PL 1-2
PL 1-2
PL 1-2
Nesta srie foram publicados aux l ias homilticos para textos escolhidos das sries de perfcopes indicadas, nos seguintes volumes:
111 IV V V 1VII VIII IX -
PROCLA AR
LIBERTA O
1
proclamar
libertaco
A U X ! L I O S
H O M I L
T I C O S
Volume I-II
Textos escolhidos das
S~RIES
DE PER!COPES IV, V e VI
Editado pela
FACULDADE DE TEOLOGIA
em colaborao com pastores da
Igreja Evanglica de Confisso Luterana no Brasil
Coordenao de
BALDUR VAN KAICK
EDITORA SINODAL
1983
1983
EDITORA SINODAL
Rua Epifnio Fogaa, 467
93000 - SO LEOPOLDO - RS
Conselho editorial da presente edio:
WALTER ALTMANN
NELSON KIRST
Direitos reservados
pela Faculdade de Teologia
_
da Igreja Evanglica de Confissao Luterana no Brasil.
A reproduo do todo ou em parte _
s e permitida mediante autorizaao
da Faculdade de Teologia
Os volumes I e II de PROCLAMAR LIBERTAO foram publicados pela primeira vez em 1976 e 1977 e representaram, naqueles anos, urna iniciativa pioneira no campo de auxlios
homileticos.
No s abamos ainda em 1976 quo grande seria a procura
des ta srie e cr es cente a expectativa - tambm de leitores
no do mbito da IECLB - em relao a cada novo volume lan
ado.
A ra~idez com que se esgotaram os volumes at agora publicado s , apesar do constante aumento da tiragem, bem atesta a lacuna que esta serie veio a preencher. O Volume III,
aps duas edies, encontra-se esgotado.
a pedido de inmeros leitores que no conseguiram ad
qu1r1r os primeiros volumes, que apresentamos agora a segun
da edio conjugada dos volumes I e II desta srie.
Fazernos votos que os 56 aux1lios homileticos reunidos neste vul
toso livro continuem a prestar bons servios aos pregadores
em nosso pas.
A ttulo de orientao cabe-nos acrescentar ainda o se
guinte:
1. Os textos sobre os quais se baseiam os auxlios homilticos deste livro pertencem s Sries de Percopes IV,
V e VI da Ordem de Percopes em vigor na IECLB. so textos
das epstolas, dos evangelhos e do Antigo Test i~en t o .
2. ~obe seis tex tos o volume oferece estudos parale los de autores diferentes. O livro contm tambm auxlios
es peciais para a Festa da Colheita (Ao de Graas), Con firmao, Finados, 19 de Maio e 7 de Setembro.
3. O estudo introdutrio ao Evangelho de Mateus, de au
toria do Dr. G. Brakemeier , foi includo no corpo do livro
para ser lido em conexo com os auxlios homileticos sobre
textos de Mateus.
Agradecemos a todos os leitores de PROCLAMAR LIBERTAO
que :olaborararn conosco at aqui, enviando-nos crticas, su
gestoes e incentivos. Agradecemos de modo especial Edito-=ra Sinodal, que preparou a presente reedio e desde o come
o tem apoiado esta srie de Auxlios Homileticos.
Paldur
van
Kaick
fNDICE
Prefcio ............................................... .
Sexta-feira Santa: 2 Corntios 5,14-21
Lindo 1fo Wei ng!::lrtner ................... ............ .. .
Domingo de Pscoa: 1 Corntios 15, 19-28
Walter Altmann/GUnter Wehrmann ...................... .
Domingo Jubilate: Atos 17,16-34
Wi lhe l m Bl::lsemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Domingo de Pentecostes: Romanos 8,1-11
Manfredo Siegle .......................... ..... ........
Dia da Ascenso
Hilmar Kannenberg .....................................
29 Domingo aps Trindade: l Pedro 2, 1-10
Gottfried Brakemeier/Dario Schaeffer ......... . ........
Dia de Aes de Graas: Gnesis 8, 15-22
Uwe Wegner/Bertholdo Weber ... , ........................
79 Domingo aps Trindade: 1 Corntios 6,9-14 (15-17) 18-20
Erhard S. Gerstenberger/Edson Streck ..................
109 Domingo aps Trindade: Romanos 11 ,25-32
. Klaus van der Grijp ................................. ..
Oi a.da Independncia: 1 Pedro 2, 13-17
R' cha rd Wangen ....................................... .
169 D~mingo aps Trindade: 29 Corntios 1,3-7
D' Erv1no Schmidt ......
'.da Reforma: Glatas 5, 1-11
.W1lfrid Buchweitz/Arnoldo M~dche ..................... .
0 '~os Finados: Filipenses 3,20-21
Ehlert~Martin Volkmann ......................... .
01 H~inz
timo Dom. apos Trindade: Apocalipse 4,1-8
Ba 1du r van Ka i ck
19 Domingo. de Adven ~~; l saas
1 5-1 6 ( ~ 64 ,1 -4a
Nelson K1rst
Natal: Lucas 2,i~i4'
63:
l 9)
3
7
16
34
39
47
55
68
85
102
109
119
125
143
.'s' .. 153
159
F E 1 R A
S E X T A
11
o r
Lindolfo
1
n t i o s
S A N T A
5' 14-21
Weing~rtner
Exegese
A pericope
O "recorte" bem poderia iniciar com o vers. li, mas
o intuito de deli~itar o texto ao m x imo pos
s1vel para facilitar o acesso ao seu contedo central.O_trecho no apresenta variantes de peso teolgico,
exceao feita, eventualmente, do versculo 17 - onde os
e~tende-se
).
- 9 cham inseparavelmente entrelaadas, como em todos os escritos de Paulo, mesmo onde no o diz ex pr essis verbis.
16: J que todos morreram, Paulo pode ignorar os 11 va
lores 11 da carne, que para ele j no so valores. Ele no
conhece mais ningum conforme os critrios da carne - nem
a si prprio. De igual forma, no tenta moldar a Cristo
segundo os critrios da carne - mesmo que porventura o te
nha feito antes (no tempo antes de sua converso?). Deve
ser excludo totalmente o evidente desli ze exegtico (Emi 1 Brunner - Der Mittler), que identifica Jesus de Naza
r, o Cristo histrico, com um pretenso "Cristo segundo carne". Um Cristo segundo a carne no existe. Est fora de cogitao que Paulo queira esvaziar a pessoa hist
rica de Jesus de Nazar. O "segundo a carne" adjunto adverbial de "conhecer" - no adjetivo de 11 Cristo 11
17: O contedo da pregao de Paulo a nova vida em
Cristo. Por isto mesmo ele tem de afirmar a morte do homem antigo - para que no se qualifique de vida o que j
superado e condenado. A nossa pregao jamais poder
fugir a essa premissa fundamental.
18: A iniciativa de Deus na obra da reconciliao
de importncia bsica . Os pagos reconciliam, eles prprios, os seus deuses por meio de suas ofertas (pacifica
re deos). Deus age em Cristo como se o homem fosse o o-:
fendido - pedindo, convidando, reconciliando mesmo o que
no o procurara . A palavra grega correspondente a 11 recon
ci 1 iar 11 (katal lagein) contm a raiz 11 al los 11 - 11 di ferente".
Reconciliar tem, pois, o sentido de criar uma situaodi
ferente - de fazer a paz - que antes no existia. com"
a aliana estabelecida com Israel. Ela criada por Deus;
no produto de um convnio entre dois parceiros .
19: Deus no deixou Cristo pagar os pecados do mundo
como um inocente 11 terceiro 11 Ele estava - subsistia - em
Cristo - totalmente identificado com a obra da reconcilia
~o. Esta no o resultado de uma poltica de concesses
mutuas, que por fim devem levar ao estabelecimento de um
acordo (Cristo no um super - Kissinger, que advogue a
reconci 1 i ao a passos pequenos ... ). Deus reconci 1i ou os
homens - de uma vez por todas. Neste fato o homem no pod: mexer m~is. t a base de qualquer palavra de reconcilia
ao - tambem a que proclamamos hoje.
l l
13 -
12 11
A caminho da prdica
Um homem morre - entre dores e suplcios. Abandonado
pelas pessoas que ama, condenado pelos representantes do
poder e da religio - morre morte solitria, pregado numa
cruz. Cruz, que no representava nenhum smbolo santo,mas
que era o instrumento de tortura comum para castigar rebeldes e criminosos. - Alguma novidade? Aparentemente,no.
Milhares j haviam morrido na cruz, antes de Jesus. Mi lha
res morreram morte violenta e injusta depois dele. ave
lha histria, que se prolonga at os nossos dias: Aqueleanimal, chamado homem, odeia, tortura, mata. Por qu? Sabe ele, por qu? Para fazer justia? Dentro dele mesmo h
justia? Ou ele simplesmente pe para fora o que h dentro dele: dio a si mesmo - dio de Caim que odeia tudo:
a Deus, a si mesmo e ao seu irmo Abel ... Homem que vive
na revolta, na inimizade, na inquietude interna - assim
como o peixe vive dentro da gua? Mesmo que ele no se
d conta disso?
A mensagem de hoje que na cruz de Cristo houve novidade - e h novidade. A bem dizer a nica novidade real neste velho mundo.
_I. Cristo no morreu como simples vtima, apagada pe
lo odio. Ele morreu morte ativa - morreu por amor. No morreu para si - por um alvo, um ideal seu. Morreu pelos
homens. E aqui a novidade chega a ficar quente para ti e
para mim: Ele morreu por ti e por mim - morreu por seu
irmo Caim. Pelo rebelde, que vi rara as costas para Deus,
em revolta e desprezo. E a novidade que os que se deixam vencer por este amor, aceitando a morte de Cristo por
eles, recebem a graa de poderem e de quererem - morrer
com Cristo - junto com sua rebelio, seu desespero, seu
medo, seu dio, sua injustia. O velho Ado no consegue
morrer por si. Ele o consegue quando experimenta a maior
graa de Deus - que em Cristo lhe dado o golpe de mise
ricrdia. Aceitamos a graa de podermos morrer com Cris-=to - tu e eu?
2. Mas a cruz de Cristo no s morte. t vida. Deus
o Deus da vida e o Deus dos que vivem. Com a Sexta-fei
ra Santa comea a Pscoa. Nova vida brota do sangue
de
Cristo - vida libertada da revolta do homem antigo - do
homem que quis viver para si e que achou que isso era vi
da: O homem que aceita a morte de Cristo - que morre com
ele - chega a viver de verdade. A experincia do amor de
Cristo to poderosa que no nos deixa outra aiternativa - a no ser de vivermos para ele. Sincronizados com
seu amor.
3. Paulo chama esta vida VIDA EM CRISTO. Como antes
o ~o~m vivera 11 em si mesmo 11 ( 11 ensimesmadc1 1 ) ' preso
na
prrsao do EU, na qual ele mesmo se escondera e se entrin
chei~ara para no precisar olhar a face de Deus, para no
precisar enfrentar a verdade sobre si mesmo e a sua vida
falhada - ele agora passa a viver em uma nova realidade:
EM CRISTO. Lembramos: 11 Como o peixe vive na gua 11 - seu
14 -
15 -
elemento de vida. Ele precisa de gua para poder sobreviver. E ele no quer outra coisa. O homem se entrega a esta nova r~alidade EM CRISTO, na qual os demnios do deses
pero, do odio, do medo, da solido no governam mais. Aan
tiga realidade passou! ... Passou mesmo? Mas eu ainda
sinto - ela me sobressalta, me tenta ... Sim - fora de Cris
to ela ainda existe, e todos ns a experimentamos. Mas EM
CRISTO ela foi superada. Em Cristo o homem pode viver para Cr'.st~ - e isto signifTCa: no amor de Cristo - paraseus 1rmaos.
4. Pois Deus estava - e est - em Cristo, e com o seu
poder e com o seu amor desfaz a antiga realidade escravizadora. O milagre: O mundo se tinha levantado em revolta
~ont '." Deus_ - e Deus no espera, sentado em seu trono de
JUSti?, ate que o mundo venha para ele - para pedir paz.
E1e v~ 1 ao seu encontro para reconc i li ar o homem rebe 1d e.
Isso e mais do que oferecer paz. E'. dar paz. Deus vai at
0 ~onto da maior perdiao do homem -:-Onde o dio parece
tri~nfar. E no momento em que toda a real idade humana parecia provar: Deus voltou as costas ao mundo - ele abando
nou .homem definitivamente, entregando-o a seu destino ~recido - neste momento Deus diz: Eu estou aqui, contigo.
uero reconciliar-me contigo. V que eu falo srio - v o
preo que pago: Meu Filho, que morre em teu lugar . No se
g~res mais a tua vida antiga. Solta as barras de tua pri-=sao. Solta a ti mesmo. Segura a minha mo. V os braos
estendidos de Cristo. So meus braos estendidos para receber a ti, o rebelde. V - eu fui ao teu lugar - identifiquei:me contigo em teu maior desespero. Tomei sobre mim
0
qu~ e teu. Tiro de ti o teu fardo todo - para dar-te
o
que e i:eu: minha justia, minha paz, meu amor. Recebe-o
~ara ti e passa-o adiante. V que eu te peo. Nas palavras
e meus mensage~ros eu te solicito: Reconcilia-te comigo.
5. Uma canao de cristos negros dos Estados Unidos:
''E stavas presente, quando o pregaram
'
cruz?
Estavas presente, quando lhe trespassaram as mos?
Estavas presente, quando ele gritou: Meu Deus, por
que me abandonaste ?''
11
s vezes acontece que eu estou presente - e ento
tremo, tremo, tremo ... 11
A morte de Cristo realidade para tremer mesmo. Porque nela se revelam o juzo e a graa de Deus . E na presen
a de Deus muito natural que tremamos. - Ests presenteonde o Cristo morre, onde o juzo de Deus se manifesta? O
teu corao t.reme? Tua cansei nci a te acusa? Tua vi da ego
cntrica, tua falta de amor te condenam? Bem-aventurado s, se assim for e se agora no te esconderes de Deus. Pois ele est voltado para ti, no levando em conta a tua
culpa, no exigindo prestao de contas de tua vida antiga
- s levando em conta o seu amor - que no quer destruir,
mas salvar. - E escuta: Deus pede. Ele pede a ti, o culpa
do, para que te reconcilies com ele. De uma vez para sem
pre. E eu estou aqui para dar-te o recado. S para isso.Estou aqui como embaixador de Deus para em humildade oferecer a ti o que foi oferecido tambm a mim. Reconciliao incondicional com Deus, meu e teu Pai e Criador. - E
no s eu recebi a tarefa. Todos os cristos a receberam.
E tudo o que falarem, tudo o que fizerem, dever e poder
traduzir aquele pedido de Deus: 11 Reconci li ai-vos comigo 11
A reconci 1 iao entre os homens? Entre ti e teu esposo ou
tua esposa, teu vizinho, teu colega de trabalho? Esta reconciliao est feita, consumada, no momento em que acei
tares a reconciliao que Deus te oferece. Porque ela
que permite que vivamos uma vida em comunho onde o seu a
mor a fonte de nossas aes - de nossa nova existncia~
16 -
DOM
N G O
lCor1nt
DE
o s
PSCOA
15,19-28
Walter Altmann
1 - PARA A REFLEXO MOTIVADORA
17 -
ca festiva, encontra-a repleta de gente. Na Pscoa haver menos gente do que dais dias a ntes, na Sexta-feira da
Paixo mas ainda sero mais do que nos domingos 11 comuns 11
Muit os ' rostos, o pastor no se reco rda de jamais have-los
visto. Mas ele no se surpreende. J o esperava. A experincia de anos anteriores no lhe permitiu se equivocar.
Ar mou-se intimamente para a grande chance qu~ lhe proporcionada ou ento pa~a o i nev i tve l d~ a de a rduo t :aba1ho (f r ustrando o convivi o com sua fam1 lia). Mas afinal,
o que fazer desse culto de Pscoa, mais um numa seqncia de todos os anos?
O que traz ao culto aquelas fisionomias desconhecidas
e o que aumenta nesses dias a e xpectativa dos participantes costumeiros? Por certo, podemos mencionar o peso
da
tradico a reminiscncia do passado, da infncia. Isso
est cer~o; mas ainda no identifica o corao que mantm
vivas e atuantes a tradio e a reminiscncia. Trata-se,
a meu ver, da fora da religio como compensao pela rdua vida. Festeja-se algo misterioso: na Pscoa a ressu..!:..
reiao de Cristo, que no se compreende bem, est basta~
te distante, mas d um certo alvio igualmente inexplicavel, tamb m misterioso. Nesse conte xto, a Santa Ceia
ou
me smo a confirmao, se praticadas nesse dia, servem para
intensificar essa sensao.
Est claro que a Pscoa e ma i s algumas datas espordi
cas (Sexta-feira da Paixo, Finados, Natal, etc.) j sao
muito pouco para preencher as lacunas de religiosidad: abertas com a crescente agitao da vida urbana, relaoes
de t r abalho esgotantes, mecanizao acompanhada de parale
lo aviltament o do ser humano nas regies rurais, falta de
perspectiva de ascenso profissional e social, insegurana econmica (endividamento, compromissos de prestae s),
bloqueio das possibilidades de participao na vida pbli_
ca, exposio propaganda comercial desenfreada e psicologicamente programada, incapacidade de educao dos f ilhos no novo contexto com seu simultneo desequi l(brio f a
miliar. Eu dizia que as datas de pra xes li t rgicas tradi-:cionalmente oferecidas j no conseguem compensar a acel~
radamente crescente presso e opresso que pesa sobre no~
so homem. Conseqe ntemente no conseguem satisfazer
sua
progressiva necessidade 11 religiosa 11
- sabido
- que o consumo d e d
_e na vida. - E
tambem
rogas e uma forma de recolhimento e criao de um mundo
novo compensatrio para o mundo real experimentado como a
gressivo.
Ou ento o homem procura outras religies, cujo espec
trovai desde as prticas orientais de meditao (recolhi
menta a um mundo interior) at a umbanda (com seu xtasedesenfreado), passando pelo pentecostalismo (batismo
do
Esprito S~nto, glossolalia) e o espiritismo (comunicao
com os esp1ritos de falecidos). Sempre h a criao de u-
19 -
20
- 21
11
A. Contexto
lmp~icitamente ja estivemos falando de nosso texto.
A l Cor1ntios culmina com o captulo 15. A ressurreiao
de Cristo corno fonte de nossa esperana e pugna o tem~
da carta. A cruz de Cristo sua base, enunciada no capi
tulo 1 (18-25). Da cruz ressurreio, assim transcorre
essa carta. Contudo, no como um relato distanciado
de
um aconteci menta surpreendente e mi racu 1oso, mas sim como~ determinao de Deus para a vida da comunidade de
Corinto. E para a nossa vida. Ns, comunidade de Cristo
morto e ressurreto, nos dias de hoje, somos marcados, to
macios e jogados em movimento por essa dupla realidade:
morte e a ressurreio. Andamos sempre da cruz para
a
pascoa.
inerente f no ressurreto o impulso para frente.
Sempre que queremos dissolver essa realidade dupla, auto
nomamente, camos na morte. Os corntios no negavam dou
trina~iamente a ressurreio, como pode parecer. Pelo contrario, afirmavam que j tinham a ressurreio pronta,
a:abada, em seu entusiasmo, na exaltao, na fora do Esp1 ri to. Paulo inverte a direo, quebrando a exaltao
22
- 24 de acomodao e resignao que os demais experimentam como falsidade e traio, mas que o prprio experimenta como rendio numa guerra pessoal perdida.
Exemplo: O jovem crtico e abnegado que se torna um
profissional acomodado e interesseiro. Ou: O estudante de
teologia crtico que se torna um pastor ditatorial ourotineiro. No so s interesses prprios e egosmo que motivaram tal mudana; so tambm esperanas mortas que
a1
se expressam.
3. H situaes de desesperana que violentam a digni
dade do homem. (Vide tudo quanto foi dito na parte 11.)
Estabelecem-se poderes e sistemas que no do margem
a participao e criatividade do homem, vendo-se este for
ado s compensaes religiosas pelas esperanas frustra-=das .. A se v que o t~ma esperana - desesperana no af~
ta simplesmente individuas e circunstncias particulares
de sua vida, mas coletividades inteiras, todo um povo (por
exemplo, sob uma ditadura) ou at mesmo a humanidade (por
exemplo, a ameaa provinda dos problemas ecolgicos)
B. "Nossa esperana no morre jamais 11
Dessa esperana nos fala o apstolo Paulo.
l. No precisamos viver sem esperana.
Aqui se inserem as reflexes sobre o nosso momento co
mo nterim entre a ressurreio de Cristo e o fim no Rei-=no de Deus (parte 111 B). Toda frustrao foi absorvi da
pela morte desse um: Jesus Cristo. No h profundidade de
desespero que no estivesse nele, que no pudesse ser la~
~a~a_sobre ele, acarretando libertao. H aqui a substiui ao de ~odas as nossas esperanas que morrem {por depe~
derem de nos) por uma esperana de que narti ci pamos at i vamente, mas est decidida por quem j e ser vitorioso.
Conseq"uen t emente nossas frustraes so transformadas. As
causas pa~a elas continuam: nossos fracassos, rejeies
que experimentamos, poderes que nos so adversos. No entan
to, todos eles j no levam frustrao desesperada, massao restringidos tribulao com sentido (Rm 5,3).
2 . A esperana certa leva perseverana.
Aqui se inserem as reflexes sobre o nosso momento como caminho entre a Pscoa e o fim (parte 111 B). Cristo e
ja agora senhor do mundo. Ainda contestado. Por isso
~empo d~
25 -
- 27 -
- 26
DOMINGO
o r
n t
DE
i o s
PSCOA
15,19-28
Gnter K. F. Wehrrnann
1 -
dos: l) Cristo o primeiro; 2) o primeiro caso constitutivo para os outros; 3) at agora ele o unico .
ad 23: Agora convm ler" ... como primeiro . .. ", po i s
trata-se de ordem; sugiro l er " ... na sua vo 1ta", pois el e j veio;
ad 24: Sugiro ler 11 dep o is que tiver destrudo todo principado, bem como toda potestade e poder", po is tra
ta-se de poder qualquer, fora de Deus;
ad 25: O termo "convm" mui to fraco, no expressa a
dequadamente o termo grego; leia como NT Taiz "Porque e
preciso . .. ";
ad 28: " . . . a fim de que Deus seja tud o em todos" esta a traduo mais fi e l e compreensiva. As outra~
tradues so mais limitadas no sentido, embora sejam uteis para a medi tao:" . .. seja absolutairente supremo"
(assim NT Vivo) ou" ... Deus reinar completamente sobre
tudo" assim a Bbli a na linguagem de Hoj e ).
11
Conte xto
29 -
- 31
30
Rm 5,12 ss}. Cristo vive em ns e ns nele. Est a nov a vida de Cristo recebemos atravs da palavra da vida (Fp 2,
16; 2 Tm l,10) e do poder criador do Esprito que vi v ifica (Rm 8,2.6. lOss; 1 Co 15,45). Esta nova vi da no se r e tira do dia-a-dia neste mundo, mas serve a Deus em qualquer situao e 1 ugar, amando ao prxi mo. Vi vemos em e com
Cristo ( 11 syn 11 ) .
Esta nova vida vivemos de maneira dialtica, isto e:
pela f j participamos da nova vida de Cristo e conviven
do com Ele estamos sendo tranformados, j agora. Ainda vi
vemos, porm, neste mundo, no qual h tentao por parte
do mal, e portanto tambm h possibilidade de cair, afastando-nos de Cristo. Por isso Paulo insiste no indicativo
11
do J agora 11 , deduzindo dele o imperativo para lutarmos
na fe, vencendo a velha vida. A tenso, porm, entre o
11
j agora 11 e o 11 ai nda no 11 continua existindo. Quem a d is
solve, torna-se gnstico ou incrdulo.
Mas a ressurreio de Cristo a garantia de nossa
ressurreio para a vida eterna (l Co 15,22). Esta nova
vida que Cristo nos d j hoje (perdo, paz, comunho c o m
Deus e os homens) aponta para a vida eterna ou um ref 1~
xo dela, mas no ela mesma. Pois o alvo, o fim, a finalidade que Cristo derrube e elimine totalmente o maior
inimigo, a morte. Assim, vida eterna j temos hoje, em
parte, e a teremos entao na sua plenitude.
. A mudana desta vida passageira para a eterna Paulo!._
mag1na confor~a a tradio apocalptica (Cf 1 Ts 4). A vi_
da eterna sera corporal (l Co 15,35; 2 Co 5, lss), ser um
ve'. de face a face (l Co 13, 12), ser justia, paz e aleg'.1~ lRm 14, 17), glria (doxa - 2 Co 3 8s)
ou um ser glo
r1f1 ca d o (R.m 8 ,17,
) mas sobretudo ~er ' um . ser
'
co~ Cristo( 1 Ts 4,17, 2 Co 5,8; Fp 1,23). Hoje em dia se diz que es
tes ~erm?s seriam pouco adequados por serem apocal pticos
ou m1tologicos. Pois bem, so inadequados e s o podem
ser, porque o ser humano s pode falar humanamente do eterno . E, sabendo que so inadequados, pode e deve-se falar em qua~ros que por si deixam transparecer o eterno.
Caso contrario, fala-se de maneira abstrata e fria, ou
deixa-se de falar; e ambas as coisas so contra a vontade
de Deus .
Os termos ''entregar o reino ... 11 , ''depois de terdestrudo . .. 11, 11 reine .. . 11 , 11 sujeitar 11 , 11 subordinar 11 (v 24-28)
- 33 -
- 32 estar presente na Pscoa, pois a estaro mais os "fiis11. Seria bom pensar se no seria conveniente pregar
sobre este texto na Sexta-feira Santa, destacando especialrrente os vs 19 e 20.
Se pregarmos sobre este texto na Piiscoa, no adi antar xingar os fiis pelo fato de a igreja estar vazia (alis, isto nunca recomendvel), mas deve-se testemunhar
o evangelho da Pscoa; deve-se dizer que no meio de um .
mundo ameaado e circundado pela efemeridade e caracter~
zado por esperanas enganadoras e frustradoras e por me do
de doena e morte, existe um ''Agora, porem
... 11
Cristo foi ressuscitado em favor de ns (lembre-se do
triplo sentido de primcias). Esta a base firme de nossa esperana pela nova vida, j agora e ento.
_
Convivendo com Cristo hoje, j agora temos perdao,paz
e unio com Deus e homens; isto um reflexo, sim, um antegozo da eternidade. Ainda estamos, porm, neste mundo
e
conseqentemente somos tentados por aqueles poderes destruidores supra-citados. Assim sofremos, mas no perecemos. A ltima palavra sobre o nosso destino temporrio e
eterno no tero, porm, estes poderes; pois a ltima palavra sobre o nosso destino o Cristo ressurreto j disse no
v 26 e dir no fim dos tempos. O ltimo inimigo ser destrudo totalmente; a morte ser eliminada; Cristo nos re~
suscitar com novo corpo, corpo que no mais peca nem mo_c
re. Ento no mais haver alienao; estaremos com D=us.
Ento Deus se r tudo em todos e todas as coisas. En tao to
das as prorressas, anunciadas pelos profetas e pelo ~rp'.io
Jesus, sero cumpridas. Ento a vontade de Deus sera fet ta. Ento haver paz, justia, alegria, amor sem fim.
Este evangelho capacita e anima os cristos para se
deixarem envolver por Cristo, j vivendo, em parte, esta
nova vida e se deixando enviar como testemunhas autnticas (em palavra e ao), assim como as mulheres, voltando
do sepulcro, anunciaram: 11 Ns vimos o Senhor ressuscitado".
teste o testemunho do qual a nossa comunidade, a igreja
e o nosso mundo necessitam.
VI - Sugesto de disposio para a prdica
A - Introduo: Quando os missionrios na frica (Togo) , conforme costume, perguntavam ao cacique: "Quais
as
- 34 DOMINGO
At o s
J U B 1 L A T E
17,16-34
Wilhelm B!jsemann
Preliminares
- 35 os "esticos". Os dois grupos reagem de maneira diferente pregao de Paulo: 11 Que quer dizer esse tagarela?
(esse conversador) 11 . Os outros esto interessados, presu
mindo que Paulo seja representante de 11 daimonia 11 at ento
no conhecidos por eles. Eles gostariam de ouvir mais s~
bre a nova doutrina. Por isso Paulo levado para o monte chamado ''Arepago", antigamente 1oca l do foro e de d i ~
cursos pblicos. Paulo no se nega de ir junto,_e sim,~
provei ta a oportunidade para anunciar aos cidadaos de Atenas o verdadeiro Deus.
V 22-31: Como ponto de partida Paulo escolhe a extr~
ordinria religiosidade dos seus ouvintes. Ele faladeum
altar que, por causa da inscrio, chamou a ~ua ateno:
"Ao Deus Desconhecido". Esta inscrio lhe da o tema para a sua pregao. O termo "theos" em vez de "daimonia~
(v 18) e a forma do singular em lugar do plural (questoes muito discutidas entre os exegetas) fazem com que Pau
lo possa identificar o DEUS DESCONHECIDO com o Deus daBi
blia. Ele pressupe que os gentios no esto sabendo quem
este DEUS, aparenteme~te u~:ntre ~uitos, no o Deus de
todos os deuses. Mas a 1nscr1ao esta aberta para o conceito cristo do Deus universal. Esta abertura Paulo aprovei ta e, portanto, o tema da sua pregao na realidade no "O Deus Desconhecido", e sim "0 Deus universal"
(veja Calwer Predigthi lfen , Vol. 8, pg. 239). Este t~
ma agora desenvolvido a partir do v 24: O "Deus Desconhecido" o Deus "que fez o mundo e tudo o que nele existe". Ele 0 "Senhor do cu e da terra". Usando o te.!:_
11
mo kosmos 11 ele se serve de um dos termos gregos mais
'
.
centrais, interpretando assim aos seus ouvintes _pagaos a
passagem Is 42,5. Alm disso, a palavra "tudo" e usada
de maneira acentuada: Deus fez "tudo" o que existe nomun
do (24), "todos" receberam a vida dele (25) e ele fez "t:o
da" a raa humana para habitar sobre toda a face da terra.
Este Deus no se deixa prender em temp 1os (24) , ele
no se deixa "trabalhar" (manipular) "pela arte e imaginao do homem" (29). Deus no se deixa medir com medi da
humana, ele universal. Mas como Deus universal ele est perto de cada um, "nele vivemos, e nos movemos, e ex i s ti mos" ( 2 7s) .
36 -
- 37 menta no nada negativo, no contra a vontade de Deus. A universalidade j foi prevista pelo criador na cria
o: 11 de um s fez toda raa humana" (26). Desde a cri a~
o a humanidade era uma.
Apesar da univers"ffzao atravs da tcnica e
das
cincias, a humanidade permanecer desunida,no entanto,
"enquanto no venerar um Deus, uma verdade, uma justia".
O nosso problema talvezno sejam tanto os 11 1dol<_?s 11 , mas,
como os atenienses, tambm a humanidade de hoje e, a seu
modo, "acentuadamente religiosa". No f<1lt.::im construes
filosficas, ideolgicas e religiosas que prometem a comunho e a unio universal, justia e paz. A comunho,po
rm, no ser estabelecida atravs de sistemas fi losfi~
cose ideolgicos nem religiosos. Ela acontecer unicamente por meio daquele Senhor que, desde a Pscoa,
o
Senhor de toda a humanidade, e no por pensamentos humanos. Deste fato parte a misso mundial da igreja. Ela no
propaga pensamentos humanos, nem a si prpria. Ela
no
tem a sua motivao na perdio do h?rrem. ~la quer some~
te uma coisa: anunciar que o Ressusc1 tado e o Senhor
e
que somente nele a humanidade pode encontrar a comunho
e unio desejadas.
Reconhecer que Jesus o Senhor do mundo arrepender-se, renunciar aos outros "deuses". Os gentios de A
tenas prenderam Deus em santurios "trabalhados pela ar~
te e imaginao do homem". A crista~dade corre o perigo
de prender Deus em sistemas doutrinarias e formas culturais. Por isso ela deve perguntar-se se no vale tambm
para ela o chamado para o arrependimento.
IV - A prdica
O domingo Jubi late cai na poca ps-pascal. A perco
pe oferece uma boa possibi !idade para o pregador de fa~
lar mais uma vez sobre a ressurreio de Jesus, mais pre
cisamente: sobre o significado da ressurreio para ah~
man idade.
A introduo deveria conduzir o ouvinte da sua isola
o interna para o horizonte universal da mensagem
de
Cristo. A seguir poderia ser mostrado que a humanidade
constantemente (religiosamente!) est procura de algo
que d segurana, uma base firme para todos (nacional is-
- 39 -
de
243s.)
V - Bibliografia
BRElT, Herbert & GOPPELT, Leonhard: eds . Calwer Pr e digthilfen. Stuttgart, Calwer Verlag, vol. 8, pag. 238ss.
- SOUCEK, J. B.: Meditao sobre At 17,16-34. ln: Gtlttinger Predigt-Meditationen. Gtlttingen, Vandenhoeck
& Ru preht, 1964, caderno 2. - HAENCHEN, Ernst. Di e Apost e lg e schichte. ln: Kritisch-exegetischer Kommentar Uber das Ne ue Testament. Gtlttingen, Vandenhoeck & Ruprecht, 1961. STIDiLIN, Gustav. Die Apostelgeschichte . ln: Das Neue Testament Deutsch. G8ttingen, Vandenhoeck & Ruprecht, 1962.
- VERBAND der Ev. Pfarrervereine in Deutschland e . V.,
ed . Deutsches Pfarrerblatt. Ano 70, pg. 45.
DOM
N G O
R o ma n o s
DE
P E NT E COS T E S
8, 1-11
Manfredo Siegle
Traduo
- 40 l - Diviso do texto
V l: O 11 estar em Cristo 11 tem como conseqUncia: ser
arrebatado da condenao eterna.
Vss 2-4: Caracterizam a nova vida daquele que coloca sua vida sob o senhorio de Cristo.
Vss 5-8: Revelam o que significa vida verdadeira ou
morte. Quem tiver sua vida estampada pelo Espri to
de
Deus, tem a vida verdadeira, tem paz e comunho com Deus. Quem, por outro lado, tiver sua vida marcada pela _
carne, pelo 11 Eu 11 , que procura justificar-se por si_proprio perante Deus, tem metas humanas, que conduzem a mor
te e no tem futuro.
Vss 9-11: Somos de Cristo, se o seu Esprito se assenhoreou de ns. Este Esprito em ns (=este Cristo
em ns) tem poder de transformao e de renovao.
Obs. O 8C: captulo da carta aos Romanos est_inser~
do no grupo de percopes que inicia com o 5<? cap1 tu lo e
trata da vida no novo on. A nossa percope fala, em=~
pecial, da libertao do homem da morte e da condenaao
eterna.
11 - Exegese
V 1: O captulo 8 inicia com as palavras "agora, pois", indicando tratar-se da confirmao de algo j expresso anteriormente, mais precisamente nos versculos
l a 6 do captulo anterior. Para os que "esto em Cri sto", isto , para aqueles que vivem sob o senhorio
de
Cristo (e no em unio mstica com Cristo~) o pecado,
despertado no homem pela lei (Rm 7,7ss), est condenado.
Paul o l:mbra-se, em espec ia 1 , do evento de G l gota. P ara o apostolo, 11 estar em Cristo11 idntico ao "estar
no Esprito 11 (V 9) ou permitir que o 11 Esprito de Deus 11
habite em ns (V 9). Uma trplice realidade, mas que em
seu contedo expressa uma nica verdade . O versculo em
apreo j revela o ar de libertao, que emana da percope toda. Libertao para uma nova existncia, caract~
rizada pelos termos 11 paz e vida verdadei ra 11 (V 6).
Vss 2-4: Libertao 11 da lei do pecado e da morte 11
o que experimentam aqueles que 11 esto em Cristo". A lei
do Esprito no separa s da morte e do pecado, mas tam
41
- 42 (V 7), ou vivemos sob o poder do Esprito, recebendo gratuitamente "paz e vida" (V 6). Levar uma vida marcada pela ca~ne afasta de Deus, ao passo que vida vivida segundo
o Espirita dele aproxima.
A comunidade crist para o apstolo Paulo um "corpus permi xtum", onde h fa 1sas testemunhas e membros i ndi gnos, mas ao mesmo tempo o campo onde atua o poder
do Esprito.
Vss 9-11: Discpulo aquele que tem o Esprito;
"quem no o tiver no dele" (V 9). O Espri to que se a~
senhoreia do discpulo no uma grandeza que atua isoladamente no ser humano. Muito pelo contrrio, o Espri to
sempre deve;r estar colocado sob a ao do prprio Cristo.
Cristo esta presente, neste mundo, atravs do Esprito.
11
11
Estar no Esp1rito
'
nada mais e- do que um sinnimo
para
11
:star em Cristo 11 No poderemos ser discpulos se o Espi_
rito, ou melhor, se Cristo no estiver em ns. J no Batismo fomos presenteados com o Esprito (Rm 6, lss). Quem
for vivificado pelo Esprito de Deus, agir segundo a von
tade de Deus, isto , agir "em justia 11
~aulo cr numa transformao total do homem (Fl 3,21).
0 _apostolo baseia esta sua esperana no fato de Deus, atra
ves do seu Esprito, ter ressuscitado a Jesus Cristo den-tre os mortos. Do nada, do caos, Deus criou o mundo (Gn 1);
d? silncio da morte, da sepultura, Deus criou nova vida,
vida verdadeira, que no est limitada pelo poder da morte.
Para o apstolo Paulo o ato de salvao no consiste
no fato de ter sido o homem 1 iberto do seu corpo, mas sim
do pecado e ~a morte. Este ato no concedi do, paulatinamente, atraves de um processo interior no homem, mas nos
dBad?, de graa, atravs do renascimento no Esprito - no
at1smo.
1 - Escopo
O que a lei de Moiss no conseguiu fazer - i mpe 1 indo
homem a construir por conta prpri a um mundo novo (e um
homem novo) - Cristo o fez. O homem que no vive a partir
da imposio do seu "Eu", mas que confessa o senhorio de
Cristo,_est livre para viver em paz consigo mesmo e sera
um embaixador da paz e da justia neste mundo.
0
43 -
- 45 -
- 44 O ser humano, desde a sua gnese, fora convidado a colocar-se ao la~o de Deus, vivendo a sua vontade. Por esta
razo, o Criador estabeleceu ordens e mandamentos como
sinal da aliana com o seu P:'. Foi exatamente em relao a este pedido de cooperaao, colocando-se ao 1 ado de
Deus, que o homem fracassou. Ele entende~ os mandamentos
como um trabalho a ser concludo; conclui da esta tarefa,
pensou que tivesse feito o suficiente e que agora pudesse realizar o que bem entendia e viver a seu bel-prazer.
O apstolo Paulo chama este tipo de vida de "viver ~egu~
do a carne". O homem perverteu a lei. Destarte a lei
de
Deus, que originalmente era boa, resultou em 11 lei dopecado e da morte". Ao invs de aproximar, a lei afastou
de Deus. Nesta situao Deus poderia !er a~iqui lado o ho
mem desobediente. A ao de Deus, porem, nao tem como o~
jetivo destruir o homem em si, mas sim destruir o pecado,
aquelabarreiracolocadaentre Deus e o homem. E o <:m~ate
contra o pecado deu-se atravs do envio do seu propri o
Filho, Jesus Cristo. A luta contra o poder do pecado re~
liza-se na vida humana, onde o pecado age.
Agora existe para ns um lugar onde experimentamos a
libertao da condenao eterna. Para o apstolo este lu
gar idntico ao 11 estar em Cristo". Quem vive sob o senhorio de Cristo, no mais procura ver-se livre de Deus,
aps ter executado, talvez com esmero, o seu trabalho,
dando cumprimento s leis de Deus. Ao mesmo tempo em que
Cristo torna-se Senhor das nossas vi das, d-nos o seu Es
prito. O homem que foi colocado sobre um novo fundamento, e cujo Senhor agora Cristo, no mais ser impelido
a construir, comas prprias mos, a estrada que conduz
a Deus. Essa tentativa no ter a 1 iberdade como fruto,
mas sim resultar num beco sem futuro e sem esperana.
A igreja institucionalizada tambm se v, com freqncia, tentada a viver por conta prpria, procurando
impor-se, procurando isolar 11 os chatos 11 , aqueles que incomodam em seu sei o (vi de M. Lutero) . A funo e a mi sso da igreja no a de isolar, mas de prestar servio.
Uma igreja que procura impor-se, somente para conseguir
maior prestgio, maior brilho exterior e maiores favores,
na concepo paul ina "vive segundo a carne 11 , e vi ver segundo a carne tem corno futuro a morte (V 6). A vi da
da
li
11
de Jesus Cristo, que une e reune.
Paz e vida
nao
sao
1deais extravagantes e visionrios, mas sim j podem ser
real idade vivida aqui e agora.
IV - Plano de Prdica
(corno sugesto)
- 47 -
TB"";b)
f) para a criatividade daquele que est "em Cristo"
18,ll)
V - Bibliografia
ALTHAUS, Paul. Der Brief andieRlmer. ln: Das Neue Testament Deutsch. 109 ed., G8ttingen, Vandenhoeck & Ruprecht,
1966. - BARTH, Karl. Kurze Erkllfrung des RIJmerbriefes .MUnchen/Harnburg, Siebenstern Taschenbuch-Verlag, 1967. - BUL_!
MANN, Rudolf. Theologie des Neuen Tes tamentes. 49 e d. , TUbingen, 1961. - KAESEMANN, Ernst. An die Rlmer. ln: Handbuch zum Neuen Testament. Tlibingen, 1973. - TlBBE,Jo~
Geist und Leben (E1ne Auslegung von Rlmer 8). ln: Biblische Studien. Neukirchen, 1965.
AS C E NS O
o s s e n s e s
l '15-23
Hi lmar Kannenberg
1 - P re l i mi na re s
A carta aos Colossenses volta-se contra uma heresia
que proclama poderes alheios f crist ("principados
e_potestades") como determinantes no mundo. Para os cris
ta?s i~t? tem consequncias na vida: Prticas ascticas-:lei s r1g1das sobre comida, bebida, circunciso etc a se
rem respeitadas; em uma palavra, legalismo.
. A heresia atinge em cheio a exclusividade do senhorio de Jesus Cristo, escravizando novamente o homem libertado da ]e i.
. O centro da proclamao da carta uma decorrncia
direta desta situao entre os cristos de Colossos
procedentes do helenismo e do judasmo e agora competa~nt: ab~lados com as doutrinas dos herejes, de procedn
eia Juda1co-sincretistas.
Cristo o nico Senhor do universo e da igreJa como
nov a criaao;
Cristo
e- o pr1me1ro
entre as criaturas de
Deus (e, portanto, nenhuma potestade pode sequer estar
seu lado) e o primeiro entre as novas criaturas de
D~us (os ressurretos). Ele derrotou todos os poderes cs
m'.cos. Por conseguinte os crentes esto livres do lega-11 smo.
Toda esta argumentao parte de uma "profisso de f 11
(v l 4-20)' a qua 1 forma o centro de toda a carta, assim
subdividida:
Saudao ( l s), ao de graas (3-8) e intercesso (9-11) conduzem ao "credo" (12-20) , o ne
d Cr1stoeprofes
d o como Criador
sa
S
1
d
.
do ueos .-.
e avaorun1versaleemconseqncia
de (21-23) f1e1s devem viver de acordo com esta realida Segue uma palavra pessoal do autor, onde el e mostra a tarefa 0
..
(1 24 2 S)
'
regozijo e a afliao do apostolado
0
-~ agora vem o confronto direto e polmico
com os ereJeS (2,6-23), onde o batismo como morte para
t pedcado e ressurreio para a vida forma o centro mosran o que
11
,
a c 1rcunc1sao de Cristo" aconteceu como der-
' 'h
48 -
49 -
1 1 - Me d i ta o
- 50 homens. Pois: "Ele e a imagem d~ Deus invisvel". E como tal no existe outra revelaao para o crente fora d e
Jesus Cristo, nem a sabedoria, nem qualquer outro poder
ou principado.
.
.
Todos os poderes e principados, filosc:?f1as e 1d=o~o
gias foram destronados. Acontece que ele e o primog~n1to.
11
Ele est acima e por cima de tudo e de todos.
Ele e o
cabea de todo o principado e potestade (2, 10); ele os
derrotou, os exps publicamente e triunfoLJ sobre eles na
cruzC) 11 (2,15).
_
Alis, no poderia ser diferente. Como pode alguem
ou alguma coisa arrogar para si o direito de primognito
e com isto de poder, se nJo passa de uma mera e simples
criatura do primognito da criao? Acontece qu: to~as
as coisas foram criadas nele. Por conseguinte nao ha nada igual e muito menos superior a ele.
_
_
Assim dito aos crentes de Colossos que nao ha p o deres nos cus e sobre a terra, no h coisas visveis
ou invisveis, corno tronos, soberanias, principados ou
potestades, que sejam iguais ou mesmo si mi lares a Jesus
Cristo . Ele tudo fez. E mais do que isso: Ele quer que
tudo esteja a seu servio e sob a sua ao, pois tudo e xiste graas a ele . Ningum pode arrogar-se o direi to de
querer qualificar poderes que assumam a chefia ou influncia na igreja. A igreja o seu corpo e como tal
tem um s Senhor: Jesus Cristo.
Tudo se concentra em Cristo. Dele tudo vem e para
ele tudo vai . Ele a base de tudo, o encontro entr e
Deus e o mundo, entre Deus e o homem. Encontro que se
torna visvel na igreja, da qual ele o cabea.
51
- 55 -
V - Bibliografia
KXSEMANN, Ernst. Kolosserbrief. ln: Die Re ligion in
Geschichte und Gegenwart (RGG), enciclopedia ed. por
Kurt Galling e outros, tomo 3, col 1727/28, 3~ ed., Ve rl
Mohr, 1959. RENDTORFF, He inrich. Der Bri ef an di e
Ko losser. ln: NTD, Vandenhoeck & Ruprecht, Gl::lttingen, 1955.
MARXSEN, Willi. Einleitung in das Neue Testament, 2 ~ ed,
Giltersloher Verlagshaus, 1963. Calw e r Predigthi l fe n, tomo 8, pg 238-244, Calwer Verlag, Stuttgart, 1969.
2'?
D O M 1 N G O
P e d r o
A P S
T R 1 N D A D E
2, 1_10
Go ttfri e d Brakemeier
Preliminares
1 -
Observaes exegticas
O trecho 2, 1-10 d continuidade a uma srie de exorta-
- 57 -
- 56 -
- 59 -
pergun t a, onde na p r t ica isto se verifica. A prdica de ve pe r manecer autn ti ca. Ambos os pe rigos indicados poder o se r ev i tados unicamente atravs de rgida observao
da inten o do texto: Ele no fal2 daqui lo que nas comuni
dades da sia Menor acontece, seja em sentido positivo ou
negativo, mas daqui lo que produz comunidade. Ele fala daque la realidade, a partir da qual comunidade pode viver e
que lhe dada na medida em que se estribar no evangelho.
Cer t ament e t a mb m naquelas jovens comunidades do pr imeiro
sculo nem tudo ia de bem a melhor (vejamos os problemas
com os quais o apstolo Paulo se debate nas suas comunida
des!). Entretanto, comunidade, em ltima anlise, no vi=
ve do que ela por si mes ma ,ela vive do seu Senhor e
isto significa tamb m: Ela vive do perdo dos seus pecados. No h razo para se i 1ud ir s obre a realidade precria de muitas das nossas comunidades, mas tambm no
h
razo para resignar; pois, embora sintamos dolorosamente
a nossa imperfeio, sabemos que o esteio da comunidade
est e m Cristo, no em ns.
Por isto no aconselhvel comear na prdica com o
imperativo. O p regador mostre, muito antes, o que a comunidad e pode e capaz de ser.
Para tanto alguns exemplos:
a) Ela tem as condies de ser o lugar onde se renuncia a toda maldad e . Qual a necessidade que temos de maledicncias, hipocrisias, etc? Por que destrumos
comunho? Deus assim no procedeu para conosco. Maldade
nao
precisa ser.
b) Ela possui uma fonte de vida sem igual. Ela pode
ter um alimento que sacia e proporciona vida mais rica.
Se este alimento existe, no loucura desprez-lo?
c) Ela pode constituir-se em casa espiritual. Ela pode ser lar, onde possvel sentir-se "em casa" neste mun
do pela comunho de irmos. Esta comunho surge onde
a
maldade extinta e onde se sabe que vivemos de cada pala
vra que pr ocede da boca de Deus (Mt 4,4). Na sua qual ida=
de de casa espiritual ela ser o lugar da presena de Deus. _Ela pode ser isto, pois a pedra angular, Jesus Cristo,
esta lanada.
d) Ela tem a chance de ser comunidade viva. Pois se
Cristo vive (se ele a pedra viva) , no h razo para ser
mos mo rtos.
- 61 -
- 60 e) Ela pode ser sacerdcio santo e real . Isto s i gnifica que ela encarregada_de r:nde~ culto a _Deus n o mun
do atravs de palavra e aao, nao so aos domingos, mas.
tambm nos dias teis da semana. Deus destinou a comunidade a ser sacerdcio . Cada qual realizar este sace r dcio de modo diferente e, no obstante, todos com a me sma
finalidade e todos na mesma solidariedade. Qual o obstculo que impede a realizao deste sacerdcio?
f) A comunidade tem o privilgio de louvar a Deus no
mundo, de anunciar o poder de Deus do qual ela vive. Ela
tem a honra de transmitir o chamado de Deus que transfere das trevas para a luz, e de proclamar os dire i tos
de
Deus neste mundo.
Tudo isto, porm, nem sempre tarefa fcil, pais De
us encontra resist~ncia neste mundo . A pedra angular
d~
comunidade tambm a pedra de tropeo. No esqu~a~os.
isto para no cair em iluses. Deus encontra res1stenc1a
- inclusive na comunidade, em cada um dos membros, em c~
da um de ns (tambm na pessoa do pregador). No entanto,
esta uma realidade. A outra a realidade criada por
Deus em-Cisto, a saber, aquelas possibilidades muito_r~
ais , das quais falamos e as quais a comunidade, sem duv_!_
da, j experimentou. E agora o momento de introduzir o
imperativo: Se estas chances e x istem, agarrai-as! Pois
estas chances so a nossa salvao. Tende o desejo do a1i mento espiritual e permiti que sejais edificados casa
espiritual. Vs sois povo de Deus; vivei, pois, como tal.
A prdica no tem a tarefa de iludir nem de des t ruir.
Ela dever fazer o ouvinte alegre sobre o fato de existir o poder de Deus que nos d a chance de sermos d i ferentes - de sermos comunidade. Esta a melhor maneira
de conduzir ao arrependimento e de construir comunidade
hoje .
DOM1 NGO
2~
A P
TRINDADE
l Pedro 2, 1-10
Dario G. Schaeffer
Sugesto de traduo
- 63 -
t 1 t - O texto
- 67 -
povo de Deus. E este povo aproveita tudo para concretizar esta identidade.
Isto culto.
E onde acontece este culto h igreja.
- 68 -
AO
DE
Gnesis
GRAAS
8, 15-22
Uwe Wegner
1 -
- 71 -
do lugar, trata-se de uma aceitao paciente e misericordiosa: Deus aceita a existncia deste homem maldoso. A hiptese da capitulao ou do conformismo errnea. Ela seria vivel se Deus no tivesse outras alternativas. Mas a
histria do dilvio nos mostra que Deus tinha outras alter
nativas!
Quanto ao mais, preciso cuidar para no superinterpretar. Um comentarista adverte: O vers. 21 no afirma que
Deus no castigar a maldade. Afirma s que Deus no destruir mais totalmente a humanidade!
Vers. 22 - Este versculo concretiza a misericrdia de
Deus. Segundo ele a misericrdia divina se revela na preservao das leis da natureza, uma preservao que o di lvio havia posto em cheque.
V - Avaliao do contedo teolgico
A. A salvao de Deus
Nosso trecho mo~tra um~ progresso na salvao de Deus:
sua bondade para Noe, a fam1 lia eo reino animal e estendida
nos verss. 21s para todos os viventes. Assim sendo, os cita
dos versculos testemunham o carter universal da bondadedivina.
No vers. 21 a bondade de Deus qualificada como bondade misericordiosa, graciosa. Deus no preserva qualquer
humanidade, e sim, concretamente, uma humanidade pecadora.
Paradoxalmente, a progresso da maldade na humanidade faz
crescer em Deus a sua bondade. A maldade do homem progri
de da mentira de um casal (Gn 3) para o fratricdio entr;
Caim e Abel (Gn 4), culminando com a corrupo de todo o
vivente (Gn 6). Assim tambm a bondade de Deus: vai de Ado e Eva, passando sobre Caim, recaindo finalmente sobre
todo o ser vivente na histria de No e sua arca. Semel~ante a Mt 5,43ss temos aqui o testemunho de um amor que
nao pode ser racionalizado. o amor divino que rompe as
barreiras do calculismo meritrio e se derrama graciosamente sobre todas as criaturas. Este amor gracioso o mi
lagre que Deus realiza com a humanidade. Longe de repre-sentar uma reao natural, resulta o mesmo de uma luta in
terior do prprio Deus, onde em meio a um juzo aterrador
(Gn 6,5-7.12s) prevalece, inexplicavelmente, a bondade .
- 73 -
B. O comportamento de No
Teologicamente o comportamento de No expressa a aao
d: Deus em sua sa 1vao. No sentiu em meio a todo o ep 1sedio da catstrofe a ao bondosa e salvfica de Jav.
