Fundicao IsabelaRibeiro
Fundicao IsabelaRibeiro
Fundicao IsabelaRibeiro
Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Metalrgica e de Materiais
Belo Horizonte
Junho de 2015
SUMRIO
1 INTRODUO ................................................................................................. 3
2 FUNDIO: UM BREVE HISTRICO ............................................................. 5
3 CONSIDERAES INICIAIS........................................................................... 8
4 MERCADO DE FUNDIO ........................................................................... 10
5 PROCESSOS DE FUNDIO ....................................................................... 14
5.1 Fluxograma geral do processo de fundio ............................................. 14
5.2 Classificao ........................................................................................... 16
5.3 Processos de fundio em molde temporrio.......................................... 17
5.3.1 Fundio em molde de areia ............................................................... 17
5.3.2 Fundio em casca ............................................................................. 21
5.3.3 Fundio com cera perdida ................................................................. 23
5.4 Processos de fundio em molde permanente ........................................ 26
5.4.1 Moldes permanentes por gravidade .................................................... 26
5.4.2 Fundio sob presso ......................................................................... 29
5.5 Outros processos .................................................................................... 32
5.5.1 Fundio por centrifugao ................................................................. 32
5.5.2 Processos no estado semisslido: tixoconformao ............................ 35
5.6 Critrios de escolha do processo de fundio ......................................... 38
6 FLUXO DE CALOR ....................................................................................... 41
6.1 Consideraes iniciais ............................................................................ 41
6.2 Modelagem analtica ............................................................................... 43
6.3 Modelagem numrica .............................................................................. 51
7 MATERIAIS ................................................................................................... 54
7.1 Ligas ferrosas ......................................................................................... 55
7.1.1 Ferros fundidos ................................................................................... 55
7.1.2 Aos para fundio.............................................................................. 68
7.2 Ligas no ferrosas................................................................................... 69
7.2.1 Ligas de alumnio ................................................................................ 69
8 DESCONTINUIDADES DE FUNDIDOS ......................................................... 73
8.1 Porosidade .............................................................................................. 73
8.2 Cavidades de contrao.......................................................................... 74
8.3 Falta de alimentao ............................................................................... 76
8.4 Junta fria ................................................................................................. 77
ii
1 INTRODUO
Este texto foi pensado como uma contribuio para a disciplina Processos
Metalrgicos de Fabricao do curso de Engenharia Metalrgica da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG) e o ttulo escolhido, Fundio: Um texto inicial para a
disciplina Processos Metalrgicos de Fabricao, tenta refletir o seu objetivo de fornecer
uma referncia bibliogrfica inicial bem estruturada para a disciplina, abrindo caminho
para estudos direcionados mais avanados atravs das referncias pesquisadas. Este
tem como pblico alvo estudantes de graduao em engenharia e busca abordar de
forma ampla o processo de fabricao por Fundio, entretanto sem ser elusivo.
Foi uma inovao importante para a humanidade, pois perfis mais complexos
podiam ser fabricados por vazamento ao invs de martelamento. Assim, ferramentas
mais sofisticadas e armas podiam ser fabricadas; implementos e ornamentos mais
detalhados podiam ser elaborados; joias de ouro fino podiam se tornar mais valiosas e
mais belas do que aquelas feitas pelos mtodos anteriores. Nesta poca, o processo em
cera perdida foi desenvolvido na China e Mesopotmia e usado na fabricao de
objetos artsticos de paredes finas e desenhos sofisticados. Descobriu-se que a mistura
de cobre e estanho ou arsnico, formando a liga bronze, produzia fundidos de maior
dureza do que os feitos de cobre puro, permitindo ao homem produzir armas e armaduras
de maior resistncia, iniciando-se ento a Idade do Bronze, em torno de 3300 A.C. A arte
6
cermica e fundio estiveram sempre muito ligadas, tanto no que se refere fabricao
de materiais refratrios e cadinhos, como na execuo de moldes(1,4,5).
