Marilia Emmi Tese
Marilia Emmi Tese
Marilia Emmi Tese
Belm
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR
NCLEO DE ALTOS ESTUDOS AMAZNICOS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM
DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DO TRPICO MIDO
Belm
2007
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR
NCLEO DE ALTOS ESTUDOS AMAZNICOS
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM
DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL DO TRPICO MIDO
Banca Examinadora
Figura 6 - Mapa do baixo Amazonas, com destaque feito pela autora para os
municpios que receberam o maior nmero de comerciantes
italianos ............................................................................................ 155
LISTA DE TABELAS
Tabela 13 - Famlias italianas trazidas por Salvador Nicosia em 1899 ........... 105
Tabela 15 - Composio das famlias trazidas por Nicosia em 1899 .............. 108
1 INTRODUO ................................................................................................ 15
1 INTRODUO
Grande Imigrao, mas para uma regio muito distante daquelas que concentraram
o grande fluxo migratrio europeu, as regies Sul e Sudeste e talvez por isso, com
grupos emigrou com destino s colnias agrcolas, enquanto outro se dirigiu para
1989).
so ainda mais escassas e pontuais. Tanto Cenni como Trento consideram que a
que segundo Trento, era espontnea, temporria e inconsistente, que teria vindo para
MARTINI, 1932) trazem elementos que de certo modo negam o carter temporrio,
baixo Amazonas. Alguns componentes desse grupo tambm estiveram presentes nos
Esses primeiros italianos formaram um grupo que criou razes por ter definido
para seu pas. Num terceiro momento, os imigrantes vieram sob outras
profissionais.
Par e do Amazonas onde a presena italiana foi mais numerosa e onde podem ser
aproximam dos aportes desenvolvidos por Sayad (1998) quanto dupla dimenso
2000), Constantino (1991; 1999; 2000), Castiglioni (1996; 1998) Castiglioni e Colbari
19
(2005).
Mortara,
que essa fonte no deve ser descartada, sua importncia reside na possibilidade de
20
permitir comparao dessa presena nos vrios estados da federao, uma vez que
tm abrangncia nacional.
sobre imigrao italiana no Brasil. Por outro lado, o censo de 1920, cuja legitimidade
composio do grupo familiar, entre outras, foi muito til nesta pesquisa.
que existia na sede do Consulado do Par foi destruda, em 1942, em meio onda
algumas famlias, essas informaes aliadas aos dados obtidos nas entrevistas e em
material de anlise.
italianos. Entretanto, o acesso aos dados dos arquivos da JUCEPA foi dificultado
subindo o rio Amazonas at Iquitos no Peru. Em seu longo relatrio Ronca (1908)
1
At o incio do sculo XX, havia um vice-consulado italiano em Belm e uma agncia consular em Manaus.
Em 1929 o consulado italiano que tinha sede na Bahia foi transferido para Belm, a agncia consular de Manaus
foi elevada a vice-consulado e foi criada a agncia consular de bidos. Essa situao permaneceu at o fim da
Segunda Guerra Mundial , quando em 1946, as representaes diplomticas da Amaznia reduziram-se a dois
vice-consulados, o de Belm e o de Manaus e passaram jurisdio de Recife (TRENTO, 1989), situao que
permanece at hoje.
22
(1932). Apesar do ttulo Gli Italiani nel Nord Del Brasile - Rassegna delle vite e delle
opere della stirpe itlica negli stati del nord brasiliano (Os italianos no Norte do Brasil
partidos fascistas, como se essa fosse nica opo poltica de toda a colnia italiana
principal fonte de dados estatsticos foi o trabalho de Joo da Palma Muniz (1916). A
conhecem a histria de suas famlias, como tambm de outras que com elas
sobre o cotidiano desses imigrantes nas cidades amaznicas no incio do sculo XX.
depoimentos.
famlias. Pela importncia das informaes neles contidas, uma vez que em alguns
pesquisa. Desse modo a tese est composta, alm desta Introduo por seis
em direo Amrica?
referente s causas da imigrao tem sido colocada no mbito das cincias sociais,
do sculo XIX e de modo especial no incio do sculo XX, quando se tornou corrente
(GIRON,1999).
27
conseqncias das remessas dos pagamentos enviados pelos imigrantes aos pases
internacionais.
espao fsico, embora este seja o mais visvel. Esse espao constitudo pelas
relaes sociais que os homens mantm entre si e com a natureza, por esse motivo
qualificado nos planos social, econmico, poltico e cultural, entre outros. Alm
destes existe ainda um espao real e um espao imaginrio no qual a ruptura das
credenciaria compreender a imigrao como um fato social total, uma vez que
migratrio.
relevante de estudo. Para esse pensador, tanto Malthus, como Marx, Durkheim e
seguir.
que em seus pases de origem no havia tecnologia que permitisse alimentar uma
para os imigrantes, uma vez que resultava na quebra dos laos de solidariedade
1988).
transformar o tema da migrao num objeto de estudo cujo referencial principal foi a
identificao das causas das migraes. Trabalhando com micro ou macro nveis de
anlise, esses cientistas sociais esto divididos de um modo geral entre aqueles que
migratrio.
expulso e de atrao.
esprito de aventura.
seria necessrio saber por que essas condies mudam e identificar os fatores
mesmo tempo em que persistiram taxas altas de natalidade, teria exercido grande
setor agrcola dos diversos pases. Por outro lado, nesse contexto, a atrao
estruturas sociais.
imigrante.
ser constitudo pelo estudo da emigrao, isto , o estudo das condies sociais que
dessa insero.
modo de explicao seria mais adequado se fosse lembrado que antes de nascer
para a imigrao a condio inicial a de emigrante, por isso as causas devem ser
emigrante.
europias em direo Amrica a partir do sculo XIX que esse movimento vai se
intensificar.
cenrio ps-guerra.
forada de africanos, tendo o Brasil como principal pas receptor. Tendo absorvido
migrao europia. Nos fins do sculo XIX e, sobretudo nas duas primeiras dcadas
ficou conhecido como da Grande Migrao, movimento populacional que teve como
a terra na Europa era cara e a mo-de-obra era barata. O inverso se dava nos
Argentina (4,2 milhes), Brasil (2,9 milhes) e Canad (2,5 milhes). Esse perodo
que se dividiram entre os Estados Unidos e o Brasil que recebeu cerca de 80%
pases europeus. Mas, no incio do sculo XX a Itlia meridional que vai entrar e se
Alguns foram beneficiados por essa estratgia o que lhes permitiu o regresso aos
Esses imigrantes mandaram buscar suas famlias ou suas noivas europias. Apesar
contribuiu para tornar as polticas migratrias dos pases americanos, cada vez mais
para que a presso a emigrar fosse diminuda. Durante a Segunda Guerra Mundial
problemas decorrentes da depresso agrcola italiana dos anos 1880, entre os quais
que
econmica do fim do sculo XIX e do incio do sculo XX, uma vez que a imigrao
entre um e dois milhes haviam deixado a pennsula antes de 1861. Por outro lado,
pessoas emigraram entre 1916 e 1925 e um milho e meio entre 1926 e 1935, alm
do que depois de 1946 at os anos 1960, seis milhes de italianos deixaram o pas.
39
Amrica Latina. Ainda mais relevante o fato que a grande maioria dos imigrantes
econmico.
milhes de italianos que emigraram entre 1870 e 1914, seis milhes foram trabalhar
Canad.
se desligou de uma vez por todas da vida italiana. Ao contrrio, cerca da metade
vida social e econmica. Ela conclui que a Itlia permanece como o principal n
troca de pessoas, capitais ou idias com italianos nos pases de todo o mundo
contnua.
Desse modo, a acentuada emigrao ocorrida entre o final do sculo XIX e incio do
sculo XX, poderia ser vista como um comportamento habitual adotado pela
resultaram num incremento das emigraes para outros pases europeus e para a
Amrica.
prtica secular dos italianos oriundos de vrias regies, tanto do norte como do sul,
oceano, modificando muitas vezes o plano original de retorno ao pas onde se visava
alguns pases da Amrica Central, Cappelli (2006; 2007), refletindo sobre a corrente
41
complexo, que no pode ser reduzido uma viso estereotipada e retrica que faz
esclarecendo que enquanto para muitos grupos a situao de pobreza foi a causa
Por que significativa parcela dos emigrantes escolheu o Brasil como regio de
sociedade brasileira? Quem eram os italianos que vieram para o Brasil e para a
Amaznia?
africanos, que pode ser considerado como um movimento migratrio forado com a
(BASSANEZI, 1995).
holandeses nas regies Norte e Nordeste (NOVAES, 1979). Com o declnio das
estrangeiros no Brasil. Foi somente a partir de meados do sculo XIX que passou a
Agostinho, 1812) e do Rio de Janeiro (colnia de Friburgo, 1824) para onde foram
Mas a partir da segunda metade do sculo XIX que o Brasil vai aparecer no
uma vez que boa parte da populao rural ainda no havia sofrido processo de
2004).
destino, entre eles o Brasil, que via na absoro desses fluxos humanos um modo
vrias nacionalidades.
1820, ou que os dados referentes s entradas entre 1820 e 1871 estavam sub-
dos alemes, 14.325 pessoas, (8,12%). Entretanto, nas duas dcadas posteriores
(1880 e 1890), a Itlia dobra sua participao nesse movimento migratrio com
1998). Do lado dos pases europeus, sobretudo da Itlia, a crescente presso sobre
significativa queda no conjunto das entradas de italianos que vai se acentuar nas
ressurge, mas num nvel bem menor do que nas dcadas anteriores. Na dcada de
importncia nas duas ltimas dcadas com percentuais em torno de 10%. Em quinto
considerado.
