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Estrutura e Analise Espaço-Temporal Da Vegetação Do Manguezal Do Pina

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE FILOSOFIA E CINCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE CINCIAS GEOGRFICAS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA

FERNANDA GOMES BARBOSA

ESTRUTURA E ANLISE ESPAO TEMPORAL DA VEGETAO DO


MANGUEZAL DO PINA, RECIFE-PE: SUBSDIOS PARA MANEJO,
MONITORAMENTO E CONSERVAO

RECIFE
2010

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO


CENTRO DE FILOSOFIA E CINCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE CINCIAS GEOGRFICAS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA

FERNANDA GOMES BARBOSA

ESTRUTURA E ANLISE ESPAO TEMPORAL DA VEGETAO DO


MANGUEZAL DO PINA, RECIFE-PE: SUBSDIOS PARA MANEJO,
MONITORAMENTO E CONSERVAO

Dissertao apresentada ao Programa de PsGraduao em Geografia da Universidade


Federal de Pernambuco, como requisito parcial
para obteno do ttulo de Mestre em
Geografia.

Orientadora: Prof. Dr. Maria Fernanda Abrantes Torres


Co-Orientadora: Prof. Dr. Rejane Magalhes de Mendona Pimentel

RECIFE
2010

Barbosa, Fernanda Gomes


Estrutura e anlise espao temporal da vegetao do manguezal do Pina,
Recife-PE : subsdios para manejo, monitoramento e conservao / Fernanda
Gomes Barbosa. Recife: O Autor, 2010.
89 folhas : il., fig., tab.
Dissertao (mestrado) Universidade Federal de Pernambuco. CFCH.
Geografia, 2010.
Inclui: bibliografia.
1. Geografia. 2. Manguezais Ecossistemas. 3. Gesto ambiental. 4.
Vegetao - Mapeamento. 5. Dinmica. I. Ttulo.
911
910

CDU (2. ed.)


CDD (22. ed.)

UFPE
BCFCH2010/46

SUMRIO
DEDICATRIA ..............................................................................................

AGRADECIMENTOS .....................................................................................

vi

RESUMO .......................................................................................................

viii

ABSTRACT ....................................................................................................

xix

LISTA DE FIGURAS ......................................................................................

LISTA DE TABELAS ......................................................................................

xii

1 INTRODUO ............................................................................................

13

2 REVISO DA LITERATURA ......................................................................

18

3 JUSTIFICATIVA .........................................................................................

25

4 OBJETIVOS ...............................................................................................

27

4.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................

27

4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS ....................................................................

27

5 CARACTERIZAO SOCIOAMBIENTAL DA REA DE ESTUDO ........

28

6 MATERIAL E MTODOS ...........................................................................

34

6.1 MAPEAMENTO .......................................................................................

34

6.1.1 Processamento Digital das Imagens ....................................................

34

6.1.2 Anlise Espao Temporal da Vegetao a partir das Imagens ............

35

6.2 CARACTERIZAO AMBIENTAL ..........................................................

36

6.2.1 Dados Abiticos ....................................................................................

36

6.2.1.1Temperatura do Solo, do Ar e Salinidade da gua Intersticial ...........

36

6.2.1.2 Anlise de Sedimento ........................................................................

37

6.2.1.2.1 Anlise Granulomtrica ...................................................................

37

6.2.1.2.2 Anlises Qumicas ..........................................................................

38

6.2.2 Analise Estrutural do Bosque ................................................................

38

6.2.3 Anlise dos Componentes Principais (ACP) .........................................

41

7 RESULTADOS ...........................................................................................

42

7.1 ANLISE ESPAO TEMPORAL .............................................................

42

7.2 CARACTERIZAO AMBIENTAL ..........................................................

46

7.2.1 Dados Abiticos ....................................................................................

46

7.2.1.1 Temperatura do Solo, do Ar e Salinidade gua Intersticial ...............

46

7.2.1.2 Sedimentos ........................................................................................

46

7.2.2 Anlise Estrutural do Bosque ..........................................................

49

7.2.2.1 Stio A ................................................................................................

52

7.2.2.2 Stio B ................................................................................................

53

7.2.2.3 Stio C ................................................................................................

55

7.2.2.4 Relao Estrutural entre os Stios A, B e C .......................................

56

7.2.3 Anlise dos Componentes Principais (ACP)..........................................

63

8 DISCUSSO ...............................................................................................

67

8.1 ANLISE ESPAO TEMPORAL .............................................................

67

8.2 ANLISE AMBIENTAL ............................................................................

68

8.3 MANEJO ..................................................................................................

77

9 CONCLUSES ...........................................................................................

80

10 REFERNCIAS ........................................................................................

82

Dedico este trabalho memria do meu querido irmo, Antonio Fbio Gomes
Barbosa, que durante 21 anos proporcionou a mim e minha famlia momentos
inesquecveis. Seu sorriso ser lembrado por toda a minha vida.

AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, que me proporcionou o melhor presente, o dom da vida, quele
a quem tudo devo e que em nenhum momento me desamparou. Minha maior
inspirao...
Aos meus queridos pais, Edivaldo Gomes Barbosa e Zuleide Pereira Barbosa e
minha amiga- irm, Flvia Gomes Barbosa, minha maior fonte de amor.
minha estimada orientadora e amiga Maria Fernanda Abrantes Torres, que
acreditou, confiou e estendeu a mo quando eu mais precisava. Aguentou minhas
angstias, dificuldades e que juntamente comigo superou muitas barreiras. No
tenho palavras que possam expressar minha gratido e imenso carinho...
minha co-orientadora Rejane Magalhes de Mendona Pimentel, que um
exemplo de compromisso e determinao. Obrigada por me ensinar os melhores
caminhos.
Ao professor Clemente Coelho Junior, que tenho grande estima e admirao e
que por inmeras vezes se disps a tirar minhas dvidas e fazer consideraes
importantssimas. Obrigada!
professora Josiclda Domiciano Galvncio, que me inspirou a buscar o
caminho do Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento.
Ao Programa de Ps-Graduao em Geografia, o qual foi responsvel por
grande parte das minhas conquistas e dos conhecimentos que adquiri. Agradeo a
todos os professores e funcionrios.
Capitania dos Portos, por permitir que o estudo fosse realizado no
Manguezal do Pina, em especial: ao Tenente Gonzaga, por seu esforo em me
ajudar e por sempre estar prestes a me atender quando eu precisava; ao Suboficial
Lima, que foi paciente comigo e sempre liberava nossas visitas tcnicas; Ao Tenente
Caetano, que liberou a documentao para que a pesquisa pudesse ser iniciada;
aos Fuzileiros Navais que nos acompanhavam e que passavam o dia inteiro
conosco, garantindo nossa segurana, o meu muito obrigada a todos!
Diretoria do Meio Ambiente (DIRMAM) da Prefeitura da Cidade do Recife,
que autorizou nossas coletas e se disps a colaborar.
professora Maria Betnia G. dos S. Freire, Monaliza Alves dos Santos,
Patrcia Ribeiro dos Santos e Godhi Antas Marques do Departamento de Qumica
dos Solos da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que me ajudaram a fazer

as anlises dos sedimentos por mais de duas semanas. Fui muito bem recebida e
orientada, obrigada!
Ao professor Fernando Antnio do Nascimento Feitosa, que gentilmente nos
cedeu seus equipamentos e ateno.
professora Sigrid Neumann Leito, pela valiosa ateno e disponibilidade na
ajuda com os dados estatsticos.
Ao Mestre Antnio Marcos que contribuiu de maneira grandiosa e significativa,
sempre

disposto

me

atender

esclarecer

dvidas

relacionadas

ao

geoprocessamento. Agradeo a Deus por ter conhecido uma pessoa de corao


gigantesco como o seu.
Aos nossos colegas e parceiros de mangue, Jos Gustavo da Silva Melo,
Andr Vieira Corsino, Carlos Vincius da Silva Vital, Mariana Pessoa Coelho, Neiva
Marion Guimares de Santana, que se dispuseram a participar das coletas to
magnficas, porm cansativas e cheias de aventuras.
Ao CNPq, que contribuiu com a minha pesquisa.
A todos os meus amigos, que longe ou perto, fizeram grande diferena para
que esse meu sonho pudesse ser realizado, em especial: Lywistone Galdino,
Micheline Santos, Rosiglay Cavalcanti, Evelyn Viana, Luciana Silva, Tarciana Cirino,
Antnio Carlos Rocha, Janana Barbosa da Silva, Milena Dutra da Silva, Maria das
Graas Chagas, Karina Luz, Assis Flix, Josinete Vieira Corsino, Thatiany Ldia,
Christianne Farias, Rudrigo Maciel, Jessca Menezes, Clia Machado, Allison
Bezerra, Ana Valria, Girlan Cndido, e Anderson Trilhas.
A Andr Corsino, que me incentiva, ajuda e compreende, fazendo parte dos
meus melhores momentos, sendo mais um motivo para se ter certeza de que a
felicidade est muito mais perto do que se imagina.

RESUMO
Localizado na poro sul da cidade do Recife, o Manguezal do Pina tem sido
apontado como uma das maiores manchas de manguezal em rea urbana do Brasil.
Embora j conhecida sua importncia scio-ecolgica, este ecossistema vem
sofrendo com os usos inadequados como a ocupao desordenada, acmulo de
resduos slidos, cortes da vegetao, pesca predatria, alm da presso do setor
imobilirio e virio. A fim de avaliar as transformaes ocorridas no Manguezal do
Pina em relao s reas ocupadas pelo bosque de mangue e dinmica das
ocupaes urbanas, a presente pesquisa buscou fazer uma anlise espao temporal
a partir de imagens de satlite (LANDSAT 5 e 7 TM) dos anos de 1987, 1991 e
2008, utilizando o ndice de Vegetao por Diferena Normalizada (NDVI). Para
efetivar os dados obtidos das imagens foi realizado um estudo de caracterizao
estrutural e funcional do bosque a partir da metodologia de parcelas mltiplas. A
anlise da variao espao temporal mostrou que a rea ocupada por vegetao de
mangue abrangia 187ha no ano de 1987, com retratao dos seus limites no ano de
1991, passando para 154ha, porm apresentando um aumento em 2008 para
215,9ha. No que se refere s reas urbanas e solo exposto houve um aumento de
41,81ha no manguezal e seu entorno ao longo das trs dcadas analisadas. Estes
dados esto relacionados a processos desestabilizadores e de regenerao em
determinados perodos. Os resultados da caracterizao estrutural e funcional
sugeriram diferentes mosaicos de paisagens ambientais, onde as espcies no
seguiram um padro de distribuio definido, tendo Laguncularia racemosa (L.) C.F.
Gaertn apresentado a maior densidade e dominncia relativas, seguida de
Rhizophora mangle L. e, em menores propores, de Avicennia schaueriana Stapf.
& Leechman. A anlise estrutural indicou valores de densidade de troncos vivos
chegando a atingir 2.850ind/ha, porm algumas parcelas apresentaram baixa
densidade em funo do elevado nmero de cortes de rvores, como verificado na
parcela A2. O presente trabalho demonstrou sua viabilidade para estudos que tratem
da dinmica em reas de mangue, sendo imprescindvel para o manejo,
monitoramento e, principalmente, para a conservao destas reas.
Palavras- chave: Ecossistema Manguezal - Caracterizao - Dinmica Gesto
Ambiental.

ABSTRACT

Located in the southern area of Recife, the Pina Mangrove has been mentioned as
one of the largest patches of mangroves in an urban area of Brazil. Although its
socio-ecological importance is already known, this ecosystem has suffered from the
improper use such as disorderly occupation, accumulation of solid waste, cutting of
vegetation, overfishing, along with pressure from housing and road construction. In
order to assess the changes in the Pina Mangrove in relation to the areas occupied
by mangrove forest and the dynamics of urban occupations, this study sought to do a
space-time analysis from satellite imagery (Landsat 5 and 7 TM) of 1987, 1991 and
2008, using the Normalized Difference Vegetation Index (NDVI). To validate the data
obtained from the images a study of the structural and functional characterization of
the wood was made using the multiple parcels methodology. The analysis of spatial
and temporal variation showed that the area occupied by mangrove vegetation
covered 187ha in 1987, with retraction of its limits in 1991, rising to 154ha, but with
an increase in 2008 to 215.9 ha. With regard to urban areas and exposed soil there
was an increase of 41.81 ha of mangroves and their environment over the three
analyzed decades. These data are related to destabilizing processes and
regeneration

in

certain

periods.

The

results

of

structural

and

functional

characterization suggested different landscape mosaics environment, where the


species did not follow a standard distribution set, and Laguncularia racemosa (L.) CF
Gaertn presented the highest density and relative dominance, followed by
Rhizophora mangle L. and to a lesser extent, of Avicennia schaueriana Stapf. &
Leechman. Structural analysis indicated densities of live trunks reaching around
2.850ind/ha, but some parcels showed low density as a result of the large number of
trees cut, as evidenced in parcel A2. This work demonstrates the feasibility of studies
that address the dynamics in mangrove areas, being essential for the management,
monitoring, and especially for the conservation of these areas.
Keywords: Mangrove Ecosystem - Characterization - Dynamics Environmental
Management.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 -

Climograma do Recife/PE (1911 a 1990) ........................................... 29

Figura 2 -

Localizao do Manguezal do Pina, Recife/PE .................................. 31

Figura 3 -

Vista area do Manguezal do Pina ....................................................

32

Figura 4 -

Vista Area Parcial do Manguezal do Pina ........................................

33

Figura 5 -

Localizao dos stios de amostragens no Manguezal do Pina ......... 37

Figura 6 -

Anlise espao temporal da vegetao do Manguezal do Pina ......... 42

Figura 7 -

Ocupao em hectares da rea urbana e solo exposto no


Manguezal do Pina e seu entorno em 1987, 1991 e 2008 ................ 43

Figura 8 -

Variao Espao Temporal do Manguezal do Pina e seu entorno


nos anos de 1987, 1991 e 2008 .........................................................

Figura 9 -

44

Variao Espao Temporal da Vegetao do Manguezal do Pina e


seu entorno nos anos de1987, 1991 e 2008 ...................................... 45

Figura 10 -

Anlise granulomtrica dos sedimentos nas diferentes parcelas


analisadas no Manguezal do Pina .....................................................

Figura 11 -

47

Teores de Carbono Orgnico dos sedimentos que compem as


parcelas analisadas no Manguezal do Pina ....................................... 48

Figura 12 -

Teores de clcio e magnsio dos sedimentos que compem as


parcelas analisadas no Manguezal do Pina ....................................... 49

Figura 13 -

(A) Vista parcial da estrutura do bosque no stio A; (B) armadilha


para guaiamum; (C) clareira no stio A; (D) armadilha tipo redinha
para caranguejo. Autor: Torres (2008) ...............................................

Figura 14 -

50

(A e B) Resduos slidos encontrados no stio B. Autor: Torres


(2008) .................................................................................................

51

Figura 15 -

Vista parcial do stio C. Autor: Torres (2008) .....................................

51

Figura 16 -

Densidade de troncos vivos nas parcelas analisadas no Manguezal


do Pina ...............................................................................................

Figura 17 -

57

Densidade de troncos vivos por espcie nas parcelas analisadas no


Manguezal do Pina.............................................................................. 58

Figura 18 -

Altura mdia, altura do dossel e desvio padro dos indivduos que

compem as parcelas analisadas no Manguezal do Pina .................


Figura 19 -

58

rea basal dos troncos vivos das parcelas analisadas no


Manguezal no Pina ............................................................................. 59

Figura 20 -

rea basal mdia dos troncos vivos das parcelas analisadas no


Manguezal do Pina ............................................................................. 60

Figura 21 -

rea basal dos troncos vivos por classe de dimetro das parcelas
analisadas no Manguezal do Pina .....................................................

Figura 22 -

Troncos mortos ou com caractersticas de corte nas parcelas


analisadas no Manguezal do Pina .....................................................

Figura 23 -

65

Anlise dos componentes principais (CP1 e CP3) e parcelas que


formam os stios A, B e C no Manguezal do Pina...............................

Figura 29 -

63

Anlise dos componentes principais (CP1 e CP2) e parcelas que


formam os stios A, B e C no Manguezal do Pina...............................

Figura 28 -

63

Frequncia relativa das espcies encontradas nas parcelas


analisadas no Manguezal do Pina .....................................................

Figura 27 -

62

Dominncia relativa das espcies encontradas nas parcelas


analisadas no Manguezal do Pina .....................................................

Figura 26 -

62

Densidade relativa das espcies encontradas nas parcelas


analisadas no Manguezal do Pina .....................................................

Figura 25 -

61

Relao entre a densidade e DAP mdio dos troncos que compem


as parcelas analisadas do Manguezal no Pina ..................................

Figura 24 -

60

66

(A) Vista area do Manguezal do Pina e (B) traado da Via Mangue


..........................................................................................................

79

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 -

Populao e Domiclios - Zeis: Pina/Encanta Moa e Ilha de Deus


(2000) da Via Mangue ........................................................................

Tabela 2 -

32

Variao espao temporal em hectares do Manguezal do Pina nos


anos de 1987, 1991 e 2008 ................................................................ 43

Tabela 3 -

Valores

correspondentes

anlises

da

gua

intersticial,

temperatura do ar e temperatura do solo nas diferentes parcelas ..... 46


Tabela 4 -

Granulometria dos sedimentos das parcelas analisadas no


Manguezal do Pina ............................................................................. 47

Tabela 5 -

Teores de C.O (Carbono Orgnico), pH, Ca (Clcio) mais Mg


(Magnsio), Ca (clcio) e Mg (Magnsio) encontrados nas parcelas
analisadas no Manguezal do Pina .....................................................

