A Integral J
A Integral J
A Integral J
Introduo
A tenacidade fratura tem por objetivo a medio da resistncia de um material
propagao de trinca, e pode ser avaliada atravs de diversos parmetros. Entre os
parmetros mais comuns, para avaliao da tenacidade, destacam-se as medidas de
energia absorvida em um ensaio de impacto e a temperatura de transio.
Recentemente, foram desenvolvidos os parmetros de projeto mecnico ligados
mecnica da fratura, que so realizados em corpos de prova com uma trinca na raiz do
entalhe que garante, dentro de certos limites, a mxima severidade possvel de tenses
para o entalhe. Esses ensaios so: tenacidade fratura em deformao plana (K IC),
deslocamento de abertura da ponta da trinca crtico CTOD (Crack Tip Opening
Displacement) e o valor crtico da energia de fratura, em termos da integral J (JIC). Os
ensaios de tenacidade fratura do tipo K IC so mais indicados para materiais frgeis de
elevada resistncia mecnica. J os ensaios CTOD e integral J IC permitem estabelecer
parmetros de tenacidade fratura para materiais dcteis de menor resistncia
mecnica, em condies elasto-plsticas de deformao.Tais ensaios sero abordados no
presente trabalho.
2.
Reviso Bibliogrfica
2.1 1 A Integral J
A integral J proposta inicialmente por Rice, e definida como uma integral de contorno
que faz uma anlise mecnica, baseando-se em expresses matemticas pressupondo
comportamento no linear, como ilustrado na figura 01 onde o caminho percorrido
uma curva que circunda a trinca.
ds
(1)
(3)
(4)
(6)
0 e
(7)
A equao (7) idntica ao segundo termo da equao (4). Isto demonstra que a integral
J = 0 para qualquer contorno fechado.
Considera-se agora dois contornos arbitrrios 1 e 2 em volta da trinca, como mostra a
Figura 05.
(8)
A definio de integral J no pode ser estendida para situaes onde ocorra deformao
plstica ou quando haja crescimento estvel de trinca, uma vez que, nestes casos uma
parcela de deformao no reversvel, o que torna J dependente do caminho ou do
contorno considerado. Contudo, em anlises realizadas por elementos finitos ou ensaios,
mostram que caso no haja propagao da trinca, nas condies de carregamento
monotnico e escoamento restrito do material, o desvio nos valores de J desprezvel, e
o comportamento plstico do material pode ser aproximado ao comportamento elstico
no linear. A integral J pode ser determinada experimentalmente nessas condies.
de grande importncia a caracterizao de crescimento estvel da trinca, pois o
crescimento estvel da trinca provoca simultaneamente um descarregamento elstico do
corpo de prova e deformao plstica na ponta da trinca. Nessas condies a integral J,
j no teria aplicabilidade, mas como grande parte dos metais apresenta pequenas
quantidades de crescimento estvel de trinca em relao s dimenses dos
componentes, a teoria de integral J, ainda pode ser utilizada em algumas condies.
Portanto, J caracteriza completamente as condies na ponta da trinca, diz-se ento que
h crescimento estvel de trinca controlado.
2.1 2 Comportamento tenso-deformao (Mtodo Ramberg-Osgood)
Hutchinson,(1968), Rice e Rosengren, (1968), fizeram pequisas independentes sobre a
integral J para caracterizar a fratura elasto-plstica como um processo equivalente em
um material no-linear elstico. Para relacionar tenses-deformaes plsticas foi
utilizado o mtodo de Ramberg-Osgood, que se trata de uma lei constitutiva que
descreve a relao tenso deformao do material sendo expressa por:
1/n
(9)
Onde o coeficiente de encruamento, , tomado como sendo a unidade. O valor de n
(expoente de encruamento) pode ser obtido em um ensaio convencional de trao, cujo
valor a inclinao da reta tenso real versus deformao real em escala bilogartmica,
como pode ser observado na figura 06.
Os campos de tenso (
) e de deformao (
1/(n+1)
(10)
(11)
Onde
FIGURA 07: Esquema da curva de resistncia em termos da integral J para material dctil
condies dos campos de tenso e deformao locais que iro possibilitar a aplicao de
J no controle de crescimento da trinca no regime elstico-plstico.
2.1 4 Determinao da curva J-R e J1c
Os ensaios para determinao da tenacidade a fratura encontram-se normalizados, por
exemplo, a American Societyof for testing and Materials e a British Standards
Institution.
Estes ensaios consistem na obteno de uma curva de resistncia, carga versus
deslocamento, durante o carregamento de um ou mais corpos-de-prova contendo uma
trinca por fadiga.
A determinao de curva de resistncia J-R obtida de maneira citada no pargrafo
anterior, onde pode se optar pela quantidade dos corpos de prova, desde que estejam
padronizados. O clculo de J realizado sob a rea da curva carga-deslocamento, que
corresponde ao trabalho realizado durante a iniciao e a propagao da trinca, porm,
devido ao comprimento da trinca variar durante o ensaio, o valor de J deve ser calculado
de modo incremental.
