tm um passado de independncia mais longo. O rigor
doutrinrio e o dogmatismo, que apresentam tambm srios
perigos, intervm em certos casos como corretivos para
outros vcios mais geralmente difundidos.
Existe uma caracterstica da geografia poltica que se
revela essencial por suas conseqncias: a tendncia geral
ao fracionamento territorial. Somente a ndia escapou ao
esfacelamento aps a diviso entre Unio Indiana, Ceilo e
Paquisto e, no mesmo continente, a Indonsia. A Africa
(I) J acques LAMBERT, A la tine, st?uctttTes sociales et
instit1ttions politiqttes, Presses Universitaires de France, "Thmis",
1960.
235
pulverizou-se, como anteriormente se tinha pulverizado a
Amrica Central. O Sudeste asitico resiste com dificuldade
aos processos de diviso e de desmembramento. Ora, se os
grandes Estados, como a China e a Unio Indiana, podem,
pelo menos em parte, empreender a transformao de sua
agricultura, equipar-se, desenvolver a indstria, tomando os
crditos necessrios aos investimentos da renda nacional,
explorando os recursos brutos fornecidos pelo solo e pelo
subsolo, a fim de compensar importaes indispensveis, o
mesmo no se pode dizer de pequenos Estados que cobrem
menos de um milho de quilmetros quadrados e possuem
menos de dez milhes de habitantes e por isso tm pouca
possibilidade de poder encontrar, dentro de suas fronteiras,
os fatres necessrios a seu desenvolvimento, salvo se as
condies de localizao dos recursos energticos e minerais
os favorecerem. Guin e Gana parecem, sob ste aspecto,
ser privilegiadas na frica. Mas a experincia do sultanato
de Kuweit demonstra que no basta um potencial para rea-
lizar aquelas condies. A inexperincia de pases mantidos
sob tutela e cujas elites voltaram-se de preferncia para a
preparao para as lutas polticas do que para a aquisio
de tcnicas de produo ou de administrao, o despreparo
daqueles pases, cuja aristocracia proprietria de terras ja-
mais dirigiu suas curiosidades para os problemas do desen-
volvimento moderno, fazem dles, ainda hoje, tributrios da
ajuda tcnica.
A descolonizao foi, alis, no mais das vzes, um fato
poltico mais do que um fato econmico. Sobretudo naque-
les pases em que a autonomia, depois a independncia, fo-
ram conquistadas com o mnimo de atritos, as posies das
sociedades comerciais foram mantidas e salvaguardadas. Os
intersses das companhias estabelecidas quando da coloni-
zao permanecem sempre poderosos, mais no setor da ex-
trao mineradora, das obras pblicas, da comercializao,
no setor bancrio do que no da agricultura, sem que ste
setor tenha sido totalmente abandonado. A atividade destas
companhias sustenta a renda nacional, evita as grandes co-
moes no mercado de trabalho, garante perspectivas de
crescimento. Existem inmeras razes que justificam garan-
tir-lhes possibilidade de ao, apesar da evaso de parte do
produto nacional bruto inerente ao sistema. possvel
acrescentar a, s vzes, outros meios de persuaso. O re-
sultado que os governos dos Estados independentes esto
236
mais ou menos ligados a companhias que sem
dificuldade, a descolonizao e que, na medida_ em que prc'"-
tendem manter distncia dos grupos que estao, aos olhos
de seus administrados demasiado comprometidos com as
recordaces da so obrigados a se associarem a
outros grupos a naes que no partiCiparam
da colonizaco ou a abrir o dilogo com os pases socialistas.
A frica abre-se em parte, ao financiamento americano ou
alemo assim ca'mo a Amrica Latina acolhe as iniciativas
europias a fim de contrabalanar a influncia onerosa do
capital . , A . , _
No h duvida de que o dwlogo econom1co e tao neces-
srio aos pases desenvolvidos quanto aos pases
volvidos. stes ltim'os esperam conseguir com le os mews
de superar o atraso crescente que os dos
industriais, os primeiros esperam ter poss1b1hdades de eqm-
librar sua economia conservando e ampliando os prolonga-
mentos de seus me;cados internos. Os pases subdesenvol-
vidos reEresentam, para os pases de_ economia industrial,
complernntos normais de sua economia, que seus
excedentes de tcnicos e de equipamentos e dispoem de
reservas de produtos brutos. A cooperao sbre
intersses recprocos. A forma desta cooperaao e obJeto de
pesquisas destinadas a encontrar que
pecha de neocolonialismo ou deA do
E nesta pesquisa, sofre-se a influencia entre
as economias capitalistas e as economias socialistas, que se
interessam, em primeiro lugar, pelos pases que t_m um
valor estratgico e cuja insero numa ou noutra clientela
tem tanto um significado poltico quanto econmico.
3. A PROCURA DAS FORMAS DE ASSISTNCIA TCNICA
At o momento presente a assistncia revestiu-se de
quatro formas principa}s: a aj':_da , de
bilaterais (da o emprego do termo _1mpropr10 aJuda
lateral), a ajuda das sociedades particulares, a aJuda multi-
lateral assegurada por intermdio das organizaes das
Unidas, a ajuda ,dos pases . , .
A ajuda estatal advem de. duas conJunturas histoncas:
a primeira a continuidade das relaes econmicas entre
antigas metrpoles coloniais e novos Estados independentes,
237
os quais fizeram parte de seu imprio e a segunda, a estra-
tgia americana.
A Frana destinou em mdia pouco mais de 5 bilhes
de francos por ano ajuda aos pases subdesenvolvidos, no
perodo 1956-1960, segundo um esquema de acrdos bilate-
rais, o Reino Unido dedicou durante o mesmo perodo apro-
ximadamente 1 bilho de francos por ano e a Blgica 500
milhes. A ajuda francesa destina-se, essencialmente, aos
antigos territrios coloniais franceses da Africa e de Mada-
gscar, a ajuda britnica diz respeito Commonwealth e a
da Blgica destina-se ao Congo.
O exemplo francs merece maior ateno, dado que a
Frana o pas europeu que consagra a parte mais impor-
tante de sua renda nacional ajuda aos antigos pases colo-
niis. Ela elaborou desde 1948, atravs das diferentes etapas
da descolonizao, um conjunto de sistemas bilaterais de
acrdos de ajuda aos pases ex-membros do Imprio. O
Fonds d'Aide et de Coopration (F. A. C.) gera os crditos
destinados assistncia tcnica, os quais r epresent am 2, 6%
da renda nacional francesa. O F. A. C. dispe globalmente
de crditos destinados a investime11tos, a estudos e a for-
mao de quadros. Alm disso, subvenes oramentrias
diretas, a garantia do Tesouro francs aos emprstimos con-
tratados na Frana, aumentam as facilidades oferecidas pela
Fr ana aos Estados africanos e malgaxe. Para o perodo
1956-1960, o montante da aj uda francesa ultrapassou 25 bi-
lhes de francos, no incluindo a participao da Frana na
ajuda multil ateral. O F. A. C. gastou em 1961 meio bilho
de francos com o financiamento de pesquisas em minerao
e de petrleo, de pesquisas cientficas, de ao cultural, de
estudos gerais e tcnicos , de relatrios de especialistas, de
misses permanentes de ajuda e de cooperao e de operaes
de desenvolvimento, de estabelecimento de infra-estrutura
etc. A Casse Centrale de Coopration conomique, que su-
cedeu Caisse Centrale de la France d'Outre-Mer, desem-
penha, por outro lado, o papel de bap.co de investimento.
Em quinze anos ela contribuiu com uma ajuda de mais de
trs bilhes. Alm da ajuda propriamente financeira, a
Fr ana concede aos pases que fizeram parte da
de" a ajuda de militares, de funcionrios, de tcnicos, oferece
blsa aos j ovens desejosos de estudar na Frana, financia
institutos de pesquisa etc.
A ajuda americana comporta diversas formas : ajuda
238
militar, ajuda econmica, denominada especial,
ajuda tcnica, crditos a longo prazo .para fmanc1amento de
planos de desenvolvimento, fornecimento de
agrcolas. O banco a
mdio prazo a fim de cobnr ope.raoes comerciais com
pases subdesenvolvidos, desprovidos de .reservas .maneta-
rias. P or outro lado, o Estado d ga,ranha ao capital par-
ticular desejoso de investir nos paises subdesenvolvidos,
contra' os riscos de nacionalizao.