Durante a Renascena (nos sculos XV e XVI), com o pice das artes, houve
tambm um grande surto no desenvolvimento da fundio. Sinos e esttuas fundidos
eram feitos para a igreja, e canhes, inicialmente de bronze e posteriormente em ferro
fundido, para o exrcito. O tempo e o esforo necessrio para fundir grandes sinos de
bronze na poca moveram o processo de fundio da arte para o domnio da tecnologia.
Alm de avanos nas tcnicas de fuso e preparao de moldes, os fabricantes
aprenderam as relaes entre o tom produzido pelo sino e o seu tamanho, forma,
espessura e composio do metal e a qualidade do produto. Grandes sinos
tradicionalmente representavam os limites da capacidade de fundio. O grande sino de
Kremlin, o Sino do Tsar, foi lanado em 1735 e pesava 200 toneladas, porm se
rompeu no incndio de 1737. Cronologicamente, o canho seguiu o sino, e, portanto,
muitas das tcnicas de fundio desenvolvidas para os sinos foram aplicados para a sua
fabricao(1,3,4,6).
3 CONSIDERAES INICIAIS
4 MERCADO DE FUNDIO
ano por duas dcadas. A partir de 2001, a indstria brasileira de fundio passou a
apresentar crescimento consistente, ultrapassando a barreira de trs milhes de
toneladas produzidas no ano de 2006. Em 2009, entretanto, o setor sentiu os efeitos da
crise financeira mundial, produzindo 2,3 milhes de toneladas de fundidos, o que
representou uma queda de 30% em relao produo do ano anterior e voltando aos
patamares observados em 2003(5).
Figura 4.5: Produo total de fundidos em toneladas, no perodo de 2004 a 2013 por
tipo de liga fundida(9).
5 PROCESSOS DE FUNDIO
5.2 Classificao
casca resistente e rgida (2) cuja espessura tende a aumentar com o tempo de contato da
areia com o modelo (entre 15 e 60 s). A caixa reposicionada de modo que as partculas
no curadas se soltam da casca formada (3). Molde e modelo so levados a uma estufa
aquecida a aproximadamente 315C por alguns minutos para completar o processo de
cura (4). O molde em casca retirado do modelo (5). A outra metade do molde
confeccionada de modo idntico. As duas metades do molde em casca podem ser
coladas ou montadas, apoiadas por areia ou granalhas em uma caixa, quando, se
necessrio, machos so colocados na cavidade. Em seguida, procede-se o vazamento e
a solidificao do metal lquido (6). O canal de vazamento removido, resultando na
pea acabada (7)(1).
O processo pode ser mecanizado para produo em massa, sendo vantajoso para
a produo de grandes quantidades de peas. Exemplos de peas feitas por fundio em
casca incluem engrenagens, corpo de vlvula ou de registro, buchas e eixo de comando
de vlvulas(1).
As lingoteiras podem ser inteirias ou com o fundo constitudo de uma placa sobre
o qual o corpo da lingoteira se apoia. As lingoteiras verticais so utilizadas para fundio
de lingotes de ao, j as lingoteiras horizontais so mais utilizadas para metais no
ferrosos e suas ligas(2).
Fundio sob presso consiste em forar o metal lquido, sob presso, a penetrar
na cavidade do molde metlico, chamado de matriz. A matriz geralmente constituda
em duas partes, que so hermeticamente fechadas no momento do vazamento do metal
lquido. Ela pode ser utilizada fria ou aquecida a uma temperatura prxima da do metal
lquido, o que exige materiais que suportem essas temperaturas. A matriz geralmente
feita de ao ferramenta resistente a elevadas temperaturas, como por exemplo, o ao
H13(8).
O processo de fundio sob presso pode ser realizado por dois tipos diferentes
de mquinas: (a) de cmara quente e (b) de cmara fria. A fundio sob presso em
cmara quente est esquematizada na Figura 5.12. No equipamento, o metal lquido est
contido em um recipiente aquecido (forno). No seu interior est um pisto hidrulico, que
ao descer fora o metal lquido a entrar em um canal que o leva diretamente matriz. O
processo em cmara quente mais utilizado para ligas no ferrosas de menor ponto de
fuso, como as ligas de zinco.
30
A matriz da mquina de cmara quente possui uma parte fixa e uma parte mvel.
