3.8-Gerencia de Risco
3.8-Gerencia de Risco
3.8-Gerencia de Risco
BRASLIA-DF.
Elaborao
Paulo Rogrio Albuquerque de Oliveira
Produo
Equipe Tcnica de Avaliao, Reviso Lingustica e Editorao
Sumrio
APRESENTAO................................................................................................................................. 5
ORGANIZAO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6
INTRODUO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
ESTATSTICA.......................................................................................................................................... 10
CAPTULO 1
ESTATSTICA DESCRITIVA E INFERENCIAL ................................................................................... 10
UNIDADE II
RISCOS, SISTEMAS E CONFIABILIDADE .................................................................................................. 27
CAPTULO 2
O QUE RISCO? .................................................................................................................... 29
CAPTULO 3
DISPONIBILIDADE E CONFIABILIDADE ...................................................................................... 36
CAPTULO 4
LGEBRA BOOLEANA ............................................................................................................. 39
CAPTULO 5
EVOLUO DAS AES PREVENCIONISTAS ............................................................................ 41
CAPTULO 6
A CONDIO INSEGURA DO ATO INSEGURO:
O MITO .................................................................................................................................. 44
CAPTULO 7
ENGENHARIA DE SEGURANA DE SISTEMAS............................................................................ 50
CAPTULO 8
ASPECTOS CONCEITUAIS DA ANLISE DE ACIDENTES .............................................................. 53
CAPTULO 9
ASPECTOS FINANCEIROS E ECONMICOS DA GERNCIA DE RISCOS..................................... 56
UNIDADE III
ANLISE DE RISCOS: REVISO SISTMICA ............................................................................................. 58
CAPTULO 10
SER HUMANO TEM AVERSO AO RISCO? ................................................................................ 63
CAPTULO 11
DIALTICA DO RISCO ............................................................................................................. 66
CAPTULO 12
AVALIAO E COMUNICAO DE RISCOS ............................................................................ 76
CAPTULO 13
PROCESSOS DE AVALIAO DE PERIGO................................................................................. 81
UNIDADE IV
TCNICAS ATRIBUDAS ESPECIFICAMENTE AO ENGO SEG. TRABALHO ................................................... 88
CAPTULO 15
ANLISE PRELIMINAR DE PERIGO APR ................................................................................... 89
CAPTULO 15
FAILURE MODES AND EFFECT ANALYSIS FMEA ...................................................................... 92
CAPTULO 16
ANLISE DE RVORE DE FALHA AAF (FAULT TREE ANALYSIS FTA) ........................................ 106
CAPTULO 17
ANLISE DE RVORE DE EVENTOS AAE (EVENT TREE ANALYSIS ETA) ................................... 122
CAPTULO 18
ESTUDO DA OPERABILIDADE E PERIGO (HAZARD AND OPERABILITY STUDIES HAZOP) ............ 127
CAPTULO 19
LIMITAES DA ANLISE DE RISCOS E RESUMO .................................................................... 137
PARA (NO) FINALIZAR ................................................................................................................... 140
REFERNCIAS ................................................................................................................................ 141
Apresentao
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa rene elementos que se entendem
necessrios para o desenvolvimento do estudo com segurana e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinmica e pertinncia de seu contedo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas metodologia da Educao a Distncia EaD.
Pretende-se, com este material, lev-lo reflexo e compreenso da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos especficos da rea e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convm ao profissional que busca a formao continuada para
vencer os desafios que a evoluo cientfico-tecnolgica impe ao mundo contemporneo.
Elaborou-se a presente publicao com a inteno de torn-la subsdio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetria a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
Organizao do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os contedos so organizados em unidades, subdivididas em captulos, de
forma didtica, objetiva e coerente. Eles sero abordados por meio de textos bsicos, com questes
para reflexo, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradvel. Ao
final, sero indicadas, tambm, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrio dos cones utilizados na organizao dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocao
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou aps algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questes inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faa uma pausa e reflita
sobre o contedo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocnio. importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experincias e seus sentimentos. As
reflexes so o ponto de partida para a construo de suas concluses.
Praticando
Sugesto de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didtico de fortalecer
o processo de aprendizagem do aluno.
Ateno
Chamadas para alertar detalhes/tpicos importantes que contribuam para a
sntese/concluso do assunto abordado.
Saiba mais
Informaes complementares para elucidar a construo das snteses/concluses
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informaes relevantes do contedo, facilitando o
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exerccio de fixao
Atividades que buscam reforar a assimilao e fixao dos perodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relao a aprendizagem de seu mdulo (no
h registro de meno).
Avaliao Final
Questionrio com 10 questes objetivas, baseadas nos objetivos do curso,
que visam verificar a aprendizagem do curso (h registro de meno). a nica
atividade do curso que vale nota, ou seja, a atividade que o aluno far para saber
se pode ou no receber a certificao.
Para (no) finalizar
Texto integrador, ao final do mdulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem
ou estimula ponderaes complementares sobre o mdulo estudado.
INTRODUO
Bem-vindo disciplina Gerncia de Risco GR. Este o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa,
material bsico aos conhecimentos exigidos da Engenharia de Segurana do Trabalho EST.
Voc j fez uma anlise de risco
ao olhar o cu, decidir por levar ou no o guarda-chuva?
ao comprar um imvel ou um nibus?
ao decidir por autorizar ou no os filhos a viajar com os amigos?
ao escolher entre tirar nota baixa e colar em uma prova?
ao atravessar a rua?
ao aceitar ou no uma proposta de emprego?
ao encontrar um caminho bastante lento em aclive sinuoso: ultrapassa ou freia
forte?
ao dizer sim no casamento?
ao planejar uma viagem de frias?
Faz-se anlise de risco o tempo todo, porm de maneira aleatria. As decises mudam e nem sempre
todos os aspectos so considerados. Esta disciplina mediante as tcnicas de analise de risco ajudar
a decifrar, a entender, a avaliar o meio ambiente do trabalho sob a perspectiva da EST.
A nfase deste curso est na abordagem estatstico-probabilstica juntamente s tcnicas de anlise
de risco difundidas pela Engenharia de Segurana de Sistemas, assim entendida1:
a cincia que se utiliza de todos os recursos que a engenharia oferece,
preocupando-se em detectar toda a probabilidade de incidentes crticos
que possam inibir ou degradar um sistema de produo, com o objetivo de
identificar esses incidentes crticos, controlar ou minimizar sua ocorrncia e
seus possveis efeitos.
Desejamos a voc um trabalho proveitoso sobre os temas abordados. Lembre-se de que, apesar de
distantes, estamos muito prximos.
Segundo DE CICCO e FANTAZZINI (1977), a Engenharia de Segurana de Sistemas foi introduzida na Amrica Latina pelo
engenheiro Hernn Henriquez Bastias, sob a denominao de Engenharia de Preveno de Perdas.
Objetivos
Discutir aspectos tericos e prticos sobre gerenciamento de riscos, utilizando
ferramentas na anlise de riscos e tomada de deciso voltados engenharia de
Segurana do Trabalho.
Conhecer a utilizao de tcnicas de anlise de riscos como ferramentas para uma
gesto de riscos.
Apropriar-se dos mecanismos de controle para interveno ambiental.
Entender as definies bsicas da EST, classificando e identificando o perigo, o risco
e o fator de risco ambiental.
Capacitar-se para avaliao e gesto de riscos.
Interpretar corretamente as tcnicas, os mtodos e os testes estatsticos e
probabilsticos que instrumentalizam a Engenharia de Segurana do Trabalho.
UNIDADE I ESTATSTICA
ESTATSTICA
UNIDADE I
CAPTULO 1
Estatstica Descritiva e Inferencial
Estatstica descritiva
Estatstica descritiva a apresentao, organizao, sumarizao e descrio de um conjunto de
dados. Relaciona-se com grficos, tabelas e clculos de medidas com base em uma coleo de dados
numricos. Encarrega-se de descrever um conjunto de dados desde a elaborao da pesquisa at o
clculo de determinada medida.
Estatstica inferencial
Estatstica Inferencial o mtodo que torna possvel a estimativa de caractersticas de uma
populao, baseado nos resultados amostrais. Seu incio se deu sobre a formulao matemtica da
teoria da probabilidade em jogos de azar.
Definies importantes s estatsticas.
Indivduos so os objetos descritos por um conjunto de dados. Os indivduos podem ser pessoas,
mas podem tambm ser animais ou objetos.
Varivel qualquer caracterstica de um indivduo. Uma varivel pode tomar valores diferentes
para indivduos distintos.
Populao o conjunto de indivduos, podendo ser finita ou no.
Amostra a parte finita e representativa da populao, capaz de reproduzir as caractersticas da
populao. Subconjunto da populao. O processo de extrao da amostra chamado amostragem.
Varivel categrica indica a qual de diversos grupos ou categorias um indivduo pertence.
10
ESTATSTICA
UNIDADE I
Varivel quantitativa toma valores numricos com os quais tem sentido efetuar operaes
aritmticas, como somar ou tomar mdias.
Amostra aleatria simples (AAS) de tamanho n consiste em n indivduos ou elementos da
populao, escolhidos de maneira que qualquer conjunto de n indivduos tenha a mesma chance de
constituir a amostra extrada.
Teorema central do limite como considerar uma AAS de tamanho n extrada de uma populao
qualquer com mdia e desvio padro finito . Quando n grande, a distribuio amostral da mdia
amostral se aproxima da distribuio normal N(,/ n ) com mdia e desvio padro / n .
Valor P do teste a probabilidade - supondo-se H0 verdadeira de estatstica de um teste assumir
um valor no mnimo to extremo quanto o valor efetivamente observado. Quanto menor for o valor
P, mais forte ser a evidncia contra H0 fornecida pelos dados.
Nvel de significncia o valor decisivo de P representado por .
Moda
Quando a varivel quantitativa, a nica medida que se pode utilizar a moda. Esta medida a
categoria da varivel mais frequente numa distribuio, ou seja, o valor da varivel mais comum.
Distribuio de motoristas de nibus segundo local de refeio (So Paulo, 1991).
Local
No
No bar
169
No nibus
125
Em casa
78
No comeu
64
Outro
28
Total
464
Neste exemplo, a moda do local de refeio No bar, pois esta a categoria da varivel que
apresentou a maior frequncia (f = 169), indicando que o mais comum os motoristas fazerem suas
refeies no bar.
Mdia
A medida mais comum das medidas de centro a mdia aritmtica, ou simplesmente mdia:
x =
1
xi
n
11
UNIDADE I ESTATSTICA
Tabela 1: Planilha dos nmeros de acidentes de trabalho.
TOTAL
Mdia
Anos
Motivo
Total
Total
Tpico
Trajeto
Doena do
Trabalho
Sem CAT.
Registrada
2008
755.980
551.023
441.925
88.742
20.356
204.957
2009
733.365
534.248
424.498
90.180
19.570
199.117
2010
701.496
525.206
414.824
94.789
15.593
176.290
730.280
536.826
427.082
91.237
18.506
193.455
Deve ser utilizado em variveis quantitativas. Esta medida sempre existe e quando calculada admite
um nico valor, porm, sofre grande influncia de valores discrepantes, sendo atrada por esse valor
se houver uma baixa frequncia dos dados.
Mediana
o valor do meio. Divide a distribuio de frequncias em duas partes, permanecendo 50% abaixo
e 50% acima do valor mediano. Utiliza-se o seguinte procedimento para encontrar a mediana.
a. Verificar se os intervalos esto em ordem crescente.
b. Construir a frequncia acumulada.
c. Encontrar a posio da mediana:
se n for par, a posio ser: p =
se n for mpar: p =
n
2
(n + 1)
2
n
2 f
Md
= Li +
Fmd
12
ESTATSTICA
UNIDADE I
Anos (x)
F acumulada
02
24
15
23
46
30
68
34
Posio da mediana: n=34, ento p = 34/2 = 17 e o intervalo mediano o segundo, pois antes deste
na frequncia acumulada h 8 elementos da distribuio e o valor 17 est contido no intervalo que
vai de 2 anos a 4 anos, assim, para utilizar a frmula da mediana, trabalhamos com os valores deste
intervalo:
Li = 2
f = 8
H=42=2
Fmd = 15
34
2 82
=
2+
3, 2 anos
Md =
15
Medidas de disperso
Quartis
Os quartis delimitam a metade central dos dados. Fazendo a contagem na lista ordenada de
observaes, a partir da menor, o primeiro quartil est no primeiro quarto do caminho. O terceiro
quartil est a trs quartos do caminho. Em outras palavras, o primeiro quartil supera 25% e o
terceiro quartil supera 75% das observaes, O segundo quartil a mediana, que supera 50% das
observaes.
Para calcular os quartis, dispomos as observaes em ordem crescente e localizamos a mediana Md
na lista ordenada de observaes.
a. O primeiro quartil Q1 a mediana das observaes que esto esquerda da mediana
13
UNIDADE I ESTATSTICA
Variao amostral
Como se deseja medir a disperso dos dados em relao mdia, interessante analisar os desvios
de cada valor (xi) em relao a mdia x , isto : di = (xi - x ). A varincia, S2, de uma amostra de n
medidas igual soma dos quadrados dos desvios dividida por (n-1), assim:
=
S
2
(x
=
i
n 1
x)2
n 1
=
S
=
S2
(x
x)2
n 1
Regra emprica: para qualquer distribuio amostral com mdia x e desvio padro S, tem-se o
seguinte.
c. O intervalo x S contm entre 60% e 80% de todas as observaes amostrais. A
porcentagem aproxima-se de 70% para distribuies aproximadamente simtricas,
chegando a 90% para distribuies fortemente assimtricas.
d. O intervalo x 2S contm, aproximadamente, 95% das observaes amostrais
para distribuies simtricas e, aproximadamente, 100% para distribuies com
assimetria elevada.
e. O intervalo x 3S contm, aproximadamente, 100% das observaes amostrais
para distribuies simtricas.
14
ESTATSTICA
UNIDADE I
Teorema de Tchebycheff: para qualquer distribuio amostral com mdia x e desvio padro S,
tem-se o seguinte.
O intervalo x 2S contm, no mnimo, 75% de todas as observaes amostrais.
O intervalo x 3S contm, no mnimo, 89% de todas as observaes amostrais.
S
100
x
Se:
Se:
C.V. 15%
Escore padronizado
Outra medida relativa de disperso para uma medida xi. dado por:
Zi =
xi x
S
Para detectar observaes que fogem das dimenses esperadas outliers, pode-se calcular o escore
padronizado (Zi), considerar outliers as observaes cujos escores, em valor absoluto (em mdulo),
sejam maiores do que 3.
Estatstica Inferencial
Antes de adentrar inferncia, importante destacar a populao e os conjuntos populacionais
relacionados EST. Segue um diagrama de Venn, para melhor visualizar essas dimenses.
2
1
3
4
15
UNIDADE I ESTATSTICA
A Populao Economicamente Ativa PEA2, rea (2) do diagrama, tambm denominada de
populao-alvo ou base populacional, constituda pela populao ocupada e pela populao
desocupada. A populao ocupada compreende as pessoas que trabalham os indivduos que tm
patro; as que exploram seu prprio negcio e as que trabalham sem remunerao, com ajuda a
membros da famlia nos setores pblico e privado e nos servios domsticos remunerados.
A populao desocupada compreende as pessoas que no tm ou efetivamente esto procurando
ocupao, em um determinado perodo de referncia, e incorpora o conceito de disponibilidade
para assumir o trabalho.
A Populao Real (3), normalmente alvo de estudos da EST, denominada universo amostral,
censitria (N), em destaque no diagrama, est contida na PEA e constituda por vnculos
empregatcios que foram declarados mensalmente no Cadastro Nacional de Informaes Sociais
CNIS3 pelas empresas, por intermdio da Guia do Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo
de Servio FGTS e Informao da Previdncia Social GFIP4.
A Populao de Estudo (4) amostral (n) , subconjunto da populao real, constituda por
vnculos empregatcios das empresas pertencentes a uma determinada CNAE-Classe. O somatrio
das populaes de estudo resulta na Populao Real. Essa a mais importante para o EST, pois
a que normalmente est disponvel, cujos nmeros so compatveis com as quantidades de
empregados listadas no PPRA e PCMSO.
Finalmente, h ainda a Populao Externa (1) formada pelos demais cidados brasileiros cujos
indivduos no guardam conexo nem interesses afins com este estudo, todavia possvel lhes fazer
alguma extrapolao.
De volta inferncia, normalmente parte-se das caractersticas amostrais para inferi-las na
populao, da o nome inferncia. A estatstica inferencial pode ser indutiva (da amostra para
populao) ou dedutiva (da populao para amostra).
Distribuio normal
As distribuies normais so descritas por uma famlia especial de curvas de densidade simtricas, em
forma de sino, chamadas curvas normais. A mdia e o desvio padro especificam completamente
uma distribuio normal N(,). A mdia o centro da curva, e o a distncia de aos pontos de
mudana da curvatura da curva de cada lado da mdia.
Todas as curvas normais so as mesmas, quando as medidas so tomadas em unidades de em
torno da mdia. Tais medidas se chamam observaes padronizadas. O valor padronizado z de uma
observao x :
z=
16
ESTATSTICA
UNIDADE I
17
UNIDADE I ESTATSTICA
Figura 3: Vinte e cinco amostras da mesma populao originam esses intervalos de 95% de confiana
Em longo prazo, 95% de todas as amostras do um intervalo que contm a mdia populacional.
Um intervalo de confiana de nvel - C - para a mdia populacional de uma populao normal com
desvio padro conhecido, baseado em AAS de tamanho n, dado por:
x z*
desvio padro de x .
