GAIARSA, José A. O Que É Corpo
GAIARSA, José A. O Que É Corpo
GAIARSA, José A. O Que É Corpo
A. Gaiarsa
o QUE CORPO
editora brasiliense
NDICE
EU
E voc?
O corpo esse que ningum quer conhecer
Reich e o corpo readmitido
O corpo fala demais!
Corpo versus alma
O corpo escravo triste iluso
O contrato social e a hipocrisia
Necessita exige
O corpo que se v e o corpo que se sente
Vamos entrar
O corpo esse rebelde subversivo
O corpo pobre
Tortura da carne a prpria
Nosso concurso de habilitao
O milagre do carbono
A qumica da vida
A rvore forma fundamental da vida
O mistrio da transubstanciao
A cada frao de segundo somos outro
A vida est presa numa celazinha
Somos filhos do sol, do ar e do mar
Como queimar devagar
Massagem e predisposio mrbida
Criao contnua
Por que o crebro no dorme?
As vantagens da fuga
Amor e tristeza
Emoes, vsceras e feedback
Nossa sensibilidade infinita
Nossa dana jamais se repete
Postura, centro (de gravidade) e eixo (de rotao)
O vivo, a velocidade e a gravidade
Vivemos caindo o tempo todo
O orgulhoso e seu mundo
A vtima e seus torturadores
O movimento, a inteligncia e a emoo
O olhar (que nunca se v)
Imitao, aprendizado e compreenso
Imitar
Respirao e religio
Os anjos e as palavras...
Respirao e angstia
O olhar e a iluminao
O olhar e o pensamento
O olhar e a comunicao humana
Ningum esconde nada de ningum
A luz que foi apagada
Eplogo ou epitfio?
Ningum tem pinto nem xoxota
Nascemos para ver
No vejam
Indicaes para leitura
EU
Sou mdico h quase 40 anos. Acabei mdico porque amava o corpo e porque amar o
corpo no pode. No podia quando menos. Eu queria conhecer" as pessoas, isto , v-las
(at a pode, mas j com MUITAS restries), falar com elas (isso pode, at nusea . ..);
mas depois eu queria me achegar, passar a mo (sentir) mexer (sentir) apalpar (sentir)
encostar e quanto mais. Imaginem que loucura a minha. Que gosto esquisito no ? . Eu
tambm acho. Mas eu sou assim e no fui eu quem me fez. Tive que me agentar como eu
era porque no havia outro.
Como pegar no corpo no podia, fui me fazer mdico porque mdico pode. Pode pegar
e, de lambuja, aprende muitas coisas interessantes sobre este mesmo corpo que uma
coisa deveras fantstica. Mas eu no queria fazer apenas exames formais, limitados e
cerimoniosos; eu queria pegar mesmo, sentindo e, se possvel, com gosto. Ento me fiz
psiquiatra na hora quase certa s um pouco adiantado. Quero dizer que ao me formar, em
1946, s havia em So Paulo a Psicanlise alm da Psiquiatria Hospitalar (que no me
interessava muito). Mas logo depois um simptico advogado de So Paulo, Lus Arruda, com
gentil insistncia conseguiu que eu comeasse a ler Reich, pondo minha disposio toda a
literatura possvel, livros, revistas, folhetos, panfletos...
insistncia de meu amigo se somou a fora do destino. Por aquela poca fui procurado
por uma pessoa da qual tratei durante mais de dez anos. Era tal seu modo de ser gente e de
ser doente, que as palavras deveras pouco significavam para ela. Comecei ento a "decorar"
Reich Anlise do Carter. Circunstncias dramticas envolveram a terapia e no tive outra
escolha seno prosseguir, mesmo sem saber muito bem o que estava fazendo. Entender o
que me dizia a paciente COM SEU CORPO, se me tornou uma tarefa necessria, absorvente
e apaixonante.
Foi a que passei de fora para dentro do corpo, do corpo da Anatomia, da Fisiologia e da
Bioqumica, para o mundo dos gestos, das expresses emocionais, dos distrbios viscerais
de origem scio-psicolgica, da postura, da respirao como controle de nveis de
conscincia.
Passei do corpo visto e compreendido, para o corpo sentido-e-sofrido. Foi assim que
aprend o que corpo sem falar das muitas horas de amor, que multiplicaram por mil tudo
o que diziam meus autores e tudo o que eu fazia no consultrio. Porque se amor, ento
pode ....
E VOC?
Por que que voc comprou este livro, leitor? Voc no sabe o que o corpo? Voc no
vive num deles desde que voc se conhece por gente? Voc no est cercado de corpos
humanos desde que nasceu? Voc sabe muito bem que este no um livro de Anatomia ou
de Fisiologia, no vamos falar de quanto e quais so os ossos, as juntas, os msculos, os
rgos.
E ento, de que corpo vamos falar?
