MA11 - Números e Funções Reais 2011
MA11 - Números e Funções Reais 2011
MA11 - Números e Funções Reais 2011
Conjuntos
Semana de 04/04 a 10/04
Recomendac
oes gerais
Exerccios recomendados
Recomendamos que voce resolva, prioritariamente, os Exerccios 1, 2, 3, 6 ate 11, 15 ate 18. Os
Exerccios 1, 2, 3, 15 ate 18 visam rever a linguagem basica de conjuntos. Os Exerccios 6 ate 11 tem
fortes relacoes com topicos importantes da matematica do Ensino Medio.
Abaixo indicamos algumas referencias de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Eves, H. Introducao `a Historia da Matematica
[2] Halmos, P. Teoria Ingenua dos Conjuntos
[3] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 1
Conjuntos
Semana de 04/04 a 10/04
1 A Noo de Conjunto
Toda a Matemtica atual formulada na linguagem de conjuntos.
Portanto, a noo de conjuntos a mais fundamental: a partir dela,
todos os conceitos matemticos podem ser expressos. Ela tambm
a mais simples das ideias matemticas.
Um conjunto formado por elementos. Dados um conjunto
um objeto qualquer
ou no um elemento do
conjunto
MA11 - Unidade 1
P ou o
objeto y satisfaz a condio C , podemos escrever x A e y B ,
onde A o conjunto dos objetos que gozam da propriedade P e B o
conjunto dos objetos que satisfazem a condio C .
Por exemplo, sejam P a propriedade de um nmero inteiro x ser
par (isto , divisvel por 2) e C a condio sobre o nmero real y
em vez de dizermos que o objeto
goza da propriedade
expressa por
y 2 3y + 2 = 0.
Por outro lado sejam
A = {. . . , 4, 2, 0, 2, 4, 6, . . .} e B = {1, 2}.
Ento, tanto faz dizer que
condio
x goza da propriedade P
x A e y B.
satisfaz a
xA
yB
satisfaz a condio
goza da propriedade
C?
Conjuntos
por exemplo
A (B C) = (A B) (A C) e A A B,
so extremamente fceis de manipular e representam um enorme ganho
em simplicidade e exatido quando comparadas ao manuseio de propriedades e condies.
Recomendaes:
1.
nvel, est-se apenas introduzindo, a linguagem e a notao dos conjuntos. No h teoria alguma aqui.
Um objeto pode
gozar
possuir
satisfazer
de uma propriedade,
uma propriedade,
Isto
incorreto. O smbolo
MA11 - Unidade 1
ou
x diferente de si mesmo.
Seja qual for o objeto x tem-se sempre x
/ . Em muitas questes
matemticas importante saber que um determinado conjunto X no
vazio. Para mostrar que X no vazio, deve-se simplesmente encontrar um objeto x tal que x X .
seja,
= {x; x 6= x},
tais que
esse objeto
x.
Por exemplo,
{})
Dado um
mas
Estritamente falando,
6= {}
em vez de {x}.
o ponto
2 A Relao de Incluso
Sejam
de
B,
diz-se que
um
subconjunto
de
B,
que
est
contido
em
Conjuntos
B ou que A
A B.
parte
Exemplo: sejam
de
B.
o conjunto dos
T P.
A,
vale
AA
pertence
A).
A 6=
A um subconjunto prprio
A 6= B .
de
quando se tem
AB
A, B
tem-se:
reexividade : A A;
anti-simetria :
transitividade :
se
se
AB
AB
BA
BC
ento
ento
A = B;
A C.
MA11 - Unidade 1
A propriedade anti-simtrica constantemente usada nos raciocnios matemticos. Quando se deseja mostrar que os conjuntos
so iguais, prova-se que
de
pertence a
AB
B A, ou seja,
elemento de B pertence
e todo
A.
Na realidade,
a propriedade anti-simtrica da relao de incluso contm, nela embutida, a condio de igualdade entre os conjuntos: os conjuntos
gismo.
silo-
todo ser humano um animal, todo animal mortal, logo todo ser
humano do mortal.
lado assim: sejam
H, A
H A
A M,
logo
H M.
Recomendaes:
4. Se
um elemento do conjunto
A.
A,
a relao
aA
pode tambm
a A
{a} A.
5. Em Geometria, uma reta, um plano e o espao so conjuntos. Seus
elementos so pontos. Se
r pois,
um subconjunto do plano
escreve-se
No se
Conjuntos
deve escrever
os elementos do conjunto
pertence ao plano
pois
so pontos e no retas.
Q propriedades
referentes a um elemento genrico de um conjunto U . Essas propriedades denem os conjuntos A, formados pelos elementos de U que
gozam de P , e B , conjunto formado pelos elementos de U que tm a
propriedade Q. Diz-se ento que a propriedade P implica (ou acarreta )
a propriedade Q, e escreve-se P Q, para signicar que A B .
com a implicao lgica. Vejamos como. Sejam
x2 + x 1 = 0 x3 2x + 1 = 0.
Ela signica que toda raiz da equao
x2 + x 1 = 0
tambm
raiz de
x3 2x + 1 = 0.
H diferentes maneiras de se ler a relao
P implica
Q,se P
ento
P Q.
Pode-se dizer
para
Q, Q
MA11 - Unidade 1
ser paralelogramo condio necessria para ser retngulo, ou, nalmente, todo retngulo um paralelogramo.
A implicao
QP
recproca
chama-se a
de
P Q.
Evidente-
x=1
raiz da equao.
x3 2x + 1 = 0
mas no da equao
x2 + x 1 = 0.
Quando so verdadeiras ambas as implicaes
escreve-se
QP
Q.
x 6 y 6 z,
Q P,
equivalente a Q
Q.
ser retngulo e
a propriedade de valer
z 2 = x2 + y 2 .
Ento
P Q.
Recomendaes:
6. Nunca escreva (ou diga) coisas do tipo
se
Q, P
P Q
x2 + x 1 = 0
x3 2x + 1 = 0.
Conjuntos
O smbolo
n > 1
chama-se primo
paralelogramo
Isto no tm cara de
denio.
Duas observaes adicionais a respeito de proposies matemticas:
A primeira que em Matemtica no h armaes absolutas ou
peremptrias.
ento
Q.
Todas
a > b > c so
ento a2 = b2 + c2 .
Se
10
MA11 - Unidade 1
alunos que tiverem 5 metros de altura passaro com nota 10 sem precisar prestar exames, ele certamente estar falando a verdade, mesmo
que corrija suas provas com o mximo de rigor. Com efeito, sejam
propriedade de um aluno ter 5 metros de altura e
sem prestar exames. Ento
priedade
P Q
Q a de obter nota 10
P Q
verdadeira (vacuamente)
condio
priedade.
x x2 = 0
pro-
mais
x2 x 2 = 0
podemos seguir os passos abaixo:
(P )
......
(Q) . . . . . .
(R ) . . . . . .
x2 x 2 = 0;
(x 2)(x + 1) = 0;
x = 2 ou x = 1;
Conjuntos
(S )
11
......
x {2, 1}.
Se chamarmos respectivamente de
P, Q, R
as condies im-
P Q R S,
isto , se o nmero
satisfaz
Se
Q e assim
P S , ou seja:
entao satisfaz
x2 x 2 = 0
ento
por diante.
x {2, 1}.
x2 x 2 = 0
so
1.
{2, 1}.
S R Q P ,
logo
S P.
Portanto
P S,
ou seja,
so
x2 x 2 = 0.
importante, quando se resolve uma equao, ter em mente que
cada passo do processo adotado representa uma implicao lgica. s
vezes essa implicao no pode ser revertida (isto , sua recproca no
verdadeira). Nesses casos, o conjunto obtido no nal apenas contm
(mas no igual a) o conjunto das razes, este ltimo podendo at
mesmo ser vazio. Ilustremos esta possibilidade com um exemplo.
Seja a equao
x2 + 1 = 0.
P, Q, R e S
representa
12
MA11 - Unidade 1
x + 1 = 0, etc.
2
(P ) x + 1 = 0.
(multiplicando
4
(Q) x 1 = 0;
4
(R) x = 1;
(S ) x {1, 1}.
signica
por
x2 1)
P Q R S , logo P S , ou seja,
2
equao x + 1 = 0 pertence ao conjunto {1, 1}.
Evidentemente, tem-se
toda raiz real da
A concluso
P Q
Nada mais.
x2 + 1 = 0
O fato que a
Observao:
No raro que pessoas confundam necessrio com suciente. A.
C. M. notou que os alunos tm mais facilidade de usar corretamente
est ltima palavra do que a anterior, j que suciente sinnimo de
bastante. Talvez isso tenha a ver com o fato de que uma condio suciente geralmente mais forte do que a concluso que se quer chegar.
Por exemplo, para que um nmero seja par suciente que seja mltiplo de 4. (Ou basta ser mltiplo de 4 para ser par.) Por outro lado,
uma condio necessria , em geral mais fraca do que a concluso
Conjuntos
13
P.
3 O Complementar de um conjunto
A noo de complementar de um conjunto s faz pleno sentido quando
se xa um conjunto
universo. U
U,
chamado o
U,
U.
U , ou deriva-
o plano. Na teoria
aritmtica da divisibilidade,
princpio da no-contradio .
Seguem-se dos princpios acima enunciados as seguintes regras operatrias referentes ao complementar:
MA11 - Unidade 1
14
A U,
tem-se
(Ac )c = A.
(Todo conjunto
A B ento B c Ac .
assumindo a forma
seguinte
AB
B c Ac .
Na realidade, na presena da regra (1), a regra (2) pode ser reforada, valendo a equivalncia abaixo
(3)
AB
B c Ac .
Q que denem respectivamente os conjuntos A e B . Ento o conjunto A formado pelos elementos de U que
gozam da propriedade P , enquanto que os elementos de B so todos
os que (pertencem a U ) e gozam da propriedade Q. As propriedades
c
c
que denem os conjuntos A e B so respectivamente a negao de P ,
0
0
representada por P , e a negao de Q, representada por Q . Assim,
0
dizer que um objeto x goza da propriedade P signica (por denio)
armar que x no goza da propriedade P (e analogamente, para Q).
usando-se as propriedades
P Q
Q P
Q0 P 0 .
P Q (P
(a negao de
Vejamos um exemplo.
implica a negao
Seja
Q) equivale a dizer
de P ).
implica
Conjuntos
15
um retngulo ento
(b) Se
no um paralelogramo ento
um paralelogramo;
no um retngulo.
Q0 P 0
chama-se a
contrapositiva
da implicao
P Q.
Sob o ponto de vista pragmtico, a contrapositiva de uma implicao nada mais do que a mesma implicao dita com outras
palavras, ou vista de um ngulo diferente. Assim por exemplo, a armao de que todo nmero primo maior do que 2 mpar e a armao
de que um nmero par maior do que 2 no primo dizem exatamente a
mesma coisa, ou seja, exprimem a mesma ideia, s que com diferentes
termos.
No dia-a-dia da Matemtica frequente, e muitas vezes til, substituir uma implicao por sua contrapositiva, a m de tornar seu signicado mais claro ou mais manejvel. Por isso extremamente importante entender que
P Q
Q0 P 0
so armaes equivalentes.
e perpendicular a
uma reta
de
P,
r.
x,
ser paralela a
perpendicular a
reta do plano
r.
A negao de
s.
Seja
(ainda no plano
s.
Ento
coincidir com
a propriedade
de no ser paralela a
s.
a propriedade de
Q0
P 0 , negao
s ou no ser
16
MA11 - Unidade 1
A contrapositiva
Q0 P 0
Q P0
do que
P Q.
P Q
distintas s e x
reta
em comum.
Ento, como
r.
Figura 1:
no
Conjuntos
17
Observao:
Para provar que duas retas so paralelas, em geral se usa a demonstrao por absurdo pois a denio de retas paralelas baseada numa
negao. (Retas paralelas so retas coplanares que
no
possuem pon-
tos em comum.)
Observemos que se
o universo entao
Uc =
c = U .
Recomendao:
8. Muitas vezes (principalmente nos raciocnios por absurdo) neces-
P Q.
mortal mas existe (pelo menos) um homem imortal. Mais geralmente, negar
P Q
Q.
Q.
Por exemplo, se
Isto
tem
negao
e a noo (no-matemtica) de
contrrio,
ou
oposto. Se um conceito expresso por uma palavra, o conceito contrrio expresso pelo antnimo daquela palavra. Por exemplo, o contrrio de gigantesco minsculo, mas a negao de gigantesco inclui
outras gradaes de tamanho alm de minsculo.
18
MA11 - Unidade 1
4 Reunio e Interseo
Dados os conjuntos
elementos de
A e B, a reunio A B
x AB
quando
interseo
elementos
x B,
xAB
quando
ambas
as armaes
x A B signica x A ou x B ;
x A B signica x A e x B .
Nota-se, deste modo, que as operaes
AB e AB entre conjuntos
gozam da propriedade P e
AB
P e Q.
AB
P ou
Q
x2 3x + 2 = 0.
Digamos ainda que
tem a propriedade
x2 5x + 6 = 0.
quando for
Q ento
e o conjunto
x goza da pro-
Conjuntos
19
P A = {1, 2}
B = {2, 3}. Assim, a
armao
x
3x + 2 = 0
x2 5x + 6 = 0
ou
equivale a
x
{1, 2, 3},
e a armao
x
3x + 2 = 0
x2 5x + 6 = 0
equivale a
x
{2}
ou
x = 2.
Noutras palavras,
A B = {1, 2, 3}
A B = {2}.
Q
A = {x Z; x > 10}
MA11 - Unidade 1
20
B = {x Z; x < 20}
ento
A B = Z.
AB =BA
AB =BA
e associativas
(A B) C = A (B C)
e
(A B) C = A (B C).
Alm disso, cada uma delas distributiva em relao outra:
A (B C) = (A B) (A C)
e
A (B C) = (A B) (A C).
Estas igualdades que podem ser vericadas mediante a considerao
dos casos possveis, constituem, na realidade, regras que regem o uso
combinado dos conectivos lgicos ou e e.
Conjuntos
21
e a relao de incluso
AB =B
Alm disso
AB
AB AC BC
A B = A.
AC BC
para todo
C.
E, nalmente, se
so subconjuntos do universo
(A B)c = Ac B c
U,
tem-se:
(A B)c = Ac B c
Q
no
ou no
Q
nem
nem
Q
e a negao
Q.
a = b,
so smbolos
ABC
A0 B 0 C 0
so iguais
congruentes.
22
MA11 - Unidade 1
b,
que se escreve
a = b,
propriedades:
Reexividade : a = a;
Simetria :
se
a=b
Transitividade :
se
ento
a=b
b = a;
b=c
ento
a = c.
a=b
c=b
ento
a = c.
c)
iguais
propriedade era uma das noes comuns (ou axiomas) que Euclides
enunciou nas primeiras pginas do seu famoso livro Os Elementos.
Conjuntos
23
6 Recomendaes Gerais
A adoo da linguagem e da notao de conjuntos em Matemtica s
se tornou uma prtica universal a partir da terceira ou quarta dcada
do sculo vinte. Esse uso, responsvel pelos elevados graus de preciso,
generalidade e clareza nos enunciados, raciocnios e denies, provocou uma grande revoluo nos mtodos, no alcance e na profundidade
dos resultados matemticos. No nal do sculo 19, muitos matemticos ilustres viam com sria desconana as novas ideias lanadas nos
trabalhos pioneiros de G. Cantor.
ponto de vista se imps e, no dizer de D. Hilbert, com sua extraordinria autoridade, ningum nos expulsar desse paraso que Cantor
nos doou.
Portanto, se queremos iniciar os jovens em Matemtica, necessrio que os familiarizemos com os rudimentos da linguagem e da notao
dos conjuntos. Isto, inclusive, vai facilitar nosso prprio trabalho, pois
a preciso dos conceitos uma ajuda indispensvel para a clareza das
ideias. Mas, na sala de aula, h alguns cuidados a tomar. O principal deles refere-se ao comedimento, ao equilbrio, moderao. Isto
consiste em evitar o pedantismo e os exageros que conduziram ao descrdito da onda de Matemtica Moderna. No convm insistir em
questes do tipo
{} =
6 {{}}
6= {}
dado acima.
Procure, sempre que possvel, ilustrar seus conceitos com exemplos de conjuntos dentro da Matemtica.
24
MA11 - Unidade 1
A auto-crtica
Longe de
no ponto
com
P ",
inter-
Eis aqui outros erros comuns de linguagem que devem ser evitados:
Maior ou igual a.
(Tente
nobreza; completo
beleza; rico
completeza.)
No se deve mistur-los.
Diga
Conjuntos
25
Exerccios
P1 , P2 , Q1 , Q2 propriedades referentes a elementos de um
conjunto-universo U . Suponha que P1 e P2 esgotam todos os casos
possveis (ou seja, um elemento qualquer de U ou tem a propriedade
P1 ou tem P2 ). Suponha ainda que Q1 e Q2 so incompatveis (isto
, excluem-se mutuamente). Suponha, nalmente, que P1 Q1 e
P2 Q2 . Prove que valem as recprocas: Q1 P1 e Q2 P2 .
1. Sejam
2.
Duas oblquas que se afastam igualmente do p da perpendicular so iguais. Se se afastam desigualmente ento so desiguais e
a maior a que mais se afasta.
omtrico:
X1 , X2 , Y1 , Y2 subconjuntos do conjunto-universo U .
Suponha que X1 X2 = U e Y1 Y2 = , que X1 Y1 e que X2 Y2 .
Prove que X1 = Y1 e X2 = Y2 .
3.
Sejam
5.
n = 8.
P1 Q1
Q2 P2 ?
implicaes
Q1 P1
P2 Q2
26
6.
MA11 - Unidade 1
equao
x + 2 = 2,
m > 0,
a equao
x+m = x
x + 3 = x.
tem exata-
x=1
Concluso(?):
x2 2x + 1 = 0
x2 2 1 + 1 = 0
x2 1 = 0
x = 1.
x = 1 x = 1.
x3 6x2 + 11x 6 = 0 so
termo 11x por 11 2 = 22,
9. As razes do polinmios
1, 2 e 3. Subs-
obtendo ento
10. Expresses tais como para todo e qualquer que seja so cha-
P (x)
(2) Existe algum x que satisfaz a condio P (x),
onde P (x) uma condio envolvendo a varivel x.
a) Sendo A o conjunto de todos os objetos x (de um
(1) Para todo
x,
satisfeita a condio
certo conjunto
Conjuntos
universo
U)
27
P (x),
tal que
n,
x2 = 1.
vale
n2 > n.
, tem-se
x>1
ou
x2 < 1.
tal que
n > x.
x,
n > x.
MA11 - Unidade 1
28
caso?
b) Reescreva o texto do artigo 34 de modo a torn-lo mais preciso.
x2 + x 1 = 0 x3 2x + 1 = 0.
Conjuntos
29
X, Y, Z
decompe o plano
em oito regies. Numere essas regies e exprima cada um dos conjuntos abaixo como reunio de algumas dessas regies.
(Por exemplo:
X Y = 1 2.)
(X c Y ) Z c ;
a)
(X Y )
c)
(X c Y ) (X Z c );
16.
b)
d)(X
Y )c Z .
prove as igualdades:
a)
(X Y ) Z = (X Z) (Y Z);
b)
X (Y Z)c = X Y c Z c .
17. Sejam
A, B
A (B C) = (A B) C .
x
/ B}. Determine uma condio necessria
tenha A (B C) = (A B) C .
A B = {x|x A
19. Prove que se um quadrado perfeito par ento sua raiz quadrada
20.
se
um conjunto e
P (A)
30
MA11 - Unidade 1
A,
f : A P (A)
que
seja sobrejetiva.
Sugesto:
A:x
/ f (x)}.
e considere
X = {x
MA 11 - Unidade 2
N
umeros Cardinais
Semana de 04/04 a 10/04
Recomendac
oes gerais
Nesta aula, sera tratado o conceito de numero cardinal (isto e, numero de elementos de um conjunto), considerando os casos de conjuntos finitos e de conjuntos infinitos. Para que este conceito seja
bem entendido, e preciso que esteja clara a ideia de funcao, especialmente de funcao bijetiva.
Sendo assim, para prosseguir nesta aula, tenha certeza de ter compreendido bem as ideias iniciais
sobre funcoes, discutidas na Secao 1. Func
oes (pp. 1 a 6 da Unidade 2). Varias dessas ideias tem
relacoes importantes com o ensino de funcoes no Ensino Medio.
Em primeiro lugar, observamos que uma funcao e definida por tres elementos fundamentais:
domnio, contradomnio e lei de correspondencia (ver pp. 1-3). Assim, duas funcoes sao iguais se
e somente se possuem mesmo domnio, mesmo contradomnio e mesma lei de correspondencia. Por
exemplo, as funcoes f : R R, f (x) = x2 e g : R [ 0, +[, g(x) = x2 sao diferentes, tanto
que a segunda e sobrejetiva e a primeira nao! Alem disso, mesmo nos casos em que o domnio e o
contradomnio sao conjuntos numericos (o que pode nao ocorrer), a lei de correspondencia pode nao
admitir uma expressao algebrica (leia com atencao os Exemplos 1 e 2, pp. 3-4 e a Recomendacao 3,
p. 5). Entretanto, em aulas e livros didaticos do Ensino Medio, costuma haver grande enfase nas expressoes algebricas para funcoes. Nao e recomendavel adotar-se abordagens excessivamente abstratas
no Ensino Medio, porem a reducao do conceito de funcao `a ideia de formula algebrica pode limitar
gravemente a aprendizagem dos estudantes. Uma consequencia comum e a confusao entre as ideias
de funcao e equacao ambas tendem a ser concebidas simplesmente como formulas. Neste sentido,
leia com atencao as Recomendacoes 1 e 2 (pp. 2-3). Para evitar tal confusao, a relacao entre funcao
e equacao (veja p. 5) pode ser explorada: deve-se enfatizar para os alunos o fato de que resolver uma
equacao nada mais e do que encontrar os valores do domnio de uma funcao cujas imagens sao iguais
a um valor fixo dado. A abordagem grafica pode ajudar muito nesse ponto.
Muitos livros apresentam exerccios do tipo determine o domnioe determine a imagemde uma
funcao dada. No entanto, os exerccios do segundo tipo sao matematicamente corretos (ver p. 5),
mas os primeiros nao (veja Recomendacao 2, p. 3). Como ja foi observado, o domnio e parte da
definicao de uma funcao. Assim, se a funcao e conhecida, nao faz sentido pedir que seu domnio
seja determinado. A formulacao mais correta seria: determine o maior subconjunto X R tal que
seja possvel definir uma funcao com uma lei de correspondencia dada(Recomendacao 2, p. 3). Em
sala de aula, pode-se tambem explorar a ideia de encontrar diferentes subconjuntos de R tais que seja
possvel definir diferentes funcoes com uma mesma lei de correspondencia. Isto pode ajudar os alunos
a entender que o domnio de uma funcao nao pode ser determinado a posteriori, mas ser escolhido
quando a funcao e definida (desde que seja compatvel com o contradomnio e a lei de
correspondencia, e claro).
Em seguida, certifique-se de entender bem as definicoes de funcao injetiva, sobrejetiva (p. 4) e
bijetiva (p. 6). Esta ultima e a base para a ideia de numero cardinal (Secao 2. A Noc
ao de N
umero
Cardinal, pp. 6-11). Leia com atencao a subsecao A palavra n
umerono dicion
ario (p. 8).
Observe que numero cardinal e uma nocao abstrata que corresponde a uma propriedade comum a
todos os conjuntos que podem ser postos em correspondencia um a um com um conjunto dado. Nesta
linha, em 1883 o matematico alemao Georg Cantor conceituou o numero cardinal da seguinte forma:
Se abstramos a natureza dos elementos e a ordem em que eles sao dados, obtemos o numero cardinal
do conjunto.(para saber mais, veja [2]).
A ideia de verificar se dois conjuntos possuem o mesmo numero de elementos por meio do estabelecimento de uma correspondencia um a um (isto e, uma funcao bijetiva) entre eles e bastante intuitiva
e primitiva. De fato, esta ideia e historicamente anterior ao proprio conceito de numero (para saber
mais, veja [2]). Alem disso, se X e Y sao conjuntos finitos e existe uma injecao f : X Y , entao
o numero cardinal de X e menor do que ou igual ao de Y . Analogamente, se existe uma sobrejecao
f : X Y , entao o numero cardinal de X e maior do que ou igual ao de Y . Estas propriedades estao
relacionadas com o chamado princpio das casas dos pombos (ver Exemplos 13 e 14, pp. 11-12). A
Secao 3. Conjuntos Finitos, (pp. 10-12) fala sobre as propriedades basicas de numeros cardinais de
conjuntos finitos. Para saber mais sobre essas propriedades, veja [4]. Para saber mais sobre por que a
suposicao da existencia de um conjunto que contenha todos os conjuntos conduz a um paradoxo, veja
[3]. A ideia de correspondencia um a um e bastante intuitiva e conduz a resultados esperados para
conjuntos finitos, mas pode levar a surpresas no caso de conjuntos infinitos.
Passe entao `a Secao 4. Sobre Conjuntos Infinitos (pp. 13-15). Para comecar, uma importante
propriedade que caracteriza os conjuntos infinitos (isto e, e equivalente `a sua definicao) e a seguinte:
um conjunto e infinito se e somente admite uma bijecao com um subconjunto proprio (isto e, diferente
de vazio e do proprio conjunto). Isto significa dizer que todo conjunto infinito possui o mesmo numero
cardinal que uma parte propria sua ou, a grosso modo, e do mesmo tamanhoque um pedacoseu.
Esta surpreendente propriedade e ilustrada pelos Exemplos 7, 8 e 9 (pp. 6-8). Os dois primeiros
foram apontados por Galileu Galilei, como paradoxos do infinito, em sua celebre obra Discorsi e
Dimostrazioni Matematiche Intorno a Due Nuove Scienze (para saber mais, veja [2]). Reflita sobre
esses exemplos e procure pensar em outros as diversas areas da matematica sao ricas em exemplos
de conjuntos infinitos.
A natureza pouco intuitiva de conjuntos infinitos torna o ensino deste topico particularmente delicado. Muitos alunos tendem a conceber equivocadamente a nocao de infinito como um numero
muito grande(veja a Recomendacao 4, p. 15). O numero 10100 (chamado googol), por exemplo,
pode ser considerado muito grande, mas um conjunto com 10100 elementos nao pode ser posto em
correspondencia biunvoca com um conjunto com 10100 1 elementos. Por outro lado, o conjunto
N dos numeros naturais pode ser posto em correspondencia biunvoca com N \ {1}, como ilustra a
metafora do Grande Hotel Cantor (veja a subsecao Fantasia Matem
atica, pp. 14-15), proposta pelo
matematico David Hilbert (para saber mais, veja [2]). Por muito tempo, a ideia de infinito nao foi aceita
como um conceito legitimamente matematico. Georg Cantor teve um papel decisivo na formalizacao
matematica de diversas propriedades dos conjuntos infinitos. Dentre estas, destaca-se a prova de que
nenhum conjunto pode ser posto em correspondencia biunvoca com o conjunto de suas partes P(X)
(para saber mais, veja [1]). Uma consequencia direta deste importante Teorema e o surpreendente fato
de que nem todos os conjuntos infinitos podem ser postos em correspondencia biunvoca portanto,
nao existe apenas uma classe de conjuntos infinitos, e sim infinitas classes de conjuntos (para saber
mais, veja [4]). O trabalho de Cantor marcou a Matematica de tal forma que foi descrito por Hilbert
por meio do comentario: Ninguem nos expulsara do paraso que Cantor criou para nos.
Exerccios recomendados
As ideias discutidas acima devem ser suficientes para resolver, sem obstaculos, os exerccios propostos (pp. 15-18). Recomendamos que voce resolva os Exerccios de 1 a 8.
Os Exerccios 1 a 5 tratam de propriedades de funcoes injetivas, sobrejetivas e bijetivas. Como base
nos Exerccios 2 e 3, voce podera concluir que, para que exista a inversa de uma funcao, e necessario
e suficiente que esta seja injetiva e sobrejetiva. Observe tambem que, dada f : X Y , a existencia
de uma funcao h1 : Y X tal que h1 f = IdX (que e equivalente `a injetividade) e a existencia de
uma funcao h2 : Y X tal que f h2 = IdY (que e equivalente `a sobrejetividade) nao sao condicoes
equivalentes entre si. Procure pensar em exemplos de funcoes injetivas e sobrejetivas e verifique que
essas propriedades sao satisfeitas.
Os Exerccios 6 e 8 sao problemas importantes de contagem que podem ser resolvidos por argumento
de inducao. O Exerccio 7 apresenta uma falha sutil em um argumento de inducao.
Abaixo, indicamos algumas referencias de estudo futuro para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Aigner, M. & Ziegler, G.M. Proofs from the Book
[2] Eves, H. Introducao `a Historia da Matematica
[3] Halmos, P. Teoria Ingenua dos Conjuntos
[4] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 2
Nmeros Cardinais
Semana de 04/04 a 10/04
Funes
Dados os conjuntos
de
em
Y )
X, Y ,
uma
funo f : X Y
x X
um elemento
y = f (x) Y .
MA11 - Unidade 2
Y o contra-domnio da funo
f . Para cada x X , o elemento f (x) Y chama-se a imagem de x
pela funo f , ou o valor assumido pela funo f no ponto x X .
Escreve-se x 7 f (x) para indicar que f transforma (ou leva) x em
f (x).
conjunto
domnio
chama-se o
f (x) = c
para todo
x X.
Recomendaes
f (x) a imagem do elemento x X
f , ou o valor da funo f no ponto x X . Os livros anti-
pela funo
f (x)
f .
Algumas
sen x
log x
sen : R R
log : R+ R,
guardando as
x.
x2 5x + 6
p:RR
tal
Nmeros Cardinais
que
p(x) = x2 5x + 6
para todo
x R
ex ,
exp(x) = ex
exp : R R.
e seu contra-domnio
no existe a funo.
o domnio da funo
Y.
f ,
x 7 f (x).
Mesmo
f (x) = 1/x
XR
f : X R ?
f (x) = 1/x
f : X Y e g :
X = X 0 , Y = Y 0 e f (x) = g(x)
X0 Y 0
para todo
x X.
Exemplos
1. Sejam
o conjunto dos
f : X R.