No realista supormos conhecido o desvio padro da populao. Mais a frente veremos como
proceder quando desconhecido. Aqui, z* escolhido de modo que a curva normal padronizada
tenha rea C entre z* e z*. Em virtude do teorema central do limite, esse intervalo aproximadamente
correto para grandes amostras quando a populao no normal.
18
ESTATSTICA
UNIDADE I
Figura 4: Probabilidade central C sob uma curva normal padronizada encontrada entre -z* e z.
O nmero z* chamado valor crtico p superior da distribuio normal padronizada para p= (1C)/2. A tabela de distribuio t contm os valores crticos para vrios nveis de confiana.
O tamanho da amostra necessria para obter um intervalo de confiana com margem de erro
2
z*
*
especificada m para uma mdia normal : n =
, onde z o valor crtico para o nvel de
m
confiana desejado. Arredonde n sempre para cima quando aplicar esta frmula.
Uma diretriz para um determinado intervalo de confiana correta somente sob condies especficas.
As condies mais importantes dizem respeito ao mtodo para gerar os dados. Entretanto, so
tambm importantes outros fatores, tais como a forma da distribuio da populao.
A realizao do teste de significncia tem por objetivo avaliar a evidncia proporcionada pelos dados
contra uma hiptese nula H0, em favor de uma hiptese alternativa Ha.
As hipteses so formuladas em termos de parmetros populacionais. Em geral, H0 uma afirmao
de que no h efeitos presentes, e Ha afirma que um parmetro difere do seu valor nulo em uma
direo especfica (alternativa unicaudal) ou em duas direes (alternativa bicaudal).
19
UNIDADE I ESTATSTICA
Essencialmente, o raciocnio de um teste de significncia o seguinte: suponha, por questo de
argumento, que a hiptese nula seja verdadeira. Se repertimos muitas vezes a nossa produo de
dados e obtermos frequentemente dados inconsistentes com H0, h a observao de que a hiptese
nula seja pouco provvel, dando evidncia contra Ho.
Para auxiliar uma deciso com base na inferncia, utiliza-se um nvel de significncia . Por
exemplo, se escolhermos = 0,05, estamos impondo que os dados apresentem contra Ho uma
evidncia to forte que o fato no ocorreria mais de 5% das vezes (5 em cada 100) quando Ho fosse
verdadeiro. Se escolhermos = 0,01, estamos impondo uma evidncia ainda mais forte contra Ho,
uma evidncia to forte que o fato s ocorreria 1% das vezes (1 em cada 100) no caso de Ho ser
verdadeira.
Se o valor P , no mximo, igual a um valor especfico , os dados so estatisticamente significantes
no nvel de significncia. O fato de ser significante no sentido estatstico no quer dizer
importante, mas simplesmente que pouco provvel ocorrer apenas por acaso.
Os testes de significncia para a hiptese H0: =0, relativa media desconhecida de uma
populao, baseiam-se na estatstica z:
z=
x 0
O teste z pressupe uma AAS de tamanho n, um desvio padro populacional conhecido, e uma
populao normal ou uma amostra grande. Os valores P so calculados a partir da distribuio
normal (tabela de probabilidade normal padronizada).
Nos testes com fixo utiliza-se tabela de valores crticos normais padronizados (linha inferior da
tabela de valores crticos de distribuio t).
Eis o esboo do raciocnio de um teste de significncia.
Formular as hipteses: H0: =0, ouH0: 0.
Calcular a estatstica de teste z.
z=
x 0
20
ESTATSTICA
UNIDADE I
H0 : antes = depois e
Onde:
Empregado
Produtividade
Antes
Depois
Diferena
Joo
Maria
Jos
Pedro
Rita
Joana
Flvio
Paulo
Catarina
Felipe
22
21
28
30
33
33
26
24
31
22
25
28
26
36
32
39
28
33
30
27
3
7
-2
6
-1
6
2
9
-1
5
Mdia
27
30,4
x 0
com um nvel de 5% de significncia e = 3,81 (no realista supor
n
x 27
= 1,645 =
x 28,981
conhecido o desvio padro da populao), teremos:
3,81
10
x 27
Como a mdia est
1,645 aos
x 28,981 , ento a hiptese H0 falsa. Dessa forma, o aumento
=superior
=
3,81
da produo resultado
do programa de treinamento estabelecido pela empresa. Uma alternativa
10
Aplicando a frmula: z =
para os testes de significncia considera H0 e Ha como duas afirmativas de igual status, entre as
quais devemos decidir. Esse ponto de vista de anlise de deciso focaliza a inferncia estatstica,
de modo geral, como fonte de regras para a tomada de decises em presena da incerteza.
21
UNIDADE I ESTATSTICA
No caso de teste H0 contra Ha, a anlise de deciso escolhe uma regra de deciso com base nas
probabilidades de dois tipos de erro. Ocorre um erro tipo I se rejeitarmos H0 quando ela , na
verdade, verdadeira. Ocorre um erro tipo II se aceitarmos H0 quando Ha verdadeira.
Ha verdadeira
Rejeitar H0
Erro tipo I
Deciso correta
Aceitar H0
Deciso Correta
Erro tipo II
O nvel de significncia de qualquer teste de nvel fixo a probabilidade de um erro tipo I. Ou seja,
a probabilidade de o teste rejeitar a hiptese nula H0 quando ela , na verdade, verdadeira. O
poder de um teste de significncia mede a sua capacidade de detectar uma hiptese alternativa. O
poder contra uma alternativa especfica a probabilidade de este rejeitar H0 quando a alternativa
verdadeira.
Para um teste de significncia de nvel , esse nvel a probabilidade de um erro tipo I, e o poder
contra uma alternativa especfica 1 menos a probabilidade de um erro tipo II para essa alternativa.
O aumento do tamanho da amostra acarreta aumento do poder (reduz a probabilidade de um erro
tipo II) quando o nvel de significncia permanece fixo.
Teste de mdia
Uma importante aplicao para EST o teste de mdia. Os testes e os intervalos de confiana
para a mdia de uma populao normal baseiam-se na mdia amostral x de uma AAS. Como
consequncia do teorema central do limite, os processos resultantes so aproximadamente corretos
para outras distribuies populacionais quando a amostra grande. A mdia amostral padronizada
a estatstica z de uma amostra,
z=
t=
x
s
n
22
ESTATSTICA
UNIDADE I
distribuio normal padronizada. A distribuio t(k) tende para a distribuio N(0,1)na medida em
que k aumenta.
x t*
s
n
Ha : depois> antes;
Onde:
antes: Produtividade mdia dos funcionrios antes do treinamento;
depois: Produtividade mdia dos funcionrios depois do treinamento.
Para colocar H0 prova, vamos observar os n = 10 funcionrios, antes e depois de receberem o
programa de treinamento. Os dados esto na tabela a seguir:
Aplicando a frmula: t =
teremos:=
t
x 0
com um nvel de 5% de significncia, 9 graus de liberdade e s = 3,81,
s
n
x 27
= 1,833 =
x 29,208
3,81
10
Como a mdia est superior aos x = 29,208, ento, a hiptese H0 falsa. Dessa forma, o aumento
da produo resultado do programa de treinamento estabelecido pela empresa.
23
UNIDADE I ESTATSTICA
t=
( x1 x2 ) ( 1 2 )
s12 s22
+
n1 n2
s12 s22
+
n1 n2
Tem nvel de confiana ao menos C, se t* o valor crtico (1-C)/2 superior para t(k), sendo k o menor
dos valores n1 1 ou n2 1. Os testes de significncia para H0: 1 = 2 baseados em t =
x1 x 2
tm
s12 s22
+
n1 n2
um valor P verdadeiro no superior ao calculado a partir de t(k). As diretrizes para o uso prtico
dos processos t de duas amostras so anlogas s diretrizes para os processos t para uma amostra.
Recomendam-se tamanhos iguais de amostras.
24
ESTATSTICA
UNIDADE I
Recada
No
Sim
Desipramina
14
10
Ltio
18
Placebo
20
Pretende-se testar a hiptese nula de que no h diferena entre as propores de sucessos para os
viciados que recebem os trs tratamentos (no h relao entre duas variveis categricas): H0: p1
= p2 = p3. A hiptese alternativa que existe alguma diferena, ou seja, as trs propores no so
todas iguais:Ha: p1, p2 e p3 no so todas iguais.
Para testar H0, comparamos os valores observados em uma tabela de dupla entrada com os valores
esperados, isto , os valores que esperaramos se H0 fosse verdadeira. Se os valores observados se
revelam muito diferentes dos valores esperados, h evidncia contra H0.
Valor esperado =
Esperados
No
Sim
No
Sim
14
10
16
Ltio
18
16
Placebo
20
16
Como 2/3 de todos os indivduos sofreram recada, esperamos que 2/3 dos 24 indivduos de cada
grupo experimentem recada se no h diferena entre os tratamentos. O teste estatstico que nos diz
se essas diferenas so estatisticamente significantes no utiliza propores amostrais; ele compara
os valores observados e os valores esperados.
Qui-quadrado
X =
2
valor esperado
X =
2
(14-8 )
8
(10-16 )
+
16
( 6-8 )
+
8
(18-16 )
+
16
( 4-8 )
+
8
( 20-16 )
+
16
25
Os valores do qui-quadrado como medida de distncia entre valores sempre apresentar valores
iguais ou superiores a zero, sendo que grandes valores indicam que os valores observados so
muito distantes dos valores que deveramos esperar e evidncia que H0 no verdadeira. Os valores
pequenos de X2 no constituem evidncia contra H0. X2 apresenta (r-1)(c-1) graus de liberdade.
A distribuio qui-quadrado uma aproximao da distribuio da estatstica X2. Podemos aplicar
com segurana essa aproximao quando os valores esperados das celas so superiores a 1, e no
mais de 20% so inferiores a 5.
Se o teste qui-quadrado acusa uma relao estatisticamente significante entre variveis, linha e
coluna em uma tabela de dupla entrada, prossiga a anlise para descrever a natureza da relao.
Uma anlise informal compara percentagens bem escolhidas, compara valores observados com
valores esperados e procura os maiores componentes de qui-quadrado.
26
RISCOS, SISTEMAS
E CONFIABILIDADE
UNIDADE II
UNIDADE II
Nesta unidade sero discutidos riscos, sistemas, falhas e confiabilidade que de resto importam para
notar o porqu da Gerncia de Risco e da Engenharia de Segurana do Trabalho. Por isso so dados
os fatores que as determinam com vistas ao controle de perdas, a saber: tecnolgicos, econmicos
e sociais.
Tecnolgicos
Econmicos
Sociais
Organizao da sociedade.
Consequncias
27
Essas perdas, chamadas de desfalques, possuem vrias naturezas, como se visualiza na figura 6.
Figura 6: Natureza dos desfalques (perdas) e cenrios de perigo, acidente, incidente e risco
PERDAS
Leso:
Leve, importante ou sria e/ou doena ocupacional
Humanas
Danos ou prejuzos:
Menor, importante, srio ou catastrfico
Ao Patrimnio
Impactos:
flora, fauna, gua, ao solo e ao ar
Ao Meio Ambiente
Essas perdas, por sua vez, decorrem da probabilidade de consumao do perigo (risco), como se
visualiza na Figura 7:
Figura 7: Cenrios de perigo, acidente, incidente e risco
28
UNIDADE II
CAPTULO 2
O Que Risco5?
Risco: para um conjunto de eventos distintos, dado por: Risco = (Fi x Ci), expresso em Fatalidades/
Ano; Dias Parados/ Ms; R$/ Ano; Mortes/ Ano etc. Onde: A Frequncia (F) pode ser expressa em:
eventos/ ano; acidentes/ ms etc.; Consequncia(C), decorrncia direta do perigo, pode ser expressa
em: Fatalidades/ Evento; Morte/ Acidente; R$/ Evento; Dias Perdidos/ Acidente etc.
Perigo circunstncia potencialmente capaz de acarretar algum tipo de perdas (danos ou prejuzos): humano, patrimonial
e ambiental. Salvaguardas aes ou medidas que visam evitar a consumao dos perigos. Risco avaliao do perigo,
associando-se a probabilidade da ocorrncia de um evento adverso e o potencial de gravidade das suas consequncias. Risco =
probabilidade x potencial de gravidade frequncia x consequncia
29
0,00004
Dirigir Automvel
0,00017
0,005
Riscos Involuntrios:
Acidente Areo (Reino Unido)
0,00000002
0,00000004
0,000015
Atropelamento
0,00006
0,0000001
Causa
Probabilidade
Todas as causas
9.0 x 10-3
Doenas do corao
3.4 x 10-3
Cncer
1.6 x 10-3
Todos os acidentes
4.8 x 10-4
Acidentes de trabalho
1.5 x 10-4
Veculos automotivos
2.1 x 10-4
Homicdios
9.3 x 10-5
Quedas
7.4 x 10-5
Afogamentos
3.7 x 10-5
Queimaduras
3.0 x 10-5
1.7 x 10-5
1.3 x 10-5
1.1 x 10-5
Trens
9.0 x 10-6
Aviao civil
8.0 x 10-6
Transporte martimo
7.8 x 10-6
Envenenamento por gs
7.7 x 10-6
Mordeduras
2.2 x 10-7
Fonte: (SOUZA, 1995).
Como visto, importante ter parmetros de comparao para poder elaborar um estudo de anlise
de riscos. As formas de medir o grau de importncia dos riscos so as mais variadas e dependem
diretamente do objetivo das anlises.
H vrios padres internacionais que podem ser adotados para se definir se um risco aceitvel ou
no passando, como sempre, pela avaliao da probabilidade de ocorrncia de um evento acidental
30
UNIDADE II
e pela extenso das suas consequncias. A Tabela 6 fornece uma ideia genrica dos limites de
aceitabilidade dos riscos para diversas reas.
Riscos
Probabilidade de ocorrncia
Risco Social
1x10-4 (EUA
1x10-6 Holanda)
Risco Aeronutico
1x10-8
1x10-4
Seguros
O que determina a importncia de um risco a combinao dos fatores acima (F x C). Para seguros,
por exemplo, se um determinado tipo de acidente bastante frequente, mas traz perdas associadas
muito pequenas, ele poder ser melhor suportado pela seguradora do que um risco pouco frequente
que traz consequncias mais importantes.
Portanto, avaliar estes parmetros com a mxima cautela e critrio o segredo de um estudo de
sucesso. O que pior?
Alta Frequncia de Ocorrncia
Motores Eltricos
Exploso de um botijo de gs
A percepo de risco inclina o ser humano, que se impressiona mais, s consequncias (perigos),
mas isso um erro; eventos frequentes podem ser mais arriscados. Todavia o julgamento sempre
depender dos critrios escolhidos de comparao. Observe o exemplo da Tabela 8:
Figura 8: Cidades mais arriscadas pelo critrio de acidente fatal
Por exemplo, ao considerar-se duas cidades A e B onde o risco de acidente fatal pode ser
descrito da seguinte maneira.
CIDADE
PROBABILIDADE OCORRNCIA
DO ACIDENTE
GRAVIDADE DO
ACIDENTE
RISCO DO
ACIDENTE
1.000 acidentes/ano
1 morte/acidente
1.000 mortes/ano
0,1 acidentes/ano
10.000 mortes/acidente
1.000 mortes/ano
A cidade A pode ser considerada como sendo tipicamente uma metrpole e o acidente em
questo ser devido ao trnsito. Ao longo de 10 anos, o total de mortos seria de 10.000.
J na cidade B ocorrem 0,1 acidentes/ano. No entanto, cada acidente gera 10.000 mortes
(acidente tipo terremoto). Em 10 anos, ter-se-ia, como na cidade A, 10.000 mortes.
31
de falha
Consequncias
perda financeira
perda patrimonial
perda de imagem
32
UNIDADE II
Teoria do Risco = 2P
Perigo x Probabilidade
Enquete: Avio ou nibus?
nibus
A/O
80.000,00
15.000,00
5,33
238,89
22,22
10,75
11.000,00
2,00
5.500,00
29.333,33
Ec = 80.000 x (238,89)2/2
Ec = 2.282,74 MJ
Ec = 15.000 x (22,22)2/2
Ec = 3.702,96 KJ
616,42
10.906,00
3.996,00
2.729,23
Energia Cintica
Ec = m x C2/2
Energia Mecnica Total
Percebe-se que a energia potencial gravitacional do avio mais de 29.333,33 vezes maior que a
do nibus. bvio: o avio possui muito mais desprendimento de energia e, portanto, muito mais
potencial de destruio que o nibus.
Quando se compara a energia cintica de ambos, percebe-se que bordo do avio a energia cintica
cerca de 616,42 vezes maior que em um de nibus. Fechada essa etapa do clculo. O avio 2.729,23
vezes mais perigoso quando o critrio Energia Mecnica Total. Mas, quem mais arriscado?
fcil encontrar, pela internet:
o risco de morrer em um acidente de avio 29 vezes menor do que andar de
nibus, 10 vezes menor do que trabalhar, 8 vezes menor do que andar a p;
a probabilidade de acidentes rodovirios 266 vezes maior que a dos areos;
o transporte areo registra 90 vezes menos vtimas que o de nibus;
ao menos nos EUA, o avio 11 vezes mais seguro que o nibus.
33
34
35
CAPTULO 3
Disponibilidade e Confiabilidade
Por estarem inseridas em um ambiente dinmico e mutvel, as organizaes podem sofrer perdas
associadas ao seu patrimnio, uma vez que o referido ambiente permeado de riscos. Assim, fazse necessrio a identificao antecipada de todos os fatores que geram ameaas ao patrimnio
organizacional, considerando que esta ao permite que sejam adotadas medidas preventivas,
visando evitar a ocorrncia das possveis perdas, principalmente humanas.
