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Defesa Da Concorrência - Aula 2 Estratégia Concursos

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Defesa da Concorrncia ANS

Prof. Ricardo Vale- Aula 02

AULA 02- DEFESA DA CONCORRNCIA

SUMRIO
1-Palavras Iniciais
2- Polticas de Defesa da Concorrncia
3- Abordagens em Defesa da Concorrncia
4-Conceitos envolvidos nas anlises de atos
concentrao e de infraes ordem econmica
5- Prticas Anticompetitivas
6- Lista de Questes e Gabarito

PGINA

de

1
2 - 10
11 - 17
17 - 25
26 38
39 - 45

Ol, amigos do Estratgia Concursos! Tudo bem?


sempre uma enorme satisfao estar aqui com vocs! Dando
continuidade ao nosso curso de Defesa da Concorrncia p/ ANS, hoje
estudaremos os seguintes tpicos do edital:
8 Polticas de defesa da concorrncia. 3 Abordagens:
escolas de Harvard e Chicago; as regras per se e de razo;
o modelo de estrutura-conduta-desempenho; a abordagem
dos custos de transao. 4 Poder de mercado. 5 Mercados
relevantes. 6 Prticas anticompetitivas horizontais e
verticais.
Na aula passada, estudamos a Lei n 12.529/2011 (Lei
Antitruste), que, alm de estruturar o Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrncia, estabeleceu normas para a preveno e represso s
infraes contra a ordem econmica. Nosso estudo teve uma abordagem
eminentemente jurdica.
Hoje, entretanto, nossa abordagem mudar um pouco do foco
anterior. Nossa anlise ter como base uma viso econmica da defesa
da concorrncia. Com efeito, o direito antitruste um dos ramos do
direito em que mais se percebe a interao com a Economia.
Todos preparados? Ento, vamos em frente!
Um abrao,
Ricardo Vale
ricardovale@estrategiaconcursos.com.br
O segredo do sucesso a constncia no objetivo!
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1- Polticas de Defesa da Concorrncia:
Nesse curso, nosso objetivo no estudar Regulao
Econmica, que objeto do curso ministrado pelo Prof. Heber Carvalho.
No entanto, inevitavelmente, teremos que falar um pouco sobre o tema
para entendermos a defesa da concorrncia. Para isso, comecemos
abordando as estruturas de mercado.

1.1- Noes de Estrutura de mercados:


A teoria econmica classifica os mercados em concorrncia
perfeita, monoplio, oligoplio, concorrncia monopolstica, monopsnio e
oligopsnio. Cada um deles tem caractersticas prprias, que,
resumidamente, so as seguintes:
a) Concorrncia Perfeita:
- mercado
compradores);

atomizado

(infinito

nmero

de

vendedores

- produtos homogneos (no h diferenciao dos produtos


ofertas pelas empresas);
- inexistncia de barreiras entrada de novas firmas (novos
competidores);
- perfeita transparncia de informaes;
- perfeita mobilidade dos fatores de produo
b) Monoplio:
-existe somente uma firma ofertando produtos ou servios;
- existem muitos consumidores;
-existem
competidores);

barreiras

entrada

de

novas

firmas

(novos

- produto no tem substitutos prximos;


c) Oligoplio:
- nmero reduzido de firmas ofertando produtos ou servios;

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- existncia de barreiras entrada de novas firmas (novos
competidores);
d) Concorrncia monopolstica (imperfeita):
- apresenta, ao mesmo tempo, caractersticas de um monoplio
e de uma concorrncia perfeita;
- h muitos vendedores e muitos compradores (mercado
atomizado;
- diferenciao do produto (produto no homogneo) pela
agregao de marca e outras caractersticas;
- a diferenciao faz com que cada vendedor seja monopolista de
seu prprio produto.
e) Monopsnio: um mercado em que existe apenas um
comprador e inmeros vendedores.
f) Oligopsnio: um mercado em que existem poucos
compradores e inmeros vendedores. Nos trabalhos acerca da regulao
no setor de sade complementar, bastante comum a meno ao fato de
que os planos de sade exercem o poder de oligopsonistas na contratao
de servios mdicos. Em alguns trabalhos, h meno, inclusive, ao fato
de que os planos de sade exercem o poder de monopsonistas.
...
Agora que j estudamos as caractersticas dos diversos tipos de
mercado, cabe-nos a seguinte indagao: em qual desses mercados,
haver maior eficincia econmica1?
A resposta a essa pergunta bastante complexa. primeira
vista, algum pode ficar tentado a responder que o mercado em que
haver maior eficincia econmica o de concorrncia perfeita.
Mas cuidado... Nem sempre ser assim! Em certas situaes,
como o caso dos chamados monoplios naturais, uma estrutura de
mercado no-competitiva poder trazer maiores benefcios sociedade
como um todo, ou seja, ter maior eficincia econmica.
Os monoplios naturais ocorrem em alguns setores (como, por
exemplo, o setor de telecomunicaes) em que a estrutura de custos no
1

Eficincia econmica entendida como sendo a situao em que haver


maior bem-estar para a sociedade como um todo (para os consumidores e para
os vendedores)
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favorece a existncia de um nmero grande de fornecedores. Nesses
setores, os custos fixos so bastante elevados, mas os custos
variveis so baixos. No caso do setor de telefonia, as despesas para
instalao e os custos fixos de manuteno das linhas so bastante
elevados; no entanto, o aumento do nmero de usurios no traz grandes
custos adicionais. O custo marginal extremamente baixo, bem
prximo de zero para os nveis relevantes de produo.
Assim, possvel perceber que, nos monoplios naturais, o
custo mdio ser decrescente para toda a produo da firma. Os altos
custos fixos vo sendo diludos em cada unidade adicional produzida.
Ocorrem, ento, as chamadas economias de escala que, no caso dos
monoplios naturais, ocorrem para toda a faixa de produo.
O monoplio natural pode ser, ento, a forma mais eficiente de
produo em um determinado setor. No entanto, independentemente
disso, cabe-nos destacar que, dentre todos os tipos de mercado, o de
concorrncia perfeita aquele em que, inequivocamente, haver
eficincia econmica. Em um monoplio ou oligoplio at poder haver
eficincia econmica; no entanto, essa no a regra.

1.2- Noes de Regulao Econmica:


H diversos conceitos de regulao. No entanto, para os fins de
nosso estudo, podemos defini-la como a atividade governamental que, ao
limitar a liberdade de escolha dos agentes econmicos, visa corrigir
falhas de mercado que o impeam de alcanar a mxima eficincia. No
concurso de Agente da Polcia Federal, em 2002, o CESPE considerou
correto o seguinte conceito de regulao:
Regulao de mercados poderia ser definida como o
conjunto de aes pblicas que busca melhorar a eficincia
da alocao dos recursos no mercado ou aumentar o bemestar social dessa alocao.
O Estado busca, por meio da regulao econmica, aperfeioar
os mecanismos de livre mercado e corrigir desvios na alocao tima dos
fatores de produo, aproximando o mercado de uma concorrncia
perfeita. O mercado de concorrncia perfeitamente , conforme j vimos,
aquele em que haver, inequivocamente, eficincia econmica. Na
concorrncia perfeita, no existem falhas de mercado; no h, nesse
modelo, defeitos no mercado.
Mas, afinal, o que so falhas de mercado?

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Falhas de mercado so situaes que impedem que as
premissas do modelo de concorrncia perfeita ocorram em um
determinado mercado. Elas ocorrero quando os mecanismos de mercado
conduzirem a resultados econmicos no eficientes ou indesejveis
(insatisfatrios) do ponto de vista social.
No objetivo do nosso curso estudar detalhadamente cada uma
das falhas de mercado, pois isso ser visto no curso de Regulao
Econmica. No entanto, h uma falha de mercado diretamente ligada
defesa da concorrncia: o poder de mercado.
O poder de mercado considerado uma falha de competio.
No mundo real, praticamente impossvel identificarmos a existncia de
um mercado de concorrncia perfeita (a literatura econmica considera
que o que mais se aproxima o de produtos agrcolas). Em regra, o que
existe so monoplios, oligoplios ou mercados de concorrncia
monopolstica.
Especialmente no caso de monoplios e oligoplios, h uma ou
poucas empresas que detm o poder de mercado, o que pode gerar
abusos. Nesses mercados, o nvel de produo tende a ser menor, ao
passo que o preo ser maior. A elevao dos preos e a reduo da
oferta prejudica os consumidores e aumenta o bem-estar do
monopolista/oligopolista.
A que entra o papel do Estado, que buscar, por meio da
regulao econmica, limitar o poder de mercado dessas empresas. Ao
faz-lo, o Estado estar promovendo a defesa da concorrncia, que ,
portanto, um dos objetivos da regulao econmica.

1.3- Regulao Econmica x Defesa da Concorrncia:


A defesa da concorrncia um dos objetivos da regulao
econmica, sendo, portanto, forma de interveno do Estado na
economia. Nesse caso, o objetivo estatal ser o de limitar o poder de
mercado das empresas e evitar o abuso do poder econmico. Com
isso, espera-se que o mercado se torne economicamente mais eficiente.
Segundo Elizabeth Farina, ex-presidente do CADE, a poltica de
defesa da concorrncia pode ser definida como congregando aquelas
aes e parmetros regulatrios do Estado que esto voltados para a
preservao de ambientes competitivos e para o desencorajamento de
condutas anticompetitivas derivadas do exerccio de poder de mercado,

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tendo em vista preservar e/ou gerar maior eficincia econmica no
funcionamento dos mercados. 2
No Brasil, a defesa da concorrncia promovida por meio de trs
tipos de aes: i) preveno, a partir do controle de estruturas de
mercado e de anlise de atos de concentrao econmica; ii) represso,
partir da fiscalizao e imposio de penalidades sobre condutas
anticoncorrenciais; e iii) educao, atravs da disseminao da cultura
de defesa da concorrncia sociedade em geral.3 Essas so, portanto, as
trs vertentes da poltica de defesa da concorrncia em nosso Pas.
importante ressaltar que a conduo da poltica de defesa da
concorrncia no feita isoladamente pelas autoridades antitruste.
fundamental tambm a colaborao das diversas agncias
reguladoras que, muitas vezes, iro impor preos a serem praticados
pelos agentes econmicos. O objetivo impor um preo justo, que traga
maior benefcio social sem desestimular os investimentos no setor. Um
exemplo de fixao de preos seria o tabelamento dos preos de
medicamentos feito pela ANVISA. Se isso no existisse, uma empresa que
a nica fabricante de um determinado medicamento poderia cobrar um
valor muito alto pela sua venda.
As agncias reguladoras, juntamente com as autoridades
antitruste, tambm possuem um papel relevante na regulao dos
monoplios naturais. Os monoplios naturais, por serem situaes de
maximizao da eficincia em determinados setores, no devem ser
combatidos pelas autoridades de defesa da concorrncia. O Estado no
deve colocar fim a um monoplio natural, pois este ser a forma mais
eficiente de produo no setor. Ao invs de quebrar o monoplio, o
Estado dever regular a indstria daquele setor.
Mas como dever ser feita a regulao do monoplio natural?
O rgo regulador, com o objetivo de coibir o poder de mercado
do monoplio natural, dever impor a prtica de um preo que seja
socialmente timo. O objetivo evitar que a empresa monopolista cobre
um preo muito elevado pelos seus bens/servios; o preo cobrado do
consumidor deve ser um preo justo. Dizemos preo justo porque o
rgo regulador deve impor um preo que seja bom para o consumidor
mas, ao mesmo tempo, tambm seja satisfatrio para o monopolista. Ora,
se o monoplio natural a situao em que h maior eficincia naquele
setor, o governo no deseja que a empresa monopolista se retire do
mercado...
2

FARINA, Elizabeth. Poltica Industrial e Poltica Antitruste: Uma Proposta


de Conciliao. Revista do IBRAC, 1996.
3
ANDERS, Eduardo Caminati et al. Comentrios Nova Lei de Defesa da
Concorrncia. So Paulo: Editora Mtodo, 2012, pg.3.
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timo?

