A Abelha Urucu Nordestina
A Abelha Urucu Nordestina
A Abelha Urucu Nordestina
A Abelha Uruçu
A Abelha Uruçu
(Melipona scutellaris,
Latreille 1811)
(Apidae, Meliponinae)
créditos
http://www.ib.usp.br/urucu/5/12/2004 10:22:48 PM
Distribuição geográfica
2. Ornamentação menos
3. Aspecto geral de uma
1. Ornamentação da comum da entrada das
abelha uruçu. Como ela
entrada das colmeias com colmeias, com raias de
não ferroa, é possível
estrias de barro e resina. barro elevadas, formando
segura-la com os dedos.
uma coroa.
Uruçu é uma palavra que vem do tupi "eiru'su", que nessa língua indígena significa "abelha grande".
O nome "uruçu" está relacionado com diversas abelhas do mesmo gênero, encontradas não só no Nordeste, mas também na
região amazônica. A tendência, porém, é a de reservar o termo "uruçu" para a abelha da zona da mata do litoral baiano e
nordestino, que se destaca pelo tamanho avantajado (semelhante à Apis), pela produção de mel expressiva entre os meliponíneos
e pela facilidade do manejo.
Estudos realizados em Pernambuco (Almeida 1974) mostraram o relacionamento da uruçu com a mata úmida, que apresenta as
condições ideais para as abelhas construírem seus ninhos, além de encontrarem, em árvores de grande porte, espécies com
floradas muito abundantes que são seus principais recursos tróficos e locais de nidificação.
Na região de Taquaritinga (PE), no Morro das Vertentes a 1100m de altura as abelhas uruçus são nativas e criadas racionalmente.
O Dr. Paulo Nogueira Neto (1970) comenta: "Há referências (Moure & Kerr 1950) de ocorrência da uruçu em localidades bem no
interior da Bahia e Pernambuco. Lamartine (1962) fez um estudo sobre a distribição dessa espécie, mostrando que ela habita a
região úmida do Nordeste. O Dr. Antonio Franco Filho, de Sergipe (inf. pessoal) afirmou que essa abelha não vive na caatinga. Ao
que sei, na Natureza, a referida espécie reside somente em ocos de árvores."
Bibliografia
Almeida, MG 1974 Aspectos bionômicos, ecológicos e genéticos da abelha Melipona scutellaris scutellaris Latreille (1811).
Dissertaçao Fac. Medicina de Ribeirão Preto, SP 128p
Lamartine H. 1962. A área da abelha uruçu do Nordeste. Chácaras e Quintais 106 (6): 801.
Moure JS e Kerr WE. 1950. Sugestões para a modificação da sistemática do gênero Melipona. Dusenia 1 (2): 105-29.
Nogueira Neto P. 1970 A Criação de abelhas indígenas sem ferrão. Tecnapis. 365p.
http://www.ib.usp.br/urucu/distribuicao_geografica.htm5/12/2004 10:25:34 PM
Ninho
Os ninhos têm entrada típica, sempre com abertura no centro de raias de barro convergentes, sendo que também podemos
encontrar ninhos cujas raias de barro são elevadas e formam uma coroa, freqüentemente voltada para baixo. Essa entrada, que dá
passagem para as abelhas, é guardada por uma única operária.
No interior da colméia, encontramos várias camadas (lamelas) de cerume que formam o invólucro (ver imagem abaixo), material
maleável resultante da mistura de cera produzida pelas abelhas misturado com a resina que elas coletam nas plantas. O cerume é
o material básico utilizado em todas as estruturas que existem dentro do ninho.
As abelhas sem ferrão mantêm a cria e o alimento em estruturas diferentes. Os ovos são colocados em células de cria (foto 4) que
contêm todo o alimento larval necessário para o desenvolvimento da larva.
Várias células de cria justapostas formam o favo, que pode ser horizontal ou mais raramente, helicoidal. Quando a abelha nasce, a
célula de cria é desmanchada e o cerume reaproveitado em outras construções no ninho.
Os alimentos coletados nas flores, o pólen e néctar, constituem as fontes de proteínas e de açúcares e serão armazenados no
interior da colmeia em potes diferentes chamados de potes de alimento (foto 8) e também, darão origem ao alimento larval que
será depositado nas células do favo e alimentará a cria.
Segundo Nogueira Neto (1970) "os potes de alimento têm cerca de 4 ou 4,5cm de altura. A próprolis é relativamente pouco
pegajosa e é usada misturada com barro (geoprópolis) no batume e na calefação dos ninhos." O cerume é formado da misturada
de própolis com cera.