Em termos de evoluo, porm, observa-se que parte das aes relativas preveno de perdas
foi desenvolvida em virtude da grande incidncia de infortnios do trabalho, pois a severidade e a
frequncia das leses nos trabalhadores, os danos s mquinas e aos equipamentos, s instalaes
e ao processo produtivo, demandaram uma srie de esforos que, de incio, tinham como objetivo
prevenir e controlar tais eventos. Nesse contexto comparecem dois termos: disponibilidade e
confiabilidade (SOUZA, 1995).
A disponibilidade definida como frao ou percentual do tempo em que um componente ou
sistema se encontra disponvel para atender de forma satisfatria a uma demanda de funcionamento.
J a confiabilidade tida como a probabilidade de que o componente ou sistema desempenhe
com sucesso suas funes, por um perodo de tempo e condies especificadas (possui natureza
probabilstica; apresenta dependncia temporal; depende do critrio de sucesso considerado e varia
em funo das condies de operao).
Disponibilidade
36
Confiabilidade
UNIDADE II
ti
N
i=1
Q = R1 x R2 x R3 x R4
Onde:
Q = confiabilidade do sistema
Ri = confiabilidade do componente.
Caso haja um sistema composto de 6 componentes, em que cada um possui uma confiabilidade de
90%, a confiabilidade do sistema ser de 0,96 = 0,5314, ou seja, a confiabilidade ser de 53,14%.
Figura 12: Curva de probabilidades bacia de falhas ou curva da banheira indica graficamente os
trs tipos de falhas, em funo do tempo de ocorrncia, que ocorrem em equipamentos e sistemas.
Falhas prematuras: ocorrem durante o perodo de depurao devido a montagens
pobres (fracas) ou por possurem componentes abaixo do padro.
Falhas casuais: resultam de falhas complexas, incontrolveis e, algumas vezes,
desconhecidas. O perodo durante o qual as falhas so devidas principalmente a
falhas casuais, a vida til do componente ou do sistema.
37
38
UNIDADE II
CAPTULO 4
lgebra Booleana
A lgebra Booleana foi desenvolvida pelo matemtico Geoge Boole para o estudo da lgica. So
regras e expresses para aclarar e simplificar problemas complexos. Bastante til em condies
expressas por apenas dois valores: sim ou no, 0 ou 1 etc.
A lgica Booleana aplicada em rea como a de Informtica e montagens eletromecnicas que
incorporam um grande nmero de liga e desliga. tambm utilizada em anlise de probabilidade,
em estudos que envolvam decises e em segurana de sistemas.
Usam-se diagramas de Venn na Matemtica para simbolizar graficamente propriedades, axiomas e
problemas relativos teoria dos conjuntos, que podem ter operaes representadas a seguir.
Figura 13: Diagramas com axiomas e problemas relativos teoria dos conjuntos
Diferena de A
para B:
Diferena de B
para A:
Interseo de
dois conjuntos:
A\B
B\A
AB
Complementar de A em U:
Complementar de B em U:
AC = U \ A
BC = U \ B
AB
AB
U \ (A B)
LEI
A1=A
A0=0
Explicao
A nica parte dentro de 1, que 1 e A, aquela dentro do prprio
A.
A+0=A
A+1=1
A=A
Lei de Involuo
39
A=0
A+ =1
AA=A
A+A=A
AB = BA
A+B = B+A
Relaes Complementares
Lei de Idempotncia
Lei Comutativa
A(BC) = (AB)C
Lei Associativa
A+(B+C) = (A+B)+C
Lei de Absoro
A+(AB)=A
A+(AB)=A+AB= A(1+B)=A
A B = A + B
A + B = A B
40
UNIDADE II
CAPTULO 5
Evoluo das Aes Prevencionistas
Eis o incio de tudo: possibilitar s empresas um conceito de segurana preveno e eliminao
dos riscos que poderiam afetar os trabalhadores. Todos os estudos e pesquisas realizados giravam
em torno das leses que poderiam ser produzidas atravs dos acidentes de trabalho. Uma empresa
segura seria aquela onde ocorresse o menor nmero de acidentes e estes fossem enfocados segundo
o custo que produziam, sem haver a ponderao das diversas perdas patrimoniais que estavam
associadas ocorrncia desses acidentes.
Carvalho (1984), ao estudar as metodologias propostas para a investigao dos acidentes do trabalho
e os riscos que os deflagraram, faz um apanhado histrico e relata a existncia de quatro diferentes
modelos, sintetizados no quadro a seguir. Tais mtodos no so excludentes permitindo que, na
prtica, eles possam e devam ser utilizados de modo combinado.
COMPORTAMENTAL Utiliza o comportamento humano e suas avaliaes giram em torno do comportamento individual ou coletivo,
possibilitando vrios enfoques, entre os quais se destacam: a susceptibilidade do indivduo aos acidentes e a concepo psicodinmica, para a
qual os acidentes decorrem de condies inseguras ambientais que levam ao erro humano.
EPIDEMIOLGICO A nfase recai sobre a procura das causas dos acidentes e, com esse intuito, so percorridas as condies inseguras
que levam s falhas humanas etc. colhendo-se dados estatsticos gerais. Esse mtodo sugere mltipla causalidade e age primariamente como
elemento de seleo.
SISTEMAS Para esse modelo, o acidente seria causado pela produo anormal do sistema homem-mquina e tem as suas causas
individuais estudadas dentro do conjunto do sistema trabalho, cujos fatores se entrelaam e se autorregulam. O sistema completo de trabalho
seria a execuo da operao: indivduo x material x tarefa x ambiente.
INCIDENTES CRTICOS Estuda os quase-acidentes, ou os incidentes considerados crticos, que poderiam conduzir a um acidente. Assim,
os acidentes so investigados por meio de uma metodologia em que se realizam entrevistas (annimas) com os indivduos para a formulao
de um relatrio a ser processado, analisado e discutido pela EST, a fim de que sejam tomadas as medidas preventivas necessrias.
A primeira diviso das metodologias para identificao de riscos decorrente da escolha do objeto
central de anlise. Nesse sentido, pode-se afirmar que os mtodos cujo enfoque recai sobre a
segurana nos locais de trabalho podem estar centrados no trabalho ou nos empregados, embora
existam mtodos que tentem combinar essas duas propostas.
Os mtodos centrados nos empregados postulam que um ambiente seguro pode ser criado e mantido
pelos mesmos, desde que eles sejam motivados a desempenharem as suas funes com segurana. O
incentivo pode ser obtido por uma maior participao nas decises relativas segurana; melhoria
da comunicao interna e sensao de respeito com honestidade de abordagem.
Nesse sentido, deve-se falar abertamente ao empregado coisas do tipo: use este EPI que no eficaz,
mas em 4 meses, conforme PPRA, entrar em funcionamento o captador de p ou a empresa no
implantar EPC e voc usar EPI como paliativo. Essas aes visam a motivar os empregadores a
reconhecerem o seu meio ambiente e as suas relaes diante dos subalternos. O trabalhador pode
ser ignorante, mas no bobo: sabe quando tratado com respeito e honestidade.
Em relao aos mtodos de abordagem centrados no trabalho, a literatura sobre segurana do
trabalho diz que os mesmos tm como nfase a correo das deficincias nos locais de trabalho
41
42
Ainda, importante que qualquer pessoa envolvida no programa compreenda que, para este ser
bem-sucedido, ser necessrio um perodo, devidamente planejado, de comunicao e educao,
com o intuito de mostrar a gravidade de no se informar qualquer acidente com dano propriedade
que venha a ocorrer na empresa.
O Engo Bird ainda ampliou o seu referencial de estudo analisando acidentes ocorridos em 297
empresas, as quais representavam 21grupos de indstria diferentes, com um total de 1.750.000
operrios que trabalharam mais de 3 bilhes de horas durante o perodo de exposio.
Esses dados podem ser melhor visualizados observando a Figura . Para cada acidente com leso
incapacitante, havia 10 acidentes com leses leves, 30 acidentes com danos propriedade e 600
acidentes sem leso ou danos visveis (quase acidentes).
Com tais evidenciaes, nasceu assim a teoria prevencionista, todavia com um pseudo pressuposto
ato inseguro que em muito atrapalha os sistemas de gesto e o desenvolvimento da engenharia
de segurana do trabalho. Esse erro histrico do ato inseguro, ainda impregnado, aos poucos vem
sendo varrido.
43
CAPTULO 6
A condio insegura do ato inseguro:
O Mito
Acidentes de trabalho so eventos influenciados por aspectos relacionados situao imediata
de trabalho, como maquinrio, tarefa, meio tcnico ou material, e tambm pela organizao do
trabalho e pelas relaes de trabalho.
A obra de (ALMEIDA, 2010), citando o trabalho de Reason, Carthey e de Leval (2001), demonstra
que a viso obsoleta da EST leva a atribuio de culpa ao prprio acidentado, devido ao fato dos
processos investigativos considerarem que algumas organizaes so mais propensas a sofrer
acidentes do que outras, devido ao que eles chamaram de Sndrome do Sistema Vulnervel.
Esta Sndrome composta por trs elementos que interagem e que se autoperpetuam: a atribuio de
culpa aos indivduos da linha de frente, a negao da existncia de erros sistmicos, provocando seu
enfraquecimento, e a perseguio cega (blinkered pursuit) de indicadores financeiros e de produo.
A viso equivocada das reais causas dos acidentes do trabalho tambm provm da literatura
tcnica nacional que promove a cultura e a viso ultrapassada sobre o tema, como se pode ver
em Ayres e Correa (2001), que demonstram este entendimento distorcido sobre acidente de
trabalho ao mostrar as causas dos acidentes somente pelo enfoque legal, sem realmente abordar
a complexidade do assunto.
Destaque-se ao cursista sobre a armadilha ideolgica da culpabilizaao da vtima, pois no meio
tcnico-industrial vigora uma viso reducionista e tendenciosa de que os acidentes do trabalho
possuem uma ou poucas causas, decorrentes em sua maioria de falhas dos operadores (erro humano,
ato inseguro, comportamento fora do padro etc., ou falhas tcnicas materiais, normalmente
associadas ao descumprimento de normas e padres de segurana).
Mesmo profissionais que j incorporavam uma viso crtica a respeito da atribuio de culpa s
vtimas ainda operam com uma viso que reduz a anlise do trabalho e de seus riscos presena ou
ausncia de fatores de risco (exemplo: mquina desprotegida; trabalho em altura sem proteo etc.)
ou ainda pelo cumprimento ou descumprimento de normas ou padres de segurana.
Esta explicao fatorial atrativa, mas igualmente impotente para explicar o processo causal dos
acidentes. Essas abordagens afetam negativamente a preveno, uma vez que deixam intocados os
determinantes desses eventos.
Para compreender o acidente, necessrio entender no que consiste o trabalho, sua variabilidade,
como ele se organiza, quais as dificuldades para sua realizao com sucesso pelos operadores, os
mecanismos e o funcionamento das protees, entre outros. Essa compreenso impossvel sem
a cooperao e participao dos trabalhadores e equipe envolvida, o que implica dificuldades
44
UNIDADE II
adicionais quando se trata de ambientes autoritrios de trabalho ou de acidentes fatais. Toda essa
complexidade implica a necessidade de desenvolver competncias e metodologias especficas tanto
para a anlise quanto para a interveno de carter preventivo (ALMEIDA, 2010).
A condio insegura que determina a insalubridade, a penosidade e a periculosidade decorre do
meio ambiente do trabalho que foi pensado, estruturado, ou por qualquer outra contingncia, foi
dessa forma organizado. O trabalhador comparece nesse ambiente porque obrigado, por fora do
estatuto jurdico (privado ou pblico), a se sujeitar a tais condies. O trabalhador, fora o autnomo,
no faz o que quer, mas aquilo que mandam fazer.
Diga-se de passagem que essas situaes produtivas so artificiais e definidas pelo modo de produo;
bem assim entendidas fazem parte do pacto social de admissibilidade da exceo, segundo o qual
alguns sofrero o perigo, o insalubre e o penoso em prol do conforto, da sustentao e da sobrevivncia
da maioria que outorga, em ltima anlise, tal sentena: adoecer, matar ou admoestar.
Posta essa admissibilidade da exceo, tem-se que a equivocada doutrina trabalhista unssona em
afirmar que existem dois tipos de situaes que causam acidentes: a condio insegura (origem
no meio ambiente do trabalho, natureza organizacional) e o ato inseguro (produzido pelo ser
humano, natureza comportamental).
Segundo essa doutrina, os atos e as condies inseguras so fatores que, combinados ou no,
desencadeiam os acidentes do trabalho. So, portanto, as causas diretas dos acidentes. Assim, podese entender que prevenir acidentes do trabalho, em sntese, corrigir condies inseguras existentes
nos locais de trabalho, no permitir que outras sejam criadas e evitar a prtica de atos inseguros
por parte das pessoas. Tanto as condies quanto os atos inseguros tm origem mais remotas, em
causas indiretas. Esses fatores indiretos, porm, podem ser atenuados ou eliminados, de modo a
evitar que os ltimos elos da cadeia, atos e condies inseguras, venham a propiciar a ocorrncia de
acidentes ou pelo menos que essas ocorrncias se tornem cada vez mais raras6.
Este autor refuta peremptoriamente essa classificao. Sem dvida imprpria, impertinente e
ideologicamente enviesada. Neste tpico, alm de expor motivos para essa refutao, apresenta-se
uma classificao substituta (OLIVEIRA, 2011).
Por definio, o ato praticado pelo empregado, em suas ss faculdades mentais, um ato subordinado
ao empregador mediante sistema administrativo de poder, corroborado pela fora coercitiva
decorrente do contrato de trabalho ou estatuto. Qualquer que seja a atitude do empregado, esta se
insere nos domnios do empregador que o dirige.
Assim, na listagem exemplificativa, segundo essa corrente equivocada dos atos inseguros, colocamse atitudes como descritos na Figura 15.
45
Atitude de empregado
Atitude do patro
No advertir
No punir
No advertir
Aproveitar-se da iniciativa
Aproveitar-se da iniciativa
No utilizar EPI.
No advertir
No advertir
No punir
Ora, admitir que o trabalhador pratique ato inseguro , pela via direta, assumir e configurar algum
tipo de desvio por parte do patro e seus prepostos. Todos os verbos levados a efeito pelo empregado
na Figura 14, o so por alguma razo decorrente da vontade do empregador (e seus prepostos),
inclusive por desdia, falta de vigilncia, negligncia, ausncia de gerenciamento, descuido com a
coisa privada, descaso com o lucro, periclitao com o patrimnio do patro.
Admitir o ato inseguro do empregado dizer que o patro no manda nele. Um absurdo jurdico
trabalhista. Seria equivalente a um furto no ambiente do trabalho onde o trabalhador subtrai vrios
itens do estoque e a empresa no o adverte ou pune. Apenas classifica essa ocorrncia de furto como
ato inseguro do seu empregado (OLIVEIRA, 2011).
Sim. A comparao com furto de produto da empresa no toa. Existe conexo entre os argumentos.
O empregado que comete ato inseguro, segundo a doutrina de culpabilizao do empregado
aquela mesma da epiizao furta a si mesmo sob a autorizao do empregador.
No bojo do argumento do absurdo, inadmissvel cogitar a existncia do ato inseguro exatamente
pela aberrao da inverso dos polos, segundo o qual o empregado quem manda, define, estabelece,
orienta o empregador. Este ltimo mero expectador, apesar de ser o proprietrio e responsvel
ltimo por tudo que acontece em seus domnios. Sem dvida, esse raciocnio, infelizmente
dominante, s se sustenta pela perspectiva ideolgica. Eis o vis. Eis o mito.
Nessa conformao s h um nico ato inseguro: aquele praticado (ao ou omisso) pelo empregador.
O meio ambiente do trabalho pertence definido, explorado, negociado ao proprietrio cujas
condies de operaes so sempre de sua responsabilidade. Para isso que existe a organizao:
assegurar recursos, meios, metas, objetivos aos desgnios e vontades dos proprietrios do negcio.
46
UNIDADE II
47
48
Alguns exemplos de condies organizacionais inseguras que levam o trabalhador a consumar o risco:
excesso de trabalho; horas extras; pausas insuficientes; exigncia de pressa; estmulo iniciativa
(armengue), criatividade e improvisao (gambiarra); exigncia de perseverana (teimosia).
Demais fatores organizacionais que levam, direta ou indiretamente, muitas vezes sutis e subreptcios, aos problemas de sade, s vezes familiares (falta de tempo para famlia, escalas e turnos
que inviabilizam vida social) agravados, desencadeados ou causadores de dvidas, descontrole
financeiro, alcoolismo, uso de substncias txicas que concorrem, predispe, facilita ou at mesmo
desdobra em acidente do trabalho.
A prova cabal dessa condio insegura (lato senso) vem com a frequncia de casos acidentrios
para a mesma explicao: culpa da vtima! A explicao dos doutrinadores, que sustentam o ato
inseguro como real, raciocinam como se todos acidentados compartilhassem das mesmas agruras
e que, portanto, o fato de trabalhar naquele ambiente se deve ao acaso por efeito singelo da mera
coincidncia.
Por esse raciocnio absurdo, seria o ato inseguro a explicao da culpa do trabalhador acidentado
devido s complicaes do alcoolismo, mesmo em se tratando de degustador de bebidas alcolicas
em uma fbrica de cerveja ou conhaques; devido a diabetes ocupacional em confeiteiro choclatra
empregado no setor de controle de qualidade de uma fbrica de chocolates; ou transtornos mentais em
profissionais da sade, consumidores de drogas ilcitas, envolvidos com substncias entorpecentes
(lcitas) administrados pacientes ou por fora de ofcio (teres, morfinas, psicotrpicos em geral);
ou, ainda, sobrepeso, dorsopatia e hipertenso arterial (todos ocupacionais) em motorista de nibus
urbano cuja dieta, posio ao volante e ritmo e estresse de trabalho o levam insnia, uso de drogas,
todavia apenas por questes pessoais que independem do forma como o trabalho organizado
(OLIVEIRA, 2011).
