EEL7071 Notas de Aula PDF
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Curso de Graduacao em
Engenharia Eletrica
Prof. R. S. Salgado
Florianopolis - SC
2014.
Sumario
3 Fluxo de Potencia 89
3.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.2 Conceitos Basicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.3 Equacoes Estaticas da Rede Eletrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
3.4 Formulacao do Problema de Fluxo de Potencia . . . . . . . . . . . . . . . . 97
3.5 Metodos de Solucao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
3.6 Ajustes e Controles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
3.7 Exerccios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118
1.1 Introducao
Em estudos de redes eletricas em regime permanente, os sistemas trifasicos equilibrados
sao modelados analiticamente pelo diagrama de impedancias de uma fase do circuito Y
equivalente. Cada elemento constituinte do diagrama unilar e representado por um cir-
cuito monofasico de sequencia positiva, com os parametros e variaveis da rede eletrica
expressos no sistema por unidade. Este captulo mostra como este circuito e determi-
nado. Para esta nalidade, tres aspectos fundamentais sao apresentados. O primeiro e o
diagrama unilar, que fornece uma ideia sobre a estrutura e a conexao dos componentes
do sistema, e a partir do qual e possvel determinar o diagrama de impedancias. O se-
gundo e a representacao do diagrama de impedancias no sistema por unidade, o qual tem
por objetivo facilitar os calculos de correntes e tensoes no circuito eletrico. O terceiro
e a modelagem analtica dos componentes da rede eletrica em termos de elementos de
circuitos. Isto permite obter um modelo do sistema de potencia em termos de equacoes
obtidas aplicando-se as leis de circuitos eletricos, cuja solucao fornece os subsdios para a
analise da rede eletrica.
Transformador de Disjuntor a ar
dois enrolamentos
Transformador de Conexao Delta
tres enrolamentos
Disjuntor Conexao Y
sem aterramento
Transformador de
corrente Conexao Y
Zn aterrado com Zn
ou Transformador de
potencial
A Ampermetro Conexao Y
solidamente aterrado
Voltmetro
V
1 2
Zng1 Zng3
G1 T1 T2 G3
Zng2 G2 LT
Carga 1 Carga 2
G3 impoe a tensao na barra 2, a qual esta conectada a carga 2. Supondo que a linha
de transmissao que conecta os transformadores T1 e T2 e de comprimento medio, o
circuito monofasico equivalente ao diagrama unilar mostrado na gura 1.2 e determinado
lembrando que a magnitude da corrente de magnetizacao dos transformadores de grande
porte e insignicante em relacao a magnitude da corrente nominal (em geral menor do
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 3
2. os outros dois valores base sao calculados utilizando-se as relacoes entre tensao,
corrente, impedancia e potencia num circuito monofasico. Por exemplo, se a tensao
e a potencia sao escolhidas como grandezas base (Vb e Sb ), entao os valores de
corrente base e impedancia base sao calculados por
Sb Vb Vb2
Ib = Zb = ou Zb =
Vb Ib Sb
De maneira analoga, a quantidade adotada como base para o calculo de ambas, re-
sistencia e reatancia, no sistema por unidade e a impedancia base, isto e,
R b = Xb = Z b
1
Yb =
Zb
Sb1 Sb3 /3 S
Ib = = = b3
Vbf VbL / 3 3VbL
Vbf VbL / 3 V2
Zb = = = bL
Ib Sb3 / 3VbL Sb3
Num sistema de potencia trifasico, as seguintes regras sao adotadas para a especicacao
das quantidades base:
1. o valor de potencia aparente trifasica base Sb3 e o mesmo ao longo de todo o sistema;
2. a relacao entre as tensoes de linha base nos lados do transformador e igual aquela
entre os valores nominais da tensao do transformador, ou seja, a tensao de linha base
passa atraves do transformador trifasico segundo a sua relacao nominal de tensoes
de linha.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 5
Ex. 1.1 Considere o sistema trifasico representado no diagrama unilar da gura 1.3.
Os valores das cargas conectadas as barras 2 e 3 sao mostrados na tabela 1.1. A impedancia
da linha de transmissao entre o gerador 1 e a carga e 1,4 +j1,6 /fase, e da linha de
transmissao entre o gerador 2 e a carga e 0,8 +j1,0 /fase. O gerador 1 supre 20 kW a um
fator de potencia 0,8 atrasado, numa tensao terminal de 460 V. Suponha que a potencia
das tres cargas seja independente da tensao de alimentacao. Empregando o sistema por
unidade e tomando como valores base 25 kVA e 460 V no gerador 1, determinar:
1. o diagrama de impedancias no sistema por unidade na base mencionada;
2. a corrente da carga 1, em pu e em amperes;
3. a tensao nos terminais do gerador 2, em pu e em volts;
4. a potencia aparente suprida pelo gerador 2, em pu e em kVA;
5. o valor da reatancia em pu e em /fase de uma carga de compensacao reativa
necessaria para tornar unitario o fator de potencia do equivalente das cargas 1 e 2.
e que e necessario referir este valor a uma nova base, tal que
Sb nova
Zbpunova = Z real
Vb2 nova
Zs = jXs
I
+ +
E G V
- -
V
Qg = (E cos V )
Xs
onde e denominado angulo de carga da maquina sncrona.
E
IjXd
E
I IjXd
V
Motor Sncrono
O circuito equivalente do motor sncrono e mostrado na gura 1.7, e os correspondentes
diagramas fasoriais para os casos de sub-excitacao e sobre-excitacao sao representados nas
guras 1.8 e 1.9.
8 Captulo 1: Representacao dos Sistemas de Potencia
Zs = jXs
I
+
+
E G V
-
-
V
IjXd
V
I IjXd
E
Compensadores Sncronos
Quando a maquina sncrona opera como um Compensador Sncrono, a potencia ativa
suprida e aproximadamente zero (em razao das perdas internas), sendo fornecida apenas
potencia reativa (capacitiva ou indutiva). Este modo de funcionamento e o mesmo de
um motor sncrono operando sem carga mecanica. Dependendo da corrente de excitacao,
o dispositivo pode gerar ou absorver potencia reativa. Desde que as perdas neste tipo
de dispositivo sao consideraveis, se comparadas as dos Capacitores Estaticos, o fator de
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 9
potencia com que operam os compensadores sncronos nao e exatamente igual a zero. No
caso da operacao em conjunto com os reguladores de tensao, os compensadores sncronos
podem automaticamente funcionar superexcitados (sob condicao de carga pesada) ou
subexcitados (sob condicoes de carga leve).
I
E V
jXd I
V E
jXd I
Valvula de vapor
Pref
Para o
condensador Regula-
dor de Reticador
tensao Filtro
Transformador
de potencial
S = P + jQ
= VIa
= V Ia (cos + j sin )
tal que
P = V Ia cos
(1.1)
Q = V Ia sin
Note que, desde que o angulo e numericamente positivo, a potencia reativa liberada
pela maquina e positiva para cargas com fator de potencia atrasado. Se a potencia ativa
de sada (P ) e mantida constante a uma tensao terminal (V ) constante, a analise da Eq.
(1.1) mostra que a quantidade Ia cos tambem permanece constante. Nessas condicoes, a
magnitude da forca eletromotriz interna (Ef ) varia proporcionalmente conforme a corrente
contnua de excitacao do campo (If ) se modica, de forma a manter a quantidade Ia cos
constante.
A condicao de excitacao normal da maquina e denida como aquela na qual
Ef cos = V
LG de Ef constante
LG de Ia cte Ef
Ia Xd cos
jIa Xd
Vt Ia Xd sin
Ia
Ia cos
Ia Xd sin
Ef
jIa Xd
Ia Xd cos
Ia
o Vt
Ex. 1.3 Considere um gerador sncrono com valores nominais 635 MVA, fator de potencia
0,90 atrasado, 3600 rpm, 24 kV e reatancia sncrona 1,7241 pu conectado a uma barra
innita. Se esta maquina esta suprindo uma corrente de 0,8 pu com fator de potencia 0,9
atrasado a uma tensao terminal de 1,0 pu, determine a magnitude e o angulo da tensao
interna do gerador e as potencias ativa e reativa supridas a barra innita. Se a potencia
ativa de sada do gerador permanece constante, porem a sua excitacao e (a) reduzida em
20 % e (b)aumentada em 20 %, determine o angulo de carga e a potencia reativa suprida
pelo gerador.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 13
(a) P = cte
(c) Ef = cte
Ia Xd sin jIa Xd
cos atrasado
(d) Ia = cte
o Ef
p
Vt
P
cos adiantado
Ia
Figura 1.14: Diagrama fasorial obtido pela rotacao do diagrama da gura 1.13
Mf If
Ef =
2
O diagrama da gura 1.14 se torna mais util quando os eixos sao escalonados para
indicar as potencias ativa e reativa de sada do gerador. O re-arranjo das equacoes
V Ef
Pg = sin
Xd
V
Qg = (Ef cos V )
Xd
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 15
fornece
V Ef
Pg = sin
Xd
( )
V2 Ef V
Qg + = cos
Xd Xd
A soma dos quadrados das duas ultimas equacoes resulta na expressao
( )2 ( )2 ( )2
2 V2 V Ef Ef V
Pg + Qg + = sin + cos
Xd Xd Xd
( )2
Ef V ( )
= sin2 + cos2
Xd
( )2
Ef V
=
Xd
( ) ( )
Ef V V2
a qual representa geometricamente um crculo de raio centrado no ponto 0; .
Xd ( ) X d
V
Este crculo pode ser obtido multiplicando-se cada fasor da gura 1.14 pela razao ,
Xd
o que signica o escalonamento dos eixos mostrado na gura 1.15.
O diagrama de carregamento da maquina sncrona mostrado na gura 1.15 torna-
se mais pratico quando se considera a corrente maxima (perdas I 2 R) que pode circular
nas bobinas da armadura e do campo e tambem os limites da maquina primaria e o
aquecimento do nucleo da armadura. A gura 1.16 mostra a curva de capabilidade de um
gerador sncrono com valores nominais 635 MVA, 24 kV, fator de potencia 0,9 e reatancia
sncrona 172,41 %.
Na gura 1.16, o ponto m corresponde ao valor nominal de potencia aparente do
gerador com fator de potencia nominal atrasado (635 MVA com cos = 0, 9 atrasado).
O projeto da maquina deve prever um valor de corrente de campo suciente para que a
maquina sncrona possa operar superexcitada no ponto m. O limite da corrente de campo
e determinado segundo o arco mr. A capacidade do gerador para liberar potencia reativa
ao sistema e portanto reduzida. Na verdade, a saturacao da maquina faz decrescer o valor
da reatancia sncrona e por esta razao os fabricantes fornecem curvas que se iniciam nos
limites de aquecimento do campo teoricos descritos anteriormente.
A imagem do ponto m e o ponto m , de operacao na regiao de sub-excitacao. Os ope-
radores do sistema de potencia evitam operar a maquina sncrona na regiao subexcitada
da curva de capabilidade por razoes de estabilidade do sistema em regime permanente e
de sobre-aquecimento da maquina.
Quando a maquina opera na regiao de sub-excitacao, as correntes parasitas induzidas
pelo sistema no ferro da armadura e o aquecimento por efeito Joule aumentam. Para
limitar este aquecimento os fabricantes fornecem curvas especcas de capabilidade e re-
comendam os limites dentro dos quais se pode operar a maquina.
16 Captulo 1: Representacao dos Sistemas de Potencia
(a) P = cte
Figura 1.15: Diagrama fasorial obtido pelo escalonamento do diagrama da gura 1.14
Para se obter os valores de potencia ativa e potencia reativa supridas pelo gerador num
ponto de operacao atraves do uso da gura 1.16, os valores por unidade dessas grandezas
obtidos no diagrama devem ser multiplicados pelo valor base de potencia aparente da
maquina, o qual no caso e o valor nominal de 635 MVA.
A distancia n m representa o valor por unidade da potencia aparente expressa pela
Ef V
quantidade no ponto de operacao m. Isto permite calcular o valor por unidade da
Xd
tensao interna da maquina na base da sua tensao nominal (no caso 24 kV) multiplicando
Xd
o comprimento n m pela razao expressa em pu. Note que a curva de capabilidade
V
e determinada segundo a condicao de operacao com a tensao terminal mantida constante
no seu valor nominal; isto e, V = 1, 0 pu e portanto o produto envolve apena a reatancia
sncrona da maquina Xd .
1
Se a tensao terminal da maquina nao e 1,0 pu, entao o valor , atribudo a distancia
Xd
V2
0, 0 n na gura 1.16, deve ser corrigido para expresso no sistema por unidade. Esta
Xd
mudanca altera o escalonamento da gura 1.16 pelo fator V 2 , de tal forma que as potencias
ativa e reativa obtidas atraves do diagrama devem ser primeiro multiplicadas pelo fator V 2
e posteriormente pela potencia aparente base para fornecer os valores efetivos de potencia
ativa e reativa da operacao.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 17
Potencia reativa
0,8 limite de aquecimento do campo
r
cos = 0, 80
0,6
cos = 0, 90
0,4 m
cos = 0, 95
limite de
0,2 aquecimento MS superexcitada
da armadura
0,0 cos = 1, 0
Potencia ativa
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
-0,2 MS subexcitada
cos = 0, 95
-0,4 m
n cos = 0, 90
-0,6
limite de
circulo de 100 %
subexcitacao
de excitacao
Ex. 1.4 Considere que o diagrama de capabilidade de um gerador sncrono trifasico com
valores nominais 635 MVA, 24 kV, fator de potencia 0,9 e reatancia sncrona 172,41 %,
3600 rpm e aquele mostrado na gura 1.16. Se o gerador esta fornecendo 458,47 MW e
114,62 Mvar numa tensao de 22,8 kV a uma barra innita,
1.5 Transformadores
As principais caractersticas do transformador sao:
1. os enrolamentos possuem resistencia, as quais estao associadas perdas de potencia
ativa;
2. a permeabilidade do nucleo e nita e portanto uma corrente de magnetizacao e
necessaria para manter o uxo magnetico no nucleo;
3. o uxo magnetico nao esta inteiramente connado ao nucleo;
4. existem perdas de potencia ativa e de potencia reativa no nucleo.
permeabilidade c
secao transversal Ac
c
I2
I1
Bobina 1 Bobina 2 +
+
N1 N2 V2
V1
comprimento medio lc
Na gura 1.18, a forca magnetomotriz que produz o uxo magnetico no nucleo e dada
por
N1 I1 N2 I2 = c c
20 Captulo 1: Representacao dos Sistemas de Potencia
E1 = N1 (j)c (1.3)
N1 c = Lm Im
A ultima equacao pode tambem ser obtida combinando as equacoes (1.2) e (1.3). Isto
fornece
( )
c jE1 N2
I1 = + I2
N1 N1 N1
jc E1 N2
= + I2
N12 N1
= Im + I2
onde Im e I2 representam respectivamente as correntes de excitacao e de carga, esta ultima
referida ao primerio.
A analise da equacao
c
Im = j 2 E1
N1
revela que Im esta atrasada de 900 em relacao a E1 , sendo portanto a quantidade Bm =
c
interpretada como uma susceptancia que representa o efeito indutivo no nucleo.
N12
As perdas por histerese e correntes parasitas sao representadas por um ramo shunt
1
adicional contendo uma resistencia (ou condutancia) Rc = , atraves da qual circula
Gc
uma corrente de perda Ic .
Essas consideracoes conduzem ao circuito equivalente mostrado na gura 1.19, o qual
inclui as correntes de magnetizacao e de perdas no nucleo. Nesta gura, I1 e a componente
da carga na corrente fornecida ao primario do transformador e Rc e a resistencia shunt que
representa as perdas por histerese e correntes parasitas. Os parametros R1 , X1 , R2 e X2
sao denominados parametros longitudinais enquanto Rc e Xm sao chamados parametros
transversais.
R1 jX1 I1 jX2 R2
I1 I2
I + +
+ +
Ic Im
V1 Rc jXm E1 E2 V2
a:1
Transformador
ideal
+ +
Rc
V1 jXm V2
transformadores de grande porte, com potencia aparente nominal maior do que 500
kVA, possuem enrolamentos com as resistencias desprezveis quando comparadas
com as reatancias de dispersao, e portanto essas resistencias podem ser desprezadas.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 23
Isto possibilita utilizar os circuitos equivalentes mostrados nas guras 1.21 e 1.22.
Nesses circuitos, os parametros do transformador referidos ao lado 1 sao dados por
( )2
N1
Req = R1 + R2
N2
( )2
N1
Xeq = X1 + X2
N2
sem a inclusao do ramo de magnetizacao.
I1 I2
Req Xeq
+ +
V1 V2
Req = R1 + R2
Xeq = X1 + X2
+ +
V1 V2
Xeq = X1 + X2
Ex. 1.6 Uma carga de 15 kW com fator de potencia 0,8 atrasado, e suprida na tensao
de 110 V por um transformador monofasico de dois enrolamentos com valores nominais
20 kVA, 480/120 V, 60 Hz e impedancia equivalente referida ao lado de baixa tensao de
0,0525 78, 130 . Determine:
a tensao, a corrente, a potencia aparente e o fator de potencia na entrada no trans-
formador;
24 Captulo 1: Representacao dos Sistemas de Potencia
1.5.2 Autotransformadores
Conforme vericado previamente, num transformador convencional como aquele repre-
sentado na gura 1.23 as bobinas sao acopladas apenas magneticamente, via uxo mutuo
no nucleo.
I1 I2
+ +
V1 V2
a:1
I1
+ +
V1
I1 + I2
V1 + V2
I2 V2
V1
I1 I2
+ V1 + V2
I2 V2
Uma desvantagem dos autotransformadores e que, devido a conexao eletrica dos en-
rolamentos, as sobretensoes transitorias passam mais facilmente atraves do autotransfor-
mador.
A selecao das quantidades base no autotransformador e feita da mesma forma que no
transformador convencional. A potencia aparente base e a mesma em ambos os lados
do autotransformador e a relacao entre as tensoes base e igual aquela entre as tensoes
nominais.
O valor da impedancia de um transformador convencional em unidades reais conectado
como autotransformador nao se modica por efeito desta conexao. Porem, desde que os
valores nominais do autotransformador e do transformador convencional sao distintos,
as impedancias destes equipamentos expressas em pu tambem serao diferentes. O valor
26 Captulo 1: Representacao dos Sistemas de Potencia
da impedancia de dispersao (em unidades reais) a ser dividido pelo valor base deve ser
o mesmo em ambos os casos, ou seja, aquele que seria determinado no ensaio de curto
circuito em ambos os transformadores. Note que no caso do autotransformador, este
ensaio pode ser feito apenas atraves de um lado do equipamento, aquele que fornece o
mesmo valor de impedancia que o ensaio do transformador convencional.
Ex. 1.7 No ensaio de curto circuito para um transformador monofasico de dois enrola-
mentos, com valores de placa 10 kVA, 2500/115 V, 60 Hz, foram medidas as seguintes
grandezas: 93 watts, 162 V e 4 A. Determine:
pela conexao adequada de um mnimo de seis bobinas iguais dispostas num mesmo
nucleo.
1. Nas conexoes e Y Y, as bobinas sao rotuladas de tal maneira que nao ha de-
fasagem angular entre as grandezas dos lados de AT e BT . O circuito equivalente
e portanto semelhante ao do transformador monofasico convencional.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 27
a A
a A
b B
n N
B
b
c C
C
c
Y Y
a A
a A
b B
n
B
b
c C
C
c
AT BT
I1 j300
I2
Req Xeq e : 1, 0
+ +
V1 V2
Req = R1 + R2 Transformador
Defasador
Xeq = X1 + X2
I2
I1
+
N2 V2
+
N1 I3
V1
+
N3
V3
gura 1.29. Supondo ideal este transformador, as seguintes relacoes sao estabelecidas:
N1 I1 = N2 I2 + N3 I3
V1 V2 V3
= =
N1 N2 N3
A gura 1.30 mostra o circuito monofasico equivalente do transformador de tres en-
rolamentos. Desde que as bobinas estao dispostas sobre um mesmo nucleo, apenas um
ramo de magnetizacao e includo na representacao do circuito monofasico. Os parametros
deste ramo sao determinados via ensaio de circuito aberto.
O circuito equivalente de um transformador de tres enrolamentos utilizado em estudos
de sistemas de potencia e mostrado na gura 1.31. Neste circuito, sao includos apenas os
ramos correspondentes as impedancias dos enrolamentos. Os parametros correspondentes
sao calculados atraves do ensaio de curto-circuito, efetuando-se as seguintes medidas:
30 Captulo 1: Representacao dos Sistemas de Potencia
R2 jX2
R1 jX1 +
R3 jX3
+
+ V2
V1 Rc jXm
V3
Z2
Z1
+
Z3
+
+ V2
V1
V3
as tensoes VbAT , VbM T e VbBT sao selecionadas de acordo com as relacoes nominais
de tensao do transformador.
3. Com relacao ao item anterior, determine a tensao nos terminais do enrolamento se-
cundario e as correntes de linha nos terminais dos enrolamentos primario e terciario
em unidades reais.
