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A Integral J

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1.

Introduo
A tenacidade fratura tem por objetivo a medio da resistncia de um material
propagao de trinca, e pode ser avaliada atravs de diversos parmetros. Entre os
parmetros mais comuns, para avaliao da tenacidade, destacam-se as medidas de
energia absorvida em um ensaio de impacto e a temperatura de transio.
Recentemente, foram desenvolvidos os parmetros de projeto mecnico ligados
mecnica da fratura, que so realizados em corpos de prova com uma trinca na raiz do
entalhe que garante, dentro de certos limites, a mxima severidade possvel de tenses
para o entalhe. Esses ensaios so: tenacidade fratura em deformao plana (K IC),
deslocamento de abertura da ponta da trinca crtico CTOD (Crack Tip Opening
Displacement) e o valor crtico da energia de fratura, em termos da integral J (JIC). Os
ensaios de tenacidade fratura do tipo K IC so mais indicados para materiais frgeis de
elevada resistncia mecnica. J os ensaios CTOD e integral J IC permitem estabelecer
parmetros de tenacidade fratura para materiais dcteis de menor resistncia
mecnica, em condies elasto-plsticas de deformao.Tais ensaios sero abordados no
presente trabalho.
2.

Reviso Bibliogrfica

2.1 1 A Integral J
A integral J proposta inicialmente por Rice, e definida como uma integral de contorno
que faz uma anlise mecnica, baseando-se em expresses matemticas pressupondo
comportamento no linear, como ilustrado na figura 01 onde o caminho percorrido
uma curva que circunda a trinca.

FIGURA 01: Comportamento plstico


no-linear e com portamento plstico

Fisicamente a integral J, representa uma maneira de calcular o trabalho (energia) por


unidade de rea da superfcie da fratura em um material. Este conceito terico foi
desenvolvido em 1967 por Cherepanov e em 1968 por Jim Rice, que mostrou que uma
integral energtica de contorno (chamada J), era independente do trajeto em torno de
uma trinca. Se tomada a densidade de energia da tenso em torno da trinca, com um
trajeto que tem inicio na face inferior da trinca e tem seu termino na face superior,
segundo as indicaes das figuras (02) e (03).

FIGURA 02: Contorno arbitrrio envolta


de uma trinca.

FIGURA 03: Variao do potencial de


energia, no contorno de uma trinca.

Ento tem-se a definio da


integral J, nestes termos como se pode observar, pela equao (1):
i

ds

(1)

Onde W representa a densidade de energia da tenso, Ti a componente do vetor de


trao, ui a componente do vetor deslocamento da superfcie e ds o incremento de
comprimento ao longo do contorno .
A integrao realizada em torno de todo o trajeto do contorno anti-horrio, de uma
superfcie a outra, que encerra a ponta da trinca como ilustrado atravs da figura 03. A
densidade de energia de tenso pode ser definida atravs da equao (2), onde ij e ij,
so respectivamente as componentes de tenso e deformao. A trao um vetor de
deformao, na direo normal ao contorno. Se construssemos um diagrama de corpo
livre, com o material de dentro do contorno, T i definiria a tenso deformao normal
3

agindo sobre os limites. As componentes do vetor de trao seriam encontradas atravs


da equao (2).
=
(2)

Onde nj representa as componentes do vetor unitrio normal ao contorno .


Rice provou a independncia da integral J do caminho considerando a Figura 04, que
representa um caminho de integrao fechado, sem incluir nenhuma trinca.

FIGURA 04: Contorno fechado


utilizado para clculo de integral J

Onde tem-se que:


-

(3)

Aplicando o teorema de Green, a expresso de J* torna-se:


-

(4)

Onde A* a rea fechada de *. Desenvolvendo o primeiro termo desta equao:


(5)
Aplicando a relao tenso-deformao (pequenos deslocamentos):

(6)

Utilizando a equao de equilbrio

0 e

, por fim tem-se que:

(7)
A equao (7) idntica ao segundo termo da equao (4). Isto demonstra que a integral
J = 0 para qualquer contorno fechado.
Considera-se agora dois contornos arbitrrios 1 e 2 em volta da trinca, como mostra a
Figura 05.

FIGURA 05: Dois contornos


arbitrrios, 1 e 2, em torno da trinca.
Esses contornos so conectados por 3
e 4 formando um contorno fechado, e
o total de J = 0.