Tabela 1 Principais árvores onde a uruçu nidifica na mata pernambucana (segundo Almeida 1974).
Bibliografia
Almeida, MG 1974 Aspectos bionômicos, ecológicos e genéticos da abelha Melipona scutellaris scutellaris Latreille (1811).
Dissertaçao Fac. Medicina de Ribeirão Preto, SP 128p
Os indivíduos da colmeia
(Melipona scutellaris, Latreille 1811)
(Apidae, Meliponinae)
Vista lateral da
Vista frontal da cabeça
terceira perna
OPERÁRIA
RAINHA
VIRGEM
MACHO
Bibliografia
Barros, JRS 1994. Genética da Capacidade de Produção de Mel com Abelhas Melípona scutellaris com Meliponicultura Migratória e
sua Adaptabilidade no Sudeste do Brasil. Dissertação. Faculdade Ciências Agrárias e Veterinárias-UNESP Jaboticabal 149p
Nogueira Neto P; Imperatriz-Fonseca VL; Kleinert-Giovannini A; Viana BF & Campos MS. 1986. Biologia e manejo das abelhas sem
ferrão. Tecnapis. 54p.
Campos LAO & Peruquetti RC. 1999. Biologia e criação de abelhas sem ferrão. InformeTtécnico, Universidade Federal de Viçosa 82:
1-36.
Na região de Catu-BA (Carvalho et al 1998), as famílias botânicas mais visitadas pela uruçu para as coletas de néctar foram
Mimosaceae, Caesalpinaceae e Myrtaceae, dados que confirmam as observações de Almeida (1974) realizadas na região de
Pernambuco.
A abelha uruçu (Melipona scutellaris) é considerada como polinizador potencial das seguintes monoculturas no município de
Conceição do Almeida, Bahia: Eugenia aquea (maçã aguada rosa); E. jambosa (maçã rosa, jambo); E. uniflora (pitanga); Grewia
anatica (falsa); Persea americana (abacate); Psidium guajava (goiaba); Talisia esculenta (pitomba) e Eryobotrya japonica
(nespera) (Castro, 2002).
Bibliografia
Almeida, MG 1974 Aspectos bionômicos, ecológicos e genéticos da abelha Melipona scutellaris scutellaris Latreille (1811).
Dissertaçao Fac. Medicina de Ribeirão Preto, SP 128p
Carvalho,CAL; Moreti,ACCC; Marchini,LC; Alves,RMO & Oliveira PCF 1998 Espectro Polínico de Amostras de Mel da Abelha Uruçu
(Melipona scutellaris). Anais do XII Congresso Brasileiro de Apicultura, Salvador-BA:189.
Castro MS. 2002. Bee fauna of some tropical and exotic fruits: potencial pollination and their conservations. In: Kevan PG &
Imperatriz-Fonseca VL. Pollinating Bees: The conservation link between agriculture and nature. p.235-49. (no prelo)
http://www.ib.usp.br/urucu/preferencias_florais.htm5/12/2004 10:31:26 PM
Manejo e meliponários
A criação racional dessas abelhas tem sido feita em caixas de modelos os mais variados, muitos dos quais facilitam o manuseio na
época da divisão e a retirada do mel. Caixas racionais verticais e horizontais, caixas retangulares e quadradas são utilizadas além
de colmos de palmeiras (macaibeira) nativas da região.
A madeira mais comum usada para confecção das caixas de uruçu é a pau-pombo tambem conhecida como "pau-de-abelha" na
região do Nordeste. Outras madeiras utilizadas são amarelo-vinhático e mais raramente, a jaca, que são madeiras que aceitam
mais a umidade. Já pudemos observar também caixas de ripas de ipê, que não foram usadas como assoalho de alguma casa.
Os meliponários são também os mais diversos e podem ser construídos em cidades como Recife, observando-se com cuidado, a
época e hora da passagem dos carros que dispersam inseticidas contra mosquitos. Nesse período, e no dia seguinte, as caixas
devem ficar fechadas para que as abelhas e seus produtos não sofram os efeitos da contaminação do veneno (Cortopassi-Laurino
& Moura 2000).
Os métodos de divisão racional dessas abelhas são variáveis. Com cuidados especiais, para que a multiplicação dos ninhos seja
feita em épocas favoráveis do ano, essas abelhas têm sido introduzidas e criadas na região sul e sudeste do país, mesmo
considerando que a uruçu tenha origem em região de clima bem diferente.
Em Recife, a divisão dos ninhos é realizada antes da chuva ou seja, no fim do ano. Entretanto, machos destas abelhas formavam
aglomerados em maio de 2001 na região de Paulista, PE.
