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1º Seminário - Historia Da Osteopatia

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A osteopatia:
Uma medicina holstica
O homem faz parte integrante do cosmos, que um todo indivisvel. O universo tem as
suas prprias leis imutveis, seus ciclos, seus ritmos. No crer nestes princpios seria de
uma grande pretenso desafiando o Criador. Lutar contra eles, lutar contra o universo.
ir de em contra, inclusivamente da vida e at da morte.

A modernizao e o progresso afastaram o homem da natureza. Afastou-o do


Universo e, desta forma, perdeu a sua participao inconsciente nestes fenmenos. A. T.
Still no parou, nas suas diferentes declaraes e obras de reconciliar o homem com a
natureza. A sua meta re-harmonizar estes elementos com o cosmos. A medicina
aloptica no parou de dividir o homem, de fraccion-lo, de cort-lo em pedacinhos.
Vamos consultar um ORL, um gastrenterologista, um cardiologista, etc., mas a viso do
homem no seu conjunto desapareceu.
Quantos terapeutas tentam encontrar uma relao entre um rgo e a projeco
cutnea desse mesmo rgo? Por exemplo, um tnis elbow pode vir de um problema
de cotovelo, mas igualmente de um problema da cervical ou tambm de um problema
de intestino.
Isto demonstra a interaco de todos os constituintes do corpo, uns em relao
aos outros. O osteopata atravs da sua gesto e das suas tcnicas tem por objectivo re-
harmonizar todos estes ritmos e leis. Desencadeia reflexos distncia para que o corpo
inteiro reaja a todos estes estmulos.

A. HISTRIA

A origem das manipulaes das articulaes perde-se na noite dos tempos.


Graas escrita, so reveladas as primeiras provas da existncia das manipulaes. Os
primeiros documentos chegam-nos do Egipto faranico. Os papiros descobertos por
Edwin Smith (5000, 4700 a.c.) e o papiro nmero 5 do Ramesseum (4150, 3560 a.c.)
so as provas. Mais tarde no tmulo de Ramss II (1298-1235), vemos as primeiras
pinturas frescas representando uma manipulao da cabea radial.
a Grcia, Hipcrates de Cos (460-370 a.c.), descreve no seu tratado de
articulaes, algumas manipulaes.
Em Roma, C. Gallien (131-201 d.c.), que era mdico do imperador, curou o
historiador Pausanias de uma neuralgia cervicobraquial manipulando as vrtebras
cervicais.
o Mdio Oriente, Avicena (980-1037) descreve as citicas no quarto livro de
seu Canon, cujas bases nascem da medicina Hipocrtica.
A Idade Mdia um perodo sem transformaes neste domnio. No faz mais
que recolher as doutrinas da antiguidade grega transmitida atravs de uma rede de
tradues mediante a medicina rabe. preciso esperar pelo IV conclio de Letrn em
1215, que por infelicidade separou a medicina da cirurgia. A cirurgia deixada aos
barbeiros, ao passo que as manipulaes so deixadas aos curandeiros.

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Em Espanha, Lus de Mercado, que era titular duma ctedra na faculdade de
medicina de Valladolid em 1572, foi o primeiro universitrio a utilizar e a ensinar as
manipulaes. Lamentava muito que as terapias manuais no fossem utilizadas pelos
mdicos. Ele utilizava tambm as manobras Hipocrticas de reduo por presso directa
sob traco.
Em toda a Europa, o Renascimento, faz aparecer numerosos curandeiros.
o Mundo.
o sc. XV, o Doutor Miguel Len Portilla fez o relato das manipulaes
realizadas pelos aztecas.
a Polinsia, o navegador Cook foi tratado em 1768 de dores na coluna por
indgenas.
No sc. XIX, em Inglaterra, o Doutor Harrison aprendeu dos Bone Setters as
manipulaes.
a Sucia, na mesma poca, produziu-se uma importante corrente graas a Per
Enrik Ling e aos seus alunos Stafer e Brandt. Fizeram uma sntese das manipulaes
orgnicas e tentaram introduzir o mtodo na prtica mdica.
Em 1850 Lucas Championniere escreveu esta famosa frase: O movimento a
vida.
Nos E.U., mais ou menos na mesma poca duas grandes correntes apareceram
um dia: a osteopatia e a quiroprtica.
Estava em revoluo o mundo das teorias da medicina, cuja polmica no est
todavia terminada.
Andrew Taylor Still, pai da osteopatia e David Palmer, pai da quiroprtica.

B. QUEM A. T. STILL?

Andrew Taylor Still nasceu a 6 de Agosto de 1829


em Jonesborough, na Virgnia. Seu pai, Abram, era mdico
e pastor metodista. Iniciou-o muito jovem na medicina. A
vida dos pioneiros do Middle West, f-lo viver duramente
entre os ndios e a natureza, facto que o marcar em todas
as suas concepes (Foto 1).
Muito jovem, Andrew sofria de enxaquecas e
nuseas, que aliviava apoiando a nuca numa corda tensa
entre duas rvores. Ainda jovem empreende estudos de
medicina em Kansas City, no Collage of Physicians and
Surgeons (Missouri). Participa na guerra de Sucesso como
mdico-cirurgio. neste perodo que Still se insurge ante
a sua impotncia mdica, para aliviar os feridos. Depois da
guerra decide voltar a estudar anatomia e fisiologia, para tentar compreender melhor o
corpo humano. Tinha adquirido a convico de que a absoro de medicamentos
apresentava inconvenientes para os seus pacientes.
Surge um drama, que ser o detonador e modificar para sempre o seu conceito.
Em 1864, uma epidemia de meningite cerebroespinal causou estragos. Andrew
Still perde vrios pacientes e trs dos seus filhos.

Nota que todos eles apresentam importantes dores dorsais. Em 22 de Junho de


1874, cura a um menino que sofria uma disenteria hemorrgica. Comprova que o

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abdmen est frio, enquanto a parte baixa das costas est muito quente. Compreende
que as contracturas das costas esto relacionadas com um mau funcionamento do
intestino. Ento mobiliza o menino e no dia seguinte a me, maravilhada, anuncia a Still
que o seu filho est curado.
Era a primeira vez que punha em prtica as suas observaes e trabalhos
anteriores. Decide ento estudar anatomia na prtica clnica e no nos livros, que no
tinham j nada que ensinar-lhe. Deduz:

O papel da circulao do sangue.


O papel da unidade do corpo.
O papel das fixaes.

A sua reputao cresce rapidamente. Em 1892, funda The American School of


Osteopathy en Kirsville, escola que existe actualmente. Cria um doutoramento em
medicina osteoptica, para diferencia-lo do doutoramento em medicina aloptica.
Resume o seu pensamento em trs obras.
Escreve em 1899: Phylosophy of osteopathy.
Em 1908: Autobiography.
Em 1910: Osteopathy research and practice.
Mas os trabalhos e a fama de Still incomodam o corpo mdico e surgem
problemas.
Em 1917 a American Medicine Association (criada em 1850) ope-se
participao dos osteopatas na cura dos feridos de guerra. Vivos protestos e peties
fazem com que o presidente Roosevelt intervenha e tome partido pela osteopatia.
Em 1917 Andrew Still morre com 90 anos. A corrente osteoptica segue. Os
colgios de osteopatia multiplicam-se. A segunda gerao de osteopatas toma relevo.
o caso de Littlejohn que criou em Inglaterra a primeira escola de osteopatia. John
Littlejohn nasceu em Glasgow em 1865, onde faz os seus estudos de medicina. Emigra
para os Estados Unidos e consulta Still. O seu tratamento impressiona-o e decide
aprender osteopatia. Obteve em 1900 o seu D. O. e funda uma escola em Chicago. Volta
a Inglaterra e funda, em 1917, em Londres o clebre colgio britnico BSO, (British
School of Osteopathy). Este ltimo conta actualmente com 400 alunos e uma centena de
professores. A sua clnica recebe 1.000 pacientes por semana. Esta escola patrocinada
por HRH, a princesa Ana de Inglaterra. Actualmente a escola de onde emana toda a
osteopatia europeia.
Nasce uma nova corrente de osteopatia na mesma poca, graas a William
Garner Sutherland. o pai da terapia sacro-craniana. Foi igualmente aluno de Still em
1895.
Descobriu a existncia de um movimento desconhecido at ento. Este
movimento tem a sua origem no crebro e chamou-lhe Movimento Respiratrio
Primrio, CRI (Craneal Rythmic Impulse). Estudou as suturas dos ossos do crnio
durante trinta anos para poder formular com exactido os seus diagnsticos e
tratamentos.
Actualmente, outros osteopatas aprofundam as tcnicas e fundamento cientfico
da osteopatia com o fim de evitar o empirismo e formular as bases cientficas
indispensveis. H que citar a Werhman, Jones, Mitchell, Brooks, Frymann, Magoun,
Becker, o fisilogo I. Koor, Fryette, Hoover, Upledger, etc.

Actualmente existe uma quantidade de escolas, mais ou menos srias, atravs da


Europa. A esperana da livre circulao de diplomados em 1992 far, talvez como na

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E.U., que a osteopatia seja reconhecida na Europa, com o fim de que os cidados
europeus possam desfrutar dos benefcios desta medicina.

C. A QUIROPRTICA
A quiroprtica um mtodo paralelo que nasce quase na mesma poca que a
osteopatia. Compem-se igualmente de uma tcnica e de uma filosofia. Foi criada por
David Daniel Palmer (1845-1913), em 1895. Palmer era magnetizador. Conheceu a
fama depois de ter devolvido a audio a Harvey Liliard, que ficou surdo depois de um
traumatismo cervical. um dos seus pacientes, Samuel H. Weed, quem lhe d o nome
de quiroprtica. Em 1897 Palmer abre a sua primeira escola em Davenport. Em 1910
Palmer escreve Chiropractor adjuster, base da sua concepo.
Em 1904 o seu filho Barlett reabre a sua escola e chama-lhe Palmer School of
Chiropractic. Actualmente existe uma quinzena de escolas nos E.U., que formam os
quiroprticos em quatro anos de estudos. Por outro lado, existem escolas no Reino
Unido, assim como em Frana.
Os princpios da quiroprtica repousam sobre a teoria de que o homem uma
mquina movida por uma fora natural chamada Innate Intelligence, que percorre
todo o corpo atravs do sistema nervoso. A distribuio deste fluxo pode ser perturbada
por bloqueios vertebrais, que tm um papel primordial na etiologia das doenas e
representam, inclusivamente, a causa nica do desencadeamento das doenas.
Na quiroprtica opem-se duas correntes.
Uma considera que todas as doenas derivam da afectao do occipcio e do
atlas. Este movimento minoritrio. chamado HIO (Hole In One).
A outra, maioritria, afirma que na articulao sacro ilaca onde se situa a
nica causa das perturbaes patolgicas.
Actualmente, estas duas teorias esto quase abandonadas.
A maioria dos quiroprticos modernos tentam integrar a sua arte nos
conhecimentos cientficos de hoje em dia.

D. DEFI(IO DE OSTEOPATIA
Como em todas as terapias, impe-se uma ou vrias definies, com a finalidade
de falar a mesma linguagem: citaremos apenas as principais.

