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35 Camelos - Malba Tahan PDF

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Herana de camelos

Srie Problemas e solues


Objetivos
1. Interpretar e resolver um problema que
envolve fraes;

Herana de
camelos

Srie
Problemas e solues
Contedos
Fraes, nmeros racionais.
Durao
Aprox. 10 minutos.
Objetivos
1. Interpretar e resolver um
problema que envolve fraes;

Sinopse
O programa uma fico
adaptada de uma das histrias de
Malba Tahan sobre a diviso
estranha de camelos de uma
herana.
Material relacionado
Vdeos: Histrias de Mussaraf;

Introduo
Sobre a srie
A srie Problemas e Solues trata de problemas tpicos de matemtica
do ensino mdio contextualizados por uma fico. Em cada programa
um ou dois problemas so interpretados no primeiro bloco de cinco
minutos, ao final do qual o leitor convidado a tentar resolver. No
contexto da sala de aula, o professor ento tem a oportunidade de
discutir os mtodos ou as formas possveis de resolver o problema. O
segundo bloco do programa apresenta as solues e alguns
comentrios ou informaes adicionais.
Durante o programa os alunos devem exercitar a sua abstrao, pois
estaro apenas ouvindo os problemas e as suas solues, mas
sempre recomendvel que os ouvintes faam anotaes para melhor
aproveitar o contedo.

Sobre o programa
O programa uma verso de uma famosa histria de Malba Tahan, o
professor e divulgador de matemtica no Brasil do sculo XX.

UDIO
Herana de Camelos 3/14

O pai de Abdul deixou 35 camelos para serem divididos entre os trs


irmos, sendo que o mais velho Adib receber (a metade), o filho do
meio Badih receber 1/3 (um tero) e Abdul, o filho caula receber
1/9 (um nono) dos camelos.
Nessa situao problema, quando divididos os camelos, conforme as
regra aparecem os seguintes resultados:
Aqui aparecem os nmeros mistos, por exemplo, 17 1/2, 11 2/3 e 3
8/9. Observando a situao, o grande problema se trata em como
resolver essa conta sem que nenhum camelo seja sacrificado e suas
partes divididas. Para resolver essa situao problema primeiro devese calcular o denominador comum entre as fraes, que 18. Assim o
total de camelos divididos ser 17/18 de 35. Nota-se que esta conta
no exata, faltando 1/18 para completar Mussaraf ento, d seu
camelo para Abdul totalizando 36 camelos, feito isso se resolve o
problema:

Ainda sobram 2 camelos (36-34), Abdul devolve o camelo de Mussaraf


e como gratificao d-lhe o camelo restante.
Analisando a situao, observa-se que 35 no mltiplo de 2 nem de
3 e nem de 9, assim a diviso dos camelos nunca seria exata.
Com um camelo a mais temos o desfecho da histria:

UDIO
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Disse ao mais velho: voc deveria receber metade de


35 que seria 17 mais camelo agora ir receber
metade de 36 que so 18 camelos. Desta maneira voc
est ganhando camelo. Ao segundo filho que ficaria
com um tero de 35, i. , 11 mais 2/3, caberia agora
um tero de 36 que igual a 12. Um ganho de 1/3 de
um camelo, Ao mais jovem que inicialmente receberia
3 camelos e 8/9 agora passaria a ter exatos 4 camelos
com um ganho de 1/9 de um camelo. Com esta nova
diviso todos concordaram por verem ganhos na
partilha.
Algo curioso ocorre nesta diviso feita pelo hbil calculista. Um meio
de 36, que 18, mais um tero de 36, que 12, mais um nono de 36,
que 4, totaliza 34. Desta forma ele pode satisfazer os 3 irmos,
devolver o camelo ganho e ainda doar um camelo extra.
Tentaremos explicar que no foi feita nenhuma mgica pelo esperto
calculista. O Pai, ao deixar metade ao mais velho, um tero para o do
meio e um nono para o mais jovem distribuiu apenas (1/2 + 1/3 +
1/9) de sua herana. A soma destas fraes no igual a um mas
sim igual a 17/18 que menor do que 1. Logo ele no atribuiu a
ningum uma frao igual a 1/18 dos 35. Veja que 35/18 igual a
1+17/18 e foi esta a parte, que o Pai no deixou para ningum, que
redistribuda doando um camelo e repartindo os 17/18 entre os trs,
dando mais ao mais velho, mais 1/3 ao do meio e mais 1/9 ao mais
jovem.
Algo que pode ajudar a esclarecer isto, e que ficou implcito acima,
que 17/18 avos de 35 no um inteiro e 17/18 avos de 36
exatamente 34.
Sugerimos que se tente aplicar a mesma diviso para um total de 17
camelos e, tambm, para 53 camelos.
O professor poder trabalhar tambm com a questo de mltiplos,
relembrando MMC e MDC.

