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UNIVERSIDADE CATLICA DO SALVADOR

DISCIPLINA DE DIREITOS HUMANOS E AMBIENTAIS








O PROJETO PARQUE DAS DUNAS E A AMPLIAO DO
AEROPORTO DE SALVADOR


Brbara Miranda
Brenda Batista
Camila Arajo
Detila Nobre
Diogo Guedes
Gabriel Koehne
Guilherme Augusto
Isabele Vasconcellos
Ludmila Santana
Maurcio Arajo






SALVADOR BA
Junho, 2012


Brbara Miranda
Brenda Batista
Camila Arajo
Detila Nobre
Diogo Guedes
Gabriel Koehne
Guilherme Augusto
Isabele Vasconcellos
Ludmila Santana
Maurcio Arajo


O PROJETO PARQUE DAS DUNAS E A AMPLIAO DO
AEROPORTO DE SALVADOR


Trabalho desenvolvido durante a disciplina
de Direitos Humanos e Ambientais como
parte da avaliao referente ao semestre
2012.1

Orientadora: Prof.

Roberta Casali





SALVADOR BA
Junho, 2012



SUMRIO

1. INTRODUO ....................................................................................................... 1
2. APA rea de Preservao Ambiental .................................................................. 2
3. A UNIDUNAS ......................................................................................................... 2
3.1 Importncia ........................................................................................................... 3
3.2 Histrico ................................................................................................................ 4
3.3 Localizao ........................................................................................................... 5
3.4 Infraestrutura ........................................................................................................ 6
3.5 Flora ..................................................................................................................... 6
3.6 Fauna ................................................................................................................... 7
4. O CONFLITO COM O AEROPORTO LUS EDUARDO MAGALHES ................. 8
4.1 O aeroporto no contexto regional ......................................................................... 8
4.2 A ampliao do Aeroporto .................................................................................... 9
4.3 Os projetos de ampliao ................................................................................... 12
4.4 Legislao aplicvel s dunas ............................................................................ 17
5. ARGUMENTOS CONTRA E A FAVOR AMPLIAO DO AEROPORTO ........ 18
6. CONCLUSO ....................................................................................................... 21
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................... 22

1

1. INTRODUO
O presente trabalho tem por objetivo ampliar os conhecimentos do que so as
Unidunas, a sua importncia e as consequncias positivas e negativas que venham
a ocorrer com a ampliao do Aeroporto Internacional Lus Eduardo Magalhes.
O parque da Dunas situado entre os bairros de Praia do Flamengo, Stella Maris,
fazendo fronteira com o Aeroporto Internacional Lus Eduardo Magalhes contem
uma rica flora, constituda por matas de dunas litorneas, lagos e sops de dunas,
espcies peculiares da Mata Atlntica e de restinga. E tambm provida de muitas
riquezas e diversificaes a fauna. O conhecimento desta riqueza animal e a
preservao deste ecossistema so objetivos primordiais para a existncia do
Parque Ecolgico.
A utilizao das terras de dunas e restingas da rea de Proteo Ambiental (APA)
do Abaet o eixo central de um embate de arestas polticas, econmicas e
socioambientais travado entre ambientalistas, Infraero, Prefeitura de Salvador e
rgos estaduais.
O problema gira em torno da proposta de ampliao da Infraero do Aeroporto Lus
Eduardo Magalhes, segundo ambientalistas uma grave ameaa ao ecossistema do
macio norte da APA, considerado o maior manancial de restinga e dunas em rea
urbana do Brasil.
A INFRAERO alega que a ampliao do Aeroporto necessria para atender a
demandas futuras sem comprometer o funcionamento do Aeroporto.





