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Apostila Minicurso Urinalise

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INTRODUO URIANLISE

1 CONSTITUIO DA URINA

A urina uma mistura bastante complexa onde 96% so representados por gua e 4% por substncias nela dissolvidas e que so
provenientes da dieta e do metabolismo. Alm disso, ns encontramos tambm estruturas em suspenso que tem como origem o trato urinrio. O
exame de urina solicitado, principalmente, com o objetivo de avaliar as condies do trato urinrio. Assim, necessrio que as amostras de urina
sejam corretamente colhidas e processadas.

2 AMOSTRAS DE URINA

Na realizao do exame de urina vrios tipos de amostras podero ser utilizados, mas importante ressaltar que cada uma apresenta
caractersticas prprias e que os resultados, a partir delas obtidos podem ser distintos. Para a realizao do exame de urina, a amostra
considerada padro ou mais adequada a denominada comumente de primeira amostra da manh. Esta amostra deve ser colhida
imediatamente aps acordar, pela manh, em jejum e antes de realizar qualquer atividade. recomendado, ainda que esta amostra seja colhida
aps oito horas de repouso e, pelo menos quatro horas aps a ltima mico. A primeira amostra da manh considerada como amostra padro
para a realizao do exame de urina porque ela mais concentrada que as outras amostras e porque nesta amostra se verifica maior crescimento
das bactrias eventualmente presentes na bexiga, assim o resultado da analise realizada reflete melhor as condies do paciente. Embora esta
amostra seja considerada padro, ela geralmente no a utilizada nos laboratrios tendo em vista o tempo e as condies de transporte da
mesma at o laboratrio. A utilizao da primeira amostra da manh para a realizao do exame de urina se tem mostrado mais vivel apenas
para pacientes hospitalizados.

Outra amostra denominada como segunda amostra da manh. Esta amostra pode ser obtida com mais facilidade no laboratrio que
a primeira amostra da manh. Esta amostra deve ser colhida de duas a quatro horas aps a primeira mico do dia. importante lembrar que sua
composio pode ser influenciada pela ingesto de alimentos e lquidos no desjejum. Com o objetivo de aumentar a concentrao de eventuais
bactrias presentes na bexiga pode-se recomendar a restrio de ingesto de lquido aps as 2:0 horas. A segunda amostra da manh a
amostra mais utilizada pelos laboratrios.

Outra amostra bastante utilizada nos laboratrios para realizao do exame de urina a amostra randmica. Esta amostra colhida a
qualquer momento do dia sendo recomendvel que o intervalo de tempo entre a ltima mico e a coleta da amostra seja de pelo menos duas
horas. A composio , certamente, influenciada pelos alimentos e lquidos ingeridos durante o dia. A utilizao da amostra randmica inevitvel
em situao de emergncia, freqente em ambiente hospitalar. Entretanto, a utilizao da amostra randmica para realizao do exame de urina
deve considerar a elevada possibilidade de resultados falsos negativos assim como resultados falsos positivos dentre os constituintes avaliados na
realizao do exame. Entretanto, considerando a facilidade de sua obteno a de eleio mais freqente no caso de pacientes atendidos atravs
do servio de emergncia e de Unidade de tratamento intensivo. No caso de pacientes atendidos atravs de ambulatrio a amostra mais
freqentemente utilizada a segunda amostra da manh.

Alm das amostras de urina acima descritas, outras formas de colheita podem ser utilizadas, dependendo das condies e da idade
dos(as) pacientes a serem obtidas as amostras de urina, como por exemplo: insero de cateter; aspirao suprapbica e sacos coletores.
Em crianas que ainda no apresentam controle urinrio pode-se fazer a obteno de amostra de urina atravs da insero de cateter estril,
especificamente, para este fim. Esta forma de coleta de amostra relativamente invasiva e deve ser obtida por profissional especfico. Neste caso
a amostra, jamais deve ser obtida a partir da bolsa coletora.

Em vista desta dificuldade, geralmente, a coleta de amostra de urina de crianas que ainda no apresentam controle urinrio se d
atravs da utilizao de sacos coletores especficos disponveis no mercado. Para obteno da amostra atravs de sacos coletores, necessria

a higiene prvia dos rgos genitais para posterior aplicao do saco coletor especfico. Aps aplicar o saco coletor se deve freqentemente,
verificar se a criana urinou. Contudo, apesar de todo cuidado o saco coletor deve ser trocado se aps uma hora a criana no urinou.

Outra possibilidade de obteno da amostra de urina atravs aspirao suprapbica aps puno realizada por profissional mdico.
Procedimentos de assepsia so indispensveis para a obteno da amostra deste modo. Para a obteno da amostra de urina por puno
suprapbica a bexiga deve estar cheia e a puno ser realizada 1 centmetro acima do osso pubiano. Como em condies normais esta amostra
estril, esta forma de coleta apresenta como grande vantagem a confiabilidade do resultado.

3 FRASCOS PARA COLETA DE AMOSTRAS DE URINA

O frasco a ser utilizado para colheita de urina deve ser translcido, estril e fornecido pelo laboratrio.

4 PREPARAO DO PACIENTE E COLHEITA DE AMOSTRA

Orientao para coleta de urina para pacientes do sexo feminino


1) Lavar as mos
2) Abrir o frasco sem tocar a parte interna
3) Lavar a regio vaginal com gua e depois enxaguar bem
4) Secar a regio vaginal, da frente para traz, com toalha de papel
5) Assentar no vaso, afastar os lbios vaginais e mant-los afastados
6) Desprezar a primeira parte do jato urinrio
7) Colher o segundo jato at, aproximadamente, metade do frasco
8) Desprezar, no vaso, o restante do jato da mico
9) Colhida a amostra, fechar o frasco e entregar ao funcionrio do Laboratrio

Orientao para coleta de urina para pacientes do sexo masculino


1) Lavar as mos
2) Abrir o frasco sem tocar a parte interna
3) Retrair o prepcio para expor a glande peniana e lavar com gua e depois enxaguar bem
4) Secar a glande com toalha de papel
5) Manter o prepcio retrado
6) Desprezar a primeira parte do jato urinrio
7) Colher o segundo jato at, aproximadamente, metade do frasco
8) Desprezar no vaso o restante do jato da mico
9) Colhida a amostra, fechar o frasco e entregar ao funcionrio do Laboratrio

5 EXAME FSICO

Atualmente o exame fsico da urina considerado, atualmente, a segunda etapa do exame de urina e constitudo da observao de
caractersticas fsicas como cor, odor, aspecto, depsito e densidade. O exame fsico da urina deve ser preferencialmente realizado na amostra
recente, at uma hora aps a colheita, que esteja temperatura ambiente, pois o tempo, a temperatura e a proliferao de bactrias podem
resultar em distores nos resultados. No caso de o exame de urina de determinada amostra de urina no poder ser realizado neste perodo
recomenda-se que a mesma seja mantida sob refrigerao entre 4 a 8 centgrados. A amostra pode ser mantida sob refrigerao por at 8 horas.
Entretanto, nas amostras refrigeradas o exame fsico deve ser realizado, apenas, aps a urina ser aquecida at 37 centgrados, pois da
refrigerao pode resultar a precipitao de grnulos de uratos amorfos ou de grnulos de fosfatos amorfos em grande quantidade e
conseqentemente causar alterao no exame fsico com relao ao aspecto e depsito.

5.1 COR

A urina, em condies normais apresenta cores amarelas, cuja tonalidade varia de acordo com a concentrao dos cromgenos
urocromo, uroeritrina e urobilina na amostra. A variao da cor normal da urina decorrente do estado de hidratao que o organismo do indivduo
apresenta durante o dia e da variao das concentraes dos cromgenos. Assim, se pode falar que existe uma relao inversa entre a
intensidade da cor normal da urina e a concentrao. Esta relao inversa existe tambm entre a colorao normal e a densidade e o volume de
24 horas. A colorao anormal de uma amostra de urina pode ser causada por patologias, alimentos, medicamentos e produtos metablicos

A verificao da cor da urina deve ser realizada aps homogeneizao da amostra, com a amostra no frasco de coleta, razo pela qual
se recomenda que o frasco para coleta seja de plstico tipo cristal, que transparente. As amostras de urina podem apresentar cores anormais
que variam desde o amarelo plido ao mbar podendo ainda apresentar cor verde, azul, laranja, marrom, preto e vermelho.

5.2 ODOR

A urina pode apresentar algumas variaes quanto ao seu odor. O odor caracterstico, considerado normal da urina denominado de
sui generis e pode ser mais ou menos intenso, dependendo da quantidade de cidos aromticos presentes na amostra. As amostras normais
mais concentradas apresentam odor mais intenso. Odores anormais da urina podem ser ftido, amoniacal e frutado.

