Mudancas Climaticas
Mudancas Climaticas
Mudancas Climaticas
05 12:08 Page 1
INTRODUÇÃO À MUDANÇA
CLIMÁTICA GLOBAL
desafios atuais e futuros
Créditos
D i re t o r a E xe c u t i v a I PA M
Dra. Oriana Almeida Av. Rui Barbosa, 136
Prainha, Santarém-Pará
C o o rd e n a d o r d o P rog r a m a d e 66.005-080
Mudanças Climáticas Telefax: 55 93 522.5538
Dr. Paulo Moutinho
SCLN 210 Bloco C - Sala 211
A s s i s t e n t e d e Pe s q u i s a Brasília-DF
Erika Pinto 70.862-530
Telefax: 55 61 340.9992
C a p a e P ro j e t o G r á f i c o
Raruti Comunicação e Design Av. Nazaré, 669
Diretora de Arte: Cristiane Dias Nazaré, Belém-Pará
66.035-170
Ilustração da capa Telefax: 55 91 3283.4343
Ana Biderman Furriela
M e u s ag r a d e c i m e n t o s
Ao IPAM, Ford Foundation, JICA e USAID, pelo apoio e confiança. Ao Fernando, Ana e Maria
Clara, pela paciência e carinho. Ao Paulo Moutinho e Erika Pinto, pela visão e oportunidade.
Dedicatória
Ao Observatório do Clima - Rede Brasileira de ONGs e Movimentos Sociais em Mudanças
Climáticas. Aos Fóruns Brasileiro e Paulista de Mudanças Climáticas.
À Sociedade Brasileira. Aos jovens e crianças do Brasil.
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 3
Pre f á cio
Paulo Moutinho
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 4
M en s a g e m d a J I C A
Hyogen Komatsu
Coordenador de Cooperação Técnica do Japão no Brasil
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 5
sumário
01 | I n t roduçã o a o Te ma da Mudança C limát ic a 7
G l o ba l : A Ciê nci a
Causas
Efeitos
04 | O P ape l do Cida dã o 29
01
6
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 7
I n tro d u ç ão a o t e ma d a M ud ança
Clim á tic a G l o b a l : A C i ê n c ia
7
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 8
1861. Informou que dados de satélite demonstram que pode ter havido
decréscimo de 10% da cobertura de gelo da Terra desde o final da década de
1960 e que a elevação média do nível do mar no século XX foi de 0,1 a 0,2
metros.
O sistema climático terrestre é bastante complexo, e muito resta a ser
compreendido pelos cientistas com relação a magnitude, tempo e impactos das
mudanças climáticas. É inquestionável, no entanto, a existência do fenômeno, e
os cientistas, ambientalistas e governos têm buscado alertar a sociedade sobre os
impactos dramáticos das mudanças no clima sobre a saúde humana e dos
ecossistemas, segurança alimentar, atividade econômica, recursos hídricos e infra-
estrutura física. O planeta todo sofrerá com tais mudanças, mas certamente as
populações mais pobres, dos países mais vulneráveis, são as mais suscetíveis aos
seus impactos negativos.
Causas
Ao longo de dois séculos, tendo como ponto inicial a Revolução Industrial, a
concentração de gases de efeito estufa na atmosfera como vapor d’água, dióxido
de carbono, ozônio, metano e óxido nitroso, vem aumentando devido à
intensificação da atividade agrícola, industrial e de transporte, principalmente
pelo uso de combustíveis fósseis. De fato, são atividades dos seres humanos que
estão provocando o aumento da temperatura média do planeta. Alguns exemplos
dessas atividades intensivas na geração de gases de efeito estufa são:
2. O consumo de combustíveis fósseis é o principal causador do efeito estufa, porém, a mudança do uso do solo
e as atividades florestais contribuem com cerca de 20-25% do total de emissões antrópicas anuais de gás
carbônico, o principal gás de efeito estufa.
