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Paleontologia - Apostila - Fósseis e Tafonomia

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Introduo - Paleontologia (UFRRJ) Profa.

Claudia

Introduo - Paleontologia (UFRRJ) Profa. Claudia

PALEONTOLOGIA
CONCEITO
O

termo

Paleontologia (gr.

palaios=antigo;
ontos=ser;
logos=estudo) surgiu em 1834. A
Paleontologia a cincia que estuda
os restos de animais e plantas prhistricos
e
seus
vestgios,
comumente preservados em rochas
sedimentares.
Esta
cincia
representa
a
interface entre a Biologia e a
Geologia, pois estuda os restos de
organismos e as rochas que os
encerram. Da Biologia, buscam-se
subsdios para o estudo anatmico,
sistemtico e ecolgico, entre outros,
de um fssil. Da Geologia, os
conhecimentos
da
Estratigrafia,
Sedimentologia
e
Mineralogia
auxiliam
na
compreenso
da
formao dos jazigos fossilferos.

Subdivises da Paleontologia:

trilobitas

A Paleontologia, cincia que estuda os fsseis, divide-se em diversos ramos, tais


como: Paleozoologia (estudo dos fsseis de animais); Paleobotnica (estudo dos
fsseis de vegetais), Paleoicnologia (estudo dos vestgios ou icnofsseis);
Paleoecologia (estuda as relaes entre os organismos e o meio em que viviam, e sua
possvel influncia na evoluo desses organismos); Paleobiogeografia (dedica-se ao
entendimento da distribuio das espcies ao longo do tempo geolgico);
Micropaleontologia [estudo dos fsseis microscpicos, de tamanhos micromtricos (1
e 50 micrmetros, como os cocolitofordeos) a milimtricos (podendo atingir, por vezes,
tamanhos centimtricos)]; Paleopalinologia (um sub-ramo da Micropaleontologia que
estuda os restos fossilizados de polens e esporos, diatomceas, quitinozorios);
Paleopatologia (estudo de enfermidades observadas nos fsseis), entre outros.

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Nautilus pseudoelegans (MN)

Cretceo Frana
Paleozoologia de Invertebrados
cefalpode

Spirifer pennatus (MN)

Devoniano Canad
Paleozoologia de Invertebrados
braquipodes

Paleozoologia de Vertebrados
dinossauros, mamferos e pterossauros

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Paleobotnica moldes, contra-moldes e impresses de restos vegetais

Micropaleontologia
Coclitos (esquerda/acima) e foraminferos planctnicos (direita/abaixo)
4

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Asteriacites stelliformes

Devoniano Brasil
Paleoicnologia de Invertebrados
marcas de repouso de estrelas-do-mar

Furnasichnus langei

Devoniano Brasil
Paleoicnologia de Invertebrados
escavaes relacionadas a
locomoo de artrpodes

Coprlito de
dinossauro (UFRJ)
Cretceo Brasil
Paleoicnologia de
Vertebrados

Ovos fossilizados de
dinossauros (DNPM)
Cretceo Brasil
Paleoicnologia de
Vertebrados

Ninho com ovos fossilizados


(dinossauro-Oviraptor sp.)
Cretceo - Mongolia
Paleoicnologia de Vertebrados

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Paleoecologia animais e ambiente do Cretceo

Paleopatologia - O mais antigo caso de cncer


foi detectado no crnio de um operrio com
idade entre 35 e 40 anos, que h 4.600 anos
participou da construo da pirmide de Giz,
no Egito. O crnio apresenta buracos que
variam do tamanho de uma ervilha at o de
uma moeda. Os cientistas concluram tratar-se
de um carcinoma, um tipo de cncer, e o
primeiro registro desta doena no Egito antigo.

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Paleopatologia nas ilustraes,


com a utilizao
de um CT Scanner
foi possvel
determinar que a
menina inca
morreu em
virtude de uma
pancada na
cabea e no por
sufocamento.

A PALEONTOLOGIA NO
BRASIL
O Brasil rico em
contedo fossilfero;
presente nas bacias
sedimentares marginais e
continentais.

