Aspergillus Homeopatia Thuya
Aspergillus Homeopatia Thuya
Aspergillus Homeopatia Thuya
24-28 (Dez 2014 - Fev 2015) Brazilian Journal of Surgery and Clinical Research - BJSCR
1. Acadmica do curso de graduao em Farmcia da Faculdade Ing UNING; 2. Mestre em Cincias Farmacuticas, Co-orientadora do Trabalho de
Concluso de Curso do Bacharelado em Farmcia da Faculdade Ing UNING; 3. Doutora em Cincias Farmacuticas, Orientadora do Trabalho de
Concluso de Curso do Bacharelado em Farmcia da Faculdade Ing UNING.
* Rodovia PR 317, 6114, Maring, Paran, Brasil, CEP: 87035-510. giselycl@gmail.com
cura semelhante), o qual foi enunciado por Hipcrates no na avaliao da ao de substncias inibidoras ou prote-
sculo IV a.C1. toras sobre os mecanismos de controle da expresso g-
A cincia homeoptica busca estimular a cura ou nica e preservao da homeostase.
melhora de determinada doena ou disfuno orgnica Neste contexto, o objetivo deste trabalho foi analisar o
atravs de preparados de princpios ativos em doses bai- efeito do medicamento dinamizado Thuya occidentalis
xas, empregando tcnicas precisas de diluio e sucusso, 30CH (Centesimal Hahnemanniana) sob a germinao e
que resultam em medicamentos dinamizados, ou seja, nas desenvolvimento vegetativo do ascomiceto de A. nidu-
ultradiluies homeopticas3. lans, e sua relao com a induo de apoptose em con-
Na cincia moderna, cada vez mais a procura por dies normais e, em presena de danos genticos cau-
novas terapias, alm dos tratamentos alopticos conven- sados pela exposio luz ultravioleta.
cionais vem sendo avaliadas, entre elas, a homeopatia.
Essa terapia visa minimizar a toxicidade, reduzir custos e 2. MATERIAL E MTODOS
propiciar o uso de princpios ativos e matrias-primas
abundantes e/ou de fcil acesso. Assim, vrios estudos Linhagem
vm sendo realizados com preparados homeopticos em Foi utilizada a linhagem biA1methG1 de Aspergillus
vrias reas da cincia na busca de novas descobertas e nidulans, proveniente da Universidade de Glasgow (Es-
avanos cientficos4-6. ccia), que apresenta desenvolvimento normal, esporos
Thuya occidentalis uma planta utilizada na home- verdes e deficincia nutricional para biotina (vitamina) e
opatia e, apresenta efeitos promissores contra certos tipos metionina (aminocido).
de tumores7, principalmente sobre papilomas e condilo-
mas8. Segundo Sunila et al. 20099, medicamentos dina- Anlise de germinao de condios em resposta
mizados podem agir como indutores de apoptose e/ou a temperatura, estabilizador osmtico e fatores
apresentar citotoxicidade para clulas tumorais. Estudos nutricionais
recentes com o medicamento homeoptico Carcinosinum Para a anlise da temperatura, foram feitos ensaios a
30CH e 200C, sugerem esta ao, pois o mesmo induziu 28o C e 37o C. Para a avaliao do efeito do estabilizador
genes pr-apoptticos em cultura de clulas tumorais in osmtico foram utilizados meios com 0,5 M de NaCl.
vitro9. Para se estimar a influncia dos fatores nutricionais, foi
O processo de morte celular programada ou apoptose utilizado, o meio completo e o meio mnimo, suplemen-
vem sendo muito estudado devido ao seu importante tado com os nutrientes especficos para cada linhagem.
papel na regulao e manuteno dos organismos multi- Para a anlise de germinao, condios das linhagens
celulares10. em estudo foram coletados de colnias com 5 dias de
Aspergillus um grupo de fungos filamentosos que crescimento em meio completo, a 37 C e transferidos
abrangem mais de 200 milhes de anos de evoluo. Os para 0,01% de Tween 80. As suspenses de condios
fungos filamentosos revelam-se teis como modelo eu- foram filtradas em l de vidro e inoculadas nos diferentes
carionte para o estudo da apoptose, pois as relaes fi- meios lquidos. Em seguida, 100 uL foram transferidos
logenticas mostram similaridade de mamferos com as para lminas de microscopia em cmara mida e incu-
protenas apoptticas de Aspergillus11. bados nas duas temperaturas por um perodo de 8 horas.
Aspergillus (=Emericella) nidulans um fungo fila- A cada 2 horas, as duas lminas (repeties) de cada
mentoso, com taxa de crescimento rpida, sendo consi- condio foram analisadas ao microscpio ptico.
derado modelo para estudos de gentica do desenvolvi- Em cada leitura foram analisados 200 condios e
mento, portanto, um excelente sistema para o estudo da calculadas as porcentagens de condios em cada uma das
diferenciao celular12. Sua utilizao indicada devido a fases de germinao (condio dormente, embebido, com
haploidia, morfognese bem definida e ciclo de vida boto germinativo e com tubo germinativo).
curto, compreendendo 3 fases: o ciclo vegetativo, que Na ltima leitura, foi feita uma estimativa de sobre-
inicia com a germinao do esporo (condio ou ascspo- vivncia, considerando-se vivos apenas os condios com
ro) e continua por toda vida da colnia, no crescimento e tubo germinativo e observao de tipo e frequncia de
ramificao das hifas; o ciclo assexual ou conidiognese, aberraes no desenvolvimento dos tubos germinativos.