Se 1 e 2 so conectados por outros dois caminhos ao longo da face da trinca por 3 e


4, um contorno fechado formado. A energia total J no contorno fechado soma das
contribuies de cada segmento.
J = J1 + J2 + J3 + J4 = 0

(8)

Se na face da trinca Ti = 0. Logo, J3 = J4 = 0 e J1 = - J2. Assim, qualquer caminho em


torno da trinca ter o mesmo valor de J. Esta uma das vantagens do mtodo, pois J
pode ser obtido pela escolha do caminho mais adequado.
O conceito de integral J conforme a equao 1 supe um material no linear. Portanto J
pode ser interpretado, para um carregamento puramente elstico, como sendo
equivalente taxa de alvio de energia, podendo ser calculado a partir da energia
potencial armazenada no corpo.
5

A definio de integral J no pode ser estendida para situaes onde ocorra deformao
plstica ou quando haja crescimento estvel de trinca, uma vez que, nestes casos uma
parcela de deformao no reversvel, o que torna J dependente do caminho ou do
contorno considerado. Contudo, em anlises realizadas por elementos finitos ou ensaios,
mostram que caso no haja propagao da trinca, nas condies de carregamento
monotnico e escoamento restrito do material, o desvio nos valores de J desprezvel, e
o comportamento plstico do material pode ser aproximado ao comportamento elstico
no linear. A integral J pode ser determinada experimentalmente nessas condies.
de grande importncia a caracterizao de crescimento estvel da trinca, pois o
crescimento estvel da trinca provoca simultaneamente um descarregamento elstico do
corpo de prova e deformao plstica na ponta da trinca. Nessas condies a integral J,
j no teria aplicabilidade, mas como grande parte dos metais apresenta pequenas
quantidades de crescimento estvel de trinca em relao s dimenses dos
componentes, a teoria de integral J, ainda pode ser utilizada em algumas condies.
Portanto, J caracteriza completamente as condies na ponta da trinca, diz-se ento que
h crescimento estvel de trinca controlado.
2.1 2 Comportamento tenso-deformao (Mtodo Ramberg-Osgood)
Hutchinson,(1968), Rice e Rosengren, (1968), fizeram pequisas independentes sobre a
integral J para caracterizar a fratura elasto-plstica como um processo equivalente em
um material no-linear elstico. Para relacionar tenses-deformaes plsticas foi
utilizado o mtodo de Ramberg-Osgood, que se trata de uma lei constitutiva que
descreve a relao tenso deformao do material sendo expressa por:
1/n

(9)
Onde o coeficiente de encruamento, , tomado como sendo a unidade. O valor de n
(expoente de encruamento) pode ser obtido em um ensaio convencional de trao, cujo
valor a inclinao da reta tenso real versus deformao real em escala bilogartmica,
como pode ser observado na figura 06.

FIGURA 06: Representao


genrica da curva tenso
deformao por meio de
Ramberg-Osgood

Os campos de tenso (

) e de deformao (

), equaes xx e xx, logo a frente da

trinca, no seu limite (r0) so denominados de singularidade de HRR ( Hutchinson,


Rice e Rosengren). E foram desenvolvidas a partir da equao xx, fazendo
simplificaes possveis devido restrio de pequenas deformaes que permite
considerar que a deformao total composta por uma parcela elstica e outra plstica
separadamente. Essas equaes so vlidas onde a regio de grandes deformaes,
regio perto a ponta da trinca, ainda bastante pequena.
1/(n+1)

1/(n+1)

(10)

(11)
Onde

o limite de escoamento, tal como em um ensaio de trao monotnico e

representa a deformao correspondente, In uma constante de integrao que


independe de n, e

so funes que definem a distribuio de tenso e

deformao na ponta da trinca respectivamente, E, o modulo de Young, r a distncia


radial a partir da ponta da trinca e ngulo polar sobre a trinca. Os valores de n e
so obtidos a partir do modelo de Ramberg-Osgood, equao 09.
Como o valor de J dependente dos parmetros de carga, geometria e comprimento de
trinca, as variveis n e

so estimadas como meio de estimar J. As condies na zona

de plastificaro so completamente descritas pela integral J e define o tamanho da zona


de singularidade HRR. H duas regies singulares dominantes quando ocorre a
plastificao em pequena escala: uma elstica e outra plstica, que podem ser obtidas
pelas equaes 13 e 14.
2.1 3 A integral J como critrio de fratura
Materiais com alta tenacidade a fratura comumente apresentam curvas de resistncia
crescentes, onde os valores de J aumentam com o crescimento da trinca.
A figura 07 mostra uma curva de resistncia tpica de valores de J resistente para o
tamanho da trinca de um material dctil. Existe somente uma pequena quantidade de
7