A esta altura posso imaginar que voc comprou este livro na "onda do corpo" que se vem
avolumando a cada dia em todos os meios de comunicao de massa, em todos os ginsios
esportivos e em todas as tcnicas de psicoterapia. Dizem todos "O corpo!" com um certo
olhar ao mesmo tempo distante e profundo, e a cara de quem sabe muito bem o que est
falando. Mas na verdade poucas pessoas conseguem dizer mais do que isto a respeito do
corpo...
NECESSITA EXIGE
A DIVISO do homem
em CORPO e ALMA.
como se dissssemos: o corpo, como substncia opaca, rstica, grosseira, necessrio
para abrigar e ao mesmo tempo esconder a alma gentil e delicada to perfeita mas que
precisa esconder-se o tempo todo para que ningum descubra o que todos sabem: que
somos todos bem imperfeitos" para dizer pouco! Concretizemos o mito da perfeio
excelsa, considerando as mes e os poderosos em geral, em torno dos quais este criado,
ciosamente garantido por todos os meios, desde as conversas mais banais, at os castigos
severos para quem no acreditar nestas perfeies".
No entanto e como sempre, basta uma peque na observao para contradizer todas estas
expectativas mistificadoras. evidente que a me qualquer me to assustada,
insegura e maldosa como qualquer fara, qualquer imperador e qualquer papa como eu ou
voc. Mas basta dizer coisas assim para escandalizar muita gente. Estes, a fim de
continuarem acreditando na mistificao ideolgica, tm de aprender a NAO VER todas as
expresses corporais desses personagens famosos, expresses que revelam tudo o que eles
tambm tm de negativo e inferior.
Corpo e alma so portanto conceitos exigidos pela ideologia social, e tm pouca
correspondncia com o que de fato acontece.
O CORPO QUE SE V E O CORPO QUE SE SENTE
0 nico sentido objetivo para a distino entre corpo e alma, a evidente diferena entre
minha imagem interna de mim mesmo que eu sinto; e a imagem externa de mim mesmo, a
que eu posso ver num espelho ou num filme, e que exatamente como o outro me v.
At o comeo deste sculo a nica imagem externa que poderamos ver de ns mesmos
seria num espelho, de vidro ou de gua (Narciso!). Narciso reinterpretado:
quero me ver como voc me v
como eu sou para voc!
Mas no espelho fcil a gente ver o que quer em vez de ver o que est al. Foi preciso
inventar o cinema e o vdeo-teipe para que nos fosse dado nos ver deveras como o outro nos
v. Essa imagem chocante para quase todos, que se comportam frente tela, como se
aquela figura tivesse pouco a ver com ele. O que o outro est sempre vendo de mim e que
sou eu para ele eu sei pouco como e acho estranho. Esta situao dualidade de
minha imagem se bem percebida, pode esclarecer bastante e pode ajudar a desfazer boa
parte das falhas de comunicao entre eu e o outro.
Tudo se passa como se eu sentisse coisas frente ao outro e como se, sendo eu invisvel,
usasse um boneco com minha forma a fim de responder a ele. Em nossa ingenuidade
admitimos, sem exame e sem crtica, que eu atuo com preciso sobre meu boneco (meu
corpo), que ele faz exatamente o que eu pretendo. O que falso. Vimos que alm de nossos
gestos e expresses intencionais, ns "passamos" para o outro muitas outras intenes,
atravs de gestos e caras que fazemos sem perceber. Vamos ampliar o tema.
De tal forma a palavra engoliu a comunicao humana, que para a maior parte das
pessoas ela toda a comunicao. Mas tanto a observao atenta das pessoas como o
cuidadoso registro cinegrfico das mesmas vo nos mostrando que qualquer dilogo envolve
trs conjuntos expressivos simultneos quando menos.
Primeiro o que eu disse ou pensei e que pode ser escrito. Depois o meu tom de voz
e/ou a msica da frase, que inteiramente outra coisa, a revelar o tempo inteiro minha
disposio emocional. Quando tristes, com raiva, interessados ou ressentidos, nossa voz
revela o tempo todo os sentimentos que acreditamos secretos ou que nem percebemos!
Alm da letra e da msica da palavra, temos a encenao ou a dana gestual as caras,
poses e gestos que acompanham a frase. Qualquer pronunciamento envolve todos esses
elementos, e a alterao de qualquer um deles altera o sentido do que pretendemos
comunicar. Sabemos todos que assim mas, arrastados pelo sentido das palavras, quase
nunca lembramos que assim. Nem usamos intencionalmente o que sabemos.
VAMOS ENTRAR
Fizemos uma descrio da nossa capacidade expressiva vista por fora. Vamos tentar dizer
alguma coisa sobre ela, conforme a percebemos
interiormente.
A imensa maioria das pessoas acredita, ao falar, que o importante o rosrio das palavras,
que este rosrio diz exatamente o que elas pretendem e, implicitamente, que a msica da voz
e a dana dos gestos estaro completamente de acordo ou integradas s palavras ditas.