A. PARA A ASSOCIAO AMERICA(A DE OSTEOPATIA

A osteopatia o sistema de cura que pe a sua nfase principal sobre a


integridade estrutural do corpo. Esta integridade estrutural o factor mais importante a
manter. Rege a boa sade do organismo e evita a doena.

B. PARA O COMIT AMERICA(O DA TERMI(OLOGIA OSTEOPTICA

A osteopatia uma escola de medicina baseada na teoria de que o corpo um


organismo vital onde a estrutura e a funo esto coordenadas. A doena uma
perverso de uma e de outra, enquanto a terapia uma restaurao manipuladora destas
anomalias.

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C. PARA C.H. DOW(I(G

A osteopatia uma filosofia de medicina (curativa) que possui um sistema


completo de terapias. O tratamento baseado em todas as condies anormais do corpo,
sobre as leis naturais e os princpios vitais que regem a vida. Quer dizer, o ajuste de
todas estas foras vitais do corpo quer sejam fsicas, qumicas ou mentais.

D. PARA FRYETTE

Toda a leso ou subluxao de uma articulao, uma composio de todas as


variaes de leses, individuais ou agrupadas. Esto engendradas por um factor,
mecnico ou no, que causa ou predispe a doena que o paciente sofre nesse momento.
Estes factores podem variar de um corpo para o outro. Cada indivduo nasce
com a sua capacidade individual de levar em si todos estes factores. Em relao aos
aspectos bioqumicos ou psquicos, so secundrios.

E. PARA M. C. CO((EL

Uma leso vertebral uma inverso ou uma perverso da estrutura que acusa e
mantm uma disfuno, ou seja por presso, por tenso ou os dois ao mesmo tempo.

E. PRI(CPIOS DA OSTEOPATIA
Em 1899 e 1901 Still escreveu os seus dois livros principais Phylosophy of
Osteopathy e Osteopathy Research and Practice. Nas suas obras de referncia, A.
Still faz uma sntese de todas as suas observaes e da sua prtica, plasma quatro
grandes princpios sobre os quais se baseia a medicina osteoptica.

A. A estrutura governa a funo


B. A unidade do corpo
C. A autocura
D. A lei da artria

A. PRIMEIRO PRI(CPIO: A ESTRUTURA GOVER(A A FU(O


Para A. Still, a estrutura representa as diferentes partes do corpo. O ser humano
considerado como um todo unido e indivisvel. Estas estruturas so os ossos, os
msculos, as fscias, as vsceras, as glndulas, a pele, etc.
A funo a actividade de cada uma destas partes, tais como a funo
respiratria, a funo cardaca, a funo digestiva, etc.

A doena no se pode desenvolver se a estrutura est em harmonia, portanto, a


desordem da estrutura produz a origem das doenas.
Esta relao de estrutura e funo aplica-se a todos os elementos do corpo.

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B. SEGU(DO PRI(CPIO: A U(IDADE DO CORPO

O corpo humano tem a faculdade de encontrar ou reencontrar o seu equilbrio


(fsico, bioqumico, mental, etc.). aquilo a que chamamos homeostasia. A. Still situa
esta unidade ao nvel do sistema miofascioesqueltico. Este sistema susceptvel de
guardar na memria os traumatismos sofridos.
No ouvido interno, esto os condutos semicirculares que condicionam o nosso
equilbrio, este ltimo encarrega-se obrigatoriamente de que o plano dos olhos seja
sempre horizontal, em qualquer posio da coluna vertebral.
Tomemos como exemplo uma pessoa que recebeu um golpe lateral esquerdo na
cabea (uma bolada); depois deste golpe, o corpo vai-se adaptar a este novo estado. Vai
compensar este ltimo ao nvel da coluna vertebral com a finalidade de manter sempre a
linha dos olhos na horizontal.
Vai-se criar uma escoliose de compensao de convexidade direita a nvel
dorsal e convexidade esquerda lombar. A plvis seguir a escoliose e colocar-se- em
adaptao sacro ilaca posterior direita. Encontraremos ento uma perna direita mais
curta. O sujeito coxear e poder ter mltiplas dores, consequncia do seu problema
cervical inicial.

C. TERCEIRO PRI(CPIO: A AUTOCURA

A. Still afirma que o corpo capaz de se auto curar. O corpo tem em si mesmo
todos os meios necessrios para eliminar ou reprimir as doenas. Isto , a condio de
que os seus meios sejam livres de funcionar correctamente. Quer dizer, que no h
obstculos sobre os condutos nervosos, linfticos, vasculares, com a finalidade de que a
nutrio celular e a eliminao dos resduos se cumpram correctamente.
Acusados de heresias, h um sculo, os princpios de Still confirmam-se
pouco a pouco. O princpio das defesas naturais do organismo v-se confirmado dia a
dia, pela investigao da imunologia, da bioqumica, da fisiologia

D. QUARTO PRI(CPIO: A REGRA DA ARTRIA ABSOLUTA

Para Still, o sangue o meio de transporte de todos os elementos que permitem


assegurar uma imunidade natural, por tanto, de lutar contra as enfermidades.
Quando a circulao do sangue se efectua normalmente, a enfermidade no se
pode desenvolver.
O papel da artria primordial. A sua perturbao levar a m circulao
arterial; como consequncia o retorno venoso ser mais lento e provocar paralisaes
venosas, portanto acumulao de toxinas.
Como exemplo uma leso osteoptica de grupo que afecte as vrtebras D4-D5-
D6.

Estas vrtebras correspondem ao estmago, as consequncias sero as seguintes:


O sangue arterial chegar com mais dificuldade ao estmago
O fluxo nervoso estar diminudo
O retorno venoso ser mais lento
Igualmente o retorno linftico

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No entanto, o estmago no est ainda muito doente, funciona com mais
dificuldade, ento vulnervel.
A enfermidade instala-se sempre sobre o rgo debilitado. a lei do mnimo
esforo. Basta um stress importante para que o estmago no possa responder
correctamente. Ento o sujeito ter uma gastrite, ou um princpio de lcera de estmago.

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(oes de biomecnica

I. BIOMEC(ICA DA RQUIS
Este captulo por opo extremamente simplificado. O objectivo deste curso
no uma abordagem exaustiva de biomecnica, mas sim dar algumas noes bsicas,
indispensveis para a compreenso do nosso trabalho.
A rquis dever conciliar os imperativos mecnicos contraditrios. A rigidez e a
flexibilidade.
A rigidez possvel graas sua estrutura rodeada de reforos: as fscias, os
msculos, os ligamentos, as aponeuroses. Esta qualidade mecnica permite ao homem
estar de p.
A flexibilidade possvel graas a ser constituda por numerosas peas
sobrepostas.

A rquis deve cumprir trs funes:

Uma funo esttica adjudicada aos corpos vertebrais e aos discos.


Uma funo cintica atribuda ao arco posterior (articulaes
interapofisarias, apfises transversas, apfises espinhosas).
Uma funo de proteco desempenhada pelo conduto medular.

A. FU(O ESTTICA DA RQUIS

Os corpos vertebrais aumentam progressivamente de volume da C3 L5.


Possuem uma forma em cunha, assim como os discos, o que determina as curvaturas
raquidianas.
A nvel lombar, acima da curvatura est situada a L3. Na posio vertical, a
linha de gravidade desce desde a cabea e passa ao nvel da face anterior da C6-C7 e
L3-L4. O corpo vertebral, assim como o disco, esto feitos para resistir presso,
podem suportar uma presso de 600 Kg.
Os discos tm um papel de amortecedores de choques e da presso. A resistncia
presso segue um eixo central passando pela parede posterior dos corpos vertebrais.
Este eixo bordeia o ligamento comum vertebral posterior.
A altura dos discos varia em funo do nvel vertebral, segundo o peso que
devem suportar:
A nvel cervical, 3 mm.
A nvel torcico, 5 mm.
A nvel lombar, 9 mm.

Os discos, pela sua elasticidade, so suficientes para dirigir as curvaturas raquidianas


nas mudanas de posio, por um mecanismo passivo. O disco suporta melhor a
compresso que a traco. A parte anterior do disco resiste melhor compresso que a
parte posterior.

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Caractersticas de algumas vrtebras:

a) D 12: a vrtebra de charneira dorsolombar.

A sua metade superior anatmica e fisiologicamente torcica.


A sua metade inferior anatmica e fisiologicamente lombar.

Chamada vrtebra diafragmtica. O Dr. Delmas compara-a a uma vrtebra rtula do


eixo vertebral.

b) L 3:
a nica vrtebra cujos pratos so paralelos. a base que suporta a
totalidade da rquis.
L 3 tem um papel de relevo muscular entre o ilaco e a rquis torcica.
a primeira vrtebra verdadeiramente mvel da rquis lombar. Isto explica
a frequncia de leses na L 3.

B. FU(O CI(TICA DA RQUIS LOMBAR

O tipo de movimento e a amplitude de movimento de cada vrtebra so


determinados pela orientao das superfcies de deslizamento das apfises articulares
posteriores. Estas ltimas no esto feitas para suportar o peso do corpo; no entanto, o
peso suportado pelas apfises articulares lombares proporcionalmente mais importante
que em outros nveis.
Enquanto o corpo vertebral e o disco no absorvem mais as foras de presso, as
patologias chamadas artroses aparecero a nvel das apfises articulares posteriores.
O tratamento osteoptico ter ento como meta diminuir as foras de presso,
libertando os espasmos dos msculos monoarticulares lordosantes e devolvendo
mobilidade unio articular lesionada e tambm aos espaos supra e subjacentes, com a
finalidade de permitir a sua adaptao.
Cada vrtebra comporta-se como uma alavanca de inter-apoio, as vrtebras
lombares caracterizam-se pelo volume das apfises transversas e das espinhosas, assim
como a conformao das apfises articulares posteriores.

As apfises articulares posteriores tm um papel mecnico de topo que


limita a lateroflexo, que no ultrapassa os 20.
As apfises articulares inscrevem-se num crculo cujo centro est ao nvel
da espinhosa. Esta situao permite a rotao que est muito limitada pela
tenso dos discos; de tal maneira que a rotao no ultrapassa os 5.
A conformao em cilindro oco das apfises articulares superiores, nas
quais deslizam verticalmente o cilindro cheio das articulaes inferiores,
favorece a flexo e a extenso que o maior movimento a nvel lombar
(30). O movimento controlado pelo ligamento supraespinhoso.
Em flexo, o bocejo articular inferior importante e simtrico.
Na extenso, o bocejo articular superior mnimo.
ota: Nos movimentos de lateroflexo e de rotao das apfises articulares
posteriores da concavidade jogam o papel de eixo, enquanto as de convexidade
separam-se e asseguram a amplitude do movimento.

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L4-L5-S1 so os nveis mais mveis em flexo e extenso. O espao menos
mvel em lateroflexo L5-S1, mas o espao mais mvel em rotao.

C. FU(O DE PROTECO

O conjunto da rquis tem um papel fundamental de proteco da espinal medula,


graas ao conduto raquidiano, e s suas razes raquidianas, que saem por buracos de
conjuno intervertebrais.

1. O conduto raquidiano (Fig. 1)

um tnel osteofibroso que se abre


at acima pelo buraco occipital para ir ao
crnio, e para baixo continua pelo conduto
sacro.
O seu dimetro varia segundo os
nveis vertebrais.

