Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Angelo Agostini e A AIBA

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 90

Angelo Agostini e a

Academia Imperial de
Belas Artes:
humor e crtica de arte

Fabio Mourilhe

Conselho editorial:
Marly Bulco, Susana de Castro, Fernando Gerheim,
Luis Felipe Alencastro, Filipe Ceppas,
Carlos Azambuja, Marcos Carvalho, Rosa Dias,
Paulo Sgarbi, Fabio Franois, Gazy Andraus.
Imagens da capa e internas:
Trechos de arte de Angelo Agostini, Carlos Luis M.
C. da Cruz, Jos Maria de Medeiros, Pedro Amrico
e Victor Meirelles de Lima,
____________________________________________

Imagem Pensamento

Introduo
Apesar da depreciao de grande parte
da arte do sculo XIX, o que inclui sua taxao
como acadmica pela crtica de cunho modernista
(PEREIRA, 2012, p.89), temos a possibilidade
de reavaliao crtica da arte da poca a partir do
resgate de relatos histricos importantes veiculados
em peridicos do sculo XIX. ngelo Agostini com
uma crtica bem humorada em desenhos, textos e
quadrinhos apresenta um posicionamento sobre
artistas, exposies e sobre a Academia de Belas Artes
na Revista Illustrada. Contudo, seus escritos no
possibilitam apenas o resgate e a valorizao de todo
um modo de se expressar artisticamente desta poca,
mas sim de uma prtica especfica que se afastava
do enquadramento e do foco no governo e em certos
preceitos da Academia. Trabalhar com o pensamento
de Agostini tentar resgatar a crtica a um sistema
poltico e artstico do Brasil no Segundo Reinado
atravs de uma pesquisa histrica e comparativa
atravs de documentos e peridicos com discursos e
imagens caricaturais.

Atravs de uma ao que envolvia a caricatura
e a crtica atravs do texto, a Revista Illustrada e as
outras revistas de humor do sculo XIX serviam
como ponto de confluncia para crticas artsticas e
3

polticas. Agostini era o poeta do lpis nos jornais


de caricatura do sculo XIX (peridicos a partir da
dcada de 1870, em especial a Revista Illustrada),
pois unia o lpis gorduroso com o qual o artista
desenha sobre a pedra litogrfica pena dos poetas
(BALABAN, 2005, p.2) para abordar temas diversos,
o que permitia tratar de variadas relaes polticas e
estticas com o meio ambiente, a comunidade e suas
vivncias, promovendo interferncias (MALTA et
al, 2015, p.iii).

Ipanema (2007, p.37) concorda e mostra
que estas realizaes na litografia em peridicos
jornalsticos assumem o sentido de autonomia de
duas formas diferentes. Primeiro, a imagem gerada
dentro do campo da stira e da poltica, tornando-a
original e nica, e outra que esta de fundo noticioso,
que remete a uma mensagem processada em veculo
de comunicao. Envolve uma conceituao crtica
e renovadora de significados.

Silva (2008, p.45) apresenta a crtica em
Agostini. A poltica em sua viso seria a responsvel
pelos problemas do Brasil, o que levaria a um entrave
no desenvolvimento artstico nacional.
Na Revista Illustrada, peridico onde
trabalhou por mais tempo at 1888, temos a maior
concentrao das crticas e desenhos de Agostini
relacionados arte no Brasil, que incluam como temas
4

as mudanas do panorama artstico e a consagrao


de artistas, em uma prtica de convergncia de
visibilidade, divulgao da arte e humor. Em alguns
momentos parece que, conforme Santanna (2014,
p.164), o caricaturista no mostrava nenhum
apreo pelos mestres da Academia de Belas-Artes
e... desacreditava o talento de tais mestres, mas
existem momentos onde so tecidos elogios aos
trabalhos daqueles relacionados Academia.

Segundo Werneck Sodr (1966, p. 255), o
didatismo das ilustraes seria a razo pela qual
a revista teve grande sucesso, porm no deve ser
esquecida a nfase na atualidade do contedo e das
imagens. Era fundamental que elas estivessem
ligadas realidade nacional, que o pblico se revisse
nelas, encontrasse aquilo que desejava e que o
interessava. Tratou prioritariamente de temas a ele
contemporneos, como a condenao ao racismo
e a indicao da emergncia da Repblica e dos
ideais liberais, posicionamentos anti-imperiais e
antiescravistas. Ao assumir a posio condenatria,
o tom seria o mesmo contra a escravido ou contra a
Academia.

Quanto aos textos de Agostini, no h certeza
sobre sua autoria, pois eram utilizados diversos
pseudnimos, porm diante da fora das suas
caricaturas e da virulncia dos textos marcados pela
5

ironia, esprito de combatividade e ideal de liberdade,


se o crtico no escreveu todos eles, diretamente, sem
dvida compartilhava de suas ideias (SILVA, 2008,
p.45). A prtica do uso de pseudnimos j tinha sido
utilizada mesmo por Honor Daumier com o objetivo
de driblar a censura, conforme mostra Ipanema
(2007, p.38): um investimento mais no sentido
pblico da obra, do que no orgulho da autenticidade
pessoal. Em Deleuze & Guattari (2014, pp.17-18),
temos a justificativa para a aplicao do pseudnimo
como forma de dissimulao do que nos faz agir,
experimentar ou pensar e nos permite afirmar que
no somos mais ns mesmos. Na relao entre
livro e sujeito, nega-se o trabalho das matrias e a
exterioridade de suas relaes, quando, na verdade, o
livro constitudo por formaes de matrias distintas,
com datas e velocidades muito diferentes.

Silva (2008, p.45) mostra que Agostini no
desenvolveu uma obra aprofundada com origens
e desenvolvimento das artes, como fizera Luiz
Gonzaga Duque Estrada. Contudo, no deve ser
desconsiderado seu valor, tendo em vista o amplo
panorama apresentado por Agostini com registros de
comentrios e descries a respeito de obras e prticas
artsticas relacionadas Academia.

Crtica Academia Imperial de Belas Artes


Na Academia Imperial de Belas Artes,
havia um compromisso em realizar propagandas do
governo e no tratava da realidade e dos problemas
da sociedade, como queria Agostini.
Agostini (1887b, p.2) classifica a situao dos
artistas no Brasil como lamentvel, principalmente
aqueles ligados Academia, que ao invs de
cuidarem de obras de arte se ocupam com obras de
encomenda. Conforme mostra Fernandes (2007),
este compromisso com uma esttica voltada para
as encomendas oficiais marcaram as atividades da
Academia por muitos anos.
Castro (2012, p.22) mostra que a pintura no
perodo imperial tinha como intuito mostrar a fora
do imperador e de seus nobres, apresentados de forma
sublime. Foram pintados para despertar o orgulho
com uma narrativa que permite a identificao do
povo com o Brasil e seus grandes momentos de
glria. O grande prestgio da pintura histrica na
AIBA, segundo Castro (2012, p.57), se deve a esta
capacidade de veicular a memria nacional. Pereira
(2012, pp.87-106) indica a relao entre a produo
artstica proveniente da Academia Imperial de Belas
Artes e o projeto cultural do Imprio de construo
de uma identidade nacional.
7


A Academia Imperial de Belas Artes estava
ligada ao governo e defendia suas aes. Por isso,
ganhou foco nas crticas de Agostini. Sua parceria
com o governo imperial a vincularia imediatamente
ao atraso e injustia, caractersticas comumente
imputadas ao governo (SILVA, 2008, p.45). Para
Agostini, a Academia seria viciada, corrompida e
retrgrada. Seus problemas comeavam no corpo
docente considerado despreparado e fraco, passando
pelas metodologias de ensino empregadas at a
estrutura organizacional e fsica da instituio
(SILVA, 2006, p.115). Este trecho citado por Rosngela
Silva provavelmente compila as crticas referentes
exposio de 1879 e Academia de uma forma
geral, publicadas principalmente na edio nmero
187, pgina 7, da Revista Illustrada. De acordo com
SantAnna (2014, p.7), o texto em questo seria de
autoria de Jos Ribeiro Dantas Junior, companheiro
de redao de Agostini que corroborava suas crticas
e assinava com os pseudnimos A. Gil e Junior.
Quem visitou este anno a exposio de bellasartes da nossa Academia, sentio forosamente
a condolencia irritante que nos causa a creana
decrepita, a infancia a desmembrar-se, corroida
pela podrido hereditaria; e se a compararmos
s exposies anteriores, ainda mais profundo
o nosso desgosto, mais descondoladora a
esperana no futuro das artes no Brazil, que

se prenuncia cada vez mais estreito, mais


acanhado, mais mesquinho. Nem um s quadro
revelando bom gosto, nem uma s composio
mostrando aproveitamento, nem um s trabalho
de inspirao propria! O gosto corrompe-se, a
inspirao desapparece, a technica estraga-se,
vicia-se, retrogrda (DANTAS JUNIOR, 1879b,
p.2).


Relaciona este panorama com causas que
estariam influindo nos destinos das bellas-artes,
entre ns:
E no muito difficil convergil-as, filial-as
m direco dos alumnos, carencia de quem
lhes guie a inspirao, lhes aperfeioe o gosto,
lhes ensine uma technica menos esterilisadora,
menos erroneamente convencional, quem lhes
d emfim a verdadeira noo da arte, porque,
incontestavelmente, ha no Brazil vocaes
artisticas que se revelam na musica, na poesia,
nas letras; e as artes caminharam sempre
parallelamente, progrediram sempre de concerto.
Creio que isto chega a ser um axioma (Ibid).