2.
MA11 - Unidade 2
Sejam
AB S
sua mediatriz
n seu sucessor
s : N N, com s(n) = n + 1.
Uma funo f : X Y chama-se injetiva quando elementos diferentes em X so transformados por f em elementos diferentes em Y .
Ou seja, f injetiva quando
n+1
x 6= x0
em
X f (x) 6= f (x0 ).
f (x) = f (x0 ) x = x0 .
Nos trs exemplos dados acima, apenas o terceiro de uma funo
injetiva. (Dois tringulos diferentes podem ter a mesma rea e dois
segmentos distintos podem ter a mesma mediatriz mas nmeros naturais diferentes tm sucessores diferentes.)
Diz-se que uma funo
f : X Y
sobrejetiva
quando, para
qualquer elemento
xX
tal que
f :XY
f (x), com x A.
funo
imagem
AX
pela
ao subconjunto
A funo
do subconjunto
Nmeros Cardinais
Y.
O conjunto
tambm
f (X),
imagem do domnio
pela funo
chama-se
a imagem da funo f .
o conjunto dos
Recomendao
3.
f : X Y,
principalmente na
Matemtica Elementar,
f (x)
exprime o valor
f (x)
quando dado
a m de que a funo
tenha o
x X dado.
b) No pode haver ambiguidades: a cada
corresponder um
exigncias.
nico f (x) em Y .
MA11 - Unidade 2
Exemplos
f : N N, estipulando que, para todo n N, o nmero natural p = f (n) deve ser tal
2
que p + 3 = n. O nmero p = f (n) s pode ser encontrado se n for
4.
N,
p + 3.
5. Indiquemos com
f : X Y
dncia biunvoca entre X
Uma funo
chama-se uma
e
bijeo,
ou uma
correspon-
sobrejetiva.
Exemplos
X = {1, 2, 3, 4, 5} e Y = {2, 4, 6, 8, 10}. Denindo f : X
Y pela regra f (n) = 2n, temos uma correspondncia biunvoca, onde
f (1) = 2, f (2) = 4, f (3) = 6, f (4) = 8 e f (5) = 10.
6. Sejam
Nmeros Cardinais
2n
para todo
n N.
conjunto prprio de
8.
Sejam
Y,
f :NP
pondo-se
f (n) =
um sub-
N.
a base de um tringulo e
um segmento paralelo
Y.
f : X Y associando
P x intersecta a base Y
Seja ainda
a cada
xX
o ponto
f (x)
onde a semi-reta
Figura 1:
9.
X = C {P }
ponto P e Y uma
Neste exemplo,
circunferncia o
que passa por
P.
MA11 - Unidade 2
Figura 2:
x X, f (x) =
interseo da semi-reta
tem o
f : X Y pondo,
P x com reta Y .
f :X Y.
X, Y
X = {1}
lentes
so (numericamente)
equiva-
f :X Y,
ou seja, quando
Nmeros Cardinais
vetor
o conjunto de todos os
No caso do dicionrio, h
1.
menos de Lgica. Deve conter explicaes acessveis ao leigo (de preferncia, corretas). As primeiras acepes da palavra nmero num
dicionrio deveriam ser quantidade e resultado de uma contagem
ou de uma medida.
Pergunta-se:
ou no um elemento de si mesmo?
10
MA11 - Unidade 2
Conjuntos Finitos
n N,
Seja
mentos
nito,
e que
X tem n ele-
f : In X .
do conjunto
O nmero natural
chama-se ento o
nmero cardinal
X.
correspondncia
Assim,
innito
n N , no
f : In X .
X = I5
f :XY
uma contagem
Y . Assim, Y um conjunto nito, com 5 elementos. O conjunto N dos nmeros naturais innito. Com efeito, dada
qualquer funo f : In N , no importa qual n se xou, pomos
k = f (1) + f (2) + + f (n) e vemos que, para todo x In , tem-se
f (x) < k , logo no existe x In tal que f (x) = k . Assim, impossvel
dos elementos de
Nmeros Cardinais
11
n(X),
X,
destacaremos as seguintes:
g : In X
m = n.
As demonstraes destes fatos se fazem por induo ou por boaordenao. (Veja, por exemplo,
Curso de Anlise,
princpio
das gavetas :
n
se
m > n,
princpio
objetos em
Exemplo 13.
Para xar
12
MA11 - Unidade 2
nas os algarismos 3 ou 0.
cujos elementos so os
X =
m, nosso trabalho acabou. Caso contrrio, formamos o conjunto Y = {1, 2, ..., m 1} e denimos a funo
f : X Y pondo, para cada x X ,
elementos de
for mltiplo de
f (x)
por
m.
Y , o princpio das casas de pombos assegura que existem elementos x1 < x2 no conjunto X tais que
f (x1 ) = f (x2 ). Isto signica que x1 e x2 , quando divididos por m,
deixam o mesmo resto. Logo x2 x1 mltiplo de m. Mas claro que
se x1 tem p algarismos e x2 tem p + q algarismos ento a representao
decimal de x2 x1 consiste em q algarismos iguais a 3 seguidos de p
Como
= resto da diviso de
algarismos iguais a 0.
Exemplo 14.
pessoas
(n > 2),
0, 1, . . . , n 1.
A cada
As caixas de nmeros 0 e
n1
cartes pois se houver algum que no tem amigos ali, nenhum dos
presentes pode ser amigo de todos, e vice-versa. Portanto temos, na
realidade,
n1
caixas.
Pelo
princpio das gavetas, pelo menos uma das caixas vai receber dois ou
mais cartes. Isto signica que duas ou mais pessoas ali tm o mesmo
nmero de amigos entre os presentes.
Nmeros Cardinais
13
P(X)
e o conjunto
X.
Alm
nito,
f :X X
de um
innito.
n N, f (n)
f (n) = b.)
f : N N
bN
n,
veremos que
sobrejetiva mas
n
f : N N, g : N N,
14
MA11 - Unidade 2
h:NN
: N N,
denidas por
f (n) = n + 1,
g(n) = n + 30,
(1)
h(n) = 2n e
(n) = 3n
so injetivas mas no so sobrejetivas. Estas quatro funes so protagonistas da seguinte historinha que fecha a seo.
Fantasia Matemtica
O Grande Hotel Georg Cantor tinha uma innidade de quartos, numerados consecutivamente, um para cada nmero natural.
Todos
eram igualmente confortveis. Num m-de-semana prolongado, o hotel estava com seus quartos todos ocupados, quando chega um viajante. A recepcionista vai logo dizendo:
Sinto muito, mas no h vagas.
Ouvindo isto, o gerente interveio:
Podemos abrigar o cavalheiro, sim senhora.
E ordena:
Transra o hspede do quarto 1 para o quarto 2, passe o do
quarto 2 para o quarto 3 e assim em diante. Quem estiver no quarto
n,
n + 1.
para o quarto
n + 30
passageiros do nibus. Mas cou sem saber o que fazer quando, horas
Nmeros Cardinais
15
Deses-
para o quarto
2n.
Isto
deixar vagos todos os apartamentos de nmero mpar, nos quais poremos os novos hspedes.
3n + 1.
Recomendao
4.
Quando, na linguagem
136 22 56
maior do que
n < n + 1.
Exerccios
f : X Y uma funo. A imagem inversa por f de um
1
conjunto B Y o conjunto f
(B) = {x X; f (x) B}. Prove
1
que se tem sempre f
(f (A)) A para todo A X e f (f 1 (B)) B
1.
Seja
16
MA11 - Unidade 2
f : X Y injetiva se,
g : Y X tal que g(f (x)) = x para
uma funo
todo
x X.
uma funo
ento existem
n!
bijees
Teorema:
Nmeros Cardinais
17
um conjunto
tm a mesma
idade.
Suponhamos agora que a armao seja verdadeira para todos os
n elementos. Consideremos um conjunto com n + 1 pessoas, {a1 , a2 , . . . , an , an+1 } . Ora, {a1 , a2 , . . . , an } um conjunto de n
pessoas, logo a1 , a2 , . . . , an tm a mesma idade. Mas {a2 , . . . , an , an+1 }
conjuntos de
an
demonstrar.
elementos possui
2n
subconjuntos.
n (n > 2) objetos de pesos distintos, prove que possvel determinar qual o mais leve e qual o mais pesado fazendo 2n3 pesagens
9. Dados
uma la com seus subconjuntos de tal modo que cada subconjunto
da la pode ser obtido a partir do anterior pelo acrscimo ou pela
supresso de um nico elemento.
chegam os trens
T1 , T2 , . . . , Tn , . . .
18
MA11 - Unidade 2
deles com innitos passageiros. Que deve fazer o gerente para hospedar
todos?
MA 11 - Unidade 3
A Reta Real
Semana de 11/04 a 17/04
Recomendac
oes gerais
Nesta unidade, comecaremos a estudar o conjunto dos numeros reais. Este e, sem duvida, um
dos pontos cuja abordagem no Ensino Medio envolve maiores dificuldades, que estao relacionadas
com as caractersticas especficas do conjunto dos reais. Em geral, na educacao basica, a motivacao
para a introducao de cada um dos conjuntos numericos se baseia nas limitacoes algebricas do conjunto
anterior. Isto e, a motivacao para a construcao de Z se baseia na impossibilidade de inverter a operacao
de adicao em N e, de forma analoga, a motivacao para a construcao de Q se baseia na impossibilidade de
inverter a operacao de multiplicacao em Z. A introducao dos numeros inteiros e dos numeros racionais
sao e ainda ilustrada por aplicacoes concretas: tipicamente, problemas envolvendo saldos bancarios,
ou variacoes de temperatura, para os inteiros; e divisoes de grandezas (apresentadas em problemas
numericos ou geometricos) que fornecem resultados nao inteiros. Ate mesmo a introducao de C tem
como base a impossibilidade de determinar razes reais para qualquer polinomio com coeficientes reais.
No entanto, quando se trata da construcao de R, o problema se torna particularmente complicado.
Em primeiro lugar, a construcao da expansao de Q para R nao e um salto puramente algebrico, pois envolve alguma nocao de convergencia. Alem disso, dificilmente se encontrarao aplicacoes concretasou
do dia-a-diaque justifiquem a necessidade dessa expansao. As medicoes empricas de segmentos, por
exemplo, sao totalmente resolvidas por numeros racionais, enquanto que os numeros reais atendem
ao problema teorico da proporcao de grandezas de mesma especie, isto e, `a construcao de uma teoria
consistente de medida. Por exemplo, ao medir a diagonal d do quadrado unitario com uma regua
geometricos): os irracionais sao apresentados como aqueles numeros que nao sao racionaise os reais,
como os numeros que sao racionais ou irracionais. Ou seja, a introducao dos numeros reais parte da
pressuposicao da existencia dos proprios numeros reais. Esse modelo de abordagem apresenta problemas
nao so do ponto de vista matematico, pois e logicamente inconsistente, como tambem do ponto de
vista pedagogico, pois a necessidade de criar novos numerosalem dos racionais fica oculta. De fato,
nao e razoavel esperar que, ao final do Ensino Medio, o aluno entenda toda a complexidade teorica
da construcao do conjunto dos numeros reais. Entretanto, isto nao justifica desviar completamente
de tais dificuldades. Para os estudantes do Ensino Medio, mais do que as complexidades teoricas de
sua construcao, talvez seja importante compreender os problemas matematicos que dao origem aos
numeros reais.
Sendo assim, para planejar adequadamente a abordagem dos numeros reais no Ensino Medio, e
fundamental que o professor conheca tais problemas, que remontam `a ideia de grandezas incomensuraveis, na Escola Pitagorica. Portanto, leia com atencao a Secao 1. Segmentos Comensur
aveis
e Incomensur
aveis (pp. 2 a 5). Os filosofos pitagoricos acreditavam que os numeros naturais explicariam todos os fenomenos da natureza crenca expressa pelo lema: Tudo e Numero. Assim, qualquer
grupo finito de grandezas geometricas poderia ser expresso como multiplos inteiros de uma unidade
comum convenientemente escolhida. Equivalentemente, qualquer razao entre grandezas geometricas
poderia ser expressa como razoes entre numeros naturais. As grandezas com esta propriedade sao
chamadas comensuraveis (literalmente, que podem ser medidas juntas). A descoberta da existencia de
grandezas incomensuraveis (como o lado e a diagonal do quadrado, ou o permetro e o diametro do
crculo) provocou uma grande revolucao na matematica grega. Para saber mais sobre a problema das
grandezas incomensuraveis na matematica grega, veja [1].
Na matematica contemporanea, existem formas equivalentes de construir o conjunto dos numeros
reais (axioma do supremo, sequencias de Cauchy, cortes de Dedekind), de forma a caracteriza-lo como
corpo ordenado completo (ver p. 9). Ao ler a Secao 2. A Reta Real, certifique-se de entender
bem o que isto significa (para saber mais, veja [3]). O termo corpo refere-se `a estrutura algebrica
dos numeros reais: as operacoes de adicao e multiplicacao e suas propriedades. O corpo ordenado
refere-se `a existencia de relacao de ordem nos reais compatvel com as operacoes, isto e, que satisfaz a
propriedade de monotonicidade: x y x + z y + z x, y, z R e x y , z > 0 x z y z
x, y, z R. Finalmente, temos a importante propriedade de completeza dos reais, que diz respeito
ao fato da reta real nao ter buracos(falando grosso modo). Observe que o conjunto Q tambem
satisfaz todas as propriedades das operacoes e da ordem; portanto, Q tambem e um corpo ordenado.
a propriedade de completeza que diferencia o conjunto R do conjunto Q. Do ponto de vista intuitivo,
E
a diferenca entre as propriedades de completeza e densidade pode parecer sutil, pois podemos ter a
impressao de que a densidade e suficiente para preencher completamente a reta. No entanto, do ponto
de vista matematico, esta diferenca e crucial. A completeza dos reais e essencial para a construcao de
toda a teoria de analise real, inclusive a construcao das principais classes de funcoes reais, que veremos
mais adiante neste curso.
Abaixo, indicamos algumas referencias de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Eves, H. Introducao `a Historia da Matematica
[2] Figueiredo, D.G. Numeros Irracionais e Transcendentes
[3] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 3
A Reta Real
Semana de 11/04 a 17/04
MA11 - Unidade 3
Seja
AB
um segmento de reta.
u, chamado segmento unitrio. Por denio, a medida do segmento u igual a 1. Estipularemos ainda que segmentos
congruentes tenham a mesma medida e que se n 1 pontos interiores
decompuserem AB em n segmentos justapostos ento a medida de AB
ser igual soma das medidas desses n segmentos. Se estes segmentos
parciais forem todos congruentes a u, diremos que u cabe n vezes em
AB e a medida de AB (que representaremos por AB ) ser igual a n.
segmento-padro
AB .
Ento a medida de
AB
tencesse ao conjunto
m/n de
2/3,
A Reta Real
7/10
1/3 + 1/5 +
1/6.)
O problema mais srio que por muito tempo se pensava que dois
segmentos quaisquer eram sempre comensurveis: sejam quais fossem
AB
EF
CD,
exato
de vezes em
CD.
de vezes em
AB
e um nmero
losco-religiosa, liderada por Pitgoras. Um dos pontos fundamentais de sua doutrina era o lema Os nmeros governam o mundo.
(Lembremos que nmeros para eles eram nmeros naturais, admitindose tomar razes entre esses nmeros, formando as fraes.)
Uma
MA11 - Unidade 3
Figura 1:
AB
AB
vezes na diagonal
AC
que coubesse
vezes no lado
do quadrado
A existncia de segmentos incomensurveis signica que os nmeros naturais mais as fraes so insucientes para medir todos os
segmentos de reta.
A soluo que se impunha, e que foi nalmente adotada, era a
de ampliar o conceito de nmero, introduzindo os chamados nmeros
irracionais , de tal modo que, xando uma unidade de comprimento ar-
A Reta Real
2.
Recomendao
1. Nos meios de comunicao e entre pessoas com limitado conheci-
A Reta Real
A m de ganhar uma ideia mais vivel dos novos nmeros, que denominamos irracionais e, em particular, situ-los em relao aos racionais,
imaginamos uma reta, na qual foram xados um ponto
a origem, e um ponto
A,
O,
chamado
O. Tomaremos o segmento OA
reta OA ser chamada a reta real,
diferente de
A que contm
MA11 - Unidade 3
chama-se a semirreta positiva. A outra a semirreta negativa. Diremos que os pontos da semirreta positiva esto direita de
semirreta negativa esquerda de
e os da
O.
de vezes em
a
o
Figura 2:
OA, de
modo que algum segmento w caiba n vezes em OA e m vezes em OX ,
diremos que a abcissa do ponto X m/n ou m/n, conforme X esteja
que o segmento
OX
X,
n=1
OA
e a abcissa de
pertence a
Z.
OX ,
quando
A Reta Real
O conjunto
Q,
OA
OX
do eixo real
N Z Q.
m/n,
onde
mZ
n N.
OA
e o conjunto
R,
a qual
OX , ou esta medida
Temos N Z Q R.
segmento
Observao.
As letras
N, Q
quociente e real.
A letra
nmero em alemo.
O conjunto
R.
Esta
MA11 - Unidade 3
x, y R.
Com efeito, se X e Y so os pontos dos quais x e y respectivamente
so as abcissas, diz-se que x menor do que y , e escreve-se x < y
quando X est esquerda de Y , isto , quando o sentido de percurso
de X para Y o mesmo de O para A. Quanto soma, x+y a abcissa
0
0
do ponto Y tal que o segmento XY tem o mesmo comprimento e o
mesmo sentido de percurso de OY .
Tambm o produto xy dos nmeros reais x, y pode ser denido
geometricamente, de acordo com a gura abaixo, quando x > 0 e
y > 0. Nos demais casos, s mudar o sinal de xy convenientemente.
soma
x+y
e a relao de ordem
x < y,
com
A Reta Real
O progresso da Cincia e a diversidade de aplicaes da Matemtica, dos casos mais corriqueiros at a alta tecnologia, h muito tempo
deixaram claro que esta viso geomtrica, por mais importante que
tenha sido e ainda seja, precisa ser complementada por uma descrio
algbrica de
R.
R,
N.
n
que garante a existncia de
a e, mais geralmente, de ax para todo
a > 0 e todo x R. a completeza de R que diferencia os reais dos
racionais pois, anal de contas, Q tambm um corpo ordenado, s
que no completo. H vrias maneiras de formular matematicamente
a armao de que o corpo dos nmeros reais completo. Todas elas
envolvem, direta ou indiretamente, a ideia de aproximao, ou limite.
Na prxima unidade veremos um exemplo de como a completeza de
10
MA11 - Unidade 3
MA 11 - Unidade 4
Representac
ao Decimal dos Reais
Semana de 11/04 a 17/04
Recomendac
oes gerais
(1)
fundamental compreender bem a igualdade 1 = 0, 9999 . . . (p. 4), que e fonte de muitas duvidas.
E
Muitos estudantes concebem esta igualdade como nao exata, ou como uma aproximacao. Talvez estas
concepcoes estejam relacionadas com certa confusao entre os termos de uma sequencia e seu limite.
Nao e incomum ouvirmos comentarios do tipo o limite da sequencia tende a x. O limite de uma
sequencia e um numero fixo, portanto, nao pode tender a lugar algum! O correto e dizer que o limite
da sequencia e igual a x, ou entao que a sequencia tende a x. Neste caso, os termos da sequencia
se aproximam indefinidamente de seu limite. No caso da igualdade 1 = 0, 9999 . . ., observamos que o
smbolo 0, 9999 . . . representa o limite da sequencia cujos termos sao x1 = 0, 9, x2 = 0, 99, x3 = 0, 999,
e assim por diante. Mostramos facilmente que esta sequencia tende a 1 (ver p. 4). Assim, podemos
dizer que os termos x1 = 0, 9, x2 = 0, 99, x3 = 0, 999, . . . se aproximam de 1, mas o limite 0, 9999 . . .
e igual a 1!
Nas pp. 5 a 9, sao discutidos os procedimentos de conversao entre fracoes e representacoes decimais.
Para converter dzimas periodicas em fracoes, usamos o procedimento que envolve multiplicacoes por
potencias de 10 e adicoes (pp. 5-7). Como ja comentamos, esse procedimento envolve operacoes com
limites. Reciprocamente, para converter fracoes em representacoes decimais, empregamos divisoes
sucessivas. Como ha uma quantidade finita de restos possveis e, a partir da primeira vez que um
resto se repetir todos os algarismos do quociente se repetirao, obtemos necessariamente uma dzima
periodica. Em particular, se aparecer um resto 0, temos um decimal finito. Ao ler essas paginas,
observe que tais procedimentos, se devidamente organizados, constituem-se em provas matematicas
para o fato de que um numero real e racional se, e somente se, sua representacao decimal e finita ou
periodica.
Nas pp. 8-9, leia com atencao os comentarios sobre a correspondencia biunvoca entre os numeros
reais e as expressoes decimais, descartando-se aquelas que terminam com uma sequencia infinita de
algarismos 9.
Leia com atencao a subsecao Uma descoberta de George Cantor (pp. 10-11). A prova de que R
nao e enumeravel, argumento conhecido como Diagonal de Cantor, tambem se baseia na representacao
decimal (ou binaria) para os numeros reais (para saber mais, veja [1]). Como Q e enumeravel, uma
consequencia direta deste fato e que o conjunto dos numeros irracionais tambem e nao enumeravel.
Assim, em um certo sentido, existem muito mais numeros irracionais do que racionais. Este fato e
surpreendente e pode parecer anti-intuitivo, pois na escola, em geral, os alunos tem muito mais contato
com exemplos diversos de racionais do que de irracionais. No entanto, se pensarmos mais uma vez
na representacao decimal, como os racionais sao dzimas periodicas e os irracionais, nao, poderemos
verificar, de um ponto de vista intuitivo, o seguinte: se pudessemos formar uma expressao decimal
infinita, sorteando ao acaso dgito por dgito de 0 a 9, a probabilidade de obtermos um irracional e
muito maior que a de obtermos um racional. Isto seria como jogarmos um dado (honesto) infinitamente
e esperar que os dgitos obtidos aleatoriamente se repetissem em um mesmo padrao para sempre! De
fato, a probabilidade de obtermos um numero racional com este processo e igual a zero.
Exerccios recomendados
por meio de radicais. Estas expressoes decimais, mesmo nos casos simples como 2 e 3, sao, em
geral, dadas nos livros didaticos sem qualquer justificativa. O exerccio 5 explora um erro muito comum:
a confusao entre um expressao decimal ter um padrao de regularidade qualquer e ter um padrao de
repeticao, o que e uma situacao muito mais particular.
Abaixo, indicamos uma referencia para estudos futuros, para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 4
Representao Decimal dos Reais
Semana 11/04 a 17/04
Para
= a0 , a1 a1 . . . an . . . ,
> 0 e a1 , a2 , . . . , an , . . . so dgitos, isto
, nmeros inteiros tais que 0 6 an 6 9. Para cada n N, tem-se
um dgito an , chamado o n-simo dgito da expresso decimal . O
nmero natural a0 chama-se a parte inteira de .
onde
a0
um nmero inteiro
MA11 - Unidade 4
56
Mas de que forma uma sequncia de dgitos, precedida de um nmero inteiro, representa um nmero real? A resposta : a expresso
decimal
()
= a0 +
a1
a2
an
+ 2 + + n +
10 10
10
para
Na prtica, no se
a1
an
+ + n . (n = 0, 1, 2, . . .).
10
10
por n , o erro cometido no superior
n = a0 +
Quando se substitui
1
= 10n .
10n
Assim,
a0
tal que
a0 +
a2
, a1
maior dgito
a1
6
10
a0 +
a2
a1
+ 2 6 , etc.
10 10
0 6 1 6 2 6 6 n 6
. Mais
n = 0, 1, 2, 3, 4, . . .
0 6 n 6 10
o nmero real
para cada
n, todos os dgitos
= a0 , a1 a2 , . . . , an 000 . . .
Ento
= a0 +
a1
an
+ + n
10
10
MA11 - Unidade 4
13, 42800 . . . = 13 +
4
2
8
13428
+
+
=
.
10 100 1000
1000
= a0 , a1 a2 . . . an . . .
nal, desde que seja peridica. Comecemos com o caso mais simples,
que tambm o mais intrigante. Trata-se da expresso decimal, ou
seja, do nmero real
= 0, 999 . . . =
9
9
9
+
+
+
10 100 1000
n = 0, 99 . . . 99 so
tm 1 como limite.
A igualdade que
1 = 0, 999 . . .
1,
ou seja,
1.
0, 999 . . . =
9
9
9
+
+ n + = 1
10 100 10
0, 111 . . . =
1
1
1
1
+
+ + n + = .
10 100
10
9
0, aaa . . . =
a,
tem-se
a
a
a
a
+
+ + n + = .
10 100
10
9
Por exemplo,
7
0, 777 . . . = .
9
Podemos ir mais alm. Observando que
9
99
9
9
99
9
+
=
,
+
=
, etc.,
10 100
100 1000 10000
10000
Obtemos:
9
9 9
9
+
+
+
+
1=
10 102
103 104
99
99
=
+
+
100 1002
1
1
= 99
+
+ ,
100 1002
logo
1
1
1
1
+
+
+ = .
2
3
100 100
100
99
Dai resulta, por exemplo, que
37
37
37
+
+
+
2
100 100
1003
1
1
= 37
+
+
100 1002
37
= .
99
0, 3737 . . . =
MA11 - Unidade 4
0, 777 . . .
0, 373737 . . .
7 e 37 respectivamente.
O raciocnio acima se aplica em geral e nos permite concluir que
toda dzima peridica simples representa um nmero racional, que
se chama sua
A geratriz de uma dzima peridica simples uma frao cujo numerador o perodo e cujo denominador o nmero formado por
tantos noves quantos so os algarismos do perodo.
Por exemplo,
0, 521521521 . . . =
521
.
999
= 0, 35172172 . . .
172
35 999 + 172
=
=
999
999
35(1000 1) + 172
35000 + 172 35
35172 35
=
=
=
999
999
999
Portanto
35172 35
.
99900
A geratriz de uma dzima peridica composta a frao cujo numerador igual parte no-peridica (35) seguida de um perodo (172)
menos a parte no-peridica e cujo denominador formado por tantos
noves quantos so os algarismos do perodo, seguidos de tantos zeros
quantos so os algarismos da parte no-peridica .
Em suma, expresses decimais peridicas (simples ou compostas)
representam nmeros racionais.
Reciprocamente, todo nmero racional representado por uma
expresso decimal nita (que acaba em zeros) ou peridica, como
mostraremos a seguir.
A rigor, uma expresso decimal nita, como 0,35000 . . . peridica, com perodo 0, mas costume separar este caso, por ser muito
particular.
Para obter a expresso decimal do nmero racional
"diviso continuada"de
por
q,
p/q ,
faz-se a
140 |27
050
14
= 0, 518518 . . .
27
0, 518
230
140
. . . , q 1,
aps no mximo
0, 1, 2, . . .
MA11 - Unidade 4
p/q
= 3, 14159265...
estamos
dizendo que
3 < < 4,
3, 1 < < 3, 2,
3, 14 < < 3, 15
etc
nmero real,
0 6 an 6 8 ento as expresses
decimais
a0 , a1 . . . an 999 . . .
e a0 , a1 . . . (an + 1)000 . . .
1 Meu Professor de Matemtica e outras Histrias - E.L. Lima. Coleo Professor de Matemtica. SBM
3, 275999 . . . = 3, 276000 . . .
e
0, 999 . . . = 1, 000 . . .
A armao (um tanto imprecisa) de que uma correspondncia
quase injetiva no tem sentido algum em geral. No presente caso,
estamos querendo dizer que a situao acima descrita a nica em
que h quebra de injetividade. Isto pode ser provado mas no haveria
muita vantagem em faz-lo aqui.
Para obter uma correspondncia biunvoca entre as expresses decimais e os nmeros reais, basta descartar as que terminam por uma
sequncia de noves. Isto o que faremos de agora em diante.
= a0 , a1 a2 . . . e = b0 , b1 b2 . . . , para calcular + , ,
e / (se 6= 0) toma-se n N e, considerando-se os valores
aproximados n = a0 , a1 . . . an , n = b0 , b1 . . . bn , os nmeros racionais
n + n , n n , n n n /n so aproximaes para os resultados
que desejamos obter, tanto mais aproximados quanto maior for n.
Dados
MA11 - Unidade 4
10
so am-
bos innitos mas ele mostrou que no pode existir nenhuma funo
sobrejetiva
f : N R.
em
corresponder o prprio
que a cardinalidade de
n N
faz
f : N R,
funo
pertence imagem
f (N),
f (n) 6= y ,
que no
n N.
Qc
Q
R = Q Qc .
c
conjunto Q dos
mos de
Como
enumervel e
no , resulta da que o
11
Exerccios
1. Qual a aproximao de raiz cbica de 3 por falta com uma casa
decimal?
[0, n1 ]
. Existe um nmero
abertos?
m/n,
onde
so primos entre
si. Sob que condies este nmero admite uma representao decimal
nita? Quando a representao uma dzima peridica simples?
5. O nmero
0, 123456789101112131415 . . .
racional ou irracional?
MA 11 - Unidade 5
Atividade Especial
Semana de 18/04 a 24/04
Recomendac
oes gerais
Esta Unidade e dedicada `a reflexao por meio de uma lista de exerccios de certa forma, desafiadores
sobre os conceitos estudados ate o presente momento. O primeiro exerccio tem por objetivo mostrar
que nao se podem manipular somas infinitas, chamadas series, como se fossem meras somas finitas,
pois, ao fazer isto, somos facilmente conduzidos a paradoxos. Esses paradoxos em particular o
paradoxo do binomio, que sera apresentado no roteiro da Unidade 16 de MA12 foram explicados por
Gauss, o primeiro matematico a perceber que era necessario introduzir a nocao de convergencia de
series para manipular tais somas.
O segundo exerccio esta relacionado com a nocao de limite de sequencias, objetos que tambem
nao podem ser tratados com a algebra ordinaria sem que sua convergencia seja verificada a priori.
No caso das expansoes decimais dos numeros reais, e em particular dos numeros racionais, sabemos a
priori que as series sao convergentes (isto e, vale o axioma da completeza dos numeros reais, que foi
assumido tacitamente na Unidade 3) e, por isso, as operacoes que fazemos para achar geratrizes de
dzimas periodicas sao legtimas.