Na parte fixa esto localizados uma metade da matriz e o sistema de injeo do metal
lquido e, na parte mvel, esto a outra metade da matriz, o sistema de extrao da pea,
o sistema de abertura e o cilindro hidrulico de fechamento e travamento da mquina(2).
2
= (5.1)
2 2
= = (5.2)
2
( )
30
= (5.3)
30 2
= (5.4)
Reofundio: aps a total fuso da liga, esta resfriada sob agitao at o ESS e
imediatamente injetada na matriz.
Tixofundio: parte-se de um material slido previamente condicionado e
parcialmente refundido que aps um tempo de espera (aproximadamente 20 ou
30 min) injetado no molde com uma frao de slido baixa (fS < 0,5).
Tixoforjamento: processo similar ao da tixofundio utilizando matriz muito
semelhante de forjamento convencional. Diferentemente dos anteriores este
processo requer uma alta frao de slido (fS > 0,5).
Molde
Molde
Areia Em Cera metlico
Propriedades metlico
verde casca perdida (sob
(gravidade)
presso)
39
Tolerncia
0,025 a
dimensional 1,0 a 4,0 0,25 a 5 0,02 a 4,0 Aprox. 0,4
0,25
(mm)
Peso do fundido
"Ilimitado" 120 45 45 35
(kg)
Espessura
2,5 2,5 1,6 3,2 0,8
mnima (mm)
Acabamento
Razovel Bom Bom Bom timo
superficial
Capacidade de
fundio de
Razovel Bom timo Razovel Bom
peas
complexas
A Figura 5.18 exemplifica como pode variar o custo para a produo de um dado
fundido de acordo com o processo de fundio adotado e o nmero de peas a serem
fabricadas.
40
Figura 5.18: Preo unitrio em funo do nmero de peas para fundio em cera
perdida (microfuso), moldagem em casca, molde permanente e fundio sob
presso (8).
6 FLUXO DE CALOR
= + , ou (6.1)
= (6.2)
=
(6.3)
Condio hi (W/m2K)
Molde Isolante
Ser considerado, neste caso, que a resistncia trmica do molde (RM) muito
maior que a soma das outras resistncias (isto , durante a solidificao, variaes
significativas de temperatura ocorrem apenas no molde). Esta variao de temperatura
obtida resolvendo para o molde a equao de conduo de calor para a condio inicial
(T = T0, - < x < 0) e as condies de contorno (T(0) = Tf e T(-) = T0):
= + ( 0 ) ( ) (6.4)
2
Figura 6.7: Perfis trmicos do molde calculados para diferentes tempos aps o
vazamento.
fluxo de calor dado calor latente (Hf) liberado pelo avano da frente de solidificao,
assim:
48
() = (6.5)
=0
( 0 )
() = =
( 0 ) (6.6)
=0
= (6.7)
2 ( 0 )
=
1/2 (6.8)
caracterstica das peas (a relao entre o volume e a rea superficial, V/A) ao final da
solidificao (t = tS) e a Equao (6.8) pode ser rearranjada para:
1 2 2
= ( ) ( ) (6.9)
4 0
2
= () (6.9b)
onde k uma constante que depende das propriedades dos materiais envolvidos
e das condies particulares de escoamento de calor. Pode-se, ainda, supor que os
tempos de solidificao de placas, cilindros (longos) e esferas do mesmo material e com
a mesma razo V/A apresentem, aproximadamente, a seguinte relao entre os seus
tempos de solidificao:
50
( ) 2 ( ) 3 ( ) (6.10)
( 0 ) = (6.11)
( 0 )
=
(6.12)
= () (6.13)
( 0 )
A liberao de calor latente pode ser introduzida como um termo fonte (S) na
equao de conduo de calor:
dT d 2T S
2 (6.14)
dt dx c
(,)
=
(6.15)
onde a derivada descreve a variao da frao de slido (fs) com o tempo (t) em
um dado local (x). As Equaes (6.14) e (6.15) podem ser reescritas como:
d 2T f T
k 2 c H f S (6.16)
dx T t
52
Para a Equao (6.16) poder ser discretizada, por exemplo, pelo mtodo de
diferenas finitas, preciso saber como a frao de slido varia com a temperatura.