50
Passaram a viver como estrangeiros. Grande parte sonhava retornar, mas muitos
colonos, significando que estavam ligados produo agrcola. Mas esses termos
2000).
Amap - - - - - 504
Fernando de Noronha 2
Mato Grosso 60417 2,76 92827 1,03 118025 9,46 246612 10,27 432265 5,37 522044 3,78
Minas Gerais 2102689 2,23 3184099 1,47 3594471 2,55 5888174 1,46 6736415 0,68 7717792 0,43
Par 275237 2,37 328455 1,23 445356 0,49 983507 2,25 944644 1,17 1123273 0,73
Paraba 376226 O,22 457232 0,04 490784 0,07 961106 0,06 1422282 0,05 1713259 0,03
Paran 126722 2,86 249491 2,07 327136 12,16 685711 9,15 1236276 5,39 2115547 3,62
Pernambuco 841533 1.60 1030224 0,26 1178150 0,36 2154835 0,54 2688240 0,25 3395185 1,16
Piau 211822 0,31 267609 0,01 334328 0,03 609003 0,05 817501 0,03 1045696 0,02
Rio de Janeiro (Guanabara) 1094576 16,82 1399535 10,03 1737478 14,18 2717244 10,67 3611998 7,40 4674645 5,32
Rio Grande do Norte 233979 0,43 268273 0,06 274317 0,07 537135 0,06 768018 0,06 967921 0,05
Rio Grande do Sul 446962 9,33 897455 3,87 1149070 11,76 2182713 6,92 3320689 3,30 4164821 1,88
Santa Catarina 159802 10,0 283769 2,18 320289 9,23 668743 4,67 1178340 2,31 1560502 1,22
So Paulo 837354 3,54 1384753 5,42 2279608 20,96 4592188 18,07 7180316 11,34 9134423 7,59
Sergipe 234643 1.10 310926 0,06 356254 0,08 477064 0,09 542326 0,05 644361 0,03
Acre - - - - - - 92379 3,80 79768 1,55 114755 1,00
Fernando de Noronha - - - - - - - - - - 581 0,0
Amap - - - - - - - - 37477 1,34
Guapor (Rondnia) - - - - - - - - - 36935 5,67
Rio Branco (Roraima) - - - - - - - - - 178188 0,0
Brasil 10112061 3,85 14333915 2,45 17439434 8,16 30635605 5,11 41159321 3,42 51944397 2,34
que apesar das limitaes dos dados extrados dos censos, apontados por alguns
autores como Mortara (1950), Bassanezi (1995), Oliveira (2001) eles permitem
nacional.
borracha, cujo perodo de maior expresso foi entre 1850 e 1912. Entretanto, a
plausveis estaria o fato das capitais, Manaus e Belm, serem cidades porturias o
comercial de alguns grupos que motivavam cada vez mais a chegada de parentes
para auxiliar nas atividades, atravs das cartas de chamada, destacando aqui
Desse modo teriam maior cotao, pela ordem, alemes, italianos, espanhis
do territrio nacional.
trabalhador nacional.
1891, que passou aos estados o controle sobre as terras devolutas e previa o fim
no. 9081 houve uma retomada pela esfera federal dos dispositivos relativos
como agricultor e tem suas despesas at o destino final da viagem custeadas pela
Esse tema vai ganhar fora a partir de 1930, quando as teorias raciais se
pas para cada corrente imigratria no podia ser superior ao limite de 2% sobre o
massa de refugiados polticos acobertados nos vistos para turistas. Esse fato levou
emigratrias dos pases europeus mais atingidos pelos conflitos, como o caso da
Itlia.
que podia ser individual, atravs dos atos de chamada ou de grupos e cooperativas
responsabilizar pela permanncia deles em terras brasileiras era uma prtica que j
desde a dcadas de 1920 e sobretudo nos anos 1930, conforme foi relatado por
fluxo migratrio adquiriu seu papel especfico na interao desses aspectos polticos
de destino.
escravido:
imaginrio social ao longo do tempo. Nesse sentido, conclui Vangelista que durante
das variveis do crescimento econmico, uma fora de trabalho de baixo custo que
descendentes.
a partir da metade do sculo XIX, mas nunca aplicada de modo sistemtico, torna-se
agora parte de programas polticos nacionais, seja como preveno contra uma
formao de slidos grupos nacionais que poderiam fugir do controle dos governos.
seus descendentes.
fluxo de imigrao de retorno, composto por exilados que por razes polticas ou
dos anos 1950, um novo movimento migratrio. Esse movimento se era pouco
Nesse ltimo perodo, de forma muito mais acentuada que nos anteriores, s
Vangelista (2004), embora se trate de uma fase imigratria ainda pouco estudada,
regra geral, maior peso emigrao meridional, afirma que at o final do sculo XIX,
visualizado na Tabela 8.
(9%). A Itlia meridional participa com 36,4% do total de emigrantes, com maior
regional refletida nas regies de destino. Entre 1878 e 1886, emigram vnetos e
tem-se intensa participao dos vnetos dirigidos para as plantaes de caf. Entre
partir de 1898.
meridionais comearam a emigrar mais tarde, quando a situao criada pela crise
reforada por Alvim (2000). A autora comenta que do Vneto vinham famlias
que nessa primeira fase, ainda que em menor nmero, tambm vieram famlias de
ao estudo dos italianos que vieram para as fazendas de caf de So Paulo ou para
2000).
mas tambm por terem criado pequenas fbricas familiares ou por terem praticado
pouca permeabilidade social observada nos Estados Unidos. Nos dois primeiros
ocupando as terras livres e a fronteira agrcola, nem com os europeus do Leste que
para o pas, ainda que a poltica de implantao de ncleos coloniais criada pelo
as seguintes:
anos.
tanto podia ser realizada com recursos do governo federal, do governo provincial ou
de particulares, constituiu outro fator que contribuiu para o pouco sucesso das
colnias.
70
Mas mesmo com o insucesso das colnias agrcolas, nos diferentes estados e
africanos.
de Janeiro, Minas Gerais, Esprito Santo, Paran e Santa Catarina foram os estados
nicos a contar com a presena desses imigrantes em seu territrio. Por isso,
realidade, essa presena de italianos foi verificada com maior ou menor intensidade
italiana no Amazonas e Par, estados que nas estatsticas aparecem como outros,
cenrio mais aproximado do que foi a imigrao italiana no Brasil, atentando para as
de imigrantes italianos. Tanto pelo peso numrico, como pelas marcas que deixou
sido mais estudada: Rios (1958), Ianni (1963), Martins (1973;1976), Alvim (1986),
73
Carelli (1988), Fausto 1991), Sapienza (1991) Pereira (2002), entre muitos outros. A
seguir, o Rio Grande do Sul com 8,80% do total, por sua peculiaridade com a
muito mais lenta que no resto do Brasil, tambm tem sido objeto de muitos estudos,
entre outros, De Boni (1996); Bassanezi (1996); Herdia (1997), Ribeiro (1998;
1999), Constantino (2000), Saquet (2003). Nos outros estados do Sul e do Sudeste
Castiglioni (1998; 1999) Colbaria e Castiglioni (2003), Franco (1998), Witer (1998),
entre outros.
italiana no Nordeste como Petinatti (1989), Mello (1996), Andrade (1992) e mais
1992; 1999) e Di Marco (2000), regio que constitui nosso recorte espacial de
anlise.
paulista e de outras grandes capitais como Rio de Janeiro e Belo Horizonte seu
primeiro ponto de destino, ou ainda fazendo destes, apenas o ponto inicial de uma
longa trajetria que os levaria a outros lugares (CENNI, 2003; TRENTO, 1989). Para
74
alguns, a sada dos grandes centros era motivada pelo insucesso na entrada no
destino.
onde se fixaram, evidenciam que realmente, como afirma Bassanezi (1998, p.71),
italiana.
primeiras dcadas do sculo XX, significa situar este segmento no conjunto das
dos dados sobre o movimento imigratrio no porto de Belm, no incio do sculo XX,
preos da borracha nesse perodo deve ter motivado essa expressiva imigrao.
Observa-se que nesse perodo entraram 555 italianos com uma mdia anual de 185
1114 pessoas no Par e com 726 no Amazonas passa a ocupar a terceira posio
natureza privada, numa regio que dava os primeiros passos na esfera do capital
embora mantendo nos dois estados o terceiro lugar entre os europeus, enquanto os
japoneses aparecem com 458 e 297 pessoas respectivamente nos dois estados. No
em geral e da populao italiana nos dois estados, agora so apenas 376 pessoas
aventurar, embora possa ter havido alguns casos que se enquadraram nessa
que umas nacionalidades tiveram mais visibilidade que outras e se perpetuaram nos
como a das Filhas de SantAna e das Irms Anglicas deixaram marcas de sua
outros artistas. Ainda no sculo XVIII, foi marcante a participao do artista bolonhs
Giuseppe Antonio Landi que entre 1755 e 1785 no s construiu vrias obras em
Belm, entre as quais a igreja de Santa Ana e a capela de So Joo Baptista como
teria sido responsvel pela concluso das obras da catedral da S (LEAL, 1979).
Aliverti fixou residncia em Belm, onde morreu em 1929, aos 70 anos, deixando
presena do maestro Ettore Bosio, originrio do Vneto, que teria chegado ao Par
pelas marcas que deixaram nas cidades amaznicas e a propaganda de suas obras
espontaneamente.
migrante. Em menor nmero, havia aquelas que j saam de seus pases de origem
amaznicas.
81
e cultural na Amaznia?