Por isso o seu primeiro ato no o preparo de um banque~e, e sim, de um altar. A oferta de sacrifcio tem para a
e~oca a fin~lidade de possibilitar relao com Deus eatr~
ves dela Noe expressa, a um s tempo, a sua gratido e seu
desejo de propiciao.
VI - Meditao
(CAG)
O CAG realizado comumente aps a colhei ta. A sua data varia de regio para regto, parquia para parquia
~endo deterrni nada pe 1a poca da co 1hei ta dos produtos '
_data de realizao do CAG , pois por natureza fl~x 1 ve J N~ma regi -ao de produao
- de feljao/mi
' ' ri a
lho pode
ser real~zado entre janeiro e maro; onde o principal
produto e soja, em junho/julho; onde se cultiva o trigo,
em out~br?/novernbro. De acordo com a produo regiona J
as paroqu 1as ge~a l~nte convencionam determinadas pocas
para a sua real1zaao. Parece-me que normalmente reali
zado no inverno.
A forma exterior do CAG igualmente flexvel e var i ada. Tradicionalmente temos o costume de colocar sobre
o altar oferendas (legumes, frutas, verduras, saquinhos
de feijo, arroz, mi lho, etc.) que aps o culto so leiloadas, sendo o lucro destinado para fins diversos. Uma
outra forma consiste na distribuio de envelopes antes
do culto, sendo que cada pessoa agradece pela colheita
com uma ddiva em dinheiro, recolhida em lugar da coleta.
Alm destas, existem ainda muitas outras formas possveis
de realizar o CAG, as quais so aplicadas em maior ou menor intensidade nas diversas parquias, dependendo, principalmente, do grau de tempo, criatividade, interesse
e
estmulo dos pastores, diretorias e comunidades.
O sentido do CAG , por excelncia, a gratido a Deus
pela colheita, ou seja, pelas ddivas da criao. Warth
(pg. 208) comenta: 11 A festa de agradecimento pela colhei
ta a festa do primeiro artigo da f. Convm lembrar que
no realizamos uma festa para Baal, na qual so honradas
as foras e os poderes da natureza, e, sim, que agradecemos ao Criador, Pai de Jesus Cristo, pelas suas ddivas 11
B. A palavra de Gn 8, 15-22 frente situao
Os trechos clssicos da proto-histria (Ado e Eva; C~
im e Abel; o di lvio e a construo da torre) so conheci
dos pela maioria dos ouvintes. Por isso a associao
do
trecho com a catstrofe do di Jvio se dar automaticamente com a leitura da passagem proposta.
Urna associao imediata do trecho com a situao dos
ouvintes dada pelos verss. 16-19.22: farnl ia, rnulher,fi
lhos, animais, gado, pssaros, sementeira, colheita, in-verno, vero, etc. O trecho est permeado pelo mundo vive~
eia! do agricultor.
Que atualidade tem nossa percope para os agricultores? Trs aspectos nos parecem merecer destaque:
1) Deus permanece ainda hoje Senhor absoluto sobre a
sua criao
Creio que o agricultor percebe isto. t certo que ele
trabalha cada vez mais com os benefcios da mecanizao,
adubos, inseticidas, etc. Mas um domnio absoluto sobre
a criao ele est ciente de no ter. Uma tempestade, urna ~huva de granizo, as pragas, as secas continuam impre
vis1~eis e pairam como constante ameaa sobre os planti-=os. E verdade: amanh ou depois a tcnica talvez consiga
3)
dos por De us
No constri um altar para o Senhor e oferece holocau~
tos . Wester ma nn (pg . 77) comenta: "Este ato daquele qui:
fo i salvo um culto . O sacrifcio a maneira usad~ na epo ca para ex press~r que No reconhec~u a sua salvaao das
guas como uma aao de Deus ... Ele tin ha que responder
a
esta ao: sua respost~ e ra o culto" . Segundo_Westermann
a hist r ia de No contem inclusive um dos motivos fu ndamentais do culto, qual seja, a expe r incia humana ~a salva o frente morte. E e l i: conclui (op . c it .): "Ha uma
conexo p rof unda e inseparavel entre a oferta de louvor
de No e a comemorao da santa ceia na igreja, a qual igualmente g ir a em torno de uma :alvao 11
- 77 -
Deus;
b) que Deus - acolheitaomostra- est inexplicavelmente abenoando esta comunidade (O cidado que no obe
dece as leis vai para a cadeia; o filho que no obedece
seu pai, recebe castigo; uma comunidade que est em dvi da com Deu_s abenoada!?);
_
c) que nos, justamenteporestarmosemdvidacomDeus,
nao temos direi to de exigir colheita. Que proveito tem
Deus de uma rendosa colheita, se a famlia que a recebe
leva vida que lhe desagrada? Se ns, como pecadores, re
cebernos colhei tas, Deus no est cumprindo um dever, e~
sim, est nos querendo abrir os olhos para o seu amor.
3) Ref. ao B3 da meditao - Foi o que aconteceu com
No. Ele no fez colheitas, mas foi igualmente salvo de
catstrofe da natureza. E com esta salvao Deus lhe abriu os olhos para o seu amor. A resposta que No deu a
Deus foi a construo de um altar com a oferta de sacri
fcios. Antigamente era este o costume usado para agra-=decer. Hoje, a comunidade se encontra reunida pelo mesmo motivo: Ela quer responder a Deus, quer agradecer. A
qui o pregador deveria lembrar comunidade que ela a-=gradece a Deus em vistas de sua condio pecadora.
Ela
agradece a um Deus para o qual o pecado 11 pesa no corao11 (Gn 6,6). E poderia haver agradecimento mais agra
dvel para este Deus, do que tirar-lhe o referido peso
do corao?
Bibliografia
RAD, Gerhard von: ATD, Teilband 2/4 (Das erste Buch Mose
- Genesis), Goettingen 1967 8 . - RAD, Gerhard von: Theologie des Alten Testaments - TAT -, vol. I, Muenchen 19665,
- WARTH, Walter: 1 Mose 8,15-22, em Calwer Predigthilfen,
vol. 2, pag. 201-208, Stuttgart 1963. - WESTERMANN, Claus:
Die Sinflut und die Gegenwart (1. Mose 6-9), em Calwer
?redigthilfen, vol. 6, pag. 69ss, Stuttgart 1971.
- 79 -
- 78 A AO
DE
G n e s i s
GRAAS
8, 15-22
Berthol do Weber
O dia da graa pela colheita (Erntedankfest) temoseu
lugar vivencial 11 no contexto de festas tradicionais, ali
~ muito antigas, cultivadas especialmente entre a popul~
ao rural por ocasio da 11 sega dos primeiros frutos"
ou
da colheita 11 quando recolheres do campo o fruto do teu tr!!_
ba l ho 11 (tx 23, 16) .
Em Israel - isso importante ainda para ns! - os pr~
0
fetas lutavam contra a tendncia de transformar Jahv'
D:us que age com o seu povo na histria, em divindade paga, que garantiria a fertilidade da natureza (Baal). Sendo uma festa tipicamente agrria - qual o sentido de um
cult?_especial de aes de graa pela colheita no ano
~
clesiastico? Tem ela uma mensagem tambm para os habi tantes. da cidade em nossa era tecnol gi ca, caracterizada por
r ac 1 on l ~zaao,
dom1nio
sobre a natureza e automaao
cre~
cente? Nao sao
- as obras criadas pelo homem em nossos d'ias
as que causam a nossa maior admi rao?
_
Em nossas comunidades rurais este dia e
comemorado
por um culto especial, com a oferta de frutos e verduras
que enfeitam o altar em sinal de gratido ao Criador
e
d~ador de todas as boas ddivas {do qual nos falam especialmente os salmos, p. ex. Salmo 104,27-33). Mas
ser
quel este dia da graa tem senti do somente para os a gr i cu tores. e a popu 1aao
rural, que sente - ass 1 m se d 1 z d e mane 1 ra m d
.
ais 1me 1ata sua dependenc1a
de f atores natu
- .
fr a 1 s e con d i oes
meteorolog1cas,
portanto d e um , , po d er 1 , ora do seu alcance? O habitante da cidade, que COrrlJra
os prod~tos agrcolas prontos no armazm ou no supermercado, nao sente tanto na prpria carne esta dependncia
como o colono - assim se poderia pensar. E realmente,
a
festa da colhei ta para mui tos moradores da cidade se tornou estranha! uma festividade da colnia artificialmente
transplantada para a cidade, que lhes diz muito pouco pa
ra sua vida urbana.
-
11
Para os ex-colonos, que se mudaram do interior, esta festa apenas desperta saudades nostlgicas dos "bons tempos"
quando ainda cultivavam suas terras.
De fato, a vida do habitante da cidade, seu xito pr~
fissional como comerciante, industrialista, empregado,fun
cionrio etc., no dependem em primeira linha de fatoresda 11 natureza 11 Mas seria precipitado concluir da que
o
colono, por ser mais ligado natureza, estivesse automaticamente mais prximo de Deus, e que por outro lado o ho
mem moderno, envolvido no processo econmico racionaliza-=do e na produo mecanizada, no possusse mais uma 11 ante
na 11 para Deus. O Deus da Bb 1 ia, em todo caso, no um
divindade restrita aos acontecimentos da natureza, e "san
gue e solo" podem transformar-se em dolos to bem coro
o motor, o progresso econmico, a produtividade e o consu
mo na sociedade moderna...
O dia de aes de graa tem por finalidade agradecer
a Deus por tudo o que temos recebido em bens materiais,se
ja diretamente da terra ou em forma de produtos manufatu~
rados, e em bens espirituais que o Senhor nos confiou como dons para administr-los responsavelmente em benefcio
do nosso prximo, de todos enfim. Mesmo se no colhermos
frutos ou verduras no quintal com os quais poderamos en
feitar o altar, temos motivo de agradecer e de ouvir
o
que Deus nos quer dizer neste dia.
O texto da prdica no nos fornecido pelos frutos do
campo e no atravs dos produtos que chegamos a conhecer o corao e a benignidade do Senhor, mas abrindo a B
blia e ouvindo a sua palavra, sua verdade libertadora. A
partir desta palavra do Deus vivo chegamos a co1r4Jreender
que a natureza tudo menos um poder independente e autnomo, mas determinada e mantida pela ordem daquele que
criou~ quer conservar a vida. Sua promessa de fidelidade
invariavel nos d a confiana na bondade da vida que fundamenta a certeza: na raiz da realidade, da criao, i1r4Je
ra, apesar das desordens e da experincia do absurdo, um
ordem fundamental e permanente. Compreendemos luz desta
palavra que no 11 naturaJ 11 que, se plantamos, tambm co1hemos, que no 11 l gi co 11 que o dia segue aps a noite,
e que apos a tempestade reaparece o sol.
- 80 -
- 81 -
t o
do
homem de seu criador, da qual nos fala a histori~ da q~;
d?, tem as suas conseqncias em todas as di mensoes
.
vida: "~terra estava corrompida vista de Deus e c~e'.a
~e v~olencia" . A situao no era dife~e~te da ~e hoJe~Assim como nos dias anteriores ao di luv10, comiam e b
bi~m , casavam e davam-se em casamento, at o dia em que
Noe entrou na arca" (Jesus). E, como hoje, "adoravam
e
serviam a criatura, em lugar do Criador" (Rm 1,25) Deus
se arrepende de ter feito 0 homem e, vendo que toda a ma_!_
dade do homem se havia multiplicado na terra e que era
mau todo desgnio de seu corao, resolve faz-lo desap~
- 83 -
vida digna da pessoa humana e participar da justa distribuio dos bens. Formamos uma famlia de filhos do Pai c~
jo amor e bondade no so discriminatrios e diante
do
qual no vale o que temos, mas o que somos pela vivncia
de f em comunho e amor. Ele, neste dia, tarmm nos pergunta pelo nosso irmo necessitado, injustiado e oprimido, o faminto e espoliado. Nossa gratido a Deus no pode
consistir s em palavras, nem limitar-se a uma esmola oportunamente dada a um pobre mendigo . A misericrdia imerecida do Criador, que nos faz colher o que plantamos,nos
obriga a empenharmo-nos em solidariedade eficaz pela sorte de nossos pr x imos, vtimas de uma voraz sociedade de
consumo, de estruturas injustas, de egosmo e de discrimi
nao social. Ag radecer a Deus repartir o po com o po:
bre, engajar-se por uma justia social mais concreta, e
dar ao outro uma chance de viver corno filho de Deus.
Mas no nos i 1 udarros: 11 0s des gn i os do corao do homem so maus". E aqui no adiantam apelos morais visando
a 11 mobi lizao das foras construtivas da sociedade".
O
pecado um poder dominador. E no logramos sair da nossa
situao de escravos do pecado, se o Filho de Deus no_nos
libertar para uma nova vida. Deus conserva~ sua criaao
cada com pacincia, mas o que lhe importa e a nova criao inaugurada na morte~ ressurreio d: Crist~. S homens renascidos pelo Espirita de Deus, so coraoes em que
Cristo o Senhor, so capazes de ser testemunhas, em palavra e ao, desta nova criao, do novo cu e da nova
terra em que reinam justia e paz.
Quando seu amor nos conquista e orienta podemos contribuir com nossa parcela para a renovao da sociedade
e do mundo. Deus t e m uma pacincia incrvel com esta humanidade, que hoje como nos tempos de No mereceria
o
juzo. No sabemos que tempo futuro Deus reservou em seus desgnios para os homens. Em parte o futuro se decide
j no presente. O equi lbrio ecolgico abalado, a poluio e o caos do trnsito tornam a vida das grandes c~
dades sempre mais problemtica. A defasagem entre os ricos, seja em bens materiais ou espirituais, e os pobres
e analfabetos aumenta e cria um clima de mal-estar social. Aquele que reconciliou o mundo consigo nos chama para sermos seus cooperadores, mensageiros da salvao do
- 85 D O M
o r
N G O
n t
o s
AP S
T R 1 N D A D E
6,9-14. 18-20
- 87 -
11 - A per fe i o crista
Purificar uma congregao? Admitir s os moralizadores? Excluir quaisquer malfeitores (cf 5,6-13; 6,9-lO)pa
ra garantir a pureza corporal e paroquial e, conseqnte
mente, a coabitao do Esprito na igreja (6,18-20)? Mas
impossvel separar mal e bem neste mundo! (cf Mt 13,24-30
e 25,31-46). Ainda mais importante, a funo da comunida
de crist no justamente oposta: Aceitar o pecador,per
do-lo e reabilit-lo (cf Sl 51; Mt l8,2ls; Rm 14,10; 2
Co 2,5-l l)? Alm disso, se ns vemos esses vcios, que,
conforme Paulo, provocavam a expulso da igreja (cf 6,9s;
5, l l; Gl 5, 19s; Rm l ,29.31), temos que protestar enfaticamente. Pelo menos a nossa atitude em relao aos "homo s se x u a i s 11 , 11 bbados 11 e 11 ma r g i na i s 11 ( 6 , 9s , t r a d . d a 11 B
blia na linguagem de hoje"; Almeida: "efeminados", "soda
mi tas", "bbados", "roubadores") est mudando. Sabemos que alguns "vcios" so hereditrios e, conseqentemente,
"naturais", enquanto outros so produtos da mesma sociedade que os condena. A igreja, portanto, deveria integrar
alguns tipos de "malfeitores" como membros regulares;tal
vez at ordenar pastores homossexuais para servir esta classe dos homens. Em outros casos a igreja deveria recu
perar os fracos das margens da sociedade e conscientiz:
la, a fim de eliminar as condies da marginalizao.
Mas ns entendemos mal a argumentao de Paulo, se,
de modo casustico, copiarmos as suas motivaes para a
purificao e disciplina eclesial. Devemos perseguir as
suas idias raiz teolgica e cristolgica, para sermos
capazes de julgar os resultados concretos, inclusive a
tica de Paulo. O julgamento mesmo vai levar-nos tambm
adoo e criao de regras oportunas para edificar a igr~
ja.
111 - A nova realidade
Correspondendo ao ensino do prprio Jesus, Paulo anun
eia a chegada do Reino de Deus j realizada em Cristo (GT
4,4; 2 Co 5, 17; l Co 5,7), porm, ainda no completamente
conhecida e finalizada (cfFp3,l2-l4; l Col3,12).Assim o Re
ino de Deus uma fora dinmica e atual (4,20) que no sofre
a presena do mal; o Reino de Deus liberta todos os fiis
- 88 a si mesmos, ao seu ser original; o Reino de De us e oposto a toda corrupo do mundo. A partir d a t radi o e
da
experincia do Deus nico do AT, Paulo cr nu m De us onipotente, a quem subjugado cada poder no universo (Rm 8,
37-39). Ele em si perfeitamente incontestv e l e puro.
O mal se mani f esta em cada aberrao da vontade d e De us,
em cada contradio sua salvao. Deus mesmo, a suprema realidade saudvel para a humanidade, vai super a r
to
das as contradies. Ele exige que os seus fi is, o s li::bertados de toda impureza humana, tambm sejam p e rf e itos.
A medida para av.:ili.::ir o comportamento do cristo e d a i~reja , conseqentemente, o amor ltimo e a s antidade
ultima de Deus mesmo (cf tambm Mt 5-7).
Enquanto o testemunho de Paulo acerca do Reino de De
us relativamente plausvel, torna-se di f1-ci l entenderas deta~hes de sua tica. Bornkamm (op. cit. 210s) indica as varias fontes de onde o Apstolo retira as regras
de comportamento, quase i nd is cri mi nadamen te: Do AT,
da
f~losofia estica, dos costumes populares, da revelao
din:~ta, da tra~io crist. "Tudo o que bom e me rece~
logios: o que e verdadeiro, digno, justo puro, amvel e
honesto" ~Fp 4,8), ele o recomenda s su~s congregaes.
Isso, porem, significa que a suprema medida do comportamento cristo sempre permanece o Reino de Deus; quer di ze'., Deus mesmo - como ele se manifesta na salva o
de
Cristo e pela orienta o do Esprito. Conseqent e mente as
re~ras concretas deve m ser verificadas na real idade das
a~o~s de Deus. Para ns isso tambm significa uma variabilidade das regras ticas dentro do imutvel amor de Je
sus Cristo. Cada poca, de novo, deve apr e nder e articu-=lar os seus ma~damentos especficos dados pelo Esprito;
cada congregaao deve participar na busca do 11 que bom''
na presente situao .
IV - O corpo comunitrio cristo
Paulo descreve ainda a realidade do ser cristao de um
ou t ro aspe cto. Cada cristo pertence no a si mesmo mas
ao ~enhor, ao seu co~po (6, 13.15)_; este, ao mesmo tempo,
e sta ani mado e possu1do pelo Espirita Santo (6,19). A af inidade dos cristos com Jesus Cristo, no s simbol icamente , mas na verdade, tem uma qual idade corporal. Quer
- 89 di zer, Paul o n o f ala sobre uma unio mstica; nao ind i ca s uma liga o e spiritual. O cristo de fato incorpo
rado a Cri st o, pel o batismo (6, ll; Rm 6,3) e, conforme
o
seu usufruto do c o rpo de Cristo, na santa ceia (ll, 16s;
cf 12, 12ss). Esta comunho dos cristos com o Senhor e entre si mesmos, s e gundo Paulo, produz uma imunidade 11 biol
gica 11 contra o mal e os malfeitores. No para excluir aqueles qu e no corr e spondem pureza do corpo de Cristo,
mas para assi milar e puri f ic-los . "Alguns de vocs eram
assim" (6,11), mas, devido incorporao em Cristo, a vi
da antiga desapareceu. As foras ms permanecem fora
do
corpo de Cristo. Enquanto o homem tem pecado, ama o pecado e est subjugad o ao pecado, ele no tem parte no Cristo. O homem incorporado no Senhor verdadeiramente est
morto para a fora do mal (2 Co 5, 17) e participa - como
um homem libertado inteiramente na existncia renovada de
Cristo. As sim pa re ce lgico que Paulo quer excluir sobretudo todas transgresses sexuais (6, 18). Cada perverso
sexual atinge profundamente a corporalidade da associao
crist. Para Paulo, e para todas as tradies ascticas
no antigo judasmo, a sexualidade do homem suspeita em
si (7, lss; cf tambm Mt 22,30), ela permanece uma
fora
sedutora de primeira importncia. Por isso o mal no deve
entrar no corpo de Cristo atravs do desejo sexual.
Acho que pode mos, com alvio, concordar com Paulo na
avaliao do corpo de Cristo: Por demais tempo a igreja
pe rseguiu uma falsa espiritualidade, descuidando o corpo
humano com todas as suas carncias e possibi !idades.
Ao
mesm~ tempo temos que considerar as alegaes de alguns
psicologos e socilogos de que a represso da sexualidade
no cr~stianismo levou a neuroses e, num desenvolvimento
contrario, ao culto do sexo (cinema!). Portanto, na teolo
g i a de hoje, ns no vamos exagerar a importncia da vida
sexual, quando falamos da corrupo do homem. O abuso do
sexo, que danifica todos os envolvidos, s um modo
de
sujar a comunho com Cristo, alm de todos os~rimes contemporneos contra o homem e a sociedade. Buscando clarea~ os verdadeiros pecados de hoje, ns tambm devemos ouv1 r o test~munho do AT: a sua atitude tranq~i la e positiva quanto a sexualidade, bem como a sua denncia violenta
de atos anti-sociais e egostas. (Quanto mudana da mo-
V - Excomunho evanglica?
Que comportamento pode ser considerado 11 c ris to 11 hoje?
ou pecaminoso? Sob o enfoque da comunidade perguntamos :
Que maneiras de viver, que atitudes so tolerveis dentro
da igreja? Que atos provocam a excluso do culposo? Podemos, sem dvida,aceitar todas as pressuposies fundamentais
de Paulo: O Rei no de Deus ,a participao do homem no corpo de Cristo e o regime do Esp1rito. Podemos concluir,tam
bm, que a nova realidade, cri ada por Deus, no per mi te tais atitudes, atos ou pessoas que contradizem o amor de
Deus. So inflexivelmente iguais as manifestaes de desa
b:dincia? No, no so iguais. Conforme mudam as condi-oes da vida humana (cultura, tecnologia, sociedade, espe
rana, f, etc.), assim no se mudam somente as regras do
que bom,mas tambm os modos de rebelio contra o Reino
de Deus: a salvao por Cristo. Sim, possvel ainda
que alguem proteste contra Deus por 1 ibertinagem ou sadis
mo sexual. Em geral, contudo, os protestos de hoje aconte
cem (muitas vezes sob formas religiosas ou pseudo-religio
sas) nos campos econ3mico, cientfico, etc. Assim temos que definir e praticar a exclusividade da comunho crist
principalmente nestes setores. Seria impossvel, p. ex.,
que algum racista poderia ser um membro da igreja crist.
Porque o racista, obviamente, nega o evangelho do amor de
Deus e o fato da unificao dos cristos no nico
corpo
de e rtsto.
- 93 -
7~
D O M
o r
-n
1
N G O
t
o s
A P S
TRINDADE
- 97 -
- 96 juzo ftnal. Essa tese reforada pela palavra "herdaro" o Reino de Deus.
No v. 11 Paulo refresca a memoria de seus lei tores,
comentando que muitos deles tinham tais vcios e defeitos antes de serem batizados e aceitos como membros
de
uma comunidade crist. Chama-os responsabilidade
que
assumiram por ocasio de seu batismo: Fostes lavados,
santificados, justificados em nome de Jesus Cristo (Bul.!_
mann, p. l38s). Dois estados se chocam e lutam entre si
a:rastando consigo e pondo em perigo a vida de cada cri~
tao: o estado an'terior ao batismo, sob o signo do peca~o; e o novo estado, aps o batismo, caracterizado pela
Justificao do pecador.
O segundo "retalho" do texto compreende os vs
12-14:
liberdade.
s:-
ini eia~
- 99 -
mem come ter fica fora do corp o; mas aquele que prat i c a a
prostituio peca contra o s e u prpri o co rp o .
19 - Ou no sab eis que o voss o corp o wn tc 1?1p lo do
Espirita Santo que est em v~s , o qual teme s po ""' pa r>t e
de Deus , e que no sois de vos mesmo s?
20 - Pois fostes comprados por um pre o . Glo rifi cai ,
pois , a Deus em vosso corpo .'
. tum ponto final, um ltimo argumento de Paulo arespeito da conduta do cristo em relao a prostitutas. O
p~nt~ ~o qual Paulo quer chegar claro: "Fugi da pros11
titui a~!
Para reforar essa advertncia e seu pedi do
aos cor1nt1os,
- l 00 -
- 1 ol -
Bibliografia:
1 O?
D O M 1 N G O
Romanos
1 02 -
A P S
T R 1 N D A D E
11,25-32
l 03 -
- 105 da palavra de Deus na histria. E efetivamente, a tentao do docetismo grande. Muitas vezes consideramos
o
Antigo Testamento, na prdica e na devoo pessoal, como
uma simples introduo ao ''prprio" evangelho, como propedeuse que, em ltima anlise, seria dispensvel. Ou li
mi tamo-nos a uma leitura "edificante" dos Salmos, sem en
xergar que estes tambm querem ser entendidos, antes de
mais nada, como cnticos de angstia e esperana do velho povo.
At aqui falamos principalmente em termos de histria. A igreja prolonga hoje o que Israel experimentou ou
trora. Usamos um esquema diacrnico ou de sucesso tempo
ral dos fatos. Mas esse esquema no expressa toda a rea~
lidade da relao igreja-Israel. O Libertador no veio a
penas uma s vez, l no passado, de Sio, para residir doravante no sagrado recinto da igreja. Para ns, ele con
ti nua sendo Aq ue 1e que vem e Aquele que vir (assim
nonosso texto; observe-se que, no original hebraico da pas
sagem citada, o perfeito consecutivo presente e futuro
ao mesmo tempo). No Advento a igreja costuma meditar sobre essa trplice vinda do Senhor. E Sio est relaciona
da com os seus trs aspectos. Igreja e Israel so grande
za: :imultneas na histria da salvao. O esquema dia-cronico deve ser completado por um esquema sincrnico.
Trata-se de confrontar a igreja de hoje com o Israel de
hoje, e de reconhecer que eles continuam sendo como
os
dois lados da mesma moeda. Paulo enfatiza isso com a palavra_"agora", trs vezes repetida nos vss. 30-31.
Os
cristaos gentlicos alcanaram misericrdia "agora"
em
vista da desobedincia dos judeus; e assim tambm estes
"agora" foram desobedientes, para que igualmente aqueles
"agora" alcanassem misericrdia (o terceiro "agora" fal
ta na traduo de Feriei ra de Almeida, mas consta nos ~
lhores ma~uscri tos gregos assim como tambm, por exemplo,
n~ traduao brasileira divulgada pela comunidade de Taize). Admitindo-o ou no, encontramo-nos em tenso dialtica com o velho povo da aliana, entrelaados uns
com
os outros pela vontade salvifica de Deus. Essa tenso mui
tas vezes foi dolorosa no decurso da histria. Muitas vezes os judeus tiveram que assumir o papel de "inimigos por nossa causa". Pensando, porm, na realidade da elei-
106 -
en1tude
dos gentios" nos ensina algo com respe1~0
,
estru~u:a ecumnica da igreja. "Gentios", que nas
linguas originais da Bbl ia tambm quer dizer "povos", sem~:e t~m uma conotao de unidades tnicas'::! c~lturai~,de
mun 1d ades de pessoas; dessas comunidades e d 1 to aq u 1 que
~oda:' elas so reunidas para formarem uma "plenitude",que
e igreja. S a plenitude igreja no sentido autntico!
E com~nidade particular igreja na medida em que ela vi_
ve tambem a dimenso de comunidade uni versai. Em terceiro
lugar - seja dito aqui de novo em outro contexto - o fator qu: unifica as nossas comu~idades, que nos converte
numas? plenitude, o povo de Israel no seu duplo papel
de eleito e recusante. Israel , em certo sentido, a pedra angular do ecumenismo cristo.
111
- A graa soberana
Assim que todos so um s corpo: patriarcas e aposto los, o povo da ve 1ha e da nova a 1 i an a, a nossa comun i -
107 -
daoes eas comunidades em outras partes domundo, a comunidade parti cu 1ar e a comunidade uni versa 1 , igreja e 1s rae 1 . Todos somos. um s corpo, no em virtude da nossa opo, nem por
amoraoun1versalismo, mas por sermos todos, na mesma medida,
objeto do amor de Deus. Deus encerrou a todos na desobedincia, a f im de usar de misericrdia para com todos.
Quer dizer que todos ns nos encontramos diante de Deus
no duplo estado de desobedientes e indultados, de pecado
res e justificados. Todos ns estamos confrontados com
ira de Deus, aquela ira abismal que se reflete, no nosso
texto, em conc e it o s como "endurecimento" e "inimizade" e
que resumida finalmente na expresso: "Deus a todos en
cerrou na desobedincia 11 a ira perante a qual o homem
se sabe culpado e condenado, mesmo nas suas melhores intenes. Mas tambm aquela ira na qual, como diz Lutero, se escond e o amor de Deus. ~ o amor de D~us que
se
i~flama contra o pecado, que nos persegue e nos cerca, a
te ter-nos "encerrado na desobedincia", para s ento se revelar como misericrdia sublime e inaudita, comogra
a soberana que justifica o pecador. Queremos confiar
nosso destino a esse amor, individualmente, mas tambm e
sobret~do como integrantes da plenitude dos gentios, eem
comunhao com 1srae1.
E para terminar, voltemos ao in1c10 do nosso texto
"No quero, irmos, que ignoreis este mistrio". Repar~
~s uma vez na ambivalncia desta expresso. Um mistrio
e por definio uma verdade impenetrvel, inconhecvel.
Mas i::iesmo assim, este mistrio no fechado para ns.
O_apostolo "no quer que o ignoremos". A gente sabe,
e
nao :abe. Essa a forma na qual o agir de Deus nos co
nhec1 do! Deus no- lo d a conhecer, e ao mesmo tempo omis
teria permanece mistrio. Nunca passa a ser um conheci-menta objetivo, nossa livre disposio. mui to importan~e lembrarmo-nos disso quando meditamos o plano da sal
v~ao. Porque existe o perigo de sermos "presumidos
em
nos mesmos". Pr~sumido em si mesmo aquele que fala
do
plano da salvaao como se fosse um sistema racional e ex
plicvel. H pessoas que usam a Bblia como um compndio
de doutrinas que inclusive podem ser reduzidas a um fci 1 esquema sintico: a eleio na coluna direita, are-
l 08 -
D 1 A
D A
P e d r o
109 -
NDEPENDtNC
2, l 3- l 7
Richard Wangen
1
1 nt
roduo
- 11
o-
111 -
- 112 -
amai aos irmos - nota-se aqui que nao dito que eles
devem ser amados por todo o mundo, mas pelos i rmos.
Ton theon fobeiste~ ton basilea timat e - mais uma vez a
escala obedecida. Temei a Deus, honrai o rei: honra e
estima para a autoridade criada, mas somente a Deus deve-se terre r.
Em confronto com a situao histrica e com o texto
de Rm chegamos a compreender o valor e a acuidade do te~
to de 1 Pe. A comparao entre os dois textos dernonstr~
tanto a continuidade como desenvolvimento. Para ver mais
nitidamente a linha mestra desta reflexo, colocaremos
a seguir os pontos chave: 11
1 1 Pe no contm nenhuma instruo tica que c?mpromet:sse o cristo com 0 status quo , pois isto seria
constrario sua proclamao bsica sobre a esperana
em Cristo e a descrio do cristo como peregrino.
_ 2: O g~ver~o do imprio romano e a order;i .
mo narqu1 ~a nao sao projetados como mode 1o po 11t1 c~ (como
analo~1a para o Reino de Cristo) ;mas como cri aao humana, sao relativizados frente a Cristo.
. ~~irmandade (2, 17; 5,9) colocada como ~~iva e
exigencia da comunidade mas no como ordem pol1t1ca.
Conforme a carta ai rm~ndade baseia-se na ddiva do evangelho e na f.pela qual o cristo aceita essa ddiva.
4. A comunidade crist atua na sociedade por meio
de seu testemunho em palavra e ao (2 ,9). Desta manei ra, e!a afe~a tambm a ordem poltica. O camin~o dessa
atuaao esta marcado pelos passos de Cristo: fe' verdade, amo~, sofrimento, que devem ser autenticados na ordem pol1tica concreta.
Po'.t?n~o, absteno da vida poltica torn~-se uma 1mpo~s1~1 !idade tanto para a comunidade crista como
par~ o 1nd1v1?~ Recuo espontneo frente sociedade.
seria desobed1encia contra a incumbncia dada por Cristo.
6. Cabe ao cristo preocupar-se em viver na sociedade e em viver em paz com as estruturas de poder. Esta
preocupao serve tanto para espalhar 0 evangelho como
para construir a sociedade. "Por causa do Senhor 11 o
cristo deve sujeitar-se s instituies humanas.
.s.
113 -
7. O poder mundano relativizado no texto - o cristo forasteiro e guarda, portanto, distncia, mas ao
rresmo tempo tambm solidrio na sociedade.
Escopo : O cidado cristo deve viver como pessoa livre, o que significa que ele est livre para envolver-se
em sofri1~ie nto ativo em prol do outro, como servo de Deus.
11 - Me d i ta o
A meditao sobre o texto gira em torno de dois fatores: 1) a utilizao de uma tradio catequtica expr~
saem Rm 13,1-7 e 1 Pe 2,13-17 e sua modificao de nfase diante de duas situaes histrico-contextuais diferentes; 2) a considerao prtica do bem (agathopoi ein)
perante a legalidade e as normas comuns de cidadania atual.
1) A problemtica geralmente demonstrada no tocante
s relaes Estado-igreja parte de um desejo caracterstico do homem, o de ter seus limites ticos claramente
demarcados - o que posso e o que no posso fazer. Para
evanglicos, contudo esse delineamento no pode ser tra
ado, a no ser em linhas gerais. A formulao evangli-:ca para determinadas situaes e contextos permanece dinmica e viva, nunca legalista. Este aspecto se v novamente como resultado da pesquisa do texto em pauta. Infelizmente essa dinmica evanglica no to evidente
na atuao da igreja na histria, e a exegese de 1 Pe
2,13-17 nem sempre revelou essa dinmica. Sem considerar
duas si tuaes histricas nitidamente diferentes! ~,por
tanto, duas interpretaes desta tradio cateque~1ca, em
quase todos os trabalhos sobre a posio do cristao para
com o Estado se interpreta praticamente s_Rm 13". Es se relacionamento resume-se, ento, a uma serie de princpios imutveis. No h dvida de que o autor de 1 Pe
se apoiou fortemente no texto de Rm. Esta dependncia
seguramente modelou as relaes Estado-igreja j cedo
em sua histria. Podemos at levantar a pergunta sobre a
influncia que esses textos provavelmente tiveram na legalizao da igreja crist no imprio roamno sob o reinado de Constantino.
Todavia, a comparao acima colocada entre_os dois
textos ilumina de uma maneira diferente a poss1vel
11
- 114 i~terpretao
do nosso texto e expressa a dinmica evangelica adequada nova situao em que a igreja se achava. Hermeneuticamente, este fator demonstra como j dentro das prprias Escrituras havia reformulaes de linhas
mestras que orientavam a vida do cristo no seu contexto
social. Embora no seja possvel precisar com exatido a
data da composio da epstola, claramente evidente que
as comunidades crists estavam sofrendo, e a parnese levou a srio esse sofri me nto 1 advertindo os crentes sobre
0 perigo de idolatria que a nova situao apresentava
(c~lto exigid<_? ao imperador). O texto deixa b e m claro que
0 importante e o senhorio de Jesus Cristo sobre
pase
anthrpine ktisei.
Nem o rei nem os governadores podiam arrogar para si
0
sudi tos romanos foram abri gados a prestar culto ao i mperador como sinal de fidelidade levou os cristos a uma
verd?deira situao revolucionria. A prioridade do se nhorio de Cristo forou uma deciso. Como diz Jacques
Ellul
h
d as1tuaao
_ Est esenor1oeoelementoobjet1vo
. :."
crista revolucionria, assim como a esperana seu elerrento subjetivo, e somente isto nos permite assumir nossas
di ferent es pos1oes
. .
.
pol1ticas
em nossos sucessivos
Julga~ntos dos problemas concretos da poltica e da e conom1 a'.'
Homileticamente falando convm frisar dois pontos
quanto a esta parte:
'
a) l~olatria permanece um dos maiores proble mas do
mundo ' nao ob s ta n te v 1ve r mos em p 1e no se- cu 1o XX Mt 6 , 2
.
co- 1oca o pr obl ema em palavras simples:
"Porque on d e es0
~a
~eu tesouro, a estar tambm o teu corao". To. osf n'.?s, nos dias de hoje sofremos mais do que nunca a
1n. lue nc ia de uma propaganda
'
suti ]mente d.1 r1 g1d a com o
f 1m de a 1 i_c i ar d1sc1pul
115 -
117 -
118 -
Bibliografia
16<?
DOMINGO
Cor1ntios
119 -
A P S
T R l NDADE
l '3-7
Ervino Schmidt
) Para podermos situar melhor o assunto, necessar10 refe::irmo-nos ,em b:eves traos ,ao problema literrio da
2~
epistola aos Cor_:ntios .H mui to fala-se de ser a nossa epstola uma c omposiao de diversas cartas .Conforme a teoria de
G.Bornkannn,que hoj e e amplamente aceita trata-se de trs car
..
.
'
tas d1st1ntas. Apos t e r e scrito 1 Co, Paulo recebeu a not-=cia de uma invaso d e adversrios em Corinto. Pretensos aps
tolos judaico-cristos uniram-se s tendncias entusiastas
que ha~ia na comunidade. Apresentaram-se com cartas de recom~nda~o. Sua mensagem diferia da que Paulo trouxera (euange
llon heteron, 11,14) ,a quem negavam a autoridade do seu a-=postolado.- A estas alturas Paulo escreve uma apologia do
seu_apostolado.Argumenta de maneira calma e objetiva . Esta e ..P.Ei.!Il~_i_r_a_~E!~ ( 2, 14-7, 4) das atualmente reunidas na
2 Co. Os adversarias ganham terreno.A teologia dos intrusos parece mesmo ter agradado aos corntios. Paulo faz uma
visita comunidade. - Deve ter havido tID1 serio contratem
po (2,5.7). Devolta a feso,escreve a carta intermedi-:E~~ ~a carta das lgrimas, cap. 10-13)~--~;~~I<l<le--se
corrige Paulo recebe notcias surpreendentemente boas (7,
5 ~s), o que o leva a escrever umaE~!!~-ci~E~~~~S:~.1:!.~S~.2(1,
1 2,13 e 7,5-16). - Um problema a parte sao os cap.8e9.
120 -
1 21
122 -
t iv era
mente. Acentua que os
que passar' e o consolo que recebera' fi zeram-n:i capaz
de consolar outros "Mas se somos atribulados, e p~ra
'o_ vosso conforto e . sa 1vaao;
se somos con f or tados ' e tam
bem para o vosso conforto" (v 6)
.
e
Tudo esta entrelaado. Os sofrimentos de C~1st 0
d0
consolo que deles resulta Deus vive!; os sofrimentos o
apstolo que preparado ~ara ser o por~ador da pa!avra
da consolao e, finalmente, a edificaao da comunidade.
111
123 -
124 -
Ga
D A
Wi l fr id
1
a s
125 -
R E F O R MA
5' 1-11
Buchwe i tz
Consideraes sobre o te x to
O te x to
- 126 -
- 127 -
O contedo
Seria bom ler a epstola desde o incio, em todo o
caso a partir de 3, 1.
A percope o ponto alto, parte final do que Paulo
aborda e discute anteriormente.
O centro, o fundamento, ao mesmo tempo o alvo da vi
da dos glatas fora Jesus Cristo. Neste sentido "vs cor
reis bem" ( v 7) .
Isso est ameaado agora, surpreendentemente (1,6)
O novo estado de coisas, a vida nova, a renovao, a sal
vao, tudo isso est em perigo. Por incrvel que ~area,
h gente que est atrapalhando os glatas, que esta indu
zindo-os a darem um passo atrs, um passo sem sentido e
esperana . Est ocorrendo uma volta lei judaica. Cert~
mente no h inteno de impor aos glatas todas as leis
judaicas. Pensam apenas em algumas das mais importantes
talvez apenas a da circunciso. Esta era to fundamental
para o judeu que at podemos compreender a dificuldade
de elimin-la no novo Israel.
Mas Paulo lembra e insiste que agora vale outro fundamento: Jesus Cristo. t ou Ele ou a lei!
Cristo oferece e possibilita uma nova ordem no Re~~o
de Deus. O Reino no mais construdo base da obed1e~
ci a lei .
O Reino de Deus nesta nova ordem constitudo
por
Jesus_Cristo atravs do Esprito Santo presente na f do
cr~stao. A n~va justi~a no obra do homem, mas~de Jesus
Cristo atraves do Espirita Santo, que torna poss1vel ao
horrem a obedincia e o arrependimento. Justia plena se
efetivar apenas no juzo final e por enquanto alvo de
esperana.
_ Qualquer volta lei, mesmo que parei al, despreza e
poe em perigo o acontecido em Jesus Cristo (v 4). Por is
so, ou se baseia na lei, no cumprimento total da lei, ou
em Jesus Cristo, totalmente em Jesus Cristo. Misturar
estes dois esquemas no vivel.
Na realidade o esquema da lei tambm no vivel.
1:
O escopo
\'
1
- 129 -
- 128 -
especial.
A partir da Epstola aos Glatas _que ~utero chegou
a concluses capazes de provocar decisoes basicas da Reforma. Lutero chega a afirmar: 11 A Epstola aos Glatas
minha epstola, a que me confiei. minha Catarina Bora".
Lutero achou sua liberdade da escravido da igreja
romana, do papa, do medo, de Carlos V, para uma nova dimenso da vida na f que atua no amor.
Especialmente nos textos de Romanos e Glatas a Reforma teve sua origem. Glatas 5, 1-1 l um texto centra!
da Reforma. O Jesus Cristo libertador e doador da f
e
base e fonte da salvao do homem, no o homem cumpridor
das leis.
Hoje o texto e o Dia da Reforma so colocados na fren
te das comunidades da IECLB.
Durante sculos o Dia da Reforma foi festejado como
dia de reflexo sobre as descobertas evanglicas de Lutero; ~ambm dia de procura para novas descobertas. Mas foi
tambem ~m dia anti-catlico, dia da condenao da teologia cat?lica! inclusive dia de protesto.
.
~ s1tu~~o mud~u. O Cristo libertador est em ao na
igreja cato!1ca. _Ha uma renovao constante e impression~nte em muitas areas da igreja catlica, renovao a par
tir do 7v~ngelho e coerente com o evangelho. Um documento
da arquidiocese de Vitria publicado em 1975 sob o ttu que a gente quer",
'
.l o "A. i greja
tem o que dizer a qualquer
igreja luterana.
Ao!~ disso existe ainda o catolicismo dogmtico e
0
catolicismo popular, com influncias no evanglicas so
bre me~bros de comunidades da IECLB.
. A igreja luterana a igreja do "s Cristo" 11 s Esc t
li
li
'
ri ura so graa 11 , "s f 11 , "sem as obras da lei 11
Essa verdade teolgica continua. Nas igrejas luteranas, no entanto, ela foi mal entendida, mal vivida. Pare
ce que ~evou a_uma graa barata, que muito pouco atua em
amor: Nao se veemconseql.lncias da graa. Parece haver mui
ta fe se~ ob~as: O Cri:to libertador parece no estar pre
sente. Nao h~ l1bert~ao de certas coisas para outras coT
sas.
Impressiona
o numero de reunies congressos , conc1-::
1 10 ~ em.igrejas
l~te~anas_que tm como tema central 11 obras 11 ,
11
a igreja frente a s1tuaao social", 11 frente fome no mun
do 11 ,
11
- 130 -
Bibliografia
4.
- 13 l D
DA
Gala t a s
REFORMA
5,1-11
Arnoldo Madche
1 -
_ O aparato fornece para o primeiro versculo trs opoes de leitura. Os comentaristas consultados (Schlier ,
Ragnar e Oepke) aceitam a verso dos manuscritos "egpcios11, qu e apresentam e nto o seguinte sentido: 1) Cristo trouxe 11 liberdade 11 que cabe aos emancipados (filhos
1 i vres ~) e 2) Com a consumao desse ato surge a tarefa de se
orientar na l i berdade e de se viver como homem livre. K.
H. Rengstorf comprovou (ThLZ 76,1951, cal. 659-662) que
se encontra implci to nessa passagem o termo t c nico do
direito judeu a respeito da escravido: a compra da liberdade~ O direito exige um ato de 11 compra 11 , mas tambm
assegura uma nova situa o de vida e ao aos beneficiados.
O texto, no entanto, confirma uma segunda realidade
sempre presente para o crente cristo: a ameaa da liberdade! E Paulo em suas cartas cita trs ameaas: 1) A
ameaa do pecado (Rm 6, 18-23; Jesus em Jo 8,31-36); 2)A
ameaa da lei (Rm 7,25 a 8,2; Gl 2,4; 4,21-31); 3) A ame a a da morte (Rm 6,2lss e 8,21). Em nosso te xto ela
ra a re ferncia da lei da circunciso como ameaa li~
berdade que Cristo resgatou. Os glatas e squeceram (4 , 9!)
que Deus o: aceitou em Cristo, na graa, por meio dopo
der do Esp1 rito de Deus que age na f e se exprime no
mor. A colocao de Paulo radical: ou Cristo ou a lei'
E com isso chega ao "status confess i onTs 11 da fcri st .
ou seja, a prega o da cruz suficiente para a salva~o
do homem: No~ versculos 5 e 6 h uma"espe rana" de que
Deus a~e1tara Paulo e acompanhantes na sua graa. A "liberta ao11 , p ois,
- e- propriedade dos
emb ora consumada, nao
11
11
~C:me~s. _Ela permanece como um poder que existe na f . A
~ n?o e um estad? perene. Ela acontece e sofre a descon
t1nu1dade . O vers1culo 11 um tanto obscuro . Os coment~
- 132 -
- 133 -
11 - Meditao
Eu creio que a libertao trazida por Cristo significa concretamente um estar-a-servio permanente no Rei_
no de Deus. Permanente naquele sentido do "orai sem ce~
sar 11 ll Ts 5, 17). E nesta ocupao com e no Reino de D~
us no nos so exigidas "coisas de anjos", mas sim coisas bem humanas como: boa vontade, disciplina, humi Idade, coragem, alegria, choro, luta ... A reunio dessa m~
nifestao difci 1 de se encontrar na vida da comunidade em que tradicionalmente vivemos.
Por isso acho fundamenta 1 propor aos rremb ros, ns ~e~
mos , a meditao sobre o tema da liberdade. E nisto nao
podemos esquecer as situaes bem concretas da vi d a atual . Onde est a liberdade que Cristo me present ~ ou P~
ra viver na comunidade? Onde est a lib e rdade para ter
tempo para Deus e para o prximo? Encontramos pessoas
real~nte super-ocupadas profissional e socialmente (i~
c~usive pastores) . Mas a questo decisiva : Cristo me
libertou para viver o Reino de Deus~ A falta de tempo,
a:gument~ bsico para se omitir do engajamento na com~
nidade, e a falta de prioridade para Deus! A luta pe1~ "status" social e econmico no justifica a acomoda
ao e omisso no Reino de Deus.
O apstolo Paulo um homem de seu tempo e que reag~u segundo sua cultura. Ele falou do trinmio: 1 iberta
ao da lei , do pecado e da morte. So realidades e valo
res de seu mundo . Hoje e perante a comunidade somos cha
macios a comunicar essas dimenses universalistas - ma--
- 134 munidade, mesmo que estejam escondidas institucionalmente: as coletas beneficentes, a Santa Ceia como ato de in
tegrao, o apadrinhamento como responsabi ]idade
pelos
outros, o exerccio coletivo de viver em comunidade assu
mindo compromissos humanos e de f. So formas tradicio-=nais que possuem o potencial do amor. A tentao est_em
adorar o meio, que a forma, e esquecer o fim, que e o
amor.Onde o objetivo no for mais realizvel, ali chegado o momento da 11 libertao 11 , melhor, da eliminao.
Lutero nos deixou essa frase conscientizadora: 11 0 cris
to senhor de tudo, e no est submeti do a nada;... o
cristo o servidor fidelssimo de todos, o servo de to
dos 11 Vejo aqui a correspondncia de que a 1 i berdade de-=ve ser completada pelo servio do amor.Esta
tradio
neotestamentria, assumida pelo luteranismo, faz
parte
de nossa identidade. E nessa identidade no pode
haver
concessso - seja de correntes teolgicas ou de partida rismo s6cio-po1tico dentro da IECLB. Lutero tambm disse: 11 Um cristo no vive em si mesmo, mas em Cristo e em
seu prximo; em Cristo, pela f; no prximo,pelo amor. 11
S resta comunidade assumir sua identidade.
Usar
sua inteligncia de f e a criatividade da fantasia so
questes prticas de cada qual. A questo central
para
todos, porm, permanece: Cristo j nos libertou como promessa, e para o que cr nessa promessa is to j hoje i mp 1 i ca conseqncias para o Reino de Deus que age por meio
do amor!
li 1 - Para a pregaao
Creio que para a pregao de plpito bastaria a leitura dos versculos 1 a 6 (idem Steck, GPM, ano 59,cader
no 8, agosto de 1970, pginas 415-424), e isso pelas se-=guintes razes: 1) Os assuntos 11 libertao 11 e 11 f
que
age por meio do amor 11 esto ali concentrados; 2) as difi
culdades exegticas do versiculo 11.
Deveriam transparecer trs momentos. Na primeira par
te , ocupar-se com o texto de Gl 5. Os temas j acentuados
na meditao so mais concretos do que discutir o assunto Cristo ou lei. No segundo passo, enfocar Lutero e sua
liberdade de crtica s estruturas vigentes, seus
passos concretos de eliminao e construo para uma
nova
35 -
- 136
D
DOS
NADOS
pen s e s 3,20-21
Heinz Ehlert
1 - Consideraes exegticas
O trecho indicado parte da per1cope da Srie Antiga de Epstolas prescrita para o 23~ domingo aps Trinda
de, compreendendo Fp 3, 17-21. Via de regra os mesmos ver
sculos (17-21) so considerados um conjunto de pensamen
tos e trecho final do captulo 3 (cf. texto original de
Nestle; Bblia, traduo de Almeida, Edio Revista e At~alizada no Brasi 1, NTD - N. Goettinger Bibelwerk). Sem
duvida os versculos em apreo foram extrados da perco
pe devido ao seu contedo escatolgico com vistas ao dia
dos finados.
N9 contextoda_Epstola faz parte de advertncias contra
a~uaao de adversarias qualificados no trecho como 11 inimi gos da cruz de Cristd' (V 18). Est em foco o 11 andar 11
dos cristos, a sua vida e conduta.
Ad~ertindo e exortando, o apstolo transmite a mensagem
de.estimulo e esperana referente ao futuro, s ltimas
coisas. Reconhecendo que os crentes precisam de modelos
para a sua vida na f, o apstolo coloca-se a si mesmo
como modelo e aos que andam como ele.
Sem podermos definir exatamente as afirmaes ou dou
trinas dos adversrios em questo, so caracterizados,no
entanto, como os que 11 s se preocupam com as cousas terr~n?s11 (V 19). Quem reduz o evangelho, na verdade o falsifica. Isto ter necessariamente conseqncias para
a
co~duta dos fiis. Por isso a advertncia insistente do
~postolo. Uma mentalidade carnal e terrena contraposta
a mentalidade da f em Jesus Cristo. Esta se dirige para
.celestial (cf Cl 3, 1-4). Dali a conduta nos dias atuais recebe a sua orientao.
_o termo 11 politeuma 11 no original, que na Bblia, tradua<;> de Almeida, corresponde a 11 ptria 11 , pode designar
tambem a comunidade civi 1, o estado, referindo-se vida
- 138 -
~~!l~~~2-~~l!!l~~-~2~r~_2_!~~!2
Cristos, isto , crentes em Jesus Cristo se distinguem de outras pessoas pela sua mentalidade em relao
ao fu~uro. A sua mentalidade determinada pela sua
f
em C~ist? Cristo deu um novo contedo e uma nova perspectiva a vida humana. Nova em relao quilo que os homens ~or si t~m como ideal e importante. Tambm em nossos dias convem analisar os contedos e as perspectivas
h~manas e co~par-los com o que a mensagem crist anuncia. Ver-se-a que existem diferenas fundamentais.
- 139 -
- 140 -
- 141 -
O cristo tambm sente a doena e a morte c~m? verdadeiros problemas. Igualmente d i ficuldades econ?m1cas.e a fo
me, que cada vez mais se alastra no mundo, 1nclus1ve em
nosso pais. Debate-se com :ies, ma: tem on~: :ecorre'..
No precisa para isso de mediuns, 1ntermed1ar1os duvidosos. O evangelho est ao seu alcance. Esta fonte con~ta~
te de orientao e consolo aponta para o Senhor no ceu.
