As 27 Funções Da Palavra QUE
As 27 Funções Da Palavra QUE
As 27 Funções Da Palavra QUE
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Primeira Parte
, oral em causal, ora em partcula to inexpressiva que, j no latim da decadncia, veio a servir
de mero expoente das oraes subordinadas, cujo carter no se definisse por meio de outra
partcula. Herdeira de
quod
, assim diferenciada, a conjuno portuguesa
que
, com a variante ca (qual), usada no falar antigo para exprimir o sentido causal.
E termina observando o famoso mestre:
"Os fatores de um fenmeno lingustico so muitos e possvel que a conjuno quod
procedesse no somente do pronome relativo, mas tambm do pronome interrogativo. Para
admitir, como alguns linguistas se inclinam a crer, que todos os fatos se devam referir somente
a frases interrogativas, faltam argumentos convincentes."
Dum ponto ao outro, da sua nascena at sua forma atual, impossvel seria descrever-se as
formas pelas quais passou a palavra - que - em relao aos seus valores diversos, ricamente
progressistas, at chegar forma atual. O que se pode dizer que, na poca do latim clssico
e da decadncia, possuiu, alm das formas comentadas acima, outras que, salvo excees,
equivaliam a: quais = pronomes interrogativos; quam = advrbios; quod e quia = conjunes.
Qu
Substantivo - monosslabo tnico.
Que
Advrbio, pronome, etc - monosslabo tono.
Letras componentes de QUE
Q - dcima sexta letra do alfabeto. Pronncia: qu. acompanhada sempre de u e apareceu
no latim. segundo abalizados autores, correspondente ao "hopp" do alfabeto drico, que,
presume-se, tirou-o, por sua vez, do fencio - "koph".
Classifica-se:
Quanto ao modo de articulaes: oclusiva;
Quanto ao ponto de articulao: velar;
Quanto ao papel das cordas vocais: surda;
Quanto ao papel das cavidades bucal e nasal: oral.
U - vigsima letra do alfabeto. No pronunciada. Faz parte obrigatria de q e serve para ligar
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Primeira Parte
a vogal
consoante
q
. Nasceu no findar do latim popular e formao do portugus. Antes o
u
eo
v
eram escritos da mesma maneira, na forma
v
.
E - quinta letra do alfabeto. Vem do latim que, por sua vez, trouxe-o dos gregos, estes dos
fencios e egpcios.
Classifica-se:
Quanto zona de articulao: anterior;
Quanto ao timbre: fechada;
Quanto ao papel da cavidade bucal e nasal: oral;
Quanto intensidade: tona (ou tnica).
Em Que
O grupo de letras (qu) denomina-se dgrafo, pois s representa um fonema.
Qu e Que
De todas as funes desta mgica palavra do idioma portugus, somente quando for
substantivo que deve ser acentuada. Autores, em grande maioria, explicam ser obrigatrio o
acento circunflexo no e quer seja interjeio, quer seja qualquer pronome, quer ainda pertena
a qualquer classe, desde que venha no fim da frase!
Fazer com Que
Das mais interessantes, quanto ao seu estudo regencial, a expresso - fazer com que.
Alguns a reprovam, outros, representando a maioria, defendem-na, abonados pelo uso que
dela fizeram os clssicos. Refere-se, todavia, o grande fator da discrdia parte sinttica. Foi
dito que a orao iniciada pelo
que
um objeto direto preposicionado; que "fazer com que" equivale a "conseguir", que "com que"
inicia orao objetiva indireta, etc.
Todos os opinadores possuem um qu de razo: um pela analogia, outro pela elasticidade da
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Primeira Parte
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Primeira Parte
Aos que condenam esta palavra com fora verbal e adverbial lembramos que agora
provenientede
hac hora
;
hoje
, de
hoc die
;
embora
, de
em boa hora
;
fidalgo
, de
filho de algo
;
oxal
, de
en sh allah
(assim queira Deus, traduo do rabe).
que
Verncula e de grande uso a expresso - que. Seu emprego d graa, energia, realce e
relevo frase. Exemplos:
"Naquela crise que ele se deu a conheceer". ( Aulete).
"Onde que se escondeu a antiga fortaleza?" (A. Herculano).
"O incomensurvel livro da vida e da natureza, sobretudo, que instrui e educa a sua alma".
(Gutemberg de Campos).
"Isso que era vigor de imaginao, habilidade de enredar a perspiccia dos adivinhos de
trgicas catstrofes". (Camilo).
"Os outros que se enfastiam e cansam de tanta barafusta". (Garrett).
No h regras para a colocao de que no perodo. Pode o vir seprado de que:
" por eles que eu choro". (Jlio L. de Almeida).
" a ti que estou falando". ( Paulo Rnai).
Por analogia comumente, aparece o verbo da expresso que noutro tempo e modo:
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Primeira Parte
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Primeira Parte
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Primeira Parte
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Primeira Parte
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Primeira Parte
At que
Quando ligar oraes conj. sub. temporal (ex.: ("trabalhou at que sua fora permitiu"); no
incio de frases deve ser considerada esta locuo como de realce, isto , explicativa (ex.: "At
que ele canta bem").
Como que
Locuo adverbial de modo. o mesmo que incomparavelmente", de modo incomparvel":
"Era fino como que". (Cor. Pires).
Quem quer que
considerada pronome substantivo indefinido. H de se notar, contudo, que o relativo que,
empregado nessa construo, no perde seu valor, equivalendo, pois,
quem quer
a
qualquer pessoa
. Exemplos:
"Quem quer que tenha viajado pode contar muitas coisas". (Paulo Ronai).