Largo no segmento cervical e


lombar
Estreito no segmento torcico.

Est limitado:

Pela frente: pela face posterior dos corpos vertebrais, e dois discos
recobertos pelo ligamento vertebral comum posterior.
Por trs: pelas lminas e o ligamento amarelo.
Lateralmente: situam-se os pedculos interrompidos pelo buraco de
conjuno.

A medula termina ao nvel de L2, continua com o rabo-de-cavalo. A espinal


medula est protegida do contacto do canal raquidiano por capas menngeas, das quais a
mais externa forma o saco dural que termina a nvel da segunda pea sacra. Nos
movimentos de flexo, a medula alarga-se e encolhe-se nos movimentos de extenso.

2. O buraco de conjuno

Permite a comunicao entre o canal raquidiano e o corpo.

Contm:

Os nervos raquidianos e suas capas.


Tecido conjuntivo
Tecido adiposo
O peristio
Vasos sanguneos

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Est limitado:

Acima e abaixo pelos pedculos das duas vrtebras supra e subjacente.


At atrs pelas apfises articulares das duas vrtebras supra e subjacente.
A frente pela face posterior do disco intervertebral.

A sua forma e a sua orientao so muito variveis segundo os espaos


vertebrais:

A nvel cervical: so quadrilteros e giram para fora e para a frente.


A nvel torcico: tem forma de vrgula e rodam para fora.
A nvel lombar: tem forma de orelha e rodam para fora.
A nvel do sacro: transformam-se em canais sseos.

Leso osteoptica e buraco de conjuno.

Uma irritao a nvel do buraco de conjuno pode perturbar a excitabilidade e a


condutibilidade dos neurnios. Esta irritao pode ser:

Uma hrnia discal


Uma deformao mecnica (artrose)
Uma ligeira presso ter os mesmos efeitos:
 Inflamao
 Edema
Tenses da dura-mter.

A perturbao pode dar-se sobre os msculos ou pode provocar dores de


topografia radicular. Na sada do buraco de conjuno, o nervo raquidiano emite uma
colateral que recebe um filete vegetativo. O nervo sinus vertebral de Luschka que
enerva as cpsulas articulares, e atravessa o buraco de conjuno para enervar:

O canal raquidiano
A dura-mter e os ligamentos periarticulares

O sujeito pode apresentar ento um quadro clnico de tipo lumbago.

II. BIOMEC(ICA OSTEOPTICA DA RQUIS

O corpo humano percorrido a nvel da coluna vertebral por vrias linhas de


fora, determinando a esttica e o equilbrio vertebral.

A. AS LI(HAS DE FORA

Existem trs linhas de foras principais que so:

1. A linha anteroposterior
2. A linha posteroanterior
3. A linha de gravidade

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1. A linha anteroposterior (Fig. 2)

A linha anteroposterior tem origem a


nvel do Foramen mgnum da parte anterior do
buraco occipital, passa atravs dos corpos D 11-
D 12, atravessa a parte posterior das articulaes
L 4-L 5 e o corpo de S 1. Termina em cima do
cccix.

O seu papel : dar uma unidade


mecnica espinal.

As vrtebras D 11-D12:

So os suportes da parte
anteroposterior do corpo. um ponto mximo da
resistncia mecnica na perda das curvaturas
normais da coluna vertebral.
Tambm so os centros dos
movimentos de lateralidade, de torso e de
rotao do tronco.
So importantes nas curvaturas vertebrais.
Condicionam as posturas dando prioridade a um lado do corpo em relao
ao outro.

A linha anteroposterior a placa giratria do movimento vertebral.

2. A linha posteroanterior (Fig. 3)

A linha posteroanterior tem origem no bordo


posterior do buraco occipital, passa pelo bordo
anterior de L 2-L 3. Termina dividindo-se nos
acetbulos.

O seu papel :
Completar a linha anteroposterior:

 Representa uma linha de


presso que une a articulao occipitoatlantoidea D
2 e segunda costela para manter a integridade da
tenso da nuca.
 Refora o suporte
abdominoplvico.
 Dirige as presses directas
de L 2-L 3 at as cabeas
femorais.

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Manter:
 A tenso do pescoo ao tronco.
 A coordenao das pernas com as presses intra-torcicas e
intra-abdominais que opem os movimentos dos msculos e
das pernas tenso dos msculos abdominais e dos rgos
plvicos.

A resultante das linhas ntero-posterior e posteroanterior atravessa o corpo de L


3 que , portanto, o centro de gravidade da coluna vertebral.

3. A linha de gravidade (Fig. 5)

Tem a sua origem no tero posterior do crnio passa a


nvel da apfise odontide, das apfises transversas de C3, C4,
C5, C6, e frente de D4, atravs dos corpos de L1, L2, L3, L4, do
promontrio sacro. Divide-se em dois medialmente atravs da
anca e dos joelhos, para terminar na articulao
astragaloescafoidea.
O centro de gravidade a resultante das foras de tenso
do conjunto do corpo.

B. OS POLGO(OS DE FORAS (Fig. 6)

Se traamos uma linha entre o bordo anterior do foramen


mgnum e a parte de cima do cccix, observamos que esta linha
est equilibrada entre duas linhas estendidas desde o bordo
posterior do foramen mgnum e que terminam nos acetbulos.
Observamos que estas linhas se cruzam frente de D4, e
formam acima o tringulo superior e abaixo o tringulo inferior.

O seu papel :

Representar uma tenso articular

O ponto de cruz e os pontos de terminao so articulaes livres.

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Os dois tringulos giram volta da linha gravitatria com um ponto de contacto
D3-D4 terceira costela que o vrtice dos tringulos.
Todas as tores do tronco superior ou inferior e uma circulao anormal nas
cavidades (intra-torcica e intra-abdominal) repercutiro a nvel da terceira costela.
Se um tringulo se move para um lado, o outro para compensar estar obrigado a
mover-se no sentido oposto para respeitar o equilbrio.

1. O tringulo superior (Fig. 7)

A sua base uma estrutura articular, em relao com


a ponta do buraco occipital. A cabea est colocada sobre a
base e a sua terminao situa-se a nvel de D3-D4 e da
terceira costela.
D4 o ponto terminal das presses vertebrais e das
tores, nos movimentos da cabea.
o ponto mais importante do controlo e da
coordenao respiratria.

2. O tringulo inferior (Fig. 7)

A sua base situa-se na pbis. O seu papel manter a


tenso abdominal.

Os lados do tringulo so mveis e elsticos. A sua


terminao situa-se a nvel da L3.
Os outros dois lados situam-se a nvel das articulaes coxofemorais.
Portanto, L3 uma rtula (como se disse precedentemente), assim como as
articulaes coxofemorais.

III. OS PIVS
Os pivs osteopticos so vrtebras sobre as quais gira uma estrutura constituda
por um arco.
Corresponde s vrtebras C2, C5, D3, D4, quarta costela, D9, L3.

O papel dos pivs:

Muito brevemente:

C2: Dirige o occipcio e o atlas


C5: o ponto mximo de rotao
D4: o ponto de tenso e o centro de posterioridade da coluna.
D9: Tem uma importncia mecnica e visceral. um piv do arco C7, D8-D10,
cccix.

14
L3: a compreenso mxima dos blocos torcico e plvico associado tenso
vsceral.
L5: Responde ao equilbrio da plvis.
Os pontos dbeis da chave da abbada:
C7: o ponto de stress mximo da coluna
D4: a chave da abbada do arco C7-D8.
D9: um piv inter-arcos. um ponto de estiramento entre o bloco torcico
costal e o bloco abdominal e plvico.

Os arcos: um arco est constitudo por dois pontos de apoio distais associados a
uma chave de abbada segurando o conjunto. um conjunto mecnico rgido ou
pseudorgido de tenso.

Existem dois arcos fundamentais:

Um de C7 a D8
Outro de D10 ao cccix
E trs arcos duplos:

C5 a D4
D5 a L2
L3 ao cccix
Estes arcos duplos tm como ponto de apoio distantes dois pivs
precedentemente citados.
Os arcos: so umas curvas cncavas mantidas por umas cordas, o que produz
um conjunto flexvel.

Existem dois:

Um anterior, constitudo pela parte dorsal e sacra. Estes arcos so as


curvaturas primrias, rgidas ou pseudo rgidas.
Outro posterior, constitudo pela parte cervical e lombar so as curvaturas
secundrias, flexveis.

IV. GE(ERALIDADES SOBRE AS DISFU(ES

SOMTICAS VERTEBRAIS

Como toda a arte, a osteopatia possui as suas tcnicas baseando-se sobre


axiomas precisos. necessrio falar a mesma linguagem. Esta linguagem tem um
vocabulrio com definies precisas para qualificar as leses e os seus diferentes tipos.
A terminologia mais usada a de Fryette, modificada no ltimo congresso de
osteopatia em 1984. a que utilizaremos.

15
A. A POSIO (EUTRA: EASY FLEXIO( (EF)

A vrtebra est em posio de repouso, o peso do tronco pousando sobre o corpo


da vrtebra e sobre o disco intervertebral. As apfises podem mover-se em todas as
direces. As facetas articulares esto numa posio neutra e paralelas entre si.

B. A FLEXO (F)

A flexo aproximao das duas extremidades de um arco. Quando o tronco


est flexionado para a frente, est em flexo. Para duas vrtebras adjacentes, a flexo a
separao das duas apfises espinhosas. Quando uma vrtebra se pe em flexo, as
apfises articulares separam-se ao mximo. Neste movimento a vrtebra superior
desliza para a frente (Fig. 8).

O centro do movimento o ncleo.


A espinhosa anterior e separada da
espinhosa subjacente.
As facetas articulares separam-se.
H deslizamento divergente no plano
sagital.
O ncleo desloca-se para trs.

O movimento est limitado pela tenso


cpsuloligamentar e pelo ligamento comum vertebral
posterior, mas sobretudo, pelos ligamentos inter-
espinhosos e supra-espinhosos. Estes ligamentos permitem diminuir as presses intra-
discais na flexo, quando posto em tenso evita o esmagamento do disco.

C. A EXTE(SO (E)

A extenso o afastamento de duas extremidades de um arco. Para duas


vrtebras adjacentes, a extenso a aproximao de duas apfises espinhosas ou o
acavalar destas (Fig. 9).
Neste movimento a vrtebra superior
desliza para trs:
O centro do movimento o ncleo
A espinhosa posterior e aproxima-
se da espinhosa subjacente
As facetas interligam-se, h um
deslizamento convergente no plano sagital
O ncleo desloca-se para a frente.

O movimento est limitado pelas tenses


capsulares, pelo ligamento comum vertebral
anterior, e, sobretudo, pelo choque das
espinhosas.

16
D. A ROTAO (R)

A rotao o movimento ao redor de um eixo que passa pelo centro do corpo


vertebral, sempre indicado pela posio da face anterior do corpo da vrtebra (Fig.
10).
Neste movimento a vrtebra superior gira:

A transversa do lado da rotao posterior


A espinhosa desloca-se para o lado oposto
da rotao.

