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Metalurgia Física - Aula 4 Parte 1

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CONFORMAO MECNICA

Aula 4

Cristina Sayuri Fukugauchi


2015

Relembrando....
..............Parmetros de Rede
A perfeita notao dos planos cristalinos de grande importncia, pois
serve para:
determinao da estrutura cristalina;
deformao plstica: A deformao plstica (permanente) dos metais
ocorre pelo deslizamento dos tomos, escorregando uns sobre os outros
no cristal. Este deslizamento tende a acontecer preferencialmente ao
longo de planos e direes especficos do cristal.
propriedades de transporte: em certos materiais, a estrutura atmica
em determinados planos causa o transporte de eltrons e/ou acelera a
conduo nestes planos, e, relativamente, reduz a velocidade em planos
distantes destes.

O QUE UM DEFEITO?
uma imperfeio ou um "erro" no arranjo peridico regular dos
tomos em um cristal.
Podem envolver uma irregularidade
na posio dos tomos
no tipo de tomos
O tipo e o nmero de defeitos dependem do material, do meio
ambiente, e das circunstncias sob as quais o cristal processado.

Exemplos de efeitos da presena de imperfeies


o

O processo de dopagem em semicondutores visa criar imperfeies para


mudar o tipo de condutividade em determinadas regies do material

A deformao mecnica dos materiais promove a formao de imperfeies


que geram um aumento na resistncia mecnica (processo conhecido como
encruamento)

Wiskers de ferro (sem imperfeies do tipo discordncias) apresentam


resistncia maior que 70GPa, enquanto o ferro comum rompe-se a
aproximadamente 270MPa.

Defeitos/Imperfeies cristalinas
Por "defeito cristalino" entendida uma irregularidade de rede tendo uma ou mais de suas
dimenses da ordem de um dimetro atmico.
Os defeitos de rede podem ser:
Defeitos Pontuais: falhas que se estendem sobre somente alguns tomos (0-D);
Defeitos Lineares: irregularidades que se estendem atravs de uma nica fileira de tomos (1-D);
Defeitos Planares: falhas que se estendem atravs de um plano de tomos (2-D);
Defeitos Volumtricos: irregularidades que se estendem sobre o conjunto 3-D dos tomos na estrutura.
Alm desta classificao, os defeitos podem ser categorizados como:
Intrnsecos: Defeitos decorrentes das leis fsicas.
Extrnsecos: Defeitos presentes devido ao meio ambiente e/ou as condies de processamento.

O tipo e o nmero de defeitos dependem do material, do meio


ambiente, e das circunstncias sob as quais o cristal processado.

Apenas uma pequena frao dos stios atmicos so imperfeitos


Menos de 1 em 1 milho
Mesmo sendo poucos eles influenciam muito nas propriedades dos materiais e nem
sempre de forma negativa

A deformao mecnica dos materiais promove a


formao de imperfeies que geram um aumento
na resistncia mecnica (processo conhecido como
encruamento)

Defeitos pontuais
Vacncias ou vazios
tomos Intersticiais
tomos estranhos:
substitucionais
intersticiais

VACNCIAS OU VAZIOS
Envolve a falta de um tomo
So formados durante a solidificao
do cristal ou como resultado das
vibraes atmicas (os tomos
deslocam-se de suas posies
normais)

INTERSTICIAIS

Envolve um tomo extra no interstcio (do


prprio cristal)

Produz uma distoro no reticulado, j que o


tomo geralmente maior que o espao do
interstcio

A formao de um defeito intersticial implica


na criao de uma vacncia, por isso este
defeito menos provvel que uma vacncia

IMPUREZAS NOS SLIDOS


Um metal considerado puro sempre tem impurezas (tomos
estranhos) presentes

99,9999% = 1022-1023 impurezas por cm3


A presena de impurezas promove a formao de defeitos
pontuais (solues slidas substitucionais/solues slidas
intersticiais)

LIGAS METLICAS
As impurezas (chamadas elementos de liga) so adicionadas
intencionalmente com a finalidade:

aumentar a resistncia mecnica


aumentar a resistncia corroso
Aumentar a condutividade eltrica
Etc.