Mas e se fosse assim a pessoa no estranharia nada, nem a prpria figura vista num teipe,
nem a prpria voz e suas inflexes ouvidas num gravador. Muito menos estranharia as
reaes dos outros "ao que ela disseV'
Nossa estranheza ante nossa imagem e nossa voz mede exatamente a distncia ou a
diferena entre o que pretendemos comunicar, e o que o outro recebe ou entende.
Como se percebe, sempre o corpo que atrapalhai Quem manda ele no usar a voz certa
ou fazer o gesto que cabe?
tal nossa inconscincia de nossa msica vocal e do que eia insinua, dos nossos gestos e
o que eles sugerem que, ao percebermos que o outro no nos entendeu atribumos a ele,
invariavelmente, a culpa. Ele que no prestou ateno, que no se interessa, que est
azedo ou com raiva, com inveja e quanto mais.
Sempre ele, a culpa sempre dele. Voc conhece muito bem este refro, leitor no
conhece?
Perceber o prprio corpo significa, em todas
as situaes, reconhecer todas as nossas intenes, tanto as que vo expressas nas
palavras, como as que vo includas no tom da voz, nos gestos, nos olhares, na expresso da
boca, no jeito do corpo ...
muito, no leitor? preciso ser um iluminado ou um ser autntico para ao mesmo
tempo perceber, aceitar, integrar e exprimir todas as nossas intenes.
Como se v, nosso escravo bastante rebelde, e, na verdade, bastante independente em
relao a nossas intenes conscientes e aos nossos bons propsitos.
O CORPO
ESSE REBELDE SUBVERSIVO
O corpo, alm de inferior, grosseiro e escravo, subversivo. Subversivo da forma que
dissemos at agora, e subversivo da forma declarada por Freud: a maior parte de nossos
desejos parece incompatvel com a maior parte das normas sociais estabelecidas! Da uma
guerra permanente entre os desejos "do corpo" e as exigncias de uma presumvel "boa
educao".
Mas quero insistir: esses desejos, ainda que inconscientes para o sujeito, que no os
reconhece ou no os aceita, so apesar disso visveis para
qualquer observador externo que esteja atento e interessado.
A situao esdrxula da psicanlise, com o paciente fora do alcance visual de Freud, mais
as construes tericas complexas e vagas relativas ao inconsciente, levam a maior parte
das pessoas a acreditar que o inconsciente uma entidade invisvel ou que s se
manifesta atravs das palavras.
J mostramos de vrios modos que esta invisibilidade falsa. A raiva contra um filho que
eu, pai, nego, porque pai no tem raiva do filho; esta raiva que eu no reconheo, que
"inconsciente" para mim perfeitamente visvel para a visita, o vizinho ou a prpria criana.
Estamos sempre a acreditar que ns, adultos, fazemos sempre o que devemos e fazemos
sempre o melhor possvel o que, de novo, muito fcil mostrar que mentira.
O CORPO PODRE
A todas estas razes para antipatizarmos com o corpo, convm acrescentar o que
acontecia no passado. Tanto nos campos de batalha como nos assaltos e nos suplcios
pblicos, as pessoas tinham muito mais oportunidades do que hoje, de experimentar o horror
da viso de corpos mutilados e dilacerados. Tambm, a de experimentar o cheiro insuportvel
e repugnante de corpos humanos em decomposio. No duvido de que estes dados
contriburam para que se fizesse do corpo a imagem negativa da qual ele sofre.
Vamos repetir tambm que at cerca de um sculo atrs, as funes do corpo humano
eram profundamente ignoradas, tanto pelo povo como pelos prprios mdicos. Hoje as
pesquisas com tcnicas refinadas vm mostrando, a cada dia com mais clareza, que nosso
corpo um conjunto fantstico de estruturas e funes as mais sutis e complexas.
Para dizer tudo de uma s vez: no h concepo esotrica ou mstica sobre o universo e
sobre o homem que alcance, sequer remotamente, a finura, a delicadeza e a riqueza reais
deste to denegrido, renegado e torturado corpo humano (falo da viso potica da cincia).
O MILAGRE DO CARBONO
A vida um milagre contnuo outra frase que de to repetida j ningum mais ouve.
Vamos tentar renovar esta sensao de milagre. Sabidamente, no existiria vida se no
existisse o tomo de carbono, e se ele no tivesse essa qualidade de poder juntar-se a si
mesmo um nmero quase infinito de vezes.
As grandes molculas proticas tm um peso molecular da ordem de milhes. Estas
molculas (submicroscpicas) j so quase um Universo em si mesmas contendo, inclusive,
partes mveis como se fossem micromquinas.
O tomo de carbono nasce no Universo quando trs tomos de hlio, perdidos no espao,
colidem no mesmo ponto, demorando a reao cerca de um milionsimo de milionsimo de
segundo. Imagine, leitor, a altssima improbabilidade desta coliso tripla, e conclua comigo:
cada tomo de carbono , por si s, um incrvel milagre. Somos feitos portanto de um nmero
imenso de milagres atmicos.