 Produz-se um deslizamento
diferencial sobre as faces, articulares, uma face desliza
para a frente, enquanto a outra desliza para trs.

A altura global do disco diminui, h


cinzelamento a nvel do anel, a presso sobre o ncleo
aumenta.

O movimento limitado pelas fibras do disco, pelas apfises articulares


posteriores e pelos ligamentos inter-transversos.

E. A LATERO-FLEXO (S)

A latero-flexo chamada S (abreviatura de Side-bending). A flexo lateral


a posio da vrtebra numa flexo para a direita ou para a esquerda do eixo mdio do
corpo. Neste movimento a vrtebra superior inclina-se lateralmente (Fig. 11):

O centro do movimento est


situado ao nvel da espinhosa.
A apfise transversa aproxima-
se da apfise transversa da vrtebra
subjacente do lado da latero-flexo e afasta-se
da transversa subjacente do lado oposto
latero-flexo.
A face articular do lado da
latero-flexo est sobreposta (estado de
extenso) e separada no lado oposto latero-
flexo (estado de flexo).

O deslizamento das faces produz-se no plano frontal. O movimento est limitado


pela tenso do ligamento inter-transverso.

17
V. MOBILIDADE ARTICULAR E LESO OSTEOPTICA

A. A COLU(A LOMBAR
A forma da coluna lombar permite:

Movimentos simples:
 Extenso (45), flexo (50), latero-flexo (20)
 Rotao (5)

Movimentos compostos:
 Extenso, rotao, latero-flexo.
 Flexo extenso neutra, latero-flexo, rotao
 Flexo externa, rotao, latero-flexo.

B. A COLU(A TORCICA
A natureza da regio torcica permite:

Movimentos simples:
 Extenso (40), flexo (30), rotao (35).

Movimentos compostos:
 Extenso, rotao (30), latero-flexo (30)
 Flexo extenso neutra, latero-flexo, rotao.
 Flexo, rotao, latero-flexo.

C. A COLU(A CERVICAL

Movimentos fisiolgicos na regio cervical:

Movimentos simples:
 Extenso (80), flexo (70), rotao (50).

Movimentos compostos:
 Flexo, rotao (70), latero-flexo (45).
 Extenso, rotao, latero-flexo.
 Flexo extenso, latero-flexo, rotao (para occipcio-
atlas).
D. O SACRO

Fisiologicamente o sacro faz parte da coluna lombar:

Movimentos simples:
 Extenso, flexo, rotao, latero-flexo.

Movimentos compostos:
18
 Flexo, latero-flexo, rotao.
 Extenso, rotao, latero-flexo.

Os movimentos esto modificados pelos seguintes factores:

O peso, a carga
A orientao das facetas articulares
A forma dos corpos vertebrais, as tenses dos msculos, das aponeuroses e
dos ligamentos.

A partir de todos estes elementos, foram codificadas possibilidades de leses dos


conjuntos articulares vertebrais.

1. A leso aguda apresenta

Uma apario brusca.


Uma dor aguda
Um aumento da temperatura local
Um espasmo protector, um edema
Uma dor transmitida pelos nervos
Um congestionamento do sinovial

2. A leso crnica apresenta

Uma vascularizao diminuda


Um espessamento do sinovial
Uma degenerao fibrosa dos msculos e dos ligamentos
Uma hiper convergncia das facetas articulares
Uma acidificao do pH (- de 7)

A leso pode ser:

Primria:
a leso que aparece cronologicamente, a primeira. Quase
sempre traumtica.
No est forosamente na coluna vertebral

Secundria:
uma leso de compensao.
Pode provocar uma patologia nos tecidos moles, nos rgos, ou
nas estruturas articulares.

Una leso vertebral caracteriza-se por:

Uma perda ou restrio de movimentos


Uma sensibilidade, um espasmo volta da articulao afectada
Uma desorganizao da vascularizao

19
E. A LESO OSTEOPTICA

Uma leso osteoptica corresponde a um ajustamento defeituoso da estrutura


que actua como uma causa primitiva ou uma causa agravada de uma desordem ou de
uma enfermidade (Burton).

Uma leso vertebral caracteriza-se por:

Uma perda ou uma restrio de movimento em uma ou vrias articulaes,


geralmente no limite da flexo, da extenso ou da rotao.
Uma sensibilidade, um espasmo ou uma hipertonia dos msculos que esto
volta da zona afectada.
Uma desordem fundamental dos vasos sanguneos, dos rgos, e das
glndulas enervadas a partir do segmento lesionado.

Consequncias de uma leso osteoptica (segundo E. Mellor):

Um equilbrio venoso e arterial irregular, que causa uma acidez relativa.


Uma descida da alcalinidade, que estimula quimicamente as estruturas
coloidais, o que as faz absorver mais gua, provocando um edema celular.
Um edema caracterizado por um aumento do lquido intracelular, o que
produz um aumento da presso.
A presso causada pelo edema desorganiza a funo capilar e produz um
derrame nos tecidos, provocando uma hemorragia.
Esta exudao estranha para os tecidos e finalmente o mecanismo de
proteco provoca uma fibrose.

A leso osteoptica um factor poderoso na modificao do equilbrio normal


do sistema simptico ou parassimptico.
Existem possibilidades de leses de vrtebras agrupadas ou de leses de
vrtebras especficas.
A leso vertebral caracteriza-se por uma posio anormal de uma vrtebra sobre
outra, sendo o ponto de referncia a apfise transversa.
Ser descrita segundo a posio da apfise transversa da vrtebra no que respeita
sua posterioridade e no que respeita sua inferioridade. Uma vrtebra cujo corpo
tenha girado para a direita ser chamada: posterior e inferior direita. Tambm
podemos dizer, tendo como referncia a espinhosa: espinhosa esquerda.
E assim resumimos os termos osteopticos necessrios e suficientes.

BIOMEC(ICA VERTEBRAL SEGU(DO AS LEIS DE


FRYETTE
A. PRIMEIRA LEI DE FRYETTE: (SR

N: neutral (posio neutra entre a flexo e extenso).


S: side bending = latero-flexo
R: rotao.

20
Quando uma vrtebra ou um grupo de vrtebras est em estado easy-flexion,
para fazer uma rotao de um lado, esta vrtebra ou este grupo vertebral est obrigado a
realizar primeiro uma latero-flexo (S) do lado oposto (Fig. 12).

Estudo biomecnico da SR direita:

Primeiro lugar: a vrtebra,


estando previamente em easy-flexion, realiza
um S esquerda (latero-flexo esquerda).
Segundo lugar: este
movimento de S produz um movimento de
deslizamento lateral na convexidade formada
direita.
Terceiro lugar: h uma
rotao direita na convexidade, a espinhosa
move-se at concavidade.

a SR direita:
A vrtebra est inclinada para
a esquerda.
A transversa posterior e alta direita.
A espinhosa est desviada esquerda, o corpo vertebral roda para a
direita.
O disco est comprimido esquerda.

B. SEGU(DA LEI DE FRYETTE: ERS E FRS

ERS: extenso, rotao e inclinao lateral.


FRS: flexo, rotao e inclinao lateral.
Quando uma vrtebra ou um grupo vertebral se encontram num estado de flexo
ou de extenso, para fazer uma latero-flexo de um lado, esta vrtebra ou este grupo
vertebral obrigado a realizar primeiramente uma rotao do mesmo lado (Fig. 13).

Estudo biomecnico do ERS-FRS esquerdo:

Primeiro lugar: a vrtebra estando previamente


colocada em flexo ou bem em extenso, realiza uma rotao
esquerda.
Segundo lugar: produz-se um deslizamento lateral
na convexidade direita.
Terceiro lugar: a vrtebra realiza uma latero-flexo
(S) esquerda. A espinhosa levada para a convexidade, mas a
vrtebra roda na concavidade.

a ERS esquerda:
A vrtebra est inclinada esquerda.

21
A espinhosa est desviada direita, o corpo vertebral est rodado
esquerda.
A transversa posterior e baixa at esquerda.
A espinhosa est prxima subjacente (estar afastada no caso de FSR).
O disco e a faceta inferior esto comprimidos esquerda.

NB: no caso de FRS, produz-se um bocejo discal e uma separao da faceta do


lado da convexidade formada.

ota: possvel observar um comportamento biomecnico na primeira lei, tipo


NSR, com uma ligeira flexo ou uma muito ligeira extenso, mas sem o contacto de
apfises articulares posteriores, como o que se produz na segunda lei, ou seja, ERS-
FRS. Ento observamos movimentos em:
ESR (occipcio-atlas).
FSR.

Esta biomecnica encontra-se na escoliose.

22
3
A leso osteoptica ou disfuno somtica
L eso osteoptica ou disfuno somtica corresponde a uma disparidade
tridimensional de mobilidade de um elemento conjuntivo seja ele qual for. Esta
disfuno somtica caracteriza-se por uma restrio de mobilidade, quase sempre
dolorosa, em um ou vrios parmetros fisiolgicos de movimento.

I. COMPO(E(TE (EUROMUSCULAR DA
DISFU(O SOMTICA

A disfuno somtica est relacionada com vrios tipos de receptores:

Os receptores sensitivos cpsulo-ligamentos.


Os fusos neuro-musculares.

Est igualmente ligada aos centros medulares.

A. PAPEL DOS RECEPTORES PROPIOCEPTIVOS


CPSULO-LIGAME(TOSOS

Todo movimento intempestivo ou mal controlado pode estirar anormalmente o


sistema cpsulo-ligamentrio, e assim a origem da dor, das alteraes trficas de origem
neurovascular na mesma metmera em relao com o sistema orto-simptico: espasmos
musculares, j que as excitaes nociceptivas aumentam a descarga das motoneuronas
gamma na metmera.

B. PAPEL DOS FUSOS (EURO-MUSCULARES

Fisiologicamente, as fibras intrafusais e as fibras extrafusais contraem-se em


paralelo: no caso de disfuno somtica, as fibras intrafusais contraem-se enquanto as
fibras extrafusais se relaxam, o que impede o relaxamento dos fusos neuromusculares.
No segmento em disfuno, a actividade gamma excessiva sobre um msculo
ou sobre um grupo de msculos, porque as motoneuronas gamma descarregam
permanentemente e mantm as fibras intrafusais num estado de encurtamento crnico.