5.3 ASPECTO

O aspecto da urina avalia o grau de transparncia da amostra de urina e reflete a quantidade de estruturas do sedimento organizado ou no
organizado (ex. clulas, hemcias, leuccitos, cristais) em suspenso. Em condies normais as amostras de urina no apresentam alterao de
sua transparncia. Nas amostras de urina que apresentam alterao de sua transparncia verificamos tambm alteraes no depsito e, por
conseguinte, na microscopia, ainda que estas ltimas no sejam de origem patolgica. Assim, se pode falar que existe uma relao inversa entre o
aspecto da urina e o depsito e tambm em relao quantidade de estruturas observadas na microscopia. Assim como na verificao da colorao
da urina, a verificao do aspecto deve ser realizada aps homogeneizao da amostra, com a amostra no frasco de coleta, razo pela qual se
recomenda que o frasco para coleta seja de plstico tipo cristal, que transparente.

Lmpido Macroscopicamente a amostra de urina no apresenta ou apresenta raras estruturas em suspenso aps homogeneizao. No
exame microscpico do sedimento urinrio no se verificam alteraes quantitativas nos elementos normais e geralmente no se observam
estruturas anormais. Ligeiramente turvo Macroscopicamente a amostra apresenta pequena quantidade de estruturas em suspenso aps
homogeneizao. No exame microscpico do sedimento urinrio se verificam pequenas alteraes quantitativas nas estruturas normais,
podendo ser observados estruturas anormais. Turvo Macroscopicamente a amostra apresenta moderada quantidade de elementos em
suspenso aps homogeneizao. Microscopicamente se verificam grandes alteraes quantitativas nas estruturas normais e, geralmente, se
observam estruturas anormais de valor diagnstico. Muito turvo Macroscopicamente a amostra apresenta grande quantidade de elementos
em suspenso aps homogeneizao. No exame microscpico do sedimento urinrio se verificam grandes alteraes quantitativas nas
estruturas normais e geralmente se observam estruturas anormais de valor diagnstico.

5.6 DENSIDADE

A determinao da densidade de uma amostra na realizao do exame de urina tem como objetivo avaliar a capacidade renal de
concentrao da urina e a condio hidratao do organismo. A determinao da densidade atravs da utilizao de tiras reagentes sofre
interferncias do pH, quando alcalino, e da presena de protenas e de corpos cetnicos. Quando o pH da urina for alcalino ocorrer interferncia
na leitura da reao indicadora de densidade de modo que, segundo os fabricantes se deve acrescentar 0,005 leitura obtida. A densidade da
urina pode variar de 1.003 a 1.030. Entretanto, geralmente as amostras randmicas de urina apresentam densidade entre 1.010 e 1.020 em
indivduos adultos saudveis cuja ingesto quantitativa de gua normal. Quando se colhe a primeira amostra da manh a densidade da urina ,
em indivduos saudveis, maior que 1.020. Amostras que apresentam densidade menor que 1.010 indicam relativa hidratao enquanto valores de
densidade maiores que 1.020 indicam relativa desidratao (Kavouras, 2002). Densidade urinria diminuda est relacionada a utilizao de
diurticos, diabetes inspidus, insuficincia adrenal, aldosteronismo e insuficincia da funo renal (Kavouras, 2002). Entretanto, so
extremamente raros os casos em que pacientes eliminam volumes muito grandes (> 5 litros) de urina em 24 horas cuja densidade muito baixa.

6 EXAME QUMICO

A realizao do exame qumico atravs das tiras reagentes pode oferecer informaes sobre a funo heptica, funo renal,
metabolismo de carboidratos, infeces do trato urinrio e at mesmo sobre o equilbrio cido-bsico. O exame qumico da urina deve, ainda, ser
realizado, em amostra recente, at uma hora aps a colheita, que esteja temperatura ambiente (visto que parte dos exames qumicos realizados
atravs das tiras reagentes dependem de enzimas as quais so termodependentes), pois a exposio luz, a temperatura e a proliferao de
bactrias pode resultar distores nos resultados, no refletindo as condies do paciente. Para a realizao do exame qumico da urina a amostra
de urina, colhida a menos de uma hora, no centrifugada, temperatura ambiente deve ser homogeneizada. Em seguida, se imerge, rapidamente,
na amostra de urina uma tira reagente recm retirada do frasco. Ao retirar a tira, se deve deslizar a mesma lateralmente na borda do frasco a fim
de eliminar o excesso de urina. Em seguida, nos tempos especificados pelo fabricante a leitura visual deve ser realizada comparando as reas
reagentes da tira com escala correspondente que acompanha o rtulo do frasco.

6.1 pH

O pH da urina de indivduos saudveis , geralmente, ligeiramente cido variando de 5 (cinco) a 6 (seis), entretanto, pode variar de 4,0
(quatro) a 8,0 (oito), dependendo de fatores como dieta e horrio de coleta. O pH da urina pode sofrer interferncias, tornando-se mais cido, em
decorrncia de processos patolgicos que resultam em acidose metablica ou acidose respiratria, como, por exemplo, Diabetes melitus
descompensado e pneumonia, respectivamente, bem como em decorrncia da utilizao de medicamentos base de cloreto de amnia e de dieta
que inclui a ingesto de grande quantidade de carne (dieta cetognica). Processos patolgicos que resultem em alcalose metablica, alcalose
respiratria, ou ainda a acidose tubular renal, a elevada produo de cido clordrico no trato gastrintestinal no perodo ps prandial, a dieta
vegetariana ou dieta essencialmente baseada na ingesto de leite ou de medicao a base de anticidos e a presena de bactrias produtoras de
urease em conseqncia de infeco do trato urinrio ou contaminao da amostra, resultam, freqentemente, em urinas de pH alcalino.

A realizao da determinao do pH desrespeitado o tempo recomendado entre este e a colheita da amostra pode resultar na
alcalinizao da amostra em decorrncia da proliferao de bactrias redutoras de uria a amnia e portanto no refletir as condies do
indivduo. A confiabilidade da terminao do pH pelas tiras reagentes disponveis de aproximadamente 95%.

6.2 PROTENAS

As protenas so em sua maioria substncias de peso molecular elevado que no so filtradas atravs do glomrulo porque a estrutura
da membrana glomerular impede sua passagem. A albumina a protena, que entre as principais protenas sricas, apresenta o menor peso
molecular (69.0 daltons). As protenas de peso molecular inferior a 60.0 daltons passam pelo glomrulo e so reabsorvidas pelos tbulos renais e
no se encontram presentes, normalmente na urina. Parte da albumina passa pelo glomrulo, sendo, contudo, a maior parte reabsorvida pelos
tbulos contornados renais proximais.

Amostras de urina de indivduos saudveis apresentam eliminao de protenas atravs da urina inferior a 10mg/dl ou 150mg/24 horas,
exceto se submetidos a exerccios intensos ou frio intenso. Esta quantidade de protenas, geralmente, no detectada atravs dos mtodos
disponveis atravs de tiras reagentes que apresentam reao positiva quando a concentrao 200mg/l (Kutter, 2000). Das protenas
normalmente encontradas na urina, aproximadamente 3% albumina, cuja origem srica, sendo o restante constitudo de globulinas de menor
peso molecular. Dentre as globulinas, quase metade constituda de protena de Tamm-Horsfall que secretada por clulas tubulares renais.

A presena de protenas em quantidade aumentada na urina se constitui o mais sensvel marcador de avaliao da funo renal em
decorrncia de apresentarem taxa de reabsoro tubular muito baixa e de sua filtrao e ou secreo aumentadas rapidamente satura os
mecanismos de reabsoro. Nos casos de doena renal a albumina pode representar at 90% das protenas presentes. Quantidade aumentada de
protenas na urina pode ser verificada em indivduos aparentemente saudveis em conseqncia de condies fisiolgicas e funcionais como
ocorrncia de febre, com desidratao exposio ao frio e o desenvolvimento atividade fsica intensa. Quando a proteinria de origem patolgica
a sua intensidade depende do tipo de patologia e da severidade da patologia verificada. Nveis aumentados de protenas na urina so, tambm

verificados em pacientes com mieloma mltiplo. Entretanto, neste caso a protena encontrada na urina uma globulina de baixo peso molecular
conhecida como protena de Bence Jones que no detectada pelas tiras reagentes. A determinao da protena de Bence Jones deve ser
realizada por metodologia especfica.