Os Transformadores com Comutacao sob Carga (Load Tap Changing (LTC) ou Tap
Changing Under Load (TCUL)) permitem o ajuste do tap enquanto o transformador
esta energizado. A variacao do tap e operada por servo-motores comandados por reles
ajustados de forma a manter a tensao num determinado nvel. Circuitos eletronicos
especiais permitem esta mudanca sem interrupcao de corrente.
A representacao de um transformador monofasico com tap variavel e mostrada na
gura 1.33. O transformador com relacao de transformacao a : 1 e ideal, tendo como
2
O texto a seguir e baseado nas referencias [4, 5].
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 33
nalidade reetir a relacao variavel entre os fasores tensao. O parametro a pode ser um
numero real ou complexo. Se apenas a magnitude da tensao e ajustada o parametro a
e um numero real. Se o equipamento opera com valores nominais de tensao, a = 1 e o
circuito mostrado na gura 1.33 se reduz ao circuito monofasico equivalente convencional.
Ii Yeq 1:a Ij
+ + +
Vj
Vi Vj
a
- - -
Transformador
ideal
Sj = Vj Ij
Ii = a Ij
onde a e um numero complexo.
A combinacao dessas equacoes fornece
( )
Vj
Ii = Vi Yeq
a
Yeq
= Vi Yeq Vj
a
Yeq Yeq
Ij = Vi + Vj
a aa
Yeq Yeq
= Vi + Vj 2
a |a|
34 Captulo 1: Representacao dos Sistemas de Potencia
Yii = Yeq
Yeq
Yjj =
a2
Yeq
Yij = Yji =
a
Yeq
A=
Ii a Ij
-
+ +
( ) ( )
a1 1a
Vi B= Yeq C = Yeq Vj
a a2
Yeq
A=
a
( )
a1
B= Yeq
a
( )
1a
C= Yeq
a2
Ex. 1.10 Um transformador trifasico possui os seguintes dados de placa: 1000 MVA,
13,8kV()/345kV(Y), reatancia de dispersao igual a 11,9025 referida ao lado de alta
tensao. As bobinas de baixa tensao do transformador possuem taps com variacao 10 %.
Resistencia serie: que representa as perdas por efeito Joule, causadas pela corrente
que ui atraves do condutor;
Indutancia serie: que representa o campo magnetico criado pela corrente que per-
corre o condutor;
Condutancia shunt: que representa as perdas por efeito Joule, causadas pela diferenca
de potencial no meio que circunda os condutores;
Linhas curtas: apenas os parametros serie da linha sao levados em conta, com a
impedancia serie da linha de transmissao sendo expressa por Zser = Rser + jXser .
Os parametros shunt da linha sao desprezados.
Ysh = jBsh S
36 Captulo 1: Representacao dos Sistemas de Potencia
Zser
Ysh Ysh
2 2
1.7 Cargas
Em estudos de sistemas de potencia em regime permanente, e necessario modelar ade-
quadamente a carga, tanto em termos quantitativos como em termos qualitativos. Numa
barra tpica, a demanda consiste em geral de:
motores de inducao;
aquecimento e iluminacao;
motores sncronos.
S = P + Q
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 37
onde Kp e Kq sao constantes que dependem do valor nominal das demandas de potencia
ativa e reativa.
As cargas estaticas sao relativamente independentes das variacoes de frequencia e
portanto os expoentes e sao considerados nulos. As guras 1.36 e 1.37 mostram
respectivamente as caractersticas de potencia e corrente para a representacao da demanda
em termos de potencia constante, corrente constante e impedancia constante.
Impedancia constante
P(Q)
Corrente constante
() = 0,0
Potencia constante
() = 1,0
() = 2,0
Tensao V
nominal
O texto que segue apresenta os dois modelos de carga variante com a tensao mais
frequentemente utilizados nos estudos de uxo de potencia.
I Potencia constante
() = 0,0 Impedancia constante
() = 2,0
Corrente constante
() = 1,0
Vnom V
se a carga for representada como injecao de corrente constante (I), o valor dos
coecientes e e unitario ( = = 1, 0);
se a carga for representada como impedancia constante (Z), o valor dos coecientes
e e especicado como = = 2, 0;
A tabela 1.4 apresenta valores tpicos dos expoentes e de algumas cargas carac-
tersticas. No caso de cargas compostas, a especicacao do expoente e geralmente feita
na faixa entre 0,5 e 1,8 enquanto que o valor de assume valores na faixa entre 1,5 e 6,0.
Devido a saturacao magnetica dos transformadores de distribuicao e a carga composta de
motores, o expoente varia como funcao nao linear da tensao.
Componentes da carga
Lampadas incandecentes 1,54 -
Condicionadores de ar 0,50 2,50
Ventiladores de forno 0,08 1,60
Carregadores de bateria 2,59 4,06
Fluorescentes compactas eletronicas 0,95 - 1,03 0,31 - 0,46
Fluorescentes convencionais 2,07 3,21
ap + bp + cp = 1, 0
aq + bq + cq = 1, 0
Ex. 1.11 Analise a representacao de uma carga constituda por um chuveiro eletrico,
cujos valores nominais sao 2400 W, 220 V, submetido a uma tensao de 240 V atraves de
um condutor com reatancia indutiva igual a 1 .
1.8 Exerccios
1.1 Uma fonte trifasica operando na tensao de 380 V supre duas cargas trifasicas bal-
anceadas cujas caractersticas sao:
1.3 Qual a tensao que deve ser aplicada nos terminais do primario de um transformador
de 50 kVA, 200/1000 V, 60 Hz, impedancia de dispersao de 3+j5 % , para que ele supra
uma carga nominal, na tensao nominal, com fator de potencia 0,8 indutivo?
1.8 Um transformador trifasico de tres enrolamentos 132 kV/33 kV/6,6 kV, 50 Hz, 30
MVA possui os seguintes valores de impedancia medidos num ensaio de curto-circuito:
Z12 = j0, 15pu, Z13 = j0, 09 pu, Z23 = j0, 08pu. A bobina de 6,6 kV supre uma carga
trifasica balanceada, com uma corrente de 2000 A a um fator de potencia 0,8 atrasado. A
bobina de 33 kV alimenta uma carga trifasica balanceada, conectada em Y de j50 /fase.
Determine a tensao da fonte nos terminais de 132kV , para manter 6, 6kV nos terminais
do terciario. Calcule a potencia ativa fornecida pela fonte.
1.9 Dois transformadores trifasicos com valores de placa 20 MVA, 115 kV(Y)/13,2
kV(), 9% e 15 MVA, 115 kV(Y)/13,2 kV(), 7 %, operam em paralelo para suprir
uma carga de 35 MVA, com fator de potencia 0,8 atrasado, a uma tensao de 13,2 kV.
Determine a magnitude da a tensao na entrada dos transformadores e a potencia aparente
fornecida ao conjunto transformadores-carga em pu e em unidades reais. Calcule a cor-
rente fornecida por cada transformador a carga. Verique como o balanco de potencia e
satisfeito nessa condicao.
1.11 Considere o diagrama do sistema trifasico da gura 1.38, para o qual sao fornecidos
os seguintes dados:
YY Y
Ha Hb Hc
220 V
Xa Xb Xc
110 V
Atraves deste transformador, uma fonte de tensao constante supre uma carga de fator
de potencia unitario, de 5 MW, 2,3 kV nominais e um motor sncrono de 7,5 MVA, 13,2
kV, com reatancia sncrona de 20%. Tomando a base trifasica de 66 kV, 15 MVA no
primario do transformador, a) determinar o circuito equivalente no sistema por unidade
e b) o valor da resistencia da carga em pu.
1. indutiva pura;
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 45
Y Y
LT14 Transformador 2 Carga L5
Gerador 2
Y
Carga L1
2. capacitiva pura.
1.17 Considere o sistema cujo diagrama unilar e mostrado na gura 1.41. Os valores
nominais dos equipamentos sao:
Linha de transmissao: 80 ;
1 2 3 4 M1
G
Zn
T1 LT T2 M2
1.18 Um transformador trifasico com valores de placa 200 MVA, 345()/34,5(Y ) kV,
8 %, opera como um elo, conectando um sistema de transmissao de 345 kV e um sistema
de distribuicao de 34,5 kV.
1. Determine os valores de placa e o circuito equivalente dos tres transformadores
monofasicos, que conectados adequadamente seriam equivalente ao transformador
trifasico em questao.
2. Supondo que uma carga uma carga trifasica de valor 180 MVA, na tensao 33 kV e
fator de potencia 0,8 atrasado, e suprida por este transformador. Calcule os valores
de tensao corrente, potencia aparente e fator de potencia nos terminais de entrada
do transformador em pu e em unidades reais.
1.19 Um gerador trifasico (35 kVA, 380 V, X=10%) operando na tensao nominal, supre,
atraves de uma linha de transmissao com impedancia 0,1 + j1,0 /fase, uma carga
trifasica que absorve uma corrente de 50 Amperes com fator de potencia 0,8 em atraso.
Supondo sequencia de fases positiva, tomando o fasor tensao Vab na carga como referencia
e adotando os valores nominais do gerador como base, determinar (em pu e em unidades
reais):
1. os fasores tensao de fase e de linha na carga e no gerador;
1.20 No sistema trifasico da gura abaixo, os parametros das duas linhas de transmissao
sao 0,163 (LT1 ) e 0,327 (LT2 ) /km por fase, com respectivos comprimentos de 220 km
(LT1 ) e 150 km (LT2 ).
3 Trafo 2 4 MS
2
1 2
M S1 Trafo 1 LT1
5 Trafo 3 6
LT2
Adotando como valores base a tensao 13,2 kV e a potencia de 2000 MVA na barra 1,
determinar:
1. o circuito equivalente na representacao por fase, no sistema por unidade;
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 47
2.1 Introducao
Este captulo apresenta a modelagem analtica das linhas de transmissao para o estudo
da operacao em regime permanente. Primeiramente, representa-se a linha de transmissao
por um quadripolo, denido por quatro constantes calculadas com base nos parametros da
linha. A seguir, estuda-se o problema do maximo carregamento que a linha pode suprir,
com enfase na construcao e na analise das curvas PV e QV. Posteriormente, mostra-
se como os parametros da linha podem ser utilizados em calculos rapidos, com nvel
de precisao satisfatorio apesar das aproximacoes adotadas em alguns casos. O captulo e
nalizado enfocando aspectos relacionados aos uxos de potencia e a compensacao reativa
das linhas de transmissao.
Indutancia serie: que representa o campo magnetico criado pela corrente que per-
corre o condutor;
Condutancia shunt: que representa as perdas por efeito Joule, causadas pela diferenca
de potencial no meio que circunda os condutores;
Zser
Ysh Ysh
2 2
Ve = AVr + BIr
(2.1)
Ie = CVr + DIr
Ie Ir
+ +
Ve Quadripolo Vr
- -
onde, A, B, C e D sao parametros que dependem das constantes das linhas de trans-
missao. No caso de circuitos lineares passivos e bilaterais, como o da linha de transmissao,
a relacao
AD BC = 1
e satisfeita. Esses parametros sao numeros complexos, com A e D adimensionais, B
expresso em ohms () e C expresso em siemens (S).
I(x + x) zx I(x)
+ +
V(x + x) yx V(x)
- -
x + x x
Tensao e corrente Tensao e corrente
na posicao x + x na posicao x
(terminal emissor) (terminal receptor)
Figura 2.3: Modelo incremental da linha de transmissao
z = r + jx (/m)
y = = g + jb (S/m)
52 Captulo 2: Operacao das Linhas de Transmissao
Vr = V(0) Ir = I(0)
tal que
Vr = A1 + A2
A1 A2
Ir =
Zc
o que fornece
Vr + Zc Ir
A1 =
2 (2.5)
Vr Zc Ir
A2 =
2
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 53
onde
expx + expx
cosh(x) =
2
expx expx
sinh(x) =
2
A forma matricial das equacoes do quadripolo que representa uma linha de trans-
missao de comprimento l, com parametros serie e shunt distribudos z(/m) e y(S/m) e
parametros concentrados Z = zl = R + jX () e Y = yl = G + jB (S) e
[ ] [ ][ ]
Ve (x) A(x) B(x) Vr (x)
= (2.7)
Ie (x) C(x) D(x) Ir (x)
onde, Ve (x) e Ie (x) sao a tensao e a corrente no terminal emissor (de entrada) e Vr (x)
e Ir (x) sao a tensao e a corrente no terminal receptor (de sada), expressos em funcao
da distancia x, medida de um ponto qualquer da linha de transmissao ate o terminal
receptor. Da comparacao das Eqs. (2.6) e (2.7), obtem-se
Os parametros A(x), B(x), C(x) e D(x) sao exatos e representam uma linha de
transmissao de qualquer comprimento. Entretanto, devido as suas caractersticas, linhas
de comprimento medio e curto permitem que expressoes mais simples sejam utilizadas.
Ie Ir
Z
+ +
Y Y
Ve Vr
2 2
- -
e portanto
sinh(l)
Z =Z
l
De forma semelhante, a primeira das Eqs. (2.9) fornece
Y cosh(x) 1
=
2 Z
tal que,
Y Y tanh(l/2)
=
2 2 (l/2)
sinh(l) tanh(l/2)
Os termos e , denominados fatores de correcao, sao utilizados para
l (l/2)
converter a impedancia serie e a admitancia shunt do circuito -nominal nos parametros
Z e Y do circuito -equivalente.
Linhas de transmissao medias, com comprimento 80km < l 240km, sao represen-
tadas pelo circuito -nominal mostrado na gura 2.5.
Ie Z = zl = (R + jL)l Ir
+ +
Y (G + jC)l Y
Ve = Vr
2 2 2
- -
onde Z = zl = R + jX () e Y = yl = G + jB (S).
A representacao da linha de transmissao curta (l 80km) considera apenas os
parametros serie, conforme ilustrado na gura 2.6. tal que as equacoes de quadripolo
que representam analiticamente este tipo de linha de transmissao sao
Ve = Vr + ZIr
Ie = Ir
56 Captulo 2: Operacao das Linhas de Transmissao
Ie Z = zl = (r + jL)l Ir
+ +
Ve Vr
- -
ou na forma matricial, [ ] [ ][ ]
Ve 1 Z Vr
=
Ie 0 1 Ir
e portanto
A = D = 1 pu
B= Z
C= 0 S
Para linhas medias e curtas, a relacao AD BC = 1 e valida. Desde que a linha
de transmissao possui a mesma conguracao quando vista de qualquer um dos extremos,
entao A = D. A linha de transmissao curta e um caso particular da linha de transmissao
media, onde os parametros shunt sao desprezados, o que resulta em Y = 0 e A = D = 1
e B = Z.
Ex. 2.1 Para exemplicar o uso dos modelos de linha denidos com base no comprimento
da mesma, seja uma linha de transmissao trifasica, composta de condutores ACSR 127000
CMil 54/3, com espacamento assimetrico, transposta, com impedancia serie e admitancia
shunt respectivamente iguais a 0, 0165 + j0, 3306 /km e j4, 674 106 S/km. A tabela
2.1 mostra os parametros que representam linhas de transmissao com estas caractersticas
e com comprimentos iguais a 300 km, 160 km e 50 km.
Observa-se nesta tabela, que o efeito dos fatores de correcao sobre determinados para-
metros e reduzido a medida que o comprimento da linha diminui. Por exemplo, a diferenca
entre os valores nominais e equivalente da reatancia indutiva da linha de 300 km (99,18
e 96,9 ) e de 2,28 (2,30%). Consequentemente, se os parametros serie desta linha de
transmissao longa nao fossem corrigido, o calculo da queda de tensao ao longo da linha
apresentaria um erro de aproximadamente 2%. No caso das linhas de 160 e 50 km, a
diferenca entre os valores nominais e corrigidos e insignicante, indicando que nao ha
necessidade de se utilizar o circuito -equivalente da linha. Com relacao a admitancia
shunt, no caso especco desta linha o fator de correcao nao tem efeito consideravel, tal que
os valores nominais e corrigidos sao iguais, independentemente do comprimento da linha.
Nota-se ainda, que tanto a impedancia caracterstica como a constante de propagacao nao
variam com o comprimento da linha de transmissao, pois estas constantes sao denidas
com base nos parametros distribudos da linha.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 57
l 300 km 160 km 50 km
Z() 4,95 + j99,18 2,64 + j52,89 0,82 + j16,53
Z () 4,72 + j96,90 2,60 + j52,54 0,82 + j16,51
Y(S) j0,0014 j0,00074 j0,00023
Y (S) j0,0014 j0,00074 j0,00023
Zc () 266,15 - j6,63 266,15 - j6,63 266,15 - j6,63
(km1 ) j0,0012 j0,0012 j0,0012
A(pu) 0,9313 + j0,0034 0,9803 + j0,001 0,9981 + j0,0001
B() 4,72 + j96,90 2,60 + j52,54 0,82 + j16,51
C(S) j0,0014 j0,00074 j0,00023
Ie = CVr + DIr
( )
Ve AVr
= CVr + D
B
jc AVe e j(a +z )
A2 Vr ej(2a z )
= CVr e +
Z
Se = (Ve )Ie
( )
AVe ej(a +z ) A2 Vr ej(2a z )
= Ve CVr e + jc
Z
( )
j(c ) AVe2 ej(a z ) A2 Ve Vr ej(2a z )
= CVe Vr e +
Z
Sr = Vr Ir
( j )
Ve e AVr eja
= Vr
Z ejz
Vr Ve AVr2
Pr = cos(z ) cos(z a )
Z Z
(2.11)
Vr Ve AVr2
Qr = sin(z ) sin(z a )
Z Z
ocorrendo a maxima transferencia de potencia ativa quando = z ; ou seja,
Vr Ve AVr2
PrM ax = cos(z a )
Z Z
sendo a potencia reativa correspondente expressa como
AVr2
QM axp
= sin(z a )
r
Z
Ex. 2.2 Seja a linha de transmissao longa da tabela 2.1, operando na tensao de 765 kV.
Os parametros do circuito -equivalente que representa esta linha sao Z = 97, 087, 20
e Y = 0, 001489, 990 S e do quadripolo sao A = 0, 93130, 2090 pu, B = Z e C =
0, 001490, 060 S. Adotando a tensao nominal da linha e a potencia aparente de 2199
MVA como valores base, obtem-se Z = 0, 0177 + j0, 3641 pu, Y = 0, 0002 + j0, 3772 pu,
A = 0, 93130, 2090 pu, C = 0, 0004 + j0, 3643 pu. A impedancia caracterstica vale
Zc = 266, 15 j6, 6376 ou 1,00-j0,024 pu e a SIL e igual a 2199 MW ou 1,0 pu.
A gura 2.7 mostra a variacao da potencia no terminal emissor em funcao da diferenca
angular da linha. Os terminais emissor e receptor sao supostos compensados, para manter
a magnitude da tensao plana em 1,0 pu nos extremos da linha.
Quando a abertura angular e nula, nao ha transferencia de potencia ativa para o ter-
minal receptor, apenas a perda de potencia ativa da linha (igual a 0,0002 ou 0,4398 MW)
e suprida. Nesta condicao, a tensao de 1,0 pu aplicada no terminal emissor faz com que a
diferenca entre as potencias reativas gerada pela capacitancia e consumida pela indutancia
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 59
2 P x Delta
1 Q x Delta
6
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
ngulo da Tenso (graus)
da linha seja igual a 0,1886 pu ou 414,73 Mvar. Em = 18, 760 , a potencia reativa de-
cresce a zero, com correspondente valor de 0,8837 pu para a potencia ativa. Como esta
e uma linha com perdas, o limite de estabilidade ocorre quando a abertura angular vale
87, 20 , com a transferencia de 2,610 pu (MW) -2,555 pu (Mvar). A partir deste ponto,
a linha de transmissao opera na regiao considerada instavel, tal que na abertura angular
de 174, 750 a potencia ativa se anula enquanto a potencia reativa alcanca o valor -5,2905
pu. Em 1800 , a potencia ativa vale -0.2690 pu e a potencia reativa e igual a -5,2909 pu.
2.6 Curvas PV e QV
A magnitude da tensao no terminal receptor e determinada re-escrevendo-se a Eq. (2.11)
como
Vr Ve AVr2
cos( z ) = P r + cos(z a )
Z Z
(2.12)
Vr Ve AVr2
sin( z ) = Qr + sin(z a )
Z Z
{ } ( )
A2 Vr4 + 2A [Pr cos(z a ) + Qr sin(z a )] Ve2 Vr2 + Pr2 + Q2r Z 2 = 0 (2.13)
60 Captulo 2: Operacao das Linhas de Transmissao
Fazendo-se y = Vr2 e
a = A2
{ }
b= 2A [Pr cos(z a ) + Qr sin(z a )] Ve2
( )
c= Pr2 + Q2r Z 2
a Eq. (2.13) pode ser re-escrita como uma equacao de segundo grau em y, tendo como
razes
s b + b2 4ac
y =
2a
(2.14)
b b2 4ac
yi =
2a
tal que duas magnitudes da tensao com signicado fsico sao Vrs = y s e Vri = y i .