A QUMICA DA VIDA
Nossa bioqumica envolve um nmero fantstico de substncias, muitas das quais
desconhecidas. Sabidamente, uma clula heptca um laboratrio incomparavelmente mais
complexo e mais produtivo do que todas as indstrias qumicas reunidas. Poderiamos pensar
que esta declarao vale apenas para a variedade de produtos e reaes, mas na verdade
ela vale tambm para a quantidade. O ATP (trifosfato de adenosina), produzido diariamente
por todas as clulas vivas do mundo, na certa carregaria um comboio inteiro de navios ...
Atualmente, com o uso equvoco da palavra qumica, creio conveniente esclarecer: nosso
corpo constitudo de um nmero considervel de substncias, a maior parte delas
produzidas por ele a partir dos alimentos, do oxignio do ar e da gua. Estas substncias do
corpo podem, didaticamente, ser colocadas em trs grupos. Aquelas que esto sendo
sintetizadas como elementos estruturais do corpo. As que so sintetizadas ou decompostas,
a fim de reservar ou liberar energia para todos os fenmenos que ocorrem no corpo. Enfim,
por aquelas que vo surgindo pela decomposio de nossa estrutura, ou pelo uso da energia
(na produo de movimentos, secrees, absores ou eliminaes seletivas e mais). Nestes
termos, nosso organismo uma gigantesca usina qumica. As ideologias alternativas que
hoje se espalham extensamente, ao falar de produtos em conserva, em pesticidas e em
adubos, fazem uma condenao macia e indiscriminada contra tudo que "qumico".
Quisemos deixar claro que a qumica um dos nveis bsicos da vida, e que portanto esta
palavra tem outros sentidos alm dos mais populares. A bioqumica uma cincia difcil
porque todas as substncias que estuda encontram-se intimamente misturadas e, ao mesmo
tempo, separadas por um nmero imenso de membranas delicadssimas que delimitam
espaos microscpicos.
A RVORE FORMA FUNDAMENTAL DA VIDA
Todos os organismos vivos usam o princpio fundamental das plantas, a fim de aproveitar
bem a energia solar. As plantas abrem-se numa colossal superfcie verde formada pela soma
das reas de todas as folhas das plantas.
Nosso pulmo, por exemplo, idntico a uma rvore cujo tronco a traquia, que vai se
dividindo num nmero colossal de ramos, na extremidade dos quais esto os alvolos
pulmonares. Estes so pequenas vesculas constitudas por uma parede delgadssima com ar
em uma das faces e uma rede sangunea densa na outra face. Cada um dos nossos 3
milhes de alvolos pulmonares, cujo dimetro mdio est prximo de um dcimo de
milmetro, est revestido por cerca de mil fragmentos de capilares sangneos. Se
consegussemos forrar o cho com os alvolos pulmonares de uma s pessoa, obteramos
uma superfcie quase igual de uma quadra de tnis cerca de 100 metros quadrados. Esta
fantstica superfcie est contida no trax de cada um de ns.
O MISTRIO DA TRANSUBSTANCIAO
Vamos dizer um pouco mais sobre a Bioqumica. aceita tranquilamente pela comunidade
cientfica essa declarao que em outros tempos era uma Intuio filosfica: a cada instante
ns somos substancialmente outro. Em todos os pontos do organismo esto ocorrendo
continuamente fenmenos qumicos de transformao de substncias, e essas
transformaes no duram mais que fraes de segundos. Esta ordem de grandeza pois a
do "Aqui-e-Agora" bioqumico.
MASSAGEM
E PREDISPOSIO MRBIDA
Os espaos intersticiais de nosso corpo formam uma verdadeira esponja microscpica, na
qual a circulao de lquidos lenta. devido a esta disposio que a massagem se mostra
um processo invariavelmente benfico e o exerccio fsico tambm.
A massagem consiste em expremer e soltar numerosas vezes esta esponja I quida, com o
que se consegue uma rpida renovao dos lquidos locais. O exerccio fsico, ou mais
exatamente as contraes musculares, exercem um efeito de automassagem em duplo
sentido: o msculo no s renova os prprios lquidos orgnicos como tambm, pelas suas
variaes de volume ao se contrair, massageia todos os tecidos prximos.
Na verdade, a microcirculao justamente a que se processa neste lago intersticial
vem-se mostrando um fator extraordinariamente importante na determinao da sade ou da
doena. Pode-se dizer que os males da vida sedentria e com pouca movimentao corporal
so os principais responsveis pela maior parte das molstias crnicas que sofremos.