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FSSEIS
CONCEITOS
n Etimologia: latim - fossilis =
extrado da terra.
n Conceito. Os FSSEIS so
restos ou vestgios de animais
e vegetais preservados em
rochas
sedimentares.
A
palavra fssil possui uma
designao
ampla
e
abrangente, pois rene restos
de animais e vegetais prhistricos
(fsseis),
impresses
deixadas
por
esses restos de organismos
(fssil corporal ou body
fossil) e vestgios das
atividades de antigos seres
(icnofsseis).
n Idade. Considera-se fssil
aquele ser vivo que viveu h
mais de 10.000 anos.
n Tipos:
Os RESTOS so partes do
animal ou planta preservados.
Geralmente
as
estruturas
morfolgicas mais resistentes do
animal ou planta so as chamadas
partes
duras
mineralizadas A Paleontologia foi muito impulsionada
(conchas, carapaas, ossos, dentes, tambm por grande descobertas feitas no
testas, frstulas, etc) e orgnicas sculo XIX, como da ave Archaeopteryx
(quitina).
As
partes
moles litographica.
(vsceras, pele, vasos sangneos,
etc.) raramente se preservam (impresses ou moldes). Uma ocorrncia mais rara referese a preservao tanto de partes duras quanto de partes moles, como foi o caso de
mamutes encontrados intactos no gelo, e de alguns insetos que se fossilizaram em
mbar.
Os VESTGIOS, chamados comumente de icnofsseis (ou fsseis-traos), so
evidncias da existncia ou da atividade de antigos animais, como por exemplo, tubos de
vermes, impresses, pegadas, pistas, rastros, ovos, coprlitos, etc. Preservam-se in situ,
ou seja, no local onde foram produzidos.

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OUTROS CONCEITOS
n Subfsseis: termo utilizado para designar aqueles restos preservados com idade
igual ou menor do que de 10.000 anos de idade.
n Fsseis vivos: espcies viventes que persistiram at o presente com poucas
modificaes morfolgicas e comportamentais atravs de longos intervalos de
tempo geolgico. Estes fsseis so importantes porque fornecem dados biolgicos
e evolutivos que freqentemente no se encontram disponveis no registro
fossilfero. Exemplos: a planta Gingko biloba, animais como Limulus sp. e o
celacanto (Latimeria chalmnae), um peixe que, at 1938, julgava-se estar extinto.
Fssil Vivo - Invertebrados:
Nautilus sp. (molusco)
Cambriano Superior-Recente

Fssil Vivo - Invertebrados:


Lingula sp. (braquipode)
Cambriano - Recente

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Fssil Vivo - Invertebrados:


Limulus sp.
(artrpode)
Cambriano - Recente
Fssil Vivo - Invertebrados:
Peripatus sp. - Onychophora
(artrpode)
Cambriano - Recente

Fssil Vivo - Vertebrados:


ornitorrinco e equidna
(mamferos)

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Fssil Vivo - Vertebrados:


peixes dipnicos e o celacanto
(Latimeria sp.)

Fssil Vivo - Vertebrados:


tuatara e kiwi

Kiwi: Apteryx haastii

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n Pseudofsseis: so objetos naturais ou estruturas de origem inorgnica que
podem assemelhar-se ou serem confundidas com fsseis de organismos
pretritos. Exemplo tpico so os depsitos de pirolusita (xido de mangans), que
se assemelham a vegetais.

A pessoa que trouxe este exemplar para um museu identificou-o como sendo a cabea
fossilizada de um boi. Trata-se, na realidade, de um fragmento de slex e, portanto, um
pseudofssil.

