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Reaproveitamento Do Óleo Lubrificante Uma Solução para O Futuro

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REAPROVEITAMENTO DO LEO LUBRIFICANTE: UMA SOLUO PARA O


FUTURO

Alessandra Capello1
Anglica Maria Abreu de Paula2
Angela Morandini Pradella3
Mara Lucia Grando4

RESUMO

Este artigo visa demonstrar algumas prticas de destinao correta do leo lubrificante
utilizado nos motores em uma empresa do ramo automobilstico do oeste catarinense, bem
como o processo de rerrefinao em sua ntegra por meio de uma empresa autorizada.
Segundo a norma da Associao Brasileira de Normas Tcnicas, descartar de forma incorreta
o leo lubrificante considerado crime, sendo que o leo um resduo perigoso tanto para o
meio ambiente quanto para a sade humana. Atualmente a melhor forma de retirar este leo
de circulao submeter o mesmo a uma srie de procedimentos e processos capazes de
recuperar as caractersticas qumicas e fsicas perdidas em seu uso. Graas a estes
procedimentos, o leo transformado em nova matria prima, que futuramente empregado
na fabricao do leo lubrificante em si. Alm de evitar a degradao ambiental, ao destinar
de forma correta o leo usado ou contaminado, as empresas de forma geral, tem uma grande
economia vendendo esse leo para os coletores responsveis, que daro a destinao correta.
Diante deste contexto, a viabilidade econmica enorme, regenerando o leo lubrificante
temos a mesma matria prima, porm com um custo de aquisio inferior.

Palavras-chave: Economia. Sustentabilidade. Logstica Reversa. leo Lubrificante.

1 INTRODUO

Desde a revoluo industrial, por volta do final do sculo XVIII e incio do sculo
XIX, os veculos, os meios de transportes e as mquinas motorizadas, tem sido smbolo de
desenvolvimento e modernidade. O responsvel pelo funcionamento de todo e qualquer tipo
de veculos ou mquinas o motor, que por sua vez depende principalmente de uma boa
lubrificao, que se d atravs do leo. Ao ser introduzido nos motores a combusto interna e
nos sistemas de transmisso, o leo cria uma certa camada de pelcula que impede o contato
direto entre as peas em movimento. Por isso a importncia de manter sempre o nvel correto
e a qualidade do mesmo, bem como a manuteno dos motores. Os veculos automotivos, por

1
Acadmica da Engenharia da Produo da UCEFF Faculdades. E-mail: alessandra.capello@santapedra.com.br.
2
Acadmica da Engenharia da Produo da UCEFF Faculdades. E-mail anglica.clp@dimencao.com.br.
3
Docente da graduao e ps-graduao da UCEFF Faculdades. E-mail: angelapradella@gmail.com.
4
Docente da graduao e ps-graduao da UCEFF Faculdades. E-mail: maralucia35@gmail.com.
269

exemplo, tem como recomendao a troca deste leo em um perodo de seis em seis meses,
pois a validade de um leo geralmente essa, ou a cada 10.000 km percorridos, onde ocorre
uma baixa significativa deste leo (APROMAC, 2005).
O reaproveitamento do leo lubrificante est estabelecido na Resoluo 9 do Conama
(Conselho Nacional de Meio Ambiente, 1993), onde est definido que o leo usado ou que
tenha de alguma maneira sofrido algum tipo de contaminao, obrigatoriamente dever ser
recolhido e encaminhado a uma destinao correta que no agrida de nenhuma maneira o
meio ambiente, ou seja, no sendo descartado na gua, solo ou quaisquer tipos de destinao
incorretas. Segundo DECRETO N 6.514, DE 22 DE JULHO DE 2008, estima-se multa de no
mnimo R$ 50,00 e no mximo R$ 50.000.000,00, variando conforme unidade, hectare,
quilograma, metro quadrado, metro cbico e coisas do gnero afetados. Alm disso, ainda h
advertncias, demolio de obras, destruio do produto, entre outras aes ligadas a infrao.
A destinao correta desse leo se faz necessria principalmente devido aos danos que
o mesmo causa tanto natureza, quanto as pessoas ou animais que entram em contato. O uso
prolongado do leo faz com que ocorra sua deteriorao parcial, formando compostos cidos
orgnicos, compostos aromticos polinucleares potencialmente carcinognicos, resinas e
lacas, que muitas vezes deixa-o com certo grau de toxidade, os gases so nocivos ao meio
ambiente, sendo assim, a melhor destinao para esse leo o rerrefino, a reciclagem do
mesmo, que aps um longo processo refinado novamente e acaba voltando ao mercado
consumidor em forma de matria-prima (TRISTO, 2008).
Neste sentido, o artigo visa demonstrar a importncia de uma destinao correta do
leo lubrificante de motor tanto economicamente quanto ambientalmente, atravs de um
estudo de campo em uma concessionria Volkswagen do oeste de Santa Catarina, e
posteriormente na empresa responsvel pelo rerrefino do leo, mostrando os benefcios deste
reaproveitamento.

