Figuras de Linguagem Ou de Estilo
Figuras de Linguagem Ou de Estilo
Figuras de Linguagem Ou de Estilo
So recursos utilizados nos textos principalmente literrias para conferir mensagem mais impacto,
estilo, beleza ou qualquer outro recurso expressivo.
Figuras de Linguagem ou de Estilo
So recursos utilizados para reforar a expressividade da mensagem ou ideia atravs de palavras ou
construes incomuns, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso.
A utilizao de figuras revela muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades
estilsticas do autor.
A). Figuras de Sintaxe (ou Construo):
Pode haver o desvio da norma estritamente gramatical com fins expressivos. So construes que se
afastam das estruturas regulares ou comuns e que visam transmitir frase mais conciso,
expressividade ou elegncia.
1. Elipse:
Compreende a omisso de um termo facilmente identificvel no contexto (pronomes,
conjunes, preposies ou verbos). O principal efeito a conciso.
Ex.: Na sala, apenas quatro ou cinco convidados (omisso: havia)
No cu, dois fiapos de nuvens. (omisso: aparecem/existem)
2. Zeugma:
H omisso de um termo que j mencionado anteriormente. Sua repetio fica subentendida.
um tipo de Elipse.
Ex.: Ele prefere cinema; eu, teatro. (omisso: prefiro)
Nem ele entende a ns, nem ns a eles. (omisso: entendemos)
3. Pleonasmo:
Repetio enftica de uma ideia, tambm chamando redundncia. O efeito o reforo da
expresso. Mal empregado, pode torna-se um vcio de linguagem.
Ex.: o divino amor de Deus.
A mim resta-me chorar.
Vi-o com meus prprios olhos.
4. Anfora:
Repetio de uma mesma palavra no incio de versos ou frases, geralmente ocorre em poesias
Ex.: Nada quero, nada fiz, nada farei.
Depois eu dou. Depois eu deixo. Depois eu levo. Depois eu conto.
5. Polissndeto:
Consiste na repetio de uma conjuno (geralmente conjuno e)
Ex.: Trejeita, e canta, e ri nervosamente.
Mo gentil, mas cruel, mas traioeira
E foge, e volta, e vacila, e treme, e canta.
Obs.: o Assndeto (ausncia de conjuno) a figura oposta ao assndeto.
Ex.: No sopra o vento; no gemem as vagas; no murmuram os rios.
Subia janela, sondava os arredores; gritava a plenos pulmes.
6. Iterao (ou Repetio):
Consiste na repetio de um termo. Difere do polissndeto por ser a reiterao de qualquer
palavra e no s da conjuno.
Ex.: O surdo pede que repitam, que repitam a ltima frase.
7. Inverso:
Construo de uma orao na ordem indireta, alterando a ordem natural dos termos. Conforme
o grau de alterao, a inverso recebe o nome de hiprbato (inverso complexa de membros da
frase), anstrofe (inverso de palavras vizinhas) ou snquise (inverso violenta de distantes
partes da frase).
Ex.: Passarinho, desisti de ter.
To leve estou que j nem sombra tenho.
A grita se alevanta ao Cu, da gente.
8. Silepse:
Funciona como uma concordncia ideolgica. Ocorre quando a concordncia deixa de ocorrer
com elemento gramatical claro, expresso na frase, para faz-lo em funo da ideia a ele sociada
em nossa mente. A Silepse pode ser:
- de gnero:
Ex.: Santos muito poluda. (poluda concorda implicitamente com a palavra cidade)
Vossa excelncia est ocupado.
Os Lusadas glorificou nossa literatura.
- de nmero:
Ex.:O povo lhe pediram que cedesse. (pediram no concorda com o povo, mas com a ideia de
coletivo, de plural presente em povo)
-de pessoa:
Ex.: Todos os brasileiros somos assim. (somos indica que o narrador integra o sujeito)
9. Anacoluto:
H a quebra de interrupo de sequncia lgica da frase, e um de seus termos fica solto.
Geralmente ocorre quando se inicia uma determinada construo sinttica e depois troca-se
por outra.
Ex.: A vida, no sei realmente se ela vale alguma coisa.
Pobre, quando come frango, um dos dois est doente
Meu pai, no admito que falem dele.