O Exerccio 3 propoe uma outra prova da incomensurabilidade do lado e da diagonal do quadrado,
de sabor mais geometrico do que a prova aritmetica do texto e, certamente, mais dentro do esprito
da geometria `a epoca de Euclides.
O Exerccio 4 nos ensina que nem todo corpo pode ser ordenado e que apenas munir um corpo de
uma relacao de ordem nao o faz automaticamente ser um corpo ordenado. De fato, ao contrario do
corpo dos numeros reais, o corpo dos numeros complexos nao pode ser ordenado por uma relacao de
ordem compatvel com a sua estrutura de corpo.
O Exerccio 5 pede para demonstrar a validez da regra (geralmente decorada) que permite achar a
geratriz de uma dzima periodica composta. Esta e uma boa aplicacao do uso da formula do limite de
uma soma de uma PG que se sabe ser a priori convergente.
O Exerccio 6 trata do calculo numerico aproximado de numeros irracionais que se expressam como
razes de numeros inteiros positivos. Calculo numerico (isto e, a determinacao de valores numericos
de expressoes ou de solucoes de equacoes por meio de aproximacoes cujos erros sao de alguma forma
controlados) e um assunto por si so muito importante, pois, na vida real, tudo e aproximado.
O Exerccio 8, ao propor o estudo de sistemas de numeracao diferentes do usual, tem por objetivo
mostrar que certas caractersticas da representacao dos numeros sao independentes da base escolhida
(isto e, sao intrnsecas, pois sao propriedades do proprio numero e nao apenas da representacao),
enquanto outras dependem da escolha da base (isto e, sao extrnsecas, pois sao apenas caractersticas
da representacao).
Finalmente, o Exerccio 9, um resultado de Cantor, vai nos mostrar que os numeros irracionais transcendentes (por exemplo, e e) sao (muito) mais numerosos do que os numeros irracionais algebricos
algo certamente inesperado. Lembre-se que encontram-se includos no conjunto dos numeros algebricos
todos aqueles que admitem expressao por meio de radicais. Voce poderia citar mais algum numero
irracional transcendente?.
MA11 - Unidade 5
Atividade Especial
Semana 18/04 a 24/04
Exerccios propostos
1. Na Unidade 3, observamos que representaes decimais para
nmeros reais correspondem a sries innitas. Como comentamos, uma srie no pode ser encarada simplesmente como uma
soma algbrica, mas sim, como o limite da sequncia dada por
suas somas parciais nitas. Pensar em uma srie como uma
soma algbrica pode conduzir a erros, como ilustra o seguinte
exemplo, bem conhecido.
+
X
(a) Considere a srie
(1)n . Esta srie converge ou diverge?
n=1
MA11 - Unidade 5
n
X
k=1
verge?
a1 = 2
an+1 = 21 (a2n + 1), n 1
Logo, lim an = 1.
Este argumento est correto? Justique sua resposta.
Atividade Especial
MA11 - Unidade 5
2, 3, 5, 3 2, 3 3 e 3 5.
7. Da mesma forma que expressamos um nmero real qualquer na
base 10, podemos encontrar expresses em relao a uma base
N, 2 qualquer. Dizemos que um nmero R,
positivo, est expresso na base se ele escrito na forma:
= a0 +
+
X
an n
n=1
Atividade Especial
(a) Em uma base qualquer, verdade que um nmero racional se, e somente se, admite representao nita ou peridica?
(b) Considere o nmero que possui uma expresso na base
dada por a0 = 0 e an = 1 n N. Que nmero esse?
8. (a) Mostre que um nmero racional, representado como frao
irredutvel por pq , admite expresso decimal nita se, e somente se, o denominador q no possui fatores primos diferentes de 2 ou 5.
(b) verdade que, se um nmero racional possui representao
decimal nita, ento ele ter representao nita em relao
a outra base qualquer?
(c) Generalize o fato demonstrado no item (a) para uma base
qualquer.
9. Chamemos de A o conjunto dos nmeros reais algbricos, isto ,
aqueles que so razes de polinmios com coecientes inteiros. O
objetivo deste exerccio mostrar que A enumervel.
(a) Para cada n N, considere Pn o conjunto dos polinmios
com coecientes inteiros e grau menor do que ou igual a n
(incluindo o polinmio nulo). Mostre que existe uma funo
bijetiva entre Pn e o produto cartesiano Zn+1 .
(b) Com base no item anterior, mostre que o conjunto Z[x], dos
polinmios com coecientes inteiros, enumervel.
(c) Para cada polinmio p Z[x], considere[
Rp o conjunto das
razes reais de p. Observando que A =
Rp , use o item
pZ[x]
MA11 - Unidade 5
MA 11 - Unidade 6
Desigualdades, Intervalos e Valor Absoluto
Semana de 25/04 a 01/05
Recomendac
oes gerais
Nesta secao, trataremos das principais nocoes que dependem da relacao de ordem do corpo dos
numeros reais: desigualdades, intervalos e valor absoluto. Estas nocoes estao relacionadas com alguns
topicos sobre os quais os alunos do ensino fundamental e do ensino medio, em geral, tem grandes
dificuldades: resolucao de inequacoes, funcoes e equacoes modulares. Para que possamos ajuda-los
a sanar tais dificuldades, a reflexao sobre alguns aspectos teoricos relacionados com essas ideias e
essencial.
Na secao 1. Desigualdades, preste bastante atencao nas propriedades (P1) e (P2), que definem
o conjunto R+ , dos numeros reais positivos (p. 2). O estabelecimento de um conjunto com essas
propriedades e uma das formas de dizer que R e um corpo ordenado, isto e, um corpo munido com
uma relacao de ordem compatvel com as operacoes algebricas, como foi observado na Unidade 3 (veja
tambem o exerccio 4 da Unidade 5). Certifique-se de compreender as demonstracoes das propriedades
basicas da relacao de ordem que se seguem (pp. 2-4) como observado na p. 4. Sao elas que garantem
a validez das ferramentas empregadas para resolver inequacoes em R.
comum que os estudantes,
Outra observacao importante diz respeito ao sinal menos (). E
especialmente no ensino fundamental, tendam a considerar que qualquer smbolo precedido do sinal de
menos representa necessariamente um numero negativo. Assim, e importante frisar que este sinal pode
ter o significado de um operador que, a cada numero real x, associa seu simetrico, isto e, seu inverso
em relacao `a operacao de adicao: o unico numero real x tal que x + (x) = 0.
Na comeco da secao 1. Intervalos, observe que uma caracterizacao comum aos nove tipos
diferentes de intervalos dados (p. 6) e a seguinte: x, y I , x < z < y z I. Isto e, um
intervalo pode ser caracterizado como um subconjunto I R tal que todo numero localizado entre
dois elementos de I e tambem um elemento de I. Assim, um intervalo e um subconjunto de R que
nao tem buracos, ou, em termos matematicos, um subconjunto conexo de R.
de fundamental importancia a observacao quanto ao fato do smbolo (empregado na notacao
E
de intervalos infinitos) nao representar um numero real (p. 6). Ao contrario, este smbolo representa
o fato de nao existir nenhum numero real que seja cota superior ou inferior (conforme o caso) para o
intervalo em questao, isto e, o fato deste nao ser limitado superiormente ou inferiormente (conforme o
caso). Esta discussao pode ser empregada para ajudar os alunos a superarem a ideia conceitualmente
incorreta de infinito como um numero muito grande (ja comentada no Roteiro 2).
Como observado nas pp. 6-7, a ideia de intervalo tambem nos permite discutir a importante pro comum encontrarmos em livros didaticos
priedade de densidade dos numeros racionais e irracionais. E
comentarios do tipo: entre dois numeros reais quaisquer, existe um numero racional e um numero irra consequencia imediata desta propriedade o fato de que, entre dois numeros reais quaisquer,
cional. E
existem infinitos numeros racionais e infinitos numeros irracionais. No entanto, esta conclusao nem
sempre e imediata para os alunos. Assim, vale a pena frisar de forma mais contundente a distribuicao
de numeros racionais e irracionais na reta real.
Leia com bastante atencao a Recomendacao na p. 7. Como ja observamos no Roteiro 3, em livros
didaticos do ensino fundamental e medio, os numeros reais sao quase sempre apresentados por meio de
construcoes em que se pressupoe a existencia do proprio objeto que esta sendo construdo. Estas construcoes sao nao so matematicamente inconsistentes, como tambem pedagogicamente inapropriadas.
O conceito de modulo, abordado na secao 3. Valor Absoluto, envolve comumente dificuldades
de compreensao por parte dos alunos, especialmente quando o problema exige separar em casos uma
expressao algebrica envolvendo modulos (veja os comentarios sobre exerccios recomendados, a seguir).
Assim, e importante ter clara a equivalencia entre as duas definicoes de valor absoluto dadas na p. 8,
bem como sua interpretacao como distancia ate a origem, que se generaliza na interpretacao de |x y|
como distancia entre coordenadas.
Finalmente, leia com atencao a secao 4. Sequ
encias e Progress
oes, e certifique-se de entender
a definicao de sequencia como funcao com domnio em N.
Exerccios recomendados
O exerccio 2 aponta um erro comum na resolucao de inequacoes por alunos no ensino medio. Muitos
erros em equacoes e inequacoes, especialmente naquelas que envolvem modulos, estao associados ao
emprego indevido das definicoes e propriedades discutidas nesta Unidade. Tambem e bastante comum
desenvolver uma expressao modular do tipo |x3| fazendo |x3| = x3 se x 0 ou |x3| = x3
se x < 0. Ao resolver os exerccios propostos, procure refletir sobre que estrategias voce adotaria para
ajudar seus alunos a entender e superar esses e outros erros comuns. No caso das equacoes e inequacoes
envolvendo modulo, a interpretacao geometrica pode contribuir muito, como propoe o exerccio 4.
Procure pensar com cuidado nas interpretacoes geometricas tambem ao resolver os exerccios 3 e 5. O
exerccio 6 discute um aspecto importante das aproximacoes decimais, pouco explorado na escola.
Abaixo, indicamos uma referencia de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao cobrados
nas avaliacoes unificadas.
[1] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 6
Desigualdades, Intervalos e Valor Absoluto
Semana 25/04 a 01/05
0.1
Desigualdades
A relao de desigualdade
x<y
todas
as propriedades
x > 0.
positivo, escreve-se
R+ .
MA11 - Unidade 6
Assim
R+ = {x R; x > 0}.
As propriedades bsicas dos nmeros positivos, das quais resulta
tudo o que se pode provar sobre desigualdades, so as seguintes:
P1) Dado o nmero real
mutuamente: ou
x,
positivo, ou
x=0
ou
positivo.
x + x = 0.
x < 0.
x < y
yx
x<y
um nmero positivo.
y > x) so:
1) Tricotomia : dados x, y R vale uma, e somente uma, das
alternativas seguintes: x < y , x = y ou y < x .
2) Transitividade : se x < y e y < z ento x < z .
3) Monotonicidade da adio : se x < y ento, para todo z R
tem-se x + z < y + z .
4) Monotonicidade da multiplicao : se x < y e z positivo ento
xz < yz .
(que tambm se escreve
yx
x < y)
ou zero (e ento
x = y)
y < x).
x<y
y < z ento y x e z y
(y x) + (z y) positiva, ou
zx
x < z.
x < y . Com
y x = (y + z) (x + z).
imediatamente da denio de
y x positivo.
Ora,
x < y ento
Logo x + z < y + z . H
efeito, se
x<y
x0 < y 0
ento
x + x0 < y + y 0 .
membro a membro
das
x < y
(y x)z > 0,
x < y
ou seja
logo
x, y, x0 , y 0
4') Sejam
nmeros positivos. Se
x<y
x0 < y 0
ento
xx < yy .
Para provar isto, multiplicamos ambos os membros da desigualdade
x<y
nmero positivo
vem
xx < yy
y,
obtendo
MA11 - Unidade 6
x, x0 , y
y0
x0
mas, como
x0 < y 0 ,
y 0 > 0.)
x 6= 0
ento
x2 > 0.
Com efeito, se
ainda por P2),
qualquer caso.
6) Se
0 < x < y
ento
= x ( x1 )2
x < y
1/y < 1/x .
nmero positivo
7) Se
1
x
x<y
1/xy
z
vem
negativo ento
, isto ,
xz > yz .
pelo
(Quando se multiplicam
y x e z positivo,
multiplicao vem xz yz > 0,
(y x)(z) > 0.
portanto xz > yz .
isto
Efetuando a
A resoluo de uma inequao com uma incgnita consiste na aplicao sucessiva das propriedades acima para simplic-la at chegar
a uma expresso nal do tipo
x<c
ou
x > c.
que a armao
x < y,
, pode ser
Numericamente :
x.
Sejam
x = a0 , a1 . . . an . . .
e y = b0 , b1 . . . bn . . .
x < y
a0 < b0 .
Certamente tem-se
x < y
quando
Como
a1 < b 1 .
Ou quando
a0 = b0 , a1 = b1
mas
a2 < b 2 .
a0 = b 0
E assim por
a0 < b0 ou ento
existe um inteiro k > 0 tal que a0 = b0 , a1 = b1 , . . . , ak1 = bk1
e ak < bk . Caso se tenha x 6 0 < y , a relao x < y automtica.
E, nalmente, se x e y forem ambos negativos, tem-se x < y se, e
somente se, o nmero positivo y for menor do que o nmero positivo
x segundo o critrio acima.
num dicionrio.
Tem-se
Algebricamente :
x < y
x<y
x<y
y = x + d.
tal que
d = yx
um nmero positivo.
x<y
MA11 - Unidade 6
0.2
Sejam
Intervalos
a, b
a 6 b.
Os nove subconjuntos de
intervalos :
(, b]
a = b,
b.
Os demais
o intervalo fechado
[a, b]
intervalo degenerado
e os
]a, b[
em vez de
(a, b)
e, analogamente
reais.
[a, b[,
etc.
no so nmeros
N, Z
Q)
os sub-
Se tivssemos de destacar um fato particularmente relevante a respeito de intervalos, provavelmente mencionaramos o seguinte:
R.
19.
a < b
b.
Recomendao 1.
como o conjunto
verdade que
MA11 - Unidade 6
0.3
O
Valor Absoluto
notao
|x|,
de um nmero real
x,
indicado pela
denido pondo-se
|x| =
x,
se
x>0
x,
se
x < 0.
| |.
mente raras) isto pode ser evitado usando-se esta outra caracterizao
de valor absoluto:
|x| =
x2 .
no-negativo
cujo quadrado
: para todo
a > 0,
a.
sobre o
Figura 1:
|x y| como a distncia, no
coordenadas x e y , permite que se possa
x=5
(se
estiver direita de 2) ou
x = 1
(se
estiver esquerda).
|x a| < ,
> 0, isto
signica que a distncia de x ao ponto a menor do que , logo x deve
estar entre a e a + . Portanto o conjunto {x R; |x a| < } o
intervalo aberto (a , a + ).
Se tivermos uma desigualdade, como
com
ou a
x.
|x|
10
MA11 - Unidade 6
0.4
Uma
Sequncias e Progresses
sequncia
N dos nmeros
em
R.
. Abre-
(xn ) , simplesmente. Isto signica que a sequncia dada a funo 1 7 x1 , 2 7 x2 , . . . , n 7 xn , . . ., a qual faz
corresponder a cada nmero natural n o nmero real xn , chamado o
n-simo termo da sequncia.
viadamente:
(xn )nN
(x1 , x2 , . . . , xn , . . .)
ou
progresso aritmtica
x1 , x2 , . . . , xn , . . .
onde cada termo, a partir do segundo, a soma
termo anterior mais uma constante
xn+1 = xn + r
r, chamada a razo
do
da progresso.
aritm-
x2 = x1 + r, x3 = x2 + r = x1 + 2r, x4 = x1 + 3r, . . .
e, em geral,
xn+1 = x1 + nr
para todo
n N.
A razo de uma progresso aritmtica pode ser um nmero positivo, negativo ou igual a zero.
crescente,
isto ,
m < n xm < xn .
m < n xn < x m .
(xn )
decrescente,
isto ,
11
lista )
x1 , x1 , x1 , . . ..
Uma
sequncia nita
(ou uma
In = {1, 2, . . . , n}.
Ela
(x1 , x2 )
par ordenado.
(x1 , . . . , xn )
tal que
Uma
nita
Uma
progresso geomtrica
uma sequncia
x1 , x2 , . . . , xn , . . .
onde cada termo, a partir do segundo, o produto
anterior por uma constante
r, chamada a razo
xn+1 = xn r
do
da progresso. Tem-se
portanto:
x2 = x1 r,
A igualdade
x 3 = x2 r = x1 r 2 , . . . ,
em geral,
xn+1 = xn r
(1 r)(1 + r + + rn1 ) = 1 rn
, de vericao
1, r, r2 , . . . , rn
dada por
1 + r + r2 + + rn =
1 rn1
1r
se
r 6= 1
x1 , x2 , . . . , xn ,
de razo
r 6= 1,
tem-se
x1 + x2 + . . . + xn = x1 (1 + r + + rn1 ) = x1
1 rn1
x1 xn r
=
1r
1r
tradicional e conveniente escrever P.A. e P.G. em vez de progresso aritmtica e progresso geomtrica, respectivamente.
12
MA11 - Unidade 6
Exerccios
1.
Dados os intervalos
(1, 2]
E = (0, 2]
dizer
reto:
(a)
(b)
3. Sejam
5x + 3
>2
2x + 1
5x + 3 > 4x + 2
2x2 + x
<2
x2 + 1
a, b, c, d > 0
tais que
a
c
<
b
d
x > 1
x<2
. Mostre que
a
a+c
c
<
< .
b
b+d
d
Interprete este resultado no caso em que
a, b , c
so inteiros posi-
4.
|x 1| = 4
b) |x + 1| < 2
a)
13
|x 1| < |x 5|
d) |x 2| + |x + 4| = 8
e) |x 2| + |x + 4| = 1
c)
5. Sejam
a + b 2
2
<
a2 + b 2
.
2
x, y satisfazem as desigualdades
1, 4587 < x < 1, 4588 e 0, 1134 < y < 0, 1135, tm-se os valores exatos
de x e y at milsimos. Que grau de preciso, a partir da, podemos
ter para o valor de xy ? Determine esse valor aproximado. Como
procederamos para obter um valor aproximado de x/y ? Qual o grau
6.
MA 11 - Unidade 7
Gr
aficos e Func
ao Afim
Semana de 25/04 a 01/05
Recomendac
oes gerais
A partir desta unidade, passaremos a tratar das principais classes de funcoes reais abordadas na
escola: polinomiais, exponenciais, logartmicas, trigonometricas. Nesta unidade, trataremos das ideias
basicas necessarias para o estudo de graficos de funcoes reais (produto cartesiano, pares ordenados,
etc.) e introduziremos o estudo de funcoes polinomiais do primeiro grau.
Ao ler a secao 0. Produto Cartesiano, observe a diferenca conceitual entre par ordenado e conjunto com dois elementos (p. 2) da a razao do termo ordenado. Observe tambem os diferentes
exemplos de produtos cartesianos (pp. 2-4), diferentes do R2 , que e o mais explorado na escola basica
e que sera estudado em maiores detalhes na secao seguinte. Como comentado na p. 5, qualquer
subconjunto do produto cartesiano X Y pode ser visto como o grafico de uma relacao binaria R
entre os conjuntos X e Y . As condicoes (G1 e G2) para que um subconjunto de X Y seja grafico
de funcao sao dadas na p. 4. Essas condicoes serao interpretadas para o caso particular do R2 na p.
11.
A secao 1. O Plano Num
erico R2 trata especificamente deste produto cartesiano, que e o mais
importante para a educacao basica. A correspondencia biunvoca f : R2 (p. 7) estabelece o
princpio fundamental da localizacao de pontos no plano por meio de pares ordenados de numeros reais,
chamados de coordenadas cartesianas (abscissa e ordenada): cada ponto P e representado por um
unico par ordenado (x, y) R2 e, reciprocamente, cada par ordenado (x, y) R2 representa um unico
ponto P . Este princpio fundamental e base da localizacao sem ambiguidades de pontos no plano
cartesiano e, portanto, a sua compreensao adequada e condicao indispensavel para a continuidade dos
estudos de diversos topicos de matematica: equacoes, funcoes, geometria analtica, algebra vetorial
e, futuramente, calculo diferencial e integral. Para ajuda-los a entender bem esta ideia, voce podera
empregar uma comparacao com outros exemplos de sistemas de localizacao sem ambiguidades, tais
como o sistema de latitudes e longitudes no mapa do planeta ou os assentos em um cinema ou teatro,
em geral identificados por numeros e letras. Este princpio fundamental, por meio do qual identificamos
pontos do plano com suas coordenadas, permite ainda que identifiquemos conjuntos de pontos do plano
por meio de condicoes algebricas entre duas coordenadas (de forma geral, igualdades, desigualdades,
ou sistemas de igualdades e desigualdades). Embora este fato possa parecer bastante basico, pode
ser fonte de dificuldades para os alunos. Nao e incomum que eles memorizem certos procedimentos
especficos para esboco de tipos de graficos de funcoes e outras curvas (tais como retas, parabolas ou
crculos), sem entender no entanto que a curva esbocada corresponde ao conjunto dos pontos do plano
cujas coordenadas satisfazem `a condicao algebrica dada. Assim, este ponto merece enfase especial na
abordagem. Ainda na secao 1, certifique-se de entender bem a deducao da equacao do crculo (pp.
9-10). Esta decorre da formula para distancia entre dois pontos no plano, que, por sua vez, e uma
aplicacao direta do Teorema de Pitagoras.
Na secao 2. A Func
ao Afim, comecamos a estudar esta classe de funcoes reais, que sao as
mais simples e estao entre as mais importantes em matematica. Em Calculo Diferencial, as funcoes
lineares sao empregadas para aproximar funcoes quaisquer e, por meio dessas aproximacoes, descobrir
propriedades qualitativas das funcoes que seriam difceis de ser obtidas diretamente. Esta e uma tecnica
mais geral, presente em muitas areas mais avancadas da matematica: aproximacoes de objetos nao
lineares por objetos lineares fornecem informacoes qualitativas importantes dos objetos nao lineares.
Tenha certeza de entender bem a prova de que o grafico de toda funcao f : R R na forma
f (x) = a x + b, com a, b R, e uma reta (pp. 14-15). Embora esta demonstracao nao seja difcil, ela
e muitas vezes ignorada nos livros didaticos, e este fato e apresentado como dado. Note que este fato
nao e parte da definicao de funcao afim, e sim, um teorema, que, como tal, deve ser demonstrado.
Preste bastante atencao tambem no significado do coeficiente angular a e sua interpretacao geometrica.
Exerccios recomendados
Os exerccios propostos nesta Unidade apresentam diversas aplicacoes de funcoes afins, em situacoes
cotidianas, em outras areas e na propria matematica. Alem desses, sugerimos que voce resolva os
exerccios a seguir.
1. Esboce os seguintes subconjuntos de R2 .
(a) D = {(x, y) R2 | x y = 0}
(b) D = {(x, y) R2 | x y > 0}
(c) D = (x, y) R2 | x 3 ou y < 32
(d) D = {(x, y) R2 | |x| < 1 e |y| < 3}
(e) D = {(x, y) R2 | |x| < 1 ou x2 + y 2 < 4}
(f) D = {(x, y) R2 | x > 2 e x2 + y 2 1}
(g) D = {(x, y) R2 | 2x y = 1 e |x| 1}
(h) D = {(x, y) R2 | x2 + y 2 1 e (x 1)2 + y 2 1}
(i) D = {(x, y) R2 | x < y e x2 + y 2 1}
2. Note que as definicoes de funcao crescente, decrescente, nao-decrescente e nao-crescente enunciadas na p. 14 sao gerais, isto e, se aplicam a quaisquer funcoes f : X R R (e nao
somente `as funcoes afins). No caso de uma funcao nao ser monotona no domnio como um
todo, podemos ainda enunciar definicoes analogas para restricoes a subconjuntos do domnio.
Por exemplo:
Seja A X. Dizemos que f e crescente em A se x1 , x2 A , x1 < x2 f (x1 ) < f (x2 )
De acordo com a definicao enunciada acima, determine se as afirmacoes abaixo sao verdadeiras
ou falsas. Justifique suas respostas.
(a) Se f e crescente em X, entao f e crescente em A A X.
(b) Se f e crescente em A X e em B X, entao f e crescente em A B.
(c) Se f e crescente em A X e em B X, entao f e crescente em A B.
Abaixo, indicamos uma referencia de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao cobrados
nas avaliacoes unificadas.
[1] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 7
Grcos e Funo Am
Semana 25/04 a 01/05
X R
e cujos
MA11 - Unidade 7
0 Produto Cartesiano
par ordenado p = (x, y) formado por um objeto x, chamado
a primeira coordenada de p e um objeto y , chamado a segunda coordenada de p. Dois pares ordenados p = (x, y) e q = (u, v) sero
Um
x = u
y = v,
(x, x),
no qual a primeira
p = (x, y)
{x, y} = {y, x}
O par ordenado
{x, y}
porque
quando
(x, y) = (y, x)
somente
x = y.
produto cartesiano X Y
X e Y o conjunto
X Y formado por todos os pares ordenados (x, y) cuja primeira
coordenada x pertence a X e cuja segunda coordenada y pertence a
Y . Simbolicamente:
O
de dois conjuntos
X Y = {(x, y); x X, y Y }.
X = {x1 , . . . , xm } e Y = {y1 , . . . , yp } so conjuntos nitos
com m e p elementos respectivamente, ento o produto cartesiano
X Y nito e possui mp elementos. Noutras palavras, n(X Y ) =
n(X) n(Y ). A melhor maneira de enxergar isto pensar no produto
cartesiano X Y como um quadro retangular
Se
Exemplo 1. Sejam
siano
AB CD
AB
CD
elementos.
AB
CD
mento
mente.
Figura 1:
Exemplo 2.
siano
AB
AB
MA11 - Unidade 7
Figura 2:
(x, y)
AB
perpendicular ao plano de
do produto cartesiano
AB
representado
y.
grco
f : X Y
G(f ) do
produto cartesiano X Y formado por todos os pares ordenados (x, y),
onde x um ponto qualquer de X e y = f (x). Assim,
O
de uma funo
o subconjunto
f :XY
G X Y
G cumpra as seguintes
condies:
Para todo
claro que estas condies podem ser resumidas numa s, dizendose que para cada
x X
y Y
tal que
(x, y) G.
O produto cartesiano
X Y
relao
e elementos do conjunto
(binria)
uma
xX
dos
y Y,
se
segundo
R.
xRy .
xReyR
y x > 0 . Trata-se aqui de uma relao entre R e R. Para outro
exemplo, consideramos o conjunto D de todas as retas e o conjunto P
de todos os planos do espao. O paralelismo entre uma reta r e um
plano uma relao entre elementos de D e elementos de P que se
escreve r|| e signica que a reta r e o plano no tm elementos em
reais. A condio que nos permite escrever
x < y,
com
comum.
Um exemplo particularmente importante de relao a relao
funcional. Ela ocorre quando se tem uma funo
xX
y = f (x).
grco
de uma relao
G(R) do
que xRy .
xf y
y = f (x).
f : X Y.
entre os conjuntos
X Y formado pelos
G(R) = {(x, y) X Y ; xRy}.
Diz-se
yY
como se
o subcon-
(x, y)
junto
produto cartesiano
pares
tais
Assim,
Esta noo
Recomendao 1.
MA11 - Unidade 7
XY
do produto cartesiano
enunciadas.
f :XY
como um subconjunto
esttica e no transmitir a ideia intuitiva de funo como correspondncia, transformao, dependncia (uma grandeza funo de outra)
ou resultado de um movimento. Quem pensaria numa rotao como
um conjunto de pares ordenados? Os matemticos e (principalmente)
os usurios da Matemtica olham para uma funo como uma correspondncia, no como um conjunto de pares ordenados.
Poder-se-ia
talvez abrir uma exceo para os lgicos, quando querem mostrar que
todas as noes matemticas se reduzem, em ltima anlise, ideia
pura de conjunto. Mas certamente este no o caso aqui. Se denimos
funo?
Em suma, a terminologia que consideramos adequada a seguinte:
um subconjunto qualquer de
para
Y.
XY
grco
de uma relao de
estipuladas, ele o
grco
de uma funo.
1 O Plano Numrico R2
R2 = R R
(x, y)
de nmeros reais.
um ponto
de
R2
do plano
(x
= abcissa,
O,
chamado a
origem
OX
OY ,
que se intersectam
do sistema de coordenadas.
Figura 3:
Dado o ponto
P ,
abcissa
do p da perpendicular baixada de
ordenada
P
de
sobre o eixo
do ponto
OY
a coordenada
OY .
de
x,
OX ,
o nmero
sobre o eixo
coordenada
enquanto a
do p da perpendicular baixada de
(x, y)
o par de
OXY .
coordenadas
Os eixos
quadrantes,
OX
carac-
No primeiro
MA11 - Unidade 7
R2
o modelo geomtrico de
R2 como um
elementos P = (x, y)
pontos
der, a seguinte: se
distncia do ponto
Figura 4:
(paralelo ao eixo
S = (u, y).
OX ).
Analogamente,
QS
PS
horizontal
vertical (paralelo a
OY ).
Portanto o segmento
cujos catetos
d(P, Q) =
p
(x u)2 + (y v)2 .
P = (x, y)
origem
O = (0, 0)
igual a
p
x2 + y 2 .
A = (a, b)
e o raio o nmero real r > 0 ento, por denio, um ponto P = (x, y)
pertence a C se, e somente se, d(A, P ) = r . Pela frmula da distncia
o ponto
(x a)2 + (y b)2 = r2
a equao da circunferncia de centro no ponto
A = (a, b)
e raio
r.
10
MA11 - Unidade 7
Figura 5:
P = (x, y)
6r
. Portanto
crculo
(Euclides j o fazia.
tringulo, quadrado, etc. tambm tm duplo sentido.) Mas necessrio explicar o que se est querendo dizer, para evitar mal-entendidos.
O grco de uma funo real de varivel real
subconjunto do plano numrico
f : X R
um
menos nos casos mais simples) como uma linha, formada pelos pontos
de coordenadas
Exemplo 4.