2 SUSTENTABILIDADE E LOGSTICA REVERSA

O desenvolvimento sustentvel visto como a oportunidade de investir em novos


negcios pode-se entender como um processo onde de um lado h restries relacionadas
explorao dos recursos, do outro, o crescimento deve levar em conta os aspectos diretamente
ligados ao o uso de recursos e a gerao de resduos e contaminantes. Sendo assim,
sustentabilidade uma inter-relao que envolve justia social, qualidade de vida, equilbrio
ambiental e a o rompimento com o padro de desenvolvimento atual (JACOBI, 1997).
270

A noo de sustentabilidade surgiu do conceito de desenvolvimento sustentvel


definido pela Comisso Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) da
Organizao das Naes Unidades (ONU) e publicado no relatrio Nosso Futuro Comum, em
1988. Aps isso, muitos autores buscam conceituaram sustentabilidade, para Veiga (2006),
cada vez mais um futuro no capitalista deixa de ser utpico, sendo assim desenvolvimento
sustentvel, com todas as ambiguidades e insuficincias inerentes expresso, certamente
anuncia a utopia que tomar o lugar do socialismo.
Para Souza (2000), desenvolvimento sustentvel aquele que busca atender as
necessidades sem comprometer as geraes futuras o produto hoje no mais considerado
como um bem de consumo, mas sim, do ponto de vista do servio que ir oferecer ou prestar.
Alm de gerar bons resultados econmicos e financeiros, as empresas devem focar e aes
sociais cuidando do meio ambiente no promovendo aes que agridam a natureza. (HART;
MILSTEIN, 2004).
Quando se fala em logstica reversa, refere-se a rea da logstica que trata do retorno
do produto, tais como embalagens ou materiais, no caso e estudo, o leo. O processo tem que
ser sustentvel, pois se trata muito mais do que um processo de devoluo, os materiais que
retornam aos fornecedores so revendidos, recondicionados, reciclados ou simplesmente so
descartados e substitudos (DONATO, 2008). fundamental destacar que isto ocorre na
cadeia do leo lubrificante das distribuidoras, buscando cumprir o que a legislao prev
(362/2005 do CONAMA).

2.1 ENERGIA FSSIL: PETRLEO E SEUS DERIVADOS

H centenas de milhes de anos, por meio das radiaes solares que incidiram sobre a
Terra originaram-se e se desenvolveram microrganismos, tais como bactrias, ou at mesmo
as rvores e os animais, cada que ao findar suas vidas acabaram por se decompor. Cerca de
300 milhes de anos atrs, as rvores que cresceram e morreram em regies de pntanos, se
decompuseram no fundo de lodos e foram encobertas. Com a ao do tempo e a presso das
camadas de terra que foram se acumulando sobre os resduos, transformaram-se em materiais
homogneos. H 150 e h 90 milhes de anos, ocorreu o que chamado de eras de
aquecimento global, determinadas microalgas com grande teor de lipdeos afundaram e se
incorporavam aos leitos de mares e lagos, sofrendo a decomposio, gerando os componentes
bsicos do petrleo (THOMAS, 2001).
Pode-se considerar ento como um combustvel fssil, o resultado de um processo
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lento de decomposio de restos de plantas e animais, isto , sua formao se d ao longo de


