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Ansiedade Na Era Da Informacao

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ANSIEDADE NA ERA DA INFORMAO

Hlio Lemes Costa Jr.


Adaptado por Alexandre Soriano

1.0. INTRODUO
Em apenas um sculo o homem revolucionou os transportes. Criou o
automvel, o nibus, o avio, o jato, as viagens espaciais, etc. Transformou os
modos de transmitir a informao. Inventou o rdio, o telefone, a televiso, o fax, o
satlite, a fibra tica, o telefone mvel, etc. A populao do planeta passou de 800
milhes para quase 6 bilhes de pessoas. No conseguimos imaginar como
viveramos se no tivssemos eletricidade para poder conservar alimentos, aquecer
os lares e a gua, nem mesmo os arranha-cus existiriam sem elevadores movidos
a eletricidade. No h como negar que estamos passando por uma revoluo com
um alcance to grande, ou maior, que a inveno da imprensa, ou a revoluo
industrial. S que muito mais veloz. A revoluo industrial est ainda se processando
at hoje
O computador representa apenas um elemento em meio a toda essa
avalanche de mudanas ocorridas no sculo XX. Na verdade, a revoluo no
comeou com a inveno do primeiro computador, na dcada de 40, ela teve incio
quando os meios de se difundir a informao foram se tornando populares. Por
exemplo,

quando

homem

inventou

broadcast,

ou

seja,

transmitir

simultaneamente a mesma informao para milhes de pessoas; quando a


comunicao entre duas pessoas distncia comeou a ocorrer em tempo real,
atravs do telefone; quando o homem conseguiu fazer a informao dar a volta no
globo terrestre instantaneamente, atravs das comunicaes via satlite.
As rpidas transformaes incidem sobre a realidade desencadeando no
indivduo a sensao de ameaa e risco iminente. A estas sensaes,
correspondentes vivncia de situao real de perigo, denominamos ansiedade. O
computador e a informtica so elementos causadores de mudanas tcnicas,
culturais, econmicas e, ousaria dizer, at mesmo antropolgicas.
Aquele processo de transformao, iniciado no princpio do sculo, agora
se acelera e se difunde de maneira mais democrtica. Podemos dizer que todas as
funes intelectuais transformaram-se com a insero da tecnologia da informao

no cotidiano das pessoas. As pessoas compram computadores esperando tornaremse mais sbias? Mais modernas? Algumas no sabem exatamente porque o
compram. Elas apenas no querem "perder o bonde" desta revoluo.

2.0. O ESTADO DAS COISAS


Para podermos ter uma viso mais clara do problema, vamos nos abstrair
e teremos uma viso macro da questo. O computador no foi trazido por
extraterrestres e inserido no planeta Terra como uma imposio externa, nem
tampouco a mquina possui vontade prpria para decidir se o homem ter emprego
ou no.
No incio da industrializao do automvel, nenhum dos milhares de
operrios que trabalhavam nestas indstrias tinham condies de adquirir um
automvel. Hoje j se v um grande nmero de automveis de propriedade dos
operrios nos estacionamentos a eles reservados, nestas mesmas indstrias.
Na indstria houve mudanas com a introduo da tecnologia da
informao, assim tambm aconteceu no comrcio e nos servios. A educao
passa por um perodo de transio que nos vai levar a novas descobertas. A
mquina promoveu um aumento de produtividade que extremamente positivo.
Porm, o computador em si, no causa desemprego. No a mquina
quem desemprega o homem, mas o homem desemprega o homem quando utiliza o
computador para cortar custos e agilizar processos. Esta uma situao irreversvel
tal qual a revoluo industrial o foi.
A tcnica abre possibilidades e permite um desenvolvimento mais
acelerado. Ns estamos cercados de confortos produzidos pela tcnica. O homem
pode usar a tcnica para aumentar as suas possibilidades e a de seus semelhantes,
ou pode simplesmente substituir o homem pelos recursos tcnicos.
Atualmente, at pela facilidade de acesso informao, comunicao e
transporte entre longas distncias, o homem tem melhores condies de aprimorarse. O homem tem que ser educado para fazer aquilo que a mquina no faz, e no o
far por um longo tempo.
preciso regulamentar o seu uso para evitar que faam mau uso da
tecnologia em benefcio prprio e em detrimento da sociedade. certo que algumas

pessoas fazem-no, porm no s porque algumas pessoas falam palavro que a


linguagem verbal tem que ser proibida ou banida. Faamos bom uso dos recursos
que temos:
"... eis o subtexto do que est acontecendo: estamos mudando a
forma na qual os seres humanos se comunicam. Essa transio
levar muito mais tempo do que as pessoas dizem; talvez cem ou
duzentos anos...." BROCKMAN, (1997, p157).