A curva PV de uma barra e obtida xando-se a tensao no terminal emissor, variando-se
a demanda no terminal receptor sem alterar o fator de potencia da mesma, e resolvendo-se
a Eq. (2.13) para cada valor da demanda (caso mais simples). Nos casos praticos, esta
curva e tracada com base em sucessivas solucoes do uxo de potencia correspondentes a
variacao gradativa da demanda do sistema com o fator de potencia mantido constante.
Para cada nvel de potencia ativa demandada existem duas solucoes de magnitude de
tensao, o que torna possvel uma analogia com a curva P da estabilidade transitoria do
angulo do rotor em regime permanente. Ambas as curvas apresentam regioes de operacao
estavel e instavel.
Ex. 2.3 A gura 2.8 mostra as curvas PV obtidas para cargas com diferentes fatores de
potencia, com a tensao no terminal emissor xada no valor nominal, para a linha de
transmissao referida anteriormente.
Desta gura, observa-se que:
para cada fator de potencia, existe uma potencia maxima que pode ser transmitida;
para cada demanda especicada abaixo do valor maximo, existem duas possveis
solucoes para Vr (duas razes da Eq. (2.13));
o perl plano de tensao ocorre para a carga de fator de potencia unitario, caso no
qual P < 1, 0 pu e Vr = Ve = 1, 0 pu.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 61
1.2
fp unitrio fp capacitivo
1
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
Potncia Ativa (pu)
Ex. 2.4 Curvas QV correspondentes a diferentes nveis de potencia ativa demandada sao
mostradas na gura 2.9 para a linha de transmissao apresentada anteriormente.
A magnitude da tensao no terminal receptor e obtida variando-se a potencia reativa
demandada e xando-se a tensao no terminal emissor no valor nominal e a potencia ativa
no terminal receptor em valores fracionarios da potencia maxima que pode ser transmitida
atraves da referida linha de transmissao. Essas curvas fornecem informacoes sobre a
compensacao reativa necessaria na barra para manter a tensao num nvel especicado.
62 Captulo 2: Operacao das Linhas de Transmissao
1.2
1 Pr = Prmax
0.8
Pr = 0,75Prmax
0.6
0.4 Pr = 0,50Prmax
0.2 Pr = 0,25Prmax
0
2.5 2 1.5 1 0.5 0 0.5 1
Potncia Reativa (pu)
Ex. 2.5 As guras 2.10, 2.11 e 2.12 mostram linhas de transmissao com comprimentos
variando entre 50 km e 300 km, para cargas com fatores de potencia iguais a 0,70 atrasado,
unitario e 0,90 adiantado. Nestas guras observa-se que:
linhas de transmissao com comprimento entre 150 km e 300 km podem operar com
nvel de tensao normal, desde que o fator de potencia da carga seja elevado;
mesmo quando a linha de transmissao longa supre uma demanda igual a SIL,
condicao em que as magnitudes das tensoes nos terminais emissor e receptor ten-
dem a se igualar, quando o comprimento da linha e 300 km a tensao no terminal
receptor e extremamente sensvel a qualquer variacao na potencia ativa da carga;
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 63
l = 300 km
1.2
l = 150 km
1
l = 50 km
0.6
0.4
0.2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Potncia Ativa (pu)
0.8
Modulo da Tenso (pu)
300 km 150 km 75 km 50 km
0.6
0.4
0.2
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Potncia Ativa (pu)
0.8
Modulo da Tenso
300 km 150 km 75 km 50 km
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Potncia Ativa
curva, ou seja, correspondendo a menor das duas solucoes, como pode ser observado
na gura 2.11 desde linhas de 50 km e 300 km. Neste caso, a operacao da LT e
virtualmente instavel.
Impedancia caracterstica:
L
Zc =
C
Constante de propagacao:
= j = j LC m1
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 65
Is Z Ir
+ +
Y Y
Vs = Vs Vr = Vr 00
2 2
- -
1
O termo representa a velocidade de propagacao das ondas de tensao e corrente
LC
1
ao longo da linha de transmissao sem perda. Em linhas aereas 3108 m/s,
LC
e na frequencia de 60 Hz, 5 106 m; ou seja, comprimentos tpicos de linhas
de transmissao sao apenas uma fracao de = 5000 km (lembrar que 0 = 4
107 H/m e 0 = 8, 85 1012 F/m).
A Surge Impedance Loading - SIL representa a potencia liberada por uma linha
de transmissao sem perda a uma carga de fator de potencia unitario de valor igual a
impedancia caracterstica da linha. Se uma linha de transmissao sem perdas supre uma
carga de valor igual a SIL, entao a corrente no terminal receptor e dada por
Vr
Ir =
Zc
tal que a corrente e a tensao ao longo da linha de transmissao sao expressas por
V(x) = [cos(x) + j sin(x)] Vr
Vr (2.15)
I(x) = [j sin(x) + cos(x)]
Zc
A analise das Eqs. (2.15) indica que, desde que cos(x) + j sin(x) = 1, as mag-
nitudes da tensao e da corrente no terminal receptor (x = 0) e ao longo da linha de
transmissao sao respectivamente,
Vr
|V(x)| = |Vr | e |I(x)| =
Zc
Portanto, se a carga e igual a SIL, o perl de tensao e horizontal, isto e, a magnitude da
tensao e da corrente em qualquer ponto da linha sem perda e constante. Por esta razao, a
potencia real suprida a carga tambem permanece constante ao longo da linha. A potencia
reativa que ui do terminal emissor ao terminal receptor e nula, como consequencia de
que os Mvar gerados pela capacitancia shunt sao iguais aqueles consumidos pela reatancia
indutiva serie.
Na tensao nominal, a potencia real liberada e dada por
2
Vnom
SIL =
Zc
onde Vnom e a tensao nominal da linha de transmissao (de fase ou de linha, dependendo
do valor de potencia desejado). A tabela 2.2 apresenta valores tpicos das impedancias
caractersticas e de surto para linhas de transmissao aereas operando na frequencia de 60
Hz.
Na pratica, a demanda conectada nos terminais receptores das linhas de transmissao
de potencia nao e igual a SIL das linhas. Dependendo do comprimento e da compensacao
da linha, a carga pode variar de uma pequena fracao (durante os perodos de carga leve)
ate multiplos da SIL (durante os perodos de carga pesada). Isto faz com que o perl de
tensao ao longo da linha seja peculiar a cada tipo de carga, conforme mostra o exemplo
a seguir.
Ex. 2.6 A gura 2.14 mostra o perl de tensao na linha de transmissao da secao anterior,
desprezando as perdas, para diferentes tipos de carga conectadas ao terminal receptor,
com a tensao no terminal emissor mantida constante no valor nominal. A impedancia
serie e a susceptancia shunt da linha valem respectivamente z = 0, 3306 /km e y =
4, 67 S/km. A impedancia caracterstica, a SIL e a constante de propagacao desta
linha valem respectivamente 266,0682 ; 2199,5 MW e 0.0012 rad/m. As grandezas
estao expressas no sistema por unidade, na base 765 kV e 2199,5 MVA. Com relacao a
esta gura, observa-se que:
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 67
2
L Vnom
Vnom (kV) Zc = () SIL = (MW)
C Zc
69 366-400 12-13
138 366-405 47-52
230 365-395 134-145
345 280-366 325-425
500 233-294 850-1075
750 254-266 2200-2300
Curva V x Comprimento
circuito aberto
SIL
1
carga indutiva 1
0.8
Modulo da Tenso (pu)
0.6
carga indutiva 2
0.4
0.2
carga indutiva 3
0
0 50 100 150 200 250 300
Distncia (km)
Figura 2.14: Perl de tensao da linha de transmissao para diferentes tipos de carga
na condicao a vazio, a corrente que supre o terminal receptor e nula, isto e, Ir0 = 0,
tal que a tensao ao longo da linha aumenta de 1,0 pu (no terminal emissor) ate
1,0733 pu (no terminal receptor), segundo a expressao Ve0 (x) = cos(x)Vr0 ;
Variando-se a impedancia da carga de (1, 0+j1, 0)Zc a (0, 01+j0, 01)Zc , a magnitude
da tensao decresce ao longo da linha, de 0,8865 pu ate 0,0380 pu.
se a impedancia da carga e nula (curto circuito), Vrcc = 0 e Vcc (x) = (Zc sin(x)) Ircc ;
isto e, a tensao decresce de Vs = (Zc sin(l)) Ircc no terminal emissor ate Vrcc = 0
68 Captulo 2: Operacao das Linhas de Transmissao
no terminal receptor;
Com relacao a potencia liberada no terminal receptor de uma linha sem perda, con-
sidere o circuito -equivalente da gura 2.13, no qual a corrente no terminal receptor e
dada por
Ve Vr Y
Ir = Vr
( Z 2 )
Ve Vr 00 jB
= Vr 00
jX 2
Vr Ve
Pr = sin
(X ) (2.16)
Vr Ve cos Vr2 B 2
Qr = + Vr
X 2
A maxima potencia que pode ser transferida ao terminal receptor sem perda de esta-
bilidade em regime permanente ocorre quando = 900 e vale
Vr Ve
Prmax =
X
com a correspondente potencia reativa igual a
( )
B 1
Qr (Prmax ) = Vr2
2 X
2
e, desde que X = Zc sin(l) e = , o limite de estabilidade em termos da SIL e dado
por
Vepu Vrpu SIL
max
Pr = ( )
2l
sin
onde as tensoes terminais da linha sao expressas em por unidade, adotando a tensao
nominal como base.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 69
Ex. 2.7 Considerando a linha de transmissao da secao anterior, com as perdas de-
sprezadas, a qual tem reatancia serie e susceptancia shunt nominais iguais a 99,18
e 0,0014 S, respectivamente, reatancia serie e susceptancia shunt equivalentes iguais a
96,89 e 0,0014 S, impedancia caracterstica igual a 266,13 , constante de propagacao
igual a j0,0012 m1 e comprimento de onda igual a 5056 km. Supondo que a magnitude
das tensoes terminais sao xas no valor nominal, o angulo de fase aumenta de 00 a
900 , conforme a potencia ativa liberada pela linha aumenta. Quando a abertura angular
da linha e zero, a potencia ativa suprida ao terminal receptor e zero, porem uma pequena
quantidade de potencia ativa e gerada pela capacitancia da linha, conforme pode ser ver-
icado com auxlio da Eq. (2.16). A maxima potencia que a linha pode liberar e dada
por
Vr Ve Vepu Vrpu SIL
Prmax = = ( )
X 2l
sin
(765k)(765k) (1, 0)(1, 0)2199, 02
= ( )
99, 18 2 300
sin
5000
= 5900, 63 2, 7165SIL
a qual representa o limite teorico de estabilidade em regime permanente para uma linha
sem perdas, com a correspondente potencia reativa igual a -2,5579 pu. Note que a tensao
nominal da linha e a SIL foram adotados como valores base nestes calculos.
A gura 2.15 mostra a representacao geometrica da potencia ativa transmitida em
funcao da variacao da diferenca angular entre as tensoes terminais da linha. Note que,
neste caso a potencia maxima transmitida ao terminal receptor atraves da linha de trans-
missao sem perdas ocorre quando a abertura angular entre as tensoes terminais da linha
e 900 . Quando a abertura angular da linha e zero, nao ha uxo de potencia atraves do
elemento serie da linha de transmissao, apenas os elementos shunt da LT geram 0,1886
pu(Mvar). Na abertura angular de 21,35 graus, a linha transmite 1,0 pu(MW) e 0,0
pu(Mvar); isto e, a carga e igual a SIL da LT. A transferencia de potencia ativa maxima
de 2,7465 pu(MW) ocorre em 90 graus, com a correspondente potencia reativa igual a
-2,5579 pu(Mvar). Na abertura angular de 180 graus, o uxo de potencia ativa atraves da
LT e zero e o de potencia reativa e igual a -5,3044 pu(Mvar). Portanto, a analise desta
gura permite as seguinte observacoes:
o sentido do uxo de potencia ativa varia com a abertura angular da linha de trans-
missao e portanto e determinado pelo fasor tensao que esta em avanco;
quando a abertura angular atinge 90 graus ( = 900 ), a transferencia de potencia
alcanca o seu valor maximo (Pr = Pmax ), o que indica que o limite de estabilidade
estatica foi atingido. Se a abertura angular ultrapassar 90 graus ( > 900 ), o sin-
cronismo entre as barras e perdido e a potencia transmitida decresce com o aumento
da defasagem angular;
Ve Vr
o termo Pmax = e chamado potencia de escape ou capacidade de transmissao.
X
Este termo representa a potencia maxima que a linha pode transmitir sem ultrapassar
70 Captulo 2: Operacao das Linhas de Transmissao
P x Delta
2
Q x Delta
1
6
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
ngulo da Tenso (graus)
Supondo que a tensao no terminal emissor e mantida constante, a Eq. (2.17) pode ser
re-escrita como
Vr Ve = Vr Vr cos(l) + jZc sin(l) (P jQ)
= Vr2 cos(l) + Zc Q sin(l) + jZc P sin(l)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 71
ay 2 + by + c = 0 (2.18)
onde a = cos2 (l), b = (2Zc Q cos(l) sin(l) Ve2 ) e c = Zc2 (Q2 + P 2 ) sin2 (l).
Da mesma forma que no caso da Eq. (2.13), a magnitude da tensao no terminal
receptor e obtida resolvendo-se a Eq. (2.18), a qual a rigor possui quatro solucoes, duas
das quais com signicado fsico.
Ex. 2.8 A gura 2.16 mostra as curvas PV obtidas para cargas com diferentes fatores
de potencia, com a tensao no terminal emissor xada no valor nominal, para a linha de
transmissao da secao anterior. No caso da linha sem perdas, observa-se que quando a
carga e igual a potencia natural (SIL) com fator de potencia unitario, o perl de tensao
e plano em 1,0 pu. Observe que neste caso a potencia ativa maxima correspondente a
demanda crtica e superior aquela correspondente ao caso das linhas de transmissao com
perdas. As curvas QV correspondentes a linha sem perda sao apresentadas na gura 2.17.
fp capacitivo
1.2
fp unitrio
1
Modulo da Tenso (pu)
fp indutivo
0.8
0.6
0.4
0.2
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
Potncia Ativa (pu)
1.2
1 Pr = Prmax
0.8
Pr = 0,75Prmax
0.6
Pr = 0,50Prmax
0.4
0.2 Pr = 0,25Prmax
0
2.5 2 1.5 1 0.5 0 0.5 1
Potncia Reativa (pu)
Zser = Rij + jXij e Ysh = jBsh sao respectivamente a impedancia serie e a ad-
mitancia shunt da linha de transmissao;
Sij = Pij + jQij e Sji = Pji + jQji sao os uxos de potencia aparente que saem das
barras i e j, respectivamente.
Vi i Vj j
j
i Pij Zser = Rij + jXij Pji
Qij ? ?Pij -
Pji
? ?Qji
-
Qshi ? Qij
Qji ?Qshj
Ysh Ysh
2
= j B2c 2
= j B2c
1
Qij = 2
(Xij Vi2 Xij Vi Vj cos ij Rij Vi Vj sin ij )
Rij + Xij2
Desde que a condutancia shunt da linha de transmissao e desprezvel, nenhuma potencia
ativa ui pelo ramo paralelo da linha, e portanto
Pij = Pij
1
Pij = 2
(Rij Vi2 Rij Vi Vj cos ij + Xij Vi Vj sin ij )
Rij + Xij2
(2.20)
V 2 Bc 1
Qij = i + 2 (Xij Vi2 Xij Vi Vj cos ij Rij Vi Vj sin ij )
2 Rij + Xij2
74 Captulo 2: Operacao das Linhas de Transmissao
PL = Pij + Pji
QL = Qij + Qji
Denindo a condutancia e a susceptancia series da linha de transmissao como
Rij
gij = 2
Rij + Xij2
e
Xij
bij = 2
Rij+ Xij2
os uxos de potencia ativa Pij e Pji sao expressos respectivamente como
ou seja,
Pij + Pji = gij |Vi Vj |2
Nesta ultima expressao, o termo |Vi Vj | representa a magnitude da queda de tensao
no elemento serie da linha de transmissao, e portanto a soma dos uxos de potencia em
sentidos opostos pode ser reconhecida como a perda ohmica de potencia na LT.
De maneira analoga os uxos de potencia reativa Qij e Qji sao expressos respectiva-
mente como
Bc
Qij = Vi2 + (bij Vi2 + bij Vi Vj cos ij gij Vi Vj sin ij )
2
e
Bc
Qji = Vj2
+ (bij Vj2 + bij Vi Vj cos ji + gij Vi Vj sin ij )
2
e a soma QL = Qij + Qji e dada por
Bc 2
Qij + Qji = (V + Vj2 ) bij (Vi2 + Vj2 2Vi Vj cos ij )
2 i
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 75
ou seja,
Bc 2
Qij + Qji =
(V + Vj2 ) bij |Vi Vj |2
2 i
O primeiro termo desta equacao pode ser identicado como a geracao de potencia
reativa nos elementos shunt, enquanto que o segundo pode ser interpretado como a perda
de potencia reativa no elemento serie da linha de transmissao. (Observe que de acordo
com as denicoes anteriores bij < 0 e Bc > 0).
Ex. 2.9 Para ilustrar o comportamento dos uxos de potencia, considere a linha de trans-
missao longa da tabela 2.1 conectando as barras e e r. Os uxos de potencia ativa e reativa
em ambos os sentidos sao calculados com auxlio das Eqs. (2.20), mantendo-se a mag-
nitude das tensoes nos terminais constante em 1,0 pu e variando-se a abertura angular
da linha de a . A soma algebrica dos uxos de potencia ativa Per e Pre fornece o
valor da perda de potencia ativa na transmissao Pl . Observa-se ainda que, uxos positivos
de potencia reativa Qer e Qre saem respectivamente das barras e e r, indicando que para
manter o nvel de tensao plano em 1,0 pu ambas as barras devem operar de forma a suprir
a reatancia da linha de transmissao.
Curvas P x Delta e Q x Delta
6
Qer x Delta
4
Qre x Delta
Per x Delta
Potncia Ativa (Reativa) (pu)
Pl (perda)
2
Pre x Delta
6
150 100 50 0 50 100 150
ngulo da Tenso (graus)
Y Y
2 2
Terminal Z = R + jX Terminal
receptor emissor
Y Y
2 2
B Nl B Nl
j( )( ) j( )( )
2 100 2 100
Os reatores shunt sao utilizados para consumir potencia reativa gerada por linhas com
baixo carregamento. Os reatores shunt sao geralmente instalados em pontos selecionados
ao longo das linhas de transmissao de Extra Alta Tensao, de cada fase ao neutro. Os
indutores absorvem potencia reativa e reduzem as sobretensoes durante os perodos de
carga leve e/ou resultantes de surtos de chaveamentos. Entretanto, sob condicoes de plena
carga e necessario remover o seu efeito da linha de transmissao a m de que a capacidade
de carregamento da mesma nao seja reduzido.
Os capacitores shunt sao utilizados para gerar potencia reativa em sistemas com alto
consumo de reativo e/ou muito carregados, com o objetivo de elevar a tensao num dos
terminais da linha de transmissao durante os perodos de carga pesada. No caso da
conexao desses bancos em paralelo com uma carga indutiva, os capacitores shunt fornecem
uma parte ou o suprimento total da potencia reativa. Nesta condicao, eles reduzem
a corrente transmitida para suprir a carga e portanto a queda de tensao na linha de
transmissao. Consequentemente, as perdas de potencia ativa sao reduzidas, melhorando
o fator de potencia da carga e com isto uma quantidade de potencia ativa maior pode ser
transmitida pela linha de transmissao.
A gura 2.22 mostra o circuito que ilustra o uso do capacitor shunt em um barramento
visando a compensacao reativa. Neste circuito, todo o restante da rede eletrica com
excecao da barra em questao e representado pelo seu equivalente de Thevenin. A tensao
no barramento antes do chaveamento do capacitor e igual a tensao da fonte, isto e
Vt = Eth
O diagrama fasorial mostrado na gura 2.23 ilustra como a magnitude da tensao au-
78 Captulo 2: Operacao das Linhas de Transmissao
Chave S
Rth jXth
+ Ic
+
Eth G Capacitor C
Vt
- -
Ic jXth
Eth
Ic Ic Rth
Vth
Vt
menta na barra onde o capacitor foi instalado. Supondo que a tensao Eth e constante,
o aumento na tensao Vt causado pela adicao do capacitor e aproximadamente igual a
Ic Zth , desde que antes do chaveamento Vt = Eth . Observe que tanto no caso dos capac-
itores shunt como no caso dos reatores shunt, quando a magnitude da tensao decresce a
potencia reativa envolvida por estes dispositivos tambem decresce. No caso particular dos
capacitores, em perodos de carga leve, quando a magnitude da tensao tende a aumentar,
a potencia reativa gerada por estes equipamentos tende a fazer com que a magnitude da
tensao aumente ainda mais, com o risco de exceder os limites.