UDIO
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Sugestes de atividades
Antes da execuo
O contedo deste programa elementar e pode ser utilizado para
reviso de fraes, nmeros racionais e suas propriedades.
Reproduzimos aqui uma breve reviso do conjunto dos nmeros
racionais (texto adaptado de Otilia Paques, 2011).
Nmeros Racionais
Chamamos de frao a todo elemento a/b, em que a pode ser um
nmero inteiro qualquer e b pode ser um nmero inteiro diferente do
zero.
O nmero a chamado de numerador e o b de denominador da
frao

a
b.
As fraes podem ser entendidas como: Uma medida da relao partetodo; Um quociente; Uma razo; Uma operao. Vamos dar alguns
detalhes de cada caso.

A relao parte-todo e a medida


Esta situao se apresenta quando um todo dividido em partes. A
frao indica a relao que existe entre um nmero de partes e o
nmero total de partes. O todo recebe o nome de unidade.
Exemplos:
Representao de fraes no contexto contnuo. 1/5 (um quinto) e
3/5 (trs quintos):

UDIO
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Representao de fraes no contexto discreto. 1/5 (um quinto) e


3/5 (trs quintos):

Na reta numrica marcamos os valores 1/3 e 2/3 usando o Teorema


de Tales, da seguinte forma.

A frao como quociente


Esta interpretao associa frao, a operao de dividir um nmero
inteiro por outro. Por exemplo, a frao 3/5 vista com a diviso de
trs por cinco, estabelecendo uma relao entre 3/5 e 0,6.

Frao como razo


Ser importante diferenciar o conceito de razo do de frao. A frao
uma forma de expressar o quociente de dois nmeros inteiros
enquanto que a razo o resultado do quociente entre dois nmeros.
Assim toda frao tambm uma razo, mas nem toda razo pode ser
expressa como uma frao.
O nmero representa a razo entre o comprimento da
circunferncia e o seu dimetro, mas no uma frao - um
nmero irracional. Outra razo conhecida a razo urea, que a
razo entre os lados de um retngulo dito ureo e dada por

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1+ 5
2 .

Um exemplo de razo pode ser obtido da figura abaixo:


A

A altura do menino A 3/5 da altura do menino B, e tambm que, a


altura de B 5/3 de A. Dizemos ento que a razo entre a altura de A
em relao de B 3:5. A razo entre a altura de B em relao a de A
5:3.
Outro exemplo de razo a relao de meninos e meninas no grupo:

Podemos dizer que a razo de meninos e meninas de 3:5 ou 3/5 e


que a razo de meninas e meninos no grupo de 5:3 ou 5/3.
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A razo uma forma de comparao entre os valores de duas


grandezas. Por exemplo, a velocidade mdia, que dada por distncia
percorrida (que pode ser medida em quilmetros) pelo tempo (que
pode ser medido em horas, como 60 km/h.
Algumas razes recebem um nome especfico, como: escalas, renda
per capita, velocidade mdia, densidade etc. Por exemplo, a razo
entre o volume e a massa chamada de densidade e a razo entre a
renda total de uma regio e o seu nmero de habitantes chamada de
renda per capita.