Resultados falsos positivos so verificados na anlise de urinas alcalinas e em conseqncia da contaminao da amostra com desinfetantes a
base de amnia quaternria (ROCHE, 2007). Em tiras reagentes que apresentam a rea reagente de protenas imediatamente aps a rea
reagente de pH possvel se verificar resultado falso positivo em urinas alcalinas em conseqncia do escorrimento do excesso de urina, o que
denominado de turn over por alguns fabricantes de tiras. Contudo, se recomenda verificar atentamente a bula do fabricante da tira reagente
utilizada. Considerando que a pesquisa de protenas atravs de tiras reagentes apresenta especial sensibilidade para albumina se recomenda a
realizao de pesquisa confirmatria utilizando soluo de cido sulfossaliclico. Entretanto, importante ressaltar que outros recomendam a
utilizao deste cido em concentrao de 7% e 3%, mas nestes casos o volume de cido sulfossaliclico utilizado expressivamente maior. Em
caso de positivo, qualquer seja a concentrao de cido sulfossaliclico utilizada ocorrer turvao proporcional quantidade de protenas
dissolvidas que se encontra presente na amostra. O resultado expresso da mesma forma como quando se utiliza a tira reagente. Existem ainda
outras provas que podem ser utilizadas para a pesquisa confirmatria de protenas, mas que por serem mais complexas no que diz respeito
preparao e ou realizao do teste.

No exame de urina, o resultado da determinao semi-quantitativa de protenas , geralmente, expresso como negativo, traos, positivo
+, positivo ++, positivo +++ e positivo ++++. No caso da utilizao da tira reagente se deve comparar a cor obtida no tempo determinado pelo
fabricante, com a tabela por ele fornecida. Na determinao semiquantitativa de protenas pelo cido sulfossaliclico o resultado expresso da
seguinte forma:

Negativo = quando no se verifica aumento da turvao da amostra. Traos = quando ocorre um fraco aumento na turvao da amostra.
Positivo 1+ = quando se verifica pequeno aumento da turvao. Positivo 2+ = quando se verifica moderado aumento da turvao. Positivo 3+ =
quando se verifica forte aumento da turvao. Positivo 4+ = quando se verifica turvao com precipitao.

Com relao determinao semi-quantitativa de protenas atravs de tiras reagentes , contudo importante lembrar que as tiras
reagentes dos diferentes fabricantes apresentam variaes, principalmente no que diz respeito sensibilidade. importante lembrar sempre que a
sensibilidade descrita na bula das tiras reagentes nem sempre compatvel com a realidade, devendo o laboratrio dispor de controle de
qualidade prprio a fim obter maior confiabilidade nos resultados obtidos. A avaliao mais precisa do nvel de excreo de protenas deve ser
realizada atravs da determinao da concentrao de protenas em amostra de urina de 24 horas e ser acompanhada da realizao de outras
provas de funo renal, do exame de urina e de realizao de cultura de urina (Schumann, In Henry, 1991).

6.3 GLICOSE

Em amostras de urina de indivduos saudveis se verifica glicosria que varia de 1 a 15mg/dl que no detectvel. A presena destes
baixos nveis de glicose decorrente do limiar renal de reabsoro tubular proximal que se encontra consideravelmente acima dos nveis sricos
normais. Assim, apenas quando os nveis sricos de glicose excedem aproximadamente 180mg/dl comea, geralmente, a ser detectada. A
deteco de nveis elevados de glicose na urina denominada de glicosria. A determinao semi-quantitativa de glicose na urina realizada,
geralmente, atravs da utilizao de tiras reativas e se baseia em reao especfica catalisada pela glicose oxidase e pela peroxidase. Na reao
se utiliza a glicose oxidase para catalisar a formao de cido glicnico e perxido de hidrognio a partir da oxidao da glicose. A peroxidase, por
sua vez catalisa a reao do perxido de hidrognio com o cromgeno utilizado pelo fabricante e que no sempre o mesmo. A variao da
colorao da rea reagente para verde ou marrom depende do cromgeno utilizado. Os indicadores mais freqentemente utilizados nas reas
reagentes so a tetrametilbenzidina reduzida que tem cor amarela e que ao se oxidar tem cor que varia do verde para o azul (ROCHE, 2007) e
iodeto de potssio que ao se oxidar desenvolve cor marrom (BAYER; 2007).

A reao de determinao semi-quantitativa de glicose na urina por esta metodologia especfica visto que outros acares como lactose, frutose,
galactose e pentoses no se constituem em substratos para a glicose oxidase. A reao independente de pH e densidade e no sofre a
interferncia de corpos cetnicos. Como a reao que como conseqncia a alterao de cor uma reao de oxidao, a presena de grandes
quantidades de cido ascrbico na urina, decorrente da ingesto ou administrao de elevadas quantidades doses pode diminuir a sensibilidade

do teste (ROCHE, 2007). Reaes falso-positivas so verificadas em decorrncia da contaminao com agentes de limpeza formulados base de
produtos oxidantes
No exame de urina, o resultado da determinao semi-quantitativa de glicose , geralmente, expresso como negativo, traos, positivo +,
positivo ++, positivo +++ e positivo ++++. No caso da utilizao da tira reagente se deve comparar a cor obtida no tempo determinado pelo
fabricante, com a tabela por ele fornecida.

6.3 CETONAS

Amostras de urina de indivduos saudveis no apresentam, em condies normais, presena de cetonas na urina. O que denominamos
aqui como cetonas pode, tambm ser denominado de corpos cetnicos e inclui trs compostos: cido acetoactico, o cido beta-hidroxibutrico e
acetona. Estes compostos constituem produtos intermedirios do catabolismo normal das gorduras, sendo integralmente convertidas em energia,
dixido de carbono e gua, no sendo, portanto encontrados normalmente na urina. Entretanto, grandes quantidades destes compostos, no
podem ser convertidos em energia, assim quando grandes quantidades de gordura so metabolizadas em conseqncia de o organismo se
encontrar impossibilitado de utilizar carboidratos como a fonte principal de energia, estes compostos so encontrados na urina.

Dos trs compostos acima citados, o primeiro a ser formado o cido acetoactico que convertido cido beta-hidroxibutrico e este
acetona. A determinao semiquantitativa de cetonas na urina realizada, geralmente, atravs da utilizao de tiras reativas e se fundamenta na
reao cido acetoactico com o nitroprussiato de sdio em meio alcalino e no desenvolvimento de cor violeta na rea reagente, proporcional a
quantidade presente na amostra (Quadro 7). Esta reao , tambm conhecida como prova de Legal. A acetona e o cido beta-hidroxibutrico no
reagem com o nitroprussiato de sdio e, portanto, no resultam no desenvolvimento de cor na rea reagente. A presena de cetonas na urina
confere a esta, odor frutado ou cetnico e denominado de cetonria. As cetonas so constitudas de cido acetoactico (20%), cido betahidroxibutrico (78%) e acetona (2%). A cetonria verificada em distrbios que incluem diabetes melito, diabetes gestacional, bulimia,
gastroenterite e ingesto insuficiente de carboidratos.

A ingesto insuficiente de carboidratos pode ocorrer por carncia alimentar ou regime alimentar para perda de peso. Os regimes alimentares em
que se verifica cetonria so conhecidos como dieta cetognica e constituda de essencialmente de lipdeos (80 a 90%) (Tom, 2003). A dieta
cetognica empregada com relativo sucesso no tratamento de casos de epilepsia refratria medicao (Vasconcelos, 2004)
A verificao de reao positiva para cetonas se constitui em forte indicativo de acidose metablica tendo em vista que o cido
acetoactico e o cido beta-hidroxibutrico so duas importantes fontes que contribuem para o aumento de ons de hidrognio no sangue a serem
eliminados atravs da urina. A cetonria verificada em indivduos que: so portadores de Diabetes melitus, fazem uso de dietas com restrio de
carboidratos, sofrem de anorexia e aqueles que apresentam caquexia, distrbios gastrintestinais e episdios cclicos de vmito. Em gestantes a
verificao de cetonria pode ser decorrente da hiperemese (vmitos constantes) verificada, mas pode, tambm ser indicativo de cetoacidose que
em gestantes constitui um fator que contribui significativamente para a ocorrncia de morte intra-uterina do feto. A presena de corpos cetnicos
na urina de pacientes diabticos tratados indica um desajuste no tratamento que pode resultar em cetoacidose e acidose sistmica, podendo,
ocasionalmente, levar o paciente morte.