(x, f (x)),
quando
varia no conjunto
X.
11
da funo
f (x) =
C+ ,
y>0
a semi-circunferncia
situada no semi-plano
f : [1, 1] R,
dada por
1 x2 ,
de centro na origem
= (0, 0)
e raio 1,
Figura 6:
Com efeito,
(x, y) G 1 6 x 6 1 e y =
1 x2
1 6 x 6 1, y > 0 e y 2 = 1 x2
y > 0 e x2 + y 2 = 1
(1)
(x, y) C+ .
No caso de funes reais de uma varivel real, as condies G1 e
G2 adquirem uma forma mais geomtrica e so resumidas assim:
Seja
X R
G R2
12
MA11 - Unidade 7
(x, y)
de
c 6= 0,
consideremos o conjunto
tais que
xy = c.
G,
Simbolicamente,
G = {(x, y) R2 ; xy = c}.
O conjunto
hiprbole equiltera.
A gura
Figura 7:
13
2 A Funo Am
Uma funo
a, b R
tais
existem constantes
Exemplo 6. A
ans as funes
f : R R
f (x1 ) = ax1 + b
e
f (x2 ) = ax2 + b,
obtemos
f (x2 ) f (x1 )
.
x2 x1
Dados x, x + h R, com h 6= 0, o nmero a = [f (x + h) f (x)]/h
chama-se a taxa de crescimento (ou taxa de variao) da funo f no
intervalo de extremos x, x + h.
a=
14
MA11 - Unidade 7
f : X R, com X R, chama-se:
crescente quando x1 < x2 f (x1 ) < f (x2 );
decrescente quando x1 < x2 f (x1 ) > f (x2 );
montona no-decrescente quando x1 < x2 f (x1 ) 6 f (x2 );
montona no-crescente quando x1 < x2 f (x1 ) > f (x2 ).
Em qualquer dos quatro casos, f diz-se montona. Nos dois primeiros (f crescente ou f decrescente) diz-se que f estritamente montona. Nestes dois casos, f uma funo injetiva.
Lembremos que uma funo
Recomendao 3.
dois ltimos.
a)
a = 0.
Exemplo 7.
positiva,
f : x 7 ax + b,
onde
a distncia percorrida
a chamada
15
P3 = (x3 , ax3 + b)
desse grco so colineares. Para que isto ocorra, necessrio e suciente que o maior dos trs nmeros
d(P1 , P2 ), d(P2 , P3 )
d(P1 , P3 )
seja igual soma dos outros dois. Ora, podemos sempre supor que as
abcissas
x1 , x2
x3
x1 < x2 < x3
. A
p
(x2 x1 )2 + a2 (x2 x1 )2
= (x2 x1 ) 1 + a2 ,
d(P1 , P2 ) =
d(P2 , P3 ) = (x3 x2 ) 1 + a2
e
d(P1 , P3 ) = (x3 x1 ) 1 + a2
chama-se
a < 0,
a reta descendente.
f : X Y,
MA11 - Unidade 7
16
Figura 8:
f : R R,
co uma linha reta e como uma reta ca inteiramente determinada
quando se conhecem dois de seus pontos, resulta que basta conhecer
os valores
dois
inteiramente determinada.
f : R R
f (x1 ) = y1 ,
f (x2 ) = y2 com x1 6= x2 , queremos determinar os coecientes a e b de
modo que se tenha f (x) = ax + b para todo x R. Isto corresponde
Na prtica, sabendo que
am e que
a resolver o sistema
ax1 + b = y1
ax2 + b = y2 ,
no qual as incgnitas so
a=
y2 y1
,
x2 x1
b=
x2 y1 x1 y2
.
x2 x1
17
x2 x1
x1 6= x2
para
denominador na soluo.]
O argumento acima provou que
OY .
Reciprocamente:
(x1 , y1 )
P1 =
P2 = (x2 , y2 ) na reta r. Como r no vertical, temos necessariamente x1 6= x2 , logo existe uma funo am f : R R tal que
f (x1 ) = y1 e f (x2 ) = y2 . O grco de f uma reta que passa pelos
pontos P1 e P2 logo essa reta coincide com r . Se f (x) = ax + b, diz-se
que y = ax + b a equao da reta r . Se a reta r o grco da funo
am f , dada por f (x) = ax + b, o coeciente
e
a=
onde
(x1 , y1 )
(x2 , y2 )
y2 y1
,
x2 x1
r,
tem
. A esse nmero
OX
r,
com a reta
r.
Estas interpretaes nos levam a concluir imediatamente que a
equao da reta que passa pelos pontos
na mesma vertical
MA11 - Unidade 7
18
y = y1 +
y2 y1
(x x1 )
x2 x1
y = y2 +
y2 y1
(x x2 ).
x2 x1
ou
variar, a ordenada
(x1 , y1 )
e caminharmos sobre a
y2 y1
.
x2 x1
(x2 , y2 )
pelo ponto
(x0 , y0 )
e tem inclinao
y = y0 + a(x x0 ).
Se a funo am
dada por
f (x) = ax + b,
no adequado
de
, o ngulo que ele faz com o eixo horizontal depende das unidades
x e f (x).
19
O que possui
a 6= 0, a expresso f (x) = ax + b um
do segundo grau.
Exerccios
1. Quando dobra o percurso em uma corrida de txi, o custo da nova
ao ponto assinalado.
Figura 9:
20
MA11 - Unidade 7
3. A escala
18
100
43
4. Uma caixa d'gua de 1000 litros tem um furo no fundo por onde
escoa gua a uma vazo constante. Ao meio dia de certo dia ela foi
cheia e, s 6 da tarde desse dia, s tinha 850 litros.
Quando car
pela metade?
5.
Se ele fez
utilizou?
Figura 10:
21
de dias
operrios, do comprimento
do muro e do nmero
de
de horas tra-
(Gases perfeitos).
(Resistncia eltrica) .
(Dilatao trmica).
so inversamente proporcionais. Se
. . . , f (n)
a1 , a2 , . . . , an
sofre
f (1), f (2), . . .
22
MA11 - Unidade 7
ai
f,
pelo eixo
OX
x=i
1
e
2
x=i+
1
2
Figura 11:
MA 11 - Unidade 8
Func
ao Linear
Semana de 02/05 a 08/05
Recomendac
oes gerais
Em continuidade `a Unidade anterior, agora passaremos a aprofundar nosso estudo sobre funcoes
lineares e funcoes afins. Na secao 1. A Func
ao Linear (pp. 1-8), funcoes lineares sao apresentadas
como modelos matematicos para proporcionalidade (p. 1). Por incrvel que possa parecer, esta ligacao
basica entre dois conceitos matematicos tao importantes e, na maior parte das vezes, negligenciada nos
livros didaticos. O estudo de proporcionalidade e as funcoes lineares sao, em geral, tratados em captulos
separados, ate mesmo em anos distintos, sem que nenhuma relacao seja explicitamente apontada.
Como ocorre em muitas outras situacoes, a abordagem da nocao de proporcionalidade representa
uma importante oportunidade para estabelecer relacoes entre diferentes campos da matematica, como
aritmetica, geometria e funcoes. A compreensao inadequada da nocao de proporcionalidade pode levar
`a sua generalizacao indevida pelos alunos, considerando uma proporcionalidade qualquer situacao em
que o crescimento da primeira implica no crescimento da segunda. Por exemplo, nao e incomum a
verdade que, quanto maior
afirmacao de que a area de um quadrado e proporcional ao seu lado. E
for o lado de um quadrado, maior sera a sua area; porem, isto nao significa que estas grandezas sejam
proporcionais. De fato, se x R+ representa o lado de um quadrado, a area nao pode ser expressa
por uma funcao f : R+ R+ na forma f (x) = a x, com a R.
Procure refletir sobre esta questao ao estudar a primeira secao da Unidade. Na p. 2, observe como a
definicao de proporcao enunciada estabelece uma relacao de dependencia funcional entre as grandezas.
Certifique-se de entender bem as provas de que toda funcao com a propriedade de proporcionalidade
direta e da forma f (x) = a x, e de que toda funcao com a propriedade de proporcionalidade inversa e da
a
forma f (x) = (em que a = f (1), em ambos os casos). Na demonstracao do Teorema Fundamental
x
da Proporcionalidade (pp. 4-5), atente para a importancia da hipotese de monotonicidade para a
generalizacao do argumento no caso em que x e um numero irracional.
Na secao 2. Caracterizac
ao da Func
ao Afim (pp. 8-13), tambem sao discutidos alguns aspectos
importantes e pouco explorados na escola. Em geral, funcoes afins sao abordadas simplesmente com
base na sua expressao algebrica y = ax + b, mas pouca enfase e dada `a caracterizacao fundamental de
funcoes afins como aquelas em que acrescimos iguais na variavel independente implicam em acrescimos
iguais na variavel dependente (pp. 8-11). Esta caracterizacao permite que os alunos compreendam
mais claramente o comportamento qualitativo desta classe de funcoes. Alem disso, e muito importante
a relacao entre funcoes afins e progressoes aritmeticas, discutida nas pp. 11-13. Este e mais um
exemplo de conceitos que apresentam relacoes fundamentais entre si, mas que sao apresentados de
forma estanque nos livros didaticos.
Na secao 3. Func
oes Poligonais, e apresentada uma classe de exemplos de funcoes que, embora
acessveis, sao pouco exploradas no Ensino Medio.
Exerccios recomendados
Dentre os exerccios propostos para esta Unidade, recomendamos que voce resolva prioritariamente
os seguintes. No ensino de funcoes, os problemas sao, em geral, resolvidos por meio de processos
puramente algebricos, e representacoes graficas tem pouca enfase. Por isso, recomendamos que voce
resolva o exerccio 9 com base no grafico dado, sem obter a formula algebrica da funcao f . Representacoes graficas tambem podem ajudar a resolver os exerccios 10, 12, 13 e 14. Ao resolver o exerccio
11, procure refletir sobre erros comuns cometidos pelos alunos ao resolver este tipo de inequacao. O
exerccio 22 explora a relacao fundamental entre funcoes afins e progressoes aritmeticas. O exerccio
25 pode ajudar a compreender melhor esta relacao. Alem dos indicados acima, os exerccios 1 a 8 e 15
a 19 apresentam aplicacoes a situacoes concretas. Destes, recomendamos que resolva prioritariamente
os exerccios 7, 8, 15, 16, 17 e 18.
Abaixo, indicamos algumas referencias de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 8
Funo Linear
Semana 02/05 a 08/05
1 A Funo Linear
A funo linear, dada pela frmula
para os problemas de proporcionalidade. A proporcionalidade , provavelmente, a noo matemtica mais difundida na cultura de todos
os povos e seu uso universal data de milnios.
Sem ir to longe, vejamos como este assunto era tratado em nosso
pas pelas geraes que nos antecederam. Para isto, vamos consultar
um compndio antigo e muito bem conceituado, sem dvida o texto
matemtico de mais longa utilizao no Brasil. Trata-se da
Aritm-
MA11 - Unidade 8
Diz-se que duas grandezas so proporcionais quando elas se correspondem de tal modo que, multiplicando-se uma quantidade de uma delas
por um nmero, a quantidade correspondente da outra ca multiplicada ou dividida pelo mesmo nmero. No primeiro caso, a proporcionalidade se chama direta e, no segundo, inversa; as grandezas se
dizem diretamente proporcionais ou inversamente proporcionais.
Substituindo as grandezas de Trajano por suas medidas, que so
nmeros reais, podemos traduzir o que est dito acima para nossa
linguagem atual, da seguinte forma:
x, y e a correspondncia
f : R R tal que y = f (x).
reais
f (cx) = c f (x) para todo c e todo x ento, escrevendo a = f (1) , tem-se f (c) = f (c 1) = c f (1) = ca, ou seja,
f (c) = ac para todo c R. Numa notao mais adequada, temos
f (x) = ax para todo x R, logo f uma funo linear.
claro que se
y
a
x.
para
quer
Funo Linear
x R ,
tem-se
f (x) = a/x,
onde a constante
f (1).
Fixaremos nossa ateno na proporcionalidade direta, que chamaremos apenas de proporcionalidade.
Na prtica, h situaes em que a frmula
y = ax,
que caracteriza
est clara e, s vezes, nem mesmo tem relevncia alguma para o problema. Um exemplo disso se tem nas aplicaes do teorema de Tales.
Naquele teorema, tem-se um tringulo
ABC
e uma correspondn-
no caso.
Figura 1:
MA11 - Unidade 8
y = f (x)
x 7 y
uma proporcionalidade?
de constatar na prtica).
O teorema abaixo a chave para determinar, em todas as situaes, se uma dada funo ou no linear.
Provaremos as implicaes
Funo Linear
logo
m
f (x) = r f (x).
n
Seja a = f (1) . Como f (0) = f (0 0) = 0 f (0) = 0, a monotonicidade de f nos d a = f (1) > f (0) = 0. Assim, a positivo. Alm
disso, temos f (r) = f (r 1) = r f (1) = r a = ar para todo r Q.
Mostremos agora que se tem f (x) = ax para todo x R.
Suponha, por absurdo, que exista algum nmero real x (necessariamente irracional) tal que f (x) 6= ax. Para xar ideias, admitamos
f (x) < ax. (O caso f (x) > ax seria tratado de modo anlogo.) Temos
f (rx) =
Tomemos um nmero
f (x)
< x.
a
racional r tal que
f (x)
< r < x.
a
Ento f (x) < ar < ax, ou seja, f (x) < f (r) < ax. Mas isto absurdo,
pois f crescente logo, como r < x, deveramos ter f (r) < f (x).
Esta contradio completa a prova de que (1) (2). As implicaes
(2) (3) e (3) (1) so bvias.
Em algumas situaes, o Teorema Fundamental da Proporcionalidade precisa ser aplicado a grandezas (como rea ou massa, por exemplo) cujas medidas so expressas apenas por nmeros positivos. Ento
temos uma funo crescente
f : R+ R+ ,
onde
R+ = {x R; x > 0}
MA11 - Unidade 8
a = f (1) > 0.
No caso de se supor
decrescente vale um
a < 0.
f :RR
saber se
Primeira: f
identicamente nula.)
f :R R
Exemplo 8.
para todo
xR
e todo
Se investirmos a quantia
x,
x.
n Z. No caso
para n N.
f (x).
Evidente-
x0 = nx
f (x)
x.
O Teo-
proporcional a
x.
f (x) = ax
a,
reais se
Funo Linear
Exemplo 9.
f (x)
x.
e base
x.
claro que
A = a U,
onde
U = 1 e A = a.
base x igual a ax.
rea. Portanto
altura
Observao:
fosse
fosse contnua.
racional ento
f (x) = ax
para todo
f (r) = ar
para
MA11 - Unidade 8
Figura 2:
imediata quando
rn ,
limite de
logo a continuidade de
nos
que este l-
f (x) = ax + b
to explcito.
Vejamos um caso diferente.
Funo Linear
O fato mais importante que ele percebeu foi que esses nmeros estavam igualmente espaados, isto , a distncia de cada um deles para
o seguinte era constante.
x1
y1 = f (x1 )
y2 = f (x2 )
a, b da funo am,
x2 .
x1 6= x2 tais
que os nmeros de sapato correspondentes, y1 = f (x1 ) e y2 = f (x2 ),
assinalados na escala, fossem inteiros. Tomou x1 = 20, x2 = 28 e viu
que f (x1 ) = 32, f (x2 ) = 42. A partir da, calculou os coecientes
a = (y1 y2 )/(x1 x2 ) e b = y1 ax1 chegando frmula
s marcava pontos e meios pontos, escolheu dois valores
f (x) =
5x + 28
,
4
MA11 - Unidade 8
10
do seguinte
(0) = 0.
: R R tambm
quaisquer h , k R temos
(h + k) = f (x + h + k) f (x)
= f ((x + k) + h) f (x + k) + f (x + k) f (x)
= (h) + (k).
Logo, pelo Teorema Fundamental da Proporcionalidade, pondo-se
a=
Observao.
f (x) = ax+b
f (x)
x.
Exemplo 10.
Funo Linear
11
f (t).
movimento uniforme
quando
uma funo
a posio inicial.
Observao.
f (t)
seja contnua.
f : R R incrivelmente
complicadas, para as quais vale a condio f (x+y) = f (x)+f (y) para
x, y R quaisquer mas f no da forma f (x) = ax.
progresso aritmtica
12
MA11 - Unidade 8
no depende de
i:
h = x2 x1 = x3 x2 = = xi+1 xi = .
f : R R uma funo am, digamos f (x) = ax + b, e
x1 , x2 , . . . , xi , . . . uma progresso aritmtica, ento os pontos yi =
f (xi ), i = 1, 2, . . . tambm esto igualmente espaados, isto , formam
Se
y1 , y2 , . . . , yi , . . .
1, 2, . . . , i, . . .,
as ordenadas
f : R R transforma
qualquer progresso aritmtica x1 , x2 , . . . , xi , . . . numa progresso aritmtica y1 = f (x1 ), y2 = f (x2 ), . . . , yi = f (xi ), . . . ento f uma funo
Reciprocamente, se uma funo montona
am.
Com efeito, neste caso a nova funo
g : R R,
denida por
Funo Linear
13
A razo desta
g(nx) =
n g(x). Finalmente, se n um inteiro negativo, temos n N logo
g(nx) = g(nx) = (n g(x)) = n g(x). Assim, vale g(nx) =
ng(x) para todo n Z e todo x R. Pelo Teorema Fundamental
da Proporcionalidade, segue-se que g linear: g(x) = ax, portanto,
pondo f (0) = b, temos f (x) = g(x) + f (0) = ax + b para todo x R,
primeiro termo, logo esta razo
g(x).
3 Funes Poligonais
As funes poligonais surgem naturalmente, tanto na vida cotidiana
(imposto de renda como funo da renda lquida, preo de uma mercadoria que oferece descontos crescentes quando aumenta a quantidade
comprada) como em diversas reas da Matemtica (Anlise, Clculo
Numrico, Equaes Diferenciais, Topologia).
f : R R, denida
algum c R.
f (x) = |x|.
Ou ento
f (x) = |x c|,
para
f (x) = |x + |
14
MA11 - Unidade 8
Figura 3:
ou
g(x) = |x | + |x |.
Figura 4:
Funo Linear
15
Exerccios
1.
Para uma
2.
3.
de sapatos.
4.
5.
16
MA11 - Unidade 8
6.
Quanto
7.
Um carro sai de
para
e outro de
para
A,
simultaneamente,
Completada a
viagem, cada um deles para por 10min e regressa, com a mesma velocidade da ida. Na volta, cruzam-se em um ponto situado a 400m do
outro ponto de partida. Qual a distncia de
8.
at
B?
no mesmo sentido que ele e com 23 trens que iam no sentido oposto ao
seu, a includos os 4 trens j citados anteriormente. As velocidades
dos trens so iguais. Calcule as velocidades dos trens e do pedestre.
9.
grco da funo
tal que:
f,
Funo Linear
17
Figura 5:
g(x) = f (x) 1
b) g(x) = f (x 1)
c) g(x) = f (x)
d) g(x) = 2f (x)
e) g(x) = f (2x)
f ) g(x) = |f (x)|
g) g(x) = f (|x|)
h) g(x) = max{f (x), 0}
a)
10.
que satisfazem:
2x + 3 (x 1) < x + 1
b) 2x + 3 (x 1) < x + 5
c) min{x + 1; 5 x} > 2x 3
d) min{x + 1; 5 x} < 2x
e) min{2x 1; 6 x} = x
f ) 2|x + 1| |1 x| 6 x + 2
g) (2x + 3)(1 x) = (2x + 3)(x 2)
a)
MA11 - Unidade 8
18
h)
|x + 1 |x 1|| 6 2x 1
11.
Resolva a inequao
1
1
<
.
2x + 1
1x
12.
f : R R
tal que
f (x) =
max{x 1, 10 2x}.
13.
f (x) = min{4 x; x + 1}
b) f (x) = |x + 1| |x 1|
a)
14.
(x, y)
tais que:
|x| + |y| = 1
b) |x y| = 1
a)
15.
16.
Funo Linear
catra:
19
17.
Base de clculo
At R$900
Isento
De R$900 a R$1800
15%
R$135
Acima de R$1800
25%
R$315
18.
O imposto de renda
De 8800 a 17160
15%
De 17160 a 158450
26%
Mais de 158450
35%
20
MA11 - Unidade 8
a) Complete a tabela, de modo que o imposto a pagar varie continuamente com a renda (isto , no haja saltos ao se passar de uma faixa
de renda para outra).
b) Se uma pessoa est na terceira faixa e sua renda aumenta de R$
5.000,00, qual ser seu imposto adicional (supondo que este acrscimo
no acarrete uma mudana de faixa)?
c) comum encontrar pessoas que lamentam estar no incio de uma
faixa de taxao (que azar ter recebido este dinheiro a mais!). Este
tipo de reclamao procedente?
d) Os casais tm a alternativa de apresentar declarao em conjunto
ou separadamente. No primeiro caso, o cabea do casal pode efetuar
uma deduo de R$ 3.000,00 em sua renda lquida mas, em compensao, tem que acrescentar a renda do cnjuge. Em que casos
vantajosa a declarao em separado?
e) A tabela de taxao , s vezes, dada de uma outra forma, para
permitir o clculo do imposto atravs de uma expresso da forma
y = b(x q)
e depois se aplica a
x o percentual
19.
R$ 0,10
de 20 a 49
R$ 0,08
50 ou mais
R$ 0,06
Funo Linear
21
o custo de
20.
21.
Chama-se de
|x 2| = ax + b
em
b.
funo rampa
f : [a, b] R,
Figura 6:
Isto ,
vamente, os valores 0 e
D,
[a, c]
[d, b],
f (x) =
para todo
x [a, b],
[(d c) + |x c| + |x d|],
2
onde
D
dc
a inclinao da rampa.
b) Mostre que toda funo poligonal denida em um intervalo
[a, b]
MA11 - Unidade 8
22
pode ser expressa como uma soma de uma funo constante (que pode
ser vista como uma funo rampa de inclinao zero) com um nmero
nito de funes rampa. Escreva nesta forma a funo poligonal cujo
grco dado abaixo.
Figura 7:
[a, b]
f (x) = A + 1 |x a1 | + 2 |x a2 | + + n |x an |,
para todo
x [a, b],
onde
a1 , a2 , . . . , an
22.
Funo Linear
23
f :RR
tal
23. A e B
sobre
ou de
sobre
serem rodados.
24.
f :RR
f (x) = 2x se x racional e
se tem f (nx) = nf (x) para
pondo
25.
Roteiro em construo
Este roteiro ser substitudo pelo roteiro real antes da entrada da semana no ar.
MA11 - Unidade 9
Funo Quadrtica
Semana 02/05 a 08/05
1 Denio e Preliminares
f : R R chama-se quadrtica quando existem nmeros
2
reais a, b, c, com a 6= 0, tais que f (x) = ax + bx + c para todo x R.
A primeira observao que faremos : os coecientes a, b, c da
funo quadrtica f cam inteiramente determinados pelos valores que
2
0 2
0
0
essa funo assume. Noutras palavras, se ax + bx + c = a x + b x + c
0
0
0
para todo x R ento a = a , b = b e c = c .
2
0 2
0
0
Com efeito, seja ax + bx + c = a x + b x + c para todo x R.
0
0
Tomando x = 0, obtemos c = c . Ento, cortando c e c , tem-se
ax2 + bx = a0 x02 + b0 x para todo x R. Em particular, esta igualdade
vale para todo x 6= 0 . Neste caso, cancelando x, obtemos ax + b =
Uma funo
MA11 - Unidade 9
grau
sendo
a 6= 0.
A palavra
formal
H, em princpio, uma
Um
trinmio do segundo
aX + bX + c,
com
a, b, c R,
x 7 ax2 + bx + c.
dncia (trinmio )
(Pela denio
X 3 3X + 2
X 2 2X + 1
X4 + X3 X2 + X 2
X3 X2 + X 1
f : R {1} R,
x 6= 1,
tem-se
x3 3x + 2
x4 + x3 x2 + x 2
=
= x + 2.
x2 2x + 1
x3 x2 + x 1
Este exemplo serve para mostrar que, quando no se trata de
polinmios, duas expresses formais distintas podem denir a mesma
Funo Quadrtica
f (x) = ax2 + bx + c
sempre que no houver perigo de confundi-la com o nmero real
x.
a = a , b = b0 e c = c 0 ,
f (x),
no necessrio
ax2 + bx + c = a0 x2 + b0 x + c0
para todo
x R
valores distintos de
x.
f (x) = ax2 + bx + c
g(x) = a0 x2 + b0 x + c0
(S)
x1 + x1 + = 0
x22 + x2 + = 0
x23 + x3 + = 0
MA11 - Unidade 9
Como
equaes
(x3 x2 ) = 0.
Como x3 x2 6= 0, resulta da que = 0. Substituindo
equaes anteriores, obtemos sucessivamente = 0 e = 0.
Subtraindo membro a membro, temos
nas
, ,
com os segundos
= = = 0.
y1 , y2 , y3 ,
tais que
ax21 + bx1 + c = y1
ax22 + bx2 + c = y2
ax23 + bx3 + c = y3 .
a, b , c
Funo Quadrtica
tas so
Os coecientes conhecidos
so
escritas antes dos coecientes. Mesmo assim, no h maiores diculdades em resolv-lo, adotando, como dissemos, a mesma sequncia de
passos do caso homogneo.
Estamos especialmente interessados no valor da incgnita
neste
sistema. Ela
a=
1 y3 y1
y2 y1
.
x3 x2 x3 x1 x2 x1
x1 , x2
x3
a, b , c
y1
y2 , y3 ,
existe um, e
f (x) = ax2 + bx + c
f (x1 ) = y1 , f (x2 ) = y2 e f (x3 ) = y3 .
2
A funo f (x) = ax + bx + c, acima obtida, pode no ser quadrtica, a menos que nos asseguremos que a 6= 0. O valor de a acima
obtido mostra que a zero se, e somente se, vale
cumpre
y3 y1
y2 y1
=
.
x3 x1
x2 x1
A = (x1 , y1 ), B = (x2 , y2 ) e C =
(x3 , y3 ) em R , a condio acima signica que as retas AC e AB tm
a mesma inclinao, isto , que os pontos A, B e C so colineares.
Se olharmos para os pontos
MA11 - Unidade 9
Figura 1:
Sejam
em
A = (x1 , y1 ) , B = (x2 , y2 )
R2 .
C = (x3 , y3 )
x1 y1 1
x2 y2 1
x3 y3 1
=0,
33
. Desenvolvendo
Funo Quadrtica
()
y3 y1
y2 y1
=
.
x3 x1
x2 x1
AB
AC
x1 6= x2
x1 = x3 no
x1 6= x3 .
x1 = x2
ou
A, B , C
tm a mesma
abcissa, logo esto sobre uma reta vertical. Basta ento olhar para a
A, B e C
diferente, A, B e
no so colineares.
MA11 - Unidade 9
e seu produto
p.
Em termos geomtricos, este problema pede que se determinem os
lados de um retngulo conhecendo o semi-permetro
e a rea
p.
x2 sx + p = 0.
Com efeito, se um dos nmeros
x,
o outro
sx
e seu produto
p = x(s x) = sx x2 ,
logo
x2 sx + p = 0.
Observe que se
ento
=s
2 s + p = (s )2 s(s ) + p =
= s2 2s + 2 s2 + s + p =
= 2 s + p = 0.
Achar as razes da equao
x2 sx + p = 0 , tambm, um conheci-
Funo Quadrtica
s
x= +
2
para a equao
s 2
p
2
s
sx=
2
s 2
p
2
x2 sx + p = 0.
Os autores dos textos cuneiformes no deixaram registrado o argumento que os levou a esta concluso, mas h indcios de que pode
ter sido algo assim:
e os
e so
Sejam
nmeros
6 . Esses
= +
. Se
2
s
equidistantes da mdia aritmtica
2
conhecermos a diferena
nmeros
logo
d2 =
Da
s 2
2
d=
r
s 2
2
p.
r
s 2
p
2
r
s
s
s 2
= +d= +
p.
2
2
2
s e p do problema eram sempre nmeros positivos,
s
s
= d=
2
2
Como os dados
os babilnios nunca tiveram preocupao com eventuais solues negativas fornecidas por sua regra. Mas certamente deviam ocorrer casos
10
MA11 - Unidade 9
em que
(s/2)2 < p,
Observao 1.
Observao 2.
h
b
ci
ax2 + bx + c = a x2 + x + .
a
a
As duas primeiras parcelas dentro do colchete so as mesmas do desenvolvimento do quadrado
b 2
(x+ 2a
).
Funo Quadrtica
11
escrever:
h
b
b2
b2
ci
ax2 + bx + c = a x2 + 2
x+ 2 2 +
2a
4a
4a
a
ou:
ax2 + bx + c = a
h
x+
b 2 4ac b2 i
+
.
2a
4a2
forma cannica )
bx + c = 0.
a 6= 0,
ax2 +
b 2 4ac b2
) +
=0
2a
4a2
b2 4ac
b
(x + )2 =
2
2a
4a
b
b2 4ac
x+
=
2a
2a
b b2 4ac
x=
.
2a
ax2 + bx + c = 0 (x +
(1)
(2)
(3)
(4)
discriminante
= b2 4ac
> 0.
Caso tenhamos
< 0,
x + (b/2a)
MA11 - Unidade 9
12
b 4ac
positivo, a equao
ax2 + bx + c = 0
tem duas razes reais distintas
= (b
e
)/2a
= (b +
com
< ,
cuja soma
s = b/a
)/2a,
e cujo produto
so equidistantes do ponto
b/2a,
ou seja, as
b/2a.
chamada
e sempre
> 0.
b 2
2a
x = b/2a.
igual a zero, ou seja, quando
assume seu valor mnimo.
x+
Neste ponto,
Portanto, quando
assumido por
f (x) = ax2 + bx + c
a > 0,
f (x) tambm
o menor valor
Funo Quadrtica
13
f (x) = f (x0 )?
f (x) = f (x0 )
se, e
somente se,
b 2 0
b 2
= x +
.
2a
2a
0
supondo x 6= x , isto signica que
b
b
0
= x+
,
x +
2a
2a
Como estamos
x+
isto
x + x0
b
= .