Promete e oferece amparo no presente e vida com Deus ag~
ra e no futuro: a "ptria" celestial. A mente n~tu'.al
terrena no consegue faci ]mente imaginar esta patr1a, e.:_
ta vida celestial. Um reino onde as adversidades e inju~
tias, mas tambm as prprias limitaes e ma!c~as esto realmente excludas e superadas. Dentro de nos,
no
entanto, existe um desejo profundo de participar de tal
convvio celestial.
disto que o nosso texto fala. Mas liga esta mensagem estreitamente a Cristo e sua segunda vinda. Lembra o
que no costumamos levar muito a srio: Jesus foi para o
Pai depois de sua r~ssurreio e prometeu vol~ar. Tendo
vencido a morte, ressurgiu com um corpo de gloria,
bem
diferente do que tinha antes e do que ns atualmente te:
- " :. E . . e
mos e que o texto chama de 11 corpo de humi lhaao
mesmo. Sofremos tanto porque esta nossa vida esta sujeita a tod9 tipo de doenas, s tentaes _para ? mal'
ao
engano , a morte! Este sofrimento chegara ao fim quando 0
nosso Senhor voltar .
Este um assunto por demais importante de nossa !.
Contar com a volta dele com toda a certeza, isto o apostolo Paulo chamaria de mentalidade crist. A vida plena,
redeno cabal est inseparavelmente ligada ao Cri:to.
E~tar sempre junto ao Salvador deve ser a_grande asp1raao.das pessoas. utopia aspirar um para1so ~erren?. t
perigoso entregar-se a prticas que me atemorizam, 1mpo~
d~- me sucessivas reencarnaes para alcanar uma perfei:
ao duvidosa. Ns podemos apegar-nos a uma pessoa que ja
esteve neste mundo, ao Senhor Jesus Cristo, que provou
que ele tem toda a autoridade. Merece confiana e amor.
Morreu na cruz por amor aos homens e ressurgiu da morte
para dar - lhes vida eterna. Isto importante especialmen
te em v ista da morte que reconhecemos inevitvel. t dolo
- 143 -
- 142 a s
3. B9!~l~9_e~-~~_e~~~l~
Tema: Outra vida
I
Partes: Introduo
1. Esperanas de vida
11. A outra vida - que
- que
1 li. A transformao da
e no futuro.
em face da morte
Cristo oferece
outros apregoam
existncia no presente
III - Bibliografia
GNILKA, Joachim. Der Philipperbrief. ln:
Herders
Theologischer Korrnnentar zum Neuen Testament. Freiburg Basel-Wien, 1968. - HEINZELMANN, Gerhard. Der Brief an
die Philipper. ln: Das Neue Testament Deutsch.8ttingen,
Vandenhoeck & Ruprecht, 1949. - QUERVAIN, Alfred de
Philipper 3,17-21. ln: EICHHOLZ, Georg, ed. Herr, tue
meine Lippen auf. Wuppertal-Barmen, Emil MUller Verlag,
2~ edi., 1959, vol. 2
DOS
p e n s e s
N A D O S
3' 17-21
Martin Volkmann
1 - Questes preliminares
- 144 11 -
Anlise exegtica
t errenas li . 1sso
procedem como pessoas presas as
, em outras palavras, o mesmo que Paulo exeressara
no
vers. 3 com "confiamos na carne 11 (veja tambem o vers. 4;
2 Co 1,9). Em resumo: Mesmo considerando-se "espi ri tuais 11 ,
j libertos, j no alvo, na realidade esto pres~s ca~
ne, terra; a existncia deles, em verdade, esta determinada no pelo Cristo, mas pela confiana em si mesmos.
O fim, o alvo para onde se dirige a existncia crist e
onde eles j presumem estar, mostrar a real caracteriz~
o deles: perdio, infmia.
Vers. 20-21: Aqui Paulo volta novamente a caracterizao mais detalhada dos verdadeiros cristos do vers. 17.
(Em 17-21 h, pois, uma estrutura clara: 17 - 11 andar 11 dos
cristos; 20-21 - alvo para o qual eles se dirigem; 18 11
11
andar dos "libertos"; 19 - alvo para o qual eles se dirigem. Isso acentuado tani>m, lingUisticamente, pela i~
cluso da conjuno "pois" toda vez que so contrapostos
os dois grupos: no vers. 18 para contrapor o 11 andar 11 dos
11
espirituais 11 ao dos verdadeiros cristos; no vers. 20 , pa
ra evidenciar o contraste entre os alvos de ambos os gru~
pos. Nesse versculo o contraste acentuado tani>m pela
anteposio, no grego, do pronome pessoal - veja vers. 3.
Com isso fica comprovada a vinculao ntima dos vers. 2021 com os versculos anteriores).
- 147 -
Meditao
- 149 -
Exatamente por isso os cristos necessitam da admoestao. A base da vida deve determinar o andar dirio. Por
que, se falta essa admoestao, o constante ser lembradode que ns ainda no estamos no alvo, pode dar a falsa imagem na qual caram os "inimigos da cruz de Cristo", de
que ns j temos tudo, j estamos l. E com isso jogamos
novamente tudo fora, prendendo-nos nossa prpria justia. Por isso a constante necessidade de se colocar sob a
palavra: o cristo precisa do confronto com a palavra, do
qestionamento pela palavra para permanecer sob a palavra.
Mas a admoestao no pode estar desvinculada da esperana. Se faltar essa, a admoestao redunda em moralina
e
novamente em 11 inimizade da cruz de Cristo11 A vida que se
sabe liberta por Cristo espera, tem certeza de que para e
la tambm vir a consumao, o dia da ressurreio da cruz.
- 151 -
150
pergunta pela esperana crist. Ser a mort e o fim d e tudo, ou ns cremos numa vida plena e total, na "transforma
o do nosso corpo de humilhao para ser igu a l ao c o rp ode sua glria"? Por outro lado, a morte j nos pode a tingir mui to antes de expirarmos. '. a morte 1 espi ritual 1 , a
situao daquela pessoa que, por si s, procura a r e sposta pelo sentido da vida. a situao dos 11 ini migos
da
cruz de Cristd 1 , pois vida - e vida s e x iste l ond e
a
morte perdeu a chance - s se obtm na cruz de Cristo.
Talvez seja este o rrel hor ponto de entrada no te xto nesse
dia de Finados.
IV - Bibliografia
BARTH, Karl. ErklMrung des Philipperbrief e s, 19 28 . FRIEDRICH, Gerhard. Der Brief an di e Philipper. ln: Das
Neue Testament Deutsch. G8ttingen, Vand e nhoeck & Rup~
recht, 1968. - GNILKA, Joachim. De r Philipperbrief. ln:
Herders Theologischer Konunentar zum Neuen Testame nt.
Freiburg-Basel-Wien, 1968. - IWAND, Hans Joachim. Philipper 3, 17-21. ln: Predigt-Meditationen, p. 272-276. LOHMEYER, Ernst. Der Brief an die Philipp e r. ln:
Kritisch-exegetischer Kommentar b e r das Neue Testam e n--i:1964. - QUERVAIN, Alfred de. Philipper 3,17-21.
ln:
EICHHOLZ, Georg, ed. Herr, tue meine Lipp e n auf. Wupp e r
tal-Barmen, Emil Milller Verlag, 2~ ed., 1959, vol. 2.
L T
MO D O M1 N G O A P S
A p o c a
p se
T R 1 N DA DE
4,1-11
Exegese
A estrutur a do texto e- clara . l-2a: Ordem para o vidente subir e ver o que haver de acontece r; 2b-8a: A
viso do trono; 8b-ll: A proclamao dos quatro seres vi
ventes e a reao dos ancios. Ser bom entrar em deta-lhes.
l. A ordem para subir e ver o que haver de acontecer. 11 Depois disso 11 nao designa um espao de tempo determinado. A e xpresso tem a funo de relacionar a viso que segue com os aconteci mentas anteriores. 11 Depoi s
disso olhei 11 introduz sempre uma viso (7, 1.9; 15,5). A
imagem da ''porta celestial" freql..lente em vises apocalpticas (cf Lohmeyer, pg 44). A voz que fala a
mesma mencionada em 1, 10. 11 Sobe aqui 11 aponta para o fato de que o vidente ainda se encontra na terra: convidado a subir ao cu, que imaginado como templo ou
palcio. "E mostrar-te-ei" indica que agora iniciaro as
vises. Em Ap 2-3 o vidente anotou as coisas 11 que so 11
Em 4-20 escreveu as coisas que ho de acontecer, aqui lo
que agora testemunhar. A tarefa de escrever ambas as
coisas fora recebida em l, 19. 2a parece ser uma observao retardante: por que repetir que o vidente se achou
1
'em esprito", se j em _l~ ele est em xtase? A obsservao quer dizer que e agora que inicia propriamente a viso.
2. A viso do trono. O trono se encontra no centro
da sala celeste. Ele nao descrito. 11 E nesse trono estava sentado (algum)" revela a deciso de no citar o
nome de Deus, o que nenhum judeu podia fazer. Mas a nfase est no 11 sentado 11 Estar sentado caracterstica
de divindades. Representa poder. Quem governa, quem
rei ou juiz est sempre sentado. "Reis e juzes exercem
a sua funo sentados. Aquele que est no cu sentado no
trono s pode ser por isso o Rei dos reis, aquele que tem
- 152 poder sobre todo o mundo e o julga" (Lohse , Die Off e nbarung, pg 36). O brilho de pedras preciosas serv: para
descrever o aspecto de Deus. O jaspe tem coloraao vermelha. Em Ap 21, 11 designa, no entanto, urna ped~a crist~
lina e transparente corno o vidro. Talvez tarnbern o no:so texto se refira ao brilho de um cristal branco. O sa_c
dio (e no sardnio) tem cor vermelha. Ao cintilar branco/vermelho juntam-se os raios de luz verde-esmeralda,
em feixe, do arco-ris ao redor do trono. "Semelhante"
lhomoios) indica que esta descrio s aproximativa. O
olhar recai em seguida (v 4) sobre o espao em torno do
trono. Sobre 24 tronos esto sentados 24 ancios (presbyteroi). Tambem esses tronos representam poder, mas no
poder independente do poder de Deus. 1s to se torna c laro ~o v 10: Os ancios se prostram diante de Deus.= depositam as coroas diante do trono de Deus. Os anc1aos r~
presentam um conselho celestial (cf Is 24,23). T:ata:se,
na opinio do vidente, provavelmente de anjos. 11 ~~0 ~ao
quia homens transfiqurados e ento talvez ecles1asticos
transfigurados e nem cardeais romanos, portanto, nem pastores luteranos, nem presbteros reformados, - rnas,_de
~corda
1nd b.1 com o lugar, falar e fazer que lhes atribui
- do,
u tavelmente anjos, sendo que o vidente chamara em
7,14 um deles expressamente de kyrios {Senhor) (Karl
Ba~th, KD 111/3, pg 542). No entrarei na discusso da
Origem e do significado do numero 24. V 5 descreve O e~
P~o
entre o trono e os 24 ancios. "Relmpagos" e ''trovoes11 s
h
empre acompanham a revelao de Deus . As 7 toe as
de fogo so identificadas com os 7 espritos que servem
a Deus: Talvez se trate de anjos. O v 6 descreve o espao diante do trono . A idia original de que o trono de
ce 1este
(cf
Deus f 1utua~a sobre as ondas do oceano
L~hmeyer, pag 48) anterior ao vidente, sendo que ele
nao a conhece mais. Aqui s restou ainda a idia de algo
c~mo um mar defronte do trono. Com relao aos 4 seres
v i ventes pode-se conferir Ez 1. Eles representam servos
de Deus que tudo vem . No v 7 eles so descritos. Em 8a
assumem o aspecto de serafins (cf Is 6).
Os v 2b - 8a so o centro da viso apocal ptica de noss a per i cope. Deus e descrito como aquele que est sentado em um trono . Tudo o mais gira em torno do seu trono.
- 153 -
_o
- 155 guinte: No v l a voz promete introduzi~ o vide~te :macontecimentos futuros. Em lugar de faze-lo de 1med1ato,
o vidente confrontado primeiro com a viso do_ Deus e~
tronizado. A prdica poder aprov~itar esta visao ~nes
perada e fazer da pergunta 11 Quem e Deus? ~or que nos_
falamos de Deus" o tema da prdica. A visao fornecera
bons subsdios neste sentido.
A atualidade do te xto, com relao pergunta feita, est em dois pontos:
l. A viso nos confronta com um Deus majestoso e po
deroso, que determina o curso da histria da humanidade
{v 8). Ele tudo criou (v 11) e digno do seu pod~r.
Deus hoje, em comparao, visto mais como um pa~ b?ndoso, que se preocupa com a vida de cada um. Ele e visto pelo prisma das preocupaes pessoais. O texto nos
confronta com uma outra maneira de ver Deus. Talvez tenhamos que soletr-la de novo: Deus no s determina o
curso de uma vida pessoal, mas o caminho de toda a humanidade. Ele estabelece o seu caminho e o seu !im. Para ns talvez seja difcil aceitar esta concepao de
Deus. Vemos guerras e a fome mundial, e tudo indica que
no Deus quem determina o caminho dos povos, mas os
poderes econmicos, as grandes empresas, os poderes polticos e militares. Na prdica teremos que transmitir
a confian a de que no assim, de que todo o governo
est nas mos de Deus. Teremos que convidar a louvar
este Deus. Os cap 2-3 fornecem material p~ra mais um a~
pecto: Deus conduz tambm a sua igreja. Nos t:mos muitas perguntas em relao igreja: El a ainda e igreja?
Ela vive a partir da Palavra? Ela tem um futuro? Ela
no s fala corretamente, mas tambm vive o que diz? Ela no se acomoda demais sociedade? Ela no determinada demais por razes hum~nas? Existem mi! motivos
para abandonar a igreja, tanto para um pastor como para
membros de comunidades, motivos para vacilar e duvidar
dela. Por que, apesar disso, permanecemos nela? O texto fornece um argumento teolgico que na verdade uma
nova perspectiva: Porque ela guiada por Deus. Deus a
conhece, a chama ao arrependimento e lhe promete futuro (cf cap 2-3) ! Esta a perspectiva do Ap com relao
- 156 -
igreja, representada em Ap pelas 7 igrejas da sia Menor. Por isso faz sentido trabalhar nela, convidar outras
pessoas a participarem de sua vida. Para ter nela e com
ela futuro, um futuro aberto por Deus. Em uma poca em
que h acentuada tendncia de se perder a noo do todo
e de viver s em grupinhos pequenos, seja na famlia ou
em crculos cristos isolados, o Ap diz claramente q~e
Deus tem em vista a IGREJA e a ela promete futuro, nao
indivduos ou grupinhos. Talvez no vejamos Deus assim.
Talvez no falemos dele desta maneira. Mas, por isso
possvel falar de Deus: porque ele se interessa pelo
carni~ho da humanidade e da igreja. O texto e o contexto
contem um convite para aproximar esta maneira de ver
D:us do ouvinte e lhe abrir assim as portas para uma caminhada - no mundo - com a igreja - esperanosa .
.. - ~ A viso do vidente nos confronta com uma conseq~enci~ da maneira acima esboada de ver Deus. A do x~lo
gia.deixa transparecer que em oposio reivindicaao _
d? imperador, Deus o nico que digno de honra e gloria e~ ~eus aquele nome que no legitima, mas~
~honra e gloria e poder a qualquer outro nome que reclama honra glria e poder para si. Deste modo cada lo~
v~r Deus, cada afirmao de que De us compete m a gloria e 0 poder, ao mesmo tempo um protesto contra todos
0
s poderes polticos que reclamam para si o que de
0eus.
- 157 simplesmente. Ns nao vivemos mais a situao que viveram as comunid~des da As i a Menor. Os governantes de hoje
no reivindicam mais para si o ttulo "Senhor e Deus nosso'' e a conseqnte adorao como Deus. Em 1ugar de i rnpe radores autocrticos temos democracias com maior ou me
nor grau de liberdade e participao do povo. A crticaque o hino dos ancios deixa transparecer no se restri~
ge, porm , a formas de governo passadas que
express i s
verbis assumiram a posio de Deus. O nome Deus aquele
nome que coloca tambm no presente em xeque todo e
qualque r exerccio de poder absoluto e arbitrrio de homens sobre homens. Onde o nome de Deus e mencionado,
onde ele no presente objeto de louvor e_adorao, ali
negado a qualquer outro nome honra e gloria e poder.
A prdica de hoje ter que aprender a exprimir isto
de uma maneira nova e evanglica; ter que diz-lo deuma man e ira tal, que o ouvinte seja - a longo prazo envolvido em um processo de aprendizagem. Concretamente
isto, porm, tambm significa: A prdica no s mostrar
que a partir de Deus no legitimado o uso de poder e
de presso de homens sobre homens, mas tambm, sempre
de novo, apontar para as vtimas do poder absoluto e
pa r a as classes sociais que vivem em misria . Ela no
far de conta que tudo est bom corno esta e que o mundo
no e reformvel. Ela mostrar que a cada um compete
- com amor, com dedicao, com esperana, com imaginao
e sem medo - trabalhar para gue a vida no pas em que
cada um vive seja uma vida tao boa quanto possvel para
todos. O evangelho se preocupa com a relao Deus-homem.
Negando, porm, em nome de Deus, o exerccio de poder
absoluto de homens sobre homens, ativa para uma participao responsvel na vida poltica . A prdica encoraj~
r para isso.
Quem Deus? Por que falamos de Deus? Deus aquele
que determina o curso da histria da humanidade e nos
deixa p~rticipar dela com esperana. t aquele que d
futuro a igreja. Deus aquele em quem somos convocados
a ver que todos os poderes absolutos so limitados atravs do prp ri o Deus. Deus aquele em cujo nome podemos
fazer o possvel para criar um mundo mais justo. Talvez
- 159
l?
Ili - Bibliografia
Nelson Kirst
DOM
s a
a s
N G O
63, 15-16;
DE
A DV E NT O
19b-64,3
1 - Te xto
Traduo:
- 160 depois o de Alrreida): 63, 19a = 63, 19; 63, 19b = 64, l; 64,
1 = 64,2; 64,2 = 64,3; 64,3 = 64,4 .
O trecho 63,7 - 64, 11 , todo ele, uma larnentaao do
povo (LP), dentro da qual 63,7-14 se apresenta quase como um salmo histrico autnomo, fazendo um retrospecto
dos atos salvficos do passado. A LP propriamente dita c~
rrea, pois, no v 15 e apresenta a seguinte est~utura:
15
16
splica pela dedicao de Jave e asseverao de confiana
17 - 19a
l~rrentao
_
_
19b - 64,4a suplica pela intervenao de J~ve
4b - 6
confisso de culpa com acusaao a Jave
7
a~severao da confi~na
_
8
suplica pela dedicaao de Jav~
9 - 10
lamentao por Sio e Jerusalem
11
pergunta final.
Seja qual for a diviso que se faa, cortar uma uni~~
de, tomando apenas alguns trechos como base para uma predica~ sempre foi um mau costume. Se aqui propomos dois bl~
c?s iso!ados da LP, fazemo-lo com base nas seguintes consideraoes: a) o texto todo demasiadarrente longo e com~
plexo para nue a comunidade possa acorrpanh-lo com prove~
to, apenas ouvindo; b) com os dois trechos indicados, to~mos 0 _elemento que nos parece central nesta LP! qual s~
Ja, suplica por dedicao e interveno de Jave. Os outros elementos podem neste caso ser considerados compl~
rren t ares, embora sejam
'
'
d evem
importantes
e, se poss1vel!
ser considerados na prdica (lamentao e confissao
de
c~\p~) N~ srie de percopes ainda se indica 64,4a (que
nao incluimos por ser um provvel acrscimo que vem desl~
c~r ~m ta~to o sentido da splica original) e 64,8 (que
0
nao incluimos para no termos que recortar ainda mais
texto e p ara nao
- sermos obrigados a entrar na questao
d~
c~ 1pa, 0 que implicaria num acmulo de assuntos para apr~
d 1 ca).
Is 63s forma, J'unto com a LP de Is 59, a moldura para
as p 1avras de graa dos captulos 60 a 62, que sao
- ? P?!:.
te_central do complexo de escritos pertencentes a Tri toisaias (Is 56-66) . Nossa LP surgiu, em seu cerne, provaveJ_
rrente logo aps a queda de Jerusalm, em 587, no perten-
- 16 l cendo, pois, em sua origem, a Tritoisaas. Ela representa o texto de um ato litrgico, cultuai, no qual a comunidade se rene para diante de Deus lamentar uma calamidade pbl ica (no caso, a destruio do templo e da cidade) e suplicar pela dedicao e interveno benigna
de
Jav. Esta a situao que devemos pressupor. (Sobre o
exposto neste ltimo pargrafo, cf. Westermann, ATO 19,
p. 236ss, 306s e 311).
15: A LP de uma linguagem singularmente passional,
arrebatadora. A comunidade investe tudo para chamar a ateno de Jav sobre a sua situao e induzi-lo ao.
Chamamos a ateno para as seguintes consideraes:
a) A comunidade salienta a distncia e santidade de
Jav, que habita em glria, nos cus. to Deus intocvel,
distante, longe das lidas cotidianas, humanas, imperscr~
tve l.
b) No restante do v 15, a comunidade apela para uma
srie de atitudes da parte de Deus. Ela fala da paixo de
Deus - pelo seu povo, claro. Fala da fora que Deus
capaz de investir - em favor do seu povo. Fala da convul
so dos sentimentos de Deus e da sua comiserao - em f
vor do seu povo. Mas sobre essas atitudes diz a comunida
de: onde esto? Que significa isso? Abandono. A comunida
de se sente rf, abandonada por seu Deus. A ponto de pe
di r que ele deixe de refrear seus sentimentos, sua pai-xo, para novamente dedicar-se ao seu povo.
c) Deduz-se da algo mui to importante: Embora no sin
ta agora a sua presena benigna, a comunidade sabe a respeito de tais atributos de Deus; do contrrio, como pode
ria sentir falta deles? Ela deve ter tido notcia.
Ja
houve os que, talvez num passado remoto, experimentaram
a paixo, a fora, a comiserao de Deus. Destes a comunidade deve ~er recebido informao. Por isso ela pergun
ta: onde estao?
16: Do abandono assim expresso, da dolorosa falta de
Deus, a comunidade se atira nos braos desse mesmo Deus:
"Pois tu s nosso_pai ! 11 Nesta situao de nada adianta
s:r descendente f1sico de Abrao ou pertencer a uma naao chamad~ r:rael. Importa agora que, apesar de tudo, a
pesar da d1 stanci a e do abandono, Jav "nosso pai".
- 163 -
11 - Meditao:
Arrolamos a seguir, a ttulo de meditao, alguns
pontos que podem conduzir o pregador na atualizao do
te xto:
1. A situao dos suplicantes do nosso te xto de du
pla calamidade :
a) num plano e x terior, invaso de inimigos , destruj
- 164 -
- 165 -
.6. Em qu: basearamos ns a splica e confiana deu1nterv:nao_de Deus? Evidentemente, naquele que para
nos a noticia ultima, terminante e definitiva sobre Deus:
Jesus Cristo. Temos que perguntar e refletir com a comuni
dade: A notcia que temos sobre Deus, atravs de
Jesus
Cristo, contm algo de relevante para a nossa situao de
calamidade interna, de orfandade espiritual? E pode dizer
algo de relevante para a situao de calamidade exterior,
material, fsica, que nos cerca? Essa notcia nos permite
suplicar e confiar numa interveno de Deus?
7. Se a reflexo sobre a atualizao do texto nos leva necessariamente a Jesus Cristo, por que no ficamos lo
go num texto do NT? Que que este nosso texto tem de bem
prprio, de modo a tornar uma prdica sobre ele algo
de
singular? Os seguintes aspectos podem ser ressaltados como o 11 proprium 11 , que d a este texto seu carter peculiar:
A teimosia dos suplicantes, esse desesperado e confiante agarrar-se ao Deus de que se tem notcia, mas que es
t to ausente, do qual no momento no h sinal;
a paixo da splica, o emprego de todos os recursos,
num ingente esforo de persuaso;
a coragem de confiar contra toda evidncia;
a indicao clara de que este Deus tem algo a ver com
a misria espiritual e material/fsica dos que nele esperam.
Se esses_traos eeculiares conseguirem chegar comunidad: atraves da predica, teremos uma pregao nica, ir
repet1vel, que no poderia ser a mesma se baseada sobre outro texto.
8. A partir de Cristo teramos base e autoridade para
potenciar e radicalizar ao extremo cada um dos itens menciona~os no pargrafo anterior. Pelo que sabemos de
Deus
atraves de Cristo, a teimosia pode ser tanto mais ferrenha, o Deu~ abscndito tanto mais supervel, o esforo
de persuasao pode ser ainda mais entusiasmado, a confian~ ~ode ser mais firme, a solidariedade de Deus com a miser1a global do homem chega ao ponto da identidade.
m~
- 166 -
- 168 -
11
N A T A L
L u c a s
- 169 -
2' 1-14
Nelson Ki lpp
- 170 -
- 171 -
Ro
111
- 172 majestade divina o medo (v 9). Aqui, no entanto, a manifestao da "kabod'' divina no vem para o castigo dos
homens, mas para "grande alegria d: todo o povo" _ .
Todo o peso dos vs 8 a 14 esta_colocado no. an~nc10
do anjo. Este anncio tem por conteudo uma pcom1ssa~ messinica: Hoje nasceu o Salvador. E este 11 soter 11 - titulo
tambm usado para designar o imperador e governad~res romanos - o esperado por todos, o Messias. O nascimento
do Salvador o primeiro passo dado por Deus para a concretizao da salvao dos homens. No centro do anncio
no est tanto o fato do nascimento da criana, mas a :ua
importncia como sinal que indica em direo salvaa~
futura. A salvao esperada no futuro, com a instalaao
do Messias no poder.
_
O anncio do anjo aos pastores a interpretaao dos.
fatos histricos dos vs 1-7. Os fatos histricos, ~or SI
somente, no so claros, mas carecem de interpre~a~o. O
sinal do Redentor - as faixas e a manjedoura - nao e verdadeiramente um sinal que pudesse comprovar aos pastores
que este, de fato, o Salvador. Somente comparado com o
anncio do anjo que os pastores, atravs da f, podem
ver neste sinal um sinal de condescendncia divina, uma
confisso pobreza e fraqueza humanas. No assim que_a
simples apario do anJo substitusse qualquer ato de fe
0 re l to
dos pastores. Devemos ter em conta de que tambem
natalino foi escrito sob a perspectiva da f sur~ida p~r
ocasio do acontecimento de Pscoa. A festa da Pascoa ~
anterior festa de Natal, tanto histrica como teologi camente.
A doxologia do v 14 composta de duas partes ligadas entre si por um "kai", "e". Aos homens Deus mani festa a s~a boa vontade, benevolncia, agrado, graa. lmpo~
tant: e a conjuno aditiva 11 e 11 : a paz sobre a terra exi~
t: la onde a glria dada a Deus. A paz entre os homens
nao foi conquistada por esforos humanos, mas se concretiza pela atuao do Salvador. Em cont rap os i o ao "pac ~ 11
ficador Csar Augusto, o relato de Lc 2 afirma: a paz e
Cristo (cf. Mq 5,4 (5) ).
IV
A comunidade reunida no dia de Natal e muito diversa.
1 74
- 175 pol tica entre os homens deve ser vista em estreita relao com a paz com De us . A reconciliao possibilita e espera por uma paz pol t ica e social entre os homens . Creio
que s podemos louvar a Deus (v 14) quando no mundo esta
mos preparand o o caminho da paz, iniciado por Deus atra-ves de seu Filh o .
Obs .: Encerra- se aqui a parte referente s s ries de percopes IV e V, anti go volume I. Seguem
textos
escolhidos das sries de per co pes V e VI, do anti
go volume II.
- 176 -
- 177 -
Gottfried Brakemeier
Na anlise dos evangelhos (= ev.) sinticos, a hiptese das duas fontes bsica. Conforme esta 1 os evangelistas
Mt e Lc usaram duas fontes literrias comuns: o ev. de Me
e um outro documento, reunindo mormente pronunciamentos de
Jesus (=fonte Q). Da se explicam as grandes semelhanas
entre os trs ev. sinticos (ex.: Me 1,1-6; Mt 3,1-6; Lc
3, 1-6) bem como uma poro de convergncias entre Mt e Lc
em material excedente a Me (ex.: Mt 3,7-10; Lc 3,7-9). Mas
tambm as divergncias entre os sinticos acham soluo.
Elas tm as suas causas em dois fatores: Mt e Lc ampliaram as suas obras mediante material
coletado por eles individualmente e certamente proveniente da tradio oral (=
material exclusivo). No menos importante o segundo fator: Nenhum dos evangelistas se deu por satisfeito com a
simples cpia das suas fontes. Querendo anunciar o Evangelho, eles recontaram(!) a histria de Jesus, atualizando
o ~aterial das suas fontes e imprimindo-lhe o cunho de seu
proprio testemunho. Por isto a redao dos ev. no se re:ume num processo de reproduo mecnica da tradio, ela
e, ~ui to antes, um processo de proclamao, no qual a tradiao reinterpretada. Alm de coletores de material, os
evangelistas eram telogos que refletiram sobre o Evange~
lho e que se empenharam em diz-lo de maneira nova dentro
de sua poca e dentro de seu mundo especfico.
1) Contedo e estrutura
De um modo geral, Mt se atm estrutura do ev. de Me,
na qual ele incorpora tanto o material da fonte Q como tam
bm o seu material exclusivo. Essas incluses, por vezes,
rompem a estrutura de Me. Ainda assim esta nitidamente
visvel. Podemos distinguir quatro bl~cos:
O primeiro constitudo pela assim chamada pr-histria (cap. 1,1-4,ll), que fala dos antecedentes ao ministrio pblico de Je~us. _Em comparao com Me (1, 1-13), este
bloco sofreu cons1deravel ampliao pela histria do nascimento e da "paixo 11 do menino Jesus (cap. 1 e 2). Segue,
- 178 -
- 179 -
t
de s1stemat1zar o mater1a , pois a es ru turaao do mesmo,
de colocar enbem como as ampliaoes,
revertem em maneiras
fases teolgicas. Nos cap. 5-7 Mt apresenta Jesus com~ 0
Messias da palavra, nos cap. 8 e 9 como Messias da aao, e
b
amos
os complexos preparam a resposta d a d a Por Jesusd aos a
- Batista
.
.
d 1sc1pu 1os de Joao
que o .interrogam acerca a su
messianidade (cap 11 2ss)' Em especial, porm, os numero
' ev. denunciam claramente 0 in teressos sermoes
no primeiro
se de Mt: O ensino de Jesus de importncia fundamenta 1
. que o Jesus ressurreto encarr ega os seus
eom .isto condiz
d .1sc1pulos expressamente da tarefa de ensinar os povos a
guardarem todas as coisas que lhes ordenou (28,20) Porest as razoes,
as grandes inclusoes
de Mt no P 1 an o _de Me e as
alteraes na estrutura no so apenas uma questao forma 1
E l as nao
- deixam de ser uma expresso da teologia
de Mt e
de sua compreenso do Evangelho.
r
2) O autor
- 181 -
- 130 c) O ev. de Mt mostra claramente que a comunidade crist se sabe separada do judasmo. Mt pode falar dosescribas como sendo 11 os escribas deles 11 (=dos judeus).
O reino de Deus passou para outro povo (21 ,33ss), e
a mensagem crist se destina a todos os povos.
Ambos os tipos de argumentos tm sua validade e parecem
conduzir a um impasse. Considerando-se, porm, a forte herana judaica, to em evidncia no ev. de Mt, e o fato de
no ser necessrio pressupor que um judaico-cristo deve
ter tido conhecimentos de hebraico e aramaico, os argument~s a favor da tese que defende a procedncia judaico-crista do autor, so mais fortes. Mt e as comunidades a que se
d~rige
vivem nas tradies do povo judeu. Para estes cristaos tem validade o que os escribas ensinam, embora no se
d:v~ seguir o exemplo deles (23,3), e a lei vtero-testamentaria continua em vigor ao menos em sua essncia (cf.5, 18).
De outro lado, porm, estas comunidades falam o grego,
d~ q~e se conclui que elas so originais do judasmo heleni~tico. Apesar_de convictas das prerrogativas do povo judaico, elas es~ao profundamente atingidas pela crise dopovo de De~s, crise esta que se consumou na rejeio de Jesus
de Nazare e nocas t.1go 1nfl igido por Deus ao povo na catastrofe da guerra judaica e da destruio de Jerusalm pelos
rom~nos no ano de 70
d.C. (22 lss). Oeste Israel ascomunidades se sabem separadas. Ma~ elas se entendem como o
novo Israel e mostram, assim que existe um vnculo entre
elas
d.f .e 0 an t.igo povo de Deus.' Sob esta perspectiva no
1 ~ci l colocar os argumentos acima arrolados sobre um de~o~i~ador ~om~m: Mateus deve ser membro de uma comunidade
JU aic~~crista, vivendo num ambiente helenstico.
d MAli~s, h~uve quem defendesse a tese dizendo que o ev.
~ t nao foi redigido por apenas um autor mas que ele ser 1a o fruto
do
- 1co de uma 11' esco l a 11 , na qua 1
.
. t r b a l ho teol og
s e teria cultivado o tipo de interpretao do AT particular
de Mt. No entanto, apesar de a existncia de 11 escolas 11 teolgicas no cristian1sm o pr1m1t1vo
ser comprovada pela escol~ ~e Paulo e pel~ :scola de Joo, no h demonstrao suf1 c1ente para a h1potese de uma escola de Mateus. t possvel que .pensamento teolgico de Mt tenha sido comparti lhado por muitos ~ut~o~ proeminentes telogos daquela poca.
Mas faltam os 1nd1c1os que nos permitissem falar numa esco-
la em sentido preciso . Enquanto estes nao existem, atribumos a redao do primeiro evangelho autoria de um homem alis de considervel capacidade teolgica - de nome Mateus.
3) Lugar e data da redao
No que se refere data e ao lugar da redao, dois fatos so incontestveis: O ev. de Mt foi escrito num ambiente em que se falava grego, e ele foi escrito depois de Me.
Assim sendo, a Palestina como lugar de origem deve ser excluda. Foi pensado em Pela, na Transjordnia, para onde a
comunidade crist se havia refugiado em vista do perigo de
guerra que sobreveio Judia a partir dos anos 66 d.C. Mas
a maioria dos comentaristas localiza a origem do ev. na Sria. E, com efeito, a presena macia de tradio judaica
no evangelho e o fato de a existncia de um cristianismo helenstico com fortes vinculaes com a histria d~ povo eleito no poder ser admitida demais distante da Palestina,
indicam a Sria como provvel ptria do evangelho de Mateus.
Quando Mt escreve , a destruio da cidade de Jerusalm
fato consumado.Portanto, o ev. foi redigido depois de 70
d.C. Por outro lado, Incio da Antioquia, que sofreu a morte de mrtir no ano de 110 d.C., conhece o ev. de Mt. Isto
significa: Mt escreveu entre os anos de 70 e 110 d.C. Visto que Mt est baseado em Me e mostra em relao a este um
estgio adiantdo de reflexo teolgica sobre certos assuntos (como por ex.: sobre o fenmeno da Igreja), indicam-se
as ~uas dcadas de 80 at 100 d.C. como data da redao, ou
entao os anos por volta de 90.
4)
J foi f~isado que Mt d mxima importncia ao cumprimento dos ~nuncios do AT na histria de Jesus. t digno de
nota_que nao_s~ cumpre apenas a salvao profetizada, mas
t~m~e~ u~a serie. de detalhes e episdios de relativa insign1f1canc1a na vida de Jesus. A fuga para 0 Egito, por
exemplo, sucedeu para que se cumprisse a profecia de Os 11
11
l: 00 Egito chamei o meu fi lha1 1 (Mt 2, 15). As trinta moe-'
das de prata, oferecidas a Judas em troca da traio
bem
como o campo d~ oleiro, comprado pelo dinheiro devolvldo
(Mt 27,3ss), sao preanunciados pelo AT (cf. Zc 11,12 e 13).
- 183 assistncia (cf. 8,23ss), mas ela tambm olha para trs
ao mestre Jesus de Nazar, recordando e guardando as su~s
palavras e vivendo de acordo com as mesmas.
Em outros termos, Jesus para Mt o divino mestre que
com autoridade singular interpretou a lei e definiu a vontade de ~eus. Entretanto, Jesus no s ensinou a lei, mas
e 1e ta mb em a cu mp r i u ( 5 , 17) . Pa r a cu mp r i r a 1e i J e s us se
submete ao batismo de Joo (3,5). Jesus o justo (27, 19),
d~ ~odo que a messianidade de Jesus, para Mt, no se torna
v1s~~el. ta~to nos milagres por ele operados, mas na sua ob:d1enc1 a 1nte~ral a Deus. Naturalmente tambm os milagres
sao documentao:s da dignidade messinica de Jesus, no entanto, eles estao praticamente subordinados doutrina de
J=sus~ Via de regra
eles possuem funo paradigmtica,eles
nao sao contados com o intuito de simplesmente impressionar
nem de mostrar o poder excepcional de Jesus. Eles trazem
u~a ~e~sagem atual, neles a comunidade pode aprender o que
s1gn1:1~a crer, eles servem de advertncia, so sinal da
c~mpa1xao de Jesus, etc . Em todo caso, os milagres de Jesus
nao pode~ ser compreendidos parte da sua palavra.
Considerando mais de perto o ensino de Jesus, constatamos que~ para Mt, tanto a proclamao do reino por Jesus co~o tambem a sua vigorosa reinterpretao da lei de Deus so
1mportantes:
a) A proximidade do reino de Deus exige o arrependimento do hom:m, isto , uma volta no rumo de vida. O reino de
Deus trara o juzo (cf. 13,47ss; etc.). Mas graa que est~ arrependimento possvel. Jesus oferece o perdo e convida para aceitar a chance dada por Deus aos homens pecadores (18,23ss; 21,31 e 32; etc.) E'. para isto que Jesus veio,
a saber, para procurar os perdidos (15,24; etc.) e para prometer. o reino de Deus queles que nada mais querem ser do
que f1 lho: humildes do seu Pai celeste (18, lss). Bem-aventurad~s s~o os pobres de esprito, os que tm fome e sede
pela Justia, etc. (5,3ss), porque o reino dos cus ser
del~s. No entanto, Mt enfatiza, mais do que os outros evangelistas, que o reino de Deus exige uma nova 11 justia 11 (=
conduta), melhor do que a dos fariseus e escribas (5,20).
Sempr: ~e novo Mt insiste no cumprimento da vontade de Deus.
Sem duvida, a misso do Filho de Deus significa uma nova
chance, ela sinal da incrvel pacincia de Deus para com
o seu povo desobediente, ela equivale ao perdo dos pecados ,
- 184 mas a resposta do homem a esta ao de Deus deve ser o arrependimento e o cumprimento da vontade de Deus.
b) Mas qual esta vontade de Deus? Com esta perg~nta
abarcamos um dos elementos mais importantes da teologia de
Mt: a sua compreenso da lei. Mt luta contra duas frentes:
Por um lado, ele combate tendncias liberais dentro da propria comunidade crist. Contra estes elementos ele lan7 a
terrvel ameaa: "Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor.
entrar no reino dos cus mas aquele que faz a vontade de
meu Pai que est nos cus'. 11 Tendo em vista crculos cris~
tos que, aparentemente, tinham divorciado o crer e o agir,
Mt insiste na validade da lei: 11 At que o cu e a_terra passem, nem um i ou um til jamais passar da le~, ate que tudo se cumpra" (5, 18). A lei do AT, codi fi caao da vontade
de Deus, permanece vlida. Quem dissolve a lei e d~i~a de
cumpri-la, dever ouvir a maldio do juiz escatolog1co:
"Apartai-vos de mim, os que praticastes a iniq\.lidade 11 (7,
23).
.
Por outro lado, porm, Mt combate no menos rigoroso
hipocrisia dos fariseus e dos escribas (cf. cap. 23) Ele
critica no s a disparidade que h entre o seu falar e a.
- a sua cegueira incapaz de d:sco.b rir
gi:
mas ~ambem
os pi-recei tos mais importantes da lei a saber, a JUst1a, m.
sericrdia e a f (23,23). Poi~ tambm para Mt, a despe~to
da passagem 5,18, o cumprimento da lei se resume no due mandamento do amor, e no na observao da letra. Mt nao e
legalista.
Existem, alis, indcios para o fato de a comunidade
de Mt ter continuado observando o sbado (24,20) d~ ter
fr~q~entado o culto no templo, ou, pelo menos, de ~a~ ter
r~Je1tado este culto (5,23ss)' etc. Portanto, a prat1ca_da
p~eda~e_ju~aica aceita e acompanhada. _Mas o q~e.yesa_e
m1ser1cord1a e o amor. Este ser o criterio no JUIZO final
(25,3lss) Implicitamente Mt distingue entre a lei ceremonial (leis rituais, leis de purificao, leis referent:s .
aos alimentos, ao culto, etc) e a lei moral. De importanc1a
primria esta, no aquela, sendo que do duplo mandamento
do amor dependem toda a lei e os profetas (22,40). Por e:tas razes justo que se afirme: Em Mt a co~preensao
da lei ou da vontade de Deus genuinamente crista, superando o legal ismo judaico, e isto apesar da forte insistncia no agir e no cumprimento da vontade de Deus em termos
- 187 -
- 186 perspectiva do juzo final. Pela mesma razo o evangelista transmite uma srie de parbolas com justamente este tema ( c f . l 3 , 2 4s s ; l 3 , 47s s ; 2 5 , l s s ; etc . ) . A 1g reja no a
comunho dos que j alcanaram a meta, ela antes um conjunto de maus e de bons, sendo que somente o juzo final_
vai revelar quem ser aprovado e quem ser rejeitado. Serao
aprovados os que seguem a Jesus no seu caminho, os cumpridores da 11 justia 11 , os que procuram o reino de Deus (6,33).
Portanto, a Igreja de Mt sabe que ela ainda no vive no
reino de Deus. Ela passa por aflio e perseguio (5,lOss),
pois a vontade de Deus est sendo desrespeitada nesta terra, razo pela qual tambm Jesus teve que sofrer e morrer.
Mas ela compreende Jesus, a sua vinda, o seu ministrio, a
sua morte e ressurrelo como sinal da graa de Deus que_
libertou a comunidade para uma nova obedincia, a qual nao
mais procura as prprias coisas, e sim o prximo, bem como
o reino de Deus e sua justia.
Mt foi um telogo de extraordinria fora sistemtica
e de profundeza de pensamento. A orientao eclesiolgica
deste evangelho tem lhe garantido uma certa preferncia na
Igreja crist. Mt foi um mestre em atualizar a histria de
Jesus para o seu tempo - e no s para este. Ele o fez em
oposio a um legalismo formal e a um antinomismo 1 ibera!
perigos sempre latentes entre os cristos. E o que significa ser discpulo de Jesus, -i sto a Igreja deve aprender em
todos os tempos de novo.
Bi b 1 i og r a f i a :
BORNKAMM,G./ BARTH,G./ HELD,H.J. Uberl ieferung und Auslegung im Matth'usevangel i um. 5 ed., Neuki rchen, 1968. GRUNDMANN,W. _Q.as Evangel ium nach Matthl:lus.2 ed., Berl in,
1968. - HUMMEL, R. Die Auseinandersetzung zwischen Ki rche
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lntroduao ao Novo Testamento. So Leopoldo, Ed. Sino~al,
1974. - SCHNIEWIND, J. Das Evangelium nach Matthl:lus.12- ed.~
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- WALKER, R. Die Hei lsgeschichte im ersten Evangel ium.
FRLANT 91. Gl1ttingen, 1967.
R MA O
C O N F
p e n s e s
3, 12-16
Lindolfo Weing'rtner
1 -
Texto
. No que j (o) tenha alcanado ou que j estivesse perfe1 to. _Mas toco adiante, a fim de alcanar o alvo - uma vez
que fu1_alcanado por Cristo Jesus.
1 rmaos:
ainda no creio que tenha chegado ao alvo. Mas
uma coisa (es~ certa): Esqueo o que est atrs (de mim)
e e:tendo-me aqui lo que est em minha frente. Corro em direao ao alvo, o prmio da vocao de cima, que parte de
Deus em Jesus Cristo.
. Assim, todos que somos perfeitos, sejamos conscientes
disso. E ~aso em algum ponto tiverdes opinio diferente,
Deus tambem vos revelar aqui lo.
Apenas - quanto ao que temos alcanado - vale: viver de
acordo! 11
11 - Contexto
- Situao
Parece evidente que entre os leitores da carta se enpessoas que se consideravam perfeitas, prontas,
maneira de correntes existentes na comunidade de Corinto. Pessoas que se orientavam no prprio passado, cristos
~ea1 i zados", cujos mritos, reais ou p resumi dos, os conv 1 da~am a acomodar-se no presente. No se pode excluir que
o apostolo tambm tenha visado cristos que j se consideravam ressurgi dos ( 11 Tm 2 18 "asseverando que a ressurreio j se realizou"). P~ra.eles, a pregao de Paulo
representa uma verdadeira ducha fria. Se ele, o fariseu imaculado e zeloso de outrora considerava o seu passado
uma mcula e uma perda - que~ poder ter a cara para apoiar-se em alguma coisa sua em mritos acumulados no passado -_em_justia prpria,' afinal1 - Mas o tenor da perc?pe_nao e a condenao de atitudes do passado, nem a conf1ssao de imperfeies do presente. e convite a prosseguir
rumo ao alvo, com a bssola norteada em Cristo.
:ontra~am
11
IV - Consideraes exegticas
V. 12: Ser essencial que vejamos este versculo em conexo lgica com o antecedente. Tal j ser necessrio por
motivos formais e estilsticos. O verbo katantao (alcanar,
chegar), usado no versculo 11, da mesma categoria dos
190 -
de incontestvel do seu 11 ainda no''. Ele to ma posio. Volta-se decididamente do seu passado, qualificado por mritos
mais ou menos questionveis, estendendo-se para aqui lo que
est em sua frente (a saber , a vida plena e m Cristo). Ele
no nenhum 11 tronco ou pedra 11 , passivo e insensvel ante
a mo do divino artista que o molda sua image m. Ele se enquadra, se norteia conscientemente rumo ao alvo, ao '' e scopo11tkata skopon). Ele quer esquecer - ele quer correr: e o
que assombra e que es"'te""Seu correr e seu agir no obscurecem a ao de Deus, "a vocao de cima, que parte de Deus
em Cristo Jesus".
V. 15: O termo 11 perfeitos 11 (teleioi)no vers. 15 sera 1ronia? Bem poderamos imaginar que o apstolo tivesse colocado a expresso entre aspas - caso houvessem sido uso
no grego. Mas bem possvel que Paulo entenda o termo na
dialtica entre o 11 j 11 e o 11 ainda no'': Os perfeitos (teleioi contm a palavra telos =alvo!) se caracterizam por
saberem que ainda no sao perfeitos em si - que o so unicamente por se apegarem a Cristo. V. 15b: O cantus fi rmus
dos que seguem a Cristo, em demanda do alvo, permite o contraponto de melodias individuais contanto que sejam disciplinadas, e sincronizadas com o ~antus fi rmus - por Deus.
V. 16: A semntica usada neste versculo parece esttica - estranhamente divergente do "dinamismo" dos versculos precedentes. Mas precisamos considerar que o verb~
ephtasamen (alcanamos) aoristo. Indica um incio - nao
uma posiao assumida. O versculo basicamente diz a mes ma
coisa que os precedentes: Em nossa vida mantenhamos a direo em que fomos colocados por Deus em Cristo.
V - A nossa situao
Conforme a previso dos editores, o nosso te x t o dever servir de base para uma prdica de confirmao. ~ prime ira vista parece uma percope feita sob medida para tal
oportunidade: o jovem, que ainda tem a vida pela frente , se
v compreendido por um apstolo muito humano, que no se
agarra a nenhu ma tradio, que no se acomoda, que entende os anseios mais profundos do jovem, o qual partiu para a longa jornada da vida, a procura de horizontes distante s . . .
Es te ser justamente o recife submerso, no qual o bar-
- 191 -
- 192 -
- 193 -
- 195 SEXTA-FE
s a a s
R A DA
PAIX7\0
50,4-9
Milton Schwantes
(1) Ao apresentar a traduo do texto, procuro salientar sua diviso:
O Senhor Deus me deu
lngua de aprendizes,
para que eu saiba responder ao cansado.
De manh em manh desperta meu ouvido
para que eu oua como os aprendizes.
O Senr.or Deus abriu meu ouvido.
E eu no fui rebelde,
nao recuei .
Dei minhas costas aos que batiam
e meu rosto aos que arrancavam (a barba).
No escondi meu rosto
de afrontas e cuspidas.
Pois ,o Senhor Deus me ajuda:
por isso no serei vencido
por isso fiz de minha cara'uma pedra.
E assim experimento que nao serei envergonhado.
Perto esto que me declara justo (=Deus):
Quem far processo contra mim?
Apresentemo-nos juntos!
Quem meu adversrio de processo?
Aparea diante de mim!
'?Seria eeo
At 8 ,3 4)
! Seria
te
Israel do exlio (cf Is 49 3!)? Seria ele uma parte des
'
torna-osv 4corn
com~ar~ d a com o_ autor de nosso texto;_ o ouv '. r, .
se0
parave1s, mas nao os identifica. Tambem no in1c10 d . .
percebe que o autor no se intitula de aprendiz. Aqui, re
alidade que interessa no a do aprendiz, mas a da 1 ingua.
Essa uma 1 ngua treinada 1 ngua de eruditos (Almeida).
Assim, discpulo uma reaiidade a comparar. ConseqUentemente no se deveria partir do discpulo na prdica.
- 198 lar, de usar a lngua e de responder. Em tudo isso a descrio de preparo e tarefa tem certo sabor terico; quase tudo
se desenvolve entre Deus e o autor. O carter terico do vv.
4-Sa tambm se evidencia a partir do todo do texto: acontece que nele no se retorna ao incio.Ond e isto poderia ocorrer (nos vv.5b.7.8), se recorre a outra terminologia. ConseqUentemente a prdica no se pode prend er aos vv . 4-5Ll.Deve saber l-los na dimenso do restante do aprendizado. E
nele, nada de belo. A vida se apresenta ao nosso autor em
sofrimento e humilhao (v.6). t duro ficar firme (v.5b),
com o que a dor sofrida no admitida como destino, mas
na luta. Luta e dor no estavam previstas no pr e paro e na
t~refa dos vv.4-Sa. Por isso, dos vv.4-5a para os vv.Sb-6
ha uma mudana radical. Seu motivo no explicitado no
te xto. Mas pode-se deduzi-lo. Os que na tarefa haviam sido
de~ignados de 'cansados' passaram por uma transformao.Os
: x i lados cansados (cf. Is 40,28s) se evidenciaram como crueis i~imig~s, e o permaneceram. Os que perguntavam (v.4)!
por f1r:1, tem de ser desafiados (vv.8-9). Esta transformaa_o
p~ra pior que ocorre com os ouvintes de se observar na predica. P arece -~e importante procurar pela identidade atual
destes adversarias. Is 50,4ss insiste em que no os desta~uem~s dentre o mundo, mas dentre o prprio povo, a prpria
1g reJ a.
Er:1 luta_e dor, o autor de nosso texto chega a uma nov~ art1cul~ao_do que lhe o Senhor (v.7, observe quelinguagem e identica dos salmos). Nesta nova articulaao
nada do qu~ fora colocado nos vv. 4-Sa reaparece. O que ag_?ra vale e ~ e~perincia de ajuda. Esta ajuda, porm, nao
tem car~cter1st1cas de vitria. No ajuda de vitria, mas
d~ s~f:imento. Em l~ta e dor, para o autor a ajuda de Deus
sign 1! 1ca que :1e nao ser vencido, que no sumi r na lama,
que nao perdera sua cara. Se observo bem o final do v.7 o
r~sume de ~aneira fundamental: "eu sei (~xperimento, vive~
c10) que nao serei envergonhado." Trata-se de um saber pratico da companhia de Deus no sofrer. E aqui se vai descobrindo que a partir de Is 50,4ss se faz necessrio falar
de Jesus. Esta prdica precisa estar na vivncia da cruz.
No desafio culmina o aprendizado de nosso autor (vv.
8-9). Se observo bem, este desafio se dirige aos 'cansados '
(v.4) que viraram torturadores (v.6). A linguagem jurdica. t possvel que o autor de fato tenha estado envolvido
- 199 -
em proces ~~ sendo ento este o motivo de sua maneira de falar. Mas Ja que falta o juiz terreno (quem declara justo
Deus) e como no v .9 (tambm nos vv.lOs) se pode observar uma
passagem para_outra linguagem, parece-me ser mais provvel
que o autor so faz uso de palavras jurdicas, sem que se tenha que_ co~tar com a real idade de um processo. Seja como for,
o de~af1 0 e ~l~ro. E e l e impressiona, pois vemde uma pessoa
sofrida e_reJeitada, da qual se esperariam lamentos e no
c~ntestaoe~. Que.esta_cara quebrada - contornando expectativas norma i s - ainda e capaz de desafiar, provocar e contestar rni lagre. Para entend-lo, o autor aponta para 0
Senhor. A p e rse~erana e a liberdade de quem fala em nosso
texto se devem a ex per incia da ajuda de Deus. A companhia
de Deus o l eva a agUentar a humilhao. E esta companhia leva ao de safio . A justia que o Senhor atesta (v.8) liberta
para o des afi~; a provoca o vem desta certeza de justia.
Deus lhe mantem e garante a cara, com isso tem cara para
provocar: A 1 iberdade de apanhar (v.6) envolve a de contestar e gr~tar (vv . 8-9). Is 50,4ss fora a observar que o libertado e contestador. Muita coragem para a prdica!