6.4 BILIRRUBINA

A bilirrubina encontrada normalmente em pequenas quantidades no sangue na forma no conjugada e conjugada. A bilirrubina
conjugada a bilirrubina que nos hepatcitos sofreu a adio de duas molculas de cido glicurnico formando a bilirrubina diglicurondeo. Esta
forma de bilirrubina apresenta maior solubilidade em gua, excretada, quase totalmente, para a luz do duodeno atravs do ducto biliar, onde o
cido glicurnico removido pela ao bacteriana e a bilirrubina convertida em urobilinognio, e este oxidado pela ao de bactrias da flora
intestinal normal, a estercobilina, que tem colorao marrom, a qual conferida s fezes. Em conseqncia de no se encontrar ligada albumina
a bilirrubina conjugada filtrada atravs dos glomrulos, sendo, contudo, excretada atravs da urina quando os nveis sricos se encontram
elevados. A bilirrubina no conjugada insolvel em gua e transportada no sangue ligada albumina, no sendo, portanto, filtrada atravs dos
glomrulos. A presena de bilirrubina na urina denominada de bilirrubinria e pode ser verificada em doenas hepticas como, por exemplo,
obstruo biliar, hepatite, hepatocarcinoma e cirrose heptica. A bilirrubinria, em conseqncia de sua precocidade, , muitas vezes, a primeira
indicao laboratorial da ocorrncia de hepatopatia.A verificao da presena de bilirrubina, conjugada, na urina ocorre apenas quando os nveis
sricos se encontram elevados, o que ocorre quando o indivduo se encontra acometido de ictercia de origem obstrutiva ou heptica. Deste modo,

considerando que as ictercias podem ser de origem obstrutiva, heptica e pr-heptica ou hemoltica, a determinao semi-quantitativa de
bilirrubina urinria, apenas, no permite a diferenciao da origem da ictercia verificada.

A pesquisa de bilirrubina na urina realizada atravs de tiras reagentes tem como base a sua reao com sal de diaznio diclorobenzeno
em meio cido que resulta em desenvolvimento de cor rosa proporcional a quantidade presente na amostra (ROCHE, 2007; BAYER; 2007). A
verificao de bilirrubina na urina indica sempre a ocorrncia de patologia. A exposio da amostra luz e a presena de elevadas quantidades de
cido ascrbico podem resultar em resultados falso negativos. A presena de elevadas concentraes de cido ascrbico na amostra de urina
pode reduzir a sensibilidade do teste (ROCHE, 2007) ou at mesmo resultar em resultado falso negativo (BAYER; 2007).

6.6 UROBILINOGNIO

A presena de urobilinognio em amostras de urina verificada sempre que ocorrer o aumento da destruio de hemcias ou de seus
precursores como, por exemplo, na anemia hemoltica, nas anemias megaloblsticas, respectivamente. Mas reaes positivas podem ser
verificadas, tambm, em pacientes com febre e em pacientes com desidratao. Alm disso, a presena de urobilinognio em amostras de urina
associada freqentemente com doenas e disfunes hepticas como, hepatite infecciosa, hepatite txica, cirrose heptica e mononucleose
infecciosa com comprometimento heptico, por exemplo. A presena de grandes quantidades de urobilinognio na amostra pode resultar no
desenvolvimento de cor inicialmente amarela que deps de um minuto poder mudar para verde ou azul. A pesquisa de urobilinognio realizada
atravs de tiras reagentes no apresenta as interferncias verificadas quando esta prova desenvolvida pelo mtodo tradicional de Erlich. A
contaminao da amostra com formalina pode resultar em resultado falso negativo (BAYER; 2007). Resultados falsos negativos podem, tambm
serem resultantes da oxidao do urobilinognio a urobilina (Mc Bride 1998) A presena de fenazopiridina (Piridium) na amostra de urina pode
resultar em reao falso positiva.

6.7 NITRITO

A presena de nitrito em amostra de urina decorrente da ao indireta de bactrias redutoras de nitrato a nitrito, o que inclui todas as
entrerobactrias e a maioria das bactrias no fermentadoras, e alguns cocos Gram positivos. So redutoras de nitrato a nitrito e responsveis
pela maioria das infeces do trato urinrio, por exemplo: Escherichia coli, Klebsiella sp, Serratia sp, Proteus sp, Enterobacter sp, Enterococcus sp
O Staphilococcus saprophiticus, por sua vez no converte o nitrato a nitrito (Murray et al., 1999). importante ressaltar que outras bactrias
patognicas que no produzem enzimas redutoras de nitrato a nitrito podem estar presentes na amostra em decorrncia de estarem causando
infeco do trato urinrio. Para que a pesquisa de nitrito apresente resultado positivo algumas condies so imprescindveis: a) a presena de
bactrias produtoras de enzimas redutoras de nitrato a nitrito: b) presena do substrato (nitrato), cuja principal fonte so as carnes e c) tempo de
incubao do substrato na presena das enzimas redutoras de nitrato a nitrito.

Para evitar estes resultados falso-negativos se recomenda conhecer: os hbitos alimentares dos pacientes e a medicao ingerida pelos
mesmos e submet-los a um tempo de quatro horas entre a mico para coleta de material e a mico anterior. Estas recomendaes, embora
importantes, nem sempre so facilmente aplicveis nos laboratrios clnicos. A pesquisa de nitrito apresenta elevada especificidade, mas baixa
sensibilidade para deteco de infeco do trato urinrio (Warkentin et al.,1985; Winkens et al, 2003 e Yoshida et al., 2006), no devendo,
portanto, ser utilizada como nico mtodo diagnstico.

6.8 HEMOGLOBINA

A hemoglobina pode estar presente em amostras de urina na forma livre ou em hemcias ntegras. A presena de hemoglobina livre
pode ser decorrente de hemlise ocorrida no trato urinrio em conseqncia da elevada alcalinidade ou elevada diluio da amostra de urina ou,
ainda, decorrente de hemlise intravascular verificada em conseqncia de, por exemplo, anemia hemoltica, onde o seu nvel de hemoglobina no
sangue se encontra acima da capacidade de reprocessamento. A presena de apenas hemoglobina na urina denominada de hemoglobinria,
enquanto a presena, apenas de hemcias denominada de hematria. Entretanto muito difcil se diagnosticar hemoglobinria verdadeira sem
conhecer a sua origem previamente. Por isto a verificao de hemoglobinria sem conhecimento prvio de sua causa , geralmente considerada
como hematria.

A mioglobina, protena presente nos tecidos musculares estriados uma protena pequena capaz de passar para os tbulos renais no
processo de filtrao glomerular. Essa protena reage com os reagentes presentes nas tiras reagentes da mesma forma que a hemoglobina,
resultando em colorao verde da rea respectiva pesquisa de hemoglobina. A distino de hemoglobinria/hematria de mioglobinria pode ser
realizada atravs do teste com sulfato de amnia. Nesta prova se coloca 2,8 gramas de sulfato de amnia em 5,0 mililitros de urina, aps misturar
bem se deixa esta mistura em repouso por cinco minutos, com o objetivo de precipitar a hemoglobina presente com o sulfato de amnia. Aps se
filtra a mistura e se realiza nova prova com a tira reagente, o resultado positivo para hemoglobina indica mioglobinria. A hemoglobinria/hematria
verificada em por exemplo: pielonefrite, glomerulonefrite, sndrome nefrtico, litase renal, tumores renais, de ureter e de bexiga, cistites,
trombose, nefroesclerose, traumatismos, pela ao de drogas (penicilina, cefalosporina e anticoagulantes) e pela ao de toxinas (ex. endocardite
bacteriana). A hemoglobinria verdadeira pode ser verificada mais freqentemente em pacientes que apresentam reao transfusional, anemia
hemoltica ou sofreram queimaduras graves em expressiva rea do corpo. A mioglobinria decorrente de processos em que se verifica
destruio de tecido muscular como: politraumatismos, traumatismos musculares, coma prolongado, exerccio intenso no costumeiro, distrofia
muscular progressiva, convulses e polimiosite, por exemplo. A presena de grandes quantidades de cido ascrbico na amostra pode resultar em
reduo da sensibilidade do teste, ou at mesmo em resultado falso negativo (ROCHE, 2007). Resultados falso positivos pem ser verificados em
decorrncia da contaminao da amostra com oxidantes como por exemplo o hipoclorito, ou ainda em conseqncia da presena de peroxidase
decorrente de infeco bacteriana (Bayer, 2007).