Por ocasio da ampliao do prdio de


Grandjean da AIBA, tambm foi sugerida a
possibilidade de aumento dos ordenados, criao de
novas cadeiras, reorganizao do ensino, tal como se
deu nas escolas mdia e politcnica. Agostini (1883b,
p.2) sugeriu que fossem contratados professores
habilitados na Europa, na Frana ou na Itlia, para

a Academia. O grande mal, a maior causa de atrazo


dos alumnos, no ter mestres, que o guiem.
Aps visitar exposio dos alunosda Academia
das Belas Artes, Agostini conclui que
...para aprender a desenhar ou pintar, preciso
nunca entrar nesse estabelecimento, onde nada se
ensina, nada se aprende, e que pela sua inutilidade
no serve seno para desanimar qualquer que
tenha vocao para as bella artes. O Atrazo de tudo
aquillo e a apathia que se apossou de quasi todos
os alumnos que l esto a borrar papel e telas,
devido, no falta de modelos, como dizem, mas
falta de professores que sejam professores... no
ha entre os que occupam as cadeiras de desenho
figurado e de pintura, um s que saiba desenhar
(AGOSTINI, 1882f, pp.3, 6).

Esta, segundo Agostini (1882f, pp.3, 6), seria


a razo do atraso dos alunos. Esto esforarem-se
para aprender alguma cousa, mas que nunca o ho
de conseguir, emquanto forem dirigidos por pessoas
inhabilitadas.
Compara as belas artes com a paixo, a
convico e os ideais das outras artes, como a poesia
e a msica:
s a pintura, a architectura mostram-se
completamente
alheias,
corrompem-se
abastardam-se, definham. A causa parece patente,
que no ha uma Academia para a litteratura, que
ninguem vai pedir inspirao ao Conservatrio,
que no ha um codigo systematico, uma poetica
10

official para a poesia; e s para os alumnos de


bellas-artes existe um estalo presumposo, um
molde rhetorico, uma esthetica falseada pela
incompetencia, que s podem produzir o aleijo
e o aborto... (AGOSTINI, 1882f, pp.3, 6).


Cita como exemplo a escolha inadequada
do tema para o concurso: S. Pedro ouvindo cantar
o gallo, para se ter uma ideia bastante precisa
da incompetencia, da falta absoluta de educao
esthetica, da negao artistica a mais completa dos
nossos professores de bellas-artes... (Ibid).

Em funo destes erros, teria sido veiculado
na imprensa a possibilidade de fechamento da
Academia, o que Agostini, contudo, condena.
Attendendo a falta de um museu, onde os
artistas pudessem ir estudar os bons modelos,
falta de cursos em que bebessem os principios
necessarios, sem uma atmosphera artistica,
certamente um erro pedir tanto; o mal no
implica a falta do bem... (Ibid).

Para Agostini (1888f, pp.2-3), a AIBA


precisava de uma reforma radical, a comear por
abandonar o edifcio em que funciona. Indica
tambm a necessidade de melhorar os estatutos da
Academia, pois qualquer deliberao antes de ser
colocada em prtica precisava da aprovao do
ministro do Imprio.

11

um estabelecimento que tem testa delle


um director, um vice-director, um secretario
e no sei que mais, e alm de tudo isto, uma
verba especial no oramento do Imperio, para
as suas despezas, prece-nos que deveria,
por si, resolver qualquer questo disciplinar,
administrativa ou de regulamento interno e pagar
toda e qualquer despeza, que estivesse dentro
do seu oramento, sem ser preciso consultar
e incommodar, por bagatellas, um ministro...
Para que serve ento um director, se por si no
pode resolver as questes mais simples de pura
administrao, num estabelecimento que dirige?
se qualquer deliberao tomada em congregao
de professores, por elle presidida, no pde ter
andamento sem a approvao do ministro... J
se v que nada pode haver de mais absurdo, do
que esse systema, que colloca o director de um
estabelecimento dessa ordem, na posio de um
personagem verdadeiramente inutil e nullo...
(Agostini, 1888f, pp.2-3)

Pode-se progredir, ir alm das regras e


convenes das antigas escolas italianas, espanholas
ou flamengas, sem deixar de admir-las. Deve-se
compreender que a arte tem de ser livre, cada artista
com sua individualidade, seu modo de sentir e
executar, sem imitar nenhuma escola (Ibid).
A desiluso com a arte no Brasil era tanta que
Agostini chega a sugerir que os artistas deveriam
estudar e se aperfeioar para produzirem de forma
independente, afastados da Academia (Ibid).

12

Exemplifica os casos de Henrique Bernardelli e


Firmino Monteiro. Aconselha: Faa o possvel para
sahir do Rio de Janeiro e ir Itlia estudar. E depois
de muito estudar, ver que ainda tem muito que
aprender, mas ao menos, pintar cem vezes melhor
do que pinta hoje (AGOSTINI, 1887b, pp. 6-7).

Agostini (1879e, p.2) tambm mostra a necessidade de uma reforma completa na Academia:
uma substituio do pessoal docente; porque em
quanto os alumnos tiverem professores de pintura
que no sabem desenho, professores de paisagem
que no conhecem a natureza, professores de
esculptura que no tem noo da arte, professores
de architectura pedreiros aposentados, o ensino
acadmico ser forosamente nocivo, corruptor,
fatal s artes.

Por ocasio da apresentao do projeto de


reforma geral da Academia Imperial em 1883, levado
assembleia geral legislativa, Agostini (1883b, p.2)
torce para que
os deputados pense seriamente naquella infeliz
academia de bellas-artes... Cada vez mais
abandonada e mais esquecida, a nossa academia
tem-se tornado cada vez mais esteril. As
exposies provam o seu rapido regresso de anno
a anno... A sala de desenho de figura, da ultima
exposio fazia rir. O modelo, que copiaram os
alumnos em diversas attitudes, era um verdadeiro
aleijo. Quasimodo no era mais horrivel...
13

Parecia pilheria, de to burlesco quer era tudo


aquillo... Depois dessa exhibio, a reforma
mais necessaria seria mesmo, como observou
alguem, a reforma do nome da academia em:...
Academia das feias-artes!... Promettia-se ento
muita cousa: augmento de ordenados, creao de
novas cadeiras, reorganisao do ensino - como
nas escolas medica e polytechnica... Mas porque
no se mandar contractar professores habilitados
na Europa, na Frana ou na Italia, para a nossa
academia, como se mandou para outras escolas
de ensino superior?... O grande mal, a maior
causa de atrazo dos alumnos, no ter mestres,
que o guiem... desagradavel dize-lo; mas ns
no temos professores habilitados das mais
importantes cadeiras de pintura, esculptura e
architectura... O Sr. Grimm, ra aqui, e que graas
sua dedicao e bom methodo, est em vias
talvez de nos preparar alguns bons paysagistas,
no professor da academia, mas simplesmente
um amador apaixonado, emprestado academia.

Embora discordasse da Academia em muitos


aspectos, inclusive sobre o ensino proposto, Agostini
no era contrrio instituio acadmica - para ele a
formao do artista passava por ela (SILVA, 2008,
p.48). Chiarelli (1995, p.19) mostra que a tendncia
naturalista seria a nica tendncia adequada para
um embate direto com a realidade fsica e humana
do pas, seria a estratgia ideal para a constituio de
uma arte tipicamente brasileira. Este realismo com
compromisso social e denncia tambm foi assumido
14

pelo escultor Rodolpho Bernardelli, conforme


mostra Silva (2008, p.48). Esta uma das razes que
determinaram as crticas positivas de Agostini ao
escultor.
Vejamos agora um pouco da crtica sobre
Rodolpho Bernardelli e outros artistas apresentados
por Agostini.

15

Crticas especficas aos artistas: Rodolpho Bernardelli




Eleito por Agostini como o artista genial e
uma soluo para os problemas da Academia (SILVA,
2006, p.115), Rodolpho Bernardelli teve seu busto
veiculado na Revista Illustrada junto a uma nfase
na sua trajetria, em pequenos textos, imagens e trs
artigos inteiros.
Rodolpho Bernardelli nasceu no Mxico em
1852, mas logo veio para o Chile e posteriormente
para o Brasil. Aluno da Academia, comeou a estudar
arte muito cedo. Recebeu diversos prmios, dentre eles
o Prmio de Viagem da Academia. Ficou na Europa
entre 1876 e 1885. Durante este perodo, enviou
trabalhos para serem avaliados por uma comisso da
AIBA.
Na Revista Illustrada de 17 de Abril de
1880, foram apresentados os trabalhos do artista,
inicialmente a esttua de Santo Estevo apedrejado.
Recebe elogios nesta edio e em muitas outras
posteriores.
tu que passaste os teus melhores dias no mais
acurado estudo da proporo, que sonhaste s
noites as durezas da geometria humana, que foste
Italia admirar a arte em suas expanses mais
deslumbrantes, que estiveste em Pariz bebendo a
nova inspirao, que frequentas os mestres e os
museus (AGOSTINI, 1880, p.2).
17

Sobre a Exposio de belas artes de 1882,


lamenta-se a falta de Rodolpho, primeiro artista da
nossa Academia de Bellas Artes (AGOSTINI, 1882b,
p.6), na seo de escultura., pois ele se encontrava
em Roma. Sugere que o diretor da Academia deveria
organizar uma exposio especial de tudo quanto o
Bernardelli enviou, a fim de que o publico admire os
trabalhos do alumno que mais tem honrado a nossa
Academia na Europa (Ibid).
Quando chegou da Europa em 1885, Rodolpho Bernardelli citado na Revista Illustrada:
...talentoso esculptor Rodolpho Bernardelli, bem
conhecido no mundo das artes e geralmente
considerado o primeiro artista brazileiro da
actualidade. ...condecorado pelo governo italiano,
e na exposio que vae ser promovida das
suas obras, o publico ter occasio de apreciar
verdadeiros primores (AGOSTINI, 1885c, p.7).

