Reaproveitamento Do Óleo Lubrificante Uma Solução para O Futuro
Reaproveitamento Do Óleo Lubrificante Uma Solução para O Futuro
Reaproveitamento Do Óleo Lubrificante Uma Solução para O Futuro
Alessandra Capello1
Anglica Maria Abreu de Paula2
Angela Morandini Pradella3
Mara Lucia Grando4
RESUMO
Este artigo visa demonstrar algumas prticas de destinao correta do leo lubrificante
utilizado nos motores em uma empresa do ramo automobilstico do oeste catarinense, bem
como o processo de rerrefinao em sua ntegra por meio de uma empresa autorizada.
Segundo a norma da Associao Brasileira de Normas Tcnicas, descartar de forma incorreta
o leo lubrificante considerado crime, sendo que o leo um resduo perigoso tanto para o
meio ambiente quanto para a sade humana. Atualmente a melhor forma de retirar este leo
de circulao submeter o mesmo a uma srie de procedimentos e processos capazes de
recuperar as caractersticas qumicas e fsicas perdidas em seu uso. Graas a estes
procedimentos, o leo transformado em nova matria prima, que futuramente empregado
na fabricao do leo lubrificante em si. Alm de evitar a degradao ambiental, ao destinar
de forma correta o leo usado ou contaminado, as empresas de forma geral, tem uma grande
economia vendendo esse leo para os coletores responsveis, que daro a destinao correta.
Diante deste contexto, a viabilidade econmica enorme, regenerando o leo lubrificante
temos a mesma matria prima, porm com um custo de aquisio inferior.
1 INTRODUO
Desde a revoluo industrial, por volta do final do sculo XVIII e incio do sculo
XIX, os veculos, os meios de transportes e as mquinas motorizadas, tem sido smbolo de
desenvolvimento e modernidade. O responsvel pelo funcionamento de todo e qualquer tipo
de veculos ou mquinas o motor, que por sua vez depende principalmente de uma boa
lubrificao, que se d atravs do leo. Ao ser introduzido nos motores a combusto interna e
nos sistemas de transmisso, o leo cria uma certa camada de pelcula que impede o contato
direto entre as peas em movimento. Por isso a importncia de manter sempre o nvel correto
e a qualidade do mesmo, bem como a manuteno dos motores. Os veculos automotivos, por
1
Acadmica da Engenharia da Produo da UCEFF Faculdades. E-mail: alessandra.capello@santapedra.com.br.
2
Acadmica da Engenharia da Produo da UCEFF Faculdades. E-mail anglica.clp@dimencao.com.br.
3
Docente da graduao e ps-graduao da UCEFF Faculdades. E-mail: angelapradella@gmail.com.
4
Docente da graduao e ps-graduao da UCEFF Faculdades. E-mail: maralucia35@gmail.com.
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exemplo, tem como recomendao a troca deste leo em um perodo de seis em seis meses,
pois a validade de um leo geralmente essa, ou a cada 10.000 km percorridos, onde ocorre
uma baixa significativa deste leo (APROMAC, 2005).
O reaproveitamento do leo lubrificante est estabelecido na Resoluo 9 do Conama
(Conselho Nacional de Meio Ambiente, 1993), onde est definido que o leo usado ou que
tenha de alguma maneira sofrido algum tipo de contaminao, obrigatoriamente dever ser
recolhido e encaminhado a uma destinao correta que no agrida de nenhuma maneira o
meio ambiente, ou seja, no sendo descartado na gua, solo ou quaisquer tipos de destinao
incorretas. Segundo DECRETO N 6.514, DE 22 DE JULHO DE 2008, estima-se multa de no
mnimo R$ 50,00 e no mximo R$ 50.000.000,00, variando conforme unidade, hectare,
quilograma, metro quadrado, metro cbico e coisas do gnero afetados. Alm disso, ainda h
advertncias, demolio de obras, destruio do produto, entre outras aes ligadas a infrao.
A destinao correta desse leo se faz necessria principalmente devido aos danos que
o mesmo causa tanto natureza, quanto as pessoas ou animais que entram em contato. O uso
prolongado do leo faz com que ocorra sua deteriorao parcial, formando compostos cidos
orgnicos, compostos aromticos polinucleares potencialmente carcinognicos, resinas e
lacas, que muitas vezes deixa-o com certo grau de toxidade, os gases so nocivos ao meio
ambiente, sendo assim, a melhor destinao para esse leo o rerrefino, a reciclagem do
mesmo, que aps um longo processo refinado novamente e acaba voltando ao mercado
consumidor em forma de matria-prima (TRISTO, 2008).