A questo : qual seria esse preo justo ou preo socialmente

No mercado de concorrncia perfeita, os preos cobrados pelas


empresas (produtores) ser igual aos custos marginais. 4 Nesse nvel
de preo, haver maximizao da eficincia. Ser, ento, que o rgo
regulador pode impor ao monoplio natural um preo equivalente ao custo
marginal?
primeira vista, poderamos acreditar que essa seria uma boa
soluo. No entanto, conforme j estudamos no incio da aula, o
monoplio natural tem custos marginais extremamente baixos,
tendentes a zero. Portanto, se o rgo regulador impuser um preo
equivalente ao custo marginal, o monoplio natural no ter incentivo
econmico para permanecer no mercado.
Diante dessa problemtica, o rgo regulador ir impor ao
monoplio natural um preo igual ao custo mdio de produo. Essa
ser uma poltica de fixao de preos razovel para o monoplio natural.
Assim, a empresa que detm o monoplio natural continuar em
operao, conduzindo maximizao da eficincia do mercado. Teremos
uma estrutura de mercado concentrada geradora de eficincia.

Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova!

1.
(ANP Especialista rea 9/2012) A poltica de
concorrncia tem por finalidade estimular a concorrncia nos
mercados em que ameaada, utilizando, tambm, a ao dos
rgos incumbidos desse tipo de interveno.
Comentrios:
O objetivo da poltica de defesa da concorrncia estimular a
concorrncia nos mercados em que esta for ameaada. Nesse sentido,
dever haver interveno das autoridades antitruste e, em certas
ocasies, das agncias reguladoras. Questo correta.
A explicao detalhada disso objeto de estudo da Microeconomia e no vale a
pena, nesse curso, entrarmos nesse tipo de detalhe. Destaco apenas que custo
marginal o custo para produzir uma unidade adicional.
4

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2.
(Polcia Civil / PA - 2006) A prtica de preos baixos deve
ser incentivada pelo regulador e devem ser utilizados todos os
instrumentos
necessrios
para
que
os
preos
baixem,
independentemente das consequncias sobre o setor produtivo
regulado.
Comentrios:
No se pode afirmar que o rgo regulador ir buscar a reduo
dos preos independentemente das consequncias sobre o setor
produtivo. O rgo regulador buscar impor um preo justo. Questo
errada.
3.
(SEGER / ES 2007) A presena de economias crescentes de
escala em determinada indstria indica a existncia de fortes
presses competitivas nesse mercado, excluindo, pois, a sua
monopolizao.
Comentrios:
A existncia de fortes economias de escala em determinada
indstria no indica a existncia de presses competitivas. Ao contrrio, a
existncia de economias de escala crescentes indicativo de um
monoplio natural. Questo errada.
4.
(Polcia Civil / PA - 2006) Cabe ao regulador promover a
concorrncia entre empresas de um mesmo setor, o que permite a
formao de barreiras entrada de novas empresas no setor em
questo.
Comentrios:
De fato, o regulador atua na promoo da concorrncia entre
empresas de um mesmo setor. No entanto, isso no leva formao de
barreiras entrada de novas empresas (ocorrer exatamente o
contrrio!). Questo errada.
5.
(Polcia Civil / PA-2006) Todo tipo de monoplio natural deve
ser coibido pelo regulador a fim de que promova a concorrncia
por meio da quebra desse monoplio.
Comentrios:
O monoplio natural no deve ser coibido pelo rgo regulador,
mas sim objeto de sua regulao. O monoplio natural , afinal, uma
situao de maximizao da eficincia para alguns setores. Questo
errada.

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6.
(TCE / AC 2009) A imposio da regra competitiva de
formao de preos nos monoplios naturais como os que
prevalecem no setor de utilidades pblicas, alm de melhorar o
bem-estar dos consumidores, garante tambm lucros puros para
as empresas que operam nesses mercados.
Comentrios:
Falar em regra competitiva o mesmo que dizer regra da
concorrncia perfeita. E a regra da concorrncia perfeita que os preos
dos produtos sero iguais aos custos marginais. Essa no a soluo de
regulao para os monoplios naturais.
O rgo regulador dever fixar, para o monoplio natural, um
nvel de preo equivalente ao custo mdio de produo. Questo errada.
7.
(Agente Polcia Federal 2009) A regulao do mercado,
exercida
pelas
agncias
reguladoras
e
pelo
Conselho
Administrativo da Defesa Econmico (CADE), necessria para,
entre outras funes, coibir os abusos resultantes da atuao dos
monoplios naturais, que se caracterizam pela maior eficincia
alcanada nos casos de elevadas economias de escala ou de
escopo em relao ao tamanho do mercado.
Comentrios:
Os monoplios naturais devero ser objeto de regulao pelo
CADE e pelas agncias reguladoras, a fim de se impedir o abuso do poder
econmico. Ressalte-se que os monoplios naturais tem como
caracterstica a presena de economias de escala para todos os nveis de
produo. Questo correta.
8.
(Prefeitura de Vila Velha 2007) Em um monoplio natural,
o regulador no pode igualar o preo ao custo marginal sob pena
de levar o monopolista ao lucro negativo na prtica de tal preo
regulado.
Comentrios:
O monoplio natural se caracteriza por custos marginais muito
reduzidos, tendentes a zero. Nesse sentido, se o regulador impuser um
preo equivalente ao custo marginal, a empresa que detm o monoplio
natural no ter incentivo para permanecer no mercado (lucro negativo).
Assim, o rgo regulador deve impor um preo igual ao custo mdio.
Questo correta.
9.
(Agente da Polcia Federal 2002) A regulao visa criar
sistemas de competio em setores que tendem a funcionar sob o
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regime de monoplios naturais, que provocam a existncia de
custos fixos importantes, grande proporo de investimentos
irreversveis, gerando barreiras entrada de novos investidores.
Comentrios:
Nos setores que tendem a funcionar sob o regime de monoplio
natural, caber ao regulador evitar o abuso do poder econmico. O
regulador no buscar criar sistemas de competio. Nesses setores, que
se caracterizam pela presena de economias de escala em toda a faixa de
produo, o monoplio a situao em que h maximizao da eficincia.
Questo errada.
10. (TCE / AC 2008) A produo de servios de transporte de
massa como o metr caracteriza-se pelo fato de os custos
marginais de produo desses servios serem superiores aos
custos mdios.
Comentrios:
Os servios de transporte pblico, como o caso do metr, so o
caso tpico de monoplio natural. Assim, h fortes economias de escala e
o custo marginal bastante reduzido, bem prximo de zero. Questo
errada.
11. (Analista MPU / 2010) Toda empresa que apresenta custo
mdio decrescente para toda a sua produo considerada um
monoplio natural.
Comentrios:
Uma caracterstica do monoplio natural a de os custos mdios
serem decrescentes para toda a sua produo. Questo correta.
12. (Prefeitura de Vila Velha 2007) Oligoplios se comportam
estrategicamente no mercado de maneira ilcita e devem ser
controlados por agentes reguladores de mercado.
Comentrios:
No se pode afirmar que os oligoplios se comportam no
mercado de maneira ilcita. Nem sempre isso verdade. A concentrao
do mercado pode ter sido obtido por meio de processo natural;
determinados setores, pelas suas caractersticas, tm maior tendncia de
concentrao. Questo errada.

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2- Abordagens em Defesa da Concorrncia:
A pergunta que devemos nos fazer nesse momento a seguinte:
qual o fundamento das normas concorrenciais?
A resposta a essa pergunta terica importante porque ir nos
permitir compreender o exato sentido dessas normas e desvendar o
porqu de sua existncia. Sobre o tema, h duas vises diferentes: a
viso da Escola de Harvard e a viso da Escola de Chicago.

2.1- Escola de Harvard:


A Escola de Harvard, tambm chamada de Escola Estruturalista
de Harvard, tem uma viso (enfoque) tradicionalista da defesa da
concorrncia. Segundo a viso da Escola de Harvard, as excessivas
concentraes de mercado devem ser evitadas; presume-se que
estruturas de mercado concentradas so danosas economia.
A concentrao de mercado, segundo o enfoque tradicionalista,
gera disfunes que prejudicam o regular fluxo das relaes
econmicas. A existncia de um maior nmero de agentes econmicas
atuando no mercado (estrutura pulverizada), ao contrrio, seria benfica
para a economia.
Na viso harvardiana (viso estruturalista), a conduta dos
agentes econmicos determinada pela estrutura do mercado. Em
mercados concentrados, a conduta dos agentes econmicas presume-se
lesiva; j em mercados em que predomina a competio, h incentivos ao
desenvolvimento tecnolgico, reduo de preos e aumento do bem-estar
do consumidor.
A Escola de Harvard fortemente ligada a conceitos de
Economia Industrial. Nesse sentido, apontamos a conexo entre a Escola
de Harvard e o modelo Estrutura-Conduta-Desempenho. Esse modelo
busca associar variveis que medem aspectos estruturais do
mercado (tais como grau de concentrao, barreiras entrada,
existncia de produtos substitutos, diferenciao de produtos) ao
comportamento das empresas e variveis de desempenho.
Segundo essa lgica, a estrutura do mercado determina o
comportamento das empresas e o seu desempenho. Por exemplo,
em um mercado concentrado, com fortes barreiras entrada de novos
concorrentes, as empresas detentoras do poder de mercado podero se
associar para praticar preos mais elevados. J em um mercado
pulverizado, as empresas buscaro investir em pesquisas e tecnologia,
reduzindo custos e inovando.
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Assim, a estrutura de mercado concentrada leva a
comportamentos lesivos por parte dos agentes econmicos; por outro
lado, mercados em que predomina a livre concorrncia traro benefcios
aos consumidores e a sociedade como um todo.
Fica fcil perceber, a partir dessa discusso, o porqu de o nome
do modelo ser Estrutura-Conduta-Desempenho. , afinal, a estrutura
do mercado que conduz a conduta das empresas e que determina seu
desempenho.
Para a Escola de Harvard, a livre concorrncia deve ser
perseguida como um fim em si mesma; o objetivo manter o regular
funcionamento do mercado. A livre concorrncia vista, aqui, como um
princpio puro; basta que ela seja tutelada pelo Estado para que
aumente o bem-estar dos consumidores e da sociedade. Segunda essa
viso, um mercado em que predomina a livre concorrncia tem estrutura
desconcentrada, o que levar a uma conduta positiva por parte das
empresas.