Dois nmeros mais tarde, o escultor continua


a receber elogios: condecorado pelo rei Humberto,
na ultima exposio de bellas-artes, seus trabalhos
esto expostos na AIBA.
os jornaes fizeram-lhe os maiores louvores e
em toda parte obteve as mais subidas provas
de distinco. Foi o unico discipulo da nossa
Academia de Bellas Artes que honrou-a no
18

estrangeiro. Pois bem, esse artista de grande


merito, esse verdadeiro genio, no possue a menor
graa do nosso imperial governo! Querer este
reparar esta injustia fazendo-o commendador?
Agora, tarde; seria pol-o abaixo dos dois
grandes dignitarios, verdadeiras nullidades
artsticas [Pedro Amrico e Victor Meirelles],
e comparal-o ao porteiro da Academia, o qual,
pelos seus importantes servios - em tratar das
portas, naturalmente - mereceu o honroso titulo
de commendador. Para agraciar o Bernardelli,
estabelecendo uma justa distancia entre o seu
merito e o dos grandes dignitarios Pedro Americo
e Victor [segundo Agostini, a patriotada], o
governo no lhe pode dar menos do que o titulo
de Duque (AGOSTINI, 1885d, p.3).

Em 31 de outubro de 1885, tendo em vista


a apresentao de Rodolpho Bernardelli em longo
artigo, Agostini elogia as propriedades e qualidades
da escultura e do mrmore. A escultura, como a
mais nobre das artes da antiguidade, teria a misso
quase exclusiva de representar os imortais. Aps um
perodo de condenao injusta, julgada como arte
apenas histrica e incapaz de
reproduzir as paixes, os dramas e as epopeias do
mundo moderno, emergiu, afinal, das suas ruinas,
e pde-se dizer, que hoje, uma das artes que
mais dilatado futuro tm diante de si... Julgou-se,
por muito tempo, que essa frma de expresso,
pelo facto de se gravar sobre a pedra, no podia
acompanhar nos vos arrojados... Puro engano! O
19

marmore, sente, vive e palpita... representao


do heroismo, do desespero, do amor ou da
piedade. A questo que esses sentimentos lhe
sejam inspirados por quem os comprehenda!
(AGOSTINI, 1885e, p.2).

Agostini (1885e, p.2) trata especificamente


das obras de Rodolpho expostas em 1885.
Santo Estevo de 1879 apresentado como
um prodgio do realismo, com uma expresso
dolorida e resignada da phisionomia, que se volta
para o cu, em um corpo emagrecido, que tomba
aos golpes do supplicio.
Faceira, por sua vez, traz uma mulher com
um mixto de belleza e graa, que nos revela os
recursos magistraes do artista.
Por fim, Christo e a adultera teria sido,
segundo Agostiini (1885e, p.2), sua melhor obra,
pois traz o drama palpitante que o marmore nos
desvenda, sem defeito algum.
parece-nos interpretada de modo superior. O
crente, o apostolo e o reformador esto ali, na
unco do olhar, na serenidade da deciso da
phisionomia, no vigor da sua dominate attitude.
Os seus gestos teem a apostrophe e teem o perdo.
A seus ps a adultera, sente-se protegida... parece
nos, pois, ter todos os requisitos da esthetica
moderna: clara, verdadeira, e commovente.

20


Apesar dos elogios, para Agostini (Ibid), a
obra na exposio teria recebido uma iluminao
lateral inadequada por ter sido calculado e realisada
em dadas condis de luz, recebendo-a de cima,
para que as sombras deem o necessrio relevo s
expresses e s roupas. Destaca tambm
a habilidade, a paciencia, as difficuldades
infinitas de processo, com que o artista teve de
luctar, para extrahir do blco o marmore inutil,
que circunscrevia a fina madeixa, os braos
suspensos, as dobras as roupagens, e as curvas
sensuaes da adultera. E, no ponto em que ella
impelle as roupas do Christo, e curva o brao
escondendo o seio, ha detalhes dignos da mais
alta admirao. As difficuldades materias que a
esculptura offerece so enormes (Ibid).

No ano seguinte, Agostini (1886a, p.6) divulga


a iniciativa da imprensa fluminense de promover uma
subscrio nacional para auxiliar na aquisio de um
bloco de mrmore e os meios necessarios para a
execuo do seu primoroso projecto de esculptura O
Santo Estevo, pois a obra ainda se encontrava em
gesso.
Deixar Santo Estevo em gesso seria
deix-lo sem a vida propria que a marmore d s
concepes humanas, sujeita aos estragos do tempo,
e deteriorando-se cada dia, seria um crime, de que as

21

geraes futuras nos haviam de tomar serias contas


(AGOSTINI, 1886a, p.6).

Agostini na Revista Illustrada tenta apresentar
tambm obras posteriores como aquelas do coro
da Candelria: bustos que ainda se encontravam
em gesso, como do rabequista J. Withe, o do Sr.
Visconde de Amoroso Lima (AGOSTINI, 1886b,
pp.6-7).
Aps concluir o modelo para o tmulo de
Jos Bonifcio, outro de seus trabalhos posteriores,
Bernardelli iria para a Europa, de onde enviaria,
executados em mrmore e bronze, trabalhos que
lhe foram encomendados durante a sua estadia no
Rio de Janeiro. muito provavel, que uma vez em
Roma, elle no volte to cedo. Conhecido na Italia,
como um dos melhores artistas modernos, nunca
lhe faltar nem trabalho nem gloria, e ns teremos o
desgosto de ter affastado do nosso paiz, um grande
artista (AGOSTINI, 1886c, pp.6-7).

As comisses dos monumentos a Osrio
e Caxias, por sua vez, contrataram Rodolpho
Bernardelli para a execuo das esttuas (AGOSTINI,
1888a, p.6). Em 1888, ele viaja at a Itlia para
buscar os materiais necessrios para a realizao
destas esttuas.
A sua entrada na AIBA, segundo Agostini
(1888d, p.3), tiraria essa instituio da apathia e
22

da nullidade em que tem vivido. Agostini (1888e,


p.6) mostra que Rodolpho Bernardelli ao assumir
seu cargo de professor, procurou introduzir vrios
melhoramentos e um sistema mais moderno de
ensino, em beneficio dos proprios alumnos, que elle
desejava ver progredir. Vejamos agora um pouco
sobre o irmo de Rodolpho, Henrique.

Busto de Rodolpho Bernardelli e suas obras,


reproduo de Angelo Agostini

23

Cristo e a mulher adltera, reproduo de


Angelo Agostini

24

Monumento ao general Osrio


de Rodolpho Bernardelli

Henrique Bernardelli
Irmo de Rodolpho, Henrique Bernardelli
era Chileno, de 1857. Comeou a estudar na AIBA
em 1870 e em 1878 se naturalizou brasileiro para
que fosse possvel concorrer ao Prmio de Viagem
Europa, concedido pela AIBA.

Em 1878, sugere-se na Revista Illustrada
(AGOSTINI, 1978, p.3) que Henrique Bernardelli
junto a Rodolpho Amodo deveria ser enviado
a Roma. Se elles ficarem aqui, no passaro de
excellentes pintores de taboletas. Aps perder o
prmio para Rodolpho Amodo, viaja para Roma em
1879, com recursos prprios.
Elogios a Henrique Bernardelli comeam a
ser percebidos na pgina 7 da edio 347 da Revista
Illustrada (1883a), por ocasio do recebimento da
aquarela de Bernardelli por Devilde: realmente so
dignas de ver-se.

Ao comentar sobre o salo de 1884, Agostini
(1884f, p.3) indica a presena de Henrique, antes de
condenar severamente os trabalhos de Pedro Amrico
e Victor Meirelles.
No ano seguinte, sobre as premiaes, Agostini
(1885a, p.6) destaca a injustia do jri em conferir a
Henrique, que ainda se encontrava na Itlia, apenas
uma medalha. Os outros, que no tinham a felicidade
27

de ter relaes intimas com os illustres e mutuos juizes,


apenas obtiveram medalhas e menes honrosas. Entre
estes..., Henrique Bernardelli. Mostra que Henrique
tinha enviado algumas aquerellas, dous quadros de
genero e uma copia de Raphael, encommendada pela
Academia.
Em outro artigo de 1886, Agostini (1886d,
p.7) mostra o empenho de Rodolpho Bernardelli
em auxiliar Henrique distncia, enquanto este
continuava seus estudos em Roma.
Numa das salas do pavimento terreo da
Typographia Nacional expoz o Sr. Rodolpho
Bernardelli, grande quantidade de quadros a
oleo e a pastel feitos pelo seu irmo Henrique
Bernardelli... Notaremos, de passagem, que o
Henrique Bernardelli no foi pensionista da
Academia, mas sim do seu irmo Rodolpho, que
dividio a sua penso para elle poder estudar... Hoje,
procurando ainda ajudal-o, Rodolpho Bernardelli
reuniu varios quadros e grande quantidade de
estudos, emquadrou-os em elegantes e originaes
molduras e espera que o publico de bom gosto os
levar para a casa para ornar os seus sales.