Vs, que ateastes a guerra, o sangue derramado cair sobre as nossa cabeas.
B. Figuras de Som:
Muitos as incluem dentro das figuras de construo. Compreende o uso de palavras com sonoridade
igual ou semelhante, a fim de criar um referente. Visa reforar do ritmo, dar uma maior sonoridade,
musicalidade ao texto, enfatizando tambm seu significado central.
1. Aliterao:
Utilizao de palavras com os mesmos sons consonantais. H repetio de mesmo consoante
ou de consoantes similares, geralmente em posio inicial da palavra.
Ex.: Esperando, parada, pregada na pedra do porto.
Quando madrugada sempre encontra Januria na janela
2. Onomatopeia:
Ocorre quando uma palavra o conjunto de palavras imita um rudo ou som.
Ex.: rodas, engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno
Tique-taque.
Veio o vento e zupt levantou-lhe a saia.
C. Figuras de Palavras (ou Tropos):
As figuras de palavras baseiam-se no emprego simblico, figurado, de uma palavra, por outra, quer por
contiguidade (relao de proximidade), quer por similaridade (associao, comparao) .So desvios de
significao das palavras para se atingir um efeito expressivo.
1. Comparao (Smile ou Metfora Explcita/Impura):
Comparao entre dois elementos. Nessa a caracterstica de uma so atribudos a outros.
Na comparao, h sempre um elemento comparativo expresso (diferena importante em
relao Metfora): como, tal, quanto, etc.
2. Metfora:
Fundamenta-se numa relao subjetiva, ela consiste na transferncia de um termo para um
mbito de significao que no o seu e para isso parte de uma associao afetiva, subjetiva
entre dois universos. uma espcie de comparao abreviada, qual faltam elementos
conectores (como, assim, que nem, tal qual, etc).
Trata-se, na verdade, de uma comparao implcita. um processo de comparao que se
transforma em substituio, na qual h um conjunto de interseco entre dois seres. Ocorre
uma alterao de significados por traos de similaridade entre dois conceitos. Sua funo
destacar aspectos que a palavra em si no consegue sugerir.
Ex.: Eu no acho a chave de mim.
Cai a tinta da treva sobre o mundo.
Joana (como) uma flor.
Murcharam-lhe (assim como murcham as flores) os entusiasmos da mocidade.
3. Catacrese:
Tipo de metfora por emprstimo que perdeu seu valor estilstico em funo do uso constante.
Consiste no emprego imprprio de uma palavra ou expresso por esquecimento oi ignorncia
da etimologia.
Consiste no uso imprprio de uma palavra por falta de outra mais especfica para dar nome a
alguma coisa que necessita de designao. a transferncia de uma palavra, do seu sentido de
origem para outra situao por analogia. Devido ao uso contnuo, quase no se percebe que
esto sendo empregadas. Pode-se dizer que so metforas desgastadas.
Ex.: O p do vaso est quebrado
Embarcou naquele avio gigantesco.
4. Metonmia:
Consiste na substituio de um nome por outro porque entre eles existe alguma relao de
proximidade.
Processo de substituio em que a palavra ganha um sentido mais amplo. uma espcie de
singularizao, visto que h a valorizao de um trao do termo. A transposio de significados
no feita com base em traos de semelhana, mas devido ao relacionamento entre as
palavras. Ocorre quando se emprega o efeito pela causa, o autor de obras, o continente pelo
contedo, o instrumento da pessoa que o utiliza, o concreto, a parte pelo todo, o singular pelo
plural, a espcie/classe pelo indivduo, a qualidade pela espcie, a matria pelo objeto, etc.
Substituio de uma palavra por outra com a qual tenha alguma familiaridade, alguma relao
de sentido.
Essa relao de substituio surge quando se emprega:
- A parte pelo todo (ou vice-versa):
Ex.: Estava novamente sem teto. (teto=casa)
- Gnero pela espcie (ou vice-versa):
Ex.: Os mortais so convardes. (mortais=homens)
- Singular pelo plural (ou vice-versa):
Ex.: O francs gosta de um bom vinho. (francs=franceses)
- Material pelo objeto:
Ex.: Colocou os seus cristais a venda. (cristais=copos ou objetos de cristais)
- Autor pela obra:
Ex.: Devolva o Neruda que voc me tomou e nunca leu... (Neruda=livro de poesias de Paulo
Neruda)
- A causa pelo efeito (ou vice-versa):
Ex.: Comers o po com o suor do seu rosto. (suor=efeito da causa que o trabalho, isto ,
comers a comida com o fruto do seu trabalho). Temos aqui, tambm a parte pelo todo.