Talvez a persistncia dessa lacuna seja devido pouca expresso numrica dos
Mas, como apresentado nos dados dos censos e confirmado em outras fontes
(ANDRADE, 2002).
emigrar para uma regio distante dos grandes centros que atraam levas de
imigrantes no perodo da imigrao em massa. Por que no fim do sculo XIX e nas
primeiras dcadas do sculo XX, houve essa preferncia pela Amaznia? Quem
82
eram esses imigrantes? De que regies da Itlia vieram? Quais as marcas de sua
comparado aos grupos de italianos que vieram para o Sul e Sudeste do Brasil,
regio da Siclia.
83
imigrao dirigida para as colnias agrcolas, verifica-se que est inserido no projeto
nacional por agricultores estrangeiros. Esse segmento era formado por famlias de
desse insucesso (TRENTO, 1989; CENNI, 2003). Por outro lado, os dados sobre
reconstituir uma listagem desses imigrantes, que embora incompleta, fornece pistas
produo de riquezas. Por isso, o imigrante desejado era o agricultor ou arteso que
(OLIVEIRA, 2001).
Em 1848, foi promulgada uma lei que permitia aos estrangeiros a propriedade
propriedade, como foi o caso dos alemes no Rio Grande do Sul. Nessa poltica que
imigrantes, dificultaram ainda mais esse ingresso nas provncias mais distantes e de
menor peso econmico, como as provncias do Norte. Nesse sentido, a partir das
85
tratados (MUNIZ, 1916), mas s em 1853 que o governo provincial cria o primeiro
determinava a criao no Tesouro Pblico, de uma caixa oficial com fundos de vinte
Esse valor foi aumentado para quarenta e oito contos de ris anuais, atravs da
dos colonos.
hospitalidade pelo prazo de oito dias e seria solicitado pelo Governo aos agentes
consulares brasileiros todo apoio para que gozassem de bom tratamento durante a
viagem (CRUZ, 1955). Na vigncia dessa Resoluo, a primeira proposta aceita pelo
propostas apareceram como a de Joo Augusto Corra que se propunha trazer 250
imigrantes europeus. O maior obstculo para a fixao dos colonos neste perodo
era a terra para assent-los, uma vez que a Provncia no dispunha de terras suas
86
terras do engenho Boa Vista, localizado na ilha das Onas, para a qual foram
Santarm, foi criada uma colnia em virtude de um contrato celebrado em 1866 com
final do mesmo ano, a colnia foi declarada extinta, embora fosse garantido aos
colonos seus direitos aos lotes que ocupavam. Ainda em Santarm, houve a
tentativa de criao de uma colnia agrcola em 1871, para a qual teriam vindo 18
1875 foi criada pelo governo provincial a colnia de Benevides, localizada na estrada
87
que eram 17, considerados como mais aptos para a agricultura, seriam alocados s
1877 e teria morrido em Benevides em 1916. Francesco foi casado com Joanna
Frediani com quem teve cinco filhos, conforme relato de uma sua tetraneta:
Desse relato pode-se inferir que foi um colono que obteve sucesso no seu
projeto emigratrio uma vez que conseguiu acumular bens e deixar para os
Outro italiano, Miguel Monte Fusco, segundo Penteado (1967) teria montado
contratos.
Outras medidas foram tomadas pelo governo para recuperar a colnia, numa
1900, j quase mais nada havia na regio, salvo os povoados do Carmo, Benevides
entrega dos lotes com o respectivo ttulo de posse, com a mata derrubada e as
no local alguns estrangeiros, como Frediani, que a viveu por quase 40 anos, onde
de janeiro de 1886, no prdio do antigo Convento das Mercs, onde tambm passou
ano foi elaborado um Guia dos Imigrantes que deveria ser distribudo nos pases de
famlias aorianas, totalizando 108 pessoas que foram encaminhadas para a colnia
encaminhadas por Frederico Santana Nery e por Herclito Fiock Romano que se
historiador conclui que deste modo foi desfeito o sonho da Sociedade Paraense de
Imperial na regio?
93
na Amaznia?
ser encaminhados somente colonos nacionais, uma vez que segundo as condies
dispositivo legal uma clara mudana em relao poltica do Imprio que imbuda
qualificada para dominar as condies tropicais. A Amaznia estava pois, por esse
situao que se distanciava do regime imperial com seu controle tanto sobre a
Hospedaria dos Imigrantes2, criada em 1895, onde ficariam pelo prazo de 10 dias,
2
Essa hospedaria ficava situada no prdio da antiga Olaria do Outeiro, no furo do Maguari e seu
primeiro administrador foi Jos Joaquim Ferreira de Mendona (MUNIZ, 1916).
95
eram obrigados a permanecer no estado do Par por pelo menos 3 anos a contar da
data de chegada.
por uma imigrao interna composta por colonos nordestinos, que passaram a
estrangeiros que neles permaneceram (CRUZ, 1955). Desse modo, em 1893 foi
criado para receber imigrantes espanhis, mas recebeu tambm nordestinos, vindos
do Cear e do Rio Grande do Norte. Em 1895, foi criado ncleo de Jambu-Au, que
A colnia Jos de Alencar foi fundada em 1898, ficava localizada entre o ncleo de
Santa Rosa, criado em 1898, ficava situado margem da estrada que ia do povoado
italianos; o ncleo Ferreira Pena foi criado em 1898 e ficava situado prximo
Anita Garibaldi, em 1898, e Ianetama, em 1899, que por serem criadas atravs de
contratos especficos para receber colonos italianos, sero objeto de anlise mais
detalhada em outra parte deste captulo. Do mesmo modo, a colnia de Outeiro, que
tratamento.
97
(WEINSTEIN, 1993).
Na Amaznia esse problema era agravado, uma vez que no s a populao urbana
da populao rural.
1989).
Brasiliana, tendo como scia a casa comercial do tambm lgure Angelo Fiorita, que
Primeira Repblica foi composto por grupos familiares de agricultores italianos que
Sobre os italianos que vieram para essas colnias, o Arquivo Pblico do Par,
sobre as que vieram para a colnia de Ianetama, existe uma documentao maior,
(CRUZ, 1955).
de cereais e produtos comerciais como cana, caf e algodo de acordo com normas
discriminao dos lotes, abrir estradas, efetuar derrubada e queimada, construir uma
Itlia, fornecer alimentao aos colonos nos seis primeiros meses e entregar a
Havia ainda a exigncia de que nenhum chefe de famlia poderia ter mais de
que 111 casas estavam construdas, trs estavam em construo e trs haviam sido
qual havia sido reservada uma rea para futura povoao. Infere-se que essa rea
era parcialmente habitada, pois havia nove stios de antigos moradores, todos
salto de mais de 900%. Mas, destas apenas 37 eram italianas, outras eram
101
notabilizou durante vrios anos pela produo de farinha de mandioca, onde havia
espalharam-se por vrios municpios da regio bragantina onde vivem hoje seus
governo italiano foi feita uma tentativa de instalar imigrantes dessa nacionalidade na
colnia de Outeiro. Pelo acordo, cada famlia receberia um lote de 25 hectares, dos
durante trs dias por semana para desmatar o resto do terreno; receberia tambm,
102
seis meses. O acordo garantia ainda o repatriamento aps seis meses, para os
informa que apenas trs das 12 famlias que aqui chegaram permaneceram no Par.
de famlia, todos do Veneto, que em 15 de junho de 1899, pelo vapor Rio Amazonas,
2 com o mesmo sobrenome Moi. A relao familiar evidente, uma vez que eram
fabrico de banha e artigos que pudessem ser produzidos com sunos (MUNIZ, 1916).
Servio de Terras do Par, para receber os imigrantes. Com essa finalidade foram
em 1899, nos navios Rio Amazonas e Rei Umberto, inclusive das 48 famlias
seus lotes, tendo sido portanto assentadas 35 famlias. Na realidade essas famlias
vieram em 4 viagens nos meses de julho, agosto, setembro e outubro de 1899, pelos
Das 48 famlias que vieram por conta de Salvador Nicosia para a colnia de
Tabela 14: Famlias italianas trazidas ao Par por Salvador Nicosia em 1899, para a
colnia Ianetama, conforme local de origem
Chefe de famlia Regio Provncia Comuna
Francesco Penzo Campnia Benevento Morione
Francesco Ruzzo Campnia Benevento Morione
Saverio Russo Campnia Caserta Gricignano
Nicola Monza Campnia Caserta Gricignano
Domenico Trabbuco Campnia Caserta Carniola
Francesco Suppapola Campnia Caserta Sessa Aurunca
Sebastiano Sinvaci Campnia Caserta Aquino
Antonio Vernile Campnia Caserta Sessa Aurunca
Antonio Reale Campnia Caserta Serra Aurunca
Giovanbatista di Ruzza Campnia Caserta Castrocielo
Domenico Tersigni Campnia Caserta Aquino
Francesco Torrecio Campnia Caserta Canniola
Attilio Ceraldi Campnia Caserta Serra Aurunca
Gennaro Palermo Campnia Npoles Secondigliano
Pasquale Accardo Campnia Npoles Boscotecrase
Carlo Armnio Campnia Npoles Antimo
Luigi Viviano Campnia Npoles Secondigliano
Manfredi Pallavicino Siclia Siracusa Scieli
Igncio Arrabito Siclia Siracusa Scieli
ngelo Carbone Siclia Siracusa Scieli
Vittorio Sachetto Veneto Rovigo Aobeia
Avamo Antrighesso Veneto Treviso Nervesa
Domenico Panavati Veneto Rovigo Papazze
Antonio Narciso Veneto Padova S/I
Genaro Palazzo Veneto Padova S/I
Antonio Civetta Veneto Padova S/I
Vincenzo DAngio Veneto Padova S/I
107
familiar.
trs grupos: do Vneto (Itlia Setentrional), vieram 32% enquanto que 58% vieram
que muitos eram provenientes das mesmas provncias e at mesmo das mesmas
predominncia dos vnetos e dos campanos entre os imigrantes italianos que vieram
para o Brasil no fim do sculo XIX informada por Trento (1989), conforme dados
1902, o Vneto com 35,2% e a Campnia com 12,6 % eram as principais regies de
nucleares, ou seja, formadas pelo casal com filhos solteiros. Havia casos em que
15).