Tabela 6 -

49

rea basal e rea basal mdia dos troncos vivos, altura mdia,
altura desvio padro, altura do dossel e DAP mdio das parcelas
analisadas no Manguezal do Pina .....................................................

Tabela 7 -

59

Valores de rea basal dos troncos vivos por classe de dimetro nas
parcelas analisadas no Manguezal do Pina ....................................... 61

Tabela 8 -

Percentagem de rea basal por espcie nas parcelas analisadas no


Manguezal do Pina ............................................................................. 61

Tabela 9 -

Anlise dos componentes principais das parcelas analisadas no


Manguezal do Pina ............................................................................. 64

13

1 INTRODUO

Os esturios podem ser definidos como ambientes de transio entre o


continente e o oceano, onde rios encontram o mar, resultando na diluio
mensurvel da gua salgada, caracterizando uma foz litornea. Em condies
naturais, os esturios so biologicamente mais produtivos do que os rios e o oceano
adjacente, por apresentarem altas concentraes de nutrientes que estimulam a
produo primria. Os ambientes estuarinos, em regies tropicais e subtropicais,
que se caracterizam pela presena da vegetao lenhosa tpica de mangue, so
denominados de manguezais ou mangal (MIRANDA; CASTRO; KJERFVE, 2002).
Schaeffer-Novelli (1995) define o manguezal como um ecossistema costeiro,
de transio entre ambientes terrestres e marinhos, caracterstico de regies
tropicais e subtropicais, sujeito ao regime de mars, sendo constitudo de espcies
vegetais

lenhosas

tpicas

(Angiospermas),

alm

de

micro

macroalgas

(Criptgamas), adaptadas flutuao da salinidade e caracterizadas por


colonizarem sedimentos predominantemente lodosos, com baixos teores de
oxignio.
De acordo com Kiener (1973), Diegues (1987), Schaeffer-Novelli (1995) e
Vannucci (2002), os manguezais so constitudos de florestas arbreas ou
arbustivas adaptadas para viverem em terrenos alagados banhados pelas mars, as
quais so o principal mecanismo de penetrao das guas salinas nos manguezais.
Para que haja um mximo desenvolvimento do manguezal, estes autores
consideram que so necessrias algumas condies bsicas, tais como: elevadas
temperaturas, onde o ms mais frio deve ser maior que 20C e amplitude trmica
anual menor que 5C; guas com teor de salinidade entre 10 e 30; grande amplitude
de mar, pois quanto maior for a mar, maior ser a intruso de gua salgada e,
consequentemente, maior ser a extenso do manguezal; substratos aluvionares
ricos em matria orgnica; ambientes protegidos contra ondas e mars fortes, pois a
alta energia provoca eroso e impede a fixao das sementes e das plntulas.
Kiener, (1973), Schaeffer-Novelli, (1985), Diegues (1987), Coelho et al.
(2004), FAO (2007) e GERCO (2009) destacam a importncia desse ecossistema
para um ambiente mais equilibrado:

14

9 os manguezais funcionam como exportadores de matria orgnica para o


esturio, contribuindo para a produtividade na zona costeira;
9 funcionam como rea de abrigo, reproduo, desenvolvimento e alimentao
de espcies marinhas, estuarinas, lmnicas e terrestres, alm de pouso e
alimentao de aves migratrias;
9 a produo dos manguezais constituem cerca de 95% do alimento que o
homem captura do mar; sua manuteno vital para as comunidades que
vivem em seu entorno e para a biodiversidade da zona costeira;
9 a vegetao dos manguezais funciona como estabilizadora da costa pois
suas razes fixam as terras;
9 o manguezal funciona como um importante banco gentico para a
recuperao de reas degradadas; absoro e imobilizao de produtos
qumicos (por exemplo metais pesados), filtro de poluentes e sedimentos,
alm do tratamento de seus efluentes em seus diferentes nveis;
9 fonte de recreao e lazer, associada ao seu apelo paisagstico e alto valor
cnico.
As espcies de mangue so caracterizadas como plantas halfilas, prprias
de ambientes salinos. Embora possam sobreviver em ambientes sem a presena do
sal, em tais condies no ocorre formao de bosques, perdendo espao para
aquelas espcies melhor adaptadas presena de gua doce.
De acordo com Vannucci (2002), a estrutura do ecossistema manguezal
determinada no s por fatores fsicos e qumicos, mas tambm pela posio
biogeogrfica e pelas espcies de plantas e animais disponveis para colonizar a
rea.
As zonas de transio distribudas na poro mais interna do manguezal na
interface mdio/supralitoral so chamadas de apicuns, ocorrendo em reas de solo
geralmente arenoso, ensolaradas, desprovidas de cobertura vegetal ou com
vegetao herbcea, aparentemente desprovida de fauna. Juntamente com os
manguezais, os apicuns formam um estdio sucessional natural do ecossistema.
Estas zonas tambm so consideradas reservatrios de nutrientes, no contexto do
ecossistema manguezal, mantendo em equilbrio os nveis de salinidade e a
constncia da mineralomassa (NASCIMENTO, 1993 citado por SCHAEFFERNOVELLI, 1995).

15

Os manguezais esto presentes em quatro continentes e seis regies


geogrficas do planeta, com maior ocorrncia na Amrica Central e Caribe, ndia,
Pennsula da Indochina, Brasil e Austrlia (FONSECA; ROCHA, 2001).
A distribuio dos manguezais entre os oceanos, considerando a diversidade
de espcies, permite a diviso em dois setores: Atlntico Leste Pacfico e IndoOeste Pacfico; neste ltimo setor o nmero de espcies cerca de quatro vezes
maior que no primeiro, 58 e 13 espcies, respectivamente (LABOMAR UFC/ ISMEBR, 2005). Yokoya (1995) destaca a riqueza de espcies na regio Indo-Pacfica em
comparao com o Novo Mundo, o que pode ser explicado pelo fato de ser esta
rea considerada como o centro de origem das plantas de mangue, segundo vrios
estudos.
Em escala global, os mangues so limitados, de maneira geral, pela
temperatura, mas na escala regional, a rea e a biomassa das florestas de mangue
podem variar com relao s condies hidrolgicas e oceanogrficas, ou seja, em
funo das diversas condies climticas e outras variveis oceanogrficas os
mangues podem assumir caractersticas especficas aos diversos compartimentos
geoambientais encontrados pelo mundo (LABOMAR UFC/ ISME-BR, 2005).
Os manguezais ocupam uma frao significativa do litoral brasileiro, cerca de
92% da linha de costa (6.800 km), estendendo-se do extremo norte no Oiapoque,
Estado do Amap (4o30N), at seu limite sul na Praia do Sonho, em Santa Catarina
(28o53S) (LABOMAR UFC/ ISME-BR, 2005), apresentando seu desenvolvimento
mximo estrutural nas proximidades da linha do Equador.
Segundo Schaeffer-Novelli (2000), os manguezais e marismas encontram-se
ao longo de praticamente todo o litoral brasileiro, dominando a zona tropical,
enquanto as marismas so ecossistemas homlogos, porm de zonas temperadas.
Segundo Coelho et al. (2004), em Pernambuco o manguezal se estende
desde o nvel mdio das mars at o nvel mdio das preamares, entre 1,0 e 2,0 m
de altitude sobre o nvel mdio do mar e a altitude de 1,0 m das cartas terrestres. A
estrutura da floresta est composta principalmente pelo mangue vermelho
Rhizophora mangle L. (Rhizophoracea), mangue siriba (Avicennia schaueriana
Stapf. & Leechmam (Avicenniaceae), mangue branco Laguncularia racemosa (L.)
Gaertn.f. (Combretaceae)
(Combretaceae).

e o mangue de boto Conocarpus erectus L.

16

O padro de distribuio nem sempre regular, porm o mangue vermelho


seria mais comum na parte mais prxima ao mar, o mangue de boto na margem
externa ao manguezal, o mangue siriba na poro mdia e o mangue branco na
poro mais afastada do mar, rio acima. Essa distribuio pode ter sido modificada
muitas vezes, ora por eventos naturais, ora interveno humana (COELHO et al.,
2004). Em relao a Pernambuco, Coelho e Torres (1982) estimaram a rea total
ocupada por manguezal em 17.372 hectares.
As zonas costeiras representam a poro do planeta onde habita a maior
parte do contingente populacional da Terra. Mais da metade da populao mundial
vive a menos de 60 km do litoral. No Brasil, 13 das 17 capitais de Estados litorneos
localizam-se beira mar. Ento, no por acaso, as zonas costeiras encontram-se
sob maior estresse ambiental e entre os vrios ecossistemas distribudos nessas
reas, o manguezal um dos que mais vm sofrendo com a expanso urbana
desordenada.
importante destacar que o manguezal uma rea de preservao
permanente, com restries de uso descritas em diversas leis, entre elas a
Constituio Federal (1988), Resoluo n 004/85 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA), e Cdigo Florestal Lei n 4771/65 (alterada pelas Leis 7803 e
7875/89). Apesar de protegido por lei, comum a utilizao do manguezal para
aterro e construo de moradias, lanamento de esgoto, pesca, deposio de lixo,
utilizao da madeira para a construo civil e como combustvel.
O Manguezal do Pina, localizado na poro sul da cidade do Recife, no bairro
do Pina, em uma rea pertencente Marinha do Brasil conhecida como antiga
Estao Rdio Pina, vem sofrendo ameaa de deteriorao, tanto pelo depsito do
lixo quanto pelas ocupaes espontneas, o que vem acelerando sua degradao.
O adensamento populacional contguo a esse ecossistema vem colocando em
questo o modelo de expanso urbana do Recife atualmente consolidado.
Tendo em vista a importncia dos manguezais, este trabalho prope contribuir
com informaes relevantes para a compreenso do comportamento dos elementos
biolgicos frente a processos modificadores da sua dinmica natural. O estudo
busca identificar as variaes espao temporais do Manguezal do Pina atravs de
imagens de satlite de diferentes dcadas, utilizando, tambm, ndices de
vegetao, alm de caracterizar a composio estrutural e funcional do bosque de

17

mangue, procurando compreender a dinmica do ecossistema e suas condies


ambientais.
As

anlises

visam

fornecer

subsdios

para

polticas

de

manejo,

monitoramento e conservao da rea, visto que o Manguezal do Pina representa


uma grande rea verde encravada em uma das regies mais urbanizadas do
Nordeste brasileiro. Sua conservao promove um salto significativo para a
manuteno da qualidade de vida dos habitantes da cidade, bem como constitui
ferramenta importante para o equilbrio do meio ambiente e fortalecimento da gesto
ambiental.

18

2 REVISO DA LITERATURA

Vrios estudos tm sido realizados no Brasil sobre o ecossistema manguezal


e os aspectos mais analisados se referem caracterizao estrutural, funcional,
zonao das formaes de mangue, anlises espao temporais (com utilizao do
sensoriamento remoto), aferies de graus de perturbao, determinao da
vulnerabilidade em reas urbanas e propostas de reflorestamento.
As tcnicas de sensoriamento remoto so ferramentas que tm sido bastante
utilizadas em diversos trabalhos, inclusive em reas de manguezal. Anlises espao
temporais com a utilizao de imagens de satlites e fotografias areas detectam
provveis alteraes ocorridas em reas com vegetao. O ndice de Vegetao por
Diferena Normalizada (NDVI), ndice de rea Foliar (IAF), ndice de Realce da
Vegetao (EVI) e ndice de Vegetao Ajustado por Solo (SAVI) fornecem
informaes a partir de medidas espectrais para avaliao qualitativa e quantitativa
de fatores diretamente relacionados com a cobertura vegetal, dentre elas: biomassa,
rea foliar, parmetros de crescimento e desenvolvimento, alm da dinmica entre
solo/vegetao, fornecendo subsdios para gesto dos recursos NATURAIS
(JUNGES; ALVES; FONTANA, 2007; JENSEN, 2009; Silva, 2009).
No trabalho intitulado Manguezais do Brasil, Herz (1991) fez uma avaliao
espacial dos manguezais da costa brasileira a partir da metodologia de
processamento digital para apio fotointerpretao de aerolevantamentos
convencionais, apresentando resultados relacionados ao condicionamento espectral,
fotointerpretao e mapeamento.
Froidefond e Soriano-Sierra (1995) buscaram adequar tcnicas atuais de
sensoriamento remoto para cartografar as formaes vegetais de mangue em Santa
Catarina. O trabalho fez uso do ndice de Vegetao por Diferena Normalizada
(NDVI) e Anlise de Componentes Principais (ACP). O estudo demonstrou a
viabilidade da tcnica do sensoriamento na elaborao de uma tabela de valores
especfica para as reas de manguezal de dimenses reduzidas.
Lignon (2001) buscou caracterizar a dinmica dos bosques de mangue do
Sistema Canania-Iguape - SP, a partir do levantamento de imagens digitais,
dinmica de feies sedimentares, estrutura dos bosques e topografia. A autora

19

comprovou a ocorrncia de zonao nos bosques de mangue em feies


sedimentares ao longo de um gradiente de deposio de sedimento.
A fim de analisar o ndice de vegetao para o monitoramento da cobertura
verde no permetro urbano da cidade de Manaus, Jardim-Lima e Walker Nelson
(2003) utilizaram os ndices de vegetao NDVI e ndice de Vegetao utilizando o
Infravermelho Mdio (IVN). As imagens com ndice de vegetao permitiram
alcanar o objetivo proposto, confirmando sua aplicabilidade como ferramenta no
monitoramento de cobertura verde em rea urbana, ou seja, no confundiram reas
florestadas como sendo reas urbanas. O mesmo resultado no foi verificado para o
ndice SAVI (ndice de Vegetao Ajustado por Solo), que apresentou confuso
entre as duas classes de cobertura do solo citadas.
A dinmica do manguezal no Sistema de Canania-Iguape, Estado de So
Paulo, a partir do tratamento de imagens de satlite e da digitalizao de mapas
topogrficos, fotografias areas e dados fornecidos em campo, foi pesquisada por
Cunha-Lignon (2006). A partir das anlises, observou-se novas reas de manguezal
relacionadas s reas de deposio de sedimento, sobretudo nos meandros dos
canais lagunares do sistema costeiro.
Tcnicas de sensoriamento remoto para o diagnstico ambiental do esturio
do rio Acara, Cear, foram aplicadas por Arajo; Freire e Santos (2007), a partir de
fotografias e imagens de satlites multitemporais. O resultado se deu da correlao,
anlise e sntese dos atributos ambientais estudados, onde foi possvel
compartimentar e mapear a regio estuarina do Rio Acara, em acordo com as
caractersticas genticas e do comportamento morfodinmico, revelando as
potencialidades e limitaes de uso dos recursos naturais de cada rea.
Em um projeto intitulado Conservao e Uso Sustentvel da Biodiversidade
de Manguezais em reas Protegidas no Brasil, Zagaglia et al. (2007) buscaram
realizar, atravs do Centro de Sensoriamento Remoto, o mapeamento dos
manguezais em alguns mosaicos pr-definidos na ilha de Santa Catarina. O estudo
se baseou em imagens orthoretificadas dos sensores TM e ETM+, tendo como
objetivo subsidiar a quantificao das reas de manguezais, bem como das pores
desses ecossistemas protegidos pelos limites de Unidades de Conservao e reas
de Proteo.

20

De acordo com Junges, Alves e Fontana (2007) os ndices de vegetao so


uma importante ferramenta gerada por tcnicas de sensoriamento remoto que tm
sido amplamente empregados em diversos trabalhos que buscam relacionar as
informaes captadas pelos sensores com a vegetao presente na rea imageada.
Atravs destes ndices so obtidas informaes a respeito da quantidade de
biomassa verde e dos parmetros de crescimento e desenvolvimento da vegetao.
Especificamente no que se refere composio e estrutura dos bosques de
mangue destacam-se os trabalhos de Soares (1999), Soares et al. (2003), Deus et
al. (2003), Bernini; Rezende (2004), Menghini (2004), Silva et al. (2005), Matni et al
(2006), Melo (2006), Menghini (2008), dentre outros.
A estrutura vegetal e o grau de perturbao dos manguezais da lagoa da
Tijuca, Rio de Janeiro, foram estudados por Soares (1999), atravs da metodologia
de parcelas mltiplas proposta por Schaeffer-Novelli e Cintrn (1986), sendo
tambm analisada a variao temporal a partir de imagens areas. O mesmo
identificou uma grande variedade no desenvolvimento estrutural do bosque entre os
diversos pontos de amostragem, sendo essa heterogeneidade considerada um forte
indicador de rea alterada.
A caracterizao estrutural e funcional dos bosques de mangue na Baa da
Guanabara, Rio de Janeiro, foi realizada por Soares et al. (2003). O trabalho
apresentou resultados relacionados ao de tensores que determinam diferentes
graus de degradao e estgios de regenerao (sucesso secundria) das
parcelas estudadas.
Deus et al. (2003) abordaram os diferentes histricos de antropizao na
estrutura da vegetao lenhosa de trs reas do manguezal no Piau. A amostragem
da vegetao foi feita atravs do mtodo de parcelas mltiplas, sendo ainda
caracterizada a arquitetura de cada fitocenose atravs de histogramas de intervalos
fixos de 1m.
A estrutura da vegetao do manguezal do esturio do rio Paraba do sul foi
analisada por Bernini: Rezende (2004), que adotaram o mtodo de parcelas
mltiplas, distribudas na franja e no interior da floresta. Tal estudo identificou que, a
rea analisada apresentou melhor desenvolvimento estrutural do bosque quando
relacionado a outros manguezais do litoral fluminense, como nas Baas da
Guanabara e Sepetiba.