A ADIO DE IMPUREZAS PODE FORMAR

Solues slidas
Segunda fase

< limite de solubilidade


> limite de solubilidade

A solubilidade depende :
Temperatura
Tipo de impureza
Concentrao da impureza

13

SOLUES SLIDAS
Nas solues slidas as impurezas podem ser:
- Intersticial
- Substitucional

INTERSTICIAL

SOLUES SLIDAS INTERSTICIAIS


Os tomos de impurezas ou os elementos de liga ocupam os
espaos dos interstcios
Ocorre quando a impureza apresenta raio atmico bem menor
que o hospedeiro
Como os materiais metlicos tem geralmente fator de
empacotamento alto as posies intersticiais so relativamente
pequenas
Geralmente, no mximo 10% de impurezas so incorporadas nos
interstcios

EXEMPLO DE SOLUO SLIDA INTERSTICIAL


Fe + C

solubilidade mxima do C no Fe 2,1% a 910 C

O C tem raio atmico bastante pequeno se comparado com


o Fe
rC= 0,071 nm= 0,71 A
rFe= 0,124 nm= 1,24 A

TIPOS DE SOLUES SLIDAS SUBSTITUCIONAIS


SUBSTITUCIONAL
ORDENADA

SUBSTITUCIONAL
DESORDENADA

Defeitos lineares: discordncias

A capacidade de um material se deformar plasticamente est


relacionado com a habilidade das discordncias se
movimentarem

Como a maioria dos metais so menos resistentes ao cisalhamento que trao e


compresso, pode-se dizer que os metais se deformam pelo cisalhamento plstico
ou pelo escorregamento de um plano cristalino em relao ao outro;

O escorregamento de planos atmicos envolve o movimento de discordncias.

A deformao plstica o resultado do movimento dos tomos devido


tenso aplicada. Durante este processo ligaes so quebradas e outras

refeitas;

Nos slidos cristalinos a deformao plstica geralmente envolve o


escorregamento de planos atmicos e o movimento de discordncias;

A resistncia mecnica pode ser aumentada restringindo-se o


movimento das discordncias.

Durante a deformao plstica o nmero de discordncias


aumenta drasticamente.

As discordncias movem-se mais facilmente nos planos de


maior
densidade
atmica
(chamados
planos
de
escorregamento). Neste caso, a energia necessria para mover
uma discordncia mnima.

A presena deste defeito a responsvel pela deformao,


falha e ruptura dos materiais

Defeitos em linha
(so criados devido s condies de processamento)

Discordncia em Cunha
Discordncia em Hlice

VETOR DE BURGER (b)


D a magnitude e a direo de distoro da
rede
Corresponde distncia de deslocamento dos
tomos ao redor da discordncia

Defeitos de linha
Movimento das discordncias
Uma tenso cisalhante atuando no plano e direo de deslizamento provoca a movimentao das
discordncias. Mesmo que a tenso aplicada ao material seja uma tenso normal, ela vai possuir uma
componente cisalhante que atua no plano da discordncia.

Quando a tenso cisalhante atingir


um valor crtico, a discordncia
comea a se movimentar no plano e
na direo.
O valor crtico depende do material
e do sistema de deslizamento
considerado (plano e direo)

Discordncia em cunha ou em aresta


Envolve um semi-plano
extra de tomos
O vetor de Burger
perpendicular direo
da linha da discordncia
Envolve zonas de trao e
compresso

Distoro na rede
provocada pela
presena de uma
discordncia em
aresta

Quando os metais so deformados plasticamente cerca de


5% da energia retida internamente, o restante dissipado

na forma de calor;

A presena de discordncias promove uma distoro da rede


cristalina de modo que certas regies sofrem tenses

compressivas e outras, tenses de trao.

A quantidade e o movimento das discordncias podem ser


controlados pelo grau de deformao (conformao mecnica) e/ou
por tratamentos trmicos
Com o aumento da temperatura h um aumento na velocidade de
deslocamento das discordncias favorecendo o aniquilamento
mtuo das mesmas e formao de discordncias nicas
Impurezas tendem a difundir-se e concentrar-se em torno das
discordncias formando uma atmosfera de impurezas

O cisalhamento se d mais facilmente nos planos de


maior densidade atmica, por isso a densidade das
mesmas depende da orientao cristalogrfica
As discordncias geram vacncias
As discordncias influem nos processos de difuso
As discordncias contribuem para a deformao
plstica

Discordncia em Hlice

Vdeo 5f

Defeitos Planares
Decorrem de uma variao no empilhamento dos planos
atmicos atravs de um contorno. Tal variao pode ser
tanto na orientao, quanto na sequncia de
empilhamento dos planos.
Contornos de Gro
Contornos de Macla
Defeito de empilhamento
Contorno de Pequeno ngulo