108
esposa 32
4 filhos 11, 8, 5, 2
Vittorio Sachetto 6 chefe 38
esposa 31
4 filhos 10, 8, 5, 1
Pietro Guagliariello 6 S/I S/I
Francesco Penzo 5 chefe 44
esposa 34
3 filhos 18, 16, 6
Francesco Ruzzo 5 chefe 44
esposa 34
3 filhos 18, 16, 1
Sebastiano Sinvaci 5 S/I S/I
Antonio Vernile 5 chefe 51
esposa 41
3 filhos 18, 15, 7
Gennaro Palermo 5 chefe 40
esposa 39
3 filhos 16, 13, 11
Antonio Civetta 5 chefe 36
esposa 34
irmo 26
cunhado 24
cunhada 21
Antonio Della Ciopa 5 chefe 39
esposa 24
1 filha 13
tio 47
tia 46
Francesco Suppapola 4 S/i S/I
Domenico Tersigni 4 chefe 46
esposa 38
2 filhos 13,1
Gennaro Palazzo 4 chefe 47
esposa 45
2 filhos 13, 6
Vincenzo dAngio 4 chefe 49
esposa 36
2 filhos 14, 8
Domenico Trabbuco 3 chefe 34
esposa 32
1 filha 14
Attilio Ceraldi S/I S/I S/i
ngelo Carbone S/I S/I S/I
Fonte: Elaborada pela autora com base em Arquivo Pblico do Par (1899)
Mas, alm da famlia nuclear pais e filhos, com freqncia eram relacionados outros
110
irmo, cunhada e sobrinhos (na realidade eram duas famlias). A famlia de Manfredi
Pallavicino (11 pessoas) era formada pela esposa, 5 filhos, sogros e cunhados; a de
(agregados, todos adultos parecem compor outra famlia todos com o sobrenome
Finotti). Os chefes de famlia tinham em mdia 42,83 anos, as esposas 34,29 anos.
Os casais tinham em mdia 3,69 filhos, com idade variando entre 1 e 19 anos.
No final de 1899, com a resciso dos contratos que haviam criado as colnias
espontnea, sem nus para o tesouro do Estado. No final do seu governo, Paes de
Carvalho teve ainda que enfrentar as epidemias de varola e de febre amarela que
fizeram muitas vtimas entre os colonos europeus (VIANNA, 1975; CRUZ, 1955).
111
Nmero de Nmero de
Colnias Nacionalidades
Famlias colonos
Brasileiros 189 1149
Espanhis 135 647
Jambuassu Portugueses 2 10
Total: 326 Total: 1806
Brasileiros 57 310
Monte Alegre Espanhis 53 248
Total: 110 Total:558
Brasileiros 383 1945
B. Constant Espanhis 191 956
Total: 574 Total:2901
Brasileiros 118 708
Espanhis 68 405
Marapanim Portugueses 4 19
Total: 191 Total:1132
Brasileiros 216 1312
Jos de Alencar Espanhis 3 13
Total: 219 Total:1325
Brasileiros 117 711
Inhangapy
Total: 117 Total: 711
Brasileiros 74 458
Espanhis 104 624
Italianos 1 4
Santa Rosa
Alemes 1 5
Total: 180 Total:1091
Brasileiros 52 330
Ferreira Pena Espanhis 34 145
Total: 86 Total:475
Brasileiros 124 746
Espanhis 25 131
Italianos 7 37
AnitaGaribaldi
Belgas 1 3
Total: 157 Total:917
Brasileiros 89 602
Espanhis 7 32
Ianetama Italianos 3 14
Total: 99 Total: 648
Brasileiros 6 33
Couto de Magalhes Espanhis 15 57
Total: 21 Total: 90
Brasileiros 42 226
Salvaterra
Total: 42 Total: 226
Brasileiros 65 318
Sto Antonio de Maracan
Total: 65 Total: 318
112
Brasileiros 35 186
Granja Amrico
Total 35: Total: 186
Brasileiros 48 232
Obidos
Total: 48 Total: 232
Brasileiros 34 204
Acar
Total: 34 Total: 204
Brasileiros 2 10
Espanhis 7 25
Italianos 1 7
Ncleo Modelo de Outeiro
Portugueses 1 5
Total: 11 Total: 47
Brasileiros 1651 9480
COLONOS Espanhis 642 3283
Italianos 12 63
Portugueses 7 34
Alemes 1 4
Belgas 1 3
TOTAL GERAL 2314 12867
Fonte: Muniz (1916, p. 92), adaptado pela autora
Como uma primeira concluso pode-se afirmar que as razes das famlias
poucas outras como na de Santa Rosa onde ainda sobrevivia uma famlia em 1900.
Entretanto a maioria das famlias no permaneceu por muito tempo nesses ncleos
coloniais, como nos casos analisados acima. Deduz-se que se espalharam por
descendentes de italianos.
crtica poltica de colonizao praticada por seus antecessores deve ser olhada
num plano mais amplo do panorama poltico do Par, em que se acirravam disputas
114
desses colonos na produo agrcola. Cruz (1963, p. 639) resume claramente essa
contribuio:
poca. Agora eles vm por iniciativa prpria e muitas vezes motivados pelas cartas
evidncias de que paralela a essa imigrao e alm dela se firmou uma imigrao
no dirigida pelo Estado, constituda por diferentes grupos de italianos que vieram se
genovs Joo Baptista Balbi, situada no bairro do Umarizal, em Belm, era ponto de
deixado muitos descendentes na capital paraense (COSTA, 1924). Por outro lado,
natural da Lombardia, que teria chegado a Manaus em 1879 e aps retorno Itlia
para concluir o curso de direito, voltou capital amazonense em 1888, onde fixou
Morreu em 1926, aos 75 anos, tendo publicado vasta obra literria e etnogrfica.
cidades do interior. Ainda no perodo imperial, de 1883 a 1890 foi agente consular da
Romgna), que segundo uma sua descendente era seringalista, dono de fbrica de
criao de gado. Alfredo Cusano (1911) informa que no incio do sculo havia em
117
resenha Gli italiani nel Nord Del Brasile, publicada por Aliprandi e Martini em 1932. A
do comrcio, hbitos culturais e outros aspectos da vida dos italianos nas cidades
amaznicas.
5.1 ORIGEM
Aliverti . Da Itlia central, regio do Lazio, vieram as famlias Del Pomo e Biolchini e
campana (CAPPELLI, 2006; 2007). Esse segmento seria formado por pequenos
constituda por um fluxo migratrio que partiu de uma pequena rea de fronteira da
Salerno
Potenza
Cosenza
Figura 3: Mapa da Itlia por diviso regional com destaque feito, pela autora, para as
provncias de Salerno (Campania), Potenza (Basilicata) e Cosenza (Calbria)
Fonte: http://www.minhaitalia.hpg.ig.com.br/Regioes.htm
calabreses da Amaznia.
Pglia, a oeste com o mar Jnico (golfo de Taranto), a oeste com a Campnia, a
120
local de origem da maioria dos italianos que vieram para o baixo Amazonas.
Lazio, ao norte com Molise, a nordeste com a Puglia e a leste com a Basilicata.
campanos da Amaznia.
com artesanato domstico, que foi duramente atingido pela oferta de produtos
340.725 pessoas o que representa 36,4% do total dos emigrantes. A Campnia, com
representam juntas 25% dos italianos que deixaram o pas nesse perodo. Se
entre 1903 e 1920, quando a emigrao dos meridionais duplicou perfazendo cerca
de 61% do total de emigrantes e a participao das trs regies era de 39% do total
contrrio, dirigiu-se s reas perifricas sem grande tradio imigratria como Cuba,
desses italianos nas cidades amaznicas, ao contrrio, foram muito rpidos graas
das cidades e das regies que os acolheram. Ento, esses imigrantes terminaram
2006).
lugares so vlidos para outras regies? At que ponto os dados sobre imigrao
vez que a corrente migratria dirigida s colnias agrcolas teve existncia efmera,
embora tenha deixado suas marcas na agricultura paraense. Por outro lado, a
124
que foi para o Centro-Sul quanto aos grupos envolvidos, expresso numrica,
exercidas.
campana na Amaznia pode ser deduzida a partir de dados sobre algumas famlias
como Ronca (1908) e Aliprandi e Martini (1932) permitiram uma relativa aproximao
Pode se deduzir dessas informaes que nas ltimas dcadas do sculo XIX
proprietrios e artesos italianos que, vindo com algum recurso, montaram suas
casas comerciais em cidades amaznicas, uma vez que o comrcio era a principal
125
internacional.
