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Apostila EE 2008

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ENEGENHARIA DA PRODUÇÃO

PROF. MARCELO XAVIER GUTERRES

ENGENHARIA ECONÔMICA

http://marceloguterres.spaces.live.com/

1º SEMESTRE DE 2008
Índice

Página

Capítulo 1 Juros Simples......................................................................................................3

Capítulo 2 Operações de Desconto........................................................................................9

Capítulo 3 Juros Compostos.................................................................................................14

Capítulo 4 Série de Pagamentos...........................................................................................21

Capítulo 5 Sistemas de Amortização...................................................................................32

Capítulo 6 Métodos Tradicionais de Análise de Investimentos.........................................42

Capítulo 7 Substituição de Equipamentos...........................................................................60

Capítulo 8 Análise sob Condições de Risco e Incerteza.....................................................65

Referências Bibliográficas....................................................................................................70
CAPÍTULO 1

JUROS SIMPLES

1.1 Introdução

O dinheiro, além de ter a função de facilitar o processo de transações entre os elementos


de uma economia, também possibilita o próprio processo de produção de bens e serviços
que são transacionados. Esta ação de participar do processo produtivo se dá através do
investimento. (Ehrlich, 1983)

Em geral, há numerosas oportunidades de investimento disponíveis aos investidores, às


empresas e às agências governamentais. No caso da empresa privada, o investimento
contínuo é uma necessidade para que a mesma possa sobreviver no atual mundo
competitivo, como já salientava Fleischer (1973). Matérias primas devem ser adquiridas,
novos equipamentos devem substituir os equipamentos antigos e obsoletos, novos produtos
devem ser desenvolvidos, campanhas de marketing devem ser lançadas, funcionários
devem estar sempre atualizados etc. Enfim, existe uma gama enorme de investimentos que
podem ser considerados como alternativas da demanda de capital.

Se vivêssemos num mundo com recursos ilimitados de capital, não haveria a


necessidade de uma teoria sobre investimentos, pois todas as propostas de aplicação de
fundos seriam aceitáveis desde que se obedecesse a um simples critério: a renda total deve
exceder o total dos gastos. No mundo real, no entanto, os recursos são limitados e a oferta
de capital não é suficiente para a satisfação de toda a demanda de investimentos pelas
unidades econômicas. Desta maneira, este livro pretende dar alguma luz ao seguinte
problema: dentre as diversas alternativas de investimento disponíveis a uma empresa, quais
devem ser selecionadas e quais devem ser rejeitadas, a fim de que ela possa sobreviver a
longo prazo?

Nos capítulos que seguem, apresentaremos como se dá a formação e acumulação de


capital através de juros simples e compostos, bem como operações de desconto, relações de
equivalência entre fluxos de caixa e sistemas de amortização de dívidas. Na seqüência,
veremos alguns conceitos importantes como custo de capital e estrutura de capital das
empresas. Finalmente, estudaremos os principais métodos de seleção de alternativas de
investimento e suas diversas aplicações, tanto sob condições de certeza como sob condições
de risco.

1.2 Conceito de juro

Compensação pelo adiamento do consumo


2

O estudo de equivalência entre valores em datas diferentes constitui o objeto da


Matemática Financeira. E o elemento fundamental para transposição destes valores no
tempo é o juro.

Veja-se, por exemplo, o caso de um indivíduo dotado de uma determinada riqueza.


Esta riqueza representa uma possibilidade de consumo imediato para a satisfação das
necessidades atuais do indivíduo ou então a possibilidade dele investir num processo
produtivo que gerará novas riquezas futuras. Assim, uma pessoa que dispõe de certa
riqueza, geralmente concorda em cedê-la a outros, desde que receba uma remuneração que
compense o adiantamento do consumo ou a oportunidade perdida de geração de novas
riquezas com aquele capital. Esta remuneração pelo direito de uso de uma riqueza durante
certo tempo é o que se denomina de juro.

O nível do juro é fixado pelo mercado em função do equilíbrio das forças de oferta e
procura, tal qual acontece com os preços dos demais bens econômicos.

Compensação pelo risco assumido

Até o momento vislumbramos a possibilidade do capital emprestado vir a ser


devolvido, além do juros, integralmente a seu proprietário original. Supusemos o caso de
um empréstimo absolutamente seguro, isento de riscos. Na prática, nunca deve ser abolida a
hipótese de perda do capital emprestado. Desta maneira, é natural que a taxa de juros cresça
de acordo com o risco do negócio, conforme mostra a figura abaixo.

Juro

Remuneração pelo risco

Juro puro

Risco

1.3 Taxa de Juro

Taxa de juro é definida como a razão entre o juro recebido ao final de um certo
período de tempo e o capital inicialmente aplicado.

J
i= (1)
P
3

onde i é a taxa de juro auferida; J é o valor do juro e P é o valor do capital inicial.

Exemplo:
Determine a taxa de juro cobrada num empréstimo de $1.000,00 a ser quitado por
$1.200,00. (R: 20%)

1.4 Capitalização a juros simples

Regime de capitalização é o nome dado ao processo de formação de capital ao longo


do tempo, a partir de uma dada riqueza ou capital inicial. O processo de formação de capital
pode-se dar através de uma capitalização discreta ou contínua. A primeira ainda pode ser
subdividida em capitalização simples e capitalização composta. A seguir veremos como o
capital se forma através da capitalização simples.

Capitalização simples

Neste regime os juros são gerados exclusivamente pelo capital inicial. A taxa de
juro não incide, pois, sobre os juros acumulados. Neste regime de capitalização a taxa varia
linearmente em função do tempo, ou seja, se quisermos converter a taxa diária em mensal,
basta multiplicarmos a taxa diária por 30, e assim por diante.

Num intervalo unitário de tempo temos que o juro é calculado isolando-se a variável
J da fórmula (1) acima e dado por J = P.i.

Assim, temos que o juro gerado ao final do primeiro intervalo de tempo será
calculado por: J1 = P.i. Ao final do segundo intervalo de tempo o juro será: J2 = P.i. Ao
final do terceiro intervalo de tempo o juro será: J3 = P.i, e assim sucessivamente, até o juro
gerado ao final do n ésimo intervalo de tempo, que será dado por: Jn = P.i.

Desta maneira, os juros totais ao final de n intervalos unitários de tempo serão:

J = J1 + J2 + J3 + ... + Jn, que substituídos por P.i, vem:

J = Pi + Pi + Pi + ... +Pi (“n” parcelas “P.i”),

o que origina a fórmula para o cálculo dos juros no regime de capitalização simples:

J = P.i.n (2)
4

Exemplos (Vieira Sobrinho, 1997):

1. Qual o valor dos juros correspondentes a um empréstimo de $10.000,00, pelo prazo


de 5 meses, sabendo-se que a taxa cobrada é de 3% ao mês? (R: J = $1.500)

2. Um capital de $25.000,00, aplicado durante 7 meses, rende juros de $7.875,00.


Determinar a taxa correspondente. (R: i = 4,5% ao mês)

3. Sabendo-se que os juros de $6.000,00 foram obtidos com aplicação de $7.500,00, à


taxa de 8% ao trimestre, pede-se que se calcule o prazo. (R: n = 10 trimestres ou 2,5
anos)

1.5 Montante e Valor Atual

O montante (ou valor futuro), que vamos indicar por F, é igual à soma do capital
inicial mais os juros referentes ao período de aplicação:

F=P+J (3)

Substituindo a equação (2) na (3), obtemos que se denomina de “fórmula


fundamental para juros simples”:

F = P(1 + i.n) (4)

Se construirmos um gráfico do montante ou valor futuro, F, em função do número


de períodos de capitalização, n, observaremos a relação linear existente entre os valores
monetários num regime sob capitalização simples.

F = P(1 + i.n)

(tempo)

Exemplos (Vieira Sobrinho)

1. Calcular o montante da aplicação de um capital de $8.000,00, pelo prazo ed 12 meses à


taxa de 3% ao mês. (R: $10. 880)
5

2. Determinar o valor atual de um título cujo valor de resgate é de $60.000,00, sabendo-se


que a taxa de juros é de 5% ao mês e que faltam quatro meses para seu vencimento. (R:
$50.000)

1.6 Juro Exato e Juro Comercial

Juro exato considera o ano civil com 365 dias e os meses com os números efetivos
de dias. Já o juro comercial considera o ano comercial, com 360 dias e o mês com 30 dias.

Exemplo:
Um capital de $30.000 é aplicado por 5 dias à taxa de juros simples de 15% ao mês. Obter
o juro exato e o juro comercial, sabendo-se que o mês da operação tem 31 dias.

Solução:

Usando-se a equação (2), temos que:

juro exato: J = P.i.n = 30.000 x 0,15/31 x 5 = $725,81

juro comercial: J = P.i.n = 30.000 x 0,15/30 x 5 = $750,00

1.7 Operações com Hot money

São operações de curtíssimo prazo (geralmente de um único dia) feitas pelas


empresas junto às instituições financeiras. As taxas são formadas em função do mercado
interfinanceiro – a taxa CDI over mais um spread cobrado pelo banco que faz a
intermediação. É usual que a taxa do hot money seja dada em termos mensais, sendo o
critério de cálculo o de juro simples e a convenção de juro comercial.

Exemplo:
Uma empresa recebe um empréstimo de $5milhões através de uma operação de hot money.
Supondo que essa operação seja renovada por dois dias úteis, calcule o montante, supondo
que no 1o dia a taxa da operação seja de 2,46% a.m. e no 2o dia a taxa de operação seja de
2,49% a.m. (não leve em conta o IOF).

1o dia: J = 5.000.000 x 2,46/3.000 x 1 = $4.100,00 F = $5.004.100,00


2o dia: J = 5.004.100,00 x 2,49/3.000 x 1 = $4.153,40 F = $5.004.153,40
6

1.8 Problemas sobre capitalização simples

1. Determinar os juros simples obtidos nas seguintes condições:

Capital Taxa Prazo


a) $2.000,00 12% a.m. 5 meses
b) $3.000,00 21% a.a. 2 anos
c) $2.000,00 1,3% a.m. 3 anos
d) $6.000,00 15% a.t. 2 anos e meio

2. Qual o montante de uma aplicação de $600.000 a juros simples, durante 5 meses à taxa
de 80% a.a.?
3. Um capital de $1.000 é aplicado por um dia, a juros simples e à taxa de 1,5% a.m.
Obtenha os juros dessa aplicação, considerando um mês de 30 dias.
4. Bruno aplicou $300.000 pelo prazo de 6 meses e recebeu $90.000 de juros. Calcule a
taxa de juros simples semestral da aplicação.
5. Numa aplicação de $3.000, à taxa de juros simples de 10% a.a., o montante recebido foi
de $4.800. Determine o prazo da aplicação.
6. Paula aplicou uma certa quantia à taxa de juros simples de 10% a.m., durante 4 meses,
resgatando um montante de $740. Obtenha o juro auferido nesta aplicação.
7. Mara aplicou $800 a juros simples e à taxa de 12% a.a. Se ela recebeu $384 de juros,
obtenha o prazo da aplicação.
8. Uma geladeira é vendida $5.000 ou então por $1.500 de entrada, mais uma parcela de
$4.250 após 4 meses. Qual a taxa mensal de juros simples do utilizada?
9. Um vestido de noiva é vendido a vista por $4.000 ou então por $1.000 de entrada mais
uma parcela de $3.500 após 5 meses. Qual a taxa mensal de juross simples do
financiamento?
10. Durante quanto tempo um capital deve ser aplicado a juros simples e à taxa de 8%
a.a.para que duplique?
11. (Concurso Controlador da Arrecadação Federal) Um capital aplicado à taxa de juros
simples e 8% a.m. triplica em que prazo?
9

CAPÍTULO 2

OPERAÇÕES DE DESCONTO

2.1 Conceito de desconto


Existem algumas operações no mercado financeiro denominadas de desconto. Estas
operações são realizadas quando se conhece o valor futuro (também chamado de valor de
resgate, valor nominal, ou ainda, de valor de face) de um título (duplicata, nota promissória,
cheque pré-datado etc.) e se quer determinar seu valor atual. O desconto de duplicatas e
notas promissórias são muito usados pelas empresas para atender às suas necessidades de
capital de giro. O desconto deve ser entendido como a diferença entre o valor futuro e seu
valor na data da operação, dado por:

D=N–P (1)

Onde, D representa o valor do desconto concedido na data atual, N representa o


valor nominal do título na data de vencimento e P representa o valor atual ou presente que é
recebido pelo possuidor do título, na data atual.

Assim como no caso dos juros, o valor do desconto está associado a uma taxa e a
um determinado período de tempo.

Como salienta Vieira Sobrinho (1997, p.47), embora seja freqüente a confusão entre
juros e descontos, trata-se de dois critérios distintos, claramente caracterizados. Assim,
enquanto no cálculo dos juros a taxa referente ao período da operação incide sobre o capital
inicial ou valor presente, no desconto a taxa do período incide sobre o seu montante ou
valor futuro.

O desconto pode ser classificado em simples e composto, de maneira similar à


classificação dos juros que se classificam em juros simples e compostos. Assim, o desconto
simples, também chamado de comercial ou bancário, envolve cálculos lineares e o desconto
composto envolve cálculos exponenciais. Observa Vieira Sobrinho (1997) que este último
tipo de desconto não é utilizado em nenhum país do mundo, tendo um interesse meramente
teórico.

A seguir descrevemos a metodologia do cálculo do desconto simples junto com


alguns exemplos.
10

2.2 Desconto Simples (ou Bancário ou Comercial)

Um determinado título (nota promissória, letra de câmbio, duplicata etc.) com valor
nominal N pode ser resgatado antes da data de seu vencimento por um valor inferior a esse
valor nominal.

O desconto simples, utilizado no Brasil de maneira ampla e generalizada, é obtido


multiplicando-se o valor de resgate ou valor nominal de um título pela taxa de desconto e
pelo prazo a decorrer até o seu vencimento, ou seja:

D=Nxixn (2)

Onde D representa o valor monetário do desconto, N é o valor nominal do título


recebido, i é a taxa de desconto e n é o prazo.

Para se determinar o valor descontado, basta subtrair o valor do desconto do valor


nominal do título, de acordo com a equação abaixo:

P=N–D (3)

Onde P é o valor presente do título descontado.

Exemplo 1:
Um título que tem um valor nominal de $2.000 é descontado em um banco 90 dias antes do
vencimento, à taxa de 2,5% ao mês. Qual o valor do desconto simples?

Dados:
N = $2.000
n = 90 dias = 3 meses
i = 2,5% a.m.
D=?

Solução:

O valor do desconto será: D = 2.000 x 0,025 x 3 = $150,00

Exemplo 2:
Uma duplicata no valor de $6.800 é descontada por um banco, gerando crédito de $6.000
na conta do cliente. Sabendo-se que a taxa cobrada pelo banco é de 3,2% ao mês,
determinar o prazo e vencimento da duplicata.

Dados:
N = $6.800
11

P = $6.000
i = 3,2%
n=?

Solução:

P = N – D ==> D = N – P = 6800 – 6000 = 800

Como D = N x i x n, vem:

800 = 6.800 x 0,032 x n

800
Portanto, n = = 3,6765 meses ou 110 dias
6800 x 0,032

2.3 Operações de Desconto Simples para um borderô de duplicatas

Caso tenhamos um conjunto de títulos (borderô no caso de duplicatas), o valor do


desconto será a soma dos valores líquidos de cada título. Para duplicatas de mesmo valor
nominal, mas com diferentes maturidades, podemos usar a seguinte fórmula:

t1 + t n
DT = N m i (4)
2

Onde m é o número de títulos e ti é o prazo do título i.

Exemplo:
Calcular o desconto total correspondente ao valor de 5 títulos, no valor de $1.000 cada um,
com vencimentos de 30 a 150 dias (1 a 5 meses) respectivamente. Sabendo-se que o banco
cobra uma taxa de desconto de 3% ao mês.

Dados:
Duplicata Valor Prazo até o vencimento D
1 $1.000 1 mês 1.000x0,03x1 = 30
2 $1.000 2 1.000x0,03x2 = 60
3 $1.000 3 1.000x0,03x3 = 90
4 $1.000 4 1.000x0,03x4 = 120
5 $1.000 5 1.000x0,03x5 = 150
Σ = 450

Solução:
12

O mesmo valor de $450 poderia ser obtido diretamente pela fórmula:

1+ 5
D T = 1.000 x 5 x 0,03 x = $450
2

2.4 Operações de desconto com IOF e taxa de administração

Na prática bancária há a cobrança de taxas e impostos, como no exemplo a seguir.

Exemplo:
Uma duplicata de valor igual a $6.000 é descontada em um banco dois meses antes do
vencimento, à taxa de desconto comercial ou simples de 2% ao mês. Sabendo que o banco
cobra 1% de despesas administrativas e que o IOF é de 0,0041% ao dia sobre o valor
financeiro da operação, calcular o valor obtido pelo portador do título.

Dados:

N = 6.000
i = 2% a.m
n = 2 meses

Solução:

D = N.i.n = 6.000 x 0,02 x 2 = $240


Despesas administrativas: 1% sobre $6.000 ou 0,01 x 6.000 = $60

IOF: 0,000041 (ao dia) x (6.000-240) x 60 dias = $14,17

Valor líquido obtido: 6.000 – 240 – 60 –14,17 = $5.685,83

obs: Valor bruto = 6.000 – 240 = 5.760

O custo efetivo da operação seria o rendimento equivalente de um investimento de


$5.685,83 que proporcionasse um retorno monetário de $6.000 após dois meses.
6.000
0
2
5.685,83

Usando-se o conceito de juros compostos, que será visto no próximo capítulo,


chega-se ao valor de uma taxa de juros de i = 2,73% a.m., que corresponde ao juro
efetivamente cobrado pelo banco. Veja que esta taxa é maior que a taxa nominal da
operação de desconto.
13

2.5 Problemas sobre operações de desconto simples:

1. Uma duplicata de $70.000,00, com 90 dias a decorrer até o seu vencimento, foi
descontada por um banco à taxa de 2,70% ao mês. Calcular o valor líquido entregue ou
creditado ao cliente. ($64.330,00)
2. Calcular o valor do desconto de um título de $100.000,00, com 115 dias a vencer,
sabendo-se que a taxa de desconto é de 3% ao mês. ($11.500,00)
3. Sabendo-se que o desconto de uma duplicata no valor de $25.000,00, com 150 dias a
vencer, gerou um crédito de $22.075,06 na conta do cliente, determinar a taxa mensal
de desconto. (2,34%)
4. Um título de $140.000,00 foi descontado a 33% ao ano, 5 meses antes do seu
vencimento. Determinar o valor líquido entregue ao seu portador. ($120.750,00)
5. Determinar o valor nominal ou de face de um título, com 144 dias para o seu
vencimento, que descontado à taxa de 48% ao ano proporcionou um valor atual (valor
líquido creditado) de $38.784,00. ($48.000,00)
6. Sendo de $3.419,44 o valor do desconto, uma duplicata, descontada à taxa de 3,55% ao
mês, 120 dias antes do seu vencimento, calcular o valor creditado na conta do cliente.
($20.661,12)
7. Determinar quantos dias faltam para o vencimento de uma duplicata, no valor de
$9.800,00, que sofreu um desconto de $548,50, à taxa de 32% ao ano. (63 dias)
8. Uma empresa desconta uma duplicata no valor de $44.000,00 e com 60 dias de prazo
até o vencimento. Sabendo-se que o banco cobra uma taxa de desconto de 5,3% ao mês,
calcular o valor creditado na conta dessa empresa e a taxa efetiva de juros, calculada de
acordo com o regime de capitalização composta, cobrada nessa operação. ($39.336,00 e
5,76% a.m.)
9. Determine o desconto bancário sofrido por uma promissória de $1.000,00 à taxa de 8%
a.m. 3 meses antes do seu vencimento. (Resp.: $240,00)
10. Qual o custo efetivo da operação acima, já que você recebeu $760,00 por um título que
vale $1.000,00? Use juros compostos! (Resp.: 9,58% a.m.)
14

CAPÍTULO 3

JUROS COMPOSTOS

3.1 Capitalização composta


No regime sob capitalização composta os juros incidem sobre o capital corrigido,
são os juros sobre juros. São também chamados de juros capitalizados. É a forma mais
utilizada no Brasil e outros países.

A simbologia é a mesma já conhecida:

F é o montante ou valor futuro


n é período de tempo ou prazo
P é o principal ou capital inicial
i é a taxa de juros

De maneira análoga aos juros simples, o valor do montante após n períodos de


capitalização, usando a propriedade distributiva do produto em relação à soma, será:

-ao final do 1o intervalo unitário de tempo: P + J = P + iP = P(1+i)

-ao final do 2o intervalo unitário de tempo: P + J = P(1+i) + iP(1+i) = P(1+i)2

-ao final do 3o intervalo unitário de tempo: P + J = P(1+i)2 + iP(1+i)2 = P(1+i)3

-ao final do n -ésimo ” intervalo unitário de tempo: P + J = P(1+i)n-1 + iP(1+i)n-1 = P(1+i)n

A última fórmula é denominada de “fórmula fundamental para juros compostos”.

F = P(1+i)n (1)

Nesta equação temos quatro variáveis: F, P, i e n. Conhecendo-se três delas, a outra


poderá ser determinada.

Abaixo apresentamos, graficamente, uma comparação entre a capitalização a juro


simples e a juro composto aplicadas a um capital inicial de $100. Observa-se que a linha
que representa a capitalização a juro simples é linear, enquanto que a linha que representa a
capitalização a juro composto é exponencial. Para intervalos de tempo menores que o
intervalo unitário, a capitalização a juro simples proporciona um montante maior, enquanto
que para intervalos maiores que a unidade, o montante determinado a juro composto
sempre será maior.
15

F Juros compostos

Juros simples
$100

n
1 2 3 4 5...

Exemplos:
1. Determine o valor futuro de $1.000,00 aplicados a uma taxa de 10% a. m. por três
meses, a juro composto.

Dados:

P = 1.000,00
n = 3 meses
i = 10% a. m.
F=?

Solução:

Usando-se a fórmula fundamental para juros compostos, o montante após três períodos de
tempo será de:

F3 = 1.000 × (1 + 0,1) = 1.331,00


3

Exemplo usando a calculadora financeira HP 12C:

Nesta calculadora, temos a seguinte correspondência entre as variáveis até agora


estudadas e a sua notação nas teclas da calculadora:

F → FV (future value)
P → PV (present value)
n → n (número de períodos)
16

i → i (taxa, sempre na forma percentual)

2. Miguel aplicou $200 a uma taxa de 15% a.m., por 3 meses. Quanto obteve de juros e
quanto resgatou?

Dados:

P ou PV= 200,00
n = 3 meses
i = 15% a. m.

Solução pela HP12c:

Queremos FV = ?