(6) Tudo o que foi dito at aqui est em funo da predica. Para ~ i m, Is 5?~-9 parece convidativo para a prdica
de S~xta-f e1 ra da Pa1x~o, porque fala do crucificado sem 0
mencionar e porque, alem de exigir que se fale do crucific?do, f~ra a falar da~ cruzes dirias, dos rostos em desf1~uraao. Is 50,~ss _nao fala diretamente de Jesus, mas seu
a gir ~ertamente nao e outro do que o do v. 7: experimentamos
~ue nao est~mos abandonados na desgraa. Em outras palavras
isto quer dizer: o poder do pecado est quebrado. O novo da
c:uz d~ Jesus que o seu sofrer vigente para ns. Esta
d1mensao do sofrer em favor de outros falta em Is 50,4ss e
faz com que e:t~ texto passe por renovao a partir de Jes us. Mas eu d1z~a que o convidativo em Is 50,4-9 tambm
o fato de que nao admite falar do crucificado sem incluir
as cruzes dirias, sem incluir nossa cara. E a o te xto a pres~ n~a. todo um aprendizado na experincia com Deus. Este 1n1c1a pelo preparo e pela tarefa de falar e redescobre no sofrimento pela tarefa a presena de Deus como liberdade para o grito, o desafio provocador. Nesta dor renovada a e x perincia de Deus e a concreticidade da tarefa
com o que o s ofrer dei xa de ser destino para ser percebldo
- 201 -
- 200 como possibilidade tranformadora. Nesta dimenso, a prdica, ao meu ver, deveria falar de doena, rejeio social :
opresso econmica, como sendo cruzes dirias, maneiras de
perder a cara.
3.::1 edio,
Apresentar uma gramtica hebraica em portugus, publicada no
Brasil, no tarefa freqente . . .
Merece calorosos aplausos o Dr.
Nelson Kirst, professor na Faculdade de Teologia Evanglica, que
com um grupo de abnegados alunos
tomou sobre si a fadiga insana de
apresentar uma gramtica hebraica
ei;t por~ugus a todos os que entre
nos se mteressam pelo idioma bib~ico .do A. T. Segundo tudo o que
vi e li, o trabalho foi realizado com
extremo cuidado e acribia: no m e
lembro de ter encontrado um erro
nos textos hebraicos: sapienti sat!
Como as gramticas hebraicas
e~ geral, tambm a presente traduao de Hollenberg-Budde-Baumgartner a presenta primeiro a parte
gram~t~cal propriamente dita com
a fon~t1ca, morfologia, sintaxe e os
pa radigmas ou modelos respectivos.
Esta part~ !laturalmente extre
ma!llen~e anda, mas o aluno tem a
satisfaao de encontrar em seguida
muitos exerccios e trechos de leit~ra em car~cteres hebraicos, que 0
a1udam a por em prtica e exercitar o que aprende, a pouco e pouco
na parte gramatical. Tambm h'.
trechos no vocalizados e por sinal
so trechos do livro de Tobias e do
N. T. , a inscrio do canal de Sil o
e trechos dos escritos de Qumrn ,
logo passos que o aluno no vai
encontrar na sua Bblia hebraica e
porta nto deve interpretar por es-
1978
DOM
N GO
L u c a s
DE
P S C OA
24, 1-12
Gottfried Brakemeier
1 - Da verdade da Pscoa depende a f crist. 11 se Cristo
no ressusci tau, v a nossa pregao e v a vossa f 11 ( 1 Co
15, 14). Sem a Pscoa, a cruz de Jesus Cristo nada mais seria
do que o exemplo de mais uma tragdia humana. Ela seria apenas a confirmao de que o mal costuma triunfar por sobre o
bem e que a morte onipotente . Entretanto, a Pscoa 11 i ncrve 111 em sentido literal, pois conflita com as nossas experincias, com o que vemos dia a dia. Quem nos garante que
a notcia da ressurreio de Jesus no seja mera 11 conversa 11
(Lc 24,11)? P scoa, realidade ou fico?
O pregador no pode fugir desta pergunta . Certamente ele
mesmo se defronta com ela. Em todos os casos, porm, ele deve resposta comunidade e, atravs dela, tambm sociedade.
Em toda pessoa se esconde potencialmente um Tom incrdulo
(Joo 20,24 ss) que procura por evidncias. E isto de modo
algum condenvel. Pois a incredulidade de Tom e de seus
semelhantes faz jus ao fato de a Pscoa ser o totalmente anormal neste mundo. F pascal s existe como incredulidade vencida - assim as histrias de Pscoa n-lo mostram. Se crer
na ressurre1ao for fcil, certoque a Pscoa no foi entendida em todo o seu alcance. Importa suportar o escndalo que
a mensagem pascal representa (cf. Atos 17 , 31 ss). Ela tambm
no permite o desvio para uma interpretao que lhe extrai
apenas verdades gerais ou um significado metafrico.APscoa
no diz que aps as chuvas o sol voltar abri lhar para todos, ela no significa que seremos vitoriosos a despeito das
nossas derrotas e ela tambm no expressa a certeza de a causa justa finalmente ser coroada de xito desde que a persigamos com tenacidade.APscoa nem fala em primeiro lugar de ns,
mas da ressurreio de Jesus, de um acontecimento, portanto 1
que teve lugar num determinado momento da histria, ''no terceiro dia" aps aquela sexta-feira, na qual Jesus morreu (1
Co 15,4), ou seja, no primeiro dia da semana (Me 16,2 ; Lc 24,1).
Est claro que este acontecimento se reveste de profundo significado para a humanidade, pois abre o caminho para verdadeira esperana. Mas impossvel isolar o significado da Ps-
202 -
coa do acontecimento que o fundamenta. Que sabemos a respeito dele, e qual a real idade a ser testemunhada?
A resposta dificultada pelas divergncias entre osevangel i stas,
especialmente flagrantes nos relatos da Pscoa.
O testemunho mais antigo de Paulo, que menciona uma srie
de aparies do Jesus ressuscitado (1 Co 15, 3b ss). Em comparao com esta notcia sucinta, os relatos pascais dosevangel i stas
apresentam, em escala bem maior, refle xo da comunidade. Os evangelistas (e j a tradio por eles usada)
fundiram a notcia da Pscoa com o seu prprio testemunho.
Mas vejamos isto na percope proposta como texto de prdica.
11. O contedo de Lc 24, 1-12 , em sntese, o seguinte:
Na madrugada do primeiro dia da semana tendo observado a lei
do descanso no sbado, mulheres vo ao' tmulo de Jesus com a
inteno de embalsam-lo. Os nomes de trs delas so n~ncio
nados no v. 10. Encontram a pedra removida e o tmulo vazio.
Estand~ elas ainda perplexas, aparecem dois jovens, cujas ve s tes ~ri lhantes_os identificam como mensageiros de Deus e que
e~pl~cam 0 !enome~o: "Por que buscais entre os mortos ao que
vive. Ele nao esta aqui' mas ressuscitou11 (v. 5b.6a). Lembra m
eles que Jesus, estando ainda na Galilia falava a respeito
da necessidade de o Filho do homem ser en~regue nas mos de
pecadores, ser crucificado e ressuscitado. As mulheres entendem e.voltam aos onze discpulos anunciando-lhes o que vira m
e ouvira~. Mas estes consideram ~s suas palavras como convers a
t~la e nao lhes do crdito. Pedro porm, corre ao sepulcro,
ve apenas os len
-. de 1 inho e se ' admira. Alias,
.. 1
e- poss1ve
. ~ois
que 0 v. 12 SeJa incluso posterior no texto de Lucas. Ele fal~a_em alguns manuscritos e parece ser formulado a partir de
0 0 2
0,3ss. Mas a incluso no altera o sentido do texto de
L~ca:: A_descoberta no produz em Pedro a f, ele permanece
tao 1ncredulo como os d ema1s
ao terem ouvido
.
as palavras das
mulheres.
O presente trecho tem paralelo em Me 16, 1-8 (cf. tambm
Mt 28,l~s;Jo.20,llss), mas algumas diferenas caem na vista.:.
Lucas nao mais fala da preocupao das mulheres com a remoao
da pedra. Em vez de um jovem intrprete,aparecem dois. r comum a a~bos os evangelistas que s mulhe~es anunciada a ressurreiao de Jesus, mas enquanto em Me as mulheres so encarregadas de levar aos d~scpulos a ordem de se dirigirem Galilia, onde estes verao Jesus, em Lc os jovens ape nas lem-
- 203 -
bram do_preanncio de Jesus e evidenciam que os acontecimentos estao em conformidade com o plano de Deus. E finalmente
h uma divergncia na reao das mulheres: Conforme Marcos:
as mulheres, possudas de temor, nada disseram a ningum,conforme Lucas elas foram aos discpulos e relataram o acontecido sem, no entanto, poder convencer.
No procuraremos explicar aqui as divergncias. Na maioria dos casos elas deixam entrever o que para os evangelistas particularmente era importante e o que eles quiseram
acentuar.Tomando por base o te xto de Lucas, tentaremos mostrar o que este enfatiza e o que vlido para a histria de
Pscoa em geral.
Todos os evangelistas concordam na afirmao de mulheres terem descoberto o tmulo vazio na madrugada do primeiro
dia da semana (Joo fala apenas em Maria Madalena). Mas esta decoberta em si no o motivo para a f na ressurreio
de Jesus. Um tmulo vazio ambguo. Por isso existe a necessidade de interpretao, dada em Lc por dois jovens: Ele ressuscitou. O sepulcro vazio um sinal, mas no demonstrao.
Como surgiu ento a f na ressurreio de Jesus? O nosso trecho no fala disto, sendo por esta razo incompleto como texto de uma prdica no domingo de Pscoa. Ele deve ser interpretado dentro do seu contexto. E a fica claro que os discpulos chegaram a crer em virtude das aparies de Jesus (Lc 24,
13 ss; 34; 36 ss; 1 Co 15,3b ss). Tambm a mensagem dos jovens deve ser compreendida a partir destas aparies. Ela aponta para o que os discpulos em breve iriam experimentar e
, por isso, o centro do trecho .
Jesus, portanto, se evidencia aos discpulos como vivo.
Esta evidenciao igualmente no deve ser confundida com uma
demonstrao da verdade da Pscoa. Tal demonstrao no existe, pois as aparies pascais tambm poderiam ser explicadas
de maneira "natural", como vises subjetivas dos discpulos,
etc. Mas o que no condiz com isto o fato incontestvel que
todos o~ discpulos preferiram o martrio negao da sua f.
na Pascoa nada aconteceu, isto se torna imcompreensvel.
Ha p~is evidncias da ressurreio de Jesus, mas no demonstraoes cientficas ou racionais.
Esta, porm, ainda no toda a verdade sobre a Pscoa.
Lucas, neste texto, ressalta mais dois aspectos fundamentais:
1) Desde a Pscoa Jesus deve ser procurado no entre os
mort os, mas sim entre os vivos (v.5). Isto representa uma pro-
s:
- 205 manos, outros so vtimas e participam do sofrimento de Jesus. A rigor, participamos todos de ambas as coisas, tanto
dos cri mes como tambm do sofrimento, embora em propores
difer e ntes. Assassinar e morrer, causar e agUentar sofrimento, trair e ser trado, vencer e ser vencido - esta a
realidade determinante neste mundo? Ela to forte e to
bvia que nos faz duvidar da Pscoa .
No entanto, a Pscoa justamente quer levar - nos a duvidarmos desta realidade. No como se ela no e x istisse. A
Pscoa no declara a cruz de Jesus ine x istente, mas ela vence a cruz . Naquele primeiro dia da semana, h quase dois mil
anos atrs, uma outra realidade surgiu neste mundo, mais forte do que os poderes que metam, mas poderosa do que a morte.
to poder de Deus que ressuscitou ao Senhor Jesus e que tambm a ns ressuscitar (1 Co 6,14). Solido, inferno sofrimento, opresso e morte - no necessrio demonstr~r que
tudo isto muito real. Mas a pergunta em qual das realidades ns cremos: Na onipotncia da morte ou na onipotncia
de Deus? Ns nos conformamos com o jugo de pecado e morte
neste mundo ou temos a coragem de nos fiar na realidade da
Pscoa?
Se a Pscoa se tornar a realidade determinante para ns ,
a nossa ~ida muda. Seremos capazes de agUentar o aspecto da
morte e nao mais precisamos fugir dela. Um dos principais
problemas do ser humano que ele se encontra em permanente
fuga da morte: Procuramos suprimir o pensamento da morte em
ns e nos portamos como se fssemos i mortais. Evitamos na medida do possvel o contato com o que nos lembra a morte, com
doentes,_com a misria e com os desesperados. Nutrimos esperanas vas , temos medo do envelhecer e nos refugiamos no mundo dos nossos sonhos . Cada um procura construir o seu paraso como pode - no raro s custas dos outros. Fugimos da morte em vez de oferecer resistncia a ela, fugimos, porque somos fracos e sabemos que qualquer dia seremos a sua presa . Fugimos enquanto d . Onde esto os que so capazes de ver e de
agUentar a morte, porque nela no precisam crer? Por que no
h mais combate, ao assassnio, injustia ao dio violnci~, em suma, morte neste mundo? Queir~ Deus pe~doar-nos
por vivermos tantas vezes como se a Pscoa no e x istisse e
c9mo se Jes~s estivesse ainda entre os mortos. Graas a Deus ~
nao som~s nos que devemos produzir a Pscoa neste mundo.Deus
fez a Pascoa para ns e ele pode ressuscitar-nos dos nossos
- 207 -
D O M 1 N G O
J o a o
M1 S E R 1 C O R D 1 AS
D O M 1 N 1
10, 1-5.27-30
Reinhard W. Friedrich
- O texto
Delimitao, composio e traduo
O texto, conforme prescrio, est bem delimitado. A sugesto que foi feita, vrias vezes, no passado, de pregar sobre Joo 10,1-11 traz algumas dificuldades, porque o ver s culo 2 se refere a Cristo , que entra como o verdadeiro past o r pe~ porta, enquanto o versculo 7 afirma que ele mesmo~ a porta.
Esta contradio pode ser explicada assim: O evangel ista Joo junta diversas palavras das quais dispe e cujos motivos so do pastor, da porta e das ovelhas, para formaresta percope. Por isto recomenda-se deixar fora da prdica o
contexto dos versculos 7-11.
Talvez pela mesma razo explica-se o fato de que nos versculos 1-5 o texto fala na terceira pessoa, e a partir do versculo 27 as palavras so colocadas na boca de Jesus, e ele fala na forma do "ego eimi 11 , portanto na primeira pessoa. Podemos supor que o texto foi composto por vrias palavras, das
quais Joo dispunha.
Os versculos 1-5 so uma parbola pura e este motivo de
1-5 volta, mais uma vez, em 27-30, onde o evangelista, atravs desta composio, confirma na forma da primeira pessoa que
o pastor dos versculos 1-5 idntico ao verdadeiro pastor,
enviado por Deus. Ele quer expressar com isto: Jesus no um
pastor entre muitos, mas fundamentalmente Q bom pastor. E o
que isto significa ele expressa nos versculos 27-30: Cristo e os seus vivem numa relao bem especial e ntima.
Recomenda-se usar como te xto a traduo do "NT na Linguagem de Hoje", com uma pequena modificao:
No versculo 4 deveria ser includo, conforme o texto
original :"Ento ele leva 11 as suas 11 para fora". t importante
que o pastor chama o seu rebanho para fora, separando-o de
um rebanho maior. (veja: eclesia).
- 209 -
arbol d
_rio, e a esconde mais do que revela. A
P
.
- .
.
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da
da a ot pastor e_uma para-b o 1a en1gmat1ca,
que precisa
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b) E f
' e esc arec1 me ntos e da concret1zaao .
. n Nrentamo~ a ~egunda dificuldade com a imagem dopastor em s1. o Brasil
.
. o pastor que cuida de s.eu
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nao existe
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an
o
.
que
e
conhe
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t
- .
ci o e o retrato senti mental que enconram~~ emdvaria: casas de nossos membros e que tem como base
0 mo 1 ~ 0
a parabola da ovelha perdida. A prdica deve procurar ev 1ta. r que s u rJ a es t a imagem na mente do ouvinte. A prdica deveria tornar claro que este pastor de Joo 10 nos quer
proteger contra toda e qualquer tentao de cair em ideologias escravizadoras e humanas. Cristo nos quer abrir os olhos para os lderes perigosos, que se nos oferecem mas que
em si so ladres e assaltantes. A prdica devers~ tornar
uma prdica altamente 11 poltica" e anti-ideolgica.
c) Existe a tentao de se alegorizar este texto (principalmente os vv. 1-4), isto : querer explicar e interpretar cada ~etalhe: Quem o porteiro? O que significa a porta?
Isto nos e ~roibido, porque o nosso te xto no uma alegoria,
mas uma parabola, ou melhor, uma comparao. S num nico ponto ele qu~r comparar. Isto dificulta a pregao, porque a interpretaao depende ainda mais do ponto de vista teolgico e
individual de cada pregador. Nossa parbola quer chamar a ateno apenas para a diferena entre o verdadeiro.e o falso
pastor e guia.
Agora surge a pergunta: Quem o falso guia? Uma prdica fu~damentalista diria: o representante do mal, o diabo.Uma predica aberta mencionaria todas as foras dentro da sociedade humana que deixa de lado a viso do reino de Deus.
Depender, sobremaneira, de cada pregador, como ele concretizar e encher de vida esta parbola do bom pastor.
1 1 - Exegese do texto
v. 1 Em Jo 10, 1-5 descrito o verdadeiro pastor, primeiramente atravs daquilo que oposto a ele: do ladro e assaltante, que age em favor de seu prprio bem, mas que no
procura o bem das ovelhas.
v.2 O verdadetro pastor se mostra, entrando pelo acesso legtimo no curral das ovelhas; a porta ser aberta para
ele.
v.3 Ele as chama pelos seus nomes e as conduz para fora
do curral, separando-as de um nmero maior de outras ovelhas
que no reconhecem a voz do pastor.
v.4 Ele vai na frente delas, conduzindo-as por suas palavras. Elas o seguem. Este fato salientado,mais uma vez,
pel~ contrrio: v.5 Ao falso pastor no seguem, elas fogem
~e nao aceitam o convvio oom ele.
No dito qual o fator que faz com que elas escutem
e reconheam a sua voz. Ex iste, porm, uma profunda pertena
das ovelhas a este pastor.
- 213 D
DO T R A B A L H O
o r n
i o s
7,29-32a
Werner Fuchs
Conjeturado h meses por jornalistas e economistas, cercado de mistrio pelos rgos governamentais, ansiosamente
esperado pelo povo, e finalmente revelado por uma instncia
suprema, o percentual de aumento do salrio mnimo recebe
cunho escatolgico. Empresrios e investidores, por um lado, dele esperam segurana e estabi !idade para suas fontes
de lucro. Inmeros assalariados, por outro, anseiam pelo seu
poder de multiplicar os pes de cada dia ou aliviar o fardo do aluguel e das prestaes do televisor.
O advento do novo salrio, no entanto, no reverte em
evento salvfico. No acompanha o r~tmo da inflao, nem
barra o aumento do custo de vida. Nao faz justia ao trabalhador, nem dignifica o suor do seu rosto. No impede que
o sustento da famlia citadina retorne cada vez mais ao regime de subsistncia do minifndio: at filhos em idade escolar precisam trabalhar. Nem pratica as proezas social izantes de valer os pobres e nivelar classes sociais: quem
percebe salrio vinculado, p. ex., a dez salrios mnimos,
a c~da l~ de maio se distancia mais do operrio de remuneraao mnima.
Convm no se deixar ludibriar pela retrica dos avantajados. Afinal, poltica salarial apenas um msculo menor do corpo felino da conjuntura econmica.
11
11
0 homem tem em suas mos a sua salvao e sua dignidade enquanto se declarar responsvel. t preciso trabalhar,
a gente se salva por acrscimo. 11 Sartre.
''Quando os meios de produo pertencem sociedade ... ,
o homem inicia a libertar-se da situao opressora em que
v o trabalho somente como meio de satisfazer suas necessidades animais. Comea a reconhecer-se a si mesmo atravs de
seu trabalho e a compreender sua magnitude humana atravs
do objeto criado, do trabalho realizado ... , poder humano
que vendido e que j no lhe pertence mais. Agora, porm ,
o trabalho torna-se extenso dele mesmo, uma contribuio
vida da comunidade, a realizao plena do seu dever soei-
- 214 -
al ... Ele no mais tratar, como no passado, de libertar-se da alienao por meio da arte e da cultura: (No passado)
ele morria durante oito ou mais horas, cada dia, par~(d~r~n
te o tempo 1 ivre) ser ressuscitado atravs de sua cr1ativ1dade espiritual.
Na nova sociedade, a consciente partic~paao do ~ornem _
em todos os mecanismos de produo e di reao~ r~fleti r-se-a
concretamente em seu assenhorear-se de sua p~opr1 a natur:za~
atravs do trabalho 1 ibertado, e na expressao de sua propria
condio humana atravs da arte e da cultura."
Ernesto Guevara."Deus de modo algum ordena que se deve trabalhar por trabalhar. O prprio fato de que Deus ordena algo, indica para o critrio predominante: quando se cumpre
essa ordem, serve-se a Deus. ~nisso e no no sucesso que
a princpio se mede o valor do trabalho . 11 Wolfgang Schweitz e r , op. c i t. , p. l 07.
"Cumpre ao cristo encarar o 'peso d o d .ia e do calor' _
da vida operria, como condio normal de quem vive a renuncia evanglica, com esprito de sacrifcio, e procurando,
com os sofrimentos que suporta, 'completar o que ~h ~ c~be
na paixo de Cristo', pois 'na medida em que participais ..
dos sofrimentos de Cristo, alegrai-vos ... 1 (1 Pe 4, 13) .c:-isto quer ser operrio e pobre para melhor revestir a condio humana e nela sofrer para que aprendssemos que sem sofrimento no h reden~ 1 O.Geraldo M.M. Pen ido, c e i 114,
mai o/76.
Qual ser a mensagem vlida neste dia do t~abal~o?M~
nosprezar os preguiosos e, assim, incen tivar a ganancia.
Condenar o esprito asctico dos que vivem para trabalhar?
Acordar do fatal ismo os que trabalham para sobreviver? lncut~r esprito de sacrifcio e vocao messinica em quem
esta sendo estraalhado pelas leis econmicas? Enaltecer 0
homem realizador e livre? Apelar para tiradas testas de
uma ordem divina ao trabalho? Sonhar com facilidades e qual idades do trabalho numa sociedade futura? Cair numa teologia ldica e escap i sta? Cultivar a crtica sociedade tecnificada? Chamar ao bom-senso e ao realismo?
Uma mensagem crist, para ser 1 ibertadora, no pode publicar dogmas, radicalizaes, idealismos ou adequaes ao
estado vigente. Para dentro da problemtica levantada pela
ocasio concreta , cabe-lhe trazer primordialmente uma re-
- 215 flexo et1ca fundamental: delinear a base e as caractersticas do posicionamento cristo no mundo, esclarecer a natureza das relaes e aes de pessoas e comunidades :oloca~
das sob o senhorio de Cristo. Desse modo tornar-se-a tambem
inteligvel a instruo para uma situao especfica.
1 11
ve n~va cri aao 11 ( 11 Co 5, 17). Por causa dessa tensao escatologi ca _entre o 11 j agora" e o "ainda no 11 , o 11 hs m 11
de.Paulo nao pode ser entendido com desprezo pelo mundo,
pois conta com a presena da salvao (Wendland).
Entretanto, no podemos acompanhar mais o apstolo na
e~pe~ana imediata da segunda vinda de Cristo. Nossa vivncia e de que o tempo no breve (O povo diz: h mais tempo do que vida.), e por isso muitas de suas concepes (p.
ex., do matrimnio em 1 Co 7) nos so estranhas e irreais.
Seus . esforos _e
d aconsel h amento et1co
- .
recebem talvez nosso
1
e ogio,_mas nao nossa adeso. Se bem que reconheamos que
Paulo nao se preocupa com detalhes e data da parusia (cf.
1. Ts 5~ lss), podendo tambm ser muito flexvel em sua terminologia (11 Co 5,2), no nos sentimos vontade para aceitar seu~ ~e~samentos. Sabemos que precisamos trabalhar com
as poss 1b1 11 dades q~e o mundo nos oferece, embora esperemos
por um futuro que nao est em nossas mos. Um estudo mais
aprofundado da teolog~a ~aulina, porm, evidencia que abase d? sua esperana nao e a segunda vinda de Cris'to,mas exclus1 vamente a graa de Deus (Brakemeier). Ento o homem
hodierno poder acompanh-lo e dizer: Estou bem certo de que
nem morte, nem vida , nem anjos, nem principados, nem cousas
A prdica poder desfrutar o impacto inicial da leitura. Em seguida, h duas possibilidades para a aproximao
vivencial ao ouvinte: a) Continuar a seqUncia de frases
com o 11 como se no": Quem trabalha, como se no trabalhasse, quem educa os filhos, quem estuda, quem formula teorias,
quem reclama um direi to, quem se preocupa com a igreja, etc.
Convm tambm deixar doer a primeira das sentenas (v.29b),
pois modernamente as pessoas procuram demais o conforto e
consolo no matrimnio, os quais s a graa de Deus d plenamente. Em seguida o pr.e gador ter que corrigir uma possve 1 compreenso fa 1sa: O 11 como se no11 no fuga, nem f i ngi mento, nem "fazer de conta 11 Antes viver mais consciente, mais livremente, nessa relao dialtica . ~poder dar
- 219 -
DOM
NGO
Ma t e u s
CANTATE
21 , 14-1 7
Harald Malschitzky
1
O Texto
Bibliografia
JAFitzmeyer e
REBrown The Jerome Bibl ical Commentary,vo l.
l I' Bombaim 1972. - HRBa'lz, Christus in Kor inth, oncke~,Kas
sel. 1970. - RBultmann, Teologie des Neuen Testaments,6 ~d.
TUb1ngen 1968. - H.-DWendland, Etica do Novo Testamento,Sao
Leopoldo 1974.-WSchweitzer. Liberdade para Viv er, Sao Leopoldo 1973. - WTril lhaas, Ethik, 3a. ed. Berlim 1970. - D.Bonhoeffer, Ethik, 7~ . ed.---;::;unlque 1966. - GBornkamm, Paulus,
Stuttgart 1969.-GBrakemeier, A es~erana na segunda vinda de
Cristo e sua importncia para a teologia de Paulo, em: Estudos Teologi cos 1969/l - UHac k, art. 11 Arbei t 11 em TRT, vol. l,
2~. ed. G~ttingen 1974.
Via de regra, em 1 ivros teolgicos bem como na pregao, Mt 21, 14-17 tratado apenas como apndice purificao do templo. Isso fica claro quando se tenta en~ontrar,
especialmente na 1 iteratura especfica de med itaoes,algo
sobre o texto. Realmente h uma ligao intrnseca entre
um e outro. A purificao do templo tem a caracterstica
de um 11 ato proftico" (J. Schniewind) atravs do qual a autoridade messinica de Jesus realada, o que vem a ser confirmado atravs das curas (v. 14) e da aclamao das crianas (v.15). Jesus, citando o Sal mo 8, responde aos que perguntam em tom de ironia e indignao, dando desta forma razo s crianas e no aos seus critrios. Entretanto, para
- 221 -
- 220 -
de bobo, simples, inexperiente, carente de ajuda, no emancip~ No Antigo Testamento nos vamos encontrar diversos
termos, cujos significados muitas vezes se tocam e e~tre-.
cruzam outras vezes se excluem (cf. G. Bertram, artigo Nepios n~ TWB). No Novo Testamento quase sempre o sentido gira em torno de inexperiente, no emancipado, simples. Isso,
por sua vez, tem um sentido teologico, pois Jesus veio ajudar e salvar aqueles que esto perdidos e marginalizados _
(note-se que PERDIDO um termo muito mais amplo do que nos
o entendemos normalmente: ele est margem da sociedade
tanto eclesial como civil!) e entre estes esto justamente
os doentes (eles esto imundos e no so aptosparticipao
no ~ulto) e as crianas (elas no so emancipadas e ainda
no entendem as coisas). Mas, o termo criana significa tambm sem preconceitos, aberto, franco.
d) Cone 1 uso
O Novo Testamento nos d um testemunho muito claro de
que Jesus no se identificou com as espe~anas mess1an1~as
existentes na poca sobretudo entre os lideres do povo ~u
deu. Agindo assim, ele logo caiu em 11 desgraa 11 nestes c1rculos. Entretanto, mais espcie causou o seu comportamento
em relao aos fracos, aceitand~-os, cu~and~-~s e, com isso, reintegrando-os naquela sociedade tao r1g1damente organizada e subdividida. Este trao evidencia~se no nosso texto. Primeiramente - assim nos relatado - Jesus cura doentes no templo (eles certamente estavam no lugar que lhes cabia dentro da estrutura do templo!) e os reintegra, isto ,
lhes devolve a 1 iberdade de participar da vida cultuai, desmarginal izando-os; depois ele aceita o louvor e toma a srio crianas (smbolo de fraqueza, inexperincia, etc.) .Todavia h mais: Agindo assim, Jesus se coloca dentro da mensagem proftica da restaurao e reintegrao cultuai (Is
35,6; Jr 31,8; Mq 4,6-7) o que fica patente em Mateus (11 ,5;
15,30).
IV - A caminho da pregaao
c) As crianas
O termo criana (grego: nepios) no grego profano tem
toda uma gama de significaes, sendo que se sobressaem as
- 222 -
- 225 -
- 224 -
Ma
ROGATE
NGO
DOM
e u s
6,5-13
Wi lfrid Buchweitz
1 -
O contexto literal
O texto
(
li)
d
O contexto histrico-teolgico
_As palavras de Jesus so ditas para dentro de uma sit uaao em . q~e o povo israelita, e principalmente seus expoentes rel1g1osos, os fariseus e escribas davam muito peso
?cu mprimento da lei mosaica. A p~eocup;o era cumpri-la
i ntegralmente como um ato de obediencia total a Deus. Es-
- 226 -
- 227 -
nou um di5logo com Deus, e ele nao pode terminar at a e ternidade (Heim, p.52).
No entro mais a fundo no Pai Nosso. E'. impossvel fazer
justia ao contedo especfico do Pai Nosso em uma prdica
s6. Seria necessria uma srie de pregaes. O que poderia
ser !eito mencionar o Pai Nosso como exemplo, modelo de
oraao em que esto presentes os elementos que os fariseus
deixam de lado. Deus como alvo, Seu nome, Seu reino, Sua
vontade, Seu perdo, Seu amparo, o Doador do po de cada
dia. A e st o Pai ao qual o filho pode chegar com confiana e alegria.
V - Meditao
O texto e o domingo - Rogate - convidam orao.
Oro eu? Oramos ns pastores? Oram os membros de nossas comunidades? Oram as pessoas fora de nossa Igreja?
Como oro? Como oramos? Como oram?
O pecado de Ado atravessa a Bblia, e a histria.Querer ser igual a Deus, pr-se no lugar de Deus. Certamente
o pastor no est mais seguro do que qualquer outra pessoa.
O fatal, o desagradvel que, quando o pastor cai vtim~ da tentao de promover-se, ele o faz na orao, na pregaao, na diaconia, no servio que por natureza est especificamente destinado a promover Deus e o prximo. Quando algum se promove atravs de seu emprego no comrcio, na indstria, no servio pblico, coisas que como cristos tamb:m _entendemos como servio a Deus e ao pr6ximo, a situaao_ e diferente. Quando o pastor se promove atravs da atuaao na Igreja, isso parece mais grave. Ser que ?
Estes dias algum mencionou que seria interessante fazer uma pesquisa entre os pastores para descobrir por que
eles preferem certos trabalhos e se estes trabalhos so ou
no aqueles onde o pastor mais se destaca, mas aparece,
observado, admirado, tem mais poder. H ocasies em que us~mos a comunidade para nossa pr6pria promoo e satisfaao n~ culto, no enterro, na construo de uma igreja, no
automovel bonito, numa bonita casa paroquial?
O homem, s vezes, pe em funcionamento um mecanismo
de auto-promoo impressionantemente sutil e refinado.
- 228 Afinal ,os fariseus no foram nem uns grosseiros nem uns irresponsveis, humanamente falando. Tenho eu conscincia disso? Acontece comigo isso? Onde? Quando?
Como me vejo quando toda a comunidade olha para mim?
COITO me vejo quando me criticam? Que significa se pego os
velhos manuais de culto e simplesmente leio as oraes de
dcadas atrs, com uma 1 inguagem e problemtica estranhas
ao homem de hoje? ~ orao isso?
Que significa orar durante o culto, orar quase que profissionalmente, mas no orar com a prpria famlia ou no
orar no gabinete de trabalho?
Certamente o nosso problema no orar nas esquinas.
Mas, s~ no oramos, ou oramos pouco, esta no pode ser uma
tentativa de emancipao igual dos fariseus?
~e digo que no posso orar, significa isso que, de fato, nao posso, ou significa que no quero orar?
Se_ou~ro diz que a orao no lhe significa nada, tenho o ~1re1to de logo tax-lo de no-cristo?
Ha outros meios de orao que no sejam palavras e pensamentos?
. Quando os membros de nossas comunidades no sabem orar,
mu. 1tos de 1es_ a o menos o d1zem,sera
d a oraao.
. Existe a oraao-om1ssao,
em
vez de eu agi r,me engajar,
.
empurro o problema para Deus. _
_Quan~o os membros de nossas comunidades no oram, sera
que isso e conseqUncia da nossa pregao? No conseguimos
revelar o Pai que ouve e entende qualquer linguagem?
C orar na ag1taao
? orno
a
0
rar. s vezes no agUentamos ficar em silncio, a ss com
0eus, no quarto.
Po~ que temos vergonha de orar? Topamos com a vergonha
da oraao da mesma forma como nos defrontamos com o abuso.
~e 0 trabalho de pastor s vezes parece to impotente,
pode isso ser co~seqUncia de que a comunidade no nos acompanha em oraao?
At ond~ estou viciado em oraes individualistas e
que pensam soem mim mesmo? Incluo o meu prximo na minha
orao?
Quais sao as formas de hipocrisia na oraao hoje?
Que oraao autntica hoje?
- 229 VI - Bibliografia
BECKMANN,Joachim. Meditao sobre Mt 6,5-13. ln: H~ren
und Fragen. Vol. 5.Neukirchener Verlag, 196~ - CALVIN, Johannes. Evangel ien-Harmonie. ln: Auslegung derHei ligen Schrift.
Vol~ 12.Neukirchener Verlag, 1966. - FURST, Walter. Meditaao sobre Mt 6,5-13. ln: Gftinger Predigt-Meditationen.
Ano 60, Caderno 2, Vandenhoeck & Ruprecht,197l~GRUNDMANN,
Walter. Das EvangeliumnachMatth\:lus. ln: Theologischer Handkommentar zum Neuen Testament. Evangelische Verlagsanstalt,
1968. - BULTMANN,Rudolf. Die Geschichte der synoptischen Tradition. 3~ ed., Vandenhoeck & Ruprecht, 1957. - HEIM,Karl .
Die Bergpredigt Jesu. Furche Verlag, 1946. SCHABERT,Arnold.
Die Bergpredigt. MUnchen, Claudius Verlag, 1966.- SCHLATTER,
Adolf. Das Evangel ium nach Matth\:lus.
ln: Schlatters
a
. Erl\:lute.
rungen zum Neuen Testament. 1- parte. Stuttgart, Calwer Verlag, 1947. - SCHNIEWIND, Julius. aDas Evangelium nach Matth\:lus.
ln: Das Neue Testament Deutsch.5- ed., Vandenhoeck & Ruprecht, 1950.
Wendland,
.
- Heinz-Dietrich: TICA DO NOVO TESTAMENTO , uma
introduao,
trad. de Werner Fuchs, Editora Sinodal , 1974 ,
- .
159 paginas.
Na Teologia contempornea, ~a tica do Novo Testamento
na fon;ia do presente livro e algo de novo - e de oportu
no: Pois a abordagem deste tema acerta com uma situaO
~u~to receptiva, j que reina incerteza em questes
de
etica e moral, e muitos anseiam por respostas orienta dor~s para sua realizao humana, nestes tempos de plural~smo e relatividade. Na parte introdut5ria o autor
defin~ a metodologia que haver de respeitar o carter
p~culiaE das exigncias ticas do Novo Testamento. Ex poe ent~.. tema base da pregao de Jesus, da Comuni
dade.Primitiva, de Paulo e das cartas deutero-paulinas-:de.Tiago e dos =scritos joaninos. Conclui elaborando a
unidade e a vigencia permanente dos princpios ticos
do Novo Testamento.
230 -
ASCENSO
Joo
14,1-12
(14)
He rmann Brandt
A l -Afesta da Ascenso na vida eclesial presente
H, do meu conhecimento, apenas poucas comunidades na
IECLB que de fato realizam a festa da Ascenso exatamente
na quinta-feira entre Rogate e Exaudi. Se a festa lembrada, isso acontece nos domingos antecedentes ou posteriores;
e~ alguns c~5os, porm, a
festa totalmente esquecida. Assim, parece que a festa da Ascenso est em vias de desapare~er.da vida de nossa Igreja como festa especial com tema
propr 1o.
Qual o motivo disso? Ele pode residir l? no fato de
que um feriado no meio da semana difci 1 de ser festej~do. d
Pode
.
.isto e,
' . ' em 2 1 ugar, res1 d.1r no tema desse dia,
na ifi~uldade de compatibi 1 izar a idia da Ascenso com a
concepao
hodiern do muno.
d
.
A piada barata definindo Crist
a como o p r i me i r o astronauta aponta para essa problemat1-
ca.
Temos
. motivos
.
que possivelmente tornam
.
' ass i m, dois
comp 1 1cada real i
h .
ceno M
- zar OJe um culto e uma prdica sobre a As- desempenham um pape 1
decisiv. 0 asQ s ao motivos externos. Nao
ue
uma
fe
s
t
1
- 23 l -
ferente, porm , em c) - confira o que segue.) Menciono algumas possibilidades tpicas de entender a Ascenso.
a) Ex iste, por um lado, a tese: O contedo da Ascenso
totalmente idntico com o da Pscoa: Deus enalteceu Jesus.
Aqui a Ascensao nada mais do que um 11 dublet 11 da Pscoa.
b) Entende-se a Ascenso principaimente como despedida de Jesus de seus discpulos. Aqui pode ento tornar-se
tema para reflexo a dolorosa separao entre o Senhor e
seus discpulos. Se ele no est mais visivelmente entre
eles, como se definir ento sua presena?
c) O interesse teolgico pode voltar-se para o fim dessa separao,
isto , para a volta visvel de Cristo no fim
dos tempos. Aqui na Ascenso se torna principalmente importante que ela oferece o modelo para o retorno de Cristo ao
mundo ( cf. At 1 , 1 1 ! )
d) Onde o interesse se concentra menos no retorno de
Cristo no fim dos tempos e mais no seu 11 eu estou convosco 11
(cf.b), a compreenso da Ascenso pode aproximar-se mais,
do ponto de vista do contedo, do evento de Pentecostes. A
Ascenso ento, por assim dizer, a condiao previa, a possibi l itao do envio do Esprito, o qual representa o Senhor
da Igreja, ausen!e fisicamente, durante a era da Igreja.
e) A Ascensao pode, finalmente, ser entendida como a
festa de entronizao de Jesus Cristo: Nesse dia ele se torna
governante universal do mundo, sentando-se direi ta de Deus.
11
Jesus Cristo~ Rei e Senhor 11 (Hinrio da IECLB, 112) um
hino de Asc e nsao tpico para esse tipo de compreenso. Confira tambm a explicao de Hi lmar Kannenberg sobre Cl 1,
15-23 no primeiro volume de Proclamar Libertao, pp.47-54.
Essas diferentes acentuaes refletem, por sua vez, o
testemunho variado do Novo Testemanto.
- 233 -
- 232 -
apenas uma formulao rala e ab s trata, em forma de confisso ("foi recebido no cu", Me 16, 19). Sobretudo, porm, devemos lembrar que, ao lado do esquema lucnico, surge noNovo Testamento um outro esquema, inverso. Lucas dizia: da terra ao cu, e novamente terra. Em Fp 2, Ef 4, IPe 3, Jo 3 temos, por sua vez: Do cu terra , e novamente ao cu. lssosig
nifica: Aqui - ao contrrio de Lucas - a subida ao Pai
pensada como algo definitivo. (O credo eclesistico, o Apostlico, por e xemplo , combinou ambas as concepes: Do cu
(pre: x istncia) para a terra (encarnao\ para o cu (Ascensao), e novamente para a terra (vinda de Cristo para o
juzo) . )
Alerte-se ainda para a concepo novame nte diferente
da carta aos Hebreus. Aqui, atravs da ressurreio (13,20)
sucede a superao do sacerdcio vetero-testamentrio: Cristo como sumo sacerdote atravessa o cu e aparece,em nosso
favor' diante da face de Deus ( cap. 9) .
A lenda lucnica sobre a Ascenso no Novo Testamento ' port_ano,
t apenas uma entre muitas formas de expressao
- de
que fe fez_uso para testemunhar a exaltao de Cristo e
suas conseqUencias.
Tambm nosso texto de Jo 14 um tal testemunho.
2 - Exegese e meditao
a. Jo 14 f
.
lavras de des ~ parte do complexo das assim cham~das pa14: a desped~e~ida de Jo 13-17. Cap. 13: o lava-pes; cap.
Esprito S 1 a, cap. 15: a videira e os ramos; cap 16: o
- sacerdatal d J anta como nosso advogado; cap 17: a oraao
e
esus
A
p
t
d
portanto
Nosso texto sobre as palavras de despedida de Jesus reflete a s~tua~o da Quinta-fei~asantaantes da crucificao do
Senhor. Nao e essa uma situaao diferente da da Ascenso
de Jesus? Para o evangelista Joo, no. Para ele coincidem
o enaltecimento no sentido da ereo da cruz (3, 14-16) e o
enaltecimento para o senhorio e a glria (12,32) ! Assim,
torna~se possvel que nosso texto, correspondendo situao
da Qu1nta-fei ra santa, ajude a comunidade a entender o que
significaaAscenso. Alm disso, o termo portugus Ascenso
corresponde melhor inteno do Evangelho de Joo do que a
p a 1a v r a a 1e m ' 'H i mme 1f ah r t 11
Ambas as vezes o 11 ir embora" de Jesus (14,2-4) significa, portanto,despedida. Ambas as vezes :ssa despedida
de Jesus provoca junto aos seus a preocupaao e o medo de
serem deixados sozinhos. A Ascenso de Jesus significa para os seus o fim da comunho visvel e concreta com o seu
Senhor. Como ele poder estar conosco at o fim do mundo,
se vai embora? Essa pergunta abala os discpulos, atrapalha -os, "perturba-os" (v.l, cf. v.27! ).
b. Originalment
~
assim tambee per1cope se delimitava ate o v. 14
nas
prd
i
d
m
or mai
cas e Lutero sobre o texto. Ten ho
P
s
corre
ta
es
s
- do que a propos1ao
- da
r.ova ord
d
~
a d e 1 1m1taao
~m. e per~copes.que deixa terminar o te xto j com
0 _v . 12 b.
ois, sera possvel finalizar a prdica com a vis ao. s o) re a c o n t 1nu' ~ade das "obras" (veja a explicao aba i xo (e sua )superaao - e deixar fora a orao em nome de
J e s us vv . 13s ? !
c. Podemos estruturar o texto em duas partes principais :
- 235 11 atrai-nos 11 a e le para a casa de seu Pai. Ele segue adiante de ns, rec e be-nos e, ao mesmo tempo, vai junto conosco, 11 para que onde eu estou estejais vs tam~m 11 Agarrar
essa promessa significa duas coisas. Quem cre nessa promessa reconhece na "ida" de Jesus, no seu enaltecimento na cruz,
sue ida ao Pai. E a f reconhece, ao mesmo tempo, o caminho
em que seguir a Jesus. esse duplo sentido que o v.4 expressa. Em primeiro lugar: Onde vocs estaro comigo, disso vocs no podem ter dvidas,pois vocs sabem aonde eu vou (cf.v.
3). Mas vocs no s conhecem a meta; vocs sabem, em segundo lugar, tambm o caminho at l. Esse segundo ponto torna-se,a seguir, o tema em si, e isso assim que se fala 11 dele 11 :
ele o caminho.
11
- 234 -
de nos
Jesus mantem
um lugarl1vrepaa '
d
. r nos. E mais do que isso: ele prepara tu 0 _
- . se precisamos mudar para um lugar distante, ou se nas ferias alugamos um;:i casa estranha, surge a pergunta: Como _ser? O que encontraremos? E aqui temos algum em quem conf1 amos e que no~ diz: No se preocupem, eu mesmo cuido de tudo, pre parare i tudo. Eu mesmo receb e rei vocs (v. 3a) Ass i m as preocupaes so tomadas de ns. Nossa perturbao,
o me do de permanecer sozinhos e sem orientao no tem motivo de se r! Ass i m, a caract er stica da despedida na Ascenso n o a se par a o de J es us de ns, mas sua despedida
- 235 "atrai-nos" a ele para a casa de seu Pai. Ele segue adiante de ns, recebe-nos e, ao mesmo tempo, vai junto conosco "para que onde eu estou estejais vs tambm". Agarrar
es~a prome ssa significa duas coisas. Quem cr nessa promessa reconhece na ''ida" de Jesus, no seu enaltecimento na cruz,
sua ida ao Pai. E a f reconhece, ao mesmo tempo, o caminho
em que seguir a Jesus. esse duplo sentido que o v.4 expressa. Em primeiro lugar: Onde vocs estaro comigo, disso vocs no podem ter dvidas,pois vocs sabem aonde eu vou (cf.v.
3). Mas vocs no s conhecem a meta; vocs sabem, em segundo lugar, tambm o caminho at l. Esse segundo ponto torna. e isso assim
que se f a 1a ''de 1e' 1
-se, a seguir, o tema em s1,
ele o caminho.
11
O v.4 expressa o que o crente deveria saber - mas nao
sabe! Isto , devemos ser conscientizados sob~e o que j nos
foi dado. Assim provocada a pergunta de Tome (v.S). Nos
todos somos - sempre de novo - este Tom. Pergunta~os pelo
que vem depois da morte - pela eternidade, pelo al~m: Justamente por "nada sabermos" sobre isso esperamos not1c1as de
alm do limite da morte. Esperamos respostas do espiri!ismo e/ou de fenmenos parapsicolgicos. Como se ainda nao
tivssemos obtido a resposta!
Mas a pergunta de Tom esclarece tambm o aspecto positivo: Saber o caminho verdadeiro depende do fato desabermos para onde ele vai. E assim Jesus dirige a pergunta
de Tom, nossas perguntas e especulaes, pa~a si mesmo:
"Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguem vem ao Pai
seno por mim," Jesus diz: Eu sou 11 0 11 acesso a Deus, isto
, o nico.
Ns faci ]mente compreendemos isso assi m como se ele
fosse o caminho exigido de ns. Desse modo, nosso seguir
torna-se condio para participarmos de sua verdade e_de _
sua vida. Ento Jesus seria o portador de uma nova lei, nao
do Evangelho. Nosso texto, porm,quer dizer: Jesus ocaminho que nos dado. Crendo nele, cuja morte foi sua ida
para casa, para o Pai, sua verdade e su~ vida tornai;i-se para ns a ponte para a eternidade, isto e, o enaltecido na
cruz transforma nossos perturbados caminhos terrenos no caminho da luz e da liberdade.
- 236 Assim, j
no assim
11
Mesmo assim, essas 11 obras maiores" em verdade permanecem sendo as obras daquele sem o qual nada podemos fazer
(15,5). Tudo o que produzimos e continua sendo 11 dado 11 .
Isso acentua nos vv. l3s a promessa de atendimento s oraes. Tambm aqui a orao dirige-se a Jesus mesmo, no ao
lado dele 1 11 diretamente 11 a Deus. Com isso protege-se a prom;ssa das ~bra~ maiores da compreenso errada de que os disc1pulos agiam independentemente e distantes de Jesus dent:o de uma relao particular com Deus. Mesmo aps a'Ascensao, Deus permanece sendo acessvel apenas atravs de Jesus.
C. Elementos de uma prdica
1. A Ascenso de nosso Senhor ao Pai descerra a situao da f no que tange o medo de ser abandonado. Da
- 239 -
Bibliografia
BULTMANN,Rudolf. Das Evangel ium des Johannes.Gettingen, 1941,pp.462-473.- KANNENBERG, Hi lmar. Medi taao sobre
Cl 1, 15:::23 . ln: v.Kaick, Baldur (ed). Proclamar Libertao.
Vol .1. Sao Leopoldo, Editora Sinodal, 1976,pp.47-54.-TRI LLHAAS, Wolfgang. Dogmatik. 3 ed., Berlin, 1972, pp. 320ss.
VOIGT, Gottfried. Die grasse Ernte. Parte 1 . Gettingen, 1970,
pp.247-254.
DOMINGO
Mateus
\.J a l ter
1
DE
P E NT E COS T E S
A l t ma n n
- 240 -
- 243 -
O pregador
precisa
"sofrer_11 com o texto So entao va
para sua prdica a promissao dos vv. 17-19.
11
- O que proclamar?
Marcos
Pergunta de Jesus
respostas diversas
confisso de Pedro
ordem de calar
anncio da paixo
Jesus fala abertamente
Pedro recrimina
Jesus
Jesus rechaa
Pedro
ordem de calar
anncio da paixo
- 244 -
1sto .
veemente rechao mediante a acusaao
.!.
- o J esus h 1stor1co
-
t er1a,
con s c, 1-.
significaria entao
que J
ente e radicalmente, recusado qualquer expectativa pol it~
ca que os discpulos de fa t o estavam depositando ~ele.
Es~a construo porm no me parece plausvel, po~s esv!
'
'
ziaria, em grande
parte,
o .impacto que a cruel f ~ca~a o de
Jesus viria causar na f e nas esperanas dos d1scipulos,
do que os evangelhos nos do um testemunho to eloq~ente.
Esse impacto teria que ser antecipado; para tanto ha poucos indcios. Alm disso, se tivesse havido uma recusa.
explcita de Jesus sua messiandade, como se expli~aria
a volta da comunidade ps-pascal a essa reivindicaao'.
ainda mais se considerarmos a necessidade que teria tido de simultaneamente reinterpretar, a partir de cruz e
ressurreio, o ttulo de Messias (= Cristo2?
J Cullmann divisa em Mateus a combinaao de duas situaes histricas: uma a confisso da messiandade de Jesus por parte de Pedro, outra a confisso de ser Jesus 0
filho de Deus, com a expressa aprovao deste ~os . vv. 17
19. No entanto admitir o r e lato como reminiscenc1a de um
ou dois episdlos histricos causa dificuldades na~a meno- soas
e reres . Nao
evidentes interferencias
de composiao
d aao,
indicadas
no
acima, depoem contra essa pr~su
O relato, assim como est indubitavelmente antecipa tanto_o
choque da paixo, qua~to sua superao pela ressurreiao
de Jesus.
Talvez tenhamos nesta percope a elaborao dada pela
tradio a duas experincias simultneas e aparentemente
contraditrias, feitas pelos discpulos, ao acompanharem
Jesus em ~uas andanas, pregaes e aes. De um lado,
ci
a percepao de que nesse Jesus, a quem seguiam,algo de de_
sivo estava em jogo. Esta lembrana preservada no relato da confisso de Pedro. De outra parte, a reticncia
em aceitar a renncia e o despojamento,que o seguimento
desse Jesus lhes acarretavam. Esta lembrana preservada
no relato da recriminao de Pedro a Jesus. A cruz acent~
ou ao extremo essa contradio da e xperincia, e em assim
fa z endo a solucionou: o decisivo ocorreu na morEe de Jesus.
o c r ucificado o Messias. Contudo, a contradiao nao e
- 245 -
dissolvida na ex pe r1 e ncia prtica dos crentes, onde e la permanece inarred a vel mente: agraciados , e justamente assi m comprometidos com t oda a vida. Portanto, a tradio ps-pascal
manteve a aparente contradio, pretendendo evitar a a mbigUidade de uma confisso verbal me nte correta da f e m Jesus como o Cri s to, com si 1.1ultnea negao da confisso concreta, em despojame nto e solidariedade sofredora. Assi m h
tambm um motivo e xegtico central para estendermos a percope at o v. 23.
Tambm a historicidade de Mt 16, 17-19 discutida. A
base indubitavel mente semtica ("carne e sangue" para ser
humano; o jogo de pai avras Pedro - pedra, em ara maico 11 Cefas1 1; 11 1 i ga r 11 e 11 des liga r 11 como expresso de auto ri d a de doutrin ri a e disciplinar). A partir da, diversos e xegetas defendem a autenticidade histrica desses versculos (cf. Cullmann, p. 180ss). Jesus ter-se-ia entendido como o Messias,
escolhido os Doze pelo aspecto da representatividade de Israel, e este teria sido o momento de instituio da igreja.
J para Bultmann a autenticidade desssa palavra de Jesus ''totalmente impossvel 1' (p. 150), pois reconhece r a
11
igreja 11 j antes da pai xo seria a perda de seu "sentido
radicalmente escatolg i co1', em favor de uma "sinagoga e s pecial de um indivduo". (A forma futrica "edificarei" estaria a trair a origem ps-pascal da palavra. Excetuando Mt
18, 17, onde se refe re comunidade, o termo "igreja" tamb m
nico na boca de Jesus) . O local de origem dessa palavra
de Jesus teria sido "os debates a respeito da lei, na comunidade palestinense 11 (p. 148), e xpressando-se a conscincia
escatolgica desta de ser a "comunidade dos justos do t empo final 11 A forma de um relato histrico teria o sentido
de assegurar tradio petrina a liderana na comunidade.
(Como j vi mos, Marcos teria supri mido esse aspecto.)