o declnio dessa economia muitos permaneceram nessas cidades como pode ser
bidos* 76 6,82
Faro** 25 2,24
Santarm 22 1,97
Alenquer 17 1,53
Juruti 16 1,44
Parintins 18 2,48
Maus 15 2,07
Urucurituba 11 1,52
Outros 53 7,30
cidades amaznicas, dos fins do sculo XIX, ao incio do sculo XX, era
sculo XX. Essa lista representa somente uma amostra do fluxo de italianos
destino final de sua migrao, refere-se apenas aos imigrantes que compareceram
Rivello
26 Megale Basilicata Potenza Rotale di Rivelo Alenquer/bidos
27 Guzzo Basilicata Potenza Rivello Belm
28 Tancredi Basilicata Potenza Lagonegro Juruti
29 Demasi Basilicata Potenza Castelluccio Inferiore Manaus
30 Altieri Basilicata Potenza Castelluccio Inferiore Belm
31 Donadio Basilicata Potenza Castellucio Inferiore Belm
32 Cantisani Basilicata Potenza CastelluccioInferiore Manaus
33 Conte Basilicata Potenza Castelluccio Inferiore Belm/Manaus
34 Celani Basilicata Potenza CastelluccioInferiore Manaus
35 Crispino Basilicata Potenza Castelluccio Inferiore Belm
36 Milione Basilicata Potenza Castelluccio Inferiore Belm/Manaus
37 Pelosi Basilicata Potenza CastellucioInferiore Manaus
38 Paracampo Basilicata Potenza Castelluccio Inferiore Belm
39 Petrucelli Basilicata Potenza Castelluccio Inferiore Belm
40 Roberti Basilicata Potenza CastelluccioInferiore Manaus
41 Tancredi Basilicata Potenza Castellucio Inferiore Belm
42 Viggiano Basilicata Potenza CastelluccioInferiore Belm
43 Cozzi Basilicata Potenza Castellucio Inferiore Belm
44 Pignattaro Basilicata Potenza CastelluccioInferiore Manaus
45 De Tommaso Basilicata Potenza Rotonda Belm
46 Iannini Basilicata Potenza Rotonda Belm
47 Russo Basilicata Potenza Rotonda Manaus
48 Orofino Basilicata Potenza CastellucioSuperiore Manaus/Belm
49 Suanno Basilicata Potenza CastellucioSuperiore Belm
50 Limongi Basilicata Potenza Maratea Manaus
51 Pacchiano Basilicata Potenza Maratea Belm
52 Parente Basilicata Potenza Marsico Nuovo Abaetetuba
53 Gazzineo Basilicata Potenza Trecchina Manaus/Belm
54 Faraco Basilicata Potenza Acquafredda Maus
55 Barletta Calabria Cosenza Papasidero Belm
56 Greca Calabria Cosenza Papasidero Belm
57 Grisolia Calbria Cosenza Papasidero Belm
58 Oliva Calabria Cosenza Papasidero Belm
59 Papaleo Calabria Cosenza Papasidero Belm
60 Russo Calabria Cosenza Papasidero Belm
61 Aronne Calbria Cosenza Laino Borgo Manaus
62 Cerbino Calabria Cosenza Laino Borgo Belm
63 De Franco Calbria Cosenza Laino Borgo Belm
64 Longo Calabria Cosenza Laino Borgo Belm
65 Verbicaro Calabria Cosenza Laino Borgo Belm
66 Figliuolo Calbria Cosenza Laino Borgo Manaus
67 Franco Calabria Cosenza Castello Belm
68 Faillace Calbria Cosenza Scalea Belm
69 Tedesco Calabria Cosenza Mormanno Belm
70 Falesi Calabria Cosenza Castrovillari Belm
71 Chiappetta Calbria Cosenza Tortora Belm
72 Lauria Calabria Cosenza Tortora Belm
129
2006).
Embora boa parte das famlias italianas tenha vindo diretamente para cidades
algumas famlias que na mesma poca teriam vindo para cidades nordestinas e
MARTINI, 1932).
cidades amaznicas:
Biagio Nicola Paternostro chegou em 1900 em Minas Gerais e em 1908 veio radicar-
se em Terra Santa. Outra foi a trajetria de Nicola Maria Parente, que trabalhando
Mas, houve imigrantes que saindo da Itlia, seguiram outra trajetria que
incluia passagem por outros pases da Amrica Latina. Neste sentido a trajetria do
semelhante foi percorrida pelo lucano Savrio Tundes. Veio ao Brasil em 1897 e
Urucurituba onde seu tio possua uma casa comercial que foi adquirida por Saverio
A emigrao dos italianos com destino s cidades amaznicas, seja ela direta
mandavam buscar suas esposas e filhos ou ainda, voltavam ptria para busc-los,
alguns casos partiam como voluntrios para lutar na guerra. o que se infere dos
depoimentos a seguir:
no pudesse t-lo sob sua responsabilidade. Esse documento (Figura 4) era exigido
pelo consulado para emisso do passaporte. Foi atravs desse mecanismo, que
baixo Amazonas. assim que um entrevistado relata a vinda de seu pai para a
cidade de bidos:
imigrante pretendia voltar para a Itlia e desejava deixar seus negcios nas mos de
casassem com noivas italianas que haviam deixado na prpria terra quando da sua
emigraram juntas, que na maioria das vezes j tinham redes de parentesco entre
Mileo e Calderaro; Mileo e Alaggio; Mileo e Priante; Mileo e Tancredi; Mileo e Oliva;
outros italianos que chegavam capital; aqueles que no tinham parentes na cidade
comercial,
Logo que meu pai chegou morou na Frei Gil de Villa Nova na
penso de uma senhora italiana que s hospedava italianos, o nome
dela era Hermnia Petruccelli esposa de Biaggio Petruccelli. A outra
penso que os italianos ficavam era da dona Assunta Adario que
tambm ficava na Frei Gil ( Entrevista n. 8).
podiam contar com uma rede de apoio nos primeiros anos de imigrao. Essas
Esses depoimentos indicam que muitos italianos que se fixaram nas cidades
prestao de servios que atraiu boa parte dos imigrantes que chegavam s
cidades. Por outro lado os que traziam algumas economias, geralmente empregaram
nortearam a criao das colnias agrcolas, ainda assim pode-se avaliar um saldo
Por outro lado, alguns italianos que vieram para as cidades deram uma
Na Itlia meu pai era agricultor. Mas aqui em Belm foi sapateiro e
jornaleiro. Mas no quintal de casa, na O de Almeida tinha grande
horta onde se cultivava muitos legumes e verduras. Meu pai criava
ainda galinhas de raa para vender (Entrevista n. 11).
Meu pai chegou em Faro no incio do sculo, l por 1910, veio ele e
meu av. Passaram uns anos em Faro e depois voltaram para a
Itlia. Mas, meu pai veio de novo para Faro onde ficou at a sua
morte nos anos 60. L em Faro ele tinha um comrcio e um stio
onde tinha plantao de mandioca e tabaco. Ele criava carneiros
principalmente para a alimentao e tambm para vender. Ele
ensinava vrias maneiras de preparar carneiro porque as pessoas
do local no costumavam comer carneiro (Entrevista n. 10).
Tabela 20: Fazendas de italianos localizadas no estado do Par por municpio, 1931
parcela dos imigrantes a vida nas cidades amaznicas foi permeada de dificuldades
passagem por Manaus em 1905, Ronca registra que encontrou muitos italianos no
Dados sobre esse tipo de trabalho exercido por italianos, tambm podem ser
menor prestgio social. Uns ofereciam seus servios de porta em porta como
vez que exportava uma quantidade significativa de produtos extrativos como cacau,
meados do sculo XIX (CAPELLI, 2005; 2006). Essa atividade evoluiu em alguns
mesmo modo era forte o setor de alfaiatarias, em uma poca na qual no era hbito
144
comprar roupas feitas e por isso exigia-se habilidades de alfaiates e o uso de tecidos
responsabilidade da direo dos negcios aos filhos. A Casa Falesi serve como
exemplo:
era administrada pela entrevistada Giusepinna Falesi (falecida em 2005) e por seu
Cosenza, regio da Calbria. ngelo Grisolia veio para Belm no fim do sculo XIX,
depois outros parentes chegaram. Em 1912 veio Giovanni Grislia que fundou a
denominar-se Jos Mileo Primo aps ser adquirida pelo lucano Giuseppe Mileo
Primo. Em 1931 era administrada pelos seus filhos Giovanni e Paolo Mileo, situao
9).
Comrcio.
(Entrevistas n. 8 e 9).
a sua integrao na sociedade local, estimularam outros imigrantes que mesmo com
com sede em Gnova, era dirigida no Par pelos italianos Giuseppe Turchi e Antonio
Mazzini. Esta usina ficava situada na ilha das Onas em frente a Belm. No primeiro
semestre de 1924 a usina Victoria havia embarcado para Gnova 900 toneladas de
Europa e o Norte do Brasil. A usina era dirigida pelo italiano Celestino Pesce e ficava
Empregava cerca de 300 pessoas entre homens, mulheres e crianas. A usina tinha
149
(COSTA, 1924).
localizado na rua Gaspar Viana no. 124, tinha trs filiais em Belm e uma em
Manaus. A produo diria era de 1.500 pares de sapatos que eram exportados no
fbrica comeou a funcionar na rua O de Almeida e depois passou para a rua Paes
feito com matria-prima importada que tinha grande aceitao na praa de Belm. A
Comrcio.