Teclas Visor Significado


F clear FIN limpa a memória financeira
200 CHS - 200,00 fluxo de caixa negativo (aplicação)
15 i 15,00 taxa de juros
3 n 3,00 prazo de aplicação
FV 304,18 montante final
RCL PV - 200,00 capital inicial
+ 104,18 juros auferidos

3.2 Equivalência entre taxas

Dizemos que uma taxa mensal (im) é equivalente a uma taxa anual (ia) quando
aplicadas a um mesmo capital inicial produzem o mesmo montante final. Graficamente,
temos a seguinte situação:

im, 12 vezes
P F

1/jan 31/dez
ia, 1 vez
P F

1/jan 31/dez

Algebricamente, temos o seguinte:


17

para determinar a taxa anual equivalente a uma taxa mensal qualquer, temos:

P(1 + im)12 = P(1 + ia)1, isolando-se ia, vem:

ia = (1 + im)12 – 1 (taxa anual equivalente)

para determinar a taxa mensal equivalente a uma taxa anual qualquer, temos:

P(1 + im)12 = P(1 + ia)1, isolando-se im, vem:

i m = 12 1 + i a − 1 ou im =(1 + ia)1/12 – 1 (taxa mensal equivalente)

As equações acima também podem ser adaptadas para estabelecer a equivalência


entre taxas para outras periodicidades. Assim, para se determinar a taxa trimestral
equivalente a uma taxa anual, a fórmula seria:

i t = 4 1 + i a − 1 ou it =(1 + ia)1/4 – 1 (taxa trimestral equivalente)

Exemplo:
1. Determinar a taxa anual equivalente a 0,5% a.m. (caderneta de poupança).

Dados:

im = 0,5%
ia = ?

Solução:

ia = (1 + 0,005)12 – 1
ia = 0,0617 ou 6,17% a.a.

2. Determinar a taxa mensal equivalente a 60,103% a.a.

Dados:

ia = 60,103%
im = ?

Solução:

im = (1 + 0,60103)1/12 – 1
im = 0,04 ou 4% a.m.
18

3. Dada a taxa over de 23% ao ano, determine a taxa equivalente diária. Use 252 dias
úteis.

Dados:

ia = 23% (com 252 dias úteis)


id = ?

Solução:

id = (1 + 0,23)1/252 –1 =
id = 0,000822 ou 0,0822% ao dia

3.3 Taxa nominal e taxa efetiva

Taxa nominal
Chama-se taxa nominal de juros à taxa onde o período ao qual ela está referenciada
não coincide com o período de tempo em que os juros são capitalizados. Por exemplo, a
caderneta de poupança paga uma taxa de 6% ao ano com capitalização mensal. Este tipo de
taxa é muito mencionada no mercado financeiro nacional e internacional. Observa-se que
nos cálculos financeiros é necessário calcular a taxa em que os juros são efetivamente
capitalizados.

Taxa efetiva
Define-se taxa efetiva de juros como a taxa onde o período ao qual ela está
referenciada coincide com o período de tempo em que os juros são capitalizados. Por
exemplo, a taxa de 0,5% ao mês com capitalização mensal é uma taxa efetiva. É prática do
mercado, para o caso de taxas efetivas, não especificar o período no qual os juros são
capitalizados. Assim, no exemplo acima, diz-se apenas que a taxa efetiva é de 0,5% ao mês.
Saber determinar o valor da taxa efetiva de um contrato é importante, pois é ela que
representa o verdadeiro custo de uma operação financeira.

Exemplos

1. Calcule a taxa efetiva, sabendo-se que a taxa nominal é de 60% ao ano com
capitalização mensal.

Solução:

60%
ie = = 5%
12
19

2. Dada uma taxa nominal de 12% ao ano com capitalização trimestral, determine a
taxa efetiva.

Solução:
12%
ie = = 3%
4
20

3.4 Problemas sobre capitalização composta

1. Uma pessoa toma $100.000 emprestado, a juros de 2% a.m., pelo prazo de 10 meses
com capitalização composta. Qual o montante a ser devolvido? (Resp.: $121.899,40)

2. Quanto deve ser aplicado hoje para que se configurem $10.000,00 de juros ao fim de 5
anos, se a taxa de juros for de 4% a.trimestre? (Resp.: $8.395,44)

3. Qual a taxa efetiva anual cobrada em relação a 18% a.a. capitalizados mensalmente?
(Resp.: 19,56%)

4. Qual a taxa efetiva mensal de 24% ao ano com capitalização semestral? (Resp.: 1,9%)

5. Rishi Singh tem $1500 para investir. Seus conselheiros de investimentos sugerem um
investimento que não pague juros determinados, mas que gere um retorno de $2000 ao
final de três anos.
a. Qual a taxa de retorno que o senhor Rishi terá ganho com esse investimento?
(Resp.: 10,06% a.a.)
b. O senhor Rishi está considerando outros investimentos, de igual risco, os quais
geram um retorno de 8% ao ano. Qual o investimento deve ser realizado e por
quê?

6. João esteve procurando um empréstimo para financiar a compra de seu carro novo.
Encontrou três possibilidades que parecem atraentes e deseja selecionar aquela que
apresenta taxa de juros mais baixa. As informações disponíveis com relação a cada uma
das três alternativas de empréstimos de $5.000 seguem baixo:

Empréstimo Principal Pagamento Prazo


($) anual ($) (anos)
A 5.000 1.352,81 5
B 5.000 1.543,21 4
C 5.000 2.010,45 3

a. Determine a taxa de juros relativa a cada um dos empréstimos. (Resp. 11%; 9%;
10%)
b. Qual empréstimo o senhor João deveria realizar?

7. René deseja determinar o valor futuro ao final de dois anos, de um depósito de $15.000
feito em uma conta que paga taxa de juros nominal anual de 12%. Encontre o valor
futuro do depósito de René, supondo que os juros sejam capitalizados: (1) anualmente;
(2) trimestralmente; (3) mensalmente; (4) continuamente.
(Resp.: $18816,00; $19001,55; $19046,02; $19068,74)
14

CAPÍTULO 3

JUROS COMPOSTOS

3.1 Capitalização composta


No regime sob capitalização composta os juros incidem sobre o capital corrigido,
são os juros sobre juros. São também chamados de juros capitalizados. É a forma mais
utilizada no Brasil e outros países.

A simbologia é a mesma já conhecida:

F é o montante ou valor futuro


n é período de tempo ou prazo
P é o principal ou capital inicial
i é a taxa de juros

De maneira análoga aos juros simples, o valor do montante após n períodos de


capitalização, usando a propriedade distributiva do produto em relação à soma, será:

-ao final do 1o intervalo unitário de tempo: P + J = P + iP = P(1+i)

-ao final do 2o intervalo unitário de tempo: P + J = P(1+i) + iP(1+i) = P(1+i)2

-ao final do 3o intervalo unitário de tempo: P + J = P(1+i)2 + iP(1+i)2 = P(1+i)3

-ao final do n -ésimo ” intervalo unitário de tempo: P + J = P(1+i)n-1 + iP(1+i)n-1 = P(1+i)n

A última fórmula é denominada de “fórmula fundamental para juros compostos”.

F = P(1+i)n (1)

Nesta equação temos quatro variáveis: F, P, i e n. Conhecendo-se três delas, a outra


poderá ser determinada.

Abaixo apresentamos, graficamente, uma comparação entre a capitalização a juro


simples e a juro composto aplicadas a um capital inicial de $100. Observa-se que a linha
que representa a capitalização a juro simples é linear, enquanto que a linha que representa a
capitalização a juro composto é exponencial. Para intervalos de tempo menores que o
intervalo unitário, a capitalização a juro simples proporciona um montante maior, enquanto
que para intervalos maiores que a unidade, o montante determinado a juro composto
sempre será maior.
15

F Juros compostos

Juros simples
$100

n
1 2 3 4 5...

Exemplos:
1. Determine o valor futuro de $1.000,00 aplicados a uma taxa de 10% a. m. por três
meses, a juro composto.

Dados:

P = 1.000,00
n = 3 meses
i = 10% a. m.
F=?

Solução:

Usando-se a fórmula fundamental para juros compostos, o montante após três períodos de
tempo será de:

F3 = 1.000 × (1 + 0,1) = 1.331,00


3

Exemplo usando a calculadora financeira HP 12C:

Nesta calculadora, temos a seguinte correspondência entre as variáveis até agora


estudadas e a sua notação nas teclas da calculadora:

F → FV (future value)
P → PV (present value)
n → n (número de períodos)
16

i → i (taxa, sempre na forma percentual)

2. Miguel aplicou $200 a uma taxa de 15% a.m., por 3 meses. Quanto obteve de juros e
quanto resgatou?

Dados:

P ou PV= 200,00
n = 3 meses
i = 15% a. m.

Solução pela HP12c:

Queremos FV = ?

Teclas Visor Significado


F clear FIN limpa a memória financeira
200 CHS - 200,00 fluxo de caixa negativo (aplicação)
15 i 15,00 taxa de juros
3 n 3,00 prazo de aplicação
FV 304,18 montante final
RCL PV - 200,00 capital inicial
+ 104,18 juros auferidos

3.2 Equivalência entre taxas

Dizemos que uma taxa mensal (im) é equivalente a uma taxa anual (ia) quando
aplicadas a um mesmo capital inicial produzem o mesmo montante final. Graficamente,
temos a seguinte situação:

im, 12 vezes
P F

1/jan 31/dez
ia, 1 vez
P F

1/jan 31/dez

Algebricamente, temos o seguinte:


17

para determinar a taxa anual equivalente a uma taxa mensal qualquer, temos:

P(1 + im)12 = P(1 + ia)1, isolando-se ia, vem:

ia = (1 + im)12 – 1 (taxa anual equivalente)

para determinar a taxa mensal equivalente a uma taxa anual qualquer, temos:

P(1 + im)12 = P(1 + ia)1, isolando-se im, vem:

i m = 12 1 + i a − 1 ou im =(1 + ia)1/12 – 1 (taxa mensal equivalente)

As equações acima também podem ser adaptadas para estabelecer a equivalência


entre taxas para outras periodicidades. Assim, para se determinar a taxa trimestral
equivalente a uma taxa anual, a fórmula seria:

i t = 4 1 + i a − 1 ou it =(1 + ia)1/4 – 1 (taxa trimestral equivalente)

Exemplo:
1. Determinar a taxa anual equivalente a 0,5% a.m. (caderneta de poupança).

Dados:

im = 0,5%
ia = ?

Solução:

ia = (1 + 0,005)12 – 1
ia = 0,0617 ou 6,17% a.a.

2. Determinar a taxa mensal equivalente a 60,103% a.a.

Dados:

ia = 60,103%
im = ?

Solução:

im = (1 + 0,60103)1/12 – 1
im = 0,04 ou 4% a.m.
18

3. Dada a taxa over de 23% ao ano, determine a taxa equivalente diária. Use 252 dias
úteis.

Dados:

ia = 23% (com 252 dias úteis)


id = ?

Solução:

id = (1 + 0,23)1/252 –1 =
id = 0,000822 ou 0,0822% ao dia

3.3 Taxa nominal e taxa efetiva

Taxa nominal
Chama-se taxa nominal de juros à taxa onde o período ao qual ela está referenciada
não coincide com o período de tempo em que os juros são capitalizados. Por exemplo, a
caderneta de poupança paga uma taxa de 6% ao ano com capitalização mensal. Este tipo de
taxa é muito mencionada no mercado financeiro nacional e internacional. Observa-se que
nos cálculos financeiros é necessário calcular a taxa em que os juros são efetivamente
capitalizados.

Taxa efetiva
Define-se taxa efetiva de juros como a taxa onde o período ao qual ela está
referenciada coincide com o período de tempo em que os juros são capitalizados. Por
exemplo, a taxa de 0,5% ao mês com capitalização mensal é uma taxa efetiva. É prática do
mercado, para o caso de taxas efetivas, não especificar o período no qual os juros são
capitalizados. Assim, no exemplo acima, diz-se apenas que a taxa efetiva é de 0,5% ao mês.
Saber determinar o valor da taxa efetiva de um contrato é importante, pois é ela que
representa o verdadeiro custo de uma operação financeira.

Exemplos

1. Calcule a taxa efetiva, sabendo-se que a taxa nominal é de 60% ao ano com
capitalização mensal.

Solução:

60%
ie = = 5%
12
19

2. Dada uma taxa nominal de 12% ao ano com capitalização trimestral, determine a
taxa efetiva.

Solução:
12%
ie = = 3%
4
20

3.4 Problemas sobre capitalização composta

1. Uma pessoa toma $100.000 emprestado, a juros de 2% a.m., pelo prazo de 10 meses
com capitalização composta. Qual o montante a ser devolvido? (Resp.: $121.899,40)

2. Quanto deve ser aplicado hoje para que se configurem $10.000,00 de juros ao fim de 5
anos, se a taxa de juros for de 4% a.trimestre? (Resp.: $8.395,44)

3. Qual a taxa efetiva anual cobrada em relação a 18% a.a. capitalizados mensalmente?
(Resp.: 19,56%)

4. Qual a taxa efetiva mensal de 24% ao ano com capitalização semestral? (Resp.: 1,9%)

5. Rishi Singh tem $1500 para investir. Seus conselheiros de investimentos sugerem um
investimento que não pague juros determinados, mas que gere um retorno de $2000 ao
final de três anos.
a. Qual a taxa de retorno que o senhor Rishi terá ganho com esse investimento?
(Resp.: 10,06% a.a.)
b. O senhor Rishi está considerando outros investimentos, de igual risco, os quais
geram um retorno de 8% ao ano. Qual o investimento deve ser realizado e por
quê?

6. João esteve procurando um empréstimo para financiar a compra de seu carro novo.
Encontrou três possibilidades que parecem atraentes e deseja selecionar aquela que
apresenta taxa de juros mais baixa. As informações disponíveis com relação a cada uma
das três alternativas de empréstimos de $5.000 seguem baixo:

Empréstimo Principal Pagamento Prazo


($) anual ($) (anos)
A 5.000 1.352,81 5
B 5.000 1.543,21 4
C 5.000 2.010,45 3

a. Determine a taxa de juros relativa a cada um dos empréstimos. (Resp. 11%; 9%;
10%)
b. Qual empréstimo o senhor João deveria realizar?

7. René deseja determinar o valor futuro ao final de dois anos, de um depósito de $15.000
feito em uma conta que paga taxa de juros nominal anual de 12%. Encontre o valor
futuro do depósito de René, supondo que os juros sejam capitalizados: (1) anualmente;
(2) trimestralmente; (3) mensalmente; (4) continuamente.
(Resp.: $18816,00; $19001,55; $19046,02; $19068,74)
PROGRESSÕES, LOGARITMOS E MATEMÁTICA FINANCEIRA

Martha Salerno Monteiro


Departamento de Matemática
CAEM - IME-USP

A primeira parte desta apostila contém um resumo do conteúdo da referência [1] que conta a
história do logaritmo. Acrescentamos atividades que têm como objetivo ajudar a compreender as
idéias envolvidas na criação dos logaritmos. Na segunda parte relacionamos essa teoria à matemática
financeira e ao número e.

Uma idéia importante sobre as progressões

A tabela a seguir mostra uma Progressão Geométrica (PG) colocada ao lado de uma Progressão
Aritmética (PA), de modo que o número 1 na PG corresponda ao número 0 na PA.

PG PA
1/9 -4
1/3 -2
1 0
3 2
9 4
27 6
81 8
243 10
729 12
2.187 14
6.561 16
19.683 18

Nessa tabela notamos, por exemplo, que o número 27, na primeira coluna, corresponde ao número
6 na segunda; o número 243 corresponde ao número 10; e o produto 27 × 243 = 6561 corresponde à
soma 6 + 10 (confira!). Notamos também que 91 × 9 = 1 corresponde a −4 + 4 = 0, que 243 × 31 = 81
corresponde a 10 + (−2) = 8, e ainda que 34 = 81 corresponde a 2 × 4 = 8.

Você não fica curioso em saber se:


(a) é coincidência?
(b) valeriam resultados análogos com outros números quaisquer da tabela?
(c) valeriam as mesmas propriedades em outras tabelas com diferentes progressões?

Para tentar responder, façamos a atividade abaixo.

1
Atividade 1.

1. Invente uma nova tabela com termos consecutivos de uma PG na primeira coluna e de uma
PA na segunda, fazendo corresponder ao número 1 da PG o número 0 na PA.

2. Para essa nova tabela, experimente calcular vários produtos de termos da PG e a soma dos
termos correspondentes na PA. Verifique se os resultados se correspondem.

3. Verifique se seus colegas chegaram à mesma conclusão e responda à pergunta (c) acima.

A conclusão à qual você deve ter chegado na Atividade 2 foi percebida em meados do século
XVI. De fato, em 1554, Michael Stifel, em seu livro Arithmetica Integra, colocou lado a lado uma
progressão geométrica e uma aritmética, e estabeleceu as seguintes relações (embora usando outra
terminologia):
produto na primeira corresponde a adição na segunda;
quociente na primeira corresponde a diferença na segunda;
potência na primeira corresponde a produto na segunda;
raiz na primeira corresponde a quociente na segunda.

Para os padrões atuais é exigido maior rigor para que seja aceito um fato como verdade. Vamos
provar o primeiro dos resultados acima enunciados na seguinte atividade. Os demais resultados
podem ser provados de forma análoga.

Atividade 2.

1. Escreva o termo geral an de uma P.G. com termo inicial igual a 1.

2. Escreva o termo geral bn de uma P.A. com termo inicial igual a 0.

3. Calcule an · am e escreva o resultado em forma de uma única potência.

4. Calcule bn + bm e escreva o resultado em forma de um único produto.

5. Com base no resultado obtido nos itens anteriores, como você responde a questão (a) acima?

Tudo leva a crer que esta maneira de relacionar as progressões tenha inspirado a criação dos
logaritmos.

Conside agora a Tabela 2 a seguir. Trata-se de uma tabela de “logaritmos de base 2”. A cada
número à esquerda corresponde um número à direita, chamado seu logaritmo. Por exemplo, dizemos
que o logaritmo de 512 na base 2 é 9. Para obtermos o produto de dois números que estão na
coluna da esquerda primeiramente somamos seus logaritmos. O resultado dessa soma é o logaritmo

2
do produto. Para achar o produto, basta ler na tabela, da direita para a esquerda, qual o número
que tem aquele logaritmo. Por exemplo, calculemos o produto 8 · 128 :

128 → 7
× → +
8 → 3
− − −− −−−
(1.024) ← 10

Note que deixamos de fazer diretamente a multiplicação e, em vez disso, efetuamos uma adição.
Repare que a maneira como escolhemos para indicar o que foi feito não é a convencional, mas
acreditamos que seja sugestiva. Na notação usual (e rigorosa) de logaritmos, escreverı́amos:
Como
log2 (8 · 128) = log2 8 + log2 128 = 3 + 7 = 10 = log2 1.024
concluı́mos que
8 · 128 = 1.024

Tabela 2
P.G. P.A.
1 0
2 1
4 2
8 3
16 4
32 5
64 6
128 7
256 8
512 9
1.024 10
2.048 11
4.096 12
8.192 13
16.384 14
32.768 15
65.536 16
131.072 17
262.144 18
524.588 19
1.048.576 20

Atividade 3. Calcular as operações indicadas sem efetuá-las diretamente, mas usando a tábua
de logaritmos.

3
(i) 256 · 16 = (ii) 512 · 2.048 =
(iii) 32 · 1.024 = (iv) 16.384 · 16 =
(v) 2562 = (vi) 643 =
(vii)8.192 ÷ 512 = (viii) 1.048.576 ÷ 2.048 =
√ 1
(ix) 3 32.768 = (x) 1.024 5 =

Atividade 4. Use a tábua anterior para verificar que a média aritmética dos números 5 e 9
(na coluna da direita) corresponde à média geométrica dos números correspondentes na coluna da
esquerda.
Será que foi coincidência ou é um fato geral?

Mais questões intrigantes. Seja an um termo genérico da PG da tábua acima.


1. Escreva an na forma de potência da base.

2. Determine o valor de log2 (an ).

3. Quanto é 2log2 (an ) ?

4. Qual o valor de log2 (2k )?

Uma tábua de logaritmos de base b qualquer (b > 0, b =


6 1), é uma tabela em que se colocam
uma PG ao lado de uma PA de modo que os números 1 e b na PG correspondem respectivamente
aos números 0 e 1 da PA. Qual o valor de logb (bn )?

São conhecidas as seguintes propriedades (exclusivas) dos logaritmos:

logb (xy) = logb x + logb y (1)


x
logb ( ) = logb x − logb y (2)
y
logb (xk ) = k · logb x (3)
√ 1
logb ( k x) = logb x (4)
k
que valem para qualquer número natural k 6= 0, qualquer base b tal que b > 0, b 6= 1, e quaisquer
números reais x > 0 e y > 0.

Os alunos, em geral, decoram-nas sem conseguir fornecer um argumento que explique porque elas
são verdadeiras. Devemos ter consciência de que as demonstrações dessas propriedades em toda sua
generalidade exige raciocı́nio bastante abstrato e, portanto, de difı́cil compreensão. Entretanto, a
demonstração pode ser simples e acessı́vel em alguns casos especiais, e vale à pena ser feita com os
alunos para que eles aproveitem a oportunidade de desenvolver esse tipo de habilidade.
Vamos ver como fica a demonstração da primeira propriedade dos logaritmos no caso em que
x = bn e y = b m .

4
Notemos primeiramente que logb (bn ) = n e, portanto teremos que logb x + logb y = logb bn +
logb bm = n + m. Assim,

logb (x · y) = logb (bn · bm ) = logb (bn+m ) = n + m = logb x + logb y

Atividade 5. Demonstre a validade das propriedades 2 a 4 acima no caso especial em que x = b n


e y = bm , sendo m e n números naturais.

Questões para reflexão:


(a) Em qualquer tabela de logaritmo, a média aritmética de dois termos quaisquer da PA
corresponde à média geométrica dos termos correspondentes na PG. Por quê?
(b) Qual a base do logaritmo que aparece na tabela 1?

Uma grande descoberta envolve a solução de um grande problema, mas há uma semente
de descoberta na solução de qualquer problema. Seu problema pode ser modesto; porém,
se ele desafiar sua curiosidade e fizer funcionar sua capacidade de criar, e caso você
o resolva sozinho, então você poderá experimentar a tensão e o prazer do triunfo da
descoberta.

George Polya

Em nossas aulas, é importante que proporcionemos ao aluno a oportunidade de fazer descobertas


por si só, tanto para soluções de problemas, como na construção de significados e compreensão dos
conceitos. Quando o próprio aluno consegue perceber sozinho uma determinada propriedade, ela
passa a fazer sentido para ele, a fazer parte de seu repertório de conhecimento, a ser usada com
naturalidade, em vez de ser apenas algo a ser decorado e nunca lembrado. As atividades até aqui
tiveram esse objetivo: dar significado às propriedades do logaritmo.

