Cultivo Aroeira
Cultivo Aroeira
Cultivo Aroeira
ISSN 1980-3958
Agosto, 2016
294
Cultivo da aroeira-vermelha
(Schinus terebinthifolius
Raddi) para produo de
pimenta-rosa
ISSN 1980-3958
Agosto, 2016
Documentos294
Cultivo da aroeira-vermelha
(Schinus terebinthifolius
Raddi) para produo de
pimenta-rosa
Edinelson Jos Maciel Neves
Alisson Moura Santos
Joo Bosco Vasconcellos Gomes
Fabiana Gomes Ruas
Jos Aires Ventura
Embrapa Florestas
Colombo, PR
2016
Embrapa Florestas
Estrada da Ribeira, Km 111, Guaraituba,
83411-000, Colombo, PR, Brasil
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Membros: Elenice Fritzsons, Giselda Maia Rego, Ivar Wendling,
Jorge Ribaski, Luis Claudio Maranho Froufe, Maria Izabel Radomski,
Susete do Rocio Chiarello Penteado, Valderes Aparecida de Sousa
Reviso editorial: Patrcia Pvoa de Mattos
Normalizao bibliogrfica: Franscica Rasche
Editorao eletrnica: Neide Makiko Furukawa
Fotos texto/capa: Edinelson Jos Maciel Neves
1a edio
verso digital (2016)
Embrapa 2016
Autores
Apresentao
Sumrio
1 Introduo........................................................ 9
2 A rvore........................................................... 10
3 Sementes e biologia reprodutiva.......................... 12
4 Ocorrncia natural............................................. 14
5 Extrativismo..................................................... 14
6 Clima e solo...................................................... 15
7 Preparo de mudas.............................................. 16
8 Escolha e preparo da rea................................... 16
9 Plantio............................................................. 17
10 Produo de frutos............................................ 18
11 Colheita de frutos.............................................. 19
Agradecimentos..................................................... 22
Literatura recomendada........................................... 22
Cultivo da aroeira-vermelha
(Schinus terebinthifolius
Raddi) para produo de
pimenta-rosa1
Edinelson Jos Maciel Neves
Alisson Moura Santos
Joo Bosco Vasconcellos Gomes
Fabiana Gomes Ruas
Jos Aires Ventura
1 Introduo
O principal produto obtido pelo cultivo da aroeira-vermelha so seus
frutos. Estes, aps o processo de industrializao, so conhecidos
como pimenta-rosa e usados no mercado interno e externo como
condimento gourmet. O leo obtido de sua polpa apresenta bom
potencial, principalmente para o mercado de cosmticos. Porm, o
protocolo industrial de extrao deste leo necessita de aprimoramento
para atingir as exigncias de pureza do mercado internacional.
Grande parte da produo de pimenta-rosa tem origem na explorao
extrativista de plantas de populaes naturais de aroeira-vermelha em
reas de restinga, principalmente dos estados do Espirito Santo e do
Rio de Janeiro e, tambm, em ilhas de sedimentos areno-quartzosos
do Rio So Francisco, na divisa entre Alagoas e Sergipe. Nesses
ambientes, a colheita dos frutos feita de forma coletiva pelas
comunidades locais.
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2 A rvore
A aroeira-vermelha uma espcie pereniflia que, quando jovem,
apresenta de 5 m a 10 m de altura e dimetro altura do peito (DAP)
entre 20 cm e 30 cm. Os indivduos adultos chegam a alcanar 15 m
de altura e 60 cm de DAP.
Seu tronco geralmente tortuoso, curto, com copa larga, arredondada
e pouco densa (Figura 1). Deste pequeno tronco se desenvolvem
galhos primrios que emitem os considerados secundrios, todos com
crescimento horizontal e com diferentes ngulos de inclinao em
relao superfcie do solo, chamados botanicamente de galhos ou
ramos plagiotrpicos. Por no apresentar galhos ortotrpicos, a aroeiravermelha quando cultivada uma espcie que apresenta somente
plagiotropismo.