1932).
chegou em Belm, mas no mesmo ano transferiu-se para Manaus onde fundou uma
empresa E. Rossetti & Cia Ltda, em nome de seu filho brasileiro Eduardo Rossetti,
uma vez que em decorrncia da Segunda Guerra Mundial, os italianos eram alvo de
comerciais ou substituindo patrcios que voltam para a Itlia. Esta situao, segundo
ser feita em larga escala nos grandes seringais foi introduzido o sistema de
aviamento no qual o produtor ou aquele que trabalha na coleta fica com a obrigao
pessoa que fornece o aviamento, e aviado aquela que o recebe. Aos preos das
mercadorias fornecidas ao aviado, alm dos altssimos juros que se lhes acrescem,
3).
comuna de Rivello, que hoje no tem mais que 700 habitantes, chamado San
baixo Amazonas.
confirmada por Gregrio Ronca, em sua viagem pela Amaznia em 1905. Em seu
registro, esse oficial comenta que um dos primeiros italianos que chegou a Santarm
voltaram a acontecer a partir dos anos 1920. A partir dos anos 1930, ocorrem
mercantis com a criao de gado bovino. Contudo, tal atividade era prejudicada pela
bidos
Oriximin
Alenquer
Faro
Terra Santa
Juruti
Santarm
Figura 6: Mapa do baixo Amazonas, com destaque feito pela autora para os
municpios que receberam o maior nmero de comerciantes italianos
Fonte:http://tiosam.com. Mesorregio_do_Baixo_Amazonas
mesmo dos que vinham para cidades do interior do Amazonas (Entrevista n. 14).
bidos por sua localizao que facilitava o comrcio com as embarcaes que
gradativamente perdeu sua importncia econmica para Oriximin, que como sede
Rio do Norte instalado no fim da dcada de 1970, tem mantido certa prosperidade e
italianas que vieram para a Amaznia no incio do sculo como Mileo, Paternostro,
e Reale.
para casar ou para buscar a famlia e muitas vezes a esposa e os filhos vinham
eltrico e miudezas.
era familiar. Os negcios eram tocados pelos proprietrios, filhos e muitas vezes
moradores da regio.
Os que tinham maiores posses iam vrias vezes Itlia em visita a familiares,
o que no aconteceu com a maioria deles. Havia uma certa hierarquia entre esses
aos aviados que criavam certas relaes de dependncia. Passavam muitas vezes
Costa & Cia, Ferreira DOliveira & Sobrinho e A. Monteiro da Silva, de comerciantes
159
bidos; a Loja do Povo da firma Calderaro, Mileo & Cia, em Oriximin; a Casa
Confiana de Braz Mileo & Cia., destacavam-se como as mais importantes da regio
Calderaro, foi fundada em 1888 por Giuseppe Maria Mileo e Vincenzo Calderaro,
situava-se em Santarm. Em 1920, Giuseppe Mileo voltou para a Itlia e seu filho
Giovanni Batista Mileo passou a titular da firma em sociedade com seu sogro
Vincenzo Calderaro. A partir desse ano, a razo social da firma mudou para
J.B.Mileo & Cia. Era uma firma que se ocupava de vrios ramos de atividade:
algodo. O senhor Giovanni Mileo era tambm scio da Casa Comercial Ouvidor
Cia, e da farmcia D. Velloso & Cia localizadas em Santarm. Giovanni Mileo era
filhos, dos quais trs foram educados na Itlia. Segundo depoimento de filha de
Giovanni Batista Mileo, com a morte de seu pai em 1942, no houve continuidade na
160
administrao dos negcios da famlia. A farmcia foi fechada, assim como a loja e a
fundada em 189 8, a partir de 1910 pertencia aos scios Antonio Vallinoto (filho do
fundador) e seu cunhado Sabato Megale que era irmo de Tereza Megale Valinotto,
A firma tinha sede na cidade de Alenquer e filial numa fazenda do rio Curu.
Gomes & Cia. Segundo o que est registrado nos arquivos da JUCEPA, a firma foi
extinta em 1950.
Sucessora da firma Carlos Alaggio & Co, essa casa foi fundada em 1903 por Carlo
Alaggio casado com Angelina Mileo, que permaneceu na Itlia. Em 1912 Carlo
Confiana para seu cunhado Biaggio Antonio Gabrielle Mileo. Biaggio veio para o
estabilizou mandou chamar da Itlia seu sobrinho Pietro Oliva, que no incio
A firma Braz Mileo & Co a partir de 1924 passou a ter como scios os primos
Biaggio Antonio Mileo e Biaggio Nicola Mileo e o sobrinho destes, Pietro Oliva. O
principal negcio da firma era a indstria extrativa, no tempo ureo da juta. Chegou
a montar uma usina para a prensagem da juta em bidos; vendia at para a firma
Joaquim Gomes da firma M. S. Gomes que tinha uma usina de prensagem de malva
em Belm. Como comerciante forte na juta ele tinha usina de prensagem em bidos
Vendia castanha do Par, couros e peles de animais silvestres. Chegou a ser para
para Belm. A firma ento ficou sendo administrada pelo scio Pedro Oliva. Com a
Biaggio. Depois da partilha, Pedro Oliva voltou para a Itlia. A Casa Confiana ainda
para a criao de gado bovino. Mais tarde, a partir da dcada de 1940 para a
circulao da juta.
com os fabricados nas indstrias voltadas para o atendimento das demandas locais,
Amazonas.
Alis, esse interesse pela educao dos filhos estava presente desde o incio
12).
a maioria chegou nas primeiras dcadas do sculo XX. E assim como no Par, ainda
pioneiros.
Giuseppe Faraco, titular da firma Jos Faraco & Cia, natural de Acquafredda,
Maus. Depois de alguns anos estabelecido na cidade, foi Itlia buscar a esposa e
geral e produtos da regio. Possua ainda uma fazenda onde cultivava guaran e
cultivo do guaran;
Quando meu av chegou, Maus era uma aldeia. Ele observou que
a populao consumia esse produto e que diziam dar energia. Os
ndios j plantavam guaran para o consumo prprio e meu av que
era comerciante comeou a financiar o plantio do guaran em larga
escala. Ele chegou a ter plantados 50 mil ps de guaran (Entrevista
n. 14).
1922, a firma Jos Faraco & Cia foi premiada com medalha de ouro e diploma de
como tnica e nutritiva. Por esse feito, recebeu o ttulo de rei do guaran
chegou em Maus no incio do sculo XX. Ele foi scio de Giuseppe Faraco e pouco
tempo depois montou sua firma e foi guaranalista em Maus at a dcada de 1940
1935 e Francisco Antonio Magaldi, filho do lucano Paolo Magaldi que anteriormente
Uma rplica da mquina de pilar guaran, bem como as fotos dos pioneiros e outras
extinto em 1950, em meio a uma crise do setor. Desde a dcada de 1960, a compra
de Maus, entre eles Zanoni Magaldi e Ferdinando Leite Desideri. A maioria dos
questo seria identificar como, a partir de qu, por quem e para qu ele acontece.
imediatos e a longo prazo. Esse processo foi permeado por avanos e recuos em
oriundos de uma nao que recentemente se unificara. Por outro lado, se aflorava (e
utilizada.
ocupao territorial.
172
da mesma regio, ou que emigram na mesma leva e com outros atributos comuns,
muitas vezes redefine a chamada cultura de imigrao que se expressa nas formas
das histrias de imigrantes italianos estudados acima, pode-se ver que nessa cultura
7.1 AS ASSOCIAES
ajuda mtua, mas tambm como instituies de referncia para esses imigrantes
italianidade.
Beneficenza, surgida em 1854 no Rio de Janeiro. No Rio Grande do Sul em 1871, foi
1878, foi criada a Societ di Beneficenza, mas no mesmo ano uma ciso entre seus
(TRENTO, 1989).
eram frgeis mesmo na ptria, pas de recente unificao, como tambm porque no
se pode negar que havia conflitos no seio da colnia que residiam no somente
Era muito difcil falar em italianidade para pessoas oriundas de regies com
identificados como estrangeiros, como tambm pela uniformidade nacional que lhes
Esse historiador registra que em 1923 havia em todo o Brasil 182 sociedades
2 em Pernambuco.
regionais ou por diferenas de classes sociais, o que muitas vezes levava ciso ou
localizao). Essa associao teria acontecido nos fins do sculo XIX e tido
centro do pas, como tambm por ser composta por italianos de procedncia
Socorro e Beneficncia de Manaus, cuja diretoria era composta por Attlio Santoro,
No estado do Par, a vida associativa dos italianos tem sido mais intensa. A
origens regionais residentes em Belm. Comeou com uma simples sala de leitura,
na arregimentao de jovens italianos que aqui residiam para irem lutar em defesa
os outros que dela no participavam por discordarem de sua atuao. Este fato teria
Verbicaro, Pietro Orofino, Francesco Trusso, Attilio Galeazzi e Giuseppe Aliverti, foi
e ensinar a lngua italiana aos filhos dos scios com a criao da escola Alessandro
Verbicaro, localizada na Rua Paes de Carvalho (atual Manuel Barata) esquina com a
associao que tomou posse em 1919 era composta pelo engenheiro lucano Achille
1933, quando se deu a fuso com a Societ Italiana de Beneficenza, dando origem a
Par perfazia um total de 1840 pessoas. Nesse perodo, foi o momento de afirmao
das duas associaes que haviam sido criadas na dcada anterior, alm de registrar
de carter poltico (Fascio del Par e Fascio Italiano di Obidos) ou ainda agregando
Essa escola era custeada financeiramente por essa sociedade e pelo partido
fascista do Par. Era dirigida pelo senhor Giuseppe de Tommaso e tinha como
recriar os laos com a me ptria bem como para manter vivo o sentimento de
cinco ex-alunos dessa escola, com idade entre 70 e 84 anos, que mantm vivas as
comemoraes das datas cvicas italianas, do uniforme que carregava traos dos
meninos calas e blusas pretas. Mas, a maior lembrana refere-se ao culto dos
Guerra Mundial o prdio da Escola que ficava na Manuel Barata foi o primeiro a ser
destrudo, em 1942:
178
Outra associao criada na dcada de 1920 foi o Itlia Sport Club. Tal como
1926, tambm foi criado um clube que se ocupava de vrios esportes principalmente
de futebol. O Itlia Sport Club foi fundado em 13 de maio de 1926. Em 1931 contava
Esse clube foi extinto nos anos 1940, por fora das circunstncias decorrentes da
Para manter vivos os sentimentos de italianidade dos que lutaram pela ptria-
associao possua 25 membros, era dirigida por Ernesto Macciani e tinha como
1920 pode ser inferido dos registros de Costa (1924). Esse autor informa que nas
que a Unione Italiana era frequentada pelos italianos mais pobres, embora tambm
rua Paes de Carvalho, 45 (atual Manuel Barata). Em 14 de abril do mesmo ano essa
Itlia Sport Club para constituir a Casa degli Italiani, que reagrupava as quatro
associaes italianas pelo fascismo, via autoridades consulares, que com maior ou
os principais comerciantes locais. O Conselho Diretor era presidido por Ugo Furini,
A Societ era filiada Casa degli Italiani que em 1931 era presidida pelo
comerciante calabrs Francesco Falesi e o conselho era formado por dois membros
celebradas separadamente.