O clculo que fornece os valores da integral J dado pela equao 23, segundo a norma
ASTM E-1820(01).
, sendo i= 1, 2, 3, 4,...
(12)
Sendo as componentes as elsticas e plsticas de J dadas pelas equaes 24 e 25.
(13)
Onde:
K(i), fator intensidade de tenso;
, coeficiente de Poisson;
E, mdulo de elasticidade d material.
(14)
Onde:
9
os pontos i e i-1;
ou
(15)
=
(16)
Onde:
b0 representa o ligamento remanescente do corpo de prova ( b 0 = W ai); Y, a mdia
entre os valores do limite de escoamento e de resistncia do material.
O objetivo da imposio destes requisitos o de tentar garantir um estado de
deformao predominantemente plana na frente da trinca.
Aps os clculos dos limites de J e de a, os pontos de dados obtidos no ensaio de
integral J so plotados para a obteno de uma curva, na qual ajustada por uma lei de
potncia, e a curva de resistncia J-R obtida. A finalidade da curva J-R, a de
determinar o valor de Jcrtico , J1c caracterstico do material, atravs do qual podemos
avaliar se ocorrer ou no, o crescimento estvel da trinca no regime elstico-plstico
durante uma dada situao de carregamento. Caso o valor de J seja maior ou igual J 1c,
ocorrer crescimento estvel de trinca.
10
A figura 09 mostra um modelo de uma curva J-R que obtida aps realizao do ensaio de
acordo com a norma ASTM E-1820. Na curva so traadas as seguintes linhas:
1- Linha de embotamento: Traada a partir da origem da curva experimental da
integral J, obtida a partir da equao 28.
J = 2Ya
(17)
=
(18)
11
A figura 10 ilustra uma regio de dados vlidos localizada a 0,15mm e 1,5mm das
linhas de embotamento entre amin, a lim, e o Jlim. traada nesta regio uma curva de
regresso de potncia nos pontos da curva experimental da integral J para determinao
de JQ, candidato a se tornar um J 1c. O valor de JQ obtido ser confirmado como sendo J1c
se forem satisfeitas algumas condies exigidas pela norma. necessrio que tenha pelo
menos um ponto experimental amin e a 0,5mm no eixo das abscissas, regio A, e no
mnimo cinco pontos experimentais entre 0,5mm e 1,5mm, regio B, na regio de dados
qualificados, para poder traar a curva de regresso de potncia. A equao (19)
descreve a curva de regresso de potncia obtida a partir da curva experimental da
integral J.
C2
(19)
Onde:
C1 e C2 so constantes da expresso;
K -1,0mm;
a variao do comprimento de trinca.
FIGURA 10: Curva J-R mostrando a regio de dados qualificados, segundo a norma ASTM E1820
12
Sendo:
Onde:
Ci a flexibilidade elstica (Compliance), dada por
, na seqncia de
Num clssico experimento, Paris usou duas chapas idnticas, feitas do mesmo material e
com uma trinca central de mesmo comprimento.
A chapa 1 foi carregada pelas bordas enquanto a chapa 2 foi carregada pelas faces da
trinca, mantendo a mesma gama de tenso nas duas chapas. Apesar disso, a trinca
acelerava na chapa 1 e desacelerava na chapa 2. Como ambas trabalhavam sob o mesmo
, a tenso no podia estar controlando a propagao das trincas. Entretanto, devido
forma da aplicao da carga, na chapa 1 K aumentava medida que a trinca crescia,
enquanto na chapa 2 K decrescia medida que a trinca crescia. Assim Paris sugeriu
que era K que controlava a propagao, e mostrou que quando se relacionava a taxa de
propagao da trinca (da/dN) com K, os pontos experimentais gerados tanto na chapa
1 quanto na chapa 2 coincidiam.
Plotando da/dN vs. K, na forma logartmica, tipicamente obtm-se uma curva com 3
fases bem distintas. Esta curva de grande importncia na prtica, pois com esse tipo de
15
informao pode-se fazer previses sobre a vida residual das estruturas trincadas. As
trs fases so:
Fase I: Tem como principal caracterstica um limiar de propagao, abaixo do qual os
carregamentos no causam danos pea trincada e a trinca no se propaga. Este limiar
recebe o nome de limiar de propagao de trincas por fadiga, e caracterizado por um
fator de intensidade de tenses limiar ( Kth-threshold). Kth muito influenciado por
obstculos (como vazios e incluses) e pelo fechamento das trincas de fadiga. O
fechamento ocorre porque as trincas se propagam cortando um material previamente
deformado pelas zonas plsticas que (sempre) as acompanham. As faces das trincas de
fadiga ficam embutidas num envelope de deformaes residuais trativas, que as
comprimem quando completamente descarregadas, e s se abrem paulatinamente ao
serem carregadas. A fase I vai do limiar Kth at taxas de 10-10 a 10-9 m/ciclo, isto , at
taxas da ordem de um espaamento atmico por ciclo (dimetro atmico ~ 0.3nm). A
zona plstica ZPcclica~ (K/2SE)2/2< dgro (dgro tipicamente de 10 a 100m nas ligas
estruturais metlicas). O crescimento da trinca descontnuo, gerado por micromecanismos intragranulares sensveis carga mdia, microestrutura do material, ao
meio ambiente e carga de abertura da trinca. Abaixo do limiar Kth as trincas no
propagam.
