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03 1 CTM-Defeitos

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Ciência e Tecnologia dos Materiais

Defeitos Estruturais

M I G U E L Q U E I RÓ S
( l q u e i ro s@ i pca. pt )
2022/23
Conteúdo

 Imperfeições – generalidades, aplicações


 Tipos de defeitos
o Pontuais
o De linha
o De interface
o Volumétricos

 Impurezas
 Ligas metálicas
 Soluções sólidas

DEFEITOS ESTRUTURAIS 1
Generalidades

Imperfeições no arranjo periódico regular dos átomos no cristal


Podem envolver irregularidades
 Na posição dos átomos
 No tipo de átomos
As imperfeições surgem em 1/1.000.000
das posições atómicas…
Mas influenciam enormemente as
propriedades dos materiais!

DEFEITOS ESTRUTURAIS 2
Aplicações
 Dopagem de semicondutores
o Criação de imperfeições localizada para alterar as características de condutividade em
regiões específicas do material

 Deformação mecânica de metais


o Promove a formação de imperfeições que provocam aumento da resistência mecânica
(encruamento)

DEFEITOS ESTRUTURAIS 3
Tipos de defeitos

Classificação de defeitos segundo geometria e dimensões


 Defeitos pontuais
o Ocorrem em posições atómicas dispersas

 Defeitos de linha (discordâncias)


o Acorrem ao longo de uma dimensão

 Defeitos de interface (grãos e mesclas)


o Ocorrem em planos bidimensionais (fronteiras entre cristais)

 Defeitos volumétricos
o Ocorrem em três dimensões (no volume do cristal)

DEFEITOS ESTRUTURAIS 4
Defeitos pontuais

 Vazios ou falhas
 Átomos intersticiais
 Schottky
 Frenkel

DEFEITOS ESTRUTURAIS 5
Defeitos pontuais
Vazios ou falhas
Caracteriza-se pela falta de átomos
São formados durante a solidificação do cristal ou como resultado de migrações a
nível atómico
o Fortemente influenciado pela temperatura

DEFEITOS ESTRUTURAIS 6
Defeitos pontuais
Átomos intersticiais
Caracteriza-se por átomos alojados nos interstícios do cristal
Produz uma distorção reticular pois o átomo é, por regra, maior que o local que
vai ocupar
o Implica a criação de uma falha,
sendo por isso menos provável

DEFEITOS ESTRUTURAIS 7
Defeitos pontuais
Schottky
Surge em compostos que tentam manter o
balanço de cargas

Estes tipos de defeitos ocorre em sólidos iónicos

Envolve a falta de uma anião e/ou catião

DEFEITOS ESTRUTURAIS 8
Defeitos pontuais
Frenkel
Este tipos de defeitos também ocorre em sólidos
iónicos
Caracterizam-se pelo movimento de um ião que
saída de sua posição e vai para um interstício

DEFEITOS ESTRUTURAIS 9
Impurezas

Mesmo um metal “puro” tem impurezas presentes – átomos de outros elementos

99,9999%  10 ~10 impurezas por cm³

A presença de impurezas promove a formação de defeitos pontuais

DEFEITOS ESTRUTURAIS 10
Ligas metálicas

 Por vezes “impurezas” são adicionadas com intenção


o Aumentar resistência mecânica
o Aumentar resistência à corrosão
o Aumentar condutividade eléctrica

Estas “impurezas” designam-se Elementos de Liga

A solubilidade depende de:


• Temperatura
• Tipo de impureza
• Concentração de impureza

DEFEITOS ESTRUTURAIS 11
Soluções sólidas

 A estrutura cristalina do material que atua como matriz é mantida e não se


formam novas estruturas
o Elemento de liga  soluto (<quantidade)
o Matriz ou Hospedeiro  solvente (>quantidade)

 As soluções sólidas formam-se mais facilmente quando o elemento de liga


(impureza) e matriz apresentam estrutura cristalina e dimensões electrónicas
semelhantes

DEFEITOS ESTRUTURAIS 12
Soluções sólidas intersticiais

Os átomos de impurezas ou os elementos de liga ocupam os espaços dos


interstícios
Ocorre quando a impureza apresenta raio atómico bem menor que o hospedeiro
Como os materiais metálicos têm geralmente factor de empacotamento alto as
posições intersticiais são relativamente pequenas

No máximo 10% de impurezas são


incorporadas nos interstícios

DEFEITOS ESTRUTURAIS 13
Soluções sólidas intersticiais
Exemplo
Fe + C  Solubilidade máxima de C em Fe
 Feα (CCC) é de 0,77% C a 727°
 Feγ (CFC) é de 2,1% a 910°C

O C tem raio atómico bastante


pequeno comparado com o Fe

DEFEITOS ESTRUTURAIS 14
Soluções sólidas intersticiais
Solubilidade do carbono no ferro
O carbono é mais solúvel no Ferro CCC ou CFC, considerando a
temperatura próxima da transformação alotrópica?