crescimento de trinca aparente no estgio inicial, devido ao arredondamento na ponta da


trinca, que causa a inclinao da curva. Com o crescimento de J, o material na ponta da
trinca falha e a trinca avana. Geralmente o crescimento inicial da trinca estvel,
podendo ocorrer posteriormente instabilidade.
O inicio do processo de fratura com a obteno de J como parmetro de caracterizao,
pode ser descrito do seguinte modo: O inicio do processo de fratura realizado a partir
de uma trinca de fadiga, na qual quando carregada ocorre um arredondamento
(embotamento) na ponta desta, que pode crescer cm aumento do carregamento, at um
ponto onde ocorre a extenso da frente desta trinca. Um parmetro para caracterizao
de inicio de fratura medido neste ponto e chamado de J 1c, que o valor de inicio de
rasgamento estvel, sob estado de deformao plana ou tenacidade fratura. A trinca
avana mais rapidamente durante o processo de rasgamento do que durante o processo
de embotamento. O ponto de medida J1c determinado pelo grfico J versus
crescimento de trinca, denominado de resistncia ou curva J-R.

FIGURA 07: Esquema da curva de resistncia em termos da integral J para material dctil

O valor de J no inicio de crescimento estvel de trinca conservativo quando aplicado a


materiais dcteis, pois ocorre uma quantidade de energia remanescente na estrutura aps
o inicio de crescimento instvel da trinca para o critrio de fratura. A utilizao de J 1c
para definir o incio de fratura uma aproximao conservativa para avaliao de
falhas.
O parmetro J1c pode ser utilizado como critrio de tenacidade fratura dctil para
estimar os efeitos das variveis metalrgicas, como por exemplo, tratamentos trmicos,
bem como auxiliar na seleo de materiais para projetos de estruturas aplicada a
indstria em especial a de petrleo.
O comportamento plstico frente da trinca influenciado pelas dimenses do corpode-prova, capacidade de encruamento e condies de carregamento, portanto nas
8

condies dos campos de tenso e deformao locais que iro possibilitar a aplicao de
J no controle de crescimento da trinca no regime elstico-plstico.
2.1 4 Determinao da curva J-R e J1c
Os ensaios para determinao da tenacidade a fratura encontram-se normalizados, por
exemplo, a American Societyof for testing and Materials e a British Standards
Institution.
Estes ensaios consistem na obteno de uma curva de resistncia, carga versus
deslocamento, durante o carregamento de um ou mais corpos-de-prova contendo uma
trinca por fadiga.
A determinao de curva de resistncia J-R obtida de maneira citada no pargrafo
anterior, onde pode se optar pela quantidade dos corpos de prova, desde que estejam
padronizados. O clculo de J realizado sob a rea da curva carga-deslocamento, que
corresponde ao trabalho realizado durante a iniciao e a propagao da trinca, porm,
devido ao comprimento da trinca variar durante o ensaio, o valor de J deve ser calculado
de modo incremental.
O clculo que fornece os valores da integral J dado pela equao 23, segundo a norma
ASTM E-1820(01).

, sendo i= 1, 2, 3, 4,...

(12)
Sendo as componentes as elsticas e plsticas de J dadas pelas equaes 24 e 25.
(13)

Onde:
K(i), fator intensidade de tenso;
, coeficiente de Poisson;
E, mdulo de elasticidade d material.

(14)
Onde:
9

, incremento da rea plstica sob a carga versus deslocamento entre

os pontos i e i-1;

, ligamento instantneo do corpo de prova.

Para determinar a integral J, os limites mximos para a validade dos valores de J e do


crescimento da trinca, a, so fixados em relao espessura do corpo de prova e ao
ligamento original sendo necessrio que os valores de estejam entre J max e aMax, que so
dados pelas equaes 15 e 16. A figura 08 mostra o exemplo de uma curva com esses
requerimentos. A curva J-R foi definida com os dados limitados pelas coordenadas J max e
amax.

ou
(15)
=

(16)

Onde:
b0 representa o ligamento remanescente do corpo de prova ( b 0 = W ai); Y, a mdia
entre os valores do limite de escoamento e de resistncia do material.
O objetivo da imposio destes requisitos o de tentar garantir um estado de
deformao predominantemente plana na frente da trinca.
Aps os clculos dos limites de J e de a, os pontos de dados obtidos no ensaio de
integral J so plotados para a obteno de uma curva, na qual ajustada por uma lei de
potncia, e a curva de resistncia J-R obtida. A finalidade da curva J-R, a de
determinar o valor de Jcrtico , J1c caracterstico do material, atravs do qual podemos
avaliar se ocorrer ou no, o crescimento estvel da trinca no regime elstico-plstico
durante uma dada situao de carregamento. Caso o valor de J seja maior ou igual J 1c,
ocorrer crescimento estvel de trinca.