2
2a
2
Portanto, a funo quadrtica f (x) = ax +bx+c assume o mesmo
0
0
0
valor f (x) = f (x ) para x 6= x se, e somente se, os pontos x e x so
equidistantes de b/2a.
Exemplo 2. O conhecimento do ponto onde uma funo quadrtica
14
MA11 - Unidade 9
xy
x+y = s
tiramos,
A reta perpendicular diretriz, baixada a partir do foco, chamase o eixo da parbola. O ponto da parbola mais prximo da diretriz
chama-se o
vrtice
Figura 2:
Funo Quadrtica
15
Lembremos que a distncia de um ponto a uma reta o comprimento do segmento perpendicular baixado do ponto sobre a reta.
Exemplo 3. O grco da funo quadrtica
cujo foco
F = (0, 1/4)
f (x) = x2
f (x) = x
ao ponto
a parbola
F = (0, 1/4)
(x, x2 )
y = 1/4.
do grco de
igual a
p
x2 + (x2 1/4)2 .
Figura 3:
(x, x2 )
reta
y = 1/4
x2 + 1/4.
x R,
16
MA11 - Unidade 9
Exemplo 4. Se
parbola cujo
y = 1/4a.
A m de se convencer deste fato, basta vericar que, para todo
x R,
vale a igualdade
1 2 2
1 2
= ax +
,
x2 + ax2
4a
4a
onde o primeiro membro o quadrado da distncia do ponto genrico
P = (x, ax2 )
do grco de
f (x) = ax2
y = 1/4a.
Figura 4:
F = (0, 1/4a) e o
mesmo ponto P reta
ao foco
Funo Quadrtica
Conforme seja
17
a>0
ou
a < 0,
a parbola
y = ax2
Figura 5:
x R,
vale a igualdade
h
1 i2
1 i2 h
= a(x m)2 +
(x m)2 + a(x m)2
4a
4a
f (x) = a(x m)2
2
de g(x) = ax pela translao horizontal (x, y) 7
leva o eixo x = 0 no eixo x = m.
(x + m, y),
a qual
MA11 - Unidade 9
18
a, m, k R, com a 6= 0, o grco
2
quadrtica f (x) = a(x m) + k a parbola cujo foco
1
F = (m, k + 4a
) e cuja diretriz a reta horizontal y = k
Exemplo 6.
Dados
da funo
o ponto
1
.
4a
Figura 6:
f (x) = a(x
f (x) = ax2 + bx + c
uma parbola, cuja diretriz a reta horizontal
y=
4ac b2 1
4a
b 4ac b2 + 1
F = ,
.
2a
4a
Funo Quadrtica
19
a > 0
ou
a < 0.
ax2 + bx + c
nos d
m = b/2a
k = (4ac b2 )/4a.
O ponto do grco de
f (x) = ax2 + bx + c
mais prximo da diretriz aquele de abcissa
x = b/2a.
Neste ponto,
f (x) atinge seu valor mnimo quando a > 0 e seu valor mximo quando
a < 0. Ainda quando x = b/2a, o ponto (x, f (x)) o vrtice da
parbola que constitui o grco de f (x).
A propriedade, provada no nal da seo anterior, segundo a qual
a funo quadrtica
f (x) = ax2 + bx + c
f (x) = f (x0 ) se, e somente se, os pontos x e x0
0
so simtricos em relao a b/2a (ou seja, x + x = b/a) signica
que a reta vertical x = b/2a um eixo de simetria do grco de f ;
assume valores iguais
f (x) = ax2 + bx + c
20
MA11 - Unidade 9
OX
so as razes da equao
ax2 + bx + c = 0.
O ponto mdio do segmento
OX ,
Se o grco apenas
Figura 7:
Examinaremos a seguir a questo de saber em que condies os grcos de duas funes quadrticas, so parbolas congruentes. Comearemos com duas observaes sobre grcos, em geral.
1.
Funo Quadrtica
21
donde
Figura 8:
no ponto
do grco
Figura 9:
MA11 - Unidade 9
22
f (x) = ax2 + bx + c.
Sabemos que seu grco uma parbola, cujo vrtice tem abcissa igual
b
g(x) = f (x m) = f x
2a
b 2
b
=a x
+b x
+c
2a
2a
= ax2 + k,
Onde
k=
4ac b2
.
4a
Figura 10:
Funo Quadrtica
23
O = (0, 0).
h(x) = ax2 .
Figura 11:
f (x) = ax2 + bx + c
transforma-se na parbola grco da funo
(x) = ax2 + bx + c
congruente ao grco de
(x) = ax2 .
(x) = ax
no grco de
24
MA11 - Unidade 9
Figura 12:
Se a0 = a ento
os grcos das funes quadrticas f (x) = ax2 + bx + c e (x) =
a0 x2 + b0 x + c0 so parbolas congruentes.
Podemos resumir a discusso acima enunciando:
Quando
funes quadrticas
coecientes
b, b
f (x) = ax2 + bx + c
c, c0 no importam.
(x) = a0 x2 + b0 x + c0
os
a ordenada do ponto
a inclinao, da
a 6= a .
po-
A resposta negativa.
Funo Quadrtica
25
Para mostrar isto, pelo que vimos acima, basta considerar as funes
ento
Figura 13:
5 Exerccios
1. Encontre a funo quadrtica cujo grco dado em cada gura
abaixo:
MA11 - Unidade 9
26
Figura 14:
2.
Identique os sinais de
f (x) = ax2 + bx + c
dados abaixo:
Figura 15:
3.
4.
a)
f (x) = x2 8x + 23
b)
f (x) = 8x 2x2
a.
y = ax2
f (x) = 2x2 .
Funo Quadrtica
27
Figura 16:
Figura 17:
6.
f (x) = x2 4x + 3
7.
a)
[1, 4]
b)
[6, 10]
Seja
f (x) = ax2 + bx + c,
com
a > 0.
a) Mostre que
x + x f (x ) + f (x )
1
2
1
2
<
.
2
2
0 < < 1,
ento
28
MA11 - Unidade 9
no so racionais.
9. Uma pessoa possui um gravador de vdeo dotado de um contador
Tempo(s)
100
555
200
1176
300
1863
400
2616
MA 11 - Unidade 10
Func
ao Quadr
atica
Semana de 09/05 a 15/05
Recomendac
oes gerais
Exerccios recomendados
Os exerccios propostos nesta secao exploram outras aplicacoes e interpretacoes de funcoes quadraticas.
Alem destes, propomos os seguintes exerccios extras.
1. Nesta secao, reta tangente a uma parabola em um ponto P e definida como uma reta satisfazendo
duas condicoes: (i) tem em comum com a parabola esse unico ponto P ; (ii) e tal que todos os
demais pontos da parabola estao do mesmo lado dessa reta.
(a) Para que a reta tangente `a parabola em P fique bem definida, seria suficiente exigirmos
apenas a condicao (i)? Ou a condicao (ii) e de fato necessaria? Justifique sua resposta.
(b) Esta definicao poderia ser generalizada diretamente para outros tipos de curvas planas,
como por exemplo graficos de funcoes f : R R? Justifique sua resposta.
2. Na secao 2, duas propriedades necessarias para a demonstracao da caracterizacao de funcoes
quadraticas sao admitidas: (i) toda funcao quadratica e contnua; (ii) se duas funcoes contnuas
f, g : R R coincidem para todos os numeros racionais, entao elas coincidem para todos os
numeros reais. Como voce justificaria a validade destas propriedades?
3. Voce consegue ver alguma relacao entre a aplicacao das funcoes quadraticas `a fsica feita na secao
2, e a caracterizacao de funcoes quadraticas por meio de progressoes aritmeticas estabelecida na
secao 3? Justifique sua resposta.
Abaixo, indicamos uma referencia de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao cobrados
nas avaliacoes unificadas.
[1] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 10
Funes Quadrticas
Semana 09/05 a 15/05
MA11 - Unidade 10
Figura 1:
Funes Quadrticas
Figura 2:
MA11 - Unidade 10
Se a parbola o grco da funo f (x) = ax2 + bx + c, sua tangente no ponto P = (x0 , y0 ), onde y0 = ax20 + bx0 + c, a reta que
passa por esse ponto e tem inclinao igual a 2ax0 + b.
Para provar isto, mostremos que todos os pontos dessa parbola
que tm abcissa diferente de x0 esto fora da reta mencionada e no
mesmo semi-plano determinado por ela.
Mais precisamente, suponhamos (para xar ideias) que seja a > 0.
Mostraremos que, para todo x 6= x0 , o ponto (x, y) da parbola, com
y = ax2 + bx + c est acima do ponto (x, y0 + (2ax0 + b)(x x0 )), de
mesma abcissa x, situado sobre a reta. Noutras palavras, queremos
provar que (supondo a > 0)
x 6= x0 ax2 + bx + c > ax20 + bx0 + c + (2ax0 + b)(x x0 ).
Figura 3:
Funes Quadrticas
ax + bx + c
[ax20
= a(xx0 )2 > 0
Isto mostra que a reta de inclinao 2ax0 + b que passa pelo ponto
(x0 , y0 ), com y0 = f (x0 ) tem este nico ponto em comum com a parbola que o grco de f e que todos os pontos da parbola esto
acima dessa reta. Logo esta reta tangente parbola neste ponto.
Quando a > 0, a parbola se situa acima de qualquer de suas tangentes, conforme acabamos de ver. Se for a < 0 ento a parbola se
situa abaixo de todas as suas tangentes.
Observao: Todas as retas paralelas ao eixo de uma parbola tm
apenas um ponto em comum com essa parbola mas nenhuma delas
tangente porque h pontos da parbola em ambos semiplanos por ela
determinados.
Sabendo que a parbola, grco da funo
f (x) = ax2 + bx + c,
MA11 - Unidade 10
1
4a
(k +
xm
1
)
4a
1
1
=
2a(x m)
2a(x +
b
)
2a
2ax + b
Figura 4:
Funes Quadrticas
Figura 5:
Podemos, nalmente, enunciar a propriedade geomtrica da parbola na qual se baseiam as aplicaes da superfcie parablica.
A tangente parbola num ponto P faz ngulos iguais com a paralela ao eixo e com a reta que une o foco F a esse ponto.
Com efeito, se Q o p da perpendicular baixada de P sobre
a diretriz, a denio da parbola nos diz que F P = P Q, logo o
tringulo F P Q issceles. Alm disso, acabamos de ver que F Q
perpendicular tangente, ou seja, a tangente altura desse tringulo
issceles, logo tambm bissetriz. Portanto, os ngulos F PbT 0 e T 0 PbQ
so iguais. Logo APbT = F PbT 0 = .
MA11 - Unidade 10
Figura 6:
1
f (t) = at2 + bt + c.
2
Funes Quadrticas
10
MA11 - Unidade 10
11
Funes Quadrticas
Por sua vez, a acelerao ( = fora) da gravidade constante, vertical, igual a g . (O sinal menos se deve ao sentido da gravidade ser
oposto orientao do eixo vertical OY .) Portanto, a componente
vertical do movimento de P um movimento uniformemente acelerado sobre o eixo OY , com acelerao igual a g e velocidade inicial
v2 .
Figura 7:
12
MA11 - Unidade 10
na sequncia
1, 4, 9, 16, . . . , n2 , n2 + 2n + 1, . . . ,
dos valores y1 = f (x1 ), y2 = f (x2 ), y3 = f (x3 ) , etc. goza da propriedade de que as diferenas sucessivas
d1 = y2 y1 ,
d2 = y3 y2 ,
d3 = y4 y3 , . . .
13
Funes Quadrticas
Figura 8:
Foi estabelecido no captulo anterior, como consequncia do Teorema Fundamental da Proporcionalidade, que uma funo crescente
14
MA11 - Unidade 10
(ou decrescente) : R R am se, e somente se, transforma progresses aritmticas em progresses aritmticas. Foi tambm observado, no nal da Seo 3 daquele captulo, que a monotonicidade da
funo pode ser substituda pela continuidade dessa mesma funo.
Como uma funo quadrtica nunca pode ser montona, nos teoremas de caracterizao que apresentamos a seguir, trabalharemos com
a hiptese de continuidade em vez de monotonicidade. Admitiremos
conhecido que uma funo quadrtica contnua e que se duas funes
contnuas f , g : R R so tais que f (r) = g(r) para todo racional r
ento f (x) = g(x) para todo x real.
Uma progresso aritmtica de segunda ordem uma sequncia
y1 , y2 , y3 , y4 , . . . tal que as diferenas sucessivas
d1 = y 2 y 1 ,
d2 = y3 y2 ,
d3 = y4 y3 , . . .
15
Funes Quadrticas
n(n 1)
+ y1 ,
2
para todo n N.
Esta igualdade igualmente verdadeira quando n = 0, o que nos
16
MA11 - Unidade 10
permite escrever
(n 1)(n 2)
r + y1 ;
2
r
3r
= n2 + (d )n + r d + y1 ;
2
2
2
= an + bn + c,
yn = (n 1)d +
Observao:
17
Funes Quadrticas
a funo contnua f : R R seja quadrtica necessrio e suciente que toda progresso aritmtica no-constante x1 , x2 , . . . , xn , . . .
seja transformada por f numa progresso aritmtica de segunda ordem
no-degenerada y1 = f (x1 ), y2 = f (x2 ), . . . yn = f (xn ), . . .
Demonstrao: A necessidade j foi demonstrada acima. Para provar
a sucincia, seja f : R R uma funo contnua com a propriedade
de transformar toda P.A. no-constante numa P.A. de segunda ordem
no-degenerada. Substituindo f (x) por g(x) = f (x)f (0), vemos que
g tem as mesmas propriedades de f e mais a propriedade adicional de
que g(0) = 0.
Considerando a progresso aritmtica 1, 2, 3, 4, 5, . . ., vemos que
os valores g(1), g(2), . . . , g(n) . . . formam uma P.A. de segunda ordem
no-degenerada. Logo existem constantes a 6= 0 e b tais que
g(n) = an2 + bn
18
MA11 - Unidade 10
p
p
para todo x R.
4 Exerccios
Os exerccios a seguir dizem respeito tambm Unidade 9.
Dado um conjunto de retas do plano, elas determinam um nmero
mximo de regies quando esto na chamada posio geral: isto ,
1.
Funes Quadrticas
19
20
MA11 - Unidade 10
Figura 9:
d(x) = (x x1 )2 + (x x2 )2 + + (x xn )2 .
x1 + x2 + + xn
.
n
21
Funes Quadrticas
6.
Figura 10:
As posies sugeridas so as da gura acima. Em cada caso, determine qual o retngulo de maior rea e compare os dois resultados.
Discuta se a restrio de um lado estar sobre o contorno do tringulo
realmente necessria para efeito de maximizar a rea.
7. Com 80 metros de cerca um fazendeiro deseja circundar uma rea
retangular junto a um rio para connar alguns animais.
Figura 11:
22
MA11 - Unidade 10
MA 11 - Unidade 11
Func
ao Quadr
atica
Semana de 09/05 a 15/05
Exerccios recomendados
Nesta Unidade, faremos apenas exerccios de revisao sobre os conteudos de funcoes quadraticas
estudados nas duas Unidades anteriores. A maior parte dos exerccios (1 a 7, 12 a 14, 17 a 22) aborda
problemas de maximos e mnimos e outras situacoes concretas que podem ser resolvidos por meio
de funcoes quadraticas. Os exerccios de 8 a 11 envolvem a articulacao de representacoes graficas e
algebricas para funcoes quadraticas. Os exerccios 15 e 16 envolvem a interpretacao grafica da funcao
raz quadrada a partir do grafico de funcoes quadraticas. O exerccio 23 apresenta uma importante
caracterizacao das funcoes quadraticas. Em particular, recomendamos especial atencao para a relacao
entre esta caracterizacao e aquela apresentada na secao 3 da Unidade anterior. Finalmente, o exerccio
24 trata de outras importantes propriedades geometricas dos graficos de funcoes quadraticas.
Abaixo, indicamos algumas referencias de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 11
Funes Quadrticas
Problemas
Semana 09/05 a 15/05
1. No instante
x e y so reais
z = x2 + y 2 .
2. Se
de
tais que
3x + 4y = 12,
hia exigiu de cada passageiro R$ 800,00 mais R$ 10,00 por cada lugar
vago. Para que nmero de passageiros a rentabilidade da empresa
MA11 - Unidade 11
mxima?
4. Joo tem uma fbrica de sorvetes. Ele vende, em mdia, 300 caixas
balas e ganhe
x%
de desconto.
6.
9,00, em mdia 300 pessoas assistem aos concertos e que, para cada
reduo de R$ 1,00 no preo dos ingressos, o pblico aumenta de 100
espectadores. Qual deve ser o preo do ingresso para que a receita seja
mxima?
7. Qual o valor mximo de
21n n2 , n
inteiro?
(x, y)
y = x 5x + 6.
a)
x 5x + 6 = 0;
b)
x4 + x2 20 > 0.
a, b, c do trinmio
f (0), f (1) e f (2).
f (x) = ax + bx + c
12.
tais que:
reais o quilo. Uma pesquisa de opinio revelou que, por cada real de
por metro quadrado, mais uma taxa xa de 2.500 reais. A prefeitura
concede um desconto de 60 reais por metro linear do permetro, como
recompensa pela iluminao externa e pela calada em volta do prdio. Quais devem ser as medidas dos lados para que o imposto seja
o mnimo possvel?
Esboce o
a,
f (x) =
f : [0, +) R,
dada por
x?
B.
A rma
cobra 20
mais vantajosa?
Resolva
e 20, 10,
MA11 - Unidade 11
B.
18. Dados a, b, c positivos, determinar x e y tais que xy = c e que
ax + by seja o menor possvel.
19. Cavar um buraco retangular de 1m de largura de modo que o
3
volume cavado seja 300m . Sabendo que cada metro quadrado de
150 para
12km
por hora. Num certo rio, com o mesmo barco e as mesmas remadas,
ele percorreu
12km
a favor da corrente e
8km
hR
xado, a
no-constante.
24.
f (x) = x2
, v-se que
ele parece uma parbola. Se for, quais sero o foco e a diretriz? Por
simetria, o foco deve ser
F = (0, t)
t = 1/4.
y = t.
MA 11 - Unidade 12
Func
oes Polinomiais
Semana de 23/05 a 29/05
Recomendac
oes gerais
Dando prosseguimento `as ultimas unidades, daremos continuidade ao estudo de algumas ideias
sobre funcoes afins e quadraticas, enfocando agora funcoes polinomiais em geral.
Um primeiro resultado importante, apresentado na secao 1. Func
oes Polinomiais vs Polin
omios
(pp. 1-5), e o fato de que um numero real e raiz de uma funcao polinomial p : R R se, e
somente se, x e fator de p(x) (p. 2). Este resultado, que relaciona razes com fatoracao, fornece
uma ferramenta importante e muito utilizada para determinar razes: se conseguimos determinar,
de alguma maneira (seja por algum metodo algebrico ou por inspecao) uma raz de um polinomio p,
podemos fatorar p em polinomios de grau menor, o que pode facilitar a tarefa de encontrar outras
razes. Decorre tambem deste resultado o fato de que um polinomio de grau n com coeficientes reais
tem, no maximo, n razes. Do ponto de vista do ensino, essas propriedades tem grande importancia.
De forma geral, na abordagem de polinomios no ensino basico, certas tecnicas particulares tem recebido
muito mais enfase que aspectos mais conceituais e qualitativos, como a aplicacao da fatoracao para a
determinacao de razes e a analise de sinais, o que possibilita o estudo de graficos em casos simples
(veja exerccio extra 1, a seguir).
Ainda na secao 1, observe o comentario sobre a relacao entre funcoes polinomiais e polinomios (pp.
3-5), ja discutida na Roteiro 09 (p. 1 e exerccio extra 1). Para entender a necessidade desse comentario,
e importante lembrar que, a princpio, funcoes polinomiais e polinomios sao objetos matematicos de
naturezas diferentes. Funcoes polinomiais sao, antes de mais nada, funcoes, portanto a igualdade entre
funcoes polinomiais (com mesmos domnio e contradomnio) e determinada pela igualdade de seus
valores em cada elemento do domnio. Por outro lado, polinomios sao expressoes formais e, portanto,
claro que um polinomio nao pode
sua igualdade e determinada pela igualdade de seus coeficientes. E
gerar duas funcoes polinomiais diferentes. No caso de R, vale a recproca: uma funcao polinomial nao
pode ser gerada por polinomios diferentes (fato que pode nao ser verdadeiro em outros corpos ver
exerccio extra 1 do Roteiro 09). Assim, ha uma correspondencia biunvoca entre funcoes polinomiais
reais e polinomios reais e nao ha necessidade de fazer essa distincao.
A secao 2. Determinando um Polin
omio a parir de seus Valores (pp. 5-7) tambem trata
de um fato ja abordado na Unidade 09 para o caso particular de funcoes quadraticas: dados n + 1
numeros reais x0 , . . . , xn , dois a dois distintos, e n + 1 numeros reais y0 , . . . , yn , quaisquer, existe um
unico polinomio p, de grau n, tal que p(xk ) = yk , k = 0, . . . , n. A unicidade de tal polinomio
decorre do fato de que um polinomio de grau n so pode ter no maximo n razes. Para a existencia, sao
apresentados dois argumentos. O primeiro deles se baseia na analise das solucoes de um sistema linear
(p. 6). Nesse sistema, observe que os numeros x0 , . . . , xn e y0 , . . . , yn sao conhecidos e os coeficientes
a0 , . . . , an sao as incognitas.
Na secao 3. Gr
aficos de Polin
omios (pp. 7-11), sao apresentados alguns fatos importantes
envolvendo o comportamento assintotico de funcoes polinomiais (pp. 7-9), isto e, seu comportamento
quando x tende a . Essencialmente, podemos dizer que o comportamento assintotico de uma
funcao polinomial e determinado pelo seu termo de maior grau, pois para |x| suficientemente grande
os demais termos tornam-se desprezveis (veja exerccio extra 4, a seguir). Para resolver esse exerccio,
voce devera usar o fato de que lim xn = +.
x+
Ainda na secao 3, e apresentado o metodo de Newton (pp. 10-11), que e um metodo numerico
para calculo de razes, isto e, um metodo de calculo de valores aproximados de razes. Para o ensino
medio, o metodo de Newton pode nao ser adequado, pois envolve o conceito de derivada. Entretanto,
o calculo aproximado de razes de polinomios pode ser desenvolvido por meio de metodos mais simples.
Por exemplo, o metodo da bissecao e acessvel ao ensino medio, com a ajuda de uma calculadora de
bolso simples, como descrevemos a seguir. Se encontramos dois numeros x1 e x2 tais que p(x1 ) e p(x2 )
possuem sinais distintos, digamos p(x1 ) < 0 e p(x2 ) > 0, podemos ter certeza de que existe (pelo
menos) uma raiz de p no intervalo ]x1 , x2 [. Tomamos entao um numero qualquer x3 nesse intervalo.
Se p(x3 ) = 0, temos a sorte de ter encontrado nossa raiz. Se p(x3 ) > 0, existe (pelo menos) uma raiz
no intervalo ]x1 , x3 [. Se p(x3 ) < 0, existe (pelo menos) uma raiz no intervalo ]x3 , x2 [. Podemos assim
continuar o processo indefinidamente. O calculo aproximado de razes e importante e acessvel para
aprofundar a ideia de raiz no ensino medio, complementando e ampliando os metodos convencionais,
que muitas vezes sao memorizados sem compreensao adequada.
Exerccios recomendados
Recomendamos que voce resolva atentamente todos os exerccios desta secao, que envolvem ideias
fundamentais sobre funcoes polinomiais. Os exerccios 1 e 2 tratam do algoritmo da divisao de
polinomios, que e uma ferramenta importante para a fatoracao quando encontramos uma raiz. Os
exerccios 3 e 4 abordam o conceito de multiplicidade. Os exerccios 8 e 9 envolvem calculo aproximado de razes.
Alem destes, propomos os seguintes exerccios extras.
1. Para cada um dos tens a seguir, use a fatoracao do polinomio p dado para responder as seguintes
questoes. (i) Determine todas as razes reais de p. (ii) Determine os intervalos em que p(x) > 0
e aqueles em que p(x) < 0. (iii) Qual e o numero de pontos de maximo local e de mnimo local
possvel ter certeza do numero exato de pontos
que p possui? Justifique sua resposta. (iv) E
de maximo local e de mnimo local, e da localizacao exata desses pontos, apenas com base na
analise algebrica da fatoracao dos polinomios? Justifique sua resposta.
(a) p(x) = x3 4 x
(b) p(x) = x3 + x2 x 1
(c) p(x) = x4 2 x2
(d) p(x) = x4 1
2. Na secao 2, prova-se que, dados n + 1 pontos no plano, com abscissas duas a duas distintas,
existe uma unica funcao polinomial, com grau n, cujo grafico contem esses pontos (p. 5).
Explique por que so podemos concluir que essa funcao polinomial tem grau n, e nao grau = n.
3. Na secao 2, e apresentada uma justificativa para a atribuicao do grau do polinomio identicamente
nulo como sendo (p. 7). Explique por que essa atribuicao e conveniente. Por que nao seria
conveniente atribuir + a esse grau, por exemplo?
4. Observe que todo polinomio p(x) = an xn + + a1 x + a0 , com an 6= 0, pode ser escrito na
forma:
a1
a0
an1
+ + n1 + n
p(x) = xn an +
x
x
x
n
Assim, p se escreve na forma: p(x) = x (an + g(x)), em que lim g(x) = 0.
|x|+
Use esta expressao para provar os seguintes fatos (afirmados nas pp. 7-8):
(a) Se o grau de n e par, entao, M > 0 tal que p(x) tem o mesmo sinal de an , x com
|x| M .
(b) Se o grau de n e mpar, entao, M > 0 tal que p(x) tem o mesmo sinal de an , x > M
e o sinal oposto de an , x < M .
(c) lim p(x) = lim an xn e lim p(x) = lim an xn . Em particular, os limites no infinito
x+
x+
Abaixo, indicamos uma referencia para estudo futuro, para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 12
Funes Polinomiais
Semana 23/05 a 29/05
Diz-se que
nmeros
()
Se
an 6= 0,
existem
dizemos que
tem
grau n.
A soma e o produto de funes polinomiais so ainda funes polinomiais. Um exemplo interessante de produto
(x )(xn1 + xn2 + + n2 x + n1 ) = xn n .
Dizemos ento que
xn n
divisvel
1
por
x .
MA11 - Unidade 12
Seja
x,
reais, temos
x, pode-
x R:
Se
tem grau
n, q
Em particular, se
tem grau
n 1.
raiz
uma
de
p,
isto ,
p() = 0,
ento
nk
p tem grau n.
Da resulta que uma funo polinomial de grau n no pode ter mais
do que n razes.
Uma funo polinomial p chama-se identicamente nula quando se
tem p(x) = 0 para todo x R Neste caso, p tem uma innidade de
razes. (Todo nmero real raiz de p.) Ento nenhum nmero natural
n grau de p, a m de no contradizer o resultado acima. Isto signica
onde
se
que na expresso
p(x) = an xn + + a1 x + a0 .
Funes Polinomiais
an , an1 , . . . , a1 , a0
todos os coecientes
0xn + 0xn1 + + 0x + 0.
Se nos ativermos letra da denio, a funo polinomial identicamente nula no tem grau, pois nenhum dos seus coecientes
Dadas as funes polinomiais
6= 0.
p(x) = an xn + + a1 x + a0
e
q(x) = bn xn + + b1 x + b0 ,
sem que isto signique que ambas tm grau
dizendo que
an 6= 0
bn 6= 0.
p(x) = q(x) para
n,
pois no estamos
nem que
x R, ou seja, que p
e q sejam funes iguais. Ento a diferena d = p q a funo
identicamente nula, pois d(x) = p(x) q(x) = 0 para todo x R.
Mas, para todo x R, tem-se
Suponhamos que
todo
an bn = 0, . . . , a1 b1 = 0, a0 b0 = 0,
ou seja:
an = bn , . . . , a1 = b1 , a0 = b0 .
Portanto as funes polinomiais
q(x)
para todo
xR
MA11 - Unidade 12
polinmio
(a0 , a1 , . . . , an )
indeterminada ),
X X X (i fatores).
sendo
um
uma abreviatura
Em essncia, o polinmio
p(X) o mesmo
X j = X i+j .
Xi
p(X) = an X n + + a1 X + a0
e
q(X) = bn X n + + b1 X + b0
so
iguais
(ou
idnticos ) quando a0 = b0 , a1 = b1 , . . . , an = bn .
A cada polinmio
p(X) = an X n + + a1 X + a0
p : R R, denida por
todo x R. Esta correspon-
p(x) = an x + + a1 x + a0 , para
dncia (polinmio) 7 (funo polinomial)
denio destas funes. A discusso que zemos acima sobre os coecientes de funes polinomiais iguais signica que a polinmios distintos correspondem funes polinomiais distintas. Logo, trata-se de
uma correspondncia biunvoca.
Funes Polinomiais
e a funo polinomial
mesmo smbolo
p.
p(x)
sempre que
x.
Dados n + 1 nmeros reais distintos x0 , x1 , . . . , xn e xados arbitrariamente os valores y0 , y1 , . . . , yn , existe um, e somente um, polinmio p, de grau 6 n, tal que
p(x0 ) = y0 , p(x1 ) = y1 , . . . , p(xn ) = yn .
A parte somente um decorre imediatamente do que foi visto na
n = 2,
MA11 - Unidade 12
n+1
sistema de
n+1
equaes nas
incgnitas do,
a1 , . . . , a n
abaixo
indicado:
an xn0 + + a1 x0 + a0 = y0
an xn1 + + a1 x1 + a0 = y1
.
.
.
an xnn + + a1 xn + a0 = yn .
Este sistema, no qual as quantidades conhecidas so as potncias
sucessivas de
n+1
x0 , x1 , . . . , xn ,
(xi xj ).]
i<j
Outra maneira de provar que existe sempre um polinmio de grau
6 n
n + 1 pontos distintos x0 , x1 , . . . , xn os
y0 , y1 , . . . , yn consiste em exibir explicitamente esse
arbitrados
valores
polin-
n=1:
p(x) = y0
n=1
n = 2.
x x0
x x1
+ y1
.
x0 x1
x1 x0
n=2:
p(x) = y0
(x x1 )(x x2 )
(x x0 )(x x2 )
+ y1
+
(x0 x1 )(x0 x2 )
(x1 x0 )(x1 x2 ))
(x x0 )(x x1 )
+ y2
.