23
II. EXPLICAO (EUROFISIOLGICA DA
FIXAO DURA(TE A DISFU(O SOMTICA
VERTEBRAL
Numa brusca aproximao mecnica das inseres musculares, os fusos
neuromusculares esto relaxados. Desta forma o sistema nervoso central j no recebe
as informaes proprioceptivas dos fusos neuromusculares, e vai aumentar a frequncia
de descarga das motoneuronas gamas at que os fusos neuro-musculares enviem de
novo sinais.
A gravidade, sob a influncia dos centros labirnticos e dos msculos
antagonistas, tende a devolver ao msculo a sua longitude inicial, o que aumenta
todavia mais a descarga dos fusos neuromusculares estirados: ento o fuso
neuromuscular vai descarregar permanentemente, pois recusar deixar-se estirar: vai
resistir a todo o alargamento (Fig. 14).
O fuso nueromuscular
est em actividade,
porque est estirado
permanentemente
quando as fibras
musculares esto
relaxadas, h sempre
estiramento das fibras
intrafusais. O msculo
j no pode relaxar,
existe um espasmo
muscular que fixa a
vrtebra e impede a
mobilidade em alguns
parmetros.
A este fenmeno
neurolgico que explica
a curto prazo a fixao
articular acrescentam-
se alguns factores que
explicam, a curto prazo,
a fixao articular, dito
de outra maneira, a
cronicidade da leso:

A simpaticotonia local responsvel por um efeito esclergeno dos tecidos


(Irwin Korr): o tecido muscular torna-se fibroso, desta forma, o msculo
comea a comportar-se como um ligamento.
A leso neurovascular associada responsvel de um xtase vascular local,
e para alm de uma anoxia tisular e dores, favorece a degenerao tisular e a
formao de edema que repercute tambm sobre a mobilidade.
Do lado lesionado h um desaparecimento do movimento fisiolgico de
abrir-fechar das faces articulares posteriores, as cpsulas articulares sendo j
solicitadas em estiramento vo ter tendncia a retrair-se, formar-se-o
aderncias.

24
A. A FACILITAO MEDULAR

Existe no nvel vertebral em disfuno, um segmento medular que possui uma


receptividade excessiva s influncias nervosas, um segmento medular que est
submetido a um bombardeamento incessante de influxos nervosos que vm dos outros
segmentos medulares.
uma zona medular onde as barreiras de proteco esto diminudas, e todos os
influxos propioceptivos fisiolgicos cutneos, articulares ou viscerais mantm a
facilitao dos influxos motores dos msculos situados na mesma metmera.

ota: isto explica que se o espao medular est facilitado, favorecem-se as


disfunes dos fusos neuromusculares situados na mesma metmera.

A facilitao medular responsvel pelas modificaes da textura dos tecidos


paraespinhosos, devido a uma simpaticona local cutnea, de facilitao das mensagens
dolorosas, de uma perturbao do tono simptico que repercute sobre as secrees
glandulares e sobre a funo visceral: a sobre actividade das fibras espinotalamicas
provoca uma sobre actividade das fibras motrizes que repercute sobre o aparelho
msculo-esqueltico e visceral.
O estado de facilitao pode estender-se tambm a todas as neuronas, cujo corpo
celular est situado no segmento medular que enerva a articulao patolgica, e assim
repercutir sobre (Fig. 15):

O miotoma: cadeias lesionais


neuro-musculares
O dermatoma: dermalgias
reflexas ao nvel dos nervos sensitivos
cutneos superficiais, dores cutneas.
O esclerotoma: dores das
articulaes, dos ligamentos, dos peristeos.
O enterotoma: disfunes
neurovegetativas viscerais (Fig. 16).

O segmento vertebral que se comporta assim


a leso maior, desde um ponto de vista
neurolgico deve ser imperativamente tratado,
uma verdadeira urgncia osteoptica.
Assim, podemos encontrar, em caso de
leso maior da sexta cervical, por exemplo:
Uma dor na palpao da apfise
espinhosa de C6.
Dores (radiculalgias) dermalgias
reflexas no dermatoma C6 (parte externa do
antebrao, polegar e ndice).
Dores referidas e espasmos dos msculos situados no miotoma C6:

Deltide mdio e posterior, responsveis de uma restrio


de mobilidade do ombro.

25
Supinador largo, responsvel por uma restrio de
mobilidade do cotovelo.

Dores peristicas ao nvel da cabea radial, do bordo externo do rdio e do


polegar.

III. A LESO (EUROVASCULAR LEI DA


ARTRIA DE STILL

A facilitao medular ou a irritao mecnica dos filetes simpticos


perivasculares vo produzir alteraes vasoespsticas arteriais: ento, produz-se um
bloqueamento crtico dos vasos em caso de diminuio da presso arterial unida a um
fenmeno exterior (cansao, frio).
Esta leso circulatria pode ser causada por:

Uma leso visceral ou craniana


Uma leso msculo esqueltica.

No caso de disfuno somtica vertebral, os propioceptores ligamentrios


estimulam os gnglios latero-vertebrais: ento existe una possibilidade de repercusso
vascular em toda a metmera referida.
Os ligamentos vertebrais so reguladores da proviso sangunea muscular.
Quando o ligamento estirado por um movimento envia uma mensagem espinal
medula, que por sua vez aumenta o fluxo sanguneo para poder responder ao aumento
do gasto energtico devido contraco muscular.
A manipulao actua sobre o sistema simptico que regula a circulao
sangunea: a manipulao provoca uma congesto activa que elimina stase, e uma
estimulao medular que tende a normalizar a facilitao nervosa, portanto o tons
vasomotor (Fig. 17 e 18).

Um desequilbrio do controlo neurovegetativo.


Uma espinha irritativa.

26
IV. CO(SEQU(CIAS DA LESO (EUROVASCULAR
Cria uma fragilidade tisular acompanhada de uma anoxia, de uma isquemia, de
uma toxemia, de edema e de inflamao.
As suas consequncias so variveis em funo do tecido lesionado:

No msculo, provoca dores isqumicas referentes ao aparelho locumotor,


miosites, tendinites, uma fibrose, um mau rendimento no trabalho muscular.
Nas vsceras, provoca uma congesto, trastornos metablicos, uma alterao
da fisiologia.
Nos nervos, o edema provoca uma compresso que gera uma anoxia tisular
com uma alterao do pH; da os trastornos da conductibilidade e as
neuralgias citicas, crurais ou braquiais (Esquema 1).

Os sintomas gerados podem ser tambm tipo enxaquecas, vertigens, sndrome de


desfiladeiro escpulo torcico (primeira costela, escaleno, peitoral menor) de
acrocianose, de acroparestesias, ou de caimbras.

27
DISFUNO SOMTICA VERTEBRAL

LESO ESTIMUL. FENMENO


VISCERAL ORTOSIMPTICA EXTERIOR

ANGIOESPASMO

DIMINUIO DA PRESSO VENOSA

DILATAO CAPILAR
AUMENTO DA PERMEABILIDADE CAPILAR

EDEMA

COMPRESSO DA RAZ NERVOSA


NO BURACO DE CONJUNO

ALTERAO DO PH DO NERVO
MODIFICAO DA CONDUCTIBILIDADE NERVOSA

Etapa 1: Hipertona muscular Etapa 1: Hiperalgia


Etapa 2: Hipotona muscular Etapa 2: Hipoestesia
Etapa 3: Dficit de fuerza,
TRANSTORNOS MOTORES Etapa 3: Anestesia SENSITIVOS
TRANSTORNOS
Parlisis

V. PAPEL DAS FASCIAS (A DISFU(O


SOMTICA
O sistema fascial um tecido conjuntivo contnuo atravs do corpo: o nome da
fscia varia segundo o rgo que envolve:

Aponeurose para os msculos


Pleura para os pulmes
Pericrdio para o corao
Peritoneu, mesentrio ou epplon para as vsceras abdominais
Meninges para o sistema nervoso

28
A fscia possui um duplo papel:
Conduzir o sistema vasculonervoso ao seu destino
Servir de intermedirio entre o sistema msculo-esqueltico e o sistema
visceral

Muito enervada sensitivamente, a fscia responde traco dando origem a


influxos nociceptivos: reage s modificaes vasculares e bioqumicas.

VI. REPERCUSSES DAS DIFU(ES


SOMTICAS
A. REPERCUSSES ARTICULARS E SSEAS

A leso osteoptica provoca uma restrio de mobilidade local, que gera uma
diminuio do movimento articular (movimentos menores de deslizamentos) que
repercute sobre a mobilidade global da articulao, , portanto, imperativo do ponto de
vista mecnico restaurar este movimento articular fisiolgico.
Esta diminuio de mobilidade dever obrigatoriamente ser compensada pelos
espaos supra e subjacentes, que sero hiper solicitados, sendo um processo gerador de
artroses.

B. REPERCUSES CPSULOLIGAME(TOSAS

Vai instalar-se um edema e fibrose, limitando de maneira crnica a mobilidade


articular.

C. REPERCUSSES SOBRE A DURA MATER

A restrio de mobilidade vertebral vai transtornar o pregueamento e


despregamento da dura mater espinal, favorecendo assim as agresses fsicas nas razes
nervosas. Pode ser um factor causal importante de transtornos crnio sacrais: isto
explica a importncia da rquis cervical superior sobre a liberdade da plvis.

D. REPERCUSSES FASCIAIS

A leso vertebral pode ser causadora de trastornos perifricos no crnio, nos


membros, mediastino ou abdmen. Este processo conduz formao de cadeias
lesionais fasciais. As tenses vo atravs das fscias segundo uma organizao em
cadeia anterior, posterior ou lateral. Por exemplo, as tenses por intermdio da
aponeurose pr-vertebral, na continuao de uma disfuno somtica cervical, podem
estender-se s diferentes fscias da regio (aponeuroses cervicais mdias e superficiais,
aponeuroses de envolvimento dos diferentes msculos do tronco e do membro superior,
do tendo central at s vsceras abdominoplvicas) e realizar restries de mobilidade
dos elementos densificados sobre os quais se inserem, como a clavcula ou a mandbula.
So estas mesmas tenses faciais as que vo transtornar a funo das vsceras e
das diferentes glndulas (salivares, tirides) pelo desvio da sua vascularizao e dos
seus plexos neurovegetativos locais (Esquema 2).

29
E. REPERCUSSES MUSCULARES

Trata-se da hiperactividade gamma supra e subjacente, assim como a facilitao


medular: esta facilitao medular pode ser o ponto de partida das cadeias lesionais
neuromusculares, podendo afectar os membros.
O msculo em espasmo vai apresentar, rapidamente, uma isquemia e uma
anoxia tisular responsveis pelas dores referidas e o aparecimento de pontos gatilho
miofasciais (C.F. trabalhos de Travell).
Os efeitos da facilitao a nvel do miotoma so um aumento do tono
responsvel de um espasmo que limita as amplitudes do movimento, ao contrrio uma
hipotonia muscular.
A hiperactividade gamma de origem central favorece e mantm as leses
perifricas.
Toda a regio perifrica situada no territrio de uma metmera facilitada ser
mais propensa que outra a fazer leses mecnicas: de alguma forma o processo da
leso secundria. Esta leso secundria pode, por sua vez, ser uma fonte de irritao
para o segmento medular facilitado.
A maioria dos nervos perifricos vai, no seu trajecto pelos membros, pelos
canais osteofibrosos entre os fascculos musculares: assim um espasmo muscular pode
criar uma irritao responsvel por um aumento da excitabilidade nervosa que se
propaga para cima, at espinal medula, onde refora o arco reflexo patolgico
primrio, mas tambm para baixo: isto poderia ser uma das causas da produo de
cadeias lesionais miofasciais.
Quando, em cada sesso, voltamos a encontrar uma leso recidiva do ilaco em
posterioridade, frequentemente porque existe uma disfuno somtica da charneira
toracolombar que mantm um estado de facilitao sobre o msculo recto anterior do
abdmen homolateral. Neste caso, basta tratar a fixao toracolombar, e depois a sacro
ilaca para que a leso no se torne recidiva.
Este sistema vlido para toda a coluna vertebral, o resto do corpo e igualmente
para as vsceras.