3.0. A INFORMAO
Tentaremos no repetir erros j cometidos, seria bom se consegussemos,
mas o ser humano tem a premncia em antecipar o devir. Futurologia na rea
tecnolgica baseada em "chutes". Quando voc acabar de ler o presente texto,
novas tecnologias tero sido anunciadas, novos produtos tero sado dos
laboratrios para as lojas, pesquisadores tero concebido novas idias mirabolantes.
Assim a roda da tecnologia do fim/incio de milnio. Um carrossel aceleradssimo,
no qual muitos querem embarcar, mas preciso ser um atleta da informao para
subir no brinquedo.
impossvel ao ser humano receber e decodificar a quantidade de
informao qual exposto o tempo todo. As pessoas e os grupos deixam de ser
receptores passivos de informao e passam a ser emissores. Estamos contribuindo
para esta inundao.
A introduo das novas tecnologias transformou sobremaneira o modo
como vemos as coisas, mas isso s o princpio.
A informao em si, rida e comunica pouco. O grande erro com relao
informao tomar invlucro por contedo. Quando comeamos a transformar
informao em um produto ps-Gutenberg, era fcil pensar que o produto era o livro;
montamos um enorme aparato industrial para criar esses objetos, lidando com eles
como lidamos com qualquer produto manufaturado. Ainda estamos concentrados na
idia de que a informao um produto, uma propriedade, uma coisa feita de
tomos, e no de bits.
O novo no vem necessariamente destruir o velho. A convivncia
possvel e desejvel. Veja o exemplo da Amazon.com., um dos maiores exemplos de
sucesso comercial na rede. uma empresa virtual e extremamente moderna que

sobrevive vendendo um produto to antigo como o livro. a tecnologia aliando-se


difuso da informao em todas as suas formas

4.0 A COMUNICAO
A Era da Informao est, inegavelmente, produzindo efeitos muito
maiores que a Revoluo Industrial; um tipo de "quebra" est para acontecer. "Est
surgindo um novo tipo de comunidade, no uma cultura. A diferena entre uma
cultura e uma comunidade que a cultura unilateral pode-se absorv-la lendo-se
sobre ela, observando-a, mas em uma comunidade preciso investir. Em uma nova
comunidade haver novos mtodos de comunicar-se, de divertir-se, de comprar e,
obviamente, de educar-se. "Em vez de palavras ridas como as desse texto, dizem
os otimistas, deveramos enviar uns aos outros imagens, vdeos, referncias para
websites." (DYSON, 1998).

5.0. A EDUCAO
Neste sculo de incrveis mudanas tudo e todos foram atingidos de
alguma forma, a educao no seria exceo. Nunca houve uma demanda to
grande por escolas e pelo ensino formal, em qualquer nvel. A exploso demogrfica
experimentada neste sculo provocou uma disparidade entre oferta e demanda do
ensino formal. A escola no conseguiu acompanhar to rapidamente a evoluo da
tecnologia na sociedade, nem em termos quantitativos, nem qualitativos.
No ser possvel aumentar o nmero de professores proporcionalmente
demanda de formao que , em todos os pases do mundo, cada vez maior e
mais diversa. A questo do custo do ensino se coloca, sobretudo, nos pases pobres.
Ser necessrio, portanto, buscar encontrar solues que utilizem tcnicas capazes
de ampliar o esforo pedaggico dos professores e dos formadores. Audiovisual,
"multimdia" interativa, ensino assistido por computador, televiso educativa, cabo,
tcnicas clssicas de ensino a distncia repousando essencialmente em material
escrito, tutorial por telefone, fax ou Internet, todas essas possibilidades tcnicas,
mais ou menos pertinentes de acordo com o contedo, a situao e as
necessidades do "ensinado", podem ser pensadas e j foram amplamente testadas

e experimentadas. Tanto no plano das infra-estruturas materiais como no dos custos