21

Menghini (2004), a fim de avaliar o grau de perturbao e os processos


regenerativos dos bosques de mangue da Ilha Barnab, Baixada Santista SP,
caracterizou a estrutural vegetal, rea foliar, microtopografia e produo de
serapilheira, tendo sido tambm observadas deformidades foliares e eroso.
As caractersticas estruturais de bosques de mangue no esturio do rio So
Mateus, Esprito Santo, foram analisadas por Silva et al. (2005), utilizando o mtodo
de parcelas mltiplas. O estudo demonstrou diferenas no desenvolvimento
estrutural dos bosques, as quais correspondem as variaes de frequncia e da
periodicidade das energias subsidirias.
Matni, Menezes e Mehlig (2006) descreveram a estrutura de trs bosques de
mangue da pennsula de Bragana, no Par, utilizando o mtodo de quadrante
centrado (PCQM). A pesquisa concluiu que os bosques de mangue nesta rea so
de grande porte, dominados pela R. mangle. O estudo abordou sobre a frequncia
de inundao como um fator importante na diferenciao estrutural entre os
bosques.
Melo (2006) identificou a estrutura e a zonao das formaes de mangue
existentes nos limites da Estao Ecolgica de Guaraqueaba - PR. Neste estudo
observou-se que os manguezais nesta rea de estudo apresentam formas bem
desenvolvidas do ponto de vista fitossociolgico.
Menghini (2008) tratou sobre a dinmica da recomposio natural em
bosques de mangue impactados na Ilha Barnab (Baixada Santista) - SP. Os
resultados obtidos referem-se da anlise multitemporal, recomposio natural,
produo de serapilheira, sazonalidade, microtopografia e da caracterizao dos
bosques em diferentes estgios sucessionais.
Os estudos desenvolvidos sobre os manguezais do Estado de Pernambuco
tratam de variaes espao temporais, distribuio das espcies, caracterizao
estrutural e funcional do bosque e levantamentos scio ambientais, dando nfase
conservao dessas reas.
Cavalcanti et al. (1980) estudaram as condies ecolgicas e estresses
naturais e artificiais sobre o ambiente de mangues em Suape - PE. O estudo aborda
observaes sobre os principais parmetros fsicos qumicos da gua e aspectos
qualitativos das populaes planctnicas, bentnicas e nectnicas.

22

Baseando-se em mapas e fotografias areas de 1970/71, Coelho e Torres


(1982) estimaram as regies estuarinas de Pernambuco em 25.040 hectares, dos
quais 17.372 hectares eram ocupados por manguezais.
Silva (1995) estudou os parmetros oceanogrficos e a distribuio das
espcies e bosques de mangue do esturio do rio Paripe, Vila Velha - PE. Em
relao produtividade e biomassa das espcies arbreas desse manguezal foram
analisadas por Medeiros (1996).
Durante o perodo de 1995-1998 foi realizado um projeto denominado
Gerenciamento Ambiental Participativo: aplicao ao caso dos manguezais do
Canal de Santa Cruz, cujos resultados foram reunidos por Barros et al. (2000).
Neste diagnstico ficou evidenciado que o primeiro passo para a introduo de
tcnicas de gerenciamento o conhecimento do ecossistema, sob os mais variados
aspectos.
Os manguezais de Suape - PE foram pesquisados por Souza; Sampaio
(2000, 2001), que abordaram os tipos fisiogrficos e a variao temporal da
estrutura dos bosques de mangue, respectivamente. Os resultados mostraram que,
em relao distribuio das espcies no houve mudanas marcantes
significativas entre 1988 e 1995 e nem diferenas nas situaes de antropizao.
Em relao aos aspectos estruturais, notou-se que oito anos no foram suficientes
para a recuperao do bosque de mangue.
Schuler; Andrade e Santos (2000) avaliaram a composio e estrutura das
quatro espcies de bosques de mangues encontradas no Canal de Santa Cruz - PE.
Os autores caracterizam uma maior abundncia na rea da R. mangle, seguida pela
L. racemosa e A. schaueriana, sendo a espcie menos frequente o Conocarpus
erectus. O estudo identificou uma reduo do bosque de 23,59% entre o perodo de
1974 e 1988, enquanto a rea urbana apresentou um aumento de 625,03% neste
mesmo perodo.
Moura et al. (2002) identificaram e caracterizaram as reas estuarinas do
Canal de Santa Cruz e Rio Jaguaribe - PE como parte do projeto Utilizao das
Tcnicas de Sensoriamento Remoto e Geoprocessamento como Instrumentos para
Gesto Ambiental das reas Estuarinas do Canal de Santa Cruz e Rio Jaguaribe,
visando inibir a desenfreada agresso ambiental e, ao mesmo tempo, buscar
alternativas de desenvolvimento sustentvel desses ecossistemas. De acordo com
estes autores, foi imprescindvel programar um contnuo monitoramento e

23

fiscalizao nas reas estuarinas, de forma a fornecer subsdio avaliao dos


programas de polticas pblicas, traduzindo os resultados de pesquisas cientficas e
avanos tecnolgicos em melhoria da qualidade de vida da populao.
As caractersticas estruturais do bosque de mangue do esturio do rio Timb
foram analisadas por Correia (2002). O estudo avaliou a composio e
caractersticas estruturais do manguezal utilizando o mtodo de parcelas, tendo sido
tambm avaliados os impactos antrpicos atravs de registros fotogrficos e da
aplicao de uma check list.
A Agncia Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hdricos (CPRH), atravs
do Programa de Gerenciamento Costeiro de Pernambuco (GERCO-PE), realizou o
Levantamento Scio-ambiental do Litoral Norte (CPRH, 2003) e Litoral Sul (CPRH,
2003).
Para o litoral norte (CPRH, 2003) foi avaliada a extenso das reas estuarinas
atravs da comparao dos dados obtidos pela FIDEM (1987) e por Bryon (1994),
tendo sido observado que, apesar de protegidas pela Lei 9. 931/86, estas reas no
ficaram isentas de usos/atividades impactantes, uma vez que foi estimada uma
reduo em alguns esturios.
O levantamento socioambiental do litoral sul concluiu que a retirada de
madeira e lenha, o corte do mangue para instalao e ampliao de viveiros, o
aterro para construo de moradia em consequncia da ocupao urbana
desordenada, a poluio dos esturios, a pesca predatria e a explorao
descontrolada da fauna estuarina so alguns dos fatores que contribuem para a
reduo do estoque pesqueiro e comprometem a funo ecolgica e social dos
manguezais (CPRH, 2003).
Coelho et al. (2004) discorreram sobre o ecossistema manguezal, enfatizando
as suas caractersticas de ocorrncia em Pernambuco. Segundo os autores, em
Pernambuco o manguezal se estende desde o nvel mdio dos mars at o nvel
mdio das preamares, entre 1,0 e 2,0 m de altitude sobre o nvel mdio do mar e a
altitude de 1,0 m das cartas terrestres. A estrutura da floresta est composta
principalmente pelo mangue vermelho (R. mangle), mangue siriba (A.
schaueriana), mangue branco (L. racemosa) e o mangue de boto (Conocarpus
erectus).
Nascimento

Filho

(2007)

caracterizou

os

padres

de

zonao

desenvolvimento estrutural dos bosques de mangue do rio Ariquind, Tamandar -

24

PE, contemplando tambm aspectos sobre o gradiente ambiental, graus de


inundao e salinidade das reas estudadas.
A partir da fuso de imagens multiespectrais, Santiago et al. (2009),
mapearam e quantificaram as reas de vegetao de mangue e dos tanques de
carcinincultura do Manguezal do Pina - PE. O estudo apresentou resultados
relacionados reduo do solo exposto, mais especificamente os bancos de areia,
em detrimento expanso da vegetao de mangue e um incremento na rea
ocupada por tanques de carcinicultura.
Silva; Oliveira e Torres (2009) realizaram uma anlise temporal da vegetao
de mangue no esturio conjunto dos rios Pirapama e Jaboato - PE, atravs da
utilizao de imagens de satlite e fotografias areas. A anlise do uso e ocupao
do solo durante perodo estudado (1974 a 2008) mostrou que houve um acelerado
incremento dos processos de urbanizao e industrializao, e tambm uma
expanso dos manguezais. Por outro lado, as reas ocupadas por vegetao rala e
solo exposto e por tanques de carcinicultura apresentaram uma diminuio.
Silva et al. (2009) analisaram a evoluo espao temporal na microrregio de
Itamarac - PE, a partir do uso do sensoriamento remoto atravs dos seguintes
ndices de vegetao: NDVI, SAVI e IAF. Neste estudo foi possvel perceber, que
nos trs ndices a vegetao de mangue apresentou respostas semelhantes s
faixas de vegetao esparsa e de agricultura.
Vale ressaltar que embora a maioria dos trabalhos relacionados
caracterizao estrutural adote a metodologia sugerida por Schaeffer-Novelli;
Cintrn (1986), no h um padro definido de anlise, o que torna muitas vezes
difcil a comparao entre os diversos resultados obtidos.

25

3 JUSTIFICATIVA

O manguezal representa um ecossistema com grande importncia tanto


ecolgica quanto social. Do ponto de vista ecolgico, representa uma das regies
mais produtivas do planeta, pois exporta matria orgnica para as regies estuarinas
e vrias espcies encontram nesse berrio natural condies especificas para sua
reproduo. Do ponto de vista social, em uma cidade com tantos contrastes como o
Recife, sua fauna e flora servem como fonte de renda para um grande contingente
populacional que v nesse ambiente sua nica fonte de subsistncia.
Apesar de sua importncia, o Manguezal do Pina, (um dos ltimos resqucios
de mangue da cidade do Recife), o qual muitos consideram como a maior rea de
manguezal urbano do Brasil, vem ao longo do tempo sofrendo ameaas de
deteriorao

tanto pela ocupao espontnea de seus arredores, quanto pela

presso exercida por grandes construtoras as quais so responsveis pelo aumento


desenfreado da especulao imobiliria no local. Entretanto, as ameaas ao
Manguezal do Pina no se resumem apenas a ao de particulares. O prprio poder
pblico ao longo dos anos vem enxergando no citado manguezal uma sada para
melhoria no sistema virio da cidade, porm sem deixar claro at que ponto os
impactos a que essa rea ser submetida comprometero o equilbrio desse
ecossistema.
Portanto, torna-se oportuno o estudo que busque entender o funcionamento
do Manguezal do Pina, o qual abrange um santurio ecolgico que influencia a
biodiversidade dos ecossistemas associados, exercendo tambm grande relevncia
na vida do homem. Dessa forma, o monitoramento das mudanas ocorridas na
vegetao de mangue atravs da caracterizao estrutural e funcional permitir
estabelecer um sistema permanente de dados que viabilizem a proteo da rea,
facilitando assim um acompanhamento desse sistema natural e das suas variaes
cclicas. A seleo de um conjunto de ecossistemas a serem estudados, com fonte
de recursos assegurada, garantindo a continuidade dos trabalhos, permitiria a
visualizao efetiva do panorama litorneo (a mdio e longo prazo), adequando
medidas preventivas para se reduzir a necessidade da adoo de medidas
corretivas e/ou punitivas (SCHAEFFER-NOVELLI, 2000).

26

A descrio estrutural dos bosques de mangue fornece a idia do grau de


desenvolvimento, alm de permitir a identificao e a delimitao de bosques com
propriedades semelhantes, permitindo realizar comparaes em reas diferentes
(CINTRN; SCHAEFFER-NOVELLI, 1986).
O estudo da caracterizao estrutural da vegetao de mangue constitui-se
numa valiosa ferramenta no que concerne resposta s condies ambientais
existentes, atuando como bioindicador respondendo a processos de alterao do
meio ambiente, auxiliando, assim, nos estudos e aes que objetivam a
conservao desse ecossistema (SOARES, 1999). fundamental que a
caracterizao estrutural da vegetao de mangue seja entendida como um meio de
se chegar ao processo de desenvolvimento bem estruturado dentro de parmetros
que respeitem os limites dos ecossistemas de manguezais e que visem subsdios
para manejo, monitoramento e conservao da rea.
Assim, o presente estudo contribuir com importantes informaes sobre o
Manguezal do Pina, tais como: mapeamento da vegetao, reconhecimento
ambiental, interferncias, caracterizao estrutural, acompanhamento de sua
expanso ou retrao e limites, as quais podero ser utilizadas para implementao
de polticas pblicas que visem dar rea uma destinao que no prejudique,
ainda mais, o equilbrio e a sustentabilidade dos seus recursos.

27

4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL


Realizar a anlise estrutural da vegetao de mangue e um diagnstico espaotemporal do Manguezal do Pina, visando contribuir para o desenvolvimento
sustentvel de seus recursos, facilitando futuras aes de conservao e
monitoramento.
4.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
1. Realizar o mapeamento da rea ocupada pelo Manguezal do Pina e seu
entorno ao longo de trs dcadas, com especial referncia distribuio da
vegetao de mangue;
2. Identificar e quantificar as alteraes espao temporais das reas ocupadas
pelo manguezal e seu entorno ao longo de trs dcadas;
3. Analisar a composio e estrutura do bosque de mangue;
4. Relacionar alguns fatores ambientais composio e estrutura do bosque.

28

5 CARACTERIZAO SOCIOAMBIENTAL DA REA DE ESTUDO

A cidade do Recife situa-se no litoral oriental da Amrica do Sul, na costa do


Nordeste brasileiro, tendo como limite norte, sul e oeste a mesorregio da Mata
Pernambucana e a leste o Oceano Atlntico. Juntamente com 13 municpios (Abreu
e Lima, Araoiaba, Cabo, Camaragibe, Igarassu, Itamarac, Ipojuca, Itapissuma,
Jaboato dos Gurarapes, Moreno, Olinda, Paulista e So Loureno da Mata) formam
a Regio Metropolitana do Recife, sendo Recife o ncleo principal e onde se
concentra a metade da populao metropolitana (ATLAS AMBIENTAL DO RECIFE,
2000).
O municpio est geologicamente situado em um substrato constitudo por
rochas cristalinas e sedimentares que podem ser subdivididas nos seguintes
domnios: Domnio das Rochas Cristalinas de idade Pr-Cambriana; Domnio das
Bacias Sedimentares da Margem Continental, de idade Cretcea; Domnio dos
Sedimentos de Coberturas. Da sua estrutura geolgica resultam trs tipos de solos:
aluviais arenosos, latossolos e indiscriminados de mangues (ATLAS AMBIENTAL
DO RECIFE, 2000).
Estando a uma altitude aproximada de 4m, a referida cidade foi edificada,
originalmente, sobre uma plancie de origem flvio-marinha, de origem quaternria,
resultante da acumulao de sedimentos carreados pelos rios principais da regio,
Capibaribe e Beberibe, com influncia tambm de rios menores como Tejipi, Jiqui,
e Jordo, alm de sedimentos trazidos pelo oceano Atlntico. Esta plancie
circundada por colinas originadas no perodo Tercirio, as quais esto dispostas em
forma de um semicrculo, a sua borda aflorando entre o Cabo de Santo Agostinho,
ao sul, e a atual cidade de Olinda, ao norte. A baa em forma de semicrculo foi
sendo formada durante milhes de anos, com entulhos a oeste de sedimentos
fluviais e a leste pelos sedimentos de origem marinha. A existncia dessa plancie e
elevaes evidencia a ocorrncia de mudanas climticas que alternaram perodos
mais secos e outros mais midos (ATLAS AMBIENTAL DO RECIFE, 2000).
A formao dessa plancie se deu entre as colinas tercirias e os arrecifes
sobre terreno de solos de aluvio, argilosos (massap). Na poro litornea, os
depsitos areno-argilosos ficam submersos quando em mars altas. Os processos
de transgresso e regresso marinhas associados s contribuies dos rios e dos

29

ventos moldaram a feio do stio do Recife, para as fases seriais e pioneiras do seu
ecossistema, consolidando as comunidades de mata litornea. Na formao de
delta-esturio a superfcie se dividiu em pores separadas por canais, rios e
camboas, favorecendo a formao de ilhas que se cobriram por uma vegetao
especfica a essas reas, o mangue.
O clima observado na rea em estudo o tropical quente e mido do tipo As,
segundo a classificao climtica de Kppen. Andrade (1977) classifica este clima
como pseudotropical da costa nordestina, pois na maioria das reas que apresenta
este tipo climtico (Tropical mido) o regime de chuva de primavera-vero,
enquanto que no litoral pernambucano o regime de chuvas de outono (antecipada)
e inverno (concentrada). A precipitao mdia anual na cidade do Recife
1.651,3mm e a temperatura mdia anual 25C, conforme dados fornecidos pelo
Departamento de Cincias Atmosfricas da Universidade Federal de Campina
Grande. Na figura 01 so apresentadas as mdias mensais de precipitao e

300
250
200
150
100
50
0
mm

Jan Fev Mar Abr Mai Jun

Jul Ago Set Out Nov Dez

28
27
26
25
24
23
22
21
20

Temperatura (C)

Precipitao (mm)

temperatura da cidade do Recife entre os anos de 1911 e 1990.