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TAMANHO DOS ESPCIMES
MACROFSSEIS: de dimenses centimtricas ou mtricas. Ex: fmur de dinossauro.
MICROFSSEIS: de tamanho milimtrico ou micromtrico (a exceo de alguns,
centimtricos). Ex.: foraminfero do gnero Nummulites ou algumas espcies de
conchostrceos;
NANOFSSEIS: microfsseis de dimenses entre 1 e 50 micrmetros. Ex.:
cocolitofordeos (grupo dos nanofsseis calcrios).
COMO SE FORMA UM FSSIL?
Os fsseis so formados apenas quando o ciclo de decomposio
interrompido. O isolamento dos restos da ao de detritvoros, decompositores, de
solues cidas e dos agentes fsicos que possam destru-los fundamental para que
exista uma grande chance do organismo se fossilizar.
O soterramento rpido, a ausncia de bactrias aerbicas e as condies
qumicas do meio so alguns dos fatores determinantes para a fossilizao. Alguns
fatores favorecem a preservao dos restos, especialmente a presena de partes
biomineralizadas (como carbonatos, fosfatos e silicatos, ou seja, carapaas, ossos,
dentes, conchas, cascas de ovos, etc.) ou materiais orgnicos resistentes (como a
celulose, lignina, quitina e esporopolenina).
Aps a fossilizao, os estratos rochosos que contem os fsseis podem ser
erodidos, dissolvidos e metamorfizados, devido a processos ps-diagenticos, ou seja,
processos que podem ocorrer e atuar diretamente no fssil, alterando parcialmente ou
totalmente as suas caractersticas preservacionais.
Finalmente, as camadas de rochas sedimentares precisam aflorar para que ns
encontremos os fsseis.
O QUE SE PRESERVA?
Mais comumente, os RESTOS, relacionados a estruturas mais resistentes do animal ou
planta, as chamadas partes duras mineralizadas (conchas, carapaas, ossos, dentes,
etc) e orgnicas (quitina). Exemplos:

slica (SiO2): em radiolrios e diatomceas;

calcita (CaCO3): em foraminferos e corais;

aragonita (CaCO3): em conchas de muitos moluscos;

quitina (polissacardeo, composto por C,N,H,O): em insetos e trilobitas;

tectina (polissacardeo, composto por C,N,H,O): em alguns foraminferos;

escleroprotena (substncias orgnicas complexas, insolveis em gua): em


graptozorios (colgeno);

esporopolenina (substncia orgnica insolvel em gua, composta por C,H,O):


esporos e polens.
As partes moles (tecidos, pele, folhas, etc.) se preservam na forma de
impresses ou moldes. Uma ocorrncia mais rara refere-se a preservao tanto de
partes duras quanto de partes moles, como foi o caso de mamutes encontrados intactos
no gelo, e de alguns insetos que se fossilizaram em mbar.

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Os VESTGIOS, chamados comumente de icnofsseis ou fsseis-traos, so
evidncias da existncia ou da atividade de antigos animais, como por exemplo, tubos de
vermes, impresses, pegadas, pistas, rastros, ovos, coprlitos, etc. Preservam-se in situ,
ou seja, no local onde foram
produzidos.
OCORRNCIA NAS ROCHAS

Os fsseis geralmente se
preservam
em
rochas
sedimentares de granulao
mais fina, tais como arenitos,
siltitos, argilitos e folhelhos.
Os fsseis tambm ocorrem
em
outras
rochas
Diplocynodon darwini,
sedimentares, principalmente
crocodilo.
em calcrios. Por ex.: restos
esquelticos fossilizados.
Rochas gneas. Os fsseis podem ocorrer, raramente, em rochas extrusivas ou
vulcnicas, como em depsitos de cinzas. Por ex.: impresses de folhas
fossilizadas.
Rochas metamrficas. Os fsseis no se preservam em rochas metamrficas de
mdio e alto grau metamorfismo. Contudo, em rochas metasedimentares, tais
como os metarenitos, possvel a preservao de fsseis. Por ex.: impresses dos
fsseis de Ediacara (animais de corpo mole).
IMPORTNCIA DOS FSSEIS
1) auxiliam no conhecimento da evoluo
biolgica
(Paleozoologia,
Paleobotnica,
Paleobiologia, Sistemtica, etc.). Atravs dos
achados fossilferos, tm-se uma idia dos
grupos de animais e plantas que viveram e
evoluram ao longo do tempo biolgico;
2) ajudam a estimar a datao relativa das
camadas de rocha e a sua correlao. Sabese que a evoluo no irreversvel, ela
ocorre
continuamente.
Sendo assim, tornou-se
possvel determinar a
idade
das
rochas,
formadas em diferentes
momentos
do
tempo
geolgico,
pela
identificao dos fsseis
nelas contidos (Lei da
Sucesso Faunstica). Por isto, os fsseis
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tornaram-se importantes ferramentas para a datao e a correlao dos estratos
fossilferos;

3) auxiliam na reconstituio dos paleoambientes, ou seja, dos antigos ambientes. A


investigao dos estratos que contm os fsseis permite inferncias sobre os ambientes
onde os animais e plantas pr-histricos viveram;
4) auxiliam no entendimento da distribuio geogrfica dos antigos organismos
(Paleobiogeografia);

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5) identificao das rochas fonte de combustveis fsseis (Micropaleontologia). Os
microfsseis, geralmente coletados em subsuperfcie atravs de amostras de calha e
testemunhos, propiciam a identificao e o reconhecimento de rochas-fonte,
relacionadas pesquisa do petrleo;
6) auxiliam no reconhecimento da histria biolgica e geolgica da Terra.