Os capitais privados intervm, a , ga-
rantia do govrno, ao lado dos _PUbhcos. distnbmdos
a tt ulo de aj uda bilateral. Nos terntonos que fizeram parte
DISTIUBUICO GEOGRFlCA DA AJUDA AMERICANA
NO PERODO J ULHO 1957 JUNHO 1959
(em milhhes de dlares)
- - - --
I
Donativos Empr stimos
I
Total
frica ..... .
sendo:
Marrocos
'T' , .
..L UDlSla . ..... .
Lbia ......... .
R. A. U .. ... . .
\
179 146
I
\
\
325
83
61
58
38
Amr ica Latina
205 871
1076
sendo:
Mxico .... .
Argentina .. .. .
Colmbia . . .. .
Brasil ........ .
181
180
163
158
sia
1 961 1 420
3 381
sendo:
ndia . . ....... .
Coria . . . .. . . .
Paquisto .... .
Vietn do Sul ..
Filipinas ..... .
Israel ........ .
674
565
396
395
180
140
239
do . imprio colonial francs; sociedades bancrias, socieda-
des de investimentos e de estudos industriais, econmicos
e agrcolas contribuem com sua participao na elaborao
de levantamentos de recursos e em emprsas de equipa-
mento: Compagnie d'tudes Industrielles et d'Amnagement
du Territoire (C. I. N. A. M.), Compagnie Gnrale d'tudes
et de Recherches pour l'Afrique (C. O. G. E. R. A.), Socit
d'conomie et de Mathmatiques Appliques (S. E. M. A.),
Socit d'tudes et de Ralisations conomiques et Sociales
dans l'Agriculture (S. E. R. E. S. A.), Socit Grenobloise
d'tudes et d'Applications Hydrauliques (S. O. G. R. E. A. H.)
etc.
O capital privado ingls representa ainda a maior parte
das contribuies em capitais que vo do Reino Unido para
os pases da Commonwealth (duas vzes e mei a a conirmui-
o dos crditos pblicos).
sob a forma de investimentos privados que se realiza
o essencial da ajuda dos pases industriais que no partici-
param diretamente da partilha dos territrios coloniais, so-
bretudo a ajuda alem: 5 bilhes de francos 110 perodo
1956-1959 contra 1,5 bilho de crditos pblicos. Trata-se,
sobretudo, de crditos para a exportao, a longo prazo. Os
acrdos assinados com os pases beneficirios comportam,
sempre, a clusula de garantia contra expropriaes, nacio-
na.lizaes etc.
Seja qual fr a inteno que orienta os pases que con-
cedem ajuda militar, econmica, financeira ou tcnica aos
pases subdesenvolvidos, esta ajuda sempre suspeita de
encobrir intenes de intervir na direo ou na orientao
dos negcios polticos e econmicos dos pases assistidos. A
preferncia, em geral, pela ajuda multilateml. A ajuda
multilateral distribuda por organismos subordinados s
Naes Unidas. Servio de Assistncia Tcnica, Organizao
Internacional do Trabalho, Organizao Mundial da Sade,
Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia
e a Cultura (U. N. E. S. C. 0.), Organizao para a Alimen-
tao e a Agricultura (F. A. 0.), Agncia Internacional de
Energia Atmica (A. I. E. A.), Organizao da A viao Civil
Internacional (0. A. C. I.), Unio Internacional de Telecomu-
nicaes (U. I. T.), Organizao Meteorolgica Internacional
(0. L M.). A assistncia tcnica assegurada por intermdio
dstes organismos financiada pelos depsitos dos pases-
-membros. Durante o ano de 1960, os pases industriais de
240
positaram 880 milhes de dlares. Alm disso, u Banco
Internacional para a Reconstruo e o Desenvolvimento
(B. I. R. D.) concede emprstimos pelo prazo de 15, 20 ou
25 anos, garantidos por um govrno-membro, mediante uma
taxa de juros de 3, 5 a 6o/o , tendo em vista determinadas
operaes. O capital do B. I. R. D. alimentado pelos pases-
-membros da O. . U. e por emprstimos. De 1956 a 1959 o
capital subscrito elevou-se a 470 milhes de dlares, aos
quais devem ser acrescentados os emprstimos estatais, 444
milhes. O setor privado forneceu, por meio de emprstimo,
904 milhes. Em suma, a ajuda multilateral est longe de
atingir seja a ajuda americana ou francesa.
A Unio Sovitica, que participa da ajuda multilateral
na qualidade de membro da Organizao das Naes Unidas,
contribuiu grandemente para a arrancada das economias
socialistas das repblicas populares, concedendo-lhes cr-
ditos a mdio e longo prazo, fornecendo-lhes equipamentos
e ajuda tcnica em forma de emprstimo e especialistas e
criao de universidades, de centros de pesquisa, de escolas
~ c n i c s de diversos nveis e de emprsas para as pessoas
enviadas por stes pases a fim de adquirir uma qualificao
profissional.
A partir de 1956 a ajuda sovitica estende-se aos pases
subdesenvolvidos, seja qual fr a estrutura poltica, econ-
mica e social dstes ltimos. Sucessivamente, o Oriente M-
dio, a frica, a Amrica Latina, a sia Meridional entraram
para o domnio geogrfico dos pases que se beneficiam dos
emprstimos a longo prazo, a taxas de juros baixas, de for-
necimentos de equipamentos, de assistncia tcnica e de
compra de produtos diversos em troca dos fornecimentos
r ecebidos. Os acrdos concludos entre a U. R. S. S. e os
pases subdesenvolvidos apresentam, com relao queles
que so assinados com os pases capitalistas, s vzes pelos
mesmos signatrios, certas vantagens apreciveis para os
pases em questo: o longo prazo e os juros baixos, a ausn-
cia de exigncia de garantias, o carter no seletivo da ajuda,
que no leva em considerao as possibilidades de desen-
volvimento de setores concorrentes. Ela aplica-se priori-
triamente ao desenvolvimento da indstria, mas pode ser
compensada integralmente por fornecimentos de produtos
agrcolas e produtos brutos. Entre as repblicas populares a
Tcheco-Eslovquia aquela que mais contribui para a ajuda
t cnica aos pases subdesenvolvidos sob as mesmas formas
que a ajuda dada pela U. R. S. S.
241
DISTRIBUIO DA AJUDA SOVITICA
E DAS REPBLI<!AS POPULARES EUROPIAS
AOS PASES SUBDESENVOLVIDOS EM 1960
(em milhes de dlares)
~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ c
1 U.R.S.S. Tcheco-Eslovquia . Outras
I repblicas
Unio Indiana .... .
R. A. u ....... .
Indonsia . . . ~ ... . .
Cuba ........... . .
Iraque ...... .
Afeganisto ..... . . .
Gana, Guin, Etipia
I
504
225
250
100
45
80
80
87
94
53
40
34
14
22
48
14
136
8
~ ~ ~ ~ ~ ~
A prpria China, que se beneficiou de uma importante
ajuda da Unio Sovitica at o incio da dcada de 1960,
empreendeu uma poltica de ajuda a partir de 1953, primei-
ro aos pases da Asia e, depois, a partir de 1956, a outros
pases: Repblica rabe Unida, Camboja. . . Ela recomenda
especialmente as polticas de equipamento base da mobi-
lizao do capital-trabalho e apia sua propaganda ideol-
gica e tecnolgica em emprstimos e donativos correspon-
dentes a pouco menos de 1% do valor do produto nacional
bruto.