62,3 95,4 170 207 282 269 235 152 66,3 39,4 34,9 40,8

T C 26,7 26,5 26,4 26,1 25,3 24,5 23,9 24,4 24,7 25,5 26

26,7

Figura 1 - Climograma do Recife/PE (1911 a 1990).


Fonte: DCA UFCG ( 2008).

A vegetao constituda por Floresta Tropical (Mata Atlntica), Campos de


Vrzea, Restinga e Mangues, atualmente devastada devido aos aterros e extrao
ilegal de madeira.
A paisagem do Recife sofreu alteraes ao longo do tempo com os diversos
aterros empreendidos na rea, os quais contriburam para a formao das ilhas dos
bairros do Recife, So Jos, Santo Antnio e Boa Vista. Alm dos diversos fatores

30

geoambientais, a feio da plancie recifense exibe caractersticas das atividades


antrpicas destacando-se: os desmatamentos, os aterros e as construes que
alteraram significativamente seu stio, ampliando e consolidando os solos, reduzindo
os espaos ocupados pela vegetao e solos.
O Manguezal do Pina localiza-se na poro sul da cidade do Recife, no bairro
do Pina, entre as coordenadas de 8530 e 8630 S; 345430 e 345300 W, em
uma rea pertencente Marinha do Brasil, conhecida como antiga Estao Rdio
Pina (Figura 2). Os manguezais que se desenvolvem nesta localidade sofrem
ameaa de deteriorao, tanto pelo acmulo do lixo como pelas ocupaes
espontneas e desordenadas, o que vem acelerando seu processo de degradao.
Segundo o Relatrio de Impactos Ambientais, oriundo do projeto de
construo da Via Mangue, o Manguezal do Pina ocupava, no ano de 2007, uma
extenso aproximada de 223,26ha. Esta rea est inserida na Regio Poltico
Administrativa 6 (RPA 6), sendo considerada uma Zona Especial de Proteo
Ambiental (ZEPA 2). A regio em estudo possui aspecto essencialmente aqutico,
com manguezais e ilhas envolvidos por braos dos rios Jordo e Pina, mas com
influncia de outros dois rios, Tejipi e Capibaribe, possuindo uma das maiores
extenses de mangue em ambiente urbano do Brasil (Figuras 3 e 4).
De acordo com o Atlas de Desenvolvimento Humano da Cidade do Recife
(2005), as comunidades situadas em Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis) da
Regio Poltico Administrativa 6, a qual o Manguezal do Pina faz parte so: Zeis Ilha
de Deus: Ilha de Deus, no bairro do Pina e Zeis Pina/Encanta/Moa: Bode, Encanta
Moa, Areinha e Beira Rio/Joca, no bairro do Pina. As comunidades situadas em
outras reas pobres dos bairros so: Pantanal, Pantanal 2 e Xuxa, no bairro do Pina.
A maioria da populao residente na RPA 6 mora em reas pobres e perfaz a maior
parte dos domiclios (Tabela 1).

31

BRASIL
RECIFE

Parte da Regio
Cidade do Recife

Sul

da

Manguezal do Pina

Figura 2 - Localizao do Manguezal Fonte:


Atlas de Desenvolvimento Humano da Cidade
do Recife (2005).

Figura 2 - Localizao do Manguezal do Pina. Fonte: RIMA (2008); Atlas de Desenvolvimento


Humano da Cidade do Recife (2005).

32

Tabela 1
Populao e Domiclios - Zeis: Pina/Encanta Moa e Ilha de Deus (2000)

Total
Morando em ZEIS e outras reas pobres
Percentual morando em ZEIS e outras reas pobres

Populao

Domiclios

17.392
16.895
97,14%

4.615
4.477
97,01%

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano da Cidade do Recife (2005).

A partir da dcada de 40, o Manguezal do Pina passou a sofrer uma grande


especulao imobiliria e intervenes por conta da instalao de um Aeroclube e
de uma estao militar de rdio (a rdio Pina). Ao mesmo tempo, uma populao de
pescadores iniciou a ocupao de suas margens e da Ilha de Deus (PROEST 1,
1996). Atualmente o manguezal se encontra envolvido por ocupaes urbanas de
alto e baixo poder aquisitivo, entre elas 11 comunidades que se estabeleceram nas
margens dos dois rios, o Pina e Jordo, de maneira espontnea e sem planejamento
urbano. Esses fatores contribuem para o aumento da poluio dos rios e do
manguezal, agravado pela insuficincia de servios de saneamento bsico.

Figura 3 - Vista area do


<www.revistaalgomais.com.br>

Manguezal

do

Pina.

Fonte:

33

Martins e Melo (2008) tratam das condies em que a prtica da carcinicultura


marinha desenvolvida na regio pelos moradores da comunidade da Ilha de Deus,
cujos diques dos viveiros so construdos com o material disponvel no prprio
mangue. De maneira geral, a qualidade da gua dos viveiros no satisfatria do
ponto de vista bacteriolgico e da condio sanitria do produto, apesar de obtidas
altas produtividades.

Figura 4 Vista area parcial do Manguezal do Pina. Autor: Antnio Rocha


(2009).

34

6 MATERIAL E MTODOS

6.1 MAPEAMENTO
Para o mapeamento espao temporal do Manguezal do Pina e seu entorno
foram utilizadas imagens digitais multiespectrais dos anos de 1987, 1991 e 2008, do
satlite LANDSAT 5, sensor TM, rbita 214, ponto 66 da faixa espectral do visvelinfravermelho (VISIR, com resoluo espacial de 30 metros), trabalhadas com o
software ERDAS 9.3, do Departamento de Cincias Geogrficas da UFPE e para o
layout das imagens foi utilizado o software ARCGIS 9.3. As imagens selecionadas
admitiram um baixo ndice de nebulosidade.
As imagens foram adquiridas gratuitamente atravs site do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE), sendo identificadas pelo Sistema de Referncia
Universal.
6.1.1 Processamento Digital das Imagens
As imagens foram georeferenciadas no software ARCGIS 9.3 com base
cartogrfica (UTM/ South American Datum 1969) atravs de shapes criados a partir
de pontos coletados com o GPS.
Para diminuir os efeitos da atmosfera nas imagens foi feita a calibrao
radiomtrica, sendo realizados clculos de radincia e reflectncia a partir do
software ERDAS 9.3. Na primeira etapa obteve-se a radincia espectral aparente da
imagem, que consistiu em transformar o nmero digital da imagem em radincia a
partir da frmula abaixo:

Li = [Lmin + (Lmx - Lmin) N.D] 255


Onde: Lmin e Lmx so coeficientes de calibrao, 255 o valor mximo da
radincia (valor mximo do nmero de cinza) e N.D o nmero digital da
imagem.

35

Para a obteno da reflectncia dos objetos presentes nas imagens foi feito o
clculo da reflectncia representado na seguinte frmula:

Ref = ( Li d ) ( KLi cos Z )


Onde: Li a imagem da radincia, x d o valor da distncia Terra Sol,
KLi refere-se irradincia, cos Z o ngulo zenital.
Os valores correspondentes distncia Terra Sol, irradincia solar no topo da
atmosfera e o cosseno do ngulo zenital das imagens foram obtidos a partir do
cruzamento de dados com uma planilha compatvel ao software do EXCEL
disponvel no site do INPE.
Aps a calibrao da imagem foi feito um recorte do entorno do Manguezal do
Pina, sendo o mesmo utilizado para todas as imagens, evitando contabilizar e
analisar tamanhos de reas distintos.
6.1.2 Anlise Espao Temporal da Vegetao a partir das Imagens
A anlise espao temporal da vegetao consistiu no emprego do ndice por
Diferena Normalizada (NDVI), o qual utiliza as bandas 3 e 4 da imagem, as quais
atuam no comprimento de onda que vai de 0,4m a 0,8m correspondente regio
do visvel-vermelho e ao infravermelho prximo.
Para o clculo do NDVI foi utilizada a equao que definida por:

NDVI = (Re flectB 4 Re flectB3) (Re flectB 4 + Re flectB3)


Onde:
Reflect B4 = reflectncia no infravermelho prximo;
ReflectB3 = reflectncia no vermelho.
Os valores numricos do NDVI podem variar entre -1 e 1, estando a
vegetao est associada aos valores positivos. Materiais que refletem mais
intensamente na poro do vermelho em comparao com o infravermelho prximo
(nuvens, gua e neve) apresentam NDVI negativo. Solos descobertos e rochas
refletem o vermelho e o infravermelho prximo quase na mesma intensidade, por
conseguinte, seu NDVI aproxima-se de zero (RIZZI, 2004).

36

Para o NDVI foram feitas classificaes supervisionadas. Os valores de 0,005


a 0,421 representaram o solo exposto e rea urbana; entre 0,422 a 0,514
representaram a vegetao rala (rasteira); a vegetao semi-densa (de transio) foi
classificada nos intervalos de 0,515 a 0,621; a vegetao densa (vegetao de
mangue) nos intervalos de 0,622 a 0,793. Os valores negativos corresponderam
hidrografia.

6.2 CARACTERIZAO AMBIENTAL


Para a caracterizao ambiental foram analisadas nove parcelas de 20x20m,
divididas em trs stios de amostragens (A, B e C) (Figura 5). Em cada stio foram
realizadas trs parcelas (A1, A2, A3; B1, B2, B3 e C1, C2 e C3) mantendo uma
distncia de 10 m uma da outra, posicionadas perpendicularmente aos gradientes
fsico-qumicos, estando orientadas paralelamente margem do rio (Figura 5). As
anlises foram realizadas nas seguintes datas: 25/07/09 (parcelas A1 e A2);
26/06/09 (A3); 20/08/09 (stio B) e 18/09/09 (stio C).
O primeiro stio corresponde ao A, localizado a 30 m das margens de um dos
braos do rio Pina, nas coordenadas UTM de 0290895 e 9104376 (erro de 10m). O
stio B est situado a 10 m de um dos braos do rio Pina, entre as coordenadas UTM
de 0290998 e 9104974 (erro de 15m). O stio C localiza-se nas coordenadas UTM
de 0291537 e 9104338 (erro de 10m), a uma distncia de 10 m da margem de um
dos braos do rio Pina (Figura 5).

6.2.1 Dados Abiticos


6.2.1.1Temperatura do Solo, do Ar e Salinidade da gua Intersticial
Em todas as parcelas foram aferidos a temperatura do solo e do ar com um
termmetro graduado marca Incoterm, alm dos valores da salinidade da gua
intersticial a 30 cm de profundidade. Este ltimo parmetro foi medido com auxlio de
um refratmetro ptico modelo Instrutherm, escala 0 a 100.

37

Rio Pina

Rio Jordo

Rio Pina

Figura 5 Localizao dos stios de amostragens no


Manguezal do Pina. A mancha mais clara
corresponde ao Manguezal do Pina.

6.2.1.2 Anlise de Sedimento


As anlises foram realizadas no laboratrio de Qumica do Solo da
Universidade

Federal

Rural

de

Pernambuco,

tendo

sido

determinadas

caracterizao fsica (granulometria) e qumica (pH em gua, Ca2+e Mg2+ trocveis e


carbono orgnico). Foram recolhidas quatro amostras de cerca de 150 g de
sedimentos em cada parcela para as anlises. Aps a coleta o material foi seco ao
ar, destorroado e peneirado em malha de 2 mm para a realizao das anlises.
6.2.1.2.1 Anlise Granulomtrica
Fundamentou-se na quantificao dos teores das fraes do solo,
determinados por metodologia proposta pela EMBRAPA (1997). O processo
consistiu na pesagem das amostras e posterior disperso/separao das fraes

38

primrias do solo, esta feita atravs de agitao mecnica lenta e quimicamente com
aplicao NaOH 0,5 mol L-1 (Hidrxido de sdio).
6.2.1.2.2 Anlises Qumicas
Para pH em gua (1:2,5) foi utilizado 10cm3 de TFSA (Terra Fina Seca ao Ar)
adicionando 25mL de gua destilada, agitando em seguida cada amostra durante 1
minuto e aps trinta minutos foi procedida a leitura atravs de potencimetro.
A extrao dos trocveis clcio e magnsio foi baseada nos valores da
determinao potenciomtrica, e assim selecionado o extrato, o qual foi a soluo de
KCI (cloreto de potssio) 1mol/L-1 e dosados conjuntamente por complexometria,
utilizando-se Na2-EDTA como quelante, na presena do indicador eriocromo, a partir
da metodologia sugerida pela EMBRAPA (1997).
O teor de Carbono nas amostras foi analisado pelo mtodo de Yeomans;
Bremner (2000). O procedimento titrimtrico de oxi-reduo consistiu na oxidao do
carbono orgnico contido em uma determinada massa da amostra, com soluo de
dicromato de potssio (K2Cr2O7) em meio cido, seguida de titulao do excesso de
dicromato com soluo de sulfato ferroso amoniacal 0,2 ml/L-, utilizando-se soluo
de Ferroim como indicador sugerida por Freire (2000).
6.2.2 Analise Estrutural do Bosque
A estrutura da vegetao foi analisada de acordo com a metodologia descrita
em Cintrn e Schaeffer-Novelli (1981) e Schaeffer-Novelli e Cintrn (1986), a qual
consiste no emprego de parcelas mltiplas para a caracterizao das propriedades
estruturais e caractersticas funcionais do sistema.
Para a aplicao dos parmetros estruturais foram consideradas algumas
caractersticas do bosque como: composio das espcies, DAP (dimetro altura
do peito dos troncos vivos), rea basal dos troncos vivos (AB), rea basal mdia
(ABM), altura dos indivduos, nmero de troncos, densidade de indivduos por
hectare, dominncia e frequncia.
Para a delimitao das parcelas foram utilizadas corda de nilon, fita mtrica
calibrada e estacas de bambu. medida que cada rvore estava sendo catalogada

39

marcava-se uma a uma com barbante ou tinta spray para evitar a recontagem dos
indivduos.
As metodologias empregadas para medir estas variveis estruturais so
descritas a seguir:

Dimetro das rvores

O dimetro das rvores (DAP) foi medido a partir de regras que obedecem as
irregularidades de cada uma. Utilizou-se trenas graduadas em centmetros e os
valores foram divididos por = 3,1416, para a obteno do dimetro de cada
indivduo. O DAP foi medido altura de 1,30m do solo, sendo utilizada uma vara
graduada. As medidas dos dimetros foram agrupadas em classes de troncos com
dimetros <2,5 cm 2,5 cm e 10 cm.
O dimetro mdio definido como sendo o dimetro da rvore de rea basal
mdia. Esse valor permite a comparao entre os bosques, podendo ser
correlacionado com outras medidas estruturais. O dimetro mdio dado por:
DAPMdio = ( AB) (12732,39) n

Onde: AB o valor da rea basal e n o nmero de indivduos por hectare.

rea Basal dos Troncos Vivos

A rea basal dos troncos vivos foi definida como a rea ocupada, dentro de
uma parcela, por um tronco vivo com um dado dimetro, expressa em m (metro
quadrado) por ha (hectare). A rea basal serve como indicador do ndice de grau de
desenvolvimento adquirido pelo bosque, pois expressa o volume de madeira e
biomassa do bosque.
A rea basal (AB) expressa pela seguinte frmula: AB = r, onde g a
rea basal e r o raio, substituindo o raio por r = dap/2, ento tm-se o AB = /4 x
dap, formando a seguinte frmula: g =

(DAP)/ 4x10.000. Para expressar a

frmula em m por hectare tm-se:

AB(m) = 0,00007854 ( DAPcm)

40

Para o clculo da rea basal mdia divide-se o valor da rea basal pelo
nmero de indivduos medidos.

A altura das rvores

A altura das rvores foi medida com vara telescpica e hipsmetro. A altura
mdia do bosque foi obtida a partir da mdia da altura de todas as rvores
contabilizadas em cada parcela.

Nmero de Troncos

Para a contagem do nmero de troncos considerou-se que quando a rvore


bifurca abaixo da altura do peito devem ser contabilizados dois troncos e um nico
indivduo.

Densidade Relativa

A densidade relativa a contribuio em nmero de indivduos por cada


bosque. Essa medida uma comparao entre as vrias parcelas fixas, sendo
obtida por:

Densidade Relativa =

Nmero de Indivduos
Nmero Total de Indivduos 100

Dominncia Relativa

Definida como a rea basal de dominncia entre as vrias parcelas sendo


obtida por:

Do minncia Re lativa =

Dominncia de uma Espcie


Dominncia Total rea Basal 100

Frequncia Relativa

Valor relacionado probabilidade de ocorrncia de uma espcie em uma


nica parcela. Esse valor foi calculado entre as vrias parcelas de um mesmo
tamanho, tendo sido obtido por:

41

Frequncia Re lativa =

Frequncia de uma Espcie


Soma da Frequncia de todas as Espcies 100

6.2.3 Anlise dos Componentes Principais (ACP)

Na anlise de componentes principais a matriz formada com os dados das


espcies e os parmetros ambientais mais significativos foram submetidos a uma
padronizao, para reduzir os efeitos das diferentes escalas. Em seguida foi
calculada a similaridade por correlao momento-produto de Pearson, depois foram
computados os autovalores da matriz de disperso, associando a cada um desses
autovalores, autovetores, os quais correspondem aos eixos principais do espao
multidimensional. O primeiro eixo principal descreve a maior dimenso elipside
multidimensional, enquanto que os eixos principais seguintes passam por dimenses
sucessivas gradativamente menores (LEGENDRE; LEGENDRE, 1998). Os dois
primeiros fatores foram projetados em espao bi-dimensional.
Todos estes clculos foram realizados no Laboratrio de Zooplncton do
Departamento de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, utilizandose o programa computacional NTSYS (Numerical Taxonomy and Multivariate
Analysis System) da Metagrafics Software Corporation, Califrnia/USA.