O que é logaritmo?

Os logaritmos foram inventados, de maneira independente, por John Napier (1550 - 1617), barão
escocês, teólogo e matemático, e por Jost Bürgi (1552 - 1632), suı́ço, matemático e fabricante de
instrumentos astronômicos. Sem que nenhum tivesse conhecimento do outro, tabelas de logaritmos
foram publicadas por Napier em 1614 e por Bürgi em 1620. Ambos procuravam resolver o problema
de simplificar as longas operações de multiplicação e divisão que os recentes desenvolvimentos da
Astronomia e da Navegação vinham exigindo, tanto envolvendo números muito grandes como frações
muito pequenas.
É importante saber que, no final do século XVI, não havia a notação de potências para abreviar
produtos repetidos de mesmo valor.

Vamos tentar compreender a idéia que eles tiveram.


Vocês devem ter notado que a tabela 2 acima é bastante incompleta, já que com ela só conseguimos
calcular operações envolvendo os números que lá estão, que são apenas os da forma 2 n com n natural.

5
Para que a tabela seja útil, temos que fazê-la muito maior, de modo que possamos calcular qualquer
produto como, por exemplo, 47 × 520.

A idéia de Napier e de Bürgi foi justamente a de tornar a tabela mais completa, de modo que se
pudesse calcular vários produtos e não apenas os produtos de potências naturais da base. Em outras
palavras, eles conseguiram escrever qualquer número x como potência (não necessariamente inteira)
da base b.
Iremos agora conhecer um pouquinho de como o problema foi resolvido, para que possamos
entendê-lo e apreciá-lo. Isto requer considerar potências com outros expoentes além dos naturais:
expoentes fracionários, negativos ou até irracionais. Não faremos aqui um estudo sobre potências
com tais expoentes, mas iremos usá-los a partir daqui. O leitor interessado em aprofundar o esse
tópico poderá encontrar no capı́tulo 2 de [2] um texto bastante completo sobre potências.
Também será necessário usar um processo de aproximações sucessivas. Trata-se de um pro-
cedimento que envolve idéias muito ricas, bastante usadas em resoluções de problemas numéricos
importantes.
Napier publicou três tabelas que, juntas, calculavam com precisão até a sétima casa decimal,
os logaritmos dos números 4.998.609, 4034 a 10.000.000. Ele trabalhou 20 anos para produzir esse
trabalho. Briggs (1556 - 1630), um professor de matemática em Oxford, empolgado com a idéia de
Napier quis conhecê-lo pessoalmente, sugeriu algumas modificações e continuou o trabalho de Napier,
produzindo tabelas de logaritmo na base 10 com precisão de 15 casas decimais.
Reproduzimos abaixo um pequenı́ssimo trecho da tabela de Briggs, copiando os valores apenas
até a sexta casa decimal.
a log10 a
1 0
1, 074608 0, 031250
1, 154782 0, 062500
1, 333521 0, 125000
1, 778279 0, 250000
3, 162277 0, 500000
10 1

Atividade 6. O objetivo desta atividade é calcular log 10 1, 5 (o logaritmo decimal de 1, 5). É de


se esperar que o resultado seja um número não inteiro (por quê?). Por isso, iremos achar algumas
aproximações desse valor. Acompanhe o raciocı́nio responda às perguntas formuladas no caminho.

Olhando a primeira coluna da tabela acima, percebemos que 1, 5 “ se encaixa “ entre os números
1, 333521 e 1, 778279, cujos logaritmos são dados. Precisamente, temos que

1, 333521 < 1, 5 < 1, 778279 (5)

Concluı́mos que o logaritmo de 1, 5 deve estar entre 0, 125000 e 0, 250000 e escrevemos

. . . . . . < log(1, 5) < . . . . . . (6)

6
ou também (em frações):
1
. . . . . . < log(1, 5) < . (7)
4
Seja q1 o número racional obtido fazendo a média aritmética dos dois logaritmos conhecidos da
linha (3). Então q1 = . . . . . . .
Verifique, usando uma calculadora, que 10q1 é aproximadamente 1, 539927.
Como q1 é a média aritmética de dois elementos do lado direito da tabela, então 10q1 é a média
geométrica dos números correspondentes à direita. Você sabe por que?
A tabela agora cresceu um pouquinho. Veja:
a log a
.. ..
. .

1
1, 333521
8

3
1, 539927
16

1
1, 778279
4
.. ..
. .
1
Como 1, 5 está entre 1, 333521 e 1, 539927, concluı́mos que log(1, 5) está entre
= 0, 125000 e
8
3
= 0, 187500. Com isso já sabemos que a primeira casa decimal do número procurado é 1!
16
Em outras palavras, uma aproximação, com uma casa decimal de precisão, para log(1, 5)
é 0, 1.

Ainda não conhecemos a segunda casa decimal. Só podemos perceber que deve estar entre 2 e 8.
Para aumentar a precisão, basta repetir o processo. Vamos lá: vemos, na tabela, que
1, 333521 < 1, 5 < 1, 539927 (8)
então
1 3
< log(1, 5) < (9)
8 16
Escolho o racional q2 tomando a média aritmética dos racionais conhecidos na linha acima e verifico
que 10q2 é aproximadamente igual a 1, 433013. Como
1, 433013 < 1, 5 < 1, 539927, (10)

7
concluı́mos que

. . . . . . < log(1, 5) < . . . . . . . (11)

Note que a segunda casa decimal ainda não estabilizou. Por isso, temos que continuar o processo.
Fica como informação e incentivo a continuar os cálculos, saber que temos que usar o processo mais
duas vezes, encontrando
11
q3 = = 0, 171875 ; 10q3 ≈ 1, 485508 ;
64
23
q4 = = 0, 179688 ; 10q4 ≈ 1, 512473.
128
Vamos conferir? Mãos à obra!

Com isso, descobrimos que, como 1, 5 está entre 1, 485508 e 1, 512473, o valor de log(1, 5) está
entre 0, 171875 e 0, 179688. Mais precisamente, escrevemos

0, 171875 < log(1, 5) < 0, 179688 (12)

Assim, temos certeza de que a segunda casa decimal de log(1, 5) é 7, ou seja, log(1, 5) ≈ 0, 17.

Sobre a terceira casa temos uma imprecisão enorme: está entre 1 e 9, conforme mostra a última
desigualdade acima. Você já tem uma idéia do trabalho que dá achá-la à mão.

Devemos admirar e respeitar os matemáticos, navegadores, astrônomos do século XVII não só
pela engenhosidade, mas também pela paciência com que dedicaram anos de suas vidas fazendo
cálculos como os que mostramos acima para que a humanidade pudesse depois fazer outros cálculos
mais rápida e facilmente.
Durante quase 4 séculos que sucederam à descoberta dos logaritmos, sua utilidade revelou-se
decisiva na Ciência e Tecnologia. Recentemente, com o uso cada vez mais comum de computadores
e calculadoras, as tábuas de logaritmos não são mais úteis como instrumento de cálculo. Entretanto
o estudo dos logaritmos é fundamental, pois o desenvolvimento da Matemática e das ciências em
geral veio mostrar que diversos fenômenos fı́sicos, quı́micos, biológicos e econômicos são modelados
por funções logarı́tmicas e por funções exponenciais.

Finalmente, devemos mencionar que a definição de logaritmo do modo como é ensinado hoje
na escola (logb a = c ⇔ bc = a) levou cerca de 200 anos para ser formulada. Todo esse tempo é
certamente um sinal do grau de dificuldade que o conceito abarca.
É muito importante que os alunos aprendam a usar as propriedades, que são exclusivas, dos
logaritmos. Também é bastante útil o conhecimento das funções logaritmo e sua inversa, a função
exponencial, e seus gráficos. Esse conhecimento permitirá que os estudantes compreendam melhor
vários outros assuntos. Eles entenderão melhor biologia, quı́mica, fı́sica, além da própria matemática.

A Relação com a Matemática Financeira e o número e.

Existem duas modalidades bastante conhecidas de ganhos de juros sobre um capital. São chama-
dos juros simples os valores obtidos na situação em que, ao longo do tempo, apenas o capital inicial

8
rende juros. Já nos juros compostos, após cada perı́odo de tempo a que se refere a taxa contratada,
os juros ganhos são capitalizados (somados ao capital), passando a render juros também.
A tabela abaixo mostra os montantes (total do capital inicial mais os juros ganhos) no final de
cada perı́odo de duas aplicações, ambas com um capital inicial de R$ 1000,00 aplicados a uma taxa
de 10% ao mês. Na terceira coluna estão os montantes do capital aplicado a juros simples e na
segunda, os montantes do capital aplicado a juros compostos.

Número de meses Montante (Juros Compostos) Montante (Juros Simples)


0 R$ 1000,00 R$ 1000,00
1 R$ 1100,00 R$ 1100,00
2 R$ 1212,00 R$ 1200,00
3 R$ 1331,00 R$ 1300,00
4 R$ 1464,10 R$ 1400,00
5 R$ 1610,51 R$ 1500,00

Observe que, na terceira coluna, o valor do montante apresentado em cada linha é a soma do
valor anterior com 10% do valor da linha correspondente ao mês 0.
Na segunda coluna, o valor do montante em cada linha é a soma do valor anterior com 10% desse
valor anterior. Também podemos pensar que o valor do montante em cada linha da segunda coluna
é o valor do montante da linha anterior multiplicado por 1,1. Logo, a seqüência de números na
terceira coluna é uma Progressão Aritmética de razão 100, e na segunda coluna, é uma Progressão
Geométrica de razão 1,1.

Perguntas.

1. Se, em vez de 10% de juros, fossem 5%, ainda terı́amos uma PG na segunda coluna? Em caso
afirmativo, qual seria a razão?

2. Os valores dos montantes em juros simples formam sempre progressões aritméticas? Por quê?

3. Os valores dos montantes em juros compostos formam sempre progressões geométricas?

Problema 7. Suponhamos que R$ 1000,00 sejam aplicados a juros compostos:

(a) a uma taxa de 12% ao mês. Qual será o montante após um mês?

(b) a uma taxa de 6 % a cada 15 dias. Qual será o montante após um mês?

(c) a uma taxa de 4 % a cada 10 dias. Qual será o montante após um mês?
12
(d) a uma taxa diária de 30
%. Qual será o montante após um mês?

Você deve ter reparado que o montante, ao final de 1 mês, aumenta, conforme aumenta a
freqüência com que os juros são capitalizados. Será que, se subdividirmos mais e mais o perı́odo

9
de tempo, o montante crescerá indefinidamente? Ou seja, será que, se tivermos os juros capitaliza-
dos, a cada hora, ou a cada minuto, etc..., o montante irá crescer, tendendo a infinito, ou irá parar
em algum valor máximo?
Essa questão é histórica, tendo sido formulada pela primeira vez em 1683 por Jacob Bernoulli
(1654-1705) e respondida por Leonhard Euler (1707-1783).
1
Imagine que haverão n capitalizações ao mês com taxas (a juros compostos) de % em cada
n
perı́odo. Temos que calcular, em função de n, qual o montante no final de um mês, e observar o que
acontece quando n cresce indefinidamente. Para isso é necessário calcular o valor de (1 + n1 )n , para
valores crescentes de n.
Usando a fórmula do binômio de Newton, é possı́vel provar que, qualquer que seja o número n,
esse valor está entre 2 e 3. Tente fazer isso!
1
Exercı́cio 8. Calcule (1+ )n para n = 1, 2, 3, 4, 5, 6. Esses valores encontrados são aproximações
n
para o número e.
O número e é definido como sendo
1 n
e = lim (1 + )
n→∞ n
Euler provou que o número e é um número irracional e chegou a calcular uma aproximação com
18 casas decimais:
e ≈ 2, 718281828459045235
O número e acima é a base do chamado logaritmo natural, usualmente indicado por ln, isto
é, loge x = ln x. Por suas aplicações, e principalmente por causa do Cálculo Diferencial e Integral, a
função y = ln x se tornou a função logaritmo mais importante no mundo cientı́fico.

Referências

1. Druck, Iole de Freitas. Um pouco da História de Potências, Exponenciais e Logarı́tmos, Re-


latório Técnico do Departamento de Matemática RT-MAT 95-24, IMEUSP, 1995.

2. Lima, Elon Lages. Logaritmos, SBM, Coleção Professor de Matemática, 1.

3. Maor, Eli. e: a história de um número, Editora Record, 2003.

4. http://www-gap.dcs.st-and.ac.uk/~history/HistTopics/e.html#s19

10
21

CAPÍTULO 4

SÉRIES DE PAGAMENTOS

4.1 Introdução

Este tema é de fundamental importância nas aplicações práticas. O conceito de


equivalência permite transformar formas de pagamentos (ou recebimentos) em outras
formas equivalentes, e conseqüentemente, efetuar comparações alternativas.

Noções de Fluxo de Caixa


A visualização de um problema que envolve séries de pagamentos e recebimentos é
bastante facilitada usando-se uma representação gráfica simples, chamada “diagrama de
fluxo de caixa”.

Exemplo 1:
João recebe seu salário no primeiro dia do mês, recebe também o aluguel de uma sala
comercial no dia 20 do mês, a qual ainda está pagando o financiamento ao final de cada
mês (dia 30) e faz seus outros pagamentos nos dias 5, 10 e 20. Apresente o fluxo de caixa
correspondente.

Representação Gráfica:

0 1 5 10 20 30 dias

Exemplo 2:
Um banco concede um empréstimo de $40.000 a um cliente, para pagamento em 6
prestações iguais de $9.000. Represente o FC do ponto de vista do banco e do ponto de
vista do cliente.
9.000
Banco:

40.000

40.000
Cliente:

9.000
22

4.2 Séries de Pagamentos ou (recebimentos)

Séries de pagamentos são definidas como uma sucessão de pagamentos/


recebimentos com vencimentos sucessivos ao longo do tempo.

Aqui, sempre estaremos supondo que as séries de pagamentos terão as seguintes


características:

a) a diferença de prazo entre cada termo (ou fluxo de caixa) e o seguinte é


constante:

10 20 30 40 50 dias

b) os valores dos termos (ou fluxos de caixa) que compõe a série podem ser:

- constante (série uniforme):

- variáveis:

c) os vencimentos dos termos da série podem ser no final de cada sub-período ou


no início.
PMT1 PMT2
mês 1 mês 2
0 final do período (o mais comum)
1 2 meses
P

pmt1 pmt2
mês 1 mês 2
0 início do período ( leasing)
1 2 meses
P
23

Principais relações de equivalência

a) Equivalência entre P e F:

F
F = P(1+ i) n
ou P=
(1+ i)n

0 n

Com esta relação pode-se responder às seguintes perguntas:

Qual o valor a ser investido hoje, a determinada taxa de juros, para se obter
uma quantia F após certo tempo?

Investindo-se uma quantia P, hoje, qual a quantia F a ser obtida após n


períodos a uma taxa i?

b) Equivalência entre PMT e F:

(1 + i) n − 1 i
F = PMT ou PMT = F
i (1 + i) n − 1

PMT

Com esta relação pode-se responder às seguintes perguntas:


24

Qual será o valor futuro produzido por uma série de pagamentos periódicos,
dada uma determinada taxa de juros?

Quanto se deve depositar periodicamente com o objetivo de se formar uma


poupança futura, dada uma determinada taxa de juros?

Exemplo:
Quanto terá, no final de quatro anos, uma pessoa que aplicar $500 por mês, durante esse
prazo, em um “Fundo de Renda Fixa”, à taxa de 3% ao mês?

Representação do FC:

0 1 2 3 4

500

Solução usando a fórmula:

(1 + 0,03) 48 − 1
F = 500 x = 500 x 104,4084 = 52.204,20
0,03

Visor
Usando a HP 12C: 1) f clear FIN
2)200 CHS PMT - 500,00
3) 3 I 3,00
4) 48 n 48,00
5) FV 52.204,20

Exemplo:
Quanto uma pessoa terá que aplicar mensalmente num fundo de renda fixa, durante 5 anos,
para que possa resgatar $200.000 no final de 60 meses, sendo que o fundo proporciona um
rendimento de 2% ao mês?
F = 200.000
0 1
Representação do FC: 60 meses

PMT =?
25

Solução usando a fórmula:

i 0,02
PMT = F = 200.000 x = 200.000 x 0,0088 = $1.753,59
(1 + i) − 1
n
(1,02) 60
Usando a HP 12C: Visor
1) f clear FIN
2) 200.000 FV 200.000,00
3) 2 i 2,00
4) 60 n 60,00
5) PMT -1.753,59

c) Equivalência entre PMT e P

(1 + i) n x i (1 + i) n − 1
PMT = P (Tabela Price) ou P = PMT
(1 + i) n − 1 (1 + i) n x i

PMT

Com esta relação pode-se responder às seguintes perguntas:

Qual será o valor da prestação, caso se queira comprar um bem na forma


parcelada?

Qual o valor da retirada periódica que se pode fazer a partir de um


determinado capital investido?

Exemplo:
Um empréstimo de $30.000 é concedido por uma instituição financeira para ser liquidado
em 12 prestações iguais, mensais e consecutivas. Sabendo-se que a taxa de juros é 3,5% ao
mês, calcular o valor da prestação.
26

30.000 i = 3,5% a.m.


Representação do FC: 0 12 meses

PMT

Solução usando a fórmula:

( 1 + 0,035) 12 x 0,035
PMT = 30.000 x = 30.000 x 0,10348 = $3.104,52
(1 + 0,035) 12 − 1
Usando a HP 12C: Visor
1) f clear FIN
2) 30.000 PV 30.000,00
3) 3,5 i 3,50
4) 12 n 12,00
5) PMT -3.104,52

Exemplo:
Calcular o valor atual de uma série de 24 prestações iguais, mensais e consecutivas de
$3.500 cada uma, considerando uma taxa de 5% ao mês.

P=? i = 5% a.m.
Representação do FC: 0 24meses

pmt = 3.500

Solução usando a fórmula:

( 1 + 0,05) 24 - 1
P = 3.500 x = 3.500 x 13,79864 = $48.295,25
(1 + 0,05) 24 x 0,05
27

Visor
Usando a HP 12C: 1) f clear FIN
2) 3.500 PMT 3.500,00
3) 5 i 5,00
4) 24 n 24,00
5) PV -48.295,25

Exemplo: problemas em que a taxa de juros é a incógnita.

Determinar a que taxa anual foi firmada uma operação de empréstimos de $100.000, para
ser liquidada em 18 prestações mensais, iguais e consecutivas de $7.270,87 cada uma.
PMT = 7.270,87
Fluxo de Caixa:
0
18meses
P = 100.000 i=?
( 1 + i) n - 1 (1 + i)18 − 1
P = PMT x ⇒ 100.000 = 7.270,87
(1 + i) n x i (1 + i) 18 x i

Solução:
1) por tentativa e erro
 P 100.000
2) usando uma tabela financeira → = = 13,7535 → i = 3% a.m.
 PMT 7.270,87
3) usando uma calculadora financeira como a HP 12C → 3% a.m.

Solução por tentativas:

( 1 + i) 18 - 1 (1 + i) 18 − 1 100.000
100.000 = 7.270,87 x ⇒ = = 13,7535
(1 + i)18 x i (1 + i)18 x i 7.270,87

Agora, o objetivo é encontrar um valor de i para que o lado esquerdo da equação


torne-se igual a 13,7535. Faremos uma tentativa com i = 1% e outra com i = 5%.

(1 + i) 18 − 1 i = 1% ⇒ 16,3982 > 13,7535


= 13,7535 ∴ i está entre 1% e 5%
(1 + i) 18 x i i = 5% ⇒ 11,6896 < 13,7535
28

Regra de três:

16,3982
A
13,7535
D

11,6896
B E C
i = 1% i=x% i=5%

Igualando as proporções entre a altura e a base do triângulo maior (ABC) e do


triângulo menor (DEC), temos que:

5 −1 5- x 4 5-x
= ⇒ = ⇒
16,3982 − 11,6869 13,7535 − 11,6896 4,7086 2,0639

x = 3,2467% a.m.

d) Perpetuidades
Uma perpetuidade é uma série uniforme com uma vida infinita. Este conceito é
muito usado para o cálculo de aposentadorias e mensalidades de clubes. Alguns governos já
emitiram títulos que pagam juros periódicos para sempre. É o caso das consols emitidas
pelo governo britânico, onde o titular desses bônus nunca receberão o principal, somente
recebem os juros periódicos.

Pode-se determinar a equação que relaciona uma série uniforme perpétua e seu
valor presente através da fórmula inversa da tabela Price, fazendo-se o número de períodos,
n, tender a infinito, como mostrado abaixo.

 (1 + i) n − 1 PMT
P = Lim PMT =
n →∞
 (1 + i) n i  i

PMT

0
1 2 3 ... ∞
P
29

Exemplo:

João pretende se aposentar e receber anualmente, ao final de cada ano, um valor fixo de
$10.000,00. Quanto ele deverá acumular ao final de sua vida de trabalho para que possa
usufruir de tal benefício durante sua aposentadoria? Suponha uma taxa real de juros de 6%
ao ano.

Dados:
PMT = 10.000,00
i = 6 % a.a.

Solução:

Usando-se a fórmula da perpetuidade, facilmente se obtém o valor pedido:

PMT 10.000
P= = = $166.666,67
i 0,06

4.3 Relações de equivalência para pagamentos antecipados

Nas séries com pagamentos ou recebimentos antecipados, eles ocorrem no início de


cada período de tempo. Assim, a primeira prestação é paga ou recebida na data “zero”, e
assim sucessivamente.
Todos os problemas com séries de pagamentos ou recebimentos antecipados
poderão ser resolvidos utilizando os mesmos fatores anteriores só que divididos ou
multiplicados por (1 + i).
As fórmulas passam a ser as seguintes:

(1 + i) n − 1 (1 + i) n − 1
De F = PMT para F = PMT (1 + i)
i i

(1 + i) n . i P (1 + i) n .i
De PMT = P para PMT =
(1 + i) n - 1 (1 + i) (1 + i) n - 1
30

Exemplo 1:
Quanto terá de aplicar mensalmente, a partir de hoje, para acumular no final de 36 meses
um montante de $300.000, sabendo-se que o rendimento firmado é de 34,489% ao ano
(taxa efetiva!) e que as prestações são iguais e consecutivas e em número de 36?

Fluxo de Caixa: i = 34,489% a.a. F = 300.000


0 35
36 meses
PMT = ?