2

2. APA rea de Preservao Ambiental
No Brasil, uma rea de proteo ambiental (APA) uma rea em geral extensa, com
um certo grau de ocupao humana, dotada de atributos abiticos, biticos,
estticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-
estar das populaes humanas, e tem como objetivos bsicos proteger a
diversidade biolgica, disciplinar o processo de ocupao e assegurar a
sustentabilidade do uso dos recursos naturais.
Pode ser estabelecida em rea de domnio pblico e/ou privado, pela Unio, estados
ou municpios, no sendo necessria a desapropriao das terras. No entanto, as
atividades e usos desenvolvidos esto sujeitos a um disciplinamento especfico.
Pode ter em seu interior outras unidades de conservao, bem como ecossistemas
urbanos, permitindo a experimentao de tcnicas e atitudes que conciliem o uso da
terra e o desenvolvimento regional com a manuteno dos processos ecolgicos
essenciais. Toda APA deve ter zona de conservao de vida silvestre (ZVS).
As reas de proteo ambiental pertencem ao Sistema Nacional de Unidades de
Conservao, regulado pela Lei 9.985 de 18 de julho de 2000.
As reas de proteo ambiental federais so administradas pelo Instituto Chico
Mendes de Conservao da Biodiversidade (ICMBio).

3. A UNIDUNAS
A UNIDUNAS uma OSCIP (Organizao da Sociedade Civil de Interesse
Pblico), criada com o intuito de preservar o meio ambiente nas reas
remanescentes de dunas e restingas da APA do Abaet, e vem protegendo a rea
durante vrios anos da prtica de especulao imobiliria, off-road, retiradas da flora
e da fauna.
H anos incentiva a visitao de instituies de ensino, associaes, ONG's, entre
outros, demonstrando o potencial da rea.
3

3.1 Importncia
Considerado o maior projeto ambiental do municpio de Salvador, so inmeras as
razes para preservar o Parque Ecolgico da Restinga.
A sua importncia ambiental deve-se a causas histricas, ambientais climticas e
sociais, portanto necessrio:
a) Preservar o ecossistema natural das dunas, de forma a assegurar as
condies ecolgicas e o bem-estar e segurana da populao;
b) Preservar um importante remanescente da restinga do municpio do Salvador;
c) Preservar a Biodiversidade (a flora e fauna nativa, de forma a impedir a sua
destruio, bem como preservar as espcies ainda existentes, ex: quatro
espcies endmicas da flora);
d) Proporcionar ao pblico em geral, atividades interpretativas atravs das trilhas
guiadas e do Centro de Visitantes;
e) Desenvolver atividades recreativas, tais como piquenique, descanso, parque
infantil e trilha;
f) Promover pesquisas cientficas sobre os recursos naturais do Parque;
g) Proteger os aqferos existentes pela manuteno da cobertura vegetal.
Benefcios de preservar:
a) Gera um micro clima agradvel;
b) Contribui para a recarga do aqfero subterrneo ;
c) Manter a vegetao fixa as dunas;
d) Preservar o habitat de diversas espcies vegetais e animais;
e) Contribui para a melhoria do ar;
f) Age como barreira hidrulica ao avano subterrneo da cunha salina;
g) o pulmo verde da cidade e purifica o ar;
h) Ser uma das melhores opes de lazer natural da cidade;
i) Contribui para a qualidade de vida da populao;
j) uma paisagem impar e belssima;
k) Patrimnio Baiano.

4

3.2 Histrico
1981 - O Governo do Estado da Bahia no uso de suas atribuies e com fundamento
nos artigos 8 e 9 da Lei Federal n 6.902, de 27 de abril de 1981, decreta como
rea de preservao do Abaet.
1987 - O Governo do Estado da Bahia, a partir de uma proposta integrada de
ocupao do solo na faixa costeira do Salvador, entre as Praias de Itapu e Praia do
Flamengo, deu incio implantao do projeto do decreto estadual n 351 de 22 de
Setembro de 1987, dando-a como rea de proteo ambiental. Na concepo e
execuo desse Projeto deveriam estar presentes os cuidados quanto forma de
interveno no ecossistema dunar e a perspectiva de datar a rea de uma estrutura
voltada para a conservao ambiental, o turismo e lazer.
1993 - O decreto estadual n 2.540 de 18 de Outubro de 1993, foi decretado a APA
Lagoas e Dunas do Abaet no Municpio do Salvador, com a finalidade de proteger o
ecossistema.
1996 - A Universidade Livre das Dunas e Restingas do Abaet, a UNIDUNAS vem
mantendo esta rea de 1.200.000m. Este espao vm sendo utilizado por
faculdades e escolas de Salvador e de todo o estado da Bahia para a prtica de
visitaes, estimulando e mostrando o potencial ambiental.
2001 - Nasceu uma nova parceria com o Instituto de Cincia e Tecnologia
Interdisciplinar, o ICTI, uma associao civil sem fins lucrativos, promovendo
atividades de ensino ambiental. Atravs de estudos no local foram criados 12
projetos auto-sustentveis, provando que, meio ambiente e desenvolvimento urbano
sero sempre parceiros.
2002 - Foi criado o Zoneamento da APA Lagoas e Dunas do Abaet, resoluo
CEPLAM, n 3.023 de 20 de Setembro, onde indica que o Parque Ecolgico da
Restinga est inserido na ZUE (Zona de Uso Especfico), com as seguintes
descries: Compreende rea de dunas, lagoas, brejo, alagadios, destinado
tambm ampliao do Aeroporto conforme decreto estadual n 7.616/99,
representa os ltimos remanescentes de sistemas de dunas associadas s terras
midas (lagoas, alagadios e brejos), conservado no municpio do Salvador,
5