42

7 RESULTADOS

7.1 ANLISE ESPAO TEMPORAL


Os clculos do NDVI e a classificao das imagens correspondentes aos
anos de 1987, 1991 e 2008 possibilitaram visualizar e quantificar variaes espao
temporais do Manguezal do Pina. Os ndices de NDVI mostram que houve
modificaes tanto na configurao da rea urbana e solo exposto, quanto na
distribuio da vegetao ao longo do perodo analisado (Figura 8).
Todas as imagens apresentaram diferentes mosaicos de paisagem na
organizao espacial da vegetao. Na imagem de 1987 a rea total ocupada por
vegetao correspondeu a 400ha, sendo 120,7 de vegetao rala (rasteira), 93,1ha
de semi-densa (transio entre a rasteira e a densa) e 186,4ha de densa (mangues).
Em 1991, a rea vegetada englobava 428ha, dos quais 182,8ha correspondiam
vegetao rala, enquanto a semi-densa e densa abrangiam 91,1 e 154ha,
respectivamente. No ano de 2008, 399ha estavam ocupados por vegetao, sendo
que a rala, semi-densa e densa foram, respectivamente, de 112,0; 71,6 e 215,9ha
(Figura 6, Tabela 2).

rea Ocupada (ha)

450
400

1987

350
300

1991

250
200

2008

150
100
50
0
Vegetao Rala

Vegetao SemiDensa

Vegetao Densa
(Mangue)

Total

Classificao
Figura 6 Anlise espao temporal da vegetao do Manguezal do Pina.

43

Desta forma, foi possvel constatar que houve um aumento de 6,49% da rea
total ocupada por vegetao num perodo de apenas quatro anos (1987 a 1991),
voltando a decrescer em 2008. Por outro lado, houve uma diminuio da rea de
mangue (vegetao densa) entre 1987 e 1991 e um aumento em 2008 (Figura 6,
Tabela 2).
Tabela 2 - Variao espao temporal em hectares do Manguezal do Pina nos anos
de 1987, 1991 e 2008.
Vegetao Rala
Vegetao Semi-Densa
Vegetao Densa
Total em hectare (ha)

1987

1991

2008

120,72

182,84

112,06

93,16

91,15

71,61

186,40

154,07

215,94

400,28

428,06

399,61

No que se refere s reas urbanas e solo exposto notou-se um aumento


gradativo, principalmente no entorno do manguezal. Em 1987, a rea urbana e o
solo exposto ocupavam 104,72ha, em 1991 passou para 118,49ha e, em 2008, j
abrangiam 146,53ha, ou seja, um aumento de 28,5% (41,81ha) em 21 anos (Figura
7).

160
140

Hectares

120
100
80
60
40
20
0
Total Solo
Exposto e rea
Urbana

1987

1991

2008

104,72

118,49

146,53

Perodo

Figura 7 Ocupao em hectares da rea urbana e solo exposto no


Manguezal do Pina e seu entorno em 1987, 1991 e 2008.

A variao espao temporal das classes analisadas no Manguezal do Pina e


seu entorno nos anos de 1987, 1991 e 2008 apresentada nas Figuras 8 e 9.

Figura 8 - Variao Espao Temporal do Manguezal do Pina e seu entorno nos anos de 1987, 1991 e 2008.

44

Figura 9 Variao Espao Temporal da Vegetao do Manguezal do Pina e seu entorno nos anos de 1987, 1991 e 2008.

45

46

7.2 CARACTERIZAO AMBIENTAL


7.2.1 Dados Abiticos
7.2.1.1 Temperatura do Solo, do Ar e Salinidade da gua Intersticial
Foram registradas temperaturas do ar oscilando entre 24C e 25,5C em
todas as parcelas, enquanto a temperatura do solo variou entre 25C na parcela B1
e a mxima de 30C na parcela A3 (Tabela 3).
Em relao salinidade da gua intersticial, os valores se mantiveram em 0,5
em todas as parcelas nos trs stios, com exceo da parcela B3, onde foi registrado
um valor de 40 (Tabela 3).
Tabela 3 Valores correspondentes s anlises da gua intersticial, temperatura do
ar e temperatura do solo nas diferentes parcelas.
Parcelas
A1
A2
A3
B1
B2
B3
C1
C2
C3

Data da Altura Horrio Salinidade Tempera- TemperaHorrio das


Coleta
da
da
da gua
tura do
tura do Amostragens
Mar
Mar Intersticial
Ar (C) Solo (C)
25/07/09
0,1
12h36
0,5
25,0
29,0
12h00
25/07/09
0,1
12h36
0,5
25,5
29,0
10h15
26/06/09
0,2
13h00
0,5
25,0
30,0
11h58
20/08/09
0,0
10h04
0,5
24,0
25,0
9h28
20/08/09
0,0
10h04
0,5
25,0
26,0
10h42
20/08/09
0,0
10h04
40,0
24,0
26,0
12h35
18/09/09
0,0
09h47
0,5
24,0
26,0
10h42
18/09/09
0,0
09h47
0,5
24,0
27,0
12h35
18/09/09
0,0
09h47
0,5
25,0
26,0
14h35

7.2.1.2 Sedimentos
As caractersticas principais dos sedimentos analisados nas parcelas foram a
granulometria, carbono orgnico, pH, clcio e magnsio. Na anlise granulomtrica
observou-se que a classe textural variou de arenosa a franco arenosa, com
porcentagens de areia total de 87,7 a 91,9kg.kg-1, com mdias de 86,4 kg.kg-1; o teor
de argila atingiu o mximo de 17% e o de silte, 10% (Figura 10, Tabela 4).

47

As anlises das amostras em seis parcelas (B1, B2, B3, C1, C2 e C3)
indicaram que o percentual de areia fina foi superior ao de areia grossa, variando de
49 a 66% e de 21 e 43%, respectivamente, os teores de argila oscilaram entre 4 e
14%, enquanto os de silte, entre 2 a 10%. Nas demais parcelas (A1, A2 e A3) as
porcentagens de areia fina variaram de 38 a 41%, areia grossa, de 44 a 49%, com
teores de argila entre 11 e 17% e silte de 1 a 2% (Figura 10 e Tabela 4).

70%

Granulometria

60%
50%

A. Fina

40%

A.Grossa

30%

Argila
Silte

20%
10%
0%
A1

A2

A3

B1

B2

B3

C1

C2

C3

Parcelas
Figura 10 - Anlise granulomtrica dos sedimentos nas diferentes parcelas analisadas
no Manguezal do Pina.

Tabela 4 - Granulometria dos sedimentos das parcelas analisadas no Manguezal do


Pina.
PARCELAS
A1
A2
A3
B1
B2
B3
C1
C2
C3

Areia Fina
(%)
38
41
40
56
51
49
66
57
63

Areia Grossa
(%)
44
46
49
30
41
43
21
24
22

Argila
(%)
17
12
11
10
6
4
12
9
14

Silte
(%)
2
2
1
4
2
4
2
10
2

48

Analisando a granulometria nos trs stios foi possvel observar que houve
uma ntida diminuio da frao areia grossa do stio A em direo ao C, havendo,
por outro lado, um aumento da percentagem de areia fina (Figura 10).
O carbono orgnico variou de 0,7 a 2,5dag.kg-1, com maior representatividade
nas parcelas A2 e C3, com valores de 2 e 2,5dag kg-, respectivamente, enquanto
os menores valores foram registrados nas parcelas A3 e A1, com 0,7 e 0,8dag kg-,
respectivamente (Figura 11).

Carbono Orgnico (dag kg-1)

3
2,5
Caborno
Orgnico

2
1,5
1
0,5
0
A1

A2

A3

B1

B2

B3

C1

C2

C3

Parcelas
Figura 11 Teores de Carbono Orgnico dos sedimentos que compem
as parcelas analisadas no Manguezal do Pina.

Os valores referentes ao pH variaram entre 4,7 na parcela A3 e 5,8 na B2


(Tabela 5). Em relao aos teores de Ca e Mg, as amostras apresentaram teores de
-3

Mg variando entre 6,1 e 9,1cmolc dm , nas parcelas A1 e B2, respectivamente,


enquanto os de Ca oscilaram entre 2,2cmolc dm-3 (parcela C2) e 4cmolc dm-3
(parcela A2) (Figura 12, Tabela 5).

49

Tabela 5 - Teores de C.O (Carbono Orgnico), pH, Ca (Clcio) mais Mg (Magnsio),


Ca (clcio) e Mg (Magnsio) encontrados nas parcelas analisadas no Manguezal do
Pina.
PARCELAS

C. O.
(dag kg -1)

pH

Ca + Mg
(cmolc dm-3)

Ca
(cmolc dm-3)

Mg
(cmolc dm-3)

0,877
2,070
0,712
1,572
1,882
1,120
1,132
1,692
2,582

5,245
5,357
4,757
5,630
5,835
5,482
5,287
5,367
5,187

8,850
10,625
9,000
10,150
12,700
10,450
9,850
9,950
7,950

2,725
4,050
2,725
2,650
3,575
3,150
2,875
2,225
2,675

6,125
6,575
6,275
7,500
9,125
7,300
6,975
7,725
7,025

A1
A2
A3
B1
B2
B3
C1
C2
C3

14

cmolc dm-

12
10
Ca

Mg

Ca + Mg

4
2
0
A1

A2

A3

B1

B2

B3

C1

C2

C3

Parcelas
Figura 12 Teores de clcio e magnsio dos sedimentos que compem as
parcelas analisadas no Manguezal do Pina.

7.2.2 Anlise Estrutural do Bosque


O Manguezal do Pina do tipo fisiogrfico ribeirinho e de bacia, ocorrendo ao
longo dos rios que compem a rea e seus respectivos braos, sofrendo influncia
da mar e maior aporte de nutrientes.

50

No que se refere ao nvel de degradao do ecossistema foram observados


alguns impactos antrpicos, tais como: grande quantidade de resduos slidos
trazidos pelos rios, elevado nmero de cortes de rvores, expanso desordenada de
ocupaes no entorno do manguezal e a pesca predatria.
No stio A destacou-se o grande nmero de indivduos com caractersticas de
corte, alm de um nmero elevado de armadilhas para guaiamum e do tipo redinha
para coleta de caranguejos (Figura 13). No stio B a quantidade de resduos slidos
foi bastante expressiva (Figura 14), enquanto no stio C os indcios de
desmatamento e resduos slidos foram pouco evidenciados (Figura 15).

Figura 13 (A) Vista parcial da estrutura do bosque no stio A; (B) armadilha para
guaiamum; (C) clareira no stio A; (D) armadilha tipo redinha para caranguejo. Autor:
Torres (2009).

51

Figura 14 (A e B) Resduos slidos encontrados no stio B. Autor: Torres (2009).

Figura 15 Vista parcial do stio C. Autor: Torres (2009).

52

7.2.2.1 Stio A
Em relao composio do bosque de mangue no Stio A, em todas as
parcelas foi registrada a presena das espcies R. mangle, L. racemosa e A.
schaueriana.
Na parcela A1 foram contabilizados 1.675 troncos vivos por hectare, com
predominncia de 72% de R. mangle, seguida de L. racemosa, com 19% e A.
schaueriana, com 9% (Figuras 16 e 17). A altura mdia das rvores foi 8,83m,
enquanto a altura do dossel atingiu 13,23m (Figura 18, Tabela 6). A rea basal de
troncos vivos foi 17,99m/ha e a rea basal mdia de troncos vivos foi 0,27m/ha,
com maior contribuio de troncos 2,5cm e 10,0cm (Figuras 19 e 20, Tabelas 6 e
7). Os indivduos com maiores dimetros foram da espcie L. racemosa, atingindo
at 24cm. Os maiores valores de rea basal por classe de dimetro foram dos
indivduos 2,5cm, com 4,1m/ha e 10,0cm, com 13,8m/ha (Figura 21, Tabela 7).
A maior rea basal foi de R. mangle com 52%, seguida por L. racemosa e A.
schaueriana, com 43% e 5%, respectivamente (Tabela 8). O DAP mdio nesta
parcela foi de 1,42cm (Tabela 6), os indivduos mortos totalizaram 1.300m/ha,
enquanto 700m/ha apresentaram caractersticas de corte (Figura 22).
Na parcela A2 a densidade de troncos vivos foi de 775 por hectare, com
predominncia de L. racemosa, com 52%, enquanto R. mangle totalizou 26% e A.
schaueriana, 22% (Figuras 16 e 17). O bosque apresentou altura mdia de 8,32m e
altura do dossel de 11m (Figura 18, Tabela 6). Em termos de rea basal de troncos
vivos a contribuio foi de 12,58m/ha, correspondendo a uma rea basal mdia de
0,41m/ha (Tabela 6, Figuras 19 e 20). Quanto percentagem de rea basal, L.
racemosa contribuiu com 81%, R. mangle, com 18% e A. schaueriana, com 1%
(Tabela 8). Os maiores dimetros foram da espcie L. racemosa com valor mximo
de 23cm. A rea basal por classe de dimetro 2,5cm foi de 0,06m/ha, 2,5cm, foi
0,82m/ha e 10,0cm, 11,69m/ha (Figura 21, Tabela 7). Em relao ao DAP mdio,
a parcela apresentou 2,58cm, portanto o maior ndice do stio A (Tabela 6). Nesta
parcela o nmero de rvores com caractersticas de corte foi extremamente elevado,
atingindo 1.075m/ha, enquanto as rvores mortas totalizaram 225m/ha (Figura 22).
A parcela A3 apresentou uma densidade de 2.200 troncos vivos por hectare
(Figuras 16). Os valores mais altos de densidade relativa foram, respectivamente, de
L. racemosa, com 63%, A. schaueriana, com 31% e R. mangle, com 6% (Figura 17).

53

A altura mdia do bosque foi 7,76m e a altura do dossel foi 13m (Figura 18, Tabela
6). A rea basal nesta parcela foi de 15,40m/ha e a rea basal mdia foi 0,18m/ha
(Figuras 19 e 20, Tabela 6). A predominncia da rea basal de L. racemosa foi
bastante expressiva com 97,1%, de A. schaueriana, com 2,8 e 0, 1% de R. mangle
(Tabela 8). A rea basal por classe de dimetro 2,5cm foi de 0,24m/ha, 2,5cm, de
1,72m/ha e 10,0cm, 13,44m/ha (Figura 21, Tabela 7). O DAP mdio da parcela A3
foi de 1cm (Tabela 6). Em relao aos indivduos mortos foram contabilizados
1.100m/ha, enquanto 425m/ha apresentaram caractersticas de corte (Figura 22).
Comparando-se as trs parcelas do stio A foi possvel observar que a A1
apresentou maiores valores de rea basal de troncos vivos (destacando-se a
contribuio de R. mangle), maior altura do dossel e maior nmero de indivduos
mortos. Em relao densidade por espcies, tambm na parcela A1 foi encontrada
uma maior quantidade de indivduos de R. mangle e menor densidade de A.
schaueriana. Na parcela A2 destacou-se a grande quantidade de cortes de
espcimes de L. racemosa e R. mangle, o que refletiu diretamente sobre os valores
de rea basal e de densidade de troncos vivos, os quais apresentaram valores
menores que nas parcelas A1 e A3, porm com maior valor de DAP mdio. A
parcela A3 apresentou maiores valores de densidade de troncos vivos por hectare e
o nmero de rvores com caractersticas de corte foi menor. Nas trs parcelas a
rea basal teve maiores contribuies dos troncos com DAP >10cm.