Achar a taxa i mensal:

(1 + im)12 = (1 + ia)
(1 + im)12 = 1,34489 ⇒ im = (1,34489)1/12 – 1 = 2,5%

F i
PMT = x
(1 + i) (1 + i) n − 1
300.000 0,025
PMT = x = $5.107,77
1,025 (1,025) 36 − 1

Exemplo 2:
Determinar qual o valor de um terreno financiado em 24 prestações iguais de $5.054,03
sabendo-se que a taxa de juros cobrada é de 3,5% ao mês e que o primeira prestação é paga
no ato da assinatura do contrato.
Fluxo de Caixa : PMT = 5.054,03

0
23 24meses
P=? i = 3,5%
( 1 + i) n - 1
P = PMT x (1 + i)
(1 + i) n . i

( 1,035) 24 - 1
P = 5.054,03 x 1,035 x = $84.000,05
(1,035) 24 . 0,035
31

4.4 Problemas sobre relações de equivalência

1 – Quanto uma pessoa terá que aplicar mensalmente num banco, para que possa resgatar
$200.000,00 ao final de 60 meses, sabendo-se que o banco oferece uma taxa de 2% ao mês?
(Resp.: $1.753,59)

CASO: Encontrando a anuidade de aposentadoria de Jill Moran

A Sunrise Industries deseja acumular fundos para prover uma anuidade de


aposentadoria para sua vice-presidente de pesquisa, Jill Moran. Por contrato, ela se
aposentará exatamente no final de doze anos. Pela aposentadoria ela tem direito a receber
um pagamento anual, no final do ano, de $42.000, durante exatamente vinte anos. Se ela
morrer antes do final do período de vinte anos, o pagamento anual passará a seus herdeiros.
Durante doze anos, o “período de acumulação”, a Sunrise Industries deseja aplicar a
anuidade a ser realizada em depósitos iguais, anuais, no final do ano, em uma conta que
contenha 9% de juros. Uma vez que seja iniciado o “período de distribuição” de vinte anos,
a Sunrise planeja movimentar os fundos acumulados para uma conta que garanta juros de
12% ao ano. No final do período de distribuição, o saldo da conta será igual a zero. Perceba
que o primeiro depósito será realizado no final do ano 1 e a primeira distribuição ocorrerá
no final do ano 13.

Pede-se:

a. Trace a linha do tempo, ilustrando os fluxos de caixa relativos às anuidades de


aposentadoria, sob o ponto de vista da Sunrise;
b. Qual seria o montante que a Sunrise Industries deve acumular no final do ano 12 para
fornecer, durante vinte anos, anuidades de $42.000?
c. Qual é o montante relativo aos depósitos iguais anuais, no fim do ano, que a Sunirse
deve realizar na conta durante um período de acumulação de doze anos, para satisfazer
os fundos de aposentadoria anual da senhora Jill?
d. Qual deve ser o montante de depósito anual que a Sunrise tem de realizar, durante o
período de acumulação, caso se obtenham juros de 10% em vez de 9%, nesse mesmo
período?
e. Qual é o montante de depósito anual, durante o período de acumulação, que a Sunrise
deveria realizar, se a anuidade de aposentadoria da senhora Jill fosse uma perpetuidade,
sendo que todos os outros termos permaneceriam iguais aos inicialmente descritos?.
32

CAPÍTULO 5

SISTEMAS DE AMORTIZAÇÃO

5.1 Introdução

A disponibilidade de recursos financeiros é um fator imperativo para a


concretização de um investimento. Ao se comprar um imóvel, ao se adquirir um
equipamento industrial, é necessário que se tenha disponibilidade de recursos.

Se a pessoa física, no caso de um imóvel, ou a empresa, no caso do equipamento,


dispuserem de capital próprio, poderão lançar mão destes fundos para efetivarem seus
investimentos.Porém, na falta destes recursos, ou se estes forem insuficientes, terão que
recorrer a empréstimos.

O valor destes empréstimos, ou seja, o principal, evidentemente terá que ser


restituído à instituição financiadora, acrescido da sua remuneração, que são os juros. Às
formas de devolução do principal mais juros, chamam-se sistemas de amortização. Os mais
usuais, normalmente praticados pelas instituições bancárias, serão apresentados a seguir.

5.2 Sistema Francês de Amortização ou Tabela Price

O Sistema Francês de Amortização é mais conhecido no Brasil como Sistema Price


ou Tabela Price. Como relata o professor Mário G. Pereira apud Vieira Sobrinho (1997, p.
221), a denominação “Tabela Price” se deve ao nome do matemático, filósofo e teólogo
inglês Richard Price, que viveu no século XVIII e que incorporou a teoria dos juros
compostos às amortizações de empréstimos ou financiamentos. A denominação “Sistema
Francês”, ainda de acordo com Pereira, deve-se ao fato deste sistema ter-se efetivamente
desenvolvido na França, no século XIX. É muito usado nas compras a prazo de bens de
consumo – crédito direto ao consumidor. Neste sistema as prestações são constantes e
correspondem pois, a uma série uniforme PMT. O valor das prestações é determinado com
base na mesma fórmula utilizada para relacionar uma série uniforme de pagamentos e o
valor atual:

(1 + i) n . i
PMT = P
(1 + i) n − 1

Uma das razões para se estudar amortizações de dívidas é a de se obter respostas às


perguntas:

Qual o estado da dívida? Quanto já foi amortizado?


33

Quando uma dívida é saldada em prestações, o devedor deverá, normalmente,


restituir o principal em juros e amortizações. As prestações pagas são desmembradas em
juros e amortizações. A amortização corresponde à parcela da prestação que é descontada
do principal.

Exemplo:

Calcular os valores das parcelas de juros e amortização referentes à primeira prestação, de


um empréstimo de $8.530,20, à taxa de 3% ao mês, para ser liquidado em 10 prestações
iguais. Use o Sistema Francês de Amortização ou a Tabela Price.

Solução:

Valor da prestação:

(1,03) 10 x 0,03
PMT = 8.530,20 x = $1.000
(1,03)10 − 1

Valor da parcela de juros:

J = i x P = 0,03 x 8.530,20 = 255,91

Valor da parcela de amortização:

como PMT = A + J, temos que:

A = PMT – J = 1.000 – 255,91 = 744,09

A partir da primeira prestação, podemos construir uma planilha que denominaremos de


“Plano de Pagamento do Empréstimo” pela Sistema Francês/ Tabela Price.
34

t Saldo devedor (Pt) Amortização (At) Juros (Jt) Prestação


0 8.530,20 - - -
1 7.786,11 744,09 255,91 1.000
2 7.019,69 766,42 233,58 1.000
3 6.230,28 789,41 210,59 1.000
4 5.417,19 813,09 186,91 1.000
5 4.579,70 837,48 162,52 1.000
6 3.717,10 862,61 137,39 1.000
7 2.828,61 888,49 111,51 1.000
8 1.913,47 915,14 84,86 1.000
9 970,87 942,60 57,40 1.000
10 0,00 970,87 29,13 1.000
Total 8.530,20 1.469,80 10.000

As fórmulas usadas para a construção da planilha acima são muito simples e dadas por:

Cálculo dos juros, num período qualquer t:


(1 + i) n − t − 1
Jt = i x Pt-1, onde saldo devedor em t: Pt = PMT
(1 + i) n − t . i

Cálculo da amortização num período qualquer t:

A1 = PMT – i P0, onde A1 e´ a primeira amortização e P0 é o saldo devedor inicial.

At = A1(1+i)t-1

Generalizando, temos que:

J 1 = i x P0 (juros no primeiro périodo)


o 
1 Período P0 = saldo devedor no período 0
A = PMT − J = valor da primeira amortização
 1 1

J 2 = i x P1
o 
2 Período P1 = P0 − A 1
A = PMT − J
 2 2
35




J t = i x Pt -1


n-ésimo Período 
A t = A 1 (1 + i) t -1


 (1 + i) n - t − 1
Pt = PMT
 (1 + i) n − t i

Exemplo (baseado nos dados do exercício anterior):

a) Calcular o valor do saldo devedor existente no final do 6o mês (após o pagamento desta
prestação):

Solução:
(1 + i) 10 − 6 − 1 1,03 4 − 1
P6 = PMT = 1.000 = 3.717,10
(1 + i) 10 − 6 . 0,03 1,03 4 . 0,03

b) Calcular o valor da parcela de juros correspondente à 4a prestação:

J4 = i x P3 , onde P3 é o saldo devedor no terceiro período

(1 + i) 10 −3 − 1 1,03 7 − 1
P3 = PMT = 1.000 = 6.230,28
(1 + i) 10 −3 . 0,03 1,03 7 . 0,03

Portanto, J4 = 0,03 x 6.230,28 = 186,91

c) Calcular o valor da parcela de amortização correspondente à 5a prestação:


A5 = A1(1+i)5-1

A1 = pmt – i x P0 = 1000 – 0,03 x 8530,20 = 744,09

A5 = 744,09 x 1,034 = 837,48


36

Representação gráfica do Sistema Francês

Neste sistema, a parcela de juros decresce com o tempo, ao passo que a parcela de
amortização aumenta com o tempo. Graficamente pode-se apresentar este comportamento
da seguinte maneira:

Representação da Prestação:
$

Juros
Prestação
Amortização
n

Representação do Saldo devedor:


$

Saldo
devedor

Exercício 1:

Uma pessoa conseguiu empréstimo de $100.000, a ser pago em 20 prestações iguais e


semestrais a uma taxa efetiva de 50% ao ano. Determine:
a) qual a taxa semestral (R: 22,5%)
b) qual o valor das prestações (R: pmt = 22.895,39)
c) qual a parcela da primeira prestação que é juros e qual é relativa à amortização
(R: A = 395,39; J = 395,39)

Exercício 2:
Montar a planilha financeira para um financiamento de $1.000, a 3% ao mês, com prazo de
meses, amortizável em 4 prestações mensais. Calcular também o saldo devedor
imediatamente após a 2a prestação, mas sem o uso da planilha.
37

t Saldo devedor (Pt) Amortização (At) Juros (Jt) Prestação


0 1.000,00 0 0 0
1 761,00 239,00 30,00 269
2 514,83 246,17 22,83 269
3 261,27 253,56 15,44 269
4 ~ 0,00 261,16 7,84 269

(1 + 0,03) 4 . 0,03
Cálculo de prestação: PMT = 1.000 ≅ 296,00
(1 + 0,03) 4 - 1
a (1 + 0,03) 4− 2 - 1
Cálculo do Saldo devedor aos a 2 prestação: P2 = 269 ≅ 514,72
(1 + 0,03) 4−2 . 0,03

Exercício 3:

Mesmo exercício, mas com 1 mês de carência.

5.3 Sistema de Amortização constante (SAC)

Este sistema, extremamente simples, se popularizou com o Sistema Financeiro de


Habiitação (SFH), que o adotou nos financiamentos de compra da casa própria. Seu nome
deriva de sua principal característica que é a constância do valor da amortização, diferente
do Sistema Francês, onde a amortização cresce exponencialmente com o tempo.

A parcela de capital (amortização) é obtida dividindo-se o valor do empréstimo pelo


número de prestações, enquanto o valor da parcela de juros é determinada multiplicando-se
a taxa de juros pelo saldo devedor existente no período imediatamente anterior.

Representação da Prestação:
$

Juros
Prestação
Amortização
n
38

Representação do Saldo devedor:


$

Saldo
devedor

Exemplo:
Um empréstimo de $800.000 deve ser devolvido em 5 prestações semestrais pelo SAC à
taxa de 4%a.s. Obtenha a planilha.
Solução:

A amortização é calculado como: A = 800/5 = 160

Planilha (x 1.000)
t Saldo devedor (Pt) Amortização (At) Juros (Jt) Prestação
0 800,00 0 0 0
1 640,00 160,00 32,00 192,00
2 480,00 160,00 25,60 185,60
3 320,00 160,00 19,20 179,20
4 160,00 160,00 12,80 172,80
5 0,00 160,00 6,40 166,40
800,00 96,00 896,00

Algumas relações importantes:


P0
1) Valor da amortização: A =
n

2) Valor do saldo devedor de ordem t: Pt = A(n – t)

3) Valor da prestação de ordem t: PMTt = A + Jt = A + i Pt-1 = A + i A(n – (t–1))

ou seja, PMTt = A + i A(n – t + 1)


39

Exercícios (SAC)

1)Elaborar um plano de pagamentos, com base no SAC, correspondente a um empréstimo


de $100.000, à taxa de 3% ao mês, a ser liquidado em 10 prestações mensais.
t Saldo devedor (Pt) Amortização (At) Juros (Jt) Prestação
0 100.000 0 0 0
1 90.000 10.000 3.000 13.000
2 80.000 10.000 2.700 12.700
3 70.000 10.000 2.400 12.400
4 60.000 10.000 2.100 12.100
5 50.000 10.000 1.800 11.800
6 40.000 10.000 1.500 11.500
7 30.000 10.000 1.200 11.200
8 20.000 10.000 900 10.900
9 10.000 10.000 600 10.600
10 0 10.000 300 10.300
Total 100.000 16.500 116.500

2) Um apartamento é vendido por $1.500.000, sendo $300.000 de entrada e o restante em


60 prestações mensais, à taxa de 2,5% ao mês, pelo SAC. Calcular:
a) o valor da 1a e da última prestação. (R: 50.000 e 20.500)
b) o valor do decréscimo mensal das prestações. (R: 500)
c) o total de juros a serem pagos até a liquidação do débito. (R: 915.000)

5.4 O Sistema de Amortização Misto (SAM)

Este sistema de amortização foi criado pelo antigo Banco Nacional de Habitação
(BNH), em 1979, e se constitui num misto entre a Tabela Price e o SAC. O SAM é um
plano de pagamentos composto por prestações cujos valores são resultantes da média
aritmética dos valores das prestações calculadas pela Tabela Price e o SAC,
correspondentes aos respectivos prazos. Os valores das parcelas de amortização e juros
resultam da mesma regra.

Assim temos que:

A prestação por este sistema será dada por:

PMTTP + PMTSAC
PMTSAM =
2
40

A amortização pelo SAM será:

A TP + A SAC
A SAM =
2

Os juros pelo SAM serão:

J TP + J SAC
J SAM =
2

Graficamente, o saldo devedor em função do tempo ficaria:

Price

Saldo SAM
SAC
Devedor

Exemplo:

Elabore m plano de pagamento com base no SAM, correspondente a um empréstimo de


$12.000, a uma taxa de 2% ao mês, a ser liquidado em 12 prestações mensais.

5.5 Sistema Americano

Neste sistema paga-se apenas os juros; o principal é devolvido ao final do


empréstimo. A planilha correspondente a um plano deste tipo ficaria como mostrado
abaixo:
mês Saldo devedor Amortização Juros Prestação
0 P 0 0 0
1 P 0 i.P i.P
2 P 0 i.P i.P
3 P 0 i.P i.P
4 0 P i.P P + i.P
41

Exemplo:
Por empréstimo de 800mil dólares, um cliente se propõe a devolver o principal daqui a dois
anos, pagando semestralmente somente os juros à taxa de 4% ao semestre. Obtenha a
planilha pelo Sistema Americano:
Solução:

Saldo devedor Amortização Juros Prestação


mês
0 800 0 - -
1 800 0 32 32
2 800 0 32 32
3 800 0 32 32
4 0 800 32 832
Total 800 128 928

5.6 Comparação entre os sistemas

Para uma determinada taxa de juros todos os sistemas são equivalentes. Ou seja,
para uma dada taxa de juros o valor presente dos fluxos de desembolso de cada sistema será
igual ao valor financiado, P.
Por exemplo, o SAC e a Tabela Price são equivalentes, mesmo observando-se que
as prestações calculadas pelo SAC são maiores no início do plano e menores ao final.

5.7 Exercício

(Concurso Controlador de Arrecadação Fiscal) Um Banco financia a importância de


$400.000,00 entregue no ato do financiamento, com um prazo de carência de 2 anos.
Sabendo-se que o banco utiliza o sistema francês, que a taxa de juros é de 10% a.a., que a
devolução deve ser feita em 4 prestações anuais e que durante o prazo de carência os juros
são capitalizados e incorporados ao capital, construir a planilha ou plano de amortização. A
partir da planilha resolva a questão abaixo.
Se o devedor resolver liquidar a dívida imediatamente após o pagamento de duas
prestações, deveria pagar o valor de (desprezar os centavos na resposta):

a) 240.904,00
b) 250.908,00
c) 264.995,00 *
d) 270.843,00
42

CAPÍTULO 6

MÉTODOS TRADICIONAIS DE ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

6.1 Introdução

Empresas públicas e privadas, agências do governo e investidores sempre estão se


defrontando com numerosas oportunidades de investimento. A correta escolha de um
projeto ou investimento, dentre uma gama de oportunidades possíveis, pode determinar o
sucesso ou o fracasso da entidade, seja ela pública ou privada. O estudo da viabilidade
econômica de investimentos é denominado de engenharia econômica. A engenharia
econômica pode ser definida como o conjunto de princípios e técnicas necessários à tomada
de decisões sobre alternativas de investimentos. Em geral, aplicam-se estas técnicas para a
tomada de decisões de longo prazo. Dentro de uma empresa seriam aquelas decisões sobre
os ativos permanentes e que se costuma denominar de orçamento de capital. Abaixo
apresentamos o esquema de um balaço de uma empresa industrial.

Balanço da Empresa XYZ em 2002

Ativo Passivo
Circulante Circulante
Realizável a Longo Prazo Exigível a Longo Prazo
Permanente Patrimônio Líquido
-investimentos -capital
-imobilizado -lucros acumulados
-diferido

As decisões de longo prazo, sobre os ativos permanentes, são a “razão de ser” de


uma empresa. É claro que para os outros níveis de decisões de uma empresa, como as
decisões sobre ativos de curto prazo e sobre a formas de financiamento dos ativos também
são de suma importância e as técnicas aqui apresentadas também poderão ser aplicadas.

Abaixo listamos alguns dos problemas em que poderemos aplicar os métodos


tradicionais de análise de investimentos ou engenharia econômica para escolher a
alternativa mais adequada. Estes métodos serão descritos neste capítulo.

efetuar o transporte de materiais manualmente ou comprar uma correia


transportadora;
construir uma rede de abastecimento de água com tubos de maior ou menor
diâmetro;
comprar um veículo à vista ou a prazo;
alugar ou comprar um equipamento;
43

usar lâmpadas incandescentes ou fluorescentes para a iluminação;


etc.

Antes de se tomar a decisão sobre qual a melhor alternativa, é preciso estar ciente de
alguns princípios qualitativos básicos que fundamentam a engenharia econômica, tais
como:

deve haver alternativas de investimento disponíveis;


as alternativas devem ser expressas num denominador comum: em dinheiro;
só as diferenças entre as alternativas são relevantes;
sempre são considerados os juros sobre o capital empregado, ou seja, o valor
do dinheiro no tempo;
nos estudos econômicos, o passado geralmente não é considerado (sunk
costs);
decisões separáveis devem ser tomadas separadamente;
dar um certo peso para os graus relativos de incerteza associada com as
várias previsões;
levar em conta a alternativa de não fazer nada.

É claro que ao se levar em conta na análise apenas o que pode ser transformado em
valores monetários, deixa-se de lado aspectos imponderáveis, tais como a política
econômica geral, a estratégia da empresa, a satisfação dos empregados etc., que muitas
vezes podem alterar bastante a escolha entre as várias alternativas de investimento.

6.2 Taxa de mínima atratividade (TMA)

A taxa de mínima atratividade (TMA) é a taxa a partir da qual o investidor


considera que está obtendo ganhos financeiros. Para uma empresa, a TMA seria equivalente
ao seu custo de capital, que é a taxa de retorno mínima sobre seus investimentos de maneira
que ela pudesse continuar com o mesmo nível de atividades indefinidamente. Para uma
pessoa comum, a TMA seria provavelmente a rentabilidade proporcionada pela caderneta
de poupança. Pois, caso esta pessoa guardasse suas economias embaixo do colchão ela
estaria perdendo a oportunidade de auferir o retorno da poupança. Portanto, a TMA
também pode ser considerada um custo de oportunidade.

Já para o dono de uma empresa, a TMA seria o custo de oportunidade de deixar de


investir em sua empresa, ou seja, se guardar o dinheiro embaixo do colchão deixará de
auferir os lucros que a empresa proporcionaria. Quando se fala a nível de empresas a TMA
é denominada de custo de capital e que está associado ao risco inerente ao ramo de
atividade de cada empresa. Empresas que atuam em setores tradicionais e consolidados da
economia, em geral, são menos arriscadas, pois seus lucros futuros são mais previsíveis.
Empresas que atuam em setores de ponta, como empresas “ponto com” e de
telecomunicações, por exemplo, têm seus lucros futuros de difícil previsão e portanto têm
um risco maior que as empresas tradicionais. Conseqüentemente, a TMA de empresas
tradicionais deve ser menor do que a de empresas de ponta, pois o investimento nestas
últimas é mais arriscado, com um retorno mais incerto.
44

Se a empresa conseguir investimentos que proporcionem retornos acima de seu


custo de capital ela estará adicionando valor a ela. Se a empresa conseguir investimentos
que proporcionem retornos iguais ao seu custo de capital ela estará no mesmo nível de
valor anterior. Se a empresa conseguir investimentos com retorno abaixo de seu custo de
capital ela estará subtraindo valor dela.

6.3 Outros conceitos importantes

Projetos independentes e mutuamente exclusivos


Fundos ilimitados versus racionamento de capital
Fluxos de caixa convencionais e não convencionais

6.4 Principais métodos de avaliação de investimentos

Payback

Métodos não exatos Payback descontado
Retorno contábil médio

Valor Presenete Líquido



Métodos exatos Taxa interna de retorno
Valor anual uniforme equivalente

O quadro abaixo sumariza os fluxos de caixa de quatro projetos de investimentos


mutuamente exclusivos, durante cinco anos. Você deverá fazer sua escolha de acordo com
os métodos a serem discutidos. Suponha que a TMA da empresa seja de 10%.

ano A B C D
0 -1.500 -1.500 -1.500 -1.500
1 150 0 150 300
2 1.350 0 300 450
3 150 450 450 750
4 -80 1.050 600 750
5 -50 1.950 1.875 900
45

6.4.1 Período de payback

O período de payback é o método mais simples de se analisar a viabilidade de um


projeto ou investimento. Ele é definido como o número de períodos (anos, meses, semanas
etc.) para se recuperar o investimento inicial. Para se calcular o período de payback de um
projeto basta somar os valores dos fluxos de caixa auferidos, período a período, até que
essa soma se iguale ao valor do investimento inicial. O período correspondente à ultima
parcela da soma será o período de payback procurado.

Vantagens:
simplicidade e rapidez;
é uma medida de risco do investimento, pois quanto menor o período de
payback, mais líquido é o investimento e, portanto menos arriscado.

Desvantagens:
não considera o valor do dinheiro no tempo;
não considera os fluxos de caixa após o período de payback;
não leva em conta o custo de capital da empresa.