havia adquirido sede prpria, tambm localizada na rua Paes de Carvalho, em 1931
coletividade italiana diferente nos anos 1920 em relao aos 1930. Se na primeira
central italiano pela criao das Casas da Itlia visando a unificao das
Mutuo Soccorso dando origem a Societ di Assistenza per gli Italiani di Belm. Esse
comisso dirigente foi composta pelos seguintes membros: Dr. Sestino Mauro,
Na esteira da criao das Casas da Itlia nos vrios estados brasileiros, sob
Belm passou a ser denominada Associao Civil Casa da Itlia Par Brasil. Em
Casa degli Italiani, na rua Manoel Barata, n. 45. A partir dos anos 1950 a Casa da
Itlia passou a funcionar na rua Manoel Barata, n. 721, na antiga sede da extinta
Unione Italiana.(ANEXO 2)
Sociedade civil Casa da Itlia quase desapareceu. A sede da Casa da Itlia, na rua
Manoel Barata, n. 45, foi confiscada pelo Estado e no local hoje funciona o prdio do
permaneceu por muitos anos apenas como um ponto de encontro de velhos italianos
que se reuniam aos domingos para jogar baralho. Esse prdio a sede da atual
mesmo esconder sua identidade tnica (BARTH, 1976) superam essas dificuldades
(FONTE, 2003).
que realizado com maior ou menor violncia nos vrios estados brasileiros.
ainda nos fins dos anos 1950 e incio dos anos 1960 a tentarem esconder suas
7.2 A IMPRENSA
imprensa foi relevante. Entre 1880 e 1940 havia uma quantidade expressiva de
jornais e revistas em lngua italiana publicados no Brasil, o que indicava que apesar
sobre o jornal LEco del Par (O Eco do Par), que circulou em Belm, de 1898 a
1900. Era dirigido por Mario Cattaruzza, jornalista que em 1898 havia feito contrato
com o Governo do Par para a introduo de 200 famlias italianas na colnia Anita
fazia uma propaganda ufanista sobre as vantagens que teriam os imigrantes que
1989)
7.3 A POLTICA
fator unificador (TRENTO, 1989). Para alguns a intensa campanha que devido ao
mesmo no uniforme das crianas da Escola Dante Aligheri, que nas reunies
dos vrios municpios do baixo Amazonas, esse diretrio tinha a seguinte formao:
que, deve-se levar em conta que os membros do partido eram aqueles que tinham
187
secretrio geral era o senhor Luigi Massetti e o conselho diretor era composto por
1932).
a presena dos anarquistas italianos no Brasil data dos fins do sculo XIX. A
anarquismo que teria trazido como resultado a formao de dois grupos de certa
inicial, a partir de nossa pesquisa que no temos dados que nos credenciem
afirmar que a maioria dos italianos era simpatizante do fascismo, uma vez que essa
preferncia poltica por parte de um grupo era motivo de disputas entre associaes.
amaznica.
extinta Unione Italiana (em frente Fbrica Palmeiras), uma vez que o da Casa degli
denominar-se Associao Cultural talo Brasileira, com sede situada rua Senador
Manuel Barata, n. 721; b) A Associao Cultural talo Brasileira ter como finalidade
3).
fortuna na Amaznia, embora seus negcios tenham perdurado por vrias geraes
vigente.
A entrada dos italianos, nesse espao de tempo, foi marcada por momentos
razes dos vrios segmentos de italianos que, no contexto das grandes migraes,
exemplo do formado por agricultores que vieram subsidiados pelo Estado para as
processo.
havia espao para as decises e aes dos sujeitos histricos envolvidos (indivduos
entrevistados.
maioria dos imigrantes, a emigrao era uma estratgia praticada de longa data,
Amaznia, dos fins do sculo XIX ao incio do sculo XX. Houve uma imigrao de
imigrantes e nem na fixao nas reas de destino. Com a desativao das colnias,
amigos, que vinham em vrias levas principalmente nas dcadas de 1920 e 1930.
famlia era unidade fundamental de organizao do trabalho, por isso tanto entre os
familiar era um valor a ser preservado. Isso ficou muito claro na fala dos
reproduo dessa estratgia nas cidades de destino, talvez para maior preservao
para as cidades amaznicas, daqueles que vindos da mesma regio para a lavoura
miserveis da Basilicata. Uma vez que no momento de chegada havia famlias que
quase nada de recursos. Os que chegavam a partir dos anos 1930, vinham
passos dos italianos, todas suas formas de insero social, todos os mecanismos
para sua integrao. Por outro lado, o papel esperado de estrangeiro de indutor de
caseiras.
artesos trabalhando por conta prpria nas cidades. Por vezes preencheram
195
atividade comercial nos ncleos urbanos contribuiu para a ascenso social dos
Na dcada de 1920, era formado por italianos o grupo que detinha o controle
regio.
Outro ponto a ser destacado que havia um interesse muito grande dos
imigrantes desejavam um futuro melhor para seus filhos, bem diferente de sua
hoje. Ela tambm deixou uma srie de inquietaes para futuras pesquisas, entre as
quais se destacam:
contemporneos.
resgatando uma histria de pioneirismo que perdeu sua visibilidade com a entrada e
REFERNCIAS
ALLIEGRO E. V. La Basilicata e il Nuovo Mondo. Inchieste e studi
sullemigrazione Lucana (1868-1912). Consiglio Regionane di Basilicata, 2002.
Disponvel em: <http:// www. consiglio.basilicata.it/pubblicazioni>. Acesso em 15 jan.
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ANNURIO ESTATSTICO DO BRASIL (1908-1912), v. 1. Rio de Janeiro: Ministrio
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Estatstica, 1916.
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BARTH, F. Introduccin. In: BARTH, F. (org.). Los grupos tnicos y sus fronteras.
Mxico: Fondo de Cultura Economica, 1976.
BASSANEZI, M. Imigraes Internacionais no Brasil: um panorama histrico. In:
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contemporneo. So Paulo: FNUAP, 1995, v. 1, p. 1-7.
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In: ENCONTRO REGIONAL DE TROPICOLOGIA, 2, 1985, Recife. Anais... Recife:
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______. Amaznia. Formao social e Cultural. Manaus: Valer, 1999.
BERNASCONI, A. Imigrantes italianos na Argentina (1880-1930): uma aproximao.
In: FAUSTO, B. (org.). Fazer a Amrica. 2. ed. So Paulo: EDUSP, 2000.
198
ANEXOS
205
TERMO de contrato que assina o cidado Mario Cataruzza, para a fundao de uma colnia
formada de duzentas famlias italianas, nas terras marginais estrada do Castanhal a Curu,
entre o rio Defuntos e o brao esquerdo do Marapanim.
Aos vinte e nove dias do ms de dezembro de mil oitocentos e noventa e oito, nesta
repartio de Obras Pblicas, Terras e Colonizao, perante o sr. Diretor da mesma, dr. Henrique
Amrico Santa Rosa, compareceu o cidado Mario Cataruzza a fim de assinar o termo de contrato
para a fundao de uma colnia de duzentas famlias italianas, nas terras marginais estrada de
Castanhal a Curu, entre os rios Defuntos e o brao esquerdo do Marapanim, ficando com ele
estabelecidas as seguintes condies:
1.- Mario Cataruzza, sdito italiano, residente nesta capital, obriga-se a fundar nas terras
marginais estrada do Castanhal a Curu, uma colnia na qual localizar duzentas famlias de
lavradores italianos, oriundas do vale do rio Po, isto , das provncias situadas nas regies de
Veneto, Lombardia, Piemonte e Emlia, de acordo com as condies que vo adiante
declaradas.
2.- Para o fim indicado na clusula precedente, o contratante obriga-se:
a) a fazer discriminao dos duzentos lotes destinados localizao das famlias dos imigrantes
, tendo cada um duzentos e cinqenta metros de frente e mil ditos de fundos e sendo as
respectivas frentes ao longo da estrada do Castanhal a Curu, margem direita; ao longo
do brao esquerdo do rio Marapanim, margem direita; ao longo do Igarap Grande as
margens direita e esquerda; ao longo do rio Defuntos , margem direita; ao longo do rio
Marapanim, margem esquerda;
b) a abrir estradas para a passagem de cavalos e carroas nas duas margens do igarap
Grande, na margem direita do brao esquerdo do rio Marapanim e margem esquerda dos
rios Marapanim e Defuntos;
c) a efetuar a derrubada, tombamento, queima e encoivaramento em uma rea de trs mil e
seiscentos metros quadrados em cada lote, e dentro dessa rea fazer o destocamento e
limpeza de outra, destinada a construo de casa, com vinte metros de frente, por trinta de
fundos ou seiscentos metros quadrados.
d) a construir na rea destocada de cada um dos duzentos lotes, uma casa para cada colono e
sua famlia, conforme o tipo adotado nas colnias do estado.;
e) a ir buscar pessoalmente as duzentas famlias de agricultores na Alta Itlia, faz-las
transportar das respectivas residncias ao porto de Gnova, e da ao de Belm em vapores
da LIGURE BRASILIANA e localiz-las em seus lotes na colnia;
f) a construir: 1. Uma casa para a administrao da colnia;2. Uma casa para o almoxarifado,
farmcia e residncia dos respectivos empregados e do mdico; 3. Uma casa para a
residncia do padre; 4. Duas casas para escolas e habitaes dos respectivos
professores;5. Uma capela;
g) a manter desde a chegada das primeiras cinqentas famlias at entrega da colnia ao
Governo do Estado, sua custa, um padre catlico de nacionalidade italiana, filho da Alta
Itlia;
h) a fornecer a alimentao dos empregados, e a pagar-lhes os vencimentos; e finalmente a
fornecer os livros da administrao e contabilidade estabelecidos pela lei;
i) a fornecer aos colonos a alimentao em raes inteiras, durante os primeiros seis meses e
em meias raes nos seis meses seguintes, conforme as tabelas de distribuio atualmente
em vigor;
j) a dirigir os trabalhos das plantaes nas diferentes culturas e a tomar conta da direo moral,
tcnica e administrativa da colnia;
k) a entregar a colnia ao Estado completamente emancipada de ulteriores fornecimentos de
alimentao, no prazo de um ano, a decorrer da data da localizao da ltima das duzentas
famlias.