7.2.2.2 Stio B
Na maioria das parcelas do Stio B tambm ocorreram as espcies R. mangle,
L. racemosa e A. schaueriana, com exceo da B3, onde esta ltima esteve
ausente.
Na parcela B1 a densidade de troncos vivos foi de 2.850ind/ha, com L.
racemosa contribuindo com 51% e R. mangle e A. schaueriana com 46 e 3%,
respectivamente (Figuras 16 e 17). A altura mdia nesta parcela foi de 7, 32m,
sendo a altura do dossel de 12,1m (Figura 18, Tabela 6). A rea basal de troncos
vivos atingiu 30,8m/ha e a rea basal mdia dos troncos vivos foi de 0,27m/ha
(Figuras 19 e 20, Tabela 6). Em termos de contribuio de rea basal L. racemosa
obteve a maior percentagem, 75,5%, enquanto R. mangle e A. schaueriana ficaram

54

com 21,5 e 3%, respectivamente (Tabela 8). Foram contabilizados 700ind/ha, com
caractersticas de corte, enquanto que o nmero de rvores mortas foi 1.300ind/ha
(Figura 22). A maior parte dos dimetros altura do peito variou entre 2,5 e
10,0cm, com os maiores valores correspondendo aos espcimes de L. racemosa,
chegando at 23cm, embora um indivduo de A. schaueriana tenha apresentado o
maior dimetro nesta parcela, 30cm. A rea basal por classe de dimetro 2,5cm foi
de 0,13m/ha, 2,5cm, 3,68m/ha e 10,0cm, 27,05m/ha (Figura 21, Tabela 7),
sendo o DAP mdio de 1,09cm (Tabela 6).
Em relao parcela B2, a densidade de troncos vivos foi de 900 ind/ha, com
predominncia da espcie L. racemosa (67%), seguida de R. mangle, com 28% e A.
schaueriana, com 5% (Figuras 16 e 17). A rea basal total de troncos vivos foi de
10,02m/ha, sendo a rea basal mdia dos troncos vivos de 0,28m/ha (Figuras 19 e
20, Tabela 6). No que se refere aos valores de rea basal, a maior contribuio foi
de L. racemosa, com 85%, enquanto R. mangle e A. schaueriana representaram
13% e 2%, respectivamente (Tabela 8). A altura mdia nesta parcela foi de 6,37m e
a altura do dossel de 8,01m (Figura 18, Tabela 6). O nmero de rvores cortadas foi
de 50 ind/ha, enquanto o de rvores mortas, 500 ind/ha (Figura 22). Os valores do
DAP variaram entre 2,5 e 10,0cm, com os maiores valores referentes aos
indivduos de L. racemosa, chegando at 21cm de dimetro. A rea basal por classe
de dimetro 2,5cm foi de 1,16m/ha e 10,0cm, de 8,85m/ha, com DAP mdio de
1,98cm (Figura 21, Tabelas 6 e 7).
A parcela B3 apresentou uma densidade de 2.325 ind/ha, com predominncia
de R. mangle, com 58%, seguida por L. racemosa, com 42% (Figuras 16 e 17).
Nenhum exemplar de A. schaueriana foi encontrado nesta parcela. Os valores de
rea basal e rea basal mdia dos troncos vivos foram de 25,37 e 0,27m/ha,
respectivamente (Figuras 19 e 20, Tabela 6). Em relao rea basal dos troncos
vivos a maior contribuio foi dos espcimes de L. racemosa, com 72,5 e de 27,5 %
de R. mangle (Tabela 8). A altura mdia do bosque foi de 6, 75 e de 10,2m a altura
do dossel (Figura 18, Tabela 6). Em relao ao nmero de rvores cortadas e
mortas, os valores foram de 225 e 1.375m/ha, respectivamente (Figura 22). A rea
basal por classe de dimetro 2,5cm foi de 4,85m/ha e 10,0cm, de 20,52m/ha
(Figura 21, Tabela 7). Os maiores valores de DAP foram dos exemplares de L.
racemosa, chegando at 25cm de dimetro. O DAP mdio foi de 1,2cm (Tabela 6).

55

Analisando conjuntamente as trs parcelas do stio B observou-se que a B1


apresentou os maiores valores de densidade de troncos vivos e rea basal, as
maiores alturas mdias e do dossel, alm do menor valor de DAP e maior nmero
de cortes. Os valores de rea basal por classe de dimetro e os indivduos com DAP
10 cm tambm foram mais expressivos nesta parcela. A parcela B2 apresentou os
menores valores de rea basal, altura mdia e do dossel e menor densidade de
troncos vivos, assim como os maiores valores de densidade da espcie L. racemosa
e maiores valores de DAP mdio. A parcela B3 apresentou o maior nmero de
rvores mortas.

7.2.2.3 Stio C
Nesta rea de estudo as espcies L. racemosa, R. mangle e A. schaueriana
estiveram distribudas nas trs parcelas.
Na parcela C1 a densidade de troncos vivos foi de 1.325 ind/ha, sendo 75,5%
da espcie L. racemosa, 15% de R. mangle e 9,5% de A. schaueriana (Figuras 16 e
17). A rea basal e rea basal mdia de troncos vivos por hectare foram,
respectivamente, 24,60 e 0,46m/ha (Figuras 19 e 20, Tabela 6). A contribuio em
termos de rea basal de L. racemosa foi de 98%, enquanto R. mangle e A.
schaueriana contriburam cada uma com 1% (Tabela 8). A altura mdia foi de 9,20m,
enquanto a altura do dossel foi de 14,53m (Figura 18, Tabela 6). Em relao aos
indivduos mortos, foram contabilizados 950 e 350m/ha de indivduos cortados
(Figura 22). A contribuio de indivduos com DAP 10cm foram em grande parte
dos espcimes de L. racemosa, chegando a atingir dimetro mximo de 26cm. O
DAP mdio foi de 2,11cm (Tabela 6). A rea basal por classe de dimetro 2,5cm foi
de 0,08m/ha, 2,5cm, 0,77m/ha e 10,0cm, 23,74m/ha (Figura 21, Tabela 7).
A densidade de indivduos na parcela C2 foi de 975 ind/ha, sendo 59% da
espcie L. racemosa, 38, 5% de A. schaueriana e 2,5 % de R. mangle (Figuras 16 e
17). A rea basal e rea basal mdia de troncos vivos por hectare atingiram os
seguintes valores: 19,10 e 0,49m/ha, respectivamente (Figuras 19 e 20, Tabela 6).
A rea basal de L. racemosa foi de 89,8%, de A. schaueriana, 10,1% e de R.
mangle, 0,1% (Tabela 8). A altura mdia nesta parcela foi de 8,89m e a altura do
dossel de 13,10m (Figura 18, Tabela 6). Em relao aos troncos mortos e cortados

56

foram contabilizados, respectivamente, 500 e 150 ind/ha (Figura 22). Os dimetros


10cm foram em grande parte pertencentes aos indivduos da espcie L. racemosa,
com maior dimetro de 26,7cm, e por alguns espcimes de A. schaueriana, com
maior dimetro de 21cm. A rea basal por classe de dimetro 2,5cm foi de
0,02m/ha, 2,5cm, de 0,61m/ha e 10,0cm, de 18,45m/ha (Figura 21, Tabela 7). O
DAP mdio nesta parcela foi de 2,5cm (Tabela 6).
A densidade de troncos vivos na parcela C3 foi de 1.550 ind/ha, sendo 74%
da espcie L. racemosa, 24% de R. mangle e 2% de A. schaueriana (Figuras 16 e
17). Os valores de rea basal e rea basal mdia dos troncos vivos foram 23,72 e
0,38m/ha, respectivamente (Figuras 19 e 20, Tabela 6). A contribuio de rea
basal de L. racemosa foi de 96,6%, R. mangle, 3,3% e A. schaueriana, 0,1% (Tabela
8). A altura mdia foi de 9,42m e a altura do dossel de 13,1m (Figura 18, Tabela 6).
O nmero de indivduos com caractersticas de corte foi de 150 e de 425 ind/ha
mortos (Figura 22). A rea basal por classe de dimetro 2,5cm foi de 0,04m/ha,
2,5cm, de 0,72m/ha e 10,0cm, de 22,95m/ha (Tabela 7). O DAP mdio foi de
1,77cm (Tabela 6).
Em relao ao stio C, a comparao entre as parcelas mostrou que a C1
apresentou os maiores valores de rea basal, nmero de rvores mortas e cortadas,
altura do dossel, densidade e rea basal da espcie L. racemosa. A parcela C2
apresentou os menores ndices de rea basal, densidade de troncos vivos por
hectare, densidade da espcie L. racemosa e a maior densidade da A. schaueriana
e o maior DAP mdio. A parcela C3 apresentou os maiores valores de altura mdia,
densidade de troncos vivos e densidade da espcie R. mangle e os menores valores
de densidade de A. schaueriana, DAP mdio e nmero de rvores mortas. A maior
contribuio de rea basal por dimetro 10,0cm do stio C foi da parcela C1.

7.2.2.4 Relao Estrutural entre os Stios A, B e C


Comparando a composio e a estrutura da vegetao de mangue nos trs
stios estudados foi possvel observar que o maior valor de DAP mdio foi
encontrado na parcela A2 do stio A, no qual foram tambm encontrados os maiores
valores de troncos com caractersticas de corte, alm de menor valor de rea basal
total, onde a rea basal de L. racemosa foi menor. A maior densidade de A.

57

schaueriana ocorreu no stio A, porm a maior rea basal desta espcie foi
encontrada no stio C.
O stio B destacou-se pelas maiores densidades de troncos vivos por hectare,
maiores densidades de L. racemosa e R. mangle, maior rea basal de R. mangue,
maior nmero de rvores mortas, alm das menores alturas mdias e do dossel.
Em relao ao stio C, foram encontradas as maiores alturas das rvores e do
dossel, maior rea basal mdia dos troncos vivos. Nos trs stios foi observada uma
relao direta entre o DAP e a densidade (Figura 23).
A densidade relativa das espcies nos trs stios foi de 54% de L. racemosa,
35% de R. mangle e 11% de A. schaueriana (Figura 24). Em relao dominncia
relativa, L. racemosa apresentou 82%, enquanto R. mangle e A. schaueriana, 15 e
3%, respectivamente (Figura 25). A frequncia relativa de L. racemosa e R. mangle
foi de 100%, enquanto A. schaueriana foi de 89% (Figura 26). Em todos os stios
predominaram os valores de rea basal por classe de dimetro 10,0 cm.

Nmero de Troncos
Vivos (m/ha)

3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0

A1

A2

A3

B1

B2

B3

C1

C2

C3

Parcelas
Figura 16 Densidade de troncos vivos nas parcelas analisadas no Manguezal
do Pina.

58

100%
L. racemosa
R. mangle
A. schaueriana

90%

Densidade (m/ha)

80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
A1

A2

A3

B1

B2

B3

C1

C2

C3

Parcelas
Figura 17 - Densidade de troncos vivos por espcie nas parcelas analisadas no
Manguezal do Pina.

16
14

Altura (m)

12

Altura
Mdia

10

Altura do
Dossel

8
6
4
2
0
A1

A2

A3

B1

B2

B3

C1

C2

C3

Parcelas

Figura 18 Altura mdia, altura do dossel e desvio padro dos indivduos que
compem as parcelas analisadas no Manguezal do Pina.

59

Tabela 6 - rea basal e rea basal mdia dos troncos vivos, altura mdia, altura
desvio padro, altura do dossel e DAP mdio das parcelas analisadas no Manguezal
do Pina.
rea Basal
Mdia
(m/ha)

rea Basal
PARCELAS
(m/ha)
A1
A2
A3
B1
B2
B3
C1
C2
C3

17,99
12,58
15,40
30,86
10,02
25,37
24,60
19,10
23,72

Altura
Altura
Desvio
Altura do
Mdia (m) Padro (m) Dossel (m)
8,83
8,32
7,76
7,32
6,37
6,75
9,20
8,89
9,42

0,27
0,41
0,18
0,27
0,28
0,27
0,46
0,49
0,38

3,06
3,52
4,35
2,36
1,81
1,92
3,89
3,99
3,35

13,23
11,10
13,00
12,10
8,01
10,20
14,53
13,10
13,03

DAP
Mdio
(cm)
1,42
2,58
1,00
1,09
1,98
1,22
2,11
2,52
1,77

35

rea Basal (m/ha)

30
25
20
15
10
5
0

A1

A2

A3

B1

B2

B3

C1

C2

C3

rea Basal da A. schaueriana

0,86

0,11

0,43

0,97

0,20

0,00

0,27

1,94

0,02

rea Basal da R. mangle

9,31

2,33

0,02

6,63

1,29

7,00

0,15

0,01

0,79

rea Basal da L. racemosa

7,83

10,14 14,95 23,27

8,54

18,38 24,19 17,16 22,92

Parcelas

Figura 19 rea basal dos troncos vivos das parcelas analisadas no Manguezal no
Pina.

60

rea Basal Mdia


(m/ha)

0,50
0,40
0,30
0,20
0,10
0,00
rea Basal Mdia

A1

A2

A3

B1

B2

B3

C1

C2

C3

0,27

0,41

0,18

0,27

0,28

0,27

0,46

0,49

0,38

Parcelas
Figura 20 rea basal mdia dos troncos vivos das parcelas analisadas no
Manguezal do Pina.

35

D im etro (cm )

30
25
10,0

20

2,5

15

<2,5

10
5
0
A1

A2

A3

B1

B2

B3

C1

C2

C3

Parcelas

Figura 21 rea basal dos troncos vivos por classe de dimetro das
parcelas analisadas no Manguezal do Pina.

61

Tabela 7 - Valores de rea basal dos troncos vivos por classe de dimetro nas
parcelas analisadas no Manguezal do Pina.
PARCELAS (AB m/ha)
A1
A2
A3
B1
B2
B3
C1
C2
C3

<2,5

2,5

10

0,00
0,06
0,24
0,13
0,00
0,00
0,08
0,02
0,04

4,10
0,82
1,72
3,68
1,16
4,85
0,77
0,61
0,72

13,89
11,69
13,44
27,05
8,85
20,52
23,74
18,45
22,95

Tabela 8 Percentagem de rea basal por espcie nas parcelas analisadas no


Manguezal do Pina.
PARCELAS

L. racemosa
%

R. mangle
%

A. schaueriana
%

43,00
81,00

52,00
18,00

5,00
1,00

97,10
75,50
85,00
72,50
98,00
89,80
96,60

0,10
21,50
13,00
27,50
1,00
0,10
3,30

2,80
3,00
2,00
0,00
1,00
10,10
0,10

A1
A2
A3
B1
B2
B3
C1
C2
C3

Indivduos (m/ha)

1400
1200
1000

N rvores
Cortadas

800

N rvores
Mortas

600
400
200
0

A1

A2

A3

B1

B2

B3

C1

C2

C3

Parcelas
Figura 22 Troncos mortos ou com caractersticas de corte nas parcelas
analisadas no Manguezal do Pina.

62

y = -1091,5x + 3528,3
R2 = 0,8285
3.000

B1

Densidade (m/ha)

2.500

B3
A3

2.000

A1

C3

1.500

C1
C2

1.000

B2

A2

500

0
0

0,5

1,5

2,5

DAP mdio (m/ha)

Figura 23 Relao entre a densidade e DAP mdio dos troncos que


compem as parcelas analisadas do Manguezal no Pina.

Densidade Relativa L.
racemosa
Densidade Relativa R.
mangle
Densidade Relativa A.
schuaeriana

11%

35%

54%

Figura 24 Densidade relativa das espcies encontradas nas parcelas


analisadas no Manguezal do Pina.

63

2,60%
15%

Dominncia Relativa
L.racemosa
Dominncia Relativa R.
mangle
Dominncia Relativa A.
schuaeriana

82%

Figura 25 Dominncia relativa das espcies encontradas


nas parcelas analisadas no Manguezal do Pina.

Frequncia Relativa
L. racemosa

Frequncia Relativa
R. mangle

Frequncia Relativa
A. schuaeriana
80%

85%

90%

95%

100%

Figura 26 Frequncia relativa por espcie nas parcelas analisadas no


Manguezal do Pina.

7.2.3 Anlise dos Componentes Principais (ACP)


Na anlise dos componentes principais os autovalores dos dois primeiros
componentes explicaram 52,3% da variao total, sendo 28,1% no primeiro e 24,2%
no segundo. O terceiro autovalor foi de 18,6%, totalizando 71% das variveis que
envolvem as nove parcelas nos trs autovalores.
No primeiro componente (CP1) os ndices esto relacionados com a rea
basal mdia, altura mdia, altura desvio padro, densidade de L. racemosa, rea
basal de A. schaueriana e DAP mdio, valores indiretamente proporcionais aos

64

ndices da densidade de R. mangle, rea basal de R. mangle e teor de areia grossa


(Tabela 9, Figura 27).
No segundo grupo (CP2) os fatores altura do dossel, densidade de troncos
vivos, nmero de rvores mortas e teor de argila foram indiretamente proporcionais
aos valores relacionados ao carbono orgnico, pH, Ca + Mg, Ca e Mg (Tabela 9,
Figura 27).
O terceiro grupo explicou valores relacionados rea basal, rea basal de L.
racemosa, teores de areia fina e silte, em detrimento da densidade de A.
schaueriana e o nmero de rvores cortadas (Tabela 9, Figura 28).
Tabela 9 Anlise dos componentes principais das parcelas analisadas no
Manguezal do Pina.

Variveis Analisadas (ACP)


AB- rea Basal (m/ha)
ABM- rea Basal Mdia (m/ha)
AM- Altura Mdia (m)
ADV- Altura Desvio Padro (m)
AD - Altura do Dossel (m)
DTV- Densidade de Troncos Vivos (ind/ha)
DLR- Densidade de L. racemosa. (%) (m/ha)
DRM- Densidade de R. mangle. (%) (m/ha)
DAS- Densidade de A. schaueriana. (%)
(m/ha)
ABLR- rea Basal de L. racemosa. (m/ha)
ABRM- rea Basal de R. mangle. (m/ha)
ABAS- rea Basal de A. schaueriana. (m/ha)
DAPM- DAP Mdio (m/ha)
NarvC - N rvores Cortadas (m/ha)
NarvM- N rvores Mortas (m/ha)
CO- Carbono Orgnico (dag kg -1)
AF - A. Fina (kg kg-)
AG - A.Grossa (kg kg-)
A - Argila (kg kg-)
S - Silte (kg kg-)
pH- pH
CaMg - Ca + Mg (cmolc DM-3)
Ca - Ca (cmolc dm-3)
Mg - Mg (cmolc dm-3)

CP1
0.0702
0.7799
0.7653
0.7419
0.6226
-0.4453
0.6280
-0.7658
0.4997

CP2
0.5077
-0.2636
0.4416
0.4006
0.7573
0.6191
-0.4001
0.2961
0.0062

CP3
0.7920
0.0716
-0.1886
-0.4708
-0.0185
0.4953
0.2322
0.1605
-0.5653

0.4529
-0.7405
0.3430
0.5938
-0.2216
-0.5493
0.3539
0.5901
-0.7237
0.2709
0.3286
-0.3391
-0.3804
-0.4088
-0.0724

0.2868
0.4072
0.1724
-0.5603
0.3094
0.6612
-0.5535
-0.1643
-0.0202
0.5847
-0.0763
-0.6638
-0.8225
-0.5835
-0.8192

0.7396
0.1463
0.0709
-0.3465
-0.5188
0.3573
0.1233
0.7458
-0.6251
-0.4128
0.3372
0.4523
0.0416
-0.4352
0.4677

*Os valores em negrito correspondem s variveis principais.