A pesquisa neotestamentria predominante, porm, assume uma posio intermediria (cf. Borkmann, p. 173-175) .Mesmo se Mt 16, 17-19 for original de Jesus, sua perspectiva
futura, isto , aponta para aps a Pscoa ("edificarei, darei, ligares, desligares"). Mais import ante, contudo, do
que a questo histrica em si, a relao entre o Jesus
terreno ( 11 histricol 1) e o Cristo ps-pascal ( 11 querig mtico11) .
Nem a identificao plena, que deprecia cruz e ressurreio,
nem a presuno de uma contradio parecem ser condi ze ntes.
De um lado, no se pode conceber Jesus (terreno) sem chama-
- 247 -
- 249 -
D O M
N G O
L u c a s
DA
TRINDADE
10,21-24
Martin N. Dreher
1 - Sugesto de traduo
21. Naquela hora ele jubilou no Esprito (Santo) edisse: Louvo-te, Pai, Senhor do cu e da terra,
porque ocultaste isso aos sbios e entendidos,
e o revelaste a pequeninos.
Sim, Pai, porque tal foi a tua boa vontade.
22. Tudo me foi transmiti do por meu Pai.
E ningum reconhece quem o Filho, a no ser o Pai,
e quem o Pai, a no ser o Filho,
e a quem o Filho o quer revelar.
23. E ele voltou-se, especialmente, a seus discpulos e
disse: Bem-aventurados os olhos que vem o que vedes.
Pois eu vos digo:
24. Muitos profetas (e reis) quiseram ver o que vedes,
e nao o viram,
e ouvir o que ouvis,
e nao o ouviram.
11 - Contexto
Setenta discpulos so enviados para preparar a vin?a
de Jesus. O envio destes setenta tem em mente o mundo 1ntei ro, pois, segundo Gn 10, existem 70 povos (LXX=72). O
envio dos setenta, relatado por Lucas, nos apresenta, er:i .
oposio a Mateus e a Marcos, uma nova dimenso da histori~
de Jesus. (Mt 10,5: "No tomeis rumo aos gentios,nem entreis
em cidade de samaritanos. 11 ) Lucas v nos enviados de Jesus
mensageiros que preparam a pregao ambulante de Jesus:~s
ta pregao engloba, aps o final da atividade na 9alile1a,
grandes partes da SamarJa e da Judia alm de regioes da
Galilia que ainda no foram atingidas. Lucas rompe, pai~,
com a concepo de que Jesus tenha sido enviado somente as
cidades judaicas.
Jesus envia os setenta como um rei (kyrios). Os enviados so arautos que anunciam sua vinda. Sua funo no se
- 250 restringe apenas a conseguir hospedagem, mas ela est a servio da vinda do prprio Jesus. Uma das funes dos arautos
a de anunciar a vinda do reino de Deus. Como, porm, estes
arautos devem preparar a vinda de Jesus ,nota-se aqui que para
Lucas, em Jesus, o reino de Deus chegado (Lc 10,9) !
Se em Jesus o reino de Deus chegado, ento esse fato
significa o finaldoreinadodeSatans. Satans perdeu seu
poder sobre os homens (v.19), Jesus o kyrios (v.17). Os
discpulos, porm, que de Jesus receberam o poder de expulsar demnios (exorcismo) como um sinal de sua vinda, no
devem basear sua alegria no fato de que venceram demnios,_
mas no fato de que so conhecidos por Deus.
(Schlatter:"Nao
o diabo afugentado que os torna aleores mas o Deus que
est a p~ra eles" = Lk. - Ev., p. 28). Os nomes dos discpulos estao escritos no rol celestial; Deus os conhece como
amigos e como sua propriedade.
A orao jubilosa de agradecimento feita por Jesus (10,
21) segue imediatamente aps haver sido descoberto o motivo
da alegria em os discpulos se saberem conhecidos e arrolados por Deus. f por isso que Jesus jubila.
11 1 - O texto
Nosso texto formado por trs ditos isolados: uma oraao de graas, um dito de revelao e um maca rismo. Aparentemente estes ditos parecem estar interligados seu estilo
e conteudo,
'
porem,
nos mostram o quanto um diverge
do outro.
O primeiro dito, v. 21, tem a forma de um hino de graas como o conhecemos dos Salmos 33 2 75 1 (BHK 75,2); 138,
1 o s
.
' ' ao ' estilo de d1scur.
egundo dito,
v. 22 assemelha-se
so. apoc~l ptico do helenlsmo e soa a um dito joanino. O terceiro dito, vv . 23-24, um macarismo.
No que !oca sua origem, pode-se afirmar que estas palavra s provem da tradio palestina. Isso pode ser demonstrado nc: estilo e nas peculiaridades lingusticas. Isso vale tambem para o segundo dito, pois sua semelhana com Joo
deve ser explicada de tal maneira que Joo assumiu esta maneira de falar a respeito do Pai e do Filho da tradio da
Pale st ina e no vice-versa (cf. Hahn, Hoheitstitel, p.321e
ss).
-0 sentido da 1 igao desses trs ditos nos pode ser mostrado por uma exegese mais detalhada.
- 251 O motivo do agradecimento de Jesus citado por duas oraes que comeam com a conjuno subordinativa causa 1 "porque" (hti ).Jesus louva a Deus no estilo dos salmos de agradecimento. Ele louva a Deus tendo em vista o resultado de
sua atividade:
"porque ocultaste isso aos sbios e entendidos,
e o revelaste a pequeninos ...
porque tal foi o teu agrado." - A revelao de Deus, que
possibilita salvao por intermdio deJesus,no foi feita
aos"sbios", aos qu e a deveriam conhecer ( essa uma designao feita aos esc ribas) e aos "entendidos", aos que possuem discernimento, a capacidade de discernir. Deus esconde o sentido do envio de Jesus a todos os que o querem calcular. Ele escapa ao homem ''entendido" que se quer apossar
dele. f este o seu juzo sobre o homem que quer sua autojusti fi cao e este tambm o seu juzo sobre o homem que
seguro de si mesmo (Jo 9,39). Deus se manifesta em Jesus
aos "pequeninos" que, qual crianas, esperam pelas ddivas
do Pai. Os "pequeninos" so os "pobres" das bem-aventuranas, os Anawim. Eles no representam uma classe social. As
"classes" dos pobres, dos "pequeninos" e dos "entendidos"
e "sbios" surgem do confronto com a atividade de Jesus.
A segunda orao iniciada com a conjuno subordinativa causal ("porque tal foi o teu agrado") caracteriza o acontecimento sucedido atravs da atividade de Jesus como
expresso da eudokia de Deus, de seu plano salvfico. Qual
, pois, o sentido desse versculo? Ele louva o plano salvfico de Deus, isso , a maneira pela qual Deus oferece e
concede salvao atravs da atividade de Jesus. Deus agiu
de acordo com as bem-aventuranas: Ele se revela a todos
que, ante a atividade de Jesus, se tornam pobres, que cremcomo o Centurio de Cafarnaum, e escapa aos que esto seguros de si mesmos e que ante a atividade de Jesus mais seguros de si ainda esto.
O tema 11 reve1 ao 11 1 i ga o l '? e o 2'? ditos. Deus "tudo"
transmitiu a Jesus, i., Jesus o representante plenipotencirio de Deus. Ele age e fala, j nos dias terrenos,
com poder (Lc 4,32). Ele se relaciona de uma maneira toda
esp_:cial e nica com Deus, "o Pai". Ele 11 0 Filho" em rela~o a Deus, 11 0 Pai 11 1 de maneira absoluta (note-se a colocaao do artigo!). A esse relacionamento corresponde tambm
um conhecimento exclusico e recproco.: "Ningum reconheceu
~
10 s
quele que segue a Jesus, revelado o Pai. Os d1sc1pu
so os que recebem a revelao do Pai atravs do Filho. Aos
discpulos permitido ver aqui lo pelo que os anunciadores
da promessa, os profetas, ansiavam e pelo que os portadores
da promessa, os reis, pediam.
Os discpulos vivem na poca em que se inicia a :oncretizao escatolgica; eles so 11 pequeninos",aosquais e dada
a revelao. Neles que ocorre a eleio dos pobres (Lc
l,46ss; 2,4-7; 2,34s). A posio de Jesus fre~te.a.pecad~~e
res e justos, a "pequeninos" e "entendidos" s1gn1f1ca
voluo 11 escatolgica.
IV - Para a meditao
O texto resume toda a atividade de Jesus a partir da
relao de Jesus com o Pai. E por isso a prdica, que de
modo algum vai poder reproduzir toda a riqueza do texto,
deveria partir da afirmao do v.22: Somente Jesus nos po?e
possibilitar revelao de Deus! A prdica poderia principiar
com a frase: "Ningum conhece o Pai, a no ser o Filho, e a
quem o Filho o quer revelar". Como podemos ns, hoje, compreender esta pretenso, ou melhor, esta oferta?
Durante muito tempo ns falamos a respeito de Deus como algo dado, normal. Mas, que queremos dizer quando dizemos "Deus"? Nossa vida diria a tentativa de vivermos sem
Deus. Toda a correria desenfreada de nossa sociedade no
aponta para isso? Atravs de organizaes e atravs da pesquisa procuramos dominar o mundo. - Quando falamos em Deus,
no Brasil, ainda pensamos no Pai de Jesus Cristo? Quando
- 255 -
V - Bibliografia
11
- 256 D 1 A
J o -a o
DE
E S
DE
GRAAS
4,31-38
Heinz Ehlert
1 - Consideraes e xegticas
A tradio do texto da percope no apresenta maiores
problemas. O aparelho crtico no traz variaes dignas de
nota em relao ao te xto grego na edio de Nes t 1e ( 16~ Edio) .
O contexto o seguinte: Jesus, conforme relato neste
quarto captulo, se encontra na Samaria, de passagem (da
Judia para a Galilia). Nos vv. 1-30 narrado o cl e bre
dilogo de Jesus com a mulher samaritana na fonte de Jac.
Este d~logo veio a causar admirao aos discpulos: Um rabino nao faria tal cousa(v . 27). Esta conduta inconveniente~no entender dos discpulos
..
' porm , no os leva a formul .!."uma cr1_tica ou pergunta sequer. A mulher, em virtude do
dialogo hav1do , temmuita pressaemchegar cidade para contar
asuaexperincia,deixandoatoseu cntaro ali na fonte
vv. 28-29) O fato de lhe ter falado, de conhecer o seu passado
e de se referir ao Messias levou a mulher pergunta:
11
Ser e:te, porventura, o Cristo' 11 O fluxo da narrao interrompido com o v. 30. Os vv. 39-42 completam o relato sobre mulher samaritana, contando as conseqUnci a s dotestemunho dela .
O trecho a estudar representa um interldio. A ligao
com 0 anterior encontramos no convite dos discpulos a Jesus para comer. E'. que os discpulos se haviam ausentado justamente para a cidade de Sicar para comprar alimentos (v . 8)
Na volta encontraram Jesus falando com a samaritana.
_
"Comi?a" ser o conceito chave para desenvolver o_dia~og~ seguinte . Mas o contedo da e xposio de Jesus nao esta diretamente relacionado com o acontecimento contado.
Se a conversa de Jesus com a mulher samaritana causou
admirao e at estranheza aos discpulos, agora eles tero
mais um motivo para se admirar: Jesus declina de comer. Justifica alegando que tem outro tipo de comida que os discpulos no conhecem. A maneira um tanto enigmtica de se expressar serve para desafiar a ateno e a imaginao deles.
- 257 Logo eles t a mb m c o me am a conjetura r entre si: Ser que algum 1he trou xe a 1go para co me r? Mas is to no pode ser! A reao mostra qu e a ima g inao deles no capaz de se desligar
do alimento fsico para satisfazer a fome do corpo. O autor
mostra que Jesus precisa continuar para tornar compreensvel
a sua mensagem.
Teria Jesus menosprezado o alimento fsico?
Teramos aqui um indcio de que Jesus sugere um ascetismo,
isto , uma vida que se caracteriza por p r ivaes, jejuns,
abstinncias? O test e munho do Novo Testamento outro. O
prprio Evangelho de Joo mostra Jesus nu m casamento (cap.
2) e conta a multiplicao dos pes (cap. 6). No pode,p o is,
ser esta a inteno de Jesus.
Ele ap o nta para a vontade de Deus (v . 34). Aos que esto
preoe upados com a comida como meio de sobrevivncia parece
querer indicar que h outra razo de ser da nossa existncia. Ex iste algo que mais do que a comida fsica necessrio para a vida. Aqui caberia a lembrana de Mt 4,4: 11 No
s de po viver o homem, mas de toda palavra que procede
da boca de Deu s . 11
"Fazer a vontade daquele que me enviou'' e 11 completar a
sua obra 11 lembra o ministrio e a misso de Jesus. Sem se
referir, perante os discpulos, ao que tratou com a samar~
tana, Jesus com estas palavras fala do mesmo assunto: Ele e
o enviado de Deus para completar a obra de Deus, proporcio:
nar verdade ira vida aos homens. Deus agiu no passado. Ele e
o criador de todas as cousas. Tambm da vida do homem, da
comida que o alimenta e sustm. Mas a sua obra no est no
fim. Enviou o Filho para a obra da redeno . Esta esperada do Messias por judeus e samaritanas.
Esta obra envolve inclusive os discpulos. Participar
nela representa a sua misso. Podemos dizer que com o v . 35
Jesus passa a e xplicar o ministrio dos discpulos. Este ministrio tem o dele como premissa. Deus agiu, Jesus agiu e
age - a ao dos discpulos deve seguir. 11 Fazer a vontade
daquele que me enviou 11 no compete s ao Filho. Ele possibilitou a ao dos discpulos. Ceifa (v.35) - a comparao
sugestiva para a mensagem que Jesus pretende transmiti~ .
Tempo de ceifa (colheita) tempo de trabalho e de alegria
ao mesmo tempo. Importante reconhecer que o tempo da ceifa j chegou! Ser que Jesus quis referir-se ao que ficou
- 258 -
expresso
na parbola do semeador dos evangelhos sinticos
(Me 4, 1-20; Mt 13, 1-23; L.c 8,4-15), fazendo ver que ele mesmo semeou a palavra?
O trabalho dos enviados (dos ceifeiros) mais recompensador. A eles cabe colher o fruto onde outros trabalharam antes (v.38). Mas a alegria tanto do semeador como dos
ceifeiros. Do Senhor e dos seus enviados (v.36).
Em que consiste esta ceifa? Quais so os "campos" q~e
"j branqueiam para a ceifa''? o povo, so os homens, sao
as naes (Mt 28, 19; Me 16, 15). Trazer-lhes a luz e v-los
iluminados, trazer-lhes a comida para a vida eterna e perceb-los alimentados,proclamar-lhes libertaoev-lo: livres_,
conduzi-los enfim,ao Pai eenaltecer com eles aadoao de filhos, eis a' alegria da ceifa. O mundo precisa disto, o mundo anseia por isto.
O ministrio de Jesus na terra - consumado na cruz criou as condies,possibi l itou a ceifa.
Participar do trabalho j significa colher frutos para
a vida eterna.
No se pode ficar na preocupao pelo po de ~ada dia
quando "o po da vida" oferecido (Jo 6,35.48). Nao se pode ficar absorvido na luta pela sobrevivncia e perder a
chance de participar da colheita escatolgica, onde importa trabalhar na misso de Cristo: chamar e conduzir pessoas
ao Pai que cria, salva, ~enova e santifica para a vida eterna.
11
Meditao
a. Reflexo meditativa sobre o texto
A percope fala de comida, de ceifa, de semeador e ceifeiros. Esta seqUncia tornou, sem dvida, o trecho sugestivo para uma pregao no dia da colheita. Em vista da pregao de Cristo, da mensagem da salvao, qual o significado e o valor do trabalho, da luta pela sobrevivncia, do fruto do trabalho?
Os discpulos saram em busca de comida naquela cidade
samaritana . Devemos imaginar que isto aconteceu depois de
longa e e xaustiva caminhada. Talvez fazia tempo que tinham
feito a ltima refeio . O prprio Jesus esteve cansado e
- 259 -
260 -
261
262 -
IV - Bibliografia
BUECHSEL, Friedrich. Das Evang e liurn nach Johannes. ln:
Das Neue Testament
Deutsch. 5~ ed. , G~ttingen, Vandenhoeck
& Ruprecht, 1949 - BUELCK, Walter. Das Johannes - Evangelium
und die Gegenwart. 2~ ed.,
Hamburg, Agentur des Rauhen Hauses, 1948. - LOEWE, Richard. Meditao sobre Joo 4,31-38.
ln: Eichholz/Falkenroth, eds. Hdren und Fragen. Vol 5.Neuki rchen- Vluyn,Neukirchener Verlag, 1967.
I'?
D O M
E z e q u
N G O
e
A P Ci S
2,3-8a;
263 -
TRINDADE
3,17-19
Nelson Ki rst
1 - Consideraes exegticas
Traduo:
(3) Ento ele me disse: Filho do Homem, eu te envio a
casa de Israel, aos (povos)b rebeldes que se rebelaram contra mim, eles e seus pais (se desviaram de mim)b ate este
preciso c
dia. (4) (E aos filhos de rosto crue1'd e corao d~roe eu te envio)b e dize a eles: Assim falou (o Senhor)
Jav._(5) E eles - qyer ouam, quer deixem (de ouvir), pois sao Casa Rebelde
- reconhecero que tu foste
profeta em seu meio. (6) Quanto a ti, Filho do Homem, no
tenhas medo deles e no tenhas medo de suas palavras, quando espinhos te cercarem e estiveres sentado sobreg es.h
corp1oes . Nao tenhas medo de suas palavras nem te espantes1 dos seus rostos, pois eles so Casa Rebelde,(?) mas
dize-lhes minhas paJavras - quer ouam, quer deixem (de ouvir), pois so CasaJ Rebelde. (8a) Tu, porm, Filho do Homem, ouve o que eu te digo: No sejas rebelde como a Casa
Rebelde. (3, 17) Filho do Homem, coloquei-te como atalaial
para a casa de 1 srael. Quando ouvi resm da minha boca uma
palavra, adverti-los-s de mim. (18) sen eu falar ao m11
pio:
Certamente morrers! 11 P e tu no o advertiste e no
te manifestaste no sentidoq de advertir ao mpio do seu
caminhar, para que vivas, ele, o mpio, morrer por causa
da sua culpa, mas da tua mo exigi rei o seu sangue. (19)
No entanto, se tu advertiste ao mpio e ele nao se converteut de sua impiedade e do seu caminhar, ele morrer por
causa da sua culpa, mas tu salvasteu a tua vida.
Observaes: a) com LXX - b) as partes entre () so
a:rscimos; faltam na LXX; pelo menos no trecho 2,3-5 convem omiti-las para facilitar ao ouvinte a compreenso do
texto; embaralham a fluncia do pensamento - c) 1 sm =ossos
nesta com9~~ao representa um reforo - d)amea~dor, vio-'
lento, .qasah - e)~zq, adj, a rigor: duros de corao f) em s1: de rebeldia, mriy - g) ler v 1 1 - h) 1 aqrb - i)
o profeta assume total e 1nt1mamente a mensagem que lhe confiada e tambm a aprova.
O t:echo 3,4-15 pode ser entendido co~ uma simple s leitura
e nao carece de e xplicao especial.
Nosso segundo trecho aparece logo na unidade subseqUente. ~parte de 3, 17-21, onde Ezequiel institudo como at?la1 a de_lsrael. O te xto de redao posterior, pois al 1a cont e udos que se encontram em 33,7-9 e no cap. 18 (33,
10-20~ A combinao d~ste trecho com o primeiro, como
sug e r~da para a pregaao, justificvel, uma vez que aqui,
na figura do atalaia, sobressai um trao que especialmente caracterstico para a incumbncia de Ezequiel ,qual
seja , o da sua responsabilidade pessoal, como atalaia.
- 265 Assim, 3,17-19 ampli a e caracteriza de modo especial a funo do profeta, que enviado e recebe sua incumbncia em
2,3-7. Para o pregador imprescindvel a assimilao cuidadosa do conte x to de nossas duas passagens.
2,3-5 - Envio e tarefa do profeta
Importante: as palavras que aqui enviam e do tarefa
ao profeta prov m do Deus que se manifestou no evento narrado no cap. 1. Trata-se do Deus fiel, Jav, que busca seu
povo mesmo na terra estranha. t: nesta sua fidelidade que
ele envia o profeta.
Ezequiel d e nominado 11 Fi lho do Homem", aqui como em
diversos outros lugares do 1 ivro. A e xpresso pretende ressaltar a pequenez do ser humano Ezequiel, como criatura,em
contraste com a majestade de Jav. A inclinao a este "Filho do Homem" manifesta, assim, a condescendncia deste
Jav que vai em busca dos seus.
O que Jav diz pode ser dividido em trs tpicos:
l?) Jav e n v i a Ezequiel a determinados d e s t i n a t r i o s. O profeta profeta, porque enviado. Atrs
do seu agir proftico est a autoridade de quem o
envia. O profeta no vai porque quer:novai movido por interesses prprios, por qualquer motivao subjetiva. O profeta vai porque Jav o envia, esta a nica explicao para o seu agir. A partir daqui entendem-se os dois tpicos
seguintes.
O envio tem destinatrio concreto. Ezequiel deve ir
11
Casa de Israel que se rebelou contra mim". No por acaso que o g r upo de deportados recebe a designao Israel.
Ela traz consigo a lembrana de uma histria percorrida em
conjunto entre Jav e o povo: promisses feitas e cumpridas, proteo e cuidados, acordos e compromissos, obedincia exigida e negada. Aquele que envia o profeta tem com
os destinatrios uma histria comum que desaparece passado a dentro. Como diz o texto, "eles e seus pais, at este preciso d i a 11
Dessa histria percorrida, o trao que agora resta
negativo: "eles se rebelaram contra mim". Colocada ass~m, no contexto de Israel como um todo, atravs da,hist oria, fica claro que a rebelio aludida no se reflete a
este ou aquele ato isolado. Trata-se de uma atitude fundame~tal; :er. rebelde contra Jav parece fazer parte da prpria essenc1a de Israel, desde o seu surgimento. t: o que se
- 266 -
- 267 hostilidade dos que devem ouvi-lo? No, fugindo. No, com
a esperana de um eventual sucesso posterior. Nem sequer,
com a promessa do auxlio de Deus. Ezequiel superar o medo pura e simplesmente cumprindo a incumbncia de Jav. Poderamos peri frasear assim: "Em vez de temer, dize-lhes as
minhas palavras!".
Ainda um detalhe relevante: Ezequiel no precisa mais
do que "dizer as minhas palavras". No de sua responsabilidade converter os mpios e traz-los de volta a Jav.Jav
no lhe cobrar essa tarefa impossvel, nem ele mesmo precisar cobr-la de si prprio. Ezequiel deve "dizer as minhas pa 1 av ras" - nada mais e nada menos.
O v. 8a exorta o profeta a no cair na mesma rebeldia
dos seus compatriotas. Pela sua obedincia, deve ele contrastar com o comportamento do povo. Ele, como profeta,deve ser assim como o povo no . Com isso, deve ele ser o
sinal de como se ri a o povo, se fosse obediente.
3, 17-19 - O profeta como atalaia
O cargo do atalaia muito bem descrito em 33,1-6, que
todo intrprete do nosso texto deveria ler. Atalaia aquele que, em caso de guerra, fica na espreita e deve al:rtar os habitantes da cidade, quando observar a aproximaao de um ataque. Caso alertar e algum desprezar o alerta, o ata~aia est isento de culpa. Em no alertando, ele
o responsavel pela desgraa.
No nosso caso, o profeta que deve ficar na espreita
como um atalaia, e caso observar o ataque de uma palavra'
proveniente da boca de Jav, deve alertar. Assim, 17b explica o que ser atalaia (17a). J o v. 18 desenvolve a
que:_to no sentido negativo e o v.19, no positivo. O texto e sufic'.ent:=mente s~mples e claro; dispensa, pois, maiores expl 1 caoes _e da margem s seguintes consideraes:
a) O profeta so tem a responsabi ]idade de dar 0 alerta ao destinatrio certo; e isto, no momento em que perceber a ameaa da palavra.
b) A atuao do profeta no isenta os ouvintes de sua
deciso individual.
_ .c) O prof~ta no advertir as pessoas a partir de criterios pessoais de qualquer ordem. S advertir se ouvir
"da minha boca uma palavra''.
d) Vida ou morte das pessoas dependero da advertncia do profeta. A deciso ltima do indivduo. Mas este
expressa tambm na designao "Casa Rebelde", que to gritantemente contrasta com "Casa de Israel".
2'?) "Dize a eles: Assim falou Jav." Apenas isso. Ainda no h interesse pelo contedo. O que importa aqui, aparentemente, ressaltar duas coisas: a) ao profeta compete f a l a r. O profeta no planeja, no organiza, no
lidera, no estuda. O profeta fala. Mas no fala qualquer
coisa. b) Ele deve falar o que vem
d e
J a v . Assim, retorna aqui o que j tnhamos salientado em 1'?), no
tocante ao enviar. Importante: como se depreende faci lmente do texto, essas poucas palavras do v. 4b pretendem expressar o essencial da atuao proftica. Ser profeta
falar o que vem de Jav a determinados destinatrios.
. 3'?) O v.Sb fala da finalidade do envio. O que fora des~
cr1to em 3 e 4 tinha por f i na 1 i d a d e o reconhecimento de que Ezequiel foi profeta em seu meio. Ezequiel
0 env'.ado de_Jav. Reconhecero, portanto, que atravs de
E~equiel Jave veio busc-los na terra estranha. Reconhecerao '.idelidade de Jav. E isto, "quer ouam, quer deixem
de ouv-1 r" Re con h ec1mento
1nescapavel.
Nem mesmo com to d a
rebe l 1ao ou i n d1 f erena de1xarao
.
de perceber e terao
que
a~estar que Jav veio ao seu encontro, que manteve a fide1 1d ade. ' po i ~este e- um Deus que nas palavras do propr10
-
Ezeq u 1e1 ' n ao quer a morte do perverso,
'
.
mas deseja que
ele se converta do seu caminho e viva (18,23e33,11).
2,6-7 e 8a - A exortao "no temas!"
Este bloco contm exortaes ao profeta com vistas
aos destinat
i.
--
A percope, assim como nos sugerida, com os dois blocos, apresenta trs ncleos temticos. Para cada um deles
poderia ser extrado um escopo prprio. A seguir sero desenvolvidos os trs ncleos, com suas possibilidades de atualizao:
l?) O e n v i a d o. Caberia aqui desenvolver aqueles
pontos que so fundamentais para a existncia proftica:
que aparecem em nosso texto: o profeta enviado por Jave
(2,3) a determinados destinatrios (2,3); sua tarefa falar (2,4 e 7); ele deve falar o que vem de Jav (2,4) ;seu
dever co~siste em simplesmente 11 dizer as minhas palavras"
( 2 ' 7) i nao deve contar com sucesso
mas com insucesso e host.1l .1d
(
,
ade. 2,6); o profeta superar o medo eventual diante
d~s d:s~inata:ios unicamente pela obedincia pura e simp :s. 1ncurnbenci a recebi da (2, 7) . No curto espao de uma
p~edica.nern ser possvel elaborar todos esses pontos.Sera. preciso se 1ec1onar
- 269 juzo sobre algum. No tem a comunidade e o indivfduo cristos, a partir de sua f, uma funo semelhante? O pregador
no ter dificuldade em demonstrar que uma tal funo efetivamente lhes cabe. Bastar apontar,por exemplo, para o chamado ao arrependimento, que vem do NT. Mais ainda: a prpria
ao salvadora de Cristo, se de um lado representa graa, de
outro significa juzo justamente sobre as situaos das quais
ele redi~e. Se a comunidade crist prega a Cristo, deve pregar ~ambem o juzo que ele representa. Cabe-lhe, pois, uma
funao de alertar, semelhante de Ezequiel. Por isso, 3, 17-19 podem ajudar uma comunidade a entender melhor o que ela
deveria ser e fazer. Por saber a respeito de Deus e de sua
vontade, uma comunidade crist sabe mais do que a sociedade em que se encontra. A partir deste seu saber mais deriva-se seu papel de atalaia para a sociedade. A partir da deve
a comunidade crist auscultar onde a vontade de Deus, que se
reve~o~ em Cristo, arremete contra a situao vigente.Desnecessar10 citar exemplos. Todo pregador deve ser capaz de detectar, na situao local e nacional, aquilo que no condiz
com a vontade de Deus.
Num ponto, porm, a comunidade crist difere fundamentalmente ~e Ezequiel. Ao mesmo tempo em que atalaia, a comunidade nao deixa de ser tambm ouvinte do alerta. Seu papel
duplo, e ela dever ter a hurni ldade de reconhec-lo, deve saber-se no mesmo nvel que a sociedade, corno destinatri~ do
alerta - e deve demonstrar sociedade corno se reage ao alerta.
Com tais e 1ementas, este nc 1eo ternt i co, se bem desenvo 1 vi do,
pode transformar-se numa prdica bastante atual e palpitante.
3?) A f i d e l i d a d e
d e
D e u s. Pela atuao de Ezequiel,os israelitas deveriam perceber que Jav foi
ao seu encontro, atravs de um profeta (2,5); montrava-se nisso a fidelidade do Deus que percorreu longa histria comess: povo (2,3), e cuja dedicao sempre de novo colheu rebeld~a (2,3.5.6. 7). (Mais detalhes na exegese de 2,3-5.) Uma prdica :rn torno desse ncleo temtico poderia desenvolver-se
atraves dos seguintes pontos:
_ a) Olhando ao nosso redor, vemos que vivemos urna situaao sob o juzo. Exemplos disso so as inmeras adversidades que vivemos e presenciamos, especialmente nas relaes
entre as_pessoas, os grupos sociais e as naes, mas tambm
na relaao entre os homens e as demais criaturas. (A prdi-
- 271 -
- 270 -
2'?
D O M
Ma
e u s
NGO
A P S
TRINDADE
10,7-15
Consideraes e xegticas
A percope Mt 10,7-15 um recorte do Sermo Missionrio no captulo 10 de Mateus. Os versculos iniciais doSermao (vv.5-6) n~ foram includos no recorte. A restrio neles contida ("nao tomeis rumo aos gentios") revogada em
28, 19 ("fazei discpulos de todas as naes"). Importante
observar o contexto maior do Sermo. Nos captulos 5-7 temos o Jesus da palavra, nos captulos 8-9 o Jesus da ao.
Em 9,35, que precede o nosso texto, encontra-se um resumo
desta atividade dupla de Jesus: "E percorria Jesus todas as
cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenas e enfermidades." Segue ento a descrio da situao aflitiva da
multido (9,36) e, em 10,l-5a, a convocao, capacitao e
o envio dos discpulos.
A percope 10,7-15 se divide em trs partes: l'? Enviados para pregar e agir; 2'? O chamado despreocupao; 3'?
O procedimento dos portadores da paz.
l. Enviadas para pregar e agir (vv. 7-8)
Kerussein significa pregar, anunciar. O termo aparece no NT sozinho ou combinado com outra palavra: anunciar
"a palavra", anunciar "a palavra do Senhor", anunciar 11 0
Sen~or :_ O contedo da pregao aqui : 11 0 reino dos cus
esta prox imo. 11 Jesus usava tambm uma ou outra vez, em lugar da expresso 11 reino dos cus 11 ou "reino de Deus 11 a expresso 11 vida 11 Assim, em Me 10 17 11 herdar o reino d~ Deus 11
substitudo por 11 herdar a vid~ eterna 11 Em Me 9,43.45 encontra-se a e xpresso 11 entrar na vida 11 Em Joo o termo 11 reino dos cus 11 foi substitudo quase que por completo pelo termo 11 vida 11 , 11 vida eterna 11
_
O !ermo 11 vida 11 j aponta para o contedo do reino dos
ceus. Sao, no entanto, as bem-aventuranas que falam clara11
- 272 mente da essncia do reino dos cus. "A primeira bem-aventurana anuncia aos pobres a participao no reino de Deus :
'Bem-aventurados os pobres; pois deles o reino de Deus! 1
As duas bem-aventuranas seguintes anunciam aos famintos
que sero fartos e aos tristes que sero consolados. Se pensarmos na relao desses anncios com a participao no reino de Deus, veremos que h apenas uma resposta: O saciar a
fome e o consolo so promessas para o tempo da graa. Tudo
isso ocorre quando vem o reino de Deus. Nas promisses das
bem-aventuranas se desdobra, portanto, como no espectro
de um arco-ris, o que trazido pelo reino de Deus." (Goppelt, p. 102) "O reino de Deus traz o consolo que afasta
toda a dor e a saciedade que pe fim a toda fome. Cada um
dos evangelistas acentua um aspecto especfico desse estado de graa; Lucas, a fome de po; Mateus, a fome de justia. A promisso de Jesus, porm, se refere a fome e sofrimento de maneira to generalizada como as tradi es vtero-testamentrias que esto por trs dela. O reino de Deu~
por conseguinte, traz um estado de graa corporal e espiritual, i ., um novo mundo sem carencia e sofrimento, um mundo de paz e ju:_tia. 11 (Goppelt, p. 102)
Eggiken nao significa "chegou", mas "se aproximou". Os
disc1pulos sao enviados para anunciar que o reino de Deus
se aproximou. "O reino no est presente visivelmente ainda; ele pode e tem que ser anunciado ainda. Mas ele est
to prximo que pode ser anunciado com cert e za." (Conzel mann , p. 129)
Terapeuein a atividade de curar tratar medicinalmente os doentes. Jesus tinha o poder de curar e incumbiu
os discpulos de curar. Em 10,l eles so antes ainda capacitados pa~a curar. Curando, Jesus se ope doena, e os
discpulos sao instrudos e capacitados para fazeremomesmo . Atravs das curas de Jesus, o reino de Deus irrompe no
mundo de sofrimentos. Egeirein significa ressuscitar. Conforme Billerbeck, tambem aos rabinos foi reconhecida a capacidade de ressuscitar mortos. Jesus mesmo ressuscitou a
filha de Jairo (Mt 9,23-26), o jovem de Naim (Lc 7,11-17)
e Lzaro (Jo 11). Jesus no se curva ante a morte, mas
diz a sua antipalavra. Ele ataca a morte e quebra o seu poder. Jesus transforma a situao por ela dominada. Os discpulos tambm so enviados para no se curvarem ante a
morte. Porque Jesus no se calou, por isso os discpulos
- 273 no ~evem ca lar-se, mas atacar a morte, transformar a situaao po r ela dominada. Eles e5to a servio da vida. Ressuscitar mortos significa promover a vida. Daimonia so espritos independ e ntes e intermedirios que, conforme a crena popular, entr~m ~as pessoas e causam doenas, principalmente doenas ps1qu1cas (Bauer). Jesus expeliu demnios e
mand~u os discpulos fazerem o mesmo. Confira Me 5,5, adescriao de um endemoninhado, com Me 5,15, a descrio doestado de esprito do endemoninhado curado: "Andava sempre
de noite e ~e dia, clamando por entre os sepulcros e pel~s
montes, ferindo-se com pedras." - "Indo ter com Jesus viram
o endemoninhado, o que tivera a legio, assentado, vestido
em perfeito juzo." Este o efeito da expulso de demnio~:
a paz. vo~ta a habitar na vida ~o atingido. Pertende prxis
dos d1sc1pulos e xpulsar os demonios que existem nos homens
e que tiram a sua paz interior. Conforme 12,28, na atividade de Jesus, de e xpelir demnios, o reino de Deus anuncia'
do como pro-x .1mo, se torna presente.
J nos sumrios da atividade de Jesus, em 4,23-24 e 9,
35, pregar e curar aparecem lado a lado, assim como em Mt
5-7 aparece o Jesus da palavra e em Mt 8-9 o Jesus da ao.
Mas agora os discpulos mesmos so incumbidos de pregar e
agir. Os discpulos so continuadores da obra de Jesus incumbidos e capacitados por ele para isso.
'
Mt 7,22-23 mostra que o poder de e xpelir demnios e fazer milagres muito depressa se desligou de uma vivncia crist. H aqueles que curam, mas no fazem a vontade de Deus.
Para estes vale: "Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqUidade." Milagres e a prtica de e xpulsar demnios no tornam ningum aceitvel diante de Deus. J na comunidade primitiva houve o perigo de sobreestimar atos de poder em detrimento de uma vida crist autntica. Mas no isso que
nos cabe acentuar aqui. O que o te xto acentua que ao lado da palavra est a pr x is evanglica, o agir teraputico,
a promoao da vida, a aao que devolve a paz ao homem transtornando. Ser enviado por Jesus significa, por isso, sempre:
pregar e agir, e estar capacitado para ambos.
2. O chamado despreocupao (vv . 9-10)
Em uma srie enftica, em que cada membro da serie
introduzido com um "nem", os enviados recebem instrues pe s -
,-- 274 -
- 275 -
na misso e pretende evit-las no futuro. Aspazomai significa saudar. Lc 10,5 mostra que a saudao consistia novoto de paz: "Paz seja nesta casa!" O v. 13 torna claro que
no se trata de um desejo somente, mas, ao formularem a promisso de paz, a paz se desprende dos discpulos e vem sobre os habitantes da casa. A concepo parece ser um tanto
mgica. Em todo o caso: Os enviados so vistos aqui como
portadores de paz, da paz que provm da proximidade do reino de Deus. Com os enviados vem a paz! "Digno", no v.13,
designa a atitude de aceitao da paz oferecida. Se algum
no a aceitar, a paz voltar para os discpulos. A paz no
se impe a ningum, ela no fora a pessoa. Ela oferecili
da e espera ser aceita. O gesto de "sacudir o po- dos pes
simboliza a supresso de toda a comunho (Bauer) com os mo radores da casa onde no foram recebidos. Onde os portadores da paz no foram aceitos, no existe possibil idade_de
comunho. Tambm aqui se espelha uma real idade da missao da
primeira comunidade. Nem sempre os missionrios foram aceitos. A meno do juzo, no v.15, esclarece que no possvel recusar os discpulos e a sua palavra sem se colocar
sob o juzo. No existe uma zona neutra entre aceitao 7
no-aceitao. Ou se est sob a paz, proveniente da proximidade do reino, ou se vai de encontro ao juzo.
Assim, os discpulos so pessoas que tm algo a oferecer que ningum mais tem a dar: a paz que provm da proximidade de Deus. A sua oferta pode ser aceita ou rejeitada. Quem a rejeita caminha de encontro ao juzo.
11 - Consideraes homilticas
Qual a verdade deste texto para ns hoje? Onde est
a sua atual idade? Ser possvel desdobrar em uma prdica _
todas as instrues que o texto contm? Ou o pregador tera
que fazer uma seleo? O que pensam os membros da comuni~a
de, por outro lado, da proximidade do reino? E se eles tem
dvidas sobre a proximidade do reino, de que adiantaria confront-los na prdica com a mera incumbncia de anunciar a
proximidade do reino? A mesma pergunta vale em relao s
outras instrues que o texto contm.
Para mim a atualidade do texto est principamente nos
vv.7-8. A comunidade tem duas tarefas especficas: a de pre-
- 276 -
- 277 gare a de agir. O que ela ~em.que preg~r e como ela de~e
agir, isso 0 te~to_nos ,podera ajudar a d1zer._Mas com~ so
aqueles que estao 1 mb~1dos _de uma verdade estao capacitados para pregar, eu nao vejo.outra alternativa do que a de
confrontar a comunidade reunida em uma primeira parte da
prdica com a prpria mensage~ da pro ximidade do reino,para em uma segunda parte, entao, confront-la com os impera~ivos do texto. Assim os que tm dvidas ouviro a mensagem e s ento recebero as instrues para pregar e agir. Uma vez que o te xt o s contm imperativos, teria que
ser achado, por outro lado, um meio de confrontar a comunidade com a mensagem do reino, o que pod eria suceder logo
com as primeiras frases da prdica, mais ou menos da seguinte maneira: 11 Aque 1es que aqui so enviadas no so pessoas
do pas sado, mas somos ns mesmos. E antes de todas as instrues, que depois tambm ainda receberemos, -nos dito
aqui: vocs, que so chamados para proclamar a outros que
o reino de Deus est prximo, vocs mesmos so pessoas que
se encontram sob esta grande promisso; para vocs mesmos
vale: Deus quer chegar ao seu alvo com o mundo e com vocs
- o reino de Deus est pr x i mo. 11
O que esta mensagem concretamente quer dizer, poder
ser desdobrado em seguida em diversos tens.
Sempre houve escritores e poetas que tentaram exprimir
de mane ira profan a as esperanas dos homens por um mundo
melhor. Thiago de Mel lo, um deles, possui em sua Antologia Potica 'Faz escuro mas e u canto' um texto que exprime
bem nitidamente essa esperana humana. Trata-se de um texto
intitulado 'Ato Institucional Permanente', de 14 artigos,
idealizado pelo autor (cf. pp.61-64). Dois dos artigos deste Ato tm o seguinte teor: 11 Fica decretado que agora vale
a verdade, que agora vale a vida e que de mos dadas trabalharemos todos pela vida vercfadeira. 11 (Artigo 1) 11 Por decreto irrevogvel fica estabelec ido o reinado permanente da
justia e da claridade, e a alegria ser uma bandeira para
sempre desfraldada na alma do povo. 11 (Artigo VI 1)
Em dilogo com este texto poderia ser mostrado: l ? Nisto a espera na dos poetas no se distingue da esperana no
NT: o mundo s ter chegado ao seu alvo, quando houver vida , quando prevalecer a verdade (cf. a exegese); 2? Tambm
em um o utro ponto a esperana no NT no difere da do poeta:
- 279 -
- 278 de viver, e evitar comportamentos que desintegram a vida alheia. Aqui poderia ser mencionado que a comunidade crist
v com so lidariedade o trabalho de md icos, enfermeiras,
trabalhadores sociais, aconselhadores, etc. Ali s, t ambm
na orao final eles deveriam ser lembrados. Ser cristo
significa ter um compromisso com a vida!
Na terceira parte poderia ser destacado o qu e diferencia a comunidade crist de outros que agem de maneira seme lhante: "Muitos outros tambm agem assim. Isto tudo no
comportamento exclusivo dos cristos. Eles inclusive t m
muito a aprender de outros, de humanistas, etc. Os cristos,
no entanto, esto comprometidos com estas atitudes devem
empenhar-se neste sentido (cf. vv . 9-10),e eles par~icipam
destas atividades como portadores de algo que ningum mais
pode '.ere~e:: como portadores da paz. No se trata de uma
paz ps1colog1ca ou social. A paz que os cristos recebem
para ~ransmitir adiante a paz que provm da proximidade
do. reino de Deus, a paz que provm de Deus mesmo. Porque o
reino de Deus est pr x imo, por isso os cristos tm paz a
0 '.erecer." De modo que o reino no um reino em um futuro
distante
- agora somos presenteados com a paz que pro mas J
vem de s ua prox 1m1d ade - e podemos dar esta paz adiante.
Nem sempre esgotamos em uma prdica um te xto. Ou dizem?s menos do que o texto expressou na situao original ,ou
- sao
- mais
. simplesmente
.
dizemos mais , pois as s1tuaoes
nao
as mes~as. O esboo acima traado de pregar a partir deste
t~xto e uma possibilidade entre outras. Cada pregador, consi~er~ndo a sua situao especfica, ter que achar o seu
p'.oprro caminho - e ento talvez outros aspectos do te xt o
ainda venham a falar .
111 - Bibliografia
CONZELMANN, Hans. Grundriss der Theologie des Neuen
Testaments. MUnchen, Chr. Kaiser Verlag, 1968. - GOPPELT ,
Le~nhard . Teologia do Novo Testamento. 1. So Leopoldo/Petropolis, Sinodal/Vozes, 1976. - KlSEMANN Ernst. Matth~us
evangel ium. (preleo no autorizada pelo.autor) . Gtlttingen. - MELLO,Thia90 de: ~a~ escuro mas eu canto . A cano
do amor armado. Rio , C1v1l1zaao Brasileira, 1966. - STEPHAN,Gerhard. Meditao sobre Mt 10,5-15. ln: FUr Arbeit
und Besinnung. Ano 25. 1971, pp. 229-236.
3'?
DOMINGO
Lucas
AP S
T R 1 N D A D E
19,1-10
Albrico Baeske
P re 1 i mi na res
Se preciso ter cuidado diante de qualquer texto, par~ nos: repetir aquilo que a Comunidade j_cansou de ou:
vir, entao maior deve ser o esforo em relaao a esta pericope' aparentemente conheci da, t ransp.a rente e concreta
A sua plasticidade atrai muito, pode envolver de tal.
forma que se torna difcil achar a sada para a sua atua~i
zao. A fim de transp-la nossa situao, acho necessario evitar os seguintes becos sem sada:
l) deixar que o v. 10 leve a discursos em termos :a~ .
bidos at a exausto a respeito da obra reden~ora de C~is o.
todos somos perdidos, Deus inconsolvel
queren o 1. - e tnao
0 para nos sa
morte do pecador, manda o seu Filho Un1gen 1
var no Calvrio
ensangUentado
a'inda a
umentar1a
Al em de se chatear os ouvintes, se
nvenc-los
s ~a d es1 l usao
- para com a Igreja se se ten.tasse co ue "Chris- '
0
dizendo simplesmente, mas com muito entusiasm ' qhecer Cristum _c ognoscere, beneficia eius cognoscer e'anchthon),
recon
sem
to e reconhecer os seus benefcios" (F. M~l
da presente
que~estes sejam, ponto por ponto, transc~it~~m determinado
P:r1cope para o momento da sua proclamaao moldada por uma
dia dentro de uma certa Congregao, tanto
.
t ura especifica
~
da. mesma
con JUn
quanto
moldadora
a
de conver2)
_
11h 1stor1
.
i1
en~rar n~ apresentaao d: uma
em Existem 91versao a mais refinada glorificaao do hom - 'da a mais fres
t'
5
dUVI
'
?s ipos desta encenao religiosa. em
quente na IECLB esta:
_ .
e a qualquer
Z
.
ananc1a,
b
aqueu se Joga, por gosto e por g
essoa de em e,
preo, numa profisso abominvel' que cad:.pcolaborar_desasobretudo, piedosa, probe a si e aos s:u ~a espoliaao d~s
ve~go~hadamente com as foras de ocupaao portanto , ele e
propr1os concidados, a fim de enriquecer~ para sempre como
moralmente aniquilado, separado dos outro
- 281 -
- 280 por uma parede invisvel; seu simples aparecimento em pblico faz subir no povo, sedento de vingana, o puro dio,
faz cerrar os punhos atrs das suas costas e contar os dias
at o seu extermnio completo.
O "maioral dos publicanos", sensibilizado per tais con" -- .
seq~enc1as,enxerga
aos poucos o seu estado pecaminoso; ocoraao, profundamente abalado, grita por salvao. A passagem de Jesus pela cidade o enche de esperana e o encoraja
a vencer todos os obstculos para v-lo - e o Salvador no
decepciona o desejo ntimo, persistente, do pecador contrito.
1
A Personagem Central
l) Apenas quando Jesus, espontanea e surpreendentemente, olha para Zaqueu, o chama e se oferece para i r casa de1e, este chega a se conhecer de verdade. Antes foi como o
"Cavaleiro sobre o L~go de Constana", ignorante do perigo
mortal de andar qu~lometros a fio em cima do gelo. De Jesus
~epende tudo. Ele e o escopo da vida deste homem e de todos;
e 11 autor e consumador da f 11 (Hb 12,2). Sua iniciativa no
P~~gu~ta ~ar.nossa dis~osi~o e preparao para receb-lo,
P se cr1at1va e suscita, inclusive, a estas.
2~ Nisso uma pregao comprometida com a Teologia Reformatori a _necessita ser decididamente clara. Se no me engano, tambem neste ponto ela comea a ruir nas fileiras da
IECLB. Por isso parece oportuno lembrar:
a) que, segundo M. Lutero, to pouco algum consegue
c~er em Deu: a,partir de si prprio, quanto crescer nest~
f~ e . aperfeioa-la; ou, como afirma J. Calvino, o homem e
tao inc~paz . para a f como o burro o para a sinfonia.
Mais ainda: 11 Tudo o que empreendes pecado e continua
sendo pec~do, por mai~ brilhante que seja; faze o que qui sere s - nao podes senao pecar 11 (Lutero);
b) que o homem por si mesmo no tem a m1n1ma idia de
que ou quem Deus: ele 11 brinca de cabra-cega com Deus, s
erra e jamais acerta o golpe, denominando Deus o que no
Deus, e dei xando de denominar Deus o que Deus. Assim cai
na burla, concedendo nome e honra divinos quilo que lhe
parece ser Deus, jamais acertadno o Deus verdadeiro, mas
se mpre Satans ou sua prpria presuno inspirada por Satans11 (Lutero).
l
..
a l vo ,
,
o
qual a propr1a pa avra: integro, puro, torna vermelho e ad'
etc.. Corno o ferro colocado no fogo se
rvo sendo
ca e adquire
'
P
requ 1 re to d as as qua 1 d
1 a d es do fogo, co mo o elho
tato, quando colocado no fogo se trona ~erm rre com a f f
das as qual idades do fo~o, assim tarnbern ~~~o, pela pala~raa
~endo com que o homem fique totlamente 1 e conforme inte''
d que s
1Penetran d o e aperfe1coando-o de ~o o
ode censurar a palaramente com a palavra; e, como nao se P 11 (Lutero).
Vra, tambm no se pode critic-lo a ele
l 1
Jesus e os 11 rnurmuradores 11
,
ovo comea a fantaJesus muito falado em Jerico. O passagem atr~i todo
Siar a seu r~sp~ito (?f. 18,~Sss). sua ~z subir em arvores.
mundo; a cur1os~dad~ impele as ruas e f resena da popula1) Jesus nao fica embevecido pela P) n~o se faz Jovj 1
o inteira e do seu aplauso (cf . 18,43 '
'
- 283 "Murmuradores" que so, se escandalizam sobrT a maneira de Deus se recordar e olhar para baixo. Conseqentemente, desaprovam o resultado desta atitud~, a saber: o perdido buscado e salvo, o justo, porm, nao (cf.31s; 19,10).
Ne ama divindade de Deus, que reside exatamente ~a derrug de qualquer vangloria
- humana e na demonstraao dde que
bada
11
11
ningum faz jus sua graa. Desta feita 0 : ~urmura.o~es
_
. .d
pela alteraao as pos1oes
sao, sem o notarem, at1ngi_os
. os e primeiros
tradicionais: "ltimos virao a ser primeir '
sero ltimos" (13,30).
. - finalmente para 0
- os ha bt
'
Cegos sao
1
an tes de Jerico,orresponsabilidade
fato de que "murmurar" reflete suaDccerto este desejava
pela situao desastrosa de Z~que~~ ~ofisso. M~s, uma vez
ser "publicano" e fazer carreira - p
outros nao o aceiabraada ela, no pode voltar at~a~,o~~igam a ficar consitam mais, se fecham perante ele
seu emprego, o pecador
quem
go mesmo. Eles 0 ident1f1ca m ''com
. o - pergunta mais
.
k)
nguem
11N
)
,.
1
(
L
com o seu pecado" M.
1n
11 (J. Tibbe . e. quase
Zaqueu isto todo o mundo s~be . t fantico de sobrevi' que ele entao,
inevitvel
num 1. nst1nm
canalha, o quero ser
1
vncia, jure: se os demais m: J~i~:s
de que ele permanea
_
tambm. Assim chegam a ser cump
aqui lo que e goste de o ser. - vital a nos, os pregado(A se levanta a interrogaaoD us? At que ponto estares: Somos imunes ou abertos pafra.t~s? podemos dser surpreen.seus e1
conta o assombramos J acostumados com os
realmente de Jesus? Vemo
didos ainda por ele? Nos d~rn~sso o alvo
os cristos~
so de que o imoral e irrel 1910 comunistas,nsveis da 1 e
inca
gre. ] "stas e os
na sua 1uz os capita ~
os membros li iosidade e rnoraquatro rodas e os ateistas,
rpria re ~murmurar"?
. e, nao
- por ultimo,
- .
a nossa- p tenta dos a stenc1al
.
Ja
prepar
i
1 .1 d a d e.? Resumindo: es tamos nos reflexa- o ex unidade
com tal a
Quer me parecer q ue estaf ontar a com_ corno f orrnulou cermel hor para a ousadia de con riceres
da
religio 11 . )
os a 1 sa mor a l e
acontecimento
que
arrasa
.
.
_ 11 nos
to presidente paroquia 1
111
11
Hoje 11
r de
recor d a
Quando Deus decide se
ele
perder, nem para Jesus nem para
- 285 -
- 284 11
11
11
Salvao 11
- 287 -
- 286 bem melhor e mais importante do que con s truir igre jas e celebrar 1 iturgias". No precisamos fazer boas obras para Deus
nem para a Igreja, mas sim "aos homens, aos homens, aos homens - no ouves? - aos homens" (Lutero) .
b) Zaqueu d "a metade dos" seus 11 bens 11 - no aquilo
que lhe sobra, nem da sua abundncia e nem ainda apenas o
dzimo! As posses se lhe revelam como centro motor da sua
vida e perdem a atrao sobre ele (veja 1 Co 6, 12). A ganncia de ter desaparece. O possesso dos seus bens se torna
possuidor dos mesmos. Zaqueu chega 11 1 iberdade maravilhosa
dos filhos de Deus" (Rm 8,21): ter, como se nada tivesse
(cf. 1 Co 7 ,30); a sua esquerda ignora o que faz a sua direi ta (cf. Mt 6,3) e a calamidade dos necessitados prescreve medida e alvo do seu sacrifcio pessoal.