Paleobiogeografia e deriva continental

Os fsseis: ocorrncia nas rochas


Rochas
sedimentares.
Os
fsseis
geralmente se preservam em rochas
sedimentares de granulao mais fina,
tais como arenitos, siltitos, argilitos e
folhelhos. Os fsseis tambm ocorrem em
outras
rochas
sedimentares,
principalmente em calcrios.
Os famosos depsitos calcrios das
falsias brancas de Dover, Inglaterra, so
formados por trilhes de esqueletos de
microfsseis
conhecidos
como
cocolitofordeos ou nanofsseis calcrios,
que se acumularam nos mares rasos e
quentes do Cretceo. Estes depsitos
distribuem-se por todo o sul da Inglaterra
e norte da Frana.
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Rochas gneas. Preenchimento de moldes preservados em cinzas.

Ashfall Fossil Beds State Historical Park


Nebrasca - EUA
Pompia - IT

Rochas metamrficas. Os fsseis no se preservam em rochas metamrficas de mdio e


alto grau de metamorfismo. Contudo, em rochas metasedimentares, tais como os
metarenitos, possvel a preservao de fsseis. Por ex.: impresses dos fsseis de
Ediacara.

Organismo fisiforme,
de Newfoundland (Smithsonian
Institution, Museum of Natural
History)

Dickensonia costata,
verme segmentado, da Australia
(Smithsonian Institution,
Museum of Natural History)

Mawsonites sp., semelhante a


gua-viva, da Australia
(Smithsonian Institution,
Museum of Natural History)

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Departamento de
Geologia e
Paleontologia
(MN)

Seo de
Paleontologia
(DNPM)

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MTODOS DE TRABALHO EM PALEONTOLOGIA
TRABALHOS DE CAMPO:
1) Levantamento bibliogrfico prvio
(escolha da rea em que ser realizada a
coleta, rea de abrangncia da coleta, se
j
foram
encontrados
fsseis
anteriormente
ou
no,
outras
informaes pertinentes);
2) Fotografia geral da rea e de detalhes
do afloramento (realizao de um perfil
estratigrfico);
3) Fotografias: do material coletado
(fssil) e retirada do mesmo (coleta);
Materiais de campo
Tipos de coletas:
- Coleta em afloramento (exposio de rocha na superfcie): macrofsseis e icnofsseis;
- Coleta em subsuperfcie (testemunhagem X amostragem-de-calha): microfsseis.
4) Transporte.
TRABALHOS EM LABORATRIO:
5) Tcnicas de preparao:
- Macrofsseis: preparao mecnica.
- Microfsseis: preparao qumica.
- Icnofsseis: preparao mecnica.
- Triagem dos materiais, quando necessrio. Por ex: em microfsseis;
6) Mtodos de estudo:
Anlises:
- Estudos e identificao taxonmica (lupa binocular, microscpio de polarizao,
microscpio eletrnico de varredura);
- Anlise composicional (difratometria de raios-X, espectrometria por disperso de
energia-EDS);
Ilustraes (desenhos, pinturas) e/ou fotografias;
7) Moldagem/replicao de fsseis (rplicas), se necessrio.
8) Curadoria:
Guarda dos fsseis/icnofsseis em colees paleontolgicas. OBS: Quando a anlise
no acontece aps a chegada do fssil ao laboratrio, o mesmo vai para a coleo
permanente e ser posteriormente analisado.
9) Publicao: resultados e concluses, obtidos a partir da anlise do fssil, e que sero
posteriormente publicados em revistas cientficas especializadas.
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LEITURA RECOMENDADA: CARVALHO, I. S. 2004. Fsseis: Coleta e Mtodos de


Estudo (Cap. 3). In: Paleontologia, I. S. CARVALHO (ed.), Editora Intercincia. Rio de
Janeiro, vol. 2, p. 27-42.