Diante de semelhante diversidade de formas de ajuda,
rnas ou menos isentas de exigncias polticas ou de esprito
de lucro, os pases subdesenvolvidos procedem - - tanto mais
que suo.s elites so em parte nacionalistas - de maneira
parcialmente hesitante e embaraosa. O p;::o das fras de
inrcia (estruturas sociais tradicionais, compromissos feitos
com companhias estrangeiras a fim de obter novos investi-
mentos, preocupa.o de determinadas classes sociais no sen,
tido de no empreender nada que possa conJ.prometer sua
segurana) entrava o processo de desenvolvimento, impede
qualquer abertura. de novas vias, salvo em alguns casos J5m.i-
tes. Ora, na verdade, os pases capazes de fornecer os re-
cursos macios de um financiamento eficaz no se compro-
metem, pos les no tm confiana no dia de amanh, sejam
quais forem seus anseios com relaco a ste dia de amanh.
ajuda limita-se a operaes a cm:'to pr.no, que n.o chegam
mesmo a impedir a diferena que existe entre o crescimento
dos pases desenvolvidos e o crescimento dos pases subde-
242
senvolvdos. Tudo parece ser ainda frgeis improvisaes,
hiDteses herdadas do passado. As jovens geraes, cada
J: ~ l t- ' " t
vez mais numerosas, impac1entam-se. J!; as es ao a rren e
de tdas as revoltas. H meio sculo os Balcs eram consi-
derados o centro da instabilidade do mundo. No seria fora
de propsito pensar que o maior risco de instabilidade hoje
estaria contido numa "balcanizao" do T<co.rceiro lVl:undo.
243
ORIENTAO BIBLIOG RAFICA
difcil propor uma orientao bibliogrfica
de VI sao geral da situao do mundo atual. Com efeito,
nao e escolher entre uma bibliografia enciclopdica e uma
de "de conjuntura" que fornea
atuais dos van_?s contmentes ou dos grandes problemas
A pre.earaao . destas n9tas bibliogrficas foi guiada
pelo cmdado em nao relacwnar senao os ttulos mais recentes de
obras eventualmen_te, de de atualizao. Fomos ol:::ri-
na o sem a nao Citar alguns dos clssicos funda-
porque nao cabiam na perspectiva dste volume. Foram
as r eferncias a obras que permitissem caracte-
sltuaao atual do mundo e os processos que levaram a esta
sltuaao - supondo serem as grandes colees e as
o bras . gra":s ":S _quais P?de ser feito o balano
.e h1stonco da contnbmao dos seculos passados. Biblio-
grafias m<l;IS aprofundadas sero apresentadas em cada um dos vo-
lumes regwnars ou que dos problemas gerais publi-
cados na coleao. ReduZimos, portanto, voluntriamente,
a presenJe a alguns estudos de tomada de posico e de
onentaa.o, obra de erudio. No nos parceu til
as que se encontram nas obras essenciais.
Consideramos suflc1ente, por tanto, citar as obras que tm
0
m-
nto tanto de a?s obJetivos da pesquisa dste volume quan-
to conter as bibliografias adequadas.
Georges. BALANDIER, L_e Tjers Monde. Sous- dveLoppem.ent. Obra
rea!1zada sob a direao de Balandier, com a colabo-
raao de Hubert Deschamps, Pierre George Louis Henry Mau-
rice Claude Lvy, Jacques Yve; Martin,
J acques Pn;ssat, Jean Sutter e Lon Tabah,
Instltut d Et;;des Dem<_Jgraphiques, "Travaux et do-
cuments , caderno n . 27, P ans, Presses Universitaires de
France, 1956, 392 p.
BEAUJEU-GARNIER, Gographie de la population Paris
de Mdicis, 1956 e 1958, 2 vol., 575 e 430 p. 5o e 4Z
. llustraoes, .e XXII planchas,. 6 mapa:; for a do texto.
Leon BuQUET, L opttmum de populatwn, Pans, Presses Universi-
t_aires de France, 1956, 308 p.
Jo.sue de Geopoltica da So P aulo, Brasiliensc, I 9Gl.
M1chel E<E?E, JYiaunce Economte alimentaire du globe
P ans, L1bra1ne de Medic.ls, 1953, 640 p., 54 ilust. '
244
Louis CHEVALIER, Dmogmphie gnmle, Paris, Dalloz, 1951, 599 p.
CONFERNCIA MUNDIAL SBRE POPULAO, Roma, 1954, Relatrios
publicados pela diviso de Questes Sociais, Seo demogr-
fica das Naes Unidas, 7 volumes grossos roneotipados.
CONFERNCIAS DA UNIO INTERNACIONAL PARA O ESTUDO CIENTFICO
DA POPULAO (de dois em dois anos e freqentemente em li-
gao com os congressos do Instituto Internacional de Esta-
tstica), sucessivamente Genebra, Nova Delhi, Rio de Janeiro,
Estocolmo, Viena, Nova Iorque, Otawa. As comunicaes de
cada Conferncia foram reunidas em volume separado ou em
volume especial dos relatrios do Instituto Internacional de
Estatstica. Relatrio de Pierre GEORGE nos Annales de Go-
gmphie, principalmente para os trs ltimos: A Conferncia
da Unio Internacional para o Estudo da Populao em Nova
Iorque, Annales de Gographie, LXXII, 1963. p. 94-98; O Con-
gresso internacional de estudo da populao, Viena, 1958, ibid.,
LXVIII, 1959, p. 536-540; Contribuio da trigsima sesso do
Instituto Internacional de Estatstica para a geografia humana,
ibid., LXVII, 1958, p. 49-52.
Max DERRUAU, Prcis de gographie hurnaine, Paris, Armand Co-
lin, 2.a ed., 1964, 572 p., 78 ilust.
Pierre FROMONT, Dmogmphie conomique. Les mpports de l'co-
nomie et de la population da. ns le monde, Paris, Payot, 1947,
222 p.
Pierre GEORGE, Introduction L'tu.de gographique de la popula-
tion du monde, Institut National d'tudes Dmographiques,
"Travaux et documents", caderno n.
0
14, Paris, Presses Uni-
versitaires de France, 1951, 284 p., 14 ilust.
Qtwstions de gographie de la population, Institut National
d'tudes Dmographiques, "Travaux et documents", caderno
n.
0
34, Paris, Presses Universitaires de France, 1959, 229 p .,
28 ilust.
Philip M. HAUSER, Population and World Politics, Glencoe (!Il),
The Free Press, 1958, 297 p.
Adolphe LANDRY, Trait de dmographie, Paris, Payot, 2.a ed., 1949,
655 p ., XXXI p.
MILBANK MEMORIAL FuND, Approaches to PTDblems of High ferti-
lity in Agmian Societies, Nova Iorque, 1952, 171 p.
Giorgio MORTARA, Economia deUa popolazione. Analisi delle rela-
zioni trafenomini economici e fenornini demografici, Torino,
Un. Tipogr. dit., 1960, 514 p., numerosas ilust.
Mareei REmHARD, Andr ARMENGAUD, Histoire gnrale de la po-
pulation, Paris, Ed. Montchrestien, 2.a ed., 1961, 597 p., 72 ilust.
Alfred SAUVY, Thorie gnrale de la population, Paris, Presses
Universitaires ele France, "Bibliotheque de Sociologie contem-
poraine", 1952, 2 vol., 370 e 397 p., 100 ilust.
- De Malthus Mao-tse-t01mg, le probleme de la popnlation
dans le monde, Paris, Denoel, 1953, 303 p.
Max. SoRRE, L'homme sur la terre, Par is, Hachette, 1961, 365 p.,
26 ilust. XXIV pl., 11 mapas.
Germaine VEYRET- VERNET, Population, mouvements, structu1e, r-
partition, Grenoble-Paris, Arthaud, 1959, 267 p., 69 ilust.
Raymond ARoN, Dix-lmit leons la socit industrielle, Paris
Gallimard, "Ides", 1963. '
245
Fritz BilADI:, L a cour.se ran. 2 000, trad. Miche l GMUJAZ. Prtris,
Presses Universitaires de France, 1963, 265 p.
Wilhelm BITTOHT, Automation, Die zweite IndustTi.elle RevoLution,
Darmstadt, 1956, Leska Verlag.
Gian BoozzoLA, Antomazione ed economica del lavoro, AHtomazio-
ne e automatismi, julho-agsto 1960, pp. 15-221.
Cahie'l's d'tude de L'automation, n os 3 e 4, Paris, ditions du Cen-
t r e National de la Recherche Scientifique, 1962 (direo Fi er-
r e NAVILLE).
L. CouFFIGNAL, A Ciberntica, So Paulo, Difuso Europia do
Livro, col. "Saber Atual" , n .
0
107, 1966.