Compara seu trabalho com o de outros que


tinham ido para a Frana: De todos os artistas
modernos brasileiros que foram para a Europa
aperfeioar-se na arte da pintura, este parece ser o que
mais tem aproveitado (AGOSTINI,1886d, p.7).
28


Conclui que a preferncia pela Itlia seria a
escolha mais adequada:
Roma offerece muito mais vantagem a quem quer
estudar do que Paris. Esta grande capital, tem a
vantagem, verdade, de ver para ahi affluir tudo
o que ha de melhor em materia darte; as suas
exposies annuaes no salon do uma ida geral
do movimento artistico de todos os paizes; mas
isto ser sufficiente para quem precisa estudar?
No nos parece. Ser muito bom talvez para
quem j sabe e que s preciso vr; mas para quem
pretende apprender no ha outro paiz seno a Italia
e sobretudo Roma, onde se reunem os melhores
alumnos de todas as academia do mundo, que para
ahi so enviados pelos seus respectivos governos
para aperfeioarem-se nas artes da pintura,
esculptura, architectura e musica... Quem quer
aprender v a Roma; quem quer vr ou expr vae
a Paris (Ibid).

Para o estudo, segundo Agostini, a Itlia


realmente foi a melhor escolha para Henrique, pois
os resultados teriam sido superiores aos trabalhos dos
outros lotados na Frana, como Amoedo e Monteiro.

Indica tambm os quadros de Henrique como
boas peas para investimento:
Por nossa parte podemos garantir que os
quadros de Henrique Bernardelli representam
uma boa collocao de capital. Comprar uma
obra artistica, o mesmo de que comprar
29

uma aco de uma empreza cujos lucros, s


vezes, quadruplicam e mais o valor da mesma
aco. Estamos convencidos de que com os
quadros do Henrique Bernardelli acontecer o
mesmo.
Nas edies posteriores da Revista Illustrada,
o pintor elogiado no contexto da exposio na
Imprensa Nacional: o pintor brasileiro que mais se
tem distinguido at hoje (AGOSTINI, 1886e, p. 3).
O encerramento da exposio anunciado no
nmero 444 da Revista Illustrada. Constata-se que
a visitao do pblico foi boa, mas poderia ter sido
melhor, dada a qualidade dos trabalhos expostos. A
falta de anncio teria sido uma das razes para a pouca
visitao, a que Agostini (1886f, pp. 3-6) retruca:
se o artista de merito tem de lanar mo de annuncios
pomposos para chamar a atteno publica, como
fazem os charlates, para impingirem suas drogas,
preciso concordar que bem triste semelhante
expediente, que colloca a arte na mesma altura que
a Herva Homeriana ou a Salsaparrilha de Bristol!...
Rodolpho Bernardelli no mandou annuncios para
a imprensa, nem to pouco fez o menor pedido
s redaces, para fallarem dos quadros do seu
irmo. Enviou convites a todas as folhas e esperou
que estas manifestassem a sua opinio... Assim,
entendemos ns, devem proceder os artistas serios
e de merito reconhecido.

30

De volta ao Rio de Janeiro em 1888, o artista


participou de inmeras exposies. Em 1891, tornouse professor de pintura na recm-inaugurada Escola
Nacional de Belas Artes.

Outra personalidade muito presente na Revista
Illustrada, que estudou na Academia e completou seus
estudos no exterior foi Firmino Monteiro.

31

Antonio Firmino Monteiro


Antonio

Firmino

Monteiro

foi

outro

artista muito citado positivamente por Agostini.


Inicialmente, foi encadernador de livros. Depois de
dedicar seus estudos farmacutica e msica, se
matriculou na Academia de Belas Artes (AGOSTINI,
1882c, p.2), onde estudou com Zeferino da Costa
e Victor Meireles. Parte para o aperfeioamento
artstico em 1880 na Europa e volta de Paris em 1884.
Agostini diz que o artista tem grande mrito por ter
conseguido se libertar dos preceitos da Academia
(SILVA, 2006, p.116). Em 1882, tambm ganhou
um busto na Revista Illustrada com paleta, pinceis e
vegetao ao fundo.
Em Paris, pinta alguns quadros histricos,
um dos quais esteve exposto no salo de Paris do
ano anterior (AGOSTINI, 1884b, p.3). Os trabalhos
criados na Frana serviriam para compor uma
exposio realizada no salo do Sr. Insley Pacheco,
na Rua do Ouvidor, 102 (AGOSTINI, 1884d, p.7).
Participa tambm dos grandes eventos locais.
Com a abertura da exposio de belas-artes de 1879,
Dantas Junior (1879, p.6) apresenta pequenas quadras
poticas Salo de 1879 Em Quadras sobre os artistas
e suas obras, inclusive Firmino Monteiro, de nmero
23, Exquias de Camorim
33

Defronte do teu quadro eu fui parar,


E contemplando bem a tua tla,
Pode enfim extactico exclamar
Terra em queu nasci, oh! como s bella.

Em 1882, a Revista Illustrada reproduz a


Fundao da Cidade do Rio de Janeiro, a esplendida
tla do Sr. Firmino Monteiro (AGOSTINI, 1882c,
p.2). Aqui, provavelmente o prprio Agostini que
assume:
Fui, mesmo, o primeiro a dar o alarme desse
grande quadro, que o Rio de Janeiro hoje admira...
quando, ha trez annos, o Sr. Monteiro expoz o seu
quadro Exequias do Camorim, ns dedicamos-lhe
algumas palavras de animao, augurando nelle
um artista muito alm do comum. Vemos, hoje,
que no fomos mau propheta; a sua ultima obra
colloca o notavelmente, acima do par.

Em visita ao atelier do artista, Agostini (1882c,


p.2) encontra outras telas. Fui agradavelmente
surprezo por uma galeria completa.
Agostini (1882d, p.2) mostra tambm o
destino dos quadros deste pintor, como Fundao da
Cidade do Rio de Janeiro, que comprado naquele
mesmo ano fato registrado nas semanas posteriores
na Revista Illustrada (AGOSTINI, 1882e, pp.2-3)
e uma pequena tela com uma paisagem do Rio de
34

Janeiro que estava exposta em um estabelecimento


da Rua do Ouvidor, tudo visto por um artista que
sente e executado por um pintor que sabe pintar
(Ibid).
No Salo de 1884, das 25 telas expostas por
Firmino Monteiro, Agostini (1884i, p.3) comenta
algumas delas em artigo na Revista Illustrada.
Porm, nem s de elogios est pautada a presena de
pintor na Revista.
A mulher do soldado e o Capito Joo Homem
so duas telas enfocadas na crtica. Foram pintadas
especialmente para a exposio; por isso realizadas,
segundo Agostini (Ibid), s pressas.
Era muito melhor que s se apresentasse uma e
bem estudada. Porm, a mania do Sr. Firmino
Monteiro pintar muita cousa e no acabar cousa
alguma. A mulher do soldado de clavina em
punho tem uma cara horrivelmente feia e que s
exprime idiotismo e a da criana mau desenha.
O soldado deitado, tem felizmente a macega que
encobre um pouco o corpo (AGOSTINI, 1884i,
p.3).

Contudo, mostra que este quadro A mulher


do soldado teria mrito no todo. A composio
boa e as roupagens executadas largamente assim
como a macega. Ao menos, neste quadro ha um
pensamento: a ida sympatica e se o seu autor
35

tivesse melhor estudado as caras de suas figuras, o


successo do quadro seria seguro (Ibid).
O Capito Joo Homem, pintura includa
na parte ilustrada da Revista, tratada como um
theatrinho de bonecos.
Todas essas figuras so ridiculas, mal desenhadas
e mal pintadas. O Sr. Monteiro no tem ainda
bastante conhecimento de desenho para atirarse em composies destas sem primeiramente
estudar bastante do natural, fazendo posar
modelos; assim conseguir fazer alguma cousa que
agrade. Para pintar ligeiro e dispensar o natural,
preciso ser bom desenhista e ter conhecimento
exacto da forma humana para poder executar esta
de cor (Ibid).

Agostini aconselha o pintor que estude


bastante antes de pintar quadros histricos ou de
gnero, pois ele teria talento e se tornaria um artista
notvel. Das paisagens expostas, Agostini s aprova
uma delas (entre 18 quadros). As outras no passam
de esboos e na maior parte bastante descuidados e
falsos de tom (Ibid).
Finaliza a crtica com os maiores desejos
de que o Sr. Monteiro v progredindo: e se hoje o
criticamos com esta franqueza, porque temos
vontade de louval-o mais tarde, com o mesmo
enthusiasmo que sentimos quando estreou com

36

o quadro Fundao da cidade do Rio de Janeiro


(Ibid).