65

1.00

AD
NArvMA1
DTV

Arg
AB

0.50

A3

AM
ADP

ABRM
NarvC

DRM

ABLR

B1
ABAS

C3

CP2 R2
24,2%

-0.01

C1

DAS

B3
AG
Sil

AF

C2
ABM

A2

-0.52

DLR

CO

Ca

DAPM

pH

CaMg

-1.02
-1.00

Mg

B2
-0.50

0.00

0.50

1.00

R1

CP1
28,1%

Figura 27 Anlise dos componentes principais (CP1 e CP2) e parcelas que formam
os stios A, B e C no Manguezal do Pina.

66

1.00

AB
AF

ABLR

B1
DTV

0.50

Mg

pH
B3
NArvM

Sil
C3

DRM
ABRM

CO
ABAS

B2 CaMg

ABM
C2
AD

0.00

CP3

C1 DLR

18,6%
AM

DAPM

A1
Ca

Arg

A3

ADP

NarvC

-0.50

DAS
AG
A2

-1.00
-1.00

-0.50

0.00

0.50

1.00

CP1
28,1%

Figura 28 Anlise dos componentes principais (CP1 e CP3) e parcelas que


formam os stios A, B e C no Manguezal do Pina.

67

8 DISCUSSO

8.1 ANLISE ESPAO TEMPORAL


O Manguezal do Pina apresentou variaes espao temporais ao longo do
perodo analisado. Na imagem do ano de 1991 a vegetao de mangue apresentou
uma significativa diminuio da sua composio arbrea, quando comparada com a
imagem de 1987, perdendo 32,4ha de vegetao densa. Esta reduo pode estar
relacionada a efeitos de interferncias mais fortes nesse perodo, tais como
desestabilizao do sedimento, ocasionada por assoreamento dos rios, ou ainda por
atividades de desestruturao do manguezal, como corte das rvores, instalao de
tanques de carcinicultura ou at mesmo por lanamento de resduos qumicos e
slidos nos rios, os quais transportam esse material para o manguezal.
Em 2008 as reas cobertas por vegetao de mangue atingiram valores mais
expressivos, perfazendo 215,9ha, indicando um aumento de 61,87ha, distribuindo-se
sobre os espaos anteriormente ocupados por vegetao rala e semi-densa.
O solo exposto e a rea urbana apresentaram valores crescentes no decorrer
dos anos analisados, com acrscimo de 41,81ha entre 1987 e 2008. O aumento
significativo da rea urbana no entorno desse manguezal limita seu crescimento,
alm de pressionar o ecossistema com atividades desestabilizadoras como:
desmatamentos, lanamentos de resduos, aterros, ocupaes espontneas,
carcinicultura e desestabilizao do sedimento.
Os dados de monitoramento demonstraram que o bosque de mangue
estudado apresentou uma capacidade de recomposio natural, mesmo aps a
reduo evidenciada na imagem de 1991, porm os mangues submetidos grande
incidncia de tensores podem no alcanar o seu mximo desenvolvimento
estrutural. O aumento da recomposio natural dos indivduos no significa,
necessariamente, que o mesmo est sob condies adequadas de conservao.
Santiago et al. (2009) realizaram um mapeamento no Manguezal do Pina e
quantificaram a rea ocupada por tanques de carcinicultura nos anos de 1974 e
2008, a partir da fuso entre imagens multiespectrais do sensor AVNIR-2 do satlite
Alos e HRC do satlite CBERS-2B, atravs do modelo Gram-Schmidt Spectral
Sharpening. O estudo mostrou que no ano de 1974 a vegetao do manguezal do
Pina abrangia uma rea de 132,84ha e em 2008 a mesma apresentou 256,40ha, o

68

que correspondeu a um aumento de 123,56ha em 34 anos. Observou-se tambm


uma

ampliao

da

rea

ocupada

por

tanques

de

carcinicultura,

mais

especificamente na Ilha de Deus, passando de 20,19ha em 1974 para 43.82ha em


2008, correspondendo a um incremento de 23,63ha no perodo considerado.
importante ressaltar que estes autores consideraram toda a mancha de vegetao
na rea, sem classificar a transio da vegetao que compe o bosque e, alm
disso, fizeram uso de um modelo diferente de recorte, o que explica a discrepncia
com os dados presentemente obtidos.
Schaeffer-Novelli (2002) destaca que os manguezais apresentam uma
diversidade funcional bastante forte, so altamente produtivos e complexos e,
consequentemente, tendem a resistir mais a perturbaes tanto naturais quanto s
induzidas pelo homem, porm a cada perturbao acarreta perda do sistema,
tornando-se mais vulnerveis a essas interferncias.

8.2 ANLISE AMBIENTAL


A estrutura dos bosques de mangue resultante dos fatores ambientais a que
estejam sendo submetidos. Nestes ambientes atuam muitas foras de diferentes
intensidades e frequncias. Tais sistemas so subsidiados por fontes externas de
energia provenientes da interferncia das mars, da precipitao, do aporte de gua
e sedimentos fluviais, sendo captadas pelas espcies vegetais presentes no
ambiente e transformadas em estrutura florestal. Quanto maior a disponibilidade e
abundncia dessas energias maior desenvolvimento ser alcanado pelos
componentes

vegetais

(CINTRN;

LUGO;

MARTINEZ,

1980;

CINTRN;

SCHAEFFER-NOVELLI, 2002).
Desta forma, a anlise de alguns parmetros ambientais no Manguezal do
Pina tentou buscar uma relao entre a estrutura apresentada pelos bosques em
cada stio e os dados abiticos.
Em relao temperatura, os valores registrados no Manguezal do Pina
esto de acordo com as condies ideais para o desenvolvimento dos manguezais,
ou seja, temperaturas mdias acima de 20C. Nestes ecossistemas a amplitude
trmica anual deve ser menor que 5C, com mdia das temperaturas mnimas no

69

inferiores a 15C (KIENER, 1973; DIEGUES, 1987; SCHAEFFER-NOVELLI, 1995;


VANNUCCI, 2002).
Os valores de salinidade da gua intersticial foram baixos em todas as
parcelas, e apenas na parcela B3 a salinidade foi de 40, classificada como
hiperalina. Os valores mais baixos esto relacionados com a pouca influncia
marinha nos stios de coleta, localizados na parte interna do Manguezal do Pina,
prximos aos cursos dos rios ou de seus respectivos braos. importante destacar
que alm do fluxo e refluxo das mars, a altura, a distncia do mar e o regime do rio
so fatores que determinam a grande variedade da salinidade no manguezal, alm
de serem condicionantes da zonao das espcies de mangue.
Coelho et al. (2004) destacam que quanto maior a distncia do mar, menor a
entrada de gua do mar no esturio e quanto maior a vazo do rio, menor a
penetrao de gua do mar. Os autores destacam ainda que quando a evaporao
superior quantidade de gua doce, a salinidade aumenta com o afastamento do
mar, causando os esturios negativos, muitos deles com importantes salinas. Este
fenmeno pode ser observado em alguns esturios pequenos, durante a
primavera/vero, quando a preamar coincide com as horas de maior insolao. O
valor mais elevado da salinidade na parcela B3 talvez possa ser explicado por este
fenmeno ou estar relacionado maior influencia da mar no horrio da coleta.
Nascimento-Filho

(2007),

em

seu

estudo

sobre

rio

Ariquind,

Tamandar/PE, encontrou valores de salinidade que variaram de 40 a 90. O autor


enfatiza que a salinidade associada topografia foi considerada o melhor parmetro
para definir padres de zonao, uma vez que podem ser facilmente medidos e
correlacionados diretamente com a distribuio das espcies.
No esturio do rio So Mateus/ES, Silva et al. (2005) encontraram valores de
salinidade que variaram entre 2 e 38.
A condio de salinidade determina a sobrevivncia de determinadas
espcies, pois espcies de gua doce no sobrevivem em salinidade acima de 5,
enquanto espcies marinhas geralmente no ocorrem em salinidade abaixo de 18.
Por isso, deve-se levar em conta a natureza rigorosa das condies ecolgicas dos
manguezais (COELHO et al., 2004).
Fernandes e Peria (1995) destacam que as espcies de mangue so prprias
de ambientes salinos, embora possam se desenvolver em ambientes livres da
presena de sal, nessas condies no ocorrendo a formao de bosques, pois as

70

espcies de mangue acabam perdendo espao para aquelas que crescem mais
rpido e com melhores adaptaes presena de gua doce. Segundo estes
autores, Rhizophora o gnero menos tolerante presena de sal, desenvolvendose em ambientes onde a gua intersticial apresenta teores menores que 50.
Avicennia o gnero mais tolerante, conseguindo sobreviver em locais onde a gua
intersticial pode variar de 65 a 90 e Laguncularia apresenta tolerncia intermediria
quando comparada com os dois gneros anteriores.
As anlises das amostras de sedimentos coletadas nos stios do Manguezal
do Pina permitiram classific-los como de classe arenosa e franco arenosa,
formado por areia fina, silte e argila orgnica com vegetao tpica. Segundo o Atlas
Ambiental da Cidade do Recife (2000), os sedimentos que constituem o substrato
de mangues da rea em questo so arenosos e profundamente misturados a
restos vegetais e matria orgnica em decomposio, com vegetao tpica e a
presena de gua salgada ou salobra, de idade quaternria, tpicos de ambientes
estuarinos.
No Manguezal do Pina os valores referentes ao magnsio foram maiores que
os de clcio. Ambos os elementos so macronutrientes secundrios para as
plantas, juntamente com o enxofre. Os teores altos de magnsio no Manguezal do
Pina podem estar relacionados s menores perdas por lixiviao, pois de acordo
com Gismonti (2010), o Mg mais solvel que o clcio e sujeito, ento, perdas
por lixiviao. O magnsio, como o nitrognio, parte da clorofila e sua deficincia
aparece com um amarelecimento entre as nervuras das folhas mais velhas.
Os efeitos indiretos do clcio so to importantes quanto o seu papel como
nutriente. O clcio promove a reduo da acidez do solo, melhora o crescimento
das razes e aumenta a atividade microbiana, a disponibilidade de molibdnio (Mo)
e de outros nutrientes. O clcio reduzindo a acidez do solo diminui a toxidez do
alumnio (Al), cobre (Cu) e mangans (Mn). Plantas que apresentam altos teores de
clcio resistem melhor toxidez destes elementos (GISMONTI, 2010). Torna-se
relevante estudar teores de Fe, Ca, Mg, K e Na para obteno de dados
relacionados fertilidade do solo.
Os teores de carbono orgnico foram mais expressivos nas parcelas A2 e C3,
provavelmente relacionados maior produo de detritos ou menor lavagem
pelas mars nessas parcelas. Os menores valores de carbono orgnico foram
encontrados nas parcelas A3 e A1.

71

Os valores de pH caracterizaram os sedimentos como cidos, pois


apresentaram valores entre 4,7 e 5,8. Estes valores podem estar relacionados
oxidao de sulfetos, decomposio de serrapilheira, hidrlise de tanino das plantas
de mangue (as quais liberam vrios cidos orgnicos) (LIAO, 1990), ou em funo
das flutuaes do nvel fretico ou do contedo de umidade. Tanto os teores de
carbono orgnico quanto os de pH so dados que variam de acordo com as
condies ambientais em que as reas analisadas se encontram.
Odum (1988, citado por CUZZUOl et al. 2001) salienta que o pH e o teor de
matria orgnica tambm tm sido apontados como possveis contribuintes da
zonao. No entanto, em manguezais, o pH e a matria orgnica so medidas
extremamente variveis, sujeitas s variaes das mars. Portanto, no
determinam a ocorrncia de agrupamentos vegetais, ficando a posio relativa das
espcies vegetais dependente de outros fatores como a salinidade e composio
mineralgica do sedimento. Fernandes e Peria (1995) salientam que quando os
sedimentos do manguezal entram em contato com o ar ocorre reduo, baixando
ainda mais os valores de pH, podendo resultar em condies extremamente cidas,
podendo haver produo de cido sulfrico.
Em relao composio dos sedimentos de manguezais, Lamberti (1969,
citado por ROSSI et al., 2002) caracteriza amostras coletadas a 20cm de
profundidade, em manguezais de Itanham (SP), na classe textural Areno-Barrenta
com 35% de silte e 42% de areia fina. A anlise qumica mostra que so solos
salinos, com teores de bases (Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+) elevados, portanto frteis.
A porcentagem de matria orgnica tambm alta, enquadrando esses solos como
turfa de manguezal, com teor de umidade muito elevado e o pH apresentou-se
sempre superior a 5,0 e inferior a 6,5 .
Segundo Cuzzuol et al. (2001), os sedimentos do manguezal do rio Mucuri
apresentaram valores variando de ligeiramente cido a neutro, com valores de pH
variando de 6,5 a 7,7. De maneira geral, a concentrao de nutrientes do sedimento
deste manguezal segue a ordem decrescente: Fe > Ca > Mg > K > Mn > P > Zn >
Cu.
No mangue do esturio do rio So Mateus, ES, Silva; Bernini e Carmo (2005)
verificaram que o sedimento apresentou caractersticas que variaram de arenoso,
lama sltico-arenosa a lama siltosa, com maior percentual de matria orgnica
chegando a 10,9%. A salinidade da gua intersticial apresentou grande variao

72

entre os perodos de coleta e entre os stios de estudo, enquanto os valores de pH


se mantiveram entre 5,7 e 7,9.
Sobre o mangue do esturio do rio Paraba do Sul, Rio de Janeiro, Bernini;
Rezende (2004) salientaram que embora o contedo de matria orgnica seja
elevado, apesar das caractersticas grosseiras do sedimento na rea em estudo, no
houve correlao entre o percentual de matria orgnica com a frao de silte e
argila. O trabalho apresentou alguns estudos que demonstram que sedimentos
arenosos frequntemente apresentam baixo percentual de matria orgnica e menor
capacidade de reteno de nutrientes se comparado aos sedimentos arenosos.
Embora os manguezais tambm possam se desenvolver em diferentes
substratos, como os constitudos por partculas mais grosseiras (recifes de coral,
areias), eles se desenvolvem melhor em locais onde o substrato se apresenta
menos consistente, com baixa declividade e granulometria fina (FERNANDES;
PERIA, 1995).
Em relao composio do bosque, no Manguezal do Pina foram
registradas trs espcies de mangue pertencentes a trs gneros e trs famlias, R.
mangle (Rhizophoraceae), L. racemosa (Combretaceae) e A. schaueriana
(Avicenniaceae). Segundo Coelho et al. (2004), no litoral de Pernambuco so
encontrados os trs gneros tpicos de manguezal (Rhizophora, Avicennia e
Laguncularia) e o gnero considerado de transio (Conocarpus).
Esta composio florstica encontrada no Manguezal do Pina corrobora com
os resultados obtidos por Schuler; Andrade e Santos (2000), no manguezal do Canal
de Santa Cruz, por Nascimento Filho (2007), no esturio do rio Ariquind e por
Correia (2002), no esturio do Rio Timb. J em relao Suape, Souza; Sampaio
(2001) referem quatro espcies: R. mangle, L. racemosa, A. schaueriana e A.
germinans.
As espcies no apresentaram um padro de zonao definido, o que
tambm foi evidenciado para alguns manguezais estudados por vrios autores:
Lagoa da Tijuca/RJ (SOARES, 1999), Suape/PE (SOUZA; SAMPAIO, 2001),
Canania Iguape/SP (CUNHA-LIGNON, 2006), Ariquind/PE (NASCIMENTOFILHO, 2007), Guaraqueaba/SP (MELO, 2002).
Segundo Coelho et. al. (2004), as espcies de mangue se distribuiriam
segundo um padro regular nem sempre observado; o mangue vermelho seria mais
comum na parte mais prxima do mar, o mangue de boto na margem externa do

73

manguezal, o mangue siriba na poro mdia e o mangue branco na poro mais


afastado do mar, rio acima. possvel que esta distribuio tenha sido modificada
muitas vezes, ora por acidentes naturais, ora por causas antrpicas.
As densidades de troncos vivos no Manguezal do Pina mostraram que a
espcie L. racemosa apresentou os maiores ndices, seguida de R. mangle e, com
baixa densidade, A. schaueriana. Duas parcelas apenas, A1 e B3, apresentaram
ndices de povoamento maior da espcie R. mangle, enquanto nas demais parcelas
a predominncia foi de L. racemosa. R. mangle apareceu com maior frequncia nas
parcelas A1, B3 e B1, sendo seguidamente intercalada por L. racemosa e, em
menor quantidade, por A. schaueriana.
Deus et al. (2003) encontraram espcies e densidades diferentes em
manguezais do Piau, onde a maior densidade foi de L. racemosa, seguida de A.
germinans e, por ltimo, R. mangle. O mesmo fato ocorreu no mangue da Pennsula
de Bragana/PA (MENEZES; MEHLIG, 2006), onde ocorreram as espcies R.
mangle, A. germinans e L. racemosa, sendo R. mangle a mais abundante, seguida
por A. germinans e, em menor quantidade, L. racemosa.
Estudando os bosques de mangue de Suape/PE, Souza e Sampaio (2001)
tambm no observaram um padro de zonao definido, porm R. mangle
apareceu com maior frequncia na franja do mangue, principalmente nas
proximidades da desembocadura, sendo gradualmente substituda por Avicennia e
L. racemosa, mais para o interior do continente.
Matni; Menezes e Mehlig (2003) afirmam que os bosques monoespecficos
de L. racemosa, com estrutura homognea, como sendo um forte indicador de
bosque secundrio. Esta espcie tpica de bosques degradados em processo de
regenerao, caracterizando-se como pioneira num processo de sucesso
secundria. Sobre esse assunto estes autores citam diversos estudos (TOMLISON,
1986; PERIA et al., 1990; PIRES, 1992; SOARES; TOGNELLA, 1994 citado por et
al., 2003).
No Manguezal do Pina o bosque apresentou valores de densidade de troncos
vivos chegando a atingir 2.850 ind/ha, porm em algumas parcelas os valores foram
baixos (A2, B2 e C2). A parcela A2 apresentou baixa densidade por causa do
elevado nmero de cortes, principalmente de indivduos das espcies L. racemosa e
R. mangle, enquanto nas parcelas B2 e C2 foi contabilizado o maior nmero de
troncos mortos, talvez em funo da competio entre os indivduos.