Isso no quer dizer que todos os casos so condies inseguras do meio ambiente do trabalho.
Obviamente que h situaes em que, de to raras, no merecem um item taxonmico nesta
classificao, segundo as quais todos os elementos de causao, direta e indireta, relacionados
organizao do meio ambiente do trabalho, foram excludos como fatores de risco predisponentes ou
facilitadores do agravo sade do trabalhador e, nesse caso, depois de exauridas todas as etapas das
tcnicas de anlise de risco discorridas, seria possvel afirmar existncia de deslinde idiossincrtico
decorrente de elementos personalssimos deste ou daquele trabalhador.
Por ltimo, a abordagem aqui estruturada estimula ao final a elaborao de uma sntese explicativa
do processo causal em busca dos determinantes do acidente as causas latentes ou causas das
causas, normalmente situadas em falhas gerenciais, de prticas de diviso de trabalho, de gesto
de manuteno, de logstica, de gesto de atrasos de produo, de gesto de projetos, de falhas
na gesto de pessoal, de materiais, de adequao de demandas a recursos existentes, de perdas
de oportunidade de aprendizagem com episdios anteriores que deveriam ter sido detectados e
interpretados como avisos de que o acidente se aproximava e de outras condies organizacionais.
49
CAPTULO 7
Engenharia de Segurana de Sistemas
Prosseguindo o trabalho iniciado pelo Engo Bird, e partindo do pressuposto de que os acidentes
que resultam em danos s instalaes, aos equipamentos e aos materiais tm as mesmas causas
bsicas daqueles que resultam em leses, John A. Fletcher, em 1970, props o estabelecimento de
programas de Controle Total de Perdas, cujo objetivo maior reduzir ou eliminar todos os acidentes
que possam interferir ou paralisar um sistema (FARBER, 1991).
De acordo com a proposta de Fletcher, o Controle Total de Perdas deve ser concebido de modo que
permita a eliminao de todas as fontes que possam interromper um processo produtivo, por leso,
dano propriedade, incndio, exploso, roubo, vandalismo, sabotagem, poluio da gua, do ar, do
solo, doena do trabalho ou defeito do produto.
A partir de 1972, surge uma nova abordagem na questo de preveno de perdas. Essa abordagem,
fundamentada nos trabalhos desenvolvidos por Willie Hammer, foi denominada de Engenharia
de Segurana de Sistemas e ampliou o escopo da atuao do prevencionismo, pois as empresas
passaram a ser visualizadas dentro de um enfoque sistmico (BASTIAS, 1977).
Um sistema7 caracterizado por ser um conjunto integrado de partes, ntimas e dinamicamente
relacionadas, que desenvolve uma atividade ou funo e destinado a atingir um objetivo
especfico. Todo sistema integra um sistema maior, chamado suprassistema, e formado por
sistemas menores ou subsistemas (KLETZ, 1999).
Esse conceito mostra que as empresas podem ser consideradas como um sistema social aberto, visto
que interagem com o ambiente externo. Nessa interao, as empresas recebem insumos (inputs) e os
transformam em bens e/ou servios, atravs das relaes intraorganizacionais (ambiente interno),
que so ofertados ao mercado consumidor (outputs) e dele recebem informaes (feedback) que vo
influenciar o comportamento geral do sistema.
Essa viso sistmica das organizaes possibilitou que outra perspectiva fosse inserida no
prevencionismo, fazendo com que o mesmo passasse a contemplar os eventos ou fatos antecessores
concretizao dos acidentes, possibilitando que as aes preventivas adotadas pelas empresas
7 Sistema um arranjo ordenado de componentes que esto inter-relacionados e que atuam com outros sistemas para
desempenhar uma tarefa ou funo. Esta noo de sistema se adapta perfeitamente a noo de empresa que, genericamente,
pode-se entender como um conjunto de variveis interagindo mutuamente de forma dinmica e satisfazendo certas restries.
(SOUZA, 1995)
50
UNIDADE II
no fossem mais apenas baseadas em tentativas e erros ou em avaliaes ps-fato das causas que
produziram o acidente.
Isso permite evitar a formalizao dos acidentes e, consequentemente, a ocorrncia de inmeros
prejuzos ao patrimnio empresarial, uma vez que o mesmo fica resguardado de situaes geradoras
de efeitos indesejados.
Deve-se considerar que os eventos ou fatos antecessores so os quase-acidentes abordados por
Bird, e que agora so definidos como incidentes crticos. Trata-se, portanto, de uma situao ou
condio com potencial para provocar dano, mas que no o manifesta. A importncia do enfoque
sobre os incidentes crticos encontra respaldo nos resultados das pesquisas desenvolvidas sobre
os mesmos, como a realizada em uma indstria manufatureira de New Jersey. Suas concluses
mostram que os erros e as condies inseguras detectadas nos acidentes sem leso eram os
mesmos que desencadeavam os acidentes com leses (CICCO, 1994).
Tambm foi apurado que os futuros acidentes com leses e/ou danos materiais poderiam ser
prenunciados analisando-se os quase-acidentes. Deve-se observar, no entanto, que os incidentes
crticos podero ocorrer vrias vezes, antes que as variveis envolvidas configurem as condies que
levem ao acidente em termos de danos materiais e/ou leses (CARDELLA, 1989).
As empresas podem ter objetivos distintos como produo de utilidades, satisfao de necessidade
ou cumprimento de uma funo social. Todas elas devem oferecer as seguintes caractersticas
bsicas.
Qualidade: representada principalmente pelo conjunto de variveis que buscam
atender s necessidades ou exigncias dos consumidores.
Custo: compatvel com a qualidade mnima tima assumida.
Oportunidade: o produto deve estar no lugar certo, na hora certa, atendendo a
critrios de confiabilidade de prazos de entrega.
Prestgio: confiabilidade de um produto ou subsistem numa tradio social
adquirida.
Todo sistema contm vrios subsistemas bsicos e a definio desses subsistemas traz um auxlio
quando se quer pesquisar riscos especficos dentro de cada subsistema. A adoo de medidas
corretivas tambm se torna mais fcil e mais clara quando identificamos os vrios subsistemas
responsveis por uma tarefa. So os seguintes subsistemas fundamentais.
Subsistema de potncia responsvel pela energia gasta na execuo da tarefa:
energia trmica, eltrica, elica, qumica, solar.
Subsistema de controle fixa os valores padres de conformidade dos produtos
ou servios do sistema.
51
52
UNIDADE II
CAPTULO 8
Aspectos Conceituais da Anlise de
acidentes
comum apresentar o acidente como o encontro entre pessoa exposta e um determinado perigo,
que estava sob controle no sistema, cuja nocividade potencial se libera ou se se descontrola por
ocasio do acidente. Essa compreenso adotada em alguns modelos de acidentes e passa a servir
de guia para a conduo de anlises.
Caberia ao EST encarregado dessas anlises descrever o encontro e os demais componentes
representados no modelo de acidente, como o perigo e suas origens; o fator que dispara o descontrole
presente no acidente do trabalho (DUMAINE, 1985).
A noo de perigo tambm aparece associada noo de barreiras. O EST encarregado da gesto de
segurana deveria conduzir anlises de riscos de modo a identificar a priori os perigos do sistema e
recomendar a instalao de barreiras de modo a evitar sua participao em acidentes
Por sua vez, na anlise de acidentes, esse mesmo conhecimento seria usado de forma retrospectiva.
Primeiro: O acidente acontece quando o sistema no instalou barreira especfica para o perigo
em questo. Segundo: O acidente acontece quando a barreira ou defesa existente para evit-lo,
falha. Nos dois casos, ausncia e falha de barreiras devem ser analisadas de modo a esclarecer suas
origens. Em outras palavras, o que explica que as barreiras necessrias no tenham sido instaladas
ou tenham falhado? E assim sucessivamente.
Gravata-Borboleta
Mais recentemente, a representao dos acidentes como gravatas borboletas, conforme Figura
16 amplia o permetro da anlise e da preveno. As barreiras instaladas no lado esquerdo da
gravata visariam evitar ou prevenir acidentes. Aquelas localizadas direita teriam a finalidade de
proteger pessoas e bens, de evitar ou minimizar consequncias do acidente (HALE,2007).
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Figura 17: Modelo de representao de acidente por uma sucesso de fatias de um queijo suo
Figura 18: Modelo de representao das deficincias do sistema de gesto (REASON ,1997)
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CAPTULO 9
Aspectos financeiros e econmicos da
Gerncia de Riscos
As medidas de mitigao recomendadas em um Gerenciamento de Riscos tm intuito de melhorar as
condies de segurana do empreendimento, conferindo maior proteo contra eventos indesejveis
que, se ocorrerem, podem trazer srias implicaes quanto a continuidade da atividade, dificultando
o cumprimento dos compromissos pblicos e, consequentemente, podendo vir a comprometer a
imagem da empresa e at mesmo sua continuidade.
Muitas vezes se pergunta se a adoo das medidas de mitigao, dentro de um criterioso programa
de ao, suficiente para que se tenha os riscos sob controle e, sobretudo, se possa dispensar a
contratao de coberturas de seguro.
Invariavelmente, a resposta dessas questes est intimamente ligada qualidade dos controles que
a empresa exerce sobre os riscos, a experincia particular com ocorrncias acidentais anteriores, a
constante superviso dos processos, a manuteno, operao e segurana.
Muitas vezes, o nvel de investimentos em mitigao pode estar at mesmo superdimensionado,
fruto de no se ter realizado uma priorizao de medidas, previamente. Portanto, qual o limite dos
investimentos em mitigao dos riscos?
Ao longo do tempo, compilando os investimentos em preveno de perdas e os gastos relativos
aos prejuzos com sinistros de uma empresa, e na sequncia os plotando,ter-se-ia algo parecido
com o apresentado pela Figura 20.
Figura 19: Grfico de gastos preveno de perdas e os gastos relativos aos prejuzos com sinistros
Se a empresa estiver, por exemplo, no ponto 1, os valores dos prejuzos com sinistros so bem mais
significativos do que os gastos com as mitigaes dos riscos que deram origem a esses sinistros,
isso implica que a empresa deve, ao longo do tempo, promover maiores investimentos no combate
s probabilidades de ocorrncia de sinistros e, tambm, prover recursos materiais, humanos e
financeiros para minimizar as perdas oriundas da materializao dos sinistros.
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57
ANLISE DE
RISCOS: REVISO
SISTMICA
UNIDADE III
A palavra riscos deriva do italiano antigo resicare, que significa ousar. Neste sentido, risco uma
opo e no um destino. Correr riscos faz parte da histria antiga e sua origem no sistema de
numerao indo-arbico alcanou o Ocidente h cerca de 700 a 800 anos (BERNSTEIN, 1997).
Segundo Molak (1997), as aplicaes de riscos so muito antigas e, provavelmente, surgiram ao
redor de 3200 a.C., no vale dos rios Tigre-Eufrates, quando um grupo chamado Asipu serviu como
consultor para traduzir os sinais dos deuses para pessoas que trabalhavam com riscos, incertezas ou
dificuldades de decises.
Uma importante linha que originou a moderna Anlise de Riscos quantitativa pode ser direcionada
s primeiras ideias religiosas referentes s probabilidades de vida ps-morte. Isto dificilmente seria
uma surpresa, considerando-se a importncia e a seriedade dos riscos envolvidos (pelo menos, para
os verdadeiros crentes). A partir de Phaedode Plato, no sculo 4 a.C., numerosas obras foram
escritas discutindo os riscos das almas aps-vida, baseados na conduta que os seres tiveram no
mundo (COVELLO; MUMPOWER, 1985).
Uma das mais sofisticadas anlises sobre o tema foi realizada por Arnobius, o Velho, que viveu no
sculo 4 depois de Cristo, no norte da frica. Pode-se considerar Arnobius a maior figura da igreja
pag que esteve competindo, ao mesmo tempo, com a inexperiente igreja crist. Membros da
igreja de Arnobius, que mantiveram um templo completo para Vnus com sacrifcios de virgens
e templos de prostituio, levaram uma vida decadente em comparao a das pessoas ligadas ao
cristianismo austero.
Arnobius zombou dos cristos no que diz respeito ao tipo de vida que levavam, por abnegarem a sua
prpria personalidade; mas, depois de uma viso reveladora, renunciou s suas crenas e tentou
se converter ao cristianismo. O bispo da igreja catlica suspeitou dos motivos de Arnobius e da
sinceridade da sua converso, recusando a ele o rito do batismo. Em uma tentativa de demonstrar
a autenticidade da sua converso, Arnobius escreveu uma monografia intitulada Contra os pagos.
Nesse trabalho, Arnobius props vrios argumentos pr-cristianismo, um dos quais particularmente
relevante para a histria da Anlise de Riscos probabilstica. Depois de discutir os riscos e as
incertezas associados s decises que afetam um esprito, Arnobius sugeriu uma matriz 2 x 2. Desta
forma, ele exps duas alternativas: aceita o cristianismo ou permanece como um pago.
Ele tambm discutiu duas possibilidades: Deus existe e Deus no existe. E chegou seguinte
concluso: se Deus no existe, no h diferena entre as duas alternativas. Entretanto, se Deus
existe, ser um cristo muito melhor alma do que ser um pago.
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UNIDADE III
59
60
UNIDADE III
Fonte: Eng Reinaldo Simes. Curso de Capacitao em Gesto de Riscos e Auditoria Baseada em Riscos - Nova ISO
31000:2009 do QSP.
61
http://bit.ly/definicaoRisco.
NOTA 1 Um efeito um desvio em relao ao esperado positivo e/ou negativo. NOTA 2 Os objetivos podem ter diferentes
aspectos (tais como metas financeiras, de sade e segurana e ambientais) e podem aplicarse em diferentes nveis (tais como
estratgico, em toda a organizao, de projeto, de produto e de processo). NOTA 3 O risco muitas vezes caracterizado pela
referncia aos eventos potenciais e s consequncias, ou uma combinao destes. NOTA 4 O risco muitas vezes expresso
em termos de uma combinao de consequncias de um evento (incluindo mudanas nas circunstncias) e a probabilidade de
ocorrncia associada. NOTA 5 A incerteza o estado, mesmo que parcial, da deficincia das informaes relacionadas a um
evento, sua compreenso, conhecimento, sua consequncia ou sua probabilidade.
62
UNIDADE III
CAPTULO 10
Ser Humano tem Averso ao Risco?
H averso ao risco? Imagine que voc forado a escolher: aceitar determinada sentena ou
apostar. A ttulo de exerccio so colocados dois cenrios idnticos, porm com duas sentenas
opostas. Pede-se ao leitor que responda honestamente aos cenrios 1 e 2 colocados e se posicione
para se usar como exemplo. Na sequncia apresentado o resultado da pesquisa9.
Pela pesquisa conduzida pelos ganhadores do Nobel de Economia Amos Tversky e Daniel
Kahneman, 2002 fica clara que no h averso incerteza, mas perda. Prefere-se a incerteza
quando a sensao de ganho supera a de perda.
Constata-se nessa pesquisa o fato dos parmetros probabilsticos, financeiros e matemticos serem
rigorosamente os mesmos nos dois cenrios, porm resultarem em comportamentos diametralmente
opostos em funo do verbo (pagar receber). Isso leva a suscitar que a deciso sobre correr ou no
riscos irracional, no depende isoladamente da razo, mas predominantemente do psquico e
emocional. A deciso sobre assumir ou no riscos emocional e decorre da avaliao de perda e no
do grau de incerteza!
O que isso tem a ver com meio ambiente do trabalho e sade do trabalhador do ponto de vista do
patro? Vale a pena correr o risco de adoecer o trabalhador, contaminar o lenol fretico, poluir o
ar, depreciar aceleradamente seu maior patrimnio? A resposta : depende de quanto se vai perder,
pois o risco enorme e isso pode at ser um estmulo, pois para quem tem perfil de investidor
agressivo, maior o risco maior o ganho!
E a mensurao dessa perda se d pelos mesmos caminhos que levam escolha entre pagar-apostar
e receber-apostar, observada pelos pesquisadores Tversky e Kahneman. Pela deciso de terceirizar
ou contratar diretamente, alugar ou comprar equipamento, alienar ou fundir sociedades mercantis,
comprar ou vender aes na bolsa, abrir ou no o patrimnio empresarial ao mercado de aes.
9 Amos Tversky e Daniel Kahneman, 2002. Vencedores do Prmio do Banco da Sucia em Cincias Econmicas em memria de
Alfred Nobel (designado por vezes como o Prmio Nobel da Economia). Tericos da finana comportamental (behavioural),
que combina a economia com a cincia cognitiva para explicar o comportamento aparentemente irracional da gesto do risco
pelos seres humanos. Estabeleceram uma base cognitiva para os erros humanos comuns, usando a heurstica e desenvolvendo
a prospect theory.
63
Figura 24: Declaraes recorrentes dos empregadores quando admoestados por alguma responsabilizao
acidentria como consequncia e alinhamento ao obsoleto modelo trabalhista
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H porm novos ventos! O empresrio infletiu melhora ambiental de forma sistmica a partir da
percepo que tambm, em alguma medida, vtima e refm de um sistema obsoleto, anacrnico,
monopolista de poder representado pela Medicina do Trabalho de receita de bolo de rolo, apenas
para cumprir NR e fazer ASO; e da Engenharia de Segurana do Trabalho para prescrever e comprar
EPI. Essas disciplinas obsoletas carecem de um choque de cincia para se atualizar, ao passo que o
sistema jurdico padece de mal gentico instalado no DNA do trabalhismo.