milhes de anos, dentre estes combustveis podemos destacar o carvo, o gs natural e o
petrleo.
O petrleo encontrado em bacias sedimentares especficas, formadas por camadas ou
lenis de areia, arenitos ou calcrios. Segundo Thomas (2001), embora conhecido desde os
primrdios da civilizao humana, somente no sculo XIX iniciaram-se as exploraes de
campos e as perfuraes dos poos de petrleo. A partir de ento comea a expanso, no lugar
do leo de baleia surge o petrleo, e o carvo mineral acaba sendo substitudo tambm para a
produo do vapor. Apesar da forte concorrncia do carvo e de outros combustveis
considerados nobres naquela poca, o petrleo passou a ser utilizado em larga escala,
principalmente aps a inveno dos motores a gasolina e a leo diesel, para os meios de
transporte.
No processo de refinamento, o petrleo colocado em ebulio sofrendo o
fracionamento de seus componentes obtendo seus derivados, dentre eles o gs de cozinha,
asfalto, gasolina, leo diesel, querosene, leo combustvel, combustvel martimo, solventes,
parafinas e coque de petrleo, nafta e os leo lubrificantes ( CARVALHO, 2008).

2.1.1 leos lubrificantes

Quando se fala em leo lubrificante, refere-se quele leo que geralmente


encontrado no interior dos motores, seja ele, um automvel ou at um equipamento
motorizado tais como motosserras e tratores, ambos, tem em comum a necessidade de
lubrificao para que tenham bom desempenho e funcionamento.
A principal funo do leo em si, diminuir o atrito e desgaste entre as partes mveis
(engrenagens, por exemplo) de um objeto, bem como efetuar a refrigerao, limpeza, ajudar
na transmisso da fora mecnica, vedao, isolao e proteo do conjunto. O leo cria uma
camada fina entre as partes que sofrem movimentao dentro de um sistema mecnica,
evitando assim o desgaste por atrito. (FIGUEIREDO, 2014)

2.1.2 Origens do leo lubrificante

A histria do leo tem seu inicio por volta de 2500 a.C, no Antigo Egito, tinha-se a
necessidade de efetuar o transporte dos colossos e os blocos para a construo das Pirmides.
At ento a lubrificao era desconhecida, sendo assim os escravos egpcios usavam galhos
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de rvores para arrastar e puxar os trens com aproximadamente 60 toneladas de blocos,


graas a estes galhos, diminuindo assim o atrito entre o tren e o solo, transformando-os em
atrito de rolamento, 100 anos mais tarde encontra-se o 1 vestgio de lubrificao nas rodas de
um tren que pertenceu a um Rei do Egito, sendo este lubrificante sebo de boi ou
possivelmente de carneiro.
Posteriormente, na Grcia, celebrou-se os primeiros jogos Olmpicos, onde havia uma
modalidade chamada corrida de Bigas, que tambm tinham seus eixos lubrificados por
gordura animal. Na Idade Mdia a gordura animal foi usada em pouca quantidade para
lubrificar o mecanismo de abertura dos portes dos castelos que rangiam e nas rodas das
carruagens que transportavam reis e rainhas. No final do sculo VIII, na Noruega, os vikings
construram os primeiros barcos vela, usando o leo de baleia para lubrificar as velas e o
eixo do leme.
No incio das grandes navegaes comerciais, o leo de baleia tambm foi usado para
lubrificar os navios. Foi por volta do sculo XVI com a chegada dos engenhos que surgiu a
necessidade da lubrificao vinda do petrleo, para o seu perfeito funcionamento. Porm,
somente com a revoluo industrial por volta do sculo XVIII, que o lubrificante mineral
derivado do petrleo comeou a ser utilizado numa escala maior. Com o crescimento das
mquinas txteis foi utilizado lubrificante para o bom funcionamento das mquinas.
Com a revoluo industrial foram surgindo diversos equipamentos que necessitavam
de uma lubrificao diferente da outra. Assim como os novos equipamentos, novos
lubrificantes surgem com o objetivo de reduzir ao mximo o atrito e prolongar a vida til dos
equipamentos. (FIGUEIREDO, 2014).

2.2 Tipos de leo

Existe uma enorme variedade de tipos de leo, porm, todos so todos formados por
um leo lubrificante bsico que por sua vez pode receber aditivos, este corresponde cerca de
80% a 90% do volume do produto acabado. Segundo Agncia Nacional do Petrleo, Gs
Natural e Biocombustveis ANP, no Brasil, todo e qualquer tipo de leo deve atender uma
srie de normas tcnicas que asseguram sua qualidade e segurana.
Os dois principais leos lubrificantes bsicos so os minerais, que tem sua fabricao
diretamente atravs do refino do petrleo. O outro leo, o leo sinttico, feito atravs de
reaes qumicas a partir de produtos extrados do petrleo, este, por sua vez tem maior
estabilidade trmica, melhores propriedades a baixas temperaturas e menor volatilidade. Os
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leos minerais so muito mais baratos do que os sintticos, mais versteis, e tem maior
facilidade de reciclagem. Vale salientar que o petrleo brasileiro no o mais indicado para a
obteno do leo lubrificante, sendo assim, se faz necessrias a importao do petrleo
especial ou at mesmo a importao do leo bsico pronto (APROMAC, 2005).