Sob o ponto de vista da representacao da linha de transmissao por um quadripolo,
os esquemas de compensacao serie e shunt podem ser vistos como um agrupamento de
quadripolos, da forma mostrada na gura 2.24. O quadripolo 2 representa a linha de
transmissao enquanto que os quadripolos 1 e 3 sao iguais e representam a compensacao
reativa. Os parametros correspondentes a compensacao serie sao dados por
A1 = A3 = 1
X Nc
B1 = B3 = j( )( )
2 100 (2.22)
C1 = C3 = 0
D1 = D3 = A1
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 79
A1 = A3 = 1
B1 = B3 = 0
B Nl (2.23)
C1 = C3 = j( )( )
2 100
D1 = D3 = A1
Ie I1 I2 Ir
e portanto [ ] [ ][ ][ ][ ]
Ve A1 B1 A2 B2 A3 B3 Vr
= (2.24)
Ie C1 D 1 C2 D2 C3 D3 Ir
0.8
0.4
(1): fp unitrio (s/comp)
transferida ao longo da linha. Assim, supondo uma compensacao serie de 30% (metade
instalada em cada extremo), os parametros dos quadripolos referidos na Eq. (2.24) sao
A1 = A3 = 1
B1 = B3 = j14, 53 S (0, 0546 pu)
C1 = C3 = 0
D1 = D3 = A1
Aeq = 1, 0
Beq = 0.0177 + j0.2549 (pu)
Ceq = C3 = 0
Deq = D3 = A1
o que resulta num aumento do limite de estabilidade estatica para 3,642 pu (sem a com-
pensacao serie este limite e 2,610 pu), para o qual corresponde uma potencia reativa de
-3,89 pu (o valor sem compensacao e -2,551 pu). Portanto a compensacao serie resultou
num aumento de aproximadamente 39% da potencia ativa que pode ser transferida man-
tendo a linha plana em 1,0 pu de tensao. Entretanto, isto requer que uma quantidade
maior de potencia reativa seja suprida pelo terminal receptor ao sistema de transmissao.
A gura 2.26 mostra as curvas P e Q da linha com e sem compensacao reativa.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 81
(2)
2 (1)
(3)
4
(1): PDelta (s/comp) (4)
(2): PDelta (c/comp)
(3): QDelta (s/comp)
6 (4): QDelta (c/comp)
8
150 100 50 0 50 100 150
ngulo da Tenso (graus)
No presente caso, a corrente na linha de transmissao e zero na condicao a vazio (Ir0 = 0),
tal que Vs = Vr0 .
Vs = Vr0
Vrpc jXIrpc
RIrpc
Irpc
Vs = Vr0
jXIrpc
Irpc
RIrpc
Vrpc
Nas guras 2.27 e 2.28, observa-se que a regulacao mais elevada tende a ocorrer no
caso do fator de potencia em atraso. Um valor mais reduzido da regulacao (as vezes ate
negativo) pode ser obtido no caso de fator de potencia em avanco. A regulacao de tensao
e uma gura de merito relativamente facil de se calcular e fornece uma medida escalar
da queda de tensao ao longo da linha. O valor exato desta queda de tensao e obtido
atraves da diferenca entre os fasores tensao nos terminais emissor e receptor da linha de
transmissao.
O rendimento de uma linha de transmissao e denido como:
Pr Pe Pl
(%) = = 100
Pe Pe
onde, Pr e a potencia ativa de sada, Pe e a potencia ativa de entrada e Pl e o valor das
perdas de potencia ativa na linha de transmissao. Estas perdas compreendem basicamente
as perdas Joule nas resistencias serie das linhas de transmissao.
O nvel de carregamento das linhas de transmissao pode ser caracterizado de tres
formas:
atraves do limite termico;
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 83
O limite termico esta relacionado a maxima temperatura que o condutor pode supor-
tar, a qual afeta o arco formado no seu vao (entre as torres de sustentacao) e a sua rigidez
termica. A temperatura do condutor depende:
da temperatura ambiente;
da velocidade do vento;
2.11 Exerccios
2.1 Considere uma linha de transmissao trifasica, 60 Hz, 300 km, 765 kV, transposta,
composta de quatro condutores ACSR 1272000 CMil 54/3, cada um destes com com z =
0, 0165 + j0, 3306 = 0331087, 140 /km e y = j4, 674 106 S/km por fase. A tensao
no terminal emissor e constante e igual a tensao nominal da linha. Determinar:
3. o valor exato da tensao no terminal receptor para a corrente de plena carga calculada
no item anterior;
2.2 Deseja-se transmitir 9000 MW de uma planta hidreletrica ate um centro de carga
localizado a 500 km da planta.
Considere que a linha nao tem perdas, que a magnitude da tensao nos terminais
emissor e receptor da LT vale respectivamente 1,00 e 0,95 pu e que a abertura
angular da linha e de 350 . Compare estes valores com aqueles que seriam obtidos
tomando como base o criterio de carregamento pratico da linha (93% da SIL).
2.3 Seja uma linha de transmissao com uma reatancia serie de 30 /fase. Com o
objetivo de aumentar a sua capacidade de transmissao, deseja-se reduzir a sua impedancia
por fase em 40 %, inserindo-se compensacao serie em cada fase. A corrente de maior
intensidade que pode uir na linha e 1,0 kA. Considerando que a frequencia do sistema e
60 Hz,
1. calcular a capacitancia que deve ser instalada em cada fase, a m de que seja feita
a compensacao serie desejada;
3. se a corrente uindo na linha atinge o seu valor maximo, quantos kVars devem
produzir cada unidade? Quantos kVars sao produzidos no total?
2.4 Reatores shunt identicos sao conectados de cada fase ao neutro em ambos os ter-
minais de uma linha de transmissao trifasica com as seguintes caractersticas: 765 kV,
transposta, 60 Hz, 300 km, 0,0165 + j 0,3306 /km, j4, 674 106 S/km por fase,
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 85
Z = 97, 087, 20 , Y = 7, 4 107 + j14, 188 104 S e A = 0, 93130, 2090 pu.
Durante as condicoes de carga leve, eles fornecem uma compensacao reativa de 75 %. Os
reatores sao removidos durante o perodo de plena carga. A plena carga e 1,90 kA a 730
kV e fator de potencia unitario. Supondo que a tensao no terminal transmissor e mantida
constante, determinar:
1. a regulacao percentual da linha nao compensada;
2.5 Capacitores serie identicos sao instalados em cada fase de ambos os extremos da LT
do problema anterior, fornecendo 30 % de compensacao. Determinar o valor maximo da
potencia ativa que a linha compensada pode liberar e compara-lo com aquele da LT nao
compensada. Supor que a tensao nos extremos da LT e 765 kV.
2.6 Considere uma linha de transmissao trifasica, de 130 km, com resistencia e in-
dutancia series por fase 0,036 /km e 0,8 mH/km, respectivamente; e capacitancia shunt
por fase 0,0112 F/km. Com base no circuito -nominal da gura 2.29, o qual representa
esta linha media, e nas leis de Kirchho, determine os parametros Z e Y, E, F, G e H
da equacao matricial [ ] [ ][ ]
VR E F VS
=
IR G H IS
supondo que a mesma opera na frequencia de 60 Hz.
IS Z IR
- -
+ +
VS Y Y VR
2 2
2.7 As constantes de uma linha de transmissao trifasica, 230 kV, 370 km de com-
primento, em 60 Hz sao: A = D = 0, 89041, 340 , B = 186, 7879, 460 e C =
0, 001131900 S.
1. Determine a tensao, a corrente e a potencia no terminal emissor quando esta linha
supre uma demanda de 125 MW com fator de potencia 0,8 em atraso, a 215 kV.
3. Calcule a tensao no terminal receptor quando esta linha opera em circuito aberto,
com 230 kV no terminal emissor.
86 Captulo 2: Operacao das Linhas de Transmissao
2.8 Uma linha de transmissao trifasica de 480 km supre uma carga de 400 MVA, na
tensao de 345 kV, com fator de potencia 0,8 indutivo. Os parametros de quadripolo desta
linha sao: A = D = 0,8180 1, 30 pu; B = 712,2 84, 20 e C = 0,001933 90, 40 S.
1. determine a tensao, a corrente e a potencia aparente no terminal emissor e a queda
de tensao na linha de transmissao;
2.9 Considere uma linha de transmissao trifasica sem perdas, 60 Hz, 500 kV, 300 km,
com parametros 0,97 mH/km e 0,0115 F/km.
1. determinar a constante de propagacao, a impedancia caracterstica da linha e os
parametros do quadripolo que representa a linha;
Interprete os resultados.
2.11 Considere uma linha de transmissao trifasica, 60 Hz, 280 km, impedancia serie
igual a 35 + j140 e admitancia shunt igual a 930 106 900 S. Supondo que esta linha
esta suprindo 40 MW, na tensao de 220 kV, com fator de potencia 0,90 atrasado,
1. determinar a tensao, a corrente e a potencia aparente no terminal emissor:
3. Qual o valor da compensacao reativa que fara com que esta linha se comporte como
uma linha curta?
2.12 A tensao no terminal emissor de uma linha de transmissao trifasica, 60 Hz, 400
km, e 220 kV. Os parametros da linha sao: resistencia serie igual a 0,125 /km, reatancia
serie igual a 0,500 /km e susceptancia shunt igual a 3,312 S/km.
2.13 Considere uma linha de transmissao trifasica com as seguintes caractersticas: 100
km, 230 kV e 60 Hz, com resistencia serie de 0,088 /km, reatancia serie de 0,4654
/km por fase, susceptancia shunt igual a 3.524 S/km e corrente em regime normal de
operacao igual a 900 A. Tomando como base a potencia de 100 MVA e a tensao nominal
da linha, determine:
2. Qual a compensacao shunt nos dois extremos da linha, necessaria para manter a
tensao de 1,0 pu no gerador e na carga.
2.16 Considere uma linha de transmissao trifasica com as seguintes caractersticas: 300
km, 230 kV e 60 Hz, com perdas desprezveis, reatancia serie de 0,48 /km por fase,
susceptancia shunt igual a 2,25 S/km. Determine:
3. no caso anterior, qual a potencia reativa produzida pelos parametros serie e shunt
da linha?
2.17 Considere uma linha de transmissao trifasica, 345 kV, comprimento de 320 km,
dois condutores 795000 CMil por fase, 60 Hz, resistencia, reatancia e susceptancia res-
pectivamente de 0,0369 /km, 0,3675 /km e 4,5106 S/km. Despreze as perdas de
potencia ativa e determine:
3. a magnitude da tensao no terminal receptor, quando a linha supre uma carga igual
a SIL, com tensao nominal aplicada no terminal emissor. Justique.
Fluxo de Potencia
3.1 Introducao
Este captulo aborda o problema de uxo de potencia, com enfase em tres aspectos.
O primeiro e a representacao analtica da operacao do sistema de potencia em regime
permanente por um conjunto de equacoes algebricas nao lineares. Para a determinacao
deste modelo, assume-se que o sistema trifasico e balanceado e a rede de transmissao e
representada pelas correspondentes impedancias de sequencia positiva. O segundo aspecto
enfocado diz respeito a descricao dos metodos basicos de solucao para determinar as
tensoes complexas ao longo da rede eletrica, e a partir destas calcular outras grandezas de
interesse tais como a corrente e os uxos de potencia nas linhas de transmissao, as injecoes
de potencia etc. O terceiro aspecto mostra como as solucoes do uxo de potencia devem
ser ajustadas visando servir de referencia a operacao do sistema em regime permanente
sob o ponto de vista pratico.
Sgi Pg jQgi
Igi =
= i
Vi Vi i
Sdi Pd jQdi
I di = = i
Vi Vi i
Sgi Sdi
(Jgi ) (Jdi )
Barra i Vi
e portanto
Si
Ii =
Vi
O balanco de potencia aparente na barra i pode ser estabelecido observando-se na
gura 3.1
Sgi = Sdi + Sij + Sik + Sil
ou seja
Pgi + jQgi = Pdi + jQdi + Pij + jQij + Pik + jQik + Pil + jQil
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 91
1 V1 = 1, 000 pu 2 V2 = 1, 02 pu
Sd1 Sd2
Z12 = j0, 05 pu
3 V3 = 1, 03 pu
Sd3
Sg3
G3
1 V1 V2 2
Sd1 Sd2
LT1
I d1 Id2
LT2 LT3
V3 3
Sd3
I d3
y5
1 y4 2 y6 3
S1 S2 S3
I1 y1 I2 y2 I3 y3
(0) no de referencia
A aplicacao da lei dos nos de Kirchho ao circuito mostrado na gura 3.4 resulta nas
seguintes equacoes:
I1 (y1 + y4 + y5 ) y4 y5 V1
I2 = y4 (y2 + y4 + y6 ) y6 V2 (3.2)
I3 y5 y6 (y3 + y5 + y6 ) V3
ou, na forma compacta,
Ibarra = Ybarra Vbarra
Vbarra = Zbarra Ibarra
onde, Ibarra e o vetor das injecoes de correntes nas barras; Ybarra e a matriz admitancia
de barra e Vbarra e o vetor das tensoes de barra.
Os termos da matriz admitancia de barra da Eq. (3.2) sao genericamente expressos
como
n
Yii = yij
j=0 (3.3)
Yij = yij
94 Captulo 3: Fluxo de Potencia
a qual e usada para calcular as injecoes de potencia ativa e reativa em funcao das tensoes
complexas nodais. Um sistema generico de n barras possui 6n variaveis e n equacoes nao
lineares e complexas, semelhantes a Eq. (3.5), ou alternativamente 2n equacoes reais e
nao lineares.
As Eqs. (3.5) representam o modelo estatico do sistema de potencia de 3 barras
mostrado na gura 3.3. Estas equacoes sao algebricas e nao lineares, e a sua solucao
requer o uso de metodos numericos iterativos. Note que a frequencia aparece implicita-
mente atraves dos parametros da rede eletrica. Estas equacoes relacionam um total de 18
variaveis e podem ser decompostas em 6 equacoes reais. Desde que o numero de equacoes
e menor do que o de incognitas, 12 variaveis devem ter o seu valor especicado, o que e
feito observando-se que:
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 95
as demandas de potencia ativa e reativa sao conhecidas e portanto podem ser con-
sideradas variaveis especicadas;
um angulo e adotado como referencia, de forma que todos os outros sao expressos
em relacao a este angulo;
as perdas de potencia nas linhas de transmissao nao sao conhecidas e portanto nao
e possvel especicar a priori a potencia de todos geradores simultaneamente. Uma
geracao deve permanecer em aberto para completar o balanco total de potencia do
sistema apos conhecidas as perdas.
Para ilustrar como a Eq. (3.5) e usada para estabelecer as equacoes que representam
a operacao do sistema de potencia em regime permanente, considere o sistema mostrado
na gura 3.5, o qual representa uma maquina sncrona suprindo uma carga expressa em
termos de potencia constante por 0,36 + j0,20 pu(MVA) (na base 100 MVA), atraves de
uma linha de transmissao com perdas e admitancia shunt desprezveis e reatancia de 0,25
pu(). O objetivo e determinar como deve operar a maquina de forma a suprir a carga,
num nvel de tensao satisfazendo os limites de 0,95 a 1,05 pu(kV), respeitando os limites
de capacidade do gerador sncrono.
Sg1
V1 V2
Barra 1 Barra 2
(referencia)
LT
Sd1 = 0, 36 + j0, 20 pu
Uma analise preliminar deste problema, permite observar que 12 variaveis estao as-
sociadas a estas duas barras, 6 das quais com o valor automaticamente especicado
(Pd1 = Qd1 = 0, Pg2 = Qg2 = 0, Pd2 = 0, 36 pu, Qd2 = 0, 20 pu). As variaveis
sicamente controlaveis na maquina sncrona sao a potencia ativa gerada (atraves do
torque mecanico da maquina primaria) e a magnitude da tensao (atraves da corrente de
excitacao). O angulo da barra 1 e adotado como referencia e a magnitude da tensao na
barra 1 e especicada em 1,0 pu, isto e V1 = 1, 000 pu. Com isto, obtem-se 2 equacoes
96 Captulo 3: Fluxo de Potencia
complexas da forma da Eq. (3.5) e 4 incognitas (V2 , 2 , Pg2 , Qg2 ), dadas por
2
P1 jQ1 = V1 Y1j Vj
j=1
= V1 Y11 V1 + V1 Y12 V2
(3.6)
2
P2 jQ2 = V2 Y2j Vj
j=1
= V2 Y21 V1 + V2 Y22 V2
O sistema nao linear da Eq. (3.10) pode ser resolvido atraves de metodos iterativos,
tais como Newton-Raphson, Gauss-Seidel etc. No nvel especicado para a tensao da
barra 1, a solucao deste sistema e
V2 = 0, 942 pu(kV ) 2 = 5, 480
P1 = 0, 36 pu(M W ) Q1 = 0, 2477 pu(M var)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 97
V2 2 P1 Q1
(pu) (graus) (pu) (pu)
V1 =1,02 pu 0,964 -5,25 0,36 0,2456
V1 =1,05 pu 0,996 -4,94 0,36 0,2427
a qual apresenta a magnitude de tensao na barra 2 abaixo do limite mnimo de 0,95 pu.
Para corrigir o nvel da tensao na barra 2, e necessario re-especicar a magnitude da
tensao na barra 1, atraves do ajuste da corrente de excitacao da maquina sncrona.
A tabela 3.1 apresenta solucoes correspondentes a duas especicacoes de tensao na
barra 1. A analise das 3 solucoes obtidas mostra que a magnitude da tensao na barra
2 e indiretamente controlada pela magnitude da tensao na barra 1. Conforme o nvel
de tensao aumenta, menores aberturas angulares da linha de transmissao sao necessarias
para suprir potencia ativa da carga e menores quantidades de potencia reativa circulam
na linha.
S n
Ii = i = Yij Vj
Vi j=1
n
Si = Vi Yij Vj
j=1
Desde que
n
Si = (Vi i ) Yij (Vj j )
j=1
entao
n
Si = Vi Yij (Vj ji )
j=1
onde ji = j i , tal que separando esta equacao em partes real e imaginaria, obtem-se
as expressoes das injecoes de potencia ativa e reativa em funcao do angulo e da magnitude
das tensoes nodais, isto e,
n
Pi (V, ) = Vi (Gij cos ij + Bij sin ij )Vj
j=1
(3.11)
n
Qi (V, ) = Vi (Gij sin ij Bij cos ij )Vj
j=1
98 Captulo 3: Fluxo de Potencia
n
Pi = (Pgi Pdi ) Vi (Gij cos ij + Bij sin ij )Vj
j=1
(3.12)
n
Qi = (Qgi Qdi ) Vi (Gij sin ij Bij cos ij )Vj
j=1
= Piesp + jQesp
i
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 99
Pi = Pgiesp Pdiesp
Vi = Viesp
i = iesp
Vi = Viesp
Observe que para completar o balanco de potencia um gerador deve estar instalado
na barra de folga.
4
Gb4
Pd4 + jQd4
Figura 3.6: Diagrama do sistema de 4 barras
100 Captulo 3: Fluxo de Potencia
Ysh
Linha Zser Yser
2
(pu) (pu) (pu)
1-2 0,02 + j 0,06 5,0 - j 15,0 j0,03
2-3 0,06 + j 0,18 1,66 - j5,0 j 0,02
2-4 0,06 + j 0,18 1,66 - j5,0 j 0,02
3-4 0,01 + j0,03 10,0 - j30,0 j 0,01
Matriz Admitancia
De acordo com a Eq. (3.3), a matriz admitancia de barra e dada por
+5, 00 j14, 97 5, 00 + j15, 0
5, 00 + j15, 00 +8, 32 j24, 9 1, 66 + j5, 00 1, 66 + j5, 00
Ybarra =
1, 66 + j5, 0 +11, 6 j34, 97 10, 0 + j30, 0
1, 66 + j5, 0 10, 0 + j30, 0 +11, 6 j34, 97
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 101
P1 jQ1
= Y11 V1 + Y12 V2
V1
P2 jQ2
= Y21 V1 + Y22 V2 + Y23 V3 + Y24 V4
V2
P3 jQ3
= Y32 V2 + Y33 V3 + Y34 V4
V3
P4 jQ4
= Y42 V2 + Y43 V3 + Y44 V4
V4
onde cada variavel do vetor x e expressa em funcao das outras variaveis (e da propria
variavel, se for necessario); o metodo iterativo de Gauss consiste em executar os
seguintes passos:
|x(k) x(k1) |
( )
(k) 1 Piesp jQesp
n
Vi = (k1)
i
Yij Vjat (3.18)
Yii Vi j=1, j=i
( )
(k) 1 Piesp jQcalc
n
Vi = (k1)
i
Yik Vkat , i = 1, 2, . . . , n (3.19)
Yii Vi k=1, k=i
( )
1 P1 jQ1
V1 = Y12 V2
Y11 V1
( )
1 P2 jQ2
V2 = Y21 V1 Y23 V3 Y24 V4
Y22 V2
( )
1 P4 jQ4
V4 = Y42 V2 Y43 V3
Y44 V4
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 105
ou em termos numericos,
( )
1 0, 80 + j0, 20
V1 1 = (5, 0 + j15, 0)V2 2
5, 0 j14, 97 V 1 1
(
1 0, 0 j0, 0
V2 2 = (5, 0 + j15, 0)V1 1
8, 32 24, 9 V2 2
(1, 66 + j5, 0)1, 033 (1, 66 + j5, 0)1, 024 )
( )
1 0, 20 jQ4
1, 024 = (1, 66 + j5, 0)V2 2 (10, 0 + j30, 0)(1, 030 )
0
11, 6 j34, 9 1, 02 4
(3.21)
Para representar a capacidade fsica dos geradores, limites de potencia reativa sao estabe-
lecidos para cada nvel de potencia ativa especicada. Esses limites, os quais sao obtidos
com auxlio da curva de capabilidade dos geradores sncronos, podem ser representados
atraves da inequacao
gi Qgi Qgi
Qmin max
onde Qmin
gi e Qmaxgi sao os limites mnimo e maximo de geracao de potencia reativa. De-
pendendo do nvel de carregamento do sistema de potencia, a especicacao da magnitude
da tensao (valores demasiadamente altos ou baixos) pode levar a violacoes desta restricao
de desigualdade no processo iterativo. O procedimento adotado para o tratamento deste
tipo de restricao de potencia consiste no seguinte:
caso durante o processo iterativo o limite de potencia reativa gerada for violado, a
barra correspondente e convertida em barra de carga. Isto e, a injecao de potencia
reativa e xada no limite e a magnitude da tensao passa a ser uma variavel adicional
calculada ao longo das iteracoes.