Em verdade: "Maldita e condenada ao inferno seja a vida que vive e xclusivamente para si mesma, pois isso prprio do gentio, e no do cristo" (Lutero).
c) O "maioral dos publicanos" restitui "quatro vezes
mais" queles "que tem defraudado''. A sua "justia excede
em muito a dos escribas e fariseus" (Mt 5,20). Estes, apoi~ndo~se em Lv 6,2ss, consideram bastante a restituio por
1nte1ro mais a quinta parte.
Pro~tificando-se a dar o qudruplo, se coloca ao lado
dos ladroes.que, conforme t x 22,1, so obrigados a devolver
quatro ou cinco vezes o roubado.
r
Zaqueu c~ega concluso de que a sua propriedade
oubo . Isso nao o leva ao desespero a desfazer-se dela toda ~obamente e emigrar, mas o incit~ ao seu uso no sentido
social ajudando os espoliados a recuperar a sua dignidade.
E~e . desc~bre que propriedade particular tem carter provisori~ , visto que Deus e x ige prestao de contas sobre seu
surgimento e sua aplicao. Zaqueu curado da idia fi xa
9,e que ela seja santa e inviolvel. Ele coloca o bem geral
~-f~ente . dorduvidoso direito propriedade privada. Porque
e 1nadm1ss1vel que um folgue enquanto o outro trabalha;
que um seja rico enquanto o outro passa penria''. ''O que
t~mos deve :star a servio (do prximo); no estando a servi o, estara roubando" (Lutero).
Tudo Zaqueu faz por gratido e amor, pois amado primeiro ; recorda , pois recordado; v, pois visto; procura,
po i s procurado .
A liberdade e 1 iberal idade em relao aos seus bens
m!m
e!a
j -
V - Concluso
. ""Jesus Cristo
Na predica
sobre a sua passagem em Jerico
.
entra nas nossas cidades e vilas. Atravs dela quer, 11 aqui
e agora, trazer "salvao'' e ganhar os ''murmuradores
d "Zaqueu,
1) Jesus Cristo "tem de ficar hoje" na casa e - 1 )
maioral dos publicanos" entre ns, no (desta vez, nao : na
do presidirio 1 ibertado do homossexual, da me solteira,
do deso::upado e do boa-vida.
'
Deus se recorda e Procura com
11
sa 1vaao'':
-os que vivem custa do suor, da fome e da fraqueza
dos homens;
-os que, buscando mais lucro, calcam aos ps homens como 1 i xo da rua;
-os que se vendem e so os seus prprios Jegislador~s ;
-os que mantm na ignorncia , retendo ou sufocando in-
lS,
)-
- 289 -
"A Vida de Galileu". Considero igualmente a sua l eitura indispensv e l transposio deste detalhe para os nossos dias.)
Po rque a "salvao" dos "Zaqueus" quer ser vivida doravant e , precisam eles "no s da solidariedade pessoal, mas.
tambm do e nga jamento poltico (no sentido mais amplo) " (Link)
dos que param de "murmurar".
poucas pa lavras
1
Epifnio Fogaa, 467) Porto Al egre 19
ta em
r'
e.
E stamos diante d~ um vigoros o trab a li10 q u e t cn
us ti ea
da re e pela
. um
apresentar a rac!ical in tu io de Lute '. ~ c.}, u n; cerne que seJaDeus
O A . sofr e com a divi so das _I g r cias, al~:dara, como.~~~ c2~:cincia
dado revelado; e a a ponta a fe como s t .0 tinh a a nitH .
calado e
cl pa~ a lib c 1t :u-. o hom l'm. N este sent ido L~e c i meu no me . scl~tcro? Po is
d ? n ~o se r cnaclo r d e n ada: Pc5o qc cristo. Qu e e idade a nica
nmgu cm se ch~11e. d e lu terano, sen ao _d nto com a coi:u un( . ). o livro
4
se a doutrin a nao e mi nh a ... s u stc ni;o JU . n osso m es~r.c p qu e correm
e comum doutrina el e Cristo, o qu a l s o ele_cimente catollc~s, convocao
m uito til a todos os telog os , cspec ia e rel er a cnoi me
G .D .B .
o ri sco de prolongar v elhos preconceitos e p
r e forma qu e no s v e m d e Lutero.
J\
" Revista
.
Eclesi stica Brasileira "'
38/151/1978.
- 290 -
4'?
D O M
M a t e u s
NGO
A P
TRINDADE
18,1 5- 20
Bertholdo Weber
1 - Traduo do texto:
15. Se, porem, o teu irmo pecar, vai argU -l o ent-re ti e ele
so . Se ele te ouvir, ganhaste o teu irmo.
16. Se, porem, ele no te ouvir, toma ainda contigo um ou
dois, para que sob (o) depoimento de duas ou trs testemunhas toda palavra se estabelea.
17. E, se e le no os atender, dize-o com unidade; se, porm, tambm no atender a comunidade, ele seja para ti
como gentio e publicano.
18. Amm, eu vos digo: quaisquer coisas que ligardes na terra, tero sido ligadas no cu, e quaisquer coisas que
desligardes na terra, tero sido desligadas no cu .
19. (Amm) novamente vos digo:Se dois dentre vs ,sobre a terra,
concordarem acerca de qualquer co is a que acaso pedirem,
ser- lh es - feita por meu Pal que est nos cus.
20. Porque onde dois ou trs estiverem reunidos em meu nome, ali eu estou no meio deles.
11 - Oservaes r e lacionad as ao texto
_As palavr~s eis s, no v. 15, so mui to provavelmente
ui;ia 1nt erpo l~ ao no texto origina l, talvez feita pelo co p 1s t a a Pa r t 1 r d o us o p a r a l e l o e i s e m no v . 2 l ( ou Lc J 7 ,
3). O v. 20 ap~r ece numa forma diferente em a lgumas variantes (D, Syr. s 1n , Sa e Cl): "Porque no h dois ou trs reunidos em ~eu nome , sem que eu no esteja no meio deles."
Ta lvez seja esta a forma mais antiga, mas no muda 0 sentido da palavra.
'!
A nossa per cope um exempl o como o eva nge li sta ass ume uma tradio judaica (crist), mas agora determinada.
pelo es prit o da mensagem e da v ivnc i a de J esus : sua so lida ri e da de integral com os pe ca dores, seu c hamado humi Id ade, se u man dame nto de amor e perdo sem limit es , sua es pe rana na prx i ma vinda do Reino e do Ju zo Fin a l, no qu a l
seremos perg un ta dos pela pr ti ca da mi ser icrd ia para com
os irmos mais pequ e nino s .
Assim temos em Mt 18 uma 11 0rd em comunitria 11 que e
formada pe l a me nsagem fundamental de J es us :
l) a verdadeira grandeza no re in o , seu c hamado a dar
me i a volta e hu mi Id ade (18, 1-5 );
2) seu ma nd ame nt o de amor e o cuidado dos pequeninos
(18 ,6 -14);
3) a cens ur a dos fa lt osos ( 18, 15- 20) e
4) sua ex i g nc i a de es t ar pr on t o para o per do ili mita do ( 18 ,2 1-35). E i sso tu do na cer t e z a da pr ese na do Senho r ressuscitado presente ell s e u me io e
na e xpectativa do reino vindouro.
IV - Considerees exegt ic as
Dentro do g rup o de d i tos em 18,15- 20 , collposto de par tes de natureza diferente, a diretriz disciplinarnosvv.15-17
fo r ma uma unidade, desdobrando-se e m trs degraus ( in stn c i as). Se u lu gar vivencial a comunid a de j ud aico - c ri st e
provavelmente se de se nv o lve u do logi on par ., qu e e ncontr a mos em Lc 17 ,3 (Q), onde, como em Mt 18 , 15 , se conta com a
possibilidade de terminar o conflito j na pri me ir a in s tnc i a. Mt 18, 15 , porta nt o, poderia ser ape nas uma variante
- 294 tnico-religiosa)..
O v. 18 uma variante de Mt 16, 19, porta nto um l og 1on
indep e ndente deste contexto. A autoridade de li ga r e desligar que segundo Mt 16 confiada a Pe dro corno pedra da igr e ja (potestas clavium), aqui confiada comunidade l oca l
inteira, reunida em culto. S a e la cabe o dir e i to de exc l1.Ji r o irmo impenit e nte. Este v. 18 foi, muito prova vel:
me nt e, acrescentado regra disciplinar j a nte s da re daao
de Mt. - Os termos tcnicos "li ga r" e " des 1 i gar" s i gn i fi cam no rabinismo a autoridade conferida aos escr ib as de decidir tanto sobre assuntos doutrinais corno tambm sob r e disciplinares. Em Mt 18,18 essa autoridade se r efe re disciplin a, em Mt 16, 19 trata-s e da qu e sto de doutrina . L
falado da ekkles ia em termos de igre ja univ e r sa l, aqui se
trata da assem bleia da comunidad e loca l.
Mt l8,l9s igua lmente um dito (duplo) indep e nden!e,
de significado particul a r: a promessa de a t e nd er a oraao
comunitria t em seu fundamento na pres e na do Senhor res suscitado entre os que esto reunidos em seu nome . A pequena comunidade no se ren e em torno da tora , mas em nome
de Je s us, na f que o confes sa e tem certeza de sua pr ese na. O logion formulado em anttese ao ditado judaico :
" Se dois estao reunidos para ocupar-se com palavras da~
~. a schechina (presena de Deus) est no mei o deles."
A. tora foi substituda pe lo "nome " de Jesu s, e o lugar da
schec hin a ocupa Ele mes mo, o Senhor exaltado e prese nt e na
com unid a de reunida no cult o (o que car ac teriz a espec i a l~e n
te a comunidad e he l e nstica). Em Mt 18, 19 ace ntuad o nao
ta~to a promessa de ser ouvida a orao comum, mas a comunh ao da _ comunidade congrega da em nome de J es us e sua pl e na
co nc or dancia a resp e it o daqui l o qu e ped em. Est a co munidade r e unida e unida na pre se na de J es us , em se u Es prito,
tem autoridade par a reso lv e r os casos dif ce i s em ma t ri a
de di scip lina comunitria.
Assim os vv. 18,19 e 20 tm a funo espec i a l de funda me ntar o poder de ligar e des li ga r na terra - com consequncias escato l g i cas. Mas a s ubstitui~o da Lei (tora)
pelo nome de J es us e a presena do Ky ri os , exa lt a do em se u
meio no revoga, mas torna obr i gatr i 0s os ma nda me ntos da
l e i cumprida e int er pretada por J es us. O direito qu e aqui
se ma nifesta disciplina pe nit e n c ial e aj ud a fraterna
poi mn ic a ao mesmo t empo. A comunidade aqui n o s ub st itui
Com i sto so indicados os dois objetivos da discipl 1 na comunitria que se condicionam e limitam mutuamen te . A
comunidade dos "santificados e eleitos" chamada a comba:
t e r o mal e o pecad o que s empre ameaam destru r a comunhao,
- 297 to doentes e precisam de cura, mas onde todos se ajudam mutuamente. A velha escusa de Caim: Sou eu tutor de meu irmo ? no aceita por Deus, e na comunidade de Cristo cada
irmo tambm responsvel pelo outro. A graa recebida tem
carter compromissivo. H em nossas comunidades muitos irmos que sofrem sob o peso de uma culpa de pecado no perdoado, e, por no serem reconduzidos pelo perdo, que h
em Cristo, ao seio da comunidade, se afastam sempre mais
e endurecem seus coraes em impenitncia incorrigvel.
Um dos pressupostos imprescindveis de toda a disciplina comunitria a observncia do sigilo de confisso,
seja entre duas ou mais pessoas. S neste clima de mtua
confiana possvel reconduzir o irmo do caminho errado
a Cristo e sua comunidade. preciso falar com ele e no
sobre ele a outros. Arguir, repreender e cilVencer o irmao de sua culpa no tem a ver nada com desmascaramento
pblico para comprometer o outro. Posso ganhar o outro s
na base de solidariedade, ciente de que a tentao espreita a todos ns, mas que Cristo venceu o tentador e que vencer tambm em ns e por ns.
Caso o irmo no atender, tornam-se necessar1as outras
medidas. Talvez ele se defenda, argumentando que pecado
um conceito relativo e que outros so piores mas sabem camuflar sua malcia sob falsas aparncias, e que, no mais,
ele no admite que outros se intrometam em seus assuntos
pessoais etc. Mas o texto no aceita tais argumentaes,
pois sempre o pecado de um membro toca toda a comunidade.
P~r isso, passando 2~ instncia, prevista a participaao de mais outras pessoas idneas que tm o dom de achar
palavras acertadas, de poder convincente, que servem como
testemunhas e representantes da comunidade.
Na 3~ instncia o caso assume carter 11 oficial 11 na
presena da comunidade, que procurar por todos os meios
possveis 11 ganhar o irmo 11 Se ele no atender, previsto, como extrema possibilidade, exclu-lo da comunho de
irmos unidos pelo vnculo do batismo, da santa ceia, do
perdo dos pecados. Quem no aceita com arrependimento sin~ero e f confiante o perdo que lhe oferecido em Cristo,
se exclui a si mesmo do reino da graa e da comunho com
os irmos. A funo de 11 ligar 11 neste caso apenas a cons tatao que o irmo nega ser 11 des 1 i gado 11 por Cristo e com
isso nega o convite da comunidade a ser reintegrado e par e
- 298 ticipar da vida escatolgica. A comunidade constatar esta negao com muito pesar e no sem ouvir tambm ela o
chamado da metnoia, mas ela no pode, to pouco como seu
Senhor o fez,forar algum a entrar em suas fileiras. O
que ela deve fazer distanciar-se claramente do pecado, e
isto em nome e na presena de Cristo. Sua responsabi lidade tanto maior porque
esta sua deciso tem consequncias "no cu"; mas tambm este o seu consolo: que na presena do Senhor seu procedimento valido e autorizado. A
toda a comunidade foi confiado o "poder das chaves" (confisso), de ligar resp. desligar, que se realiza pela palavra humana, contudo um acontecimento r ea l porque o Se nhor presente, ao qual foi dada toda a autoridade, se
identifica com esta palavra. Reunida em seu nome e un~ni
me no que pedir na orao, a comunidade mais do que o
nmero de seus membros; ela o vaso da presena de Cristo no Esprit oJsempre quando congregada em culto. f aqui
que o Senhor es t presente, onde dois ou mais se renem,
oram, cantam e comungam em seu nome. Sua misso e sua autoridade de lutar contra o pecado, de perdoar e, se necessrio, excluir~ela as recebe da sua promessa de ouvir a
sua orao, da sua presena no meio dela at consumao
dos sculos.
VII - Bibliografia
BORNKAMM,GUnther.Die Binde - und Loesegewalt in der
Kirche des Matthaeus, in: Die Zeit Jesu. Festschrift fuer
H. Schlier, Herder, 1970 . - BULTMANN,Rudolf. Die Geschichte der synoptische Tradition, G~ttingen,Vandenhoeck & Ruprecht. - MANSON,T.W. The Saying of Jesus, London 1957. HUMMEL,R. Die Auseinandersetzung zwischen Ki rch e und Judentum im Matthaeusevangelium, Muenchen 1966. - LUTHER,Martin. Die Schmalkaldischen Artikel .-DIETZFELBINGER,Wolfgang.
Meditaao sobre Mt 18, 15-20, ln: Ei c hholz/Falkenroth, eds.
H~ren und Fr ~ge n. Vol. 5. Neuk i rchen-Vluyn, Neukirchener
Ve r 1a g , l 96 7.
- 299 DOMINGO
A P
TRINDADE
1 s a as 43, 1-7
Ri car do
N~r
Te xto
E agora, assim diz Jav , _
aquele que te criou, Jaca,
e aquele que te formou, Israel:_
No temas, porque eu te libertei
chamei -te pelo teu nomePe rtence s a mim!
2 Quando passares pela gua, contigo estarei,
quando (atravessares) os rio:,eles no te submergiro.
Quando andares pelo f 0 go, ~ao te queimars,
e a flama no te chamuscara.
7 Tudo
11
- Preliminares
Dutero-lsaas (Dtis), profeta desconhecido que atuou
- 300 -
entre os e x ilados na Babilnia apos a destrui o de Jerusalm em 587, anuncia o presente oraculo de salvao em contraposio percope precedente, 42, 18-23 (24-25), que
trata da culpa antiga agora perdoada .
O orculo de salvao tem seu lugar vivencial na liturgia de um culto de lamentao no qual o indivduo (ou a comunidade cultuai) expressa a sua dificuldade (perseguio,
doena, ameaa de morte, etc.) bem como o seu pedido por auxlio divino, atravs de te x tos (salmos) j e x istent e s.Em
seguida, o oficiante do culto, como porta-voz divino, anuncia a resposta de Deus em forma de orculo. Todo o ato litrgico, formalmente rgido, encerra-se com o voto de agradecimento por parte do indivduo (ou povo).
A percope forma uma unidade tanto em contedo como em
forma. Os pontos de contato nos versculos l e 7 estabelecem o fecho da unidade:
aquele que te criou ... - para minha honra criei ...
chame i - t e pelo teu nome ... tudo o que chamado-cm;;- o meu nome ...
A estrutura da percope compe-se das seguintes partes:
v. la (in t rodu o), vv. lb - 3a (parte J), vv. 3b - 4 (parte 2), vv. 5 - 6 (parte 3), v.7 (objetivo).
O te x to trata do retornodopovode Israel terranatal:no
h empecilho intransponvel no caminho (parte 1), mas sim
resgate em quantidade (parte 2), de forma que os que esto
dispersos vm de todos os lugares (parte 3).
11 1 -
Observaes exegticas
V. l - Entre os exilados, a crise de f era um fato evidente diante de uma situao que se configurava definitiva.
Den~r~ ~este conte x to, o 11 no temas 11 adquire carter e x traord1nar10. A mudana, o novo que agora vem, introduzido
pelo 11e agora 11, pois "assim diz Jav". Aquele que se revela como o Criador, portanto,como o nico Deus levar tudo
a termo seg~ndo a_sua vontade soberana. Ser ~m segundo xodo e m di reao patria, mais importante do que 0 primeiro (52,
1-12) .
A criao mais do que um ato isolado no incio do mundo . t a interveno de Deus sempre renovada no desenrolar
dos acont e cimentos. A libertao de Israel tambm ato criador (cf.44,24) .
Como pano de fundo da expresso 11 chamei -te pelo teu nome11 est , provave lmente, um costume jurdico no qual aquele
- 301 -
que d o nome assume a obrigao pela subsistncia e a proteo jurdica, semelhana de uma criana adotiva, sobre
aquele que recebe o nome . Israel como um todo, resultado da
fuso anfictinica,no tratado como massa impessoal, mas
como povo composto de indivduos.
O carter peculiar de Israel que apenas a esse povo
Jav chama pelo seu nome.
V. 2 - Absolutamente nada impedir Israel de percorrer
o caminho do e x lio terra ptria. Jav o criador e senhor da natureza. A designao de dois elementos naturais
contrrios, no idioma hebraico, pode ser indicao para a
total idade. O perigo atravs de gua e fogo abrange toda
a gama de ameaas s quais o povo estar exposto quando do
regresso Palestina. Os riscos aqui descritos fazem lembrar
Ex 14, tambm Lc 10, 19.
V. 3 - O v. 3a sublinha mais uma vez o efetivo cumprimento da promessa. O 11 Santo 11 , para Dtis, Jav como aquele que tem poder ilimitado para realizar a sua vontade.Ao
denominar-se o 11 Santo de Israel", ele revela que a sua vontade tem por alvo especfico este povo, sendo q~e o teor
11
desta vontade encontra-se explicitada na aposiao teu salvador11. A exclusividade de Jav adquire ainda maior relev~n
cia ao se considerar o meio ambiente no qual a mensagem do
Profeta anunciada, repleto de deuses, bem como a situao
de fracasso e fraqueza dos exilados.
Para a libertao pertence tambm, natura~mente , opagamento. Jav concede fabuloso resgate: pela pequena ~srael ,
.grande Egito mais Cuxe e Seb (designativos para pa1se~
ricos), portanto, todo o ento conhecido nor?este da Afr1ca .
V. 4 - A linha de pensamento interrompida com a fundamentao em 4a que no apenas diz porque Jav paga o resgate como tambm certifica o seu amor
_ Israel no tem valor em si mesmo, mas 11 nos olhos de Ja 11
~e11. Pensamento enfatizado no segmento seguint e : (porque
es) digna de honra 11 .
O amor de Deus no se baseia na reciprocidade . Israel
faltou no seu relaci.onamento com Deus. Independentemente diss~, porm,permanece inabalvel 0 comportamento i~compreens 1vel de Jav - fato que se constitui em verdadeiro conso1~ para a comuni9a~e e x lica. Aqui se v cl?ra~e~te o significado de 11elei~ao: um grupo pequeno e ins~gn1~1cante recebe a declaraao de amor de Deus: 11 a voces, justamente
302 -
- 303 -
ria d s a "lvfica. Sabemos tambe-m , atrave-s do NT , que o conceito e povo de De us" foi estendido a todos os que creem em
Jesus Cristo (1 Pe 2,7-10).
O tpico da a~eaa da existncia humana, para dentro do
qual penetra o nao temas'', pode r servir de ponto de cont~to entre o te x to e os ouvintes de hoje. O profeta fala
nao apenas de um povo_que perdeu a sua terra mas, fundament~lmente, su~ relaao com Deus. Decisivo, portanto, no
se? ods aconstehcimentos externos, mas o relacionamento com o
ria ore en or da vida.
Q~ais so os "medos 11 de hoje? Sem dvida eles apresentam sintomas diferentes dos de ento mas a raiz a mesma
em todos os tempos: a ruptura com a base do ser Deus.
Neste
tocar no aspecto da
' angustia,
-
. contexto se po d er1a
do sentim~nto de vazio, da solido e abandono, to marcantes nos dias atuais e
"N'
anunc1 ar a declaraao do amor de Deus:
ao temas ... chamei-te pel t
li
s
existe
1 gum que nos conh
o eu nome...
1 m,
Aq u .1 se deve terece, que
nos chama pelo nome!
.
- da que:0 cu1d a do de evitar
_
a reduao
1
taoD~? ptanofapenas do indivduo. Inegavelmente, a pregaao
de
dis Dem orte conotao pessoal, porm aqui falado do
povo e e~s como um todo.
A pa rt 1 r de l b
r
o referente ao batpossivel tambem d~senvolver uma prega_ um des d
ismo. Tal empreendimento, contudo, ser' A
_vi o 0 sentido original que o texto apresenta
pe~1 cape 43, 1-7, se b
.
6 . em. que prevista
o . Do
rn 1 n go apos Tri n d a d e e- ap
. , para
.
'
ro~ r 1 ada para o 1n1c1 o do ano ou
a novos i n
p a r er cope f c i os
- o_ que e va-1 .1d o para qua 1quer epoca.
'
d
1
P. p possibi l~ta aao sa lvadora de Deus. E Deus aquele
q ue trada no"1 a- novos inr1c 1os - sempre de novo! A pregaao
,
cen
nao temas ' 1
. 10 e aleg
El
. _, sera permeada por um carater de jubl
ria.
a1rad
. d
direo
h
escrever a grande g1 ra a de Deus
ern
aos omens i
.
_ alamidad
nstaurando
uma nova real idade em meio
a e
e. 0 aspecto .
rsidad es nat
.
importante nao e a superaao das ad..,;e
ura1s
desc
(f
ri tas no texto
agua e ogo ) ou ous quaisque
t ra
r, mas a P 1
h
.
medo e dando-Ih
avra que acalma o ornem tirando-lhe
o
' e esperan
Quem profere est
a.
Palavra Jav, o Criador, o Senhor
5 acontecimentos
d forma definitiv' 0 Deus que se voltou em amor aos homens
de 55 oa! Por isso e em Jesus Cristo - o "e agora" de Deus em
P:mP mesmo em si~~= ~alavra permanece vlida ao lon~o do
t
oes de perigo, ameaas e tentaoes
IV - Meditao
A palavra de Deus no AT sempre projetada para dentro
de uma situao concreta, no caso em questo, para o povo
de Deus no e x lio. A percope anterior, 42, 18-25, afirma
que Deus teve que castigar o seu prprio povo to duramente
porque ele se distanciara do seu Senhor. A perda de vnculo c:im Deus gera surdez e ceguei ra ,enquanto que a convergncia a ele faz abrir os olhos(cf. li Co 3,l6).
A nova rea lidade com Deus estabelecida em 43, 1-7: a
lib e rta o proclamada, e, co m isso, a culpa antiga apagada (cf. tambm 40, 1-11). A mensagem de Dtis quer t irar
o medo do povo de Israel bem como lhe recobrar a confiana
na plena ao salvfica de Deus. O profeta, na verdade, no
tem r es post a s ua que possa ajudar os ex ilados em sua situao crtica. O que ele faz anunciar, com poder proftico,
o "e agora" de Jav.
Se bem que esta palavra dirigida especificamente a Israel ,ela temval id ade para todos os tempos.Um aspecto: tempos de
privao, vistos a partir de Deus, so fases da sua hist-
11
- 304 pelas quais o povo de Deus passou e continua passando. Povo este disperso por todo o mundo e a caminho de volta para 11 casa 11
Deus o nico condutor da ao salvfica. Ele quem
cria, forma, livra, chama. A ele, pois, toda a honra (v.7)
- ponto culminante do texto!
Ao homem cabe aceitar o que Deus d.
Aqui vale a observao de que o ' 1no temas" no rei vindicao ou imperativo - mas afirmao! Apelos so por demais batidos e devem ser evitados. Alm disso, sua influncia negativa para a correta compreenso desta alegre proclamao de 1 ibertao.
Um esquema de prdica:
a) Medo:caractersticas, causas.
b) Consolo: Deus, aparentemente oculto, nao permanece
no silncio. Ele declara o seu amor.
e) Esperana: O povo de Deus, mesmo ainda em meio ao
11
exlio 11 , j ouviu a sua libertao. A comunidade
crist lugar de esperana - Deus fiel.
- 305 7~
Ma r e o s
A P S
TRINDADE
9,43-48
Slvio Schneider
Te x to
43- Se tua mo te faz tropear, corta-a.
t melhor entrar~s maneta na vida do que,
t e ndo as duas maos, ires para o inferno
para o fogo inextinguvel.
'
45- E, se teu p te faz tropear, corta-o.
t melhor en~rar:s aleijado na vida do que,
tendo os dois pes, seres lanado no inferno.
4 7- E, se um de teus olhos te faz tropear, arranca-o.
t melhor entrares no Reino de Deus com um dos teus
olhos do que,
tendo os dois, seres lanado no infe rno,
48- onde no lhes morre o verme
ne m o fogo se apaga.
Bibliografia
WESTERMANN,Claus. Das Buch Jesaja. ln: Das Alte Testament
Deutsch.Vol. 19. Vandenhoeck & Ruprecht, Gtlttingen, 1966.DUHM,Bernhard. Das Buch Jesaia.5~ ed., Vandenhoeck & Ruprecht, G~t ti ngen,1968. - VON WALDOW, Hans Ebe rha rd. 11 Denn
1eh Erl~se Oi eh." Ei ne Auslegung von Jesaja 43. Neuki rchener Verlag, 1960. - ELLIGER,Karl. Jesaja 11. ln: Bibl ischer
Kommentar.NeukirchenerVerlag, 1973.- CAL\./ER PREDIGTHILFEN.
Vol. 3.Calwer Verlag, Stuttgart, 1965.- PREDIGTSTUDIEN.
Ano 1970/1971.
D O M 1 N G O
11
_Nestl eom ite os vv. 44 e 46, idnticos ao v. 48, uma citaao ~ e Is 66,~4. Os ma nuscritos que apresentam os vv. 44
e 46 sao secundari?s. O v. 43d tambm pode ser relacionado
com Is 66, 24. Assim, proponho qu e por ocasio da leit
do. texto na prdica sejam
os vv. 44 e 46 . Aponutra
_ omitidos
(
o
ainda para a boa traduao apesar de j ser int e rpreta - ')
de A BrBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE, pg. 129.
ao.
111
Consideraes exegticas
_ ~e 9,43-48 pertence categoria das palavras de advertenc a de Jesus . Confor me R. Bu l tmann (Ges h d
80)
e er syn.Trad.,
pag.
pertencem ainda ao mesmo gnero Lc 4 23 . 6
.
.
31 16
Mt 10,16b;ll,24;etc.
' ' ' ' ' 9'
No texto em apreo, temos uma seqUncia de t res pa l avras
so b re a mao,
o
pe
e
o
olho,apresentad
.
os como membros que po- '
d em conduzir o homem ao pecado Trata-s
e, portanto , de tres
estro f es, cada uma estruturada da se g u 1 n te mane .1 r a
a - o tropeo de um dos membros.
- 306 b - o i mp e r a t i v o r a d i e a l p a r a a mu t i l ao .
e - a razo da mutilao.
Observe-se que a mesma advertncia tambm consta em Mt
5,29-30 e Mt 18,8-9, em conte x tos cornpl~tamente diferentes
do apresentado por Marcos. A contraposiao em Mt 5,29-30,
por exemplo feita assim: "E'. me lhor voc perder um membro
do s e u corp~,do que todo o seu corpo ir para o_ inferno." A
alternativa : "Um membro ou todo o corpo." A enfase reside em que o homem evite ir paro o inferno.
J em Me 9,43 -48 a contraposio feita assim: "E me lhor voc perder urna mo do qu e ter as duas e no ter vida
=ser lanado no inferno." O mesmo dit o sobre o pe . Na
lti ma estrofe explicado o qu e se entende por vida, asaber, entrar no Reino de Deus: "E'. melhor voc perder um o lho
do que ter dois e no entrar no Reino de Deus."
Marcos apresenta uma concepo mais positiva e com menor sabor legalista do que Mateus. Por se tratar da vida,
da participao no Reino de Deus, no i mporta que um dos
membros se perca. A obteno da vida to incomensuravelmente ma ravilhosa e preciosa ctue sua perda seria i rreparvel. Perder um membro ainda insignificante diante do valor da vida. A nfase reside na obteno da vida (zoe),que
entenderemos como causa, e no no ir para o inferno (geena),
que entenderemos cOili'()""feito. A dimenso positiva destapalavra de Jesus ainda pode ser observada formalmente quando
da substituio do termo vida (zoe) nos vv. 43 e 45 por Reino de Deus (basi leia tau theou) no v. 47. Ambos os termos
de screvem a mesma grandeza e se explicam mutuamente: trata-se da vida eterna que o fertada com a vinda do Reino de
Deu s em e com a pessoa de Jesus. Em outras passagens no NT
esta mesma grandeza descrita com outros termos, como chara (Mt 25,21), do xa (Me 10,37), e i rene (Rm 14, 17).
A partir da, o ouv int e ou leitor de Me 9 ,43-48 j
pode ter uma idia do que efe tivamente est em jo go: a sua
vida.
Em contraposio vida (zoe), ao Reino de De us (basii e ia tau theou), colocada a Gee na, o inferno. O termo Gee na, traduzido por inferno, corresponde ao termo hebraico
"G e -b en -hinnon", literal me nte Vale do Filho de Hinnon.D e s i gna uma local idade, um vale ao Sul de Je r usalm (cf. J s
15,8; 18,16), onde eram oferta dos sacrifcio: a_divindades
pags. Mais tarde o lugar foi alvo de advertenc1as e amea-
- 307 as de p rofetas (Jr 7,32; 19,6), que lhe designariam de Val e da Matana. No pe rodo da apocalptica surgiu a crena
de que ali ocorre ri a o Juzo Final. Posteriormente passou a
ser o local em que eram executados os condenados, os mpios.
A partir da pode-se ter uma idia do que significaria para
um judeu ir para a Geena: maior vergonha e abandono era inconcebvel. Ningum desejava ir para a Geena. Desse modo
se torna compreensvel a citao de Is 66,24, onde diz assim: "Eles (toda a carne que vir adorar perante mim) sairo e vero os cadveres dos homens que prevaricaram contra
mi m; ~arque o seu ~erme nunca morrer, nem o seu fogo se apagara; e eles serao um horror para toda a carne, diz o SENHOR." Viver distan~e de Deus, sem sua comunho, sem ~arti
cipao no seu povo e o mesmo que viver na Geena, ou nao viver.
Jesus no enfatiza a crena no fogo do inferno, muito
menos em termos de ameaa, mas a preciosidade de sua oferta, a p~rticipao na vida, no Reino de Deus. O f ogo do inferno nao pode ser usado na prdica como elemento de ameaa sobre os ouvintes, como alternativa oferta da vida.
Seria bom, no preparo da prdica, ler Rm 11,32 e/ou 1 Tm 2,
4.
Como, ento, entender a advertncia de Jesus? A alternativa est entre a pe:da.d~ um membro e a participao no Reino de Deus. Qual o s1gn1f1cado dessa colocao radical?
Qual o sentido de decepar uma mo, um p, ou arrancar
um o lh o? Segundo Dt 25,lls, o decepar de uma mo tem cart:r de pu~io. Des~e m?do se estaria antecipando uma puniao que ainda deveria vir sobre o homem. Os rabinos tambm
entendiam o ~ecepar de ~mam~ como uma punio, algo como
umacompensaao por uma 1nfraao cometida. Nachum de Gimzo
(Bill:rbeck_I, pg. 779s) relata que almejou ficar cego ,
s~m maos: pe~ e olhos, e ainda leproso, porque seus olhos,
maos e pes nao se compadeceram de um pobre. Nesse relato
se pode observa~ que os so!rimentos do presente so uma forma de compensaao da puniao que aguarda uma pessoa na eternidade, causa da p~r sua impiedade nesse mundo.
Me 9,43-48 nao permite_compreendermos a mutilao como uma
forma de compensaao do castigo vindouro. Por um
lado porque a mutilao s ocorria como pena judicial na
epoca
J~sus. E por outro lado porque tal compreenso estaria 1med1atamente associada com a salvao por obras me -
?e
- 311 -
- 310 -
miz em o se r cr i sto, p rocuran do justificativas para a sua apat ia e de toda a sua com unidad e com afirmaes qu e j setornaram lug ar -com um: "Todo mu ndo s pe ns a em dinheiro, em ficar rico, todo mundo ex plora"; porque todo mund o faz, vale tarnbm para ns? Ser discpul o i mplica em sacr i f c ios, e ne nhurn
grande demais quando se trata de viver a ver da dei ra vida,o5
valor es do Re in o de Deus, no r e l ac i ona me nt o com os outros. A
pergunt a : Preciso sempre ganhar custa da derr~ta do o ut ro? A f cris t no entende a vida como competiao: podemos
ganhar juntos, desde que junt os l evemos a s rio o ser cristao, o discipulado.
V - Bibliografia
BARTH,Gerhard. Au x lio hom i ltico sobre Me 9,43-48. ln:
Eichholz/Falkenroth, e ds. HU re n und Fra ge n.Vol 5.Neukirch~n
-Vluyn,
Neukir che ne r Verlag, 1967 . - BULTMANN, Rud o lf.~
Gesch ichte de r synoptische Tradition. GUtting e n, Vandenh oe ck
& Ruprecht.
SCHWEIZER,Eduard. Das Evangelium nac h Mar kus. GUtt i ngen, Vand e nhoeck & Rup re cht, l %7 . - SCH LATTER,
Ad o lf. Das Ev ange l ium nach Markus und Luk as. ln:Schlatt ers
Erl~ut er ungen zum Neuen Te s t ament. Stuttgart.
8'? D O M 1 N G O
J e
r e m i a s
AP S
TRINDADE
23,16-29
- 313 - 312 nao segundo a int eno subjetiva daqu~ l es q~e fa l am . A cri tica de Jeremias dir i ge - se contra a 1ngenu 1dade com que os
pseudo-profetas confund i am suas fantasias_com a ~ a l avra 11 r ~
vela da do Senhor. Um verdadeiro prof eta nao confia nas v ises do seu corao" (v . 16) nem no s sonh os qu e e l e sonhou
(v . 25), mas o uv e a Pal avra e nquan to ele es t "n o conselho
do Senhor" (vv. 18; 22). Parece temeridade afi r ma r que um ser
humano tem acesso ao con se lho do Senhor, e as perguntas do
v. 18 quase poderiam ser in terpretadas corno retr icas, tendo resposta negativa. Todav i a_o v.22, e tam~m u~a passa~em
como Am 3, 7, esc larecem que tao alto privilegio e conc ed i do
ao profeta. Se os adversrios de Jeremias est i ves~em a:entos
Pa l a vra do Senhor, compreenderiam que e la anuncia o Julgamento aos perversos , exortante - os a vo ltare m do se u ma u c aminha (vv.19-20; 22). A exc l a ma o "eis a tempe sta de do Senh 0 '
pod e ri a s i gn i fica r que o profeta r eco nh ece j os s in a i s da
ira d ivina na s ituao poltica do mome nto. O er ro dos.! al sos profetas que eles reclamam Deus par a suas conv e n1 en cias part iculares, esq uecen do que e l e , a nt es de ma is nada,
o Deus sa nto, so berano, univ e rsal. No texto masortico, o v.
23 di z liter a lme nt e : "Acaso so u um De us de perto, diz o Se~
nhor, e no de lon ge'?" A inteno dessas pal avras fica ma rs
c l ara se no int erca l amos o " a pe na s ... tambm" que consta na
verso de Ferreira de Almeida. Deus, qu e conhece os escond e rijos da ama humana, sabe onde nascera m aque l as profecias .
sonh adas que e nga nam o povo (vv. 25-27), s ub stit uind o o "tr igo" da Pa l avra pela "p a lh a" das inv e nes prpri as (v . 2~) .
A verdadeira Palavra do Senho r - d ito aqu i de novo - inclu i a purif i cao e o j u l gamento: ela fogo, ma rt e l o
que esm ia a penha (v .29) .
li - As vises do co ra o
Ap li car a percope Jr 23, 16-29 nossa s i tuaao parece
uma tarefa to i mporta nt e quanto difcil. El a i mporta nt e,
porque a nossa soc i edade caracter i za - se pelo pluralismo r e- _
ligi oso, havendo ne l a vozes "proft icas " muit o var i a das e ate
co n traditr i as . Nem todas e l as podem ser profecia a ut ~ n tica :
algumas, a maioria talvez, dev em ser desmascaradas como falsas. Mas como fazer isso? A est a d i f i cu ld ade ! Quem do no da verdad e no mercado li vre das idias? Todos usam uma l inguagem de cunho or todo xo, como aq ue l es contemporneos de Je-
remias que falavam nas promessa s do Senhor e na sua fidel idade ao po vo eleito . Todos tamb m reclamam para si a autori dade divina . A afirma o "o Senhor disse" de uns ope-se ao
11
0 Senhor disse" de outros. Quem pode dize r com certeza que
"esteve no conselho do Senhor"? O nico critrio, que nos
dado para distinguir a falsa profecia da ve r dadeira, a sua
confiana no motivada. Esses profetas anunciam a paz aos
qu e desprez am Deus, e no exortam o povo converso. Eles
usam o nome de Deus para tranqUil izar o povo numa hora de angstia nacional, para fazer-lhe ouvir aqui lo que o povo deseja ouvir nesse momento. Talvez possamos dizer: os profetas
fazem ouvir ao povo o que eles me smos desejam ouvir. Da a
objeo do v. 16: eles "falam as vises do seu corao, no
o que ve m da boca do Senhor".
No essa uma situao bem conhecida nos nossos meios?
t a religio a servio das momentneas necessidades humanas,
a religio qual a gente recorre para ganhar uma sensao
de bem- estar, talvez para escapar de um impasse da vida ou
dos aborrecimentos do dia-a-dia. r a religio que as pessoas
consome m nas quantias que elas julgam convenientes. As igrejas servem-lhes de "posto de servio", onde elas vm abastecer-se quando h necessidade. Mas no essa a funo que a
Pa lavra do Senhor quer des empenhar n a noss a vida. A Palavra
do Senhor nunca serve de escape para os nossos i mpasses. Ao
co ntrrio, ela nos mostra a nos sa responsabilidade para com
o aqui-e-agora, revela-nos as nossas falhas e chama-nos ao
ar rependimento. A Palavra de_Deus no apare ce como produto
dos no ssos sonhos, como 11 visao do corao''. Esse o mal-en tendi do daque l es que julg am ter um "Deus de perto" , um Deus
qu e vem nos confir mar nas _nossas esperanas e nos nossos ideai s . O "Deus de longe" e um Deus cuja Palavra vem antes para nos incomodar. Ele tempestade, fogo, martelo. Ele nos
faz duvidar sistematicam:nte de tudo o que "nosso" : esperanas, ideais, real i zaoes, certezas, para que aprendamos
a contentar-nos com o que Ele quer ser para ns . Ele a trama que, vert i calmente, se insere na urdidura da nos sa vida ,
para lhe dar um tip o de firmeza que a urdi dura, na sua horizo ntalidade, nunca alcanaria. E~e um Deus "de longe" , "do
a lto" , dif erente de tudo o que nos sonh vamos.
111
- 315 -
- 314
ntura
situaao
angustiante
do reino de Juda- naque 1 a conJU
.-ripoltica . Talvez seja til sublinhar que a dimenso P~ 1 1 in- d es d e o comeo, inerent e a- sua pro f ec1a
, para na 0 naca e,
' pressao
do poder nacional, Junto
com~ Fa m1 1sen
a Escola e outras instituies. Ela faz parte do sistema~ "
d o conv1. d ada a pregar: "Paz tereis, nao
- vira- ma l so b r e vos .
.
- a Igreja ter a ingr ata tarefa de preg ar urna
Nesta s1tuaao
d
me nsage m que no expresse "as vi ses do corao" . Em vez e
_ o dedo na f er1. da e fazer
pregar a paz, a sua missa_ o sera_ por
11
o povo vo l ta r do seu mau caminho" .
d
d a h a- outra maneira
Mas a1n
para contornar a 11 t em pesta e
do Senhor". Ela consiste em reconhecer os ma l es da no :_sa
soc i edade, exp licando- os, porm, exclusivamente como ma - V~~=
tade de cima para baixo. Os opressores so maus, mas a~re 1
tamos firmemente na bondade dos oprimidos. Se algu ma coisa es - persegue o:_ vert errada no Brasil, porque o governo nao
dadei ros interesse s do povo. Tudo o que nasce do povo e bom,
a:
- 317 -
- 316 -
9'?
D O M
Ma
GUnter
e u s
NGO
AP S
TRINDADE
13,44-46
K. F. Wehrmann
111.
- 32 l -
- 323 trapalhadora". E veja, o que h a ? Um vaso, uma caixa nervoso ele abre . .. um tesouro imenso!
O tesouro escondido, coberto com terra, l ele no ser vi a para nada. Mas agora ele est sendo visto, agora ele est trabalhando en1nosso agregado vencendo-o, libertando-o ,
tomando conta dele, atra ind o-oa ponto de ele ficar "louco
de alegria". Assim tambm age a prola no negociante. Ambos so total e completamente vencidos, vencidos por aquilo que encontraram.O tesouro e a prola levam os dois homens a fazerem aquilo que nenhum homem sensato far i a (observe - se que o moo rico de Mt 19, 16-30 t:Jmbm no o fez
por prprio esforo). A inclu sive pra a nossa mora l e
alegamos a res ponsabilidade para com o mnimo necessrio
para a existncia, etc. Mas os dois homens largam tudo,no
sentido da palavra, assim como os discpulos dei xaram tudo quando Jesus os chamou.
Isto o risco da f, a coragem da f. Isto eu no
tenho a partir de mim mesmo nem consigo pelo prprio esforo, mas me dado! Portanto, isto s pode ser considerado
loucura, imprudncia e irresponsabilidade por aqueles que
no ''viram, nem encontraram, nem foram atingidos, nem vencidos". Isto um escndalo inevitvel.
Mas para os dois homens e para tantos outros era alegria, era verdadeira vida viver com este Cristo. Pois assim eles experimentaram um refle xo, um antegozo do eterno,
em meio de um mundo passageiro. Hoje o nosso arado bate
tambm contra um "obstculo" (concretize -o). Voc e eu, ns
queremos parar e verificar o que . Pode se r o incio de
uma libertao e transformao em nossas vidas, o inci o de
a l egria verdadeira.
VI
A
O escndalo : O reino dos cus, Deus, est oculto .
B 1) O reino dos cus est presente; ele pode e quer
ser encontrado.
2) Na confrontao com o reino dos cus verifica-se
que se trata de um tesouro to precioso que ultrapassa tudo aqui l o que poderamos esperar o u imaginar.
3) Este tesouro nos vence por completo, nos lib e rta e transforma e nos d uma nova escala de valores.
- 325 -
- 324 -
DO M1 NGO AP S
l l?
TRINDADE
Ma
VI 11 - Bibliografia
1 - Observaes Litrgicas
Este domingo conclui o segundo ciclo da poca de Trindade, cujo ensino se preocupa com os aspectos da nova vida
de justia. Deve-se utilizar como intrito pelo menos os
primeiros seis versculos do Salmo 68. As leituras bbl icas, tanto Lucas 18,9-14 como 1 Corntios 15,1-10, correspondem bem ao escopo da prdica. O contraste refletido nos
dois textos prepara os participantes para ver mais claramente a lio entesourada obscuramente no texto da prdica. De relevo especial seria o texto de 1 Corntios, no
qual o Apstolo Paulo afirma no v. 10: por certo no eu, porm a graa de Deus comigo.
Como alternativa orao-coleta indicada no manual
antigo sugerimos a seguinte:
"Onipotente e eterno Deus, que sempr: ests mais pronto a ouvir do que ns a suplicar, e nos das mais do que desejamos ou merecemos: Derrama sobre ns a tua misericrdia,
perdoando o que nos pesa na conscincia. Renova a nossa comunho em Jesus Cristo e com o prximo, doando-nos as bnos que no somos dignos de pedir, seno pelo merecimento
de Jesus Cristo, Teu Filho, Nosso Senhor. Amm."
e u s
23, 1-12
Richard Wangen
1 1 - Consideraes exegticas
Feita a introduo ao Evangelho de Mateus, passaremos
diretamente ao especfico do texto que temos em maos, a saber, Mateus 23, 1-12. O captulo 23 faz parte do terceiro
bloco (cf. obs. introdutrias), que relata sobre o agir de
Jesus em Jerusalm e os conflitos com os grupos-lderes do
povo_judaico. Mateus se baseia em Me 12,37b-40. Alguns comentarias apresentam o captulo como parte de um bloco de
ensinamentos ligado aos caps. 24 e 25 e estruturalmente colocado nesta ordem para corresponder li tera riamente ao Sermo
da Montanha. De modo semelhante, o sermo do cap. 23 inclui
o povo e os discpulos. O intuito primordial de Mateus
- 326 dar testemunho ao seu ambie nte jud~ico de que Jesus _o Messias. Em termos gerais, o autor vai ao encontro do le'. to:
do evangelho respondendo seguin~e pe~gu~ta: O que s1gn1fica este evangelho para~ comunhao cr1sta.~o ~u~ se refere a expresso da nossa fe e da nossa obed1enc1a.
- 327 te existia na sinagoga. Ele representa a autoridade magist er ial de Moiss e a inferncia aqui refere-se a uma instituio que reivindica para si a ltima instncia em termos
de estipular o padro da verdade e do comportamento .
V. 3: "fazei e observai". E'. duvidoso que Jesus de fato tenha mandado obedecer os escribas e fariseus. 4 No entanto, uma tal interpretao seria possvel se Jesus queria dizer que se l e vasse o ensino at suas ltimas conseqUncias no sentido do mandamento duplo (cf. 22.38). "Mas
no imiteis as suas obras'' - As suas obras levam a uma falsa segurana, e no a uma confiana total em Cristo.
V. 4: "fardos opressivos" - um retrato representando
a acumulao de leis que os escribas e fariseus exigem do
povo, e pintado como um feixe de lenha que vai se acumulando nas costas do portador 5 "Sem nenhuma vontade de modificar" - uma forte indicao da arrogncia dos fariseus e
escribas em manter sua posio de amarrar e controlar a
conscincia do povo sem a mnima vontade de alivi-la. Enfatizada aqui a falta de misericrdia deles em contraste com o perdo libertador de Cristo.
Vv. 5-6-7: "para serem vistos pelos homens" - Estes
trs versculos demonstram as maneiras ostentativas que os
fariseus utilizam para atrair ateno sobre si. Retrata incisivamente seu egosmo. Em contraste, vemos os trs pr x imos ve rs cu 1os . 8-9 -1 O - "Vs , porm! 11 Os 1ti mos 5 ve rs culos do texto ' esto endereados diretamente comunidade
crist. Esse procedimento cristo e comunitrio contrastado com o procedimento farisaico e tem carter de regra
para a comunidade 6 Os vv. 8 e 10 talvez faam parte da reda o de Mateus, pois so dirigidos aos "irmos" (adel f oi)
- as multides (hoi ochloi) no entenderiam essas palavras. 7
O v.9 fortalece a linha do texto na sua Teo-Cristo-Centricidade. A expresso "os irmos" refere-se aos membros da Igreja e, neste versculo, ressalta que a nica autoridade reside em De us. Mateus cuida para manter a anttese "aqui na
terra" e "o que est nos cus". Uma posio notvel na crtica de Jesus aos fariseus que o critrio do Evangelho
exterior a ns, o que significa que no possumos a ltima
me dida com a qual seremos julgados, ao contrrio dos fariseus e escribas, que reivindicavam essa regalia para si mesmos. (Algo semelhante acontece hoje em dia com alguns que
"tm Jesus no corao" e arroCJam para si o direito de se r em
- 329 -
- 332 -
- 333 prezamos aquele q~e no pode produzir. O nosso dar anulado pelo fato de nao sabermos receber. Nisto reside a nossa pouca f - a falta de vontade de receber a graa de Cristo. Por isto os fariseus foram retratados como leigos ateus
com mscara de piedade. Eles no partiram da graa imerecida de Cristo para a prtica das suas obras, mas suas obras
partiram da falta de f. Partiram de um egosmo centralizado no seu prprio poder de salvar-se. Bornkamm comenta sobre este fato: "A obedincia se torna algo que se pode medir, que se pode demonstrar, a ao transforma-se em obra,
as obras se renem em um capi ta1" 16
No de admirar que os telogos da 1 ibertao acentuam
a solidariedade de Jesus com os pobres! Quem mais hoje em
dia sabe receber esta obra de Cristo (Mateus 5,l7b - no vim
revogar mas cumprir)? Esta afirmao de Jesus precede tudo
o que dissemos acima 11 0 evento do cumprimento j est presente!1111. A parte mais difcil comunicar comunidade com
clareza esta anterioridade de Jesus (Joo l, 12 - mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus). S podemos partir desta graa, mas tambm
a obedincia desempenha um importante papel para o cristo.
Como importante insistir com o nosso povo que no existe
nenhum ti 1 da lei que sejamos capazes de cumprir! Ao mesmo
tempo, -nos exigido o cumprimento total dela. Unicamente
assim somos confrontados com a necessidade do 11 arrependimento total", e podemos compreender que a "entrada no servio
do reino de Deus, liberta tambm para o prximo" 18 Somente
assim pode a "inclusividade 11 do cristo ser compreendida em
toda a sua radical idade!
IV - Um possvel roteiro para a prdica
Tema: Vamos vivenciar a graa de Cristo!
1. Quais as garantias abertamente declaradas e sub-entendidas que o mundo oferece para dar segurana nossa vida?
A.As Promessas do mundo secular.
B.As seguranas que a religiosidade oferece.
1. A religiosidade que nos cerca (espiritismo, pentecostal ismo, etc.)
- 335 -
11.
- 337 -
- 336 1 1 1 - Te x to
D
N DE P E N Dt N C 1 A
DA
m o t e o
2, l -4
S i l vi o Me i n cke
1 - O endereo da carta
Fosse oer.ereadc ex clusivamenteTimteo e Paulo no careceria de acentuar a l eg iti midade do se u apostolado (1, l;
2,7) junto a este seu grande colaborador e 11 verdadeiro fi lho na f 11 ( 1,2), a quem j encarregara de importantes tarefas (1 Tm 3. ls; 1 Co 4, 17s; 16, lOs; At 19,22; Fp 2, 19s)
que foi co-autor de v ri as de suas cartas ( 1 e 11 Ts; 11 Co;
Fp; Cl; Fm) e de cuja fidelidade, bom relacionamento e comunho de f o apstolo d testemunho (Fp 2, 19-23).
Quando Paulo lhe dirige a carta, Timteo e ncontra-se na
funo de dirigente de Igreja nas comunidades da As ia Menor.
Ali ordena ao ministrio (1 Tm 5,22) e vela sobre a disciplina eclesistica (1Tm5,19).
Conclui-se que a carta foi escrita a Timteo e, atravs
dele, a estas comunidades.
11 - Situao e contexto
No incio a vida comunitria nas comun idades primitivas
processava-se livremente sob as manifestaes dos dons es pirituais. Cedo, no entanto, mostrou - se a necessidade de
pr escries mais definidas, devido a uma s ri e de dificuldades surgidas, conforme nos relata 1 Co 11. Os captulos
2 e 3 de 1 Tm mostram-nos a mais antiga Orde m de Vida Comunitria. O cap. 2 r egu lamenta a vida do culto. O cap. 3 a
vida e o procedimento dos ministros.
No cap. 2 enco nt r amos a seg uinte diviso:
2 l-7 Int ercesso em favor de todos os homens.
2:8
O comportamento dos vares no culto.
2,9-14 O comportamento das m~lheres no culto.
A vida dos que professam a feno Deus da ordem (1 Co
14 33) deve tambm processar-se em ordem, tanto no ambiente' da vida familiar, quanto na vida comunitria e de culto
( 1 Tm 3, 4-5. 12. 15) .