- O continente pelo contedo (ou vice-versa):
Ex.: Tomou duas latas de cerveja (lata=a cerveja contida na lata)
- O instrumento pela pessoa que o utiliza:
Ex.: Ele um bom garfo. (garfo=gluto, guloso, o homem que come muito)
- O lugar pelo produto:
Ex.: O presidencivel gosta de um bom havana. (havana=charuto fabricado em Havana)
- O concreto pelo abstrato (ou vice-versa):
Ex.: A juventude brasileira est desorientada. (juventude=as pessoas jovens)
- O sinal pela coisa significada:
Ex.: O trono estava abalado. (trono=imprio, reino)
5. Antonomsia ou perfrase:
H a substituio de um nome por uma expresso que o identifique com facilidade, por algum
de seus atributos ou por fato que o celebrizou.
Ex.: os quatro rapazes de Liverpool (em vez de Beatles)
a cidade maravilhosa (em vez de Rio de Janeiro)
6. Sinestesia:
H uma fuso de sensaes percebidas por diferentes rgos dos sentidos.
Ex.: A luz crua da madrugada invadia meu quarto.
Um spero sabor de indiferena a atormentava.
D. Figuras de Pensamento:
So processos estilsticos que se realizam na esfera do pensamento, no mbito da frase. Nelas intervm
fortemente a emoo, o sentimento, a paixo.
1. Anttese:
Evidencia palavras e expresses contrrias, mantendo-se a lgica, a coerncia.
Utiliza palavras ou expresses de sentidos opostos, contraditrios.
Ex.: A areia, alva, est agora preta, de ps que a pisam.
Toda vida se tece de mil mortes.
Falou que o mal bom, e o bem cruel.
2. Paradoxo ou oximoro:
Aproximao de ideias contrrias, com quebra de lgica, incoerncia.
Utiliza ideias opostas simultaneamente: uma oposio mais violenta, em que as ideias
costumam se fundir.
Ex.: Tudo sem Silvano viva morte
Ento, falo melhor quando emudeo...Que de matar-me vivo.
T ruim mas t bom.
3. Gradao:
Sequncia de ideias disposta em sentido ascendente (clmax) ou descendente (anticlmax), na
qual seus significados tornam-se mais fracos ou mais fortes.
Ex.: Ele foi um tmido, um frouxo, um covarde.
Ande, corra, voe aonde a honra o chama.
4. Ironia:
Ocorre quando dizemos o contrrio daquilo em que pensamos. perceptvel pelo contexto.
Inteno sarcstica.
Ex.: A excelente dona Incia era mestre na arte de judiar de crianas.
O velho comeou a ficar com aquela cor bonita: uma tonalidade de cadver.
5. Prosopopeia, personificao ou animismo:
Consiste em atribuir vida ou qualidades humanas a seres inanimados, irracionais, mortos ou
abstratos.
Ex.: O dinheiro falou mais alto.
O sol belisca a pele azul do lago.
Choram as rosas.
6. Hiprbole:
Afirmao exageradas das coisas, atravs de expresses enfticas ou exageradas.
Ex.: Chorarei pelo resto da vida.
Toda a emoo do mundo em suas mos.
J lhe disse mais de mil vezes.
7. Eufemismo:
Abrandamento de expresses cruas ou desagradveis.
Atenuao ou suavizao de ideias consideradas desagradveis, por uma linguagem mais
formal, mais culta, com o objetivo de esconder os significados pejorativos.
Ex.: Ele foi desta para a melhor.
Existem escolas para crianas excepcionais.
8. Apstrofe ou invocao:
Compreende a invocao de algum (ou algo personificado) com funo emotiva. Muitas vezes,
h uma interrupo para dirigir-se a pessoas ou coisas presentes ou ausentes, reais ou fictcias.
Interrupo feita pelo orador para invocar uma coisa real, divina ou fictcia.
Ex.: Senhor Deus dos desgraados! Dizei-me vs, Senhor Deus!
Deus, onde ests?