TAFONOMIA
1. Origem do nome: grego tafos =
sepultamento; nomos = lei.
2. Definio: ramo da Paleontologia que
estuda os processos de fossilizao.
Estudo das condies e processos que
propiciam a preservao de restos de
organismos pr-histricos ou de vestgios
deixados por esses restos.
Estudo da passagem dos restos
orgnicos da biosfera para a litosfera
(Efremov, 1940).

Estudo dos processos de preservao


e como eles afetam a informao contida no
registro fossilfero (Behrensmeyer & Kidwell,
1985).

Messelirrisor sp., um pssaro com


penas de colorao bandada.

3. O que necessrio para que se tenha


um bom registro fssil?

sepultamento rpido do organismo ou vestgio;

interrupo da decomposio;

condies excepcionais da natureza, que levem fossilizao. A fossilizao


resulta da ao combinada de processos fsicos, qumicos e biolgicos. Para que esta
ocorra, ou seja, para que a natural decomposio do animal ou planta seja interrompida
e haja a preservao, so necessrias algumas condies, como rpido soterramento e
ausncia de ao bacteriana. O modo de vida do animal e sua composio qumica (ex:
de seu esqueleto) tambm influenciam no processo de fossilizao e conseqente
formao do fssil.
4. Os processos de preservao:
Divises da Tafonomia que investigam a morte do organismo at a sua retirada da
rocha:
Bioestratinomia- estuda a histria dos restos, desde a morte at o soterramento;
Fssildiagnese- abrange os processos fsicos e qumicos que alteram os restos aps o
soterramento. As etapas tafonmicas relacionadas compreendem: fossildiagnese.
Alguns autores consideram tambm a retirada do fssil da rocha (coleta).

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4.1. Bioestratinomia - etapas tafonmicas:
a) Morte: a anlise tafonmica se inicia a partir da morte do organismo.
- estudo dos processos fisiolgicos que causaram a morte do indivduo;
- estudo de parmetros ambientais que podem ter influenciado na morte do organismo.
Tipos de morte:
- seletiva ou natural: doena, predao;
- morte no-seletiva: epidemias, eventos catastrficos (tempestades, enchentes, etc.).
b) Necrlise (decomposio): processo que influi decisivamente na preservao do
organismo.
De modo geral, os organismos so completamente destrudos aps a morte pelo
processo de decomposio. Estes so decompostos pela aco combinada de:
- organismos decompositores (geralmente microorganismos);
- agentes fsicos (alteraes de presso e temperatura) e
- agentes qumicos (dissolues, oxidaes, entre outros).
Ambientes que podem afetar ou no a decomposio:
- Aerbico: decomposio acelerada pela maior eficincia dos decompositores e pela
presena de detritvoros (necrfagos). A preservao dependente de um soterramento
rpido. Ex: tanatocenoses alctones.
- Anaerbico (fundos de lagos, mares): maior capacidade de preservao, inclusive dos
tecidos moles (pele, msculos, rgos), mesmo quando no ocorre soterramento
imediato. Ex: preservao de vegetais;preservo dos animais da fauna do folhelho
Burgess.
- o TEMPO DE EXPOSIO DOS RESTOS o fator determinante para a preservao do
organismo. Quanto maior o tempo de exposio, maiores so as chances do organismo
de sofrer uma decomposio total, uma desarticulao ou e no se preservar por
completo (preservao parcial).
c) Desarticulao: esta etapa da anlise tafonmica relaciona-se:
- ao tempo de exposio a que fica submetido o organismo;
- a ao dos fatores do ciclo exgeno (gua, vento e gelo), podendo o organismo sofrer
um transporte;
- a intensidade do transporte;
- a variao do padro de desarticulao, conforme a anatomia bsica do animal;
- influncia de fatores biticos e abiticos.
- VELOCIDADE DECOMPOSIO: pode interferir no tempo de articulao.
- o TEMPO DE EXPOSIO DOS RESTOS um fator determinante para a preservao do
organismo, sendo inversamente proporcional ao grau de articulao da carcaa. Por ex:
a no preservao, devido a pisoteio de restos de organismos, desarticulando o
esqueleto.
Exemplos de desarticulao:
Bivalves- conchas ou valvas unidas> valvas abertas> valvas separadas> valvas
fragmentadas;
Trilobitas- separao cfalo-trax> separao do trax-pigdio> separao de todos os
segmentos;
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Vertebrados- crnio, mandbula e elementos apendiculares
apendiculares proximais> costelas> coluna vertebral.
Vegetais- razes> folhas> troncos>.