inicia-se nas hifas que diferenciam-se em conidiforos, e
pelo processo de mitose originam os condios e, o ciclo 3. RESULTADOS E DISCUSSO
sexual ou ascosporognese, fase em que formam-se os
esporos a partir do processo de meiose, ditos ascsporos. No presente trabalho, o medicamento Thuya occi-
Apesar da influncia de fatores ambientais, estas fases dentalis foi preparado segundo a Farmacopeia Homeo-
so expressas por grupos de genes que estabelecem re- ptica Brasileira, 3a edio, na potncia 30CH, ou seja, na
lao entre as diferentes cascatas regulatrias de cada trigsima dinamizao Centesimal Hahnemanniana,
fase13. Esse o motivo que nos leva a utilizar este modelo considerada uma ultradiluio.
A ultradiluio (UHD) obtida a partir da diluio de De acordo com a literatura, T. occidentalis foi avali-
uma soluo acima do nmero de Avogadro, alcanada ada em experimentos in vitro e in vivo, e revelou signi-
atravs da tcnica de dinamizao (diluio com sucus- ficativo potencial imunofarmacolgico2,8. Naser et al.16,
so). O medicamento homeoptico obtido atravs da em seu trabalho de reviso, sugerem que os ativos fito-
ultradiluio induz um efeito celular supressor e estimu- qumicos presentes em extratos de T. occidentalis apre-
lador que age sobre sistemas orgnicos; apresenta curvas sentaram ao estimulante em citocinas e, modulam a
dose-efeito oscilatrias, mas eficiente o bastante, para a produo de anticorpos, alm de atuarem na ativao de
manuteno da homeostasia celular3. macrfagos e outras clulas imunocompetentes.
Segundo Morais14, o efeito biolgico observado com A observao das caractersticas de cada fase de
as ultradiluies advm de uma reao secundria do germinao de A. nidulans permite-nos inferir se o tra-
organismo substncia farmacolgica utilizada, decor- tamento da amostra com o medicamento Thuya occi-
rente de uma alterao da molcula de gua, num esforo dentalis CH30, quando comparado ao controle, revela ou
finalstico de manuteno da homeostase. no interferncia nas fases de ativao metablica e sn-
Os resultados da anlise de germinao esto apre- tese proteica (dormente-embebido) e no ciclo celular
sentados nas tabelas 1 e 2. (embebido-boto).
Tabela 1. Porcentagem de condios da linhagem biA1methG1 em cada Na Tabela 2 observa-se que, nas amostras de A. ni-
fase de germinao em 3, 4, 6, 8 horas; (C) grupo controle; (T) grupo dullas tratadas com Thuya occidentalis 30CH submetido
tratado com Thuya occidentalis 30CH. radiao com luz UV, houve diminuio do nmero de
. mal formados e significativo aumento de condios mor-
3 horas 4 horas 6 horas 8 horas tos, comparados ao grupo controle, indicando, portanto,
(C) (T) (C) (T) (C) (T) (C) (T)
DORMENTE 50,9 48,6 22,7 8,2 1,7 0 0 0 apoptose.
EMBEBIDO
BOTO
49,1
0
49,1
0
33,6
34,6
25,5
22,6
6,6
11,6
2,5
5,4
0,5
0,5
2
1,5
De acordo com Hiwasa et al.17, a radiao UV causa
GERMINA-
0 0 9 43,8 70,9 80,9 94,7 90 danos ao DNA e induz apoptose. No trabalho, foi pos-
DO
MALFOR- svel observar que na anlise entre o controle irradiada
0 0 0 0 9,6 11,2 4,4 6,5
MADO com UV, e a amostra irradiada com UV e, tratada com
Thuya occidentalis 30CH, o medicamento dinamizado
Como se pode observar na tabela 1, aps 2 horas, quan- intensificou a fase de ativao metablica.
do ocorre o incio da ativao metablica, no houve
ativao ou inibio da germinao em resposta ao tra- Tabela 2. Porcentagem de condios da linhagem biA1methG1 em cada
tamento. fase de germinao em 2, 4, 6, 8 horas; (C) grupo controle sem expo-
No perodo seguinte, 3 horas, nenhum aumento na sio radiao ultravioleta; (T) grupo tratado com Thuya occidentalis
30 CH exposto a radiao ultravioleta; (UV) grupo irradiado com
ativao metablica foi constatado. No entanto, houve radiao ultravioleta.
ativao do metabolismo e do ciclo ce-
2 horas 4 horas 6 horas 8 horas
lular com 4 horas de germinao, ocor- (C) (UV) (T) (C) (UV) (T) (C) (UV) (T) (C) (UV) (T)
rendo uma sensvel ativao em respos- DORMENTE 30,2 61 59,1
11,5
2
36,3 35,3 5 14,6 9,8 2,9 8,6 8,8
ta ao medicamento quando comparado EMBEBIDO 69,7 39 40,9 60 62,7 60,6 5 50,2 43,6 4,9 20,7 18,1
BOTO 0 0 0 16,5 0,9 4,1 4 18 15,7 0,9 9 12,5
com o controle. GERMINA-
0 0 0 11,9 0 0 80 17,1 30,9 6 59,9 58,3
A ativao metablica tardia foi sig- DO
MALFOR-
nificativa. Podemos observar, atravs do MADO 0 0 0 0 0 0 6 0 0 12,3 2 2,3