2.2- Escola de Chicago:


A Escola de Chicago se contrape ao enfoque tradicionalista
harvardiano. Enquanto a viso tradicionalista (Escola de Harvard)
considera que a concorrncia deve ser um fim em si mesma, a
Escola de Chicago entende que a defesa da concorrncia tem como
objetivo central a maximizao da eficincia. Assim, para a Escola de
Chicago o direito antitruste deve buscar proteger (tutelar) a eficincia
econmica. A Escola de Harvard, ao contrrio, tem como foco a proteo
(tutela) da concorrncia.
Essa nova forma de pensar a defesa da concorrncia vem se
opor ideia de que um mercado concentrado , necessariamente, danoso
(pernicioso) sociedade. Para os pensadores de Chicago, nem sempre
estruturas de mercado concentradas sero danosas economia;
por vezes, mercados concentrados resultaro em benefcios que
compensaro seus custos, conduzindo maximizao da eficincia.
Com efeito, em certas situaes, a concentrao pode ser
geradora de eficincia econmica. o caso dos chamados monoplios
naturais, nos quais, conforme j vimos, esto presentes substanciais
economias de escala em todos os nveis de produo.
A maximizao da eficincia, foco da Escola de Chicago, a
situao de maior bem-estar para o consumidor. Tal situao de bemestar identificada pela teoria microeconmica clssica (teoria
marginalista) como aquela de menor preo para o consumidor. Cabe
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enfatizar que a Escola de Chicago segue os pressupostos da teoria
marginalista, desconsiderando outros fatores que influenciam no bemestar alm do preo. O titular do bem jurdico protegido pela legislao
antitruste seria, justamente, o consumidor.
No Brasil, percebe-se que a atual poltica de defesa da
concorrncia segue as ideias da escola de Chicago, privilegiando uma
anlise da eficincia econmica dos mercados. Nesse sentido,
perceptvel que houve uma evoluo da doutrina antitruste, que antes
se preocupava unicamente com a concentrao de mercado. Hoje, a
promoo da concorrncia no mais considerada como um fim em si
mesma, dando lugar a um pensamento que analisa as eficincias
econmicas. A doutrina atual considera que os efeitos negativos de atos
e condutas anticoncorrenciais pode ser contrabalanceado com benefcios
sociais.

2.2.1- Teoria dos custos de transao:


Dentre as contribuies da Escola de Chicago para a defesa da
concorrncia, est a teoria dos custos de transao. A ideia de custos
de transao foi originalmente concebida por Ronald Coase, tendo sido,
entretanto, desenvolvida por Williamson.
No que diz respeito defesa da concorrncia, a teoria dos custos
de transao tem um importante desdobramento. Ela nos permite afirmar
que certas restries verticais (contratos de exclusividade, por
exemplo) e atos de concentrao vertical (concentrao que envolve
empresas que operam em nveis distintos, porm complementares, da
cadeia de produo) so inovaes organizacionais cujo objetivo
gerar eficincia (e no impor restries no mercado).
Vamos tentar entender melhor como isso funciona...
Mais frente em nossa aula, teremos a oportunidade de estudar
em detalhes as prticas anticompetitivas horizontais e verticais. Mas,
desde j, importante defini-las para que possamos entender esse
assunto.
As prticas anticompetitivas horizontais so aquelas que
envolvem empresas que atuam no mesmo nvel do mercado (mesmo
nvel da cadeia de produo). Um exemplo bastante conhecido de prtica
anticompetitiva horizontal o cartel (combinao de preos entre
concorrentes).
As prticas anticompetitivas verticais, por sua vez, so
restries impostas ao longo da cadeia produtiva por uma empresa
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que detm poder de mercado. Um exemplo seria o de uma fabricante de
cervejas que somente vende seus produtos a um restaurante caso este se
comprometa a no vender cervejas da empresa concorrente.
Pois bem, apresentados esses conceitos, voltemos ideia
original. Para a teoria dos custos de transao, as restries verticais e
os atos de concentrao vertical podem ser geradores de eficincia.
A pergunta : como isso possvel?
Os custos de transao so os custos associados dificuldade
de barganha/negociao, insegurana da operao, diversidade de
percepo dos agentes econmicos, assimetria de informaes. Enfim, so
custos relacionados coordenao da interao entre vendedores e
compradores, os quais podem, em certas situaes, ser bastante elevados
e, portanto, no-desprezveis.
Quando os custos de transao forem baixos, os agentes
econmicos podem se inter-relacionar de forma impessoal e
descontnua no tempo. Suponha o caso de uma empresa fabricante de
mveis, que tem como insumo principal para seu processo produtivo a
madeira. Essa empresa no tem tanto com o que se preocupar em relao
a seus fornecedores. Ela poder, facilmente, trocar de fornecedor (ela
indiferente a qual fornecedor lhe vende a madeira).
Por outro lado, nos casos em que os custos de transao so
elevados, os vnculos entre os agentes econmicos ganham uma
relevncia econmica fundamental.
Surgem os chamados ativos
especficos, que so ativos especializados que no podem ser
reempregados caso haja uma interrupo ou encerramento das relaes
entre os agentes econmicos envolvidos.
Por exemplo, o chip A5, utilizado no iPhone 4S, fabricado pela
Samsung. A Apple adquire o chip A5 da Samsung. Mudar de fornecedor
no seria algo fcil para a Apple; haveria altssimos custos de transao
envolvidos na tarefa de encontrar um novo fornecedor que tivesse knowhow e capacidade de investimento para comear a produzir o chip A5. Da
mesma forma, para comear a produzir o chip A5, a Samsung teve que
arcar com pesados investimentos; ela no pode se dar ao luxo de perder a
Apple como cliente.
Como possvel perceber, os custos de transao no exemplo
so bastante elevados. As empresas comeam, ento, a valorizar o
vnculo que mantm entre si; as relaes entre elas deixam de ser
impessoais e descontnuas, passando a ter maior estabilidade.
Nesse contexto que surgem entre as empresas novas formas
de organizao institucional (restries verticais e atos de concentrao
vertical). O objetivo dessas prticas, entretanto, no impor restries
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livre concorrncia, mas sim maximizar a eficincia. Empresas em
cujas relaes h custos de transao elevados e a presena de ativos
especficos no podem ser dar ao luxo de ter, entre si, uma relao
impessoal e descontnua. Ao contrrio, elas precisam estabelecer formas
de interao mais eficientes.
Dentro dessa lgica, que segue os princpios da Escola de
Chicago, o direito antitruste no poderia impedir a realizao de tais
condutas maximizadoras de eficincia.

2.3- Regras per se e de razo:


A aplicao das leis de defesa da concorrncia pode seguir dois
critrios diferentes: i) a regra per se e; ii) a regra da razo.
O critrio per se consiste em uma proibio absoluta a atos e
condutas anticoncorrenciais. Em outras palavras, basta que a empresa
tenha praticado um ato ou conduta tipificados em lei como ilcito
anticoncorrencial para que fique configurada a infrao ordem
econmica.
Quando esse critrio aplicado, a autoridade antitruste se
abstm de analisar os efeitos econmicos do ato ou conduta
anticoncorrencial. A anlise ser eminentemente jurdica, partindo do
pressuposto de que a conduta ou ato anticoncorrencial danosa
eficincia econmica.
O critrio da razo, por sua vez, consiste em uma anlise bem
mais detalhada do ato ou da conduta anticoncorrencial. A autoridade
antitruste no ir se limitar, aqui, na anlise pura e simples da
ocorrncia do ato anticoncorrencial. Ser feita uma anlise ampla dos
resultados econmicos da conduta ou ato praticado pela empresa ou
grupo de empresas. Nesse sentido, somente ficar caracterizado o
ilcito caso a conduta tenha resultado em ineficincia econmica para
o mercado.
Quando esse critrio aplicado, a autoridade antitruste ir
verificar os efeitos do comportamento da empresa e contrabalanar
os prejuzos com os benefcios dele resultantes. No haver qualquer
punio, tampouco ficar caracterizado o ilcito, quando as eficincias
econmicas compensarem os prejuzos do ato ou conduta
anticoncorrencial.
A utilizao do critrio per se , sem dvida, muito menos
dispendiosa do que a aplicao do critrio da razo. A aplicao da regra
da razo depende de uma anlise jurdica e econmica integradas; j a
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regra per se se limita simples verificao da ocorrncia do ato tipificado
em lei como ilcito anticoncorrencial (anlise eminentemente jurdica).
A aplicao de um critrio ou de outro varia de pas para pas,
conforme as diretrizes da poltica de defesa da concorrncia em cada um.
No Brasil, a Lei n 12.529/2011 adota claramente a regra da razo.
Isso o que se percebe a partir da leitura da lei (j analisada na aula 01),
que exige, para que se configure a infrao ordem econmica, a
ocorrncia de uma das condutas relacionadas no art. 36, 3,
associadas a um dos efeitos previstos nos incisos I, II, III e IV, do art.
36.
Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova!

13. (ANP Especialista rea 9/2012) Para a escola de Harvard,


a concorrncia deve ser almejada como um fim em si mesma. J a
escola de Chicago considera o modelo de estrutura-condutadesempenho como seu princpio orientador.
Comentrios:
De fato, a escola de Harvard defende que a concorrncia deve
ser almejada como um fim em si mesmo. No entanto, no a escola da
Chicago, mas sim a escola de Harvard que considera o modelo de
estrutura-conduta-desempenho como seu princpio orientador. Questo
errada.
14.
(ANP Especialista rea 9/2012) A escola de Chicago
busca a maximizao da eficincia e o direito antitruste est
centrado na proteo do bem-estar do consumidor, seguindo o que
preconiza a teoria marginalista.
Comentrios:
A escola de Chicago considera que a defesa da concorrncia tem
como objetivo central a maximizao dos lucros. Assim, o foco da
legislao antitruste deve ser o consumidor, seguindo o que preconiza a
teoria marginalista (segundo a qual a maximizao da eficincia ser a
situao em que houver o menor preo ao consumidor). Questo correta.
15.
(ANP Especialista rea 9/2012) A estrutura de mercado
est relacionada ao modelo estrutura-conduta-desempenho, cujas
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caractersticas comuns das firmas esto ligadas aos aspectos do
grau de concentrao, s barreiras entrada e existncia de
produtos substitutos.
Comentrios:
A escola de Harvard (viso estruturalista) adota o modelo
estrutura-conduta-desempenho, o qual considera que a estrutura do
mercado est diretamente associada conduta das empresas. Os
aspectos estruturais do mercado que influenciam na conduta das
empresas so, dentre outros, o grau de concentrao, barreiras entrada
e existncia de produtos substitutos. Questo correta.
16.
(ANP Especialista rea 9/2012) O principal problema da
escola de Harvard, de acordo com os tericos da escola de
Chicago, que a concentrao uma condio necessria, mas
no suficiente. Estruturas concentradas que resultam em
economia de recursos capaz de compensar os seus efeitos
anticompetitivos no podem ser consideradas ineficientes.
Comentrios:
Para os pensadores da escola de Chicago, a concentrao uma
condio necessria, mas no suficiente para que se possa considerar que
um mercado ineficiente. A defesa da concorrncia tem como objetivo, na
viso dos economistas de Chicago, a maximizao da eficincia.
Destaque-se que, em certos casos, estruturas concentradas (como o
monoplio natural) podem trazer benefcios para a sociedade como um
todo. Questo correta.