(x2 x0 )(x2 x1 )
Caso geral:
p(x) =
n
X
i=1
yi
Y x xk
k6=i
xi xk
Funes Polinomiais
p(x) a
y0 , p(x1 ) = y1 , . . . , p(xn ) = yn .
mente que o polinmio
V-se imediata-
p(x0 ) =
6n
mas seu
n.
Por exemplo, se pusermos x0 = 1, x1 = 0, x2 = 1, x3 = 2 e
x4 = 3 e procurarmos o polinmio de grau 6 4 que assume nesses
pontos os valores 7, 1, 5, 11 e 25 respectivamente, obteremos
grau pode perfeitamente ser qualquer nmero inteiro entre 0 e
p(x) = x3 2x2 + 5x + 1,
que tem grau 3.
E se, dados
6n
0 =
3 Grcos de Polinmios
Quando se deseja traar, ao menos aproximadamente, o grco de
um polinmio, certas informaes de natureza geral so de grande
utilidade. Vejamos algumas delas.
p(x) = an xn + + a1 x + a0 , com a 6= 0.
Se n par ento, para |x| sucientemente grande, p(x) tem o
mesmo sinal de an . Este sinal , portanto, o mesmo, no importando
se x < 0 ou x > 0, desde que |x| seja sucientemente grande.
Seja
MA11 - Unidade 12
mpar,
As guras abaixo esboam grcos de polinmios do primeiro, segundo, terceiro e quarto graus. Em cada caso, pode-se dizer logo qual
o sinal do coeciente do termo de mais alto grau.
Figura 1:
Outra informao til diz respeito comparao entre dois polinmios. Se o grau de
Funes Polinomiais
p(x) = x2
pgina).
Mais um dado relevante para traar o grco de um polinmio a
localizao de suas razes. claro que, por motivo da continuidade,
se
p(x1 ) < 0
p(x2 ) > 0
ento
x1
x2
Figura 2:
localizada no intervalo
[a, b],
p(a)
10
MA11 - Unidade 12
algoritmos aproximativos ,
os quais instruem,
x1 , x2 , . . . , xn , . . .
esto
x1
x1 , x2 , . . . , xn , . . .
xn+1 = xn
tem como limite uma raiz de
p.
p(xn )
,
p0 (xn )
Os termos
xn
desta sequncia se
Um caso particular do
x2 a = 0 )
aproximaes
x1 , x2 , . . . , xn , . . .
xn+1 =
Observao:
de
1
a
xn +
.
2
xn
p0 (x)
p(x) = an xn + + a0
a qual , por denio,
repre-
Funes Polinomiais
11
p(x) = 0
de
de
13
p(x0 )
=
2
= 1, 783.
p0 (x0 )
60
p(x1 )
3, 124
x2 = x1 0
= 1, 783
= 1, 687.
p (x1 )
32, 703
0, 434
p(x2 )
= 1, 687
= 1, 667.
x3 = x2 0
p (x2 )
23, 627
x 1 = x0
p(1, 668)
Uma aproximao
Para mais
p(x) = x 5x + 1
p(0) > 0
p(1) < 0,
localizada entre 0 e 1.
Exerccios
1.
gr
12
MA11 - Unidade 12
q(x)
P (x).
Usando repetidamente este fato, mostre que existem polinmios q(x)
e r(x) tais que P (x) = p(x)q(x) + r(x), com gr r(x) < gr p(x). Os
polinmios q(x) e r(x), tais que P (x) = p(x)q(x) + r(x) com gr r(x) <
gr p(x), chamam-se respectivamente o quociente e o resto da diviso
de P (x) por p(x).
que existe ura polinmio
tal que gr
gr
P (x) =
p(x)q1 (x) + r1 (x) e P (x) = p(x)q2 (x) + r2 (x), com gr r1 (x) e gr r2 (x)
ambos menores do que gr p(x), ento q1 (x) = q2 (x) e r1 (x) = r2 (x)
para todo x R.
2.
3.
p(x) quando se
(Se m = 1 ou m = 2, chama-se respectivamente uma raiz simples
ou uma raiz dupla.) Prove que uma raiz simples de p(x) se, e
0
somente se, tem-se p() = 0 e p () 6= 0. Prove tambm que uma
0
00
raiz dupla de p(x) se, e somente se, p() = p () = 0 e p () 6= 0.
polinmio
Generalize.
4.
Certo ou errado:
simples de
raiz dupla de
p0 (x).
p(x) de
p(4) = 3.
5. Determine o polinmio
2, p(2) = 1, p(3) = 4
6. Seja
p(x)
p(x)
x1 , x2
p(1) =
tais que
p(x1 ) < 0
p(x2 ) > 0.
7. Mostre que se
o polinmio
p(x) = xn +
Funes Polinomiais
x0 = 3,
8. Tomando
13
xn1 =
para calcular
1
5
xn +
2
xn
2
2
2
1, 414 < 2 < 1, 415 .)
calcular
2.
MA 11 - Unidade 13
Func
ao Exponencial
Semana de 23/05 a 29/05
Recomendac
oes gerais
Nesta Unidade, daremos incio ao estudo de funcoes exponenciais, que sera aprofundado nas
Unidades seguintes. Na Introduc
ao (pp. 1-4), e iniciada a discussao sobre a caracterizacao da funcao
exponencial a partir de sua variacao. Como ja foi discutido na Unidade 08, as funcoes afins podem
ser caracterizadas como aquelas para as quais a variacao da variavel dependente depende somente da
variacao da variavel independente. Assim, dada f : R R, temos que f e afim se, e somente se,
existe a R tal que f (x + h) f (x) = a h para qualquer variacao h da variavel x. Dizemos que
esta e uma caracterizacao das funcoes afins, pois todas as funcoes afins, e nenhuma outra, tem essa
propriedade.
Nesta primeira secao, comecamos a discutir uma caracterizacao para a funcao exponencial com base
na ideia de variacao: para cada variacao da variavel independente h fixada, a variacao correspondente
da variavel dependente f (x + h) f (x) e proporcional ao valor da propria variavel dependente f (x),
sendo a constante de proporcionalidade dependente de h. Equivalentemente, podemos dizer que a razao
f (x + h)
depende apenas de h, e nao de x. Uma importante consequencia para o calculo infinitesimal e
f (x)
que as funcoes exponenciais sao aquelas para as quais a taxa de variacao instantanea (isto e, a derivada)
e proporcional ao valor da propria funcao. Essas propriedades podem ser percebidas intuitivamente em
situacoes em que uma grandeza varia em funcao do tempo de tal forma que o acrescimo sofrido a
partir de um determinado instante e proporcional ao valor da propria grandeza naquele instante este
e o caso, por exemplo, dos juros compostos e do decaimento radioativo, tratados nesta secao. As
demonstracoes para essas propriedades serao dadas nas proximas Unidades.
Na secao 2. Pot
encias de Expoente Racional (pp. 4-10), discute-se a extensao da definicao de
exponenciacao com expoente natural, que se baseia na ideia de multiplicacao de fatores repetidos,
para expoentes inteiros (p. 7), em primeiro lugar, e depois expoentes racionais (p. 8). Evidentemente,
a definicao de exponenciacao com base na ideia de multiplicacao de fatores repetidos nao pode ser
generalizada nem para expoentes inteiros, nem para expoentes racionais. Em ambos os casos, as
definicoes generalizadas sao as unicas possveis, de modo a preservar as propriedades fundamentais da
exponenciacao. Certifique-se de entender as demonstracoes para os fatos de que an tende a +, se
a > 1, e a 0, se 0 < a < 1 (pp. 6-7). Observe que lim an = + se a > 1 nao e consequencia
n+
imediata do fato de an ser estritamente crescente neste caso (como mostra o exemplo dado na p. 5).
No final da secao 2, e demonstrado um Lema (p. 9-10) que sera importante para a extensao da
exponencial para expoentes reais, que sera discutida na proxima Unidade. Observe que as extensoes
da exponenciacao de N para Z e de Z para Q baseiam-se em propriedades algebricas. Entretanto, a
Exerccios recomendados
a ? E que a n
1
?
an
= m an =
Abaixo, indicamos uma referencia para estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 13
Funo Exponencial
Semana 23/05 a 29/05
1 Introduo
f : R R uma funo am ento o
acrscimo f (x + h) f (x), sofrido por f quando se passa de x para
x + h, depende apenas do acrscimo h dado a x mas no depende do
prprio valor de x. Isto bvio, uma vez que f (x) = ax + b implica
f (x+h)f (x) = ah. O mais importante, tendo em vista as aplicaes,
que quando f montona crescente, ou decrescente, vale a recproca:
se f (x + h) f (x) no depende de x ento f am.
O Exemplo 8 do Captulo 5 dizia respeito a uma quantia x, inVimos no Captulo 5 que se
f (x).
f (x)
MA11 - Unidade 13
de
x.
Neste captulo, consideraremos uma quantia
c0 ,
aplicada a juros
Se chamarmos de
c(t)
o capital
c(t)
t.
c(t0 + h) c(t0 ),
experimentado pelo capital aps o decurso de tempo h, a partir do
0
momento t , maior do que o rendimento c(t + h) c(t) depois de
decorrido o mesmo tempo h, a partir do momento anterior t, pois o
0
capital acumulado c(t ), sendo maior do que c(t), deve produzir maior
Notamos ainda que se
t < t0
t,
ento o acrscimo
renda.
Assim,
c(t)
depende no apenas de
mas de
t,
j que
c(t + h) c(t)
c(t + h) c(t)
investiu a quantia
Funo Exponencial
h) c(t)]/c(t)
dependa
relativo
[c(t +
c(t) = c0 at .
As partculas emitidas no
Isto
desintegre a metade da massa de um corpo formado por aquela substncia, constatamos que a meia-vida um nmero intrinsecamente
associado a cada substncia radioativa: o tempo necessrio para reduzir metade a radioatividade de uma tonelada de urnio igual ao
tempo que leva um grama da mesma substncia para ter sua metade
desintegrada.
A propsito: os vrios istopos do urnio tm meia-vida da ordem
de
109
MA11 - Unidade 13
horas.
m = m(t) a massa da
substncia radioativa presente no corpo no instante t, veremos que m
uma funo decrescente de t e, alm disso, a perda relativa [m(t +
h) m(t)]/m(t), ocorrida aps o decurso do tempo h, depende apenas
de h mas no do instante inicial t, ou seja, da massa m(t) existente
De um modo geral, se designarmos por
naquela ocasio.
Outra vez constatamos a necessidade de uma funo real de varivel real
m : R R,
h.
Mostraremos neste captulo que as nicas funes com essas propriedades so as do tipo
Os exemplos que
por denio.
an : a1 = a
m, n N tem-se
A denio indutiva de
Para quaisquer
am an = am+n
an+1 = a an .
Funo Exponencial
a.
m1 , m2 , . . . , mk
m+n
quaisquer, vale
m1 = = mk = m
, vem
(am )k = amk .
Se
dade
desta desigual-
a<1
a > 1
e decrescente se
1 2 3
n
, , ,...,
,...
2 3 4
n+1
onde se tem
para todo
n N.
Entretanto, se
n N,
n
<1
n+1
a > 1,
c,
an
por maior
. Noutras palavras,
MA11 - Unidade 13
c R,
dado arbitrariamente
n N
tal que
a > c.
Para provar isto, escrevemos
de Bernoulli, temos
teremos
1 + nd > c
a = 1 + d, c > 0.
a > 1 + nd.
Pela desigualdade
Logo, se tomarmos
n > (c 1)/d,
a > c.
Exemplo.
potncias
Seja
um expoente da ordem de
calcu-
tomar
n > 21 milhes.
de um nmero maior do que 1 crescem acima de qualquer limite prexado, nos preocupamos mais em usar um raciocnio simples e claro
do que obter o menor expoente possvel.
Para exprimir que a sequncia crescente
(an )
ilimitada superior-
mente, escrevemos
lim an =
an
a > 1!).
e dizemos que
(supondo
De modo anlogo, se
a, a , a , . . .
0 < a < 1
cresce indenidamente
Funo Exponencial
bn > 1/c,
ou seja,
1
an
>
1
, donde
c
limn an = 0
an < c.
limn an = 0
l-se o limite de
0 < a < 1.
quando n tende
quando
an
ao
nZ
an ,
quando
a0
am an = am+n .
an an = an+n = a0 = 1,
logo
an =
1
an
a igualdade fundamental
f (m + n) = f (m) f (n),
0 < a < 1.
n
Segue-se, em particular que, para a > 1 e n N, tem-se a
< 1 < an
n
n
0
e, para 0 < a < 1, tem-se a < 1 < a
pois n < 0 < n e a = 1.
m
n
m+n
m n
mn
De a a = a
segue-se que (a ) = a
ainda quando m,
n Z.
r
Prosseguindo, vejamos que sentido pode ser dado potncia a
quando r = m/n um nmero racional (onde m Z e n N), de
ainda crescente quando
a > 1
e decrescente quando
MA11 - Unidade 13
ar as = ar+s .
r = m/n:
Desta igualdade
n
a a
. Por denio de raiz, este nmero
am , a raiz n-sima de
am . Assim, a nica maneira de denir a potncia ar , com r = m/n ,
m Z, n N, consiste em pr
Portanto
am/n =
am .
p N,
m =
amp a m de que a
np
ar as = ar+s para r, s Q.
+
provar que a funo f : Q R , denida por
quando a > 1 e decrescente quando 0 < a < 1.
f (r) = ar ,
crescente
Funo Exponencial
11n
ar
r 7 10
, de
em
11
no
R+
a 6= 1.
ar ,
com
rQ
a 6= 1,
em todo intervalo de
R+
Demonstrao:
Dados
< < aM
tais que
n
1<a< 1+ M
a
aM
Logo
m+1
m
1
m
m
6 M 0 < a n (a n 1) < 0 < a n a n < .
n
Assim, as potncias
a0 = 1, a1/n , a2/n , , aM
10
MA11 - Unidade 13
MA 11 - Unidade 14
Func
ao Exponencial
Semana de 30/05 a 05/06
Recomendac
oes gerais
Nesta Unidade, continuamos o estudo de funcoes exponenciais, iniciado na unidade anterior, onde
foi apresentada a definicao da exponenciacao apenas para expoentes racionais. Na secao 1. A Func
ao
Exponencial (pp. 1-6), e discutida a sua extensao para expoentes reais, necessaria para que possamos
definir a funcao exponencial com domnio em R. Fazer essa extensao significa que, para a > 0 fixado,
devemos definir uma funcao f , com domnio em R, que satisfaca as propriedades fundamentais 1, 2 e
3, enunciadas na p. 1, para todo x R.
Em primeiro lugar, observamos que tal funcao sera estritamente positiva (p. 2). Portanto, poderemos definir f : R R+ . Alem disso, para r Q, a funcao coincidira com a exponenciacao ar , ja
definida (p. 2). Por outro lado, fixado a > 1 (o caso 0 < a < 1 e analogo), gracas `a monotonicidade
da exponencial em Q, temos que, dado x irracional, existe um unico numero real y com a seguinte
propriedade:
r < x < s , x, y Q
ar < y < a s
De fato, se existissem dois numeros reais distintos A < B com esta propriedade, concluiramos que
ar < A < B r Q, r < x, e que A < B < as s Q, s > x. Isto e, nao existiria nenhuma potencia
ar , com r Q no intervalo [A, B], contradizendo o lema da secao anterior. Portanto, definimos o
unico numero real y com a propriedade acima como sendo o valor da funcao f em x. Assim, fica bem
definida a funcao f que satisfaz as propriedades 1, 2 e 3. A partir da, podemos estabelecer as outras
propriedades importantes da funcao exponencial f : R R+ (pp. 3-5): continuidade, injetividade,
sobrejetividade, limites em .
Com relacao ao grafico da funcao exponencial (pp. 5-6), recomendamos particular atencao `a
comparacao entre funcoes exponenciais e polinomiais: o crescimento exponencial, quando a > 1,
supera o de qualquer polinomio. No Ensino Medio, graficos de funcoes exponenciais sao muitas vezes
tracados de forma displicente, como se fossem arcos de parabola. Entretanto, e importante observar
que o crescimento exponencial e qualitativamente bastante diferente do crescimento polinomial. Para
entender bem esta diferenca qualitativa, releia a discussao sobre variacao da funcao exponencial na
unidade anterior: o crescimento exponencial se caracteriza pelo fato de que a variacao da variavel
dependente e proporcional ao seu proprio valor.
Na secao 2. Caracterizac
ao da Func
ao Exponencial (p. 6-9), sao demonstradas duas formas
de caracterizar este tipo de funcao. A primeira diz respeito a suas propriedades algebricas, e segunda
envolve a ideia de variacao. Ao ler essas demonstracoes, preste atencao `a importancia da hipotese
de monotonicidade (que pode ser substituda por continuidade) e do lema de densidade provado na
unidade anterior.
Exerccios recomendados
(b) f (x) = 2x
(d) f (x) = 2 x
Indicamos abaixo uma referencia para estudo futuro para aqueles que se interessarem em se aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao cobrados
nas avaliacoes unificadas.
[1] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 14
Funo Exponencial
Semana 30/05 a 05/06
1 A Funo Exponencial
Seja a um nmero real positivo, que suporemos sempre diferente de 1.
A funo exponencial de base a, f : R R+ , indicada pela notao
f (x) = ax , deve ser denida de modo a ter as seguintes propriedades,
para quaisquer x, y R:
1) ax .ay = ax+y ;
2) a1 = a;
3) x < y ax < ay quando a > 1 e
x < y ay < ax quando 0 < a < 1.
1
MA11 - Unidade 14
x
ter f (r) = ar = n am .
Portanto f (r) = ar a nica funo f : Q R+ tal que f (r +s) =
f (r) f (s) para quaisquer r, s Q e f (1) = a.
A propriedade 3) diz que a funo exponencial deve ser crescente
quando a > 1 e decrescente quando 0 < a < 1.
Da resultar que existe uma nica maneira de denir o valor
f (x) = ax quando x irracional. Para xar as ideias, suporemos
a > 1. Ento ax tem a seguinte propriedade:
Funo Exponencial
ar < ax < as .
MA11 - Unidade 14
Certamente, podemos xar s Q tal que b < as . Ento a monotonicidade da funo ax nos assegura que r1 < r2 , , rn < < s.
Assim, (rn ) uma sequncia montona, limitada superiormente
por s. A completeza de R garante ento que os rn so valores aproximados por falta de um nmero real x, ou seja, limxx0 rn = x. A
funo exponencial sendo contnua, temos ento ax = limxx0 arn = b
como queramos demonstrar.
Vemos, pois, que para todo nmero real positivo a, diferente de 1,
a funo exponencial f : R R+ , dada por f (x) = ax , uma correspondncia biunvoca entre R e R+ , crescente se a > 1, decrescente
se 0 < a < 1, com a propriedade adicional de transformar somas em
produtos, isto , f (x + y) = f (x) f (y).
Funo Exponencial
e
x < y ax < ay ,
portanto x 6= y ax 6= ay .)
Tem-se ainda
lim ax = + se a > 1,
x+
x+
lim ax = 0 se a > 1 e
Figura 1:
Quando a > 1, nota-se que, quando x varia da esquerda para a direita, a curva exponencial y = ax apresenta um crescimento bastante
MA11 - Unidade 14
Figura 2:
Funo Exponencial
Demonstrao:
MA11 - Unidade 14
recproca.
Funo Exponencial
MA 11 - Unidade 15
Func
ao Exponencial e Func
ao Inversa
Semana de 30/05 a 05/06
Recomendac
oes gerais
Nesta unidade, conclumos o estudo das funcoes exponenciais, e nos preparamos para comecar a
estudar as funcoes logaritmicas.
Na secao 1. Func
oes Exponenciais e Progress
oes (pp. 1-3), sao exploradas as importantes
relacoes entre funcoes exponenciais e progressoes aritmeticas e geometricas muitas vezes negligenciadas no Ensino Medio. Em primeiro lugar, observamos que uma progressao geometrica nada mais
e do que uma funcao exponencial discreta, isto e, uma funcao exponencial cujo domnio e N, em vez
de R. Observamos ainda que as funcoes exponenciais reais podem ser caracterizadas como aquelas
que transformam progressoes aritmeticas em progressoes geometricas. Isto e, todas as funcoes exponenciais tem essa propriedade, todas as funcoes com esta propriedade sao exponenciais. Assim, as
funcoes exponenciais caracterizam-se pelo fato de que, cada vez que somamos uma constante `a variavel
independente, a variavel dependente e multiplicada por uma constante; ou seja, saltos aditivos no eixo
horizontal correspondem a saltos multiplicativos no eixo vertical. Esta importante propriedade tambem
pode ajudar a entender (e a explicar para os alunos no Ensino Medio) a variacao global das funcoes
exponenciais e, consequentemente, o comportamento qualitativo de seus graficos (comentado no final
do Roteiro anterior).
Na secao 2. Func
ao Inversa (pp. 3-6), apresentamos a definicao de funcao inversa e discutimos
condicoes para a sua existencia. Essencialmente, dada uma funcao f : X Y , para que exista a
funcao inversa f 1 : Y X, duas condicoes sao necessarias:
1. Devemos ser capazes de definir f 1 em todos os elementos do conjunto Y , que corresponde ao
contradomnio da funcao original f . Isto e, todo elemento de Y deve estar associado por f a um
elemento de X. Da, f precisa ser sobrejetiva.
2. Cada elemento de Y nao pode estar associado por f 1 a mais de um elemento de X. Isto e,
nao pode haver elementos distintos do domnio de f cujas imagens sejam as mesmas. Portanto,
f precisa ser injetiva.
Conclumos desta forma que uma funcao e invertvel se, e somente se, e bijetiva.
Exerccios recomendados
5. Na p. 5, afirmamos que a inversa de uma funcao crescente e tambem uma funcao crescente.
Demonstre esta afirmacao.
6. Sejam f : R R e g : R R duas funcoes crescentes.
(a) Podemos afirmar que a composta f g e uma funcao crescente? Justifique sua resposta.
(b) Podemos afirmar que o produto f g e uma funcao crescente? Justifique sua resposta.
Abaixo indicamos uma referencia para estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 15
Funo Exponencial e Funo Inversa
Semana 30/05 a 05/06
Seja
ah
pois
MA11 - Unidade 15
x1 + nh,
segue-se que
particular, se
Em
t,
c0
Teorema:
Seja
f : R R
g(0) = 1.
Dado
x R
qualquer, a sequncia
g(x), 1, g(x)
x, 0, x
uma pro-
g(x).
Segue-se
2 Funo Inversa
g : Y X a inversa da funo f : X Y
quando se tem g(f (x)) = x e f (g(y)) = y para quaisquer x X e
y Y . Evidentemente ,g inversa de f se, e somente se, f inversa
de g .
Quando g a inversa de f , tem-se g(y) = x se, e somente se,
f (x) = y .
Se g(f (x)) = x para todo x X ento a funo f injetiva, pois
Diz-se que a funo
MA11 - Unidade 15
x X
F (G(y)) = F ( y) = ( y)2 = y
para quaisquer
x>0
y > 0.
n N, a funo x 7 xn
[0, +) sobre si mesmo, cuja
y 7
y.
n
uma corinversa
mpar, ento
decrescente).
Figura 1:
f : I J (I , J
f seja crescente, ou
P, Q
no plano dizem-se
P Q.
a mediatriz do segmento
Duas
(x, x)
diagonal do plano
R2
a reta
O simtrico do ponto
o ponto
Q = (y, x).
P = (x, y) R2
em relao diagonal
P Q uma
(x, y), (x, x), (y, x) e (y, y),
diagonal do
enquanto
X, Y
f 1 : Y X
a inversa
MA11 - Unidade 15
Figura 2:
da funo
do grco
o simtrico
ngulo de
180
em torno da di-
Observao.
Se
MA 11 - Unidade 16
Func
ao Logartmica
Semana de 06/06 a 12/06
Recomendac
oes gerais
Nesta Unidade, comecamos a estudar as funcoes logartmicas, definidas como inversas das funcoes
exponenciais. No comeco da secao 1. Func
oes Logartmicas (pp. 1-6), sao apresentadas as relacoes
algebricas que decorrem diretamente da definicao como inversa da funcao exponencial:
aloga x = x
loga (ax ) = x
apresentada tambem uma ideia fundamental para o conceito de logaritmo: loga x e o expoente
E
ao qual se deve elevar a base a para obter o resultado x (p. 2).
Os logaritmos talvez correspondam a um dos topicos mais artificialmente mistificados no Ensino
Medio, devido `a enfase excessiva em procedimentos repetitivos apresentados de forma mecanizada
(tais como a resolucao de equacoes logartmicas por meio de truques algebricos particulares) em
detrimento do enfoque no proprio conceito. Sendo assim, na abordagem de logaritmos no Ensino
Medio, e fortemente recomendada a enfase na ideia fundamental de que o logaritmo e o expoente
em uma exponenciacao. Esta ideia pode facilitar consideravelmente a compreensao das propriedades
e caractersticas basicas das funcoes logartmicas: propriedades algebricas fundamentais, variacao de
sinal, limites no infinito e em 0, comportamento grafico (tambem estudadas na secao 1 desta Unidade).
interessante ainda chamar atencao para o fato de que a propriedade algebrica fundamental dos
E
logaritmos transformar produtos em soma esta no centro de sua origem historica (como observado
na p. 2). Observe que, sem o auxlio de calculadoras e computadores, com os quais estamos cada vez
mais acostumados, efetuar uma multiplicacao e muito mais trabalhoso que efetuar uma adicao, principalmente no caso de numeros com muitos algarismos decimais. Por isso, uma ferramenta matematica
que permitisse reduzir o trabalho de fazer uma multiplicacao ao de uma adicao era muito importante
no passado. Para saber mais, veja 1.
Outra observacao importante, feita na secao 1, diz respeito ao crescimento da funcao logartmica (p.
5). Ao contrario do caso da funcao exponencial, o crescimento da funcao logartmica e extremamente
lento. Por exemplo, no caso da funcao logartmica decimal, cada vez que multiplicamos a variavel
independente por 10, somamos apenas 1 unidade ao valor da variavel dependente. De forma mais
geral, passos multiplicativos na variavel independente de uma funcao logartmica correspondem a passos
aditivos na variavel dependente.
Na secao 2. Caracterizac
ao das Func
oes Logartmicas (pp. 6-8), e apresentada uma caracterizacao com base nas propriedades algebricas da funcao. Observe a importancia da hipotese de
monotonicidade e da densidade dos racionais na demonstracao deste fato.
Exerccios recomendados
(a) a altura media, em centmetros, de uma planta dessa especie aos 3 anos de vida;
(b) a idade, em anos, na qual a planta tem uma altura media de 1, 6m.
6. (UERJ/2008) Admita que, em um determinado lago, a cada 40cm de profundidade, a intensidade
de luz e reduzida em 20%, de acordo com a equacao I = I0 0, 8k/40 , onde I e a intensidade da
luz em uma profundidade h, em centmetros, e I0 e a intensidade na superfcie. Um nadador
verificou, ao mergulhar nesse lago, que a intensidade da luz, em um ponto P , e de 32% daquela
observada na superfcie. Determine um valor aproximado para a profundidade do ponto P .
7. O acidente do reator nuclear de Chernobyl, URSS, em 1986, lancou na atmosfera grande quantidade do isotopo radioativo estroncio-90, cuja meia-vida e de vinte e oito anos. Supondo ser
este isotopo a unica contaminacao radioativa e sabendo que o local podera ser considerado se1
da quantidade
guro quando a quantidade de estroncio-90 se reduzir, por desintegracao, a 16
inicialmente presente, em que ano o local podera ser habitado novamente?
8. Os graficos a seguir foram desenhados por um programa de computador, em eixos x0 y 0 com
escalas logartmicas decimais. Isto e, se xy e o sistema de coordenadas cartesianas convencional,
entao x0 = log10 x e y 0 = log10 y. A janela grafica e 0, 1 x0 10 e 0, 1 y 0 10.
E
E0
Abaixo, indicamos algumas referencias de leituras futuras para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Eves, H. Introducao `a Historia da Matematica
[2] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
[3] Lima, E.L. Logaritmos
MA11 - Unidade 16
Funo Logartmica
Semana 06/06 a 12/06
Funes Logartmicas
funo exponencial
biunvoca entre
a 6= 1,
f (x + y) = f (x) f (n).
MA11 - Unidade 16
Segue-se que
a funo
loga : R+ R,
que associa a cada nmero real positivo
o
logaritmo de
na base
a.
aloga x = x
loga x o expoente
nmero x. Ou seja,
Assim,
obter o
loga (ax ) = x.
para
y = loga x ay = x.
Segue-se imediatamente da relao
au av = au+v
que
Com efeito, se
u = loga x e v = loga y
xy = au av = au+v ,
ou seja
Funo Logartmica
A funo
quando
decrescente
importante
x 7 ax
binrios ) e base
(logaritmos
a > 1,
chamados
loga x
loga 1 = 0,
a > 1,
quando
a > 1,
e como
MA11 - Unidade 16
Figura 1:
Se tivssemos traado os grcos das funes
logb x,
com
a > 1
0 < b < 1
y = loga x
y =
c,
tais que
x = au = 2v = (ac )v = acv
u = cv , isto , loga x = c log2 x
constante c igual a loga 2. A igualdade
portanto
para todo
x > 0,
onde a
frmula de mudana
nmeros
a, b
maior e
Funo Logartmica
Como
loga : R+ R
y = loga x
a > 1:
lim loga x = +
x+
lim loga x = .
x0
loga x
A > 0,
tem-se
loga x < A
desde que
sucientemente pequeno.
Ao contrrio da funo exponencial, que cresce rapidamente,
loga x
tende a
um algarismos.
Esse crescimento lento do logaritmo, que contrasta com o crescimento rpido da exponencial, bem ilustrado pelos grcos das funes
y = ax
diagonal
y = loga x,
2
de R .
MA11 - Unidade 16
Figura 2:
R,
R+
f : R+ R tal que
f (ax ) = x para todo x R ento f (y) = loga y para todo y R+ ,
x
de acordo com a Observao no nal da seo 6, pois x 7 a uma
+
funo sobrejetiva de R em R . (Estamos supondo a > 0 diferente de
produtos em somas. Antes lembremos que se
1.)