6.9 ESTERASE

A pesquisa de esterase em amostras de urina permite detectar a presena de leuccitos, um importante marcador de infeco do trato
urinrio (ITU). A esterase uma enzima liberada pelos leuccitos granulcitos quando estes no se encontram em meio isotnico, como a urina
(KUTTER, 2000). A esterase encontrada nos grnulos azurfilos dos leuccitos granulcitos que incluem os moncitos, eosinfilos e neutrfilos.
Os leuccitos encontrados na anlise microscpica do sedimento urinrio durante a realizao do exame de urina so os neutrfilos. A presena
predominante de eosinfilos verificada principalmente em pacientes com nefrite intersticial de origem medicamentosa. Eosinfilos podem,
tambm serem encontrados em amostras de urina de pacientes submetidos a transplante renal e que apresentam rejeio. A pesquisa de esterase
de leuccitos apresenta sensibilidade e especificidade que podem variar de 73 a 96% e de 71,4 a 98%, respectivamente, para deteco de
infeco do trato urinrio (Warkentin et al.,1985; Pezzlo et al., 1985; Pfaller e Koontz, 1985; Weimberg, e Gun, 1991; Winkens, et al., 2003).A
pesquisa de nitrito complementa a pesquisa de esterase leuccitos. A pesquisa de esterase de leuccitos e a pesquisa de nitrito no devem ser
utilizados para substituir o exame de urina e/ou a cultura de urina. As tiras reagentes detectam tanto a esterase de leuccitos lisados como a
esterase de leuccitos ntegros (ROCHE, 2007; BAYER; 2007).

A densidade aumentada da amostra de urina pode resultar em diminuio da sensibilidade do teste para determinao semi-quantitativa de
esterase de leuccitos. A utilizao da determinao de esterase de leuccitos atravs de tiras reagentes deve ser como finalidade apenas a
triagem, permanecendo a contagem de leuccitos por microscopia, citometria ou qualquer outra metodologia como teste confivel para deteco
de leuccitos na urina.

6.10 CIDO ASCRBICO

A pesquisa de cido ascrbico em amostras de urina, apesar de importante, no possvel atravs da utilizao de qualquer das tiras
reagentes disponveis no mercado. No Brasil, apenas a tira reagente Rapignost produzida pela Dade Behring possibilita a pesquisa de cido
ascrbico. O cido ascrbico um importante agente redutor, ingerido com, certa freqncia, em elevadas doses dirias por parte de parcela da
populao. Assim, elevados nveis deste composto em amostras de urina pode interferir com vrios dos testes possibilitados pelas tiras reagentes,
os quais dependem de reaes de oxidao com diaznio ou peroxidase (ex. glicose>50mg/dl, bilirrubina, urobilinognio>25mg/dl,
hemoglobina>5mg/dl, nitrito e esterase de leuccitos). Segundo Mc Bride (1998), a interferncia de nveis urinrios elevados de cido ascrbico
mais freqentemente observada na pesquisa de hemoglobina, porque hemcias so observadas no exame microscpico, mas a reao verificada
na tira reagente foi negativa. Entretanto, no caso de a amostra de urina ou do frasco utilizado para coleta estiver contaminado com fortes agentes
oxidantes como o hipoclorito ou o perxido de hidrognio, a pesquisa pode apresentar resultado falso negativo.

7. EXAME MICROSCPICO

chamado de sedimento urinrio qualquer material encontrado em suspenso na urina aps homogeneizao. O material em
suspenso pode ser constitudo de clulas epiteliais, hemcias, leuccitos, bactrias, cilindros, cristais, grnulos, leveduras, muco e, ainda, vrias
outras estruturas. O sedimento urinrio responsvel pelas variaes no aspecto e depsito, que constituem parte do exame fsico.

importante que o profissional tenha acessvel, no laboratrio, referncias como: livro texto, atlas de urinlise e artigos cientficos. Estas
referncias constituem importante ferramenta para dirimir dvidas momentneas, bem como no reconhecimento de novos cristais podem ser
observados durante o exame microscpico do sedimento urinrio em decorrncia da utilizao de novos medicamentos disponibilizados para o
tratamento das diferentes patologias.

7.1 TIPOS DE MICROSCOPIA

O exame microscpico da urina , geralmente, realizado atravs de microscopia de campo claro. A microscopia deve ser realizada em menor
aumento com objetiva de 10X e em maior aumento em objetiva de 40X em microscpio com ocular de 10X. Em vista da dificuldade em observar
diversos tipos de estruturas que podem ser encontradas no sedimento urinrio, outras tcnicas de microscopia como contraste de fase e luz
polarizada podem ser utilizadas para facilitar a sua identificao.
A observao das estruturas do sedimento urinrio atravs de microscopia de campo claro pode ser facilitada com a utilizao de
corantes como Sternheimer Malbin, Sudam, Gram, Azul de toluidina, entre outros. Dentre todos os corantes disponveis, o de Sterheimer Malbin
o que facilita a observao de maior nmero de estruturas do sedimento urinrio. Este corante mantm viveis estruturas, por exemplo o
Trichomonas sp, sendo por isto denominado de supravital.

7.3 PREPARAO DA AMOSTRA E MICROSCOPIA

A concentrao da amostra de urina realizada atravs da centrifugao de uma determinada alquota de uma amostra de urina
homogeneizada. No caso do Brasil a NBR 15268 determina que o volume da alquota de 10 mililitros e que a concentrao da amostra seja de
10:0,2. Conforme determina a NBR 15268, validada em 30/1/2005 na preparao do sedimento urinrio para observao entre lmina e lamnula e
clculo para expresso dos resultados por mililitro de urina se deve seguir o procedimento conforme padronizado: a. homogeneizar a amostra de
urina e transferir para um tubo de centrifugao 10 mililitros de urina; b. centrifugar a 1500 a 2000 rotaes por minuto ou 400 X g durante 5
minutos; c. retirar 9,8 mililitros do sobrenadante, cuidadosamente, para que o sedimento no ser ressuspendido, deixando no tubo 0,20 mililitros; d.
ressupender o sedimento; e. transferir 0,020 mililitros (20 microlitros) do sedimento ressuspendido para uma lmina de microscopia; f. colocar
sobre o sedimento que se encontra na lmina uma lamnula 2 X 2 m; g. examinar o sedimento por pelo menos dez campos microscpicos, bem
distribudos na lamnula; h. para expressar o resultado por campo, examinar as clulas epiteliais e os cilindros do sedimento urinrio em aumento
de 100X e as hemcias e leuccitos em aumento de 400X; i. calcular a mdia de cada elemento do sedimento contado; j. expressar o resultado
como nmero de elementos por campo; k. para expressar o resultado por mililitro examinar as clulas epiteliais e os cilindros do sedimento urinrio
em aumento de 100X e as hemcias e leuccitos em aumento de 400X; l. calcular a mdia de cada elemento do sedimento contado; m. multiplicar
a mdia por 5.040; n. expressar o resultado como nmero de elementos por mililitro.

O fator 5.040 foi obtido a partir dos dados fixos, padronizados para um volume de urina centrifugada de 10 mililitros, volume final do
sedimento de 0,20 mililitros de volume total do sedimento observado de 0,020 mililitros e: a. dimetro do campo microscpico = 0,35 m; b. rea do
campo microscpico = 0,096 mm2 ; c. rea da lamnula 2 X 2 m = 484 m2 ; d. 484 : 0,096 = 5.040 campos sob lamnula ; e. colocar 0,020 mililitros
do sedimento homogeneizado na lamnula.

A padronizao da realizao do exame de urina essencial para aumentar a sua acurcia, mas, no podemos esquecer que os
resultados apenas refletiro, verdadeiramente, as condies do trato urinrio se os pacientes forem corretamente orientados e preparados para a
colheita da amostra e se a expresso do resultado refletir com clareza e de forma padronizada o resultado do exame de urina.

7.4 MORFOLOGIA DAS ESTRUTURAS DO SEDIMENTO URINRIO

Conforme mencionado, no incio desse captulo, as estruturas do sedimento urinrio podem pertencer ao que denominamos de organizado
(biolgico) ou inorganizado (qumico). O sedimento organizado inclui clulas epiteliais escamosas (uretra), clulas de epitlio de transio (bexiga
e ureter), clulas de epitlio tubular renal (tbulos contornados proximais,distais, ala de Henle), leuccitos, hemcias, bactrias, cilindros (com ou
sem incluses), leveduras, gotculas de gordura, espermatozides e parasitas ou ovos de parasitas. Alteraes quantitativas de estruturas
biolgicas normalmente encontradas no sedimento urinrio e a presena de estruturas biolgicas no encontradas normalmente no sedimento
urinrio constituem os marcadores mais importantes de patologias do trato urinrio. Entre as estruturas qumicas, algumas podem ser observadas
no sedimento urinrio, sem contudo indicarem a ocorrncia de qualquer patologia seja ela do trato urinrio ou no (cristais de oxalato de clcio,
cido rico, urato de sadio, urato amorfo, fosfato amorfo, urato de amnia, fosfato amonaco magnesiano ou fosfato triplo, carbonato de clcio,
fosfato de clcio, etc.). Entretanto, a presena de estruturas qumicas anormais (cristais de bilirrubina, cistina, colesterol, leucina, tirosina) podem
indicar patologias graves ou ainda serem de origem iatrognica (cristais de aiclovir, ampicilina, ciprofloxaxina, indinavir, contraste radiogrfico).