podendo vir a constituir um laboratrio natural de experincias cientficas para o
manejo deste tipo de ecossistema.
2006 - Em parceria com tcnicos do Jardim Botnico de Salvador, nasce o projeto
piloto do Horto da Restinga e formao do Conselho Gestor da APA Lagoas e
Dunas do Abaet, composto de 15 rgos pblicos e 15 instituies privadas.
2008 - publicado no Dirio Oficial do Municpio de Salvador, decreto n 19.093 de
27 de Novembro de 2008, declarando de interesse pblico a implementao do
Parque das Dunas.
3.3 Localizao
Localizado ao norte do municpio de Salvador, o Parque das Dunas possui uma rea
de aproximadamente 2.900.000 m, com 5km de comprimento e uma largura mdia
de 1km. Fica na Av. Jos Augusto Tourinho Dantas, entre os bairros de Praia do
Flamengo, Stella Maris, fazendo fronteira com o Aeroporto Internacional Lus
Eduardo Magalhes, com um permetro de 3,5km. Toda rea ser cercada por cerca
natural. O clima da rea quente e mido, com maiores ndices de pluviosidade
ocorrendo entre os meses de maio e julho. Os ventos predominantes so oriundos
do sudeste e a umidade do ar se mantm em torno de 80%.

Figura 1 rea do Parque das Dunas tracejada em vermelho
6

3.4 Infraestrutura
A UNIDUNAS conta com:
a) Auditrio;
b) Salas temticas;
c) Centro de compostagem;
d) Horto de restinga;
e) Horto de plantas medicinais;
f) Parque infantil;
g) Biblioteca;
h) Anfiteatro;
i) Laboratrio;
j) Centro de recepo de animais silvestres;
k) Lanchonete;
l) Sala de projeo;
m) Alojamento para pesquisadores.
3.5 Flora
Aproximadamente 60% da cobertura vegetal do Parque Ecolgico est representada
pela Mata de Duna Litornea, lagoas e sop de dunas, alm da formao Vegetal
Tabuleiro Litorneo.
A flora da restinga est adaptada ao solo arenoso e gua salgada. Ela bastante
diversificada, apresentando campos ralos de gramneas, moitas de arbustos que so
intercaladas de clareiras, mata fechada de at 20 metros de altura e brejos com
densa vegetao aqutica. No Parque das Dunas, h a predominncia de espcies
peculiares da Mata Atlntica e de restinga, tais como: trepadeiras, bromlias,
orqudeas e arceas. possvel identificar tambm, algumas espcies de caatinga e
tabuleiro.
Na rea do Parque Ecolgico existem mais de 100 espcies arbreas distintas de 52
famlias, com maior predominncia das leguminosas, mirtceas, euforbiceas,
convolvulceas e rubiceas. Entre as espcies de rvores de importncia
7