Sabidamente, a doena nasce sempre da conjuno de um ou mais agentes agressivos e
de uma resposta orgnica. Os mdicos falavam e ainda falam de um "terreno mrbido" ou de
uma "predisposio patolgica" que facilitaria ou dificultaria a instalao de doenas em
nosso corpo. O principal fator do terreno ou da disposio mrbida a microcirculao
deficiente. Ativ-la, portanto, um elemento essencial em qualquer programa de sade ou de
profilaxia (preveno de doenas). Vamos mostrar de outros modos que nosso corpo no
pode ser outra coisa que no
CRIAO CONTNUA
como no-lo disseram, desde sempre, todos os iluminados do mundo.
Consideremos o crebro e suas atividades. Dez bilhes de neurnios, cada um deles
ligado a dezenas ou a centenas de milhares de outros. Todos eles numa atividade incessante,
como se pode ver no eletroencefalgrafo.
Se quisermos uma plida imagem do que seja o funcionamento cerebral, ento vamos
imaginar que estamos, numa noite fria de cu cristalino, no alto de uma montanha,
contemplando todas as estrelas que o homem pode ver. Ainda estamos longe de 10 bilhes,
mas o cu estrelado j serve para nos dar uma impresso sobre o funcionamento do crebro.
De instante a instante as estrelas mudam de intensidade luminosa (no crebro). O conjunto
da abbada celeste ser percorrido, ento, por ondas ou fluxos de lampejamentos que
formam figuras ou conjuntos assaz distintos. Podemos imaginar estes lampejamentos como
se eles fossem anncios luminosos mas do tamanho do cu e com 10 bilhes de luzinhas!
Tambm podemos comparar estes padres de cintilao s figuras formadas nos grandes
painis, usados originaria- mente nas olimpadas de Moscou. Cada instante uma figura mas,
de novo, um painel do tamanho do cu.
O que quer dizer "um instante" no pargrafo anterior? Quer dizer, usualmente, centsimo
de segundo. Mais amplamente, de dcido a milsimo de segundo. Cada neurnio consegue
emitir, no mximo, mil excitaes ou vibraes por segundo.
A diferena bsica entre o elemento do computador e o neurnio, que cada resposta do
neurnio resulta da soma algbrica de todos os impulsos de excitao e de todos os impulsos
de inibio que ele est recebendo o tempo todo. Enquanto o computador trabalha
invariavelmente na alternativa sim e no, cada neurnio tem, a cada instante, a capacidade
de receber, organizar e emitir milhares de impulsos ou de alternativas.
AS VANTAGENS DA FUGA
Podemos, nesta base, dar um conselho ao leitor: se voc se sentir profundamente
angustiado, temendo uma catstrofe a cada instante, d uma corrida desabalada em volta do
quarteiro. Se possvel gritando para desbloquear mais amplamente a respirao
prviamente presa! Os vizinhos podero estranhar, mas voc vai se sentir muito melhor. Se
voc excluir o grito e puser um tnis, todo mundo vai pensar que voc est fazendo cooper.
Se a angstia (medo retido) parece provir de uma guerra de casal ou de famlia, ento
aconselho voc a propor, para seu "inimigo'', uma luta corpo a corpo. Para evitar
machucaduras srias, combine com ele: tudo em cmara lenta mas forte! Esse um bom
modo de consumir energia e evitar o mal-estar das emoes entaladas que no vm nem
vo.
A razo destes conselhos a seguinte: uma vez posto em ao, nosso sistema de
emergncia no pode ser freado em poucos instantes. 0 estado de alerta depende da
adrenalina e esta circula no sangue muitos minutos aps ter sido injetada nele pelas
glndulas do alerta: as supra-renais. Por isso importante, sempre que estamos na iminncia
de "estourar", realizar aes corporais amplas, intensas e rpidas desabafar. S assim
dissipamos o excedente da preparao automtica que o corpo realizou.
AMOR E TRISTEZA
Mas claro que medo e raiva no so nossas nicas emoes. Existem pelo menos duas
outras, a tristeza (choro) e o amor, que impele para o contato e a fuso com o outro. Estas
duas emoes primrias dependem principal mente do sistema parassimptico, que funciona
em antagonismo dialtico frente ao sistema simptico. Ambos regulam o funcionamento de
todas as vsceras, influindo poderosamente em nossos estados emocionais. Tanto a tristeza
quanto o amor tendem a nos desmanchar, a atenuar um conjunto de hbitos. No caso da
tristeza, tendem a ser dissolvidos os hbitos de relacionamento com uma pessoa querida
porm ausente ou morta. Ser necessrio chorar a morte, pois seno o morto continuar vivo
para ns.
No caso do amor, a fuso acontece nos casos e momentos melhores entre dois, e este
afrouxamento do eu habitual permite transformaes pessoais, uma verdadeira troca de
atitudes e qualidades (ou defeitos!) entre os dois. Possivelmente, tambm entre trs ou mais
mas disso no se fala!
Dito de outro modo, o sistema medo-e-raiva nos afirma, confirma e endurece na resistncia
ou ataque. O amor e a tristeza nos amolecem e permitem as transformaes de
personalidade. Estamos vendo at que ponto somos criao contnua. Frente a esses fatos,
torna-se incompreensvel ou absurda a exigncia social segundo a qual devemos todos ser
sempre os mesmos. Cidado de confiana o homem de princpios, que no muda de
posio nunca!