O sedimento urinrio, organizado e inorganizado, pode ser constitudo de estruturas contaminantes, ou exgenas como cristais de
amido, cristais de talco, fibras de algodo, ovos de parasitas, parasitas. Estas estruturas devem ser reconhecidas, identificadas e registradas no
resultado de modo a no induzir a erro a interpretao clnica do resultado do exame de urina.

7.4.1 CLULAS EPITELIAIS

As clulas epiteliais podem pavimentosas ou escamosas, de transio ou renais. No exame microscpico de uma amostra de urina
normal, adequadamente colhida e concentrada 10X podem ser observadas raras clulas pavimentosas, de transio e tubulares renais. O
resultado do exame microscpico relativo observao de clulas epiteliais pavimentosas e de transio , geralmente, expressado como: raras,
algumas e numerosas, podendo ser realizada a observao de que as clulas se encontram agrupadas, quando for o caso. Em relao s clulas
tubulares renais observadas no sedimento urinrio recomendamos que estas sejam contadas e o resultado expressado da mesma forma que os
leuccitos e as hemcias.

7.4.1.1 CELULAS PAVIMENTOSAS

As clulas pavimentosas apresentam dimetro entre 30 e 50m e apresentam uma relao citoplasma/ncleo grande, sendo que o
ncleo redondo e apresenta ncleo denso de 12 a 16m de dimetro. Essas clulas tem origem da poro distal do epitlio uretral feminino ou
da poro distal do epitlio uretral masculino (Lange; 1992). Elas podem, tambm, serem originrias da vagina ou do perneo (sexo feminino) ou
do prepcio (sexo masculino), no caso de a amostra haver sido inadequadamente colhida. A presena de raras clulas pavimentosas no
sedimento urinrio normal e decorrente do processo natural de descamao do epitlio. A observao de quantidade aumentada de clulas
pavimentosas, geralmente, decorrente de o paciente haver colhido o primeiro jato ou, ainda, porque outros procedimentos de colheita da amostra
de urina no foram rigorosamente seguidos. O aumento da quantidade de clulas pavimentosas de origem patolgica quando sua morfologia se
encontra alterada ou quando elas se encontram incrustadas com cocobacilos (Gardnerella vaginalis). As clulas de epitlio pavimentoso
encrutadas de cocobalilos so denominadas de clue cells e tem origem do epitlio vaginal. A presena dessas clue cells indica infeco vaginal por
Gardnerella e pode ser verificada no exame microscpico de sedimento urinrio no corado, mas, para evitar srios equvocos se recomenda que
esta observao seja realizada em sedimento corado. O corante supravital de Sterheimer Malbin pode ser utilizado para facilitar a observao
dessas clulas.

7.4.1.2 CLULAS DE TRANSIO

As clulas de transio so clulas do trato urinrio, apresentam dimetro que varia de 20 a 30m, sua forma esfrica ou oval,
podendo tambm ser caudada, geralmente, tem um nico ncleo, redondo ou oval, que se encontra centralizado. O tamanho do ncleo ,
aproximadamente o mesmo do ncleo das clulas pavimentosas, mas o citoplasma dessas clulas aparece mais denso e apresenta maior nmero
de incluses, bem como maior vacuolizao. A relao citoplasma/ncleo das clulas de transio de aproximadamente 5/1(Figura 17 e Figura
18). Essas clulas encontradas desde a pelve renal at a parte proximal da uretra. As clulas de transio podem apresentar forma caudada
quando so originrias da pelve renal ou da base da bexiga denominada de trgono. importante ressaltar que o tamanho dessas clulas varia de

acordo com a sua origem. As clulas da pelve renal e dos ureteres apresentam tamanho menor que as outras clulas de transio. A presena de
raras clulas de transio no sedimento urinrio no tem significado clnico e considerado normal. Quantidade aumentada de clulas de
transio encontrada em infeces do trato urinrio e, portanto, sua presena em elevado nmero , geralmente, acompanhada de nmero
aumentado de leuccitos (neutrfilos). Clulas de transio agrupadas podem ser observadas em sedimento urinrio de pacientes com alteraes
do trato urinrio baixo como cistite mas, principalmente, em amostras de urina de pacientes submetidos cateterizao ou lavado de bexiga.
Alteraes no tamanho das clulas de transio e alteraes no ncleo e no citoplasma podem ser verificados em pacientes submetidos
tratamento radioterpico e pacientes com cncer de bexiga. Entretanto, para melhor observao destas alteraes e adequada caracterizao
deve ser realizao exame citolgico, visto que o exame de urina, realizado em sedimento sem colorao no tem como objetivo a observao de
alteraes celulares desta natureza.

7.4.1.3 CLULAS RENAIS

So denominadas de clulas renais as clulas epiteliais tubulares renais. Essas clulas provenientes dos tubos contorcidos proximais,
da ala de Henle, dos tubos contorcidos distais e dos dutos coletores. O tamanho da clulas renais observadas no exame microscpico,
geralmente, varia de 12 a 25 m, dependendo do local de origem. As clulas dos tbulos contorcidos proximais so ovais e tem dimetro que varia
de 20 a 60m e apresentam um ou as vezes dois ncleos pequeno(s) e denso(s), geralmente no localizado(s) no centro, o citoplasma dessas
clulas apresenta acentuada granulao, podendo estas clulas,at mesmo serem confundidas com fragmentos de cilindros granulosos. A
acentuada granulao dessas clulas decorrente do grande nmero de estruturas presentes no citoplasma como: retculo endoplasmtico
rugoso, retculo endoplasmtico liso, complexo de Golgi e mitocndrias. No exame microscpico do sedimento urinrio, clulas oriundas dos
tbulos contorcidos proximais raramente so observadas.

As clulas oriundas dos tbulos contorcidos distais tem tamanho que varia de 14 a 25m enquanto as clulas do tubos coletores tem
dimetro que varia de 12 a 20m de dimetro so as clulas renais mais freqentemente observadas no exame microscpico do sedimento
urinrio. Enquanto as clulas do tbulos contorcidos distais tem forma oval ou redonda, as clulas dos tubos coletores so, geralmente, cbicas ou
polidricas. O ncleo dessas clulas, geralmente excntrico. Essas clulas renais apresentam relao citoplasma/ncleo menor que as clulas de
transio, de aproximadamente 3/1. A presena de nmero aumentado de clulas tubulares renais ocorre em patologias renais como: necrose
tubular aguda, infeces virais, infeces bacterianas, inflamaes e neoplasias. Nmero aumentado de clulas tubulares renais , tambm,
verificado em pacientes que se submeteram a transplante renal e que apresentam rejeio do rgo transplantado. , contudo importante lembrar
que a observao da presena de nmero aumentado de estruturas como leuccitos, hemcias com alterao em sua morfologia (dismrficas) e
cilindros constituem em importantes informaes e contribuem para uma melhor interpretao dos resultados. A identificao de clulas renais ,
relativamente, difcil quando realizamos o exame microscpico sem empregamos qualquer mtodo de colorao ao sedimento urinrio. Nesse
sentido, a utilizao do corante supravital de Sterheimer Malbin de grande auxlio na identificao destas clulas. Segundo Schumann (1995) a
verificao de mais que 15 clulas tubulares renais em 10 campos microscpicos observados em aumento de 400X se constitui em indicao de
que o paciente sofre de alguma patologia ou processo renal ativo. importante ressaltar que neste caso a amostra concentrada 12:1.

7.4.2 LEUCCITOS

Os leuccitos tem, aproximadamente 12 m de dimetro, seu citoplasma apresenta granulaes finas e o ncleo lobulado. As
granulaes podem se apresentar mais densas quando j se verifica certo grau de degenerao dos leuccitos. Essa degenerao comumente
observada em urinas diludas e alcalinas e em aproximadamente 50% das amostras que so examinadas 3 horas depois de realizada sua colheita
caso a mesmas no tenham sido submetida refrigerao. A observao de poucos leuccitos no sedimento urinrio (< 5 por campo) em aumento
de 400X, quando a amostra concentrada 10:1, considerada normal. Entretanto, esses valores de referncia dependem da padronizao
empregada na execuo do exame de urina. Os leuccitos observados no sedimento urinrio so, geralmente, polimorfonucleares neutrfilos,
mas, a verificao da presena de linfcitos, eosinfilos e moncitos tambm ocorre e de grande importncia no diagnstico. Contudo, atravs
da realizao do exame microscpico sem a utilizao de mtodos de colorao esta identificao e/ou diferenciao no possvel.