J. DIEEOLD, Automation, trad. fr., Paris, d. Dunod, 1957.
Jean FouRASTI, A PTodntitidade, So Paulo, Difuso Emop ia do
Livro, col. "Saber Atual", n.
0
18, z.a ed. , 1961, 124 p .
- La grande mtamoTphose du XXe sicle. Essai su1 queiques
pToi:.Hmes de L'humanit d'ml..,i01l1'd'hui, Pari s, Presses Univer-
sitaires de France, 1962.
Lc gTand espoir d1t XXc siecle, nova edir:J, Paris, Galli mard,
1963, 372 p., 46 ilust . e quadros.
Georges FRIEDNIANN, PTobl.rne:> 1w:mains dn m.achi.nisme incl.v.strid,
Paris, 1946, 388 p.
Le travaH en miettcs, Paris, Gallimard, 1956, 340 p.
OU va. l.e t ra.va,il. hu.mnin?, P aris, Gallimard, novs edi,o, 1963,
453 p.
V{illiam GRossiN, L'autamation. De.s recLroniques au.x
usines oti.1J?' 1;s, MontB Carlo, :ifcnt. d'J Cap. , junho 1960,
92 p.
Raymond GuGLIELMO, A Petmqv_mi.ca no .Mundo, So Paulo, Di -
fuso Europia do Livro, col. "Saber Atual", n.
0
77, 1958, 128 p.
Le gaz natureL dans Le monde .. P ari s. Presses Unversitaires de
France, col. "Que sais-je?", n.
0
896, 1960, 123 p .
Silvio LEONARDI, Le m.acchine u.stensi.U. e La Loro indu.stTia, Milo.
Instituto Giangiacomo Feltr inelli, 1961, 173 p., 4 ilust.
Serge MALLET, J::Iovos aspectos da indstria francesa. Uma fbr ica
desconcentrada, a Companhia das Mqui nRs Eull, Les tem.p.o;
no1.Iveaux, 1959, p. 1355-1393.
La nogveUe classe 01.1V1'iere, Paris, lflfi::l, ltd.i t. rlu fl euil, cn l.
La Cit prochaine, 270 p.
Picrre :NAVILLE, L'automaton et le tn1va.iJ h.wno.in, Paris, Editions
du National de la Recherche Scie:ntifique, 1961, '141 p.
Pesquisa realizada. por C. BARRIER, C. CoRDIER, W. GROSSIN,
D. LAHALLE, H. LEconr;N, .r. PALn;R:NF,, B. MmsY, G.
MANN.
Frederick POLLOCK, Uautomation, se;:; consqv.ences conomiques
et sociales, trad. D. de CoPPET, prefcio de Georges F BIEDMANN,
Paris, ditions de Minui.t, 1957, 256 p.
Paul da RousiERS, Les grandes indust 1'ies m.odei'nes, Paris, A. Coln,
4 volumes, 1931-1926, 264p. ada. A ima.gem da "pri meira re-
voluo industrial".
Maurice RsTAND, L'antomation, ses consquences humai.nes et
ciales, Paris, Les ditions Ouvrieres, 1959, 136 p.
Louis SALLERON, L'agtomati.on, Paris, Presses de
Fra.ncc, col. n.
0
723, 1962, 126 r).
246
Max. Sonrm, L, es fond enu:nts techniq,ies de la gographi e humaine,
Paris, A. CoLIN, 2 voL, 1948-1950, 1090 p.
Claude VINCENT. Willi am GRossiN, L'enjeu de L'aut omatisation,
Paris, ditions Sociales, 1958, 158 p.
Gabriel ARDANT, Le monde en fTiche, Paris, Presses Universitaires
e France, 1962, 322 p.
Tviaurice BAUMONT L a fain'i.t e Je la 'JXlX, 1919--1939, Paris, Presses
Univer sitai res' de France, "Peuples et Civilisations", 1945,
817 p.
Howard K. BEALE, 'J'heodore Roosevelt anr.l. the Rise of Ameriea
to World. Power, Baltimore, J ohn Hopkins, 1958, XXIV -600 p.
Jean BRUHAT, Histri a da U. R. S. S., So Paulo, Difuso Emo-
pia do Livro, col. "Saber A.tya_l", n.
0
63,_ 140, 1? _1956. .
Henri BRUNSCHWIG, NIyt'hes et 1ealtt es de l.'trnpertal1sme colo'fnal
jTanais, Paris, Armand Cor..m, 1960, 206 p.
Jean CHARDONNE'I', Les consquences conomiqttes de la guerre
1939Q1946, Paris, Hachette, 1947, 327 p.
L'conome mondiale an miaeu du XX siecLe , Paris, Hachett e,
1952, 378 p.
F'r anois CROUZET, L'conornie dn Com:nottwearth b?'itannique, P a-
ris, Presses universitaires France, col. uQue sais- je?", n.u
403, 128 p.
l.vlaurice CRODZE'l' , A. poca conte1npurnea. A. P?'OCUTa de uma
civili;wiio nova, So Paulo, Difuso Europia do Livro, "His-
tria Geral das Civilizaes", t. VII, vols. XV - XVII, 1963, 870
p., ilust. e planchas.
Hul.::st D;;:scnAMPS, La des empires coloninu:x:, Paris, Presses
Universitaires de Fr ance, col. "Que s a::l-je't". n.
0
409, 2.a ed.,
1059, 123 p.
R. P. Noel D HVJA'I' , Les pays de la fa-im, Flammarion, 1963.
Louis H .. FRANCK, 1-Ustoire conomique et sociaie des tats-Unis
de 1919 1949, Paris, Aubier, ditions Montaigne, 304 p.
Pierre G Em:GE, L'conomie de L'U. R. S. S. , Paris, Presses Uni-
versi'wires de France, col. "Que sais-je?", n.
0
179, 128 p.; e
U. R . S . S., col. "Orbis", 2.a ed., 1962, t197 p.
Hemi G RI MAL, Histoire d1L Commonwealth b1'itannique, Pari:::,
Presses Universitaires de Fnmce, col. "Que sais-je?", nY 334,
1962, 128 p. '
John Atkinson HomwN, lmper ia[ism, a Stndy, Nova Iorque, 1902,
400 p.
Yves LAcosTE, Os Pases s-ubdesenv olvidos, So Paulo, Difuso
Europia do Livro, col. "Saber Atual", n .O 62, 128 p., 1968.
L. J. LEBRET, Stcdio va SobTevivncia do Oc-idente, S. Paulo,
Livraria Duas Cidades, 3.a ed. 1964.
Wassili W. LEONTIEF, La stTucture de L'conomie a1nricaine, 1919-
-1 939, trad. Marantz, Paris, Libr airie de Mdicis, 27'7 p.
Pierre LEROY-BEAULmu, Les -rwEvclles socits anglo- saxonnes,
Paris, Armand CoLIN, 1897, 493 p.
F. L'HUILLIER, D. IN. BROGAN, G. CASTELLAN, J. D. B. lVIILLER, P.
MONBEIG, HistoiTe de not?e temps, poriti.q'ctes nationales et
conflits intemationaux, 1945-1962, Paris, Sirey, 1964, 408 p.
Gunnar MYRDAL, Une conomie internationale, P aris, Presses Uni-
v ersitaires de France, "Theoria", publicaes do I. S. E. A.,
19[)8, 506 p.
247
--------------------------------------
D. PASQUE'l', Histoir-e politique et sociale cht peuple cnnr-iccrin,
Paris. A. PrcAHD, 1931, 3 vol., especialmente t. II, p. 411-1090.
bibliografia exaustiva at 1930.
Franois PERROUX, .La coexistence pacifique, Paris, Presses Uni-
versitaires de France, 1958, 3 vol., 666 p.
Louis POMMERY, Aperu d'histoire conomiqtLe contemponcine,
1890-1939, Paris, Librairie de Mdicis, 1945, 473 p.
Wilhelm RPKE, .L'conomie Mondiale aux XIXc et XXe siecles.
Institut Universitaire des Hautes tudes Internntionales, n.
0
32,
Genebra, E. Droz, Paris, Minard, 1959, 237 p.
Robert ScHNERB, O Sculo XIX, o Apogeu da Expanso Europia,
1815-1914, So Paulo, Difuso Europia do Livro, Histria
Geral das Civilizaes", t. VI, vol. XIII, 1961, 318 p., ilust. e pl.