"Com seu semblante de profeta e sua aparncia de mendigo, conquistava a misericrdia de
quem quer que fosse. (Perea Martins).
Como quer que seja
Das mais interessantes o estudo desta frase. Ensina-se que seu significado de dvida ou
incerteza. Como ser sua anlise sinttica e sua forma plena? Consideramo-la desta maneira:
" O servio (p. ex.) ser feito como quer Pedro (p. ex.) que seja". Isto : "O servio ser feito
(por algum) como quer Pedro que (o servio) seja (feito por algum)". Que conjuno
subordinativa integrante;
como que
r, orao subordinada conformativa;
que seja
, orao subordinada substantiva objetiva direta.
Onde quer que esteja
Quase idntico ao estudo anterior o desta frase: que conjuno subordinativa integrante; o
sujeito de
quer indeterminado; que
esteja
orao subordinada substantiva objetiva direta. Plenamente, podemos ter a seguinte
disposio:
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Primeira Parte
"Eu lhe direi isto onde quer (Pedro, Paulo, etc.) que esteja (ele)".
Em que pese a
locuo verncula. Em que equivale a ainda que. Tal o exemplo:
"Em que se pese a voc, far-lhe-emos nosso relatrio". o mesmo que - "Ainda que isso pese
a voc, far-lhe-emos nosso relatrio.
Dar que falar
Equivale a: despertar ou censurar.
Que tambm
locuo conjuncional equivalente a "mas tambm".
Do que
Locuo comparativa. Assim como a conjuno comparativa - que - entra ela nas frases de
comparao para mais ou para menos. Tanto podemos dizer: "Voc mora mais longe do que
eu" ou "Voc mora mais longe que eu", ou ainda - "Sou menos estudioso que voc". Ou "Sou
menos estudioso do que voc".
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Segunda Parte
I
Substantivo
"Que" substantivo todas as vezes que estiver precedido dum adjunto adnominal, quase
sempre pelo artigo definido o, artigo indefinido um e pelos pronomes adjetivos demonstrativos
este, esse
e
aquele
:
"O qu uma palavra mgica".
"Refiro-me quele qu".
"quem escreveu este qu?"
"Nenhum qu cabe neste perodo".
Excetuando-se o vocativo e o agente da passiva, ocupa o qu todas as funes sintticas do
substantivo, ou seja, a
djunto
adnominal, sujeito, complemento nominal, objeto direto, objeto indireto, adjunto adverbial,
predicativo
e
aposto
. Exemplos:
"Do qu s uma vogal pronunciada".(adjunto adnominal de - vogal).
"Este qu est mal escrito". (sujeito).
"Em se tratando de substantivo, o acento circunflexo necessrio ao qu". (complemento
nominal de - necessrio).
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Segunda Parte
II
Preposio Essencial
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Segunda Parte
Funciona a palavra que, como preposio essencial, toda vez que, relacionando duas palavras
entre si, puder ser substituda pela de. Acontece isto nas construes que denotam
obrigatoriedade (auxiliar ter + de + infinitivo pessoal). Exemplos:
Tenho que terminar este servio hoje. (F. Fernandes).
Tenho que dizer-vos do que obrastes?. (F. Manuel de Melo).
No teve que andar muito. (Jlio Ribeiro).
...revelar o desencanto de quem quebrou a redoma e teve que voltar terra? (A. Serralvo
Sobrinho).
Segundo alguns autores, pode, em lugar da preposio para, funcionar a que. Todavia,
necessrio dizer que essa substituio possibilita argumentos para controvrsias. No exemplo:
Muito tenho eu que fazer h quem afirme ser a palavra que preposio, empregada com o
valor de para e encontramos tambm quem afirme ser o vocbulo
que
pronome relativo. Razes existem nas duas assertivas, basta que ambas sejam estudadas com
bastante ateno. Na primeira temos: Tu tens muito que contar (=para contar), na segunda:
Tenho muita coisa que fazer, sendo coisa objeto direto de
tenho
e
que
, pronome relativo, objeto direto de
fazer
.
Conquanto sejam tais construes corretas, temos ns de para uma ou outra interpretao
pender? No o Latim uma lngua cujas construes levam seus membros rigidamente fora da
ordem analtica? No o Portugus filho dileto do Latim? Ento comum , no idioma ptrio,
estarem deslocados na orao vocbulos que, na ordem direta, viriam juntos. Comum o
intercalar-se em lugar do antecedente (subordinante), vocbulos que nada tem a ver como o
consequente (subordinado). Ora, normal tais deslocamentos. Nas construes Tu tens
muito que contar e Tenho muita coisa que fazer os antecedentes tens e tenho e os
consequentes
contar
e
fazer
no esto juntos preposio que, cujo valor de mas nem por isso deixamos de
reconhecer qual o antecedente e qual o consequente. Evitando os torneios teremos: Tu tens
que contar muito (=de contar muito) Tenho que fazer muita coisa (=de fazer muita coisa).
Essas construes denotam a mesma
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Segunda Parte
obrigatoriedade de futuro
ao sujeito da orao
NOTAS:
1 Depois de um superlativo, pode-se empregar que em lugar de de : Sade melhor que
tudo na vida.
2 Anlise sinttica da preposio essencial: conetivo intervocabular subordinativo essencial.
3 So preposies essenciais: a, ante, aps, at, com, contra, de, desde, em, entre, para,
per, por, perante, sem, sob, sobre, trs.
III
Preposio Acidental
Sabemos que preposio o nome dado a certas palavras que tm por funo ligar outras
palavras entre si e que se classificam em essenciais e acidentais. Pois bem, que tambm pode
aparecer nesta classificao.
Toda vez que que for empregado com o valor de exceto, funciona como preposio
acidental:
Outro livro que a Bblia. (Buarque de Holanda).