DEFEITOS ESTRUTURAIS 15
Soluções sólidas substitucionais

Os átomos de impurezas ou os elementos de liga ocupam os lugar dos átomos do


hospedeiro na rede cristalina

DEFEITOS ESTRUTURAIS 17
Soluções sólidas substitucionais
Regra de Home-Rothery
Factores que influenciam a formação de soluções sólidas substitucionais
 Raio atómico
o Deve ter uma diferença de no máximo 15%, caso contrário pode promover distorções na
rede e assim formação de nova fase
 Estrutura cristalina
o Mesma
 Eletronegatividade
o Próximas
 Valência
o Mesma ou maior que a do hospedeiro

DEFEITOS ESTRUTURAIS 18
Soluções sólidas substitucionais
Exemplo
Cu + Ni  solúveis em todas as proporções

DEFEITOS ESTRUTURAIS 19
Defeitos de linha
Discordâncias
As discordâncias estão associadas com a cristalização e a deformação
o Podem ter origem térmica, mecânica ou supersaturação de defeitos pontuais
A presença deste defeito é a responsável pela deformação, falha e ruptura dos
materiais
As discordâncias podem ser
o Cunha
o Hélice
o Mista
Nota: VECTOR DE BURGER (b)
o Dá a magnitude e a direcção de distorção da rede
o Corresponde à distância de deslocamento dos átomos ao redor da discordância

DEFEITOS ESTRUTURAIS 20
Defeitos de linha
Discordância em cunha
Envolve um SEMI-plano extra de átomos
O vector de Burger é perpendicular à direcção da linha
da discordância
Envolve zonas de tracção e compressão;

DEFEITOS ESTRUTURAIS 21
Defeitos de linha
Discordância em cunha
O vector necessário para fechar o circuito é o vector de Burgers, b, que
caracteriza a discordância
Neste caso b é perpendicular à discordância

DEFEITOS ESTRUTURAIS 22
Defeitos de linha
Discordância em hélice
Produz distorção da rede
O vector de Burger é paralelo à direcção da linha de discordância

DEFEITOS ESTRUTURAIS 23
Defeitos de linha
Discordância em hélice
Discordância em hélice na superfície de um monocristal de SiC

As linhas escuras são degraus de escorregamento superficiais

DEFEITOS ESTRUTURAIS 24
Defeitos de linha
Observação de discordância
Método Directos
o TEM (Transmission Electron Microscopy)
o RHTEM (High Resolution TEM)

TEM HRTEM

Métodos Indirectos
o SEM (Scanning Electron Microscopy)
o Microscopia óptica (após ataque químico
selectivo)
SEM
DEFEITOS ESTRUTURAIS 25
Defeitos de linha
Discordâncias - Considerações gerais
A quantidade e o movimento das discordâncias podem ser controlados por
conformação mecânica e/ou por tratamentos térmicos
O aumento da temperatura possibilita o aumento da velocidade de
deslocamento das discordâncias, favorecendo interacções e formação de
discordâncias únicas
Impurezas tendem a difundir-se e concentrar-se em torno das discordâncias
O corte dá-se mais facilmente nos planos de maior densidade atómica, por isso a
densidade das discordâncias depende da orientação cristalográfica
As discordâncias geram vazios ou falhas
As discordâncias influem nos processos de difusão
As discordâncias contribuem para a deformação plástica
DEFEITOS ESTRUTURAIS 26
Defeitos de interface

Também chamados de defeitos planos por se propagarem em duas dimensões


Surgem nas fronteiras e normalmente separam regiões dos materiais de
diferentes estruturas cristalinas ou orientações cristalográficas
 Podem ser dos seguintes tipos
o Superfície externa
o Contorno de grão
o Fronteiras entre fases
o Maclas ou Twins
o Defeitos de empilhamento

DEFEITOS ESTRUTURAIS 27
Defeitos de interface
Defeitos na superfície externa
Surgem quando, na superfície, os átomos não estão completamente ligados, pelo
que o estado energia na superfície é maior que no interior do cristal
São os mais óbvios e comuns
Os materiais tendem a minimizar esta energia
A energia superficial é expressa em J/m

DEFEITOS ESTRUTURAIS 28
Defeitos de interface
Defeitos de contorno de grão
Contorno de grão é a região que separa dois ou mais cristais de orientação
diferente
No interior de cada grão todos os átomos estão arranjados segundo um único
modelo e única orientação, caracterizada pela célula unitária
um cristal = um grão

DEFEITOS ESTRUTURAIS 29
Defeitos de interface
Monocristal e policristal
Monocristal
o Material com apenas uma orientação
cristalina, ou seja, que contém apenas um grão