Neste sentido, o artigo visa demonstrar a importncia de uma destinao correta do
leo lubrificante de motor tanto economicamente quanto ambientalmente, atravs de um
estudo de campo em uma concessionria Volkswagen do oeste de Santa Catarina, e
posteriormente na empresa responsvel pelo rerrefino do leo, mostrando os benefcios deste
reaproveitamento.
H centenas de milhes de anos, por meio das radiaes solares que incidiram sobre a
Terra originaram-se e se desenvolveram microrganismos, tais como bactrias, ou at mesmo
as rvores e os animais, cada que ao findar suas vidas acabaram por se decompor. Cerca de
300 milhes de anos atrs, as rvores que cresceram e morreram em regies de pntanos, se
decompuseram no fundo de lodos e foram encobertas. Com a ao do tempo e a presso das
camadas de terra que foram se acumulando sobre os resduos, transformaram-se em materiais
homogneos. H 150 e h 90 milhes de anos, ocorreu o que chamado de eras de
aquecimento global, determinadas microalgas com grande teor de lipdeos afundaram e se
incorporavam aos leitos de mares e lagos, sofrendo a decomposio, gerando os componentes
bsicos do petrleo (THOMAS, 2001).
Pode-se considerar ento como um combustvel fssil, o resultado de um processo
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A histria do leo tem seu inicio por volta de 2500 a.C, no Antigo Egito, tinha-se a
necessidade de efetuar o transporte dos colossos e os blocos para a construo das Pirmides.
At ento a lubrificao era desconhecida, sendo assim os escravos egpcios usavam galhos
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Existe uma enorme variedade de tipos de leo, porm, todos so todos formados por
um leo lubrificante bsico que por sua vez pode receber aditivos, este corresponde cerca de
80% a 90% do volume do produto acabado. Segundo Agncia Nacional do Petrleo, Gs
Natural e Biocombustveis ANP, no Brasil, todo e qualquer tipo de leo deve atender uma
srie de normas tcnicas que asseguram sua qualidade e segurana.
Os dois principais leos lubrificantes bsicos so os minerais, que tem sua fabricao
diretamente atravs do refino do petrleo. O outro leo, o leo sinttico, feito atravs de
reaes qumicas a partir de produtos extrados do petrleo, este, por sua vez tem maior
estabilidade trmica, melhores propriedades a baixas temperaturas e menor volatilidade. Os
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leos minerais so muito mais baratos do que os sintticos, mais versteis, e tem maior
facilidade de reciclagem. Vale salientar que o petrleo brasileiro no o mais indicado para a
obteno do leo lubrificante, sendo assim, se faz necessrias a importao do petrleo
especial ou at mesmo a importao do leo bsico pronto (APROMAC, 2005).
flasheamento sob alto vcuo, onde so separadas as fraes leves do leo usado: leo neutro
leve, leo spindle e leo diesel. O leo neutro leve entra na formulao de leo com mdia
viscosidade. O leo spindle usado em formulaes diversas. O leo diesel empregado
como combustvel.
Dando sequencia ao processo, o leo destilado bombeado novamente para outro
forno, onde aquecido a uma temperatura de 380 C, onde enviado para os evaporadores de
pelcula, nesta etapa que ocorre o que conhecido por separao asfltica do leo, sob
vcuo. Essa frao asfltica utilizada para fabricao de mantas e produtos asflticos, essa
frao onde encontra-se a maior parte degradada do leo lubrificante usado. Devido
variao de elevadas temperaturas os fornos utilizados no processo so fabricados com
materiais capazes de suportar mais de 400 C.
O leo resultante do desasfaltamento aps todo o procedimento permanece com uma
quantidade de componentes oxidados. Para retira-los, aplicado uma pequena quantidade de
cido sulfrico, que causa a aglomerao dos contaminantes, gerando assim a borra cida, que
por sua vez um resduo poluente se entrar em contato com o ambiente. Essa borra lavada
com gua, neutralizada, desidratada, e transformada em combustvel pesado com alto poder
de calor. A gua cida resultante da lavagem neutralizada com lama cal e cal virgem,
virando gesso para corretivo de solo, a gua por sua vez destinada ao tratamento. O cido
sulfrico da borra cida recuperado, formando o sulfato de magnsio, a borra por sua vez
lavada, entra na composio com asfalto para oxidao e produo de asfalto por exemplo.