A observao de leucocitria no exame microscpico do sedimento urinrio constitui em indicao de ocorrncia de patologia
inflamatria do trato urinrio ou mesmo do trato genital. No caso de doena inflamatria do trato urinrio a leucocitria verificada , geralmente,
acentuadamente menor que nos processos infecciosos. A verificao da presena de eosnfilos no sedimento urinrio se constitui em prova

confirmatria, importante. da evidncia clnica de nefrite intersticial aguda (NIA), com valor preditivo de 38%. O teste considerado padro ouro para
diagnstico a biopsia renal com achados histolgicos de infiltrados de clulas plasmticas e linfcitos peritubulares intersticiais. As NIA podem
ser induzidas por medicamentos, infeces renais, e processos auto imunes sistmicos (Kodner, 2003), mas pode, tambm, ser observada em
amostras de pacientes submetidos a transplante de rins e de pncreas que apresentam rejeio do rgo.

A presena de nmero elevado de clulas mononucleares no sedimento urinrio, principalmente linfcitos, verificada em pacientes nefrite lpica
e seu nmero apresenta elevada correlao com o ndice de atividade da doena do Lupus eritematoso sistmico (SLEDAI) (Chan, 2006), mas ,
tambm encontrado no sedimento urinrio de pacientes submetidos a transplante que apresentam rejeio (Murphy, 1973). Entretanto, a
identificao de linfcitos e moncitos no exame microscpico do sedimento urinrio em microscopia de campo claro ou mesmo em microscopia
de contraste de fase bastante difcil. Nestas modalidades de exame microscpico essas clulas so facilmente confundidas com hemcias. Os
linfcitos e os moncitos so clulas mononucleares com dimetro de 6 a 9 m e 20 a 40 m respectivamente. Os moncitos/macrfagos so
clulas fagocitrias e sua observao no sedimento urinrio ocorre em amostras de pacientes que apresentam alteraes tubulares renais
decorrentes de infeces ou reaes imunolgicas.

HEMCIAS

As hemcias apresentam forma discide com dimetro de aproximadamente 7 m, so clulas anucleadas e no apresentam
incluses citoplasmticas. A observao de diferentes ngulos permite a sua visualizao sob diferentes formas. Depois da forma discide a mais
freqentemente observada a de duplo prato. A ausncia de incluses citoplasmticas confere s hemcias aparncia lisa quando observadas por
microscopia de campo claro. Na microscopia de campo claro as hemcias podem ser confundidas com gotculas de gordura, ou leo, bolhas de ar
cristais ovais de oxalato de clcio (monohidratado) e leveduras. No exame microscpico do sedimento urinrio podemos encontrar trs tipos de
hemcias: normais, fantasma e dismrficas. As hemcias normais apresentam colorao laranja plido e podem ser encontradas em urinas recm
emitidas e isotnicas, isto , que apresentam densidade prxima de 1.010. Hemcias ntegras so observadas, principalmente, no sedimento
urinrio de amostras obtidas de pacientes cuja hematria decorrente de leso mecnica (ex.: litase renal, acidente) e amostras contaminadas
com fluxo menstrual, pois essas clulas sofrem rpida degradao de sua morfologia em doenas renais com reteno urinria e em amostras no
analisadas logo aps sua colheita, conforme recomendado.

Os valores utilizados para a definio de hematria so controvertidos, at mesmo porque para a realizao do exame de urina no
existe uma padronizao nica ou uma padronizao universalmente aceita conforme descrito anteriormente. Enquanto para alguns autores
hematria a verificao de mais de 5 (cinco) hemcias por campo microscpico em aumento de 400X ou mais de 5.0/ml (Penido, 1995; Bastos et
al., 1998), outros consideram hematria quando o nmero de hemcias superior a 10 (dez) por campo microscpico nesse aumento. Os valores
de referncia em nmero de elementos por campo dependem da padronizao empregada na execuo do exame de urina.

A hematria pode ter origem ao longo do trato urinrio e indicar a ocorrncia de patologia severa. As hematrias podem ser classificadas
de acordo com a intensidade, freqncia e repercusso clnica. Quanto intensidade do sangramento podem ser macroscpicas, quando a cor da
urina sugere a presena de hemcias em grande quantidade, ou microscpicas, quando a presena de hemcias pode ser detectada apenas
atravs da microscopia. Em relao freqncia, elas podem ser isoladas, permanentes e recorrentes. Nas hematrias isoladas e permanentes a
presena de hemcias no sedimento urinrio verificada em episdio nico (amostra isolada) ou constante (amostras consecutivas), enquanto
nas hematrias recorrentes se verificam perodos de remisso do sangramento. Quanto repercusso clnica elas podem ser assintomticas e
sintomticas (Bastos, 1998). As hematrias podem, tambm, ser classificadas quanto sua localizao ou origem, como de trato urinrio alto ou
renal e trato urinrio baixo ou ps-renal. As hematrias do trato urinrio alto podem, por sua vez, ser classificadas como glomerulares e no
glomerulares.

Hematrias glomerulares podem ter como causa doenas como por exemplo: glomerulonefrites agudas; glomerulonefrite proliferativa
focal, glomerulonefrite rapidamente progressiva, glomerulonefrite membranosa; nefrite lpica; hematria familiar benigna. As hematrias no
glomerulares tem como causa nefroesclerose secundria hipertenso, infarto renal, trombose da veia renal, tuberculose, pielonefrite, doena
policstica, nefrite intersticial, necrose papilar, necrose cortical, tumores de bexiga, uretrites, epididimites, hiperplasia prosttica, endometriose
litase, trauma entre outras. A localizao ou definio das hematrias de trato urinrio superior como glomerulares e no glomerulares pode ser
realizada atravs de anlises no invasivas e de baixo custo, baseadas na morfologia das hemcias. Segundo Birch e Farley em estudo publicado

em 1979, as hematrias glomerulares podem ser distinguidas das no glomerulares no apenas atravs da verificao de proteinria e cilindrria,
mas, tambm, por alteraes na forma (dismrficas), na cor, no tamanho e no contedo de hemoglobina em parte das hemcias. Em decorrncia
do dismorfismo as hemcias podem apresentar forma de anel ou de donuts (doughnut-like) com ou sem protuses vesiculares ou bolhas da
membrana citoplasmtica. A identificao, diferenciao e quantificao (perecentual) das hemcias que apresentam dismorfismo devem ser
realizadas atravs de microscopia de contraste de fase. As hematrias no glomerulares, por sua vez, se caracterizaram pela presena, no
sedimento urinrio, de hemcias com forma e tamanho semelhantes s encontradas no sangue (isomorfismo).

7.4.4 CILINDROS

Os cilindros so as nicas estruturas observadas no exame microscpico do sedimento urinrio cuja origem exclusivamente renal, e
sua observao tem, importante, significado clnico. Eles so formados, principalmente, na luz dos tbulos contorcidos distais e dos ductos
coletores a partir solidificao (coagulao ou precipitao) de protenas que a se encontram durante o perodo de concentrao da urina, ou
xtase ou ainda, quando o pH da urina esta muito cido. A base dos cilindros a protena de Tamm Horsfall, uma glicoprotena, que secretada
pelas clulas do ramo descendente da ala de Henle, mas, tambm protenas plasmticas podem constituir a matriz protica. A presena de
protenas plasmticas no filtrado presente nos tbulos renais aumenta a possibilidade de formao de cilindros. A observao de cilindros no
sedimento urinrio est associada com a ocorrncia de proteinria. A formao de cilindros est associada, tambm, a concentrao dos solutos,
alm do pH cido do filtrado, razo pela qual, provavelmente, sua observao no ocorre em urinas diludas e/ou urinas alcalinas. Quando o pH da
amostra de urina se torna alcalino se verifica que os cilindros desaparecem. isso que ocorre quando o exame de urina realizado depois do
tempo preconizado pela normatizao desse exame ou ainda em conseqncia de seu armazenamento inadequado.

Os cilindros, alm das protenas, podem conter, ainda clulas renais, hemcias, leuccitos, grnulos, bactrias, gotculas de gordura e outras
estruturas presentes no filtrado no momento de sua formao e se constituem em um retrato das condies do nfron. Sua denominao depende
da presena ou no de incluses bem como do tipo de incluso(es) presente(s). Assim eles podem ser denominados de: hialinos, epiteliais,
granulosos, hemticos ou eritrocitrios, creos, leucocitrios, bacterianos, adiposos e de cristais (identificar o tipo).
Quanto forma, os cilindros podem ser denominados de largos. A largura dos cilindros est relacionada com a localizao de sua
formao (tbulos ou ductos) ou ainda em decorrncia da distenso de tbulos renais, que ocorre quando se verificar acentuada xtase do fluxo
urinrio. Contudo, o registro da observao de cilindros no resultado do exame microscpico do sedimento urinrio deve ser realizado seguindo a
usual classificao dos cilindros de acordo com a morfologia tal como, por exemplo: hialino, leucocitrio, eritrocitrio, eptelial, granuloso, creo,
gorduroso, bateriano e pigmentado.