Razo de proporcionalidade
Duas grandezas so proporcionais quando elas se correspondem de tal
modo que, multiplicando-se uma quantidade de uma delas por um
nmero, a quantidade correspondente da outra fica multiplicada ou
dividida pelo mesmo nmero. No primeiro caso, a proporcionalidade se
chama direta e, no segundo, inversa; as grandezas se dizem
diretamente proporcionais ou inversamente proporcionais.
Essa foi a definio dada pelo matemtico brasileiro, Antonio Trajano
em seu livro A Aritmtica Progressiva, publicado na primeira edio
em 1883.
A palavra grandeza significa aqui uma varivel que toma valores em
um dado conjunto numrico e que representa quantitativamente o
estado de algum sistema fsico ou ainda de objetos abstratos.
Assim, quando dizemos que existe uma proporcionalidade direta entre
duas grandezas, a razo entre os valores correspondentes deve ser
constante. Esta constante chamada razo de proporcionalidade.
Duas grandezas so inversamente proporcionais quando o produto do
valor de uma delas pelo valor correspondente da outra for constante.
Da segue a famosa regra de trs, ou seja, se X e Y so conjuntos que
representam os possveis valores (numricos) de duas grandezas
diretamente proporcionais, ento dados
x1 X , y1 Y , e x2 X , y2 Y , temos y1 / x1 = y2 / x2 .

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Tal equao resulta da multiplicao em cruz dos nmeros que


aparecem na forma bem conhecida com que se expressa a
proporcionalidade entre as grandezas, i.e.,
x1 y1

x2 y2

No caso das grandezas que tomam valores em X e


inversamente proporcionais, representamos tal condio por

Y serem

x1 y2
,

y
1
2

e multiplicando em cruz obtemos y1 x1 = y2 x2 .


Exemplo:
Considere a tabela abaixo que mostra como os valores de trs
grandezas x X , y Y , z Z se encontram relacionadas.
x

10

20

40

80

15

20

25

50

100

200

400

3000

1000

750

600

300

150

75

37,5

Verificamos que os pares de grandezas x e y so diretamente


proporcionais, e que os pares de grandezas x e z e tambm y e z so
inversamente proporcionais. De fato, temos
x=

y
3000
15000
,x =
,y=
.
5
z
z

A frao como operao


Uma frao pode ser vista como algo que atua sobre uma situao e a
modifica. Assim uma frao pode ser interpretada como uma sucesso
de multiplicaes e divises, ou vice-versa. Por exemplo, se a situao

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for um conjunto A, de 12 mapas, o efeito da aplicao 4/6 sobre A,


significa dividir por 6 e multiplicar por 4. O estado final ser de 8
mapas.
O Conjunto 9 dos racionais e as operaes
No estudo das fraes temos o conceito de fraes equivalentes que
o seguinte.
Dadas as fraes m/n e p/q, escrevemos:
m p

n q

(ou dizemos que elas so equivalentes), se, e somente se mq = np.


Para esta relao
valem as trs propriedades que caracterizam uma
relao de equivalncia, a saber, as propriedades reflexiva, simtrica e
transitiva. Esta relao de equivalncia determina classes de
equivalncia no conjunto das fraes.
Exemplos:
2

2 = { 1 , 2 , 3 , 4 ,...}; 2 = { 2 , 4 , (-2)/(-4), (-1)/(-2) ...},


O conjunto de todas as classes de equivalncia determinada por esta
relao de equivalncia o conjunto dos nmeros racionais designado
por T. Assim todo elemento q de T admite infinitas representaes
a/b. Dizemos ento que um nmero racional o representante de uma
classe de fraes equivalentes a ele.
As operaes fundamentais sobre 9

Considere a figura de um hexgono como


sendo um todo, ou seja, equivalente a ao
nmero 1. Uma vez que o hexgono 1,
podemos considerar ento que, contidos
no hexgono: os trapzios correspondem

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a 1/2; os losangos correspondem a 1/3; os tringulos correspondem a


1/6.