Use o método do período de payback para avaliar os projetos acima:

Projeto A → 2 anos de período de payback melhor


Projeto B → 4 anos de período de payback
Projeto C → 4 anos de período de payback
Projeto D → 3 anos de período de payback

6.4.2 Período de payback descontado

Este método é semelhante ao anterior com o adicional de se usar uma taxa de


desconto antes de se proceder à soma dos fluxos de caixa.

Use o payback descontado para analisar os projetos. Use como taxa de desconto a
TMA da empresa de 10%.
46

Projeto A:

Ano FC VP (a 10%) VP acumulado


0 -1.500 -1.500,00 -1.500,00
1 150 136,36 -1.363,64
2 1.350 1.115,70 -247,94
3 150 112,70 -135,24
4 -80 -54,64 -189,88
5 -50 -31,05 -220,93 ⇒Você nunca vai receber o
dinheiro de volta!

Projeto B:

Ano FC VP (a 10%) VP acumulado


0 -1.500 -1.500,00 -1.500,00
1 0 0,00 -1.500,00
2 0 0,00 -1,500,00
3 450 338,09 -1.161,91
4 1.050 717,16 -444,75
5 1.950 1.210,80 +766,05

Payback descontado = entre 4 e 5 anos (ou 4,37 anos)

Por semelhança de triângulos, podemos fazer uma interpolação e encontrar o período de


payback com maior precisão.

766
a
4 b 5
444

766 b 766 + 444 a + b


= ⇒ =
444 a 444 a

Como a + b é igual ao período de 1 ano, vem:

1 ano 1
2,73 = ⇒a= = 0,37 anos
a 2,73

Portanto, o valor procurado será igual a 4 anos mais 0,37 anos, ou 4,37 anos.
47

6.4.3Taxa Média de Retorno de Contábil

É um método utilizado com certa freqüência pelas empresas. Como há muitas


definições diferentes da taxa média de retorno contábil (TMRC), aqui definiremos a TMRC
como o quociente entre o lucro líquido médio de um projeto e o valor contábil médio do
investimento inicial:

Lucro Líquido Médio


TMRC =
Valor Contábil Médio do Investimento

Supondo que os fluxos de caixa dos projetos A, B, C e D estejam na forma de lucro


líquido e que o valor inicial seja o valor contábil do investimento a ser realizado, temos o
seguinte:

(150 + 1350 + 150 − 80 − 50) / 5 304


TMRC A = = = 0,4053 ou 40,53%
1500 / 2 750

Observa-se, na fórmula, que o investimento médio será sempre a metade do


investimento inicial, desde que ele seja depreciado linearmente e que seu valor ao final do
projeto seja nulo. O valor encontrado para o projeto A significa que 40,53% do
investimento inicial retorna à empresa por ano. Este valor deve ser comparado com um
padrão estabelecido previamente. Assim, se o padrão for de 50%, o projeto A deveria ser
rejeitado.

De forma análoga obtemos a TMRC dos outros quatro projetos:

TMRCB = 92,00% melhor

TMRCC = 90,00%

TMRCD = 84,00%

Vantagens:
Simples e rápido de calcular;
Dados facilmente acessíveis com o sistema de contabilidade da empresa.

Desvantagens:
utilização de dados contábeis em vez de fluxos de caixa;
não considera o valor do dinheiro no tempo;
escolha arbitrária de uma data limite para a projeção dos lucros.
48

6.4.3 Valor Presente Líquido

Este método consiste em trazer para a data zero, usando como taxa de desconto a
TMA da empresa ou projeto, todos os fluxos de caixa do investimento e soma-los ao valor
do investimento inicial. Matematicamente, pode ser dado pela equação abaixo:

FC1 FC 2 FC n
VPL = − FC0 + + +L+
(1 + i) (1 + i)
1 2
(1 + i) n
Vantagens:

leva em conta o valor do dinheiro no tempo;


leva em conta o custo de capital da empresa/TMA;
obedece ao princípio da aditividade do valor;
pode ser aplicado a qualquer fluxo de caixa;
pressupõe a reinversão dos fluxos de caixa ao custo e capital/TMA da empresa ou
projeto;
sob o ponto de vista econômico, é considerado o método mais correto.

Desvantagens:

necessita o conhecimento de vários parâmetros.

A partir a tabela com os dados dos quatro projetos, calculamos o VPL de cada projeto:

Projeto VPL
A -220,92
B 766,05
C 796,42 melhor
D 778,80

Critério de decisão do VPL:


aceita-se projetos com VPL ≥ 0;
para uma carteira de projetos mutuamente exclusivos escolhe-se aquele com o maior
VPL.
49

6.4.4 Taxa Interna de Retorno (TIR)

É a taxa de desconto que zera o valor presente líquido dos fluxos de caixa de um
projeto, ou seja, faz com que todas as entradas igualem todas as saídas de caixa do
empreendimento. Matematicamente, esta taxa (TIR) pode ser encontrada resolvendo-se a
seguinte equação:

FC1 FC 2 FC n
0 = − FC0 + + +L+
(1 + TIR) (1 + TIR) 2
(1 + TIR) n
Vantagens:

leva em conta o valor do dinheiro no tempo;


é fácil comparar seu valor com a rentabilidade de outros investimentos.

Desvantagens:

pressupõe a reinversão dos fluxos (benefício) à própria TIR, o que acaba distorcendo os
resultados;
não obedece ao princípio de aditividade do valor;
pode haver múltiplas taxas de retorno ou mesmo não ter solução quando o fluxo de
caixa não é convencional;
necessita a análise do investimento “incremental” quando se compara várias alternativas
mutuamente exclusivas;
Não se recomenda em situações com múltiplas alternativas.

Critério de decisão da TIR para projetos independentes e sem restrição orçamentária:

escolhe-se os projetos que tenham a TIR ≥ TMA

se os projetos forem mutuamente exclusivos, deve-se escolher aquele com maior TIR,
desde que ela seja maior que a TMA da empresa.

A partir dos dados do exemplo anterior, calculamos a TIR de cada projeto:

Projeto TIR
A 0,74%
B 22,92%
C 22,75%
D 25,38% melhor
50

Exercício:

Uma empresa dispõe de $18.000 e conta com duas alternativas de investimento em um tipo
de equipamento industrial:
equipamento de marca A, que exige um investimento inicial de $14.000 e proporciona
um saldo líquido anual de $5.000 por sete anos;
equipamento de marca B, que exige um investimento inicial de $18.000 e proporciona
um saldo líquido de $6.500 por sete anos.
Calcule qual a alternativa mais econômica, sabendo-se que a TMA da empresa é de 30% ao
ano.

(R: VPLA = $10,56 e TIRA = 30,03%; VPLB = $213,73 e TIRB = 30,51%)

6.4.5 Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE)

Este método consiste em achar a série uniforme (PMT) anual equivalente ao fluxo
de caixa do projeto, descontado à TMA.

-mesmas vantagens do VPL

-critério de decisão: igual ao VPL

Graficamente temos:

1) 0 5 = 0 5

P0
PMT ou VAUE

P4 P5 PMT ou VAUE
2) P1 P2
0 5 = 0 5

P0 P3
51

Exemplo:

No exercício anterior, usar o método do VAUE para achar a alternativa mais econômica.

5.000 VAUE = $3,77


A)
0 =
1 7 0 1 7
TMA = 30%
14.000

6.500 VAUE = $76,27


B)
0 =
1 7 0 1 7

18.000

Portanto, melhor é o equipamento B (mesma decisão do VPL!)

Utilização prática do VAUE:


usado para investimentos que normalmente possam se repetir;
determinação da vida econômica de veículos e equipamentos;
principal técnica usada na análise de substituição de equipamentos.

6.5 Alternativas com vidas diferentes

Na maioria das vezes, a análise de investimento supõe que as alternativas sob


análise tenham o mesmo horizonte de planejamento ou duração, a fim de que sejam
comparadas. Assim, se um gerente de produção quiser substituir a iluminação de um galpão
por uma alternativa mais econômica, deverá supor o mesmo horizonte para todas as
alternativas consideradas. Se uma lâmpada incandescente dura seis meses e a fluorescente
dura um ano, o horizonte deve ser o mesmo para as duas, ou seja, um ano.
quando os projetos podem ser repetidos, o VAUE é melhor.
quando os projetos não podem ser repetidos (mais raro acontecer), o VPL é melhor
método.

Exemplo:

Pelo método do VPL diga qual é a melhor alternativa entre os projetos representados pelos
dois fluxos de caixa abaixo:
52

A) 90 90 ou B) 64 64 64

0 1 2 0 1 2 3
TMA = 10% TMA = 10%
118 120

Supondo que os projetos podem ser repetidos:


VPLA = $38,20
VPLB = $39,16 ← melhor?

Na verdade tem-se que supor o mesmo horizonte de planejamento para os dois


projetos!

90 90 90 90 90 90
A) 0 VPLA = $95,86 ← melhor!
1 2 3 4 5 6

118 118 118

64
B) 0 VPLB = $68,58
1 2 3 4 5 6

120 120

Mesmo exercício usando agora o método do VAUE.

No VAUE, a repetição dos projetos já está implícita, não é necessário transformar


os fluxos de caixa para o mesmo horizonte de planejamento!

A) 90 90

0 1 2 VAUEA = 90 – 67,99 = $22,01 ← melhor!


TMA = 10%
118

B) 64

0 1 2 3 VAUEB = 64 – 48,25 = $15,75


TMA = 10%
120
53

Exercício (Casarotto e Kopittke, p.113)

Em vez de continuar com a produção manual, uma empresa estuda a possibilidade


de comprar uma máquina por $200.00 para reduzir os gastos com mão-de-obra. Atualmente
ela gasta $113.000 por ano com mão-de-obra. Se a máquina for instalada os custos de mão-
de-obra baixarão para $30.000 anuais. Em compensação terá custos de energia e
manutenção estimados em $20.000/ano.

Se a TMA da empresa for de 12% a.a. e a máquina tiver uma vida útil de 5 anos,
após a qual terá valor residual nulo, calcule se é econômica a compra da máquina. Obs:
deve-se escolher a alternativa com menor custo anual!
Solução: Alternativa A: continuar com a produção manual.
VAUEA = $113.000 (custo anual!)
Alternativa B: comprar a máquina.
VAUEB = 30.000 + 20.000 + VAUE ($200.000)
VAUEB = 30.000 + 20.000 + 55.482 = $105.482

Portanto, a alternativa B é a melhor! (menor custo anual)

6.6 Comparação entre VPL e TIR

Na escolha entre dois ou mais investimentos, o critério de decisão pelo VPL sempre
será escolher o investimento com maior VPL. Com a TIR, isso não acontece, pois este
método trabalha com valores relativos (taxas). Assim, uma das maneiras para
compatibilizar os resultados obtidos pela TIR com os obtidos pelo VPL é o uso da técnica
do “investimento incremental”.

Exemplo: (Casarotto e Kopittke, p.131)

Uma empresa cuja TMA é de 6% ao ano, dispõe de duas alternativas para introduzir
uma linha de fabricação para um dos componentes de seu principal produto. A alternativa
X é para um processo automatizado que exigirá um investimento de $20.000 e
proporcionará saldos anuais de $3.116 durante dez anos. A alternativa Y é para um
processo semi-automatizado, com investimento mais baixo ($10.000), mas, devido ao uso
mais intenso de mão-de-obra, propiciará um saldo anual de $1.628, também durante dez
anos. Qual é a melhor alternativa? Utilize o método do VPL e da TIR.

Os fluxos de caixa dos projetos e do investimento incremental são apresentados no


quadro abaixo:
54

ano Projeto X Projeto Y X –Y


0 -20.000 -10.000 -10.000
1 a 10 3.116 1.628 1.488

Fazendo-se o cálculo do VPL e da TIR para cada projeto encontramos o resultado


abaixo:

Técnica X Y X –Y
VPL $2.934,03 $1.982,22 -
TIR0 9% 10% ~ 8%

Pelo VPL, o projeto X é o melhor!


Pela TIR, tem-se que analisar o investimento incremental!
investir em X → 9%, ou
Tem-se que comparar: 
investir em Y → 9% e em (X − Y) → 8%

Observe que Y + (X-Y) = Y!

Se a empresa investir os $10.000 em Y, ela teria que aplicar a diferença ($20.000 -


$10.000) num investimento que rendesse pelo menos 8% para equivaler a X, que necessita
de $20.000 de investimento inicial. Como a TMA da empresa é 6%, ela não conseguirá
isso. Portanto X é melhor.

“Regra”
Para que os dois investimentos acima sejam iguais é necessário que o investimento
incremental (X–Y) renda 8%. Como a TMA da empresa é de 6%, menor que a
rentabilidade exigida pelo investimento incremental, conclui-se que o projeto X é o melhor!

Investir em “X”→ 9% equivale a investir em “Y” → 10% + “(X – Y)” →8%


Como 8% > TMA = 6%, melhor é X, o que fica coerente com o VPL!

O gráfico do VPL x TIR para cada projeto poderá elucidar melhor a técnica do
investimento incremental. Observamos, no gráfico, que para uma taxa de desconto de 8%,
os dois projetos proporcionam o mesmo VPL. Para uma taxa de desconto abaixo (acima) de
8% o projeto X (Y) sempre será melhor. O ponto onde os dois projetos apresentam o
mesmo VPL é denominado de ponto de intersecção de Fisher.
55

VP

11.16
X
4.060 Ponto de Fisher
Y
8% 9% 10%
TMA

Exemplo: (Casarotto e Kopittke, p.137)

Compare os seguintes investimentos usando a TIR e comente os resultados encontrados.


Suponha uma TMA de 5%.

A B
investimento inicial 5.000 4.000
receita anual 500 708
vida útil 10 anos 10 anos
valor residual 5.000 0

(R: TIRA = 10%; VPLA = 1.930,43; TIRB = 12%; VPLB = 1.466,99 e TIRA-B = 7,5%)

6.7 Análise de Múltiplas Alternativas

Em geral, uma empresa se defronta com um grande número de opções de projetos


para investimento e deverá escolher, não apenas um projeto, mas o portfólio de projetos que
faça com que a empresa atinja da melhor forma os seus objetivos estratégicos. Assim,
estenderemos nossa discussão para poder incluir múltiplas alternativas, ou seja, escolher
duas ou mais alternativas dentre um grande número de alternativas competidoras por um
capital limitado.1
Neste item suporemos que estamos tratando de projetos independentes e que a
empresa necessita escolher um sub-conjunto desses projetos que maximize a riqueza dos
proprietários da mesma. Este tipo de problema é facilmente solucionado usando-se o
método do VPL para projetos com o mesmo horizonte de planejamento. Para um conjunto
de projetos com diferentes horizontes de planejamento usa-se o método do VAUE. O
método da TIR não é recomendado para a análise de múltiplas alternativas.
1
Teoricamente, o racionamento de capital não deveria existir. As empresas deveriam aceitar todos os projetos
que apresentassem VPL positivos. Para uma discussão mais profunda sobre o tema veja Copeland e Weston
(1988).
56

Exemplo: (Casarotto p. 316-318).


Dado o quadro abaixo e sabendo que os projetos são independentes, escolha o portfólio de
projetos que maximiza o valor presente da empresa. Sabe-se que a TMA da empresa é 12%
a.a. e que a disponibilidade orçamentária é de $390.000.

I II III IV V VI
Investimento
100.000 130.000 152.000 184.000 220.000 260.000
inicial
Resultado
8.200 16.300 21.900 25.900 29.200 31.200
anual
Valor
100.000 130.000 152.000 184.000 220.000 260.000
residual
Vida útil
10 10 10 10 10 10
(anos)

Solução: VPL -21.470 3.955 20.674 21.582 15.820 0

Se os projetos fossem mutuamente excludentes, o projeto escolhido seria o de maior


VPL, ou seja, o projeto IV,

Como se supõe que os projetos são independentes, é possível a escolha dos seguintes
portfólios, que são as combinações possíveis entre os quatro projetos viáveis, dado o limite
orçamentário de $390.000:
a) nenhum projeto
b) projeto II
c) projeto III
d) projeto IV
e) projeto V
f) projetos II e III
g) projetos II e IV
h) projetos II e V
i) projetos III e IV
j) projetos III e V
57

Todas as alternativas contendo o projeto II são dominadas, portanto, na tabela abaixo


apresentamos as combinações mais relevantes.

Portfólios possíveis VPL


∅ ∅
III 20.674
IV 21.582
V 15.820
III e IV 42.256 ← melhor
III e V 36.494

Pela tabela acima, percebe-se que o portfólio vencedor é o que contém os projetos III e IV,
com um investimento inicial de $336.000 e um VPL de $42.256.

Resolva o mesmo problema, mas agora com uma restrição orçamentária de $410.000.

6.7.1 Programação matemática

Para problemas mais complexos de restrição orçamentária, como por exemplo,


restrições não somente na data inicial mas em outros períodos de tempo, o mais
conveniente é o uso de programação linear ou inteira. O objetivo da empresa deverá ser o
de maximizar o valor presente líquido dos projetos disponíveis sujeito à restrição de não
ultrapassar o orçamento proposto para diversos períodos de tempo. Assim, se chamarmos
de Vj o VPL de cada projeto, wj a fração de cada projeto aceito (wj poderá ser 1 ou 0 no
caso de programação linear inteira) e ctj o investimento necessário no período t para o
projeto j (c0j seria o investimento inicial!) e Ct o orçamento da empresa para o período t,
então o problema de programação linear poderá ser formulado da seguinte maneira:

MAX ∑ w j Vj
j

sujeito a ∑c
j
tj w j ≤ Ct

w j ≤ 1,0
58

6.8 Exercícios

Caso: o detetive de investimentos2


A essência do orçamento do capital (também chamada de engenharia econômica) e da
alocação de recursos está na busca de bons investimentos aos quais se pode canalizar o
capital da firma. O processo pode ser simples, visto em termos puramente mecânicos,
porém uma serie de questões sutis pode encobrir as melhores escolhas de investimentos. O
analista de orçamento de capital é, portanto, necessariamente, um detetive que tem que
separar as provas boas daquelas ruins.

Boa parte do desafio encontra-se em saber qual a análise quantitativa a ser gerada de início.
Suponha que você seja um novo analista de orçamento de capital em uma empresa que está
considerando a realização de investimentos nos oito projetos listados na Tabela 1. O
principal executivo financeiro de sua empresa lhe pediu para ordenar os projetos e
recomendar quais a empresa deveria aceitar.

Nesta atribuição, somente serão relevantes as considerações quantitativas. Nenhuma outra


característica dos projetos será um fator decisivo na seleção, exceto o fato de ter a gerência
determinado que o projeto 7 e 8 são mutuamente exclusivos.

Todos os projetos exigem o mesmo investimento inicial, 2 milhões de dólares. Além do


mais, acredita-se que todos estejam na mesma classe de risco. O custo de capital da firma
por média ponderada nunca foi estimado. No passado, os analistas trabalharam,
simplesmente, com a suposição de que 10% era uma taxa de desconto apropriada (embora
recentemente determinados dirigentes da empresa tenham garantido que a taxa de desconto
deveria ser muito mais elevada).

Considere as seguintes questões:

1. Você poderia classificar os projetos apenas pela simples inspeção dos fluxos de caixa?
2. Qual critério usaria para classificar os projetos? Qual é a melhor técnica de
classificação neste caso? Por que?
3. Qual foi a classificação que você encontrou usando esses métodos quantitativos? Essa
classificação diferiu daquela obtida por simples inspeção dos fluxos de caixa?
4. Que tipos de projetos teriam fluxos de caixa similares aos encontrados na Tabela 1?

2
Este caso foi redigido por Robert F. Bruner, a partir de um caso anterior preparado sob a orientação de
Gordon Donaldson.
Copyright © 1988, by Darden graduate School Foundation, Charlottesville, VA, EUA. Este caso destina-se à
discussão em sala de aula para exemplificar práticas empresariais, eficazes ou não.
59

Tabela 1 – Fluxos de Caixa dos Projetos (em milhões de dólares)

Número do 1 2 3 4 5 6 7 8
Projeto
Investimento ($2.000) ($2.000) ($2.000) ($2.000) ($2.000) ($2.000) ($2.000) ($2.000)
inicial
Ano 1 $330 $1.666 $160 280 $2.200* $1.200 ($350)
2 330 334* 200 280 900* (60)
3 330 165 350 280 300 60
4 330 395 280 90 350
5 330 432 280 70 700
6 330 440* 280 1.200
7 330* 442 280 2.400*
8 1.000 444 280*
9 446 280
10 448 280
11 450 280
12 451 280
13 451 280
14 452 280
15 $10.000* (2.000) 280
Somatório dos $3.310 $2.165 $10.000 $3.561 $4.200 $2.200 $2.560 $4.300
benefícios do
fluxo de caixa
Excesso de $1.310 $165 $8.000 $1.561 $2.200 $200 $560 $2.300
fluxo de caixa
sobre o
investimento
inicial
* indica o ano em que se completa o retorno (payback)
60

CAPÍTULO 7

SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS1

7.1 Introdução

Substituição de equipamentos é um conceito amplo que abrange desde a seleção de


ativos similares, porém novos, para substituir os existentes, até a avaliação de ativos que
atuam de modos completamente distintos no desempenho da mesma função.

Exemplos:

Caminhões velhos X caminhões novos

Caminhões velhos X guindaste

Em síntese, o problema consiste em determinar se a redução dos custos decorrente


da substituição compensa o investimento que se faz necessário. As seguintes situações
poderão ocorrer:

baixa sem reposição,


substituição idêntica,
substituição não idêntica,
substituição com progresso tecnológico.

7.2 Baixa sem reposição

Um equipamento poderá tornar-se anti-econômico antes de atingir o final de sua


vida física e não ser desejável a sua substituição. O critério de decisão, então, será:

O ativo deverá ser mantido por mais um período se o VPL de sua


manutenção neste período for maior que zero.

Se Vpi < 0, deve-se manter o ativo até o período i - 1.

1
Este capítulo foi baseado em Casarotto e Kopittke (1996, cap.11) e Souza e Clemente (2001, cap.10 e 11)
61

Exemplo:

Foram estimados os seguintes valores de custos e receitas relativos à manutenção de um


ativo nos próximos três anos:

Ano Valor de Venda Custos de Operação Receita


0 400.000 ----- -----
1 300.000 80.000 240.000
2 200.000 100.000 220.000
3 100.000 120.000 200.000

Supondo que a taxa de mínima atratividade antes do imposto de renda é de 10% a.a.
determinar quando o ativo deverá ser vendido.