A empresa simplesmente no pode esperar essa evoluo ou arrebatamento dessas mazelas.
Precisa assumir seu papel social e transformador da sociedade: isso iniciativa privada na essncia.
Produzir bem, bonito, barato precisa agora de mais dois elementos para completar a quintessncia:
sem contaminar o meio ambiente e sem adoecer o trabalhador que nele labora.
Essa inflexo corporativa em prol do meio ambiente equilibrado (controlado), qual o sistema de
gesto sobre meio ambiente do trabalho comparece como vetor propulsor de vanguarda, decorre
mais do pragmatismo que da ideologia. Perde menos quem faz gesto. O discurso ideolgico oriundo
da tomada de deciso (equilibrar o meio ambiente) vem a reboque do pragmatismo econmico, que
desta feita passa a ser efetivo no tocante aos resultados ambientais, at ento meramente retricos.
Aproveita-se, portanto, as concluses da pesquisas dos cenrios de escolha para apontar a deciso
de equilibrar o meio ambiente como mais inteligente, mais lucrativa, transmissora direta e honesta
sociedade e ao trabalhadores de efetiva responsabilidade social. Segue-se o corolrio da pesquisa:
cenrio bom aquele que h menos probabilidades, combinado com baixas perdas (mercadolgicas,
corporativas, hominais, econmicas, ambientais, patrimoniais).
65
CAPTULO 11
Dialtica do Risco
Neste ponto, pode-se observar duas tendncias claras na definio de risco: uma abordando o
risco objetivamente e, outra, subjetivamente. De um ponto de vista objetivo, o risco representa a
probabilidade de ocorrncia de um evento indesejvel e pode ser facilmente quantificado atravs
de medidas estatsticas. Sob uma viso subjetiva, o risco est relacionado possibilidade de
ocorrncia de um evento no desejado e depende de uma avaliao individual sobre a situao,
sendo, portanto, pouco quantificvel.
Neste sentido, o pesquisador Greene afirma que, objetivamente, risco a medida de algum parmetro
que oscila em torno de uma mdia. Logo, em termos objetivos, o risco pode ser medido por uma
faixa, como, por exemplo, a probabilidade de prejuzo de uma planta 10 em 100 (10%) com uma
faixa de 6 em torno da mdia, ou seja, de 4 a 16, ou por outras medidas estatsticas. No entanto,
conforme Greene, subjetivamente o risco pode ser entendido a partir do princpio de cepticismo
mental ou incerteza quanto ao resultado esperado de um evento particular (GREENE,1997).
Neste trabalho, o risco est caracterizado como um fator condicionante e constituinte de um
sistema industrial que, apesar de intrnseco s atividades desenvolvidas pela empresa, no deve ser
negligenciado, mas tratado com a devida importncia. No entanto, uma maior nfase ser dada ao
aspecto subjetivo do risco, buscando evidenciar os fatores que contribuem para a concretizao dos
eventos indesejveis ou imprevistos.
Cabe ainda salientar que o conceito de risco s vlido na presena da possibilidade de falha de um
sistema. Contudo, como no existem sistemas industriais infalveis, esse aspecto assume extrema
relevncia.
Segundo Jackson e Carter, todo sistema tende a ser homeosttico10 por natureza e tolera certos
nveis de desordem. No entanto, somente consegue funcionar satisfatoriamente dentro de certos
limites especficos e caractersticos. Uma vez que estes limites de estabilidade sejam violados, o
sistema tender a falhar.
Certas falhas do sistema no so significativas, sendo usualmente aceitas como acontecimentos
normais do processo e que podem ser corrigidas sem maiores danos. Alm do mais, muitas vezes o
prprio processo tende a compensar o desvio em busca da estabilidade. No entanto, algumas falhas
podem conduzir a resultados indesejveis, s vezes catastrficos, que prejudicam ou impedem o
funcionamento do sistema.
Neste curso adotada a definio de Riscos, conforme a WHO (1999a), como a funo de probabilidade
de um efeito adverso e a magnitude do efeito consequente de um perigo ao trabalhador. Um exemplo
de riscos pode ser a probabilidade de o trabalhador ser afetado por micro-organismos patognicos
do meio ambiente do trabalho.
10 Propriedade autorreguladora de um sistema ou organismo que permite manter o estado de equilbrio de suas variveis
essenciais ou de seu meio ambiente.
66
UNIDADE III
67
Se tudo isso fosse, em tese, considerado como atendido, ainda assim remanesceria a bizarra
condio: enfiar vrios EPI simultaneamente na orelha do receptor! A cada instante chegam
vrios sinais (Presso e Frequncia) na orelha do trabalhador e por se tratarem de sinais acsticos
complexos impossvel combater com elemento simples (EPI), especificado pelo fabricante apenas
para restrito conjunto de combinaes (Presso e Frequncia). Em outras palavras, no se combate
o maior espectro de NPS x f com o menor. isso que o EPI faz. uma fraude! Isso considerando
apenas a hiptese da transmisso area!
De volta ao mundo real. Se apenas para via area o EPI uma fraude, imagine consider-lo para
via ssea. Como reforo refutao da tese de que EPI possa ser eficaz, pois se pela via area est
provado que ele total e absolutamente ineficaz, aditamos que chega a ser algo criminoso prescrever
EPI para determinadas presses sonoras, acima de 85 dB (A)-equivalente a 10-4 W/m2 ou 0,1 N/
m2-simplesmente a transmisso se d pela via ssea.
12 http://pt.wikipedia.org/wiki/Hermann_von_Helmholtz
68
UNIDADE III
E nesse caso falar em EPI considerar a possibilidade de EPI bloquear tais transmisses de energias
cclea, o mesmo que fazer fico cientfica, algo frankensteineano, qual seja: interpor material
isolante acstico em toda caixa craniana mediante cirurgia ssea circunferencial (bloqueio sseo),
aliado ao tamponamento forado dos orifcios timpnicos (bloqueio areo). Um absurdo! Bem,
como acima sustentado, oblitera-se acintosamente qualquer razoabilidade do uso de EPI como
elemento de preveno.
Concluso: EPI do carro (ABS) eficaz: atende quilo para o qual foi projetado e independe do ser
humano que o opera risco objetivo. API das orelhas (Protetor Auricular)13 uma fraude porque,
alm de no atender o bloqueio da via area, no combate a transmisso via ssea e, principalmente,
depende da vontade e das caractersticas do ser humano que o utiliza risco subjetivo.
Por isso se diz que a discusso sobre EPI artificial e desonesta. Uma vez que o natural seria
combater as causas originrias do ambiente ao invs de introduzir, literalmente, uma fraude nas
orelhas dos subordinados.
H neste mister a legalizao e judicializao de um absurdo fsico (acstica de transmisso ssea
e area) que muda o foco do debate do meio ambiente do trabalho doentio, deliberadamente sem
equipamentos de proteo coletiva (EPC) e/ou medidas administrativas, para avtima, subordinada,
chamada hipocritamente de colaborador, sem margem de manobra ou grau de liberdade para dizer
no a isso tudo.
ABS aumenta o risco de acidente de trnsito Sensao de proteo
Com tudo aqui exposto sobre a teoria do risco, o nobre leitor chegar espantosa concluso: Uso do
ABS aumenta o risco de acidente de trnsito. Pasmem!
Acompanhem o raciocnio. Sabendo que o ABS eficaz, o motorista acostuma-se a dirigir com tal
dispositivo ao ponto de esquecer que ele existe. Simplesmente o motorista assume novos patamares
de dirigibilidade e de frenagem, quer aumentando a velocidade relativa at ento praticada sem
ABS, quer freiando em cima do fim de linha (mais tardiamente) pelo simples fato de absorver a nova
condio de operao.
Essa sensao de proteo faz com que o ser humano eleve naturalmente a disposio de
enfrentamento ao se sentir seguro e com isso assuma novos patamares de risco risco subjetivo. O
ponto que, efetivamente, o ABS diminui a frequncia de acidentes (risco objetivo) porque garante
a frenagem a contento (a roda no trava), porm intuitivamente se percebe que as consequncias
desses acidentes tenham uma maior e catastrfica gravidade, ainda que com menores frequncias.
Como o risco decorre do binmio probabilidade (frequncia) e perigo (consequncia) e este cresce
mais que proporcionalmente queda de frequncia, tem-se, portanto, o aumento do risco.
Detalhe que nesse contexto do ABS se percebem trs dimenses: verdadeira proteo (eficcia),
assuno deliberada de correr riscos e autonomia jurdica do motorista.
13 O raciocnio aqui esposado contra EPI auricular se estende a todos aqueles usados para no pagar insalubridade, para sonegar
o tributo do FAE RFB, ou seja vale para temperaturas anormais, radiaes, vibrao, presses anormais. O EPI auricular foi
usado apenas como exemplo por ser o mais escancarado smbolo da fraude.
69
70
UNIDADE III
A parte desumana, cruel mesmo, vem agora. Pior que grande parte dos profissionais de SESMT
a cometem sem se aperceberem, uns por ignorncia, outros, por desonestidade. Se o EPI do carro
(ABS), de eficcia inquestionvel do ponto de vista do risco objetivo, suscita aumento do risco
subjetivo, como visto, imagine o que acontece com o EPI da orelha (protetor auricular)!
Voc j percebeu a armadilha. O EPI da orelha (protetor auricular), alm de aumentar o risco
subjetivo, aumenta o objetivo. As trs dimenses do EPI (ABS) so elevadas a -1, ou seja, o EPI de
orelha constitui: mentirosa proteo (eficcia nula); assuno de correr riscos porque um
profissional competente (EST) assim especificou, e subordinao jurdica do empregado que
deve usar o EPI sob pena de dispensa por justa causa (desobedincia).
Em outras palavras, o EST especifica um EPI de orelhas que sabidamente causar leso (crime de
expor ao risco) e o usurio ao cumprir ordens do preposto da empresa (EST) acredita que ao us-lo
estar protegido (iluso) e com isso se expe de peito e ouvidos abertos. Pior dos mundos!
71
O fator do risco estar associado a um benefcio tal que compense a sua aceitao.
72
UNIDADE III
2.
Segundo Lammerding (1997), define-se a Anlise de Riscos como um processo dividido em trs
etapas, conforme ilustrado na Figura 26.
73
Figura 27: Viso sistmica e fluxo de identificao, avaliao e monitoramento dos riscos
74
75
CAPTULO 12
Avaliao e comunicao de riscos
A Avaliao de Riscos a anlise cientfica dos fatos ou potencial dos efeitos adversos para a sade,
dependendo do grau de exposio de perigos. Inclui expresses quantitativas e/ou qualitativas
de riscos. As avaliaes quantitativas usam parmetros numricos de medida e resultam em uma
expresso numrica de riscos; enquanto as qualitativas usam categorias/representaes descritivas
de probabilidades e riscos. Em ambos os casos, a nfase colocada na descrio da incerteza e na
variabilidade na informao usada para derivar a estimativa de riscos (LAMMERDING, 1997).
A identificao de perigos no meio ambiente do trabalho internacional e nacional representa o
reconhecimento de agentes fsicos, qumicos e microbiolgicos patognicos capazes de causar efeitos
adversos sade. Esta etapa focaliza o agente e as consequncias da sua presena nos processos de
trabalho.
Assim, restries na aquisio de dados ou indisponibilidade so fatores que impedem o
aprimoramento de uma avaliao compreensiva e eficaz. A caracterizao de perigo a avaliao
quantitativa e/ou qualitativa da natureza dos efeitos adversos associados com os agentes fsicos,
qumicos e microbiolgicos.
A avaliao de dose-respostas pode ser realizada a partir de dados obtidos experimentalmente. A
avaliao da dose-resposta refere-se especificamente determinao da relao entre a exposio
(por exemplo, aos micro-organismos) e a frequncia e a severidade dos efeitos adversos sade
resultantes dessa exposio (MAYES, 1998).
Esta definio complementada por McKone (1996), ao afirmar que o objetivo do processo de
Gerenciamento de Riscos estabelecer:
I. a significncia do risco estimado;
II. comparar o custo da reduo deste risco com o benefcio a ser atingido;
III. comparar o risco estimado com o benefcio social prprio da reduo e levar a efeito
processos polticos e institucionais para reduo dos riscos.
Assim, feita uma anlise de custo e efetividade para comparar a reduo de risco com custo por
unidade entre vrias opes para tratar, de diferentes formas, o mesmo risco. Firme-se que a
gerncia de riscos a cincia, a arte e a funo que visa proteo dos recursos humanos, materiais
e financeiros de uma empresa, quer atravs da eliminao ou reduo de seus riscos, quer atravs
do financiamento dos riscos remanescentes, conforme seja economicamente mais vivel (DE
CICCO,1994).
Portanto, o gerenciamento de riscos busca a diminuio de erros e falhas e o estabelecimento
de planos de ao de emergncia para a mitigao de acidentes, no se restringindo apenas
76
UNIDADE III
administrao dos gastos com seguros, como muitas vezes entendido. De maneira geral, pode-se
estabelecer um procedimento bsico para o desenvolvimento de processos de gerenciamento de
riscos, como demonstrado na Figura 26.
Percebam que essa ideia foi integralmente incorporada pela NR09 do MTE ao estabelecer
correspondentes etapas no Programa de Preveno de Riscos Ambientais. Os princpios gerais
(oito) de Gerenciamento de Riscos sobre o meio ambiente do trabalho para assegurar a sade do
trabalhador so os seguintes (FAO/WHO,1997).
1. Deve-se seguir um modelo estruturado formado por avaliao de riscos; avaliao
das opes de gerenciamento de riscos; implementao de tomada de deciso e
monitoramento e reviso.
2. A proteo da sade humana deve ser considerao primria: decises em nveis
aceitveis de riscos devem ser determinadas por consideraes de sade humana
e diferenas arbitrrias ou diferenas injustiadas nos nveis de riscos devem
ser evitadas. Consideraes de outros fatores, por exemplo, custo, benefcio,
confiabilidade tcnica e preferncias sociais, podem ser apropriadas em alguns
contextos de gerenciamento de riscos, principalmente na determinao de medidas
a serem alcanadas. Essas consideraes no devem ser arbitrrias, e sim formuladas
de maneira explcita.
3. As decises e as prticas devem ser transparentes: o gerenciamento de riscos inclui
a identificao e documentao sistemtica de todos os elementos do processo,
incluindo-se a tomada de decises, de forma que o racional seja transparente a
todas as partes interessadas.
77
78
UNIDADE III
Esta comunicao deve ser preventiva e realizada por personalidades do staff para manter a
imagem das empresas e atingir o maior nmero possvel de pessoas. A sade do trabalhador
responsabilidade de todos, mas principalmente dos gestores que devem ser educados sobre o risco
e a severidade do modo de produo engendrado.
O SESMT, como preposto do patro, juntamente com a CIPA, deve fazer campanhas honestas de
comunicao dos riscos, principalmente quanto absoluta ineficcia do EPI, notadamente quando
usado isoladamente s mediadas de gesto ambiental; aos efeitos dos riscos; aos endereados, que
so os patres que administram tais riscos e principalmente seus efeitos aos trabalhadores. Por
exemplo, o rudo aumenta cortisona e vaso constritor cujas consequncias so engordar e produzir
disfuno ertil. Essas so campanhas honestas!
As etapas de Anlise de Riscos no ocorrem de maneira isolada, com aplicaes sequenciais, mas
sim, se inter-relacionando. Assim, o modelo de Anlise de Riscos deve ser descrito como interativo
porque requer a comunicao entre os assessores, gerentes e outros indivduos envolvidos na
situao.
A Figura 30 representa esquematicamente essas ligaes, cuja palavra interativo, neste caso,
representa o envolvimento de decises cientficas, regulatrias e legais. O Gerenciamento de Riscos
decorre de um processo complexo, envolvendo no somente a avaliao cientfica de riscos, mas
tambm consideraes sociais, culturais e/ou econmicas (LAMMERDING, 1997).
Figura 30: Diagrama esquemtico das ligaes entre as etapas de Anlise de Riscos
79
Por meio das explanaes anteriores, verifica-se que a Anlise de Riscos uma metodologia tcnicocientfica que pode ser utilizada para quantificar o perigo existente no meio ambiente do trabalho.
Entretanto, a eficincia do resultado no mbito gerencial depender da correta deteco dos perigos.
Nesse sentido, o conhecimento e a utilizao de ferramentas gerenciais para a deteco de perigos se
fazem de fundamental importncia para amenizar os riscos14.
Ambientao 5: Gerncia de Risco
14 As tcnicas quantitativas de avaliao de riscos tm sido usadas e indicadas extensivamente, principalmente no que se refere
aos perigos fsico-qumicos em meio ambiente do trabalho. Entretanto, a transferncia direta destas tcnicas para os perigos
biolgicos no possvel por causa de princpios bsicos, como por exemplo, o de que os tais diferem grandemente dos biolgicos,
refletindo atributos particulares. Entre estes princpios, pode-se citar: i) riscos microbianos so principalmente o resultado de
exposies simples. Cada exposio de patgenos ou toxinas representa eventos independentes, e no cumulativos; ii) a resposta
para uma infeco patognica muito mais varivel e complexa do que os efeitos txicos de substncias qumicas. A variabilidade
de resposta deriva de pr-condies genticas, idade, estado psicolgico, variedade biolgica, e fatores socioeconmicos; iii) os
nveis de muitos componentes txicos em meio ambiente do trabalho so relativamente estveis ou declinam com o tempo,
resultado de degradao e diluio; e, iv) os micro-organismos so dinmicos e adaptveis. Estes princpios determina alta
periculosidade dos micro-organismos sade do trabalhador.