de funcionamento, as escolas e universidades "virtuais" custam menos do que as
escolas e universidades materiais fornecendo um ensino presencial.
Seria injusto com a educao no aproveitarmos a evoluo tecnolgica
que tanto beneficiou a indstria, o comrcio, o entretenimento e produzirmos
melhorias nos modos de se ensinar.
As universidades e, cada vez mais, as escolas primrias e secundrias
esto oferecendo aos estudantes a possibilidade de navegar no oceano de
informao e de conhecimento acessvel pela Internet. H programas educativos
que podem ser seguidos a distncia na World Wide Web. Os correios e conferncias
eletrnicas servem para o tutoring inteligente e so colocados a servio de
dispositivos de aprendizagem cooperativa. Os suportes hipermdia (CD-ROM,
bancos de dados multimdia interativos on-line) permitem acessos intuitivos rpidos
e atraentes a grandes conjuntos de informaes. Sistemas de simulao permitem
aos estudantes familiarizarem-se a baixo custo com a prtica de fenmenos
complexos sem que tenham que se submeter a situaes perigosas ou difceis de
controlar.
Mais uma vez, precisamos deixar a ansiedade de lado e perceber que no
se trata de fazer uma opo exclusiva. No a escola tecnolgica que vai extinguir
com a escola clssica. Podemos mesclar o que temos de bom numa e na outra e
criarmos um novo patamar em qualidade de ensino. Vamos trazer para dentro da
escola convencional os avanos conseguidos na educao distncia. A idia que
os dois tipos de educao, "virtual" e "presencial" se unam em uma s escola.
H muita ansiedade em torno de saber o que o computador e a Internet
sero capazes de fazer pela educao. Todos, cientistas, pedagogos e
administradores escolares querem produzir resultados a curto prazo. Est certo que
a rea de educao a rea que mais pode beneficiar-se destas novas tecnologias.
Mas a transformao est apenas comeando.
Vamos fazer um exerccio de progresso. Sei que isso perigoso, mas
ser deveras ilustrativo para comprovar uma teoria.Vamos responder a estas
perguntas:
Como era o banco onde o seu av guardava dinheiro na juventude?
Como era a escola onde a sua av estudou na juventude?
Como o banco onde voc guarda seu dinheiro hoje?

Como a escola em que voc ou seus filhos estudam hoje?


Como ser o banco em que seus netos guardaro dinheiro?
Como ser a escola onde eles estudaro?
Se algum dissesse ao seu av, na sua juventude, que um dia ele no
precisaria mais sair de casa para saber quanto de dinheiro ele tinha no banco, que
ele poderia, a qualquer hora do dia ou da noite, sacar dinheiro, fazer transferncias e
consultar saldos em quiosques espalhados pela cidade, ele provavelmente diria que
esto delirando. Pois vamos delirar em relao ao futuro. Tentemos visualizar uma
escola. O que voc v? Quadro negro e giz?
Nos Estados Unidos h um grande esforo oficial de se informatizar e
conectar os educandos, como mostra a frase do presidente da Comisso Federal de
Comunicao dos Estados Unidos, Reed Hundt: "Nosso empenho nacional em
conectar Internet cada sala de aula de cada escola do pas, ser o grande avano
em qualidade e igualdade de educao neste sculo."
Na opinio de Bill Gates, os PCs podem aumentar a capacitao de
professores e alunos mais do que a de qualquer outro grupo de profissionais. Ele diz
ainda que os estudantes so os "profissionais do conhecimento" por excelncia, uma
vez que o aprendizado essencialmente aquisio de conhecimento.
Entretanto,

muitas

descobertas

da

pedagogia

ainda

no

foram

introduzidas no cotidiano das escolas. No basta introduzir a ferramenta no


ambiente onde os mtodos ainda no se alteraram. A mudana no pode ser parcial.
A grande ironia da situao que a sala de aula um ambiente de "banda larga" e
pode ser usada para transmitir tanta informao quanta os sentidos podem absorver.
Ns a usamos ainda principalmente para aprender com palavras, que requerem
pequena largura de banda. Diversas experincias se frustraram, devido falta de
preparo e de planejamento a longo prazo. "A tecnologia foi considerada uma soluo
a parte para um problema. Julgava-se que seria apenas uma questo de aperfeiola para poder mudar tudo. Isto absolutamente equivocado.
Segundo LEVY(1999), qualquer reflexo sobre o futuro dos sistemas de
educao e de formao na cibercultura deve ser fundada em uma anlise prvia da
mutao contempornea da relao com o saber. Em relao a isso, a primeira
constatao diz respeito velocidade de surgimento e de renovao dos saberes e
savoir-faire. Pela primeira vez na histria da humanidade, a maioria das
competncias adquiridas por uma pessoa do incio de seu percurso profissional