Solução:
A manutenção do ativo no próximo ano implica em investir $400.000,00 agora (deixar de
receber é no caso, o mesmo que investir) para receber $300.000,00 mais $160.000,00
(240.000 - 80.000)

460.000

0 10 ano
1

400.000

460.000
VP1 = −400.000 + = 18.181,82 > 0
(1 + 0,1)
Como VP1 > 0, o ativo deverá ser mantido no primeiro ano. Manter o ativo no segundo ano
implica em um investimento de $300.000,00 para receber $200.000,00 mais $120.000,00
um período após:
62

320.000

0 20 ano
2

300.000

320.000
VP1 = −300.000 + = -9.090,91
(1,1)
Como VP2 < 0, o ativo deverá ser vendido no final do primeiro ano.

O pressuposto do critério de decisão enunciado anteriormente é que os ativos tendem a se


tornar mais onerosos com o passar do tempo. Caso esta não seja a situação em estudo,
antes de decidir vender um ativo deverá ser considerado um horizonte de planejamento
mais amplo. Não é conveniente utilizar o método do Custo Anual para estudos de baixa de
equipamentos.

7.3 Substituição idêntica

É necessário, primeiramente, introduzirmos o conceito de vida econômica de um


ativo:

Vida econômica é o intervalo ótimo entre duas substituições consecutivas.

A determinação de vida econômica consiste em achar os CAUE ou VAUE do ativo


para todas as vidas úteis possíveis. Assim, o ano para o qual o CAUE é mínimo ou o
VAUE é máximo é o da vida econômica do ativo.

Exemplo de substituição idêntica:

Considere os dados sobre valor de revenda e custos de operação de um carro marca X:

Ano 1 2 3 4 5
Revenda 500 440 380 300 230
Custos 10 16 24 34 46

O preço do carro novo é 580, a TMA é de 10% a.a.. Qual a vida econômica do carro?
63

Solução:

1a. Alternativa: ficar com o carro um ano.

500

10

580

CAUE1 = (580 × 1,1) - 490

CAUE1 = 148

CAUE1 = custo anual de possuir sempre o carro do ano da marca X.

2a. Alternativa: ficar com o carro dois anos.

440

10 16

580

0,10(1 + 0,10) 2 0,10


CAUE 2 = 580 − 434 + 10
(1 + 0,10) − 1
2
(1 + 0,10) 2 − 1

CAUE2 = 137,52
64

A política de manter o carro por dois anos é mais econômica que mantê-lo por apenas um
ano.

3a. Alternativa: ficar com o carro três anos.

380

0 1 2 3

10 16 24

580

0,10(1 + 0,10) 3 0,10 0,10


CAUE 3 = 580 + 10 + 6(1,10) − 366
(1 + 0,10) − 1
3
(1 + 0,10) − 1
3
(1 + 0,10) 3 − 1

CAUE3 = 134,65

Como se vê, a política de manter o carro por três anos é ainda mais econômica do que a de
mantê-lo por dois anos.

4a. Alternativa: ficar com o carro quatro anos.

300

0 1 2 3 4

10 16 24 34

580

 10 16 24  0,10(1 + 0,10) 4 0,10


CAUE 4 =  580 + + + 
3 
− 266
 (1,1) (1,1) 2
(1,1)  (1 + 0,10) − 1
4
(1 + 0,10) 4 − 1
65

CAUE4 = 138,39

A partir do terceiro ano não vale a pena manter o carro pois seus custos estão aumentando.
Para confirmar, será considerada ainda, a 5a. alternativa.

5a. Alternativa: ficar com o carro cinco anos:


230

0 1 2 3 4 5

10 16 24
46
580

 10 16 24 34  0,10(1 + 0,10) 5 0,10


CAUE 5 =  580 + + + +  − 184
 (1 + 0,10) − 1 (1 + 0,10) 5 − 1
2 3
 (1,1) (1,1) (1,1) (1,1) 4 5

CAUE5 = 139,63

De fato, a vida econômica do carro é de 3 anos.

O resultado deste exercício pode ser melhor visualizado através de um modelo gráfico que
represente a vida no eixo da abscissas e o CAUE no eixo das ordenadas.
VP
C AUE

150

140

130 Vida
econôm ica Vida útil

1 2 3 4 5
É de se observar que neste exercício, considerou-se um ativo que não influi diretamente na
produção e conseqüente geração de receita.

No caso de equipamento de produção, pode ocorrer com o tempo uma diminuição da


capacidade produtiva com efeito nas receitas. Nestes casos, pode ser mais conveniente
considerar o VAUE (Valor Anual Uniforme Equivalente) ao invés do CAUE.
66

CAPÍTULO 8

ANÁLISE SOB CONDIÇÕES DE RISCO OU INCERTEZA

8.1 Introdução

Até agora supusemos que os fluxos de caixa e outras variáveis associadas a um


projeto são conhecidas com certeza, ou seja, não havia possibilidade de variabilidade nos
resultados. Na prática, não se tem certeza dos valores futuros das variáveis, como por
exemplo, taxa de juros, vendas futuras, custos de manutenção de equipamentos
(probabilidade de quebra) etc. Neste capítulo introduziremos algumas técnicas para lidar
com a incerteza inerente aos fluxos de caixa de um projeto de maneira a tornar mais realista
nossa análise.

8.2 Risco versus incerteza

Além da certeza, nosso conhecimento acerca do futuro pode ser especificado de


mais dois modos: risco e incerteza. Segundo Pindyck e Rubinfeld (1994, p.179) alguns
autores fazem distinção entre incerteza e risco. A incerteza, em geral, se refere a situações
para as quais muitos resultados futuros são possíveis de acontecer, porém nada se sabe
sobre a probabilidade de ocorrência de cada um destes resultados. Risco, por outro lado,
seria a situação onde se conhece todos os resultados futuros possíveis e suas respectivas
probabilidades de ocorrência. O que se pode observar na prática é que uma situação de
absoluta incerteza é difícil de acontecer. Quase sempre será possível estabelecer alguns
limites de variação dos possíveis valores que uma determinada variável possa assumir no
futuro.
Certeza → quando se conhece exatamente qual é o valor futuro de cada variável associada
a um projeto
Risco → quando se conhece todos os resultados futuros possíveis de cada variável
associada a um projeto e também a distribuição de probabilidades de cada uma
delas
Incerteza → quando nada ou muito pouco se conhece sobre os resultados possíveis das
variáveis associadas ao projeto.

Assim, segundo Woiler e Franco Mathias (1983), com a introdução do risco na


análise de investimentos, já não se pode dizer que duas alternativas com mesmo valor
presente quando descontadas à mesma taxa de juros, sejam economicamente equivalentes.
Será melhor a alternativa que apresentar uma menor possibilidade de variação, fato que
está indicado na figura abaixo.
67

Probabilidade

B
VPL Retorno
15

Apesar de as duas alternativas apresentarem o mesmo valor presente líquido ($15)


quando descontadas à mesma taxa de juros, tem-se que a alternativa A é claramente
preferível porque exibe uma probabilidade de variação menor que a alternativa B.
As principais abordagens para se tratar projetos/investimentos em situações de risco
e incerteza são análise de sensibilidade, análise de cenários, técnicas de simulação e árvore
de decisão. Existem também diversas outras técnicas para lidar com o risco, tais como a
técnica do equivalente à certeza, as matrizes de decisões, entre outras.

8.3 Análise de sensibilidade

A análise de sensibilidade é a abordagem que utiliza inúmeros valores possíveis


para uma determinada variável (fluxo de caixa, taxa de juros etc.), a fim de avaliar o seu
impacto na rentabilidade do projeto. Quando uma pequena mudança no valor uma variável
resulta em mudança na escolha da alternativa, diz-se que a decisão é sensível àquela
variável, daí o nome de análise de sensibilidade. Ao contrário, a decisão é insensível à
estimativa quando variações relativamente amplas na variável em apreço não modificam a
escolha da alternativa. Portanto, é de grande interesse ao analista de investimentos
determinar os fatores que são sensíveis num dado estudo de viabilidade.

Exemplo: (Casarotto e Kopttke, p. 341).

Em novembro, uma empresa investirá $100 mil em equipamentos e treinamento de pessoal


para lançar um calçado de verão, nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. A previsão de
vendas é de 10 mil pares por mês a um preço de $10/par. Os custos fixos serão de $20
mil/mês e os custos variáveis de $4/par. Ao final dos três meses a empresa venderá o
equipamento por $30 mil. Analise a TIR sob a previsão de vendas e sob a possibilidade de
erros nesta previsão. A TMA da empresa é de 10% ao mês.
Solução
Dados de entrada:
a) Investimento: $100 mil
68

receita mensal: 10 mil x $10 = $100 mil/mês


custos variáveis: 10 mil x $4 = $40 mil/mês
custos fixos: $20 mil/mês
valor residual: $30 mil
40 40 70
O FC será:

100
A taxa interna de retorno e o valor presente líquido, para uma TMA de 10% serão:

TIR = 20, 94% a.m > TMA → viável


VPL = $22,01 > 0 → viável

b) admitindo-se variações negativas nas vendas:

b-1) Variação para menos 10% da receita: 9 mil pares/mês


receita mensal: 9 mil x $10 = $90 mil/mês
custos variáveis: 9 mil x $4 = $36 mil/mês
custos fixos: $20 mil/mês (não se altera)

34 34 64
O FC será:

100

TIR = 13, 56% a.m > TMA → viável


VPL = $7,09 > 0 → viável

b-2) Variação para menos 20% da receita: 8 mil pares/mês


28 28 58
O FC será:

100

TIR = 6,02% a.m < TMA -não viável


VPL = - $7,83 < 0 → não viável
69

Portanto, com sucessivas hipóteses de erros de previsão, pode-se elaborar o gráfico


abaixo:

TIR
21
13,5
10 TMA
6

No. de pares/mês (x 1000)


8 8,5 9 10

Pto de
equilíbrio

Pelo gráfico vê-se que se a empresa não conseguir vender mais que 8.500
pares/mês, sua TIR será inferior à sua TMA, ou seja, estará no prejuízo!

8.4 Análise de cenários

Segundo Gitman (1997, p.342), a análise de cenário é uma abordagem similar a


análise de sensibilidade, mas de escopo mais amplo. Ela é usada para avaliar o impacto de
várias circunstâncias no retorno do projeto. Ao invés de isolar o efeito da mudança em uma
única variável, a análise de cenários é usada para avaliar o impacto, no retorno do projeto,
de mudanças simultâneas em inúmeras variáveis, tais como entradas e saídas de caixa, taxa
de desconto etc,. resultantes de diferentes suposições acerca das condições econômicas e
competitivas. Exemplificando, Gitman mostra que uma empresa poderia avaliar tanto o
impacto de um cenário de alta inflação (cenário 1) e outro de baixa inflação (cenário 2) no
VPL de um projeto. Cada cenário afetará as entradas de caixa da empresa, as saídas de
caixa e o custo de capital, resultando, desse modo, em diferentes níveis de VPL. O
responsável pela tomada de decisões pode usar essa estimativa de VPL para avaliar
grosseiramente o risco relacionado com o nível de inflação. A grande disponibilidade de
computadores e de planilhas eletrônicas tem aumentado bastante a facilidade e ampliado o
uso da técnica de cenário, bem como da análise de sensibilidade.
2008
Engenharia Econômica

Marcelo Xavier Guterres


Guterres & Guterres
25/3/2008
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

PLANO DE ENSINO

Unidade: Campus Bagé Código Unidade: Departamento: Código Deptº:

Disciplina: Engenharia Econômica Código: Oferecido para o curso: Engenharia da Produção


015711

Natureza da disciplina Experimental ( )/Teórica ( X ) Número máximo de alunos: 50

Professor: Marcelo Xavier Guterres, Ano Letivo/Semestre: 2007/02

Pré-requisitos: nenhum Créditos: 02 Período: noturno Carga horária: 34 h

EMENTA:

Juros Simples, Juros Compostos, Descontos Simples e Composto. Taxas. Rendas. Amortização de dívidas.
Análise e seleção de alternativas de Investimento.

OBJETIVOS

O aluno deverá, ao final do período letivo:

1. Demonstrar capacidade de entendimento da função financeira em uma empresa e de como a


mesma opera junto aos mercados financeiros para criar valor;

2. Demonstrar capacidade de conceituar Engenharia Econômica e de perceber sua importância para a


Administração Financeira na tomada de decisão sobre alternativas econômicas;

3. Ser capaz de aplicar os fundamentos básicos de Matemática Financeira na solução de problemas que
envolvam o valor do dinheiro no tempo;

4. Ser capaz de racionalizar e simplificar a visão das alternativas econômicas através da ferramenta
fluxo de caixa;
5. Ser capaz de desenvolver a utilização adequada dos métodos de Engenharia Econômica nos limites
da estratégia empresarial;

6. Demonstrar capacidade de compreender a inserção da Engenharia Econômica nos limites da


estratégica Empresarial

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

UNIDADE I - Juros e Descontos Simples


1.1. Juros Simples
1.1.1. Conceito de: juros simples, capital e taxa de juros
1.1.2. Cálculo de juros simples e do montante.
1.2. Descontos Simples
1.2.1. Conceito de desconto simples
1.2.2. Desconto simples comercial
1.2.3. Desconto simples racional
1.2.4. Desconto simples bancário
1.2.5. Cálculo da taxa efetiva de juros simples numa operação de desconto simples
1.2.6. Tributação sobre operações de descontos
UNIDADE II - Juros e Descontos Compostos
2.1. Juros compostos
2.1.1. Conceito de juros compostos
2.1.2. Cálculo de montante
2.1.3. Taxas: Taxas equivalentes; taxa nominal e taxa efetiva
2.2. Descontos Compostos
2.2.1. Conceito de desconto composto: Racional
2.2.2. Fórmulas do valor: Nominal e atual
2.2.3. Taxa efetiva de juros composto
2.2.4. Taxa de inflação de juros nominal e real
2.2.5. Equivalência de Capitais.
UNIDADE III - Rendas ou Anuidades
3.1. Conceito de Rendas certas ou determinísticas
3.2. Classificação das rendas quanto a prazos, valor dos termos, formas de pagamentos ou
recebimentos e periodicidade.
3.3. Modelo básico de rendas: periódicas, constantes, temporárias e postecipadas; Cálculo do
valor atual, do montante, da taxa e do número de anuidades.
3.4. Modelos genéricos de rendas: antecipadas, diferidas, perpétuas e variáveis em progressão
aritmética.

UNIDADE IV - Sistemas de Amortização de Dívidas


4.1. Sistema de Amortização Constante (SAC)
4.2. Sistema Francês de Amortização - Sistema PRICE
4.3. Sistema de Amortização Mista (SAM)
4.4. Sistema Americano
4.5. Correção monetária das planilhas de empréstimos
4.6. Custo efetivo de Empréstimos ou Financiamentos.

UNIDADE V – Métodos de Análise e Seleção de Investimento


5.1. Taxa de mínima atratividade (TMA)
5.2. Método do valor uniforme equivalente (VAUE) – valor uniforme líquido (VUL)
5.3. Método do valor presente líquido (VPL)
5.4. Métodos da taxa interna de retorno (TIR) e da taxa de retorno modificada (TIRM)
5.5. Método do tempo de recuperação do capital (pay-back)
5.6 Vantagens e desvantagens de cada um deles

CRONOGRAMA

Encontro Nº da Aula Assunto

1 1-2 Conceito de juros simples, capital e taxa de juros. Cálculo de juros simples e
do montante.

2 3-4 Conceito de desconto simples, Desconto simples comercial, Desconto simples


racional e Desconto simples bancário. Cálculo da taxa efetiva de juros simples
numa operação de desconto simples. Tributação sobre operações de
descontos.

3 5-6 Conceito de juros compostos, Cálculo de montante, taxas equivalentes, taxa


nominal e taxa efetiva.

4 7-8 Conceito de desconto composto: Racional. Fórmulas do valor: Nominal e


atual. Taxa efetiva de juros composto. Taxa de inflação de juros nominal e
real. Equivalência de Capitais.

5 9-10 Conceito de Rendas certas ou determinísticas. Classificação das rendas


quanto a prazos, valor dos termos, formas de pagamentos ou recebimentos e
periodicidade.

6 11-12 Modelo básico de rendas: periódicas, constantes, temporárias e


postecipadas; Cálculo do valor atual, do montante, da taxa e do número de
anuidades. Modelos genéricos de rendas: antecipadas, diferidas, perpétuas e
variáveis em progressão aritmética.
7 13-14 Sistema de Amortização Constante (SAC), Sistema Francês de Amortização -
Sistema PRICE.

8 15-16 Sistema de Amortização Mista (SAM).

9 17-18 Sistema Americano. Correção monetária das planilhas de empréstimos. Custo


efetivo de Empréstimos ou Financiamentos.

10 19-20 1º Prova Individual

11 21-22 Taxa de mínima atratividade (TMA)

12 23-24 Método do valor uniforme equivalente (VAUE) – valor uniforme líquido (VUL)
Método do valor presente líquido (VPL)

13 25-26 Métodos da taxa interna de retorno (TIR) e da taxa de retorno modificada


(TIRM)

14 27-28 Método do tempo de recuperação do capital (pay-back)

15 29-30 Vantagens e desvantagens de cada um dos métodos

16 31-32 2º Prova individual

17 33-34 Prova Substitutiva

METODOLOGIA

• Aulas teóricas expositivo-participativas.


• Aplicação de dinâmica de grupo.
• Utilização de recursos visuais (Projetor multimídia e retroprojetor).
• Aplicação de exercícios individuais e em grupo.

AVALIAÇÃO

• A verificação do aproveitamento do aluno abrange aspectos de assiduidade e avaliação de


conhecimentos.

• A aprovação na disciplina fica condicionada à freqüência do aluno de pelo menos 75% (setenta
e cinco por cento) nas aulas e à nota da avaliação de conhecimentos.

• A avaliação de conhecimentos se dará por intermédio de duas provas individuais, aplicada em


sala de aula– a nota final será resultado da média aritmética das notas obtidas nas duas provas.
Se a média final (MF) for igual ou superior a sete o aluno é considerado aprovado. Se a média
for inferior a 3,0 (três), o aluno é considerado reprovado, e se a média estiver entre 3,0 e 6,9 o
aluno fará um exame final cujo conteúdo abrangerá todo o conteúdo programático. Neste caso,
a nota final (NF) será dada, então, por NF=(MF+EF)/2. Se NF for igual ou superior a 5,0 (cinco),
o aluno é considerado aprovado; caso contrário, o aluno é considerado reprovado na disciplina.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA RECOMENDADA

HIRSCHFELD, Henrique. Engenharia Econômica e Análise de Custos. São Paulo. Ed Atlas, 2000.

BRUNI, Adriano Leal; FAMA, Rubens. Matemática Financeira com HP 12 e Excel. São Paulo. Ed. Atlas,
2004.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

PILÃO, Nivaldo Elias; HUMMEL, Paulo Roberto Vampré. Matemática Financeira e Engenharia Econômica.
São Paulo. Ed. Thomson, 2004.

BRUNSTEIN, Israel. Economia de empresas. São Paulo. Ed. Atlas, 2005.

CARVALHO, J. V. (2002) Análise Econômica de Investimentos. Rio de Janeiro: Qualitymark.

SOUZA, A. B. (2003) Projetos de Investimentos de Capital: Elaboração, Análise e Tomada de Decisão. São
Paulo: Atlas.

GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira – 3ª. Ed. Harbra.


JUROS SIMPLES
1-Sabendo-se que certo capital, aplicado durante 10 semestres, à taxa de 36% ao ano,
rende $ 72.000,00 de juros, determinar o futuro valor, no regime de capitalização
simples.
Resp. $ 112.000,00

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2-Um empréstimo de $ 40.000,00 deverá ser quitado por $ 80.000,00 no final de 12
meses. Determinar a taxa mensal e anual cobradas nesta operação de capitalização
simples.
Resp.: 8,33% a.m. e 100% a.a

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3-Calcular o valor dos juros e do montante de uma aplicação de $ 2.000,00, feita a uma
taxa de 4,94% ao mês, no regime de capitalização simples, pelo prazo de 76 dias.
Resp.: $ 250,29 e $ 2.250,29

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4-Uma aplicação de $ 5.000,00, pelo prazo de 180 dias obteve um rendimento de $
825,00. Indaga-se: qual a taxa anual correspondente a essa aplicação, no regime de
juros simples?
Resp.: 33% a.a

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5-Determinar o valor de um título cujo valor de resgate é de $ 6.000,00, sabendo-se
que a taxa de juros simples cobrada para gerar este título é de 5% ao mês e que o seu
vencimento é de 4 meses.
Resp.: $ 5.000,00

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6-Sabendo-se que certo capital, aplicado durante 10 bimestres, à taxa de 36% ao ano
rende $ 7.200,00 de juros, determinar o montante no regime de capitalização simples.
Resp.: $ 19.200,00.

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Exercícios Extras

a) Um capital, aplicado por 2 meses, elevou-se a 3/2 de si próprio. Qual foi a taxa
linear considerada?25% ao m.

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b) Depositei a quantia de $72.000,00 em um banco que remunera seus clientes a
taxa simples de 36% ao ano. Depois de certo tempo, verifiquei que o meu saldo era de
$73.800,00. Por quantos dias deu-se essa aplicação? 25 dias

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c) Pretendo poupar uma parte do salário, para daqui 2 bimestres ter um montante
de $500,00, sabendo que a taxa é de 48% ao ano, quanto devo aplicar sendo o regime
de capitalização simples? 431,03

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JUROS COMPOSTOS

1. Quanto terá Dona Gertrudes após quatro trimestres se aplicar um capital de


$500.000,00 à taxa composta de 6% ao bimestre? ($709.259,55)

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2. Qual o valor do rendimento resultante de uma aplicação que gerou um montante
de $293.866,00 a uma taxa efetiva de 8% ao mês, durante 5 meses? ($93.865,75)

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3. Durante quanto tempo se deve aplicar certo capital para que a 10% ao mês ele
triplique, na capitalização composta? (11 meses e 15 dias)

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4. Um capital de $180.000,00 foi aplicado durante 12 meses e proporcionou juros de
$384.917,00. Qual foi a taxa exponencial de aplicação? (10% ao mês)

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EXERCÍCIOS DE CAPITALIZAÇÃO COMPOSTA

1. Determinar a taxa anual equivalente a 5% ao mês, no regime de capitalização


composta. Resp: 79, 58563% ao ano

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2. Determinar a taxa mensal equivalente a 60,103% ao ano, no regime de juros
compostos. Resp.: 4% ao mês.

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3. Determinar a taxa efetiva anual, no regime de capitalização composta,
sabendo-se que a taxa diária é de 0,19442%. Resp.: 101,22% ao ano

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4. Determinar a taxa trimestral equivalente a 47,746% em dois anos, no regime de
capitalização composta. Resp.: 5% ao trimestre.