Equaes descrevendo esta relao foram obtidas no tpico de solidificao desta
disciplina tanto como a condio de equilbrio como para situaes fora do equilbrio
termodinmico. Contudo, aqui ser considerada uma relao mais simples (e irreal), isto
, fs varia linearmente de zero (0) na temperatura lquidus (TL) at um (1) na temperatura
slidus (TS):
1
= ou = (6.17)
Usando a Equao (6.17), a Equao (6.16) pode ser discretizada, por diferenas
finitas, para:
Fo
Ti n1 Ti n (Ti n1 2Ti n Ti n1 ) (6.18)
a
H f
a 1 (6.19)
c (TL TS )
Em geral, estes programas apresentam uma arquitetura que envolve uma etapa
de pr-processamento, em que o tipo de anlise selecionado, o modelo criado e
descretizado (subdividido em pequenas partes) e as condies iniciais e de contorno
introduzidas. As equaes resultantes so processadas por um mtodo numrico
(frequentemente, pelo mtodo de elementos finitos) e a soluo apresentada no ps-
processamento. Esta ltima etapa, como as solues criadas so tabelas com milhares
(ou milhes) de nmeros, envolvem programas grficos poderosos para criar animaes
(Figura 6.9) e mapas da variao ou distribuio de diferentes propriedades de interesse.
7 MATERIAIS
Cinzento Fe - C - Si Mn
Nodular Fe - C - Si - Mg
Ferro fundido
Branco Baixo teor de Si; resfriamento rpido
Os principais tipos de ferro fundido so: ferro fundido branco, ferro fundido
cinzento, nodular e ferro fundido com grafita compacta (ou vermicular).
O ferro fundido branco uma liga do sistema tercirio Fe-C-Si, com menores
teores de silcio, baixos teores de elementos que favorecem a formao da grafita e a
presena de elementos que inibem a formao desta. Praticamente todo o carbono est
na forma combinada de carboneto de ferro Fe3C. A microestrutura a base de cementita
confere ao fundido elevada dureza, baixa tenacidade, elevada resistncia ao desgaste,
baixa ductilidade e baixa usinabilidade. Essas propriedades tornam o material adequado
para a fabricao de fundidos como cilindros de laminao e para componentes
resistentes ao desgaste(5).
Figura 7.3: Ferro fundido branco euttico (Fe, 4,17%C, 0,4%Si, 0,45%Mn, 0,95%Cr).
Aspecto microgrfico da ledeburita transformada: Glbulos de perlita (escuro)
sobre um fundo de cementita (branco).
Fonte: http://www.doitpoms.ac.uk/miclib/browse.php?cat=1&sys=13&list=cmp.
Figura 7.4: Ferro fundido branco hipoeuttico (Fe, 3,56%C, 0,2%Si, 0,37%Mn,
0,91%Cr). A estrutura apresenta dendritas de perlita, reas pontilhadas constituda
de ledeburita transformada.
Fonte: http://www.doitpoms.ac.uk/miclib/browse.php?cat=1&sys=13&list=cmp.
60
O teor se silcio, em geral, maior que 1,5%, sendo este um elemento grafitizante
por ser capaz de aumentar a diferena de temperatura entre os eutticos estvel e
metaestvel. Teores de enxofre e oxignio elevados favorecem a formao de grafita em
veios (ou em flocos).
%+%
= % + (6.1)
3
Figura 7.6: Esteadita em ferro fundido cinzento. Ataque: Nital 2%. Aumento: 400X(3).
Figura 7.7: Forma e distribuio dos veios da grafita, segundo as normas da ASTM
e da AFS(18).
63
Figura 7.8: Microestrutura do ferro fundido cinzento ferrtico (Fe, 3,52%C, 3,26%Si,
0,47%Mn). Ataque: nital.
Fonte: http://www.doitpoms.ac.uk/miclib/browse.php?cat=1&sys=13&list=cmp.
(a)
(b)
Figura 7.9: Micrografia do ferro fundido nodular (Fe, 3.2%C 2,5%Si 0,05%Mg)
perltico (a) e, aps tratamento trmico, ferrtico(a). Ataque: Nital.