- 341 procedimento destes grupos ou indivduos (marginais, criminosos, autoridades prepotentes) ou do posicionamento poltico ou ideolgico divergente entre eles e membros da comunidade.
A prdica naturalmente no poder omitir a mensagem central do plano salv fico de Deus, centrado no amor por todos
os homens e realizado na cruz, no qual est baseada a exortao do nosso texto.
A comunidade que ora entra em dilogo com Deus, que ele
estabelece com os homens por meio de Cristo e pela sua men sagem . A comunidade que ora expe a Deus, neste dilogo, as
suas alegrias e esperanas; as suas tristezas e dores; as
suas perguntas e dvidas; os seus anseios e medos, enfim,a
sua eKistncia. A comunidade que intercede por outros leva
ao dilogo com Deus a existncia do outro, v com os olhos
do outro e assume como seus prprios os anseios, as vitrias
e os fracassos do outro. E este dilogo com Deus em favor
dos outros derruba as barreiras que nos querem separar do
outro e leva compreenso do mesmo e ao dilogo com ele.
A prdica exemplif icar anseios, tropeos, dores, luta
e medos do povo brasileira, que comemora a sua independncia poltica. Citar autoridades (cargos, no necessriamente no mes) pelos quais somos exortados a orar.
Paixes religiosas, polticas e ideolgicas; extremism0s de grupos e partidos; desnveis sociais e econmicos.
Eis algumas barreiras que perpassam o povo brasileira . A
com unidade que sabe levar os anseios do povo em dilogo a
Deus, assumi r estes anseios, livre da tentao de deixar-se arrastar para dentro do torvelinho de paixes, eventualmente advindas destas barreiras.
Assim, aquele que ora estar acendendo sua pequena chama de verdade, alimentada pela grande chama da verdade,revelada por Deus, e estar levando-a ao mundo e aos homens,dando a sua parcela de contribuio para que todos os homens
cheguem ao pleno conhecimento da verdade, participando, como instru mentos, na concretizao do plano que Deus tem para todos os homens.
A prdica ser aut ntica, na medid a em que o pregador
souber posicionar-se como algum que sincera e honestamente assumiu os anseios do povo e no como algum que, vivencialmente distanciado do povo, em posio de expectador
neutro, apenas obediente percope, exorta outros no sen-
- 343 -
14~
S a m u e
A P S
TRINDADE
2' 1-1 o
Martin Weingaertner
l.
D O M 1 N G O
Verso
- Ento Ana orou, dizendo:
'Alegra-se o meu corao no Senhor;
Minha fora exaltada pelo Senhor.
Abro a minha boca contra os meus inimigos,
porque me alegro de tua salvao.
2 - No h santo como o Senhor
pois no h outro alm de ti
e no h rocha como o nosso Deus.
3 - No multipliqueis vosso falar orgulhoso,
nem saiam palavras atrevidas de vossa boca,
porque o Senhor Deus do conhecimento!
Todos atos so avaliados por ele:
4 - O arco dos poderosos quebrado,
mas os cambaleantes cingem-se d: poder!
5 - Os fartos empregam-se por pao,
enquanto que os famintos deixam disto para sempre!
A estril d luz a sete,
a que tem muitos filhos murcha!
6 - O Senhor tira a vida e vivifica,
faz descer sepultura e faz subir!
7 - O Senhor enpobrece e enriquece,
rebaixa e tambm eleva!
8 - Ergue do p o fraco,
do lixo tira o necessitado,
para assent-lo com os chefes
e dar-lhe o lugar de honra,
porque do Senhor so as colunas da terra
e ele assentou nelas o mundo!
9 - Os ps de seus fiis ele proteger,
porm os descrentes far emudecer na escurido,
pois o homem no vencer pela sua fora!
10 - O Senhor destruir os que o combatem;
sobre eles far trovejar dos cus!
O Senhor julgar os confins da terra,
- 345 brade Deus: Por intermdio de sua serva, Deus dera uma lder ao seu povo. Esta experincia gratificante enche sua
vida de alegria, pois a palavra 'corao', em hebraico 'leb\
abrange tanto o sentimento e desejo como a razo e vontade
do homem. Assim, a integridade da vida de Ana transformada pe la alegria.
'A boca fala do que est cheio o corao' (Lc 6,45). A continuao do salmo confirma o dito de Jesus: A alegria no
Senhor comunicativa, abrindo a boca outrora fechada para
a exaltao de Deus. O testemunho fruto da grande descoberta que no pode permanecer oculta nem mesmo diante dos
's e us inimigos 1 Como ainda veremos mais adiante estes inimigos so adversrios da obra do Senhor e soment~ como tais
tambm adve rsrios da testemunha.
V.2 - Este testemunho essencialmente louvor a Deus,
que transcende toda experincia pessoal. O louvor de Ana
nao se limita ao que tem experimentado pessoalmente dopoder de Deus, pois seus olhos foram abertos para a plenitude da obra de salvao de Deus da qual ela, agora, tinha
certeza de estar participando. Assim Ana l o uva a Deus, crendo que ele ultrapassa toda experincia e todo entendimento
humano: Deus incomparvel! At os nossos conceitos 'santo' e 'rocha' somente servem para descrev-lo, se for negado simultaneamenteque haja outro santo ou outra rocha alm dele.
Vv. 3 a 8 - A exaltao do poder de Deus implica no fim
d e todo org ulho humano. Quem aprendeu a louvar ao Senhor, reconhece ao mesmo tempo que toda auto-afirmao deve si lenciar. Disto tambm resulta a advertncia aos outros. Advertncia esta que visa chamar para a descoberta da alegria no
Senhor e para o louvor a Deus, pois, enquanto que ela soa,
ainda tempo de graa: Deus e st no centro e ele julga tod?s _os egocentrismos. Este jufzo uma verdadeira revoluo
d1v1na que derruba todos os usurpadores de poder e po, de
fecundidade e vida, de capital e honra. Isto , destitui
todos os usurpadores das ddivas de Deus. Deus mesmo derruba os que querem apoderar-se de sua criao, para conced-! a aos que a recebem de sua mo. Este juzo dos que querem
'vencer pela prpria fora', e a agraciao dos fracos so
exemplificados em seis majestosas antteses que poderamos
resumir com as palavras de Paulo em 1 Co l, 27ss.: 'Deus
esco lheu as cousas loucas do mundo para envergonhar os sbios, e escolheu as cousas fracas do mundo para envergonhar
- 347 -
Inteno querigmtica
Pelo filho que lhe nascera, Ana descobre que sua vida
participa da salvao de Deus. Esta descoberta gratificante enche sua vida de alegria no Senhor e resulta no louvor
de Deus,que agracia e julga. Atravs do louvor e da advertncia, Ana chama o ouvinte de seu cntico a mesmo descobrir esta alegria no Senhor.
3 - Meditao
Quem ouve este cntico,post Christum natum,no poder
ignorar que Deus continuou sua obra de salvao. O personagem que Ana
apenas vislumbrava no futuro, por quem ela
esperava, foi revelado e est diante do que tiver olhos para ver: Jesus Cristo o' rei 1 e 'escolhido' de Deus. Por
seu intermdio Deus agracia e julga. Ele o protetor da alegria no Senhor. Em sua morte e ressurreio foram destitudos todos os usurpadores da criao de Deus, e lhe foi
conferido 'todo o poder no cu e na terra! Nele Deus real iza sua salvao, a agraciao dos fracos. Sem margem de dvida, a proximidade literria do cntico de Maria (Lc J,4655) com este salmo de Ana motivada por esta certeza.
lnevi tavelmente a pregao crist confrontada neste
texto com a justifiao por graa. Somente a doutrina da
justificao nos possibi J ita entender verdadeiramente este
salmo. E este, por sua vez, focaliza a justificao dum ponto de vista singular: Apenas a justificao por graa impede que a alegria no Senhor seja pervertida em 'Schadenfreude' do piedoso sobre o descrente. Da emboscada do farisaismo que espera por uma compensao da f - ao menos no alm-,
somente escapa quem reconheceu que os cambaleantes e os famintos, a estri 1 e os moribundos, o pobre e o fraco no
so agraciados por algum mrito seu, mas sim desmerecida e
gratuitamente. Nisto a agraciao divina se distingue da
humana, que contempla o benemrito. A graa de Deus somente
podemos receber de presente, si Jenciando toda a vaidade e
entoando o louvor a Deus.
Na IV Assemblia da Federao Luterana Mundial em Helsinki, ficou patente que temos dificuldades de comunicar a
doutrina da justificao ao nosso tempo. Estas dificuldades
nos levam a procurar por uma nova terminologia, por novos
- 349 -
l 5:'
D O M
N GO
A P OS
TRINDADE
M a t e u s 19, 16-26
Dario G. Schaeffer
Pensamentos exegticos
O texto, como o temos atualmente nossa frente, de
redao bastante recente e no provm totalmente do prprio
Jesus. Apenas algumas frases, contidas no todo de nossa percope, so realmente palavras de Jesus. (Cf. o trabalho
introdutrio de Brakemeier e outros comentrios.) Assim,
comparti lhamas da compreenso de que esta histria foi elaborada abordando um determinado problema bem concreto da
comunidade de Mateus. Pois o redator, 11 de extraordinria fora sistemtica", "foi um mestre em atualizar a histria de
Jesus para sua poca" (Brakemeier). No presente caso, a problemtica est ligada profundamente posse de riquezas.
O homem que quer saber o que de bom deve fazer, tem em
sua memria o uso e a tradio judaica, conforme os quais
com obras boas, caridade e religiosidade formal o homem pode chegar mais perto da vida eterna ou at consegui-la. Jesus, no entanto, precisa fazer uma nova colocao. Sua compreenso daqui lo que bom no corresponde compreenso do
homem. Bom apenas Deus. Isto significa que no possvel
ao homem, com sua religiosidade, com seu af de agradar a
Deus, chegar vida eterna. 11 Tu no consegues saber o que
bom, nem consegues ser bo~',poder-se-ia parafrasear o dito
de Jesus.
Alm disso, existe atrs da pergunta do homem (jovem) a
idia de que se poderia fazer algo mais do que Deus j exige normalmente, algo que supere o que Deus espera do homem.
Existe a a compreenso de que h uma necessidade muito grande de supercompensar as falhas que se faz. Jesus simplesmente lhe indica os mandamentos (em nosso texto os da segunda tbua e a regra urea - 19b). Isto , Jesus diz com isso, claramente, que no se pode passar adiante e alm dos
mandamentos. Mandamentos no so lio de casa, no devem
ser apenas decorados e com isso absolvidos, superados. Ao
contrrio, os mandamentos so indicaes de modo de vida,
abrangendo e ocupando toda a existncia da pessoa. No h
- 351 -
- 352 -
- 353 -
11 - Meditao
Procurou-se,na Antiguidade, minimizar a radical idade da
afirmao desta passagem. Colocou-s e , por exemplo, no v. 24,
no lugar da palavra grega " kamelos'' (=camelo), a palavra
"kami los" (= corda para amarrar navios). Ou ma is recentemen.
. que existia 'um portao
- no mute, um comentarista
descobriu
ro de Jerusalm que tinha o nome de "fundo de agulha".Estas
colocaes podem parecer um tanto simplrias, mas mostram
que tambm a igreja estava comprometida com os ricos e, direta ou indiretamente, com as riquezas. A histria da igreja
tambm vem comprovar isso. O comprometimento com seu nico
Senhor de i xa va de ser to firme, no momento em qu e , em nome dele, deveriam ser questionadas e mudadas as relaes com
os ricos e as riquezas.
Talvez algum diga que isto pertence ao passado. Todavia, lendo-se comentrios de hoje (vide bibliografia) encontraremos uma grande ma ioria (principal me nte os pertencent es
a uma sociedade desenvolvida, de consumo) tentando generalizar as afirmaes desta passagem para toda e qualquer depe ndncia das coisas. Num certo sentido,no deixam de ter
razo esses comentaristas, pois como a riqueza, qu e muitas
vezes domina e governa pessoas, existem inmeras outras coisas, das quais no somos independentes. Diria que vlido,
a partir deste texto, o alerta para todos os que so comprometidos com o que no importante, com as coisas.
No entanto, existe um fato que no deve ser desconhecido e no pode ser mini mizado, sem que se tire a autoridade
- 355 -
Bibliografia
16? D O M 1 N G O
J o a o
ll' l.
A P S
TRINDADE
3. l 7-2 7
Breno Dietrich
1
Cont exto
Exegese e comentrios
- 357 -
- 356 -
11
polvorosa 11 Ela
v.22_ - Aqui. a cr~ticidade de Marta diminui um pouco.Marta amen~za a s1 tuaao. Ela faz um pedido muito vago. Ela no
se expl1ca._Mas s:: al~o acontecer ento ela o atribui ao poder da oraao e nao d1 retamente a Jesus. Ela est decepcionada com Jesus .
vv 23-24 - _Jesus diz que Lzaro ressuscitar. Marta ,por
vez, traz a tona os seus conhecimentos sobre a ressurreiao. Nisto ela cr. O que Jesus diz no encerra aparentemente nenhuma novidade. Os outros consoladores j haviam dito o
mesmo. Os mestres da rei igio j o haviam ensinado.
_
Isto acontece ainda hoje: ns ficamos presos na nossa
fe, nos nossos conhecimentos e conceitos e no deixamos as
palavras de ~esus valer para o nosso viver dirio. Assim
~emo: a tendencia_de solidificar a_nossa f cada vez mais.
or isso somos muitas vezes como Lazaro: nossa f tem cheirode mc:fo, de podrido. O pregador precisa insistir no redescobrimento e na renovao da f.
s~a
Na elaborao da prdica podemos seguir a ordem dos versculos . Na e xplanao , versculo por versculo, chegaremos
- 360 -
18'? D O M
N G O
M a t e u s
A P
TRINDADE
5,38-48
U l r i co Spe rb
1 - Consideraes e x egticas
A int~oduo a este texto est em Mt 5,17-20. Jesus diz
(vers .17)_: " ... no vim para revogar, vim para cumpri r.''Seguem-se varias frases que comeam com ''Ouvistes que foi d i to" (vers.21 ;27;33). E o
texto para este domingo apresenta os dois ltimos "ouvistes que foi dit o" (vers.38;43).
Jesus cita ento v e lhas leisdopovojudaico.Corrige-as ou leva-as ao extremo.Neste aspecto j notamos que nossa percope se
divide emduas partes:vers. 38-42 evers.43-48.Na primeira Jesus corrige a lei fundamental da sobrevivncia humana "ol~o
por olho, dente por dente". E na segunda parte Jesus corrige a velha tradio do "amars teu prximo e odiars teu inimigd'. Estas duas partes esto relacionadas entre si pelo fato de abordarem o relacionamento com pessoas de difci l re 1ao.
Vers. 38: Na lei mosaica encontramos fundamentado o direi to vingana (x 21,24; Lv 24,20; Dt 19,21). Os juize~
tm o dever de impor castigos que equivalham ao ma l cometido. No s a lei judaica, mas tambm a grega e a romana, alm de outras, mantinham este fundamento. Esta uma lei
bsica. Sem e la os cdigos penais seriam fracos e ineficientes para ma nter a ordem na sociedade.
Vers.39: E esta lei bsica contestada por J es us. "Eu, porm, vos digo ... " Jesus, porm, no instituiu o princpio
da no-resistncia. Tambm no se pode confundir este texto
com fatal is mo . Aqui no se trata, por outro lado, de abdicar da justia. Jesus quer, isto sim, tirar de seus seguidores pensamentos de vingana. Os discpulos devem, po rtanto, aprender a suporta r a inju stia . Pois quem segue a J~
s u s pode contar com perseguies. Oferecer a outra face e
a at itude daquele que segue a Cristo. Esta a maneira crista de faze r frente injustia.
Ve r s .4 0: Esta atitude reforada por J esus: prefer-
- 364 normais, e anunciada a possibi ]idade de romper com esta misria. E: a alternativa que no foi inventada pelo homem.Foi
proclamada e exemplificada por Jesus Cristo. No mais preciso revolver-se no crculo vicioso das desforras. Jesus proporciona a possibilidade de libertao deste esquema.Vejamos este aspecto do Evangelho conforme os vers.39-42 e 44-
-48 .
- 365 isto. Orar por algum inclui ir falar com ele e nao mandar
Deus em nosso lugar. Significa deixar-se enviar por Deus.
Seguir a Jesus Cristo no Brasil significa dar aos que
pedem e emprestar a quemo deseja.Os luteranos brasileiros
de um modo geral tm um nvel de vida bom. Principalmente
se os compararmos com grande parcela do povo brasileiro.O
que os luteranos, no entanto, no sabem muito bem repartir e compartilhar. So muito presos ao seu dinheiro. E fundamentam isto numa tica do esforo. E: muito importante uma
palavra evanglica para dentro desta situao.
Jesus Cristo viveu de uma maneira bem simples para anunciar a mensagem de seu Pai. E ns, pelo contrrio, temos
mui tas exigncias na vi da. Por isso fi camas presos ao campo de fora do "olho por olho" e do "dio ao inimigo". Porque nos amamos demais, no conseguimos a verdadeira (perfeita~ comunho com Deus. E consequentemente no temos a
relaao correta com os outros.
Certa vez ouvi a frase: a ausncia de perseguies
Igreja muito perigosa. Quando tudo vai bem, camos facilmente na tentao do acomodamento. Esta a situao aparente no Brasil. Digo aparente, porque ou a 1greja no autntica ou os autnticos so perseguidos.Muitos que procuram
vi venci ar o Evangelho so persegui dos. E s vezes em nome
~'?prprio Jesus Cristo. H cristos que no sul do Brasil
J a nem podem ser mencionados. E o que faz com que no desistam? Sua prpria vontade ou se r que no Deus quem
os impulsiona?
O Evangelho tem grandes verdades a nos revelar. Ele nos
faz encarar a vida e o mundo com maior (auto-)critica. Se
di:sermos que no temos inimigos, enganamo-nos a ns mesmos.
Pois Jesus sabia muito bem o quanto provocava a inimizade
dos poderosos com suas palavras.
~ se no estamos incomodando os poderosos, ento estamos incomodando os oprimidos. Algum em todos os casos est
sofrendo com nossa omisso.
111 - Prdica
_A pregao sobre esta percope necessariamente acarretar~ em alguns proble~as ao pregador. Ou ele agradar a com~n1dade e desvirtuara as palavras de Jesus. Ou ele prega-
- 367 -
2 O'? D O M
J o a o
BRAKEMEIER,G. Observaes introdutrias referentes ao evangelho de Mateus, publicado neste livro. - BULTMANN,R.Jesus.
Munique, 1964.- BULTMANN,R. Theologie des Neuen Testaments.
6~ ed., Tuebingen, 1968.- SCHNIEWIND,J. Das Evangel ium nach
Matthaus. Gottingen, 1964. - THIELICKE,H. Das Leben kann
noch einmal beginnen.Stuttgart, 1965, pgs. 65-80.
A P S
TRINDADE
6,37-40 (41-43) 44
Rol f DUbbers
- Traduo
37 (Jesus lhes diss e :) Tudo o que o Pai 111e d (ou:der)
vir a mim; e a quem vi er ter comigo jamais repelirei,
38 Porque desci do cu, no para fazer a minha vontade, mas a vontade de quem me enviou.
39 Esta , pois, a vontade de quem me enviou: que eu
nada de que me deu perca, mas que eu o ressuscite no ltimo dia.
40 Esta, certamente, a vontade de meu Pai: Qualquer
um, vendo o Filho e crendo nele, tem vida eterna, e eu o
ressuscitarei no ltimo dia.
41 Murmuraram ento os judeus contra ele, por ter dito:
11
Eu sou o po da vida descido do cu! 11
42_E d~ziam: "Este no Jesus, o filho de Jos, cujo
pai e mae nos conhecemos? Como diz agora: Do cu desci !? 11
_
43 Respondeu Jesus e lhes disse: "No murmureis entre
vos! Ningum pode vir a mim se o Pai, quem me enviou, no
o atrair; e eu o ressuscitarei no ltimo dia."
45 "Est escrito nos profetas: E todos sero ensinados por D~us . Quem ouve do Pai e aprende, vem a mim.
46 Nao que algum tenha visto o Pai; s quem de Deus
- este tem visto o Pai."
11
Bibliografia
N G O
A percope
- 368 pessoas que se conhecem mutuamente: uma reunio, talvez numa sinagoga (prdio), em Cafarnaum, cidade na qual Jesus morava (2,12: Mt 4, 13), na qual era um cidado bem conhecido,
ele mesmo como tambm seus pais; e um auditrio que, apesar
11
de murmurar 11 , concordava com Jesus em muitos pontos, como
por exemplo: a realidade de Deus, a inacessibilidade e invisibilidade de Deus. Concordava ta mbm com Jesus na convico bsica da teologia de Jsrael: Deus, apesar de ja ma is
ser visto por algum, tem falado por profetas. A meu ver,
seria til incluir na percope os versculos 45s por dois
motivos:
_Um seria a referncia 11 aos profetas 11 , conte x to indispensavel para compreender melhor o que oferecido aos homens na pessoa de Jesus, porque este contexto, 11 as letras
sagradas de lsrael 11 , desconhecidas s comunidades domini11
cais_ de hoje.!.
tm o poder de co municar a sabedoria que conduz a salvaao pela f em Cristo Jesus 11 ( 11 Tm 3). Vejo ova
lor permanente destas 11 letras sagradas'' na sua profunda teolo~ia e na sua no menos profunda antropologia, indispensveis para compreender o que a 11 salvao 11 que o Pai oferece no e pelo Filho.
Outro motivo para incluir os versculos 4Ss seria a
referncia importante humildade da teologia bblica, tanto do ~T co~o do NT: Ningum jamais viu a Deus! Cuidado,pois,
~om. afi rmaoes humanas sobre o que Deus pensa e pode! Esta
umildade faltou aos que 11 murmuraram1 ' contra
Jesus. Se en11
tendo bem, um dogma teolgico 11 deles foi que o 11 Divino 11 , se
ap~re~er na terra, jamais se revesti r de uma 11 forma pessoal
tao natural, to histrica e to humana dentro do vaivm das geraes.
No aconselhvel 11 eliminar 11 os versculos 41-43.Pois
el~s apon~am para dois fatos importantes para o pregador de
hoje: um e 0 quanto levada a srio a existncia 11 carnal 11
de. J~s~s, e 0 outro: contra Jesus surgiram protestos desde
o 1n1 c1 o.1
Sobre 0 ~so _problemtico das pe r copes escreve Bohren:
Certa~ente nao e por acaso que a falta de atual idade e o
abstra1mento da pregao contempornea andam de mos dadas
com um afeto pelas percopes. 11
11
- 369 1 11 -
Parec e - me de suma importncia com o levada a srio a existncia histrica, a origem 11 carnal 11 de Jesus!Ser possvel compreender o protesto dos primeiros ouvintes
das afirma es de Jesus como sustos incero, ou j estaro
zombando? Seja como for, ouvintes ou leitores posteriores
desta passage m joanina podero sentir certo alvio ao notar qu:: j aos ouvintes de ento,aos contemporneos de Jesus, nao foi possvel aceitar sem mais nem menos o discurso do filho de Jos e de Maria. Um cidado cuja ascendncia
carnal nao e posta em dvida - nem por ele mesmo! - afirma:
Do cu desci ! Pode um homem de incontestada e i ncontes tve l origem histrica, e ainda to mo desta, ser o enviado, o
representante, o executivo do cu? E dele depende a nossa
sorte final? (A li s, estamos passando pelas mesmas perguntas quanto autoridade 11 divina 11 e a origem "carnal" dos
documentos bblicos!)
Nossa percope um comentrio observador e narrador do c ern e da teologia joanina: Ho logos sarx
egeneto! (l,14)
Mas o Verbo no elimina a carne, nem a carne o Verbo, ou, com outras palavras: A Autoridade Divina fala e age no humi Ide filho do casal Jos e Maria. E age salv~ndo, sanando como po da vi da a natureza humana de que m
vi er ter com o Filho, ouvindo e crendo.
Nesta mensagem est o escopo da percope: O Eterno se
encontra entre ns no homem J es us, o Divino na existncia
terre~a.deste filho de Jos, o Grande Distante est perto
no prox11110 Jesus, o Pai invisvel se tornou visvel num co ~ci dado nosso por no me J esus . E a meta de sua desci da no
e sa~var a Deus, mas servir de 11 po' 1 aos que se acham subnutridos~ ma~ nutridos quanto a um comportamento agradvel ao Pai e util aos irmos.
Mas, confrontando os ouvintes de hoje com esta percope, ~ pregador se deve lembrar de uns pontos bsicos nesta
per1co~e que no
foram problemticos para os ouvintes
de.entao.' a f im de no e~igir demais dos ouvintes de hoje,
pois ser1 a falta de sobriedade e de misericrdia . Ningum
s~ entr:gue a iluses no tocante ao 11 vcuo 11 bblico -no
digo: vacuo religioso! - das nossas comunidades' Este vcuo bblico no foi o mesmo em Cafa rnaum. o "ab i smo 11 que
se abriu entre o filho de Jos de um lado e os seus ouvintes de ento, do outro lado: no nos dev~ levar a es-
G.D.B.
"Revista Eclesistica Brasileira",
38/151/1978.
- 375 -
- 374 perigoso.
21~
DO M1 N G O
G n e s i s
A P OS
TRINDADE
32,23-33 (Almeida:vv.22-32)
Erhard S. Gerstenberger
A lenda de Jac e da sua luta com Deus constitui uma
"pedra primordial" dentro da literatura bblica. E: bem difcil entend-la. Por isso, deixemos de lado, tanto quanto possvel, os nossos prprios sistemas de pensar, de sentir e avaliar, to nitidamente organizados, e reflitamos
livremente a mensagem de Deus.
1 . Reflexo exegtica.
l. 1 A cena, as figuras e as intenes do cont o sao m!s~e
riosas: Jac, como chefe e retaguarda da caravana fam1l 1 ~r,
atacado no vau de Jaboque antes 11 do romper do dia". Muitas geraes narraram e conseqUentemente interpretaram a
luta do patriarca com o elemento annimo e demonaco (cf.
o v.25; a enumerao dos versculos segue a Bblia Hebra~
ca). A origem do conto obviamente anterior f ja~s~i
ca; no incio o conto falava simplesmente de uma res1stencia herica a um demnio da noite ou do rio. Mais tarde
agresso foi atribuda a Jav mesmo (cf. vv. 28-31) Os mesmos motivos mostrandoDeus comoautordemisria imerecida,tambm se en:ontram em Ex 4,24; 1 Sm 16,14; Am 3,6_etc. _A:sim
s:ndo,a fe israelita preservou traos da rel igiao an1m1sta.
Nao existe uma doutrina quimicamente pura e intele~tual no
AT nem deve existir. Pois todos os tipos da religiao hu~a
na (alm de constiturem desvios na busca de Deus) contem
idias verdadeiras. Em casos concretos bom que a B(bl ia
ainda inclui aafirmaodequeDeusmesmosepode torna~ inimigo do homem - inexplicavelmente e sem a justificaao pronta na base do pecado humano (cf. J l9,l9ss; Mt 26,28s; 27,
46). A nossa prpria experincia testemunha um Deus nem se~
pre misericordio~o
por isso calculvel), mas um Deus l 1vre, e duro,e ate, as vezes,arbitrrio e cruel (pens~mos em
catstrofes, em guerras, doenas e acidentes etc, vistos
da perspectiva do indivduo inocente). Lutero descr:veu de
vez em quando o 'deus escondidd 1 como um poder horr1vel e
Je
1.2 Aps a adoo do conto pelos israelitas, esta a nossa viso da histria traditiva do texto, acrescentou ou acentuou-se a final idade humana nesta luta. Jac aceita o desafio divino. Quase superando o seu adversrio transumano,
ele exige de forma ultimativa a bno de Deus (v.27). Isto significa: H camadas antigas no AT que mostram uma confiana inabalada nas capacidades do homem. A criatura quase se torna um parceiro igual para Deus (cf. Gn l,26-28;
Sl 8; Ex 24 ,9-11). Esse homem tem traos do tit que conhecemos da mitologia grega; ele no s domina a natureza,
mas ele tambm pode ameaar a soberania deDeus(cf. Gn 3,4;11,
6). Partindo uni lateralmente da 11 onipotncia 11 de Deus, a
nossa teologia tende a ocultar esse fato. Mas a Bblia
bem clara neste ponto. Ela admite que o homem traz consigo, para a luta inevitvel com Deus, poder a ponto de o
Senhor sair derrotado, oprimido ou abandonado (cf. Jr 2,5
ss; 4,19-22; Me 8,31; 1 Co 15,3; Hb 9,14). O homem, por sua
vez, apesar da sua autonomia, no pode controlar-se a si mesmo (Gn 3,6; Sl 14; Rm 7,15). Infelizmente essa anlise do
homem poderoso ainda corresponde muito bem nossa prpria
real idade.
l.3 Em outro processo traditivo realizaram-se interpretaes etiolgicas da luta de Jac. Isto : Costumes ou fatos do ambiente contemporneo foram explicados e justificados atravs de referncia aqueles acontecimentos. Assim,
um certo 11 nervo do quadri 111 (v.33) foi lio medo de tocar
gado ao deslocamento da coxa de Jac (v.26). Certo, o ferimento do lutador humano pode servir de advertncia perptua de que o homem no sair da luta com Deus impune .Mas
alm disso no podemos compreender mais nem o referido costume nem a sua justificao. Basta lembrarmo-nos aqui de
que sempre existem, em todas as camadas sociais, tabus e ansiedades que s vezes recebem racionalizaes semelhantes
(cf. as nossas proibies do incesto ou do homossexualismo).
- As duas etiologias restantes tm um carter etimolgico,
isto , elas querem explicar palavras existentes. Jac
renomeado em 11 lsrael 11 (v.29). O mesmo acontece em Gn 35,9,
sem explicao etimolgica no entanto. A interpretao oferecida pelo nosso texto 1 contudo, puramente imaginativa;ela
- 376 parte do som do nome "Israel", colocando "Jac" como sujeito da frase "sarah (com) 'el'', "(ele brigou (com) Deus".Na
realidade a combinao de-'-'sarah +'el" significa "Deus luta (em favor do nomeado)". A interpretao de "Peniel" (v.
31) luz da luta entre Jac e Jav parece mais inc6ngrua
ainda. O nome deste lugar, que talvez foi um ant i go santurio, provavelmente se refere a urna viso de Deus seme lhante quela de Gn 28, lOss. O nome em si no insinua um enco ntro agressivo ( nem um encontro com Jav especificamente).
Mesmo sendo erroneas ,essas i nt2rpretaes comprovam a preocupao contnua em entender e aplicar este trecho. Em conjunto com Os 12,3-5, uma denncia radical do patriarca,essas observaes do uma certa idia dacompl ic a da histria
da transmisso do nosso conto.
1.4 Na forma atual, o texto interrompe a narraao que quer
relatar a reconciliao entre os irmos Jac e Esa (Gn 3233) Na redao final do Pentateuco vrias vezes fora destacado o conflito entre eles: J no ventre mater no os gmeos
11
lutaram 11 pelo domnio (Gn 25 , 22). Depois, jovens ainda,
eles fizeram um contrato duvidoso a fi m de transferir ao
mais novo o direi to da primogenitura (Gn 25,29-34). Tambm
nesta ?cas~o Jac age da posi o mais forte e com a mesma
determ1naao que j encontramos em nosso trecho (cf. Gn 25,
31 ,33; 32,27). Finalme nte, em Gn 27, Jaccons egue defrauda r a heran a patrimonial de s e u irmo. Nos captulos Gn 3233, no e nt.::nto, a reconciliao com Esa preeminente. O nosso trecho e claramente uma insero do redator entre Gn 32,21
e 33,l: Agora o conto da luta com Jav serve como momento
r~tardador no fluxo da narrao. Qual foi a int eno d~ comp1 lador colocando a "luta" aqui? Ele quis destacar mais uma
vez a fora e a astcia do heri? Ou ao contrrio, quis expri~ir a sua opinio de que Jac tinha que pr estar contas a
Jave antes de aproximar-se do irmo? Em todos os casos,a figura. ambgua.de Jac est no centro.da narrao. El a mostra
defeitos e v1 rtude s bem hu manos ela consegue , contudo, ar ranjar-se com De us e torn a r- se (co nf orme o plano divino e
graas pacincia de Deus) 0 fundador do povo eleito. Na
figura de Jac os israelitas comemoravam a prpria alma ambgua.
].5
- 377 aqueles sobre Jac e Esa (Gn 27-33), surgiram na terra nova, ao ~este do rio ~ord?. Pouco tempo depois da imigrao
em Canaa, al2u mas tribos israelitas comearam a colonizar
aquelas regioes praticamente inabitadas. O vale de Jaboque
era uma entrada importante para este campo. Como sempre
acontece, os colonos enfrentaram condies duras na terra
selvagem. Os contos de_Jac, ento, se localizam principalmente ao leste do Jordao (Gn 31,23: montanha de Gileade;Gn
31,49: Mispa; Gn 32,3; Maanaim; Gn 32,31: Peniel; Gn 33,17:
Sucote). Por isso, a tese deNoth parece plausvel. ConseqUentemente podemos considerar tambm as implicaes teolgicas deste "lugar vivencial". Pioneiros na colonizao
via de regra parecem ser menos sofisticados e mais realistas nos seus pensamentos. Os contos de Jac conforme Noth
mostram justamente essas qual idades. Eles f~lam de modo gr~s
sei ro de Deus e dos homens, so orientados para o homem e
seu destino, mostram admirao por aquele que se impe no
seu ambiente. Em resumo, eles refletem a luta pela sobrevivncia bem como a alegria e o orgulho na vida pioneira.
11. Refle x o sobre a situao atual
2. l Onde e como ns encontramos o Deus atacante? Essa questo possivelmente provoque uma averso instintiva entre cris~os bem e~tabelecidos. Deus somente castiga com razo; ele
e justo, nao pode ser inimigo arbitrrio. Os amigos de J
pensavam neste sentido, dentro de um sistema teolgico bem
organizado. J recusou veementemente essas idias. O
membro simples e marginal da nossa comunidade s vezes sabe melhor do que os telogos que Deus pode atuar sem motivao compreens ve 1. As frustraes profundas da nossa poca, os acidentes e as catstrofes cruis, os sofri mentas
imerecidos e inumerveis de nosso mundo no cabem num sistema teol gi co . Ser culpa do prprio homem que ocorrem tantas tragdias de dia para dia? Sim, mas o homem que sofre
sente que o abalo de sua existncia causado por uma fora alheia, horrvel e transumana. Ao escrever estas linhas
ouve-se, outra vez, que um avio com dezenas de turistas caiu, matando todos a bordo. Entre eles estavam quatro casais
italianos, recem-casados e em viagem de lua-de-mel. E quem
sabe quantas crianas, no mesmo dia, so vitimadas pela fome, pela desnutrio? Quantos inocentes so torturados , quan-
- 379 -
- 378 tos desesperados permanecem sem conforto? Em todos esses casos, a fora maior atrs dos acontecimento: p~de :er aquele Deus que ataca o homem individual sem d1st1ngu~r en~re
bons e maus. Ou sera- que um Sata- faz tu d o 1 sso.? Nao ad 1an.
ta muito implantar um esprito hostil para expl ic~r a e x istncia do mal no mundo. Pois a responsabilidade final sem
f 1qu e mos com o Deus
pre esta- como Deus todo-po d eroso. Ass1m,
atacante do nosso trecho e admitamos que este De~s pode agredir-nos sem motivao compreensvel ou imagina~el. Cer:
tamente a nossa prpria culpa, to cara na pregaao evange1 ica, no serve para resolver o problema.
2.2 Curiosamente o homem atacado no se contenta em simplesmente resistir~ agresso de fora, por e xemplo para manter o "status quo" da sua vida. No, ele desenvolve, d~ ~e
pente, uma estratgia ofensiva para combater o poder _divino e, se for poss ve 1, ocupar o 1ugar de Deus. 1sso ~ 0 testemunho claro do AT (cf. 1 .2). O homem aceita o desafio d~
Deus, reage e exige participao no poder de Deu:.
pedido de ser abenoado exatamente implica essa exigen~ia. O
poder humano se deriva de Deus mesmo, poder parc1al~nte concedido, parcialmente roubado. Neste sentido, a situao atual da humanidade muito significativa.O homem chego~
ao ponto de mais ou menos substituir Deus na administraao
do globo. As cincias e a revoluo industrial subseqUente constituem sinais do poder crescente do homem. Na su~ luta moderna para obter a bno de Deus, o homem consegui~
sucessos impressionantes e ao mesmo tempo cometeu brutalidades inditas contra a natureza e os semelhantes. Na real idade, o homem de hoje um srio concorrente de Deus, lutando contra doenas e inclusive a morte, conquistando e
mudando a face da terra estendendo o seu domnio ao espaco
' no ponto alto do desenvo 1 vime
nto
celestial. Mas justamente
tcnico, no momento da sua vitria sobre Deus, o homem tem
que reconhecer a prpria vulnerabilidade (como Jac m~ito
antes!) . O progresso aparentemente i 1 imitado da human 1dade cria mais problemas do que ele pode resolver. Podemos faci ]mente ocupar a lua, mas no temos condies de assegurar bem-estar, paz e justia na terra.
2.3
fiel desta
- 381 -
- 380 que num quadro mundial e x istem duas categori~ s ~e hoUma minoria participa ativamente na
para a supremacia no mundo, enquanto uma maioria na o tem condies de aplicar fora, mas objeto passivo ~o ~roc:sso
revolucionrio do desenvolvimento e da industr1al1za ao. _
Qual a situao do indivduo em ambos os grupos?
luta
s ganhas _
medida da verdade.
Ele tem medo de perder pos1oe
Por tudo isso vive sob a presso de aumentar os s:u: recu r
- eco nom1
sos, de consolidar e perpetuar a sua v1tor1a
_ ca 0 s
ferimentos recebidos incluem: afastamento consideravel ~a
real idade desequi 1 brio psquico mecanizao das relaoes
'
' outro lado, o 1 u ta dor
humanas; isolamento
de Deus. - Por
. _
11
passivo 11 e marginalizado tambm investe toda a sua exis
tncia na luta para sobreviver. Ganha os meios de sus~en
tar-se com a sua faml ia, meios escassos que no per~i~em
~~~s
concor~encia
- 382 -
- 383 A
D A
homem.
Bibliografia
Joo
Rodolfo J.
REFORMA
8,31-36
Schneider
1- O te x to
Quanto tradu o ou quanto clareza para a compreenso,
o texto no contm maiores problemas.
Devemos perguntar pela unidade da nossa percope . Poderia
ser includo o v. 30, mas isto implicaria o exame do relacionamento da no ssa p er cope com o texto anterior. Mas importante o relaciona me nto do nosso tex to para alm do v.
36. Porque l somente a situao conflitante dos judeus contra Jesus rec ebe a sua l ti ma e mortal acentuao. No entanto,
j no v. 33 se mostra claramente a raiz do conflito
que culminar com o rompimento definitivo e irreparvel entre os judeus e Jesus. Assim devemos ter presente a continuao dos acontecimentos narrados alm do v. 36; no precisamos, porm, deter-nos na prdica mais detalhadamente com
esta continuao.
Devemos perguntar tambm, se as pessoas que formulam a
resposta do v. 33 so as mesmas das quais nos vv. 30 e 31 se
11
consta ta que
creram em Jes us 11 H e x egetas que negam esta
identidade. No entanto, ao meu ver iramos privar o nosso
texto da sua real p rofund ida de, se e x clussemos os que "creram" (v. 31) dos que tomam a posio conflitante do v. 33.
A exigncia d e J es us e o dire i to que ele reivindica para si
so to enormes e absolutos, que tambm a leve e rpida inclinao de f (vv. 30 e
31 ) no podia aceitar e admitiresta exigncia.
A unidade do te xto deve comprovar-se pelas suas afirmaes. E, neste particular, o texto apresenta algo de especfico. No tanto pelo fato que no Evangelho de Joo s aqui
encontramos a palavra 11 ser livre''. Alis, a palavra"liberdade11 nem to f reqllen te no Novo Testamento. Mas h uma outra particularidade no nosso te x to.
Ele no fala s de 11 discpulos11,
mas do "ser verdadeiramente um discpulo" (v.31),
ele no fala s da "liberdade", mas de "ser verdadeiramente
livre" (v.36). Naturalmente, uma chave bblica nos mostrar
que estes dois advrbios "aletos 11 e 11 ont0s' 1 no se encontram
- 386 para os gentios, para seres a minha salva o at e x tremidade da terra'' (ver tambm Isaas 60, 1-3). !l luz do mundo.
A reivindicao, a exigncia, absoluta, e x clusiv a e, por isso, sumamente agressiva.
Os fariseus ainda consegu e m dominar-se e refutam o seu
testemunho com uma argumentao formal stica.
_
A segunda cena nos vv. 21-29 no se liga di reta me~te a
argumentao anterior. Mas o abismo entre Jesu~ e o s . Judeus
se acentua mais e mais. E o motivo para este d1stanc1amento
cada vez maior est no contraste da procedncia dos dois:
"vs c de bai x o, eu l de cima" (v. 23). Por isto h e~tre
ambos duas esferas vivenciais opostas . Os judeus mo rrerao
nos seus pecados (v.24). Uma maneira , apenas uma,haveria,
para fugir deste destino:-zr::-er "que eu sou" - e novamen~e os
ouvidos dos fariseus sentem a formulaao paralela a !saias
- ha- s a 1 va d or 11
43, 11: "Eu, e u sou o Senhor, e fora de mim nao
O abismo entre ambos est claramente definido. Trata-se
de um contraste de mortal e x clusividade. Isto se torna evidente na terceira cena (3l-4la), onde encontramos a nossa percope.
1 1 1 - Meditao exegtica
V. 31- "Aos judeus". Jesus est falando aqui aos fariseus
(cf. v. 13). Sempre que os evangelhos nos relatam a confrontao de Jesus com os fariseus, estamos diante d e um fato qu e nos deve abalar: Jesus no foi morto pelos ateus. Justamente os "piedosos", os mais devotos na prtica re~ igiosa
dos judeus o levaram cruz. J 100 anos antes de Cristo, o
partido popular dos fariseus fundou sociedades para apres- .
sar a vinda do
reino de Deus atravs de aes piedos~:.mais
convictas e conscientes. Eles qu e riam ser zelosos e f1e1s no
cumpri me nto da lei de Deus. E, na disputa com Jesus, certamente mui tos del e s s-e esforaram s e riamente para e x aminar a
"verdade" deles luz da palavra de Deus. Eles cometeram
"apenas" um e rro: no reconheceram com quem se confrontaram em
Jesus . Apenas isto. Mas esse erro foi decisivo. Nenhum esforo ou seriedade na interpretao da lei, nenhum engajamento social (e certamente o havia)
teria mais valor frente a esse erro capital.
E desses fariseus alguns creram nele. Certamente no foi
uma f n o sentido de Rm 1, 16 e 17. Mas ao menos havia, em um
.
com esus. Nao
ev1 a Je s us cultivar essa tenra fasca? p
0 r que e 1e
1h
d
, ,N .
r
nao, es
1z :
o s quere mos, em pr1nc1p10, o mesmo 1 t
d
. , s o e,
. r:1~0 e D~us. Vos, apena~, d~1s enfase demasiada s cer1~n1as, o importante, porem, e a seriedade ntima
_
,,7 E
d.
. .
, o co
raao .
m vez
isso Jesus rejeita qualquer possibilid d
a e
.
.
de enten d 1me nto. At1 ra-lhes ao rosto o que mais prof nd
.
.
_
u amen _
te d ever1a f e rir a sua consciencia presa na Tora. Uma
.
d
''b 1
f- .
"
f
seq en
c~a
e
as e m1 a s
e de o ensas se abate sobre eles. "Se
11
vos permanec e rdes na minha pa.!_avra ...
Corno? E a Tora as
palavras reveladas a Moises (E x 20)? No aprenderam ees
.
d esta pa 1 avr~ de Deus: " Ponde, pois, estas minhasa parespeito
lavras no vosso c o ra ao e na vossa alma ... ensinai-as a vossos filhos ... Porque, se diligentemente guardardes todos estes m~ndame~tos, ning~m vos poder resistir ... ''?(Dt ll,18ss)
E aq~~ a~guem c<;>ntrapoe as sua~ palavras s de Deus e exige
obed1enc1a? O f1 lho de um carpinteiro de Nazar? Um homem de
carne e sangue e x ige que os fariseus se tornem os seus seguidores.
u- _
ao da
que esta afi rmaao
poe
_ d1gn1da.
de singular de seu povo, comprovada pela d:scend e ~cia do
grande patriarca lcf.Mt 3,9). Ce rta mente nao queriam negar
a sua dependncia poltica. Ante s l e gies romanas em Jerusalm isto seria ridculo. Mas nem por isso se tornaram
escravo~. Eles tinham conservado a sua dignidade huma~a e
sua liberdade ntima, no se curvando a tradies alheias ou
ao culto pago do imperador romano. Com orgulh~ podiam relacionar a sua existncia de Abrao, pai da fe, exemplo
de fidelidade a Deus, cuja descendncia no foi apenas bendita (Gn 22 17s), mas tambm declarada e xpressamente ~ovo
escolhido d~ Deus (Dt 14,ls). Indignados, rejeitam, poi~,
oferta de Jesus.
V.34 - Mas Jesus pe o dedo numa ferida.
h am c onsc1que nenhum fariseu negaria (cap. 8)7s ) . Todos t1n
ncia do pecado. "t mau o desgnio do homem desde a sua mocidade". (Gn 8,21) Quem comete o pecado,
o seu escravo.
V.36 - E seja qual for a situao dos judeus e dos hom:ns
frente liberdade a verdadeira 1 iberdade s existe _la onde esta dependncia ' de escravo for cortada - e isto s? poder realizar-se atravs do Filho. Porque s o Filho fica pa- na comun h-ao com 0 eu s - Toda
ra sempre na casa, isto e,
_ esta
.
argumentao de Jesus devia provocar a mxima repugnancia
nos seus ouvintes. Que eles deixassem de ser filhos, apes~r
do pecado - nunca. "Ns no somos bastardos; temos um pa 1
que Deus" (v . 41).
E nos seus ouvidos ressoa a pal~vra de
Isaas (41,9): "Tu s o meu servo, eu te escolhi e nao te
rejeitei". E, quanto libertaao do pecado, a palavra ~a.
d1 a '
lei clara: "Ao Senhor, nosso Deus, pertence a m1ser1cor
e o perdo"(Dn9,9;cf.Sl 130,4). Este blasfemador pretende
colocar-se no lugar que compete unicamente a Deus.
IV - Subsdios para a prdica
l. "Pecado" se tornou um vocbulo inexpressivo. No culto surge , no ma x 1mo, um sentimento indefinido de culpa. Os_
dois as pectos perderam o contedo, tanto o ''Pequei contr~ ti '
contra ti somente" (Sl 51,4),
como tambm a concretizaao
do pecado na vida diria . Estamos muito n1ais dispostos a
- 391 -
- 390 ente? A tradio, a rotina da vida crist, fez de ns atores que j no tm mais perspiccia para descobrir o cncer
na medula do nosso ser.
3. 11 S se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis
livres" (v. 36). "Na palavra de Jesus pode mos e devemos permanecer, porque na palavra de Jesus retorna a ns a nossa
ptria perdida. No mais assim que ns dev s semos procurar a ptria,onde todos pudssemos permanecer; mas esta ptria
vem a ns na palavra de Jesus e nos envolve de todos os lados, pondo um fim a todas as nossas aspiraes, perguntas e
desejos por outras moradias'' (K. Barth, "Frchte Dich nicht".
Prdicas dos anos 1934 - 1948, Muenchen, 1949, pg. 29~).
4. Dia da Reforma. Uma prdica no Dia da Reforma nao se
pode_deter em procurar os eventuais traos paralelos da si-.
tua~o dos judeus (presos em sua tradio) com J es us e da s1tuaao de Lutero frente Igreja e ao Papa h 400 anos. Tudo
isto tambm j se tornou tradio e, por conseguinte, entra
em _::onflito com a oferta de Jesus. "Somos descendncia de Abr~ao e jamais fomos escravos de algum; como dizes tu: sereis livres? 11 (v.33)
O cristianismo esteve, sempre de novo,
no perigo de compreender e interpretar a revelao da vontade salvfica de Deus como uma posse, um santo domni?.Os
lavradore s qu erem ser os proprietrios da vinha e d::cid~r :obre a sua administrao. Mas a descendncia de Abraao nao e
~ma posse. "Destas pedras Deu s pode suscitar filhos a_Abraao" (Mt 3,9) . A verdadeira liberdade n o uma situaao esttica, racionalmente demonstrvel
herdada dos pais ou legada pela tradio, mas consiste n~ relacionamento dinmico,
pes soal, vivencial com a verdade de Deus- Cristo. As tradies rel!giosa:, tambm as tradies bblicas, no s~ a_casa do pai, a_patria eterna, nem podem conduzir-nos ate la.
Estas tradioes se transformam nas mos dos homens, em escravi?o, e no podem vencer; pecado. Apenas o filho nos
conquistou o direito de permanncia na casa do pai.
"Cristo somente!" A Igreja da Reforma a Igr e ja do "somente Cristo", 11 somente pela f sem as obras da lei", "somente pe la graa", "soment e a Escritura". Mas isto no pode servir mais no Di a da Reforma com base de controvrsia e
polmica contra a Igreja Catlica. A promisso do discipulad o verdadeiro e da verdadeira liberdade uma incumbncia reformatria para todas as confisses crists.
O Dia da Reforma deve testemunhar o que Lutero descre-
Veu da seguinte maneira: "No meu corao domina e dever dominar este nico artigo, isto , a f no meu amado Senhor
Cristo, o qual o comeo, o centro e o fim do todos os meus
Pensamentos espirituais e divinos, que eu possa ter sempre
de dia e de noite. Todavia eu sinto que da altura, profundidade e largura desta incomensurvel, incompreensvel e il irni tada sabedoria s consegui captar um insignificante e fraco comeo, e mal e mal pude trazer luz alguns pequeninos
degrauzinhos e pedacinhos desta mina mais preciosa e rica".
(WATi 6 Nr. 6608 Muenchen Georg Mueller 1925, l~ edio, torno 8 , p g . 3 9 8) .
V -
Bibliografia
lei-
ANTEPENLTIMO DOMINGO
Mateus
DO ANO ECLESISTICO
12,38-42
Martin Volkmann
1
392 -
Preliminares
393 -
1 mas J
.- constava
.
u nao
e- or1g1na,
assim em Q. Alterando a seqUncia das duas sentenas Mt consegue dest acar a1n
d a mais
- 394 11
- Consideraes exegticas
1. O pedido por um sinal dirigido a Jesus pe l os lderes judeus. Eles so os responsveis pela orientao teolgica da comunidade e, como tais, eles devem analisar criticamente todo aquele que se apresenta como profeta ou messias
(Dt 13,2ss). Portanto, atrs desse pedido no se esconde a
curiosidade pelas qual idades e xt raordinrias desse milagreiro.
Isso pde ser comprovado h pouco na cura do endemoninhado.
Mas eles querem uma comprovao de que Deus est atrs dele,
ou melhor, eles querem de Deus uma
prova de que ele mesmo
est falando a eles. Isso est e x presso mais claramente em
11
Me e Lc: "um sinal do cu 11 . Mt o expressa pelo passivo: ne11
nhum sinal lhe ser dado . Com isso esse pedido visa esclarecer a relao entre Deus e Jesus de um lado, e das pessoas
interess~das no sinal
e Jesus, por outro lado. O que :1es
es~eram e que Deus confirme claramente que esse Jesus e alguem autorizado por ele,para que eles, por sua vez, possam
se definir claramente a favor de Jesus.
2. A~esar dessa motivao aparentemente sria do~ q~e pedem um sinal, Jesu o nega. Porque aqui lo que eles objetivam
- crer nele base do sinal - no f, mas exatamente falta
d~ f. t falta de f, porque se exige de Deus que ele justif~que a s~a forma de agir. No f, porque se pensa pod~r
por De~s a prova fazendo-lhe exigncias. Exatamente por isso
~le: sao "uma gerao m e adltera 11 (Os 2,2ss; 5,3-4): Ao
inv~s de viverem com e na dependncia de Deus, ouvindo o_seu
enviado e lhe dando ouvidos, eles se afastam dele (adulterio)
e passam a agir contra a sua vontade (maldade).
3. A negao categrica do pedido limitada, sob certa
forma, c~m a referncia "seno o do profeta Jonas 11 . Co~o :e
entende isso? Essa aficmao um jogo de palavras e nao e_
~ma resposta clara; ela , sob certa forma, uma charada. So
e compreensvel para aquele que tem ouvidos para ouvir. E isso exatamente o que falta aos escribas e fariseus. Porque
ao e x 1g1rem um sinal parapoderemcrernele eles exatamente
evidenciam que no h sintonia entre ambo~. Se houvesse tal
sintonia , eles compreenderiam essa charada. Mas ainda, eles
nem sequer e x igiriam um sinal. As sim sendo, ele prprio, Jesus, o Fi l~o do homem, o sinal no sentido de que nele os
ouvintes sao confrontados co m o prprio Deus. Jesus o sinal
de que o reino de Deus est a (veja Mt 11 ,4ss) .
11 esta geraao
- 11 possui se vem
q~e
desafiados pela pregaao de um profeta ou pela saedoria de
11
um rei
E eis aqui est quem maior do que Jonas (Salomcl 11 .