Aps o procedimento de sulfonao, o leo bombeado novamente, porm agora seu
destino so os reatores de clarificao, adicionando argila descorante, a mistura de leo com
argila aquecida, absorvendo assim os compostos indesejveis, adicionando a cal no final do
processo para corrigir a acidez do leo. O composto resultante do leo, argila e cal passa por
filtros prensa, que separam a frao slida. A argila com cal usada em indstrias de
cermicas e para confeco de cimento.
Novamente ocorre a filtrao do leo, com filtros de malha ainda mais finas,
eliminando as ultimas partculas contaminadas, e a ento pode-se dizer que obtido o leo
bsico mineral re-refinado, com as caractersticas iniciais de um leo bsico virgem. O leo
levado a tanques para o armazenamento, onde cada lote corrigido em laboratrio para
atender s especificaes de viscosidade, cor e demais caractersticas. (Grupo Lwart, 2015).
O processo de rerrefino todo automatizado, trabalhando em tempo integral com
temperaturas acima dos 80C, se faz necessrio mquinas especficas para execuo do
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trabalho, agilizando assim o processo, bem como no pondo e risco a integridade fsica dos
funcionrios.
3 Metodologia
Segundo IBGE, no ano de 2013 o Brasil contava com uma frota de aproximadamente
um automvel para cada 4,4 habitantes, o equivalente 45,4 milhes de veculos, estimativa
que s tende a aumentar. Cada veculo nacional deve ser abastecido com em mdia 3,5 a 4
litros de leo lubrificante, essa quantia aumenta quando se fala em importados, variando de 5
a 7 litros.
Na oficina em estudo, a quantidade diria de veculos que so efetuados a troca de
leo lubrificante gira e torno de 30 carros nacionais e 5 importados, exceto aos sbados cuja
entrada de veculos para troca de leo de apenas 15 que geralmente so nacionais.
Semanalmente essa quantia de 190 veculos, uma mdia de 760 veculos por ms. Se todos
esses veculos fossem nacionais, giraria em torno de 665 a 760 litros de leo mensalmente
substitudos, lembrando que a mesma quantia de leo que colocado no motor retirado, isto
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Desse modo o processo de logstica reversa permite que ocorra a recuperao do leo
lubrificante usado, transformando o mesmo em base de leo mineral com qualidade.
Rerrefinar alm de beneficiar o ser humano e meio ambiente, diminui a necessidade de
extrao de petrleo, reduzindo a dependncia brasileira em relao importao deste
produto.
No processo de rerrefino uma quantidade de aproximadamente de 10.000 litros tem
seu reaproveitamento em torno de 48 horas, sendo que de uma carga em 65% do leo
reaproveitado. Este leo serve tambm para a confeco de leos hidrulicos, leos para
engrenagens e graxas. O leo recuperado vendido em torno de R$ 0,30 R$ 0,40 o litro,
sendo que custa cerca de R$ 0,09 a 0,12 para recuperar o litro de leo usado, seu transporte te
um custo de 30% (0,30) deste valor. O valor de compra do leo usado ou contaminado de
R$ 0,04 R$ 0,08 o litro. J o leo bsico virgem comprado por R$ 0,52 a 0,56 o litro
(GNDARA, 2000).
Usando a formula de equao de vendas e lucros seguida de Kotller, (1994), pode-se
calcular o lucro do rerrefino:
Pv = Pr + Ptr + Pc + L
Pv = preo de venda do leo recuperado;
Pr = preo de rerrefino do leo usado;
Ptr = preo de transporte;
Pc = preo de custo do leo usado (compra);
L = lucro.
O preo do transporte se refere ao transporte apenas do leo usado ou contaminado,
isto , multiplica-se o valor de 0,09 e 0,30, resultando em Ptr = 0,027.
Pv = Pr + Ptr + Pc + L
L = 0,3 (0,09 0,027 0,04)
L = 0,143/litro
Mediante os dados resultantes da pesquisa, se torna vivel o rerrefino, bem como
demonstra a necessidade de difundir a ideia do rerrefino, o preo de compra do leo virgem
praticamente o mesmo do leo usado ou contaminado, sendo que o usado tem como vantagem
de possuir mais fraes lubrificantes.
Diferentes especificaes de leo bsico podem ser obtidas por meio do rerrefino,
especificaes estas capazes de atender as necessidades do mercado. leo novo, de novo.
Faz-se necessrio fazer hoje, pensando no amanh, desenvolvendo a sustentabilidade.
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5 CONSIDERAES FINAIS
REFERNCIAS
Grupo Lwart. Disponvel em: < http://www.lwart.com.br > acessado em maro de 2015.
IBAMA. Instituto Brasileiro De Meio Ambiente E Dos Recursos Naturais. Disponvel em:
www.ibama.gov.br.