Sem outra sombra que a do camelo. (Felinto, apud Cndido de figueiredo).
No tem de se extinguir, que no jazigo. (Idem,Idem).
NOTAS:
1 a respeito desta funo, mormente em referncia aos exemplos de Felinto, til se nos
afigura anotarmos a advertncia de Cndido de Figueiredo:
No obstante a autoridade de Felinto, parece-me haver ressaibo de francesismo em tal
emprego de que. Compare-se a sintaxe francesa: IL N Y AVAIT DES FEMMES (Novo
Dicionrio da Lngua Portuguesa).
2 anlise sinttica da preposio acidental: conetivo intervocabular subordinativo acidental.
OBSERVAO:
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Segunda Parte
IV
Advrbio de Intensidade
Todas as vezes que a palavra que estiver junto a um verbo, a um adjetivo ou a um outro
advrbio, exprimindo-lhes uma circunstncia, advrbio de intensidade.
Quando exprimir uma circunstncia a um adjetivo ou advrbio, corresponde a quo.
Mas que lindo est o dia!
Que grosseiros so os afetos humanos para avaliar as finezas do amor divino! (Vieira).
Que maravilhoso caminho este! (Grson Rodrigues).
Oh! Que enganados andam os homens! (Bernardes).
Que belo este espetculo! (C. Pereira)
que bem falas.
Que cedo levanta voc, Cristina!
Chi! Que belo! Vamos amanh! (Frana jnior).
Junto a um verbo equivale a muito ou pouco (V. explicao da funo seguinte). Exemplos:
Que importa, os inimigos perecero.
Que interessa isto a voc: Maria casou-se.
NOTA:
Sintaticamente, classifica-se o advrbio de intensidade: adjunto adverbial de intensidade.
OBSERVAO:
1 So advrbios de intensidade: bastante, muito, pouco, mais, menos, quase, demais e
assaz.
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Segunda Parte
V
Advrbio de Negao
Vimos, na funo anterior, que, aparecendo a palavra que junto a um verbo, adjetivo ou outro
advrbio, alterando-lhes, intensificando-lhes a significao, um advrbio de intensidade, pois
bem, agora vamos ver o vocbulo que funciona tambm como advrbio de negao. Acontece
isto nas frases, cujo verbo, comumente na 3 pessoa, precedido do advrbio que, equivalente
a no, muito embora no se possa negar que tambm pode equivaler a pouco ou muito. N.J.
Barroso Campinhos, em seu Portugus 2 Ciclo, pgina 117, aproveitando uma construo
de Jos de Alencar, d-nos o seguinte exemplo:
Que importa! Peri vencer...
Raras so as frases em que o advrbio que possa equivaler a no. Cinge-se esse valor
somente nos casos semelhantes ao exemplo acima:
Que interessa isso a voc: Maria casou-se!
Que interessa agora, teu segredo j foi descoberto.
NOTA
Anlise sinttica do advrbio de negao: adjunto adverbial de negao.
OBSERVAO:
1 So advrbios de negao: no, nunca, jamais, nada.
VI
Pronome Substantivo Indefinido
So pronomes substantivos indefinidos os que, estando em lugar de um nome substantivo,
caracterizam-se pelo sentido vago e impreciso. Ao dizermos Algum quebrou o vidro da
janela no definimos quem foi o agente da ao verbal, apenas afirmamos a existncia dum
sujeito agente que indefinido. Assim, pode o pronome substantivo indefinido exercer,
tambm, a funo de objeto, complemento, etc.
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Segunda Parte
Isto posto, podemos afirmar que a palavra que pronome substantivo indefinido quando
precede o verbo nas frases exclamativas e encerra a existncia duma coisa. Exemplos:
Quem vejo! Esta a cifra! triste glria!. (Manuel da Costa).
Que fizeste meu filho!
usual vir o pronome que precedido do artigo o.
Paulo, o que escreveu voc!
O que est acontecendo!
Valores sintticos do pronome substantivo indefinido:
SUJEITO
Que aconteceu!
O que precisou ser feito para a sua vinda!
OBJETO DIRETO
Que me fez, meu Pai!
O que me indicaste!
OBJETO INDIRETO
De que necessitas para o teu aperfeioamento!
A que foi preciso se dedicar!
PREDICATIVO
Que serei eu at l!
O que parecamos depois daquela longa caminhada!
ADJUNTO ADVERBIAL DE FIM
Para que nos torturava!
Para que contratamos os ventos e as tempestades! (Vieira).
ADJUNTO ADVERBIAL DE MEIO
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Segunda Parte
VII
Pronome Substantivo Interrogativo
QUE, pronome substantivo interrogativo, o pronome substantivo nas frases interrogativas:
Que fizestes, meu filho?
Que fiz eu para arrefecer a sua estima? (Camilo).
Pois que havemos de fazer no dia da ressurreio de Cristo? (Vieira).
Que vens anunciar-me ou que pretende de mim? (Herculano).
Comum hoje o emprego da formam interrogativa o que. No estudo histrico da lngua
portuguesa, vemos que, a princpio, era estranha na linguagem erudita, depois, para se evitar a
dubiedade de sentido, foi ela adotada nas interrogativas indiretas, o que veio dar maior
entonao frase. Criado esse novo expediente ao interrogativo que, estavam abertas as
portas do idioma para o seu emprego tambm no incio da orao. Exemplos:
Fazer o qu? (A.F. Castilho).
Dizes o que? (Said Ali).
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Segunda Parte
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Segunda Parte
Julgaram-no qu?
De que o chamou?
ADJUNTO ADVERBIAL DE FIM
Escreveste para qu?