30
Por tanto, importante conhecer os nveis de enervao muscular metamricos.
Com a continuao, basta conhecer as inseres dos diferentes msculos, assim
como os movimentos fisiolgicos que produzem, para deduzir as repercusses
biomecnicas, as leses osteopticas parietais que podem manter ou causar.

F. REPERCUSSES (ERVOSAS

Pode produzir-se uma irritao dos elementos nervosos prximos, e neuropatias


ao redor, responsveis de radiculalgias.
A leso vertebral pode engendrar uma facilitao dos influxos nervosos
sensitivo motores e neurovegetativos responsveis de transtornos da funo visceral.
A disfuno somtica vertebral pode transtornar igualmente, por um lado, a
espinal medula, e por outra, os gnglios latero-vertebrais orto-simpticos.
Em funo das vrtebras lesionadas, o espao medular correspondente ser
submetido a um bombardeio de influxos chegados da periferia. Criar-se- um grupo de
interneuronais ao nvel da substncia gelatinosa de Rolando, que vai bombardear sem
cessar os centros medulares vizinhos do corno posterior da espinal medula; por tanto,
cria-se um arco reflexo simptico patolgico que chega ao rgo correspondente.

VII. HIPOMOBILIDADE E HIPERMOBILIDADE


REACCIO(AL COMPE(SADORA
No corpo, toda a perda de mobilidade articular de um elemento faz-se em
prejuzo doutra zona que dever compensar essa falta de mobilidade com um hiper
funcionamento, uma hiper mobilidade: esta zona de hiper mobilidade pode ser supra o
subjacente fixao articular.
A zona de hiper mobilidade compensadora caracteriza-se por una hipotonia
muscular: onde se localizam as dores espontneas devido inflamao dos tecidos
periarticulares (msculos, ligamentos, cpsulas
articulares), pode causar uma irritao das
razes nervosas por culpa do edema e da anoxia
tisular. Regra geral os sinais clnicos esto
unidos zona hiper mvel, os testes de
mobilidade so negativos (Fig. 19, 20, 21, 22).

31
frequente a nvel torcico encontrar leses vertebrais em anterioridade, que
so assintomticas, mas particularmente patognicas. A causa do seu impacto sobre a
dura mater espinal (portanto sobre o mecanismo crnio-sacral), sobre a vasomotricidade
(impacto visceral), e sobretudo, porque impem uma sobre funo reaccional supra ou
subjacente que sintomtica. frequente observar una zona rgida de D1 a D5
responsvel por uma hiper mobilidade reaccional C7-D1 o C5-C6 que engendra uma
neuralgia cervicobraquial.
Estas zonas de hiper mobilidade compensatria favorecem
o aparecimento da artrose vertebral.
Por vezes o problema mais complicado, j que a hiper
mobilidade e a fixao pode existir no seio dum mesmo complexo
articular: particularmente d-se este caso a nvel vertebral, onde
podemos observar uma face articular fixada de um lado enquanto
a dor se fixa no lado oposto, por culpa da supra funo reaccional
de outra face articular.
A marcha, no caso de fixao sacro ilaca, pode ser a fonte
de hiper mobilidade reaccional lombar que favorece a
degenerao discal e as citicas (Fig. 23).

Fisiologicamente, no momento
do passo anterior para a direita, antes de
pousar o calcanhar direito sobre o solo,
a plvis desloca-se lateralmente para a
direita: o glteo mdio estabiliza
horizontalmente a plvis. O psoas ilaco
contrai-se para flectir a anca e
posterioriza a sacro ilaca direita. Do lado oposto, os msculos
espinhais contraem-se e anteriorizam a articulao sacro ilaca
esquerda: o sacro realiza, segundo Illi, um movimento de
crowl entre os ilacos durante a marcha. A rquis lombar
permanece recta (sem escoliose), sem latero-flexo. (Fig. 24).

Fixao sacro-ilaca ou coxofemoral: a rquis lombar

32
realiza uma escoliose do lado oposto fixao; isto cria uma hiper mobilidade
compensadora vertebral que provoca uma inflamao. Ento produz-se um quadro
clnico de tipo sndrome das faces, de lombalgia ou de lombocitica (Fig... 25 e 26).

VIII. PAPEL DOS TRA(STOR(OS DISCAIS


O disco intervertebral possui um papel de amortecedor e de repartidor de
presses. Com a idade, o disco desidrata, perde as suas capacidades elsticas, o ncleo
perde o seu carcter gelatinoso, as fibras do anel rareiam e debilitam-se. Ento o disco
degenera e perde altura, favorecendo, assim, o aumento das foras de presso sobre as
faces articulares posteriores, onde se vai instalar uma artrose.
Depois de um traumatismo, as fibras do anel rasgam-se permitindo a produo
de uma hrnia discal posterior.
Existem dois tipos de ruptura do anel, fissuras radiais ou fissuras concntricas.
Estas ltimas formam fendas em arco de crculo. As rupturas radiais comeam num
ncleo e estendem-se para a periferia, para a parte posterolateral do disco, podendo
realizar dois tipos de quadros clnicos:

A. UM QUADRO DE LUMBAGO

Depois de um movimento de flexo do tronco a substncia discal propulsada


para trs, o aumento de presses quando o sujeito se endireita faz com que o ncleo v
para trs, ao contacto do ligamento comum vertebral posterior ricamente enervado.
Quando o tronco est de novo recto um fragmento do ncleo fica preso para trs
provocando a dor aguda (Fig. 27).

33
. UM QUADRO DE LOMBOCITICA

A um grau superior, a matria discal pode fazer protruso no buraco de


conjuno ocasionando um edema, e uma inflamao responsvel de uma irritao da
raiz nervosa e um quadro clnico de radiculalgia. Esta hrnia discal pode ser interna ou
externa no que respeita raiz nervosa.

No caso de hrnia discal externa o paciente apresenta uma atitude antlgica


cruzada, o caso mais frequente.
No caso de hrnia discal interna, o paciente apresenta uma atitude antlgica
directa, ento o prognstico pior.

IX. LESES PRIMRIAS E ADAPTAES


Toda leso primria necessita de uma adaptao. A adaptao no necessita
sempre de um tratamento.
A leso primria sempre uma leso no-neutra, em flexo-extenso
(ERS/FRS), a adaptao supra ou subjacente sempre em posio neutra das faces, em
NSR (rotoescoliose); a lateroflexo produz-se do lado oposto rotao que se faz na
convexidade com uma posio paralela das faces articulares.
As leses no-neutras lesionam uma s vrtebra, as adaptaes neutras afectam
um grupo de vrtebras (Martindale).
Existem diferentes causas de adaptao: a rquis pode adoptar uma disfuno
somtica, uma leso discal pode resultar de uma verdadeira perna curta anatmica, ou
ser o reflexo de uma actividade antlgica.
As adaptaes diminuem a capacidade do corpo de defender-se: se no nos
adaptamos a algo, tambm no podemos adaptar-nos a outra coisa.

A adaptao uma leso dinmica reversvel.


A compensao uma adaptao fixa que necessita de um tratamento,
uma leso secundria.

As adaptaes mltiplas engendram sintomas, as leses primrias so


assintomticas (Fig. 28 e 29).

34
X. LESES (O-(EUTRAS E ADAPTAES

A. AS LEIS DE MARTI(DALE

Estas leis regem os grupos vertebrais adaptativos de uma leso no-neutra: a


vrtebra iniciadora, em leso no-neutra, permite a correco do grupo adaptativo.

No caso de leso em flexo (FRS), a iniciadora a vrtebra superior do


grupo que est fixado sobre as suas faces articulares inferiores: recolocamos
a vrtebra iniciadora no que respeita vrtebra subjacente.
Em caso de leso em extenso (ERS), o iniciador a vrtebra inferior do
grupo que est fixada sobre a sua face superior: corrigimos a vrtebra no
que respeita vrtebra supra jacente.

O resto do grupo est en leso de tipo NSR: a rotao de todo o grupo faz-se
em convexidade.

Estes grupos so os seguintes (Fig. 30):

1. C1-C2-C3.
2. C4-C5-C6
3. C7-T1-T2
4. T3-T4-T5
5. T6-T7-T8-T9
6. T10-T11-T12-L1
7. L2-L3-L4-L5

1. Grupo C1-C2-C3

Este grupo muitas vezes o resultado de uma


adaptao a uma leso craniana, e, sobretudo, a uma leso C0-
C1. O seu transtorno provoca sintomas da esfera ceflica do
tipo:
Cefaleias ou enxaquecas
Vertigens
Neuralgias de Arnold
Problemas de viso
Problemas de garganta (linfticos da esfera ceflica)

2. Grupo C4-C5-C6

O transtorno deste grupo cria problemas de tipo hipertenso arterial essencial,


algias dos membros superiores, problemas estomacais ou respiratrios (diafragma).

35
3. Grupo C7-T1-T2

O seu transtorno provoca perturbaes no sistema orto-simptico ganglionar


torcico, podendo traduzir-se por fenmenos de tipo de hipertenso arterial, de asma ou
de bronquite.
Tambm pode provocar algias do membro superior (neuralgias crvico-
braquiais) e uma perturbao dos linfticos do membro superior.

4. Grupo T3-T4-T5

O seu transtorno provoca problemas cardacos ou respiratrios, gstricos.

5. Grupo T6-T7-T8-T9

O seu transtorno responsvel por sintomas digestivos: o grupo do nervo


esplnico maior (estmago, fgado, vescula biliar, duodeno) e do plexo solar.

6. Grupo T10-T11-T12-L1

O seu transtorno provoca problemas intestinais de tipo colite ou de obstipao,


problemas urinrios (rins, urter). igualmente a zona das hemorragias ginecolgicas.

7. Grupo L2-L3-L4-L5

O seu transtorno provoca dores do membro inferior (cruralgia, citica), assim


como problemas de tipo colite (clon sigmides) ou tambm problemas ginecolgicos
(dismenorrias).
Est em relao com as disfunes dos ilacos ou do sacro.

XI. ADAPTAO E FE(ME(O LESIO(AL MUSCULAR


A adaptao vertebral pode tambm resultar de um espasmo muscular: isto
particularmente certo para o msculo psoas ilaco, que pela sua fisiologia e suas
inseres provoca una adaptao vertebral lombar de tipo escoliose (Fig. 31).

As causas dos espasmos do psoas so vrias, pode tratar-se de


una patologia renal, de uma infeco ou de una toxemia, de uma
hrnia discal lombar, de uma fixao toracolombar (facilitao
medular), de uma patologia coxofemoral.
Os msculos que procuram com maior frequncia uma
adaptao no caso de espasmo so:

36
Psoas
Quadrado lombar
Escalenos
Iliocostal
Suboccipitais (rectos posteriores maior e menor)

XII. CADEIAS LESIO(AIS ASCE(DE(TES E


DESCE(DE(TES
A. CADEIAS ASCE(DE(TES

Passivas; esto ligadas gravidade: saem dos ps propagam-se de sistema de


acomodao em sistema de acomodao: trata-se das leses vertebrais em
posterioridade (ERS).
O p possui um papel maior sobre a rquis: se o p est em leso, a plvis deve
poder adaptar-se, j que o joelho incapaz. Se a leso recente, o simples feito de tratar
o p, basta para libertar a plvis; no entanto, se a leso antiga, h que tratar o p e a
plvis com a finalidade de suprimir as adaptaes lombares e as hiper mobilidades
compensadoras.
Existe uma unio astrgalo-sacro-occipcio: esta sequncia lesionada, ligada
gravidade, concerne aos trs nicos ossos que tm um grau de liberdade puro antero-
posterior. Estes trs ossos deslocam-se simultaneamente para a frente.
Em caso de leso do par escafides-cubides, o astrgalo interioriza-se (entorse),
a plvis adapta-se por uma posio anterior da base sacra do lado homolateral e
modifica as informaes propioceptivas: ento produz-se uma adaptao miotensiva a
nvel do occipcio que se interioriza do mesmo lado.
Por tanto, em caso de leso anterior do astrgalo, necessrio libertar a base
sacro anterior e o cndilo occipital anterior.