CONTORNO DE GRO

H um empacotamento ATMICO menos eficiente


H uma energia mais elevada
Favorece a nucleao de novas fases (segregao)
favorece a difuso
O contorno de gro ancora o movimento das discordncias

A passagem de uma discordncia


atravs do contorno de gro requer
energia

CONTORNO DE PEQUENO NGULO

Ocorre quando a desorientao


dos cristais pequena
formado pelo alinhamento de
discordncias

TWINS
MACLAS OU CRISTAIS GMEOS

um tipo especial de contorno de


gro
Os tomos de um lado do contorno
so imagens especulares dos tomos
do outro lado do contorno
A macla ocorre num plano definido e
numa direo especfica,
dependendo da estrutura cristalina

30

ORIGENS DOS TWINS


MACLAS OU CRISTAIS GMEOS

O seu aparecimento est


geralmente associado com A
PRESENA DE:
- tenses trmicas e mecnicas
- impurezas
- Etc.

31

2013 - Low cycle fatigue behavior of a high manganese austenitic twin-induced plasticity steel

Falhas de empilhamento
comuns nos materiais cbicos de faces centradas (CFC)
Ocorrem quando, em uma pequena regio do material, h uma falha na sequncia de empilhamento dos
planos compactos.

Nos cristais CFC esta sequncia do tipo ABCABCABC...,


Nos cristais hexagonais compactos (HC) ela ABABAB...
Uma sequncia ABCABABCABC... em uma regio do cristal CFC, caracteriza uma falha de empilhamento, que vem a
ser uma pequena regio HC dentro do cristal CFC.

DEFEITOS VOLUMTRICOS

So introduzidas no processamento do material e/ou


na fabricao do componente

- Incluses
: Impurezas estranhas
- Precipitados: so aglomerados de partculas cuja composio difere da matriz
- Fases: forma-se devido presena de impurezas ou elementos de liga (ocorre quando
o limite de solubilidade ultrapassado)
- Porosidade: origina-se devido a presena ou formao de gases

Incluses

SULFETOS DE MANGANS (MnS) EM AO RPIDO.

Porosidade
As figuras abaixo apresentam a superfcie de ferro puro durante o seu processamento por metalurgia do
p. Nota-se que, embora a sinterizao tenha diminudo a quantidade de poros bem como melhorado
sua forma (os poros esto mais arredondados), ainda permanece uma porosidade residual.

COMPACTADO DE P DE FERRO, COMPACTAO


UNIAXIAL EM MATRIZ DE
DUPLO EFEITO, A 550 MPa

COMPACTADO DE P DE FERRO APS


SINTERIZAO
A 1150oC, POR 120min EM ATMOSFERA DE
HIDROGNIO

PARTCULAS DE SEGUNDA FASE

A MICROESTRUTURA COMPOSTA POR VEIOS DE GRAFITA SOBRE UMA MATRIZ PERLTICA.


CADA GRO DE PERLITA, POR SUA VEZ, CONSTITUDO POR LAMELAS ALTERNADAS DE
DUAS FASES: FERRITA (OU FERRO-A) E CEMENTITA (OU CARBONETO DE FERRO).

Deformao elstica
e deformao plstica

Deformao Elstica

1
1 2 3 2 1 2 1 3
E
E
1
3 3 1 2
E

1 2 3

3 1 2 1 2 3

E
3

1 2 3

3 1 2

0
E

Deformao plstica
Nos materiais cristalinos o principal mecanismo de deformao plstica consiste no
escorregamento de planos atmicos atravs da movimentao de discordncias

ENCRUAMENTO
o fenmeno no qual um material endurece devido
deformao plstica (realizado pelo trabalho frio).

Esse

endurecimento

d-se

devido

ao

aumento

de

discordncias e imperfeies promovidas pela deformao,

que impedem o escorregamento dos planos atmicos;


A medida que se aumenta o encruamento maior a fora

necessria para produzir uma maior deformao;


O encruamento pode ser removido por tratamento trmico
(recristalizao).