A casca externa do tronco escura, grossa e rugosa, spera, sulcada
e escamosa, que se desprende em placas irregulares. A interna
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4 Ocorrncia natural
A aroeira-vermelha ocorre de forma natural no Leste e Nordeste da
Argentina, no Leste do Paraguai, no Uruguai e nos estados brasileiros
de Sergipe, Paraba, Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia,
Espirito Santo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paran, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e So Paulo. Em 1898 foi
introduzida como planta ornamental na Flrida, Sul dos Estados Unidos,
onde tornou-se espcie extica invasora e, posteriormente, em vrios
pases da Europa e Amrica do Sul.
5 Extrativismo
A aroeira-vermelha vem sofrendo extrativismo no sustentvel em alta
escala, por agricultores e comunidades tradicionais, em diversas reas
de ocorrncia da espcie, especialmente em regies onde h empresas
de beneficiamento dos frutos. A venda dos frutos da aroeira-vermelha
da atividade extrativista constitui renda adicional para as populaes
locais e possui importncia socioeconmica, oferecendo ocupao a
mulheres e jovens.
A expectativa de sustentabilidade do extrativismo da aroeira-vermelha
nas suas regies de ocorrncia muito baixa. No h manejo
sustentado de coleta dos frutos; a maioria dos coletores chega a
derrubar as rvores para reduzir e agilizar o trabalho de coleta. A
atividade, normalmente, efetuada em propriedades privadas, pouco
fiscalizadas e que, provavelmente, sero convertidas em cultivos ou
pastagens em curto prazo.
Os coletores que seguem algum sistema de manejo para a coleta,
visando manuteno das plantas, no recebem nenhum favorecimento
pela tcnica empregada. Indstrias e/ou compradores atravessadores no
precisam comprovar a sustentabilidade da fonte do produto extrado, no
sendo cobrados pelo governo nem pela sociedade.
6 Clima e solo
A espcie ocorre em reas com grande diversidade climtica. O dficit
hdrico pode ser elevado, como no caso de reas de populao natural
do Rio Grande do Norte (precipitao mdia anual de 700 mm), a
nulo, como no caso de reas de populao natural de So Paulo
(precipitao mdia anual de 2.700 mm). O intervalo de temperatura
mdia anual varia entre 3,2 C (So Joaquim, SC) e 27 C (Cruzeta,
RN). A mdia do ms mais frio varia de 9,4 C (So Joaquim, SC) a
24,7 C (Cruzeta, RN) e a mdia do ms mais quente de 17,2 C (So
Joaquim, SC) a 29,8 C (Cruzeta, RN).
A grande incidncia da aroeira-vermelha em reas de restinga
antropizadas est associada sua eficincia como espcie pioneira,
adaptando-se muito bem s condies inspitas locais (solos arenosos,
de baixa fertilidade e baixa reteno de gua). Em reas de cultivo
experimental, a espcie mostra boa adaptao deficincia de gua
no solo. Parece existir alguma tolerncia aos perodos de excesso de
gua no solo, mas no de forma excessiva. Apesar da boa adaptao
aos solos pouco frteis, responde de forma significativa ao aporte de
nutrientes por meio de adubaes.
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7 Preparo de mudas
As mudas de aroeira-vermelha devem ser produzidas por semeadura
direta em recipiente apropriado, como o recipiente saco de polietileno
cheio de 7 cm x 17 cm (653 cm3), e o substrato pode ser solo com
textura arenoargilosa. Quando o recipiente for tubete plstico de
280 cm3, pode-se usar como substrato uma mistura de solo com
composto orgnico, na proporo 1:1. Recomenda-se colocar, no
mnimo, duas sementes por recipiente. As mudas estaro aptas para
irem ao campo, aproximadamente, 120 dias aps a semeadura.
Antes do plantio, as mudas devem ser selecionadas e submetidas
ao processo de rustificao por, no mnimo, 30 dias, em condies
similares s encontradas em campo. Esses procedimentos contribuiro
para um baixo ndice de mortalidade de plantas em campo.