8
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 9
que a contribuição dos países tem sido diferente ao longo do tempo. A maior
parte do carbono emitido historicamente por queima de combustíveis fósseis tem
origem nos países industrializados, ou seja, nos países mais ricos, considerados
mais desenvolvidos. No entanto, as emissões nos países em desenvolvimento vêm
crescendo muito e, com a confirmação dessa tendência, na segunda década deste
século, mais da metade das emissões terão origem nesses países. Os
desmatamentos e alterações de uso do solo são as principais fontes de emissão de
CO2 (dióxido de carbono) nos países em desenvolvimento. Outro fator
preocupante tem sido a intensidade do aumento das emissões dos antigos países
do bloco comunista, principalmente a China, em decorrência de novos padrões
de consumo e produção.
Se as emissões continuarem aumentando no ritmo atual, é quase certo que os
níveis de dióxido de carbono na atmosfera passarão a ser, no século 21, duas vezes
maiores do que as concentrações do período pré-industrial. De acordo com um
consenso científico, o resultado mais importante seria um “aquecimento global”
de 1º a 3,5º C durante os próximos 100 anos.
E fe i t o s
Todas essas alterações geram impactos significativos sobre o Planeta e ocasionarão
a necessidade de adaptação de sistemas produtivos, modos e locais de vida das
populações humanas e de suas atividades.
9
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 10
avassaladoras, será um dos países mais vulneráveis, assim como pequenos países-
ilha, como as Maldivas e Tuvalu.
As tempestades tropicais ficarão mais intensas, o que causará chuvas e ventos
fortes, e deixará grande saldo de desabrigados e mortos, como já ocorreu em
1998, quando o furacão Mitch ocasionou a morte de 10 mil pessoas e deixou 2
milhões desabrigadas em Honduras, ou por ocasião das cheias dos rios Elba e
Danúbio na Europa, em 2002. Ambos eventos foram associados, pelos cientis-
tas, às mudanças climáticas globais.
As doenças propagadas por vetores associados à alteração de temperatura, como
dengue e malária, poderão ter sua incidência potencializada.
Os impactos sobre os recursos hídricos aumentarão a escassez da água para seus
usos múltiplos.
Os países em desenvolvimento ou menos desenvolvidos não terão recursos
suficientes para precaverem-se contra os impactos ou minimizar seus efeitos,
o que gerará enormes impactos sociais e econômicos.
As regiões áridas poderão transformar-se em desertos, e regiões secas poderão
tornar-se ainda mais áridas.
Poderá haver redução do potencial de produção alimentícia, o que irá gerar
maiores problemas de fome e miséria.
A variabilidade climática poderá causar impactos sobre diferentes ecossis-
temas, o que causará o eventual desaparecimento de espécies de fauna e flora.
Ecossistemas mais sensíveis, como os recifes de corais, já estão seriamente dani-
ficados pelo aumento da temperatura da água do mar.
Num país reconhecido como detentor de megabiodiversidade, como é o Brasil,
cumpre destacar ainda mais os potenciais impactos das mudanças climáticas
sobre a diversidade biológica, ou biodiversidade, já bastante ameaçada.
Além de enfrentarem os problemas de degradação e perda de habitat, poluição e
exploração irracional de recursos, as espécies e sistemas naturais enfrentam
também o desafio de adaptarem-se aos novos regimes climáticos, decorrentes do
fenômeno do aquecimento global. Sabe-se que inúmeras espécies irão
desaparecer em função das mudanças climáticas e que ecossistemas migrarão ou
terão seus regimes alterados. Há estudos que indicam que a Amazônia deverá
ficar mais quente e mais seca, o que geraria mais incêndios e impactos sobre a
fauna e flora. Desprovida da vegetação, com o solo exposto e destruído pela
erosão, poderá iniciar-se um processo de desertificação em alguns pontos da
região.
Algumas instituições e, particularmente, o Programa das Nações Unidas para o
10
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 11
11
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 12
02
12
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 13
13
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 14
3. A Convenção foi ratificada pelo Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo no 1, de 3 de
fevereiro de 1994.