3.- A superintendncia de todos os trabalhos ser executada pela Diretoria de Obras Pblicas,
Terras e Colonizao.
206
4.- O contratante obriga-se a aceitar em pagamento dos servios indicados nas letras a),b),c),d) e
f), da clusula segunda, os preos das tabelas em vigor atualmente na Repartio de Obras
Pblicas.
5.- Pelo transporte de cada imigrante em vapor da LIGURE ITALIANA, do porto de Gnova ao de
Belm, perceber o contratante, do Tesouro, a importncia de seis libras esterlinas por adulto, trs
ditas por criana de sete a doze anos, uma e meia dita por criana de trs a sete anos. Os
menores de trs anos sero transportados gratuitamente.
6.- As idades dos membros das famlias sero provadas com documentos firmados pelos
sndicos das municipalidades a que eles pertenam.
7. -As despesas feitas com o transporte das famlias, dos lugares em que residirem para o porto
de Gnova, sua alimentao durante essa viagem e a estada nessa cidade at o dia da sada do
vapor, ficam a cargo do Governo do Estado, que as pagar ao contratante, vista de documentos
justificados por este apresentados e ratificados pelo consulado brasileiro em Genova. No caso
porm, de que o Governo queira exonerar o Tesouro dessas despesas, ficaro elas a cargo do
contratante, tendo este de aumentar, nos valores das passagens, uma libra esterlina por adulto e
meia dita por menor de doze anos. Os menores de trs anos no daro direito a indenizao
alguma.
8. A cargo do contratante ficaro as despesas da localizao das duzentas famlias, menos as
da estadia na Hospedaria e de transporte pela estrada de Ferro de Bragana at Castanhal, as
quais sero feitas pelo Estado.
9.- As ferramentas, utenslios e sementes que devem ser dados aos colonos sero fornecidos
pelo Governo do Estado, por intermdio da repartio de Obras Pblicas, Terras e Colonizao,
de acordo com as tabelas e na forma da Lei.
10.- A alimentao para os colonos ser fornecida por meses adiantados pelo Governo e por
intermdio da Repartio de Obras Pblicas, Terras e Colonizao, seja em dinheiro, seja em
gneros, fazendo-se o clculo pelas tabelas de distribuio usadas nas colnias.
11.- As despesas de que trata a clusula quarta, sero pagas ao contratante depois de
aprovados os trabalhos que a elas deu lugar pela Diretoria de Obras Pblicas, Terras e
Colonizao, e de examinadas as mesmas por pessoa designada para isso, pela Diretoria, e as
constantes das clusulas quinta e stima logo depois do recebimento no Outeiro e aceitao pelo
Governo dos imigrantes das famlias chegadas.
12.-O chefe de cada famlia no exceder a idade de cinqenta anos. Podem ser admitidos,
como fazendo parte da mesma famlia, os ascendentes e irmos consaguneos, contanto que
provem sua convivncia com os chefes das mesmas e que tambm sejam agricultores. Estes
requisitos sero provados com certides das autoridades municipais, autenticadas pelo cnsul
brasileiro em Gnova.
13.- O contratante fica tambm obrigado a apresentar documentos que provem o bom estado de
sade, perfeito gozo das faculdades mentais, a vacinao e ausncia de molstias contagiosas
dos imigrantes, bem assim que nunca foram condenados por crimes comuns e tm boa conduta.
14.- O contratante ainda obrigado a localizar as duzentas famlias, dentro de prazo de um ano,
contado da data que for instalada na colnia a primeira turma chegada, e a comear a introduo
por um nmero no inferior ao de cinqenta famlias.
15.- Os imigrantes localizados na colnia fundada pelo contratante tero todas as vantagens e
ficaro sujeitos s mesmas obrigaes dos colonos dos demais ncleos do Estado e constantes
da lei n. 583, de 21 de junho deste ano.
16.- Dentro do prazo de um ano contado da assinatura do contrato, o contratante iniciar a
montagem, no centro da colnia, exclusivamente sua custa, de uma serraria a vapor e um
engenho para a moagem de cana e de milho, devendo t-los a funcionar no mximo, at mais um
ano depois, incorrendo, na falta de compromisso de qualquer destas condies, na multa de
quinhentos mil ris por ms que exceder, e na pena de caducidade no fim de doze meses.
17.-O contratante far respeitar as matas circunvizinhas, podendo os colonos somente lanar
mo de madeiras que obtiverem em consequncia de sucessivas derrubadas nos lotes
respectivos, feitas por causa das plantaes ou por outro motivo de necessidade.
18.- Os trabalhos de engenharia, levantamento de plantas e outros correro por conta do
contratante.
19.- Os lotes sero explorados nica e exclusivamente pelos colonos, em plantaes de cereais e
legumes e produtos puramente comerciais , como: cana de acar, cacau, caf e algodo.
20.- A direo propriamente tcnica da colnia ser confiada a um agrnomo, cuja alimentao e
vencimentos at entrega da colnia, correro por conta do contratante, a cujo cargo ficam
207
Fonte:CRUZ,1955, p.37-40
208
Resumo dos estatutos da Casa da Itlia Par (Brasil) aprovados pela Assemblia
Geral extraordinria dos scios, realizada em 24 de fevereiro de 1938.
DISCRIMINAO Casa da Itlia Par (Sucessora da Sociedade de Assistncia para
Italianos de Belm).
DATA DA FUNDAO: 12 de abril de 1912.
FINS A finalidade de seu programa de ao se resume no seguinte: a) Manter vivo o
sentimento da ptria entre os italianos. Assistir moralmente e materialmente os scios em caso
de doena, acidentes, e as suas as suas famlias no caso de morte; b) Exercer a assistncia,
em casos de especiais necessidades tambm a favor de qualquer compatriota necessitado; c)
Promover as iniciativas que tenham por fim o melhoramento das condies morais e materiais
dos scios.
DURAO Tempo indeterminado
DIRETORIA Mandato de 2 anos.
RESPONSABILIDADES O presidente do conselho de administrao (Cav. Giuseppe de
Tommaso) representante legal da Casa da Itlia, seja perante as autoridades constitudas
ou perante terceiros.
RECEITA A receita social compreende: as cotas sociais e rendas de imveis.
DISSOLUO Em caso de dissoluo da associao, o patrimnio social presente na
ocasio dever ser irrevogavelmente entregue R. Autoridade Consular da Itlia em Belm,
ou quem o represente, para que lhe seja dada a destinao que a mesma autoridade julgar mais
conveniente, sempre porm, em benefcio da coletividade italiana do Par.
1. DIRETORIA:
Presidente do Conselho Administrativo: Cav. Giuseppe de Tommaso.
Secretrio: Libero Iughetti.
Tesoureiro: Arnaldo Macciani.
Conselheiro: Nicola Conte e Verbicaro Gaetano.
Belm, 23 de maro de 1938 G. DE TOMMASO, presidente (reconhecida as assinaturas
pelo tabelio Adelermo Condur.
ANEXO 4 ICONOGRAFIA
Foto 3: Jornal LECO DEL PAR (O Eco do Par), dirigido por Mario Cataruzza. Edio de
19/10/1898, que noticiou a visita de autoridades consulares Hospedaria de Imigrantes
de Outeiro/PA. Fonte: Caccavoni, 1898.
217
Foto 13: Prdio da fbrica de sapatos Boa Fama do lucano Nicola Conte &
Cia, Belm/PA 1939. Fonte: Rodrigues, 1939.
Foto 15: Estabelecimento comercial do lucano Jos Faraco & Cia. Maus/AM,
1922. Fonte: Arquivo do Sr.Raphael Faraco. Manaus/AM, 2007.
F
oto 16: Estabelecimento comercial Casa Confiana de Braz Mileo & Cia.
Oriximin/PA, 1931. Fonte: Aliprandi e Martini, 1932.
Foto 19: Fidelis Pollaro e famlia. Faro, 1940. Fonte: Arquivo da famlia
Paulain Ferreira, Belm/PA 2006.
225
Foto 21: Braz Mileo e esposa Rosa Calderaro Mileo. Belm/PA, 1940.
Fonte: Arquivo do Sr.Francisco Mileo, Belm/PA 2007.
226
Foto 22: Biaggio Mileo e Giuseppe Mileo, no ano da emigrao para o Brasil.
Sapri Itlia, 1919. Fonte Arquivo do Sr. Francisco Mileo Belm/PA, 2007.