Fonte: http://www.doitpoms.ac.uk/miclib/browse.php?cat=1&sys=13&list=cmp.
pode ser colocado no interior de uma panela contendo ferro lquido e a panela girada
de modo que o metal lquido escorra sobre o magnsio. O magnsio vaporizado e seu
vapor atravessa o ferro lquido, diminuindo o teor de enxofre e provocando a formao de
grafita esferoidal(18).
Uma grande variedade de aos pode ser usada para fundio. Estes incluem aos
ao carbono (tanto de baixo, mdio como de alto teor de carbono) e aos de baixa, mdia
e alta liga, estes ltimos incluindo os aos inoxidveis. De forma similar ao ao
trabalhado, uma enorme gama de diferentes caractersticas pode ser obtida com aos
fundidos em funo de sua composio qumica, condies de fundio e uso de
tratamentos trmicos posteriores. Porm, esse ao, em relao s propriedades
mecnicas, tende a ser de qualidade inferior ao ao trabalhado, podendo apresentar
defeitos superficiais e internos, tpicos dos processos de fundio.
Composio
Srie Aplicaes principais
qumica
Al comercialmente
1XX.X Contatos eltricos
puro ( 99,0%Al)
Ligas Al-Si
Nessas ligas, o silcio aumenta a fluidez do alumnio lquido, permitindo que ele
preencha melhor as cavidades do molde, conseguindo obter dessa forma, produtos
fundidos com formatos mais complexos e com menos descontinuidades. O silcio propicia
tambm o aumento da resistncia abraso, reduz a contrao durante o resfriamento,
reduz a presena de porosidade do fundido, reduz o coeficiente de expanso trmica,
reduz a ductilidade do fundido, melhora a sua soldabilidade e, em teores elevados,
dificulta a usinagem(8).
8 DESCONTINUIDADES DE FUNDIDOS
8.1 Porosidade
8.5 Trincas
8.6 Rebarba
8.7 Desalinhamento
9 FORNOS DE FUNDIO
Estes fornos podem ser do tipo cuba (alto forno; cubil), reverberao ou rotativo
e de cadinho.
O forno cubil um forno cilndrico vertical, com carcaa feita de ao, revestido
internamente por tijolos de material refratrio e equipado com um bico de vazamento em
sua base. utilizado apenas para a fuso de ferros fundidos, sendo caracterizado por
alta eficincia trmica e baixo custo de operao. Caractersticas de construo e
operao gerais do forno cubil so ilustradas pela Figura 9.1(2).
com dimetro de 12,5 a 25 mm. Ao furo de vazamento anexada a bica de corrida que
conduz o metal panela de fundio. Mais acima, a 90 ou 180, situa-se a bica de
escria, formada durante o processo. A posio desse furo deve ser tal que permita a
formao de um volume suficiente de metal lquido. Ainda mais acima se situam as
ventaneiras ou aberturas, onde introduzido o ar comprimido no interior do forno, que
provm da caixa de vento que envolve o cubil. Por sua vez, a caixa de vento
alimentada por um ventilador ou ventoinhas rotativas, de modo a ter presses variveis,
de acordo com o dimetro do cubil. No topo do forno, fica o nvel de carregamento do
forno. A sua altura deve ser a maior praticvel, de modo a permitir um pr-aquecimento
mais eficiente da carga(2).
ferro. No comum o uso de carvo vegetal nesse forno devido ao seu baixo poder
calorfico por unidade de volume e menor resistncia mecnica(8).
O forno eltrico a arco apresenta uma carcaa cilndrica de ao, montada sobre
um sistema que permite o seu basculamento. A Figura 9.2 mostra, de forma
esquemtica, um forno eltrico a arco.
O forno eltrico a arco pode fundir qualquer tipo de sucata. Na fuso de ferro
fundido a carga constituda geralmente de sucata de ferro fundido e de ao e o controle
dos teores de carbono e silcio feito adicionando-se carbono na forma de coque e Fe-Si.