3- Conceitos envolvidos nas anlises de atos de concentrao e de


infraes ordem econmica:
3.1- Poder de Mercado:
O poder de mercado, conforme j estudamos, uma falha de
competio que coloca uma empresa ou um grupo de empresas em
posio de vantagem em relao s outras. No Brasil, considerada
infrao ordem econmica a conduta de dominar mercado relevante
de bens e servios.
O poder de mercado fica caracterizado quando uma empresa ou
grupo de empresas tem o poder de fixao discricionria de preos
em um determinado mercado. Em outras palavras, a capacidade de
estabelecer preos superiores ao nvel de mercado e, ainda assim,

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obter lucros acima do normal. Ao praticar tais preos elevados, a empresa
no perde seus clientes.
Vejamos como o Guia Prtico do CADE conceitua poder de
mercado!
Uma empresa (ou um grupo de empresas) possui poder de
mercado
se
for
capaz
de
manter
seus
preos
sistematicamente acima do nvel competitivo de mercado
sem com isso perder todos os seus clientes. Em um
ambiente em que nenhuma firma tem poder de mercado
no possvel que uma empresa fixe seu preo em um nvel
superior ao do mercado, pois se assim o fizesse os
consumidores naturalmente procurariam outra empresa
para lhe fornecer o produto que desejam, ao preo
competitivo de mercado.
(Guia Prtico do CADE, 3 edio)

Para deter poder de mercado, no basta que a empresa


tenha uma posio dominante, ou seja, no basta que ela tenha uma
participao substancial de mercado (market share elevado). Em outras
palavras, se uma empresa possui posio dominante em um mercado
relevante no necessariamente ela possui poder de mercado. 5 Assim, a
existncia de posio dominante condio necessria, mas no
suficiente, para a existncia de poder de mercado.
O poder de mercado, conforme vimos, conceito relacionado
capacidade de aumentar unilateralmente os preos sem perder seus
clientes. J a posio dominante est relacionada ao market share que
uma determinada empresa possui.
A anlise que busca verificar a existncia de poder de mercado
tem como ponto de partida a posio dominante, mas envolve a
investigao de diversas outras variveis (barreiras entrada,
concorrncia com importaes, efetividade da competio entre a
empresa e seus concorrentes e existncia de bens substitutos). Assim,
plenamente possvel que uma empresa possua posio dominante, mas
no detenha poder de mercado. Nesse caso, uma elevao unilateral de
preos por parte da empresa ser contestada pela reao de
concorrentes efetivos ou potenciais.
Enfatizamos que a posio dominante, por si s, no
caracteriza infrao ordem econmica. Somente haver infrao
ordem econmica caso a empresa exera de forma abusiva a posio
dominante. Ela estar, assim, exercendo o poder de mercado que
5

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detm. Percebe-se, portanto, que o fato de uma empresa possuir poder
de mercado no configura infrao ordem econmica; somente ser
conduta anticoncorrencial o exerccio desse poder.
O exerccio do poder de mercado no est limitado
alterao unilateral de preos. Ele tambm pode ficar configurado
quando uma empresa, com o objetivo de aumentar seus lucros,
diminui a qualidade/variedade de produtos e servios ou reduz o ritmo de
inovaes a nveis impensveis em um mercado concorrencial.
Por ltimo, cabe destacar que no so apenas as empresas
fornecedoras de bens e servios que podem deter posio dominante em
um mercado. A posio dominante fica caracterizada sempre que uma
empresa controla parcela substancial de mercado relevante, como
fornecedor, intermedirio, adquirente ou financiador de um
produto, servio ou tecnologia a ele relativa, de tal forma que a empresa
ou grupo de empresas, seja capaz de, deliberada e unilateralmente,
alterar as condies de mercado.6

3.2- Mercado Relevante:


Para iniciar o estudo desse tpico, cabe-nos apresentar a
definio de mercado. claro, h diversos conceitos de mercado. De
forma bem simples, podemos dizer que mercado uma instituio por
meio da qual vendedores e compradores estabelecem relaes comerciais.
Uma definio de mercado mais complexa, no entanto, a do autor
Avels Nunes, a qual adotada pelo CESPE:
... uma instituio social, um produto da histria, uma criao
histrica da humanidade (correspondente nas determinadas circunstncias
econmicas, sociais, polticas e ideolgicas), que veio servir (e serve) os
interesses de uns (mas no os interesses de todos), uma instituio
poltica destinada a regular e a manter determinadas estruturas de poder
que asseguram a prevalncia dos interesses de certos grupos sobre os
interesses de outros grupos sociais.
Na anlise de processos pelo Sistema Brasileiro de Defesa da
Concorrncia, fundamental que seja identificado o mercado
relevante a ser considerado. Essa definio importante para que as
autoridades de defesa da concorrncia possam aferir o poder de
mercado da empresa.
A definio de mercado relevante , assim, uma espcie de
delimitao feita pela autoridade antitruste para que possa avaliar a
6

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manifestao do poder de mercado pela empresa que (supostamente)
pratica a infrao ordem econmica.
Suponha, por exemplo, que em uma cidade do interior de Minas
Gerais existam apenas trs faculdades A, B e C (todas elas particulares).
A faculdade A adquire 100% das aes das faculdades B e C. A princpio,
poderamos dizer que a faculdade A detm, inegavelmente, poder de
mercado. Mas isso vai depender da definio do mercado relevante. Pode
ser que exista uma cidade vizinha (menos de 30 km, por exemplo) em
que existam outras 5 faculdades do mesmo porte da faculdade A. Nesse
caso, se a autoridade antitruste considerar como mercado relevante o
conjunto das duas cidades, ela ir constatar (muito provavelmente!) que a
faculdade A no detm poder de mercado.
O mercado relevante , assim, a unidade de anlise para
avaliao do poder de mercado, definindo a fronteira da competio
entre as firmas. 7 A definio de mercado relevante no to simples; ao
contrrio, bem complexa e suscita intensos debates. Ela comporta duas
dimenses: i) a dimenso produto (mercado relevante material) e; ii) a
dimenso geogrfica (mercado relevante geogrfico)
Vamos entender cada uma dessas dimenses...
A
dimenso
produto
leva
em
considerao
os
produtos/servios substituveis entre si pelo consumidor devido s suas
caractersticas, preo e utilizao. Assim, ao definir um mercado
relevante, as autoridades de defesa da concorrncia, devem agrupar os
produtos/servios que so concorrentes entre si. Os produtos/servios
no precisam ser idnticos; eles podem apenas ser bens substitutos.
No mercado de planos de sade, por exemplo, a jurisprudncia
do CADE tem se posicionado no sentido de admitir a diviso em quatro
mercados relevante sob a tica do produto: i) plano de sade mdicohospitalar individual/familiar; ii) plano de sade mdico-hospitalar
coletivo; iii) plano exclusivamente odontolgico individual/familiar e;
iv)plano exclusivamente odontolgico coletivo.8
A Resoluo n 15/98, do CADE, assim define o mercado
relevante do produto:

Guia Prtico do CADE, 2003.


Ato de Concentrao n 08700.003978/2012-90. Relator: Conselheiro
Elvino de Carvalho Mendona. Requerentes: Unimed Franca e Hospital Regional
de Franca. http://www.cade.gov.br/temp/t304201311191286.PDF
7

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MERCADO (S) RELEVANTE(S) DO(S) PRODUTO(S) Um mercado


relevante do produto compreende todos os produtos/servios considerados
substituveis entre si pelo consumidor devido s suas caractersticas,
preos e utilizao. Um mercado relevante do produto pode eventualmente
ser composto por um certo nmero de produtos/servios que apresentam
caractersticas fsicas, tcnicas ou de comercializao que recomendem o
agrupamento.
A dimenso geogrfica, por sua vez, diz respeito rea na
qual as empresas ofertam os produtos/servios substituveis. Assim, as
autoridades de defesa da concorrncia iro delimitar uma regio na
qual uma empresa est (supostamente) exercendo seu poder de mercado.
Como exemplo de situao real, o CADE decidiu, no Ato de Concentrao
n 08700.003978/2012-90, que a dimenso geogrfica dos planos de
sade mdico-hospitalar individual/familiar e coletivo seria o municpio de
Franca.
A Resoluo n 15/98, do CADE, assim define o mercado
relevante geogrfico:
MERCADO(S) RELEVANTE(S) GEOGRFICO(S). Um mercado relevante
geogrfico compreende a rea em que as empresas ofertam e procuram
produtos/servios em condies de concorrncia suficientemente
homogneas em termos de preos, preferncias dos consumidores,
caractersticas dos produtos/servios. A definio de um mercado
relevante geogrfico exige tambm a identificao dos obstculos
entrada de produtos ofertados por firmas situadas fora dessa rea. As
firmas capazes de iniciar a oferta de produtos/servios na rea
considerada aps uma pequena mas substancial elevao dos preos
praticados fazem parte do mercado relevante geogrfico. Nesse mesmo
sentido, fazem parte de um mercado relevante geogrfico, de um modo
geral, todas as firmas levadas em conta por ofertantes e demandantes nas
negociaes para a fixao dos preos e demais condies comerciais na
rea considerada.
Vejamos, agora, o que nos diz o Guia do CADE sobre a definio
de mercado relevante:
A definio de mercado relevante leva em considerao
duas dimenses: a dimenso produto e a dimenso
geogrfica. A ideia por trs desse conceito definir um
espao em que no seja possvel a substituio do produto
por outro, seja em razo do produto no ter substitutos,
seja porque no possvel obt-lo.

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Assim, um mercado relevante definido com sendo um
produto ou grupo de produtos e uma rea geogrfica
em que tal (is) produto(s) (so) produzido(s) ou
vendido(s), de forma que uma firma monopolista poderia
impor um pequeno, mas significativo e no-transitrio
aumento de preos, sem que com isso os consumidores
migrassem para o consumo de outro produto ou o
comprassem em outra regio. Esse chamado teste do
monopolista hipottico e o mercado relevante definido
como sendo o menor mercado possvel em que tal critrio
satisfeito.
A definio de mercado relevante de vital importncia
para a anlise dos casos que chegam ao Sistema Brasileiro
de Defesa da Concorrncia, uma vez que ele o espao
onde o poder de mercado pode ser inferido. S se pode
falar em existncia de poder de mercado se for definido
previamente em qual espao esse poder pode ser exercido.
Assim, para se caracterizar a possibilidade de exerccio de
poder de mercado, primeiramente necessrio que se
defina qual mercado relevante afetado por um ato de
concentrao ou por uma conduta, para em seguida
inferirmos se neste mercado existe probabilidade de
exerccio abusivo desse poder.
(Guia Prtico do CADE, 3 edio)

O trecho acima, retirado do Guia Prtico do CADE, bastante


didtico. Ele nos mostra que a definio do mercado relevante essencial
para a anlise dos casos submetidos s autoridades antitruste; somente a
partir dessa definio que ser possvel verificar se a empresa detm
poder de mercado.
Mas como as autoridades antitruste determinam o mercado
relevante?
A determinao do mercado relevante feita a partir do teste
do monopolista hipottico. O objetivo do teste encontrar o menor
mercado possvel (considerando-se a dimenso produto e a dimenso
geogrfica) em que uma empresa supostamente monopolista possa impor
um pequeno, mas significativo e no-transitrio, aumento de preos sem
perder seus clientes (sabe-se que preos mais altos tendem afastar os
clientes).
Em outras palavras, o teste do monopolista hipottico visa
descobrir o menor mercado em que um monopolista pode impor um
aumento de preos sem desviar parcela significativa da demanda
para bens substitutos ou para bens produzidos em outra regio.
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Se, ao fazerem um teste considerando-se um mercado X
(conjunto de produtos e rea especficos), as autoridades antitruste
verificarem que o aumento de preos no compensaria para o suposto
monopolista (porque haveria uma reduo considervel de vendas), isso
significa que aquele no um mercado relevante a ser considerado.
preciso, ento, fazer um teste considerando-se um mercado Y um pouco
maior (acrescentando-se produtos substitutos e regies produtoras
prximas).
Se, ao fazer esse teste com o mercado Y, as autoridades
antitruste conclurem que ser rentvel para o monopolista impor um
pequeno, mas significativo e no-transitrio, aumento de preos, este
ser o mercado relevante a ser considerado. Destaque-se que esse
teste ser repetido sucessivas vezes at que se encontre o menor
mercado em que essas premissas so verdadeiras.
Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova!