14
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 15
O P ro t o c o lo de Quio to
Em Dezembro de 1997, a Conferência das Partes da Convenção sobre Mudança
do Clima aprovou em Quioto, no Japão, um Protocolo que passou a ser
conhecido como “Protocolo de Quioto”. Esse tratado estabelece compromissos e
metas concretas para os países desenvolvidos no que tange à redução das emissões
de gases de efeito estufa.
Apesar das metas estabelecidas no Protocolo não serem suficentes para a
completa solução do problema, já que não poderão combater o fenômeno
integralmente, elas resultaram do acordo possível naquele momento. Esse
acordo representou um importante passo na direção certa em
busca da contenção do fenômeno.
15
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 16
4. É importante notar, no entanto, que após o acordo de Bonn, em Julho de 2001, na COP 6, (Segunda
Parte), alguns cientistas e ambientalistas têm afirmado que as concessões feitas nas negociações teriam impli-
cado, na prática, a redução desse percentual mínimo para 2%.
16
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 17
17
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 18
03
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 19
Setor Energético
Queima de carvão, petróleo e gás para geração de energia são as principais causas
do aumento das emissões de dióxido de carbono na atmosfera, o principal gás de
efeito estufa. Procura-se otimizar o uso dessas fontes de energia, cuja tendência é
de substituição gradual, para que se reduzam as emissões de gases de efeito estufa
e seus efeitos nocivos sobre o planeta. O problema do efeito estufa está
impulsionando uma lenta, porém real, transição para uma nova matriz energética
para o planeta.
Os governos e a iniciativa privada estão começando a investir em fontes
19
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 20
20
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 21
S e t o r de Tra nspo r te s
O setor de transportes é importante gerador de emissões de gases de efeito estufa.
Torna-se cada vez mais relevante na medida em que o padrão de consumo de
veículos de transporte individual se amplia. É preciso reverter essa tendência e
algumas medidas vislumbradas são:
21
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 22
Setor Doméstico
Nos lares e locais de trabalho e produção, muitas medidas podem ser adotadas,
inclusive com baixo custo. É preciso ampliar a conscientização da sociedade a
respeito disso e gerar incentivos para realização dessas metas. Eis alguns exemplos
de medidas possíveis:
22
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 23
Setor Industrial
As indústrias constituem uma das fontes mais importantes de emissão de gases
de efeito estufa. Muitas mudanças e adaptações do sistema produtivo deverão ser
realizadas a fim de combater o fenômeno do efeito estufa e minimizar os
impactos sobre as sociedades humanas e ecossistemas. Algumas medidas
necessárias são:
fonte energética
23
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 24
Setor Público
O papel dos governos é fundamental no combate às mudanças climáticas globais.
Devem formular e aprovar normas, criar sistemas de monitoramento e aplicação
das mesmas, e sobretudo, promover a ampla conscientização da população. Trata-
se de um setor que interage com todos os outros, seja através da regulamentação,
execução e exigência de cumprimento de normas, seja como agente de
convencimento, de estímulo e apoio à pesquisa e ciência, fundamentais para a
adoção de novas tecnologias. Como consumidor de grande poder de influência
que é, dado o volume de compras e contratos que promove, o Estado pode
promover a licitação sustentável com objetivo de promover medidas em prol do
equilíbrio climático global, por exemplo, ao adquirir para seu próprio uso energia
proveniente de fontes renováveis, ou meios de transporte menos poluentes,
dentre outros. Alguns exemplos de medidas a serem promovidas pelo setor
público são:
l Ampliação da capacidade de observação sistemática e modelagem
climática, geração e divulgação de informações para tomada de decisões
l Avaliação dos impactos das mudanças climáticas sobre a saúde humana
24
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 25
25
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 26
S e t o r Ag ro pe cuá rio
São diversas as atividades agropastoris que geram impactos climáticos. Os setores
produtivos e os governos devem estar atentos, procurar entender os impactos