7.4.4.1 CILNDROS HIALINOS

Os cilindros hialinos so formados quase exclusivamente de protenas de Tamm


Horsfall, mas protenas plasmticas presentes no filtrado podem ser incorporadas. Seu aspecto incolor e semitransparente devido ao baixo
ndice de refrao, o que dificulta sobremaneira sua observao. Em vista disso, no caso da observao em microscopia de campo claro, se
recomenda reduzir intensidade da iluminao, conforme descrito no caso da verificao de hematria em urinas hipotnicas. A observao do
sedimento urinrio em microscopia de contraste bem como a sua colorao com corante supravital de Sternheimer Malbin para observao em
microscopia de campo claro facilitam a identificao e contagem de cilindros. A presena de cilindros hialinos no sedimento urinrio no indica,
necessariamente, a ocorrncia de patologia do trato urinrio alto, podendo ser encontrado em pequeno nmero, em amostras de indivduos
saudveis, (< 2 por campo em aumento de 100X ou < 1000/mL). Cilindros hialinos podem ser encontrados em decorrncia de glomerulonefrites,
pielonefrites, insuficincia cardaca congestiva, febre, desidratao, exposio ao frio intenso e exerccios intensos. A presena de cilindros
hialinos no est, necessariamente associada ocorrncia de proteinria.

7.4.4.2 CILNDROS LEUCOCITRIOS

Os cilindros leucocitrios apresentam a incluso de leuccitos na matriz protica em decorrncia da presena desses nos tbulos renais
ou dutos coletores no momento de formao do cilindro. A presena de cilindros leucocitrios no sedimento urinrio associada ocorrncia de
infeco do trato urinrio alto/pielonefrite. Entretanto, podem, tambm, serem observados cilindros leucocitrios no sedimento urinrio de

pacientes com glomerulonefrite, mas nesses casos a observao desses cilindros pouco freqente e quando verificada, ocorre,
simultaneamente, com a observao de cilindros eritrocitrios. Os leuccitos presentes no cilindro leucocitrio podem ser ntegros ou apresentar
degenerao em diferentes graus. Quando os leuccitos so ntegros se pode at mesmo observar seus ncleos multilobulados e sua
identificao , relativamente, fcil. Entretanto, quando os leuccitos apresentam elevado grau de desintegrao a identificao desse cilindro
pode ser difcil porque ele facilmente confundido com cilindro epitelial. Em decorrncia dessa dificuldade na diferenciao esses cilindros podem
ser denominados como cilindros celulares. Os cilindros leucocitrios no so encontrados em amostras de urina de indivduos saudveis.

7.4.4.3 CILNDROS ERITROCITRIOS

Os cilindros eritrocitrios ou hemticos so um importante indicador de ocorrncia de doena glomerular como verificado na
glomerulonefrite aguda, infarto renal, na nefrite lpica, por exemplo, mas podem ser encontrados em qualquer patologia em que se verifica leso,
principalmente, de glomrulo e capilares renais. A verificao da presena de cilindros eritrocitrios no exame microscpico do sedimento urinrio
se constitui em indicador de elevada especificidade para o diagnstico da ocorrncia de glomerulonefrite. Contudo, eventualmente o cilindro
eritrocitrio pode ser encontrado em amostras de pacientes sadios, aps a participao de esportes de elevado impacto. Segundo Ringsrud e Lin
(1995), esse cilindro , provavelmente o mais frgil de todos os cilindros encontrados no sedimento urinrio, o que pode explicar a reduzida
freqncia com que encontrado, principalmente, intacto, sendo sua observao mais fcil quando as amostras so analisadas logo aps a
colheita. Em microscopia de campo claro, entre lmina e lamnula, sem a utilizao de corantes os cilindros eritrocitrios apresentam colorao
marrom quando o nmero de hemcias que o constitui muito elevado, sendo a observao da forma das hemcias bastante difcil. Quando os
cilindros contm poucas hemcias, essas podem ser podem ser observadas com nitidez. A observao de cilindros eritrocitrios, no sedimento
urinrio, acompanhada sempre da presena de hemcias livres. No caso de se verificar xtase as hemcias podem se degenerar possibilitando
a formao de cilindros de hemoglobina cujo aspecto semelhante ao apresentado pelo cilindro granuloso, mas sua colorao marron
avermelhado.

7.4.4.4 CILNDROS EPITELIAIS

As clulas contidas nos cilindros epiteliais so de origem tubular renal. Esses cilindros so encontrados em amostra de urina de paciente
com: necrose tubular aguda, nefrite intersticial aguda, eclampsia, sndrome nefrtica e rejeio de transplante, intoxicao por metais pesados,
etilenoglicol e outras drogas (SIMERVILLE et al., 2005, MC BRIDE, 1998). Quando o paciente apresenta processo degenerativo difcil dizer se as
clulas que constituem o cilindro so tubulares renais ou leuccitos. Nestes casos os cilindros devem ser nomeados apenas como cilindros
celulares (European Urinalysis Guidelines, 2000). A ocorrncia de cilindros epiteliais est associada com proteinria e com a presena cilindros
granulosos.

7.4.4.4 CILNDROS GRANULOSOS

Os cilindros granulosos podem apresentar granulaes finas grossas. Os grnulos que constituem parte do cilindro so restos de vrios
tipos de clulas. Podem ser observados cilindros granulosos, juntamente com cilindros hialinos, aps perodos de estresse ou a prtica de
exerccios extenuantes. Os grnulos podem ter origem no patolgica ou patolgica. Os grnulos de origem no patolgica podem ser lisossomas,
os quais so excretados, normalmente, em pequena quantidade pelas clulas tubulares renais, aps o estresse e a realizao de exerccios
vigorosos sua excreo se encontra aumentada. Os grnulos de origem patolgica podem ser resultantes da desintegrao de cilindros celulares e
de clulas tubulares renais, ou ainda agregados proticos filtrados pelos glomrulos.

A observao de cilindros granulosos no sedimento urinrio se constitui na verificao de importante marcador da ocorrncia de necrose
tubular aguda que por sua vez est relacionada com patologias como pielonefrite, infeces virais, doena glomerulointersticial crnica decorrente
de envenenamento e rejeio de transplante renal.

7.4.4.5 CILNDROS CREOS

Os cilindros creos, ao contrrio dos cilndros hialinos, apresentam acentuada refringncia, o que facilita em muito sua visualizao ao
microscpio. Segundo Mc Bride (1997), podem representar a fase final da dissoluo dos grnulos observados nos cilindros granulosos. Neste

sentido, tendo em vista que a degradao desses grnulos no ocorre rapidamente a sua observao no sedimento urinrio se constitui em
importante indicao da ocorrncia de obstruo dos nfrons e por conseguinte oligria. A presena de cilindros creos no sedimento urinrio est
relacionada com atrofia e ou dilatao tubular avanada associada com doenas renais em estgio avanado como ocorre no caso de inflamao
e degenerao tubular, falncia renal crnica e rejeio a transplante. Entretanto, Heintz e Althof (1993) afirmam que estes cilindros so formados
de protenas plasmticas e que estas em determinadas condies sofrem desnaturao na luz dos tbulos renais.

7.4.4.6 CILNDROS GORDUROSOS

Os cilindros gordurosos ou graxos so cilindros que apresentam incluses de gordura ou corpsculos ovais graxos, que so clulas
tubulares renais que apresentam gotculas de gordura reabsorvidas como incluses citoplasmticas. A presena destes cilindros no sedimento
urinrios est relacionada com a ocorrncia de distrbios renais avanados em que se verifica lipidria como, por exemplo, a sndrome nefrtico.
Entretanto os cilindros gordurosos podem, tambm estar presentes no sedimento urinrio de pacientes com Diabetes melitus e de pacientes com
nefrose txica por envenenamento com polietilenoglicol ou mercrio, por exemplo.

Fonte:

1 - http://www.ebah.com.br/content/ABAAABlo0AB/uroanalise

2 - STRASINGER, S. K.; DI LORENZO, M. S. Urinlise e Fluidos corporais. 5. ed. So Paulo: Livraria Mdica Paulista, 2009

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