2.3 Riscos: Impactos ambientais e sociais

Quando contaminado ou usado, o leo lubrificado deve ser corretamente manuseado,


bem como devidamente armazenado e destinado, para que assim no coloque a sade dos
trabalhadores envolvidos na sua manipulao. Segundo (APROMAC 2005), esse risco se da
pelo fato de o leo ser um produto feito a partir do petrleo, contendo diversos tipos de
aditivos, que em altas concentraes so, grande maioria, txicos. Ao ser usado, os
componentes do leo sofrem degradao, aumentando assim a toxidade, gerando compostos
ainda mais perigosos para a sade e o ambiente. Sem contar o leo lubrificante usado ou
contaminado absorve compostos do motor ou equipamento, tais como o cromo, cdmio,
chumbo e arsnio, que so extremamente prejudiciais sade humana (APROMAC, 2005).
Esses compostos quando em contato direto e intenso com o organismo humano causa
uma srie de problemas, so alguns deles a intoxicao aguda e crnica, m formao de
ossos, rins, fetos, problemas cardiovasculares, sem contar o efeito cancergeno.
Quando e contato direto com a natureza, os danos so devastadores, um litro de leo
lubrificante usado ou contaminado, pode contaminar cerca de um milho de litros de gua,
inutilizando os poos e at mesmo o lenol fretico. Leva dezenas de anos para desaparecer
do ambiente, pois no um produto biodegradvel, e quando posto em contato direto com o
solo, inutiliza a rea, matando a vegetao e destruindo o hmus (matria orgnica
decomposta) tornando o local infrtil (HART, 2004).
Quando o mesmo queimado, o que crime, sua poluio na atmosfera atinge um raio
de 2 km, produzindo fuligem, que por sua vez se depositam na pele humana, causando
problemas respiratrios. O leo lubrificante usado no crter de um nico veculo, quando
descartado de forma incorreta, capaz de contaminar uma quantia de gua que seria suficiente
para abastecer uma famlia de quatro pessoas por at 15 anos (APROMAC, 2005).
274

2.4 Destinao Correta

Para assegurar a destinao correta do leo lubrificante usado ou contaminado, os


rgos ambientais CONAMA e MMA, bem como os reguladores da indstria do petrleo,
combustveis e derivados (ANP e MME) decidiram que o melhor destino para esse resduo
perigoso fazer a coleta e o envio obrigatrio a um rerrefinador, que ir retirar os
contaminantes do leo, recuperando a quantidade mxima possvel de leo lubrificante
bsico. Para isso, foi criado uma srie de regras e leis, a mbito federal, estadual e municipal,
responsveis pela regulamentao de toda e qualquer atividade envolvendo o leo
lubrificante, desde sua explorao at o descarte final correto.
Segundo o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA 9/93), todo e qualquer
leo lubrificante usado ou contaminado deve ser recolhido, tendo uma destinao correta e
que no agrida o meio ambiente. extremamente proibida a industrializao e
comercializao de novos leos lubrificantes no reciclveis, tanto nacionais como os
importados. Na Lei n 12.305, (POLTICA NACIONAL DE RESDUOS SLIDOS), so
considerados resduos slidos, semisslidos e lquidos, onde est disposto a proibio do
lanamento destes compostos na rede de esgoto pblico, bem como na gua ou no solo.
Em Santa Catarina, a POLTICA ESTADUAL DE RESDUOS SLIDOS se da
atravs da LEI ESTADUAL N 13.557/2005, onde definido uma srie diretrizes e normas
de preveno poluio, proteo e recuperao do meio ambiente, assegurando o uso
adequado dos recursos.