distais>

elementos

d) Transporte: esta etapa da anlise tafonmica relaciona-se:


- ao no soterramento;
- a ocorrncia de uma desarticulao;
- a um retrabalhamento pela gua, caracteristicamente o agente mais atuante em um
processo de transporte;
- o fssil deve ser analisado em conjunto com a rocha na qual ele se encontra;
- os restos esqueletais devem ser tratados da mesma maneira que partculas
sedimentares. Quanto maior o tamanho (material a ser transportado + granulometria do
sedimento), ser necessria uma maior energia do meio para o transporte.
Alguns termos utilizados em Tafonomia esto diretamente relacionados com a ausncia
ou pouco transporte, ou a um transporte efetivo dos restos de organismos:
- Transporte autctone: espcimes preservados no local (in situ), sem a ocorrncia
de transporte. Ex: assemblia autctone, composta por espcimes fossilizados derivados
de uma comunidade local e preservados em posio de vida. Termo in situ : preservao
no local e em posio de vida (termo relacionado mais especificamente, a preservao
de icnofsseis);
- Transporte parautctone: os espcimes sofrem algum transporte; porm, estes no
so transportados para fora de seu habitat original. Ex: assemblia parautctone;
- Transporte alctone: espcimes transportados para fora de seu habitat de vida.
Ex: Assemblia alctone.
Outros termos utilizados em Tafonomia:
- Retrabalhamento: processo de eroso e transporte da rocha que contem o fssil (ou do
prprio fssil);
- Assemblia fssil ou fossilfera (=tafocenose): conjunto de organismos (partes duras
esquelticas) e suas marcas (rastros, pegadas) e restos reprodutivos (ovos, plen,
esporos) preservados em uma rocha sedimentar. Pode representar acumulaes geradas
em um breve ou prolongado perodo de tempo. Ex: Pode conter material autctone (do
prprio local) ou alctone (elementos transportados) e elementos orgnicos misturados,
provenientes de tempos geolgicos diferentes.
Exemplo de materiais que podem sofrer transporte: Grupo de Voorhies:
- Grupo I- elementos mais facilmente transportados por uma corrente: tarsais, carpais,
falanges, esternos, centros vertebrais e fragmentos pequenos. Ex: tafocenose alctone;
- Grupo II- elementos removidos gradualmente por rolamento e saltao: membros. Ex:
algum grau de transporte alctone ou parautctone;
- Grupo III- pouco ou nenhum transporte: crnio, mandbula, dentes. Ex: depsitos
residuais. Tafocenose autctone.
e) Soterramento: esta etapa da anlise tafonmica explica que:
- quanto maior a velocidade de soterramento, maiores as chances de preservao dos
restos;
- quanto mais fino o sedimento, melhor ser a preservao;
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- os eventos de soterramento rpido podem estar relacionados a eventos episdicos
(sedimentao episdica) ou catastrficos. O soterramento atravs de eventos
catastrficos pode formar ricos depsitos que representam a biocenose original ou pode
destruir, transportar e/ou misturar restos anteriormente depositados.
4.2. Fossildiagnese - etapas tafonmicas:
f) Diagnese: refere-se aos processos que transformam um depsito sedimentar em
rocha (conjunto de processos que atuam sobre o sedimento desde a sua deposio at a
sua litificao e reexposio superfcie).
g) Fossilizao: consiste na transformao de um resto ou vestgio orgnico em um
FSSIL.
- De um modo geral, os organismos so completamente decompostos pela ao
combinada de organismos decompositores, agentes fsicos e qumicos.
- Por vezes, os restos orgnicos podem ser rapidamente envolvidos por sedimentos que
os preservam do contacto com a atmosfera, com a gua do mar e da ao dos
decompositores. Este processo raro, complexo e geralmente s as partes duras
(troncos, conchas, carapaas, ossos e dentes) se fossilizam mais facilmente do que as
partes moles (tecidos, por exemplo).
- Na fossilizao, os compostos orgnicos que constituem o organismo morto so
substitudos por outros mais estveis nas novas condies. Estes elementos inorgnicos
podem ser a calcita, a slica, a pirita, o carbono, entre outros.