FIGURA 08: Comportamento da


curva integral J versus
comprimento de trinca

10

A figura 09 mostra um modelo de uma curva J-R que obtida aps realizao do ensaio de
acordo com a norma ASTM E-1820. Na curva so traadas as seguintes linhas:
1- Linha de embotamento: Traada a partir da origem da curva experimental da
integral J, obtida a partir da equao 28.
J = 2Ya

(17)

A finalidade da linha de embotamento de representar os primeiros estgios subcrticos


de propagao da trinca.
2- Linhas de excluso: Traadas a 0,15mm e a 1,5mm da linha de embotamento no
eixo da abscissa. Os valores de a min e amax s obtidos pela interseco das linhas
de excluso com a curva experimental de J.
Os pontos que ficarem abaixo de 0,15mm so excludos, pois se considera que
abaixo deste valor no ocorre crescimento efetivo de trinca. Valores experimentais
dos pontos que ficarem acima de 1,5mm tambm sero excludos, para que a
equao 23 continue sendo vlida. As duas linhas de excluso garantem que os
valores dos pontos experimentais da curva J vo estar acima de a min e abaixo de
amax.
3- Linha offset : traada a 0,2mm por conveno para determinao de J 1c..

FIGURA 09: Curva J-R,


segundo a norma ASTM
E-1820

O valor de alim obtido pela interseco da curva experimental de J com a linha de


embotamento e a linha Jlim obtida por:

=
(18)

11

A figura 10 ilustra uma regio de dados vlidos localizada a 0,15mm e 1,5mm das
linhas de embotamento entre amin, a lim, e o Jlim. traada nesta regio uma curva de
regresso de potncia nos pontos da curva experimental da integral J para determinao
de JQ, candidato a se tornar um J 1c. O valor de JQ obtido ser confirmado como sendo J1c
se forem satisfeitas algumas condies exigidas pela norma. necessrio que tenha pelo
menos um ponto experimental amin e a 0,5mm no eixo das abscissas, regio A, e no
mnimo cinco pontos experimentais entre 0,5mm e 1,5mm, regio B, na regio de dados
qualificados, para poder traar a curva de regresso de potncia. A equao (19)
descreve a curva de regresso de potncia obtida a partir da curva experimental da
integral J.
C2

(19)
Onde:
C1 e C2 so constantes da expresso;
K -1,0mm;
a variao do comprimento de trinca.

FIGURA 10: Curva J-R mostrando a regio de dados qualificados, segundo a norma ASTM E1820

2.1 5 Mtodo de obteno da Curva de resistncia

12

O mtodo mais utilizado para obteno da curva de resistncia o mtodo de


flexibilidade no descarregamento (unloading compliance), que consiste no clculo do
comprimento de trincas em intervalos regulares durante o ensaio atravs de
descarregamentos parciais do corpo-de-prova. As medidas da sua flexibilidade
(Compliance), que o recproco da inclinao da curva carga x deslocamento,
normalizada pelo mdulo de elasticidade, E, e considerando a espessura, B, do corpode-prova. O corpo-de-prova se torna mais flexvel quando a trinca cresce e este
aumento da flexibilidade ento associado ao incremento da extenso dctil da trinca,
atravs de sucessivos ciclos de carregamentos e descarregamentos parciais. Esses ciclos
devem ocorrer sempre elasticamente, como exigido pelo mtodo de flexibilidade e
ilustrado pela figura 11. Observa-se na figura 11 que o descarregamento elstico, e o
valor da flexibilidade, Ci (Compliance) pode ser obtido e o comprimento da trinca
verificado. Em cada ciclo, a carga aumentada, limitando-se ao descarregamento em
at 10% da carga aplicada no ciclo correspondente. Pequenos descarregamentos da
ordem de 10% do valor da carga mxima, no afetam os resultados do ensaio,
demonstrando dessa maneira, que o mtodo de flexibilidade no descarregamento
eficiente para ser utilizado na determinao da curva de resistncia do material.
As compliances (C1, C2, C3, C4,..., Ci) correspondentes aos pontos de descarregamentos
so relacionadas razo a/W . A norma ASTM E-1820, fornecem expresses
polinomiais que relacionam essa razo flexibilidade, C i, do corpo-de-prova. A razo
deve estar na faixa de 0,45 a/W 0,7 uma vez que a tcnica na sensvel a valores de
a/W < 0,45.
Para o corpo-de-prova SENB (Single edge notched Bend) a norma ASTM E-1820,
fornece a seguinte equao:
+ 3,21408
(20)