Para que estudou gramtica?
ADJUNTO ADVERBIAL DE MEIO
Divertiram-se com qu?
Com que fizeram a viagem?
ADJUNTO ADVERBIAL DE CAUSA
Por que vivem as hereges que convertem vossos clices a usos profanos? (Vieira).
Os professores discutiam porqu?
Encontradias em bons escritores e largamente empregada pelo uso popular a expresso
idiomtica que, reforativa do interrogativo que. Exemplos:
Que que voc tem? (M. de Assis).
Que que d. Glria vem fuxicar aqui, seu Ribeiro? (Graciliano Ramos).
Que que voc tem, homem de Deus? (Castilho).
NB: Nas interrogativas acontece tambm vir o verbo da expresso idiomtica, por analogia, na
forma do passado perfeito do indicativo, quando aquilo que se quer saber se refere ao
passado:
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Segunda Parte
NOTAS:
1 Inclui a Nomenclatura Gramatical Brasileira por que como advrbio interrogativo (ex.: Por
que choras?). De estranhar essa classificao! Em construo, como a acima, o que se
pretende saber? No a causa, o objeto, o motivo do choro? Indubitavelmente, o que se
quer saber. A palavra
que
, nessa frase, encerra algo indefinido e interrogativo. Ora, se encerra alguma coisa, algum fato,
uma palavra que faz as vezes dum nome substantivo e TODA PALAVRA QUE FAZ AS
VEZES DUM NOME SUBSTANTIVO PRONOME SUBSTANTIVO. Sendo tambm
interrogativo sua classificao dever ser pronome substantivo interrogativo.
Classifica-se por que (nas frases interrogativas) como advrbio interrogativo porque,
sintaticamente, sua anlise pode ser adjunto adverbial confundir sintaxe com morfologia.
2 Embora no o seja na prtica, pode a palavra que, desta funo, ser denominada
pronome substantivo indefinido interrogativo.
OBSERVAO:
1 So pronomes substantivos interrogativos: quem, qual, onde, quando, quanto.
VIII
Pronome Adjetivo Indefinido
QUE pronome adjetivo indefinido quando, correspondendo, de certo modo, a quanto,
quanta, quantos, quantas, perceber um substantivo e determin-lo de modo vago,
impreciso:
Oh! Que aurora de porvir e que manh! (lvares de Azevedo).
Que bondade serena tem na doce expresso da face resignada! (Olavo Bilac).
Que beleza vejo!
Que saudades sinto?
Que inferno ter cabedais! (Castilho).
Que pena... to formosa e to lou! (Judas Isgorogota).
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Segunda Parte
IX
Pronome Adjetivo interrogativo
Todas as vezes que a palavra que estiver anteposta a um substantivo em frases interrogativas
ela um pronome adjetivo interrogativo. Exemplos:
Que poetas eu conversei na minha infncia? (Camilo).
Que horas deu o relgio? (Rabelo da Silva).
Que questo ? indagou Quaresma. (Lima Barreto).
Por que razo no vieste?
Mas, afinal que comboio esse de to m catadura? (C. Fernandes Paiva).
A que pessoa est apontando?
Em que nibus viajaremos?
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Segunda Parte
X
Pronome Substantivo Relativo
QUE pronome substantivo relativo a palavra que liga duas oraes entre si (sendo a 2
subordinada 1) e se refere a um antecedente, pessoa ou coisa. Exemplos:
E prorrompeu num chorar silencioso que apiedava pedras. (Camilo).
No apagars o nome que ilustrou um dia as cinzas que te confio. (L. Coelho).
Encontrei-me grade de ferro que circunda a calada. (Graciliano Ramos).
Os anjos, que ficavam da parte de Deus, desciam, e os que ficavam da parte de Jac,
subiam. (Vieira).
Isso poder trazer certa apreenso aos que acreditam no bem e no duvidam do mal.
(Edmundo Antunes).
Concordncia
O relativo que, palavra invarivel, exige o verbo na pessoa e nmero do antecedente:
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Segunda Parte
Ns, que ramos cativos e pobres, com a pobreza e mendigues, ficamos ricos. (Vieira).
Afeioado aos que me lastimam e aos que me escarnecem. (Camilo).
OBSERVAES:
1 Quando aps que vem um verbo de ligao (ser, estar, parecer, ficar, etc.) pode acontecer
que no concorde com o sujeito e sim, por atrao, com o predicativo:
Nela (na fogueira), um toro de lenha, verde ainda, estalando em aflitos estalidos, dessorava a
resina, que eram lgrimas, e nas crepitaes, dava gemidos! (Catulo da Paixo Cearense).
2 Quando o antecedente do relativo que for um vocativo referente a pessoa ou coisa, o
verbo do relativo vai para a pessoa que tratamos:
tu que tens de humano o gesto e o peito. (Cames).
Homem santo que me curar, se quiser, auxilie-me. (Souza da Silveira, apud Ernani Calbuci).
RELATIVO PREPOSICIONADO
Conforme suas funes sintticas, o relativo que precedido das preposies por, a, em,
com, para, e de:
Entendes agora (o motivo) por que me calo, devendo falar? (R. Silva).
Certo lugar eminente a que fora promovido um seu amigo. (Vieira).
Abordoado ao clssico basto em que se apia. (E. da Cunha).
Abre-se a rocha, Marta sai na mesma juventude com que entrara. (Graa Aranha).
A cidade o lugar para que deveis olhar. (Vieira).
As pessoas de que constava a casa e famlia. (Vieira).
NOTA:
V. em que, conjuno sub. Concessiva, funo XXIII, observao funo XIV, Alnea C
funo XI, nota 1.