desse setor, e adotar medidas para adequá-lo ao novo padrão que se impõe, em
função do fenômeno das mudanças climáticas globais. Dentre as medidas
possíveis, eis alguns exemplos:
26
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 27
ciamento
l Promoção do Zoneamento Ecológico Econômico
l Criação e Implementação de Unidades de Conservação e áreas pri-
27
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 28
04
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 29
O Pap el d o C i d ad ã o
29
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 30
que essa alternativa se torne viável em escala mundial, o que resolveria, em parte,
os problemas relativos às mudanças climáticas. Também há enorme pressão e
resistência imposta pela indústria petrolífera, que será a maior perdedora quando
a economia mundial finalmente vier a fazer transição para uma matriz energética
mais limpa. Isso mais parece utopia, mas é o que se busca, já que se provou que
o intenso consumo desses combustíveis está causando a alteração climática
global. Em países onde pode-se escolher a fonte de combustível que se usa para
o aquecimento dos lares, como na Califórnia, nos EUA, por exemplo, já é
possível o cidadão optar por uma fonte de energia mais limpa, pois pode escolher
qual fonte e empresa contratar. Temos que caminhar para que se construam
modelos e se faça a transição da matriz energética dos países para uma alternativa
menos intensiva no consumo e nas emissões de carbono. O Brasil, que tem
enorme potencial de geração de energia renovável a partir de fontes como a água,
sol e vento, por exemplo, deve procurar direcionar seu planejamento energético,
levando em consideração a sustentabilidade socioambiental dessa matriz. Para
tanto, é fundamental que o cidadão consciente pressione e cobre medidas nesse
sentido.
30
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 31
O Papel do Cidadão
31
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 32
05
32
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 33
33
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 34
o país deve adotar para contribuir para a minimização e gradual eliminação das
causas do efeito estufa, e fortalecimento dos canais de interlocução existentes,
como o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e os movimentos da
sociedade civil.
l Promoção de amplo programa de informação e sensibilização sobre o tema
34
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 35
35
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 36
36
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 37
06
A r t i gos d e Jornai s e out ros Veí cul os
d e C omu n i c aç ã o
B i rd i n i c i a ne go ci a çã o de ca rbono
Fonte: Valor Econômico, 5/9/2002
Por: Taciana Collet
O Banco Mundial (Bird) e a indústria siderúrgica Plantar assinaram ontem um
acordo que dá início ao mercado brasileiro de Certificados de Emissões
Reduzidas, ou os chamados créditos de carbono, mecanismo previsto no
Protocolo de Quioto. A Plantar, de Minas Gerais, comprometeu-se a reduzir as
emissões de gases do efeito estufa com a substituição do carvão mineral pelo
carvão vegetal e, com isso, poderá comercializar aproximadamente US$ 30
milhões em certificados pelo serviço ambiental durante os próximos 20 anos.
37
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 38
38
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 39
39
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 40
A c o rdo de Bo nn sa l va Kyo to
Fonte: Jornal do Brasil, 26/7/2001
Os países signatários do Protocolo de Kyoto, para redução na emissão de gases
causadores do efeito estufa, assinaram em Bonn o acordo que salvou o tratado do
clima. Os 180 países que firmaram o acordo na Alemanha garantiram a
sobrevivência da política adotada contra o aquecimento global, que corria o risco
de ruir depois que os Estados Unidos abandonaram Kyoto.
40
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 41
07
S i t e s n a I n t e rn e t par a Pes qui s a
41
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 42
42
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 43
08
Fon t e s d e c on s ul t a par a confecção
desta Publicação
43
mud.climaticas 16.03.05 12:08 Page 44
Global Environment Outlook 3 (GEO 3), Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (UNEP), Ed. Earthscan; 2002
Pearce, Fred; O aquecimento global: causas e efeitos de um mundo mais quente; Série
Mais Ciência; Publifolha; 2002
Sites
Coordenação de Mudanças Globais do Ministério de Ciência e Tecnologia:
www.mct.gov.br/clima
44