econmico-ecolgica, destacam-se a maaranduba, ubaia, mangaba, jatob, pau-
sangue, sapucaia e pau-mulato.
A vegetao de restinga cria obstculos que barram ou redirecionam os ventos que
carregam as areias, alm de segurar essa areia com as suas razes e com os ramos
e folhas, alm de contribuir para amenizar o clima da regio.
A Flora est representada por mais de 100 espcies nativas, as belas paisagens que
se sucedem sobre as dunas, com sua grande diversidade de animais e plantas.
3.6 Fauna
O Parque Ecolgico da Restinga apresenta uma fauna nativa tpica de um
ecossistema costeiro terrestre, Restinga, que, em interao com os vegetais, so
responsveis pelo equilbrio ecolgico deste ambiente natural. Ainda apresenta
elementos significativos apesar da interveno antrpica existente no passado.
A espcie Coruja Aduaneira, ou Coruja Cabor, um animal encontrado no mundo
do Parque Ecolgico, com grande freqncia, pois em 1934, com uma grande seca
no Nordeste, esta coruja emigrou para o local que hoje se localiza no Parque, se
adaptando. Como no caso dos vegetais, muitos desses animais esto em vias de
extino. O reduzido nmero da populao animal do Parque Ecolgico deve-se,
principalmente, proximidade com a rea urbana e ao predatria que vem
ocorrendo com o passar do tempo.
O conhecimento desta riqueza animal e a preservao deste ecossistema so
objetivos primordiais para a existncia do Parque Ecolgico. Dentre os mamferos,
os grupos mais so: didelfdeos (gambs), calitriqudeos (sagis), quirpteros
(morcegos), entre outros.
No Parque Ecolgico foi identificado mais de 85 espcies de aves, nmero
significativo tendo em vista ser um Parque urbano, com representantes de:
troqueldeos (beija-flores), columbgeas (rolinhas,jurutis), falconiformes(gavies-
peneira, carcars e gavies carij), estrigiformes (corujas), emberizdeos(sabi-da-
praia), entre outros
8

4. O CONFLITO COM O AEROPORTO LUS EDUARDO MAGALHES
A utilizao de seis milhes de metros quadrados de terras de dunas e restingas da
rea de Proteo Ambiental (APA) do Abaet o eixo central de um embate de
arestas polticas, econmicas e socioambientais travado entre ambientalistas,
Infraero, Prefeitura de Salvador e rgos estaduais
O entrave gira em torno da proposta de ampliao da Infraero do Aeroporto Lus
Eduardo Magalhes, segundo ambientalistas uma grave ameaa ao ecossistema do
macio norte da APA, considerado o maior manancial de restinga e dunas em rea
urbana do Brasil
4.1 O aeroporto no contexto regional
O Aeroporto Internacional de Salvador est situado no Municpio de Salvador, no
Estado da Bahia. Localizado na Praa Gago Coutinho, S/N Bairro de So
Cristovo, fazendo limite com o Municpio de Lauro de Freitas. Est situado a
aproximadamente 35 km do centro da cidade de Salvador. Prximo ao aeroporto
localizam-se as APAS estaduais de Joanes/Ipitanga e de Lagoas e Dunas do
Abaet, e rea de Proteo de Recursos Naturais Jaguaribe.
Atende a macro regio metropolitana de Salvador e tambm as cidades vizinhas,
sendo a principal porta de entrada do turismo que se dirige Bahia e tambm uma
das principais portas de entrada no Pas, para turistas que se dirigem Regio
Nordeste.
Alm do turismo, o Aeroporto de Salvador de grande importncia no trfego de
executivos e tambm no transporte de mercadorias para o abastecimento da regio
industrial de todo o Recncavo Baiano, notadamente a regio industrial de
Camaari.
Nas proximidades do Aeroporto de Salvador, no existem outros aeroportos de porte
semelhante. Nas cidades tursticas da Bahia existem outros aeroportos, como
Ilhus, Porto Seguro, Comandatuba, dentre outros, que em funo da existncia de
voos diretos a outras regies do Brasil como So Paulo, Rio de Janeiro de Braslia,
9

geram seus prprios trfegos de passageiros, no dependendo de conexes no
Aeroporto de Salvador.
No que diz respeito aos voos internacionais, o Aeroporto de Salvador o grande
concentrador e distribuidor desse trfego para as demais localidades dos Estados,
mesmo existindo algumas localidades como Porto Seguro com voos internacionais.