Sendo:

Onde:
Ci a flexibilidade elstica (Compliance), dada por

, na seqncia de

descarregamentos Vx e Pi so respectivamente os incrementos de deslcamento e de carga


correspondente;
Be, W e S, so respectivamente: espessura, largura e distncia entre os apoios de carga
do corpo de prova;
13

E, representa o mdulo de elasticidade do material

FIGURA 11: Diagrama carga(P)-Deslocamento(V) com as linhas de descarregamento elstico, mtodo de


variao de flexibilidade elstica, Ci, para monitorao do crescimento de trinca.

Os efeitos da plasticidade, caracterstica dos metais que apresentam elevada


ductibilidade uma das principais dificuldades quanto ao uso deste mtodo. O
tunelamento que surge na frente da trinca causa dois problemas: a superestimativa de J e
a superestimativa dos valores de propagao dctil da trinca (a).
Outro fator que pode afetar no valor da integral J a ocorrncia de histerese (no
linearidade nas linhas de descarregamento e recarregamentos parciais), que pode ter
origem no atrito entre os roletes da mquina de ensaio e o corpo-de-prova.Um outro
local que pode apresentar ocorrncia de histerese na frico entre a haste e o clipgage e as facas de fixao nos corpos de prova. Para reduzir o esses efeitos, e
necessrio reduzir o movimento dos roletes durante o ensaio, bem como lubrificar os
pontos crticos de contato.
2.21 Ensaio K1c
2.2 2 Propagao de Trincas por Fadiga
Fadiga um tipo de falha mecnica caracterizada pela gerao e/ou propagao
paulatina de uma trinca, causada pelas repeties dos carregamentos aplicados sobre a
pea. Esse processo pode em muitos casos causar a fratura dos componentes da
estrutura.
Muitos parmetros afetam a resistncia dos componentes estruturais fadiga. Esses
parmetros so relativos s solicitaes, geometria, propriedades dos materiais e
ambiente externo. Os parmetros de solicitao incluem estados de tenses, razo entre
14

os fatores de intensidade de tenses mximo e mnimo, carregamentos constantes ou


variveis, freqncias ou tenses mximas.
A geometria da estrutura influencia principalmente o gradiente das tenses e os fatores
de intensidade de tenses. As propriedades mecnicas e metalrgicas caracterizam o
comportamento do material. Os parmetros do ambiente externo incluem temperaturas e
agressividade do ambiente.
2.2 3 Curva da/dN vs. DK
No incio da dcada de 60, Paris (1960; 1961) mostrou convincentemente ser a variao
do fator de intensidade de tenses ( K), e no a tenso, o parmetro que controla a
propagao das trincas por fadiga, ver Figura 12.

Figura 12 - Experincia efetuada por Paris.

Num clssico experimento, Paris usou duas chapas idnticas, feitas do mesmo material e
com uma trinca central de mesmo comprimento.
A chapa 1 foi carregada pelas bordas enquanto a chapa 2 foi carregada pelas faces da
trinca, mantendo a mesma gama de tenso nas duas chapas. Apesar disso, a trinca
acelerava na chapa 1 e desacelerava na chapa 2. Como ambas trabalhavam sob o mesmo
, a tenso no podia estar controlando a propagao das trincas. Entretanto, devido
forma da aplicao da carga, na chapa 1 K aumentava medida que a trinca crescia,
enquanto na chapa 2 K decrescia medida que a trinca crescia. Assim Paris sugeriu
que era K que controlava a propagao, e mostrou que quando se relacionava a taxa de
propagao da trinca (da/dN) com K, os pontos experimentais gerados tanto na chapa
1 quanto na chapa 2 coincidiam.
Plotando da/dN vs. K, na forma logartmica, tipicamente obtm-se uma curva com 3
fases bem distintas. Esta curva de grande importncia na prtica, pois com esse tipo de
15