Andr SIEGFRIED, .La crise britanniqtte au XXe siec!e, Paris, A.
CoLIN, 1925, 225 p.
.La crise de l'Ewrope_, Paris, "Questions
lit", 1935, 125 p.
Jean SURET-CANALE, .L'Afrique Noire, Paris, ditions Sociales, 1964,
2 vols., 318 p.
Jacques WEULERSSE, Noi.rs et Blancs, Paris, Armand CoLIN, 1931,
242 p.
Raymond ARON e outros autores, .L'un'ification conomique de
l'Europe, Neuchtel, ditions da la Baconniere, 1957, 164 p.
Raymond ARON, Daniel LERNER, .La querelle de la C. E. D., Cahiers
de la Fondation Nationale des Sciences Politiques, n.
0
80, Paris,
A. COLIN, 1956, XVI- 216 p.
E. S. AsHER, W. M. KoTSCHNIG, W. A. BROWN, The Uni"ted Nations
and Economic and Social Cooperation, Washington, 1957, XII-
561 p.
Franois BLOCH-LAIN e outros autores, La zone franc, Paris,
Presses Universitaires de France, "Bibliotheque de la Science
economique", 1956, 512 p., ilust. e mapas.
Louis CARTOLI, Le March Commun et le droit pub!ic, Paris, Sirey,
1959, IV -200 p.
C. CHAUMONT, .L'organisation des Nations Unies, Paris, Presses
Universitaires de France, col. "Que sais-je", n.
0
748, 128 p.
C. A. CoLLIARD, Institutions inte-rnationaLes, Paris, Dalloz, 1956,
527 p.
P. B. CousTE, .L'association des pays d'outcre-mer la Commu-
naut conomique EuTopenne, Paris, Librairie Technique,
1959, XVI-288 p.
Georges DEc,o, Antonin SEMINI, Le March Cormmm, Paris, Ha-
cnette, 1958, 228 p.
Jacques DENIAU, O Mercado Comum, So Paulo, Difuso Europia
do Livro, col. "Saber Atual" n.
0
116, 1966.
Philippe FROMONT, Les transports dans les conones sot<s-dve-
loppes, Paris, Librairie Gnrale du Droit et de Jurispru-
dence, 1957, VII-332 p.
Pierre GERBET, Les organisations inteTnationales, Paris, Presses
Universitaires de France, col. "Que sais-je?", n.
0
792, 1958,
128 p.
Jean GoTTMANN, .Les marchs des matieres premieres, Paris, A.
CoLIN, col. "Science politique", 1957, 435 p.
HOFFMANN, Vcrs l'tudc systmatique des mouvcmcnts
248
d'intgration internationalc, Revue fmnaise de Scienee po-
l'itique, IX, n.
0
2, junho de 1959, p. 474-485. Segundo duas
obras americanas sbre a Europa.
Organisation interncttionale et politiq.ttes des
Paris, A. CoLIN, Cahiers de la Fondatwn Natwnale des SCI-
ences Politiques, n.
0
52, 1954, 428 p.
w. H. c. LAVES, c. A. THOMSON, u. N: E. s.T c;. 0.,_ Ptopose, Pro-
gress, Prospects, Bloomington, Indiana Umverslty Press, 1957,
XXVI-469 p. . . . C
R. C. LA wsoN, International Regwnal Orgamsatwns. onstttutw-
nal Foundations Nova Iorque, F. A. Praeger, 1962.
Ren MAURY, .L'intFation europenne, Paris, Sirey, 339 p.
Marc MONTCEAU .L'Organisation Internationale du Trava,
-1959 Paris 'Presses Universitaires de France, col. "Que sms-
-je?"' n.
0
836, 1959, 128 p. T
Pierre MoussA, .Les nations proltaiTes, Paris, Presses Umversl -
tai.res de France, 1959, 204 p.
E. E. PAPANICOLAOU, Coopration internationale et dv eloppement
conomique, Genebra, Droz, 1963. . , . ., e
Franois PAULHAC, Structures et perspectwes econormques em XX
siecle, Paris, J. Vrin, 1957, 302 p. . . ,
Eugene PPIN, Gographie de la circulation anenne, Pans, Gal-
limard, 1956, 343 p. .
Roger PINTO .Les organisations europennes, Pans, Payot, 1963.
Paul REUrEa', .La Communattt Europenne du Charbon et de
l' Acier, Paris, Pichon, 1953. . . . .
.Les institutions internationales, Pans, Presses Umversltmres
de France, col. "Thmis", 1962.
Jean de SAILLY, .La zone Sterling, Prefcia de
Paris, A. CoLm, Cahiers de la Fondation Natwnale des Sclen-
ces Politiques, n.
0
84, 1957, X'{III:-146 :p. .
Jean SALMON .Le rle des oTgamsatwns mternatwnales en ma-
tiere de prts et d'emprunts, Pedone, XX-366 p.
Lucien de SAINTE-LORETTE, Le Marche Commun, Pans, A. CoLIN,
col. Armand CoLIN, n.
0
333, 1958, 224 p.
Jacques SECRETAN, Nations Unies fdralisme?, Paris, Sirey,
1958, 88 p. ' h' h .
Max. SoRRE, .Les fondements techniques de la geograp
obra j citada, especialmel!te 9 tomo II, consagrado as tecmcas
de transporte e de comumcaoes.
Jean de SoTo, La Commtmaut Et<ropenne Charbon et de
l' Acier, Paris, Presses Universitaires de France, col. "Que
sais-je?", n.
0
773, 1958, 128 p.
Daniel VrGNES .La Communaut Ettropenne du Charbon et de
I' Acier, Pa'ris, Librairie Gnrale de Droit et de Jurispruden-
ce, 1956, 196 p. , .
Richard WRIGHT, Bandoeng 1 500 000 000 d hommes. ,Traduzido
ingls por Hlene CLAIREAU, Paris, Calmann-Levy, col. "Lr-
bert de l'esprit", 1955, 207 P. . _
As Naes Unidas a Comumdade Europia do Carvao e do
Ao, a Comunidade E;u:opia seus
vios de publicaes, editam anuanos, boletms, pen-
dicos e circulares que, tanto para o estudo do funcwnamento e
da competncia das organizaes internacionais como para o co-
249 ---------------------- -------
nhecimento da Gfvluo econmica e sucial dos diver sos pases
do mundo, constituem uma documentao muito abi..mdante e cuja
consulta indispensvel.
Claire ALPHANDRY, L'Amriq-ue est-elle tTOIJ r iche ?_ PBris, Cal --
mann-Lvy, 1960, 179 p.
Jacqueline Andr Les nes BTitanni-
q-ues, Paris, P1 esses Universituir es de Franco, eol. "Orbis",
1963, 558 p , 'iO ilust. (cumpar ar com. as condi3es das Ilhas
Britrucus d;;,;c:ritas por Al bt:r-t DEIVIANGf:ON em 192?, citado
anteriormente).
Pierr-e BIROT, (lABEfi'l 'J La lVIrf:d"ite'trane et re 1\tJcyyen- Orient_,
t . I : La Niclite-rmne oc.:id.entaie, Paris, Presses Universitai -
res de E'rance, coL "Or-bis", 2." ed., 1964, 54< p., 56 ilust.
n.'rnest L. BoGAR'l', Drwald L KEMiv1E:RER, Economic H-istot"IJ of the
Amer-ican People, Nova Iorque, J.!H2, X-909 p.
Claude CHALINJ::, Pierre GJlORGB, l'lar1ce RoG, L'Europe de,;
cha-11.ds et des navigateun, P&.ris, P:resses Universil.ires de
France, eol. "Europe de demain", 19Gb, 208 p.
Henri CHAMBRE e outros autores, L'U. R, S. S., Druit,
Socit PoUtique, Cultme, Centre de recherches sur l'U. R. S. S.
et l es fays de l'Est, de la F'acult de Droit de Strasbour g et
VI e section de l'cole pratique des I'Iautes tudes, Paris, Sirey,
1962, 704 p,
J. CHOlvTEART DE LAtJV\'E. paysans Paris, dit. du
Seuil.