Em 1887, temos uma mudana do tom na
referncia ao pintor.
O distincto pintor Firmino Monteiro, to justamente
apreciado por todos os que teem o sentimento da
arte, prepara uma exposio dos seus ultimos
trabalhos... Ahi ter o publico occasio de vr e
apreciar os progressos realisados pelo artista, e ao
mesmo tempo verificar que elle no tem estado
inactivo... Contamos que o publico suffrague
esses bellos trabalhos, com o apreo de que elles
so, a todos os respeitos, dignos (AGOSTINI,
1887a, p.3).

Cinco semanas mais tarde, Firmino Monteiro


continua a ser tratado de forma elogiosa, quando ele
expe em
uma das salas da Academia das Bellas Artes, nada
menos de quatro grandes quadros historicos, tres
de genero, tres paizagens e alguns estudos....
Tudo isso foi pintado em menos de dois annos,
o que parece incrivel, a vista da importancia dos
assumptos escolhidos, que obrigam a executar
muitas figuras e uma infinidade de detalhes que
por si s demandam muito tempo e paciencia.
No ha duvida que o Sr. Monteiro tem feito innumeros
progressos sobre a rapidez de execuo e
provavel que daqui a mais dois annos, elle nos
apresente oito grandes quadros historicos e no sei
quantos de genero (AGOSTINI, 1887c, pp.6-7)
37

Sem deixar de continuar a frisar a necessidade


de mais qualidade do que quantidade: um dia o
fertil pintor no encontrar sala bastante grande para
expor os seus quadros. E por fim, retoma algumas
das crticas de 1884, citando-as.
Com sua morte prematura em 1888, Firmino
Monteiro recebe, junto republicao de 1882, uma
longa homenagem na Revista Illustrada.
Falleceu tera-feira ultima, repentinamente,
este distincto pintor, um artista apreciado por
todos os que prezam as bellas artes e um moo,
em cujo corao se aninhavam os mais puros
sentimentos... Firmino Monteiro tinha j um nome
bemquisto e bastante popular, que lhe provinha
da execuo de alguns quadros de merito, taes
como o Vidigal, a Fundao da Cidade do Rio
de Janeiro e outros... Ultimamente, trabalhava
numa tla, destinada a grande successo,
commemorando o grandioso facto da abolio...
A morte, colhendo-o de improviso, privou-nos de
um dos melhores talentos da gerao moderna,
de um amigo a quem, devras apreciavamos, e
de uma obra, que a todos enchia de curiosidade
(AGOSTINI, 1888, p.2).

Vejamos agora outro pintor citado com tons

elogiosos por Agostini, Georg Grimm.

38

39

40

Georg Grimm
Georg Grimm, segundo Fernandes (2007),
veio da regio da Bavria e se formou na Academia
de Berlim. Chegou ao Brasil em 1860, quando
comeou a pintar paisagens ao ar livre em Minas
Gerais e Rio de Janeiro em diversas horas do dia.
Apresentou seus trabalhos na Primeira Exposio da
Sociedade Propagadora das Belas Artes, no Rio e,
com o sucesso, foi convidado a assumir o ensino de
pintura de paisagens na Academia. Introduziu seus
mtodos de trabalho frente natureza, recomendao
que, embora constasse dos Estatutos desde a Reforma
de 1831, no vinha sendo cumprida.
Georg Grimm participou da exposio de
belas artes com uma coleo de paisagens realizadas
nos locais por onde ele passou. Ahi, o visitante
tem occasio de apreciar e comparar a differena
da natureza de varios paizes, como sejam, a Italia,
Grecia, Allemanha, Turquia, Egypto, Brazil, etc.,
etc (AGOSTINI, 1882a, p.3). Suas qualidades como
figurinista ficam atestadas como se v pelo seu
bello quadro intitulado a Guitarrista e uma grande
colleco de aquarellas admiravelmente executadas
(Ibid). Elogios semelhantes so retomados dois anos
mais tarde quando Agostini (1884a, p.6) chama a
ateno para as aquarelas expostas por Grimm na casa
41

do Sr. De Wilde na rua Sete de Setembro, trabalhos


desenvolvidos quando esteve em Roma. No mesmo
local no ano seguinte, expe seu aluno Parreiras
(AGOSTINI, 1885b, p.3). Por ocasio de sua morte,
Agostini (1888b, p.2) escreve longo artigo em sua
homenagem:
Com o maior pezar recebemos a noticia do
fallecimento desse distincto artista, de quem,
por varias vezes, nos temos occupado nesta
folha..., apresentava-nos tlas dignas dos mais
altos encomios pelo modo franco e largo com
que eram pintadas, notando-se em quasi todas
uma perfeita observao da nossa natureza,
desesperadamente verde s vezes, mas riquissima
e do mais extraordinario pittoresco (AGOSTINI,
1988b, p.2).

e traz a lembrana de algumas paisagens que antes


dele partir para a Europa foram expostas na casa do De
Wilde. Mostravam representaes da serra dos rgos
de vrios ngulos distintos, talvez com a inteno de
leval-as comsigo. Queria talvez, assim, no separar-se
inteiramente, do Brazil, onde tanto tinha trabalhado,
e, ao mesmo tempo, concorrido poderosamente para
desenvolver o gosto pela paysagem.
Foi contratado pela Academia de Belas
Artes para ministrar aula de paisagem. Segundo
Agostini (Ibid), Grimm no se conformava com o
systema retrogrado e jesuitico dos que dirigem esse
42

estabelecimento, tratou logo de carregar com os seus


discipulos para o campo e disse-lhes: A verdadeira
Academia esta!
Como resultado, temos a formao de seus
alunos-discpulos que apresentaram trabalhos que
mereceram geraes applausos... Caron e Vazquez,
actualmente na Europa, Ribeiro, Frana Junior, A.
Parreiras e outros... (AGOSTINI, 1888b, p.2).
Agostini (1888c, pp.6-7) descreve Georg
Grimm como professor exigente, muito rabugento
quando o trabalho no lhe agrada. Talvez, por isto,
seus alunos tenham produzido trabalhos de qualidade
aps a morte do mestre.
O Grimm, infelizmente, como j noticiamos,
morreu em Palermo, na Sicilia, onde fora tratarse as terrivel molestia que appanhara nas nossas
mattas... Deixou-nos alguns bellos quadros e mais
do que isso, uma herana preciosa; so os seus
discipulos que enriquecero as nossas galerias com
os seus trabalhos (Agostini, 1888c, pp.6-7).

Aps elogiar a participao de Grimm na


exposio do Liceu de Artes e Ofcios, Agostini (1882f,
pp.3, 6) apresenta seu mtodo, esmiuado nas instrues
para os estudantes. Olhem para esta esplendida natureza
e procurem sentil-a; impressionem-se com ella e
transmittam sobre a tela essa mesma impresso. Este
seria o modo de interpretar a natureza.
43

Por seu mtodo e pelos seus trabalhos e de


seus alunos, Agostini (Ibid) coloca Grimm como uma
exceo na AIBA, professor que oferecia um curso
de qualidade. Assumiu uma postura inovadora no
ensino de paisagem no Brasil ao tirar os alunos do
ateli e coloc-los para observar a natureza e fazer a
pintura en plein air (SILVA, 2006, p.117). Parece
apontar para as preocupaes recentes de Douglas
Crimp (apud MALTA et al, 2015, p.ii) de retornar
a obra de arte para a prtica da vida, inclusive em
seu processo criativo, que aproxima obra de arte e
espectador, e possibilita a incluso do espectador na
tela. Porto-alegre, segundo Fernandes (2007), tambm
defendia a necessidade do exerccio da pintura ao ar
livre e da captao realstica dos espcimes da flora e
da fauna.

Ana Cavalcanti (2015) ao tratar de Iracema
(1884) de Jos Maria de Medeiros mostra que a
pintura sinaliza uma mudana no meio artstico
carioca em meados da dcada de 1880: a perda de
prestgio da pintura histrica e sua substituio, na
preferncia do pblico e da crtica onde tambm
est inserido o posicionamento de Agostini pela
pintura de paisagem, cada vez mais valorizada como
signo de modernidade e brasilidade. Contudo, para
Cavalcanti, a paisagem nunca deixou de fazer parte
das produes locais, como se pode perceber nos
44

registros dos catlogos das Exposies Gerais da


Academia. J na primeira exposio de alunos e
professores organizada por Debret em 1829, o pblico
viu paisagens.

Com objetivos muito distintos, temos as
pinturas histricas realizadas por encomenda por
Pedro Amrico e Victor Meirelles, artistas duramente
criticados por Agostini.

45

Iracema
de Jos Maria de Medeiros

Pedro Amrico e Victor Meirelles


Das obras criticadas por Agostini, destacamse aquelas realizadas sobre as obras de Pedro Amrico
e Victor Meirelles. Batalha de Avahy do primeiro e
Batalha dos Guararapes do segundo receberam
grande ateno. Na edio 158 da Revista Illustrada,
por exemplo, Agostini (1879d, pp.2 e 3) analisa a
crtica do Dr. Mello Moraes Filho realizada para a
Gazeta de Notcias. Elogia o vis mdico empregado
por Moraes Filho com tom irnico:
Este folhetim, longo e recheiado de termos
anatomicos, tem sido criticado por ser muito medico
e pouco artstico; mas injustamente, porque se a
Gazeta de Noticias quizesse realmente minosear
os seus leitores com uma critica artstica da nossa
exposio de pintura, no teria encommendado
ao joven Esculapio, cujos cuidados dividem-se
entre o numero de batidellas do pulso e as boas
applicaes da therapeutica.