80
UNIDADE III
CAPTULO 13
Processos de Avaliao de Perigo
H vrios tipos de anlise de perigo diferenciados por nveis de complexidade. Gressel & Gideon
(1991) relatam as que consideram como as principais. Segundo os autores, avaliao de perigos
significa o emprego de mtodos sistemticos de avaliao de processos para inserir operaes e
evitar falhas.
Consideram tambm que esta etapa extremamente til para o meio ambiente do trabalho seguro.
Entre as principais tcnicas, os autores destacam as seguintes.
81
Anlise What if
What if. pode identificar os perigos e suas consequncias e ajudar a desenvolver alternativas para
a reduo do potencial de perigo. Uma anlise What if usualmente comea pelo incio do processo
e levanta uma srie de questes relativas aos processos descontrolados ou em funcionamento
inadequado.
O procedimento What if uma tcnica de anlise geral, qualitativa, cuja aplicao bastante
simples e til para uma abordagem em primeira instncia na deteco exaustiva de perigos, na fase
de processo, projeto ou pr-operacional, no sendo sua utilizao unicamente limitada s empresas
de processo.
A tcnica desenvolve-se por meio de reunies entre duas equipes, promovendo questionamentos
por suposies E se ? Os questionamentos englobam procedimentos, instalaes, processo da
situao analisada e podem ser livres ou sistemticos. No questionamento livre, as perguntas
podem ser totalmente desassociadas. J no sistemtico, o objetivo das perguntas focado em
pontos especficos como um martelo. A equipe questionadora a conhecedora e familiarizada
com o sistema a ser analisado, devendo formular uma srie de quesitos com antecedncia, com a
finalidade de guia para a discusso.
A utilizao peridica do procedimento o que garante o bom resultado do mesmo no que se refere
reviso de perigos do processo. A aplicao do What if envolve o estudo de possveis desvios e
resulta num largo espectro de perigos, bem como a gerao de possveis solues para os problemas
levantados, alm disso estabelece um consenso entre as reas de atuao, como produo, processo
e segurana quanto forma mais segura de operacionalizar a planta.
Dois exemplos de questionamento so: o que aconteceria se o operador falhasse em iniciar o sistema
de ventilao? O que aconteceria se o compressor de ar falhasse? Geralmente, as questes iniciais
so desenvolvidas como resultado de uma anliseprvia do PHA.
Questes adicionais baseadas nos resultados da anlise inicial What if podem ser adicionadas. A
estrutura da anlise What if livre, permitindo a sua adaptao para cada rea de interesse. Cabe
acrescentar que a avaliao pode ser aplicada no somente para processos de equipamentos, mas
tambm para procedimentos e interaes de trabalhadores. Muitas vezes, as consequncias de uma
resposta para uma questo particular so determinantes, e discusses sobre o perigo podem sugerir
modificaes de processos para reduzir ou eliminar os perigos potenciais.
A efetividade deste tipo de anlise depende apenas das respostas s questes, sendo influenciadas
pela experincia de quem responde.O relatrio do procedimento fornece tambm um material de
fcil entendimento, que serve como fonte de treinamento e base para revises futuras. De Cicco e
Fantazzini (1994b) sugerem alguns passos bsicos quando da sua aplicao.
a. Formao do comit de reviso: montagens das equipes e seus integrantes.
b. Planejamento prvio: planejamento das atividades e pontos a serem abordados
na aplicao da tcnica.
82
UNIDADE III
E se...?
Vierem mais pessoas que o
esperado?
perigo/consequncias
Falta de espao, bebida e comida.
Chover
Faltar energia
Paralisar a festa.
Alugar gerador.
Reviso de segurana
As revises de segurana so formalizadas em investigaes locais que, tipicamente, so conduzidas
na planta durante as operaes de produo. Elas podem completar outras tcnicas de avaliaes
de perigo, efetuadas fora do local da planta, ou antes da planta entrar em produo. As pesquisas
de perigo so conduzidas para identificar as condies da planta e os procedimentos, que podem ter
desviado dos padres do projeto.
O comit de pesquisa de perigo inclui operadores, gerentes, pessoal de manuteno, EST, SESMT e
demais envolvidos em operao-segurana, que vivenciam a situao diria da fbrica. A pesquisa
83
84
UNIDADE III
rvore de deciso
uma ferramenta de grande praticidade de uso e aplicabilidade por pessoas do nvel operacional, que
se baseia em questionamentos e respostas para cada etapa do processo. Entretanto, trata-se de
uma ferramenta esttica que no permite, por si s, a reavaliaodos resulta dos provenientes das
decises tomadas. Sua aplicao ganhou abrangncia devido ao seu uso no auxlio de identificao
de pontos crticos de controle.
85
Chama-se a ateno para o fato de que sua determinao pode ser feita a partir de informaes
em publicaes cientficas, legislao ou por determinao experimental. Nesse contexto h
estabelecimento dos procedimentos de monitorao, assim definido como uma sequncia planejada
de observaes e de medidas para avaliar se um PCC est sob controle. Sua funo produzir um
registro para o futuro uso na etapa de verificao.
O monitoramento possui trs funes bsicas: I) essencial para a salubridade dos ambientes, j
que por meio dele possvel seguir todos os passos das operaes; II) utilizado para determinar
86
quando h perda de controle e ocorrncia de desvios em um PCC; e, por ltimo, III) proporciona
uma documentao escrita que vai ser utilizada no desenvolvimento do PPRA, por exemplo.
Uma considerao importante sobre o monitoramento: este deve ser de execuo fcil e rpida.
Anlises laboratoriais demoradas, como por exemplo, anlise espectrofotometria, no so
interessantes para o sistema de gesto. A monitorao contnua prefervel, masquando no for
possvel, ser necessrio estabelecer uma frequncia de controle por PCC.
Controles estatsticos do processo com planos de amostragem podem e devem ser utilizados. Para
auxiliar a organizao das planilhas de monitoramento de um PCC, as seguintes perguntas devem
ser feitas: Qu? Como? Quando? Quem?
Finalmente, para fixao de conceitos e definies, segue uma sntese abaixo para ajudar na
visualizao da gesto de risco, que inclui a avaliao e, por conseguinte, a anlise de riscos. Esta ltima,
a mais elementar etapa: identificao do perigo, os trabalhadores a eles expostos, bem como a estimativa de
risco a partir das probabilidades de ocorrerem tais perigos. Com a elaborao e estabelecimento de medidas
de controle, faz-se o controle de risco. A gesto de risco, portanto, engloba tudo isso, aliada ao tratamento
das no conformidades, monitoramento, registro e divulgao.
Ambientao 6: Sintetizando Gerncia de Risco
87
TCNICAS
ATRIBUDAS
ESPECIFICAMENTE
AO ENGO SEG.
TRABALHO
UNIDADE IV
Este curso voltado engenharia de segurana do trabalho, por isso fundamental que se registre a
sintonia deste com que a Resoluo/CONFEA no 1.010, de 2005, em seus Anexos I e II, que dispem
sobre as atribuies do EST, em especial aos itens a seguir.
4.1 - Campos de atuao da Engenharia de Segurana do Trabalho.
4.1.27 - Elaborar e executar anlise de riscos, como Anlise Preliminar de Riscos APR, rvore de Falhas AF e outras.
4.1.29 - Estudar e analisar as condies de vulnerabilidade das instalaes e equipamentos (HAZOP).
Com objetivo de contemplar tal capacitao, esta unidade dar nfase aos saberes iniciadores ao
correto empreendimento dessas tcnicas, por parte do EST.
88
UNIDADE IV
CAPTULO 15
Anlise Preliminar de Perigo APR
A Preliminary Hazard Analysis PHA, tambm chamada de Anlise Preliminar de Riscos (APR)
ou Anlise Preliminar de Perigos (APP), uma tcnica de avaliao de perigo satisfatria que pode
ser realizada por um ou dois indivduos com experincia em perigos. Indica-se o mtodo para casos
em que a experincia insuficiente para conhecer a identificao dos maiores perigos, sendo que,
geralmente, a tcnica efetuada nas etapas preliminares do projeto.
A PHA lista os materiais perigosos, componentes de equipamentos e condies de operaes de
processo. Para cada perigo, identifica-se a causa possvel, as consequncias e as medidas corretivas,
sendo os dados obtidos listados em uma tabela. A anlise desta tabela apresenta os resultados na
forma de uma lista de recomendaes para reduo ou eliminao dos perigos, porm a lista dos
processos requer uma anlise mais completa.
Essa tcnica consiste na primeira abordagem sobre o objeto de estudo, da se chamar preliminar.
Seu foco de atuao consiste no estudo, durante a fase de concepo ou desenvolvimento prematuro
de um novo sistema, com o fim de se determinar os perigos que podero estar presentes na sua fase
operacional, no sendo uma boa ferramenta para controle dos perigos.
uma anlise do tipo qualitativa, desenvolvida na fase de projeto e desenvolvimento de qualquer processo,
produto ou sistema, possuindo especial importncia na investigao de sistemas novos de alta inovao e/ou
pouco conhecidos, ou seja, quando a experincia em perigos na sua operao carente ou deficiente.
Podendo ainda ser aplicada em unidades j em operao, permitindo, nesse caso, a realizao de
uma reviso dos aspectos de segurana existentes.
A melhor forma de controle das medidas recomendadas pela PHA por meio de uma Lista de
Verificao. Atua sobre os possveis eventos perigosos ou indesejveis capazes de gerar perdas
na fase de execuo do projeto. Com base em uma PHA, obtm-se uma listagem de perigos com
medidas de controle a serem adotadas. Permite ainda estabelecer responsabilidades no controle de
risco, o que uma medida de grande importncia na Gesto de Riscos.
Como a APR, realizada em estgios iniciais do projeto, a falta de informaes detalhadas sobre
o projeto pode omitir perigos que somente sero detectados em fases avanadas do projeto, o que
pode acarretar custos e prejuzos no previstos inicialmente. Devido superficialidade a APR,
possui custos baixos de realizao. A PHA no uma tcnica aprofundada de anlise de perigos e
geralmente precede outras tcnicas mais detalhadas de anlise, j que seu objetivo determinar os
perigos e as medidas preventivas antes da fase operacional.
A APR tem grande utilidade no seu campo de atuao, porm, necessita ser complementada
por tcnicas mais detalhadas e apuradas. Em sistemas que sejam j bastante conhecidos, cuja
experincia acumulada conduz a um grande nmero de informaes sobre perigos, esta tcnica pode
89
90
Grau
Tipo
DESPREZVEL
Consequncia
II
MARGINAL OU LIMTROFE
III
CRTICA
IV
CATASTRFICA
A falha ir produzir severa degradao do sistema, resultando em sua perda total, leses
ou mortes.
No intuito de facilitar a fase de avaliao das consequncias, coloca-se um exemplo prtico, conforme
Tabela , que conforme necessidade, o EST, pode inserir outras colunas, tais como: natureza do risco,
responsvel pelas medidas preventivas e/ou corretivas, atividade, probabilidade.
Risco
Choque
Causa
Instalaes precrias
(desemcapada)
Consequncias
Equipamento danificado
Categoria
IV
Leso ou morte
Rudo
Falta de manuteno
isolamento inadequado
Surdez temporria ou
definitiva
III
Usar EPC
Mnt dos eqp regular
Diminuir o tempo de exposio
Troca por eqp moderno
Fagulhas
III
Usar EPC
Contato com
o ponto de
operao
Falta de proteo no
ponto de operao
Corte/amputao
IV
Usar EPC
Postura
inadequada
Altura inadequada da
bancada
Dores musculares
Manuseio inadequado
Treinar operadores
II
Adequar equipamentos
Treinar operadores
Esforo fsico
91
CAPTULO 15
Failure Modes and Effect Analysis FMEA
A FMEA, tambm chamada de Anlise de Modos de Falha e Efeitos AMFE, um mtodo de anlise
de perigo relativamente rigoroso e direto, conhecido como de falha, de efeito e de anlise crtica.
Considera integralmente cada componente do processo individual e descreve as funes de cada
componente e todos os potenciais de modos de falha. O mtodo determina a causa dessas falhas e
tambm os efeitos. Falhas que tm efeito significante podem ser identificadas por outras anlises.
possvel que as causas das falhas sejam provenientes de inmeros fatores, incluindo falhas de sistemas,
falhas humanas ou a combinao de ambas. Segundo Palady (1997) e McNatally, Page e Sunderland
(1997), o FMEA uma ferramenta proativa, implicando a eliminao de problemas potenciais antes
que eles sejam realmente criados em um prottipo, durante o processo ou em campo. A metodologia
AMFE uma ferramenta que busca evitar, por meio da anlise das falhas potenciais e propostas
de aes de melhoria, que ocorram falhas no projeto do produto ou do processo. Este o objetivo
bsico desta tcnica, ou seja, detectar falhas antes que se produza uma pea e/ou um produto.
A AMFE compreende uma anlise detalhada do sistema, podendo ser qualitativa ou quantitativa,
com foco em seus componentes e que permite analisar as maneiras pelas quais um equipamento
ou sistema pode falhar e os efeitos que podero advir para o sistema, para o meio ambiente e
para o prprio componente. Com a FMEA, possvel ainda estimar as taxas de falha, propiciar o
estabelecimento de mudanas e alternativas que possibilitem uma diminuio das probabilidades
de falha, aumentando a confiabilidade do sistema.
Cada vez mais so lanados produtos em que determinados tipos de falhas podem ter consequncias
drsticas para o consumidor, tais como avies e equipamentos hospitalares nos quais o mal
funcionamento pode significar at mesmo um risco de vida ao usurio.
Para isto necessrio o estabelecimento de como e quo frequentemente os componentes do produto
podem falhar, sendo, ento, a anlise estendida para avaliar os efeitos de tais falhas. A AMFE realizada
primeiramente de forma qualitativa, quer na reviso sistemtica dos modos de falha do componente, quer na
determinao de seus efeitos em outros componentes e, ainda, na determinao dos componentes
cujas falhas tm efeito crtico na operao do sistema, sempre procurando garantir danos mnimos
ao sistema como um todo.
Posteriormente, pode-se proceder anlise quantitativa para estabelecer a confiabilidade ou
probabilidade de falha do sistema ou subsistema, atravs do clculo de probabilidades de falhas
de montagens, subsistemas e sistemas, a partir das probabilidades individuais de falha de seus
componentes, bem como na determinao de como poderiam ser reduzidas essas probabilidades,
inclusive pelo uso de componentes com confiabilidade alta ou pela verificao de redundncias
de projeto.
92
UNIDADE IV
93
94
UNIDADE IV
Falhas na matria-prima:
Falhas do cliente:
95
96
UNIDADE IV
Nas fases seguintes, o grupo de trabalho define ndices de severidade (S), ocorrncia (O) e deteco
(D) para cada causa de falha, de acordo com critrios previamente definidos, por exemplo, o critrio
indicado na tabela a seguir. O ideal que a empresa tenha os seus prprios critrios adaptados a
sua realidade especfica. Na sequncia so calculados os coeficientes de prioridade de risco (R), por
meio da multiplicao dos outros trs ndices (R = S x O x D).
ndice de Ocorrncia (O)
Tabela 10: Exemplo de Critrios para ndice de Ocorrncia
ndice
ocorrncia
Remota
Muito Pequena
1:20.000
Pequena
1:4.000
4
5
8
9
10
1:1.000.000
frequncia
Excepcional (tempo > 360 dias)
1:1000
Moderada
6
7
proporo
1:400
1:80
Alta
Muito Alta
1:40
1:20
1:8
1:2
ndice
1
classificao
severidade da falha
Apenas perceptvel
2a3
4a6
7a8
Grave ou crtica
9 a 10
97
ndice
DET
Muito Alta
O binmio Mode de Falha Efeito permite facilemnte a deteco do evento, antes que
ele acontea. Ex. : tela protetor que empea o contato com partes quentes. Certamente
ser detectado
2a3
Alta
4a6
Moderada
7a8
Pequena
Nvel de controle muito baixo. H pelo menos um incidente/acidente por semana. Pouca
chance de ser detectado.
Muito pequena
10
Muito remota
ndice
ndice
1 a 135
Baixo
136 a 500
Moderado
501 a 1000
Alto
Deve-se analisar a viabilidade de cada medida e ento definir as que sero implantadas. Resumindo,
segue um exemplo englobador das alneas citadas:
98
UNIDADE IV
Figura 34: FMEA aplicado ao sistema de corte de madeira em bancada de serra circular
Folha
Projeto de produto
Projeto de processo
Cliente
Diviso
Aplicao
reas envolvidas
Data da elaborao
Produto/Processo
Fornecedor
2
Data ltima reviso
Falhas possveis
Item
Atual
Nome do
Funo do
componente/ componente/
Controles
processo
processo
Modo Efeitos(s) Causa(s)
atuais
Ao corretiva
Resultado
ndices
ndices Revistos
Recomendaes Tomada
10 11 12 13
Responsvel
O
14
15
16 17 18 19
20
99
100
UNIDADE IV
101
Causa
Efeito
Oxidao
gua no aquece
Acmulo de tolerncia
Travamento do eixo
Pagamento atrasado
102
UNIDADE IV
ndice
Ocorrncia
Ocorrncia
(frequncia relativa)
Muito remota
Excepcional
Muito pequena
De 1 em 50.000 a 1 em 500.000
Pequena
Poucas vezes
De 1 em 5.000 a 1 em 50.000
Moderada
De 1 em 1.000 a 1 em 5.000
5
6
De 1 em 200 a 1 em 1.000
De 1 em 50 a 1 em 200
7
8
9
10
De 1 em 15 a 1 em 50
Alta
Freqente
Muito alta
De 1 em 5 a 1 em 15
De 1 em 2 a 1 em 5
que 1 em 2
Conceito
Falha de menor importncia.