O encruamento aumenta a resistncia mecnica

O encruamento diminui a ductilidade

Variao das Propriedades Mecnicas em Funo do Encruamento

Antes da deformao

Depois da deformao

Encruamento e Microestrutura

Fatores que Afetam a Microestrutura do Metal Deformado


EDE - energia de defeito de empilhamento
Metais de alta EDE: as discordncias tm um livre caminho mdio
maior que em metais de baixa EDE, ou seja, elas migram distncias
maiores antes de se tornarem imveis.
tomos de Soluto
Tamanho Inicial do Gro
Temperatura e Velocidade de Deformao

Heterogeneidades de Deformao na Microestrutura


Bandas de Transio ou Bandas de Deformao

Bandas de Cisalhamento

Maclao
Transformaes de Fase Induzidas por Def. Plstica (Fe-Cr-Ni )
Amolecimento por Deformao

Encruamento e recristalizao
Recristalizao (Processo de Recozimento para Recristalizao)

Se os metais deformados plasticamente forem submetidos ao


um aquecimento controlado, este aquecimento far com que

haja um rearranjo dos cristais deformados plasticamente,


diminuindo a dureza dos mesmos

ESTGIOS:
Recuperao;

Recristalizao;
Crescimento de gro.

Recuperao
H um alvio das tenses internas armazenadas durante a deformao devido ao movimento das
discordncias resultante da difuso atmica;
Nesta etapa h uma reduo do nmero de discordncias e um rearranjo das mesmas;
Propriedades fsicas como condutividade trmica e eltrica voltam ao seu estado original (correspondente ao
material no-deformado).

Recristalizao
Depois da recuperao, os gros ainda esto tensionados;
Na recristalizao, os gro se tornam novamente equiaxiais (dimenses iguais em todas as direes);
O nmero de discordncias reduz mais ainda;
As propriedades mecnicas voltam ao seu estado original.
Crescimento de Gro
Depois da recristalizao, se o material permanecer por mais tempo em temperaturas elevadas, o gro
continuar crescer;
Em geral, quanto maior o tamanho de gro mais mole o material e menor sua resistncia

Deformao a Quente
e Deformao a Frio

TRABALHO QUENTE, MORNO E FRIO

Gerao de Calor na Conformao Mecnica - 90 a 95% convertidos em calor


Wp
Tmx
.c.J

Trabalho quente TQ
Trabalho Frio TF
Trabalho Morno TM

TRABALHO QUENTE
Vantagens
EDE
Menor energia requerida para deformar o metal;
Aumento da ductilidade;
Homogeneizao qumica das estruturas brutas de fuso;
Eliminao de bolhas e poros por caldeamento;
Eliminao e refino da granulao grosseira e colunar do material fundido,
proporcionado gros menores, recristalizados e equiaxiais;
Aumento da tenacidade.

Desvantagens
Necessidade de equipamentos especiais: fornos, manipuladores;
Reaes do metal com a atmosfera do forno;
Formao de xidos;
Desgaste das ferramentas;
Necessidade de grandes tolerncias dimensionais;
Estrutura menos uniforme.

TRABALHO MORNO
Aliar as vantagens das conformaes a quente e a frio.
Mais difundidos e com maiores aplicaes o forjamento
TM X TQ
Melhor acabamento superficial e preciso dimensional;
Diminuio da oxidao e da dilatao;
Aumento do limite de escoamento;
O aumento da carga de conformao X prensas mais potentes e ferramentas mais
resistentes.
Tarugos podem requerer decapagem para remoo de carepa;
Utilizao de lubrificantes.
TM X TF
Reduo dos esforos de deformao;
Conformao mais fcil de peas com formas complexas, em materiais com alta
resistncia.
Melhora a ductilidade do material e elimina a necessidade de recozimentos
intermedirios.

RECUPERAO E RECRISTALIZAO

Quantidade mnima de deformao prvia;


Quanto maior a deformao prvia, menor ser a temperatura de recristalizao;
Quanto menor a temperatura, maior o tempo necessrio recristalizao;
Quanto maior a deformao prvia, menor ser o tamanho de gro resultante;
Adies de elementos de liga tendem a aumentar a temperatura de recristalizao,
pois retardam a difuso X TQ

Principais, propriedades
mecnicas dos materiais metlicos

Mecnicas
Resistncia Mecnica: trao, compresso, flexo, toro, etc.
Resilincia (Capacidade de resistir a esforos dinmicos)
Elasticidade
Dureza

Tecnolgicas
Fusibilidade
Plasticidade: Maleabilidade e Ductilidade
Soldabilidade
Temperabilidade
Usinabilidade
Tencidade (Capacidade de absorver energia at a ruptura)

Uso

Resistncia ao Ar
Resistncia ao Calor
Resistncia Ao Corrosiva
Resistncia Fluidez (Creep)

Outras

Peso Especfico
Densidade
Condutibilidade Trmica e Eltrica
Dilatao
Grau de Polimento

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