Bibliografia
Cortopassi-Laurino M & Gelli DS. 1991. Analyse pollinique, proprietes physico - chimiques et action antibacterienne des miels
d'abeilles africanisees A. melliferae et de Melipones du Bresil. Apidologie, v.22, p.61 - 73
Cortopassi-Laurino M & Montenegro-de-Aquino H. 2000. Forrageamento na abelha uruçu (Melipona scutellaris). In: Anais do XII
Congresso Brasileiro De Apicultura, Florianópolis. p.C-022.
Cortopassi-Laurino M & Moura A. 2000. A abelha uruçu do litoral baiano e nordestino, Melipona scutellaris. In: Anais do XII
Congresso Brasileiro De Apicultura, Florianópolis.
Martins SCS; Albuquerque LMB; Matos JHG; Silva GC & Pereira AJB. 1997. Atividade antibacteriana em méis de abelhas
africanizadas (Apis mellifica) e nativas (Melipona scutellaris, M. subnitida e Scaptotrigona bipunctata) no estado do Ceará. Higiene
Alimentar, v.52, p.50-53
Meliponários de Uruçu
(Melipona scutellaris, Latreille 1811)
(Apidae, Meliponinae)
Os ninhos são transferidos para troncos de palmeiras, fechados nas extremidades. Estes ninhos uniformes são encontrados nas
beiras das casas e utilizados pelas famílias.
A abelha uruçu do litoral baiano e nordestino se destaca de outras abelhas da região pelo seu porte avantajado (é do tamanho de
Apis mellifera ou maior), pela grande produção de mel e pela facilidade de manejo, atividade que já era desenvolvida pelos povos
nativos antes da chegada dos colonizadores. Baseado nesses conhecimentos, vários pesquisadores e meliponicultores dessa abelha
têm se dedicado com êxito, ao trabalho de extensão e manejo, incentivando populações rurais, assentados e curiosos na criação
de abelhas nativas com caixas e métodos de divisão simples.
Os méis, que podem ser comercializados em litros, são mais líquidos que os de Apis. São usados como remédio, renda extra ou
mesmo um alimento melhor para essas famílias. Nos trabalhos mais criteriosos, os criadores das abelhas são incentivados a retirar
o mel com bomba sugadora, o que diminui o manuseio, o desperdício de mel no fundo das caixas e evita a morte de ovos e larvas
quando não se inclina a colméia para escorrer o mel.
O mel dessas abelhas, além de muito saboroso, pode ser produzido até 10 litros/ano/colônia em épocas favoráveis, embora a
média seja de 2,5-3 litros/ano. É considerado medicinal principalmente pelas populações regionais. Segundo Mariano-Filho (citado
por Nogueira Neto 1970) o mel dessa abelha é altamente balsâmico e infinitamente mais rico em princípios aromáticos do que o
mel de Apis mellifera). Estudos feitos em laboratório confirmaram os seu poder antibacteriano (Cortopassi-Laurino & Gelli 1991 e
Martins et al 1997). Devido ao alto teor de água, eles devem ser armazenados em geladeira ou freezer quando não forem
consumidos imediatamente.
A análise da composição de mel de uruçu no município de Pirpirituba (PB) foi realizada coletando o mel com seringas de três potes
fechados de dentro dos ninhos instalados em caixas de madeira. Com auxílio de refratômetro, foi analisado o teor de água desses
méis. Os méis apresentaram porcentagem de água provavelmente influenciada pelas condições ambientais. Nos meses secos de
out/98-jan/99, os méis (número de amostras=20) eram mais líquidos, com teores de água variando de 27-29,7%, sendo que
encontramos também potes fechados com 92%, sugerindo que as abelhas armazenam esse líquido. Ao contrário, nos meses mais
úmidos, de 2/99-6/99, os méis (número de amostras = 21) continham menores teores de água, variando de 25-26,3%
(Cortopassi-Laurino & Aquino 2000).
Bibliografia
Cortopassi-Laurino M & Gelli DS. 1991. Analyse pollinique, proprietes physico - chimiques et action antibacterienne des miels
d'abeilles africanisees A. melliferae et de Melipones du Bresil. Apidologie, v.22, p.61 - 73
Cortopassi-Laurino M & Montenegro-de-Aquino H. 2000. Forrageamento na abelha uruçu (Melipona scutellaris). In: Anais do XII
Congresso Brasileiro De Apicultura, Florianópolis. p.C-022.