17. (ANATEL-Especialista-rea 5/2004) No mbito das polticas


regulatrias no Brasil, a posio dominante, baseada no elevado
percentual
do
mercado
(market
share)

apenada,
independentemente de haver ou no prejuzo livre concorrncia.
Comentrios:
A posio dominante, por si s, no caracteriza infrao ordem
econmica. Para que fique configurada uma infrao, necessrio que
haja o exerccio abusivo de posio dominante. Questo errada.
18. (Juiz Federal TRF 3 Regio 2011) A posio dominante
de uma empresa ou grupo no mercado, ou seja, a sua participao
significativa, causa, por si s, de interveno das autoridades
antitruste.
Comentrios:
Para que fique caracterizada a infrao ordem econmica,
necessrio o exerccio abusivo de posio dominante. A posio
dominante, por si s, no infrao ordem econmica. Questo errada.
19. (ANATEL- Especialista - rea 5/2004) Ocorre posio
dominante quando uma empresa ou grupo de empresas controla
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uma parte significativa do mercado relevante, unicamente, como
fornecedor dos produtos comercializados nessa indstria.
Comentrios:
A posio dominante fica caracterizada quando uma empresa ou
grupo de empresas controla parcela substancial do mercado relevante, na
condio de fornecedor, intermedirio, adquirente ou financiador de um
produto, servio ou tecnologia. Assim, no se pode dizer que a posio
dominante cabe unicamente a empresas que atuem como fornecedoras
de produtos. Questo errada.
20.
(ANAC-Tcnico em Regulao rea 2 / 2012) O mercado
pode ser compreendido como uma instituio social, um produto
da histria da humanidade, uma instituio poltica destinada a
regular e a manter determinadas estruturas de poder que
asseguram a prevalncia dos interesses de certos grupos sobre os
interesses de outros grupos sociais.
Comentrios:
correta.

Essa a definio de mercado para Avels Nunes. Questo

21.
(ANP Especialista rea 9/2012) Da definio de mercado
relevante desconsidera-se a unidade bsica de anlise sobre a
qual ser mensurado o grau de concentrao do mercado, pois
necessrio que ele apresente importncia econmica.
Comentrios:
O mercado relevante a unidade bsica de anlise sobre a qual
ser mensurado o grau de concentrao do mercado. Logo, a questo est
errada ao dizer que deve ser desconsiderada a unidade bsica de anlise
sobre a qual ser mensurado o grau de concentrao. Questo errada.
22.
(ANP Especialista rea 9/2012) A determinao de um
mercado relevante ocorre em termos dos produtos ou dos servios
que o compem e da rea geogrfica sobre a qual um possvel
monopolista impor um aumento de preos significativo e no
transitrio.
Comentrios:
A definio de mercado relevante leva em considerao duas
dimenses: i) a dimenso do produto e; ii) a dimenso geogrfica.
Questo correta.

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23. (ANP Especialista rea 9/2012) Para avaliar prticas
anticompetitivas, o monopolista hipottico indica, entre vrios
testes possveis, que o mercado relevante definido como o
menor grupo de produtos e a menor rea geogrfica, que
condio para um suposto monopolista impor um aumento de
preos.
Comentrios:
A assertiva descreve muito bem o teste do monopolista
hipottica. O objeto do teste descobrir o menor mercado (menor grupo
de produtos e menor rea geogrfica) em que um suposto monopolista
possa impor um aumento de preos sem que seja afastada parte
significativa da demanda por seus bens ou servios. Questo correta.
24. (ANATEL-Especialista-rea 5/2004) Os fatores que definem o
mercado relevante incluem, entre outros, a identificao das
barreiras entrada, assim como as condies de entrada, a
descrio da estrutura do mercado, a identificao do padro de
competio e os competidores ou entrantes potenciais.
Comentrios:
So vrios os fatores que definem o mercado relevante:
identificao de barreiras entrada e condies de entrada; estrutura do
mercado; identificao do padro de competio e dos competidores.
Questo correta.
25.
(Juiz Federal TRF 3 Regio 2011) Mercado relevante
material refere-se rea geogrfica, ou seja, ao local que se
deseja analisar em termos de concorrncia.
Comentrios:
O mercado relevante material diz respeito aos produtos/servios
substituveis entre si pelo consumidor. Questo errada.
26.
(Juiz Federal TRF 3 Regio 2011) O conceito de
mercado relevante relaciona-se definio, para anlise
concorrencial, do espao geogrfico dos agentes econmicos e de
todos os produtos e servios substituveis entre si, nesse mercado.
Comentrios:
O enunciado menciona as duas dimenses do mercado
relevante: dimenso do produto e dimenso geogrfica. Questo correta.

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4- Prticas Anticompetitivas:
4.1.1- Prticas Anticompetitivas Horizontais:
As prticas anticompetitivas horizontais so aquelas que
envolvem agentes econmicos que esto no mesmo nvel (estgio)
da cadeia de produo/fornecimento. So prticas que buscam reduzir ou
eliminar a concorrncia, seja por meio de acordos entre concorrentes no
mercado relevante, seja por meio da prtica de preos predatrios.
Entre
seguintes:

as

prticas

anticompetitivas

horizontais,

citamos

as

a) Cartel:
Essa considerada a mais grave dentre todas as prticas
anticompetitivas. Consiste em um acordo entre concorrentes que pode
ter como objetivo fixao de preos ou quotas de produo, diviso de
clientes e de mercados de atuao, boicote a distribuidores e fornecedores
e adoo de conduta preestabelecida em licitao pblica. 9 O objetivo da
cartelizao a maximizao dos lucros. Destaque-se que os partcipes
do cartel mantm sua autonomia administrativa e financeira.
Do ponto de vista do consumidor, o cartel prtica que eleva os
preos e restringe a oferta, tornando os bens e servios mais caros e
s vezes indisponveis no mercado. J do ponto de vista da economia
como um todo, o cartel prtica que resulta em perda de
competitividade. Isso porque a existncia de um acordo entre
concorrentes desestimula que alguns deles possam aperfeioar seus
processos produtivos, reduzir custos e, assim, melhorar a qualidade dos
seus produtos e servios.
Um exemplo de cartel conhecido internacional foi o cartel das
vitaminas. No perodo de 1990 a 1999, as maiores fabricantes mundiais
de vitaminas combinaram de segmentar o mundo em diferentes regies
de atuao. Uma empresa ficaria com a Amrica do Sul; outras duas com
a Europa e assim sucessivamente. O cartel das vitaminas foi descoberto
e punido com multas altssimas. No Brasil, o CADE aplicou multa de mais
de R$ 15 milhes nas empresas BASF, F.Hoffman-La Roche e Aventis.
No Brasil, bem comum que se escute falar a respeito da
formao de cartis entre postos de combustveis. De fato, h vrios
exemplos de casos em que foram descobertos cartis nesse setor. No
entanto, a jurisprudncia do CADE j se firmou no sentido de que o mero
paralelismo de preos no suficiente para configurar a prtica do
cartel. Em outras palavras, o fato de os preos serem iguais em diferentes
9

Cartilha do CADE Combate a Cartis e Programa de Lenincia

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postos de gasolina no suficiente para ensejar punio pela prtica do
cartel. So necessrias outras provas, como escutas telefnicas
autorizadas judicialmente e atas de reunio em que foram combinados
preos.
O cartel tambm caracterizado quando concorrentes combinam
entre si o resultado de licitaes pblicas. Sabendo, por exemplo, que
a Administrao Pblica de um determinado ente da federao far 4
licitaes para aquisio de materiais escolares, os concorrentes podem
combinar que cada um deles ir ganhar 1 (uma) dessas licitaes. Foi
mais ou menos isso que ocorreu com um dos mais famosos casos de
cartis no Brasil: o cartel das britas, que fraudava licitaes pblicas
na regio metropolitana de So Paulo.
Por ltimo, vale destacar que os efeitos danosos de um
processo de cartelizao sero ainda maiores quando o produto objeto
dessa prtica possuir demanda inelstica.10 Nesse caso, os integrantes
do cartel podero combinar a elevao de preos sem que isso afete muito
a quantidade demandada pelos consumidores. Cabe destacar que os bens
essenciais possuem, em regra, demanda inelstica e, portanto, nesses
setores que o processo de cartelizao tende a ser mais bem-sucedido (do
ponto de vista dos integrantes do cartel).

b) Poltica de Preos Predatrios:


A prtica de preos predatrios fica caracterizada quando, de
maneira injustificada, uma empresa vende uma mercadoria por um
preo inferior ao custo de produo. Se uma empresa tiver
justificativas para vender seu produto por um preo inferior ao custo de
produo (ex: houve algum pequeno defeito de fabricao nas roupas de
uma coleo), no ficar caracterizada a poltica de preos predatrios.
No curto prazo, a empresa que vende mercadorias por um
preo inferior ao custo de produo ter prejuzos. No entanto, seu
objetivo eliminar concorrentes ou impedir novos entrantes no mercado.
Aps eliminar a concorrncia, ela poder elevar seus preos e obter
ganhos superiores no longo prazo.
relevante destacar que, no curto prazo, a poltica de preos
predatrios ser benfica para o consumidor. No entanto, no longo
prazo, o consumidor sai perdendo, uma vez que a poltica de preos

10

Em Microeconomia, estudamos que demanda inelstica aquela pouca


sensvel a variaes de preo. Em outras palavras, um aumento de preo ter
como resultado uma pequena reduo da quantidade demandada.
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predatrios ir eliminar a concorrncia e, aps isso, os preos tendem a
aumentar bastante.
Devemos ter cuidado para no confundir poltica de
predatrios com o dumping. Muitas pessoas, inclusive
especialistas da rea, fazem essa confuso. O dumping uma
de discriminao internacional de preos. Uma empresa
dumping quando vende um produto para exportao por um preo
ao que pratica no mercado interno.

preos
alguns
prtica
pratica
inferior

Um exemplo seria o de uma empresa chinesa que vende


ventiladores ao Brasil por US$ 6,00 / unidade, ao passo em que vende
esses mesmos ventiladores na China por US$ 8,00 / unidade. Dizemos,
portanto, que ocorre dumping quando o preo de exportao inferior
ao valor normal (preo praticado no mercado interno do pas
exportador). Destaque-se que o dumping tambm uma prtica
anticoncorrencial.

c) Concentraes Horizontais:
As concentraes horizontais consistem em fuses ou
incorporaes de empresas que produzem ou fornecem o mesmo
produto/servio ou produtos/servios substitutos. , assim, uma unio
entre concorrentes (empresas que atuam no mesmo setor). O exemplo
mais conhecido de concentrao horizontal a unio das cervejarias
Antarctica e Brahma, que resultou na AMBEV.
Com a Lei n 12.529/2011, o CADE passou a ter competncia
para apreciar certos atos de concentrao antes de eles se constiturem
efetivamente (controle preventivo).