Figura 2 rea do Aeroporto em rosa, rea da APA em azul

Figura 3 Foto Area do Aeroporto

4.2 A ampliao do Aeroporto
A INFRAERO alega que a ampliao do Aeroporto necessria para atender a
demandas futuras sem comprometer o funcionamento do Aeroporto.
10

A ampliao do aeroporto orientada pelo Plano Diretor PDIR que foi elaborado e
aprovado pelo Departamento de Aviao Cvica.
O PDIR o documento guia para o desenvolvimento de uma unidade aeroporturia,
de maneira ajustada a evoluo do transporte areo, integrado ao espao urbano,
aos outros modos de transporte e ao crescimento scio econmico da regio.
O Aeroporto Internacional Deputado Lus Eduardo Magalhaes teve um PDIR
elaborado em 1989 e outro em 1998, como atualizao do anterior.
A demanda prevista para o aeroporto no Plano de 1998 mostrada a seguir
juntamente com os dados verificados no ano de 2004
Tabela 1
TRFEGO PREVISO DO PDIR 98 VERIFICADOS
2002 2007 2004
DOMSTICO
REGULAR
Passageiros 2.950.293 3.625.856 3.623.349
Movimentos 45.672 51.177 48.937
INTERNACIONAL
Passageiros 211.852 323.326 280.946
Movimentos 3.357 4.145 4.052
DOMSTICO
NO REGULAR
Passageiros 170.202 209.176 241.076
Movimentos 4.606 4.984 27.425
AVIAO
GERAL
Passageiros 4.584 5.634 0
Movimentos 22.787 25.685 951
TOTAL
Passageiros 3.336.931 4.163.992 4.145.341
Movimentos 76.422 85.991 81.231
Fonte: INFRAERO 2006
Da anlise dos dados acima, observa-se que o movimento total de passageiros
realizado em 2004 foi muito prximo do movimento previsto para ser realizado
somente no ano de 2007. Utilizando-se a interpolao de dados observa-se que o
movimento de aeronaves verificado em 2004 foi muito semelhante ao previsto no
plano.
11

Dados mais atuais revelam que o terminal de passageiros, com rea total
aproximada de 69.750 m, tem capacidade avaliada em 6.000.000 de
passageiros/ano, o que no atendua demanda projetada de 6.168.243 passageiros
para 2010.
Considerando-se o aumento do movimento de passageiros e o fato do Plano Diretor
ter sido elaborado h 14 anos ratificou-se a necessidade de atualizao e reviso do
Plano Diretor e em 2010 a INFRAERO apresenta um novo PDIR, com o objetivo de
ampliar o aeroporto visando adequar a capacidade instalada demanda projetada
at 2025.
A tabela abaixo mostra a projeo de demanda at 2025 segundo a INFRAERO:
Tabela 2
2004 2010 2015 2025
Passageiros
Total
3.970.377 6.286.587 8.728.094 16.544.610
Aeronaves
Carga
3.527 5.484 6.963 10.993
Fonte: INFRAERO 2010
Porm considerando que o empreendimento, sob anlise, est localizado em
Unidade de Conservao, denominada rea de Proteo Ambiental APA Lagoas e
Dunas do Abaet criada pelo DECRETO N 351 DE 22 DE SETEMBRO DE 1987,
necessrio obedecer a Resoluo CEPRAM n 3.908.
Na Resoluo CEPRAM n 3.908, publicada no Dirio Oficial na data de 28 de
novembro de 2008, o Conselho Estadual Do Meio Ambiente- CEPRAM delibera
normas importantes que determinam diretrizes legais para a preservao de
unidades de conservao como as Dunas do Abaet. Focando na problemtica da
expanso do Aeroporto Internacional de Salvador- Deputado Luiz Eduardo
Magalhaes e na conservao do Parque das Dunas podemos ressaltar:
Art.2- Nos casos de atividades ou empreendimentos j consolidados e implantados
na Unidade De Conservao, a licena ou autorizao ambiental somente ser
12