Teste de Convergencia
|Viv Viv1 | V
106 Captulo 3: Fluxo de Potencia
onde V e uma tolerancia pre-especicada para a tensao complexa, para todas as barras
de carga (P Q) e de tensao controlada (P V ) envolvidas no processo. Caso este teste seja
satisfeito, um teste semelhante e efetuado para os resduos de potencia ativa e reativa, isto
e
|Pesp
i Pcalc
i | P (barras P V e P Q)
|Qesp
i Qcalc
i | Q (barras P Q)
onde P e Q sao as tolerancias pre-especicadas para os resduos de potencia ativa e
reativa.
A vericacao da convergencia e feita tomando-se inicialmente uma tolerancia relativamen-
te elevada para as tensoes. Quando esta for satisfeita, efetua-se o teste de convergencia nos
resduos de potencia ativa e reativa. Caso estes nao satisfacam as tolerancias de potencia, o
processo iterativo e reinicializado com uma tolerancia reduzida para as tensoes. Procede-se
desta forma ate que ambos os testes sejam satisfeitos.
Existem muitos esquemas alternativos para a aplicacao do metodo de Gauss-Seidel ao
problema do uxo de potencia, cada um com um numero de vantagens e desvantagens
associadas. Em geral, a maior vantagem do metodo de Gauss-Seidel reside no fato de
que o numero de elementos no termo relativo correspondente a somatoria e pequeno e
corresponde ao numero de linhas de transmissao do sistema de potencia. Portanto, ambos,
os requisitos de memoria e os calculos envolvidos nas iteracoes sao reduzidos. Por outro
lado, a maior desvantagem inerente a este metodo e a sua convergencia lenta, o que
pode ser atribudo ao fraco acoplamento (sob o ponto de vista matematico) entre as
barras. A taxa de convergencia e tambem dependente dos valores relativos dos termos
diagonais da matriz admitancia de barra e da selecao da barra de referencia. Para sistemas
numericamente bem condicionados a solucao pode ser obtida em torno de 50 iteracoes.
No caso de sistemas com mal condicionamento numerico (por exemplo, sistemas com alto
nvel de compensacao serie), a solucao pode requerer varias centenas de iteracoes, e em
alguns casos nao ser obtida.
Algoritmo
supondo que uma estimativa inicial x(k) e conhecida, uma nova aproximacao da solucao e
dada por
x(k+1) = x(k) + x
ou [ ]1
f (x)
x = f (x(k) ) = J(x(k) )1 f (x(k) ) (3.23)
x x=x(k)
onde J(x(k) ) e uma matriz de primeiras derivadas, de ordem n, denominada Jacobiana,
calculada no ponto (x(k) ). O elemento (i, j) desta matriz e denido como fi /xj .
No caso do problema de uxo de potencia, o sistema de equacoes nao lineares f (x) = 0
corresponde ao balanco de potencia representado pela Eq. (3.12), isto e,
onde
Ppv,pq Ppv,pq
H= N=
pv,pq Vpq
Qpq Qpq
M= L=
pv,pq Vpq
sin ij sin ij
= cos ij = cos ij
i j
o que resulta em
n
Hii = Vi (Gik sen ik + Bik cos ik )Vk
k=1, k=i
(3.27)
= Qcalc
i Vi2 Bii
Hik = Vi (Gik sen ik Bik cos ik )Vk
Qi
Mii =
i
n
= Vi (Gik cos ik + Bik sen ik )Vk (3.28)
k=1, k=i
n
Lii = (Gik sen ik Bik cos ik )Vk Vi Bii
k=1, k=i
Algoritmo
1. Faca k = k + 1;
2. Calcule os desbalancos de potencia ativa e reativa utilizando as Eqs. (3.24) e (3.25);
3. Verique a convergencia do processo iterativo: se
|Pesp
i Pcalc
i | P (barras P V e P Q)
|Qesp
i Qcalc
i | Q (barras P Q)
P1esp P1 (V, ) = 0
Qesp
1 Q1 (V, ) = 0
P2esp P2 (V, ) = 0
Qesp
2 Q2 (V, ) = 0
P4esp P4 (V, ) = 0
tal que na forma explcita o conjunto de equacoes nao lineares a ser resolvido e expresso
por
[ ]
0, 80 5, 0V12 + V1 V2 (5, 0 cos 12 + 15, 0 sin 12 ) = 0, 00
[ ]
0, 20 14, 97V12 + V1 V2 (5, 0 sin 12 15, 0 cos 12 ) = 0, 00
[
0, 00 8, 32V12 + V2 V1 (5, 0 cos 21 + 15, 0 sin 21 )
+V2 V3 (1, 66 cos 23 + 5, 0 sin 23 )
+V2 V4 (1, 66 cos 24 + 5, 0 sin 24 )] = 0, 00
[
0, 00 24, 93V12 + V2 V1 (5, 0 sin 21 15, 0 cos 21 )
+V2 V3 (1, 66 sin 23 5, 0 cos 23 )
+V2 V4 (1, 66 sin 24 5, 0 cos 24 )] = 0, 00
[
0, 20 11, 66V42 + V4 V2 (1, 66 cos 42 + 5, 0 sin 42 )
+V4 V3 (10, 0 cos 43 + 30, 0 sin 43 )] = 0, 00
Adotando o perl plano de tensoes como solucao inicial, na primeira iteracao o vetor
dos desbalancos de potencia e dado por
P1 0, 8000
P2 0, 0833
P4 = 0, 0455
Q1 0, 1700
Q2 0, 3200
Barra Tipo V Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 PQ 0,955 -6,91 0,00 0,00 80,00 20,00
2 PQ 0,984 -4,19 0,00 0,00 0,00 0,00
3 folga 1,020 0,00 63,81 -36,42 0,00 0,00
4 PV 1,030 -0,56 40,00 62,02 20,00 10,00
P = H
Q = LV
O procedimento para obter a solucao das equacoes da rede aplicando estas aproximacoes
consiste em resolver alternadamente os sistemas lineares resultantes, isto e, separar o problema
principal em subproblemas P e QV . Isto resulta num numero maior de iteracoes para a
convergencia, porem com menor esforco computacional.
Baseando-se nas suposicoes mencionadas anteriormente, outras aproximacoes podem ser
feitas na matriz Jacobiana. Assim, considerando que
cos ij 1, 0;
sin ij ij .
a expressao
Hij = Vi (Gij sin ij Bij cos ij )Vj
se transforma em
Hij = Vi (Gij ij Bij )Vj
Hij = Bij
Lij = Bij
O metodo Desacoplado Rapido e formulado com base nestas aproximacoes. Dois sistemas
lineares independentes sao resolvidos, cujas matrizes de coecientes, denotadas B e B , sao
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 113
(3.31)
Xij
1
Lij Bij = 2 + X 2 ) = Bij Lii Bii = = Bii
(Rij ij Xij
ji
Algoritmo
As aproximacoes vistas na secao anterior resultam em matrizes B e B reais, simetricas esparsas
e constantes. Elas sao constantes e portanto necessitam ser fatoradas apenas uma unica vez no
processo iterativo. Os passos para a solucao das equacoes da rede eletrica via metodo desacoplado
rapido sao sumarizados a seguir.
1. Faca k = 0;
|Pesp
i Pcalc
i | P (barras P V e P Q)
|Qesp
i Qcalc
i | Q (barras P Q)
9. Calcule as injecoes de potencia ativa e reativa nas barras. Para as barras P V , verique
os limites de geracao de potencia reativa:
se a geracao de potencia reativa da barra i esta fora dos limites, xar Qgi no limite
violado e converter a barra PV para barra PQ. A partir deste ponto a magnitude e
o angulo da tensao na barra i sao calculados atraves do processo iterativo;
114 Captulo 3: Fluxo de Potencia
cos ij 1, 0;
sin ij ij (em radianos).
a relacao X/R das linhas de transmissao e alta (Xij Rij ), de forma que a resistencia
serie (e portanto as perdas de potencia ativa) nas linhas de transmissao sao desprezadas.
Com estas aproximacoes, o uxo de potencia ativa numa linha sem perda e dado por
i j
Pij = (3.32)
Xij
e a injecao de potencia na barra i e dada por
n
n
Pi = Pij = (1/Xij )(i j )
j=1 j=1
n
n
Pi = Bij i + Bij j
j=1 j=1
n
n
Pi = i Bij + Bij j
j=1 j=1
A Eq. (3.33) considera todas as barras da rede eletrica e, desde que as perdas de potencia
ativa nas linhas de transmissao sao desprezadas, e possvel expressar a injecao de potencia ativa
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 115
de uma barra como combinacao linear das injecoes de potencia nas outras barras. Isto implica em
que a matriz B e singular e o sistema linear representado pela Eq. (3.33) nao tem solucao. Isto
tambem indica que o conjunto de equacoes lineares e redundante, de forma que se o angulo de
uma barra for selecionado como referencia, a equacao correspondente pode ser excluda daquele
conjunto de equacoes. Utilizando este procedimento, obtem-se um novo sistema linear dado por
P=B (3.35)
onde B e resultante da eliminacao da linha e da coluna correspondentes a barra de referencia
na matriz B.
Desprezando-se as resistencia das linhas de transmissao do sistema mostrado na gura 3.6,
a matriz de coecientes do sistema linear da Eq. (3.35) e expressa por
16, 67 16, 67 0, 00 0, 00
16, 67 27, 77 5, 55 5, 55
B=
0, 00 5, 55 38, 88 33, 33
0, 00 5, 55 33, 33 38, 88
e os uxos nas linhas de transmissao, calculados com a Eq. (3.32), sao dados por
P12 0, 8000
P23 0, 4154
P24 = 0, 3846 pu
P34 0, 1846
GS
1 4 1 : t34 3
T34
1 : t56
6 5 2
T56
GS
Pd6 + jQd6 Pd5 + jQd5 Pd2 + jQd2
Por ser a barra com maior capacidade de geracao de potencia ativa, a barra 1 foi selecionada
como barra de folga do sistema. A demanda total de potencia ativa e 135 MW, os quais devem
ser supridos pelos geradores das barras 1 e 2. Visando manter uma certa margem (reserva)
com relacao ao limite maximo de geracao, a potencia gerada na barra 2 foi especicada em
50 MW. A magnitude da tensao nas barras 1 e 2 foi especicada em 1,0 pu. As reatancias
dos elementos de transmissao conectando as barras 3-4 e 5-6 correspondem a transformadores
com tap variavel, cuja nalidade e controlar a magnitude da tensao nessas barras. A faixa de
variacao da magnitude da tensao nas barras e dos taps e 0,90 a 1,10 pu, tendo sido ambos os taps
selecionados inicialmente em 1,0 pu. Com estas especicacoes, a solucao do uxo de potencia
atraves do metodo de Newton-Raphson e mostrada na tabela 3.6.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 117
Barra Tipo V Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 folga 1,000 0,0000 97,44 49,35 - -
2 PV 1,000 -3,87 50,0 21,15 - -
3 PQ 0,844 -15,27 - - 55,0 13,0
4 PQ 0,867 -11,20 - - 0,00 0,00
5 PQ 0,814 -14,69 - - 30,0 18,0
6 PQ 0,847 -14,16 - - 50,0 5,00
A analise da solucao mostrada na tabela 3.6 indica que a magnitude da tensao nas barras
de carga esta fora da faixa de variacao permitida. As perdas totais de potencia ativa nas linhas
de transmissao sao de 12,44 MW, correspondendo a 8,44 % da geracao total de potencia ativa.
Os controles disponveis para corrigir este baixo nvel de tensao sao os taps dos transformadores
e a magnitude da tensao gerada nas barras 1 e 2. Ajustando-se o tap do transformador T56
para 1,05 e a magnitude da tensao na barra 1 para 1,1, a nova solucao do uxo de potencia e
apresentada na tabela 3.7.
118 Captulo 3: Fluxo de Potencia
Barra Tipo V Pg Qg Pd Qd
(V) graus MW Mvar MW Mvar
1 folga 1,100 0,0000 96,14 63,29 - -
2 PV 1,000 -0,90 50,0 2,72 - -
3 PQ 0,921 -12,26 - - 55,0 13,0
4 PQ 0,951 -8,84 - - 0,00 0,00
5 PQ 0,896 -11,27 - - 30,0 18,0
6 PQ 0,921 -11,03 - - 50,0 5,00
Na tabela 3.7, observa-se uma melhoria consideravel no nvel da magnitude da tensao das
barras de carga, apesar de que ajustes adicionais precisam ser realizados para que a magnitude
da tensao de todas as barras se situe dentro da faixa recomendavel. Nota-se ainda que com o
aumento no nvel de magnitude da tensao, as perdas de potencia ativa nas linhas de transmissao
foram reduzidas a 11.1437 MW, o que corresponde a 7,62 % da geracao total de potencia ativa.
3.7 Exerccios
3.1 No sistema mostrado na figura 3.8 todos os valores estao em pu na base 100 MVA. Um
gerador e dois compensadores sncronos estao instalados respectivamente nas barras 1, 3 e 5.
Determine o fator de potencia no qual deve operar o gerador para que a magnitude da tensao
nas barras 1, 3 e 5 seja igual a 1,0 pu.
CS
1 2 3 4 5
j0, 2pu j0, 04pu j0, 1pu
100 MVA
j0, 2pu cos = 0, 8
adiantado
G1 j0, 2pu j0, 04pu j0, 1pu
j0, 2pu
230 kV 138 kV 69 kV
200 MW CS
cos = 0,8 atrasado
3.2 Uma linha de transmissao com perdas de potencia ativa desprezveis, possui uma reatancia
serie de 0,03 pu() e susceptancia capacitiva shunt total de 1,8 pu(S). Ela interliga um gerador
a uma carga de 5,0 + j2,0 pu(MVA). Foram instalados dois reatores iguais em paralelo, um em
cada extremidade da linha. Para manter a tensao na barra de carga em 1,0 pu(kV) e necessario
regular a tensao do gerador em 1,05 pu(kV). Mostre o balanco de potencia deste sistema.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 119
3.3 Para a rede de transmissao cujos dados sao apresentados na tabela 3.8, determinar a
matriz admitancia de barra em por unidade utilizando a analise nodal, adotando a base 100
MVA, 120kV.
3.4 Considere um sistema de potencia de 4 barras, cujos dados sao apresentados na tabela 3.9.
Suponha que entre as barras 2 e 3 ha um transformador com reatancia de dispersao 0,75 pu()
e tap ajustado em 0,98 no lado da barra 3.
3.5 Considere o sistema de tres barras e tres linhas de transmissao cujos dados (no sistema
por unidade) sao mostrados na talela 3.10.
3. mostre uma iteracao via metodo de Gauss-Seidel considerando 1, 00, 00 pu como estima-
tiva para as tensoes, 103 pu de MW e de Mvar como tolerancia, e limites de potencia
reativa para a barra de tensao controlada de 0, 030 e 0, 010 p.u. de M var.
5. calcule os fluxos de potencia ativa e reativa e as perdas de potencia ativa e reativa nas
linhas de transmissao;
6. se a barra de tensao controlada for convertida em barra de carga, com uma injecao de
potencia reativa especificada em 0, 016 pu de Mvar, com a mesma injecao de potencia
ativa, qual sera a nova solucao das equacoes da rede (utilize o programa computacional
de fluxo de potencia)?
7. determine a solucao das equacoes da rede atraves do metodo de fluxo de potencia lin-
earizado e compare a mesma com aquela obtida para o modelo nao linear da rede eletrica.
3.7 Para o sistema da figura 3.10, assuma que a base de potencia e 100 MVA, e que as
impedancias das linhas de transmissao estao expressas em pu numa base comum. Execute uma
iteracao completa do fluxo de potencia via metodo de Gauss-Seidel. Os dados das barras sao os
seguintes: (barra 1, V1 = 1, 0500 pu), (barra 2, Potencia ativa gerada = 25 MW, Potencia
ativa consumida = 50 MW, Potencia reativa consumida = 25 Mvar, Magnitude da tensao = 1,02
pu, limites de potencia reativa: -10 e 30 Mvar), (barra 3, Potencia ativa gerada = 0,0 MW,
Potencia reativa gerada = 0,0 Mvar, Potencia ativa consumida = 60 MW, Potencia reativa
consumida = 30 MW).
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 121
GS CS
1 4 1 : t34 3
T34
1 : t56
6 5 2
T56
GS
Pd6 + jQd6 Banco de Capacitores Pd2 + jQd2
1 V1 2 V2
Sd2
Z12 = j0, 25 pu
3 V3
Sd3
2. Comente, utilizando ilustracao grafica se necessario, sobre as formas como sao obtidas as
convergencias dos metodos Desacoplado Rapido e Newton-Raphson.
5. Considere uma barra com demandas de potencia ativa e reativa nulas e onde esteja insta-
lado um Compensador Estatico de potencia reativa. Na formulacao do problema de fluxo
de potencia, esta barra pode ser classificada como uma barra PQ? Esta barra pode ser
classificada como uma barra PV?
3.9 Uma concessionaria dispoe de duas subestacoes de 130 kV supridas por uma barra de
geracao atraves de um sistema de transmissao. A rede eletrica equivalente possui tres barras e
tres linhas de transmissao, com configuracao em triangulo. As impedancias serie de cada linha e
os respectivos comprimentos sao dadas na tabela 3.11, sendo desprezado o seu efeito capacitivo.
O resultado de um estudo de fluxo de potencia, tambem mostrado na tabela 3.11, indicou a
necessidade de compensacao reativa na barra 3 para manter a tensao nesta barra no nvel de
magnitude desejado (1,00 pu). Tomando como base trifasica 100 MVA e 130 kV,
5. mostre (e justifique) uma possvel classificacao para as barras deste sistema, considerando
a instalacao de um compensador sncrono na barra 3 para a compensacao desejada;
3.10 A tabela 3.12 mostra os dados de um sistema de tres barras e o correspondente resultado
do fluxo de potencia. Despreze o efeito capacitivo das linhas de transmissao e considere a
existencia de um gerador na barra 1 e de um compensador sncrono na barra 3.
3.11 Seja um sistema de potencia de tres barras, conectadas em anel atraves de tres linhas de
transmissao de resistencias desprezveis e reatancias X12 = 0, 33 pu, X13 = 0, 50 pu e X23 = 0, 50
pu. As demandas de potencia ativa nas barras 2 e 3 sao respectivamente 0,5 pu(MW) e 1,0
pu(MW). Considerando a barra 1 como referencia angular e utilizando o modelo de fluxo de
potencia linearizado,
2. calcule o valor da compensacao reativa serie que deve ser utilizada na linha 1-3, de modo
que o fluxo de potencia ativa na linha 1-2 nao ultrapasse 0,5 pu(MW);
3. calcule o valor da compensacao reativa serie que deve ser utilizada na linha 1-3, de modo
que o fluxo de potencia ativa na linha 2-3 seja 0,5 pu(MW);
3.12 Considere um sistema de quatro barras, conectadas em anel por linhas de transmissao
com reatancias X12 = X13 = X24 = X34 = 0, 01 pu (). Suponha que unidades geradoras estao
instaladas nas barras 1 e 3 e que as cargas das barras 2, 3 e 4 sao respectivamente Sd2 = 1,0 +
j0,0 pu(MVA), Sd3 = 0,25 + j0,0 pu(MVA) e Sd4 = 1,0 + j0,0 pu(MVA). Adotando a barra 1
como referencia angular,
2. Usando as equacoes nao lineares do fluxo de potencia, calcule as potencias aparentes ger-
adas nas barras 1 e 3, supondo que as tensoes complexas nessas barras sao V1 = V3 =
1, 000 pu.