16
-9
-6
-4
A zona plstica cclica ZPcclica> dgro, isto , a plasticidade cclica frente da ponta da
trinca ativa micro-mecanismos poligranulares. O crescimento da trinca
aproximadamente contnuo ao longo da sua frente, como indicado pelas estrias
observadas nas faces das trincas quando observadas num microscpio eletrnico de
varredura (as estrias so a caracterstica fratogrfica mais importante das trincas de
fadiga).
A regra de propagao da/dN controlada pelas deformaes cclicas que acompanham
as pontas das trincas de fadiga, e pouco sensvel microestrutura, carga mdia, ao
meio ambiente e espessura da pea. Nesta fase a gama das deformaes cclicas
depende principalmente de K, e tanto a carga de abertura da trinca Kab quanto a
tenacidade do material KC pouco influem nas taxas de propagao.
Fase III: Esta fase tem como caracterstica principal a propagao instvel da trinca (ou
o fraturamento da pea) quando Kmx = K/(1-R) atinge a tenacidade do material KC.
A zona plstica ZPcclica>> dgro, e a maior taxa de crescimento da trinca limitada pelo
CTODC ~ KC 2/ESE. Os mecanismos de fraturamento podem ser dcteis (cavitao e
coalescncia de vazios) ou frgeis (clivagem), e superpem-se aos de trincamento. Esta
fase depende de Kmax e de KC, logo sensvel carga mdia e aos fatores que afetam a
tenacidade do material, como a microestrutura, o meio ambiente e a espessura da pea
(KC depende no apenas do material mas tambm da geometria, a menos que ZPC <<
todas as dimenses da pea).
2.2 4 Equaes Empricas para Descrever o Crescimento das Trincas por
Fadiga
Existem alguns modelos empricos bem conhecidos para quantificar as taxas de
propagao de trincas por fadiga atravs de parmetros que so ajustados aos resultados
obtidos em testes experimentais. Esses modelos descrevem, pelo menos em parte, a
forma da curva da/dN vs. K, e consideram os efeitos de Kth, de KC, da razo R entre
os fatores de intensidade de tenso mximo e mnimo (ou por Kmx R )).O mais
clssico o chamado modelo de Paris (1960):
(21)
Este modelo descreve o comportamento fadiga do material apenas na fase II e no
leva em considerao a razo R. Os parmetros C e m so constantes empricas (obtidas
experimentalmente) dependentes do material utilizado. O parmetro C representa o
coeficiente linear, enquanto m representa o coeficiente angular.
17
Forman (1967) props outro modelo emprico, mais sofisticado, que leva em
considerao a razo R = Kmin / Kmax, modelando tanto a fase II como a fase III:
(22)
Walker (1970) props um modelo similar ao modelo de Paris (Fase II), mas que
incorpora os efeitos de R.
(23)
Esse modelo possui trs parmetros experimentais, C, m e p, sendo p um parmetro
emprico adicional. Priddle (1976) props um modelo para modelar as trs fases da
curva da/dNvs. K, mas no inclui os efeitos da razo R.
18
FIGURA 13: Esquema representativo da forma de carregamento para os corpos de provas de tenacidade
fratura dos tipos: (a)C(T); (b)SEN(B)
19
Com relao ao valor crtico de CTOD que deve ser adotado para indicar a tenacidade
fratura, importante distinguir entre os estgios de propagao da trinca (instvel,
estvel e patamar de carga mxima). Tem se verificado, experimentalmente que i
fornece uma estimativa muito conservadora para o tamanho crtico de trinca.
Para determinao do CTOD, dois modelos foram propostos. Os modelos esto
apresentaos a seguir.
2.31 Modelo de Wells
Wells props a primeira estimativa para o clculo de CTOD. A anlise de Wells
relaciona o valor de CTOD com o fator de intensidade de tenso no limite de
escoamento. Das expresses para o campo de tenses e de deformaes no regime
elstico, o deslocamento uy vale:
- deformao plana
Este modelo baseia o CTOD na zona plstica de Dugdale. A expresso encontrada para
CTOD a seguinte:
Considerando-se << ys temos a equao que fornece o valor de CTOD para uma
situao elstica
21
22
23
24
FIGURA 18: Curva de projeto original, proposta por Burdekin e Dawes e curva de projeto modificada por
Dawes
A curva de projeto tal como Dawes props vem sendo amplamente utilizada, as
aplicaes podem ser classificadas em quatro grandes grupos:
Seleo de Materiais
Nvel de Aceitao de Defeitos de Solda
Tenso Permitida
Analise de Falhas
pi =
27
28