Análise Do Poema SAPOS
Análise Do Poema SAPOS
Análise Do Poema SAPOS
Bandeira
February 24, 2013 literatura em foco
Hellen Freire Silva
No incio da Semana da Arte Moderna, um grupo de artistas ue sentiam a necessidade
de abandonar os antigos !alores cl"ssicos, sobretudo, a est#tica antiga confrontaram os
!alores parnasianos ue se fundamenta!am na !alori$a%&o da est#tica e da perfei%&o' A
proposta deste grupo de artista era dar liberdade aos poetas, escultores, pintores e
m(sicos, a fim de ue arte brasileira n&o buscasse modelos estrangeiros, mas sim,
!alori$asse a pr)pria cultura brasileira' Al#m disso, a Semana da Arte Moderna
propun*a o esclarecimento da identidade nacional, bem como, o recon*ecimento da
liberdade de e+press&o'
,om o intuito de pro!ocar o estilo parnasiano, na #poca a escola liter"ria ue fa$ia o
gosto dos brasileiros, # feita a leitura do poema de Manuel -andeira ue ob!iamente foi
criticada ferren*amente pelo p(blico' . te+to inicia/se com uma refer0ncia do poeta 1
!aidade dos parnasianos uando cita a pala!ra 2enfunando3 ue tem o mesmo sentido
de 2enc*er/se3, 2inflar/se3, no entanto, neste te+to o significado mais cab!el seria o
2enfunar/se3 de orgul*o, de !aidade'
Ao longo do poema, o eu/lrico constr)i a crtica ao parnasiano e a sua est#tica,
Diz: Meu cancioneiro
bem martelado.
4 ironi$a o modo perfeito de se fa$er arte'
Vede como primo
Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos conatos.
No trec*o acima o poeta fa$ um $ombaria com o primor ue os parnasianos t0m em
compor rimas, inclusi!e, em rimar termos cognatos, ou se5a, termos ue possuem a
mesma classe gramatical 5" ue para o parnasiano rimar termos cognatos n&o #
sin6nimo de sofistica%&o, pois as rimas n&o s&o consideradas ricas'
Al#m de ressaltar a est#tica parnasiana de forma sarc"stica,
Vai por cin!"enta anos
Que lhes dei a norma:
#eduzi sem danos
$ %&rmas a %orma.
Manuel -andeira tamb#m fa$ uma alus&o ir6nica aos poemas ue !alori$am a descri%&o
dos ob5etos e da escultura cl"ssica'
'rada em um assomo
O sapo(tanoeiro:
( $ rande arte ) como
*a+or de ,oalheiro.
Ou bem de estatu-rio.
.udo !uanto ) belo/
.udo !uanto ) +-rio/
0anta no martelo.
4+emplos de poesia parnasianas ue mant0m esta !alori$a%&o dos ob5etos cl"ssicos s&o
27rofiss&o de f#3, de .la!o -ilac e 28aso 9rego3, de Alberto .li!eira' Seguem alguns
trec*os:
;<=
1n+e,o o ouri+es !uando escre+o:
1mito o amor
0om !ue ele/ em ouro/ o alto rele+o
2az de uma %lor.
;23ro%iss4o de %)2=
;<=
Esta/ de -ureos rele+os/ trabalhada
De di+as m4os/ brilhante copa/ um dia/
5- de os deuses ser+ir como cansada/
Vinda do Olimpo/ a um no+o deus ser+ia.
678
6Vaso 9reo8
Al#m do conte(do tem"tico, o poeta fa$ algumas constru%>es estruturais ue d&o
sentido ao tema' ?ma destas constru%>es # o uso de alitera%>es em 2p3 e 2b3 e as
asson@ncias em 2u3 e 2a3 ue remetem o som do pulo dos sapos, assim como, o 5ogo de
pala!ras em 3 N&o foiA B FoiA B N&o foiA3 ue fa$ analogia ao coa+ar dos sapos'
4ntretanto, o poeta moderno n&o utili$a a forma como meio de compor o tema, mas
tamb#m, como forma de compor a ironia tem"tica presente no te+to' 7or e+emplo, a
composi%&o de todos os !ersos com a mesma m#trica ;cinco slabas= fa$ parte da
proposta parnasiana' No entanto, o poema # criado em redondil*as menores, isto #, a
forma mais simples de se compor as slabas po#ticas, o ue para os parnasianos #
inaceit"!el, 5" ue eles lou!a!am a sofistica%&o e n&o a simplicidade'
.utro aspecto estrutural ue $omba dos aspectos reuintados da escola parnasiana # uso
das uadras ou uartetos, formas consideradas populares, contrastando, desse modo,
com as formas sofisticadas, tais como, o soneto ue # muito pre$ado no parnasianismo'
4sta popularidade da uadra se torna mais e!idente na (ltima estrofe cu5os (ltimos
!ersos fa$em alus&o a uma cantiga popular brasileira'
Que solu:as tu/
.ransido de %rio/
;apo(cururu
Da beira do rio7
Cogo, o poema 2.s sapos3 fa$ uma crtica contundente ao parnasianismo de modo
ir6nico e sarc"stico, !alendo/se do tema e da pr)pria forma po#tica na constru%&o
po#tica'