Es s~s _d ?1 s vers 1
r
cu los destacam, pois, a majestade, o extraordinar10 que se apresenta com Jesus: aqui se apresenta no
1. As "condies" para a f
.
O pedido por um sinal manifestado pelos escriba~ e :ariseus evidencia as condies sob as quais eles es~ao dis
de _ conpostos a entrar em dilogo com Jesus. Essa .1mpos1ao
dies acompanha todo o caminho de Jesus, desde a tenta~ao.a
t a cruz onde ele saudado pela blasfmia e p~lo escarn~o
dos lderes religiosos (Mt 27,42). Essa imposiao de condies a caracterstica do homem frente aos desafios e questionamentos do mesmo. Antes de se expor preciso ter garantias; antes de correr o risco preciso estar certo de que
vale a pena.
Onde se manifestam essas "condies 11 hoje? Onde, sob 0
pretexto de salvaguardar a f e a doutrina certa (tar~f~
dos escribas e fariseus!), ns impomos as nossas condi?es?
Al guns exemplos para a reflexao
sem quererem se r af1 rmaes categricas: O fanatismo religioso, de um lado,.e relativizao da f, por outro cada qual fechado em si me:m~,
podem ser formas de impor a ~ua condio. O_fant~co religioso se concentra cada vez mais em sua rel igiao e nao observa
onde ela enveredou por um beco sem sada, por exemplo,f~lta
de engajamento social, excluso de pessoas que pensa~ diferente, etc. A relativizao da f encara cada vez mais essa
f como enfeite, um calor de domingo, e esquece que, pel~ con'
trrio, a f uma vivncia diria. Tal f relativizada e esquizofrnica, sem conseqUncias. - O pedido por um sinal tambm pode estar escondido atrs de oraes atendidas. Numa necessidade concreta eu oro a Deus para que seja libertado da
situao aflitiva.
Solucionado o problema, est a a comprovao da minha f e a prova de Deus para eu cont~nuar na
mesma f. No pode estar oculta a uma certa imposiao de con'
dies a Deus?!
Isso no est muito distante das promessas
j<:rnai~
2. A incondicional idade da f
Porm, nessa tentativa de ter certeza e de no correr o
risco de errar, respectivamente, no medo de se expor ao
qi_:estionamento da posio assumida se manifesta a falta de
fe. Os escribas e fariseus se aproximam de Jesus com intenes srias, srias demais. Porque, sob a necessidade desa 1vaguarda r a doutrina certa, ficam to presos a si mesmos, to 'introvertidos 1 que no vem a urgncia do momento. O seu dogmatismo os ofusca e fecha para toda e qualquer crtica que
procura mostrar a estreiteza e conseqUente perda de rumo de
:ua posio. Por isso o firmar p nessa convico para pSr
a prova o desafio colocado por Jesus no evidncia de f,
mas opo contra a f, contra Jesus, contra a vida; opao pela r.iorte.
A opo por Jesus i ncond i c i ona 1 , porque toda a nossa
pessoa, com todos os condicionamentos e na condio em que
se encontra, est em jogo. A opo que se coloca a opo
de vida ou morte; a prpria pessoa est em jogo.
O 11 sinal 11 de Jonas no um sinal, mas antes umenigm~,
uma charada. Por ser o relacionamento com Deus algo
tao sublime, por ser Deus o 11 totalmente diferente", ns o
coloca mos 1 1 on ge. Ns e remos que o encontro com Deus deve
dar-se numa esfera fora de nossa situao miservel e pouco
divina.Mas exatamente nessa situao concreta,na pessoa de
Jesus, se d esse encontro: no Jesus morto e ressurreto o
prprio Deus est presente. Ns impomos as nossas 11 condies 11
- deve concordar com nossa dogmtica; deve atender a nossos
anseios de f; deve corresponder s nossas expectativas;no
- 398 -
- 399 -
pode p2.r em dvida a nossa religiosidade, etc. - e no vemos que nessa condio concreta de nossa vida se d o "sinal de Jonas' 1.
gischer Handkommen tar z u m Neuen Testament. Berlim, 1968.JEREMIAS, J. - J o na s . ln: Theologisches Woerterbuch zum Neuen Testament, 111.
RENGSTORF, K.H. - Semeion. ln: Theologisches Woerterbuch zum Ne uen Testament, VI 1. - SCHNIEWIND,
J. - Das Evangel iu m nach Matthaeus, ln: Das Neue Testament
Deutsch . Vol. 2, Vandenhoeck/Ruprecht, Goettingen, 1964.
3. O momento especial
Esse desafio foi compreendido por pessoas que no tinham
as condies para tal: os nini vi tas e a rainha do Sul, portanto pagos, compreenderam que eles mesmos em pessoa esta vam em jogo. Nisso consiste a vantagem deles sobre "esta gerao11.
A nossa situao atual muito seme lh ante da percope.
Ns somos o novo povo de Deus. Ns somos os portadores da
mensagem da cruz.Ns nos denominamos com base no Cristo - cristos. Mas a pergunta que se nos l evanta essa : de que lado
ns estamos? Ns pertencemos a "esta gerao" ou fazemos parte do sqito dos ninivitas e da rainha do Sul? Trs tpicos
para exemplificar isso:
Como Igrejas tradicionais somos perguntados se com toda
a nossa tradio, nossa teologia, nossa estrutura, damos possibilidade a que as pessoas sejam confrontadas com o Cristo.
O crescimento das Igrejas pentecostais, das seitas, de grupos esotricos no ser um alerta para ns de que outros se
levantaro no juzo com nossa gerao e nos condenaro?
Nossa Igreja desafia seus membros a tal ponto de seu
cristianismo no ser simples "vestimenta de domingo", mas o
elemento motivador para toda a vida e todos os momentos da
vida?
Esse Jesus morto e ressurreto Deus em nosso meio, a
resposta a todo o procurar humano. At que ponto ns reconhecemos isso para ns e vivemos essa novidade de vida a tal
ponto de sermos testemunhas deste Cristo na amplitude de toda a nossa vida e de todo ambiente universal. De que forma
ns tornamos visvel: este o momento especial!?
Bibliografia
BORNKAMM,G. Meditao sobre Mt 12,38-42. ln: Gttinger Predigtmedi tationen , 1958/59, pp. 276-279.- BULTMANN, R. -Die
Geschichte der synoptischen Tradition, 3 ed. 1 Vandenhoeck/
Ruprecht, G~ttingen, 1957. - FALKENROTH, A. - Meditao sobre Mt 12 , 38-42. ln: Hoeren un Fragen. Vol. 5, pp. 549-557.
- GRUNDMANN, W. - Das Evangelium nach Matthaeus. ln:Theolo-
INTRODUO TEOLOGIA EVANGLICA, Karl Bar th, trad. Lindolfo Weing!:l.rtner, Editora Sinodal 1976, 2':- ed. 1979, 163
pginas.
A ltima preleo feita por Karl Barth em Basileia,
no ano de 1962, seu " canto de cisne", oferece um resumo
su_:into de suas ideia s bsicas. A humanidade de D.eus,sua
aao-palavra , ~renunciada em J~sus Cristo de uma vez pa
ra sempre' tambem nestas preleoes representam centro
ponto-de-partida. Mas estas ideias, em contraste com
a
vultosa obra da "Dogmtica da Igreja", so desenvolvidas
a partir do trabalho do telogo, do abalo que este
vem
sofrendo, de sua dvida, su'.: tentao, sua orao e seu
estudo - sob o aspecto da fe, da esperana e do amor. Po
der~mos toma~ a _ liberdade de colocar em lugar do telogo
? simple~ c:._ristao: Em todo o caso encontraremos uma boa
i~troduao a obra de Karl Barth, de sua prpria formula ao. Este legado se revela como livro eminentemente pess?al, de c~rter profundamente poimnico, Mais que cincia - contem sabedoria.
-1
- 40 l -
PENLTIMO
Ma
Gerd
te
DOMINGO
u s
DO ANO ECLESIASTICO
25, 14-30
Uwe Kliewer
O CAPITALISMO
DO
REINO DE
DEUS
1 - Texto e contexto
A parbola dos talentos encontra em Mateus a sua formulao mais orgnica e consistente . O relato paralelo em Lc
19, 11-27 parece um pouco confuso, entremeado com outros~
lementos e colocado numa situao diferente. A minha meditao se baseia, por isso, no texto de Mateus, considerando
Lucas s marginalmente. Se e com que propsito Jesus contou
esta parbola e se as suas intenes eram as mesmas que
tradio da comunidade de Mateus deu mesma, no o uso r:sponder. H concordncia geral de que ela se refere ao Reino
de Deus. As variantes do texto so muitas, mas nenh~ma me
parece ter importncia exegtica . A mensagem da parabola
no reside tanto nas palavras quanto nas imagens e no enredo. O que ela nos diz depender de como transferi rrnos as
imagens realidade.
O enredo: Um homem, ao ausentar-se da sua terra, chama
os seus trs servos (hoje seriam empregados) e lhes e~trega os seus bens.
D a cada um conforme as suas capac 1 dades
e habilidades: ao primeiro 5 talentos, ao segundo 2, ao ter ceiro l talento (que corresponde a mais ou menos 20 kg de
ouro, Cr$ 200.000,00). No lhes d instrues e xelfcitas ~
respeito de como proceder com este dinheiro; sera que su~oe
que eles o sabem? (Em Lucas os servos
recebem a incumbencia de fazer negcios com o dinheiro).
Sem instrues precisas, os servos assumem atitudes diferentes a respeito do
recebi de: Os dois primeiros se lanam a trabalhar com o seu
lote e duplicam-no. O terceiro cava um buraco na terra e esconde o talento recebido. Depois de muitos anos volta o senhor e ajusta contas com os seus empregados. Os dois primei-
ros, sem que no s seja re l atada uma explicao ou justificativa sua (as suas palavras no expressam mais que orgulho),
devolvem o dobr o da soma recebida. O senhor os elogia: 11 Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel no pouco, sobre muito
te colocarei : entra no gozo do teu senhor.'' No h dvida
de que o senhor considera a atuao deles como certa. O_ terceiro, com temor, vem devolver o talento que guardara tao seguro na terra, ex plicando: "Senhor, sabia que s um ho~em
exigente, que c e ifa onde no semeou, que ajunta onde nao
distribuiu. Tendo medo desta tua severidade, escondi bem o
11
teu talento, para poder devolv-lo inteirinho. Aqui est.
E o senhor? Responde-lhe: "Servo mau e preguioso! Conhecias as minhas exigncias; por que no levaste ento o dinheiro aos banqueiros, para que pelo menos eu o recebesse de
volta com juros? Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao gue
tem dez! 11 - O que segue, no v. 29, j uma interpretaao,
uma tentativa de refletir e resumir o significado em forma
de um ditado popular (j conhecido tambm da explicao da
parbola do semeador, Me 4,25 pars.), e o v. 30 repete um
motivo predileto de Mateus : "lanai-o para as trevas, l fora, onde haver chor-o e ranger de dentes 11 (Mt 8, 12;22, 13;
24,52).
A parbola est colocada, juntamente com outras, entre
o anncio da parusia, a in stituio definitiva do Reino de
Deus (Mateus sempre usa "Reino dos Cus"), precedida pela
grande
tribulao, e o infcio da paixo do Senhor. Ela se
situa, portanto,
num contexto escatolgico (o que, provavelmente, mot iv ou a colocao desta perfcope no fim do ano
eclesistico) . Ao anncio da parusia precedem dias de relativo sucesso e mostras de poder de Jesus em Jerusalm (entrada triunfal, purificao do templo). Isso pode ter despertado esperanas entre os seus segui dores, mas Jesus, nas
suas palavras profticas, deixa claro que o Reino de Deus
ainda no est estabelecido; viro sofrimentos, perseguies,
Provaes, morte. Ele desaparecer, mas para voltar em glria para o jufzo fina l. As parbolas dos caps. 24 e 25,bem
como a descrio do grande julgamento, querem ento ensinar
e exemplificar as atitudes a serem tomadas pelos seus discpulos,
durante a sua ausncia. As exigncias do Reino no
tempo da espera so: vigilncia, preparao, dedicao, prtica do amor ao prximo.
- 403 -
- 402 -
11 - Meditao
l. O que a parbola nao pretende:
a) Apesar de o v. 29 exprimir exatamente a l ei do capital ismo ( 11 Ao que tem ser dado e ter em abundncia, mas
quem no tem, at o que tem lh e ser ti rado 11 - basta s observar o desenvolvimento da distribuio de renda no Brasil
nos ltimos anos para confirmar essa lei do nosso s ist ema
econmico), a parbola no se presta (felizmente~) para uma
defesa do sistema capital is ta.
Todavia, no h dvida que ela se refere prtica capitalista do tempo de Jesus. A expanso do Imprio Romano e
a relativa paz estabelecida dentro dele permitiram o desenvolvimento de um comrcio florescente, que dava bons l~c:os
ao investidor hbil. Temos notcias de um sistema bancarto
incipiente e de um forte fluxo de mercadorias no Imprio,
como tambm de uma explorao econmica efetiva. Surgiram_
atividades capitalistas (economias de mercado simples, pre-capit~l istas,di riam os mar xistas), ligadas principalmen~e
ao comercio, que proporcionavam oportunidades de apl icaao
de d!nheiro e de acumulao de capitais, com riscos altos,
mas iguais chances de lucro. Podia-se "trabalhar com o seu
dinheiro 11 . E jexistiamos 11 executivos 11 ,
os ''oikonomoi 11 ,
servosqueadministravamcapitais alheios.A nossa parbola
u:a os conceitos e imagens da real idade econmica contemporanea para ilustrar uma das atitudes exigidas pelo Reino
de o:u~. resta atitude que interessa, no o pro cedimento
economtco descrito.
b) A parbola tambm no se presta para mostrar como
~eus distribui entre os seus os diversos 11 talentos 11 , isto
e, dons, capacidades, inteligncia etc., para depois mostrar
que 0 i mporta nte no quantos dons cada qual recebeu, mas
se e como ele os desenvolve e aplica na vida. O talento da
nossa parbola no 11 aptido natural ou habilidade adquirida11 (Aurlio). r dinheiro, e querer equacion-lo com o
nosso conceito atual de 11 talento 11 no d certo. Po r qu?
Porque os trs servos j tm os seus ''talentos", as suas
aptides e capacidades particulares(= dynamis, v.15), que
servem de critrio para comissionar-lhes o dinheiro em lotes
correspondentes .
2.
ensinar?
Ela ilustra um fato a respeito do Reino de Deus, j presente neste mundo, mas ainda no realizado plenamente. Qual
este fato?Procurareiu ma resposta, tentando aplicar as image ns rea l idade.
Os servos sem dvida representam os discpulos de Jesus.
Podemos i den ti ficar -n os com eles.
O senhor que se ausenta
e volta,dentro do conte x to, pode ser interpretado como
sendo Jesus Cri sto. Ele parte e deixa os seus servos encarregados de adm ini strar as suas posses. J esus no faz o mesmo?
At a, tudo bem. Mas o que so os talentos? Em outras
palavras, qual a moeda corrente do Reino de Deus (pois dele fala a parbola)? A resposta fundamental para o entendimento. Conforme um socilogo alemo, N. Luhmann, os sistemas soei ais complexos necessitam de meios de comunicao,
cdigos simblicos, que ligam os diversos subsistemas e garantem o seu relacionamento e intercmbio. 1) Para o sistema
econmico este meio o dinheiro, o instrumento de permutao, o smbolo capaz de representar e expressar todos os valores produzi dos e em uso na economia. Em termos concretos:
pelo dinheiro se realiza o intercmbio entre mo-de-obra, fabrica, produto e consumidor, ele que permite o funcionamento de um sistema econmico to complexo como o nosso. Luhmann , pensando sobre os sistemas religiosos, chega concluso de que o me io de comunicao destes a f.
Seria e nto a f o equivalente real do talento? Cabe
aqui outra considerao a respeito do dinheiro. Este, em
espec ial nosso papel-moeda, no possui valor verdadeiro, mas
tem o seu valor some n te porque, por consenso geral e instituio oficial, representa simbolicamente valores de mercadorias reais e pode ser usadoparaaaquisiodelas.Ea f? Conforme Mateus,
e la se relaciona ao anncio do Reino de Deus
por Jesus, ao seu ens ino e prtica correspondente:arrependimento e grea, cumprimento da vontade de Deus, salvao integra l, a prtica do amor,
a dinmica de expanso (fundamenta l para a estabilidade de qualquer moeda). Esto a os valores reais que fundamentam a moeda do Reino, a f. Deles a
f a repres entao (e a manifestao) simblica. Que eles
tm a sua situao neste mundo, nos acontecimentos do dia-a-
- 404 -dia, permeando todas as estruturas e sistemas, nao se discute mais, basta ler os relatos dos evangelhos.
O senhor, depois de equipar cada servo com uma soma de
dinheiro, conforme a sua capacidade, se ausenta. Assim tambm o nosso Senhor deixou este mundo, incumbindo-nos, cada
qual com seu talento, de trabalhar para o Reino de Deus. Agora ns estamos na vez
(cf. Mt 28, l9c). E de novo vale 0
paralelismo com o dinheiro. Este s adquire valor real, qu~n
do for transformado em capital, isto , em meios de produ~o
e produtos. Abstrado do seu par, o capital produtivo, o dinheiro no nada nulo, pois capital tem que ser, por definio, produtiv;. O valor produzido, porm,tem que s:r rea-_
l izvel no mercado, para o capital dar lucro. O lucro e o mo
tordo sistema. O mercado, contudo, pode no absorver o produto, por ser mal feito, no corresponder s neces~idades etc.
Transformar dinheiro em capital sempre inclui um r1sco_de~
tro do sistema capitalista. A gente pode perder tudo, 1 r a
falncia, se no estiver altura das exigncias do mercado._
O talento do Reino de Deus tambm exige ser empregado pa
ra virar capital. Tem que ser aplicado s situaes ees~oais
e interpessoais, s estruturas sociais e polticas, ~s 1 ~s
tituies, tanto seculares quanto eclesisticas. ~nt~o vira
produto - amor ao prximo solidariedade, rnisericord1a, men- - ou melhor
'
- - g ru pos de
sagern de sal vaao
ainda me .1o de p roduao
conscientizao, SICA: CESE, DIACdNIA. Assim d luc:o, cresce o Reino de Deus. Mas s colocando o talento em r1sco,_abrindo a mo do dinheiro, se chegar a estas concretizaoes.
Tenho que entrar no mercado com o meu lote, aceitar o desafio da concorrncia - outras ideologias, instituies adve:sas; corro o perigo de ser derrotado, de naufragar com a min~a f, de perd-la.Sujarei as mos no esforo de fazer i:r~du
z1 r o meu talento, s vezes at com o sangue do meu prox1rno,
corno aconteceu com Camilo Torres e outros, que levaram o seu
compromisso at a ltima conseqUncia. Em casos corno estes
ficaremos em dvida se o talento foi bem empregado. Talvez
no nos sobrar nada mais que frustrao, decepo. Mas posso tambm lucrar, alcanar urna vida mais plena, comunicativa, alegre, antecipao do gozo final. E, se vencer, o Senhor me contar entre os servos bons e fiis. Ser fiel, ento , no significa cuidar, guardar bem os talentos recebidos,
mas po-los em risco, a prova, livrar-se deles para faze los
circular no mundo.
- 405 Arriscar, p o r m, parece no ser algo para todos, principalmente e m ma t ria de f. E'. impressionante quantos cristos
procuram, na su a r e ligio, urna coisa segura, firme, imutvel
- tal vez em comp e nsaao de toda a insegurana e mudana, em
que foradamente vi vem. Uma moeda estvel em toda essa inflao, moeda qu e ma ntm o seu valor inalterado, prpria para a economia tran s cendental. Mas o talento do Reino de Deus
no possui estabi 1 idade absoluta. Depende, como qualquer moeda, dos valor e s produzidos com o capital que representa (quem
produz com o capita 1 naturalmente o homem). H, porm, os
que no se conscientizam disso, vem no talento_do Reino um
valor absoluto, to pr-ecioso que resolvem guarda-lo, enterr-lo num lugar seguro, o mais seguro que conhecem. No tempo de Jesus isso era uma cova na terra. Hoje, provavelmente,
seria uma cai xa -forte, de ao, prova de fogo, com fechadura de segurana.
Enterrar o talento do Reino, que vem a ser isso? Parece-me que um lugar, onde podemos enterr-lo hoje 1 so,a~ estruturas eclesisticas.Transforrnamo-las em armaoes r1g1das,
i rnutave is, de cone reto armado, prova dos fogos do tempo,
das intempries do processo histrico, e depositamos nelas o
talento do Reino. L ele est seguro,seguradoporuma seguradora transcendental (o nosso grande engano!). Colocamos ainda algum pessoal especializado em cuidar dele, em mant-lo
brilhante e limpo, e depois, de vez em quando, em ocasies
especiais, nos ace reamas para abrir o cobre (ou o buraco na
terra), para ver se ainda est a. Apreciamo-lo, rendemos-lhe culto,certificamo-nos de que est disposio para o
dia da prestao de contas. Alis, no se deveria esquecer
que tambm uma Faculdade de Teologia pode servir de cofre do
talento, mantendo-o lustroso e claro, mas improdutivo.
Muitos no confiam no "cofre pblico 11 da igreja. Abrem
o seu buraco particular, meio s escondidas, o seu crculo
pietista ou bblico, de orao,ou se empenham, neste crculo,
a preservar e defender a sua f; olham, analisam, viram e revi rarn o seu talento, mas no o arriscam, no abrem mo dele.
E 1e a garanti a da sua re 1ao com o Senhor (no foi ele
quem
lhos deu?). Como ento desligar-se dele, p-lo em risco?
No me entendam mal (pelo menos no mais do que necessrio).
No falo contra as estruturas, os crculos, mas contra a sua transformao em cova do talento do Reino. Assim
- 1- 407 -
te u. 11 No este qu em maio1- respeito mostrou para com a ddiva recebida? O medo de que fala deve t-lo acompanhado todo o
t empo da ausncia do Senhor. (E no observamos, freqUenteme nte, este medo naq u e 1es que to ansiosamente se empenham
a guardar, a d efe nd er a sua "f"?) Era justificado este medo do senho r?
t'. verdade, ele exigente, severo, zeloso para com os seus bens. Mas no no senti do em que o servo o entendeu. Ele n o que1- t emor , respeito reverncia sua ddiva. No quer v-la transformada em smbolo da sua existncia,
em garantida d e sua volta. Quer v-la transformada em capit al, em obras de amor, de esperana, em sinais do Reino de
Deus. No se inc omoda que o talento original se perca,desde
que em lugar d e l e lhe sejam devolvidos outros tantos. O servo no conheceu bem o seu senhor, no entendeu o que ele
pretendia ao distribuir os seus bens. E por isso perde tudo
e termina '.'l fo~a, nas tr:=vas, onde haver choro e ranger de
dentes." Sinto do dele.
Nao seria a hora da misericrdia
da ~raa? O~vi amente no. E'. hora de juzo. De graa , nes~a
parabola, nao se fala.
111
Para a prdica
A par~b<?la um "con~o", que, de forma alegrica, procura expl 1 c1 tar uma r ea l idade, uma mensagem superior ao seu
enredo. Usei novas imagens alegricas para aproximar-me a
es ta mensagem. Parece-me que o texto se oferece para contar
'' casos", i:to ~. concret~zar ainda mais as comparaes feit~s na med1taao, aumenta-las e transform-las,sempre partindo da r~alidade scio-econmica e religiosa do ouvinte.
Este devera reconhecer, nas imagens e nos ''casos" apresentados, as atitudes suas e de seu grupo, para formar no melhor dos casos,
critrios de auto-avaliao.
'
1) Cf. N. Luhmann, Gesel lschaftl iche Evolution und reli gil)#
se Dogmatik (Manuscrito mimeografado).
- 408 l '?
D O M
N GO
Hebreus
DE
ADVE NT O
10,19-25
Joachim Fi sc her
A. A s ituao da comunidade: As comunidades s quais se dirige a Carta aos Hebreus, lutara m e sofre r am, no passado,por
causa da f crist (10, 32-34).Naquela lutaos cr i stosesta~arn
disp ostos asuportar tudocomalegriapor causa do Senhor.: Mais
tard e, por m, o zelo de f diminuiu bastante. Os cristaos e nfraqueceram e cansaram (cf. 12,3 e 12 s.) Comea ra m a duvida r da possibilidade de a lc a n a r a meta da f e vid a c rist (cf. 3,14; 10,36). Desist ir am da "co nfis so da espera na "
(cf. 10,23) . Algun s abandonaram as r e unie s d a comunidade,os
cultos (10,25), ou apostatara111 da f (6,6; 10 ,29) . Ap a r en teme nte houve tambm tendncias sectrias.
~ual a situao da nossa comunidade hoj e? Quais _s~o
os principais perigos que a ameaam? No h resposta valida
P~ra todos os casos. Ca be a cada pregado r recon hece r e ana1 isar clara e francamente a situao de sua comunidade.Mas
podemos fazer duas observaes.
a) Em cada comunidade, provavelme nte, haver pocas em
que di minui o zelo de f, e nfraquecem f e vida c r ista, surge um cristianismo meramente tradicional e p ass ivo.
. ~) Ta mb m pode se r que uma comunidade seja afl i g~da
prin c ipalme nt e pe las atividades de outras Igr e jas, seitas
e_ religie s, ou que haj a o perigo de ela sucumbir s ~en~a
oes doatesmoprticoquesemanifestanaatitudematerialista
danossapoca;entomembros da nossa comunidade filia m-se a
outras congregaes religiosas ou ficam sem f alguma.
Esses pensamentos no necessariament e precisam ser concentrados na parte introdutria da prdica. Com uma a nlise
demasiadamente pessimista do mundo, da comunidade ou do homem o pregador poderia "matar" os ouvint es antes de chegar
mensagem evanglica. Mas nos devidos lugares da prdica
deve-se falar claramente dos perigos que ameaam a comunidade, para que cada qual saiba de que se trata.
B. A inteno da prdica: Numa situao de tentao e aflio , o autor da Carta aos Hebreus est profundame nt e preocupado com a vida espiritual e prtica das comunidades. Quer
fortalec- l as, para qu e possam re s istir a todas as tempest a -
- 410 -
411
- 412 1. "Aproximemo-nos!" (v.22) Somos admoestados a ter um "corao sincero", isto , a entregar-nos total e irrestritamen te a Deus, assim como somos, e a caminhar na estrada da ~as
sa vida de maneira franca e sincera, sem segundas intenoes,
diante de Deu s e dos homens. Somos admoestados a levar uma
vida "em plena certeza de f", o que no te x to original sig nifica uma vida de f intensiva. Deus oferece -n os a comu nho com Ele; por isso devemos pratic-la e cultiv-la (culto!) (cf. 4, 16).
O que se deve entender sob uma vida "em plena certeza
de f", mostrado na "grande nuvem de testemunhas" do cap.
11 com sua famosa 11 defi ni o" da f (v. 1). Na prdica tambm podemos citar exemplos da Histria da Igreja ou do ambiente em
que vivemos. Na f trata-se da oferta e apropriao pessoal
da salvao. Na f aprovamos e aceitamos sempre de novo a
promisso divina em meio presso do nosso tempo e apesar
de todas as dificuldades interiores e exteriores. Assim s:guimos.a.Jes~s. A manifestao visvel do seguir a Jesus e
a part1c1paao no 11 culto 11 da comunidade no sentido amplo da
palavra (cf.Rm 12,l). Os exegetas destacam sobretudo, como
formas concretas do seguir a Jesus, a participao no culto
domi~ical, com a proclamao da palavra e a Santa Ceia, e a
oraao. Alguns acrescentam ainda 0 colquio fraternal (confisso_ou aconselhamento pastoral) como ajuda especial na.
tentaao. Tudo isso faz parte do aproximar - se a Deus, da vida da f e na f.
Por que podemos ap roximar-nos a Deus? Po rque fomos interior e exteriormente purificados pelo perdo dos pecados
11
(
tendo os coraes purificados de m conscincia 11 ; cf.9,14)
e pelo batismo ( 11 tendo l a vado 0 corpo com gua pura' 1 ) Ambas as coisas so inseparveis. Somos renovados por Deus.
Dessa maneira destaca-se mais uma vez que no podemos superar! nem sequer com as mais esforadas atividades, a ~ep~
raao entre ns e Deus. O acesso a Deus nos dado; nao e
conquistado por ns! Justamente os pecadores recebem a ddiva de Deus. Na f experimentamos essa renovao como real idade em meio nossa vida. Tal ddiva liberta-nos para o
verdadeiro servio a Deus e aos homens.
A exortao do v.22 quer que no fiquemos parados no
caminho da nossa vida crist: cristianismo progresso!
Quer que no recuemos em vista das muitas dificuldades ~ue
encontramos na prtica da f. Quer que no seja mos margina-
- 415 -
2. Guardamos a esperana?
3. Vivemos n a comunho dos irmos?
Bibliografia
Para a e l aba rao da meditao foram usados os coment ri os de Fritz Laubach (Wuppertaler Studienbibel, 19b'7).'"
Otto Michel (Kritisch-exegetischer Kommentar ueber das MT
13,8a. ed., 1969), Adol f Schlatter(Erlaeuterungen zum NT 9,
1953) e Hermann St rathmann (Das Neue Testament Deutsch 9,
8a. ed., 1963); monografias de ErnstKaesemann(Das wandernde Gottesvolk, 2-. ed., 1957) e Gerd Theissen (Untersuchungen zum Hebraeerbrief, 1969), meditaoes de Egon Brandenburqer/Klaus Bal tzer/Friedemann Merkel (Goettinger Predigtmeditationen 1971/72), Ge rhard Friedrich (GPM 1959/60),Werner Krusche (GPM 1965/66), Karl Gerhard Steck (Herr, tuemeine Lippen auf 4, 5a. ed., 1965) e Gottfried Voigt (Die neue
Kreatur, 1965) .
--
11
- 417 -
- 416 3'? D O M 1 N G O
Apocalipse
DE
A DV E NT O
3,7-13
Renatus Porath
Preliminares
Raramente proposto um texto do Gltimo livro d a bblia
no calendrio eclesistico. Apenas a poca do advento, por
causa do motivo 1vinda 1 faz-nos lembrar dos te xtos apocal pticos. J pelos reform~dores, 0 livro do Apocalipse foi tratado com certa cautela, mas no lhe negaram a canonicidade.
Com certeza, ele tambm no nossa leitur a predileta. Por
isso cabem aqui algumas notas explicativas. "Apocalipsis 11
significa revelao. Sua nfase sempre foi a histria. J
no apoc~lipsismo judaico, onde 0 Apocalipse joanino tem
s~as _r~izes, ~preocupao estava voltada para o futuro da
hist?ri~ . . Em epocas difceis, homens interpretavam o curso
da historia e previam acontecimentos do futuro para daresperana aos que viviam no presente difcil. O apocalipsismo, visto a partir da perspectiva do evento de Jesus Cristo, no mais particular, restrito ao povo de Israel Ele
r?mpeu os limites e tornou-se interpretao da histria u~iversal. O Ap?ca~ipse preserva a herana do AT que Deus
e um D~us_d~ historia. A salvao deste Deus faz com que
essa h1stor1a se movimente para um alvo. A partir desse cent~o, devemos avaliar todos os detalhes do apocalipse, para
nao nos perdermos
.
em 1ncansaveis
especulaoes.
Na atualidade, o tema do Apocalipse "esperana" ultrapassou ?s muros cristos e desempenha um papel importante
n~ mar x ismo. Es se , por sua vez
desafia a comunidade crista a recobrar .Potencialidade ~ue a esperana cristcon.2_
todas as suas implicaes "aqui e agora". Neste sentido_nao
s: deve ver 0 apocalipse como consolo barato para um alem
d~s~ante , mas como testemunho de que Deus Senhor da historia e que as rdeas no lhe escaparam de suas mos. A promessa que encontramos no Gltimo livro no nos leva passividade, mas nos impulsiona em direo ao que foi afianado
j na realidade social em que vivemos. Este texto do Apoca1 ipse pode nos contagiar com a dinmica da esperana que
pulsa nesse livro.
1.1 -
Conte xto
1.2 - Texto
O texto apresenta uma estrutura clara: a) Ordem de escrever - v. 7a; b) Auto-apresentao daquele que d a ordem
- v.7b_! e) Elogios comunidade - vv.8-9; d) Promessa e exortaao - vv.10-1 l; e) Conclamao vitria e promessa_
vv. 12-13.
v.7 - A carta dirigida ao anjo da comunidade. Para
a~guns ele o bispo que a representa. Comparando-se, porem, este termo com uma outra paralela (1,20), percebe-se
que '~anj 0 11 aqui representa o que E. Schwei zer chama de "e><i stenc ia espiritual 11 Como os 7 espritos (1,4) perfazem
a total idade do agir de Deus em relao s comunidades
ss~m os 7 anjos correspondem respo:ta dada ao agir sav~
f1co.:. E'., em outras palavras, a realidade criada pela int _
v:na~ l~bertadora de ~eu:. Si~nif~ca que a comunidade~~
F1 l.::de~f1a deve sua ex1stencia a aao de Deus em Cristo.Filadelf1a provavelmente foi a cidade de menor porte e de menor importncia em relao s demais cidades citadas. Sabemos que recebeu seu nome do fundador Atalo 11, chamado Filadel fos de Prgamo
(159-138 a.C.). Era assolada freqUentemente por terremotos e por isso tinha que recorrer aju-
- 418 da estatal. A pequena comunidade crist, l existente, recebeu ainda mais tarde, de Inci o de Antioquia, o mesmo elogio. S elogios so atribudos a essa insignificante comunidade, como igualmente aconteceu com Esmirna.
Quem fala a ela o prprio Cristo Exaltado. Ele se apresenta com predicados repetidos vrias vezes no 1 ivro. 'Santo' e 'verdadeiro' so ttulos divinos. Esses atributos ele
quer atribuir aos que lhe pertencem. Ele quer abarcar oh~
mem com sua santidade e sua verdade. S por isso a comunidade pode corresponder s caractersticas de Cristo. A autoapresentao continua, citando Is 22,22. Aqui significando
o poder que lhe assiste de dar ou no acesso ao reino me:sinico. Ele abre a porta comunidade de Filadlfia. Alem
de ser autodesignao, ela encerra uma promessa.
_
v.8 - O elogio se refere s obras que so a e x pressao
da vida da comunidade. Pode parecer estranho que uma_comunidade com 11 pouca fora 11 (dinamis) recebe um juzo tao positivo. Ser que se pensa no pequeno nGmero? Ou seus membro~ n~o eram pessoas de destaque? Ou talvez faltam cert~s
c~ri:maticos no sentido de 1 Co 1,4? Este pequeno potencial
nao e camuflado, nem escondido. Fala-se abertamente sobre
sua situao. Isto em si J' uma obra positiva: aceitar.
11
f
sua pouca fo ra 11 como dada por Deus. Mas a ob r~ es pec 1 1 camente positiva : 11 Guardaste minha palavra e nao n~ga~te
o_meu nome 11 Este o real motivo de todo o elogio a Fila~
delfi~. Est~ o critrio para avaliar at onde uma com~ni
dade_e ou nao autntica e verdadeira. uma completa inversao de nossos valores. A vida da comunidade consiste em
receber (palavra) e no dar (testemunho). A igreja tem 0 tant? quanto ela der adiante. No deve ser coincidncia, se Esmirna, que tambm s elogiada, uma comunidade pobre ( 2 ,
9) A pobre e a de pouca fora, segundo o juzo do Senhor
e x ~ltado, c~rrespondem mais aos traos da comunidade ve~da
dei ra e autentica. Exatamente assim se manifesta a real ~da
de de Deus em Cristo (li Co 11 30 12 5). A Filadlfia e pro. d li
,
'
'
l i
Q
meti a uma porta aberta, a qual ningum pode fechar uan11
11
do Paulo fala em porta aberta (1 Co 16,9; 11 Co 2,12)_,
ele pensa em novas perspectivas para a atividade missiona11
11
ria. Aqui
POrta aberta 11 tem um sentido mais amplo. A P0 u11
ca fora tem seu lugar nos grandes planos do Pantocrator.A
pequena Filadlfia est inserida no grande evento da vinda
do Reino de Cristo neste mundo. O reino messinico para 0
' '
- 421 -
Escopo:
lavra. Ass~m ela pode confessar seu Senhor e este lhe_promete ampara-la nas provaes e lhe garante participaao no
futuro de Deus.
te r a sua atual id ad e .Como as sete cartas so dirigidas totalidade da Igr e j a, tambm a nossa est inc l uda.
b) O fund amento nos une diretamente quelas comunidades
da Asia Menor. O mesmo Senhor que criou e sustentou a comunidade de Fi 1 adl fia o que ainda hoje cria e sustm sua comunidade.
c) Temos comunidad es com muitos recursos e ao lado dessas existem inmera s que poderiam ser equiparadas de pouca fora em Fi ladelfia.Pouca participao em relao ao nmero de inseri tos .Poucos colaboradores.Pouca penetrao diante dos grandes desafios.Este texto confronta a comunidade coma
avaliao da Palavra deDeus:fraco,mas forte;pobre,mas rico!A
comunidade , nest~ sentido, a visualizao da prpriavidade
Jesus.
O texto nao quer suscitar a autocompaixo com nossa fraqueza, mas estimular o pequeno grupo a ater-se pal~vra. Somos uma igreja que se declara viver da palavra,mas
nao usa este critrio para medir at onde autntica e verdadeira. Continuamos aplicando critrios muito prprios de
nossa sociedade: poder, imponncia das edificaes, retrica dos pregadores, ativismo. Para o texto a 'nota ecclesiae'
"guardar a palavra 11 e sua imediata implicao: "No negar
s:u nome 11 . Ate- que ponto uma comunidade que se torna uma potenc'. a no est negando seu Senhor? Cada pregador deve descobr1 roque em_s~u meio significa: negao de Jesus Cristo.
d) Outra d1 f1culdade que a comunidade encontrar ser
qu~nto parusia de Cristo. No se pode negar que a vinda de
Cristo foi desc~i ta com cores vivas e com imagens presas ao
mundo contemporaneo do autor. Cabe ao pregador falar commuita.sobriedade do futuro de Deus que na ressurreio de Jesus
Cristo teve seu incio. L Deus manifestou sua soberania sobre a morte e sobre todos os poderes destruidores, criando
do nada algo novo. A esperana crist - que na poca de advento recebe a~enito especi ~1 -: esperana no Deus que cria
algo novo que e o alvo da historia.
1. l - O texto e a Comunidade
a) Provavelmente a nossa comunidade nao receberia apenas elogios, como Filadlfia. Nem por isso a carta deixa de
- 422 encarnao. A ''pouca fora" tambm no legitima qua~quer fuga para outros grupos ou potncias, cuja contribuiao aparentemente mais influente na sociedade.
O recado deste texto que ainda vale a pena apegar-se
palavra. Onde a comunidade no tem su~ fonte na palavra,
ela perde sua contribuio especfica que ela tem a dar. t
importante que sejamos convencidos a derivar toda e qualquer atuao na sociedade da palavra. As maiores atividades
podem ser negao a Jesus Cristo, em vez de testemunho. A
existncia da comunidade examinada por um critrio, aparentemente mui to canse rvado r aos nossos o 1 hos: 11 Gua rda r a
palavra e no negar seu nome". Ser que nossa comunidade seria aprovada diante de um exame destes?
Esta a comunidade que vive no advento, isto , a ela
prometido o futuro. Esta pequena comunidade tem part1c1pao na vinda do reino definitivo de Deus. A esperana no!uturo definitivo determina seu presente de lutas e provaoes.
Esta esperana leva a comunidade a viver a promessa de uma
nova cidade. A esperana e o futuro em Deus vo determinar
nossos planos e projetos parciais. Apenas a comunidade qu:
presta este testemunho ser ouvida quando falar do novo ceu
e da nova terra.
Bibliografia
HBNER, Eberhard. Meditao sobre Ap 3,7-13. ln: GUttinger
Predigt-Meditationen. G~ttingen, Vandenhoeck & Ruprecht,1971
ano 60. - LILJE, Hanns. Das Letzte Buch der Bibel. 4'? ed.'
Furche Verlag, Hamburg, 1955.-LOCHMANN, Jan Mil ic. Marx Begegnen: Was Christen u. Marxisten eint u.trennt. GUtersloher Verlagshaus Gerd Mohn, GUtersloh, 1975.-LOHSE, Eduard.
Die Offenbarung des Johannes. ln: Das Neue Testament Deutsch.
Vol . IV. l ed., Vandenhoeck & Ruprecht, G~ttingen, 1963. VOIGT , Gottfried. Die Neue Kreatur. 2~ ed., Vandenhoeck &
Ruprecht, GUttingen, 1971.
- 423 4~
D O M
Isaas
N G O
D E
A DV E NT O
62' 1-12
Manfredo Siegle
1 -Preliminar es
l)
Contexto
O captulo
j foi descri to
cus aoes contra
d i o e castigo
- 424 -
- 425 -
salvao e de libertao. A moldura direta para os captulos 60 a 62 seriam os captulos 59 e 63/64, os quais contm
lamentaes do povo, nascidas dentro do culto.
3) Forma 1 i ter1-i a
O cap. 62 de Isaas reflete uma unidade quanto ao ash
a "despecto literrio. Dentro do todo, os vv. 8 e 9 cegam
toar" um pouco. O mesmo assunto volta a- tona no cap. 65 2ls
A harmonia de pensamentos, porm, no quebrada. Se.o cap.
62 prima por harmonia e pela unidade, no podem9s afirmar 0
s que
nao fazem parmesmo dos demais cap1tulos d e T r1to1sa1a
_
te do bloco central (60-62). Duas partes sao col<?c~d~s lado a lado em nosso texto: vv. 1-5 e vv. 6-12. O inicio de
ambos semelhante:
V. la: 11 Por amor de Sio me no calarei",
V. lb: "at que ... "
d
"
V. 6 : "S o b re os teus muros, Jerusalm, pus guaras
V. 7: 11 at que ... 11
Quanto ao autor, possvel asseverar que uma pessoa
so, falamos em Tritoisaas, tenha redigido este captulo.
11 - Observaes Exegticas
Vv. l a 3. Por amor a Jerusalm (Si o), o profeta ~ao
pode calar. De forma semelhante, o autor do Salmo 137 afirma que no podia esquecer-se de Jerusalm (v.5), quando assentado s margens dos rios da Babi lnia (v. l)
Por que o profeta no pode calar? Deduzimos a resposta
de Is 61,1-3. Sente-se enviado para trazer uma boa rnensag~m
''aos quebrantados, proclamar libertao aos cativos e a por
e~ liberdade os algemados." Isso razo suficient~ para
nao calar. A acusao que pesava contra o povo cat:vo so:reu
correes; agora est em tempo de proclamar salvaao e libertao . Jerusalm vive sob nova promisso. O profeta parte desta promisso e prende-se mesma. O autor entende-se como al- que nao
guem
pode calar , porque o Senhor deve ser "l em b ra do"
(v . 6c) : "At que saia a sua justia como um resplendor, a _
sua salvao como uma tocha acesa}' A pregao do P!ofeta e
relacionada com o futuro (partcula ad). A sua missao deve
ser levada em frente, "at que ... 11 O resplendor e_a salva o no vo pairar, exclusivamente, sobre Jerusalem, mas os
- 426 - Escopo
A proximidade do Senhor transforma. Transforma o mo do
de ser e de viver de indivduos e de povos inteiros. Todo
aquele que encontrado por Jav, depara com um Senhor_di~
mico e livre; to livre a ponto de 11 corrigir 11 suas propr1as atitudes. Um instrumento nas mos deste Senh or jamais poder calar.
111
Meditao
1 - Quando Jav est ausente .. .
- 428 tinuava fechado 11 abriu-se sobre a estrebaria naquela cidade sem importncia e expresso, chamada Belm. Estamos conscientes de que a real idade histrica de Tritoisaas no
exatamente a nossa. A preocupao do profeta em proclamar
a salvao era tambm a preocupao de Jesus Cristo, o Messias, e continua sendo a preocupao dos seguidores deste
Cristo. Neste ponto somos convidados solidariedade como
profeta. A comunidade crist, mesmo que no possa ser identificada com a comunidade da cidade de Jerusalm, continua
proclamando o advento do Salvador. 11 Uma Igreja que no espera impacientemente o advento do Senhor uma Igreja moribunda11 (HJKraus:Hlren und fragen, Vol. V, p.9).
Creio que chegada a hora de perguntarmos pela presena, pela proximidade e tambm pela ausncia do Senhor
na Igreja institucionalizada, concretamente na IECLB. A
c~~oc~o d~s nossos valores, das nossas t;adies ecles1ast1cas nao pode ser, por vezes, motivo para que Deus
se ausente da Igreja que diz defender a sua causa? A falt~ de_vida e de vivncia evanglica, em nossas comunidades,
nao sao sinais gritantes de que o Senhor da Igreja nem se
faz presente! mesmo que falemos tanto da sua proximidade?
As preocup~oe~ conosco mesmo, com as nossas aparncias
exter~as nao sao tantas que, neste meio-tempo, Deus diz adeus_ a lgrej~? t, sem dvida, uma pergunta que nos deve levar reflexao, quando falamos em uma srie de remodelaes
e de implantao de uma poro de novos programas. A preocupaao excessiva pelas fachadas externas pode ter como resultado o esvaziamento de contedo verdadeiro nas bases da
lgr:ja. A_ preocupao principal do profeta era anunciar salvaao e l ibertaao do status quo. Neste sentido o nosso povo est e:perando muito mais. Como obreiros de uma Igreja
que nos.da bastante segurana, talvez nem nos sintamos sempre m?tivados a uma proclamao que revela criticidade e
questionamento!
A preocupao de Cristo era trazer (e viver!) o evange!ho, com tod~s as suas conseqUncias. Ser que seus seguidores poderao fazer outra coisa?
- 429 ren und Fr-agen. Vol. V. Wuppertal-Barmen, 1967. - RAD, Gerhard von. Theologie des AT. Volumes 1 e li. MUnchen, 1962.
- WESTERMANN, Claus. Das Buch Jesaja. Cap. 40-66. ATD 19,
G!::lttingen, 1966.
1V. B i b 1 i og r a f i a
KRAUS, Hans-Joachim. ln: EICHHOLZ/FALKENROTH, eds. He-
- 431 -
- 430 N A T A L
T i
t o
2' 11-14
Ervino Schmidt
1 - Natal - proclamao da "grande alegria"
Ouvem-se l amentaes por parte de pregadores. Eles apontam para as dificuldades que sentem com refe rn cia prdica de Natal.
t verdade que a festa natalina foi, em grande parte, comercializada e desvirtuada. Ela tornou-se uma boa oportunidade para apelos sentimentais. H as mais diversas maneiras
de se comemorar o Natal de modo imprprio. Citamos apenas algumas:Uns o comemoram como "festa da famlia". Sabemos que hoje difci l reunir todos os membros de uma famlia. Um filho trabalha numa cidade em outro estado, outro est uda na
capital e uma filha casou-se com um estrangeiro e mora no
exterior, etc. Nestas circunstncias a festa de Natal se presta como.-_oportunidade para o reencontro de todos na casados
pais. Nisso geralmente se esgota o sentido.
_
Natal para muitos a festa do amor e da comunhao humana.
Natal , freqUentemente, visto como a ocasio de se da r
e receber presentes. H ainda os que entendem esta data como
festa das crianas, criada especialmente para provocar aquele olhar feliz dos pequeninos e tambm dos grandes!
_ Isso tudo faz com que no haja concentrao, qu~ a atenao seja desviada para cousas inteiramente secundarias.
Mesmo Lutero encontrou dificuldades semelhantes. Ele
gostava de pregar por ocasio do Natal. No se cansav~ ~e faz-1?. Era de opinio que, apesar de se trazer a histo~ia do
nascimento de Jesus cada ano, no seria possvel esgota-la.
Mesmo assim ele constata entristecido: "Em toda parte se canta. Mas quantos cantam roncando e com os olhos dormentes,e m
vez de cantarem das profundezas do corao?" Parece que a
mensagem de Natal uma histria "fria" que no aquece os nossos coraes e no evoca a verdadeira alegria.
_
Mas, no h motivos para desespero! A festa natalina e
uma enorme chance para se proclamar a 11 boa nova" . Talvez a-
do!
Nada neste mundo pde impedi-lo. Deus agiu em seu infinito poder. E nada pode anular este ato de Deus. Ato consumado. ~ss~ tudo expresso pelo aoristo 11 epephane".
Aqui nao se trata de uma projeo do pensamento humano. P:_ manifestao da graa de Deus tambm no um mito.
~la e um.acontecim:nto histrico. 1 'A manifestao da graa
e uma cr1a!:la, um_Judeu, ~m homem que falou e agiu e morreu
n? cruz._Tao historica, tao incontestavelmente real a man1 festaao da graa de Deus quanto tua e minha existncia
sobre a terra" (P. Brunner).
Esta graa, manifesta em Jesus Cristo, a misericrdia de Deus para com os homens desviados e a merecer o ju-
- 432 zo. Deus lhes devolve gratuitamente a vida qu e e l e s prprios destruram. Desta forma, a graa de Deus algo sem
precedentes e incompreensvel.
Ela pode ser descritacomo graa "salvadora".Salvar ,
pois, a final idade ltima do agir de Deus. A salvao que
vem dele total. No se trata merame nte d a cura de alguns
sintomas.
As razes so atacadas. A doena no era me smo qualquer uma, mas sim 11 doena para a morte 11 (Kier ke gaard),isto
, afastamento de Deus. A graciosa cura consiste e x atamente nisto: Que Deus se tornou to pr x imo de ns, que ele no
milagre de Natal se manifestou como Emanuel
Deus conosco.
Isto graa! E ela vale para todos os homen~. No h distino. Se algum rico ou pobre, feliz ou infeliz, empregador ou empregado, negro ou branco, algum respeitvel ou
um coitado, homem ou mulher, a 11 graa de Deus se manifestou
salvadora a todos os homens 11 (v. ll).
Ningum est e x cludo! E quem foi atingido por ela,
vera transformao.
b) A graa de Deus educa
Ela educa, mas no como um educador da 11 escola antiga".
A vara perde o seu papel no processo educativo. A obra iniciada atravs da graa justificante tem continuidade no dia
a dia do cristo. Em outras palavras: A nossa vida transformada, e isto ex atamente por a graa se manifestar em e x trema fraqueza , ou seja, na criana deitada em uma manjedou~
ra e no homem pendurado numa cruz.
A graa age em ns e faz com que tomemos decises (v.12)
t :espeita~o . que temos vontade prpria. Por isso no h~ uma
aa? automat1ca. A graa cria entre ns algo que poderiamas
designar de 11 responsabilidade pessoal 11 P. Brunner, ao inte:pretar o nosso !e x to, chama ateno para a diferena que
existe entre decisao crist e decises tomadas no mbito da
11
11
iustitia civilis 1 ou de uma tica humanitria. Na
iusti11
tia civilis
ou numa tica humanitria 0 homem encontra-se soz~nho co~ a sua razo. Sob a gra~ diferente . Aqui o
homem nao es~a sozinho com a sua razo. 1 1p 0 rque Deus por
mim , ele esta junto de mim e minha razo com seu Esprito e
com os seus dons. Essa graciosa presena de Deus no esmaga minha responsabilidade pessoal. No obstante seu poder,
.
Com isso ns no somos chamados para um mundo imaginrio. No somos arrancados do ambiente em que vivemos. Agraa de Deus no passou de largo pelo nosso mundo como se ele
estivesse fora do alcance da divina inteno salvfica. Ao
contrrio! Exatamente neste mundo que brilha a graa de
Deus. Neste mundo, em que se luta pela sobrevivncia , em
que existe anseio por um salrio mnimo mais justo, em que
os preos sobem assustadoramente; neste mundo, em que pas~s esto preocupados em se sobreporem aos demais a fim de
t1 ra:em sensveis vantagens para si; neste mundo, em que a
corrida armamentista continua, em que os que se empenham
por justia sofrem atentados, exatamente nele que a gra a apareceu. Manifestando-se, ela revelou a debilidade das
- 435 -
IV - Literatura:
JEREMIAS,J.Epstolas a Timoteo Y a Tito. Madrid, 1~70.
- DIBELIUS,M/CONZELMANN,H. Die Pastoralbriefe. HNT 13.4- ed.,
1966. - WENDEBOURG, E. Meditao sobre Tito 2,ll-14. ln: Calwer Predigthi lfen. Vol 8. MUnchen, 1969. - BRUNNER,P. Med-r:taao sobre Ti to 2, 11-14. ln: Herr, tue meine Lippen auf.11 Vol.
Wuppertal-Barmen, 1962.
2. ediao, 1978.
-,
- 436 -
Joo 8,31-36 . . . . . . . . . . . . . . ll
Joo 1 1 , 1 . 3 . 1 7 - 2 7 . . . . . . . . . 1 1
Romanos 8, 1 -1 l . . . . . . . . . . . . .
Corntios 15,19-28. .1
2 Corntios 1 , 3- 7 ... 1
G 1 atas 5 , l - 1 l . . . . . . . . .
Filipenses 3,12-16 . . . . . . . . 11
Filipenses 3,20-21 . . . . . . . . .
1 Timteo 2, 1-4 . . . . . . . . . . . 11
Ti to 2, 1 1 -1
4 ............. l I
Pedro 2, 1 -1 O . . . . . . . . . . .
- 437 -
Pedro 2,13-17 . . . . . . . . . . . . 1
Apocalipse 3,7-13 . . . . . . . . . ll
- 438 -
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PRLLOTTI