Quase no percebidos os efeitos sobre o produto ou processo.
Provoca reduo de performance do produto e surgimento gradual de ineficincia
Cliente perceber a falha mas no ficar insatisfeito com ela.
Produto sofrer uma degradao progressiva.
Ineficincia moderada
4a6
Produtividade reduzida
Incio de frustrao por parte do operador do processo ou cliente do produto
Cliente perceber a falha e ficar insatisfeito.
Mais de 50% a 70% das vezes no se consegue manter a produo esse requer grande esforo do operador,
h baixa eficincia e produtividade. Alta taxa de refugo,
7a8
9 a 10
No se consegue produzir, colapso do processo. Problemas so catastrficos e podem ocasionar danos a bens
ou pessoas.
Cliente ficar muito insatisfeito.
103
ndice
1
Conceito
Muito alta probabilidade de deteco.
2a3
Alta probabilidade de deteco. Em processos, aes corretivas so tomadas em pelo menos 90% das vezes
em que os seus parmetros saem fora de controle.
4a6
Moderada probabilidade de deteco. Somente em 50% das vezes em que o processo sai de controle so
tomadas aes corretivas.
7a8
Pequena probabilidade de deteco. Nvel de controle muito baixo. At 90% das peas produzida podem estar
fora de especificao.
9
10
No um mero preenchimento
de um formulrio, mas uma descrio detalhada do que acontece nas falhas possveis e quais os
procedimentos a serem seguidos para evitas a ocorrncia destas.
1. Definir a equipe responsvel pela execuo.
Nomeie um responsvel e monte uma equipe multidisciplinar e multi-hierrquica, envolvendo profissionais de reas distintas.
Elabore um cronograma prevendo os prazos de conduo.
2. Definir os itens do sistema que sero considerados.
Procure responder as seguintes questes.
Quais sos os componentes ou processos que a equipe tem menor conhecimento?
Quais componentes ou etapas que tem apresentado mais falhas?
104
UNIDADE IV
105
CAPTULO 16
Anlise de rvore de Falha AAF (Fault
Tree Analysis FTA)
A FTA um mtodo sistem'tico para determinar e exibir a causa de um grande evento indesejvel.
O mtodo inicia com o topo (ou final) do evento e desenvolve uma rvore lgica, mostrando as causas
de evento atravs do uso de operadores lgicos e eou.A anlise da rvore de falha identifica pequenos
grupos de eventos iniciadores, resultando no evento principal disposto no topo da rvore. Esses
grupos de eventos so chamados de conjuntos de pontos mnimos (minimal cut sets).
Permite uma abordagem lgica e sistemtica de um evento muito indesejado. Essa tcnica
pode fornecer a probabilidade de ocorrncia em estudo e gera os chamados conjuntos mnimos
catastrficos, que so falhas simultneas, desencadeadoras de catstrofes. A AAF encontra sua
melhor aplicao diante de situaes complexas, devido maneira sistemtica na qual os vrios
fatores podem serapresentados.
Se, em cada evento, um conjunto de pontos mnimos ocorrer, o topo do evento ir ocorrer. A
partir desses conjuntos de pontos mnimos, desenvolvem-se as recomendaes para minimizar a
probabilidade do evento iniciador, reduzindo a probabilidade de ocorrncia do evento principal.
Uma extenso adicional da FTA a Avaliao Probabilstica de Riscos (PRA). Com a rvore de
falha totalmente desenvolvida, so atribudas probabilidades para a ocorrnciade cada evento
nos conjuntos de pontos mnimos para determinar a probabilidade do evento topo. Entretanto, a
incerteza na PRA leva a uma dificuldade na determinao da probabilidade dos eventos.
A probabilidade resulta dos dados da taxa de falhas dos equipamentos, mas, infelizmente, esses
dados no so muito confiveis em alguns casos, e, em outros,inexistentes. Se os equipamentos
so usados em uma configurao no testada, ou foram recentemente desenvolvidos, poucos dados
sobre suas falhas podem estar disponveis. Por esta razo, as PRA so, geralmente, feitas com alto
grau de incerteza.
Se, entretanto, dados confiveis podem ser obtidos, a PRA pode provar ser um dos mais eficientes
mtodos para a determinao do risco total de uma planta ou processo. A PRA utilizada
especialmente para o estabelecimento de prioridades, visando a reduzir todas as probabilidades de
falhas, devido ao fato de um evento de uma srie poder ser o mais provvel e, portanto, ser um ponto
lgico para a interveno imediata.
A AAF uma tcnica dedutiva para a determinao de causas potenciais de acidentes e de falhas no
sistema, alm do clculo de probabilidade de falhas. Mtodo excelente para descobrir o mecanismo
de encadeamento das vrias causas que podero dar origem a um evento indesejvel (falha).
106
UNIDADE IV
Determinam-se as frequncias de eventos indesejveis (topo) a partir da combinao lgica das falhas
dos diversos componentes do sistema. Segundo LEE et al. (1985), a AAF permite a transformao de
um sistema fsico em um diagrama lgico estruturado (a rvore de falhas), em que so especificados as
causas que levam a ocorrncia de um especfico evento indesejado de interesse, chamado evento topo.
O evento indesejado recebe o nome de evento topo por uma razo bem lgica, j que na montagem
da rvore de falhas o mesmo colocado em nvel mais alto. A partir desse nvel, o sistema dissecado
de cima para baixo, enumerando todas as causas ou combinaes delas que levam ao evento
indesejado.
Os eventos do nvel inferior recebem o nome de eventos bsicos ou primrios, pois so eles que
do origem a todos os eventos de nvel mais alto. De acordo com Oliveira e Makaron (1987), a
AAF uma tcnica dedutiva que se focaliza em um acidente particular e fornece um mtodo para
determinar as causas desse acidente, um modelo grfico que dispe vrias combinaes de falhas
de equipamentos e erros humanos que possam resultar em um acidente.
Consideram o mtodo como uma tcnica de pensamento-reverso, ou seja, o analista comea com
um acidente ou evento indesejvel que deve ser evitado e identifica as causas imediatas do evento,
cada uma examinada at que o analista tenha identificado as causas bsicas de cada evento.
Portanto, certo supor que a rvore de falhas um diagrama que mostra a inter-relao lgica
entre essas causas bsicas e o acidente. Assim, a avaliao qualitativa pode ser usada para analisar
e determinar que combinaes de falhas de componentes, erros operacionais ou outros defeitos
podem causar o evento topo.
J a avaliao quantitativa utilizada para determinar a probabilidade de falha no sistema pelo
conhecimento das probabilidades de ocorrncia de cada evento em particular. A diagramao lgica
107
O uso da rvore de falhas pode trazer, ainda, outras vantagens e facilidades, quais sejam: a
determinao da sequncia mais crtica ou provvel de eventos, entre os ramos da rvore, que
levam ao evento topo; a identificao de falhas singulares ou localizadas importantes no processo; o
descobrimento de elementos sensores (alternativas de soluo) cujo desenvolvimento possa reduzir
a probabilidade do contratempo em estudo.
Existem certas sequncias de eventos centenas de vezes mais provveis na ocorrncia do evento topo
do que outras e, portanto, relativamente fcil encontrar a principal combinao ou combinaes
de eventos que precisam ser prevenidas, para que a probabilidade de ocorrncia do evento topo
diminua. Alm dos aspectos citados, a AAF encontra aplicao para inmeros outros usos, como:
soluo de problemas diversos de manuteno, clculo de confiabilidade, investigao de acidentes,
decises administrativas, estimativas de riscos etc.
108
UNIDADE IV
A AAF pode ser executada em quatro etapas bsicas: definio do sistema, construo da rvore de
falhas, avaliao qualitativa e avaliao quantitativa.
a. Definio do Sistema: Seleo do evento indesejvel ou falha, cuja probabilidade
de ocorrncia deve ser determinada; Ainda na fase de definio do sistema feita
a reviso dos fatores intervenientes: ambiente, dados do projeto, exigncias do
sistema etc., determinando as condies, os eventos particulares ou as falhas que
possam vir a contribuir para ocorrncia do evento topo selecionado.
b. Construo da rvore: Montagem, atravs da diagramao sistemtica, dos
eventos contribuintes e das falhas levantadas na etapa anterior, mostrando o interrelacionamento entre esses eventos e falhas, em relao ao evento topo. O processo
inicia com os eventos que poderiam, diretamente, causar tal fato, formando o
primeiro nvel, o bsico. medida que se retrocede, passo a passo, at o evento topo,
so adicionadas as combinaes de eventos e as falhas contribuintes. Desenhada a
rvore de falhas, o relacionamento entre os eventos feito atravs das comportas
lgicas.
c. Anlise Qualitativa: Por meio de lgebra Booleana so desenvolvidas as
expresses matemticas adequadas, que representam as entradas da rvore de
falhas. Cada comporta lgica tem implcita uma operao matemtica, podendo ser
traduzidas, em ltima anlise, por aes de adio ou multiplicao.
d. Anlise Quantitativa: Determinao da probabilidade de falha de cada
componente, ou seja, a probabilidade de ocorrncia do evento topo ser investigada
pela combinao das probabilidades de ocorrncia dos eventos que lhe deram
origem.
A simbologia apresentada na Tabela 13 permite uma anlise qualitativa da rvore de falha. No
entanto, para a anlise quantitativa, alm dos conceitos de simbologia, faz-se necessrio recordar
algumas regras de conjunto (distribuio de probabilidade) apresentadas na Tabela 4, onde o sinal
de + representa unio e o de - interseo.
Embora tenha sido desenvolvida com o principal intuito de determinar probabilidades, como
tcnica quantitativa, muito comumente usada tambm por seu aspecto qualitativo porque, desta
109
(CICCO, 1994).
110
UNIDADE IV
Memria de clculo
Como: P(A B) = P(A) + P(B) - P(A B)
P(A B) = P(A | B) x P(B) P(B | A) x P(A)
P(A B) = P(A) .P(B), se independentes, logo:
P(D) = P(B U C) = P(B + C) = P(B) + P(C) P(B.C), como: P(B.C) = P(B).P(C), vem:
P(D) = P(B) + P(C) P(B).P(C)
P(E) = P(A D) = P(A. D) = P(A).P(D), substituindo P(D), tem:
P(E) = P(A).[ P(B) + P(C) P(B).P(C)], aplicando propriedades:
P(E) = P(A).P(B) + P(A).P(C) P(A).P(B).P(C)
A rvore de Falhas apresentada na figura a seguir se refere a um secador de cabelo
para o evento-topo (ar frio no sair). Calculou-se as probabilidades dos elementos
intermedirios e do evento topo.
Ambientao 8: AAF
111
A falha todo de uma cadeia de eventos tem basicamente trs causas. Falha primria, falha secundria
e falha de comando. A falha primria est baseada no prprio projeto e nos resultados advindos
desta falha. A falha secundria devida a causas externas ao projeto, como trabalho em condies
anormais, condies fora do especificado para operao, como vibrao, temperatura e umidade,
manuteno imprpria com uso de materiais ou mo de obra inadequados. A falha de comando
causada por ordens ou rudos provocados por componentes que gerenciam a operao.
112
UNIDADE IV
113
114
UNIDADE IV
Anlise qualitativa
A anlise qualitativa consiste em determinar os seguintes elementos.
Cortes mnimos
Um ranking qualitativo dos eventos terminais
A combinao de eventos terminais que sejam suficientes para ocasionar a ocorrncia do evento
chamada de Corte Mnimo CM.
Analisando a figura acima, pode-se chegar aos seguintes cortes mnimos necessrios para que o
evento ocorra (observe da esquerda para direita).
CM1 = (E1, E1) = E1
CM2 = (E1, E3)
CM3 = (E1, E4)
CM4 = (E2, E1)
115
Anlise quantitativa
A anlise quantitativa pode ser efetuada independentemente da anlise qualitativa. Nessa fase
devem ser considerados que tipos de dados sero quantificados, o que, sem dvida, dever depender
do objetivo do FTA elaborado.
116
UNIDADE IV
Para efetuarmos o clculo do evento topo de um AAF, temos que utilizar os recursos da lgebra
Booleana, como visto anteriormente:
117
Para se calcular o evento Topo da rvore de Falha, mostrada na figura abaixo, tem-se que utilizar as
equaes de lgebra Booleana, vistas anteriormente. Pode-se iniciar o clculo, partindo do evento
tipo, top down, ou partindo dos eventos terminais bottom-up.
T = E1 E2
E1 = A + E3
E2 = C + E4
E3 = B + C
E4 = A B
118
UNIDADE IV
Primeiramente, faz-se a substituio de evento topo. Inicia-se com a equao do evento topo,
efetuam-se as substituies e expande-se a substituir at obter uma expresso que representa o
evento topo. Substituindo E1 e E2, tem-se:T = (A + E3) (C + E4) = (A C) + (E3 C) + (E4 A) + (E3
E4). Efetua-se a substituio de E3, tem-se:
T = A C + (B + C) C + E4 A + (B + C) E4 =
= A C + B C + C C + E4 A + E4 B + E4 C
Como C C = C, vem:
T = A C + B C + C + E4 A + E4 B + E4 C
Utilizando-se a Lei de Absoro, tem:
A C + B C + C + E4 C = C
Portanto,
T = C + E4 A + E4 B
Finalmente, efetuando a substituio de E4 e aplicando novamente a Lei de Absoro, vem:
T = C + (A B) + (A B) B
T=C+AB
Portanto os cortes mnimos obtidos so: C e A B, conforme Figura 44.
O uso do clculo na forma bottom-up pode ser mais trabalhoso, mas obtm-se os cortes mnimos de
cada falha intermediria. Considerando a figura anterior, tem-se:
T = E1 E2
E1 = A + E3
E2 = C + E4
E3 = B + C
E4 = A B
119
120
Caracterstica
Bsica
Procedimento
Objetivo
AAF
Identificao as causas primrias.
Elaborao de uma relao lgica entre falhas primrias e
falha final do produto.
AMFE
Identificao das falhas crticas em cada componente, suas
causas e consequncias.
Hierarquizar as falhas.
121
CAPTULO 17
Anlise de rvore de Eventos AAE
(Event Tree Analysis ETA)
A Anlise da rvore de Eventos (AAE) um mtodo lgico-indutivo de identificao de perigos e
anlise de riscos das vrias e possveis consequncias resultantes de um evento inicial, chamado
iniciador. Consiste em relacionar todos os riscos capazes de contribuir ou ocasionar danos. AAE um
mtodo indutivo que, partindo de um determinado evento inicializador, delineia-se as combinaes
de eventos at chegar aos possveis resultados (cenrios).
No confundir Srie de Risco (SR) com AAE. Apesar de tambm ser chamada de Anlise de rvore de
Eventos (AAE), a SR diferente de AAE e por isso preciso ser diferenciada para que se possa compreender
melhor a forma de apresentao da AAE.
A SR representa uma cadeia, uma sequncia de eventos que levam a um acidente (Evento
Catastrfico), que mapeia os riscos que conduzem ao evento perigoso ou indesejvel. Esses riscos
so divididos em trs categorias: risco inicial, risco principal e risco contribuintes.
Parte-se do Risco Inicial que aquele que desencadeia todo o processo; passa-se pelos Riscos
Contribuintes que so os que, em funo do primeiro, do continuidade ao processo de ocorrncia
do acidente; passa-se pelo Risco Principal que direta ou indiretamente pode causar: morte ou leso,
danos a equipamentos e a instalaes, degradao da capacidade funcional e perdas de materiais,
chegando at as consequncias advindas do processo.
No grfico da Srie de Riscos esto presentes ainda os Inibidores, que so todas as medidas capazes
de evitar a ocorrncia ou a propagao dos efeitos dos riscos. Ao modelar a Srie de Risco, a mesma
pode apresentar o inter-relacionamento dos riscos de forma simples ou atravs de ligaes e ou
ou que permitem calcular a probabilidade de Ocorrncia do Evento Catastrfico.
Figura 46: Sequencia de eventos que podem levar a ruptura do vaso de presso e os inibidores
122
UNIDADE IV
Foi desenvolvida no incio dos anos 1970, para apoiar a implementao de anlises de riscos em
centrais nucleares. Atualmente utilizada nas mais diversas reas tcnico-cientficas. Conforme
Esteves (1982), a tcnica busca determinar as frequncias das consequncias decorrentes dos
eventos indesejveis, utilizando encadeamentos lgicos a cada etapa de atuao do sistema.
Na rvore de Falhas parte-se de um evento-topo, como, por exemplo, o rompimento de uma
tubulao, e segue-se para trs, verificando os eventos que podem ter gerado o evento-topo. O
evento-topo da rvore de Falhas o evento iniciador da AAE que, ao contrrio da rvore de Falhas,
segue para frente, identificando eventos que possam decorrer do evento iniciador.
Nas aplicaes de anlise de risco, o evento inicial da rvore de eventos , em geral, a falha de um
componente ou subsistema, sendo os eventos subsequentes determinados pelas caractersticas do
sistema.
Para o traado da rvore de eventos as seguintes etapas devem ser seguidas.
a. Definir o evento inicial que pode conduzir ao acidente.
b. Identificao dos eventos que podem influenciar, incluindo os sistemas de segurana
(aes) que podem amortecer o efeito do evento inicial.
c. Combinar em uma rvore lgica de decises as vrias sequncias de acontecimentos
que podem surgir a partir do evento inicial.
d. Uma vez construda a rvore de eventos, deve-se calcular as probabilidades
associadas por ramo do sistema que conduz a alguma falha (acidente).