3. Determine as perdas reativas nas linhas de transmissao para as condicoes do item anterior.
124 Captulo 3: Fluxo de Potencia
Captulo 4
4.1 Introducao
Este captulo apresenta a base teorica do estudo do curto-circuito em sistemas de energia eletrica.
Inicialmente, descreve-se o fundamento analtico da analise de faltas simetricas, ou seja, daque-
las cuja ocorrencia nao causa desbalanco entre as fases do sistema trifasico. Este tipo de curto
circuito envolve simultaneamente as tres fases do sistema eletrico e a sua formulacao analtica
e de grande auxlio para a compreensao do estudo de curto circuito. Posteriormente, enfoca-se
a analise do curto circuito desbalanceado. para esta nalidade, utiliza-se o conceito de de-
composicao em componentes simetricos, apresentado no captulo 1 para a solucao de circuitos
trifasicos desequilibrados. No presente caso, o aspecto complementar enfocado e a analise do
gerador sncrono operando em vazio, submetido a faltas assimetricas e a sua correlacao com os
circuitos equivalentes de Thevenin das redes de sequencia. Isto forma a base do procedimento
tradicional do estudo de faltas assimetricas.
As faltas podem ainda ser permanentes ou transitorias. As primeiras sao irreversveis. Apos
a atuacao da protecao, o fornecimento de energia eletrica nao podera ser restabelecido sem que
sejam efetuados os devidos reparos na rede defeituosa. Esse tipo de falta pode ocorrer, por
exemplo, devido ao rompimento dos condutores. As faltas transitorias sao aquelas que ocorrem
sem danos fsicos ao sistema de potencia. Isto signica que a operacao normal da rede eletrica
podera ser restabelecida sem maiores diculdades apos a atuacao da protecao, cujo estudo
envolve basicamente:
a capacidade dos equipamentos que devem interromper a corrente na linha com defeito
(disjuntores, religadores automaticos, chaves fusveis);
a corrente de falta;
R L
i(t)
+
e(t) Chave fecha
em (t = 0)
-
e(t) = Vm sin(t + )
1
O texto a seguir e baseado nas referencias [1, 4, 8].
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 127
e
Rt
Vm
i(t) = sin(t + ) sin( ) exp L
Z
L
onde Z = R2 + 2 L2 e = arctan( ).
R
A corrente de curto circuito e expressa por
i(t) = iac (t) + icc (t)
Vm Vm
sin( ) exp L sao denominadas respectiva-
Rt
onde iac (t) = sin(t + ) e icc (t) =
Z Z
mente componente alternada e componente contnua da corrente de curto circuito. Em geral a
componente contnua existe em t = 0 e sua magnitude pode ser tao grande quanto a da corrente
de regime permanente.
O valor da corrente de curto circuito i(t) depende do angulo , da onda de tensao. Como
o instante em que ocorre a falta nao e previsto, nao e conhecido a priori. Alem disso, desde
que as tensoes trifasicas do gerador sncrono estao defasadas de 1200 , cada fase tera um valor
diferente da componente de corrente contnua. Esta componente decresce rapidamente, em geral
dentro de 8 a 10 ciclos.
O valor da indutancia L e suposto constante, apesar de que a rigor imediatamente apos a
ocorrencia da falta a reatancia da maquina sncrona varia com o tempo. Assim, costuma-se
representar o gerador sncrono por uma tensao constante em serie com uma impedancia variante
no tempo, a qual consiste basicamente da reatancia indutiva, desde que a resistencia das bobinas
da armadura e muito menor em magnitude do que a reatancia do eixo direto.
A forma da corrente de falta, que pode ser registrada por um oscilografo, representacao na
qual frequentemente a componente contnua da corrente e removida. Nesses registros, pode ser
vericado que a amplitude da forma senoidal decresce de um valor inicial alto ate um valor de
regime permanente mais baixo. Observa-se que o uxo magnetico associado as correntes de curto
circuito na armadura (ou pela fmm resultante na armadura) inicialmente percorre os caminhos
de alta relutancia que nao enlacam o enrolamento de campo ou os circuitos amortecedores
da maquina. Segundo o Teorema dos Fluxos de Dispersao Constante, o enlace de fluxo num
caminho fechado nao pode variar instantaneamente. A indutancia da armadura e inversamente
proporcional a relutancia, e portanto seu valor e inicialmente baixo. Na medida em que o uxo
percorre os caminhos de relutancia mais baixa, a indutancia da armadura aumenta.
Uma interpretacao alternativa indica que o uxo magnetico atraves do entreferro da maquina
possui valor elevado no instante de tempo em que a falta ocorre, apos o qual comeca a decrescer.
Quando a falta ocorre nos terminais da maquina sncrona, algum tempo e necessario ate a
reducao do uxo atraves do entreferro. Desde que a tensao produzida pelo uxo no entreferro
regula a corrente, enquanto o uxo decresce a corrente da armadura tambem decresce.
A componente alternada da corrente de falta iac (t) pode ser modelada por um circuito RL
serie com indutancia variante no tempo L(t) ou reatancia X(t) = L(t). Para o calculo da
corrente de falta, esta reatancia variante pode ser representada por tres valores basicos:
a reatancia subtransitoria de eixo direto, denotada Xd , que predomina durante o primeiro
ciclo apos a ocorrencia da falta (ate 0,05-0,10 segundos). Este valor inclui a reatancia de
dispersao das bobinas do estator e do rotor do gerador, as inuencias dos enrolamentos
amortecedores e as partes solidas consideradas na dispersao do rotor;
a reatancia transitoria de eixo direto, denotada Xd , que predomina durante alguns ciclos
em 60 Hz (ate 0,2-2,0 segundos). Este valor inclui a reatancia de dispersao do estator e as
128 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
bobinas de excitacao do gerador. Em geral Xd > Xd , ou Xd Xd (se os polos do rotor
sao laminados e nao possuem enrolamentos amortecedores).
Na maquina de polos salientes, o ndice d se refere a uma posicao do rotor em que o eixo das
bobinas do rotor coincide com o eixo das bobinas do estator, tal que o uxo magnetico passa
diretamente atraves da face polar, razao pela qual este eixo e denominado eixo direto. Por outro
lado, o eixo em quadratura esta defasado 900 eletricos do eixo direto adjacente, sendo associado
as grandezas Xq , Xq e Xq . Porem, se a resistencia da armadura e pequena as reatancias do
eixo em quadratura nao afetam signicativamente a corrente de curto circuito e portanto nao
sao relevantes para o calculo da corrente de falta. Nas maquinas de rotor cilndrico, os valores
de Xd e Xq sao aproximadamente iguais, e portanto nao ha necessidade da diferenciacao.
10
5
ia, A
10
15
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
t, sec
As guras 4.2, 4.3 e 4.4 ilustram a variacao da corrente nas fases de uma maquina sncrona
de polos salientes, com valores nominais 500 MVA, 30 kV, 60 Hz, sujeita a um curto circuito
trifasico solido nos terminais da armadura (ver referencia [9], pagina 327, para maiores detalhes
sobre a obtencao dessas curvas).
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 129
20
15
ib, A
10
5
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
t, sec
5
ic, A
10
15
20
25
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
t, sec
Observa-se nestas guras, que a magnitude da corrente e alta no instante imediato apos a
ocorrencia da falta e tende a se manter constante apos um determinado intervalo de tempo. Os
diferentes valores da reatancia da maquina sncrona durante o curto circuito trifasico sao dados
por
Emax Emax Emax
Xd = Xd = Xd =
Imax Imax Imax
onde Emax e a tensao maxima fase-neutro pre-falta do gerador. Apesar da sua variacao inicial,
valores constantes de reatancia sao utilizados nos diferentes tipos de modelagem. Assim, a
reatancia subtransitoria Xd e usada na analise de curto circuito, a reatancia transitoria Xd e
usada em estudos de estabilidade transitoria e a reatancia sncrona Xd e utilizada em estudos
130 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
de regime permanente.
A rigor, a condicao de operacao da rede eletrica antes da falta e representada pelas correntes e
tensoes nodais obtidas na solucao do problema de uxo de potencia. Porem, em funcionamento
normal as tensoes sao mantidas proximas ao seu valor nominal, de forma que as correntes pre-
falta sao quase que puramente reais. Por outro lado, a variacao da corrente nas linhas devida
a falta e predominantemente reativa. Assim, a corrente total, que e a expressa como a soma
vetorial de duas correntes (pre e pos-falta) defasadas de quase 900 , e praticamente igual a maior
dessas duas correntes. Isto equivale a ignorar as cargas e as admitancias shunt e adotar as
seguintes hipoteses simplicadoras:
Para determinar o circuito equivalente da rede antes da falta, deve-se inicialmente modelar
analiticamente cada componente do sistema, basicamente as linhas de transmissao, os geradores
e motores sncronos e de inducao, os transformadores e as cargas.
Em geral, a susceptancia em derivacao e a resistencia serie das linhas de transmissao sao
desprezadas e portanto as linhas sao representadas pelas sua reatancia serie equivalente (de
sequencia positiva).
Os geradores e motores sncronos sao representados por uma forca eletromotriz interna con-
stante em serie com a reatancia subtransitoria, conforme ilustrado na gura 4.5. Geralmente,
a resistencia da armadura, a saliencia dos polos e os efeitos de saturacao sao desprezados. Os
motores de inducao de pequeno porte (potencia menor do que 50 HP) nao sao considerados e
os de grande porte (potencia maior do que 50 HP) sao representados de forma semelhante a das
maquinas sncronas.
Os transformadores sao representados pela sua reatancia de dispersao, conforme mostrado na
gura 4.6. A resistencia dos enrolamentos, as admitancias shunt correspondentes aos parametros
transversais e os deslocamentos de fase Y sao desprezados.
Geralmente todas as cargas nao rotativas sao desprezadas. Porem, cargas signicativas
podem ser representadas por uma admitancia em derivacao, conforme mostrado na gura 4.7.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 131
Vi
Zgi = jXd
Vi +
E fi
G -
Sgi = Pgi + jQgi
jXt
Vi Vj
Vi Vi
I di
I di
Pdi jQdi
Ydi =
Sdi = Pdi + jQdi Vi2
A simplicacao resultante dessas suposicoes nao e valida para todos os casos da analise de
faltas. Por exemplo, as linhas de distribuicao primaria e secundaria possuem valor de resistencia
serie que pode reduzir signicativamente a magnitude das correntes de falta e portanto nao
devem ser desprezadas no calculo das correntes de curto circuito.
Para mostrar como e feita a analise de um curto circuito trifasico, considere o sistema mostrado
na gura 4.8. O circuito monofasico equivalente antes da ocorrencia da falta e mostrada na
gura 4.9. o qual pode ser reduzido a forma mostrada na gura 4.10.
132 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
G 1 2 M
T1 LT T2
jXm
jXg
Chave S
+ +
Eg Em
- -
jXeq
jXg
Chave S
+ +
Eg Em
- -
As tensoes internas das maquinas Eg e Em sao supostas constantes para o calculo da corrente
de falta. Quando ocorre um curto circuito trifasico solido na barra 1, a tensao nesta barra se
anula. Esta condicao pode ser representada analiticamente por duas fontes opostas e de mesma
magnitude conectadas em serie, conforme mostra a gura 4.11. A magnitude da tensao em
ambas as fontes e Vi0 , valor da tensao pre-falta na barra onde ocorre o curto circuito.
A solucao do circuito eletrico mostrado na gura 4.11, para o calculo da corrente de falta
pode ser obtida aplicando-se o Teorema da Superposicao. Para isto, dois circuitos sao resolvidos.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 133
jXt1
1 2
Ig
IF Im
+
jXg1 V10 jXm
-
+ +
-
Eg Em
V10
+ -
-
O primeiro, mostrado na gura 4.12, fornece a resposta a uma das quatro fontes de tensao, Ig1 ,
IF1 e Im1 . E importante observar que, sob o ponto de vista de contribuicao para a corrente de
falta, este circuito pode ser interpretado como o equivalente de Thevenin visto da barra onde
ocorre a falta. O segundo circuito, apresentado na gura 4.13, fornece a resposta as outras tres
jXg1 jXm
+
-
V10
+ -
fontes de tensao, Ig2 , IF2 e Im2 . Desde que Vi e a tensao no ponto do curto circuito antes da
falta ocorrer, este circuito representa a condicao de operacao pre-falta do sistema. A fonte de
tensao conectada entre a barra 1 e o no de referencia nao exerce nenhum efeito sobre o sistema,
e portanto a contribuicao a corrente de falta IF2 e nula, conforme mostra o circuito da gura
4.14.
A corrente subtransitoria de falta e simplesmente
IF = IF1
134 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
Eg Em
- -
Eg Em
-
- -
Ex. 4.1 Suponha que o gerador sncrono da figura 4.8 esta suprindo potencia aparente nominal,
com fator de potencia 0,95 atrasado e a uma tensao 5% acima da nominal.Os parametros do
referido sistema sao os seguintes:
transformador 1: 100 MVA, 13,8()/138(Y ) kV, 0,1904 /fase (referida ao lado de baixa
tensao);
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 135
transformador 2: 100 MVA, 13,8()/138(Y ) kV, 0,1904 /fase (referida ao lado de baixa
tensao);
Supondo a ocorrencia de uma falta trifasica solida na barra 1, calcule os valores no sistema
por unidade e em unidades reais,
Adotando como base os valores nominais do gerador sncrono, a impedancia base no lado de
13,8 kV dos transformadores e
(13, 8k)2
Zb = = 1, 9044
100M
os parametros dos componentes da rede em estudo no sistema por unidade sao:
0, 2857
gerador: Xg = = 0, 15 pu;
1, 9044
0, 1904
transformadores: Xt1 = Xt2 = = 0, 10 pu;
1, 9044
20, 0
linha de transmissao: XLT = = 0, 105 pu
190, 44
0, 3809
motor sncrono: Xm = = 0, 20 pu;
1, 9044
A impedancia equivalente vista do ponto onde ocorre a falta e (ver figuras 4.11 a 4.14)
0, 150(0, 505)
Zth = jXth = = j0, 1156 pu
0, 150 + 0, 505
V10 1, 0500
IF = = = j9, 079 pu
Zth j0, 1156
e no motor e Im2 = Ig2 , tal que as contribuicoes do gerador e do motor a corrente de falta sao
respectivamente
Ig = Ig1 + Ig2
= j7, 000 + 0, 9524 18, 190
= 7, 353 82, 90 pu
= 30, 7627 82, 90 kA
Im = Im1 + Im2
= j2, 079 0, 9524 18, 190
= 1, 999243, 10 pu
= 8, 3632243, 10 kA
Vkpf = Vk0 + Vk
onde Vk0 e a tensao pre-falta na barra k e Vk representa a variacao de tensao na barra j apos
o curto circuito.
A operacao em regime permanente e representada pela equacao
ou alternativamente,
Vbarra = Zbarra Ibarra
tal que na operacao pos-falta,
( )
Vpf = Zbarra I0barra + Ipf
barra
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 137
0 (referencia)
-
VF
+
Z1j r Znj
Z12 Z2j
I1 I2 Ij In
1 2 j n
+ + + +
V1 V2 Vj Vn
- - -
-
Vk0 = VF0 , k = 1, . . . , n
O curto circuito na barra j pode ser representado pelo fechamento da chave localizada nesta
barra. Neste caso, a tensao nesta barra se anula, porem a injecao de corrente e diferente de zero,
isto e,
Vjpf = 0
VF0
IFj =
Zjj
onde, IFj e a injecao de corrente na barra j.
O curto circuito trifasico pode ser visto como uma fonte que injeta uma corrente igual a
IFj na barra j (elemento j do vetor Ibarra ), enquanto que todos os outros elementos do vetor
138 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
das injecoes de corrente Ibarra ), sao nulos. Assim, a variacao da tensao em cada barra devida
ao curto circuito na barra j e dada por
V1 Z11 Z12 Z1j Z1n 0
V2 Z21 Z22 Z2j Z2n 0
.. .. .. .. .. ..
. . . . . .
Vbarra = =
V Z Z Zjj Zjn IF pos. j
j j1 j2 j
.. .. .. .. ..
. . . . .
Vn Zn1 Zn2 Znj Znn 0
resultando
V1 Z1j IFj
V2 Z2j IFj
.. ..
. .
Vj = Zjj IF
j
.. ..
. .
Vn Znj IFj
Apenas a j-esima coluna da matriz impedancia de barra e necessaria para se calcular a
variacao da magnitude da tensao em cada barra quando ocorre um curto circuito trifasico na
barra j. A corrente IFj induz uma queda de tensao em cada ramo do circuito, a qual e dada por
( )
Zkj
Zkj IFj = VF
Zjj
tal que, em termos genericos a tensao na barra k em relacao ao neutro e
( )
pf Zkj
Vk = 1 VF0
Zjj
A gura 4.16 mostra a representacao do curto circuito trifasico na barra j, quando o mesmo
ocorre atraves de uma impedancia de falta ZF .
Vj j
IF j
ZF
Neste caso,
Vjpf = Vj0 + Vj
= ZF I F j
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 139
e
Vj0
IFj =
(ZF + Zjj )
onde Vj0 = VF0 , tal que
Zkj
Vk = V0 k = 1, 2, . . . , n
(ZF + Zjj ) F
e, desde que
Vkpf = Vk0 + Vk
entao
Zkj
Vkpf = VF0 V0
(ZF + Zjj ) F
ou seja, [ ]
Zkj
Vkpf = 1 VF0
(ZF + Zjj )
e, no caso particular da barra j,
[ ]
ZF
Vkpf = VF0
(ZF + Zjj )
Apos o calculo da tensao pos-falta em cada barra, e possvel determinar a corrente pos-falta
em todos os componentes da rede eletrica. Por exemplo, a corrente na linha de transmissao que
interliga as barras i e j e dada por
( )
Vipf Vjpf
Ipf
ij =
Zserij
Ex. 4.2 Considere o sistema do exemplo 4.1, onde a tensao pre-falta e 1,05 pu e que as correntes
pre-falta sao desprezadas. O circuito monofasico equivalente e mostrado na figura 4.17, para o
qual as matrizes admitancia e impedancia de barra sao respectivamente
[ ]
9, 9454 3, 2787
Ybarra = j
3, 2787 8, 2787
[ ]
1 0, 1156 0, 0458
Zbarra = Ybarra = j
0, 0458 0, 1389
VF
IF1 =
Z11
1, 0500
=
j0, 1156
= j9, 83 pu
140 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
j3, 2787 pu
1 2
Ig
Im
+
j6, 666 pu j5, 0 pu
VF
+ +
Em
Eg
-
- -
G1 G2
1 2
IF13 IF12
D1 D2
3
Carga
em pu e
CCC = 3VF0 IFj
com VF0 em kV entre linhas e IFj em kA por fase.
Desde que em geral VF0 = 1, 0 pu, entao
VF0
IFj =
Zjj
e
1
CCC =
Zjj
Ex. 4.3 Os dados do sistema cujo diagrama unifilar e mostrado na figura 4.19 sao os seguintes:
gerador: 30,0 MVA, 13,8 kV, Xg =20 %;
Supondo que ocorre um curto circuito trifasico solido (envolvendo a terra) na barra 2, de-
terminar:
2
3
M
1
G 1 T 2 4
M
5
M
valores das impedancias dos equipamentos no sistema por unidade na base 100 MVA e
tensoes nominais:
( )( )
100 13, 8 2
gerador: Xg = 0, 20 = 0, 667 pu;
30 13, 8
( )( )
100 13, 8 2
transformador: Xt = 0, 10 = 0, 333 pu;
30 13, 8
( )( )
100 6, 9 2
motores: Xm = 0, 15 = 1, 875 pu;
8 6, 9
[ ]
1 0, 393 0, 256
Zbarra = Ybarra =j
0, 256 0, 385
100 1000
Corrente base no gerador: Ibg = = 4183, 7 A
3 13, 8
100 1000
Corrente base no motor: Ibm = = 8367, 4 A
3 6, 9
VF0 2
IF2 =
Z22
1, 0000
=
j0, 385
= j2, 6 pu
= j21, 734 kA
tensoes pos-falta:
(
)
Z12
V1 = 1 V1
Z22
( )
j0, 256
= 1 1, 0000
j0, 385
= 0, 33500 pu
V2 = 0, 0 pu
I1 = I12
V1 V2
=
Z12
0, 333 0, 0
=
j0, 333
= j1, 0 pu
= j4, 1837 kA
I2 = I1
= j1, 0 pu
= j8, 3674 kA
IF2 I2
I3 =
3
j2, 6 (j1, 0)
=
3
= j0, 533 pu
= 4, 4626 kA
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 145
componentes de sequencia zero, representados por tres fasores iguais (isto e, de mesmo
modulo e mesmo angulo).
Vc1
Vc0
Vc2 Vb2
Va0
Va1
Vb0
Va2
Vb1
Vb2 Vc
Vb
Va1 Vc1
Vb0
Va Vc0
Va0 Vc2
Va2 Vb1
Sistema desbalanceado
O fasor original e denido como a soma dos componentes correspondentes em cada sistema.