A formao de escria importante, visto que ela atua como uma cobertura protetora na
superfcie do metal lquido, diminui a sua oxidao e estabiliza o arco.
Figura 9.3: Forno a cadinho por induo de alta frequncia. Adaptado de (2).
Figura 9.4: Forno de cadinho com queimador, tipo estacionrio. Adaptado de (2).
10 ASPECTOS DO PROJETO
Inmeros aspectos devem ser considerados durante a fase do projeto. Isto inclui,
por exemplo, a escolha da posio da pea no molde, o que definir a maior ou menor
facilidade na extrao do modelo, o nmero e a complexidade de cada um dos machos,
detalhes de forma do modelo e os sistemas de enchimento e de alimentao do molde.
Tudo isso determinado levando em conta o metal a ser fundido (as suas condies de
fuso e vazamento e as suas propriedades mecnicas e fsicas aps solidificao, por
exemplo), o molde (material empregado, caractersticas do processo, etc.) e o nmero de
peas a serem produzidas. Neste ltimo aspecto, por exemplo, uma dada opo de
projeto pode ser conveniente para um lote de peas reduzido e no o ser para grandes
lotes.
10.1 Modelagem
Madeira
Para a preparao destes modelos pode ser empregada uma grande variedade
de madeira incluindo o cedro, imbuia, mogno, marfim, peroba e pinho. Diferentes tipos de
madeira podem ser usados em um modelo aproveitando as caractersticas de cada tipo.
Compensados so comumente usados na confeco de estrados e placas de modelos.
Modelos mais precisos e resistentes podem ser feitos com madeira impregnada com
resina, menos sensvel s variaes de umidade(8).
Resina
Metais
Cera
Existem vrios tipos de modelos, como ilustrado na Figura 10.1. O mais simples
feito de uma nica pea, chamado de modelo inteirio, que possui a mesma geometria
da pea fundida, ajustada em tamanho para compensar o encolhimento e usinagem.
Embora seja o mais fcil de fabricar, no o mais fcil de utilizar para fazer o molde de
areia. Por exemplo, a determinao da localizao da linha de separao entre as duas
metades do molde mais difcil, dependendo do julgamento do operador e a
incorporao da rede de canais de enchimento e do canal de entrada no molde exige
92
Figura 10.1: Tipos de modelos: (a) Modelo inteirio, (b) Modelo partido, (c) Placa-
modelo nica, (d) Placas-modelo separadas. Adaptado de (1).
permitem que as partes superior e inferior do modelo se alinhem com preciso. Placas-
modelo separadas so semelhantes placa-modelo nica, exceto que as metades do
modelo partido esto em placas separadas, de modo que as sees superior e inferior do
molde podem ser fabricadas e usadas de forma independente (1).
Ao projetar-se uma pea para ser fundida, devem ser levados em conta, em
primeiro lugar, os fenmenos que ocorrem durante o enchimento do molde e a
solidificao do metal lquido no interior deste para evitar que descontinuidades
originadas por esses eventos apaream na pea solidificada. Alm disto, aspectos
relacionados com a modelagem e com eventos e etapas de fabricao posteriores
solidificao devem tambm ser considerados. Alguns destes fatores sero apresentados
abaixo do ponto de vista do projeto de fundio.
Caso a pea fundida passe por uma etapa de usinagem, o modelo deve prever
um excesso de metal (sobremetal) para compensar o que ser removido posteriormente
da pea. A Tabela X.1 ilustra acrscimos nas dimenses de modelos recomendados para
a fabricao de peas de ferro fundido que sero usinadas.
430-630 5 7 4 6
630-1000 6 9 5 7
1000-1600 7 11 6 9
1600-2000 9 14 - -
2000-2500 11 16 - -
Compensao da contrao
ngulos de sada
Paredes altas devem possuir ngulos de sada pequenos para reduzir a mudana
de forma da pea. Paredes baixas, ao contrrio, devem possuir ngulos maiores
(Figura 10.5).
97
As paredes internas que delimitam bolos de areia (Figura 10.6) devem ter ngulos
do que os previstos para paredes externas, pois estes bolos quebram mais
facilmente na extrao.