informao pode-se fazer previses sobre a vida residual das estruturas trincadas. As
trs fases so:
Fase I: Tem como principal caracterstica um limiar de propagao, abaixo do qual os
carregamentos no causam danos pea trincada e a trinca no se propaga. Este limiar
recebe o nome de limiar de propagao de trincas por fadiga, e caracterizado por um
fator de intensidade de tenses limiar ( Kth-threshold). Kth muito influenciado por
obstculos (como vazios e incluses) e pelo fechamento das trincas de fadiga. O
fechamento ocorre porque as trincas se propagam cortando um material previamente
deformado pelas zonas plsticas que (sempre) as acompanham. As faces das trincas de
fadiga ficam embutidas num envelope de deformaes residuais trativas, que as
comprimem quando completamente descarregadas, e s se abrem paulatinamente ao
serem carregadas. A fase I vai do limiar Kth at taxas de 10-10 a 10-9 m/ciclo, isto , at
taxas da ordem de um espaamento atmico por ciclo (dimetro atmico ~ 0.3nm). A
zona plstica ZPcclica~ (K/2SE)2/2< dgro (dgro tipicamente de 10 a 100m nas ligas
estruturais metlicas). O crescimento da trinca descontnuo, gerado por micromecanismos intragranulares sensveis carga mdia, microestrutura do material, ao
meio ambiente e carga de abertura da trinca. Abaixo do limiar Kth as trincas no
propagam.

16

Fase II: Nesta fase as taxas vo de 10 ~10 at 10 ~10 m/ciclo, ou de cerca de um


espaamento atmico at da ordem de um tamanho de gro por ciclo.
-10

-9

-6

-4

A zona plstica cclica ZPcclica> dgro, isto , a plasticidade cclica frente da ponta da
trinca ativa micro-mecanismos poligranulares. O crescimento da trinca
aproximadamente contnuo ao longo da sua frente, como indicado pelas estrias
observadas nas faces das trincas quando observadas num microscpio eletrnico de
varredura (as estrias so a caracterstica fratogrfica mais importante das trincas de
fadiga).
A regra de propagao da/dN controlada pelas deformaes cclicas que acompanham
as pontas das trincas de fadiga, e pouco sensvel microestrutura, carga mdia, ao
meio ambiente e espessura da pea. Nesta fase a gama das deformaes cclicas
depende principalmente de K, e tanto a carga de abertura da trinca Kab quanto a
tenacidade do material KC pouco influem nas taxas de propagao.
Fase III: Esta fase tem como caracterstica principal a propagao instvel da trinca (ou
o fraturamento da pea) quando Kmx = K/(1-R) atinge a tenacidade do material KC.
A zona plstica ZPcclica>> dgro, e a maior taxa de crescimento da trinca limitada pelo
CTODC ~ KC 2/ESE. Os mecanismos de fraturamento podem ser dcteis (cavitao e
coalescncia de vazios) ou frgeis (clivagem), e superpem-se aos de trincamento. Esta
fase depende de Kmax e de KC, logo sensvel carga mdia e aos fatores que afetam a
tenacidade do material, como a microestrutura, o meio ambiente e a espessura da pea
(KC depende no apenas do material mas tambm da geometria, a menos que ZPC <<
todas as dimenses da pea).
2.2 4 Equaes Empricas para Descrever o Crescimento das Trincas por
Fadiga
Existem alguns modelos empricos bem conhecidos para quantificar as taxas de
propagao de trincas por fadiga atravs de parmetros que so ajustados aos resultados
obtidos em testes experimentais. Esses modelos descrevem, pelo menos em parte, a
forma da curva da/dN vs. K, e consideram os efeitos de Kth, de KC, da razo R entre
os fatores de intensidade de tenso mximo e mnimo (ou por Kmx R )).O mais
clssico o chamado modelo de Paris (1960):

(21)
Este modelo descreve o comportamento fadiga do material apenas na fase II e no
leva em considerao a razo R. Os parmetros C e m so constantes empricas (obtidas
experimentalmente) dependentes do material utilizado. O parmetro C representa o
coeficiente linear, enquanto m representa o coeficiente angular.

17

Forman (1967) props outro modelo emprico, mais sofisticado, que leva em
considerao a razo R = Kmin / Kmax, modelando tanto a fase II como a fase III:

(22)
Walker (1970) props um modelo similar ao modelo de Paris (Fase II), mas que
incorpora os efeitos de R.

(23)
Esse modelo possui trs parmetros experimentais, C, m e p, sendo p um parmetro
emprico adicional. Priddle (1976) props um modelo para modelar as trs fases da
curva da/dNvs. K, mas no inclui os efeitos da razo R.