146 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
onde os fasores Ia , Ib e Ic pertencem ao domnio de fase e os fasores Ia0 , Ia1 , Ia2 , Ib0 , Ib1 , Ib2 ,
Ic0 , Ic1 e Ic2 pertencem ao domnio de sequencia. Observe que conhecendo-se as componentes
de sequencia de uma fase, as componentes de sequencia das outras fases sao automaticamente
determinadas com base no Teorema de Fortescue.
Visando simplicar a Eq. (4.1), seja o operador a denido como
a = 11200
= cos 1200 + j sin 1200
1 3
= +j
2 2
o qual aplicado a um fasor gira o mesmo de 1200 sem alterar o seu modulo. As componentes de
sequencia podem ser expressas em funcao das grandezas correspondentes a fase a, tal que a Eq.
(4.1) e re-escrita como
ou em forma matricial,
Ia 1 1 1 Ia0
Ib = 1 a2 a Ia1 (4.3)
Ic 1 a a2 Ia2
e na forma compacta,
If = AIs (4.4)
onde If e Is sao vetores coluna de ordem 3 1, cujas componentes sao os fasores corrente dos
domnios de fase e sequencia, respectivamente; e A e uma matriz de ordem 3 3 expressa por
1 1 1
A = 1 a2 a
1 a a2
No caso dos fasores tensao, as expressoes correspondentes as Eqs. (4.3), (4.4), (4.5) e (4.6)
sao
Van 1 1 1 Va0
Vf = AVs V bn
= 1 a2 a Va1 (4.7)
Vcn 1 a a2 Va2
e
Va0 1 1 1 Van
Vs = A1 Vf Va1 = 1 1 a a2 Vbn (4.8)
3
Va2 1 a2 a Vcn
onde as componentes de sequencia das Eqs. (4.7) e (4.8) referem-se aos fasores tensao fase-
neutro. Observe que expressoes semelhantes a essas equacoes podem ser escritas para os fasores
tensao de linha (fase-fase), utilizando as mesmas matrizes de transformacao.
1. das tensoes trifasicas fase-neutro de magnitude 380 V, tomando o fasor Van como re-
ferencia e sequencia de fases positiva;
Cargas Estaticas
Seja uma carga constituda de tres impedancias Zy , conectadas em Y , aterrada atraves da
impedancia Zn , conforme mostra a gura 4.21.
Os fasores tensao de cada fase ao no de terra sao dados por
Vf = Z f I f (4.11)
148 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
a
Ia
b
Ib
Za Zb
Zc
Zn
In
Ic
c
t - no de terra
onde o ndice f indica que os componentes desta equacao pertencem ao domnio de fase.
As tensoes e correntes dos domnios de fase e sequencia sao relacionadas por
Vf = AVs If = AIs
Vs = Zs Is
onde Vs e Is sao vetores cujos termos sao os componentes simetricos da tensao fase-terra e da
corrente de linha, e Zs = A1 Zf A e a matriz impedancia convertida ao domnio de sequencia,
a qual e dada por
Za + Zb + Zc + 9Zn Za + a2 Zb + aZc Za + aZb + a2 Zc
1
Zs = Za + aZb + a2 Zc Za + Zb + Zc Za + a2 Zb + aZc (4.12)
3 2 2
Za + a Zb + aZc Za + aZb + a Zc Za + Zb + Zc
e portanto
Va0 Za + Zb + Zc + 9Zn Za + a2 Zb + aZc Za + aZb + a2 Zc Ia0
Va1 = 1 Za + aZb + a2 Zc Za + Zb + Zc Za + a2 Zb + aZc Ia1 (4.13)
3
Va2 Za + a2 Zb + aZc Za + aZb + a2 Zc Za + Zb + Zc Ia2
As Eqs. (4.10) e (4.13) representam analiticamente o sistema da gura 4.21 nos domnios de
fase e sequencia, respectivamente. Se a carga e balanceada,
Za = Zb = Zc = Zy
+ + +
- - -
A Eq. (4.14) consiste de tres equacoes desacopladas, que podem ser representadas em termos
de circuitos monofasicos de sequencia positiva, negativa e zero, conforme mostra a gura 4.21.
No domnio de fase, a corrente que ui no neutro do sistema trifasico e dada por
In = Ia + Ib + Ic
e desde que
entao
Ia + Ib + Ic = 3Ia0
e portanto
In = 3Ia0
As cargas conectadas em Y solidamente aterrado, Y sem aterramento e sao casos partic-
ulares da carga conectada em Y -aterrado. Nos dois primeiros casos, as impedancias do neutro
valem respectivamente Zn = 0 e Zn = . A carga em e equivalente a uma carga conectada
em Y sem aterramento, casos nos quais a soma fasorial das correntes de linha e zero; isto e,
Ia + Ib + Ic = 0
o que implica em
Ia0 = 0
Portanto, as correntes de sequencia zero existem apenas em sistemas trifasicos desequilibra-
dos e com neutro aterrado.
Zlt
a a
Zlt
b b
Zlt
c c
ou na forma compacta
Vf Vf = Zf If
De forma analoga ao caso da carga estatica,
Vf = AVs
Vf = AVs
If = AIs
tal que
Vs Vs = A1 Zf AIs
e portanto
Va0 Va0 Z0 0 0 Ia0
Va1 Va1 = 0 Z1 0 Ia1 (4.16)
Va2 Va2 0 0 Z2 Ia2
onde Va0 , Va0 , Va1 , Va1 , Va2 e Va2 sao as componentes de sequencia das tensoes complexas
na entrada e na sada da linha de transmissao, respectivamente; Z0 , Z1 e Z2 sao as impedancias
de sequencia da linha de transmissao (em geral fornecidas pelos fabricantes ou determinadas
atraves de ensaios apropriados), e Ia0 , Ia1 e Ia2 sao as componentes de sequencia das correntes
de linha. As componentes da Eq. (4.16) sao desacopladas e podem ser representadas pelos
circuitos da gura 4.24.
A linha de transmissao e um componente estatico do sistema de potencia e portanto suas
impedancias de sequencia positiva e negativa sao iguais. E difcil determinar com precisao a
sua impedancia de sequencia zero porque as correntes de sequencia zero podem retornar pelos
mais variados caminhos, tais como o cabo de cobertura, o aterramento, as torres da linha etc.
Alem disso, a impedancia da terra depende do tipo de solo, umidade e outros fatores, tal que no
calculo desta impedancia costuma-se se fazer hipoteses simplicadoras em relacao a distribuicao
das correntes. Por esta razao, o valor da impedancia de sequencia zero e o parametro com menor
precisao em estudos de curto circuito, sendo recomendavel obter esse parametro por meio de
ensaios de campo. Em primeira aproximacao pode-se tomar Z0 = 3 a 3,5 Z1 .
Maquina Sncronas
A gura 4.25 mostra um gerador sncrono, com as bobinas da armadura conectadas em Y -
aterrado. Cada fase e composta por uma fonte de tensao independente, representando a tensao
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 151
+ + + + + +
- - - - - -
In +
Efc
Zn
-
Zg
Ic
t: no de terra c
a qual representa analiticamente o gerador sncrono da gura 4.25 e pode ser expressa na forma
compacta no domnio de fase como
Vf = Zf If + Ef (4.19)
onde Zg1 , Zg2 e Zg0 sao as impedancias se sequencia positiva, negativa e zero, respectivamente,
do gerador sncrono. Essas impedancias sao determinadas em ensaios baseados na relacao tensao-
corrente da maquina sncrona. Por exemplo, a impedancia de sequencia positiva e determinada
atraves do ensaio de curto circuito no gerador sncrono. De maneira analoga, as impedancias de
sequencia negativa e zero sao determinadas submetendo-se este equipamento as tensoes trifasicas
de sequencia negativa e zero, respectivamente. Esses valores sao geralmente fornecidos pelos
fabricantes.
A Eq. (4.20) representa analiticamente o gerador sncrono da gura 4.25 no domnio de
sequencia. E facil observar que as equacoes correspondentes as componentes de sequencia posi-
tiva, negativa e zero sao desacopladas, podendo cada uma ser representada por um circuito de
sequencia, conforme mostra a gura 4.26.
+ + + +
- - - -
Observe que estes circuitos sao simplicados, sendo desprezados os efeitos de saliencia de
polos, saturacao e outros fenomenos transitorios mais complexos. Os circuitos de sequencia
do motor sncrono sao semelhantes aos do gerador, exceto pelo sentido das componentes de
sequencia da corrente em cada circuito. No caso do motor de inducao, desde que o enrolamento
de campo (rotor) destes equipamentos nao e excitado por corrente contnua, a fonte independente
que representa a forca eletromotriz interna e removida (substituda por uma impedancia nula
ou curtocircuitada).
Ex. 4.5 Considere um sistema trifasico onde as seguintes tres cargas conectadas em paralelo
sao supridas por um a alimentador operando na tensao de 380 V:
carga 1: conectada em e constituda por tres impedancias iguais a 24 + j18 /f ase;
As impedancias de sequencia da linha de transmissao que conecta a fonte a carga sao iguais a
Z1 = Z2 = 0,087 + j0,996 /fase, e Z0 = 0,25 + j2,88 /fase.
3. as potencias complexas absorvida pela carga total e fornecida pela fonte, a perda de
potencia ativa e reativa no sistema de transmissao;
Transformadores
Um modelo simplicado consistindo apenas de uma reatancia e adotado para representar o
transformador. Desde que os transformadores sao equipamentos estaticos, a impedancia de
dispersao nao variara se a sequencia de fase for alterada. Por esta razao, a impedancia de
sequencia positiva deste equipamento e igual a sua impedancia de dispersao, a qual e obtida
atraves do ensaio de curto-circuito, isto e,
Z1 = Z2 = jXt
3ZN Z0 3Zn
3ZN Z0
Z0
jXp jXs
P
S
T
jXt
Curto-Circuito Fase-Terra
Considere a gura 4.31, a qual representa um gerador sncrono sujeito a um curto circuito solido
fase-terra na fase a. As equacoes que modelam este tipo de curto circuito no domnio de fase
sao,
Va = 0
Ib = Ic = 0
156 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
Va a
Ia
Vb b
Zy Zy
Ib
IF
Zy ZN
Ic
Vc c
1 1 1 Ia
1
= 1 a a2 0
3
1 a2 a 0
resultando
Ia0 Ia
Ia1 = 1 Ia
3
Ia2 Ia
ou seja,
Ia0 = Ia1 = Ia2 (4.21)
tal que a corrente que ui para a terra e
IF = Ia = 3Ia0
+ + + +
- - - -
Figura 4.32: Conexao dos circuitos de sequencia do gerador sncrono na falta fase-terra
das redes de sequencia na forma apresentada na gura 4.32 constituem um modo conveniente de
estabelecer as equacoes para a solucao do problema do curto-circuito fase-terra. Por exemplo,
pode-se calcular a componente de sequencia da corrente no circuito da gura 4.32 e entao
determinar a corrente de falta IF = Ia = 3I0 . Se o neutro do gerador nao estiver aterrado
ZN = e IF = 0, e portanto nao circula corrente na linha a. Isto pode ser visto tambem pela
simples inspecao do circuito trifasico, pois nao existe caminho de retorno para a corrente de
defeito, a menos que o neutro de gerador seja aterrado.
Curto-Circuito Fase-Fase
Va a
Ia
Vb b
Zy Zy
Ib
IF = Ib = Ic
IN = 0
Zy ZN
Ic
Vc c
Este tipo de falta, ilustrado na gura 4.33, e caracterizado pelas seguintes equacoes no
domnio de fase:
Vb = V c
Ia = 0
Ic = Ib
Em termos de componentes de sequencia:
Ia0 1 1 1 Ia
Ia1 = 1 1 a a2 Ib
3
Ia2 1 a2 a Ic
1 1 1 0
1
= 1 a a2 Ib
3
1 a2 a Ib
o que fornece
Ia0 ( + Ib 2 Ib))
(0
Ia1 = 1
3 (aI2 b a Ib )
Ia2 a Ib aIb
ou seja,
Ia0 = 0 (4.23)
e
Ia2 = Ia1 (4.24)
conforme esperado pois o curto nao envolve a terra.
Por outro lado
Va0 1 1 1 Va
Va1 = 1 1 a a2 Vb
3
Va2 1 a2 a Vc
1 1 1 Va
1
= 1 a a 2 Vb
3
1 a2 a Vb
resultando
Va0 ( (Va + Vb + V b) )
1
Va1 = Va + aVb + a2 Vb
3 ( )
Va2 Va + aVb + a2 Vb
e portanto
Va1 = Va2 (4.25)
Do circuito de sequencia zero,
Va0 = (jX0 + 3ZN ) Ia0
pore, desde que Ia0 = 0, entao
Va0 = 0 (4.26)
O exame das equacoes 4.23, 4.24, 4.25 e 4.26 indica que para representar este tipo de falta
os modelos de sequencia positiva e negativa devem ser ligados em paralelo, conforme ilustra a
gura 4.34.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 159
jX0 Ia0
+ jX1 Ia 1 + jX2 Ia 2 + +
- - - -
Figura 4.34: Conexao dos circuitos de sequencia do gerador sncrono na falta fase-fase
Curto-Circuito Fase-Fase-Terra
Este tipo de curto e representado na gura 4.35. e as condicoes que descrevem analiticamente a
Va a
Ia
Va b
Zy Zy
Ib
IF = Ib + Ic
Zy ZN
Ic
Vc c
V b = Vc = 0
Ia = 0
160 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
1 1 1 Va
1
= 1 a a2 0
3
1 a2 a 0
resultando
Va0 Va
Va1 = 1 Va
3
Va2 Va
ou seja,
Va
Va0 = Va1 = Va2 = (4.27)
3
e
Ia = Ia0 + Ia1 + Ia2 = 0 (4.28)
Para que as equacoes 4.27 e 4.28 sejam satisfeitas, as redes de sequencia do gerador sncrono
devem ser ligadas em paralelo, conforme mostra a gura 4.37.
- - - -
Figura 4.36: Conexao dos circuitos de sequencia do gerador sncrono na falta fase-fase-
terra
Observe-se que,
IF = Ib + Ic
porem,
Ia + Ib + Ic = 3Ia0
IF = Ib + Ic = 3Ia0
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 161
Va a
Ic
Vb b
Zy Zy
Ia
IN = 0
Ia + Ib + Ic
Zy ZN
Ib
Vc c
Este tipo de falta, ilustrado na gura 4.37, e caracterizado pelas seguintes equacoes:
Va = V b = V c = 0
Ia + Ib + Ic = 0
Va0 1 1 1 Va
Va1 = 1 1 a a2 Vb
3
Va2 1 a2 a Vc
1 1 1 0
1
= 1 a a2 0
3
1 a2 a 0
resultando
1 1 1 Ia
1
= 1 a a2 a2 Ia
3
1 a2 a aIa
fornecendo ( )
Ia0 Ia( 1 + a2 + a ) 0
Ia1 = 1 Ia 1 + a3 + a3 = Ia
3 ( )
Ia2 I a 1 + a4 + a2 0
e portanto
Ia0 = 0
Ia1 = Ia (4.30)
Ia2 = 0
De 4.29 e 4.30, observa-se que a condicao estabelecida pela equacao 4.29 implica em que
todas as redes de sequencia estao em curto, conforme representado na gura 4.38.
- - - -
Figura 4.38: Conexao dos circuitos de sequencia do gerador sncrono na falta trifasica
Se o curto trifasico nao envolve a terra, entao as condicoes do defeito sao ainda,
Va = V b = V c = 0
Ia + Ib + Ic = 0
Note que, desde que Ia0 = 0, o circuito de sequencia zero tambem pode ser deixado em
aberto.
1. Considera-se que as tensoes nas barras sao iguais (em geral a 1,0 pu ou a um valor
fornecido) e despreza-se todas as correntes pre-falta nas linhas do sistemas.
5. As correntes nos elementos do sistema que uem para o ponto do onde ocorre o curto
circuito sao calculadas desprezando-se as cargas. Estas correntes sao portanto devidas
exclusivamente a falta.
7. Se a corrente pre-falta for considerada, as correntes pos-falta nas linhas sao obtidas
aplicando-se o Teorema da Superposicao.
8. Obtidas as correntes nas linhas pode-se entao determinar a capacidade de interrupcao dos
diversos disjuntores e os ajustes dos reles de protecao.
Ex. 4.6 Considere o sistema do exemplo 4.1, com os seguintes dados adicionais:
[ ]
1 0, 1156 0, 0458
Z1barra = Ybarra =j
0, 0458 0, 1389
[ ]
1 0, 1278 0, 0521
Z2barra = Ybarra =j
0, 0521 0, 1456
[ ]
1 0, 05 0, 00
Z0barra = Ybarra =j
0, 00 0, 25
1, 0500
I0 =
j(0, 250 + 0, 1389 + 0, 1456)
= j1, 9643 pu
Ia 1 1 1 j5, 893
Ib = 1 a2 a j5, 893
Ic 1 a a2 j5, 893
j5, 893 pu (4, 184 = 24, 65 kA)
= 0, 0
0, 0
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 165
0, 4910
= 0, 7771 pu
0, 2860
Vag 1 1 1 0, 4910
Vbg = 1 a2 a 0, 7771
Vcg 1 a a2 0, 2860
0, 0
= 1, 179231, 30 pu
1, 179128, 70
I1 = I2
1, 0500
=
j(0, 1389 + 0, 1456)
= j3, 690 pu
I0 = 0, 0
Ia 0, 0
Ib = 6, 3911800 (4, 184 = 26, 74 kA1800 )
Ic 6, 3911800 (4, 184 = 26, 74 kA)
Vag 1 1 1 0, 0
Vbg = 1 a2 a 0, 5373
Vcg 1 a a2 0, 5373
1, 075
= 0, 5373 pu
0, 5373
1, 0500
I1 = [ ]
(0, 1456 0, 250)
j 0, 1389 +
(0, 1456 + 0, 250)
= j4, 5472 pu
( )
0, 25
I2 = j4, 5472
(0, 1456 + 0, 250)
= j2, 8736 pu
( )
0, 1456
I0 = j4, 5464
(0, 1456 + 0, 250)
= j1, 6736 pu
Ia 1 1 1 j1, 6736
Ib = 1 a2 a j4, 5472
Ic 1 a a2 j2, 8736
0, 0
= 6, 8986158, 660 (4, 184 = 28, 86158, 660 kA)
6, 898621, 340 (4, 184 = 28, 8621, 340 kA)
Corrente no neutro:
In = Ib + Ic
= 3I0
= j5, 020 pu (21, 0 kA900 )
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 167
ILTa 1 1 1 0, 0
ILTb = 1 a2 a j1, 3884
ILTc 1 a a2 j0, 8534
0, 5350900 pu (2, 2384900 kA)
= 1, 9558172, 16 pu (0, 8200172, 16 kA)
1, 98137, 845 pu (0, 82007, 845 kA)
Ima 1 1 1 j1, 6736
Imb = 1 a2 a j3, 1587
Imc 1 a a2 j1, 9302
0, 4451900 pu (1, 0623900 kA)
= 4, 9656152, 56 pu (20, 776152, 56 kA)
4, 998627, 4350 pu (20, 77627, 4350 kA)
4.10 Exerccios
4.1 Considere o sistema trifasico cujo diagrama unifilar e mostrado na figura 4.39.
As tensoes pre-falta sao todas iguais a 1, 000 pu. Tomando como base os valores nominais
do gerador 1,
calcular a corrente subtransitoria de falta para um curto circuito trifasico solido na barra
2 em pu e em Amperes;
Gerador 1 1 3
j0,76
50 MVA
13,8 kV
Xg1 = 0, 76
j01,90
Gerador 2
30 MVA 2 j1,52
13,8 kV
Xg2 = 0, 95
4.2 Uma fonte conectada em Y -solidamente aterrado opera com tensoes fase-terra iguais a
Vat = 27700 V, Vbt = 260 1200 V e Vct = 2951150 V, suprindo uma carga trifasica
representada pela matriz de impedancias
10 + j30 5 + j20 5 + j20
Zf = 5 + j20 10 + j30 5 + j20
5 + j20 5 + j20 10 + j30
4.3 Uma fase de um gerador trifasico opera em aberto enquanto as outras duas fases sao
curto circuitadas a terra, circulando nas mesmas as correntes fasoriais Ib = 10001500 A e
Ic = 1000300 A. Determinar os componentes simetricos destas correntes e a corrente que flui
atraves do neutro do gerador.
4.4 Dadas as tensoes fase-terra Vat = 28000 V, Vbt = 250 1100 V e Vct = 2901300 V:
3. verifique a relacao entre as tensoes de fase e de linha dos componentes de sequencia das
tensoes.
4.5 As correntes fasoriais numa carga conectada em sao: Iab = 1000 A, Ibc = 15 900
A e e Ica = 20900 A. Determine:
3. verifique a relacao entre as correntes de fase e de linha dos componentes de sequencia das
correntes.