2.5 Ciclo de rerrefino do leo Lubrificante de motor

Atualmente, cada vez mais se fala sobre sustentabilidade e conservao ambiental,


sendo assim, se faz importante a reciclagem de leos lubrificantes. Segundo Grupo Lwart
(2015), aps ser descarregado na caixa receptadora, o leo passa por uma espcie de
peneiramento e filtrao, retendo assim as partculas mais grossas, inicia-se ento a
desidratao, aquecendo o leo em fornos de fogo direto at 80C, posteriormente o leo
desidratado a 180C com trocador externo em circulao forada. A gua e os solventes
evaporados so condensados e separados em um separador de fases.
Os solventes so aproveitados como combustvel para os fornos e a gua destinada
para tratamento (ETE). Aps a desidratao, o leo bombeado para o forno novamente,
onde submetido a uma tempera de 280C. A partir da, o leo entra no sistema de vasos de
275

flasheamento sob alto vcuo, onde so separadas as fraes leves do leo usado: leo neutro
leve, leo spindle e leo diesel. O leo neutro leve entra na formulao de leo com mdia
viscosidade. O leo spindle usado em formulaes diversas. O leo diesel empregado
como combustvel.
Dando sequencia ao processo, o leo destilado bombeado novamente para outro
forno, onde aquecido a uma temperatura de 380 C, onde enviado para os evaporadores de
pelcula, nesta etapa que ocorre o que conhecido por separao asfltica do leo, sob
vcuo. Essa frao asfltica utilizada para fabricao de mantas e produtos asflticos, essa
frao onde encontra-se a maior parte degradada do leo lubrificante usado. Devido
variao de elevadas temperaturas os fornos utilizados no processo so fabricados com
materiais capazes de suportar mais de 400 C.
O leo resultante do desasfaltamento aps todo o procedimento permanece com uma
quantidade de componentes oxidados. Para retira-los, aplicado uma pequena quantidade de
cido sulfrico, que causa a aglomerao dos contaminantes, gerando assim a borra cida, que
por sua vez um resduo poluente se entrar em contato com o ambiente. Essa borra lavada
com gua, neutralizada, desidratada, e transformada em combustvel pesado com alto poder
de calor. A gua cida resultante da lavagem neutralizada com lama cal e cal virgem,
virando gesso para corretivo de solo, a gua por sua vez destinada ao tratamento. O cido
sulfrico da borra cida recuperado, formando o sulfato de magnsio, a borra por sua vez
lavada, entra na composio com asfalto para oxidao e produo de asfalto por exemplo.
Aps o procedimento de sulfonao, o leo bombeado novamente, porm agora seu
destino so os reatores de clarificao, adicionando argila descorante, a mistura de leo com
argila aquecida, absorvendo assim os compostos indesejveis, adicionando a cal no final do
processo para corrigir a acidez do leo. O composto resultante do leo, argila e cal passa por
filtros prensa, que separam a frao slida. A argila com cal usada em indstrias de
cermicas e para confeco de cimento.
Novamente ocorre a filtrao do leo, com filtros de malha ainda mais finas,
eliminando as ultimas partculas contaminadas, e a ento pode-se dizer que obtido o leo
bsico mineral re-refinado, com as caractersticas iniciais de um leo bsico virgem. O leo
levado a tanques para o armazenamento, onde cada lote corrigido em laboratrio para
atender s especificaes de viscosidade, cor e demais caractersticas. (Grupo Lwart, 2015).
O processo de rerrefino todo automatizado, trabalhando em tempo integral com
temperaturas acima dos 80C, se faz necessrio mquinas especficas para execuo do
276

trabalho, agilizando assim o processo, bem como no pondo e risco a integridade fsica dos
funcionrios.