Seja
f : R+
que
tal
Ento existe
a>0
crescente. O outro
Funo Logartmica
f (am ) = f (a a . . . a)
= f (a) + f (a) + + f (a)
= 1 + 1 + + 1 = m,
0 = f (1) = f (am am )
= f (am ) + f (am ) = m + f (am ),
logo
f (am ) = m.
Se
r = m/n
com
mZ
nN
ento
rn = m,
portanto
f (ar ) =
m
n
= r.
Se
xR
r, s
racionais
tem-se:
r < x < s ar < ax < as f (ar ) < f (ax ) < f (as ) r < f (ax ) < s.
r, menor do que x, tambm menor do
x
que f (a ) e todo nmero racional s maior do que x tambm maior
x
x
do que f (a ). Segue-se que f (a ) = x para todo x R. Portanto
f (y) = loga y para todo y > 0.
Assim todo nmero racional
g : R+ R,
tal que
MA11 - Unidade 16
g(x)
os membros da igualdade
MA 11 - Unidade 17
Logaritmos Naturais
Semana de 06/06 a 12/06
Recomendac
oes gerais
Nos cursos superiores, principalmente nas disciplinas de Calculo, lidamos bastante com o numero
e e com as funcoes logaritmo e exponencial com esta base. Entretanto, esses conceitos sao pouco
explorados no Ensino Medio. Mesmo assim, devido ao seu papel central na teoria de exponenciais e
logaritmos, o conhecimento desses conceitos e importante para o professor de Matematica. Por isso,
nesta Unidade e na proxima, vamos rever algumas das principais ideias sobre logaritmos e exponenciais
de base e.
Nesta Unidade, construiremos a funcao logaritmo natural com base na area determinada por uma
hiperbole (pp. 1-6). Em seguida, mostraremos que o numero e, base desse logaritmo, coincide com o
limite de certa sequencia (pp. 7-10).
Em particular, esta sequencia nos fornece aproximacoes racionais para o numero e. A demonstracao
deste fato baseia-se na observacoes de propriedades geometricas da area sob a hiperbole. A partir da,
obtemos ainda outros limites importantes:
1
x
lim (1 + x) = e
x0
lim
n+
n
1+
= e
n
Exerccios recomendados
Abaixo, indicamos algumas referencias de pesquisas futuras para aqueles que se interessarem em
se aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Eves, H. Introducao `a Historia da Matematica
[2] Figueiredo, D.G. Numeros Irracionais e Transcedentes
[3] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
[4] Lima, E.L. Logaritmos
MA11 - Unidade 17
Logaritmos Naturais
Semana 06/06 a 12/06
1 Logaritmos Naturais
Nesta seo, mostraremos como os logaritmos naturais podem ser
apresentados de forma geomtrica, usando para isso o Teorema de
Caracterizao demonstrado na seo anterior.
Comeamos pelo estudo de uma transformao geomtrica bastante simples, que se revela til para os nossos propsitos.
MA11 - Unidade 17
e altura medindo
a,
transformado por
geralmente,
T (F ),
cujas
horizontal e
X 0 = T (X),
kb e altura a/k .
num retngulo
F0
transformado por
tido em
F0
enquanto
contidos em
F 0.
T num polgono retangular de mesma rea conT 1 faz o mesmo com os polgonos retangulares
as pags. 22 e 49.]
Figura 1:
T (x, y) =
nas faixas
(2x, y/2)
Logaritmos Naturais
Seja
xy = 1; H
o grco da
h : R R, h(x) = 1/x.
+
b
Dados a, b R , o conjunto Ha dos pontos (x, y) do plano tais
que x est entre a e b e 0 6 y 6 1/x chama-se uma faixa de hiprbole .
Hab o conjunto do plano limitado lateralmente pelas verticais x = a,
x = b, ao sul pelo eixo das abcissas e ao norte pela hiprbole H .
funo
Figura 2:
A transformao
T = Tk : R2 R2
Figura 3:
leva a faixa
Hab
na faixa
bk
Hak
MA11 - Unidade 17
Como
Hab e
k > 0,
as faixas
bk
Hak
tm a mesma rea.
a < b,
negativa quando
b<a
e zero quando
a = b.
b
REAHa ,
com letras maisculas, para indicar a rea orientada (provida de sinal).
> 0,
Hab .
Assim,
temos
REA
REA
a < b < c,
rea
Hab
tem-se
+ rea
Hbc
= rea
Hac .
Hab
REA Hba
Hab
+ REA
Hbc
= REA
Hac
a 6 b 6 c, a 6 c 6 b, b 6 a 6 c, b 6
c 6 b 6 a. A igualdade acima fcil de provar.
c 6 a, c 6 a 6 b
Logaritmos Naturais
Figura 4:
f : R+ R
x > 0.
f (x) = REA H1x
Figura 5:
MA11 - Unidade 17
f (x) > 0
x > 1;
f (x) < 0
0 < x < 1;
f (1) = 0;
f
crescente.
f (xy)
= REA
H1xy
x, y R+
= REA
Hxxy
H1x
quaisquer:
+ REA
= REA
H1y .
Hxxy .
Logo
f (xy)
y
x
REA H1 + REA H1 , ou seja:
xR
e,
tal que
f (x) = loge x
Figura 6:
Logaritmos Naturais
e,
Alguns autores chamam o logaritmo natural de logaritmo neperiano, em homenagem a John Napier, autor da primeira tbua de
logaritmos, em 1614. Entretanto, tal denominao no inteiramente
apropriada, pois o logaritmo originalmente denido por Napier no
coincide com o logaritmo natural.
Usualmente, o nmero
(1 +
1 n
) quando
n
n tende ao innito.
(1 + n1 )n , n N. Essas aproximaes
maior for o nmero n. Mostraremos agora
H1e
= 1,
MA11 - Unidade 17
Figura 7:
1
mede
, contido na faixa
1+x
e cuja altura
e altura igual a 1.
x > 0:
x
< ln (1 + x) < x.
1+x
Dividindo por
x:
1
ln (1 + x)
<
< 1.
1+x
x
Tomando
x=
1
:
n
n
1 n
< ln 1 +
< 1,
n+1
n
Portanto:
n
1 n
e n+1 < 1 +
< e,
n
n
para todo n N. Quando n cresce indenidamente,
se aproxima
n+1
n
de 1, logo e n+1 tende a e. Segue-se ento destas ltimas desigualdades
que
1 n
lim 1 +
= e.
n
n
Logaritmos Naturais
e = lim (l + n1 )n
n
1
ln (1 + x)
<
< 1,
1+x
x
()
x
.
1+x
()
1<
obtemos
ln (1 + x)
1
<
.
x
1+x
1
,
1+x
ou
ou
ou seja
1
x>0
ou
1 < x < 0.
Em qualquer hiptese, da se
segue que
( )
lim (1 + x) x = e
x0
10
MA11 - Unidade 17
to
x sucientemente
> 0 ou < 0.)
pode ser
tende a
e quando
(1+x) x
(1+x) x
tende a zero.
Tomando, por exemplo,
x=
1
, vemos que
n
x
n
e que
x0
e somente se
n
,
e = lim 1 +
n
n
vlida para todo
R,
obtemos
1
1 n
= lim 1
.
e n
n
se,
MA 11 - Unidades 18 e 19
Func
ao Exponencial na Base e
Semana de 13/06 a 19/06
Recomendac
oes gerais
lim
n+
1+
x n
= ex
n
x R
Nesta Unidade, damos continuidade a estes estudos. Comecamos observando um exemplo em que
o numero e (ou as exponenciais de base e) aparece em um problema de juros (pp. 1-3). Considere uma
aplicacao financeira que rende juros em certo perodo de tempo (por exemplo, um ano). Suponha
que esta aplicacao seja de tal forma que, cada vez que o investidor faz uma retirada antes do final do
perodo, ele recebe uma fracao da quantia que receberia ao final do perodo, proporcional ao tempo de
aplicacao (como se a aplicacao rendesse juros simples dentro do perodo). Neste caso, quanto mais o
investidor resgata e re-aplica imediatamente a quantia retirada, maior sera o total acumulado ao final
do perodo (pois juros simples rendem mais que juros compostos para perodos da aplicacao menores
que 1, como mostra o exerccio 1). Entretanto, o valor acumulado nao aumenta indefinidamente a
razao entre este valor e o investimento inicial se aproxima e e limitado superiormente por e . Podemos
dizer que e corresponde `a taxa de juros compostos continuamente acumulados, em uma situacao
limite (se fosse possvel resgatar e re-aplicar a cada instante).
Na segunda parte da Unidade, mostramos que a derivada de uma funcao exponencial e proporcional
`a propria funcao (pp. 4-7). Esta propriedade e responsavel pela grande importancia da funcao exponencial para a modelagem de fenomenos em que a taxa de crescimento de uma grandeza e proporcional
ao seu proprio valor. Ha muitos exemplos de fenomenos com esta propriedade, na fsica e em outras
ciencias.
Exerccios recomendados
x2
xn
+ +
+ ,
2!
n!
onde a serie da direita converge para ex , para todo numero real x. Esta e a chamada serie de
Taylor da funcao ex . Em particular,
e=1+1+
1
1
+ +
+ .
2!
n!
xn
x2
+ + .
2!
n!
O que se prova e que Sn (x) aproxima ex , com erro estimado pela formula:
0 < ex Sn (x) =
rn+1 (x)
ex xn+1
<
, para todo x > 0.
(n + 1)!
(n + 1)!
Existe uma formula que estima o erro quando x < 0, mas que nao vem ao caso escrever.
Como 0 < e < 3, deduzimos, para x = 1, que 0 < rn (1) < 3, ja que
0<
e
3
rn (1)
<
<
.
n!
(n)!
(n)!
Calcule, com o auxlio de uma calculadora, um valor aproximado de e com erro menor do que
104 .
4. Prova da irracionalidade de e.
Suponha por absurdo que e = pq . Escreva esta fracao na forma m
, onde m = 3p e n = 3q (o
n
1
contrario de tomar uma fracao reduzida). Aproximando e = e por Sn1 (1), com o valor de n
acima (=3q), podemos escrever
1
1
rn (1)
m
= e = 1 + 1 + + +
+
,
n
2!
(n 1)!
n!
onde 0 < rn (1) < 3. Explicitando o valor de rn (1), obtemos que
m
1
1
rn (1) = n! n! 1 + 1 + + +
n
2!
(n 1)!
e um numero inteiro, diferenca de dois numeros inteiros. O primeiro numero e multiplo de m e
o segundo e multiplo de n. Portanto, rn (1) e um inteiro multiplo de 3, o que e uma contradicao
com o fato de 0 < rn (1) < 3.
5. Com extamente a mesma ideia, mostre que e2 e irracional. Este argumento pode ser generalizado
para mostrar que er , com r um numero natural, e irracional.
valida a seguinte generalizacao do ultimo fato acima estabelecido:
Observac
ao: E
Para todo polinomio P (x), nao constante, com coeficientes numeros racionais, o numero P (e)
e irracional.
Esta afirmacao e equivalente ao fato de e ser um numero transcendente, o que se constitui num
teorema cuja demonstracao esta bem alem do material exposto neste curso.
MA11 - Unidades 18 e 19
Funo Exponencial na Base
MA11 - Unidades 18 e 19
1+
n
n+1
< 1+
n
n+1
MA11 - Unidades 18 e 19
Figura 1:
No caso particular da funo f (x) = bex , temos
eh 1
f (x + h) f (x)
eh 1
= bex
= f (x)
.
h
h
n
Chama-se derivada da funo f no ponto x ao limite da taxa
[f (x + h) f (x)]/h quando h tende para zero. Este nmero, cujo
Figura 2:
O sinal e o valor da derivada f 0 (x) indicam a tendncia da variao de f a partir do ponto x. Se f 0 (x) > 0 ento f (x + h) > f (x)
para pequenos valores positivos de h. Se f (x) < 0, tem-se, ao contrrio, f (x + h) < f (x) para h pequeno e positivo. Se f 0 (x) um
nmero positivo grande, ento f cresce rapidamente a partir de x. E
assim por diante. A derivada a noo fundamental do Clculo Innitesimal. Sua descoberta, h trs sculos e meio, teve uma grande
repercusso e provocou um progresso extraordinrio na Cincia e em
toda a civilizao a partir daquela poca.
Mostraremos agora que a derivada da funo f (x) = bex igual a
f (x). Noutras palavras, a taxa instantnea de crescimento de uma
funo do tipo exponencial , em cada ponto x, proporcional ao valor
da funo naquele ponto. E o coeciente precisamente o fator de
MA11 - Unidades 18 e 19
proporcionalidade.
Assim, por exemplo, no caso do investimento, em que c(t) = c0
et , se, a partir de um dado instante t0 , considerarmos um intervalo
de tempo h muito pequeno, teremos aproximadamente [c(t0 + h)
c(t0 )]/h
= c(t0 ) , logo c(t0 + h) c(t0 ) = c(t0 ) h.
Usando a interpretao geomtrica do logaritmo natural, fcil
calcular a derivada da funo f (x) = b ex .
O ponto de partida consiste em mostrar que se tem
eh 1
= 1.
h0
h
lim
Para ver isto, lembramos que a faixa de hiprbole H1e tem rea
igual a h. Esta faixa est compreendida entre um retngulo de rea
(eh 1)/eh e outro de rea eh 1. Portanto
h
eh 1
< h < eh 1.
eh
Figura 3:
Aqui estamos supondo h > 0. Dividindo as duas desigualdades por
eh 1, obtemos
1
h
< 1, para todo h > 0.
< h
h
e
e 1
e, mais geralmente,
eh 1
eh 1
e(x+h) ex
= ex lim
= ex lim
h0
h0
h0
h
h
h
lim
MA11 - Unidade 20
Atividade Especial
Semana de 20/06 a 26/06
Reservamos esta semana para propor uma reviso geral dos conceitos
estudados at agora neste curso. Desta forma, voc ter a oportunidade
de esclarecer eventuais dvidas e refazer os exerccios mais importantes.
2 Unidade 20
Nas Unidades 1 e 2, enfocamos os conceitos bsicos relacionados com
conjuntos e funes. Ao rever essas ideias, certifique-se de entender claramente os significados precisos dos termos usados na linguagem
matemtica formal. Reveja as formulaes, em termos desta linguagem
formal, das operaes e relaes entre conjuntos (reunio, interseo,
incluso) e dos conceitos fundamentais de funes (injetividade, sobrejetividade, funes inversas). Ao rever os exerccios dessas unidades, reflita sobre a importncia de cada um dessas ideias para o Ensino Mdio
e as adaptaes necessrias da linguagem matemtica formal associada.
Reveja tambm o conceito de conjunto infinito e as diferenas entre as
propriedades de conjuntos finitos e de conjuntos infinitos. Em particular,
atente para o fato de que o conceito de infinito no pode ser interpretado
com um nmero muito grande.
As Unidades 3 a 6 tratam do conceito de nmero real e suas propriedades fundamentais. Reveja cuidadosamente a distribuio dos nmeros racionais e dos nmeros irracionais na reta real. Recapitule tambm a estrutura da representao decimal dos nmeros reais, com especial
ateno para o fato de que um nmero racional se, e somente se, admite representao decimal peridica, e nos processos de converso entre
representaes na forma de frao e decimal. De forma geral, reflita sobre as diferenas conceituais entre a construo do conjunto dos nmeros
reais (isto , a extenso de Q para R) e as construes dos conjuntos
numricos anteriores, bem como sobre as consequentes dificuldades para
Atividade Especial
4 Unidade 20
Bsica.
Nas Unidades 9 a 11, foram abordadas as funes quadrticas.
Uma propriedade particularmente importante dessas funes o fato de
que podem ser escritas na chamada forma cannica:
f (x) = a (x x0 )2 + y0 , onde x0 =
b
4 a c b2
e y0 =
.
2a
4a
Da decorre grande parte das propriedades das funes quadrticas estudadas no Ensino Mdio: determinao das razes, mximos e mnimos,
eixo de simetria vertical. Reveja tambm as propriedades geomtricas
das funes quadrticas e sua importante aplicao ao movimento uniformemente variado.
Na Unidade 12, so generalizadas algumas das propriedades estudadas anteriormente para funes polinomiais de grau superior. Uma
importante propriedade sobre a fatorao de polinmios, que muito
usada no Ensino Mdio para determinar razes, o fato de que um nmero
real raiz de uma funo polinomial p : R R se, e somente se, o
binmio x fator de p(x). Reveja tambm, com ateno, as discusses
sobre a determinao de um polinmio a parir de certo nmero de valores dados, e sobre grficos, em particular o comportamento assinttico de
funes polinomiais.
Finalmente, nas Unidades 14 a 19, estudamos as funes exponenciais e logartmicas. Em primeiro lugar, recomendamos que voc reveja
com ateno a construo da funo exponencial, particularmente as di-
Atividade Especial
ficuldades conceituais na extenso de expoentes racionais para reais. Observe a importncia das propriedades de densidade estudadas no comeo
deste curso para esta construo. Reveja tambm a definio da funo
logartmica como inversa da exponencial. Recapitule ainda as caracterizaes dadas para essas funes. Essas caracterizaes esto fortemente
ligadas com as taxas de variaes das funes exponenciais e logartmicas, e com suas relaes com ordens de grandeza e com progresses
aritmticas e geomtricas. Essas propriedades so importantes e pouco
exploradas no Ensino Mdio.
MA 11 - Unidades 21
Func
oes Trigonom
etricas
Semana de 27/06 a 03/07
Recomendac
oes gerais
Nesta unidade, comecamos a preparar o estudo de funcoes trigonometricas e que sera desenvolvido
nas unidades seguintes. De forma similar ao que ocorre no caso dos logaritmos, trigonometria e certamente um dos topicos cuja abordagem no Ensino Medio e mais artificialmente mistificada. Em primeiro
lugar, observamos que, em geral, a abordagem de trigonometria em livros didaticos e fortemente calcada
por uma quantidade excessiva de formulas (em muitos casos redundantes) e procedimentos memorizados, apresentados com interpretacao geometrica insuficiente.
Um segundo problema esta relacionado com os dois contextos matematicos fundamentais em que
a trigonometria e desenvolvida: a trigonometria no triangulo retangulo e a trigonometria no chamado
crculo trigonometrico. No triangulo retangulo, o seno e o cosseno de um angulo agudo sao definidos
como razoes entre comprimentos de lados. Portanto, neste contexto, falamos de seno e cosseno de
angulos, definidos como razoes trigonometricas. No contexto do crculo trigonometrico, tomamos
como referencia um crculo unitario C, com centro na origem de um sistema de eixos cartesianos e
consideramos os angulos centrais que possuem um dos lados no eixo horizontal e o outro definido por
um segmento OB, em que B e um ponto sobre a circunferencia. Se B esta no primeiro quadrante,
os angulos determinados sao agudos e tudo ocorre como no contexto das razoes trigonometricas no
triangulo retangulo. Como as hipotenusas dos triangulos medem uma unidade, o seno e o cosseno
corresponderao `as medidas das suas projecoes sobre os eixos cartesianos. Existe uma correspondencia
entre os angulos centrais e os arcos correspondentes determinados por este angulos. Portanto, podemos
pensar que o seno e o cosseno dependem apenas do comprimento desses arcos por isso, o radiano
aparece como um unidade natural no contexto das funcoes trigonometrica. Agora, podemos mover
livremente o ponto B sobre a circunferencia, obtendo angulos obtusos, dando mais de uma volta
completa no crculo e andando no sentido negativo (horario). Desta forma, os conceitos inicialmente
construdos, tendo o triangulo retangulo como referencia, sao estendidos e, assim, passamos a tratar de
seno e cosseno de numeros reais. Isto nos possibilita definir as funcoes trigonometricas, com domnio
em R. O problema e que esses dois contextos sao tratados de forma completamente estanque, sem
que as relacoes entre eles sejam explicitadas e devidamente esclarecidas. Isto pode ate mesmo causar
nos alunos a impressao de que, quando falamos de seno e cosseno no triangulo retangulo, ou no
crculo trigonometrico, ou nas funcoes trigonometricas, estamos nos referindo a conceitos matematicos
inteiramente desconectados, que talvez por acaso tenham o mesmo nome.
Na Introduc
ao da Unidade (pp. 1-6), tratamos da construcao das razoes trigonometricas no
triangulo retangulo. Antes de mais nada, e importante observar a importancia do conceito de semelhanca para a boa definicao das razoes trigonometricas no triangulo retangulo (pp. 3-4). De fato, se
dois triangulos retangulos possuem um angulo agudo em comum, entao estes serao necessariamente
triangulos semelhantes. Portanto, as razoes entre seus lados correspondentes serao iguais. Isto nos
garante que o seno e o cosseno fiquem bem definidos, isto e, que seus valores dependam apenas do
angulo, e nao do triangulo retangulo escolhido. De forma geral, ao ler esta secao, procure atentar para
o fato de que todas as relacoes entre razoes trigonometricas sao na verdade expressoes algebricas de
propriedades geometricas envolvendo os triangulos retangulos, seus lados e angulos. Por exemplo, o
fato de que o seno de um angulo e igual ao cosseno de seu complementar e uma consequencia direta da
Lei Angular de Tales e das proprias definicoes das razoes trigonometricas. Chamar atencao para essas
interpretacoes geometricas, dando significado `as relacoes algebricas, deve ser uma atitude permanente
no ensino de trigonometria na Educacao Basica. Ainda nesta secao, sao brevemente discutidos alguns
aspectos das origens historicas da trigonometria (pp. 1-2). Para saber mais, veja [1] ou [2].
Na secao 2. A Func
ao de Euler e a Medida de Angulos
(pp. 6-13), discutimos a construcao
do crculo trigonometrico, por meio da funcao de Euler E : R C, que enrola a reta no crculo
a partir do ponto (1, 0) = E(0). Observe como o radiano surge naturalmente neste contexto como
uma unidade de medida linear de comprimento de arco (p. 9). Como ja observamos, o seno e o
cosseno sao representados geometricamente pelas projecoes do raio do crculo nos eixos coordenados.
A partir da, suas principais propriedades apresentam representacoes geometricas simples no crculo
trigonometrico, como ilustramos na p. 13. O crculo trigonometrico sera a base para a construcao das
funcoes trigonometricas, que sera feita na unidade a seguir.
Abaixo, indicamos algumas referencias de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Carmo, M.P.; Morgado, A.C., Wagner, E. & Pitombeira, J.B. Trigonometria e Numeros Complexos
[2] Eves, H. Introducao `a Historia da Matematica
[3] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 21
Funes Trigonomtricas
Semana 27/06 a 03/07
Introduo
As funes trigonomtricas constituem um tema importante da Matemtica, tanto por suas aplicaes (que vo desde as mais elementares,
no dia-a-dia, at as mais complexas, na Cincia e na alta Tecnologia)
como pelo papel central que desempenham na Anlise.
A Trigonometria teve seu incio na antiguidade remota, quando se
acreditava que os planetas descreviam rbitas circulares em redor da
Terra, surgindo da o interesse em relacionar o comprimento da corda
de uma circunferncia com o ngulo central por ela subtendido. Se
o comprimento da corda,
ento
c = 2r sen(/2).
o ngulo e
o raio da circunferncia
MA11 - Unidade 21
jiba
(corda) com
jaib
(dobra, cavidade,
sinus
em latim). [Cfr.
cos : R R.
cos x,
b,
cos A
o cosseno do ngulo
x,
b,
A
isto , a funo
cossec, completando as
funes trigonomtricas .
uma ideia da relevncia deste fato, que deu origem chamada Anlise
de Fourier, basta dizer que, segundo o banco de dados da revista
Mathematical Reviews, o nome mais citado nos ttulos de trabalhos
matemticos nos ltimos 50 anos o de Fourier.
Funes Trigonomtricas
c,
e ngulos agudos
b C
b,
B,
opostos respectivamente
tm-se as denies:
c
= (cateto adjacente) (hipotenusa),
a
b = b = (cateto oposto) (hipotenusa),
sen B
a
b=
cos B
e, analogamente,
b = b , sen C
b = c.
cos C
a
a
Figura 1:
Estas relaes denem o seno e o cosseno de um ngulo agudo
qualquer pois todo ngulo agudo um dos ngulos de um tringulo
retngulo. fundamental observar que
nas do ngulo
b
B
b
B
b
cos B
b
sen B
dependem ape-
b
B
so semelhantes.
MA11 - Unidade 21
Figura 2:
Se esses tringulos so
ABC
A0 B 0 C 0 ,
com
c0 = B
b.
B
ento a
semelhana nos d
b0
b
=
0
a
a
e
c
c0
=
,
a0
a
logo
c0 = sen B
b
sen B
c0 = cos B.
b
cos B
b,
B
de Pitgoras
a relao
sobre o lado
b, c
de um tringulo retngulo,
e o Teorema
a2 c 2
b=
xada do vrtice
b
c = a cos B
b
cos B
AB ,
ABC
h, baib.
h = BC sen B
qualquer, a altura
tem a expresso
Funes Trigonomtricas
Esta simples frmula exibe a ecincia da Trigonometria como instrumento de clculo na Geometria, permitindo relacionar ngulos com
comprimentos de segmentos.
Figura 3:
O Teorema de Pitgoras
a2 = b 2 + c 2 ,
aplicado ao tringulo retngulo
ABC , com AB = c, AC = b e BC = a,
2
2
2
2
2
b 2 + (sen B)
b 2 = c + b = b + c = a = 1.
(cos B)
a2 a2
a2
a2
um costume tradicional, que convm adotar, escrever
b
sen B
em vez de
b 2
(cos B)
b 2
(sen B)
b
cos2 B
. A relao fundamental
b + sen2 B
b=1
cos2 B
mostra que, a rigor, basta construir uma tabela de senos para ter a de
cossenos, ou vice-versa.
evidente, a partir da denio, que o cosseno de um ngulo
agudo igual ao seno do seu complemento e vice-versa. Da a palavra
cosseno (seno do complemento).
MA11 - Unidade 21
A1 B1
AB
A1 B1
ngulo de
AB
a projeo ortogonal de um
A1 B1 = AB cos ,
onde
AB
e
o
Figura 4:
A relao fundamental
cos2 + sen2 = 1
sugere que, para todo ngulo
os nmeros
cos
sen
so as coor-
R2 .
Indicaremos com a notao
de
circunferncia unitria ,
ou
Funes Trigonomtricas
{(x, y) R2 ; x2 + y 2 = 1}.
Figura 5:
(x, y) C
tem-se
1 6 x 6 1
1 6 y 6 1.
cos : R R
A m de denir as funes
associar a cada nmero real
sen : R R,
devemos
o ponto
MA11 - Unidade 21
tido positivo (contrrio ao movimento dos ponteiros de um relgio comum, ou seja, o sentido que nos leva de
pelo caminho mais curto sobre
ser chamado
se
C,
C ).
(1, 0)
para
(0, 1)
E(t).
t < 0, E(t)
de comprimento
|t|,
(1, 0)
e percorre
E:RC
sobre o ponto
0 R caia
(1, 0) C .
Figura 6:
`,
sua imagem
Funes Trigonomtricas
de igual comprimento
`.
valo de comprimento
sobre
t R,
C,
2 ,
2 ,
quando o ponto
sua imagem
E(t)
descreve um inter-
Figura 7:
10
MA11 - Unidade 21
Pode-se ter
orientada :
A medida do ngulo
mltiplo inteiro de
para todo
k Z.
Figura 8:
r, a medida de um
`/r, onde ` o comprimento
Funes Trigonomtricas
11
A medida do ngulo
pressa como
e do raio
2a/r
b
AOB
, em termos da rea
do setor circular
AOB
r.
Figura 9:
AOB 0
igual a
vezes a rea de
AOB .
Segue-se ento
` : a = c `,
onde
uma
uma constante.
Segue-se que
`
2a
= 2.
r
r
MA11 - Unidade 21
12
b em radianos, conclumos da
`/r a medida do ngulo AOB
2
medida tambm vale 2a/r , onde a a rea do setor AOB e
Como
que esta
o raio do crculo.
G : R C pondo
que, para s > 0, G(s) fosse o ponto
a partir do ponto (1, 0) quando se
G(0) = (1, 0)
e estipulando
C , no sentido positivo, um caminho de compris < 0, G(s) seria denido de forma anloga, com
percurso no sentido negativo de C .
A funo G : R C tem propriedades semelhantes s de E , pois
percorre, ao longo de
2
mento
s. E, para
360
o
G(t) = E(
2
t)
360
para todo
1/360
da circunferncia.
Escreve-se 1 grau =
e 1 radiano =
rad =
360 ,
rad.
ou seja,
rad
=(
360
) = 57, 3
2
graus.
Funes Trigonomtricas
13
Figura 10:
R C,
E :
MA 11 - Unidades 22
Func
oes Trigonom
etricas
Semana de 27/06 a 03/07
Recomendac
oes gerais
Dando continuidade ao estudo da trigonometria no crculo, iniciado na unidade anterior, discutiremos agora as definicoes das funcoes trigonometricas. Logo no incio da unidade (p. 1), sen t e cos t,
para t R qualquer, sao definidas com a abscissa e a ordenada de E(t), o ponto imagem de t pela
funcao de Euler (que enrola a reta real ao longo do crculo). Portanto, seno e cosseno ficam definidas
como funcoes de R em R. Da decorrem diretamente as principais propriedades destas funcoes, tais
como: a relacao fundamental sen 2 x + cos2 x = 1, a periodicidade, o fato de que seno e uma funcao
mpar e cosseno e uma funcao par, bem como as relacoes enunciadas na p. 3. O aspecto dos graficos
de seno e cosseno, esbocados na p. 3, tambem podem ser entendidos com base na analise do crculo
trigonometrico. Nunca e demais lembrar que e de fundamental importancia enfatizar as interpretacoes
geometricas dessas relacoes e propriedades no crculo trigonometrico, bem como constru-las como
generalizacao de propriedades previamente estabelecidas no contexto da trigonometria do triangulo
retangulo.
O exemplo da p. 2 mostra que ser periodica e ser par ou mpar sao propriedades que nao estao
associadas de forma geral, embora sejam compartilhadas pelas funcoes trigonometricas. Isto e, uma
funcao pode ser periodica sem ser par ou mpar, assim como pode ser par ou mpar sem ser periodica.
de se ressaltar ainda que, como observado na p. 5, a funcao arco tangente estabelece uma
E
correspondencia biunvoca entre um intervalo aberto e limitado e a o conjunto dos reais. Decorre
da o fato (que pode ser anti-intuitivo) de que qualquer conjunto intervalo limitado possui a mesma
cardinalidade da reta.