estaro obsoletas no fim de sua carreira. Isto uma usina de ansiedade. Com que
propriedade pode um recm formado garantir que est apto a ingressar no mercado
de trabalho em uma das reas da tecnologia de ponta? Hoje, trabalhar significa
aprender constantemente, transferir conhecimento, evoluir.
Alguns dispositivos informatizados de aprendizagem em grupo so
especialmente concebidos para o compartilhamento de diversos bancos de dados e
o uso de conferncias e correio eletrnicos. Fala-se ento em aprendizagem
cooperativa assistida por computador (em ingls: Computer Supported Cooperative
Learning, ou CSCL). Em novos "campi virtuais", os professores e os estudantes
partilham os recursos materiais e informacionais de que dispem.
A partir da, a principal funo do professor no pode mais ser uma
difuso dos conhecimentos, que agora feita de forma mais eficaz por outros meios.
Sua competncia deve deslocar-se no sentido de incentivar a aprendizagem e o
pensamento. O professor torna-se um animador da inteligncia coletiva dos grupos
que esto a seu encargo. Sua atividade ser centrada no acompanhamento e na
gesto das aprendizagens: o incitamento troca dos saberes, a mediao relacional
e simblica, a pilotagem personalizada dos percursos de aprendizagem etc.

6.0. CONCLUSO
Voc sabe qual o dimetro do cano que abastece a sua caixa dgua?
Voc sabe quantos litros de gua por segundo so despejados no seu reservatrio?
Voc sabe qual a espessura dos fios que entregam a energia eltrica no medidor
de eletricidade da sua casa? Provavelmente no. E a maioria das pessoas comuns
no sabem. Entretanto, kilobytes por segundo, fibra tica, 56 Kbps, so assuntos de
mesa de botequim. Enquanto esses recursos forem escassos e problemticos eles
no estaro com naturalidade no nosso cotidiano. O homem ainda no se
acostumou com esta tecnologia. Ela ainda no ubqua (o termo "computao
ubqua" foi sugerido por Mark Weiser em 1988); ou seja, imperceptvel. Weiser,
cientista de computador e diretor de tecnologia do Palo Alto Research Center
afirmava que os computadores deveriam sumir dentro dos objetos que nos rodeiam,
tanto no escritrio como em casa. S assim, dizia ele, o usurio poderia libertar-se

da metfora da mesa de trabalho, que caracteriza a nossa interao com a maioria


dos computadores.
A tendncia de que a tecnologia incorpore-se ao dia-a-dia assim como a
gua est presente em muitas das atividades cotidianas sem que faamos nenhum
ritual para utiliz-la.
H sempre uma expectativa exagerada em relao a o que o computador
e a Internet podem fazer pela melhoria de vida das pessoas. Precisamos pensar a
longo prazo.
Finalmente, o que vai sobressair, no o computador mais rpido ou o
canal com maior largura de banda. H um foco exagerado na tecnologia no setor,
uma obsesso pela largura de banda e pelos browsers mais recentes. muito mais
importante criar uma experincia interativa mgica, onde a tecnologia atua como
elemento capacitador. A criatividade humana o que realmente nos guiar.

BIBLIOGRAFIA
BROCKMAN, John e Outros. Digerati. So Paulo: Editora Campus, 1997.
DYSON, Esther. Release 2.0. So Paulo: Editora Campus, 1998.
GATES, Bill. A empresa na velocidade do pensamento. So Paulo: Editora
Companhia das Letras, 1999.
_________. The Road Ahead. New York: Editora Penguin Books, 1996.
HAWKINS, Jan. Uso de novas tecnologias na educao. So Paulo: Editora
Companhia das Letras, 1995.
LVY, Pierre. Cibercultura. So Paulo: Editora 34, 1999.
NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. So Paulo: Editora Companhia das Letras,
1995.

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