OMISSO DA PREPOSIO
Em certas construes comum omitir-se a preposio em:
No dia que (em que) voc receber o diploma, grande festa faremos.
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Segunda Parte
Nesta hora que (em que) estamos todos juntos, aproveitemo-la para rezar o tero.
DESDOBRAMENTO
o relativo que conversvel em o qual, a qual, os quais e as quais. Mesmo sendo estas
formas muito usadas, aconselha-se no abusar de seus empregos:
Ao apear da liteira que (a qual) os esbirros atalaiavam. (Camilo).
Eu vi os atores que (os quais) chegaram de Portugal.
J conheo a histria a que ( qual) voc se refere.
OBSERVAO:
Sempre que se tiver dvida a respeito da funo do relativo que, basta substitu-lo,
mentalmente, pelas formas o qual, a qual, os quais e as quais, acrescidas, isto ,
repetindo-se, aps essas formas, o nome antecedente. Ex.: As alunas que estudavam, com
ateno, sempre obtinham notas altas. Tirando-se a dvida: As meninas, as quais meninas
estudavam, com ateno, sempre obtinham notas altas. Feita a substituio, sem prejuzo
clareza e significao do perodo, no h motivo de persistir a dvida.
NECESSIDADE DO EMPREGO DE O QUAL E FLEXES
Quando houver necessidade de ser dada maior clareza ao perodo ou quando o relativo que
vier distanciado de seu antecedente, usa-se a forma o qual e flexes:
O livro de histrias e aventuras, o qual me enviastes, li-o hoje. (M. Leite e U. Cintra, Gram. Da
L. Portuguesa).
Uma herana honrada de avs, a qual era preciso salvar.
Referindo-se a este ltimo exemplo, comenta o eminente gramtico Napoleo Mendes de
Almeida:
Se nessa orao o autor tivesse empregado que, o sentido teria ficado prejudicado, pois no
saberamos se o pronome
que estaria
substituindo o antecedente herana ou avs; o emprego de o qual esclarece o antecedente.
(Gram. Metdica da L. Portuguesa, 182).
OMISSO DO ANTECEDENTE
No raros so os casos em que o antecedente omitido:
No tenho com que me alimentar. (= coisa alguma com que...) (E. Carlos Pereira).
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Segunda Parte
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Segunda Parte
que
Quem d aos pobres, empresta a deus. = Aquele que d aos pobres, empresta a Deus. Quem quer vai. = Aquele que quer vai. Lembra, todavia, e muito bem, o ilustre Prof. E. C.
Pereira que, toda vez que a regncia no exigir o antecedente, prefervel tornar-se essa
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Segunda Parte
palavra como mero conjuntivo e considerar-se substantiva a orao, que, de outra sorte, seria
orao adjetiva; assim, nas frases: No tenho quem me socorra. - No sei quem est a.
(Gram. Expositiva, 289). (V. anlise n 15).
Observao Somente nos casos de vir quem preposicionado que pode ter antecedente
expresso: Senhor general, o soldado de quem lhe falei, aqui est.
NOTAS:
1 A palavra como pronome relativo quando equivale a por que e vem geralmente
precedida de
o modo:
Pelo modo como se apresentou, parecia querer brigar.
2 Quando pronome relativo se possui antecedente expresso e equivale a em que:
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Segunda Parte
O espetculo a que ontem assistimos, agradou - nos bastante. = Objeto indireto do verbo assi
stimos
.
O que sou, fica entre o cu e a minha conscincia. (R. da Silva). = Predicativo.
O veculo por que foi atropelado, j est apreendido. = Agente da passiva.
No momento em que Paulo chegou, eu percebi tudo. = Adj. Adverbial de tempo.
A estrada, a que entraremos, ser melhor. = Adj. Adverbial de lugar donde.
A estrada de que samos, foi-nos adversa. = Adj. Adverbial de lugar aonde.
A casa, em que moramos, parece com esta. = Adj. Adverbial de lugar onde.
Aquela a estrada por que devo passar. = Adjunto adverbial de lugar por onde.
O folheto precioso com que o Sr. Eduardo Prado acaba de enriquecer a literatura brasileira.
(Rui). = Adjunto adverbial de meio.
Lembra-se de nossas festas em que eu figurava de rei? (M. de Assis). = Adjunto adverbial de
tempo.
Os portentos de que esta fora capaz, ningum os calcula. (Rui). = Complemento nominal.
OBSERVAO:
Comumente com que adjunto adverbial. H, porm, de ser considerada a regncia verbal
para se analisar, ao certo, a palavra
que regida pela preposio com.
No exemplo Aquela a pessoa com que no me agrao alm de conetivo, sua funo
primeira, que objeto indireto.
EMPREGO ERRNEO
Em expresses como esta: A pessoa a quem me refiro aquela que o filho quebrou a perna,
defronte nossa casa d-se a troca de cujo por que. Tal permuta, errnea, alis, deve ser
evitada, pois
cujo no ligando termos
idnticos (antecedente e consequente), sempre adjetivo e se refere ao substantivo de que
seguido; j o pronome
q
ue
liga termos idnticos, sendo, por conseguinte, o representante do segundo.
Outros exemplos dessa espcie de solecismo em que o pronome substantivo relativo que vem
empregado no lugar do pronome adjetivo
cujo
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Segunda Parte
XI
PRONOME SUBSTANTIVO DEMONSTRATIVO
QUE pronome substantivo demonstrativo quando, referindo-se a um fato ou a um
pensamento inteiro, equivale a isto ou isso. Exemplos:
Acudiram juntamente todos os fidalgos e gente nobre da cidade: com que foi tanto o rumor.
(Souza, Arc., apud Said Ali).