emitida aps o parecer tcnico do rgo Gestor das Unidades de Conservao do
estado para sua efetiva regularizao ou tomada das providencias cabveis.
Art.4 - Na hiptese do rgo Ambiental licenciador vir a constatar que o
empreendimento ou atividade, sob anlise, est localizado em uma Unidade de
Conservao ou nas respectivas zonas de amortecimento, encaminhar o processo
de licenciamento acompanhado do prvio relatrio de inspeo ou parecer tcnico
ao rgo Gestor Das Unidades de Conservao do Estado.
Ou seja, a INFRAERO dever apresentar diagnsticos preliminares da rea de
interveno da pista abrangendo; identificao dos recursos hdricos,
dimensionamento das aeras das dunas, identificao do tipo, extenso e porte da
vegetao a ser afetada alm da caracterizao bsica das comunidades na rea de
influencia direta, informao preliminar da situao fundiria e desapropriao
conforma decreto pertinente.
No dia 16 de maro de 2009, a INFAERO deu entrada junto as Instituto do Meio
Ambiente IMA na Licena de Localizao (LL) para ampliao do Aeroporto de
Salvador sobre o sistema de Dunas do Abaet. O processo ainda est em curso.
importante destacar que, no mbito estadual, o entendimento que a ampliao
do aeroporto sobre a APA estava prevista desde 1999 pelo Decreto 7.616, sob a
condio de estudos de impacto ambiental. Segundo o gestor da APA de Abaet,
Franklin Mollinari, o plano de manejo do Conselho da APA prev a ampliao do
aeroporto dentro da zona de uso especfico.
4.3 Os projetos de ampliao
O PDIR de 2010 apresentou quatro alternativas para ampliao do Aeroporto com a
anlise dos pontos fortes e fracos de cada uma, mostradas a seguir:



13

Alternativa 1

Figura 4
Pontos fortes:
a) Menor rea a ser desapropriada
b) menor interferncia na rea de entorno
c) construo de pista paralela
Pontos fracos:
a) Necessidade de desapropriao
b) menor aproveitamento do stio
c) Impossibilidade de operao simultnea
d) maior emisso de rudo sobre a populao.



14

Alternativa 2

Figura 5
Pontos fortes:
a) Construo de pista paralela com operao simultnea
b) amplia a vida til do aeroporto maior segurana nas operaes
c) facilitar a manuteno de pistas
d) menor emisso de rudo sobre reas habitadas
Pontos fracos:
a) Desapropriao de uma rea maior
b) grande interferncia na rea de entorno
c) ocupao de reas com duna.



15

Alternativa 3

Figura 6
Pontos fortes:
a) Construo de pista paralela com operao simultnea,
b) aumento da capacidade,
c) maior segurana nas operaes,
d) facilita a manuteno do sistema de pistas,
e) menor emisso de rudo sobre reas habitadas,
f) amplia a vida til do aeroporto
g) maior espao para o desenvolvimento dos terminais.
Pontos fracos:
a) Desapropriao de uma rea maior
b) maior interferncia na rea de entorno
c) ocupao de reas com duna.


16

Alternativa 4

Figura 7
Pontos fortes:
a) No h necessidade de desapropriao
b) No h necessidade de ocupao de rea com dunas
Pontos fracos:
a) Vida til do aeroporto reduzida
b) No tem condies de comportar o movimento projetado para 2025, que de
257.167 ano.
Conforme possvel observar, com exceo da Alternativa 4, todos os projetos
implicam em desapropriao e ocupao das reas com dunas.