Concorda com a receita sugerida pelo mdico


e agradece por sua manifestao, que, na verdade,
corrobora todo seu desapreo pela obra de Victor
Meirelles. Resume a crtica do mdico a uma receita
ao pintor.

47

Se assim o tivesse feito, nada havia que estranhar,


pois exercia as suas funces de medico instrudo:
Uso Interno
Poro expressiva..............2.000gr
Sulfato de movimento.........200gr
Desenho............................ q. s.
Tome s colhres de hora em hora, at ficar em
estado de fazer um quadro de batalha.
Uso Externo
Cataplasma de verdade histrica e fomentaes
de variedade de typos (AGOSTINI, 1879d, pp.2
e 3).


No depoimento de Victor Meirelles (apud
AGOSTINI, 1879d, pp.2 e 3) no artigo supracitado,
temos uma valorizao da experincia de observao
da natureza, o que permitiria conhecer a forma e os
efeitos de luz. No ter, como incontestavel dever,
a pratica de melhor determinar as modificaes que,
segundo a hora e o lugar, tornam as cres mais ou
menos affectadas pela aco da luz?, o que Agostini
discorda:
No tem, no; Sr. Victor. Pde mesmo passar cem
annos a cogitar, quer no conhecimento da frma, quer
nos effeitos da luz, sem ter por isso o incotestavel
dever de ser bom pintor... Quantos pintores no
ha por ahi que passaram trinta, quarenta annos na
observao da frma e dos effeitos da luz, e que tem o
no emtanto um colorido falso e o desenho incorrecto!
(AGOSTINI, 1879d, pp.2 e 3).
48

Sobre a Batalha de Guararapes, Meirelles


(apud AGOSTINI, 1879d, pp.2 e 3) diz se tratar de um
encontro feliz, o que deixa Agostini transtornado:
... Sr. Meirelles... foi de encontro historia, no
pintou a batalha dos Guararapes, mas um encontro
feliz e amigvel, em que Barreto de Menezes abraou
Van-Schoppe, Fernandes Vieira a Felippe Camaro,
e Henrique Dias saudou Vidal de Negreiros na sua
lngua: - Bena, meu S moo!... A Batalha de
Guararapes no portanto um quadro historico,
como indica o titulo e affirma o catalogo..., mas
uma caricatura para rir, um combate de brincadeira...
A critica, pois, nada tem que analysar na Batalha
de Guararapes, depois do que escreveu o pintor.
ocioso notar a posio idntica e exquisita de pernas,
a semelhana de caras, a posio repetida das mos,
a falta de aco, ausncia de expresso de quasi todas
as figuras do seu quadro... A Batalha de Guararapes
no batalha dos Guararapes, um encontro feliz
em que os heres daquella poca se viram todos
reunidos... e dansaram o minuete. (AGOSTINI,
1879d, pp.2 e 3).

Segundo Silva (2008, p.46), alm dos comentrios


sobre artistas e exposies individuais, as reflexes
crticas se concentraram em torno das Exposies Gerais
da Academia de 1879 e 1884 e a do Liceu de Artes e
Ofcios, em 1882. As duas primeiras foram abordadas no
contexto dos sales caricaturais, como veremos agora.

49

50

Batalha do Ava de Pedro Amrico

51

A Batalha dos Guararapes de Victor Meirelles de Lima

Sales caricaturais
Muitos dos aspectos da prtica de Agostini
aqui abordados em termos de crtica com elogios ou
condenaes para o mundo da arte e para as exposies
de belas artes compem os sales caricaturais,
conforme mostra Silva (2006, pp.117-118),
gnero artstico amplamente desenvolvido na
Frana, ou melhor, uma particularidade parisiense,
cujas origens esto no sculo XVIII. Naquele
momento algumas publicaes utilizaram ironia e
humor em detrimento da crtica sria, para comentar
as expostas nos sales oficiais parisienses... Esses
sales caricaturais foram publicados nas pginas
dos peridicos da poca ou em lbuns avulsos.
A partir da dcada de 1840 comearam a ganhar
fora.

Aps sua ocorrncia na Europa, os sales


caricaturais foram introduzidos no Brasil por Agostini.
Reproduziam obras de um artista ou grupo de artistas,
com comentrios apreciativos ou stiras de carter
esttico, e informaes sobre o mtodo utilizado.
Seriam, segundo Santanna (2014, p.2), um novo
espao de exposio.
Um facilitador para o desenvolvimento de
tal empreendimento era o contato com as obras,
conforme mostra Oliveira (2006, p.116). Munido
de lpis e papel, o artista passeava pelas exposies
53

com a preocupao de reproduzir, em seu desenho,


os quadros.
O primeiro salo caricatural criado por
Agostini foi publicado na revista Vida Fluminense,
em 1872. Posteriormente, um segundo salo
apareceu nas pginas do peridico O Mosquito, onde
foram citados 18 dos 48 artistas que expuseram na
Exposio Geral de Belas-Artes do Rio de Janeiro.
Na Revista Ilustrada, o primeiro salo
de Agostini foi publicado no nmero 10, de 4 de
maro de 1876, com homenagem pstuma a Luiz
Borgomainerio que faleceu vtima de febre amarela
em 3 de maro de 1876 que inclua a exposio de
alguns de seus trabalhos.
Sales caricaturais mais completos foram
criados a partir da exposio de 1879. A primeira
parte do salo deste ano aparece no nmero 155 da
Revista Illustrada. apresentada pelos mariolas,
garotos-reprteres que esto presentes junto ao
pblico da exposio: Fomos exposio e notamos
com prazer que ela muito concorrida (AGOSTINI,
1879a, p.8). No nmero seguinte (156), de 5 de abril
de 1879, Agostini menciona apenas as telas atravs
de 23 caricaturas em uma nica pgina. O quadro
O primeiro martrio de S. Sebastio de Rodolfo
Bernardelli foi reproduzido na ntegra. No nmero
157, temos continuidade ao salo com 20 caricaturas
54

de telas presentes na exposio de 1879, o que inclua


uma litografia do Sr. Augusto Off, um Estudo de
parasitas da natureza realizado pela Sr. Camlia
T. e o desenho intitulado Flores e Aquarela de
Guilhermina T., que tambm constavam no catlogo
da exposio os dois ltimos, na opinio de ngelo
Agostini, denotam manifestaes de apurado bom
gosto (AGOSTINI, 1879c, pp.4-5). No nmero 158,
de 25 de abril, conclui com caricaturas de outros 20
quadros.
Agostini volta a ilustrar sales caricaturais
no ano de 1884 relacionados Exposio Geral de
Belas-Artes. 40 trabalhos, de um total de 85, foram
comentados. Na primeira parte deste salo (Revista
Illustrada #389), indica os nomes dos quadros que
na exposio foram apenas numerados. Apresenta
o autor dos nmeros 101 a 105 como o distinto
quitandeiro Estevo R. da Silva (AGOSTINI, 1884e,
pp. 4-5). No nmero seguinte (Revista Illustrada
#390), apresenta caricaturas de 24 telas, cinco delas
com quadros do pintor Pedro Amrico, duramente
criticados. Para o quadro A Noite, por exemplo,
Agostini diz: A Noite, acompanhada dos gnios do
Estudo e do Amor, deitando clara de ovos batidos
no espao! Bonito pensamento (se dele [de Pedro
Amrico]), mas quanto execuo... detestvel... que
desastre! (AGOSTINI, 1884f, pp. 4-5). A terceira
55

parte do salo referente a esta exposio (na Revista


Illustrada #391) tambm traz o foco para telas de
Pedro Amrico e de seu irmo Francisco, Victor
Meirelles e Thomas Driendl, entre outros. Agostini
elogia o trabalho deste ltimo pintor: Thomas
Driendl, n 289. Cenas da Baviera. Diante deste
quadro tiramos o chapu. A sua execuo magistral
(AGOSTINI, 1884g, pp. 4-5). Na quarta parte deste
salo caricatural (na Revista Illustrada #392, p.4),
temos um comentrio sobre a tela de nmero 258,
Menina em costume de 1600, na Espanha, um dos
poucos trabalhos de Pedro Amrico que Agostini
elogiou: Este assunto, dedicado provavelmente
s costureiras, est muito bem tratado. um dos
melhores quadros do Sr. Pedro Amrico. Elogia
tambm o retrato de nmero 57 pintado por Augusto
Petit, o quadro O descanso da modelo de Jos Ferraz
de Almeida, como um primorsinho que obriga-nos
a juntar nossas palmas s do pintor para aplaudir o
Sr. Almeida Jnior, e o desenho intitulado Famlia
de Faunos de Lopes Rodrigues, primorosamente
bem acabado (AGOSTINI, 1884h, pp. 4-5). No
nmero seguinte (Revista Illustrada #393), elogia
Abigail de Andrade, sua futura discpula, amante
e companheira: Conseguiu, pela perfeio de
seus trabalhos..., chamar a ateno do pblico e de
toda a imprensa que lhe teceu os maiores louvores.
56

Escusado dizer que no faremos exceo a to


merecidos encmios jovem e distintssima artista
(AGOSTINI, 1884i, pp. 4-5).
A ltima prte deste salo caricatural foi
publicada na Revista Ilustrada nmero 397, 13 de
dezembro de 1884. Aqui, novamente elogia os
trabalhos de Abigail: Abigail de Andrade. Venus
de Nilo e mais quatro desenhos de gesso. So os
melhores trabalhos que at hoje se tem visto na
academia (AGOSTINI, 1884j, pp. 4-5). Ela foi a
nica mulher a ser premiada com medalha de ouro
por trabalhos expostos no Salo Imperial em 1884.
Estes sales contribuam para a popularizao
das obras, utilizando a gravura litogrfica como meio
tcnico para reproduo de obras de arte, prtica
que se popularizou no sculo XIX, conforme mostra
Tavora (2013, p.123). Diferente da prtica francesa,
Agostini identificava obra e autor, o que facilitava o
dilogo e permitia a crtica Academia.

