O livro descreve a história da devastação da Mata Atlântica brasileira desde a chegada dos europeus em 1500 até os dias atuais. Detalha os diferentes ciclos econômicos que levaram à destruição da floresta e discute os esforços recentes de preservação de áreas remanescentes. Apesar das leis de proteção, a Mata Atlântica continua ameaçada e é considerada um dos ecossistemas mais frágeis do planeta.
O livro descreve a história da devastação da Mata Atlântica brasileira desde a chegada dos europeus em 1500 até os dias atuais. Detalha os diferentes ciclos econômicos que levaram à destruição da floresta e discute os esforços recentes de preservação de áreas remanescentes. Apesar das leis de proteção, a Mata Atlântica continua ameaçada e é considerada um dos ecossistemas mais frágeis do planeta.
O livro descreve a história da devastação da Mata Atlântica brasileira desde a chegada dos europeus em 1500 até os dias atuais. Detalha os diferentes ciclos econômicos que levaram à destruição da floresta e discute os esforços recentes de preservação de áreas remanescentes. Apesar das leis de proteção, a Mata Atlântica continua ameaçada e é considerada um dos ecossistemas mais frágeis do planeta.
O livro descreve a história da devastação da Mata Atlântica brasileira desde a chegada dos europeus em 1500 até os dias atuais. Detalha os diferentes ciclos econômicos que levaram à destruição da floresta e discute os esforços recentes de preservação de áreas remanescentes. Apesar das leis de proteção, a Mata Atlântica continua ameaçada e é considerada um dos ecossistemas mais frágeis do planeta.
Baixe no formato PDF, TXT ou leia online no Scribd
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 2
A FERRO E FOGO: A HISTRIA e estabilizao das florestas tropicais da Amrica
E A DEVASTAO DA do Sul, nos conduz real temtica de seu livro,
MATA ATLNTICA BRASILEIRA que a chegada da "espcie invasora" e devastadora maioro homema esses biomas. Warren Dean A evoluo da ocupao humana da Mata So Paulo, Companhia das Letras, 1996. 484 p. Atlntica, que em seus primrdios abrigou dos primitivos caadores-coletores aos povos indgenas H exatamente 137 anos iniciava-se o primeiro tupi, mostrada em paralelo s alteraes programa de reflorestamento da Mata Atlntica antrpicas causadas floresta. Nessa fase pr- com a recomposio das florestas da Tijuca e portuguesa, o autor destaca as agresses originadas Paineiras, no Rio de Janeiro, que poca j pelas supostamente inofensivas prticas agrcolas apresentavam suas constituies florsticas "itinerantes" dos indgenas, que atravs de originais consideravelmente degradadas em de- sucessivas queimadas acabavam por transformar corrncia de intensa atividade antrpica. Assim pequenas reas de floresta primria em focos de como esses, outros segmentos da vasta formao mata secundria: as capoeiras. Ainda que florestal que originalmente recobria a costa leste observando que tais danos floresta original no do Brasil entre 8 e 28 de latitude sul e se eram irreversveis, Dean indaga sobre o que teria estendia para o interior cerca de 100km em sua ocorrido se os europeus no tivessem interrompido poro norte e mais de 500km na sul, mostra- a trajetria natural de ocupao e utilizao da vam-se tambm sensivelmente depauperados, floresta pelos autctones. Em qualquer hiptese, especialmente em reas do Nordeste e Minas o processo histrico de degradao da Mata Gerais. A continuada devastao do bioma Mata Atlntica acabou por tomar Rimo trgico com a Atlntica acabou por reduzir sua constituio chegada dos europeus, cuja desastrosa inter- original a menos de 10% da rea coberta ferncia naquele ecossistema acelerou originalmente, o que, independentemente de consideravelmente o processo de sua destruio. perdas relativas sua fitofisionomia e diversidade Nos captulos subseqentes, Dean pro- zoolgica, provocou tambm severas alteraes porciona-nos um vivido e bem documentado climticas e pedolgicas, notadamente na regio relato dos sucessivos ciclos econmicos que nordestina. caracterizaram a explorao e degradao da O historiador e brasilianista norte-americano Mata Atlntica aps 1500, que, a princpio, se Warren Dean, ao discorrer nos 15 captulos que resumiu a atividades extrativistas de essncias compem sua obra sobre a histria das relaes nobresmormente o pau-brasil , e prosseguiu entre o homem e um dos mais importantes com a gradual derrubada de reas florestadas para ecossistemas mundiais a Mata Atlntica , o cultivo de espcies exticas, principalmente a avalia, atravs de um estudo pioneiro, as vrias cana-de-acar, que representava o esteio da fases da interferncia humana sobre esse economia colonial. O agravamento da destao ecossistema nico, apontando as trgicas, e da Mata Atlntica d-se com a descoberta de muitas vezes irreversveis, conseqncias do depsitos de ouro e diamante ao longo de sua processo. Tal panorama, mostra o autor, s poro interna, tendo as atividades de minerao comea a se modificar recentemente com o mo- transformado certos pontos da floresta original em vimento universal de conscientizao ecolgica, "regio escalvada e deserta". importante notar que