74

A densidade de um bosque funo de sua idade e amadurecimento, ou


seja, os bosques passam durante seu desenvolvimento de uma fase em que o
terreno est ocupado por uma grande densidade de rvores de dimetro reduzido, a
uma fase de maior amadurecimento, quando o domnio feito por poucas rvores
de grande porte e volume. A densidade se reduz com o amadurecimento do bosque.
O processo que causa a reduo do nmero de rvores devido competio das
copas por espao, bem como ao desenvolvimento radicular. As rvores mais altas
recebem a luz solar diretamente e crescem rapidamente, dificultando ou mesmo
impedindo o desenvolvimento daqueles indivduos cujas copas no recebem luz
diretamente, os quais morrem devido competio, deixando ainda mais espao
para o desenvolvimento dos mais bem dotados (SCHAEFFER-NOVELLI; CINTRN,
1986).
Os valores de altura mdia e do dossel variaram de 6,37 a 9,42 e de 8,01 a
14,53, respectivamente, tendo o stio C apresentado os maiores valores, indicando
caracterstica de bosque mais maduro, em relao aos outros dois stios.
importante ressaltar que houve uma relao direta entre os valores de DAP e a
altura das rvores, ou seja, quanto maior a altura maior o valor do DAP, o que
ocorreu com a maior parte dos indivduos das parcelas analisadas.
Os maiores volumes de madeira e biomassa do bosque do Manguezal do
Pina foram das parcelas B1, B3, C1, C3, o que se refere aos maiores valores de
rea basal total de cada parcela, sendo a maior percentagem de rea basal mdia
registrada no stio C. Tal indicador um excelente ndice de grau de
desenvolvimento do bosque, j que est intimamente relacionado com o volume de
madeira e com a biomassa do bosque (SCHAEFFER-NOVELLI; CINTRN, 1986).
Em se tratando de maior rea basal por stio, o stio C e B obtiveram os maiores
valores. O stio B, embora apresentando maiores quantidades de resduos slidos,
apresentou menores evidncias de desmatamento ocasionado por cortes, em
relao ao stio A.
Sobre a contribuio de rea basal por classe de dimetro do Manguezal do
Pina, os maiores valores foram dos troncos com dimetro maior ou igual a 10cm,
sendo L. racemosa a espcie que mais contribuiu. importante destacar que nos
trs stios a densidade relativa teve predominncia de L. racemosa, seguida de R.
mangle e, em menor quantidade, de A. schaueriana. Resultados semelhantes foram
encontrados em relao dominncia relativa, demonstrando a maior influncia de

75

L. racemosa e R. mangle na composio do bosque. Em todas as parcelas foram


encontrados espcimes de L. racemosa (100%) e R. mangle (100%) e menor
frequncia relativa de A. schaueriana, que apresentou 89%.
Em relao ao mangue de Suape/PE (SOUZA; SAMPAIO, 2001), os valores
de altura mdia (6,7 a 16,3) e mximas (10 a 18m) foram superiores aos registrados
para o Manguezal do Pina. Foram encontrados valores tambm superiores para a
rea basal em Suape/PE, chegando a atingir mxima de 60,8m/ha, enquanto no
Manguezal do Pina foi contabilizado valor mximo de 30,86m/ha. Essa diferena de
rea basal est relacionada maior contribuio da espcie R. mangle no
manguezal de Suape/PE.
No presente estudo os valores de densidade foram indiretamente
proporcionais ao DAP mdio, demonstrando que, de acordo com Schaeffer-Novelli e
Cintrn (1986), a densidade se reduz gradualmente durante o desenvolvimento do
bosque, de tal forma que os bosques maduros se caracterizam por possurem
poucas rvores de grandes dimetros mdios. Dessa forma, as parcelas B1, B3, A3
apresentaram caractersticas de bosque mais jovem, em relao aos bosques das
parcelas C1 e C2. Como mencionado anteriormente, a parcela A2 apresentou baixa
densidade por causa do elevado nmero de cortes e, consequentemente, o maior
valor de DAP mdio.
Nascimento-Filho (2007), estudando o manguezal do rio Ariquind (PE),
encontrou o maior valor de rea basal de 25,39m/ha e dimetro mximo de 35cm,
com maiores contribuies de indivduos com DAP maior ou igual a 2,5. A densidade
de indivduos por hectare variou de 256 a 2.733, com altura mdia do bosque
variando de 0,4 a 8,9m e altura do dossel de 1,4 a 11,1m.
Em Guaraqueaba/PR (MELO, 2002) foram registrados as maiores
contribuies de indivduos com valores superiores a 2,5 cm, com maior DAP mdio
de 11cm e altura mdia variando de 4,5cm a 7,5cm. O DAP mdio neste mangue foi
bastante superior ao encontrado no Manguezal do Pina.
Bernini e Rezende (2004), estudando o mangue do rio Paraba do Sul/RJ,
observaram que a altura do bosque variou de 1,10 a 19,5m, com mdia de
8,1+3,9m. O DAP mdio geral foi de 10,3cm e a rea basal dos indivduos vivos total
de 40m/ha, sendo A. germinans a espcie dominante, com 60%, seguida de
R.mangle (25%) e de L. racemosa, com 15%. Os valores de densidade de troncos
vivos ficaram entre 1250 e 17000 troncos por hectare.

76

Sobre a estrutura de bosques de mangue da pennsula de Bragana/PA,


Menezes, Mehlig (2006) encontraram valores mximos de rea basal de 111m/ha,
sendo a maior densidade absoluta de 146 indivduos por hectare. As alturas neste
bosque variaram de 9 a 24m, com classes de dimetro variando de 12,5 a 95cm,
sendo R.mangle a espcie mais abundante.
Em trs reas de manguezal do Piau, Deus et al. (2003) encontraram as
espcies R. mangle, L. racemosa e A. germinans, com densidades totais de 955 a
12.685 indivduos por hectare. L. racemosa apresentou maior densidade (80%),
seguida de A. germinans (73%) e R. mangle (47%). As alturas mximas variaram de
12 a 28m e com altura mdia 11,2m, sendo a maior parte dos indivduos com alturas
abaixo de 2m ou em torno de 10m. A rea basal foi 34m/ha, com maior contribuio
de R. mangle (89%). O dimetro mdio do bosque foi de 19,5cm.
Menghini (2004), tratando sobre os bosques de mangue na Ilha de Barnab/
SP, identificou o DAP mdio entre 0,88 e 8,74cm e indivduos com altura mdia
superior variando de 2 a 9,60. A rea basal viva foi de 5,30 a 14,02m/ha.
A anlise estatstica dos componentes principais (ACP) do Manguezal do Pina
demonstrou a variabilidade dos componentes analisados, apresentando fatores
diferenciados para cada parcela. No stio C destacaram-se os dados relativos s
alturas, valores de rea basal mdia, densidade de L. racemosa e DAP mdio. Nas
parcelas A2 e B2 destacaram-se os valores relativos aos teores de Clcio,
Magnsio, Clcio mais Magnsio e pH, e na parcela A3, os valores de rea basal.
Nas outras parcelas os valores mais expressivos foram a densidade e rea basal de
R. mangle, o nmero de rvores mortas e a densidade de troncos vivos. A anlise
de componentes principais demonstrou que existe um mosaico de fatores que esto
influenciando diferentemente determinadas parcelas.
importante destacar que a variabilidade na composio especfica, assim
como o acmulo de biomassa, caracterizado pelo desenvolvimento estrutural,
demonstra a grande maleabilidade dos manguezais e sua potencialidade de
acomodao

diante

de

marcadas

diferenas

ambientais

entre

pontos

geograficamente prximos. Essas diferenas devem ser levadas em considerao


em propostas de planos de manejo, uma vez que cada manguezal exige estratgias
peculiares para sua manuteno (SCHAEFFER-NOVELLI et al. 1994).
De acordo com os diversos trabalhos passveis de comparao sobre a
estrutura do bosque, o Manguezal do Pina apresentou caractersticas de bosque

77

mais desenvolvido que o da Ilha de Barnab/SP (MENGHINI, 2004) e ndices


semelhantes ao estudo desenvolvido no rio Ariquind/PE (NASCIMENTO FILHO,
2007). As pesquisas realizadas em Suape/PE (SOUZA-SAMPAIO, 2001), no rio
Paraba do Sul/RJ (BERNINI; REZENDE 2004), Bragana/PA (; MENEZES; MEHLIG
et al. 2006) e no Piau (DEUS et al. 2003) indicaram ndices superiores de
caractersticas estruturais do bosque quando comparados com o Manguezal do
Pina, principalmente no que se refere aos valores de rea basal, densidades de
troncos vivos e altura mdia e do dossel.
8.3 MANEJO
O Manguezal do Pina encontra-se antropizado, o que foi constatado pelas
observaes durante os trabalhos de campo. Destacam-se alguns fatores no
naturais que vm interferindo neste sistema, tais como: a grande quantidade de
resduos slidos trazidos pelos rios, o elevado nmero de cortes de rvores, a
expanso desordenada de ocupaes no entorno do manguezal e a pesca irregular.
Os cortes foram bastante evidentes, ocasionando clareiras em diversas reas.
O aumento da rea de mangue (61,87 ha) evidenciado em 2008 em relao
aos anos analisados demonstra o quanto o ecossistema resistente e resiliente,
tendo sido observadas caractersticas de regenerao natural em diversos pontos,
principalmente de L. racemosa, uma vez que esta espcie pode ser um forte
indicador de bosque secundrio, tpica de bosques degradados e em processo de
regenerao.
O Manguezal do Pina vem sendo objeto de discusso em relao
construo da Via Mangue e de empreendimentos imobilirios.
O projeto da Via Mangue (Figura 29) prev a construo de uma via com 4,5
quilmetros de extenso que vai da Avenida Antnio Falco at a Ponte Paulo
Guerra, que liga o bairro da Cabanga ao Pina. Segundo o projeto, a Via Mangue
ser uma rodovia expressa, onde os carros vo poder passar com uma velocidade
mdia de 60 quilmetros por hora. No haver semforos ou cruzamentos. Durante
as obras da segunda fase ser feito todo o sistema virio como ruas, pontes, anis e
rotatrias.
Segundo o RIMA/Via Mangue (2008), o aterro foi considerado a ao mais
impactante porque definitivo, elimina a possibilidade de retorno da vegetao

78

original ou povoamento daquela rea. Inevitavelmente modificar as caractersticas


fsicas do solo/subsolo naturais da rea de interveno do empreendimento. Os
principais impactos decorrentes desses trabalhos sero a retirada do horizonte
orgnico (O) e a modificao da estrutura natural do solo (compactao) em toda a
rea onde este ainda apresenta caractersticas naturais.
Sobre a vegetao o RIMA/Via Mangue (2008) destaca que os impactos so
negativos, pois haver a supresso de parte da cobertura vegetal, o que igualmente
repercutir na fauna terrestre e na biota estuarina. Os impactos devem ser
compensados atravs de replantio na prpria rea do Parque dos Manguezais, na
proporo de duas novas rvores para cada uma suprimida. No caso da fauna
residente, deve-se mitigar o impacto negativo fazendo com que a limpeza seja
efetuada antes da poca de reproduo, especialmente da espcie endmica
(sanhau-do-mangue).
Para a construo da Via Mangue ser necessrio retirar cinco ocupaes
irregulares: Beira Rio (86 famlias), Jardim Beira Rio (230 famlias), Pantanal (131
familias), Paraso (mais conhecida como Deus nos Acuda, com 365 famlias) e Xuxa
(124 famlias). Ao todo so 936 famlias que sero relocadas para trs conjuntos
habitacionais. O projeto inclui o saneamento da rea e se prope ao replantio das
reas suprimidas do manguezal.
Vale ressaltar que o projeto no deixa definida a rea de supresso do
mangue, nem como e onde ser o replantio do bosque, j que uma parte da rea
ser ocupada pela via. Na ltima audincia pblica sobre a Via Mangue, realizada
em setembro de 2009, a obra foi duramente criticada pelo Ministrio Pblico,
alegando que obras bsicas no podem ser instigadas por causa do Projeto, sendo
direito da populao ter acesso s mesmas.

79

Figura 29 (A) Vista area do Manguezal do Pina e (B) traado da Via


Mangue. Fonte: RIMA/Via Mangue (2008); Jornal on line PE 360 Graus
(2009).

Segundo Schaeffer-Novelli (1984), o manguezal um ecossistema aberto,


isto , aquele que interage com os sistemas vizinhos, est constantemente
exportando e importando energia, o que lhe confere grande fragilidade. Assim,
interferncias sobre os sistemas prximos aos manguezais podem vir a provocarlhes danos representados por alteraes nos suprimentos de gua doce e salgada,
nutrientes, aporte dos sedimentos, alteraes trmicas na gua, etc.
Para Diegues (2009), a administrao ou o manejo dos recursos naturais
objetiva a utilizao adequada dos recursos naturais e dos ecossistemas, de modo a
respeitar sua capacidade de reproduo e de carga e sua utilizao de forma
sustentvel. Segundo este autor, vrios so os parmetros utilizados no manejo dos
recursos naturais renovveis. O critrio de produo mxima sustentvel baseado
exclusivamente em parmetros biolgicos e define o volume de recursos naturais.
Critrios de carter econmico ou social tambm so utilizados. Os trs critrios
isolados apresentam problemas de utilizao e uma combinao dos trs
necessria.
As zonas costeiras esto constantemente sob a influncia do homem e
inevitvel que a utilizao destas reas provoque mudanas muitas vezes
irreversveis (YEZ-ARANCIBIA, 1987).
Embora o ecossistema manguezal beneficie em todos os sentidos a
sociedade, o mesmo vem sofrendo interferncias que podem ocasionar perdas
significativas da sua estrutura e funo causando um desequilbrio no ambiente, e
que muitas vezes, como o caso do Manguezal do Pina, no observado ou
ignorado.

80

9 CONCLUSES
9 O Manguezal do Pina e seu entorno apresentou, em sua avaliao espao
temporal, mudanas significativas de suas reas de mangue, solo exposto e
rea

urbana,

indicando

que

este

foi

submetido

processos

desestabilizadores.
9 A retrao da mancha de mangue em 1991 demonstrou que o bosque
enfrentou modificaes ambientais que ocasionaram desestruturao do
ecossistema.
9 A expanso da rea ocupada pelo bosque de mangue, em 2008, indicou que
houve uma busca pela recomposio natural dos indivduos, mostrando que o
manguezal

em

questo

no

atingiu

seus

valores

mximos

de

desenvolvimento estrutural, pois foi submetido a uma grande incidncia de


tensores. Neste ano, observou-se um aumento significativo do mangue em
relao aos anos analisados, demonstrando que o mesmo resistente e
resiliente, apresentando caractersticas de regenerao em diversos pontos,
com predominncia da espcie Laguncularia racemosa.
9 O bosque tem caractersticas estruturais distintas entre as parcelas
analisadas, demonstrando que cada parcela est sendo submetida a
influncias ambientais diferenciadas.
9 Os dados abiticos registrados para o Manguezal do Pina se enquadram
dentro dos parmetros encontrados caractersticos para reas o ecossistema
manguezal.
9 As espcies que compem o Manguezal do Pina no apresentaram um
padro de distribuio definido, corroborando com outros trabalhos realizados
em diversos manguezais do Brasil.

81

9 Os maiores valores de densidade relativa e dominncia relativa foram de L.


racemosa, seguida de R. mangle e, em menores quantidades da A.
schaueriana.
9 A anlise dos componentes principais demonstrou que existe um mosaico de
fatores geoambientais que esto influenciando diferentemente as parcelas
analisadas.
9 O grau de antropizao no Manguezal do Pina foi considervel, ocasionado
por diversos fatores no naturais que vm interferindo no sistema,
evidenciados pela grande quantidade de resduos slidos trazidos pelos rios,
o elevado nmero de cortes de rvores, a expanso desordenada de
ocupaes no entorno do manguezal e a pesca irregular.
9 Os resultados obtidos no presente estudo tornam-se imprescindveis para
polticas de manejo, conservao e monitoramento no Manguezal do Pina.

82

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