Nestes sales caricaturais, no temos mais a
segurana do museu tal qual indicada por Malta et al
(2015, pp.i-ii). Restam apenas outros aspectos que
tangem a instituio museu, como a exposio e a
divulgao, acrescidos de toda ambiguidade grotesca
da caricatura em uma confluncia que permitia que
a arte fosse para alm do pblico especializado e
atrasse variados personagens do mundo, diferentes
57

tribos e nveis intelectuais diversos. Esse ambiente


acolhedor dos sales caricaturais e dos peridicos
de humor serve a um pblico amplo e constitua
uma estrutura mais porosa que simula outro lugar,
diferente dos prdios apalacetados.

Ao considerarmos estes ltimos aspectos dos
sales caricaturais e a relao artstica e criativa com
o mundo, percebemos que, na verdade, estamos diante
de uma prtica muito prxima do realismo grotesco,
tal qual apresentado por Bakhtin em seus estudos
sobre a carnavalizao, no que tange a abertura
para o mundo e a libertao dos fluxos, e a prtica
ambgua do humor de fazer graa e criticar. A prpria
caricatura de Agostini assume toda esta ambiguidade
do grotesco como parte de sua prtica caricatural
por vezes irnica, com intenes de rebaixamento e
positivao. No grotesco via Schneegans, conforme
mostra Mourilhe Silva (2014, p.47), haveria uma
dupla satisfao: de reconhecer a imagem exagerada
na realidade e de se satisfazer moralmente com a
ridicularizao permitida atravs da caricatura.

Outro foco das crticas e da prtica da caricatura de Agostini que tm grande relevncia a prpria
crtica e os outros crticos.

58

60

61

62

63

64

65

66

67

68

69

70

72

73

74

75

76

77

78

Crtica da crtica

Agostini raramente utilizava o argumento de

autoridade como forma de atestar suas opinies. Um


exemplo da utilizao de nomes de crticos aparece
como reforo da ironia. Se tivssemos crticos de
peso, os artistas se empenhariam para que [eles] no
fallassem das duas obras (AGOSTINI, 1882a, p.3).

Tambm defende o direito de ser crtico e de
poder apresentar a critica da crtica:
Dizer o que se pensa, o que se sabe, o que se v;
notar esta ou aquella incorreco, descuido ou
defeito: louvar o que bom e apontar o que no
, so cousas que no se podem fazer entre ns.
E porque? Porque infelizmente nunca ou quasi
nunca se fazem criticas sensatas e conscienciosas;
porque poucos entendem e muitos escrevem sem
nada entender (AGOSTINI, 1884c, p.6).

Para Agostini, conforme mostra Silva (2006,


p.115), ou a crtica enobrecia os artistas de forma
incondicional ou destrua as possibilidades em torno
deles, no sabia reconhecer um grande artista. Ou
seja, a crtica no tinha bom senso e equilbrio.
Agostini (1882a, p.3) mostra a importncia do
julgamento esttico, pois quando se acha tudo bom
o mesmo de que dizer que tudo ruim... No distinguir
o bom do soffrivel ou do mediocre, no pde agradar
79

seno aos que se acham nesta ultima classificao.


A citao de outros crticos tambm realizada,
tendo em vista a defesa e o valor da crtica. No se
pode exigir que a nossa imprensa tenha criticos de
fora de Charles Blanc, Theophilo Gauthier e outros.
E se por accaso os tivesse, estou bem certo que
quasi todos os artistas se empenhariam para que no
fallassem das suas obras (AGOSTINI, 1882a, p.3).
Alm disso, as discusses de Agostini
sobre os outros crticos envolveram condenaes
diversas quanto aos julgamentos estticos tidos
como inaplicveis ou avaliaes destes crticos como
incapazes de realizar tal julgamento, considerando
sua formao no artstica, como no caso de Duque
Estrada e Alfredo Palheta.

O nome de Duque Estrada tambm aparece
no meio de troas e trocadilhos diversos, como Sr.
Duque Estrada da Gloria que de um scepticismo
quase... ganganellico (n.32 p.3), agora me lembro
do Sr. Duque Estrada, coitadinho... murchou a flor de
sua gente (por Junio, n.32 p.6), La vai gente Duque
Estrada. Cacete nelles (por Junio, n.38, p.7), Qual
jardineiro pde cultivas flores com mais sucesso do
que o Duque Estrada... (ed41, p.7) etc.

Segundo Silva (2008, p.47), haveria em
Agostini alguma semelhana com Hippolyte
Taine, por sua preocupao com a formao do
80

artista. Aquele que julga deve possuir algum gnio


artstico e o artista que cria deve possuir certo gosto
artstico, porm gnio sem educao (isto , sem
desenvolvimento) no um gnio (TAINE, 1972,
p.lxi). Esta preocupao tambm estava presente na
crtica brasileira do sculo XIX, como em Gonzaga
Duque. Entre as consideraes comuns entre o
pensamento de Gonzaga Duarte e Agostini, com
a diferena da ironia que geralmente perpassa o
segundo, figuram a importncia do estudo para o
artista se aperfeioar e as condies pouco favorveis
encontradas no Brasil (SILVA. 2006, p.114).

81

Concluso
A Revista Ilustrada pode ser considerada
como um dos rgos da imprensa de caricatura de
mais destaque de sua poca, pois agrega a crtica e o
humor de uma forma abrangente. A prtica multimodal
de Angelo Agostini ajuda a tecer um panorama
histrico, artstico e cultural do sculo XIX atravs de
informativos, charges e crnicas cotidianas.

A defesa da arte do sculo XIX realizada
por Angelo Agostini acompanhada por uma crtica
severa pintura histrica de encomenda. Para alm
desta prtica, temos na Revista Illustrada um registro
da popularizao do gosto pela paisagem e a defesa
da introduo de outros temas, junto a uma avaliao
e um diagnstico das formas artsticas realizadas com
maior primor. Para Agostini, este seria o nico critrio
para a consagrao dos artistas.

Agostini, contudo, no se prende apenas
crtica vinculada aos artistas e suas obras, mas tambm
se preocupa com a prpria crtica. A importncia do
desenvolvimento do sentido esttico seria um a priori
tanto para os crticos como para os artistas. Porm, os
artistas tambm deveriam se dedicar aos estudos. Ou
seja, a sensibilidade esttica no seria suficiente.

A Academia Imperial de Belas Artes, apesar de
ser apresentada em alguns artigos como um empecilho
83

formao educacional, permitiu o desenvolvimento


e a interao de alunos e professores que passaram por
l, como Rodolpho e Henrique Bernardelli, Firmino
Monteiro e Georg Grimm, nomes citados de forma
elogiosa na Revista Illustrada.

O estilo artstico de cunho realista defendido
por Agostini era condizente com a prtica assumida na
Academia, apesar do caricaturista condenar as obras
histricas de encomenda. Questes mais especficas
defendidas por Agostini, como a necessidade de
representao da realidade fsica e humana, fizeram
com que ele simpatizasse com artistas como Rodolpho
Bernardelli.

Outro aspecto digno de ser notado nos textos
de Agostini a valorizao dos materiais e mtodos
empregados, que permitiam a expresso: os primeiros
como matrias-primas e os segundos como aqueles
que permitiriam o desenvolvimento dos primeiros.