Exerccios recomendados
1
x
x sen
0
1
x
x2 sen
0
1
x
g2 (x) =
g3 (x) =
sen
0
se x 6= 0
se x = 0
se x 6= 0
se x = 0
se x 6= 0
se x = 0
6. Considere a funcao f : R R definida por f (x) = sen (a x) + sen (b x), em que a e b sao
constantes reais.
(a) Mostre que, se a e b sao racionais, entao f e periodica.
2
.
Sugestao: mostre que o perodo de sen (a x) e
a
(b) A recproca da afirmacao do item anterior e verdadeira? Justifique sua resposta.
Abaixo, indicamos algumas referencias para estudos futuros para aqueles que se interessarem em
se aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Carmo, M.P.; Morgado, A.C., Wagner, E. & Pitombeira, J.B. Trigonometria e Numeros Complexos
[2] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 22
Funes Trigonomtricas
Semana 27/06 a 03/07
1 As Funes Trigonomtricas
As funes
cos : R R
sen : R R,
t R:
Noutras palavras,
e a ordenada do
a abcissa
cos2 t + sen2 t = 1.
1
t R,
MA11 - Unidade 22
Exemplo. Seja
f (k) = 0 se
funo f peridica,
outro lado, a funo
se
g : R R,
onde
g(t) = tn
(com
mpar.
Figura 1:
Para todo
t R,
temos
n N)
par
um nmero
Funes Trigonomtricas
signica que
t R,
valem:
y = cos x
y = sen x.
Figura 2:
Alguns valores particulares das funes seno e cosseno podem ser
obtidos mediante argumentos geomtricos, alguns dos quais so interessantes exerccios, especialmente quando se usam as frmulas de
adio, que estabeleceremos a seguir. Do ponto de vista numrico, entretanto, claro que o modo mais eciente de obter os valores dessas
funes usar uma calculadora, principalmente uma que opere com
radianos e com graus.
MA11 - Unidade 22
que satisfazem as
equaes
sen t = 0, cos t = 0,
sen t = 1, cos t = 1,
sen t = 1, cos t = 1,
sen t = cos t,
1
1
sen t = , cos t =
2
2
e outras semelhantes.
Para interessantes exemplos, exerccios e um tratamento bastante
completo dos assuntos aqui abordados, veja-se o livro Trigonometria e
Nmeros Complexos, da Coleo do Professor de Matemtica (SBM).
Das funes seno e cosseno derivam as outras funes trigonomtri-
cas, a saber tg
secante e cossecante), a mais importante a primeira. Cumpre observar que tais funes, sendo denidas por meio de quocientes, tm seus
domnios restritos aos nmeros reais para os quais o denominador
diferente de zero.
Assim, por exemplo, a funo tangente, dada pela expresso tg
sen x/ cos x,
x=
1) 2
onde
2
Funes Trigonomtricas
e a reta inteira
R.
Figura 3:
R,
pois
para todo
(x + ) =
tg
no domnio da funo.
( 2 , 2 )
R,
( 2 , 2 )
, sendo uma
: R
R e
Figura 4:
MA11 - Unidade 22
P = (x, y) em R2 , com x 6= 0,
se
o ngulo do
y
= tg .
x
Isto verdadeiro, por denio, quando
Segue-se da que se
reta.
y1 = ax1 + b, y2 = ax2 + b,
teremos
a=
y2 y1
= tg .
x2 x1
Figura 5:
MA 11 - Unidades 23
Func
oes Trigonom
etricas
Semana de 04/07 a 10/07
Recomendac
oes gerais
Nesta Unidade, estabelecemos as conhecidas formulas para seno e cosseno da soma de dois arcos.
Um roteiro mais detalhado para a demonstracao da p. 2 e proposto no exerccio 1 e uma prova
alternativa e proposta no exerccio 2, a seguir. Uma aplicacao importante dessas formulas e a formula
para a transformacao de rotacao no plano (p. 4).
Outra aplicacao apresentada e a parametrizacao racional da circunferencia unitaria (pp. 5-6). Para
entender bem a construcao dessa parametrizacao, observe que a identidade enunciada no comeco da
p. 5:
2
2
1 x2
2x
+
=1
1 + x2
1 + x2
2 2
2x 2
e 1+x
correspondem `as coordenadas de algum
e de verificacao direta. Da decorre que 1x
2
1+x2
ponto
ao crculo unitario. Portanto, para cada x R existe um angulo tal que cos =
2 pertencente
2
2x 2
1x
e
sen
=
. Por outro lado, existe um unico angulo , 2 < < 2 tal que tan = x.
2
2
1+x
1+x
Podemos mostrar por meio de argumento algebrico que = 2 (ver exerccio 3, a seguir). Finalmente,
o argumento da p. 6 explica uma interpretacao geometrica para esta parametrizacao.
Exerccios recomendados
b = .
(a) Justifique por que podemos afirmar que C
(b) Qual e a razao entre as medidas de A0 B 0 e B 0 C? Justifique sua resposta.
(c) Conclua que A0 B 0 = sen sen .
(d) Qual e a razao entre as medidas de A0 C e B 0 C? Justifique sua resposta.
(e) Use o item anterior e a semelhanca dos triangulos A0 B 0 C e OBB 0 para concluir que OB =
cos cos .
2 tan
= 2 sen cos
1 tan2
(b) Explique por que, a partir da, podemos concluir que, se e sao tais que:
1 tan2
= cos
1 tan2
2 tan
= sen
1 tan2
Abaixo, indicamos algumas referencias de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Carmo, M.P.; Morgado, A.C., Wagner, E. & Pitombeira, J.B. Trigonometria e Numeros Complexos
[2] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 23
Funes Trigonomtricas
Semana 04/07 a 10/07
1 As Frmulas de Adio
Daremos
MA11 - Unidade 23
Figura 1:
Na gura, onde
CB 0 OB 0 ,
temos
OA = cos( + ),
OB 0 = cos ,
B 0 C = sen ,
AB = A0 B 0 = sen sen
OB = cos cos .
Logo
em vez de
cos() = cos
Funes Trigonomtricas
sen() = sen ,
obtemos:
sen(
e
cos(
a frmula de
cos( + )
+ t) = cos t
2
+ t) = sen t,
2
nos d tambm:
++
sen( + ) = cos
2
+ cos + sen
+ sen ,
= cos
2
2
ou seja,
Como aplicao das frmulas de adio, mostraremos como determinar as coordenadas do ponto
A = (x, y)
R2 .
MA11 - Unidade 23
Figura 2:
Chamemos de
crevamos
r = OA.
x = r cos ,
o ngulo do eixo
Ento
r = OA0
y = r sen ,
OX
com o segmento
OA
e es-
e se tem
x0 = r cos( + ),
y 0 = r sen( + ).
T :R R
denida por
,
2
fato que est intimamente ligado com a parametrizao racional da circunferncia unitria
C,
Funes Trigonomtricas
vale a igualdade
1 x2 2
1 + x2
2x 2
+
= 1.
1 + x2
x R,
ngulo
C,
a tangente de um (nico)
um desses valores de
existe um
1 tg2
= cos
1 + tg2
tal que
2 tg
= sen
1 + tg2
1 tg2
= cos 2
1 + tg2
2tg
= sen 2.
1 + tg2
Equivalentemente:
1 tg2 2
cos =
,
1 + tg2 2
2tg 2
sen =
.
1 + tg2 2
MA11 - Unidade 23
Figura 3:
B = (cos , sen ) da
bB a metade
inscrito AP
b
= AOB
circunferncia uni-
do ngulo central
_
inclinao da reta
P B,
onde
P = (1, 0).
Mantendo o ponto
xo e fazendo
variar em (/2, +/2), cada semi-reta de incli2
B = (cos , sen ).
P.
A correspondncia
1 x2
2x
x 7
,
1 + x2 1 + x2
uma parametrizao racional de
C.
Para todo
x Q,
o ponto que
MA 11 - Unidades 24
Tri
angulos
Semana de 04/07 a 10/07
Recomendac
oes gerais
Exerccios recomendados
Abaixo, indicamos algumas referencias de estudos futuros para aqueles que se interessarem em se
aprofundar nos temas tratados nesta aula. Esses aprofundamentos nao sao prioritarios e nao serao
cobrados nas avaliacoes unificadas.
[1] Carmo, M.P.; Morgado, A.C., Wagner, E. & Pitombeira, J.B. Trigonometria e Numeros Complexos
[2] Lima, E.L. Curso de Analise, vol. 1
MA11 - Unidade 24
Tringulos
Semana 04/07 a 10/07
MA11 - Unidade 24
Figura 1:
b . O Teorema de Pitgoras
No primeiro caso, seja x = BP = ccos B
aplicado aos tringulos ABP e AP C fornece as igualdades
c2 = h2 + x2 ,
b2 = h2 + (a x)2 = h2 + x2 + a2 2ax
b
= h2 + x2 + a2 2ac cos B.
Tringulos
e
b
c2 = a2 + b2 2ab cos C.
logo
b
b
sen B
c
b
sen C
e
b = c sen B,
b
h = c sen( B)
logo, novamente:
b
b
sen B
c
b
sen C
como antes.
Se tomarmos a altura baixada do vrtice B sobre o lado AC , obteremos, com o mesmo argumento, a relao
a
b
sen A
c
b
sen C
MA11 - Unidade 24
b
b
sen B
c
b
sen C
Esta a lei dos senos. Ela diz que, em todo tringulo, a razo entre
um lado e o seno do ngulo oposto constante, isto , a mesma
seja qual for o lado escolhido. H uma interpretao geomtrica para
a razo a/ sen Ab . Ela igual ao dimetro do crculo circunscrito ao
tringulo ABC .
Figura 2:
Com efeito, a perpendicular OP , baixada do centro do crculo circunscrito sobre o lado BC tambm mediana do tringulo issceles
b , que igual a 2A
b. Logo C OP
b =A
be
OBC e bissetriz do ngulo C OB
da resulta que a2 = r sen Ab, ou seja, sena Ab = 2r = dimetro do crculo
circunscrito ao tringulo ABC .
As leis dos cossenos e dos senos permitem obter os seis elementos
de um tringulo quando so dados trs deles, desde que um seja lado,
Tringulos
1. So dados os lados
a, b, c.
Ento
b
a2 = b2 + c2 2bc cos A,
logo
2
2
2
b= b +c a
cos A
2bc
e isto nos permite determinar Ab.
b ; o ngulo C
b pode ser mais
Analogamente se obtm o ngulo B
b+C
b = 2 retos.
facilmente obtido a partir da relao Ab + B
2. So dados os lados
a, b
e o ngulo
b.
C
bB
b
A,
e o lado
c.
MA11 - Unidade 24
b+C
b = 2 retos e
Determina-se o ngulo Cb pela igualdade Ab + B
o lado a pela lei dos senos, segundo a qual a/ sen Ab = c/ sen Cb, logo
b sen C
b. Agora tem-se os lados a, c e o ngulo B
b formado
a = c sen A/
por eles. Recai-se assim no caso anterior.
b sejam ngulos de um tringulo, nePara que Ab e B
b < 2 retos.
cessrio e suciente que Ab + B
Observao.
4. So dados os lados
a, b,
com
a > b,
e o ngulo
b.
A
b
b
sen B
b=
obtm-se sen B
b
b
sen A.
a
Tringulos
Figura 3:
PROFMAT P1 MA 11 2011
Quest
ao 1.
Um pequeno barco a vela, com 7 tripulantes, deve atravessar o oceano em 42 dias. Seu suprimento de agua pot
avel
permite a cada pessoa dispor de 3,5 litros de
agua por dia (e e o que os tripulantes fazem). Apos 12 dias de viagem,
o barco encontra 3 n
aufragos numa jangada e os acolhe. Pergunta-se:
(1.0) (a) Quantos litros de
agua por dia caber
ao agora a cada pessoa se a viagem prosseguir como antes?
(1.0) (b) Se os 10 ocupantes de agora continuarem consumindo 3,5 litros de agua cada um, em quantos dias, no maximo,
ser
a necess
ario encontrar uma ilha onde haja agua?
UMA RESPOSTA
Uma soluc
ao concisa e a seguinte:
(a) O n
umero de pessoas aumentou em
(3,5 litros), isto e,
49
20
10
7 .
os dias a
= 2, 45 litros.
7
10
10
7
vezes o n
umero anterior de pessoas. Isso reduz
30 = 21.
Outra forma de pensar e a seguinte. Primeiro calcula-se a quantidade Q de agua que resta apos 12 dias. Como
restam 30 dias de viagem, com 7 pessoas consumindo 3,5 litros por dia, sao Q = 3073, 5 litros (como a quantidade
de
agua e justa para os 42 dias e os primeiros 12 dias transcorreram como previsto, conclui-se que o que resta para
os outros 30 dias tambem e justo).
(a) Esse total deve ser consumido nos mesmos 30 dias, mas agora por 10 pessoas. Entao o consumo diario de cada
um e Q dividido por 30 10, que d
a
7
10
3, 5 = 2, 45 litros.
(b) Se todos consumirem 3,5 litros por dia, a cada dia transcorrido apos o decimo segundo dia serao consumidos 35
litros. Portanto, ap
os n dias restar
ao Q 35n litros. Queremos saber o maior n tal que Q 35n 0, isto e, o maior
n que seja menor ou igual a
Q
35 .
Mas
Q
35
= 30
7
10
de
agua.
PROFMAT P1 MA 11 2011
Quest
ao 2.
(1.0) (a) Quais s
ao os valores de y para os quais existe uma funcao quadratica f : R R tal que f (1) = 3, f (2) = 5 e
f (3) = y?
(1.0) (b) Tome y = 9 e determine a func
ao quadr
atica correspondente. Justifique seus argumentos.
UMA RESPOSTA
(a) Para que exista uma func
ao quadr
atica f : R R tal que f (1) = 3, f (2) = 5 e f (3) = y e necessario e suficiente
que os pontos (1, 3), (2, 5) e (3, y) n
ao sejam colineares, isto e, que
53
21
6=
y5
32 ,
y 6= 7.
(b) Para obter os coeficientes a, b, c da func
ao f (x) = ax2 + bx + c, deve-se resolver o sistema (nas incognitas a, b, c)
a+b+c = 3
4a + 2b + c = 5
9a + 3b + c = 9
Isto e feito de modo simples: basta subtrair a primeira equacao das duas seguintes. Tem-se
(
3a + b = 2
8a + 2b =
Por subtrac
ao (segunda menos duas vezes a primeira), ficamos com 2a = 2, de onde sai imediatamente a = 1.
Substituindo esse valor em 3a + b = 2, obtemos b = 1, e voltando `a equacao a + b + c = 3 obtemos c = 3. Portanto
x2 x + 3 e a func
ao quadr
atica procurada.
Coment
ario: H
a diversas outras formas de se resolver o problema. Por exemplo: tome primeiro a funcao g(x) = 1+2x,
que e a func
ao afim tal que g(1) = 3 e g(2) = 5. Observe que f (x) = g(x) + a(x 1)(x 2) e uma funcao quadr
atica
que assume os mesmos valores que g nos pontos x = 1 e x = 2. Entao basta achar a que faca f (3) = y. Ora,
f (3) = 1 + 2 3 + a(3 1)(3 2) = 7 + 2a .
Ent
ao 7 + 2a = y e, portanto, a =
y7
2 .
Por conseguinte,
f (x) = 1 + 2x +
y7
(x 1)(x 2)
2
PROFMAT P1 MA 11 2011
Quest
ao 3.
(1.0) (a) Seja f : A B uma func
ao. De as definic
oes de f (X) e f 1 (Y ), para X A e Y B. Se f : R R e dada
por f (x) = 2x2 + 3x + 4, determine os conjuntos f (R) e f 1 (3).
(1.0) (b) Seja f : A B uma func
ao. Prove que f (X Y ) = f (X) f (Y ), quaisquer que sejam X, Y A. De um
exemplo em que f (X Y ) 6= f (X) f (Y ).
UMA RESPOSTA
(a) Definic
ao da imagem de um subconjunto X de A:
f (X) = {y B; f (x) = y para algum x X} .
Definic
ao da pre-imagem de um subconjunto Y de B:
f 1 (Y ) = {x A; f (x) Y } .
Agora consideremos a func
ao f : R R tal que f (x) = 2x2 + 3x + 4. Como o coeficiente de x2 e positivo, a func
ao
quadr
atica assume seu valor mnimo f ( 34 ) =
f (R)
[ 23
8 , +).
23
b
3
23
8 para x = 2a = 4 . Assim, f (x) 8 para
23
cao f (x) = y, ou seja, 2x2 + 3x + 4
8 , a equa
todo x R, ou seja,
= y, que equivale a
PROFMAT P1 MA 11 2011
Quest
ao 4.
(0.5) (a) Se r 6= 0 e um n
umero racional, prove que r 2 e irracional.
(0.5) (b) Dado qualquer n
umero real > 0, prove que existe um n
umero irracional tal que 0 < < .
(1.0) (c) Mostre que todo intervalo [a, b], com a < b, contem algum n
umero irracional.
UMA RESPOSTA
(b) Escolha n um n
umero natural maior do que
2
.
p
rq ,
Entao =
2
n
2
2
=
<
= .
n
2/
(c) Se a ou b for irracional, n
ao h
a o que provar. Se a for racional, subtraindo a de todos os n
umeros do intervalo
[a, b], ficamos com o intervalo [0, b a]. Tomando igual a b a no item (b), obtemos o irracional menor do que
b a e maior do que zero. Ent
ao a + e irracional (se nao fosse, entao seria a soma de dois racionais e, portanto,
um racional, contradizendo (b)) e pertence ao intervalo [a, b].
PROFMAT P1 MA 11 2011
Quest
ao 5.
Sejam m e n n
umeros naturais primos entre si.
(1.0) (a) Mostre que
m
n
n n
ao tem fatores primos diferentes de 2 ou 5.
(1.0) (b) Mostre que se n tem outros fatores primos alem de 2 ou 5 entao a expansao decimal e infinita e, a partir de
um certo ponto, peri
odica.
UMA RESPOSTA
(a) Sendo m e n primos entre si, uma frac
ao equivalente a
m
n
mp
np
(obtida multiplicando-se m e n
pelo mesmo n
umero natural p).
Os fatores primos de uma potencia de 10 s
ao 2 e 5. Se
mp
np
np s
o admite fatores primos iguais a 2 ou 5, e, portanto, n tambem.
Reciprocamente, se n possui apenas fatores primos iguais a 2 ou 5, entao podemos multiplicar n por p de forma
que o resultado seja uma potencia de 10 (p pode ser ou uma potencia de 2 ou uma potencia de 5). Com esse p,
mp
np
e uma frac
ao decimal.
(b) Usando o processo tradicional da divis
ao continuada para transformar
m
n
de n diferentes de 2 ou 5, em nenhuma etapa o resto da divisao e zero, logo a expansao nunca termina, ou seja, e
infinita. Alem disso, os diferentes restos (diferentes de zero) que ocorrem sao todos menores do que n, portanto o
n
umero deles e no m
aximo n 1. Assim, algum resto deve repetir-se e, a partir da, o processo se repete: os restos
se sucedem na mesma ordem anterior e, portanto, os quocientes tambem, o que fornece a periodicidade (observe que
o perodo tem, no m
aximo, n 1 n
umeros).
Quest
ao 1.
Calcule as seguintes express
oes:
qp
UMA SOLUC
AO
(a) Como
qp
n
n = n1/n , temos
logn
rq
n
n=
1
= n3 ,
n3
Quest
ao 2.
(Como caracterizar a func
ao exponencial a partir da funcao logaritmo.) Seja f : R R uma funcao crescente, tal
que f (x + y) = f (x) f (y) para quaisquer x, y R. Prove as seguintes afirmacoes:
(1,0) (a) f (x) > 0 para todo x R e f (1) > 1.
(1,0) (b) Pondo a = f (1) a func
ao g : R R definida por g(x) = loga f (x) e linear. (Use o Teorema Fundamental da
Proporcionalidade.)
(0,5) (c) Para todo x R, g(x) = x, onde g e a func
ao definida no item (b).
(0,5) (d) f (x) = ax para todo x R.
UMA SOLUC
AO
x
x
x
x x
+ ) = f ( ) f ( ) = [f ( )]2 > 0
2
2
2
2
2
para todo x R.
Vamos mostrar que f (0) = 1. Como f (0) = f (0 + 0) = f (0) f (0), entao f (0) e solucao positiva da equacao x = x2 .
Como essa equac
ao s
o tem 1 como soluc
ao positiva, a igualdade esta demonstrada.
Finalmente, como f e crescente, f (1) > f (0) = 1.
(b) O Teorema Fundamental da Proporcionalidade diz que se g : R R e crescente e satisfaz g(x + y) = g(x) + g(y)
para quaisquer x, y R, ent
ao g e linear, isto e, g(x) = cx, com c > 0. No nosso caso, temos
g(x + y) = loga f (x + y) = loga [f (x) f (y)] = loga f (x) + loga f (y) = g(x) + g(y) ,
para quaisquer x, y R.
(c) Temos g(1) = loga f (1) = loga a = 1, portanto g(x) = x para todo x R.
(d) Como acabamos de ver, loga f (x) = x, para todo x R. Como loga ax = x e a funcao loga e injetiva, segue-se
que f (x) = ax .
Quest
ao 3.
tg(x) tg(y)
1 + tg(x) tg(y)
dist
ancia x ao fundo do campo e igual a ab.
b
a
UMA SOLUC
AO
(a) A manipulac
ao e direta:
tg(x y) =
sen(x y)
sen(x) cos(y) sen(y) cos(x)
=
.
cos(x y)
cos(x) cos(y) + sen(x) sen(y)
Dividindo o numerador e o denominador por cos(x) cos(y) (se tg(x) e tg(y) estao definidas, cos(x) e cos(y) sao n
ao
nulos), vem
sen(x)
sen(y)
tg(x) tg(y)
cos(x) cos(y)
tg(x y) =
sen(x) sen(y) = 1 + tg(x) tg(y) .
1 + cos(x) cos(y)
tg(2 ) tg(1 )
.
1 + tg(1) tg(2 )
Se x e a dist
ancia do jogador ao fundo do campo, temos tg(1 ) =
tg() =
b
x
1+
a
x
ab
x2
a
x
e tg(2 ) = xb , logo
ba
.
x + ab
x
ab
x .
Como a media aritmetica e sempre maior do que ou igual a` media geometrica, entao 12 (x + ab
)
x ab
ab,
x
x =
ou seja, o denominador e sempre maior do que ou igual a a 2 ab. A igualdade vale se e somente se os dois termos
da media s
ao iguais, isto e, quando x = ab. Portanto x + ab
ab.
x atinge seu menor valor quando x =
possvel resolver a quest
Obs. E
ao (b) com outros argumentos. Sejam A e B os extremos da meta, que distam a
e b da linha do jogador, respectivamente (veja figura abaixo, `a esquerda). Para cada posicao P do jogador, existe
um u
nico crculo que passa por A, B e P . O centro desse crculo, O, esta na mediatriz dos pontos A e B (pois
AOB e tri
angulo is
osceles), estando, portanto, a
b+a
2
b+a
2
x +
Dessa equac
ao resulta a soluc
ao x =
ba
2
2
=r =
a+b
2
2
.
ab.
B
2
Quest
ao 4.
(1,0) (a) 24h ap
os sua administrac
ao, a quantidade de uma droga no sangue reduz-se a 10% da inicial. Que percentagem
resta 12h ap
os a administrac
ao? Justifique sua resposta, admitindo que o decaimento da quantidade de droga
no sangue e exponencial.
(1,0) (b) Em quanto tempo a quantidade de droga no organismo se reduz a 50% da dose inicial?
(0,5) (c) Se a mesma droga for administrada em duas doses de 10 mg com um intervalo de 12h, qual e a quantidade
presente no organismo ap
os 24h da primeira dose?
UMA SOLUC
AO
1
10
da inicial, isto e,
c0 a24 =
Portanto a24 =
1
10 .
1 ,
10
c0
.
10
e que
c0
c0 a12 = .
10
Ent
ao a quantidade de droga ap
os 12h e a quantidade inicial dividida por
10.
1
10
1
10
24s
implica
s
a resposta e t = 24s, onde s e tal que 10s = 21 . Da segue que s = log10 2 e que t = 24 log10 2.
0
(c) A quantidade logo ap
os a primeira dose e c0 . Apos 12h ela decai para c10
. Uma nova administracao a eleva para
c0
os mais 12h essa quantidade e dividida por 10, passando a ser
c0 + 10 = c0 (1 + 110 ). Ap
c0
1
1
+
10 10
10) mg.
Quest
ao 1.
(1,0) (a) Prove isto: Se um n
umero natural n
ao e o quadrado de um outro n
umero natural, sua raiz quadrada e irracional.
(1,0) (b) Mostre que
2+
5 e irracional.
UMA SOLUC
AO
(a) Seja n N. Se
p
q
Q e tal que
2
p
q
= n, ent
ao p2 = nq 2 . Como os fatores primos de p2 e q 2 aparecem todos com
expoente par, o mesmo deve ocorrer com os fatores primos de n. Entao n e o quadrado de algum n
umero natural.
(b) Se
2+
q = ( 2 + 5)2 = 2 + 2 10 + 5 = 7 + 2 10
q7
2
n
umero natural.
Quest
ao 2.
(2,0) No instante em que uma pedra caiu (sem sofrer impulso inicial) ao momento em que se ouviu o som de seu
choque com a
agua no fundo do poco decorreram S segundos. Calcular a profundidade do poco. Dar a resposta
em func
ao da acelerac
ao g da gravidade e da velocidade v do som. Usar a formula s = g2 t2 do espaco percorrido
no tempo t por um corpo em queda livre que partiu do repouso.
DUAS SOLUC
OES
Uma solu
c
ao. O tempo S = t1 + t2 e a soma do tempo t1 que a pedra levou para chegar ao fundo mais o tempo t2
que o som levou para vir ate o nvel da borda. Chamando de x a profundidade do poco, temos x = g2 t21 e, por outro
lado, x = vt2 = v(S t1 ). Logo
g 2
t = v(S t1 )
2 1
ou
gt21 + 2vt1 2vS = 0 ,
que e uma equac
ao quadr
atica na inc
ognita t1 . As solucoes desta equacao sao
p
p
2v + 4v 2 + 8gvS 2v 4v 2 + 8gvS
,
.
2g
2g
A segunda e negativa e neste problema n
ao faz sentido. A primeira e positiva, porque
4v 2 + 8gvS >
4v 2 = 2v.
Ent
ao, dividindo por 2 o numerador e o denominador da fracao,
p
v + v 2 + 2gvS
t1 =
,
g
logo
vp 2
v2
x = vt2 = v(S t1 ) = Sv +
v + 2gvS .
g
g
Outra solu
c
ao. A soluc
ao e essencialmente determinada por aquilo que escolhemos como
q incognita (t1 , t2 ou x).
2x
x
Se equacionarmos diretamente em x iremos pelo seguinte caminho. Observe que t1 =
ao, de
g e t2 = v . Ent
t1 + t2 = S resulta uma equac
ao em x:
x p 1
+ 2g
x S = 0.
v
Definamos y = x. Ent
ao precisamos achar solucoes positivas de
p
v 1 y 2 + 2g 1 y S = 0 .
Au
nica soluc
ao positiva dessa equac
ao quadr
atica e
p
p
2g 1 + 2g 1 + 4Sv 1
y=
.
2v 1
Ent
ao
s
"
#
v2 2
2 4S
4
8S
2
x=y =
+
+
2
+
,
4 g
g
v
g2
vg
que equivale `
a express
ao obtida na primeira soluc
ao.
Quest
ao 3.
(2,0) Percorrendo, ao longo de uma reta horizontal, a distancia d = AB em direcao `a base inacessvel de um poste
e C BD
medem, respectivamente, e
CD, nota-se (com o auxlio de um teodolito) que os angulos C AD
radianos. Qual e a altura do poste CD?
d
B
UMA SOLUC
AO
tg
tg tg
e
CD = BC tg = d
que e a resposta para a pergunta.
tg tg
,
tg tg
Quest
ao 4.
(2,0) Um reservat
orio contem uma mistura de
agua com sal (uma salmoura), que se mantem homogenea gracas a
um misturador. Num certo momento, s
ao abertas duas torneiras, com igual capacidade. Uma despeja agua no
reservat
orio e a outra escoa. Ap
os 8 horas de funcionamento, verifica-se que a quantidade de sal na salmoura
reduziu-se a 80% do que era antes que as torneiras fossem abertas. Que percentagem do sal inicial permanecer
a
na salmoura ap
os 24h de abertura das torneiras?
UMA SOLUC
AO
Seja M0 a massa de sal existente no incio da operacao. Decorrido o tempo t, essa massa sera M (t) = M0 at , onde
a e uma constante (0 < a < 1). Isto se justifica porque, sendo a salmoura da torneira de sada uma amostra da
salmoura do tanque, supostamente homogenea, a quantidade de sal que sai por unidade de tempo e proporcional `
a
quantidade de sal no tanque, e isto e o princpio que rege o decaimento exponencial.
No entanto, a constante a n
ao precisa ser calculada para se resolver o problema. O enunciado nos diz (supondo o
tempo t medido em horas) que M (8) = M0 a8 = 0, 8M0 , logo a8 = 0, 8. Apos 24 horas, a quantidade de sal e M0 a24 .
Ora, a24 = (a8 )3 = 0, 83 = 0, 512. Portanto a resposta e 51, 2%, isto e, pouco mais que a metade.
Quest
ao 5.
Considere a func
ao f : [1, +) R, definida por f (x) = x3 x2 .
(1,0) (a) Defina func
ao crescente e prove que f e crescente.
(1,0) (b) Defina func
ao ilimitada e prove que f e ilimitada.
UMA SOLUC
AO
> 12 . Ent
ao, para se ter x3 (1 x1 ) > A, basta tomar um x [1, +) que seja maior do que
> A, isto e, x3 > 2A, o que se obtem simplesmente tomando x > 3 2A. Portanto, basta tomar
x > 2 j
a se tem 1
2 e tal que x3 12