CLOSON, GEORGE, ".!!'rance de Demain", Paris, Pres-
ses Universita res de France, col. de oito volumes de 160 p.
cada, om a colaborao do. Pierre BARRERE, Jean BASTI,
Andr BLANIJ, Louis Bummr, Paul CARRErm, Raymond Du -
GRAND, Pierre EsTIENNE, Piene :B'Lll.TRES, Roger HEISCH, Rober t
JOLY, tienne J ui LLARD, Jean LABASSE, JViichel L AFERTIERE, Serge
LERAT, Roland NISTRI, Claude PRil: CH."EDP. , Pier-re R ANDET, Joanny
RAY, Michel ROCHEFORT.
Max DERRUAU, L'E-urope, Paris, Hachette, 1958, \}4 p., ilust.
Ren DUMONT, Sov khoz, Kolkhoz, ou la pr-ob1mat-iqtte,
Paris, Le Seuil, 1964, 381 p.
J ean-Baptiste D'uROSELLE, De Wilso-11 Roosevelt, P aris; A. CouN,
1960, 495 p.
Franois GAY, Paul VvAGRE'r, 1../conmnie de l'Italie, Paris, Presses
Universitaires de France, (;01. "Ql!e n.
0
1007, 1062,
128 p.
Pierre GEORGE, Gogmphie de l'ItaLie, Paris, Presses Universitaires
de France, col. "Que sais- je'?", n.
0
1 125, 1964, 123 p.
L'conom-ie des stats- Unis, Paris, Presses Uni'lersitair es de
de France, col. "Que sais-je?", n.
0
223, ?.a ed., 1963, 128 p.
250
e Jean TRICAH'l', L'Europe centrale, Paris, P. U. F. , col. "Or-
bis", 1954, 752 _p. que deve ser atualizada, principalmente
quanto s repblicas populares, com a ajuda de:
conomie de l'E-umpe centrale slave et clan-ubienne, Paris,
P. U. F., col. "Que sais-j e? ", n.
0
328, 2.a ed., 1962, 128 p., e:
Gogmphie de l'Eumpe centrale, Paris, P. U. F., col. "Que
sais-je?", n.
0
1123, 1964, 128 p.
L'conomie de l'U. R. S. S. , Paris, P. U. F., col. "Que sai:; - je? '',
n." 179, 9.a ed., 1962, 123 p.
Gograph-i e de l'U. R. S. S. ) 1"lari s, P. u< F., col. UQue sais -.j e"? ",
n .
0
1 079, 1963, 123 p.
J E: an-Marcel J .!!:!\NNENZY, F'o?ces et fai blesses de L'conomie fran-
aise, Paris, Armand CoLIN, col. "Science politique", 1956,
340 p.
Tableanx statistique:; relatifs L' conomie fmna-ise et L'co-
nomie nwndiaZe, Paris, Armand COLIN, Cahiers de la Fondation
Nationale des Sciences Politiques, n." 87, 1957, 200 p.
UNIDAS, ttt de sm la sit twtion conomique de I'EuTove,
r elatrio anual da Comisso Econmica para a Europa, L"
ano, 1946.
Fumois PERBODX, L'Kurope oam: rhage;; .. P. U. F., 1954,
668 p.
Ar,dr PmTftt.s, l /cu7tomie cuntemponue .. Paris,
braire de Mdieis, 1952, 672 p.
L'homme e't e Rhin, Paris, Gallimard, 1965.
.Te;:m RrrTER, [.p Rhi?t , Paris, P U. F' ., ebl. "Que sa.is- je'=''', n -" 1 065,
1963, 128 p.
Louis de SAINTE- LORETE, J../-ide d'anion fdrale europenne, Paris,
A. COLIN, 1955.
Andr TuNc, Les Eta:t,>Unis, Prefcio de G. BuRDEAU, Ptltis, Li-
br-airie d.e Droit et de .Jurisprudence, 1959, IV -286 p.
Anouar J!:gypte socit militai?e, Paris, l:ditions
du Seuil, 1952, 380 p.
Albert AYACHE, Le Mame. BHan dt: La colonisation, P.-uis, ditions
Sociales, 1856, 361 p.
J. J. BERRRBY, Le golfe Penl'ique, nteT ele legende, r seriJO'it ele
ptrole Ir, Iraque, Arbia Saudita, Kuweit, Barein, Catar,
Costa dos Piratas, Mas(;ate, Om Paris, Payot, 1959, 228 p.
Pierre BmoT, Jean DRESCH, La !Vfd-te-rrane et Le 1'/Ioyen-Orient,
t. II: La 1\!Iditermne 01ientale et te lVIoyen-Orient. Le;;
Balkans, l ' Asie 1\'lneu-re, le Moyen 0-rient. Paris, P. U. F.,
co!. "Orbis", 1956, VIII-52l5 p .
CHEVALIER, Le p1obleme dnwgraprdque -notd-africain, Paris,
Institut National d' tudes Dmographiques, "Travaux et do-
curnents", caderno n.
0
6, Par is, P, U. F ., 1947, 224 p.
.Jean DEsPem, L'A .. j1i qHe d'u Nord, Paris, P . U. F., 3a Pd. , 1964,
XII- 622 p., numerosas ilustraes.
Raymond FURON, Le PToche-Orient, Syrie, Lfban, Is1ael, Jordanie,
Imq, A.rabie, Paris, Payot, 1957, 267 p., numerosas ilust r aes.
Ren GALrssoT, Uconomie de l'Afrique du Nord, Paris, P. U. F. ,
col. "Q1:1.e sais-je?", n .
0
965, 128 p.
li:lias GANNAG, Croissance conomique et stnLCtliTes au Moyen-
-Orient, Paris, dit. de Mdicis, 1953, 145 p .
Ren GENDARME, U conomie de l'A.tgrie, P aris, A. COLIN, col.
"Science politique", 1959, 300 p.
J ean GoTTMANN, t1tdes stt7' l'tat d'lsrael et le Moyen-OTi ent,
1935- 1958, Paris, Armand CoLIN, 1959, 179 p.
Pierre GoRou, L'Asie, Paris, Hachette, 1953, 541 p.
Gaston HAELLING, Palestine ismlienne, Paris, Editions de Jeune
Parque, 1952, 290 p.
P . HALL, A. W. NovEs, CmTent Research on the Middle East,
1955, Washington, The Middle East Institute, 1956, 196 p . Bi-
bliografia exaustivn.
251 ----------------------------------------
Joseph KLATZMANN, Les enseignements de l'exprience isralienne,
Paris, P. U. F., cal. "Tiers Monde", 1963, 300 p.
J. & S. LACOUTURE, Le Maroc l'preuve, Paris, Edit. du Seuil,
1958, 383 p.
Roger LE TOURNEAU, volution politique ele l'Afriqtw du Nmel
musulmane 1920-1961, Paris, A. CoLIN, col. "Sciences politi-
ques", 1962, 496 p., ilust.
Fernand LrrurLLIER, Fondements historiqtws eles pro b lemes elu
Moyen-Orient, Paris, Sirey, 1958, 123 p., ilust.
Franois PERROUX e outros autores, Problemes ele l'Algrie inel-
penelante, Paris, Presses Universitaires de France, col. "Tiers
Monde", 1963, 208 p.
W. SANDS, John HARTLEY, Current Research on the Mieldle Eeast,
1956, Washington, The Middle Eeast Institute, 1957, 90 p.
Benjalin ScHWADRAN, The Mielelle Eeast. Oil and the Great Powers,
Nova Iorque, P. A. Praeger, 1955, XII-500 p.
Paul SEBAG, La Tunisie, ditions Sociales, 1951, 240 p.
Fernand ToMICHE, L'Arabie soudite, Paris, P. U. F., col., "Que
sais-je?", n.
0
1 025, 128 p.
Jacques WEULERSSE, Paysans de Syrie et du P1oche-Orient, Paris.
Gallimard, 1946, 330 p.
S. A. ABBAS, Capital Requirements for the Development of Sonth
and South Eeast Asia, Groningen, 1956, VIII-151 p.
Charles BETTELHEIM, L'Inele inelpenelante, Paris, A. CoLIN, 1962,
col. "Sciences polit iques", 526 p., 1 mapa.