Policristal
o Material com mais de uma orientação
cristalina, ou seja, que contém vários grãos

Lingote de alumínio policristalino

DEFEITOS ESTRUTURAIS 30
Defeitos de interface
Formação de grão
A forma do grão é controlada por
o presença dos grãos circunvizinhos

O tamanho de grão é controlado por


o Composição
o Taxa de cristalização ou solidificação

DEFEITOS ESTRUTURAIS 31
Defeitos de interface
Considerações sobre contorno de grão
Há um empacotamento ATÓMICO menos eficiente
Há uma energia mais elevada
Favorece a nucleação de novas fases (segregação)
Favorece a difusão
O contorno de grão ancora o movimento das discordâncias

DEFEITOS ESTRUTURAIS 32
Defeitos de interface
Discordâncias e contorno de grão
A passagem de uma discordância através do contorno de grão requer energia

O contorno de grão ancora o movimento das discordância pois constitui um


obstáculo para a passagem da mesma
LOGO,
QUANTO MENOR O TAMANHO DE GRÃO
...................A RESISTÊNCIA DO MATERIAL

DEFEITOS ESTRUTURAIS 33
Defeitos de interface
Contorno de grão de pequeno ângulo
Ocorre quando a desorientação dos
cristais é pequena
É formado pelo alinhamento de
discordâncias

DEFEITOS ESTRUTURAIS 34
Defeitos de interface
Observação do grão e seu contorno
Por microscopia (Óptica ou Electrónica)
 É utilizado ataque químico específico para cada material
o O contorno geralmente é mais reactivo grãos vistos ao microscópio óptico

Grãos vistos ao microscópio óptico

DEFEITOS ESTRUTURAIS 35
Defeitos de interface
Tamanho de grão
O tamanho de grão influi nas propriedades dos materiais
Para a determinação do tamanho de grão utilizam-se cartas padrão
o ASTM
o ABNT

Podem também utilizar-se software de


simulação do tamanho de grão

DEFEITOS ESTRUTURAIS 36
Defeitos de interface
Crescimento do grão com a temperatura
O tamanho de grão influi nas propriedades dos materiais
Por questões termodinâmicas (energia e calor) os grãos maiores crescem em
detrimento dos menores

DEFEITOS ESTRUTURAIS 37
Defeitos de interface
Maclas ou twins
Maclas ou twins (cristais gémeos) são um tipo especial de contorno de grão

 Os átomos de um lado do contorno são


imagens espelhadas dos átomos do outro
lado do contorno
 A macla ocorre num plano definido e numa
direcção específica, que depende da
estrutura cristalina

DEFEITOS ESTRUTURAIS 38
Defeitos de interface
Origem das maclas ou twins
O seu aparecimento está geralmente associado com A PRESENÇA DE:
o Tensões térmicas e mecânicas
o Impurezas
o …

DEFEITOS ESTRUTURAIS 39
Defeitos volumétricos

São introduzidas no processamento do material e/ou na fabricação do


componente
 Pode ser:
o Inclusões  Impurezas estranhas
o Precipitados Aglomerados de partículas cuja composição difere da matriz
o Fases  Formam-se devido à presença de impurezas ou elementos de liga (ocorre quando o
limite de solubilidade é ultrapassado)
o Porosidade  origina-se devido a presença ou formação de gases

DEFEITOS ESTRUTURAIS 40
Defeitos volumétricos
Inclusões

Inclusões de óxido de cobre (Cu2O) em cobre de Sulfetos de manganês (MnS) em aço rápido
alta pureza (99,26%); laminado a frio e recozido a
800°C

DEFEITOS ESTRUTURAIS 41
Defeitos volumétricos
Porosidades
As figuras abaixo apresentam a superfície de ferro puro durante o seu
processamento por metalurgia do pó

Nota-se que, embora a sinterização tenha diminuído a quantidade de poros bem como
melhorado sua forma (os poros estão mais arredondados), ainda permanece uma porosidade
residual.

DEFEITOS ESTRUTURAIS 42
Defeitos volumétricos
Partículas de 2ª fase - exemplos
A microestrutura é composta por veios de grafita sobre uma matriz perlítica
Cada grão de perlita, por sua vez, é constituído por lamelas alternadas de duas
fases: ferrite (ou ferro-a) e cementite (ou carboneto de ferro)

DEFEITOS ESTRUTURAIS 43
Defeitos volumétricos
Partículas de 2ª fase - exemplos
Microestrutura da liga Al-Si-Cu + Mg mostrando diversas fases precipitadas

DEFEITOS ESTRUTURAIS 44
Defeitos volumétricos
Partículas de 2ª fase - exemplos
Micrografia da Liga Al-3,5%Cu no Estado Bruto de Fusão

DEFEITOS ESTRUTURAIS 45

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