Martins SCS; Albuquerque LMB; Matos JHG; Silva GC & Pereira AJB. 1997. Atividade antibacteriana em méis de abelhas
africanizadas (Apis mellifica) e nativas (Melipona scutellaris, M. subnitida e Scaptotrigona bipunctata) no estado do Ceará. Higiene
Alimentar, v.52, p.50-53
As observações sobre o movimento externo começaram com os primeiros raios de luz, quando já havia intensa coleta de pólen
(19,8ºC, 91%, 6:07h). Após as 11:25h (26ºC e 70%) essa atividade específica cessou totalmente, mas as atividades de vôo
prolongaram-se até 18:15h (24,5ºC e 75%), ainda com alguma penumbra.
As atividades externas dessa mesma espécie de abelha, no mês de outubro/93 pesquisadas por Barros (1994), ocorreram desde as
5:00h da manhã em Jaboticabal-SP e também indicaram pico de atividade polínica, entre 19-21ºC e entre 59-61% de umidade às
7:00h. Os dados de temperatura coincidem com os nossos resultados enquanto que os de umidade estão muito aquém dos obtidos
nas nossas observações.
Roubik & Buchmann (1984) verificaram que quatro espécies de Melipona da floresta tropical do Panamá também têm pico de coleta
de pólen no início da manhã, ou seja, entre 6-9 horas.
A coleta de néctar em colônias instaladas em São Simão, SP, realizada de maneira experimental, apresentou os resultados abaixo:
O néctar coletado do papo de quatro epécies de Melipona do Panamá apresentou variação de 24-63% nos teores de açúcares,
mostrando a grande amplitude de oferta na natureza ao longo do dia (Roubik & Buchmann 1984). Já em duas Melipona da Costa
Rica, esses valores foram mais amplos, variando de 7,1-65,4% (Biesmeijer et al 1999).
Almeida, MG 1974 Aspectos bionômicos, ecológicos e genéticos da abelha Melipona scutellaris scutellaris Latreille (1811).
Dissertaçao Fac. Medicina de Ribeirão Preto, SP 128p
Barros, JRS 1994. Genética da Capacidade de Produção de Mel com Abelhas Melípona scutellaris com Meliponicultura Migratória e
sua Adaptabilidade no Sudeste do Brasil. Dissertação. Faculdade Ciências Agrárias e Veterinárias-UNESP Jaboticabal 149p
Biesmeijer, JC; Smeets, MJAP; Richter, JAP & Sommeijer, MJ. 1999 Nectar Foraging by stingless bees in Costa Rica: botanical and
climatological influences on sugar concentration of nectar collected by Melipona. Apidologie 30:43-55
Carvalho,GA & Kerr, WE 2000 Métodos de divisão racional de colonias de M.scutellaris. Anais do IV Encontro sobre Abelhas,
Ribeirão Preto-SP:356
Carvalho,CAL; Moreti,ACCC; Marchini,LC; Alves,RMO & Oliveira PCF 1998 Espectro Polínico de Amostras de Mel da Abelha Uruçu
(Melipona scutellaris). Anais do XII Congresso Brasileiro de Apicultura, Salvador-BA:189
Cortopassi-Laurino,M & Gelli, DS 1991 Analyse pollinique, proprietés physico-chemiques et action antibactérienne des miels d
´abeillhes Apis mellifera et de Méliponinés du Brésil. Apidologie 22:61-73.
Kerr, WE; Carvalho, GA & Nascimento,VA 1996 Abelha Uruçu- Biologia, Manejo e Conservação. Fundação Acangaú, MG 144pp.
Marchini, LC; Carvalho,CAI; Alves,RMO: Teixeira,GM; Oliveira,PCF & Rubia,VR 1998 Características Fisico-Químicas de Amostras de
Méis da Abelha Uruçu (Melípona scutellaris). Anais do XII Congresso Brasileiro de Apicultura. Salvador-BA:201
Martins, SCG; Albuquerque, LMB; Matos, JHG; Silva. GC & Pereira, AIB 1998 Atividade Antibacteriana em Méis de Abelhas
Africanizadas (Apis mellifera) e nativa (Melipona scutellaris, M.subnitida e Scaptotrigona bipunctata) do Estado do Ceará. Higiene
Alimentar (11):52-53
Nogueira-Neto, P. 1997 Vida e Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão. Editora Nogueirapis 446pp
Roubik, DW & Buchmann, S 1984 Nectar Selection by Melipona and Apis mellifera (Hymenoptera, Apidae) and ecology of nectar
intake by bee colonies in a tropical forest. Oecologia (Berlim) 61:1-10.