B. CADEIA DESCE(DE(TE

Activas; tm um ponto de partida superior e esto unidas ao sistema miofascial


que cria espasmos para conservar o equilbrio geral: trata-se de leses vertebrais em
anterioridade (FRS), e da maioria das leses secundrias dos apndices.

Podem-se organizar em:

Cadeia muscular anterior


Cadeia muscular posterior
Cadeias musculares laterais

XIII. DIAG(STICO: GE(ERALIDADES


Quase sempre o motivo da consulta osteoptica uma dor localizada num stio
do aparelho locumotor, em 80% dos casos trata-se de uma dor que assenta na rquis.

37
O primeiro trabalho do osteopata consiste em eliminar as afeces que podem
necessitar de um tratamento mdico especfico ou urgente, s com a continuao
possvel considerar o tratamento osteoptico com os seus caracteres especficos.
O diagnstico osteoptico consiste em determinar qual a articulao
responsvel pelos transtornos, e no seio desta articulao qual o tecido responsvel da
dor, trata-se:
De um bloqueio articular, ou de um segmento hiper mvel?
De um disco intervertebral degenerado?
De um ligamento periarticular stressado?
De um msculo em espasmo?
De um nervo irritado?
De um angioespasmo?
Cada um destes tecidos possui uma forma de tratamento especfica. O
diagnstico osteoptico condiciona, por tanto, a eleio mais adequada da tcnica de
cura, e como consequncia o resultado teraputico.
As disfunes somticas maiores, patognicas para o sistema nervoso, sero
tratadas com prioridade: este tipo de leso osteoptica pode ser posta em evidncia pela
palpao e, sobretudo, pela kinesiologia aplicada. Estas disfunes somticas vertebrais
vo perturbar o conjunto da metmera a que pertencem.
Este diagnstico ser confirmado pela presena de uma trade sintomtica que
compreende:
Uma dermalgia reflexa que evidencia a perturbao no dermatoma.
Uma contractura muscular que se traduz pela presena de cordes milgicos
e por uma debilidade ao exame muscular correspondente ao transtorno do
miotoma.
Uma dor palpao da apfise espinhosa da vrtebra que traduz a
perturbao do esclerotoma tambm dores tenoperisticos distancia.

XIV. A(AM(ESE
A antiguidade das leses pode orientar o diagnstico at um problema crnico
de tipo degenerativo, associado quase sempre, a disfunes osteopticas locais.
As dores espontneas, no acalmadas com o repouso, e com aumento nocturno,
que aparecem em todos os movimentos da articulao, informam de uma leso
inflamatria ou infecciosa.
Toda cervicalgia associada a uma febrcula deve levar a procurar uma meningite.
Os primeiros elementos a indagar na anamnese, so os que permitam orientar-se at um
diagnstico diferencial de excluso, quer dizer, at uma contra-indicao terapia
manual (Quadros 1, 2 e 3).

38
Deve-se procurar agora, por em evidncia o tecido responsvel da dor
apresentada pelo paciente.

A. A DOR SSEA

A dor ssea precisamente, centrada sobre a vrtebra danificada: a dor surda,


contnua, aumenta com todos os movimentos.

B. A DOR DISCAL

A dor aguda, manifesta-se enquanto o peso do corpo se coloca sobre o disco


intervertebral danificado (posio sentado ou de p).
Aumenta com a anteflexo que retropulsa o disco e pe em tenso o ligamento
comum vertebral posterior, ricamente enervado.
Esta dor aparece imediatamente, sem tempo de latncia, a nvel lombar aumenta
com a tosse ou os esforos de defecao que aumentam a presso intraabdominal e
intradiscal.

C. A DOR LIGAME(TAR

Aparece numa posio mantida por muito tempo (leitura, escritura): no


imediata, sobrevm tambm ao final das amplitudes articulares. descrita quase sempre
como uma sensao de queimadura. Existem caractersticas prprias a cada ligamento
(Fig. 32):

Ligamentos inter-espinhais: dor


em barra que aumenta com a antero-flexo do
tronco ou do pescoo, podendo simular uma
radiculalgia pela dor referida que cria.
Ligamentos inter-transversos: (ou
ligamentos iliolombares): dores unilaterais
que aumentam com a lateroflexo do lado
oposto.
Cpsulas articulares posteriores:
dores unilaterais que aumentam com a latero-
flexo e rotao homolateral.

39
D. A DOR MUSCULAR

Manifesta-se no movimento, est ligada contraco muscular: o movimento


doloroso indica o msculo lesionado. O movimento oposto, que pe em tenso o
msculo, responsvel por um recuo causado pelo espasmo muscular.
Pode existir uma dor especfica e um ponto gatilho no seio do msculo (Fig. 33).

A dor de tipo isqumico, surda, difusa: aumenta


ou reproduz-se pela contraco isomtrica.

E. A DOR (ERVOSA

A dor radicular descrita como de tipo filiforme: o


paciente pode desenhar o trajecto com um dedo.
Esta dor aumenta com certos movimentos, e, s
vezes, pelo apoio sobre a apfise transversa da vrtebra
implicada.
O interrogatrio deve tambm esforar-se para pr em evidncia os hbitos
posturais do paciente no trabalho ou nas suas actividades de cio (posio profissional,
desportos praticados, jardinagem), que podem ser tambm factores agravantes, ou
factores que mantm a cronicidade do problema.

XV. EXAME (EUROLGICO


til com a finalidade de eliminar um certo nmero de patologias neurolgicas
no quadro do diagnstico diferencial em caso de radiculalgias, de cefaleias e de
enxaquecas, ou no caso de vertigens.
Consiste, no caso de radiculalgias (citicas, cruralgias, neuralgias
cervicobraquiais), em realizar um exame muscular sumrio, assim como um estudo dos
reflexos osteotendinosos.

A. O EXAME MUSCULAR

Realizado de maneira simples, comparativamente de um lado com respeito ao


outro, permite por em evidncia um dfice de fora ou uma dor contraco.

S1: trceps sural


L5: pernio, isquiotibiais
L4/L3: qudriceps
L1/L2: quadrado lombar, psoas
T6 a T12: abdominais
C8/D1: msculos da mo
C7/C8: flexores dos pulsos
C6/C5: deltides, bceps
40
C4/C3: trapzio superior
C0/C1/C2: esternocleidomastideo

B. O ESTUDO DOS REFLEXOS

Permite pr em evidncia uma arreflexia que indica um dfice motor (hrnia


discal, patologias neurolgicas perifricas) ou uma hiperreflexia que indica uma
patologia neurolgica central.
Neste caso h que investigar sistematicamente o signo de Babinsky.

L5/S1: reflexo aquiliano


L3/L4: reflexo rotuliano
C8: reflexo cbito-pronador
C7: reflexo tricipital
C6: reflexo estiloradial
C5: reflexo bicipital (Quadro 4)

No caso de cefaleias ou de
vertigens, outros testes podem ser
necessrios:
No caso de cefaleias, um
fundo de olho til para detectar uma
hipertenso intracranial. Uma
tomografia do crnio permitir eliminar
um tumor cerebral.

Em caso de vertigens, a
manobra de Dixe e Hallpike permite pr
em evidncia uma vertigem posicional
(otolgico ou vrtebro-basilar), o teste
da temperatura (instilao de gua fria
no conduto auditivo externo) permite a
procura de um nistagmo.

Quando estes diferentes testes so positivos, sistematicamente, h que pedir


exames complementares.

Nota: Nas patologias de tipo radiculalgias, igualmente til estudar a


sensibilidade cutnea nos dermatomas referidos. Atravs do teste do picar-roar
possvel pr em evidncia uma hipoestesia ou, ao contrrio, uma hiperestesia.

XVI. RADIOLOGIA
A radiologia em osteopatia tem vrias metas:

1. Procurar as contra-indicaes formais s manipulaes ++.

41
2. Procurar informaes teis ao tratamento osteoptico, quer dizer os sinais
radiolgicos que possam fazer suspeitar de uma disfuno somtica;
evitando as interpretaes fantsticas do tipo: no necessrio fazer a
radiografia. Devemos antes dizer: a radiografia no nos pode dizer ( difcil
obter informaes sobre a mobilidade articular a partir de uma imagem
esttica) (Quadro 5).

No entanto, alguns sinais


radiolgicos so fiveis; a imagem
radiolgica tem todo interesse no
caso de hrnia discal, j que pode dar
informaes importantes para as
manipulaes.

A. AS CO(TRA I(DICAES

Primeiro h que eliminar um certo nmero de afeces:

As fracturas e as entorses
Os transtornos degenerativos
As leses infecciosas e inflamatrias (Quadro 6)

Os transtornos
metablicos.

42
As metstases sseas (Quadros 7 e 8)

Encontramo-las, sobretudo, depois dos 40 anos:

Em 80% dos casos o cancro primrio mamrio, pulmonar ou da prstata.


Em 20% dos casos a localizao inicial renal, da tiride, vescula ou
digestiva.

As metteses sseas so quase sempre localizadas:

Na mandbula e na base do
crnio
Na grelha costal
Na rquis dorso lombar
Na plvis (Quadro 9)

B. RADIOLGICOS OSTEOPTICOS

Os sinais clnicos osteopticos so, sobretudo, fiveis na plvis e rquis cervical


superior.

Na plvis:

43
 O sinal do escalo, (a no concordncia da snfise pbica,
numa imagem frontal), traduz uma disfuno lio sacra,
uma rotao da asa ilaca, de um lado ou de outro.
 A inclinao da base do sacro numa imagem frontal da
plvis traduz uma disfuno do sacro (Fotos 4 e 5)

Na rquis cervical superior sobre uma placa de frente transbucal (placa boca
aberta):

 Uma diminuio do espao entre as apfises odontides do


xis e o bordo interno da massa lateral do atlas, traduz uma
leso de lateralidade do atlas, ou a adaptao terminal de
uma leso cervical mdia ou baixa (Fotos 6 e 7)
 Um deslocamento da apfise espinhosa do xis em relao
ao eixo longitudinal da apfise odontide traduz uma leso
de rotao da C2.

XVII. I(SPECO
A. EXAME ESTTICO

A inspeco pretende procurar indicaes sobre a esttica geral do paciente e


tambm sobre a patologia presente.