Sem vsceras, portanto, no teramos emoes nem afetos ou sentimentos, que so
ondas de evoluo mais lenta ou conjunto de emoes misturadas. Nossas vsceras tm
bastante autonomia de funcionamento, podendo todas elas funcionar fora do corpo em
ambiente e com tcnicas de laboratrio. Apesar disso, o crebro pode influir
consideravelmente sobre esse funcionamento, como do conhecimento e da experincia de
todos.
RESPIRAO E RELIGIO
Mas vamos alm. O corpo muito mais esprito do que se est acostumado a pensar. Ou o
esprito mais corpo como se queira. Falemos da Respirao e tudo o que ela tem a ver
com a origem de todas as noes religiosas da humanidade.
Desde sempre se soube que o mais seguro sinal de morte era a parada da respirao
fato de todo visvel e fcil de constatar. Desde sempre, primitivos e crianas se puseram,
perplexos, frente respirao esse eterno encher e esvaziar um vazio com "nada
porque o ar invisvel. Mesmo hoje, ser difcil convencer uma pessoa simples de que o ar
tem peso ou uma "coisa".
A juno de tais pensamentos situados entre o bvio e o mistrio nos permite compreender
como que se formou, na mente dos primeiros homens, a noo de esprito ou alma
etmologicamente sinnimos. Esprito, em latim, significa "que sopra" ou vento. "Alma", em
hebraico, significa sopro ou hlito.
Dos fatos assinalados, pode-se, com lgica perfeita, concluir:
Para o homem, sua relao mais importante e vital com o invisvel. Cessada essa
relao o morto no respira cessa a vida com ela. Logo: o invisvel que nos d a vida.
Assim nascia a noo de esprito ("vento) e de alma ("sopro"), noo ao mesmo tempo
poderosa e extremamente indefinida. Como vou saber como o invisvel? Na verdade, posso
pr "dentro" desta noo tudo o que me interessa, que eu amo ou odeio, que imagino ou
suponho. No so assim todos os milhares de deuses que a humanidade inventou e continua
inventando?
essa noo/sensao primeira, de origem respiratria, veio se somar a "espiritualizao"
das classes superiores, sempre adoradas e odiadas. Os deuses tipicamente o Olimpo
foram invariavelmente retratos das virtudes e vcios dos "superiores". Os "inferiores" procuram
fazer como eles, imit-los e, at, usar os valores da primeira classe para julgar os da segunda
ou da terceira. Lembrar os trajes de "nobres" usados pelos favelados no carnaval.
Mas a respirao tem mais a ensinar. Ela a nica funo vegetativa que est
naturalmente sujeita vontade. Posso, dentro de amplos limites, respirar mais ou menos, de
um modo ou de outro.
Porque quem verdadeiramente FAZ a respirao so os msculos do tronco mais o
diafragma - todos eles msculos voluntrios. Isto , se eu estiver disposto e interessado,
posso aprender a control-los voluntariamente. O mesmo no consigo fazer com o corao
ou com o fgado, por exemplo. Logo, a respirao est naturalmente sujeita vontade.
Aconteceu assim porque falamos, e para falar precisamos governar a emisso do sopro a fim
de produzir o som que depois transformamos em palavras.
Notar as palavras inspirao e aspirao, ambas denotando altas funes psicolgicas e
ambas designando, ao mesmo tempo, fenmenos respiratrios. Ser mera coincidncia?
Mas vamos alm e compreenderemos muito mais. De onde vem a inspirao"? Do ar,
diram os antigos, conscientes, como ris, de que os pensamentos nos vm" sem que
saibamos de onde ou como. Como sai, depois, a inspirao? Em Palavras, que so o
invisvel elaborado em som. Na certa o primitivo sabia sentia que suas palavras eram
uma espcie de msica produzida por alguma espcie de instrumento de sopro interior
mais o prprio sopro, ele tambm invisvel. Assim nascia um dos mais profundos mistrios
dos homens a palavra, como se pelo invisvel do ar chegassem a ns pensamentos de
sabedoria.
OS ANJOS E AS PALAVRAS
Os anjos podero nos ensinar algo importante sobre as palavras porque eles so, na
verdade, representaes visuais destas mesmas palavras. Um anjo , segundo a definio
dogmtica, um esprito puro, isto , sem matria nenhuma, isto , intangvel e invisvel
como o ar. 0 anjo muitas vezes utilizado por Oeus como mensageiro (agelos, em grego,
quer dizer exatamente isto mensageiro). Enfim, no sendo material, o anjo pode se
transportar a qualquer distncia instantaneamente.
E o que uma palavra? E uma agitao organizada do ar (um puro esprito) que transporta
uma mensagem (o sentido da palavra) de modo praticamente instantneo e sem que se veja
nada indo da boca de um para o ouvido de outro.