3 Metodologia

Para elaborao deste artigo, foi estabelecido um levantamento bibliogrfico com


fontes nacionais, sendo elas a busca em normas e regras ambientais, leis e artigos, no
passando despercebidos os tradicionais livros.
Quando se fala em pesquisa, segundo Gil (2007), refere-se a um determinado
procedimento racional, bem como cientfico com o objetivo de proporcionar e estabelecer
respostas aos problemas propostos. Sendo que esta pesquisa desenvolvida por meio de fases,
iniciando-se pela formulao do problema, chegando ao final de uma discusso de resultados.
A metodologia utilizada pode variar, ou seja, o mtodo de estudar e organizar os caminhos
percorridos pela pesquisa, chegando uma resposta.
Dentro da pesquisa, encontram-se duas formas de especific-la, de forma qualitativa e
de forma quantitativa. Pesquisa qualitativa aquela cuja qual trabalha com estudo de caso,
analise de documentos, pesquisa ao, no se preocupando necessariamente com nmeros, o
que na pesquisa quantitativa exatamente o contrrio (VERGARA, 2005). Sendo assim, o
presente artigo se refere uma pesquisa qualitativa.
Para elaborao deste projeto foram estudadas duas empresas distintas, cada uma, de
sua maneira, colabora de forma direta com o reaproveitamento do leo lubrificante usado. A
primeira empresa em estudo uma concessionria Volkswagen localizada no oeste
catarinense, mais precisamente a parte da oficina mecnica, cuja funo fazer o processo de
troca de leo lubrificante dos veculos, armazenando o mesmo de forma adequada, onde
posteriormente, a segunda empresa entra em ao, fazendo a coleta quinzenal.
A empresa Volkswagen do Brasil visa o desenvolvimento de forma sustentvel, tanto
na fabricao de veculos, vendas bem como dar a devida assistncia ao veiculo, alm de alta
performance, trabalha com tica, dignidade e responsabilidade social. Alm de produo
transparente, eficiente, agindo conforme os preceitos ambientais, a Volkswagen do Brasil no
ano de 2013 traou uma estratgia de gesto, cujo objetivo ser conhecida mundialmente
como a empresa mais sustentvel do setor automotivo at 2018.
A segunda empresa em estudo trata-se de uma rerrefinadora de leo lubrificante, que
alm de ser a responsvel pela coleta, trabalha com o processo de rerrefino de leo
lubrificante usados ou contaminados, uma empresa privada, com sede em Lenis
277

Paulista/SP, com mais de trinta anos no mercado, busca promover o empreendimento de


forma sustentvel, garantindo resultados, no se esquecendo de manter a integridade, solidez
no mercado, gerar oportunidade, inovao de forma sustentvel.
Ambas as empresas apesar de atuarem em seguimentos distintos, de certo modo
acabam se interligando, desempenhando papel de grande importncia para o mercado do leo
lubrificante, desde seu descarte at seu destino final bem como reaproveitamento.
Foi utilizado no artigo o estudo exploratrio, que segundo Gil (2007) refere-se ao
levantamento bibliogrfico, analise de exemplos e entrevista com pessoas que tiveram ou tem
algum tipo de experincia com o problema pesquisado. Inicialmente, a partir de conversas
com a pessoa responsvel pela destinao correta do leo lubrificante usado ou contaminado,
com os gestores dentro das empresas, foram coletados os dados iniciais, tais como o destino
final do leo retirado dos veculos que do entrada na oficina, capacidade e local de
armazenamento, retirada do local at ento armazenado at o seu recolhimento pelos coletores
autorizados. Fez-se uma pesquisa para levantar dados numricos, levando em considerao
dados fornecidos nos mais diversos meios de comunicao, e fornecidos tambm pelas
empresas.
Mediante a srie de dados apresentados, pesquisados e estudados, fez-se ento a
analise e concluso, constatando que o reaproveitamento do leo lubrificante se faz
fundamental, agregando imenso valor economia de forma genrica, colaborando
diretamente com o meio ambiente.

4 ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS

Segundo IBGE, no ano de 2013 o Brasil contava com uma frota de aproximadamente
um automvel para cada 4,4 habitantes, o equivalente 45,4 milhes de veculos, estimativa
que s tende a aumentar. Cada veculo nacional deve ser abastecido com em mdia 3,5 a 4
litros de leo lubrificante, essa quantia aumenta quando se fala em importados, variando de 5
a 7 litros.
Na oficina em estudo, a quantidade diria de veculos que so efetuados a troca de
leo lubrificante gira e torno de 30 carros nacionais e 5 importados, exceto aos sbados cuja
entrada de veculos para troca de leo de apenas 15 que geralmente so nacionais.
Semanalmente essa quantia de 190 veculos, uma mdia de 760 veculos por ms. Se todos
esses veculos fossem nacionais, giraria em torno de 665 a 760 litros de leo mensalmente
substitudos, lembrando que a mesma quantia de leo que colocado no motor retirado, isto
278

, os mesmos 665 litros de leo limpo so descartados devido a contaminao conforme


apresentado na tabela referente ao consumo de leo lubrificante na empresa em estudo.