44
A nvel lombar una atitude antlgica em flexo, uma atitude antlgica
directa ou cruzada associada a uma inverso da curvatura lombar, faz
suspeitar de uma hrnia discal.
A nvel cervical uma atitude antlgica deve fazer prever uma hrnia discal.
Um torcicolo antlgico em latero-flexo e rotao oposta , quase sempre,
devido a uma causa traumtica ou degenerativa; no entanto, h que eliminar
uma patologia tumoral da charneira crnio cervical.

H que estudar a esttica vertebral, o porte da cabea, as curvaturas raquidianas


de frente, de costas e de perfil.
importante observar as zonas planas a nvel torcico (leses de anterioridade)
que so as mais patognicas.

B. EXAME DI(MICO

H que examinar de maneira global os movimentos do tronco, assim como da


rquis lombar, estando o sujeito em posio sentada (cervicais) ou de p (lombar e
torcico).
H que estudar os movimentos activos em:
Flexo/extenso
Latero-flexo
Rotao
Latero-flexo e rotao homolateral

Assim poderemos anotar as amplitudes restringidas, e tambm o aparecimento


de uma dor nestes diferentes movimentos ( til utilizar o grfico em estrela).

Lumbago (os movimentos livres so a extenso e


as rotaes, o movimento impossvel a flexo. A latero-
flexo dolorosa e muito limitada esquerda) (Fig. 34).

Torcicolo (os
movimentos livres so a
flexo, a latero-flexo
esquerda e a rotao
esquerda; o movimento
mais doloroso a
rotao direita, existe
igualmente um dor e uma limitao em extenso e em
latero-flexo direita) (Fig. 35).

Tambm interessa o estudo da dinmica do


movimento:

Uma quebra da curva vertebral que aparece na latero-flexo traduz uma


fixao vertebral.
Uma zona plana que aparece a nvel torcico na ante-flexo do tronco traduz
una anterioridade de duas ou trs vrtebras dorsais.

45
Um desvio da plvis na latero-flexo traduz uma fixao sacro-ilaca:
igual quando o paciente tem dificuldades para calar as meias.
Dificuldades na mudana de posio sentada para a posio de p, traduzem
um problema sacro lombar (leso vertebral ou do sacro).

XVIII. PALPAO
Pretende identificar o nvel da leso, dirige-se aos tecidos moles, pele e
msculos, assim como s articulaes: a sua meta encontrar algo diferente, uma
alterao de textura dos tecidos que esto volta da leso: quanto mais antiga a leso,
mais densos ou infiltrados esto os tecidos. Pode tratar-se de uma hipotonia ou de um
espasmo muscular, uma tenso.

A. PALPAO DO DERMATOMA

O seu objectivo pr em evidncia uma


celulalgia reflexa: esta traduz-se por espessamento e
uma dor da pele num dermatoma correspondente ao
segmento en leso. As zonas de dermalgias reflexas
esto em relao com a irritao das ramificaes
cutneas sensitivas do ramo posterior ou anterior dos
nervos raqudeos (Fig. 36).

Nas faces posterior e anterior do tronco,


as dermalgias correspondem aos dermatomas, salvo
algumas excepes: por exemplo, o ramo posterior de
T12 enerva os tegumentos sacro-ilacos, por isso uma
disfuno toracolombar puede simular una leso
lombo-sacro ou sacro-ilaca. Uma disfuno de C5-
C6 ou T1-T2 pode, da mesma maneira, ser responsvel por uma dor inter-
escapular na zona T5.
Nos membros inferiores a topografia
ligeiramente menos ntida.

Estas zonas dermlgicas procuram-se mediante a


tcnica do Pinar-rodar de Weterwald, que consiste em
agarrar entre o polegar e o indicador de cada uma das mos
uma prega de pele e fazer rodar: o teste positivo quando
pomos en evidncia una zona de pele espessa e dolorosa
com esta manobra (Fig. 37).

B. PALPAO DO MIOTOMA

Pretende por em evidncia uma hipotonia muscular


e, sobretudo, uma hipertonia, um espasmo muscular que se
evidencia por uma sensao de cordo na palpao:

46
necessrio para fazer este estudo conhecer a enervao metamrica dos msculos, a
enervao raqudea dos membros, do tronco e do pescoo.
Estes msculos so muitas vezes responsveis por dores referidas e apresentam
um ponto gatilho, cuja palpao desperta a dor que habitualmente sente o paciente.
Podem assim simular dores pseudorraqudeas nas citicas ou nas neuralgias
cervicobraquiais.

C. PALPAO DO ESCLEROTOMA

Efectua-se por presso frico que se dirige a diferentes nveis anatmicos:

A nvel das apfises articulares posteriores, onde uma dor traduz, em 98%
dos casos, uma leso em posterioridade.
A nvel das apfises espinhosas, onde uma dor traduz com segurana uma
facilitao medular e uma leso osteoptica maior (esta dor est em relao
com uma irritao do nervo sinus vertebral de Luschka responsvel pela
enervao do periostio da parte posterior da vrtebra, assim como do
ligamento inter-espinhoso).
A nvel dos membros onde uma dor traduz uma leso mecnica local, ou
uma leso metamrica (Fig. 38 e 39).

O caso mais conhecido da epicondilite de origem cervical; uma epicondilalgia


pode estar em relao com uma dor referida ao periostio consequncia de uma
disfuno somtica cervical C5-C6.
ota: a trade sintomtica que traduz uma disfuno osteoptica maior
consequncia de uma facilitao medular; compreende:

Una dermalgia reflexa no dermatoma que pertence leso.

47
Uma debilidade muscular ao teste de Kendall and Kendall, ou uma sensao
de cordo a nvel dos msculos que pertencem ao mesmo miotoma que o
nvel lesional.
Uma dor da apfise articular posterior e, sobretudo, da apfise espinhosa da
vrtebra lesionada que pertence mesma metmera.

XIX. PALPAO DI(MICA


A. OS TESTES DE MOBILIDADE

necessrio provar a mobilidade dos diferentes elementos anatmicos, para


confirmar o diagnstico e para eleger a famlia apropriada de tcnicas de tratamento.
O exame do jogo articular deve ser simples, baseado sobre a fisiologia articular e
sobre a biomecnica, e no somente sobre o olho clnico do osteopata: um teste
diagnstico simples deve levar a um acto teraputico simples. O que fundamental na
osteopatia o diagnstico e no somente o acto da manipulao: uma boa tcnica
correctamente efectuada resultante de um diagnstico impreciso no trar nenhuma
melhoria clnica duradoura.
Fisiologicamente, quando mobilizamos uma articulao, quando nos
aproximamos do final das amplitudes, a resistncia aumenta: antes de chegar barreira
anatmica numa articulao s, chegamos primeiro barreira motriz:

A barreira anatmica deve-se aos contactos sseos.


A barreira fisiolgica deve-se ao colocar em tenso os tecidos moles
(msculos, ligamentos, cpsulas articulares).

O objectivo do teste de mobilidade colocar en evidncia uma fixao articular,


uma hipomobilidade.
A sensao de barreira varia segundo a sua causa:

Se a restrio se deve a um msculo, a qualidade da resistncia ser elstica:


produz-se uma recrudescncia que vai restringir vrios graus do movimento
(barreira motriz).
Se a restrio se deve a uma face articular, o parar do movimento ser
brusco e duro, a sensao aproxima-se correspondente na barreira
anatmica, mas chegar muito mais depressa.
Se a restrio causada por um ligamento ou por um msculo fibroso, a
resistncia ser abrupta, aproxima-se da sensao correspondente barreira
fisiolgica.
Se a restrio se deve a um edema, a qualidade ser viscoelstica.

Cada uma destas causas da perda do jogo articular vai necessitar de uma tcnica
especfica. O teste de mobilidade tem muitas vezes os mesmos componentes do
movimento que as tcnicas de reduo.
O objectivo dos testes de mobilidade igualmente identificar os parmetros
dolorosos:

No caso da leso de ligamentos, a dor aparece no final da amplitude


articular, ou tambm ao voltar posio zero.
48
No caso de leso muscular, a dor aparece quase sempre no princpio do
movimento: existe um espasmo de defesa.
No caso de leso das faces articulares, a dor aparece nos movimentos de
latero-flexo e rotao homolaterais que aumentam as presses articulares.
No caso de leso discal, a dor aumentar com a compresso e aliviar-se-
com traco.

Em osteopatia utilizam-se trs tipos de testes.

Os testes fisiolgicos biomecnicos.


Os testes especficos dos diferentes componentes do jogo articular
Os testes de presses laterais contrrias

B. OS TESTES FISIOLGICOS

Consistem em executar, de maneira activa, movimentos numa direco dada,


com o fim de estudar a resposta da articulao testada: se a mobilidade fisiolgica
percebida, a articulao est livre. Por exemplo, o teste mais utilizado em osteopatia o
teste fisiolgico em latero-flexo quando a rquis est em posio neutra, ou seja, sem
flexo, nem extenso, a rotao efectua-se na convexidade, portanto a latero-flexo de
um lado acompanhada automaticamente de uma rotao do lado oposto que pode ser
palpada sem nenhum problema.
Na latero-flexo esquerda, se percebemos a posteriorizao direita da vrtebra
testada, porque est livre. Caso contrrio, est fixa.
Estes diferentes testes sero detalhados nos captulos correspondentes.

C. OS TESTES DE MOBILIDADE A(ALTICA

O objectivo destes testes estudar os diferentes parmetros do jogo articular da


articulao em questo. Para as vrtebras estes parmetros so descritos por Mennel:

Flexo/extenso
Latero-flexo
Rotao anterior
Rotao posterior
Deslizamento lateral
Deslizamento anteroposterior
Traco axial (possibilidade de decoaptao)

A restrio articular entende-se como a existncia de topo articular em um ou


em vrios destes parmetros.
As tcnicas de manipulao apontam a restaurar de uma maneira especfica os
parmetros fixados.
Para isso, utilizaremos um teste descrito por Gillet, o quick scanning, para
localizar rapidamente os espaos vertebrais fixados.
Este exame consiste em testar a possibilidade de deslizamento anterior de cada
espao vertebral, com a ajuda da mo do terapeuta colocada atrs do paciente: o seu

49
brao craniano estabiliza a cintura escapular do sujeito, enquanto a outra mo, em
pronao e em flexo das metacarpofalngicas dos dedos, realiza o teste empurrando
para a frente e aprecia a resposta elstica da coluna.
Os espaos vertebrais postos assim em evidncia sero testados em continuao
de maneira analtica.

D. OS TESTES DE PRESSO LATERAIS CO(TRRIAS

Este exame consiste em provocar uma rotao vertebral induzida por uma
presso lateral contra a apfise espinhosa da vrtebra implicada, com a ajuda do lbulo
do polegar.
Esta presso lateral, se a vrtebra
est fixa, vai provocar uma dor: na
continuao basta testar esta mesma
vrtebra no que respeita s vrtebras
supra jacentes e subjacente, com a ajuda
de uma presso sobre a apfise
espinhosa do lado oposto, com o fim de
induzir uma rotao contrria.
Perguntamos ao paciente se a dor mais
importante quando testamos a vrtebra no que respeita a supra jacente ou com respeito a
subjacente, para saber como devemos ajustar esta vrtebra (leso ascendente ou
descendente) (Fig. 40).

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