g.1) Tipos de fossilizao: os processos de fossilizao podem caracterizar:
preservao total (incluindo partes moles):
- mumificao: preservao das partes moles por dessecao (ambientes ridos, frios e
secos, pantanosos e depsitos asflticos);
- preservao em depsitos asflticos (mamferos pr-histricos);
- criopreservao ou congelamento: preservao em gelo (mamutes);
- preservao em mbar (plens, esporos, insetos etc.): a maioria das ocorrncias de
mbar encontra-se em depsitos marinhos. Flutuando na gua, a resina desce os rios
com os troncos das rvores, concentrando-se no litoral. Os sedimentos soterram
gradualmente a resina endurecida e os demais restos vegetais. Durante milhares a
milhes de anos a madeira transforma-se em linhito e a resina em mbar.
preservao parcial (geralmente se preservam as partes duras, e raramente,
de partes moles do organismo):
- incrustao: processo de crescimento de organismos sobre substratos duros, formados
geralmente por restos esquelticos. Ex: esqueletos podem ser recobertos por calcita,
produzida tanto por atividades alglicas como pela precipitao qumica em guas
supersaturadas (prolongada exposio na interface gua-sedimento);
- concrees: deposies de minerais (geralmente carbonato de clcio) sobre os restos.
Ex: ictilitos;
- permineralizao: infiltrao de solues com minerais nos poros e cavidades dos
restos esquelticos. Ex: permineralizao em fmur de dinossauro;
- permineralizao celular petrificao (EM VEGETAIS):
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1: Infiltrao e permeao inicial dos tecidos vegetais por guas saturadas: de
minerais, com posterior precipitao intracelular e intercelular de matria mineral coloidal
ou microcristalina=PERMINERALIZAO;
2: A matria orgnica lixiviada e totalmente substituda por mais compostos
minerais, permitindo a preservao de detalhes anatmicos dos tecidos vegetais,
reproduzidos pela matria mineral=PETRIFICAO.
- substituio: apenas a forma geral preservada. Tipos de substituio, de acordo com
a substncia:
Silicificao: slica;
Calcificao: carbonato de clcio;
Limonitizao: limonita (xido de ferro);
Piritizao: pirita (sulfeto de ferro).
- substituio fina: substituio de molculas orgnicas e biominerais por minerais, com
manuteno da morfologia e histologia originais. Ex: hadrossauro com tecidos moles
substitudos;
- recristalizao: alterao dos biominerais originais (mudana do sistema cristalino dos
minerais). Ex: aragonita recristaliza e vira calcita; opala se transforma em calcednea.
- moldes internos e externos (impresso fsica na matriz e no preenchimento). Moldes
externos: reproduo em negativo da parte externa do organismo e moldes internos:
reproduo em negativo da parte interna do organismo pelo material sedimentar que os
envolve ambos;
- contramolde: reproduo por substituio da forma do objeto primitivo custa do
molde externo e interno;
- carbonificao: tipo de fossilizao que concentra carbono orgnico em detrimento dos
elementos volteis (N, H, O) da composio qumica do organismo, ocorre comumente
com plantas.

partes duras - esqueleto

partes moles - pele / tecidos

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Introduo - Paleontologia (UFRRJ) Profa. Claudia

moldes ou impresses

Vestgios coprlitos
(excrementos fossilizados)

Vestgios - pegadas

Vestgios - ovos e ninho


fossilizados

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Introduo - Paleontologia (UFRRJ) Profa. Claudia

Vestgios. Gastrlitos (icnofsseis)


encontrados juntos com o esqueleto
de um rptil fssil (Museu Americano
de Histria Natural, New York, EUA).

Edio: Andr Gatto


BIBLIOGRAFIAS RECOMENDADAS:
CARVALHO, I. S. 2004. Objetivos e Princpios. In: Paleontologia, I. S. CARVALHO (ed.),
Editora Intercincia. Rio de Janeiro, vol. 1, p. 3-11.
CARVALHO, I. S. 2004. Paleontologia. I. S. CARVALHO (ed.), Rio de Janeiro: Editora
Intercincia., vol. 2, p. 1-64.
HOLZ, M. & SIMES, M. G. 2002. Elementos Fundamentais de Tafonomia. Editora da
Universidade, Porto Alegre, 231p.

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