1/6

1/3

1/2

1/6

1/6

1/3
1/2

1/6

1/3

1/6
1/6

p
m
Definio 1. Sejam a = n e b = q , dois elementos de T. Chama-se

soma de a com b, e indicamos isto por a + b, ao seguinte elemento de


T : a + b = (m/n) + (p/q) = (mq/nq) + (np/nq) = (mq+np) / nq .
Para esta operao valem as propriedades: associativa, comutativa,
elemento neutro e oposto.
m

Definio 2. Sejam a= n e b = s , dois elementos de T. Chama-se


produto de a com b, e indicamos isto por ab ou a.b, ao seguinte
elemento de T: a.b = (m/n).(r/s) = mr / ns.
Valem as propriedades: comutativa, associativa, elemento neutro e a
distributiva com relao soma. Convm ainda destacar a lei do
cancelamento: Se a e b esto em T e a.b = 0, ento a = 0 ou b = 0.
m
E ainda que para todo a em T, no nulo, a = n , ento o inverso de a,
n

com relao ao produto, existe em T e igual a m . Este nmero


m n

1
i
denotado por a , pois n m = 1.

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Definio 3. Entendemos por diviso em T , a operao definida por:


p
m
b=
1
a=
a

b
=
a
i
b
para a e b em T, b no nulo, por
. Ou seja, se
q,
n e

ento:
m p mq
=
n q np .

Finalmente podemos facilmente mostrar que entre dois racionais a e b,


a < b existe um racional c, que a mdia aritmtica deles,
c=

tais que a < c < b.


racionais..

a+b
2

Assim, entre dois racionais existem infinitos

Depois da execuo
Conte a histria do preguioso (h vrias verses desta):
A gente trabalha em mdia oito horas por dia, isto um tero do dia.
Um tero do ano so 365/3, aproximadamente 122 dias de trabalho.
Mas todos os trabalhadores tm direito a final de semana de folga e
frias, pois ningum mquina nem de ferro. O ano tem 52 semanas,
ento so 104 dias pelos fins de semana e 31 pelas frias. Quer dizer
135 dias. Concluso! H mais dias sem trabalho do que dias com
trabalho. Pra que comear a trabalhar ento?
Converse com os alunos para ter certeza de que entenderam onde
esto os erros no raciocnio.
Sugestes de leitura
TAHAN, MALBA, As maravilhas da Matemtica, 2 Ed. Bloch, Rio de
Janeiro, 1973.
PAQUES, OTLIA, in CECIM Curso de Especializao em Ensino de
Cincias e Matemtica, 2011.

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CISCAR, Salvador, GARCIA ,M.Voctoria (coordinatores).Fracciones, la


relacion parte-todo.Espanha- Editorial Sintesis, 1997.
DOMINGUES, Hygino H. Fundamentos da aritmtica. So Paulo, Atual
Editora, 1998.
LIMA, E.L.,CARVALHO,P.C.,WAGNER,E.,MORGADO,A.C.,A Matemtica do
ensino mdio,volume 1. SBM, Rio de Janeiro,
1995.
Ficha tcnica
Autoras: Otlia Paques e Thalita Cornlio
Reviso: Jos Plnio de Oliveira Santos
Coordenao de Mdias Audiovisuais Prof. Dr. Eduardo Paiva
Coordenao Geral Prof. Dr. Samuel Rocha de Oliveira
Universidade Estadual de Campinas
Reitor Fernando Ferreira Costa
Vice-reitor Edgar Salvadori de Decca
Pr-Reitor de Ps-Graduao Euclides de Mesquita Neto
Instituto de Matemtica, Estatstica e Computao Cientfica
Diretor Jayme Vaz Jr.
Vice-diretor Edmundo Capelas de Oliveira

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