9 Plantio
A aroeira-vermelha deve ser plantada sempre a pleno sol (Figura 3), no
incio do perodo das chuvas.
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10 Produo de frutos
A produo anual de frutos em rvores nativas tende a ser baixa;
todavia, algumas rvores no municpio de So Mateus produzem at
80 kg planta-1 durante o perodo de colheita. Em plantio localizado na
Comunidade Nativo, em rea com tima condio de umidade de solo e
que recebe aporte significativo de nutrientes (NPK), mediante adubao
de cobertura, a produo de frutos gira em torno de 5 a 10 kg planta-1
no primeiro ano aps plantio, estabilizando-se entre 60 e 80 kg planta-1
entre o quarto e quinto ano.
Em um talho experimental que estuda a influncia da adubao e
do manejo silvicultural sobre a produo de frutos, localizado em
Sooretama, ES, a produo mdia de frutos verdes foi de
31 kg parcela-1, no tratamento com nitrognio, fsforo e potssio,
enquanto no tratamento sem adubao foi de 1,5 kg de frutos parcela-1.
Nesse experimento, a parcela total formada por 49 plantas (7 x 7),
em espaamento de 3,5 m x 3 m (rua x linha de plantio).
Por se tratar de uma espcie diica, em que os sexos encontramse em indivduos diferentes, a produo de frutos dependente de
indivduos de ambos os sexos presentes no plantio. Os produtores da
Comunidade do Nativo estimam que 3% de rvores masculinas sejam
suficientes para promover boa polinizao em plantios comerciais.
11 Colheita de frutos
A desuniformidade de maturao dos frutos de aroeira-vermelha
dificulta a sua colheita. Principalmente nas reas de extrativismo, a
colheita dos frutos da aroeira-vermelha realizada, tradicionalmente,
por trs atividades em sequncia: corte dos galhos; catao dos frutos
maduros e derria dos galhos.
Corte dos galhos: envolve duas etapas. Na primeira feita o corte do
tero externo dos galhos mais finos, onde ocorre a maior produo de
frutos (Figura 4). O corte realizado em bisel, com auxlio de faco
bem afiado ou de tesoura de poda. Na segunda etapa os galhos mais
grossos so cortados com o auxlio de faco e/ou serrote florestal.
Aps o corte, tanto os galhos finos como os grossos so colocados no
cho, nas ruas de plantio, em cima de sacos de rfia.
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altura (Figura 6), feita de madeira de pinus com tela de polister com
malha quadrada de 1 cm de lado, constando dos seguintes passos: i)
os galhos finos produtivos so cortados e colocados no cho, nas ruas
do plantio, em cima de sacos de rfia; ii) a mesa transportada para
prximo dos galhos cortados, os quais vo sendo colocados em cima
da mesma (Figura 7); iii) com o auxlio de uma vassoura feita com
galhos da rvore cambuc (Marlierea tomentosa Cambess.), bate-se
nos galhos colhidos para fazer a separao das folhas e dos frutos; iv)
as folhas permanecem sobre a tela da mesa e os frutos passam pela
malha, caindo sobre sacos de rfia previamente estendidos no cho; v)
os frutos so ensacados e pesados para se ter a produo diria, obtida
pelo trabalhador rural.
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Agradecimentos
Os autores desse trabalho agradecem a participao efetiva em campo
do tcnico agrcola Wagner Braz, da estagiria Joelma Barbosa, dos
produtores/extrativistas da Comunidade Nativo (So Mateus, ES), da
Indstria Agrorosa e do apoio incondicional e companheirismo que nos
dado pelos colegas do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistncia
Tcnica e Extenso Rural do Esprito Santo.
Literatura recomendada
ASSUMPO, J.; NASCIMENTO, M. T. Estrutura e composio florstica de quatro
formaes vegetais de restinga no complexo lagunar Grussa/Iquipari, So Joo da Barra,
RJ, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 14, n. 3, p. 301-315, 2000. DOI: 10.1590/S010233062000000300007.
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CGPE 13087
Florestas