A rvore de eventos deve ser lida da esquerda para a direita. Na esquerda comea-se com oevento
inicial e segue-se com os demais eventos sequenciais. A linha superior no e significa queo evento
no ocorre; a linha inferior sim e significa que o evento realmente ocorre. A Figura 47 e a Figura
48 representam esquematicamente o funcionamento da tcnica de AAE.
123
124
UNIDADE IV
125
Um modo inteligente de comparar AAE, AAF e a AMFE tomar um mesmo evento de falha como foco
de aplicao das trs ferramentas. De acordo com a matriz tempo-espao mostrada abaixo, na qual o evento de
falha corresponde posio de cruzamento da linha de espao aqui com a coluna de tempo agora.
A AAF e a AMFE so ferramentas estruturais, enquanto que a AAE uma ferramenta sequencial. As
setas no retngulo central da matriz, com os deslocamentos elementares horizontais no tempo,
verticais no espao e transversais, englobando tempo e espao , indicam, para efeitos de foco em
ocorrncias especficas, as possveis movimentaes do evento de falha para o posicionamento do
evento de falha (aqui-agora) em qualquer posio da matriz.
126
UNIDADE IV
CAPTULO 18
Estudo da Operabilidade e Perigo
(Hazard and Operability Studies HAZOP)
A palavra Hazop derivada de Hazard (Perigo) e Operability (Operabilidade). Constitui uma tcnica
de identificao e anlise de risco que consiste em detectar desvio de variveis nos processos. O
objeto da Hazop so os sistemas e, seu foco, os desvios de variveis de processos.
Hazop foi desenvolvida para identificar os perigos e problemas operacionais em instalaes de
processos industriais, os quais, apesar de aparentemente no apresentarem riscos imediatos, podem
comprometer a produtividade e a segurana da instalao.
Foi desenvolvido, originalmente, para anlise qualitativa de perigos e problemas operacionais,
principalmente na utilizao de novas tecnologias, em que o conhecimento sobre a operacionalidade
das mesmas escasso ou inexistente, sendo tambm utilizado nos vrios estgios da vida til de
instalaes industriais.
uma tcnica estruturada e desenvolvida para identificar perigos em uma instalao industrial, mas que
procura, principalmente, identificar problemas referentes aos procedimentos operacionais que possam levar
a danos materiais ou humanos. Desta forma, o Hazop no uma determinao de falhas por excelncia,
mas uma avaliao no quantificada dos perigos e dos problemas operacionais presentes em um processo
industrial (AGUIAR,2001).
Em situaes normais, as diferentes variveis que controlam o sistema (vazo, presso, temperatura,
viscosidade, composio, componentes) possuem valores esperados para o funcionamento adequado
do sistema. No entanto, em situaes indesejveis e/ou perigosas, os valores dessas variveis, em
diferentes pontos (denominados ns) do sistema, se alteram, durante a operao do mesmo. A
diferena observada entre os valores alterados e os valores normais chamada de desvio.
A tcnica Hazop um procedimento indutivo qualitativo, no qual uma equipe de profissionais
realiza um brainstorming sobre o projeto da planta em busca de perigos, seguindo uma estrutura
preestabelecida com base em uma lista de palavras-guia. Esta tcnica de identificao de perigos
consiste, fundamentalmente, em uma busca estruturada das causas de possveis desvios em variveis
de processo.
possvel, ento, identificar sistematicamente os caminhos pelos quais os equipamentos envolvidos no
processo industrial podem falhar ou serem operados de forma inadequada, levando a situaes indesejveis
de operao.
Uma das grandes vantagens do brainstorming que ele estimula a criatividade e gera ideias, atravs
da interao de integrantes de grupos de diferentes reas e diferentes nveis de conhecimento, sobre
todos os modos pelos qual um evento indesejvel possa ocorrer ou um problema operacional possa
surgir. No entanto, para minimizar a possibilidade de que algo seja omitido, a reflexo executada
127
comum que a unio da palavra-guia com a varivel produza significados diferentes, da a necessidade de
possuir na equipe profissionais com experincia no funcionamento do sistema. Identificadas as palavrasguia e os desvios respectivos, pode-se partir para a elaborao das alternativas cabveis, para que
o problema no ocorra ou seja mnimo. Convm, no entanto, analisar as alternativas quanto a seu
custo e operacionalidade.
Na Hazop, a operabilidade to importante quanto a identificao de perigos. Geralmente neste tipo
de estudo so detectados mais problemas operacionais do que identificados perigos. Este no um
ponto negativo, muito pelo contrrio, aumenta sua importncia, pois a diminuio dos riscos est
muito ligada eliminao de problemas operacionais. A eliminao dos problemas operacionais
recai numa consequente diminuio do erro humano, decrescendo, assim, o nvel de risco, porm,
impossvel eliminar qualquer perigo que seja, sem antes ter conhecimento do mesmo, o que pode
ser detectado pelo Hazop.
O mtodo Hazop principalmente indicado em implantao de novos processos na fase de projeto
ou na modificao de processos j existentes. O ideal na realizao do Hazop que o estudo seja
desenvolvido antes mesmo da fase de detalhamento e construo do projeto, evitando com isso
128
UNIDADE IV
que modificaes tenham que ser feitas, quer no detalhamento ou ainda nas instalaes, quando o
resultado do Hazop for conhecido (AGUIAR, 2001).
Vale ressaltar que a Hazop conveniente para projetos e modificaes tanto grandes quanto
pequenos. s vezes, muitos acidentes ocorrem porque se subestima os efeitos secundrios de
pequenos detalhes ou modificaes, que primeira vista parecem insignificantes e impossvel,
antes de se fazer uma anlise completa, saber se existem efeitos secundrios graves e difceis de
prever.
Alm disso, o carter de trabalho em equipe que a Hazop apresenta, em que pessoas de funes
diferentes dentro da organizao trabalham em conjunto, faz com que a criatividade individual
seja estimulada, os esquecimentos evitados e a compreenso dos problemas das diferentes reas
e interfaces do sistema seja atingida. Uma pessoa, mesmo competente, trabalhando sozinha,
frequentemente est sujeita a erros por desconhecer os aspectos alheios a sua rea de trabalho.
Assim, o desenvolvimento do Hazop alia experincia e competncia individuais s vantagens
indiscutveis do trabalho em equipe.
A Hazop pode ser aplicada a processos contnuos ou descontnuos. Nos contnuos, a elaborao
do fluxograma requisito essencial; para os descontnuos, o principal requisito o procedimento
escrito. O Hazop ideal para ser empregada na fase final de elaborao do projeto de processo,
embora tambm seja aplicada na etapa de operao.
As principais vantagens da anlise por Hazop esto relacionadas com sistematicidade, flexibilidade e
abrangncia para identificao de perigos e problemas operacionais. As reunies de Hazop promovem
a troca de ideias entre os membros da equipe, uniformizando o grau de conhecimento e gerando
informaes teis para anlises subsequentes, principalmente, para Avaliaes Quantitativas de
Riscos AQR (AGUIAR,2001).
A Hazop serve para os membros da equipe adquirirem um maior entendimento do funcionamento
da unidade em condies normais e, principalmente, quando da ocorrncia de desvios, funcionando
a anlise de forma anloga a um simulador de processo.
Como desvantagem, destacam-se: avalia apenas as falhas de processo (T, P, Q, pH,...) para
determinar as potenciais anormalidades de engenharia. Requer uma equipe multidisciplinar com
larga experincia para implementao da tcnica. Especialistas em projeto, processo, operao do
processo, instrumentao, qumica, segurana e manuteno.
O procedimento para execuo da Hazop em processo descontnuo pode ser sintetizado nos
seguintes passos.
a. Selecionar um passo da operao descontnua: a operao descontnua geralmente
escrita na forma de procedimento, o que essencial para a eficcia da Hazop.
As sentenas devem ser iniciadas com verbos no infinito ou imperativo, curtas,
objetivas, restritas ao pretendida.
129
hazop
Palavras-guia: menos
Palavras-guia: nenhum
falha
O operador destilou apenas 15%.
Observe que a aplicao da Hazop identifica os desvios possveis, mas as consequncias s podem
ser previstas por profissionais que conhecem o processo, as reaes qumicas e tenha experincia,
da a necessidade de uma equipe multidisciplinar.
A realizao de uma Hazop exige, necessariamente, uma equipe multidisciplinar de especialistas,
com conhecimentos e experincias na sua rea de atuao, para avaliar as causas e os efeitos de
possveis desvios operacionais, de forma que o grupo chegue a um consenso e proponha solues
para o problema.
A interao de pessoas, com diferentes experincias, estimula a criatividade e gera novas ideias,
devendo todos os participantes defender livremente os seus pontos de vistas, evitando crticas
que inibam a participao ativa e a criatividade dos integrantes da equipe. A composio bsica
da equipe dada a seguir, sendo acrescida de outros profissionais, a depender do tipo e fase de
operao do sistema.
No caso de plantas industriais em fase de projeto, so acrescidos: engenheiro de automao, mecnico,
civil e eletricista. J no caso de instalaes j existentes, devem ser acrescidos de profissionais com
larga experincia no sistema, tais como: chefe da unidade ou engenheiro de produo; engenheiro
responsvel pela operao da planta; supervisor-chefe da unidade; engenheiro de manuteno;
responsvel pela instrumentao; e o engenheiro de pesquisa e desenvolvimento.
130
UNIDADE IV
Funo
Perfil/atividades
Lder da Equipe
De preferncia deve se rum engenheiro de segurana perito na tcnica de HAZOP, no devendo ser um dos
participantes do projeto que est sendo analisado. Sua funo garantir que a equipe siga os procedimentos
do mtodo, devento ter experincia em liderar grupos de pessoas que normalmente no se reportam a ela. O
lder da equipe deve ser um tipo de pessoa que tenha caractersticas de prestar ateno aos mnimos detalhes,
cabendo-lhe as seguintes atividades.
1. Selecionar a equipe.
2. Planejar a anlise.
3. Conduzir a anlise.
4. Divulgar os resultados.
5. Acompanhar 3 execuo das recomendaes.
6. Limitar debates paralelos nas reunies.
7. Cobrar participao e pontualidade dos membros.
8. Entender bem o que est sendo discutido, exigindo explicaes quando achar necessrio.
9. Monitorar o desempenho de cada membro da equipe durante as discusses.
10. Incentivar, controlar as discusses, sintetizar os resultados, mas procurar permanecer neutro durante a
discusso.
11. Promover o consenso entre os membros.
12. No responder as perguntas, mas sim coloc-las para todo o grupo de modo a estimular a discusso.
Secretrio
Pessoa responsvel pelo preenchimento da planilha, devendo ser capaz de sintetizar de forma clara e objetiva
os resultados das discuss~eos do grupo.
Supervisor da Unidade
Engenheiro de Processo
Operador
o homem que conhece aquilo que de fato, acontece na instalao em anlise. Ele conhece tambm todos os
detalhes operacionais e as informaes relativas aos dados histricos da instalao.
Engenheiro de Manuteno
Engenheiro de Segurana
Engenheiro de Instrumentao
e Controle
Trata-se da pessoa que cuda da manuteno dos instrumentos, inclusive dos testes dos sistemas de controle
de proteo. Em algumas plantas esta responsabilidade repartida entre o engenheiro de instrumentao e o
engenheiro eletricista. Neste caso, ambos devem compor a equipe.
As reunies da equipe de Hazop devem ser suficientemente frequentes para se manter o mpeto
desejado. Em geral, as reunies devem durar cerca de 3 horas no mximo e deve-se ter um intervalo
de dois ou trs dias entre reunies subsequentes, a fim de permitir aos participantes coletar as
informaes necessrias, ou seja, frequncia de 2 a 3 reunies por semana (CHAVES, 2002).
O tempo necessrio e o custo so proporcionais ao tamanho e complexidade da unidade que estiver
sendo analisada. Estima-se que sejam necessrios, em mdia, cerca de 3 horas para cada grande
equipamento da instalao, tais como vasos, torres, tanques, compressores, permutadores etc.
Tipicamente os principais resultados fornecidos pela Hazop so os seguintes.
Identificao de todos os desvios acreditveis que possam conduzir a eventos perigosos ou a problemas operacionais.
Avaliao das consequncias (efeitos) desses desvios sobre o processo.
131
132
UNIDADE IV
133
Palavra-guia
Nenhum
desvio
Nenhuma Vazo
consequncia
Excesso de amnia no reator.
Liberao para rea de trabalho.
causas
1. Vlvula A fechada
2. Estoque de cido acaba
providncias sugeridas
Fechamento automtico B na
falta de vazo do cido.
3. Entupimento ou ruptura da
tubulao
Menos
134
Menos Vazo
Mais
Mais Vazo
Em parte
Vazo Norma de
cido de menor
concentrao
1. Vlvula A parcialmente
fechada
2. Entupimento parcial
1. O fornecedor entrega
material no especificado
2. Erro no enchimento do
tanque
Fechamento automtico B na
reduo de vaz do cido. Ponto
de operao determinado pelo
clculo de toxides.
UNIDADE IV
135
as partes da planta. Em comparao com o modelo cheklist, essa aplicao mais abrangente, mas
tambm demanda mais tempo.
Entretanto, adequadamente colocada em prtica, oferece um alto potencial para reavaliar pontos
fracos escondidos. Em adio, a Hazop traz grandes vantagens de ganhos de experincia de perigos
relatados durante o planejamento e operao das plantas j existentes (McNATALLY; PAGE;
SUNDERLAND, 1997).
Alm das principais tcnicas utilizadas na anlise de perigo citadas por Gressel &Gideon (1991),
Bryan (1996) destaca a rvore de Deciso (Decision Tree), enfatizando o uso para auxiliar a detectar
quais as etapas do processamento ambiental apresentam um risco maior de contaminao do
ambiente. Essas etapas so denominadas pontos crticos de controle e sua identificao importante
para gerar medidas preventivas.
136
UNIDADE IV
CAPTULO 19
Limitaes da Anlise de Riscos e
Resumo
A Anlise de Riscos tem demonstrado ser um sistema eficaz para quantificar os riscos que os perigos
podem trazer aos ambientes. Entretanto, uma das limitaes do seu emprego a confuso que
muitos autores fazem em relao sua terminologia com a Avaliao de Riscos. Chama-se ateno
para o fato: grande parte dos estudos que se prope desenvolver a Anlise de Riscos, na verdade,
trabalha com a Avaliao de Riscos, o que geralmente verificado na discusso. Confirma-se que
avaliao de Riscos etapa da Anlise de Riscos.
A Anlise de Riscos adequada para problemas complexos, cujas variveis apresentam um
comportamento estvel. Para aplicaes em processos com variveis no muito estveis, necessitamse muito mais dados para aumentar a confiabilidade. A respeito dessa necessidade, contribui a falta
de disponibilidade de dados, pois, para confiabilidade, os dados devem advir de delineamentos
experimentais apropriados.
H, ainda, a necessidade de esclarecer que a Identificao de Perigo, quando faz parte da HACCP17
um processo qualitativo; ao contrrio disso, quando faz parte da Avaliao de Riscos, constitui-se
como um processo quantitativo, que pode medir numericamente o grau de risco.
Destacam-se as vantagens de se utilizar a Anlise de Riscos nos processos relacionados ao meio
ambiente do trabalho, apesar de ainda no existirem disponveis todos os dados necessrios para
a obteno da preciso desejada. Recomenda-se a utilizao da Anlise de Riscos, mesmo que seja
feita de forma incompleta; isto promover um aumento na busca de dados e, consequentemente,
uma pesquisa mais ampla sobre eles.
Esta ao, no futuro, determinar uma utilizao mais completa da Anlise de Riscos sade do
trabalhador que depende dos seguintes fatores.
O avaliador deve ter conhecimento e treinamento necessrios para a tarefa. A
avaliao usualmente conduzida por uma equipe, entretanto, nem todos os
membros necessitam de treinamento formal no uso dos diferentes mtodos. Alguns
membros da equipe devem ter especial habilidade ou conhecimento de certos itens
do processo de operao ou manuteno de equipamentos. Os membros da equipe
devem incluir tanto pessoas que so familiarizadas com todos os aspectos da planta
de operao quanto aquelas que iro supervisionar.
A avaliao formal deve iniciar to breve quanto possvel, preferencialmente, na
etapa do projeto. Se o perigo potencial for identificado cedo, as mudanas para
tornar o processo seguro podem ser tomadas mais facilmente.
17 Hazard Analysis Critical Control Points- HACCP ou Anlise de Perigo e Pontos Crticos de Controle uma tcnica derivada da
FMEA,
137
tcnica
anlise e resultados
SR Srie de Riscos
Qualitativa
Qualitativa
Qualitativa
Qualitativa
Qualitativa
Qualitativa e Quantitativa
Qualitativa e Quantitativa
Qualitativa e Quantitativa
A anlise de Riscos, juntamente ao sistema gesto, indicada pela para produzir ambientes seguros.
Entretanto, a sua maior desvantagem, qual seja, ser um modelo altamente quantitativo, que dificulta
a aplicao, consiste na maior oportunidade aos EST pela atribuio legal e facilidade em manuseio
de algoritmos e lgebra.
Ambientao 14: Tnicas de Anlise de Risco
138
O uso adequado das tcnicas de anlise de risco funo de algumas particularidades de cada
tcnica e da experincia do Gerente de Risco, podendo fazer uso de mais de uma ferramenta ao
mesmo tempo. De forma mais esquemtica a Tabela 8 apresenta as tcnicas de Anlise de Risco e
em que fase devem ser aplicadas dentro da Gesto de Risco.
Aplicao
checklist
what-if
apr
amfe
hazop
X
X
X
139
140
RefeRnciAs
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