Marcao de macho
Garantir uma posio estvel ao macho, tanto para fechamento do molde, quanto
para o vazamento do metal, apresentando resistncia ao fluxo de metal lquido.
Garantir a preciso da pea com a previso de posicionadores e referncias nas
marcaes para impedir o deslocamento do macho ou permitir a sua colocao
correta no molde.
Facilitar a moldao suprindo contrassadas, facilitando a colocao de
massalotes e minimizando o nmero de caixas de moldagem.
Facilitar a colocao dos machos e o fechamento do molde com folgas suficientes
para evitar o esmagamento e a quebra do molde.
Evitar queda de areia na cavidade do molde, projetando formas sem cantos vivos
e com a presena de locais para receber a areia que se solta na colocao do
macho e no fechamento do molde.
99
Facilitar a sada dos gases dos machos com perfuraes, respiros e folgas.
Facilitar a realizao do modelo, da caixa de macho e dos machos usando formas
mais simples.
Melhorar a resistncia do macho.
Cantos arredondados
Seco mnima, em mm
Outros detalhes
Figura 10.15: Dano de uma pea pela previso incorreta das necessidades do
processo de usinagem. Adaptado de (8).
com o fundo da bacia e a relao dos dimetros superior e inferior desse canal devem
ser estudados para que possa se evitar a formao de turbulncias no incio e durante o
vazamento(8).
O canal de distribuio conduz o metal lquido para os canais de ataque. Ele pode
ter seo varivel para homogeneizar a presso nos canais de ataque e pode ter um
prolongamento aps o ltimo canal para reter o primeiro lquido alimentado. Finalmente, o
canal de ataque transporta o metal lquido para a cavidade do molde, sendo que o seu
posicionamento e seo so fundamentais para a sanidade da pea fundida(3).
Figura 10.24: (a) Massalote direto aberto. (b) Massalote direto cego (8).
111
Figura 10.25: (a) Massalote lateral aberto. (b) Massalote lateral cego (8).
Os massalotes cegos possuem maior eficincia trmica, mas podem ser menos
eficientes para a alimentao da pea se a sua altura for menor do que a pea.
Adicionalmente, a sua presso interna pode cair se o material do molde no for muito
permevel entrada de gases, ver Figura 10.28. Com isto, o fluxo de metal lquido do
112
massalote que alimentaria a pea pode ser interrompido. Como consequncia e com a
solidificao da ligao entre o massalote e a pea, uma cavidade de contrao seria
formada na pea (Figura 10.28(b)). Neste caso, o uso de um macho com maior
permeabilidade passagem de gases, ou uma cunha de areia, que age permitindo a
entrada de gases no massalote e mantendo a sua presso elevada, permitiria manter a
alimentao da pea durante a sua solidificao e a cavidade seria formada apenas no
massalote (Figura 10.28(c)) (25).
Figura 10.26: (a) Massalote aberto. (b) Massalote aberto e coquilha. (c) Pequeno
massalote aberto e coquilha. (d) Pequeno massalote aberto com isolante e p
isotrmico. (e) Pequeno massalote aberto com isolante, p isotrmico e coquilha.
Adaptado de (25).
113
Figura 10.27: Formas de alimentar duas peas macias ligadas por um canal de
unio (25). (a) Massalote apenas na pea esquerda, cavidade formada na pea
direita. Utilizao de (b) dois massalotes, (c) massalote e resfriador e (d) massalote
e isolante no canal.
114
Figura 10.28: (a) Formao da pele slida no massalote cego e na pea. (b)
Cavidades so formadas tanto no massalote cego quanto na pea. (c) Macho
permevel colocado no massalote cego. Adaptado de (25).
115
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
11. Tuttle, R.B. Foundry Engineering: The Metallurgy and Design of Castings.
CreateSpace Independent Publishing, 2012.
21. GUESSER, W. L. Ferro Fundido com Grafita Compacta. Metalurgia & Materiais,
Caderno Tcnico, p. 403-405, jun. 2002. Disponvel em:
<http://www.tupy.com.mx/downloads/guesser/ferro_fund_grafita_compacta.pdf>.
Acesso em: 7 jun. 2015.