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5. Determinar a taxa efetiva para um período de dois anos da aplicação de uma
taxa trimestral de 5% capitalizada trimestralmente. Resp.: 47,746% para o
período de dois anos

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6. Calcular o montante de uma aplicação de $ 15.000,00, pelo prazo de 6 meses, à
taxa de 3,25% ao mês capitalizada mensalmente. Resp.: $ 18.173,25

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7. No final de dois anos, o Sr. Pedro deverá efetuar um pagamento de $20.000,00
referente ao valor de um empréstimo contraído hoje, mais os juros devidos,
correspondente a uma taxa de 4% ao mês capitalizada mensalmente. Pergunta-
se: Qual o valor emprestado? Resp.: $ 7.802,44

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8. A loja “Topa Tudo” financia a venda de uma mercadoria no regime de
capitalização composta, no valor de $16.000,00, sem entrada, para pagamento
em uma única prestação de $22.753,61 no final de 8 meses. Determinar:
a. Os juros cobrados pela loja na operação de financiamento
b. A taxa mensal cobrada pela loja
c. A taxa efetiva anual do financiamento

a) $ 6.753,61 b) 4,5% ao mês c) 69,588% ao ano

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9. Em que prazo um empréstimo de $30.000,00 pode ser quitado em um único
pagamento de $51.310,18, sabendo-se que a taxa contratada é de 5% ao mês
pelo regime de capitalização composta? Resp.: 11 meses

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CLASSIFICAÇÃO DAS TAXAS DE JUROS

1) Encontrar a taxa de juro efetiva, relativa à taxa nominal de 36% ao ano:

a) com capitalização mensal

b) com capitalização bimestral

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2) Encontrar a taxa mensal de juro composto, equivalente a 9,2727% at.

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3) Qual a taxa efetiva anual, relativa à taxa de 36% aa, com capitalização mensal?

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4) No Brasil, as cadernetas de poupança pagam, além da correção monetária, juro

composto à taxa de 6% aa, com capitalização mensal. Pergunta-se:

a) qual a taxa efetiva mensal?

b) qual a taxa efetiva anual?

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5) Um instituição financeira empresta dinheiro a 96% aa, adotando a capitalização

mensal de juro composto. Qual seria o montante a ser pago por um empréstimo de

$45.000,00 feito por um ano?

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6) Aplicando o valor de $2.000,00, hoje, a uma taxa de juros efetiva de 69,58814%

a.a., quanto será o resgate daqui a 75 dia, no regime de juros compostos?

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DESCONTOS

1. Uma duplicata no valor de $ 6.800,00 é descontada por um banco, gerando um

crédito de $ 5.776,40 na conta do cliente. Sabendo-se que a taxa cobrada pelo banco é

de 3,5% ao mês para o desconto simples bancário, determinar o prazo de vencimento

da duplicata. Resp.: 4 meses e 9 dias

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2. Qual a taxa mensal de desconto simples por fora, utilizada numa operação a 120

dias, cujo valor de resgate é de $ 1.000,00 e cujo valor atual é de $ 880,00 ? Resp.: 3%

ao mês

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3. Calcular o valor líquido creditado na conta de um cliente, correspondente ao

desconto simples de uma duplicata no valor de $ 3.400,00, com prazo de 45 dias,

sabendo-se que o banco está cobrando nesta operação uma taxa de desconto bancário

de 4% ao mês. Resp.: $ 3.196,00

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4. O desconto de uma duplicata gerou crédito de $ 8.700,00 na conta de uma

empresa. Sabendo-se que esse título tem um prazo a decorrer de 75 dias até o seu

vencimento e que o banco cobra uma taxa de desconto bancário de 5,2% ao mês nessa

operação, calcular o valor da duplicata no regime de capitalização simples. Resp.: $

10.000,00

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5. Cinco títulos no valor de $ 1.000,00 cada um, com vencimentos de 30 a 150 dias

respectivamente, foram descontados por uma instituição financeira. Sabendo-se que a

taxa de desconto por fora cobrada é de 3% ao mês, calcular o valor do desconto global

e o valor liquido correspondente a ser creditado na conta do cliente no regime de

capitalização simples. Resp.: $ 450,00 $ 4.550,00

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6. Oito títulos no valor de $ 1.000,00 cada um, são descontados por um banco, cujo

liquido correspondente no valor de $ 6.830,00 é creditado na conta do cliente.

Sabendo-se que os vencimentos desses títulos são mensais e sucessivos a partir de 30

dias, calcular a taxa de desconto simples bancário, utilizada na operação.

Resp.: 3,25% ao mês

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7. Quero substituir um título de $ 5.800,00 vencível em 3 meses, por outro com

vencimento em 5 meses. Sabendo que esses títulos podem ser descontados à taxa de

1,3 % ao mês, qual o valor nominal comercial do novo título no regime de capitalização

simples ? Resp.: $ 5.961,28

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SÉRIES DE PAGAMENTOS

1) Quanto terei de aplicar mensalmente, a partir de hoje, para acumular no final de


36 meses, um montante de $ 300.000,00, sabendo que o rendimento firmado é de
34,489% ao ano, e que as prestações são iguais e consecutivas, e em número de 36?

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2) Quantas aplicações mensais de $ 1.000,00 são necessárias para se obter um
montante de $ 33.426,47, sabendo-se que a taxa é de 3% ao mês, e que a primeira
aplicação é feita no ato da assinatura do contrato e a última 30 dias antes do resgate
daquele valor?

Prof. GUTERRES Engenharia Econômica I Página 43


3) Um "Fundo de Renda Fixa" assegura, a quem aplicar 60 parcelas iguais e mensais de
$ 500,00, o resgate de um montante de $ 58.166,29 no final do 60º mês. Sabendo-se
que a primeira aplicação é feita na data do contrato, calcular a taxa de rendimento
proporcionada pelo Fundo.

Prof. GUTERRES Engenharia Econômica I Página 44


4) Calcular o montante, no final do 8º mês, resultante da aplicação de 8 parcelas
mensais e consecutivas, à taxa de 2,25% ao mês, sendo as 4 primeiras de $ 12.000,00
cada uma e as 4 restantes de $ 18.000,00 cada uma, sabendo-se que se trata de uma
série de pagamentos com termos antecipados (renda antecipada).

Prof. GUTERRES Engenharia Econômica I Página 45


5) Quanto um aplicador poderá resgatar, no final de 2 anos, se adquirir
trimestralmente, no início dos 5 primeiros trimestres, $ 10.000,00 sabendo-se que o
rendimento é de 9% ao trimestre e que a primeira aplicação é feita "hoje" ?

Prof. GUTERRES Engenharia Econômica I Página 46


6) Quanto terei de aplicar mensalmente, a partir de hoje, para acumular no final de 36
meses, um montante de $ 300.000,00, sabendo que o rendimento firmado é de
34,489% ao ano, e que as prestações são iguais e consecutivas, e em número de 36?

Prof. GUTERRES Engenharia Econômica I Página 47


7) Quantas aplicações mensais de $ 1.000,00 são necessárias para se obter um
montante de $ 33.426,47, sabendo-se que a taxa é de 3% ao mês, e que a primeira
aplicação é feita no ato da assinatura do contrato e a última 30 dias antes do resgate
daquele valor?

Prof. GUTERRES Engenharia Econômica I Página 48


8) Um "Fundo de Renda Fixa" assegura, a quem aplicar 60 parcelas iguais e mensais de
$ 500,00, o resgate de um montante de $ 58.166,29 no final do 60º mês. Sabendo-se
que a primeira aplicação é feita na data do contrato, calcular a taxa de rendimento
proporcionada pelo Fundo.

Prof. GUTERRES Engenharia Econômica I Página 49


9) Calcular o montante, no final do 8º mês, resultante da aplicação de 8 parcelas
mensais e consecutivas, à taxa de 2,25% ao mês, sendo as 4 primeiras de $ 12.000,00
cada uma e as 4 restantes de $ 18.000,00 cada uma, sabendo-se que se trata de uma
série de pagamentos com termos antecipados (renda antecipada).

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10) Quanto um aplicador poderá resgatar, no final de 2 anos, se adquirir
trimestralmente, no início dos 5 primeiros trimestres, $ 10.000,00 sabendo-se que o
rendimento é de 9% ao trimestre e que a primeira aplicação é feita "hoje" ?

Prof. GUTERRES Engenharia Econômica I Página 51


ESCOLA FEDERAL DE ENGENHARIA DE ITAJUBÁ
INSTITUTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
DEPARTAMENTO DE PRODUÇÃO

ANÁLISE DA VIABILIDADE ECONÔMICA E FINANCEIRA PARA A


IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE COGERAÇÃO

Petterson dos Santos Zaroni Pinto


Leonardo Martinet Cardoso Martone

Orientador: Edson Oliveira Pamplona


Escola Federal de Engenharia de Itajubá, Departamento de Produção.
Caixa Postal. 50 – 37500-000 – Itajubá, MG, Brasil – pamplona@iem.efei.br
Co-Orientador: André Ramon Silva Martins
Escola Federal de Engenharia de Itajubá, Departamento de Eletrotécnica.
Caixa Postal. 50 – 37500-000 – Itajubá, MG, Brasil – amartins@iee.efei.br

Resumo. As diretrizes do setor energético nacional apontam para novos investimentos na


geração de energia através de sistemas de cogeração buscando a eficiência energética. Essas
usinas termelétricas de cogeração envolvem empreendimentos descentralizados com
potências menores, as licenças ambientais são mais simples de serem obtidas e existe uma
maior disponibilidade de equipamentos no mercado em comparação com equipamentos para
geração hídrica. Tais fatores contribuem para que estas usinas termelétricas atendam de
forma mais ágil as necessidades de geração de energia, além de promover o ingresso de
novos agentes e de capital privado no setor energético.
No Comércio, o consumo de energia elétrica continuou refletindo a expansão e modernização
dos serviços com o uso mais intenso de aparelhos de ar condicionado, além da abertura de
grandes centros comerciais. Justifica-se então, um estudo preliminar aplicando-se os
conceitos da engenharia econômica na análise de viabilidade destes empreendimentos em
centros comerciais e hospitais, considerando os aspectos operacionais da planta
termoelétrica na geração de eletricidade e frio para a determinação do sistema de cogeração
adequado.

Palavras-chave: Cogeração, Análise econômica e financeira, Eficiência energética, Gás


natural

1. INTRODUÇÃO

O crescimento do consumo de energia elétrica no Brasil vem apresentando sustentada


evolução nos últimos anos, particularmente como resultado da alteração do perfil industrial na
direção de processos mais intensivos nesta forma de energia e do incremento da demanda no
setor residencial, implicando em taxas anuais de expansão significativamente superiores ao
crescimento da economia e da própria demanda energética como um todo. Entretanto, por
diversos fatores, a capacidade de atendimento desta expansão, mediante tecnologias
convencionais, por parte do Setor Elétrico tradicional vem se mostrando cada vez mais
limitada, inclusive apontando-se crescentes riscos de déficit à curto prazo.
O sistema elétrico brasileiro desenvolveu-se extensivamente após a segunda guerra
mundial. Em 1993, a capacidade nominal instalada de geração de eletricidade era de 52,1 GW
(incluindo apenas a parte brasileira de Itaipu), tendo sido a geração bruta total, naquele ano,
de 236,6 TWh, com 97% de origem hidráulica (Plano Decenal 1989/1998). A opção
hidrelétrica foi à trajetória tecnológica escolhida no pós-guerra para desenvolver a oferta de
eletricidade no Brasil. A ampla disponibilidade de diversos aproveitamentos hidrelétricos a
custos relativamente baixos, próximos dos principais mercados consumidores do país, teve
papel determinante nesta escolha.
Hoje, a tendência do setor energético é outra. O Brasil encontra-se em um processo de
transição quanto à sua matriz energética com o aumento da participação das termelétricas. A
chegada do gás natural boliviano ao sul do país e o grande aumento de produção de gás da
Petrobrás na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, consolidará a disponibilidade desse
combustível e será de capital importância para alterar o perfil de geração existente.
O Ministério de Minas e Energia está implementando um programa de incentivo à
geração térmica que atenderá ao crescimento da demanda de energia elétrica em torno de 4%
ao ano, o que propicia a instalação de usinas termelétricas movidas a gás natural próximo aos
grandes centros consumidores. Paralelamente, algumas termelétricas produzirão vapor através
de turbinas com cogeração, aumentando o seu rendimento energético.

2. OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivo descrever de forma simplificada as características dos
sistemas disponíveis de cogeração, demonstrar como a cogeração pode trazer benefícios para
indústrias, prédios de escritórios e hospitais; fazendo as estimativas preliminares e verificando
a rentabilidade do investimento através da análise de viabilidade econômica em plantas de
cogeração.

3. A COGERAÇÃO
Cogeração é um vocábulo de origem americana empregada desde os anos setenta para
designar os processos de produção combinada de calor e potência, com uso seqüencial da
energia liberada por uma mesma fonte combustível, qualquer que seja o ciclo termodinâmico
empregado.
A cogeração também é denominada de produção combinada de calor e trabalho. Tal
combinação representa atualmente uma das mais racionais formas de utilização de
combustível. Ela valoriza da melhor maneira a energia de cada combustível, gerando formas
mais nobres de energia e minimizando os terríveis efeitos da segunda lei da termodinâmica,
que anuncia uma perda obrigatória quando da transformação de uma forma de energia em
outra.
Atualmente temos algumas diferenças de cogeração, a qual podemos chamar de
cogeração tradicional e cogeração moderna, a cogeração tradicional tem como motivação
básica auto-suficiência de energia elétrica e a cogeração moderna tem como motivação à
venda de excedentes e reduções de emissões.
As centrais de cogeração distinguem-se pelo tipo de acionamento empregado: motor
alternativo, turbina a vapor, turbina a gás e suas possíveis combinações, dependendo do nível
da demanda de eletricidade e da relação, para a oferta e a demanda, entre fluxos de energias
elétrica e térmica. Já a cogeração classifica-se em Ciclo Topping ou Bottoming, a depender de
sua inserção no processo energético.
Em um ciclo Topping ocorre primeiro o aproveitamento da geração de energia mecânica
e depois a recuperação do calor residual para geração de vapor. Nos ciclos Bottoming vem
primeiro a geração de vapor, geralmente de alta pressão e alta temperatura, e depois as outras
formas de energia, utilizando ou não o próprio vapor.
Tradicionalmente, os setores promissores para implantação de sistemas de cogeração se
caracterizam por apresentar razoáveis potências instaladas por unidade de consumo, fatores de
carga elevados e uma demanda térmica importante, sob temperaturas inferiores a 200 ºC.
Assim, a indústria sucroalcooleira (Walter, Nogueira, 1993) e de papel e celulose, exatamente
por mostrarem tais características, oferecem contextos favoráveis a cogeração e tem sido alvo
de diversos estudos para a realidade brasileira (Silveira, Nogueira, 1994). A indústria
petroquímica também apresenta os mesmos fatores favoráveis à implantação de sistemas de
cogeração. Outro setor promissor é a utilização de sistemas de cogeração em lugares com
menor potência instalada como é o caso de shoppings e hospitais (Marimon, 2000). Esta foi a
principal motivação para o presente trabalho: avaliar a cogeração no âmbito da viabilidade
técnica, econômica e financeira para a implantação e divulgação das vantagens deste sistema
de cogeração em hospitais.
Dado este contexto favorável e estimulante a cogeração e implementação do combustível
gasoso à geração de eletricidade, existem duas grandes responsabilidades a serem cumpridas:
a primeira é do Estado, na remoção de barreiras e obstáculos legais, permitindo a viabilização
dos projetos de novas termelétricas; e a segunda é nossa, como engenheiros interessados no
desenvolvimento e bem estar da sociedade, estudando e criando novos projetos e trabalhos,
visando o melhor aproveitamento possível desta nova tendência energética nacional.

4. DESENVOLVIMENTO

Para o estudo de viabilidade e sensibilidade, foram colhidos dados de uma empresa,


sendo estes dados a potência elétrica distribuída por períodos de consumo e a quantidade de
frio necessária. Esse dados forneceram também, a base para a escolha da tecnologia de
cogeração a ser empregada.
É importante salientar que o gás natural vem aumentando cada vez mais a sua
participação na matriz energética brasileira devido a disponibilidade de reservas naturais
desse combustível e a construção de infra-estrutura para a sua distribuição em gasodutos nos
principais pólos industriais e comerciais do país.
Atualmente, o Brasil está sofrendo um período de racionamento energético devido as
falhas, a fragilidade e a excessiva dependência de recursos hídricos, fator este de forte
estímulo para a busca de soluções por parte do setor industrial e comercial. Neste sentido, o
propósito de uma planta de cogeração é satisfazer as necessidades de energia elétrica e
térmica requeridos para um determinado processo industrial. Para o setor terciário (comercial)
a componente de energia térmica é utilizada para geração de frio durante a climatização de
ambientes através de sistemas de absorção para ar condicionado.
A atual capacidade energética do Brasil, e a sua taxa de crescimento pode ser mostrada
nas tabelas 1 e 2.

Tabela 1: Capacidade Instalada no Brasil – Situação em 2000

Capacidade Porcentagem
Hidrelétrica 59.432 MW 87,7 %
Termelétrica 8.351 MW 12,3 %
Angra 1 e 2 966 MW 2,9 %
TOTAL 67.783 MW 100 %
Fonte: Plano Decenal 1999/2008
Mas atualmente a geração hídrica está sendo responsável por mais de 90% da geração de
energia elétrica consumida no Brasil, devido ao atraso e nas construções de novas usinas
termelétricas.

Tabela 2: Taxa de Crescimento do Consumo de Eletricidade no Brasil - Mercado Atendido


pelas Distribuidoras

Período Taxa de Crescimento Anual (%) Real


1970/1980 12,5
1980/1990 5,8
1990/1998 4,5
Período Taxa de Crescimento Anual (%) Prevista
Baixa Referência Alta
1997/2002 3,2 4,7 4,7
2002/2008 5,2 4,7 6,1
Fonte: Plano Decenal – 1999 / 2008

Como era de se prever uma análise da atual situação da oferta de eletricidade indica altos
riscos de falta de energia à curto prazo na região mais desenvolvida do país, e isto é o que
acontece na atual crise energética brasileira.
Por isto, é urgente que no Brasil imediatamente se tenha um programa de obras
emergenciais, acelerando novas usinas termelétricas e ampliando linhas e subestações de
transmissão e incentivo a construção de centrais de cogeração em empresas e no setor
terciário. Onde o governo criou um programa de termelétricas que previa a construção de 49
usinas, mas apenas 9 ficarão prontas no prazo, devido ao problema político, a falta de
licitações e de documentos normativos para compra e venda do gás natural, e compra e venda
de energia cogerada.
Atualmente com a entrada de gás natural da Bolívia o governo acredita poder alavancar
os processos de construções de usinas termelétricas e incentivar indústrias e empresas do setor
terciário a utilizar este gás na autoprodução de energia elétrica através de sistemas de
cogeração.

4.1 - Tecnologias para Sistemas de Cogeração


Uma primeira classificação das tecnologias de cogeração pode ser feita segundo os
distintos princípios de utilização de energia em cascata, ou seja, designação genérica para
processos em que o fluxo de energia efluente de um processo, ou de um equipamento, é
empregado como insumo na alimentação do processo ou do equipamento subseqüente
(Nogueira,1996).
São designados como ciclos “bottoming” aqueles em que, ao ponto de vista do fluxo de
energia, a produção de potência ocorre à jusante dos equipamentos consumidores de calor.
Os ciclos “topping”, por sua vez, são aqueles em que a posição relativa do processo de
produção de potência antecede o uso de energia na forma de calor.

Ciclos Bottoming
Nas instalações industriais de uma forma geral, os fluxos de energia rejeitada estão
associados a descargas de gases quentes, fluxos de água aquecida e em alguns casos de vapor.
Muitas vezes, no entanto, existem restrições que impedem o seu reaproveitamento, restrições
estas que podem ser de ordem econômica, técnica, ou até mesmo decorrentes da simples
ausência de alternativas para seu uso.
As tecnologias de cogeração “bottoming” concorrem com técnicas de conservação de
energia, que envolvem recuperação de calor residual. As técnicas de recuperação de calor
residual são consideradas mais vantajosas em relação a cogeração, exclusivamente do ponto
de vista econômico, para fluxos residuais que possuem temperatura inferior a 370 ºC – 700 F
(Kehlhofer,1991).
A utilização de turbinas a gás pode ocorrer com o aproveitamento direto do fluxo dos
gases de exaustão, ou a partir da utilização de um trocador de calor gás-vapor. Essa última
solução, de maior custo de capital, pode ser importante quando houver o risco da presença de
materiais abrasivos ou corrosivos junto aos gases.

Ciclo topping
Nos ciclos “topping” o calor rejeitado pelo sistema de geração de potência é utilizado no
atendimento dos requisitos de energia térmica. São possíveis ciclos “topping” de cogeração
utilizando como equipamentos motores, as turbinas a vapor, turbinas a gás, uma combinação
destas, o chamado ciclo combinado ou motores de combustão interna.

Figura 1 – Ciclo Topping

Turbinas a vapor
O emprego de turbinas a vapor é a opção tecnológica mais difundida em indústrias e
sistemas de rede de calor. Vapor na faixa de 20 a 100 bar, produzido em geradores de vapor
convencionais, é utilizado no acionamento de turbinas a vapor para geração de potência. O
vapor de escape ou de extração, na faixa de 2 a 20 bar, é empregado como calor de processo.
A grande difusão dos sistemas de cogeração com turbinas a vapor pode ser parcialmente
atribuída às vantagens da longa vida útil e à adequação desses equipamentos ao uso de uma
grande variedade de combustíveis (Walter, Llagostera, Gallo, 1994).

Turbinas a gás
As turbinas a gás de ciclo aberto são sistemas de potência relativamente simples, de bom
nível de desenvolvimento tecnológico e que permitem uma fácil recuperação de calor residual
de média e alta temperatura, portanto, de maior disponibilidade termodinâmica. Em uma
instalação de cogeração, os gases de exaustão de uma turbina a gás, que estão numa faixa
típica de 480 a 600 ºC, são utilizados:
- numa caldeira de recuperação, com ou sem queima suplementar de combustível,
pois com uma concentração de oxigênio da ordem de 15%, os gases de exaustão
podem viabilizar a combustão sem necessidade de fornecimento de ar adicional;
- aquecimento de fluidos de processo;
- processos de secagem;
- no pré-aquecimento de cargas de fornos;
- produção de frio pelo ciclo de Absorção.
A produção de frio no ciclo de absorção é um sistema de absorção que transforma o calor
em frio por meio de transformações de solução. Em função da temperatura de entrada no
sistema é possivel a operação de um ciclo (ou estágio) em cascata. A temperatura do calor de
entrada é maior quanto maior o número de estágios.
Este rendimento é medido em COP, sistema em inglês para “coeficiente de desempenho”,
que é a carga de refrigeração em kW dividida pela eletricidade demandada, vide Tabela I
(Poole & Poole 2000).
Tabela 3 - Resumo dos sistemas de absorção.
Condições do vapor Vapor utilizado*
Equipamentos COP
Temp. ( C°) Pressão (psig) (kWt/100 TR)
1 estágio 110-120 5-15 0,6-0,7 (0,65) 538
2 estágios 160-185 65-145 0,9-1,2 (1,05) 333
3 estágios 215 305 1,55 226
Fonte: Eletricidade Moderna n°314 Maio de 2000 Cogeração.
* Supõe o valor de COP dado entre parênteses. Em termos de fluxo de calor 1 TR=3,5 kW
No sistema de absorção têm-se um investimento maior do que o de compressão, porém,
os custos de manutenção são menores. Estes também são silenciosos e têm o mérito
ambiental, pois não utilizam CFCs, HCFCs ou outros que refrigerantes que atacam o ozônio
(Koblitz,1998). Abaixo temos um esquema de um sistema de absorção, Figura 2.