O mtodo de Agostini, por sua vez, tambm
passava pela criao de sales caricaturais que
reverberavam nas exposies propriamente ditas,
que funcionavam como promoo e divulgao bemhumorada.
Como desdobramento possvel para este trabalho,
temos a possibilidade de ampliao dos objetos das
crticas de Agostini junto a fontes primrias do acervo de
documentos da EBA e outras fontes secundrias.
84

Referencial Bibliogrfico
AGOSTINI, A. Revista Illustrada: Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano III, n.139, 1878.
_____________. Revista Illustrada: Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano IV, n. 155, 1879a.
_____________. Revista Illustrada, Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano IV, n. 156, 1879b.
_____________. Revista Illustrada, Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano IV, n. 157, 1879c.
_____________. Revista Illustrada, Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano IV, n. 158, 1879d.
_____________. Revista Illustrada, Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano IV, n. 159, 1879e.
_____________. Revista Illustrada, Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano IV, n. 187, 1879e.
_____________. Revista Illustrada, Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano V, n.204, 1880.
_____________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano VII, n. 292, 1882a.
_____________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano VII, n. 294, 1882b.
_____________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano VII, n. 297, 1882c.
_____________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano VII, n.299, 1882d.
_____________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano VII, n.310, 1882e.
_____________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano VII, n. 326, 1882f.
_____________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano VIII, n.347, 1883a.
_____________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano VIII, n. 353, 1883b.
_____________. Revista Ilustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano IX, n.370, 1884a.
_____________. Revista Ilustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt. ano IX, n.371, 1884b.
_____________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano IX, n. 374, 1884c.
_____________. Revista Ilustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt. ano IX, n.380, 1884d.
_____________. Revista Ilustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt. ano IX, n. 389, agos., 1884e.

85

_____________. Revista Ilustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt. ano IX, n. 390, set., 1884f.
_____________. Revista Ilustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt. ano IX, n. 391, set., 1884g.
_____________. Revista Ilustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt. ano IX, n. 392, out., 1884h.
_____________. Revista Ilustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt. ano IX, n. 393, out., 1884i.
_____________. Revista Ilustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt. ano IX, n. 397, dez., 1884j.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano X, n.406, 1885a.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano X, n.412, 1885b.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano X, n.417, 1885c.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano X, n.419, 1885d.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano X, n.420, 1885e.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XI, n. 426, 1886a.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XI, n. 438, 1886b.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XI, n. 439, 1886c.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XI, n. 441, 1886d.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XI, n. 442, 1886e.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XI, n. 444, 1886f.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XII, n. 457, 1887a.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XII, n. 459, 1887b.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XII, n. 462, 1887c.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XIII, n. 481, 1888a.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XIII, n. 482, 1888b.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XIII, n. 483, 1888c.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia

86

Hildebrandt, ano XIII, n. 491, 1888d.


______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XIII, n. 493, 1888e.
______________. Revista Illustrada. Publicao semanal, literria e ilustrada. Rio de Janeiro: Tipografia
Hildebrandt, ano XIII, n. 494, 1888f.
BAKHTIN, M. A cultura popular na Idade Mdia e no renascimento: o contexto de
Franois Rabelais. So Paulo: editora Hucitec, 1987 (1965).
BALABAN, M. Poeta do lpis: a trajetria de Angelo Agostini no Brasil Imperial So Paulo e Rio
de Janeiro 1864-1888. (Tese de doutorado), Instituto de Filosofia e Cincias Humanas, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 2005.
CASTRO, R. N. Sobre o brilhante efeito: histria e narrativa visual na Amaznia em Antnio Parreiras
(1905-1908). Dissertao de mestrado. Belm: Universidade Federal do Par, Programa de Ps-Graduao em Histria Social da Amaznia, 2012.
CAVALCANTI, A. M. T. Iracema de Jos Maria de Medeiros entre pintura histrica e pintura de
paisagem. In: Revista Z Cultural. Ano VII. 2015
CHIARELLI, T. Introduo. In: A Arte Brasileira. Luiz Gonzaga Duque Estrada.. Campinas: Mercado
das Letras, 1995.
DANTAS JUNIOR, J. R. Revista Illustrada, Rio de Janeiro, ano IV, n.156, 1879a.
____________________. Revista Illustrada, Rio de Janeiro, ano IV, n. 187, 1879b.
DELEUZE, G.. GUATTARI, F.. Mil plats vol.1. So Paulo: Editora 34, 2014.
FERNANDES, C. V. N. O Ensino de Pintura e Escultura na Academia Imperial das Belas Artes. In:
19&20, Rio de Janeiro, v. II, n. 3, jul. 2007.
IPANEMA, R. M. Arte da imagem impressa: a construo da ordem autoral e a gravura no Brasil do
sculo XIX. Tese de doutorado. Ps-graduao em histria social. Niteri: UFF, 2007
MALTA, M.; SANTOS, M. C.; FRONER, Y. Confluncias. In: Art Research Journal / Revista de pesquisa em arte. V. 2, n. 2, p. i-ix, jul. / dez. 2015.
MOURILHE SILVA, F. L. C. Esttica do grotesco nos quadrinhos. Tese de doutorado. Programa de psgraduao em filosofia. Rio de Janeiro: UFRJ, 2014.
OLIVEIRA, G. M. Angelo Agostini ou impresses de uma viagem da corte capital federal (18641910). Tese de doutorado. So Paulo: Programa de Ps-Graduao em Histria Social, USP, 2006.
PEREIRA, S. G. Reviso historiogrfica da arte brasileira do sculo XIX. In: Revista IEB, n.54, 2012
set./mar.
SANTANNA, B. C. L. ngelo Agostini e os sales caricaturais publicados na revista ilustrada (18761898). In: Revista Lngua e Literatura. v.16, n. 26, Agosto 2014.
SCHNEEGANS, H. Geschichte Der Grotesken Satire. Strassburg: K. Trbner, 1894.
SILVA, R. J. Angelo Agostini: crtica de arte, poltica e cultura no Brasil do Segundo Reinado. In: Revista
de Histria da Arte e Arqueologia n.6, 2006, pp.107-122.
______________________. Angelo Agostini, Felix Ferreira e Gonzaga Duque Estrada: contribuies
da crtica de arte brasileira no sculo XIX. In: Revista de Histria da Arte e Arqueologia n.10, 2008,
pp.43-71.
SODR, N. W. Histria da Imprensa no Brasil. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1966.
TAINE, H. The philosophy of art. Ann Arbor: University Microfilms, 1972.
TAVORA, M. L. A Crtica e a Gravura Artstica Anos 50-60: entendimentos da experincia informal.
In: Arte & Ensaios | revista do ppgav/eba/ufrj | n. 27 | dezembro 2013

87

Referncias das imagens


1 A e B- Busto de Rodolpho Bernardelli e suas obras, reproduo de Angelo Agostini, 1885. Revista
Illustrada #420, pp.4-5.
2- Monumento ao general Osrio de Rodolpho Bernardelli, 1884. Praa XV. Rio de Janeiro. Foto de Carlos
Luis M. C. da Cruz. Disponvel em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Pca_xv_estatua_equestre_osorio.
JPG. Acessado em 7/10/2016.
3- Busto de Antonio Firmino Monteiro de Angelo Agostini, 1882. Revista Illustrada #297, capa.
4- Reproduo do quadro Fundao da cidade do Rio de Janeiro de Angelo Agostini, 1882. Revista
Illustrada #297, p7.
5- Iracema de Jos Maria de Medeiros, 1884. Disponvel em: http://picturingtheamericas.org/painting/
iracema/?lang=pt-pt. Acessado em 4/10/2016.
6- Batalha do Ava de Pedro Amrico, 1872 a 1877. Disponvel em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Batalha_
de_Ava%C3%AD#/media/File:Americo-ava%C3%AD.jpg. Acessado em 4/10/2016.
7- A Batalha dos Guararapes de Victor Meirelles de Lima, 1879. Disponvel em: https://pt.wikipedia.org/
wiki/Batalha_dos_Guararapes#/media/File:Victor_Meirelles_-_%27Battle_of_Guararapes%27,_1879,_
oil_on_canvas,_Museu_Nacional_de_Belas_Artes,_Rio_de_Janeiro_2.jpg. Acessado em 4/10/2016.
8- 1 Salo caricatural de Angelo Agostini, 1876. Revista Illustrada #10, p.4.
9- Salo caricatural de 1879 de Angelo Agostini 1 parte. Revista Illustrada #155, p.7.
10- Salo caricatural de 1879 de Angelo Agostini 2 parte. Revista Illustrada #156, p.5.
11- Reproduo do quadro O primeiro martrio de So Sebastio de Rodolpho Bernardelli. Revista
Illustrada #156, p.4.
12- Salo caricatural de 1879 de Angelo Agostini 3 parte. Revista Illustrada #157, p.4.
13- Salo caricatural de 1879 de Angelo Agostini 3 parte. Revista Illustrada #157, p.5.
14- Salo caricatural de 1879 de Angelo Agostini 4 parte. Revista Illustrada #158, p.4.
15 A e B- Salo caricatural de 1884 de Angelo Agostini 1 parte. Revista Illustrada #389, pp.4-5.
16 A e B- Salo caricatural de 1884 de Angelo Agostini 2 parte. Revista Illustrada #390, pp.4-5.
17 A e B- Salo caricatural de 1884 de Angelo Agostini 3 parte. Revista Illustrada #391, pp.4-5.
18 A e B- Salo caricatural de 1884 de Angelo Agostini 4 parte. Revista Illustrada #392, pp.4-5.
19 A e B- Salo caricatural de 1884 de Angelo Agostini 5 parte. Revista Illustrada #393, pp.4-5.
20 A, B e C- Salo caricatural de 1884 de Angelo Agostini 6 parte. Revista Illustrada #397, pp.4-5.

89

Esta obra foi produzida no Rio de Janeiro


pela Imagem Pensamento em outubro de
2016 e impressa pela grfica J.Sholna. Na
composio foram empregadas as fontes
Times New Roman e Back to Black.

Você também pode gostar