4.1.2- Prticas Anticompetitivas Verticais:


As prticas anticompetitivas verticais so restries impostas
por produtores/ofertantes de bens e servios em mercados que se
relacionam verticalmente (a montante ou a jusante11) ao longo da
cadeia produtiva. Um exemplo de restrio vertical seria a celebrao de

Montante e jusante so termos usados para se referir s diferentes


direes de um rio a partir do ponto de vista de um observador. Montante
a direo na qual o rio nasce e jusante a direo para a qual o rio
corre. Por analogia, podemos falar em montante e jusante no mbito
de uma cadeia de produo.
11

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um acordo de exclusividade em que uma empresa fabricante de chips de
celular somente possa vend-los para a empresa XYZ.
Nas prticas anticompetitivas verticais, possvel identificar dois
mercados: i) o mercado de origem (mercado a montante) e; ii) o
mercado-alvo (mercado a jusante). No exemplo que apresentamos
anteriormente, o mercado de origem seria o de chips de celular; o
mercado-alvo, por sua vez, seria o mercado de celulares. Perceba que
uma restrio imposta no mercado de origem ter repercusses no
mercado-alvo. , particularmente importante, dessa forma, a anlise da
interao entre os dois mercados (mercado de origem e mercado-alvo).
Vejamos, agora, as principais restries verticais:

a) Acordos de Exclusividade:
Por
determinado
determinado
configurado
determinado
comprador.

meio de acordos de exclusividade, os compradores de


produto se comprometem a adquiri-lo somente de
vendedor. O mesmo vale para a hiptese contrria: fica
o acordo de exclusividade quando os vendedores de
produto se comprometem a vend-lo para determinado

Em 2009, a AMBEV foi condenada pelo CADE em razo de ter


celebrado acordos de exclusividade com bares, restaurantes e
supermercados. Por meio desses acordos, os bares, restaurantes e
supermercados se comprometiam a no adquirir cervejas de marcas
diferentes das controladas pela AMBEV.

b) Venda Casada:
Na venda casada, tambm conhecida por ligao de contratos
(clusula tie in), o ofertante/vendedor condiciona a venda do produto
ou a prestao do servio aquisio de outro produto/servio
pelo comprador. Recentemente, a Caixa Econmica Federal foi acusada de
praticar a venda casada de seus produtos. A concesso de financiamentos
imobiliria estaria sendo condicionada aquisio de outros produtos e
servios (como, por exemplo, a abertura de uma conta-corrente no
banco).
Um dos efeitos anticompetitivos da venda casada a capacidade
de alavancar o poder de mercado de um produto para outro. No
nosso exemplo anterior, o poder de mercado dos financiamentos
imobilirios da Caixa , inegavelmente, bastante forte; j o poder de
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mercado das contas-correntes da Caixa no to alto assim. Condicionar
a concesso de financiamentos abertura de uma conta-corrente uma
forma de alavancar o poder de mercado do produto conta-corrente.

c) Discriminao de Preos:
A discriminao de preos consiste na conduta de cobrar
preos diferenciados, conforme o mercado ou o comprador, para o
mesmo produto ou servio. Em certas situaes, a discriminao de preo
pode ocultar uma variante de recusa de venda ou de venda casada.

d) Diviso Territorial:
Essa prtica fica caracterizada quando o vendedor delimita a
rea de atuao de seus distribuidores, restringindo a concorrncia e
a entrada em diferentes regies.

e) Fixao de preo de revenda:


O vendedor fixa o preo de revenda a ser cobrado pelos
distribuidores. Essa fixao de preos pode ser abusiva, limitando a
concorrncia entre os distribuidores.

f) Concentraes Verticais:
As concentraes horizontais consistem em fuses ou
incorporaes de empresas de setores diferentes, mas que participam
da fabricao de um determinado produto, em etapas diferentes da cadeia
produtiva (a montante ou a jusante). A concentrao vertical bem mais
incomum do que a concentrao horizontal, podendo resultar em fortes
barreiras a novos entrantes no mercado.
Um exemplo de ato de concentrao vertical seria a aquisio de
uma fbrica de cimento por uma fbrica de concreto (o cimento
matria-prima para a fabricao do concreto). Ou, ento, a aquisio de
uma fbrica de peas automotivas por uma empresa fabricante de
automveis.
Os atos de concentrao horizontal, inegavelmente, aumentam
o grau de concentrao em um mercado relevante. Por exemplo, se uma
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empresa A (que detm 20% do mercado educacional) adquire uma
empresa B (que detm 10% do mercado educacional), haver
concentrao (a empresa A passa a deter 30% do mercado relevante).
No caso dos atos de concentrao vertical, entretanto, como a
fuso/incorporao envolve setores diferentes, embora inter-relacionados,
o grau de concentrao do mercado relevante poder no
aumentar. Entretanto, a verticalizao poder conduzir a um notrio
aumento do poder de mercado, resultando em pesadas barreiras aos
novos entrantes.

4.1.3- Trustes:
O truste consiste em uma combinao entre empresas com o
objetivo de assegurar o controle econmico sobre determinados
mercados. As empresas podem se unir, por exemplo, para praticar
preos predatrios ou para controlar a oferta de determinado
insumo essencial ao processo produtivo.
Por ser denominao genrica, que abrange os diversos atos
anticompetitivos praticados a partir da unio de empresas, bem
comum encontrar na doutrina a meno a truste como um gnero do
qual so espcies diversas condutas anticoncorrenciais. justamente
em razo disso que a Lei n 12.529/2011 denominada legislao
antitruste.
Na prova da ANAC-2012, o CESPE assim definiu truste:
O truste corresponde a uma modalidade de integrao de
empresas, na qual os acionistas de uma dada sociedade
confiam a uma terceira pessoa os direitos relativos s aes
de sua propriedade, que passam a ser exercidos por essa
pessoa o trustee , como se fosse o seu titular.
A definio dada pelo CESPE segue o pensamento do Prof. Fbio
Nusdeo que, no entanto, no unnime na doutrina. Alis, o mais usual
o entendimento de que o truste uma unio entre empresas que j
dominam o mercado. Segundo essa viso, no truste no precisaria nem
mesmo haver unio formal entre empresas.
Os trustes podem ser horizontais ou verticais.
Os trustes horizontais consistem na unio de empresas do
mesmo setor. Um exemplo o caso atualmente examinado pelo CADE,
em que a Kruton Educacional busca a fuso com as Faculdades
Anhaguera.
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Os trustes verticais, por sua vez, consistem na unio de
empresas de setores diferentes, mas que participam da fabricao de um
determinado produto, em etapas diferentes da cadeia produtiva (a
montante ou a jusante).

4.1.4- Joint Ventures:


As joint ventures so uma associao entre empresas por
meio da qual estas se juntam para executar determinada atividade, por
tempo determinado. Nas joint ventures, cada empresa mantm sua
autonomia (nenhuma delas perde sua identidade).
Um exemplo de joint venture no Brasil a existente entre a
Warner Bros e a Fox Filmes, que apesar de manterem suas identidades e
autonomia, dividem seus recursos para a distribuio e divulgao de
filmes no Brasil. Cabe destacar que as joint ventures tambm podem
resultar em efeitos anticompetitivos, merecendo, portanto, ateno
das autoridades de defesa da concorrncia.
Vejamos como esse assunto pode ser cobrado em prova!

27. (ANAC-Tcnico em Regulao rea 2 / 2012) A aplicao


de preos predatrios considerada prtica restritiva vertical.
Comentrios:
A poltica de preos predatrios considerada prtica restritiva
horizontal. Questo errada.
28.
(ANAC-Tcnico em Regulao rea 2 / 2012) O principal
objetivo da cartelizao a maximizao dos lucros. Por esse
motivo, os membros do cartel mantm sua autonomia jurdica,
mas perdem a financeira.
Comentrios:
De fato, o objetivo da cartelizao a maximizao dos lucros.
No entanto, os membros do cartel conservam sua autonomia jurdica e
financeira. Questo errada.
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29. (SECONT / ES 2009) A venda injustificada, por determinada
empresa, de mercadoria com preo abaixo do seu custo de
produo constitui prtica conceituada como preo predatrio,
ainda que no seja possvel provar que houve efetivo prejuzo para
a concorrncia.
Comentrios:
A prtica de preos predatrios fica caracterizada pela venda
injustificada de mercadoria por um preo inferior ao seu custo de
produo. Questo correta.
30. (SECONT / ES 2009) O poder de mercado prejudicial
quando permite que as empresas estabeleam preos abusivos e
adotem prticas desleais com os concorrentes e, tambm, por
aumentar a possibilidade da criao de cartis de preos.
Comentrios:
O poder de mercado nem sempre prejudicial. Em alguns casos,
como por exemplo o do monoplio natural, o poder de mercado ser
gerador de eficincia econmica. No entanto, quando h abuso do poder
de mercado (criao de cartis, prtica de preos abusivos), ficar
caracterizada a infrao ordem econmica. Questo correta.
31. (Juiz Federal TRF 3 Regio 2011) Considere que uma
empresa de laticnios, detentora de 15% do mercado de
processamento e pasteurizao de leite tipo C em determinado
estado da Federao, venda o produto abaixo do preo de custo.
Deve-se analisar, necessariamente, uma possvel justificativa para
a conduta, como, por exemplo, o fato de o produto ser perecvel,
estando iminente a expirao de sua validade para consumo.
Comentrios:
A venda de um produto por um preo inferior ao preo de custo
no caracteriza prtica de preos predatrios quando ela for justificada.
Na situao acima apresentada, existe uma justificativa: o produto
perecvel e seu prazo de validade est quase chegando ao final Questo
correta.
32. (ANAC-Tcnico em Regulao rea 2 / 2012) Os trustes
horizontais ocorrem quando so constitudos por empresas do
mesmo ramo, j os verticais ocorrem quando as empresas podem
ser de ramos diferentes.
Comentrios:

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Os trustes horizontais so entre empresas do mesmo setor; os
verticais, entre empresas de setores diferentes. Questo correta.
33.
(ANAC-Tcnico em Regulao rea 2 / 2012) O truste
corresponde a uma modalidade de integrao de empresas, na
qual os acionistas de uma dada sociedade confiam a uma terceira
pessoa os direitos relativos s aes de sua propriedade, que
passam a ser exercidos por essa pessoa o trustee , como se
fosse o seu titular.
Comentrios:
Esse posicionamento adotado pelo CESPE o do Prof. Fbio
Nusdeo. Questo correta.
34.
(ANP Especialista rea 9/2012) Ainda que no aumente
o grau de concentrao no mercado relevante, a verticalizao
poder aumentar a capacidade de exerccio de poder de mercado,
caso se constitua uma barreira elevada entrada ou facilite a
coordenao de decises.
Comentrios:
A verticalizao, mesmo que no aumente o grau de
concentrao do mercado, poder aumentar a capacidade de exerccio de
poder de mercado. Isso ser particularmente verdadeiro quando a
concentrao vertical resultar em barreira entrada de novos
competidores. Questo correta.
35. (ANP Especialista rea 9/2012) Um exemplo de
concentrao vertical no mercado brasileiro a AMBEV, unio das
cervejarias Antarctica e Brahma, que controla um nico setor.
Comentrios:
A unio das cervejarias Antarctica e Brahma exemplo de
concentrao horizontal. Questo errada.
36. (ANATEL-Especialista-rea 5/2004) Restries verticais
correspondem a quaisquer arranjos entre elos da cadeia do
fabricante ao varejista que limitam a autonomia desses agentes
para definir suas prprias polticas comerciais e escolher os seus
parceiros nas transaes.
Comentrios:
exatamente esse o conceito de restrio vertical! um arranjo
entre empresas que integram mercados que se relacionam verticalmente,
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ao longo da cadeia produtiva. um arranjo entre os elos da cadeia.
Questo correta.
37. (ANATEL-Especialista-rea 5/2004) Os custos de eficincia
das fuses e aquisies so nulos porque a unificao de plantas
promove o melhor uso de recursos, reduz custos e permite operar
em escala compatvel com congneres estrangeiras, fortalecendo,
assim, a posio competitiva da empresa.
Comentrios:
Dizer que os custos de eficincia de fuses e aquisies (atos de
concentrao horizontais e verticais) so nulos est absolutamente
errado. claro que existem benefcios (eficincias econmicas)
resultantes dos atos de concentrao; no entanto, tambm existem
prejuzos (ineficincias econmicas ou custos de eficincia). Caber
autoridade antitruste analisar se o efeito lquido do ato de concentrao
positivo ou negativo. Questo errada.
38. (ANATEL-Especialista-rea 5/2004) No caso das prticas
verticais, o principal efeito anticoncorrencial o de reduzir ou
eliminar a concorrncia no mercado relevante, por exemplo, por
meio da formao de cartis e outros acordos entre empresas ou
mediante o uso de preos predatrios.
Comentrios:
Os cartis e o uso de preos
anticompetitivas horizontais. Questo errada.

predatrios

so

prticas

39.
(ANATEL-Especialista-rea
5/2004)
As
inovaes
tecnolgicas no setor de telecomunicaes, ao reduzirem os custos
fixos, permitindo, assim, uma maior divisibilidade da produo,
contribuem para estimular a competio nesse setor.
Comentrios:
Quanto maiores so os custos fixos, maiores so as barreiras
entrada no mercado. O avano tecnolgico no setor de comunicaes, por
reduzir os custos fixos, estimula a maior competio no setor. Questo
correta.
40. (ANATEL-Especialista-rea
5/2004)
Um
processo
de
cartelizao bem-sucedido, alm de exigir que a demanda de
mercado seja preo-elstica, subordina, tambm, a celebrao dos
contratos aceitao de obrigaes complementares que no
tenham ligao com o objeto desses contratos (as chamadas
clusulas de tie-in).
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Comentrios:
O processo de cartelizao tende a ser mais bem-sucedido nos
setores em que a demanda inelstica. Questo errada.
41. (ANATEL-Especialista-rea 5/2004) O suposto acordo entre
empresas farmacuticas, no Brasil, para boicotar distribuidores
que vendiam medicamentos genricos ilustra um tipo de conduta
classificvel como um caso de cartel.
Comentrios:
De fato, o acordo entre empresas farmacuticas para boicotar
distribuidores que vendiam medicamentos genricos exemplo de cartel.
Recordemos que cartis so acordos entre concorrentes que podem ter
como objetivo fixao de preos ou quotas de produo, diviso de
clientes e de mercados de atuao, boicote a distribuidores e fornecedores
e adoo de conduta preestabelecida em licitao pblica. Questo
correta.
42.
(ANATEL-Especialista-rea 5/2004) O fato de muitos postos
de gasolina, em vrias cidades brasileiras, praticarem paralelismo
de preos suficiente para estabelecer que essas empresas
constituem um cartel, caso em que so passveis de punio no
mbito da legislao antitruste.
Comentrios:
O mero paralelismo de preos entre postos de gasolina no
suficiente para caracterizar a prtica de cartel. So necessrias provas
adicionais. Questo errada.
43. (ANATEL-Especialista-rea 5/2004) No Brasil, a poltica de
concorrncia, alm de incluir a liberalizao comercial, que exps
a indstria brasileira competio externa, contm, tambm,
esquemas regulatrios destinados a impedir condutas que
impliquem abusos de mercado, melhorando, assim, as condies
de competio no mercado interno.
Comentrios:
A poltica de defesa da concorrncia, no Brasil, possui
instrumentos de controle de infraes ordem econmica. Esses
instrumentos, pela Lei n 12.529/2011, tm carter preventivo e
repressivo. Questo correta.
44.
(ANATEL-Especialista-rea 5/2004) A propriedade ou o
controle de insumos essenciais produo constitui uma forma de
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barreira entrada e, nesse sentido, podem explicar a existncia de
imperfeies de mercado, tais como os monoplios e os
oligoplios.
Comentrios:
O controle de insumos uma espcie de restrio vertical
(ocorre ao longo da cadeia de produo). Se uma empresa controla os
insumos, ela adquire relevante poder de mercado, o que pode conduzir a
barreiras a entrada de novos competidores e explicar a existncia de
monoplios e oligoplios. Questo correta.
45. (ANTAQ Especialista-Cargo 2/2005) Prticas restritivas
utilizadas para limitar a concorrncia incluem acordos sobre
limites de produo, repartio de mercados ou fontes de
abastecimento e ligao de contratos (clusulas de tie-in).
Comentrios:
Acordos sobre limites de produo, repartio de mercados ou
fontes de abastecimento e venda casada (ligao de contratos) so
prticas restritivas destinadas a limitar a concorrncia. Questo correta.
46. (ANTAQ Especialista-Cargo 2/2005) A prtica de uma
empresa de software que cria incompatibilidades entre os
produtos que fabrica e os de concorrentes pode ser interpretada
como uma vantagem no competitiva, contribuindo, assim, para
restringir a concorrncia no mercado de software.
Comentrios:
Se uma empresa de software cria incompatibilidades entre o
produto que fabrica e o de outros concorrentes, pode ficar caracterizado
um ilcito anticoncorrencial. claro que a autoridade de defesa da
concorrncia precisa analisar o caso concreto. Questo correta.
47. (ANTAQ Especialista-Cargo 2/2005) A concentrao
econmica
horizontal
ocorre
quando
uma
empresa,
no
desdobramento de suas atividades, adquire outra a montante ou
a jusante ao longo da cadeia produtiva (mercado-alvo), como,
por exemplo, as cervejarias que compem a AMBEV e seus
respectivos distribuidores.
Comentrios:
A concentrao horizontal acontece quando duas empresas do
mesmo setor se unem (e no quando empresas que atuam a montante e
a jusante da cadeia produtiva se unem!). Questo errada.
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48. (Juiz
Federal
TRF 1
Regio/2009)
Assinale
opo incorreta com relao s infraes ordem econmica.

a) Cartel um acordo abusivo de agentes econmicos, representando


combinao de preos, com o objetivo de restringir produtos e dividir
mercados.
b) A venda casada considerada instrumento de presso ao consumidor.
c) Conceder exclusividade para divulgao de publicidade nos meios de
comunicao de massa pode caracterizar infrao da ordem econmica.
d) No caso de joint venture concentracionista, no possvel configurar
prtica abusiva.
e) Limitar a livre iniciativa ser considerado infrao ordem econmica,
ainda que seu efeito no seja alcanado.
Comentrios:
Letra A: correta. Cartis so acordos entre concorrentes que
podem ter como objetivo fixao de preos ou quotas de produo,
diviso de clientes e de mercados de atuao, boicote a distribuidores e
fornecedores e adoo de conduta preestabelecida em licitao pblica.
Letra B: correta. A venda casada pode caracterizar ilcito
anticoncorrencial, funcionando, tambm, como instrumento de presso ao
consumidor.
Letra C: correta. Os acordos de exclusividade so restries
concorrncia, podendo caracterizar infraes ordem econmica.
Letra D: errada. A joint venture pode, sim, caracterizar prtica
abusiva e ilcito anticoncorrencial.
Letra E: correta. O art. 36, da Lei n 12.529/2011, nos explica
que so consideradas infraes ordem econmica os atos que limitem a
livre concorrncia ou que possam limit-la, ainda que isso no seja
alcanado.
Art.
36.
Constituem
infrao
da
ordem
econmica,
independentemente de culpa, os atos sob qualquer forma
manifestados, que tenham por objeto ou possam produzir os
seguintes efeitos, ainda que no sejam alcanados:
I - limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre
concorrncia ou a livre iniciativa;
II - dominar mercado relevante de bens ou servios;
III - aumentar arbitrariamente os lucros; e
IV - exercer de forma abusiva posio dominante.
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LISTA DE QUESTES
1.
(ANP Especialista rea 9/2012) A poltica de
concorrncia tem por finalidade estimular a concorrncia nos
mercados em que ameaada, utilizando, tambm, a ao dos
rgos incumbidos desse tipo de interveno.
2.
(Polcia Civil / PA - 2006) A prtica de preos baixos deve ser
incentivada pelo regulador e devem ser utilizados todos os
instrumentos
necessrios
para
que
os
preos
baixem,
independentemente das consequncias sobre o setor produtivo
regulado.
3.
(SEGER / ES 2007) A presena de economias crescentes de
escala em determinada indstria indica a existncia de fortes
presses competitivas nesse mercado, excluindo, pois, a sua
monopolizao.
4.
(Polcia Civil / PA - 2006) Cabe ao regulador promover a
concorrncia entre empresas de um mesmo setor, o que permite a
formao de barreiras entrada de novas empresas no setor em
questo.
5.
(Polcia Civil / PA-2006) Todo tipo de monoplio natural
deve ser coibido pelo regulador a fim de que promova a
concorrncia por meio da quebra desse monoplio.
6.
(TCE / AC 2009) A imposio da regra competitiva de
formao de preos nos monoplios naturais como os que
prevalecem no setor de utilidades pblicas, alm de melhorar o
bem-estar dos consumidores, garante tambm lucros puros para
as empresas que operam nesses mercados.
7.
(Agente Polcia Federal 2009) A regulao do mercado,
exercida
pelas
agncias
reguladoras
e
pelo
Conselho
Administrativo da Defesa Econmico (CADE), necessria para,
entre outras funes, coibir os abusos resultantes da atuao dos
monoplios naturais, que se caracterizam pela maior eficincia
alcanada nos casos de elevadas economias de escala ou de
escopo em relao ao tamanho do mercado.
8.
(Prefeitura de Vila Velha 2007) Em um monoplio natural,
o regulador no pode igualar o preo ao custo marginal sob pena
de levar o monopolista ao lucro negativo na prtica de tal preo
regulado.
9.
(Agente da Polcia Federal 2002) A regulao visa criar
sistemas de competio em setores que tendem a funcionar sob o
regime de monoplios naturais, que provocam a existncia de
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custos fixos importantes, grande proporo de investimentos
irreversveis, gerando barreiras entrada de novos investidores.
10.
(TCE / AC 2008) A produo de servios de transporte de
massa como o metr caracteriza-se pelo fato de os custos
marginais de produo desses servios serem superiores aos
custos mdios.
11.
(Analista MPU / 2010) Toda empresa que apresenta custo
mdio decrescente para toda a sua produo considerada um
monoplio natural.
12.
(Prefeitura de Vila Velha 2007) Oligoplios se comportam
estrategicamente no mercado de maneira ilcita e devem ser
controlados por agentes reguladores de mercado.
13. (ANP Especialista rea 9/2012) Para a escola de Harvard,
a concorrncia deve ser almejada como um fim em si mesma. J a
escola de Chicago considera o modelo de estrutura-condutadesempenho como seu princpio orientador.
14. (ANP Especialista rea 9/2012) A escola de Chicago
busca a maximizao da eficincia e o direito antitruste est
centrado na proteo do bem-estar do consumidor, seguindo o que
preconiza a teoria marginalista.
15. (ANP Especialista rea 9/2012) A estrutura de mercado
est relacionada ao modelo estrutura-conduta-desempenho, cujas
caractersticas comuns das firmas esto ligadas aos aspectos do
grau de concentrao, s barreiras entrada e existncia de
produtos substitutos.
16. (ANP Especialista rea 9/2012) O principal problema da
escola de Harvard, de acordo com os tericos da escola de
Chicago, que a concentrao uma condio necessria, mas
no suficiente. Estruturas concentradas que resultam em
economia de recursos capaz de compensar os seus efeitos
anticompetitivos no podem ser consideradas ineficientes.
17. (ANATEL-Especialista-rea 5/2004) No mbito das polticas
regulatrias no Brasil, a posio dominante, baseada no elevado
percentual
do
mercado
(market
share)