tem induzido a criao de legislao de que, nesse cenrio de contnua ocupao humana proteo e programas de reflorestamento, e sistemtica destruio florstica, muitas espcies educao ambiental e manejo da floresta. desapareceram por completo de certas reas, o Na esteira da obra clssica de Jean Dordst que ocorreu antes mesmo que um inventrio Antes que a natureza morra, que j em 1964 preliminar da biodiversidade da Mata Atlntica alertava sobre o crescente desequilbrio ecolgico pudesse ser produzido. Os botnicos atuais, por no mundo moderno em decorrncia das invaria- exemplo, consideram a existncia de trs velmente desastrosas intervenes humanas na variedades de pau-brasil, tendo uma delas j sido natureza, Dean, aps breve introduo gnese extinta. O autor, ao examinar as causas e conseqncias biolgicas da expanso europia reas remanescentes de Mata Atlntica, destacando sobre a floresta Atlntica, no se preocupa em a saga dos ambientalistas cientistas e leigos discutir a posaira filosfica da sociedade da poca para a instituio de cdigos florestais e a criao em relao ao meio ambiente, que assumia que os de parques e reservas, medidas que tm se recursos naturais eram inesgotveis e que, revelado razoavelmente eficientes. Nesse conseqentemente, a supremacia do homem sobre contexto, o autor nos revela as primeiras tentativas, a naftireza lhe dava o direito de domin-la e realizadas ainda no sculo XIX, de conservar e transform-la de acordo com suas convenincias. reflorestar a mata no caso, a Floresta da Tijuca A evoluo do conhecimento dos ecos- , para proteger os mananciais da cidade do Rio sistemas brasileiros, com as primeiras tentativas de Janeiro. Registra tambm o alerta, poca, de converter o saber emprico dos indgenas dos cientistas brasileiros Francisco Freire Alemo, quanto identidade e uso das espcies da floresta Guilherme Sdidi de Capanema e Ladislau Netto para a linguagem cientfica universal, registrada em relao ao desaparecimento de populaes por Dean j no Brasil colnia. O inventariamento localizadas de espcies animais e a preocupao cientfico da fauna e flora, porm, somente se dos mesmos em conservar as reas restantes de intensifica a partir do incio do sculo XIX, em cobertura original. A despeito, porm, da ao dos decorrncia dos esforos individuais de inmeros conservacionistas e da legislao que a protege, a naturalistas viajantes estrangeiros e brasileiros Mata Atlntica segue sendo sistematicamente que coletaram espcimes durante expedies agredida. Governos recentes tm associado a seus pelo pas. O conhecimento preliminar da riqueza discursos desenvolvimentistas a necessidade de faunstica eflorsticada Mata Atlntica, contudo, no preservao do meio ambiente, mas tm se produziu qualquer efeito inibidor em relao ao mostrado ineficientes em coibir agresses s processo de sua contnua destruio, nem mesmo florestas brasileiras. quanto proteo de seus recursos explotveis. Por se mostrar atualmente reduzida a frag- A transio do governo colonial para o mentos e ainda abrigar uma grande diversidade imperial considerada pelo autor como tendo de espcies endmicas de plantas e animais, a acelerado ainda mais o processo de devastao Mata Atlntica foi recentemente includa pela da Mata Atlntica, j que os brasileiros, exercendo conceituada organizao de proteo ao meio ento plena soberania sobre a floresta, passaram ambiente Conservation International entre os 17 a "atac-la com redobrado vigor e entusiasmo" pontos mais crticos do planeta em termos de visando benefcios imediatos. Cabe citar a biodiversidade ameaada. A conscientizao dominncia da cultura do caf poca, que, por universal de que o ser humano um mero utilizar reas de plantio imprprias para a cultura componente de um planeta vivo e que sua canavieira, como as regies montanhosas, acabou sobrevivncia depende de complexos ciclos por contribuir para a destruio de pores at interdependentes de uma cadeia trfica est ento intactas da floresta. apenas comeando a se difundir. Nesse sentido, a O cenrio de agresso floresta acelera-se obra de Warren Dean presta-se como um alerta- consideravelmente a partir do incio do sculo XX denncia para a necessidade de se compreender em decorrncia, entre outros fatores, da exploso o funcionamento de um ecossistema antes de demogrfica, do crescente extrativismo predatrio alter-lo, especialmente em se tratando de sistema e das prticas da mono-cultura e pecuria. da complexidade de uma floresta tropical. Por sua Somados a esses, outros fatores to ou mais ampla abordagem e expressivo volume de dados agressivos, como a poluio atmosfrica, a apresentados tanto de fontes primrias como degradao do solo e a contaminao dos sistemas bibliogrficas constitui ainda excelente fonte hdricos provocados principalmente por de consulta para todos aqueles que se interessam atividades industriais , contriburam para a por temas relacionados conservao e explorao drstica reduo de reas saudveis da floresta de recursos naturais. original. Nos ltimos captulos do livro, o autor discute Magali Romero S as iniciativas de recuperao e preservao das Pesquisadora do Museu da Vida/Casa de Oswaldo Cruz