Tabela 1: Consumo de leo lubrificante anual na Empresa A

Diariamente Semanalmente Mensalmente Anualmente


Veculos 30 veculos 165 veculos 660 veculos 7920
nacionais 105 litros 577,5 litros 2310 litros veculos
(3,5litros de leo) 27720 litros
Veculos 5 veculos 25 veculos 100 veculos 1200
importados(5litros 25 litros 125 litros 500 litros veculos
de leo) 6000 litros
TOTAL 35 veculos 190 veculos 760 veculos 9120
130 litros 702,5 litros 2810 litros veculos
33720 litros
Fonte: Dados da pesquisa (2015).

A empresa tem uma capacidade de armazenamento de 3 mil litros, sendo efetivada


uma coleta quinzenal por uma empresa especializada, responsvel pela destinao correta e
pelo rerrefino do leo contaminado, a Lwart Lubrificantes Ltda.
Anualmente a empresa em estudo descarta em mdia 33720 litros de leo lubrificante
usado ou contaminado, essa quantia se no for descartada de forma adequada pode poluir
cerca de 33720000 m de superfcie aquosa (APROMAC, 2005).
A segunda empresa em estudo inicia seu planejamento nos pontos de coleta, sendo
uma das principais no segmento de rerrefino do leo lubrificante usado ou contaminado no
Brasil. Por meio do estudo da logstica criaram-se 15 pontos coletores espalhados em estados
estratgicos, otimizando assim o transporte rodovirio. Ao chegar sede, localizada em So
Paulo, inicia-se o processo de produo, passando por inmeras fases, posteriormente
transformando-se em um novo leo, que ir servir de matria prima, por sua vez distribudo
para empresas especializadas em fabricao de novo leo. A empresa em estudo
fornecedora de grandes marcas, bem como Ipiranga, Schell e Texaco.
Trabalhando com estoque mnimo, a produo escoada semanalmente reduzindo os
custos operacionais, contando com mquinas automatizadas devido ao grande grau de calor
exigido pelo processo. A linha de produo um processo contnuo, uma vez que a partir do
momento que entra o equipamento, no se pode intervir ou interromper no processo. Uma das
ferramentas utilizadas pela empresa para a qualidade a matriz GUT, trabalhando com o foco
no cliente, Liderana, envolvimento de pessoas, abordagem de processo, abordagem
sistemtica, tomada de deciso.
279

Matriz GUT a representao dos riscos, problemas ou possveis potenciais, atravs


de quantificaes que iro mostrar de forma clara quais pontos devem ser melhorados e
priorizados, diminuindo ou minimizando os impactos. Dentro de uma matriz GUT, a letra G
representa a gravidade, U por sua vez se refere urgncia e o T a tendncia do problema.
Atribui-se um nmero de 1 5 para cada uma das variveis sendo 5 maior intensidade e o
nmero 1 o menor. Aps atribuir valores a G,U e T, multiplica-se obtendo assim um valor
para cada problema ou fator de risco, tendo assim uma ordem de pontuao para os fatores a
serem tratados com prioridade conforme tabela 2.

Tabela 2: Matriz GUT da Empresa A.


Fator de Risco G U T GxUxT
Falta de leo usado para 4 5 3 60
coleta
Consumidor desconhece a 4 5 5 100
legislao
Gesto de recolhimento ruim 1 1 1 1
Alto custo da coleta 2 4 3 24
(logstica)
Fonte: Dados da pesquisa (2015).

No caso dessa Matriz GUT, destaca-se a prioridade do consumidor conhecer a


legislao, que com o crescente da sustentabilidade e seus conceitos, tem tomado cada vez
mais o mercado.
A busca pela melhoria contnua est enraizada e toda a empresa, com o diferencial da
busca pela capacitao frequente da mo de obra, a busca pelo aperfeioamento do seu
maquinrio, no deixando de lado a questo ambiental da logstica reversa. Responsabilidade
social em primeiro lugar quando se fala em produo.
A empresa possui veculos coletores com capacidade de 2.000, 5.000, 10.000 e 15.000
litros que executam os procedimentos de coleta do leo usado, concomitantemente s carretas
que esto disponveis para 30.000, 35.000 e 40.000 litros que transportam o leo bsico
mineral rerrefinado para as indstrias formuladoras e retornam para a fbrica, transferindo o
leo usado armazenado nos centros de coleta para ser rerrefinado.
As coletas do leo usado ocorrem de forma programada e so importantes para que
seja delineada a melhor estrutura logstica, de forma a otimizar o transporte do resduo e o
retorno do leo bsico rerrefinado cadeia produtiva.
280