Anjos so representaes visuais de palavras.
RESPIRAO E ANGSTIA
Resta a ligao da respirao com a angstia. Angstia quer dizer estreito, apertado,
oprimido. Basta dizer assim para ver que a respirao deve estar ligada a ela, pois assim
que a sentimos no peito.
Dado fundamental sobre a respirao: o oxignio a nica substncia de valor vital da
qual nosso corpo no consegue fazer uma reserva. Podemos viver sem gua at dez ou
quinze dias, e sem comer at um ms ou mais. Mas no podemos ficar sem respirar mais do
que uns poucos segundos.
A respirao a. nica funo urgentemente necessria o tempo todo.
Quando nos contramos a fim de conter emoes, nosso tronco se faz impedimento para a
expanso respiratria. Esta restrio do fornecimento de oxignio para o corpo impede a
emoo de se desenrolar. Podemos dizer que todos os nossos desejos reprimidos morrem
por asfixia.
E o endurecimento do tronco que produz a sensao de estreito ou apertado, to
caracterstica da angstia. Podemos dizer, ainda, que a angstia um sinal da morte da
liberdade. Dadas aquelas circunstncias, teramos que responder a elas
entrar em cena. A fim de no me comprometer ou no me arriscar, eu no entro ou
no fao. Ao me segurar morro de angstia.
Neste contexto, ela aparece como o sinal de morte da minha responsabilidade, e um sinal
de morte da oportunidade que eu tive de acontecer e que perdi para sempre!
Vemos que da respirao, do peito e do pulmo nascem algumas das idias mais
fundamentais da humanidade. O corpo est presente, pois a todas estas noes tidas como
altas demais ou boas demais para esta pobre carne desprezada... Note-se: no falamos do
corao e tudo o que ele tem a ver, concretamente, com os sentimentos. Metade dos sambas
s fala disso...
O OLHAR E A ILUMINAO
Mas o corpo tem coisas mais altas ainda para nos ensinar. As coisas do olhar dos olhos
tem tudo a ver com o pensamento e com os "iluminados". Iluminado no bem luminoso;
antes algum que v melhor que os outros ou que v, como o queria Teilhard de Chardin
(telogo, 1881-1955): preciso ver TUDO o que h para ver. Quando Deus disse, no primeiro
dia da criao, "faa-se a luz", ele estava criando ao mesmo tempo a luz e os olhos, pois que
um no tm propsito sem o outro.
Note-se:
No PRIMEIRO dia da criao.
Estudos eletroencefalogrficos de recm-nascidos humanos mostram que seu crebro est
em estado de sonho metade do tempo. No final da vida
intrauterina esta proporo ainda maior. No podemos ter a menor idia a respeito do que
seja o sonho do feto e do recm-nascido, mas como os sinais objetivos do sonho so iguais
no feto e no adulto, podemos concluir que o feto v figuras onricas, isto , imagens interiores,
ainda antes de ter visto a luz do dia.
A luz interior anterior luz exterior!
"Olhamos para dentro" ou "imaginamos" usando os olhos como se estivssemos olhando
nossas imagens fora de ns e de olhos abertos. Os movimentos oculares que fazemos
durante o sonho (no qual as imagens visuais interiores so excepcional mente ntidas) so
exatamente como se estivssemos olhando estas mesmas coisas do sonho, porm
acontecendo no mundo exterior. Estes fatos emergiram dos estudos de fisiologistas sobre o
estado de sonho.
J temos aqui duas noes altamente "espirituais" decorrendo estritamente do
funcionamento dos nossos olhos e de nossos crebros: "luz interior" e "viso interior".
O OLHAR E O PENSAMENTO
Os cientistas que vm desenvolvendo estudos de neurolingstica uma nova
especialidade cientfica nos dizem coisas inacreditveis sobre a direo do nosso olhar e
sua conexo com nosso pensamento. Seus dados, resumidos, parecem um artigo de
almanaque, mas foram todos confirmados com teipes e filmes.
Eles nos dizem que, se durante uma conversa, eu olhar para cima e para a esquerda,
estarei recordando cenas visuais j vividas. Se eu olhar para cima e para a direita, estarei
imaginando uma nova figura, ou estarei olhando para uma velha recordao porm de um
novo ngulo. Na linha horizontal acontece algo semelhante. Se olho horizontalmente para a
esquerda, estarei recordando certas frases ouvidas ou lidas. Se na conversa eu olho
horizontal mente para a direita, estarei criando uma frase nova (para mim). Se olho para baixo
e para a esquerda estarei presente a sensaes corporais ou a emoes. Enfim, se olho para
a direita e para baixo muito provvel que esteja falando comigo mesmo (com os canhotos
ao contrrio).