O valor de Kth funo de R e, na ausncia de resultados experimentais confiveis,


pode ser estimado para aos estruturais conforme as regras abaixo (Barsom, 1987):

O ensaio KIC empregado para materiais frgeis em que a condio de comportamento


linear elstico at a ruptura valido. As principais normas tcnicas que tratam dos
ensaios KIC so a ASTM E 399-90 e a BS 7448-1991 que normalizam conjuntamente as
formas de obteno do KIC, JIC e do CTOD. A norma ASTM E 399-90 prev para a
obteno do KIC diversos tipos de corpo de prova. Os corpos de prova mais utilizados
so os do tipo SE(B) e o C(T). Esses dois corpos de prova se diferenciam basicamente
pelo tipo de solicitao que so submetidos. O corpo de prova do tipo SEN(B)
solicitado por flexo em trs pontos, enquanto o corpo de prova C(T) solicitado por
trao como mostra a Figura 13. Todos os corpos de prova apresentam uma trinca aguda
na raiz do entalhe obtida por fadiga. Esta trinca deve ser produzida dentro de
determinados parmetros de tamanho e de tenso mxima de acordo com a norma
ASTM E 399-90.

18

FIGURA 13: Esquema representativo da forma de carregamento para os corpos de provas de tenacidade
fratura dos tipos: (a)C(T); (b)SEN(B)

2.3 Ensaio CTOD


Wells verificou que o grau de embotamento de uma trinca aumentava em proporo
tenacidade do material. Esta observao levou o pesquisador a propor a abertura na
ponta da trinca como uma medida de tenacidade fratura, este parmetro conhecido
como CTOD- deslocamento de abertura na ponta da trinca.
Existem outras definies alternativas para CTOD. Duas destas definies so o
deslocamento na ponta da trinca original e o intercepto a 90. A ltima definio
sugerida por Rice comumente utilizada para o calculo de CTOD em aproximaes por
elementos finitos. Analisando as duas figuras abaixo nota-se que estas duas definies
so equivalentes se a trinca embota na forma de um semi-circulo.

19

FIGURA 14: trinca em forma de semi-circulo

Com relao ao valor crtico de CTOD que deve ser adotado para indicar a tenacidade
fratura, importante distinguir entre os estgios de propagao da trinca (instvel,
estvel e patamar de carga mxima). Tem se verificado, experimentalmente que i
fornece uma estimativa muito conservadora para o tamanho crtico de trinca.
Para determinao do CTOD, dois modelos foram propostos. Os modelos esto
apresentaos a seguir.
2.31 Modelo de Wells
Wells props a primeira estimativa para o clculo de CTOD. A anlise de Wells
relaciona o valor de CTOD com o fator de intensidade de tenso no limite de
escoamento. Das expresses para o campo de tenses e de deformaes no regime
elstico, o deslocamento uy vale:

Onde o mdulo de cisalhamento e k vale:


K = 3-4v

- deformao plana

K = (3-v / 1+v) -tenso plana

Considerando-se a expresso para a zona plstica Irwin temos = 2uy


Analisado a situao elasto - plstica Wells assuimiu que CTOD diretamente
proporcional deformao do material, logo = 2a
2.3 2 Modelo de Burdekin e Stone
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Este modelo baseia o CTOD na zona plstica de Dugdale. A expresso encontrada para
CTOD a seguinte:

Considerando-se << ys temos a equao que fornece o valor de CTOD para uma
situao elstica

2.3 3 Relao entre CTOD e K


Uma limitao na relao que ambos os modelos que a derivam admitem condies de
tenso plana e de um material no encruado. A frmula mais geral da relao CTOD k
pode ser expressa da seguinte maneira:

Tendo se que m aproxima-se de 1 para materiais no incruveise de 2 para materiais


incruveis.
A figura apresenta resultados que comprovam a validade entre a relao CTOD k
apresentada.

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FIGURA 15: correlao entre CTOD e K/G para diversos materiais

2.3 4 CTOD e o Fator rotacional


Devido a dificuldades experimentais, diversos pesquisadores adotam para calcular o
CTOD o mtodo do deslocamento da boca do entalhe. Admite-se a existncia de um
centro aparente situado distncia (W-a) da ponta da trinca. O parmetro r o chamado
fator rotacional. Referindo-se figura X pode-se estimar a expresso para CPOD
partir de uma semelhana de tringulos.