17

4.4 Legislao aplicvel s dunas
A legislao brasileira sobre as dunas ainda confusa e no contempla
adequadamente as diferentes situaes encontradas no apenas na regio costeira,
tambm como no interior do Brasil, resultando em interpretaes equivocadas e
definies e conceitos, s vezes, de difcil aplicao pratica.
CONAMA 341 de 2003 artigo 3
3 A declarao de interesse social dever ser emitida individualmente para cada
atividade ou empreendimento turstico sustentvel, informando-se ao Conselho
Nacional do Meio Ambiente-CONAMA em at dez dias aps a apreciao final pelo
Conselho Estadual de Meio Ambiente, de que trata o caput deste artigo.
Art. 3 As dunas passveis de ocupao por atividades ou empreendimentos
tursticos sustentveis declarados como de interesse social devero estar
previamente definidas e individualizadas, em escala mnima de at 1:10.000, pelo
rgo ambiental competente, sendo essas aprovadas pelo Conselho Estadual de
Meio Ambiente.
1 A identificao e delimitao, pelo rgo ambiental competente, das dunas
passveis de ocupao por atividade ou empreendimento turstico sustentvel
declarados de interesse social devero estar fundamentadas em estudos tcnicos e
cientficos que comprovem que a ocupao de tais reas no comprometer:
I - a recarga e a presso hidrosttica do aqferodunar nas proximidades de
ambientes estuarinos, lacustres, lagunares, canais de mar e sobre restingas;
II - a quantidade e qualidade de gua disponvel para usos mltiplos na regio,
notadamente a consumo humano e dessedentao de animais, considerando-se a
demanda hdrica em funo da dinmica populacional sazonal;
III - os bancos de areia que atuam como reas de expanso do ecossistema
manguezal e de restinga;
IV - os locais de pouso de aves migratrias e de alimento e refgio para a fauna
estuarina; e
18

V - a funo da duna na estabilizao costeira e sua beleza cnica.
2 A identificao e delimitao mencionadas no caput deste artigo devero ser
apreciadas pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente com base no Plano Estadual
de Gerenciamento Costeiro, quando houver, e de acordo com o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro, nos termos da Lei no 7.661, de 16 de maio de 1988.

5. ARGUMENTOS CONTRA E A FAVOR AMPLIAO DO AEROPORTO
Durante a pesquisa pudemos constatar que existem argumentos contra e a favor
ampliao do aeroporto.
De um lado os ambientalistas, liderados por Jorge Santana, Presidente da
UNIDUNAS insistem na necessidade de preservao do Parque das Dunas.
Segundo a UNIDUNAS, o projeto apresentado pela INFRAERO destri 80% dos
6.000.000(seis milhes) de metros quadrados que compem o Macio Norte da APA
das Dunas do Abaete, o que corresponde a 80% do total do maior manancial de
Dunas e Restingas em rea urbana do pas, este que compreende 15 lagoas, sendo
sete perenes e oito intermitentes. Abriga grandes biodiversidades a exemplo da
coruja Buraqueira, gavies e aves migratrias como o falco peregrino que vem do
Canada para se reproduzir no local. As dunas servem ainda como filtro para o spray
marinho (salitre), que regula os nveis de sais minerais no ar e melhora a qualidade
de vida na cidade de salvador.
De acordo com Jorge Santana, a proposta da INFRAERO de ampliar o Aeroporto de
Salvador tem como justificativa primordial a implantao de um terminal de carga,
para suprir uma demanda estratgica para Bahia, considerando que o atual
Aeroporto satisfaz a demanda turstica pelos prximos 30 anos, mas no
comportaria a demanda de cargas.
Geograficamente Salvador esta fora do Anel-Rodo-Ferrovirio da Bahia assim sendo
com a suposta ampliao do Aeroporto as rodovias BR 324, da Cia do aeroporto
entraria em colapso.
19