Figura 02 – Sistema de Absorção para obtenção de Frio

Ciclo combinado
Os sistemas em ciclo combinado são constituídos por turbinas a gás de ciclo aberto -
colocadas em série com caldeiras de recuperação – com ou sem queima auxiliar -, nas quais é
gerado vapor a alta e/ou média pressão. Esse vapor é, então, expandido numa turbina de
contrapressão ou de extração/condensação, permitindo que o vapor de escape seja utilizado
como vapor de processo.
Os sistemas em ciclo combinado apresentam uma grande flexibilidade na relação de
produção de eletricidade e calor, face às várias possibilidades de arranjo destes sistemas. Em
comparação com grande parte das tecnologias apresentadas anteriormente, a de ciclos
combinados permite, de uma maneira geral, uma maior extração de potência por unidade de
calor.
Ciclos com motores a gás ou diesel
Os sistemas que empregam motores de combustão interna são utilizados de maneira mais
disseminada no setor terciário e nas pequenas indústrias. Nesses sistemas, o aproveitamento
de calor ocorre com a utilização da energia contida nos gases de exaustão e/ou nos fluidos de
refrigeração e lubrificação. Um esquema de uma instalação é apresentado na Figura 3.

Figura 4– Ciclo com Motor a Gás

Essa tecnologia apresenta de uma forma geral, rendimento térmico superior às demais
tecnologias como turbinas a gás e vapor, embora também tenham graves restrições associadas
à recuperação de calor, face aos baixos níveis de temperatura. A viabilidade de aplicação dos
motores em cogeração é limitada aos casos em que o processo requer uma quantidade
relativamente grande de calor a baixas temperaturas (Nogueira, 1996). A quantidade de calor
que pode ser efetivamente recuperada depende do tipo de motor em consideração – porte e se
o motor é turbo alimentado ou de aspiração natural -, assim como do regime operacional. A
recuperação de calor dos óleos lubrificantes e do fluido de refrigeração dos turbo-
compressores , usualmente disponível a cerca de 70 ºC, é limitada para finalidades de
produção de água quente, que pode ser empregada em uso doméstico, em processos de
lavagem e na alimentação de caldeiras.
Já os gases de escape, com temperaturas de até 700 ºC, representam a segunda fonte mais
importante para a recuperação de calor de um motor. O problema está no fato de que não é
recomendável reduzir sua temperatura abaixo de 150 a 180 ºC – para evitar:
- refluxo de condensados para o motor;
- a corrosão prematura de componentes do sistema de escape;
- a elevação da área da superfície de troca de calor, limitando a recuperação a
aproximadamente 50% do disponível.

4.2 - Escolha do Sistema de Tecnologia para Cogeração

A escolha da tecnologia mais adequada a cada aplicação, dentre o conjunto de opções


apresentadas, é um procedimento que deve ser feito de forma cuidadosa e criteriosa, quanto a
diversos aspectos.
Um primeiro ponto a ser analisado, é a relação entre potência e calor, que caracteriza
cada tecnologia de cogeração. Uma vez que, de uma forma geral, essas relações não são
coincidentes com as relações de demanda de potência elétrica e calor da unidade industrial, a
escolha de uma tecnologia em detrimento da outra implica quase que sempre, na escolha pelo
atendimento pleno de uma das duas formas de demanda energética. (Cogeração, WALTER,
LLAGOSTERA, GALLO,1994).
Outros aspectos a serem considerados na escolha da tecnologia são:
- disponibilidade de combustível adequado a cada tecnologia;
- aspectos referentes ao impacto ambiental;
- custos do investimento;
- eficiência de conversão.
Para a análise deste trabalho, será levado em conta como critério de decisão, a relação
entre potência elétrica e calor da instalação. Para tanto, segue abaixo a tabela 4 onde temos o
valor da razão entre potência e calor, correspondente a cada tecnologia de cogeração.

Tabela 4 – Razão entre Potência Elétrica e Calor

Turbina Vapor Ciclo Combinado Motor Diesel Turbina Gás


Eletricidade / Calor 0.10 a 0.30 0.60 a 1.50 0.80 a 2.40 0.30 a 1.2
Fonte: Cogeração, WALTER, LLAGOSTERA, GALLO,1994

Demanda Potência Elétrica: 2800 kW - Requerida pelo Sistema


Calor Necessário: 2567 kW – Energia requerida para obtenção de frio, utilizando um COP de absorção de
1,5.
Demanda Potência Elétrica / Calor: 1,09
Portanto, temos que a tecnologia a ser analisada pode ser a turbina a gás.

Análise de viabilidade econômica


Em termos gerais, na análise de viabilidade econômica, são comparados os custos
operacionais sem cogeração com as alternativas de cogeração. O custo operacioal menor
dessas alternativas é que amortiza os maiores investimentos nos sistemas de cogeração. Os
custos de operação e manutenção são característicos de cada tecnologia, como também são
seus parâmentros físicos de desempenho energético

Fatores econômicos
Os sistemas de cogeração devem ser submetidos a uma detalhada análise técnico-
econômica para verificação de sua viabilidade. O levantamento das cargas elétricas e térmicas
deve ser o mais fiel possível. Em sistemas existentes, o melhor procedimento é a verificação
das contas de energia por um período mínimo de 12 meses, seu pique de demanda e sua curva
horária, semanal e mensal de consumo (Mata, 2001).
Em sistemas novos, em fase de projeto, o mesmo tipo de informação é necessária, porém
deve ser avaliada sempre que possível com auxilio de programas de computador para
simulação energética.
A simulação deverá analisar de forma dinâmica fatores como a meteorologia da região,
diferentes formas de tarifação de energia elétrica, sazonalidade das cargas elétricas e térmicas,
e o desempenho dos equipamentos que compõe cada alternativa (inclusive em carga parcial).
Os fatores de custo inicial a serem considerados incluem:
- Custo do capital;
- Custo inicial do sistema de cogeração, incluindo os elementos auxiliares, tais como
caldeiras, trocadores de calor, unidades de absorção, bombas, controladores, etc;
- Dedução do valor do custo inicial dos elementos substituídos pelo sistema de cogeração
(caldeiras convencionas, chillers elétricos, geradores de emergência, no-breaks, etc.);
- Redução de custos de componentes correlatos tais como os derivados da redução de
tamanho da subestação elétrica, cabos, chaves, etc.
Os elementos básicos de custo operacional são:
- Análise dos custos de energia (elétrica e térmica) no sistema convencional e no de
cogeração;
- Valor de manutenção e operação (pessoal, materiais etc.) para as duas alternativas.

Não deve ser esquecido que a análise de energia deve incluir todos os produtos gerados
pelo sistema de cogeração (vapor, água quente, água gelada, frio, etc.), não se limitando a
energia elétrica.
Os elementos de análise financeira incluem o capital próprio investido, a taxa de juros
para financiamento, correção monetária, os prazos de carência, incentivos (depreciação
acelerada, impostos, etc).
A composição econômica de todos os elementos acima, tais como custo inicial,
operacional, manutenção e custos financeiros por um determinado prazo (em geral de quinze
anos), deve ser então comparada nas duas alternativas, e os números em geral procurados
como indicadores são a TIR (Taxa Interna de retorno) e o prazo de amortização.Um
importante elemento a ser considerado na análise econômica é o financiamento do BNDES,
em torno de 85% do total, dependendo da linha de crédito. Taxas de juros atrativas com
prazos de amortização e carência adequados estão disponíveis hoje em dia para os projetos de
cogeração.

Fatores operacionais
Após o levantamento dos perfis de consumo sazonal acima torna-se possível a escolha do
sistema mais apropriado que, em grande parte dos casos, não é dimensionado para a
capacidade máxima de energia elétrica requerida. A razão disto é sempre tentar que o sistema
de cogeração opere em "base-load", ou seja, tenha sempre o máximo de carregamento elétrico
e térmico, operando como sistema básico, em geral, com uma carga estável durante todo o
dia.
Tarifas específicas para demanda e consumo nestas situações, com valores de acordo com
a classificação do fornecimento (classe A4, A3, etc.) são publicadas pela ANEEL.
O requisito de manter o fator de potência no mínimo em 92% pode ser alcançado pela
produção de reativos nos turbo-geradores, podendo substituir bancos de capacitores para
correção do fator de potência.

Metodologia da análise de viabilidade econômica


Os dados apresentados a seguir são referentes à seleção da turbina a gás e dos
equipamentos auxiliares os quais foram obtidos através de um planilha de cálculo (Teixeira,
1997), apresentado-se como uma ferramenta eficiente para a seleção de ciclos de cogeração
através de uma rotina de otimização de fatores com uma função objetiva e sujeita à restrições
lineares e inteiras.
Os dados de entrada são referentes a um estudo de caso de um Hospital, financiado pelo
BNDES, que financia até 85% do investimento total com juros de 12% ao ano e com carência
de um ano (ANEEL, 2001). A formulação do problema base inicia dividindo as demandas de
utilidade em oito períodos tarifários constantes e distintos de acordo com as curvas de duração
de carga. Essas demandas estão apresentadas na tabela 5 e figura 5. As características
operacionais do sistema bem como os parâmetros técnicos dos equipamentos são apresentados
na tabela 6.
A partir de então faz-se uma pré seleção das turbinas a gás contidas no banco de dados da
panilha e os equipamentos auxiliares que irão compor o sistema de cogeração são
selecionados através da rotina de otimização, de maneira a designar o conjunto que melhor
atende as necessidades requeridas a um custo mais baixo, estes dados podem ser visualizados
nas tabelas 7, 7.1 e tabela 8, (Teixeira, 1997.)
Temos por fim, após a apresentação dos dados, os valores que irão compor o fluxo de
caixa desse investimento onde o custo de operação anual sem cogeração é demonstrado na
tabela 9. Este investimento tem um tempo total de operação de 15 anos e equivale,
aproximadamente, a vida útil dos equipamentos. Para este tipo de sistema a depreciação dos
equipamentos é de 10% ao ano conferindo uma vida econômica de 10 anos para o
equipamento, dessa forma teremos ao final do período um valor residual nulo, (ANEEL,
2001).
Tabela 5 – Distribuição Sazonal de Energia

Período de Consumo Potência Frio Duração do Duração do


Elétrica (MW) (MW) Período (h) Período (%)
Período Seco - Dia Útil - Fora de Ponta 2,4 3,85 2172 0,248
Período Seco - Dia Útil - De Ponta 2 3,85 437 0,050
Período Seco - Dia Útil - Noturno 1,5 3,85 846 0,097
Período Seco - Final de Semana 2 3,85 1609 0,184
Período Úmido - Dia Útil - Fora de Ponta 2,8 3,85 1585 0,181
Período Úmido - Dia Útil - De Ponta 2,3 3,85 319 0,036
Período Úmido - Dia Útil - Noturno 1,8 3,85 618 0,071
Período Úmido - Final de Semana 2,1 3,85 1174 0,134

Curvas de Carga das Demandas Energéticas


4,5

3,5

2,5
MW

1,5

0,5

0
0,000 0,100 0,200 0,300 0,400 0,500 0,600 0,700 0,800 0,900 1,000
% Tempo ( Horas Anuais)
Frio (MW) Potência Elétrica (MW)

Figura 5 - Curvas de carga das demandas energéticas


Tabela 6 – Parâmetros Operacionais e Econômicos

COP do Sistema Frigorífico por Compressão: 4,0


COP do Sistema Frigorífico por Absorção: 1,5
Sistema de frio empregado SEM co-geração: (1) compressão - (2) absorção 1
Taxa anual de desconto (%): 15
Alíquota do ICMS (%): 25
Fator de custos de operação e manutenção (%): 5
Disponibilidade do sistema de co-geração (%): 100
Percentual de custos diversos (%): 25
Tarifa de venda de Energia Elétrica – Fora de Ponta (R$/MWh): 0
Tarifa de venda de Energia Elétrica - Ponta (R$/MWh): 0
Altitude local da instalação (m): 0
Temperatura ambiente - média local (oC) - VERÃO: 35
Temperatura ambiente - média local (oC) - INVERNO: 25
Temperatura de utilização do frio (Tr) (oC): 8

Tabela 7 – Turbina a Gás e Equipamentos Auxiliares

Equipamentos
Grupo Gerador
Fabricante Modelo Tipo Combustível Rotação Wo Qo Rendimento
(MW) (MW) (%)
ALLISON 501-KB3 E G 12850 2,83 4,91 35
Fonte Teixeira, 1997.

Considerando o Preço de: 850,00 US$/kW instalado Fonte: Gás Turbine HandBook
Potência Instalada: 2834 kW
Preço Total da Turbina em Dolar: US$ 2.408.900,00
Cotação do Dólar p/ Análise: R$ 2,50 / US$
Preço Total da Turbina em Reais: R$ 6.022.250,00

Tabela 7.1 – Turbina a Gás e Equipamentos Auxiliares

Equipamentos Auxiliares
Caldeira de Recuperação
Custo R$ Capacidade MW Capacidade Mínima MW Capacidade Máxima MW Fator de escala
336260,00 2,69 0,87 11,61 0,75
Chiller de Absorção
COP Custo Capacidade Capacidade
1,5 2183000,00 3,86 1100
Fonte Teixeira, 1997.
Abaixo será demonstrado o consumo de combustível por ano para a geração de energia e
calor proporcionada pela Turbina escolhida, sendo então calculado o custo deste consumo.

Dados Iniciais:
Energia Elétrica Requerida: 2.800 kW
Rendimento da Turbina a Gás: 0,35
Energia Requerida na Entrada da Turbina: 8.000 kW
Poder Calorífico Inferior do Gás: 9583 kcal/m3 Fonte Gás Petro 2001
3
Poder Calorífico Inferior do Gás: 40.122.104,40 J/m
Consumo de Gás Natural: 0,199391 m3/s

Tabela 8 – Custo do Combustível

Custo com Combustível (Gás Natural)


Consumo de Combustível 0,19939 m3/s
Horas de Utilização 8760 horas/ano
Consumo de Combustível por Ano 6288005,173 m3/ano
Densidade do Gás 0,602 kg/m3
Preço do Gás Natural (segundo PPT) 0,1070184 U$$/m3
Preço do Gás Natural (segundo PPT) 0,267546 R$/m3
Custo De Combustível por Ano 1.682.331 R$/ano
Custo Com Operação e Manutenção
Fator de Custos de Operação e Manutenção 0,05 -
Investimento Total 8541510,00 R$
Custo Com Operação e Manutenção 427.076 R$/ano

CUSTO TOTAL 2.109.406 R$/ano

Tabela 9 – Custo Total sem Cogeração


Tarifa Azul Horosazonal A4
Empresa: Bandeirante
Demanda Consumo
Ponta 22,18 R$/kW (s/ ICMS) Ponta Seca 145,37 R$/MWhc(s/ ICMS)
Fora de Ponta 7,39 R$/kW (s/ ICMS) Ponta Úmida 134,52 R$/MWhc(s/ ICMS)
Fora de Ponta Seco 69,12 R$/MWhc(s/ ICMS)
Fora de Ponta Úmido 61,08 R$/MWhc(s/ ICMS)

Contrato Consumos
Demanda Contratada de Ponta 3300 kW Ponta Seca 1326,73 MWh/ano
Demanda Contratada Fora de Ponta 3800 kW Ponta Úmida 968,484 MWh/ano
Fator de Carga 0,92 - Fora de Ponta Seca 8087,996 MWh/ano
Horas de Operação de Ponta Seca 437 Horas Fora de Ponta Ümida 11805,992 MWh/ano
Horas de Operação de Ponta Úmida 319 Horas
Horas de Operação Fora de Ponta Seco 4627 Horas
Horas de Operação Fora de Ponta Úmido 3377 Horas

Custo s/ ICMS 2818611,77 R$/ano


Custo com ICMS (25%) 3.758.149 R$/ano

Nas tabela 10 e 11 temos finalmente o fluxo de caixa deste investimento e resultado


resumido de todos os dados deste investimento relacionado a um sistema de cogeração.
Tabela 10 – Fluxo de Caixa

Fluxo de caixa:
investimento: -8.541.510,00 Depreciação financ. 7260283,50 -1281226,50 Renda Trib. IR Amortização -1281226,50
econ. ano 1 1648742,90 -854151,00 juros 1 871234,02 777508,88 -76642,12 -26824,74 0,00 804333,62
econ. ano 2 1648742,90 -854151,00 juros 2 871234,02 777508,88 -76642,12 -26824,74 1452056,70 -647723,08
econ. ano 3 1648742,90 -854151,00 juros 3 696987,22 951755,68 97604,68 34161,64 1452056,70 -534462,66
econ. ano 4 1648742,90 -854151,00 juros 4 522740,41 1126002,49 271851,49 95148,02 1452056,70 -421202,23
econ. ano 5 1648742,90 -854151,00 juros 5 348493,61 1300249,29 446098,29 156134,40 1452056,70 -307941,81
econ. ano 6 1648742,90 -854151,00 juros 6 174246,80 1474496,10 620345,10 217120,78 1452056,70 -194681,39
econ. ano 7 1648742,90 -854151,00 1648742,90 794591,90 278107,16 1370635,73
econ. ano 8 1648742,90 -854151,00 1648742,90 794591,90 278107,16 1370635,73
econ. ano 9 1648742,90 -854151,00 1648742,90 794591,90 278107,16 1370635,73
econ. ano 10 1648742,90 -854151,00 1648742,90 794591,90 278107,16 1370635,73
econ. ano 11 1648742,90 1648742,90 1648742,90 577060,01 1071682,88
econ. ano 12 1648742,90 1648742,90 1648742,90 577060,01 1071682,88
econ. ano 13 1648742,90 1648742,90 1648742,90 577060,01 1071682,88
econ. ano 14 1648742,90 1648742,90 1648742,90 577060,01 1071682,88
econ. ano 15 1648742,90 1648742,90 1648742,90 577060,01 1071682,88
VPL R$ 6.976.826,82

TIR 20%

Tabela 11 – Resultado

Custo de Operação sem Cogeração 3.758.149 R$/ano


Custo de Operação com Cogeração 2.109.406 R$/ano
Economia Anual devido a Cogeração 1.648.743 R$/ano
Investimento com Equipamentos 8.541.510 R$
Tempo de Retorno 5,18 anos
Custo do kW em dólar 2125,00 U$$/kW
TIR 20% -
VPL 678667,5017 R$
5. SENSIBILIDADE

Através de um gráfico de sensibilidade, Figura 6, podemos observar o comportamento da


TIR do investimento no sistema de cogeração em função da variação do dólar e da variação
do valor do investimento na turbina a gás.

Sensibilidade
90

80

70

60
TIR
50

40

30

20

10

0
2 2,1 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 2,7 2,8 2,9 3

Variação Cotação Dólar (R$)

Investimento U$$ 900 Investimento U$$850 Investimento U$$ 800 Investimento U$$750
Investimento U$$ 700 Investimento U$$ 650 Investimento U$$ 600

Figura 6 – Sensibilidade

6. CONCLUSÃO

Observa-se que o investimento de um Sistema de Cogeração aplicada a um Hospital que


detém as características já explicitadas, tal como demanda de energia elétrica e frio, é víavel.
Isso em virtude dos cálculos e dados retirados, os quais elaborados fornecem uma TIR de
20%, ou seja maior que a TMA considerada que é de 15%.
Existe entretanto, hoje alguns fatores que prejudicam o interesse por pare da maioria das
empresas em investirem neste tipo de tecnologia. Sendo que alguns desses complicadores são
listados abaixo:
- um investimento intensivo em capital ( em torno de R$2125 o kW);
- o custo do capital é alto comparado aos praticados em outros países industrializados;
- o acesso a esse tipo de financiamento ainda é difícil;
- a maior parte dos equipamentos é importada sofrendo diretamente os efeitos do câmbio
aumentando ainda mais o custo total;
- no Brasil os equipamentos são mais caros em razão da pequena escala de nosso mercado
atual e efeitos diretos e indiretos dos impostos.
- outra questão de ordem cultural é a de que a cogeração, por ser uma atividade
especializada, foge da atividade final da empresa trazendo algumas barreiras nesse sentido
por parte do grupo de possíveis investidores.
- a dificuldade de regularização da aquisição de energia das concessionárias em caso de pane
do sistema ou necessidade de manutenção dos equipamentos. O que atualmente causa, em
muitos casos a inviabilidade do investimento, devido ao elevado custo de compra desta
energia.
Cabe aqui uma ressalva, de que este trabalho não tem como função analisar tais
complicadores.
Nota-se através do gráfico na Figura 6, que a variação do dólar a medida que se desloca
para direita não encontra-se em mesma proporção a variação da TIR. O Gráfico em si
proporciona ao leitor, uma visão rápida e simples da sensibilidade relacionada à TIR em
função do Investimento inicial x Cotação do Dólar.
Uma outra possibilidade para tornar esse tipo de investimento mais atrativo seria a venda
do excedente de energia para a concessionária local, ou diretamente para um grupo de
consumidores de acordo com os termos de venda, no entanto, os preços e outros termos para a
venda da energia produzida desestimulam o dimensionamento para capacidade excedente.
Atualmente está sendo implementada uma nova política de preços elaborada pela ANEEL
que estabelece os valores normativos (VN) para a compra da energia que as concessionárias
poderão repassar aos consumidores. Dentro em breve teremos projetos dessa natureza
associando as necessidades de utilidades por parte da industria e do setor terciário à uma fonte
extra de receita através da comercialização de energia junto ao Mercado Atacadista de
Energia – MAE.
O que se espera e o que podemos observar é que, em meio a atual conjuntura de uma crise
energética, novas políticas favoráveis à geração de energia serão implementadas o mais breve
possível despertando o interesse da iniciativa privada para investimentos em geração e
comercialização da energia em todos os setores de nossa economia. A continuidade do
fornecimento elétrico é uma preocupação séria e a segurança dos sistemas de cogeração é uma
característica atraente.
Dentro do cenário atual de crise energética a que o país está inserido, é de grande
importância o desenvolvimento e estudo, além do incentivo, de produção de fontes
alternativas de energia. Pois para a possibilidade de crescimento e desenvolvimento sócio
econômico do país a energia elétrica deve ser ofertada, sem restrições e a um custo viável.
Portanto o projeto aqui desenvolvido desperta um interesse de importância Nacional.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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70

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