Portanto, no podemos pensar se nossos olhos ficarem imveis. De h muito os
estudiosos da hipnose sabem que a tcnica fundamental para se conseguir o transe
convidar o paciente a fixar um ponto, uma luz ou um objeto que no tenha nenhum interesse
para o sujeito. Basta esta fixao ocular durante 30 a 40 segundos para que a pessoa passe
para outro estado de conscincia. Enfim, de h muito se havia notado que nossos
pensamentos podem mudar de curso muito rapidamente. Tambm nossos olhos mudam de
direo instantaneamente, e cada mudana de direo uma mudana de cena ou de
"pensamento".
O OLHAR
E A COMUNICAO HUMANA
Vamos assinalar um fato por demais estranho: pouco ou nada se fala em Psicologia sobre
a importncia do olhar na comunicao humana. A psicanlise levou esta omisso a altura de
princpio quando ps o paciente fora do campo visual do terapeuta. Como vimos ao longo de
nossa exposio, somos todos meio cegos em relao aos demais. Aprendemos a fazer de
conta que no vemos um mundo de coisas, freqentes e desagradveis, feitas pelos outros e
por ns mesmos. Desde pequenos aprendemos que ver os lados frgeis, mesquinhos, os
vcios e defeitos das "autoridades" que nos cercam, uma atividade bastante perigosa e que
pode nos custar caro. Por isso faz parte de nossa educao implcita primeiro deixar de falar
destas coisas; depois, com o tempo, aprendemos a fazer de conta que no vemos estas
coisas. A nossa educao alcanou a perfeio!
Creio que algo semelhante aconteceu com Mestre Freud, que afinal de contas era gente
como ns, foi criana como ns, "aprendeu" como ns a no ver o que est embaixo do nariz.
E se o que est embaixo do nariz for por demais evidente, ento eu desvio o olhar ou fico de
costas exatamente como Freud fez. Assim foi nascendo a noo vaga e confusa de um
inconsciente amoral, algico, sem noo de tempo ou espao, de causalidade, de
consequncia ...
Se Freud tivesse olhado para seus pacientes, teria visto o que Reich acabou vendo: que o
inconsciente inteiramente visvel nas expresses no-ver ba is das pessoas. E no jeito de
se pr, no modo de gesticular, no tom de voz e na expresso do rosto que o inconsciente vai
aparecendo, ao lado e ao longo das palavras. Mas ele visvel tambm quando no h
palavras, como se pode ver no caso de briga de casal. Os dois podem estar com caras muito
ruins e muito "gritantes" mesmo quando em silncio.
NINGUM ESCONDE NADA DE NINGUM
A observao atenta e astuta, ou a documentao cinematogrfica, nos mostra que todos
os movimentos interiores aparecem sempre um instante antes de serem "reprimidos" ou
contidos. Na verdade, um instante antes de serem "congelados" em uma expresso dura, ou
"disfarados" com a sobreposio de outra expresso. Se digo uma coisa desagradvel para
algum, esta pessoa poder me dar um olhar fulminante, que dura uma frao de segundo e
mostra toda a intensidade do dio. No instante seguinte ele desviar os olhos ou por uma
cara de agraciao, tudo feito para "disfarar" o dio do olhar. Nem o olhar nem sua
conteno so feitos de propsito; obedecem a automatismos motores bem mais velozes que
a percepo usual. Freud dira: nem o impulso nem a resistncia ou defesa eram
conscientes para o paciente.
Mas ambos podem ser mostrados e podem ser vistos num teipe ou num filme. Logo
e repetindo uma declarao importante: o que inconsciente para o sujeito visvel para o
observador. Seria visvel para o sujeito tambm, se o filmssemos. A ele VERIA seu
inconsciente veria os sinais de todos os sentimentos que ele acredita estar disfarsando
bem, ou escondendo completa mente (at dele mesmo ...).
A LUZ QUE FOI APAGADA
Diremos ento que faz parte de nossa educao apagar nossa iluminao isto , nos
tornar cegos frente a elementos importantes da realidade, todos os que colidem, divergem ou
negam "aquilo que todo mundo DIZ que assim".
"Me boa, sempre boa e somente boa igual para todos os filhos...! Amem!"
A iluminao, portanto, no uma conquista. uma reconquista de nossos olhos do
direito deveras sagrado de ver o que estou vendo, de vera EVIDNCIA.
EPLOGO OU EPITFIO?
No consigo deixar de ser pessimista (fala a Vtima...). Nossa negao do corpo pode nos
ser fatal pois dele que emergem todas as criaes espontneas da vida como acabamos
de demonstrar.
Neg-lo negar a Vida e afirmar a morte.
Negamos o SEXO alm de todo o imaginvel. Mesmo hoje, mesmo na Cidade Grande (e
an-
nima), em qualquer famlia Normal, Respeitvel, Honesta e Decente como so todas .
NO VEJAM
o que estamos fazendo conosco e com nossos semelhantes.
Somos todos cegos tagarelas que ao arrumar palavras acreditamos estar arrumando as
coisas (e ao arrumar nmeros, acreditamos estar fazendo justia social... )
No nos resta outra coisa depois da cegueira.