A opo mais sustentvel seria a construo de um novo aeroporto na cidade de
Camaari ou na cidade de Feira de Santana, pois assim estaria mais prximo ao
eixo Rodoferrovirio da Bahia, incrementaria o desenvolvimento de mais de 40
cidades localizadas entre o Recncavo, Linha Verde e o Baixo do Serto.
Funcionaria como apoio para o Aeroporto de Salvador nos seus impedimentos
climticos e principalmente no destruiria o maior manancial de Dunas e Restingas
em reas urbanas do pas.
De acordo com Relatrio Ambiental da rea de Implantao Da nova Pista do
Aeroporto Internacional de Salvador, a prpria INFRAERO aponta fatores que
mostram quantos impactos uma obra deste porte pode causas no ecossistema das
Dunas do Abaet. Em relatoria podemos concluir que a restinga um ecossistema
muito fraco e alm do mais, a rea em questo compreende um remanescente de
restinga situada na ZUE- zona de uso especifica.
J os interessados na ampliao do aeroporto rebatem os argumentos dos
ambientalistas alegando que a rea j foi amplamente antropizada e questionam o
valor scio-ambiental do projeto UNIDUNAS.
O superintendente de Meio Ambiente da INFRAERO, Lus Eduardo Paris negou que
a ampliao contemple um terminal de cargas. O aeroporto de Salvador no
cargueiro, argumentou. Refutou a ideia tambm de um novo aeroporto em Feira de
Santana. Um novo stio resultaria em mais custos e um impacto ambiental enorme,
afirmou.
De acordo com o gelogo Dr. Jos Maria Landim Dominguez, Com exceo da duna
frontal que bordeja a linha de costa atual (j bastante antropizada) nenhuma das
outras dunas da regio desempenham papel de estabilizao no controle do
processo de eroso da linha de costa. Ainda segundo Dr. Jos Maria Como
provavelmente essas dunas tem o aquifero livre e superficial e no tem muita
conexo com os aqferos mais profundos, este aspecto no se aplica
significativamente, este fator ocorre por que as guas fluviais penetram nas areias
das dunas e encontram a barreira de permeabilidade. Estas dunas no esto
prximas a ambientes lacustres, canais de mar, restingas e estuarinos, no
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interferindo na recarga e presso hidrosttica nestes locais. Porm essas dunas so
de suma importncia para drenagens e terras midas recorrentes nessa regio..
O Relatrio Ambiental Preliminar da rea de Implantao da Nova Pista de Pouso e
Decolagem do Aeroporto Internacional Deputado Lus Eduardo Magalhes,
encomendado pela INFRAERO e elaborado pela V.R.C. Petrleo em 2009, identifica
espcies vegetais caractersticas de ambientes antropizados na rea. Ainda
segundo o relatrio, a fauna observada na rea tpica de ambientes alterados,
adaptadas a viver prximas ou associadas presena humana, a exemplo do
cachorro-do-mato e do urubu-de-cabea-preta.

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6. CONCLUSO
Atravs do trabalho realizado, conclui-se que medidas preventivas devem ser
tomadas, visando preservar o meio ambiente, sendo assim, estabelecendo o bem
estar social. Porm, sem afetar a economia e o desenvolvimento de Salvador.
A necessidade de desenvolvimento do Aeroporto de fundamental importncia
econmica para Capital Baiana, pois seriam acrescidas novas pistas para avies de
carga, sendo eficaz nas operaes do Aeroporto, j que este se encontra com a
capacidade esgotada, desde o ano passado quando recebemos 7 milhes de
turistas, ao invs de 6 milhes para o qual foi projetado.
Supostas solues foram apresentadas, tendo em vista estabelecer um conforto
social, a Prefeitura de So Sebastio do Pass, localizado a cerca de 50km de
Salvador, que disponibilizava uma rea, como alternativa locacional, para
implantao de um novo aeroporto no municpio. E a Prefeitura de Feira de Santana
tambm se mostrou disposta a finalizar esse problema para Salvador, sendo assim,
transferindo a ampliao para o seu Aeroporto Joo Durval carneiro, localizado
aproximadamente a 110 km de Salvador.
A ampliao do Aeroporto de Salvador extinguiria a quase totalidade do manancial
do Abaet, aterraria 15 lagoas, erradicaria espcies em risco de extino, alm de
centenas de espcies vegetais raras, como orqudeas que s acontecem naquele
ecossistema. Seriam tambm vtimas da ampliao centenas de espcies de
animais nativos raros e frgeis, a exemplo de rpteis, anfbios, mamferos, insetos
e aves. Ento, se essa ampliao ocorrer, Salvador vai se beneficiar
economicamente, mas estar sujeita a diversos problemas ambientais e sociais.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

1. Instituto do Meio Ambienta - IMA. Processo n 2009-008453/TEE/LL-0018.
Requerente: INFRAERO - EMPRESA BRASILEIRA DE INFRAESTRUTURA
AEROPORTURIA
2. UNIDUNAS. Disponvel em: <http://www.unidunas.com.br>. Acessado em 11 de
junho de 2012

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