apenada,
independentemente de haver ou no prejuzo livre concorrncia.
18.
(Juiz Federal TRF 3 Regio 2011) A posio
dominante de uma empresa ou grupo no mercado, ou seja, a sua
participao significativa, causa, por si s, de interveno das
autoridades antitruste.

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19.
(ANATEL- Especialista - rea 5/2004) Ocorre posio
dominante quando uma empresa ou grupo de empresas controla
uma parte significativa do mercado relevante, unicamente, como
fornecedor dos produtos comercializados nessa indstria.
20. (ANAC-Tcnico em Regulao rea 2 / 2012) O mercado
pode ser compreendido como uma instituio social, um produto
da histria da humanidade, uma instituio poltica destinada a
regular e a manter determinadas estruturas de poder que
asseguram a prevalncia dos interesses de certos grupos sobre os
interesses de outros grupos sociais.
21. (ANP Especialista rea 9/2012) Da definio de mercado
relevante desconsidera-se a unidade bsica de anlise sobre a
qual ser mensurado o grau de concentrao do mercado, pois
necessrio que ele apresente importncia econmica.
22. (ANP Especialista rea 9/2012) A determinao de um
mercado relevante ocorre em termos dos produtos ou dos servios
que o compem e da rea geogrfica sobre a qual um possvel
monopolista impor um aumento de preos significativo e no
transitrio.
23.
(ANP Especialista rea 9/2012) Para avaliar prticas
anticompetitivas, o monopolista hipottico indica, entre vrios
testes possveis, que o mercado relevante definido como o
menor grupo de produtos e a menor rea geogrfica, que
condio para um suposto monopolista impor um aumento de
preos.
24.
(ANATEL-Especialista-rea 5/2004) Os fatores que definem
o mercado relevante incluem, entre outros, a identificao das
barreiras entrada, assim como as condies de entrada, a
descrio da estrutura do mercado, a identificao do padro de
competio e os competidores ou entrantes potenciais.
25. (Juiz Federal TRF 3 Regio 2011) Mercado relevante
material refere-se rea geogrfica, ou seja, ao local que se
deseja analisar em termos de concorrncia.
26. (Juiz Federal TRF 3 Regio 2011) O conceito de
mercado relevante relaciona-se definio, para anlise
concorrencial, do espao geogrfico dos agentes econmicos e de
todos os produtos e servios substituveis entre si, nesse mercado.
27.
(ANAC-Tcnico em Regulao rea 2 / 2012) A aplicao
de preos predatrios considerada prtica restritiva vertical.

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28. (ANAC-Tcnico em Regulao rea 2 / 2012) O principal
objetivo da cartelizao a maximizao dos lucros. Por esse
motivo, os membros do cartel mantm sua autonomia jurdica,
mas perdem a financeira.
29.
(SECONT / ES 2009) A venda injustificada, por
determinada empresa, de mercadoria com preo abaixo do seu
custo de produo constitui prtica conceituada como preo
predatrio, ainda que no seja possvel provar que houve efetivo
prejuzo para a concorrncia.
30.
(SECONT / ES 2009) O poder de mercado prejudicial
quando permite que as empresas estabeleam preos abusivos e
adotem prticas desleais com os concorrentes e, tambm, por
aumentar a possibilidade da criao de cartis de preos.
31.
(Juiz Federal TRF 3 Regio 2011) Considere que uma
empresa de laticnios, detentora de 15% do mercado de
processamento e pasteurizao de leite tipo C em determinado
estado da Federao, venda o produto abaixo do preo de custo.
Deve-se analisar, necessariamente, uma possvel justificativa para
a conduta, como, por exemplo, o fato de o produto ser perecvel,
estando iminente a expirao de sua validade para consumo.
32.
(ANAC-Tcnico em Regulao rea 2 / 2012) Os trustes
horizontais ocorrem quando so constitudos por empresas do
mesmo ramo, j os verticais ocorrem quando as empresas podem
ser de ramos diferentes.
33. (ANAC-Tcnico em Regulao rea 2 / 2012) O truste
corresponde a uma modalidade de integrao de empresas, na
qual os acionistas de uma dada sociedade confiam a uma terceira
pessoa os direitos relativos s aes de sua propriedade, que
passam a ser exercidos por essa pessoa o trustee , como se
fosse o seu titular.
34. (ANP Especialista rea 9/2012) Ainda que no aumente o
grau de concentrao no mercado relevante, a verticalizao
poder aumentar a capacidade de exerccio de poder de mercado,
caso se constitua uma barreira elevada entrada ou facilite a
coordenao de decises.
35.
(ANP Especialista rea 9/2012) Um exemplo de
concentrao vertical no mercado brasileiro a AMBEV, unio das
cervejarias Antarctica e Brahma, que controla um nico setor.
36.
(ANATEL-Especialista-rea 5/2004) Restries verticais
correspondem a quaisquer arranjos entre elos da cadeia do
fabricante ao varejista que limitam a autonomia desses agentes
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para definir suas prprias polticas comerciais e escolher os seus
parceiros nas transaes.
37.
(ANATEL-Especialista-rea 5/2004) Os custos de eficincia
das fuses e aquisies so nulos porque a unificao de plantas
promove o melhor uso de recursos, reduz custos e permite operar
em escala compatvel com congneres estrangeiras, fortalecendo,
assim, a posio competitiva da empresa.
38.
(ANATEL-Especialista-rea 5/2004) No caso das prticas
verticais, o principal efeito anticoncorrencial o de reduzir ou
eliminar a concorrncia no mercado relevante, por exemplo, por
meio da formao de cartis e outros acordos entre empresas ou
mediante o uso de preos predatrios.
5/2004)
As
inovaes
39. (ANATEL-Especialista-rea
tecnolgicas no setor de telecomunicaes, ao reduzirem os custos
fixos, permitindo, assim, uma maior divisibilidade da produo,
contribuem para estimular a competio nesse setor.
40.
(ANATEL-Especialista-rea
5/2004)
Um
processo
de
cartelizao bem-sucedido, alm de exigir que a demanda de
mercado seja preo-elstica, subordina, tambm, a celebrao dos
contratos aceitao de obrigaes complementares que no
tenham ligao com o objeto desses contratos (as chamadas
clusulas de tie-in).
41.
(ANATEL-Especialista-rea 5/2004) O suposto acordo entre
empresas farmacuticas, no Brasil, para boicotar distribuidores
que vendiam medicamentos genricos ilustra um tipo de conduta
classificvel como um caso de cartel.
42. (ANATEL-Especialista-rea 5/2004) O fato de muitos postos
de gasolina, em vrias cidades brasileiras, praticarem paralelismo
de preos suficiente para estabelecer que essas empresas
constituem um cartel, caso em que so passveis de punio no
mbito da legislao antitruste.
43.
(ANATEL-Especialista-rea 5/2004) No Brasil, a poltica de
concorrncia, alm de incluir a liberalizao comercial, que exps
a indstria brasileira competio externa, contm, tambm,
esquemas regulatrios destinados a impedir condutas que
impliquem abusos de mercado, melhorando, assim, as condies
de competio no mercado interno.
44. (ANATEL-Especialista-rea 5/2004) A propriedade ou o
controle de insumos essenciais produo constitui uma forma de
barreira entrada e, nesse sentido, podem explicar a existncia de

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imperfeies
oligoplios.

de

mercado,

tais

como

os

monoplios

os

45.
(ANTAQ Especialista-Cargo 2/2005) Prticas restritivas
utilizadas para limitar a concorrncia incluem acordos sobre
limites de produo, repartio de mercados ou fontes de
abastecimento e ligao de contratos (clusulas de tie-in).
46.
(ANTAQ Especialista-Cargo 2/2005) A prtica de uma
empresa de software que cria incompatibilidades entre os
produtos que fabrica e os de concorrentes pode ser interpretada
como uma vantagem no competitiva, contribuindo, assim, para
restringir a concorrncia no mercado de software.
47.
(ANTAQ Especialista-Cargo 2/2005) A concentrao
econmica
horizontal
ocorre
quando
uma
empresa,
no
desdobramento de suas atividades, adquire outra a montante ou
a jusante ao longo da cadeia produtiva (mercado-alvo), como,
por exemplo, as cervejarias que compem a AMBEV e seus
respectivos distribuidores.
48.
(Juiz Federal TRF 1 Regio/2009) Assinale
opo incorreta com relao s infraes ordem econmica.

a) Cartel um acordo abusivo de agentes econmicos, representando


combinao de preos, com o objetivo de restringir produtos e dividir
mercados.
b) A venda casada considerada instrumento de presso ao consumidor.
c) Conceder exclusividade para divulgao de publicidade nos meios de
comunicao de massa pode caracterizar infrao da ordem econmica.
d) No caso de joint venture concentracionista, no possvel configurar
prtica abusiva.
e) Limitar a livre iniciativa ser considerado infrao ordem econmica,
ainda que seu efeito no seja alcanado.

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GABARITO
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C
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39.
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48. Letra D

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