Henri BRUNSCHWIG, L'avenement de l'Afriqne Noire elu XIXe
siecle nos jours, Paris, A. COLIN, col. "Sciences politiques",
1962, 248 p.
CENTRE n'TUDE nu Sun-EsT AsiATIQUE, Aspects actuels ele la situa-
tion conomique et sociale de l' Asie elt< Sud-Est. Colquio
ocorrido em Bruxelas em 24-25 de outubro de 1961, Universit
libre de Bruxelles, Institut Solvay, 1963, 246 p.
Jean CHESNEAUX, Contribution l'histoire ele la nation vietna-
mienne, Paris, ditions Sociales, 1955, 324 p.
Franois DouMENGE, Le Japon et l'exploitation ele la mer, Mont-
pellier, Socit Languedocienne de Gographie, 1961, 224 p.
Ren DuMONT, Rvolt<tion dans les carnpagnes chinoises, Paris,
Edit. du Seuil, 1957, 463 p., ilust. e mapas.
Jacques DuPurs, Histoire ele l'Inele et ele la civilisation inelienne,
Paris, Payot, "Petite Bibliotheque Payot", n.
0
35, 1963, 386 p.
Gilbert TIENNE, L'Inde contemporaine, Bibliografia comentada,
Revue jranaise de Science politique, X, n.
0
3, setembro de
1960, p. 673-708.
Gilbert TIENNE, La voie chinoise, Paris, P. U. F., cal. "Tiers
Monde", 1962, 296 p.
Pierre FrsTr, Singapour et la Malaisie, Paris, P. U. F., col. "Que
sais-je?", n.
0
869, 1960, 128 p.
Pierre GouRou, L'Asie, Paris, Hachette, 1953, 541 p., numerosas
ilust.
Les Pays TTopicaux, Paris, P. U. F., col. "Pays d'Outre-Mer",
n.
0
3, 1966, 4.a ed. refundida, 271 p., ilustraes.
J. GurLLERMAZ, La Chine populaire, Paris, P. U. F., col. "Que
sais-je?", n.
0
840, 1959, 128 p.
252
Ivor JENNINGS, Problems of the New Cornmonwealth, Durham,
Duke Uni v. Press, 1958, XIV -114 p.
Lon LAVALLE, Paul NoiRoT, Victor DoMINIQUE, conomie de la
Chine socialiste, Genebra, Rousseau, 1957, 512 p.
Marie-Simone RENOU, L'conomie de l'Inde, Paris, P. U. F., cal.
"Que sais-je?", n.
0
531, 1952, 128 p.
Ch. RoBEQUAIN, Le Monde rnalcs, Paris, 1946.
Theodore SHABAD, China's Changing Map, a Political and Econo-
mic Geogmphy of the Chinese People's Republic, Nova Iorque,
F. A. Praeger, 1956, XVI-295 p., mapas e ilustraes.
Irene B. TAEUBER, The F'opulation oj Japan, Princeton Univ. Press,
1958, XX-462 p.
W. S. THOMPSON, Popnlation and PTogress in the Far Eeast, Chica-
go, Univ. of Chicago, 1959, X-443 p., ilust.
Amry VANDENBOSCH, Richard BuTWELL, Sot<theast Asia among the
World Powers, Lexinfton Univ. of Kentucky, 1957, VIII-336 p.
Bernard VERNIER, L'ITaq d'at<jourd'htti, Paris, A. CoLIN, col. "Scien-
ces politiques", 1962, 480 p., iulst.
W. S. WoTINSKI, India, the Awakening Giant, Nova Iorque, Harper
and Brothers, 1957, XVIII, 203 p.
Georges BALANDIER, Sociologie actnelle ele l'.4jriqt<e N oi r e, Paris,
P. U. F., 1959, XII-511 p., ilust.
- Afriqtw ambigue, Paris, Plon, 1957, 290 p.
Philippe DECRAENE, Le Panajricanisrne, Paris, P. U. F., col. "Que
Sais-je?", 1961, 128 p.
Hubert DESCHAMPS, Les inst'ttitions politiqnes ele l'Afrique Noire,
Paris, P. U. F., cal. "Que sais-je?", n.
0
549, 1962, 128 p.
M. DIA, Rflexions sur l'conomie de l'Afrique Noire, Prsence
africaine, 1961.
- Nations africaines et solidarit moneliale, Paris, P. U. F., 1960.
Ren DuMONT, Reconversions de l'conomie agricole, Guine, Cte-
- d'Ivoire, Mali, Cahiers elu Tiers Monde, Paris, P. U. F., 1961.
Ren DUMONT, L'AfTique Noire est mal paTtie, Paris, ditions du
Seuil, 1962, 286 p.
S. B. FARAJALLAH, Le gToupe afro- asiatique dans le caelre des
Nations Unies, Genebra, Droz, 1963, 511 p.
HAILEY, An African Snrvey. A Study oj Problems arising in
Africa South of the Sahara, Londres, Nova Iorque, Oxford
Univ. Press, 1957, XXVIII-1676 p., mapas.
INSTITUT SCIENTIFIQUE D'CONOMIE APLLIQUE, Madagascar, tudes
et perspectives conomiques, Cahiers de l'I. S. E. A., n.
0
123,
srie F, n.
0
7, Paris, 1962, 290 p.
LAVROFF, PEISER, Les constitutions ajricaines, Paris, Pedone, 1963.
NAEs UNIDAS, Comisso econmica para a Africa, B-ulletin co-
nomique pot(T l'Afrique, j apareceram dois volumes.
Charles RoBEQUAIN, Maelagascar, Paris, P. U. F. "Pays d'autre-
-mer", Quarta srie, Geografia da Unio Francesa, 1958,
580 p.
Endre SrcK, Histoire ele l'Afrique Noire, Budapeste, Edies em
lngua estrangeira, 1961, 406 p., bibliografia desenvolvida.
Doudou THIAM, La politique tmngere eles tats africains, Paris,
P. U. F., 1963.
Jacques WEULERSSE, L'Afriqt(e Noire, Paris, A. Fayard, 1943, 384 p.
253
Jacque'-" et le 'iHarxisnLe, Palis, Edit. Sociales, 1962,
. 220 _, ,.,
Ch. A uBRUN, V.A.m1ique centrale. Paris, 1953.
H. AVALOS, Le Chili, Paris, P. U. F'. _. col. "Que sas-je?", n.
0
73Q, 1958, 128 p.
H.oger BASTIDE, Bra.sii Ter-Ta de Co-ntmstes. Sf,o Paulo, Difuso
Europia do Livro, ed., 1964, 260 p.
lrancis CHEVALIER, La. Jcft'ination d.es grc:._nds dorn.a:ines a:u. Ide-
xtaue, Paris 19G2.
Ren b mviONT, v-vante:;. Pa.-i ::. Plon, 19tH, 334 p., 10
mapas.
Ren DUlVION'l', Julien CoLOU, I,a TfoNHe agtai H? Ctba, P<'.r.s,
P. U. F., "Tiers Monde", 1962, 150 p.
Hen DuMON'.f' , Cuba. Socialisme est Paris, Seuil,
1964. . - .
C-feorges d'.A.1nrique lC!t i-n e> }"Jarl s, Ga1lirnard,
1959, 101 p.
Jean GoTTMAN!1, P<:s, Hae:hette, 1949, 600 p.
Philip l\.-'I. HAUSER, L'mbanisation en AmTique latine, Estgio de
estudu da U. N. E. S. C. 0 ., Sant iago do Chile_, 6-18 de julho
de 1959, P:lris U. N. E. S. C. 0., 1960, 330 p.
DESROCHE:S, Kota }.,REIEH) Clarence SENIOR,
.Les Ej idos :nexieains, Par is, dions de lVIinuit, 1956, 136 p.
Pierre J'oFl-'ROY, Brsil, Paris, ditions du Seuil, 1858, 192 p.
Jacques LAMBERT, Le BrsiL Structures sociaLes et ingtituti ons
poEtiq-ues, Paris, A. Colin, Cahiers de la Fondation
des Sciences Politi.ques, n '14, 1953 .
.. lat'ine. St:rttcttoes sociales et po!i.t'iqv,., es,
Paris, P. U. F. , col. "Thrmis", 1963, 448 p.