4.6 Num sistema trifasico, tensoes fase-terra iguais a Vat = 28000 V, Vbt = 250 1100
V e Vct = 2901300 V suprem uma carga balanceada conectada em Y solidamente aterrado,
composta de impedancias iguais a 12 + j16 /fase. Determine os circuitos de sequencia do
sistema e calcule as correntes de linha e suas correspondentes componentes de sequencia.
1. supondo que a fonte e a carga sao conectadas por uma linha de transmissao de impedancia
3 + j4 /fase;
4. supondo que a carga consiste de uma conexao Y composta de impedancias de 3+j4 /fase,
com neutro aterrado por uma reatancia indutiva de 2 . Considere que a carga e compen-
sada por um banco de capacitores conectado em , composto de reatancias de 30 /fase.
4.8 Num sistema trifasico, um gerador sncrono supre um motor atraves de uma linha de
transmissao com impedancia 0.5800 /fase. O motor absorve 5 kW, na tensao de 200 V, com
fator de potencia 0,8 adiantado. As bobinas da armadura do gerador e do motor sao conectadas
em Y aterrado, com impedancias indutivas de 5 . As impedancias de sequencia das maquinas
sao iguais a Z0 = j5, Z1 = j15 e Z2 = j10 . Determine os circuitos de sequencia do sistema
trifasico e calcule as tensoes de linha nos terminais do gerador. Considere o motor uma carga
balanceada.
4.9 Seja um gerador sncrono de 30 MVA, 13,8 kV, reatancia subtransitoria de eixo direto igual
a 10% e reatancias de sequencia negativa e zero iguais respectivamente a 13% e 4%. O neutro
do gerador e aterrado atraves de uma reatancia de 0,2 . O gerador esta operando em vazio
com tensao nominal nos seus terminais. Determinar a corrente subtransitoria (em Amperes)
que passa pela reatancia de aterramento do neutro, quando nos terminais do gerador ocorre um
curto-circuito solido: (a) monofasico a terra, (b) bifasico sem envolver a terra, (c) bifasico a
terra, (d) trifasico a terra.
4.10 Suponha que o o gerador do sistema cujo diagrama unificar e mostrado na figura 4.40,
operava com tensao nominal em seus terminais antes do defeito. Considere ainda que os trans-
formadores sao do tipo nucleo envolvente e os dados do sistema sao os seguintes:
gerador: 25 MVA, 10 kV, X1 = X2 = 0,125 pu,X0 = 0,05 pu, X1 = 1,15 pu;
170 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
Y/Y-sol. aterr. /Y
A corrente que flui para o defeito e as correntes pos-falta na linha de transmissao (am
Amperes), se ocorre um curto circuito bifasico solido (sem envolver a terra) na barra de
alta tensao do transformador T2 .
1 2 3 4 M1
G
Zn
T1 LT T2 M2
Determinar os circuitos equivalentes de Thevenin das redes de sequencia para defeitos que
ocorram no meio da linha de transmissao.
a corrente que flui para a terra se ocorrer um curto-circuito solido no meio da linha
de transmissao.
a corrente que flui para a terra se ocorrer um curto-circuito fase-fase-terra solido no
meio da linha de transmissao.
as tensoes pos falta em cada caso.
4.12 Considere o sistema mostrado na figura 4.42. As impedancias dos componentes sao:
1 2
G1 T1 LT1 T2 G2
LT2
13,8 kV 69 kV 13,8 kV
Transformador T1 : X1 = X2 = X0 = 0, 10 pu;
Transformador T2 : X1 = X2 = X0 = 0, 15 pu;
3 G2
1 2 D
G1
A TR B C
LT
G3
4.14 No sistema trifasico da figura 4.44, suponha que as correntes pre-falta sao desprezveis
e que as barras operam na tensao nominal antes da ocorrencia da falta. As duas linhas de
transmissao possuem reatancias serie de 0,163 (LT1) e 0,327 (LT2) /km por fase e compri-
mentos de 220 km (LT1) e 150 km (LT 2). Adotando como valores base as tensoes nominais
dos equipamentos e a potencia de 1000 MVA, determinar (em valores p.u. e em unidades reais):
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot 173
3 Trafo 2 4 Gerador 2
1 2
Gerador 1 Trafo 1 LT 1
5 Trafo 3 6
LT 2
Componente Snom Vnom X
(MVA) (kV) (%)
Gerador 1 2000 13,8 (Y aterrado) 20
Gerador 2 2000 230 (Y aterrado) 20
Trafo 1 2200 13,8():500(Y aterrado) 10
Trafo 2 500 500(Y aterrado):230(Y aterrado) 10
Trafo 3 1000 500(Y aterrado):138(Y aterrado) 12
a corrente de curto circuito trifasico solido num ponto F da linha de transmissao 1, situado
a 30 km da barra 2;
a corrente que flui no lado de AT do trafo 2, sob as condicoes de falta do item anterior;
4.15 Considere o sistema mostrado na figura 4.45, cujos dados sao mostrados na tabela 4.2.
Supondo que as correntes pre-falta sao nulas e que a tensao na barra 2 e 1,0 pu.
1. determine o circuito monofasico equivalente no sistema por unidade, tomando como base
os valores nominais do transformador 1;
Gerador Motor
LT1 - 220 kV
Trafo T1 2 3 Trafo T2
4.16 A figura 4.46 mostra um gerador sncrono de 625 kVA, 2,4 kV e reatancia subtransitoria
de 20%, operando na tensao nominal, suprindo uma carga constituda de tres motores. Cada
motor possui valores nominais 250 HP, 2,4 kV, fator de potencia unitario, rendimento de 90% e
reatancia subtransitoria de 20%. Supondo que os motores operam todos sob as mesmas condicoes,
adotando os valores nominais do gerador como base e desprezando as correntes pre-falta, a)
calcule a corrente de curto circuito em pu e em unidades reais, que acionaria os disjuntores A
e B na ocorrencia de uma falta trifasica no ponto P ; b) repita o item anterior para uma falta
trifasica no ponto R. Observacao: 1 HP = 746 W.
D
M1
R A C
G M2
B P
M3
Q
4.17 A matriz impedancia de barra do sistema mostrado na figura 4.47 e dada por
0, 0793 0, 0558 0, 0382 0, 0511 0, 0608
0, 0558 0, 1338 0, 0664 0, 0630 0, 0605
Zbarra = j
0, 0382 0, 0664 0, 0875 0, 0720 0, 0603
0, 0511 0, 0630 0, 0720 0, 2321 0, 1002
0, 0608 0, 0605 0, 0603 0, 1002 0, 1301
1 3
2
j0, 168 pu j0, 126 pu
1, 000 pu
1, 000 pu j0, 1333 pu +
+ j0, 1111 pu
5 j0, 210 pu
j0, 126 pu
Despreze as correntes pre-falta. a) Determine a barra com maior capacidade de curto circuito do
sistema e o valor desta; b) calcule a corrente de falta resultante de um curto circuito trifasico solido
na barra do item anterior; c) determine a magnitude da tensao em cada barra e a contribuicao de cada
componente do sistema a corrente de falta, na condicao do item anterior.
100 MVA
T3
25()/230(Y ) kV
Os dados para a analise de faltas, considerando a base de 100 MVA e 25 kV na barra 1, sao
os seguintes:
176 Captulo 4: Analise de Curto Circuito
Transformadores 1, 2 e 3: XT = 0, 05 pu;
2. Determine a capacidade de curto circuito das barras 2 e 3 para faltas fase-terra (em
unidades reais).
3. Determine os fasores tensao na barra 1 sob condicoes de falta fase-terra na barra 2 (em
pu e em kV).
4. Qual o valor da corrente de falta para um curto circuito fase-terra na barra 6 (em pu e
em amperes)?
Apendice A
Sistemas Trifasicos
A.1 Introducao
A teoria de sistemas trifasicos e usada no estudo da operacao das redes de energia eletrica em
regime permanente. Os equipamentos utilizados na operacao desses sistemas sao na sua maioria
trifasicos, o que facilita em muitos casos a aplicacao da teoria apresentada neste captulo. Sob
condicoes de curto circuito assimetrico ou mesmo quando uma carga desequilibrada e suprida,
as correntes e tensoes fasoriais sao desbalanceadas, o que requer um esforco computacional
maior na sua determinacao. As secoes subsequentes mostram os metodos de solucao dos cir-
cuitos trifasicos, com enfase na representacao desses sistemas atraves da sua decomposicao em
Componentes Simetricos. 1
A gura A.1 mostra uma fonte de tensao trifasica, conectada em Y , alimentando uma carga
trifasica balanceada (ou equilibrada, simetrica) conectada em Y . A fonte e suposta ideal e
portanto a sua impedancia e desprezada. As tensoes fase-neutro sao balanceadas, ou seja, iguais
em magnitude e defasadas de 1200 . Considerando a sequencia de fase positiva (ou abc) e tomando
o fasor Van como referencia, as tensoes complexas sao expressas por
Van = Van 00 = Vf 00
Vbn = Vbn 1200 = Vf 1200
Vcn = Vcn 1200 = Vf 1200
1
Alguns dos exerccios propostos no nal deste captulo foram baseados em [1] e [4].
178 Apendice A: Sistemas Trifasicos
+ + Ic
Vcn Van
Ia ZY ZY
- -
n N
-
Vbn ZY
+ Ib
Do circuito da gura A.1, as tensoes de linha (ou fase-fase) sao dadas por
Vab = Van Vbn
= Vf 00 Vf 1200
= Vf (100 1 1200 )
= 3Vf 300
isto e,
os fasores tensao delinha possuem modulo igual a 3 vezes a magnitude dos fasores tensao
fase-neutro (VL = 3Vf );
EEL-UFSC 179
os fasores tensao de linha sao adiantados de 300 em relacao aos correspondentes fasores
tensao fase-neutro.
Desde que as tensoes fase-fase formam um triangulo que representa um caminho fechado, a
sua soma e zero, mesmo para sistemas desbalanceados; isto e,
e de maneira analoga,
Van + Vbn + Vcn = 0
A diferenca de potencial entre os pontos neutros do gerador e da carga (gura A.1) e
Vn VN = VnN = 0.
As correntes de linha podem ser obtidas aplicando-se a lei da tensoes de Kirchho e supondo
que a impedancia de cada ramo da carga conectada em Y e ZY = ZY , o que resulta em
Van Vf 00
Ia = = = IL
ZY ZY
Vbn Vf 1200
Ib = = = IL 1200
ZY ZY
Vcn Vf + 1200
Ic = = = IL + 1200
ZY ZY
Vf
onde IL = e a magnitude da corrente de linha.
ZY
As correntes de linha do sistema trifasico mostrado na gura A.1 sao iguais em magnitude
e defasadas de 1200 e por isso tambem sao balanceadas. A corrente no neutro e dada por
In = Ia + Ib + Ic
Sa = Van Ia
= Vf IL
Sb = Vbn Ib
= Vf 1200 IL 1200 +
= Vf IL
Sc = Vcn Ic
= Vf + 1200 IL 1200 +
= Vf IL
180 Apendice A: Sistemas Trifasicos
+ + Ic
Vcn Van
Ia Z
- -
Z Z
-
Vbn
+ Ib
S3 = Sa + Sb + Sc
= 3Vf IL
VL
= 3 IL
3
e portanto
S3 = 3VL IL (A.2)
Carga conectada em
A gura A.2 mostra um sistema trifasico, com a fonte conectada em Y e a carga conectada em
. A carga e representada por uma impedancia Z = Z . Adotando-se a mesma sequencia
de fases (positiva) e o mesmo fasor de referencia angular (Van ) do caso anterior, as correntes
em cada ramo da conexao sao dadas por
Vab 3Vf 300
Iab = =
Z Z
Vbc 3Vf 900
Ibc = =
Z Z
Vca 3Vf 1500
Ica = =
Z Z
As correntes de linha sao equilibradas e podem ser determinadas atraves da aplicacao da lei
das correntes de Kirchho; isto e,
Ia = Iab Ica = 3If
Ib = Ibc Iab = 3If 1200
Ic = Ica Ibc = 3If 2400
ou, alternativamente,
Ia = 3Iab 300
Ib = 3Ibc 300 (A.3)
Ic = 3Ica 300
Portanto, para uma carga balanceada conectada em e suprida com tensoes trifasicas
balanceadas em sequencia de fase positiva,
a magnitude das correntes de linha e igual a 3 vezes a magnitude das correntes nos
ramos da conexao ;
os fasores correntes de linha estao atrasados de 300 em relacao aos fasores correspondentes
as correntes nas fases do .
No caso da carga equilibrada conectada em , a potencia complexa em cada fase e dada por
S3 = Sa + Sb + Sc
= 3Vf IL
VL
= 3 IL
3
e portanto
S3 = 3VL IL
que e a mesma representada pela Eq. (A.2).
182 Apendice A: Sistemas Trifasicos
Ex. A.1 Um alimentador trifasico, operando na tensao de 380 V, supre uma carga balanceada
conectada em , constituda por tres impedancias iguais a 24 + j18 /fase. A linha que conecta
a fonte e a carga tem uma impedancia igual a Zl = 0, 087 + j0, 996 /fase. Adote o fasor tensao
Vab como referencia, a sequencia de fases positiva (abc) e determine:
3. as potencias complexas absorvida pela carga e fornecida pela fonte, a perda de potencia
ativa e reativa no sistema de transmissao;
8. a compensacao reativa necessaria para tornar o fator de potencia da carga 0,9 atrasado;
A.3 Exerccios
A.1 Um alternador trifasico com valores de placa 25 kVA, 380 volts, 60 Hz opera sob condicoes
balanceadas, suprindo uma corrente de linha de 20A por fase, com fator de potencia 0,8 atrasado
e tensao nominal.
2. Qual o fator de potencia da carga total e da fonte sob essa condicao de operacao?
A.3 Tres impedancias iguais a 30300 , conectadas em , sao supridas por uma fonte
de tensao trifasica balanceada de 220 V, atraves de tres condutores identicos com impedancia
0,8+j0,6 por fase.
2. Calcule a potencia complexa total fornecida pela fonte e as perdas de potencia nas linhas
de transmissao;
A.4 Num sistema trifasico balanceado, dois geradores suprem uma carga atraves de duas linhas
de transmissao. A carga absorve 30 kW a um fator de potencia 0,8 atrasado. As impedancias
das linhas de transmissao entre os geradores G1 e G2 e a carga sao respectivamente 1,4+j1,6
/fase e 0,8+j1,0 /fase. Se o gerador G1 supre 15 Kw a um fator de potencia 0,8 atrasado e
a uma tensao de 460 V, determine:
A.5 Os terminais de uma fonte trifasica sao denotados por a, b e c. Entre qualquer par de
terminais um voltmetro mede 115 V. Um resistor de 100 e uma reatancia capacitiva de 100
na frequencia da fonte estao conectados em serie de a para b, com o resistor conectado em a.
O ponto de conexao desses elementos entre si e denotado por n. Determine geometricamente a
leitura do voltmetro entre os terminais c e n, nas sequencias de fase positiva (abc) e negativa
(acb).
184 Apendice A: Sistemas Trifasicos
A.6 Determine a corrente fornecida por uma linha de transmissao trifasica, com impedancia
igual a 0,3+j1,0 /fase, a um motor trifasico de 15 HP, operando a plena carga, com 90 %
de rendimento, fator de potencia de 80 % em atraso e tensao de 440 V. Calcule a magnitude
da tensao e a potencia complexa na entrada da linha de transmissao, e a potencia complexa
absorvida pela mesma. (1 HP(horse power) = 745,7 watts.)
A.7 Uma carga equilibrada, composta de resistencias de 15 /fase, esta em paralelo com
uma carga Y equilibrada com impedancia de 8+j6 /fase. O sistema de transmissao que conecta
as cargas a uma fonte trifasica de 110 V e constitudo por linhas de transmissao com impedancia
de 2+j5 /fase. Determinar a corrente absorvida da fonte, a tensao de linha no ponto corre-
spondente a combinacao das cargas e a potencia complexa total (com o respectivo fator de
potencia) fornecida pelo gerador.
A.8 Uma planta industrial necessita instalar um compressor para recalcar agua de um poco
semi-artesiano. O compressor e alimentado por uma linha trifasica, conectada no secundario
do transformador da subestacao de suprimento local. A tensao no secundario do transformador
trifasico e de 220 V, a corrente absorvida pelo motor do compressor e de 100 A, com fator de
potencia 0,7 indutivo, e a linha trifasica tem uma impedancia de 0,1 +j 0,05 /fase. Determine:
1. os fasores das tensoes de fase e de linha no motor e no secundario do transformador;
2. as potencias ativa e reativa absorvidas pelo motor do compressor e fornecidas pelo se-
cundario do transformador;
3. a capacidade de um banco trifasico de capacitores que deve ser ligado em paralelo com o
motor do compressor a fim de que o conjunto trabalhe com fator de potencia 0,9 indutivo;
4. as potencias ativa e reativa fornecidas pelo secundario do transformador, nas condicoes de
operacao do item anterior, supondo que tensao no conjunto compensacao-carga permanece
constante.
A.9 Uma carga trifasica absorve 250 kW com um fator de potencia de 0,707 em atraso atraves
de uma linha de transmissao trifasica de 400 V. Esta carga esta conectada em paralelo com um
banco trifasico de capacitores de 60 kVar. Determinar a corrente total fornecida pela fonte e o
fator de potencia resultante. Repita estes calculos excluindo o banco de capacitores e compare
os valores da corrente fornecida pela fonte.
A.10 Um motor trifasico absorve 20 kVA com fator de potencia de 0,707 em atraso, de uma
fonte de 220 V. Especifique os valores nominais (em kVar) de um banco trifasico de capacitores,
necessario para elevar o fator de potencia do conjunto carga-banco a 0,90 em atraso. Determine
a corrente de linha antes e depois da adicao do banco de capacitores, supondo que a magnitude
da tensao da fonte permanece constante.
A.11 Um motor de inducao trifasico requer 6 kW com o fator de potencia 0,8 em atraso.
Determinar os valores de um banco de capacitores conectados em Y de forma a produzir um
fator de potencia unitario no sistema, quando colocado em paralelo com o motor, num sistema
balanceado de 250 V e frequencia de 60 Hz.
A.12 Um sistema trifasico balanceado de 450 V alimenta duas cargas conectadas em paralelo.
A primeira esta conectada em Y e possui uma impedancia de 20-j10 /fase enquanto a segunda
esta ligada em e possui impedancia de 15+j30 /fase. Determinar a corrente de linha, a
potencia fornecida a cada carga e os fatores de potencia individual e do conjunto de cargas.
EEL-UFSC 185
A.13 Uma carga balanceada em e alimentada por um sistema trifasico de 240 V. A corrente
de linha e 10 A. Um wattmetro com sua bobina de corrente em uma linha e sua bobina de tensao
entre as outras duas linhas registra a potencia de 1500 W. Determinar a impedancia da carga.
A.14 Duas cargas trifasicas associadas em paralelo sao supridas por uma fonte atraves de um
sistema de transmissao de impedancia igual a 0,1+j1,0 /fase. A primeira carga e um motor
de 7,5 kW, fornecendo a sua potencia nominal, numa tensao de 440 V, com rendimento de 90%
e fator de potencia 0,8 em atraso. A segunda carga e representada por tres impedancias de
20,0+j50,0 , conectadas em . Calcular:
A.15 Um gerador trifasico operando na tensao de 380 volts supre, atraves de uma linha de
transmissao com impedancia 0,1 + j1,0 /fase, uma carga trifasica que absorve uma corrente
de 50 Amperes com fator de potencia 0,8 em atraso. Supondo sequencia de fases positiva e
tomando o fasor tensao fase-neutro na fase a da carga como referencia, determinar:
3. a impedancia por fase de uma conexao , que associada em paralelo com a carga torna
unitario o fator de potencia desta;
A.16 Duas cargas trifasicas conectadas em paralelo sao supridas por um gerador sncrono, com
bobinas da armadura conectadas em Y e reatancia sncrona de 0,5 /fase, atraves de uma linha
de transmissao de impedancia 0,5 + j0,5 /fase. A tensao interna do gerador e 380 V. A carga
1 consiste de tres impedancias de 6,0 + j9,0 conectadas em e a carga 2 e composta de tres
admitancias de 0,12+j0,16 S conectadas em Y. Supondo sequencia de fases positiva e adotando
o fasor tensao Vab como referencia, determinar:
4. o fator de potencia com que opera cada uma das cargas, a carga total e o gerador sncrono;
A.17 Num sistema trifasico, um gerador sncrono com valores de placa: 200 MVA, 16 kV,
bobinas da armadura conectadas em Y com reatancia sncrona de 3 /fase e fator de potencia 0,8
atrasado, supre uma carga trifasica, na tensao nominal, atraves de um sistema de transmissao
de impedancia desprezvel. A carga consome 100 MVA com fator de potencia 0,8 em avanco.
Adotando a sequencia de fases positiva e o fasor Van como referencia, calcular:
[4] J. D. Glover, M. Sarma, Power System Analysis and Design, PWS Publishers - Boston, 1994.
[5] R. D. Shultz, R. A. Smith, Introduction to Electric Power Engineering, John Wiley and
Sons, 1987.