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FIGURA 16 : Definio da superfcie de abertura da trinca vg e a relao para t

Os mtodos para determinao de CTOD adotam um modelo modificado, onde os


deslocamentos so separados em componentes elsticas e plsticas. A expresso
completa para CTOD passa a ser a seguinte:
= elstico + plstico
Diversos pesquisadores tm criticado o modelo da dobradia sob alegao que o fator
rotacional varia com o tamanho da trinca. Por outro lado, se a relao a/w estiver entre
0,35 e 0,65 o fator rotacional permanecer constante, com um valor prximo de 0,45.E
este valor de r que tem sido indicado pelas normas para determinao de CTOD
2.3 5 Curva de Projeto de Dawes
A curva de projeto de CTOD proporciona um mtodo efetivo para tratar escoamento
localizado devido a tenses residuais.
Este tipo de curva tem sido usado em uma larga faixa de situaes estruturais, para
determinar o tamanho Maximo permitido para a trinca, mesmo sabendo-se do
conservadorismo aplicado a esta tcnica, tendo que o tamanho da trinca sempre ser
inferior ao tamanho critico de trinca.
Wells foi quem apresentou o primeiro esboo para a curva de projeto. Afigura abaixo
mostra os resultados para diversos valores da relao a/y ,onde 2a e o tamanho da trinca
e 2y e o comprimento do extensmetro.Wells no conseguiu uma boa correlao da
teoria com a pratica.

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FIGURA 17 : Curva de projeto, modelo de Wells

Depois de varias outras tentativas para se aumentar a segurana da curva de projeto


Dawes props uma curva baseada em dados experimentais obtidos numa serie de
ensaios em aos estruturais de limite de escoamento entre 500 e 1000 MPa , sendo que
todos os cps apresentavam cordes de solda.
Conforme Dawes , tem se para juntas soldadas :

Utilizando o conhecimento do CTOD critico determinado em laboratrio Dawes


calculou o tamanho de defeito Maximo permitido e comparou com os tamanhos reais .
Concluiu-se que um fator de segurana cujo valor se aproxima de 2, a curva obtida e
mostrada na figura a seguir.

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FIGURA 18: Curva de projeto original, proposta por Burdekin e Dawes e curva de projeto modificada por
Dawes

A curva de projeto tal como Dawes props vem sendo amplamente utilizada, as
aplicaes podem ser classificadas em quatro grandes grupos:
Seleo de Materiais
Nvel de Aceitao de Defeitos de Solda
Tenso Permitida
Analise de Falhas

2.3 6 CTOD e o crescimento estvel da trinca


Para determinados materiais o processo de fratura antecedido por um razovel
crescimento de trinca. Neste caso deve haver uma adaptao no critrio CTOD de
fratura, para levar em conta este fenmeno.
Havendo crescimento estvel da trinca, o centro de rotao aparente sofre um
deslocamento at a condio de fratura. O modelo adotado pelo grupo europeu de
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fratura admite um deslocamento rp x a para uma trinca que avana a + a. Logo, a


expresso encontrada para esta situao :

Desta forma, podemos dizer que as equaes apresentadas anteriormente


subestimam o valor de CTOD para um crescimento estvel de trinca. Logo, torna-se
mais preciso um mtodo que possa calcular o valor de CTOD de maneira incremental.
Uma proposta de clculo, proposta por Peres a seguinte:

Onde o somatrio de pi representa a variao de para cada incremento da trinca.


Segundo Peres, a utilizao da penltima equao apresentada pode apresentar uma
superestimao de at 15% em relao utilizao da sua proposta.

pi =

O teste de CTOD o nico mtodo padro para determinar tenacidade a fratura na


regio de transio dctil frgil.
Para este ensaio podem ser utilizados os corpos de prova C(T) e o SEM(B), para o
segundo tipo duas configuraes so aceitas , o corpo de prova de seo transversal
retangular W=2B ou o de seo quadrada , sendo que a seo retangular e usada
freqentemente com as orientaes L-T ou T-L , e a seo quadrada e utilizada nas
orientaes L-S ou T-S .
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03. Referncias Bibliogrficas


1. ANDERSON, T. L. Fracture mechanics: fundaments and applications. 3rd Ed.
New York: CRC Press, 2005.
2. Donato, H. B Gustavo, Cravero, Sebastian, Ruggieri, Claudio Avaliao
experimental dos parmetros de tenacidade CTOD e integral J em espcimes
de flexo SEN(B) utilizando o mtodo ETA.

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3. Dieter, G.E. Mechanical Metallurgy, McGraw Hill Book Company, SI metric


edition, London, p. 348, 1988.

4. Godefroid, L.B. Fundamentos de Mecnica de Fratura. Universidade Federal de


Ouro Preto, p. 122-127, 1995.
5. http://en.wikipedia.org/wiki/J_integral, acesso em 29/05/2008
6. Rice, J.R A path Independent Integral and the Approxinate Analysis of strain
Concentration by Notches and Cracks Journal of Applied Mechanics, vol.35,
pp.379-386, 1968.

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