O malfeitor respondeu-lhe usando duma expresso sarcstica, a que replicou o jovem...
Ele dirigiu ao companheiro uma rosnadora, a que este respondeu com estirado monosslabo
yes. (A. Herculano).
Que como pronome substantivo demonstrativo costuma vir precedido do artigo o, sendo,
nesse caso, tomado como parte inseparvel da locuo:
Ele portou-se mal, o que muito me contrariou. (E. Carlos Pereira).
Lembrou-se de todas as mincias, o que o elevou ainda mais.
O ricao gritou ento: compadre, abra a porta, ao que o outro respondeu... (Slvio Romero,
Apud. Jos Cretela Jnior).
VALORES SINTTICOS
Possuem os pronomes substantivos demonstrativos dos exemplos acima os seguintes valores
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Segunda Parte
sintticos:
1 Adjunto adverbial de causa.
2 Objeto indireto.
3 Objeto indireto.
4- Sujeito.
5- Sujeito.
6 Objeto indireto.
NOTAS:
1 - Uma das formas diferenciadoras de o que (pronome + relativo) e o que (= isto ou isso)
vir este ltimo separado da orao anterior por vrgula.
2 -Cumpre dispensar bastante ateno no estudo de a que locuo que possui predicados e
valores diversos. Diferenciamo-la nos exemplos:
Ele dirigiu ao companheiro uma rosnadura, a que (preposio + demonstrativo) este
respondeu...
Acreditou que o suborno envilece tanto a mo que o paga como a que (artigo + relativo) o
recebe. (Rui).
Conduzir verdadeira religio ou que (preposio + artigo + relativo)julga ser verdadeira.
(F. Fernandes).
A lio das escrituras... a que (demonstrativo + relativo) mais pode consolar nos trabalhos.
(vieira).
A histria a que (preposio + relativo) voc se refere j a conheo.
Convidamos os mestres a que (conjuno sub. Final) assistissem posse da nova diretoria do
Centro Acadmico.
3 Ensinou-se j que o que seja igual a o qual fato, argumentando ser o que pronome
relativo, abrangendo o sentido da orao anterior, tal o exemplo: Joo conseguiu a sua
nomeao, o que (o qual fato) representa a sua felicidade. Levando-se em considerao o fato
de
o qual (e
flexes) pr em relao termos iguais, isto , unir um termo antecedente a outro termo
consequente idntico, (V. Gram. Metdica de N. M. de Almeida, pg., 181) melhor faramos
flexionando a locuo
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o qual
e construindo o perodo em questo, da seguinte forma: Joo conseguiu a sua nomeao, a
qual representa felicidade.
OBSERVAO:
1 So pronomes substantivos demonstrativos: este, esta, isto, esse, essa, isso, aquele,
aquela, aquilo, mesmo, mesma, prpria, prprio, tal e o; as formas compostas estoutro,
aquele outro, etc.
XII
Adjetivo
Quando escrevemos a palavra que - o vocbulo que estamos empregando mais uma funo
de
que a de adjetivo*:
A palavra que est mal escrita.
Quando a palavra que estiver precedida...
Toda vez que o vocbulo que for...
Adjetivo a palavra que, posta ao lado de um substantivo com o qual concorda em gnero e
nmero, exprime a aparncia exterior, o modo de ser, ou uma qualidade de tal substantivo.
(Anteprojeto de Simplificao da nomenclatura Gramatical Brasileira, apud Cndido de
Oliveira). QUE, como adjetivo, refere-se ao substantivo restringindo-lhe uma qualidade. Assim,
quando escrevemos: a palavra que um advrbio quando equivale a quo no queremos
dizer que qualquer palavra advrbio, mas, sim a
que. Ao
dizermos: A interjeio
que
sempre vem acompanhada de ponto de exclamao restringimos qual seja essa interjeio.
NOTAS:
1 Nesta funo da palavra que no deve haver dvidas quanto ao ncleo do sujeito. Com
que palavra concorda o artigo, por exemplo, na frase: A palavra
que
a mais empregada do idioma portugus? Com palavra, logo a e que so adjuntos
adnominais de - palavra.
2 Anlise sinttica do adjetivo: adjunto adnominal(do nome a que se refere).
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XIII
Conjuno Coordenativa Aditiva
QUE conjuno coordenativa aditiva quando equivale a e:
Outro, que no eu, poder falar com mais frequncia. (C. Marques).
A academia, s vezes, que no sempre, ignora o que legisla. (L. Bittencourt).
Dize-me com quem andas que eu te direi quem tu s. (Provrbio).
Chora que chora. (Carlos Gis).
Rezava que rezava. (Idem).
Mexe que mexe. (F. da Silveira Bueno).
Chove que chove. (Idem).
Fala que fala. (N.F. B. Campinhos).
Estudava que estudava: era vspera dos exames...
Eu que no ele exporei o acontecido.
NOTA:
A anlise sinttica da conjuno coordenativa aditiva : conetivo interoracional coordenativo
aditivo.
1 So conjunes coordenativas aditivas: e, nem, no s... mas, no somente... mas, no
apenas... mas.
XIV
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XV
Conjuno Coordenativa Adversativa
QUE conjuno coordenativa adversativa quando equivale a mas.
De outras ovelhas cuidarei, que no de vs. (Garrett).
Doutras pessoas falam, que no de ns. (j. N. de Melo).
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XVI
Conjuno coordenativa Explicativa
No eram consideradas at 1959 como conjunes coordenativas explicativas as palavras
porque e que. Todavia, a Nova nomenclatura Gramatical vem de registr-las. a seguinte a
nota constante na citada nomenclatura autorizada a entrar em vigor pela portaria ministerial n
36 de 28/1/59 e publicada no Dirio Oficial de 11/5/59:
As conjunes que e porque e equivalentes ora tm o valor coordenativo, ora, subordinativo;
no primeiro caso chamam-se explicativas; no segundo, causais.