Guy LASSERRE, La Guadeloupe_. Emd,atlx , Union Fr a naise d'Irn-
pression, 1961, 1 143 p.
l'v:Iau.rice LE LANNOU, Le BTsil, P&ris, A Colin, col. Armand CoLIN,
n,
0
303, 1955, 225 p.
Claude LVY-STRAUSS, T'ristes Tropttes, P ari s, Plon. 1955, 462 p.
Pierre lV[oNBEIG, O B-rasil, So Paulo, Difuso Emopia do Livro,
coL "Saber Atu:::d)} n.
0
1, 1958, 128 p.
Marcel NTEDERGANG, Les vi-ngt .A.mriques z.a;;ines, Paris, 1865.
Preston JANIEs, Latin A.m.e'rican, reed., Nova Iorque, Odyssey Prcss,
1950, XVI-848 p. ust.
Engene HEVERT, Les Antilles, f:u-is, Armand Colin, col. Armand
Co1in n.
0
288, 1954, 225 p.
Andr SIEGFRIED, UAmTique ltine, Far.i.s, A. Colin, 1934, 1'77 p.
1'ieTs Monde, nmero especial sbr-e o Mxico, IV, n.
0
15, julho-
-set. 1963, paginado 301-515.
J . ToucHAHD, La Rpublique A.rgentine, Pas, .P. U. :B
4
., col. "Que
sais- je'?", n 366, 19-19, 128 p.
V. L. URQUIDl, Genese d-n mar<:h commum latino-amrican, Paris,
P. U. F., "Tiers 1\IIonde", 1963, 135 p .
Michel D UPuY, L'A ssistance technique et jinancie1e cwx pays in-
suffisarnment dvelopps, Paris A. Pedone, 1956, 272 p.
Guy FEUER, Les aspects jur'iiques e l'assistan ce techniqge dans
le cadTe des IV ati.ons Unies et des institutions spcialiss,
Paris, Librairie Gnrale de Droit et de .Turisprudence, 1957,
XU-"2:i5 p.
254
Ives LACOSTE, Geografia do Subdesenvolvimentu, co!. "'l'erraf; <
Povos", So Paulo, Difuso Europia do Livro, 2.a cd., 1963.
.Jadish E!-IAGWATI, L'conomie des pays sous-dveiopps, <.; Ol. "Uni --
vcrs eles Connaissances", Paris, Hachette, 1936, 256 p .
Jacques FREYSSINET, Le concept de S01Js -dveloppement - Publ.
Facult de Droit de Grenoble, co!. du Centre de Recherchc
Economique et Social "Srie Economic du Dveloppeme"1t"
- 368 p. lVIouton & Cie 1966.
Isaac I,a coop1ation devcmt la scicnce conomique, col.
"Tiers Monde", Paris, P. U. F., 1966, 152 p .
Goran HLIN, Rvahwtion eles poritiqnes d'a-icle l'tranger, Paris,
O. C. E. D. K, 136 p.
et l.cr. croi .ssance conomiqne, O. C. K J.). E., .Pa-
ris, 1966, 128 p.
Laurent TumN, CornbuL pov.r 1.8 d 1wwppem.cHt, .F:d. Ou-
vrieres, UJ66, 312 p.
P. MAILLET, O Crescimento .1<:con5m:ico. col. "!:';abcr i\t na! ", n .' ' 128,
So Paulo, Difuso Europia do Livro, U1G8.
J. M. J EAN NENEY, R.. BAmd: , M. FLAMANT et M. Pf<',HHOT, Docnm cnts
conorni qJ.es. t. I: "P opulation --- P; oduci:ion-Prix", Pari s,
col. "Thrmi s". P. U. F., Hl66, 512 p.
F . BLOCHLAIN &. .r. P cnRoux, L'e'71,treprisc et L'concm.ie cln
XXerne sicle, t. I "L' <c ntre.priso et son eDvironnement",
P. U. F., 1966, 213 p.
J. BJ!:Ali.JEU- GARNX<:R, A. GAI\IBLIN & A . D J::V)DE:?.. l mnq;:; r>cmw-
du monde 196!>, P aris, C. D. U. , 1966, 218 p.
E. PHOBRA,TENSKY, .La. H)1J.VeUe fcr:>nmniqnf>. C. N. R. .E. - E. D. I .,
Paris, 1956, 408 p .
l\1. DOBB, Croi :osrrnce conomi.quc cf; !'iOIJ.s-. d >Jdoppemcnt. .
M:aspro, coJ.. "Textes l'appui", 1.965, 96 p.
F . PERRoux, .L'rconorni.e d!t XXme si.ecle, I'Bi'i:", F. U. F., 1965,
692 p.
G. MARCY, Economi.e internationa.lf:' , <:ol. "Thermis", F. TJ. F., Paris,
1965, 644 p.
J. \VEILLER, J . ./concnt-ie i.nterna.ti.ono)B <l cpni.::; 1950. J)n Pir;..n
MaTshaU anx grandes entre pays
11.egaLement d. vclopps. Par i;, , P. U, F., 1965, 250 p.
O. N. u./ tude .SUT L' ccn.ornic mnndi f1!: in <'(>'i1.jectu.rc conomiqnc,
Pans, Pedone, 1965, 112 p.
O. N. U., P[mfication. du. clueloppem.en l, rir:c m0miq! r.c d "'.!f'tl.
quilibr. Paris, Fdone, 1965, 30B p.
V. PRVOT, Gog1a.phk cil.L monde con .crn.po-rai.n., Ikhn, H.l 65,
500 p.
O. N. U., .Ln norm.ali.sati.on i.nd.u.st,ridLe dan:; ies pay:,: ei1- >Jni.e (/.c
dveloppemcnf;, Paris, Pctone, 1965, 144 p .
P. H. LAURENT &: H. CAFHIEH, Le phbl<)nti'me wbf1.in, Paris, Aubier,
1965, 300 p .
A. & M. MATTELLART, Lu probl.emati.qle d.t p ev.pLement la.t i. no- am-
?'icain, Paris, Ed. Univ., 1965.
A .. PrETTRE, Les t'rois ,ge.s de l'conornie et: de la., ci:viUzation occi-
clentale, P aris, Fayard, 1965, 464: p.
.J.
Troi-0 1n,i.l.U,ard.s d:'hornrner; , Fnri.s, TTachette,
1965, 411) p. .
255
P. GEORGE, Gog1aphie de la popuLation, col. "Que sais- je? ", n.
0
1187, P. U. F., Paris, 1965, 128 p.
D. J. DELIVANis, L'conomie sous- dvelopps, P aris, Lib. de iVl-
dicis, 1964, 310 p.
H. DENIS, Histoire de la pense conomique, Paris, col. "Thrmis",
P. U. F ., 1966.
Ch. BETTELHEIM, Planification et croissance acclere, Paris, Mas -
pro, 1965, 216 p.
- e outros La const1uction du osocialisme en Chine, Paris, Mas -
pro, 1965, 184 p.
Ren GENDARME, La pauvret des nations, Paris, Ed. Cuj as, 1963,
539 p.
256
NDICE
INTRODUO 5
PRIMEIRA p ARTE
ORIGINALIDADE DO MUNDO
CAPTULO I - A exploso demogrfica e seus corolrios 9
II - Uma nova revoluo industrial . . . . . . . . . . . . 29
III - Fracasso do imperialismo do sculo XIX 49
IV - Exigidade e solidariedade na disparidade 69
SEGUNDA pARTE
BALANO DO MUNDO ATUAL
CAPTULO I - A procura de um equilbrio entre os pases
industriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
" II - O eixo mediterrnico e o Oriente Mdio.
Pan-arabismo e petrleo ..... .... . . o . . . . . . 135
" III - Ambi gidade da Asia . o .. . . . .. .. . ... . .... o 153
IV - A frica o . . o ......... o........ .. .... . ..... 173
V - Amrica Latina ou hemisfrio americano? 195
TERCEIRA PARTE
TE D:f!:NCIAS E PERSPECTIVAS
CAPTULO I - A aventura urbana o o o o. o o .. o . . .. . . .... .. o 219
" II - A procura de novas relaes internacionais 233
Or ientao bi bliogrfica . o o ....... .. .... . ....... o .... . .. . . o 244