Desse modo o processo de logstica reversa permite que ocorra a recuperao do leo
lubrificante usado, transformando o mesmo em base de leo mineral com qualidade.
Rerrefinar alm de beneficiar o ser humano e meio ambiente, diminui a necessidade de
extrao de petrleo, reduzindo a dependncia brasileira em relao importao deste
produto.
No processo de rerrefino uma quantidade de aproximadamente de 10.000 litros tem
seu reaproveitamento em torno de 48 horas, sendo que de uma carga em 65% do leo
reaproveitado. Este leo serve tambm para a confeco de leos hidrulicos, leos para
engrenagens e graxas. O leo recuperado vendido em torno de R$ 0,30 R$ 0,40 o litro,
sendo que custa cerca de R$ 0,09 a 0,12 para recuperar o litro de leo usado, seu transporte te
um custo de 30% (0,30) deste valor. O valor de compra do leo usado ou contaminado de
R$ 0,04 R$ 0,08 o litro. J o leo bsico virgem comprado por R$ 0,52 a 0,56 o litro
(GNDARA, 2000).
Usando a formula de equao de vendas e lucros seguida de Kotller, (1994), pode-se
calcular o lucro do rerrefino:
Pv = Pr + Ptr + Pc + L
Pv = preo de venda do leo recuperado;
Pr = preo de rerrefino do leo usado;
Ptr = preo de transporte;
Pc = preo de custo do leo usado (compra);
L = lucro.
O preo do transporte se refere ao transporte apenas do leo usado ou contaminado,
isto , multiplica-se o valor de 0,09 e 0,30, resultando em Ptr = 0,027.
Pv = Pr + Ptr + Pc + L
L = 0,3 (0,09 0,027 0,04)
L = 0,143/litro
Mediante os dados resultantes da pesquisa, se torna vivel o rerrefino, bem como
demonstra a necessidade de difundir a ideia do rerrefino, o preo de compra do leo virgem
praticamente o mesmo do leo usado ou contaminado, sendo que o usado tem como vantagem
de possuir mais fraes lubrificantes.
Diferentes especificaes de leo bsico podem ser obtidas por meio do rerrefino,
especificaes estas capazes de atender as necessidades do mercado. leo novo, de novo.
Faz-se necessrio fazer hoje, pensando no amanh, desenvolvendo a sustentabilidade.
281

5 CONSIDERAES FINAIS

Os leos usados de base mineral no so biodegradveis, ou seja, alm de demorar


uma quantia absurda para se decompor, podem causar graves problemas de sade quando em
contato direto, bem como nmeros problemas ambientais quando no tiver destinao
adequada. A poluio gerada pelo descarte de 1 t/dia de leo usado para o solo ou cursos
d'gua equivale ao esgoto domstico de 40 mil habitantes, segundo estudo da APROMAC
(2005).
Sabe-se que a cada 100 barris de petrleo, consegue-se extrair apenas dois barris de
leo mineral bsico, que por sua vez a matria-prima do leo lubrificante. J com o processo
de rerrefino, os mesmos 100 barris, porm de leo usado, pode se extrair aproximadamente 85
barris de leo mineral bsico, que servir de matria-prima novamente, capaz de produzir o
leo lubrificante de mesma qualidade do primeiro.
Em virtude ao processo de rerrefinamento, pode-se prolongar a vida til do petrleo,
pois a economia gerada por esse reaproveitamento enorme, sem contar o papel fundamental
que desempenha no meio ambiente reduzindo a poluio e minimizando a gerao de
resduos. Outra vantagem de reaproveitamento do leo lubrificante que automaticamente, a
necessidade de extrao e importao do petrleo, fonte de energia to valiosa e de alto custo,
menor, sendo assim, torna-se muito mais vivel o custo-benefcio do reaproveitamento.
Existe uma necessidade de buscar maiores informaes e estudos sobre o assunto, no
somente do leo lubrificante, e sim todo e qualquer tipo de resduo industrial que represente
algum tipo de risco ao meio ambiente. Nos tempos atuais, investir em atividades sustentveis
alm de ser uma prtica inovadora, demonstra principalmente o nvel de responsabilidade
social desenvolvida pelas empresas.

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