Crticas so feitas ao sentido desta nota. E com muitssima razo: afirmou-se, com ela, que a
conjuno que, quando coordenativa, chamar-se- explicativa. Se assim for, que faremos com
que
, aditiva,
que
, alternativa,
que
, adversativa? E, referente ao segundo caso, com
que
, comparativa,
que
, integrante, etc.?!
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XVII
Conjuno Subordinativa Temporal
que conjuno subordinativa temporal quando empregada com a equivalncia de logo que,
desde que, antes que e quando. Exemplos:
O mestre primeiro amainou que (antes que) desse o vento (Cames).
Porm, j cinco sis eram passados que (desde que) dali ns partramos. (Idem).
Chegados que fomos (logo que fomos chegados) recebemos a notcia. (Carlos Gis).
Chegando que fomos (quando fomos chegando) recebemos a notcia.
Talvez no haja uma hora que passou pelo retiro. (C. Pereira).
H muito tempo que moro nesta casa. (Idem).
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XVIII
Conjuno Subordinativa Condicional
QUE conjuno subordinativa condicional quando equivale a se:
No fui que quebrei o copo; mas que fosse, que tem voc com isso? (Marques da Cruz).
Que no considerada aquela proposta, outra no faramos.
Ensinava-lhe todos os dias as lies, todavia, o mesmo teria recebido que no o fizesse.
No olha o cu que no se lembra da esposa que para l foi. (Laudelino Freire).
Que no soubesse as lies, no faria a prova.
NOTAS:
1 Anlise sinttica da conjuno subordinativa condicional: conetivo interoracional
subordinativo condicional.
2 Ensina Cndido de Oliveira ser que, conjuno subordinativa condicional, quando tambm
equivaler a seno: No sei de pessoa melhor que voc. (Reviso Gramatical, 7 ed., pg.
472).
OBSERVAO:
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1 So conjunes subordinativas condicionais: se, salvo se, contanto que, sem que, caso, a
no ser que, exceto se, a menos que, se caso, seno, salvo que, exceto que, desde que.
XIX
Conjuno Subordinativa Causal
a palavra que conjuno subordinativa causal quando equivale a porque. Exemplos:
No dei aulas ontem, que estava adoentado. (N. J. B. Campinhos).
Pode o Sr. Norberto gastar ou aumentar o que tem, que sua filha no esperar a morte do pai
para poder comprar mais um vestido. (Camilo).
No vos peo por mim. Divino Mestre, que, igual aos muitos pecadores, mereo ser levado ao
tribunal da Divina Justia. (Nidoval Reis).
Conforme j vimos na exposio de que conjuno coordenativa explicativa tornou-se um
tanto dbia a diferena entre as oraes explicativas e causais iniciadas por que (e porque).
No se pode comentar uma sem se ter, em mente, a outra, to forte o liame que as une.
Todos os exemplos dados na funo explicativa pertencem - causal. Por a se pode
deduzir a desvalorizao sofrida por esta ltima que ficou cingida aos casos considerados,
indubitavelmente, como causais, isto , nos casos em que a orao subordinada represente,
de fato, uma causa referente ao verbo da subordinante.
NOTA:
Anlise sinttica da conjuno subordinativa causal: conetivo interoracional subordinativo
causal.
OBSERVAO:
1 - So conjunes subordinativas causais: porque, j que, visto que, uma vez que, pois que,
portanto, visto como, por isso que, como quer que, em virtude que.
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Conjuno Subordinativa Final
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XXI
Conjuno subordinativa consecutiva
QUE conjunao subordinativa consecutiva quando equivale a de modo que, de maneira
que ou quando possui um termo (advrbio ou adjetivo da orao principal que com ela se
relacione:
Nunca fui sua casa, que no o achasse estudando. (E. C. Pereira).
To temerosa vinha e carregada (a nuvem), que ps nos coraes um grande medo.
(Cames).
E foi to grande o pavor que concebi, que me encaneceram, de repente, os cabelos. (M.
Barreto).
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XXII
Conjuno Subordinativa concessiva
a palavra que conjugao subordinativa concessiva quando equivale a embora, mesmo
que, ainda que e posto que. Exemplos:
Talvez que a chuva passe e o tempo mude e, que no mude, um teto aqui nos abre. (Alberto
de Oliveira).
que seja ladro, no podemos mat-lo. (J. N. de Melo).
que no me ensinem o caminho, eu l chegarei.
Grande que seja o sacrifcio futuro, convm impor-se essa diretriz.
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XXIII
Conjuno Subordinativa Comparativa
QUE a conjuno subordinativa comparativa quando liga principal uma orao indicadora
de comparao:
mais sofrvel inimigo prudente que amigo imprudente. (E. Carlos pereira).
Menos nos impressionam as coisas que dizemos, diz Voltaire, que o modo as dizemos.
(Carneiro Ribeiro).
Todos ns pouco mais somos que uns comediantes. (Rui).
hoje choveu mais que ontem.
Ele mais feio que bonito.
Pedro mais estudioso que Paulo.
NOTAS:
1 Comumente possuem as oraes comparativas termos elpticos:
A sabedoria melhor que ouro. = que ouro bom.
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XXIV
Conjuno subordinativa Integrante
QUE conjuno subordinativa integrante quando liga orao principal, completando-lhe o
sentido, uma subordinada substantiva. Exemplos:
Respondeu-lhe ele que Soares era inocente e nisto ficou. (Camilo).
Hs de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de continuo. (Machado de Assis).
A conjuno subordinativa integrante que inicia:
a) Orao subordinada substantiva subjetiva:
Melhor ser para ns que no haja conspirado.
Que importa que se tivesse engradado a janela a sete chaves. (M. Alencar).
Se j empreendemos viagens martimas, natural que alguma coisa do mar tenha causado
admirao. (J. Nogueira).
Foi necessrio que Sebastio falasse tudo.
Convm que venhas escola.
sabido que ele vem a So Paulo.
Parece que a cidade esta em festas.
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O que vos d mais fama que venais tantas ingratides, to grande inveja. (Cames).
Uma coisa vos confessarei eu, Senhor Leonardo, que que os portugueses so homens de
ruim lngua. (F.R.L. apud C. Pereira).
O menino parece que chora. (J. Benedito Pinto).
OBSERVAO:
Controvrsias existem sobre a existncia da orao predicativa. H os que afirmam
negativamente, comprovando com espcies de argumentos. De fato, se se usar a deslocao
dos termos ou se for levada em conta, piamente, que o sujeito oracional venha posposto ao
verbo, poderemos tomar como subjetivas as predicativas. Preferimos ficar do lado dos de
afirmao positiva, indo, alis, com as determinaes da Nova Nomenclatura Gramatical.
f) Orao subordinada substantiva apositiva:
Peo-te um favor, que guardes estas cartas. (A. Gama Kury).
ELIPSE
do gnio da lngua a omisso da conjuno integrante:
Sou eu que mando vs vestir as vestiduras da missa. = que vs... (A. Herculano).
Nunca imaginei pudesse meu nome acompanhar trabalho sobre anlise. = que pudesse...
(Frei Roberto B. Lopes)
Julgamos j fosse dia. = que j...
Ordeno seja cumprida minha ordem. = que seja...
Requeiro a S. S determine uma reviso nos impostos. = que determine...
ELIPSE DA CONJUNAO E DEMAIS MEMBROS
Alm da integrante, pode acontecer estar tambm os demais membros da orao omitidos:
Procedo conforme determinaste; - isto , determinaste que eu procedesse. (U. Cintra e M.
Leite).
Fao (isso) como queres. - isto , queres que eu faa isso. (C. Pereira).
REPETIO
Embora seja raro o emprego da integrante que em repetio, um fato do nosso idioma.
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Conjuno subordinativa Conformativa
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XXVI
Interjeio
a palavra que interjeio quando, isolada, exprime sentimento sbito e impresses de
admirao ou espanto e vem seguida de ponto de exclamao ou tambm de mais outro o
de interrogao.
Que! Vocs revoltaram-se?! (Marques da Cruz).
Que! Isto verdade?
Que! Voc por aqui?! (Cndido de Oliveira).
Que! Como pode isso acontecer!
Pode vir a interjeio que precedida do articular o.
Exemplos:
O que! Voc discutiu novamente?!
O que! J resolveste os problemas?!
Quanto ao seu valor sinttico classificada a interjeio que como palavra denotativa ou
palavra de admirao e espanto, semelhante a mesma classificao das palavras que indicam
realce, afetividade, etc...
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Carlos Gis, em seu notvel mtodo de Anlise, denomina interjeio ah! de expletivo
emocional.
OBSERVAO:
1 So interjeies: ah!, oh!, hem!, oxal!, tomara!, puxa!, chi!, psiu!, etc... So locues
interjetivas: pobre de mim!, oras bolas!, valha-me Deus!, etc...
XXVII
Partcula Expletiva
Vimos, ate a enumerao anterior, todas as funes da palavra que. Vimo-la funcionar como
substantivo, advrbio, pronome, etc. Agora vamos anotar seu emprego como palavra sem
funo, sem classificao, que morfolgica, que sinttica: Todas as vezes que a palavra que
aparecer numa frase apenas para nela figurar como realce, sem qualquer outro valor,
denomimo-la PARTICULA EXPLETIVA.
Exemplos:
Oh! que nesta idade da vida e de esperanas custa muito morrer. (A. Herculano).
Oh! que muito. (A. Herculano, apud C. Pereira).
Quase que perdi a razo com tanto barulho.
Oh! que se fosse possvel alevantar-se ele em p sobre a campa. (Herculano).
Certamente que irei.
NOTA:
Na anlise sintativa, referente partcula expletiva, podemos anotar: palavra de realce ou
termo expletivo.
OBSERVAO:
1 Outras palavras podem figurar na frase como expletivas, tais os exemplos:
Tu sabes l o que faz.
Eu c mereo isso?
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Quando equivale a para que: No inicio dos anos letivos fazem os professores prelees que
estudem bastante os alunos.
21 CONJ. SUB. CONSECUTIVA
Quando equivale a de modo que ou quando possui relao com o termo da orao principal:
Tanto estudou que conseguiu ser aprovado.
22 CONJ. SUB. CONCESSIVA
Quando equivale a mesmo que ou ainda que: Que estudasse, no seria aprovado.
23 CONJ. SUB. COMPARATIVA
Quando liga principal uma orao comparativa: Estudo mais Portugus que Francs.
24 CONJ. SUB. INTEGRANTE
Quando liga principal uma orao substantiva: Ela disse que iria estudar.
25 CONJ. SUB. CONFORMATIVA
Quando equivale a conforme: Sabido que sou eu, vencerei a questo.
26 INTERJEIAO
Quando exprime sentimento sbito e vem isolada da frase por ponto de exclamao: Que! Isto
acontece.
27 PART. EXPLETIVA
Quando aparece na frase sem funo alguma: Certamente que estudaremos.
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