Ae Lógica
Ae Lógica
Ae Lógica
ARGUMENTATIVA DA
FILOSOFIA E A DIMENSO
DISCURSIVA DO TRABALHO
FILOSFICO
Aires Almeida
SPF e APF
Ficha tcnica
Autor: Aires Almeida, 2017
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a capital de Portugal, Mentir sempre errado, Todas as nossas aes so livres,
Os gatos so felinos. Claro que algumas destas frases podem descrever erradamente
as coisas ou estados de coisas, caso em que exprimem proposies falsas. Assim, uma
proposio a ideia, verdadeira ou falsa, expressa por uma frase declarativa.
A frase , pois, um item lingustico (formado por sons articulados ou inscries
numa superfcie), sendo a proposio o seu significado ou contedo, o qual no um
item lingustico. A frase O gato Tobias est a comer ou o desenho numa folha de
papel de um gato a comer so apenas modos de exprimir algo; neste caso, um certo
gato a comer. Caso esse gato esteja de facto a comer, a frase ser verdadeira mas o
desenho no verdadeiro nem falso apenas representa bem ou mal um gato a
comer. Alguns filsofos pensam ento que a frase s verdadeira, ao contrrio do
desenho, porque exprime uma proposio. De maneira que, deste ponto de vista,
dizer que uma frase verdadeira ou falsa apenas uma forma indireta de dizer que a
proposio por ela expressa verdadeira ou falsa.
Para tornar mais clara a diferena entre frases e proposies, basta pensar que
frases diferentes podem exprimir a mesma proposio. Por exemplo, as frases Paris
a capital da Frana, A capital da Frana Paris e Paris is the capital town of
France so todas diferentes mas dizem a mesma coisa, tm o mesmo significado: isto
, exprimem a mesma proposio. Neste caso, sabemos que aquelas trs frases
exprimem uma proposio verdadeira. Ora, as discusses filosficas geralmente no
so acerca das frases elas prprias, mas das ideias que elas veiculam e se tais ideias
so verdadeiras ou falsas.
Note-se que uma frase nunca uma proposio; apenas exprime uma
proposio se for verdadeira ou falsa. Tal como o numeral que escrevemos num papel
4, por exemplo nunca o prprio nmero quatro: apenas o exprime.
Verdade
O que se espera de uma tese que seja verdadeira. A verdade de uma tese
ou de qualquer proposio a caracterstica de ela representar adequadamente as
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coisas como elas realmente so. Caso isso no acontea, essa tese ou proposio
falsa.
Por exemplo, a proposio de que h extraterrestres s verdadeira se houver
extraterrestres, independentemente de ns sabermos que h ou no
extraterrestres. Do mesmo modo, a tese filosfica de que toda a arte representa
algo s verdadeira se no houver mesmo obras de arte que no representem
algo; caso contrrio, falsa.
Algumas proposies so verdadeiras, outras falsas (quer o saibamos quer
no); chama-se valor de verdade verdade e falsidade das proposies. As
proposies mais comuns so ou verdadeiras ou falsas, mas no as duas coisas; mas
um problema filosfico em aberto saber se h proposies sem valor de verdade, ou
simultaneamente com os dois, ou se h outros valores de verdade, alm da verdade e
da falsidade.
Argumento
frequente apresentarem-se vrios argumentos em defesa de uma dada tese.
Um argumento um conjunto varivel de proposies (ou afirmaes) articuladas
entre si, com o intuito de uma delas ser apoiada pelas outras.
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A proposio que se procura apoiar ou defender a concluso do argumento
e as que visam apoiar a concluso so as premissas do argumento. A concluso no
tem de surgir em ltimo lugar nem as premissas tm de surgir antes da concluso. O
que importa saber qual a concluso visada, e quais so as premissas usadas para
a apoiar.
Mas se precisarmos de ser completamente claros, podemos apresentar os
nossos argumentos na sua forma mais simples (a forma cannica ou tambm
forma-padro), com as premissas separadas e a concluso no fim. O nmero de
premissas de um argumento varivel, mas a concluso s uma. (Quando
encontramos vrias concluses porque estamos perante vrios argumentos
encadeados.)
comum num texto haver vrios argumentos e importante avaliar cada um
deles, pois tanto podem ser bons como maus. Para isso preciso comear por
identific-los, pois muitas vezes surgem misturados com outras informaes e
consideraes laterais.
A melhor maneira de identificar um argumento comear por identificar a sua
concluso, isto , o que se quer defender. Muitas vezes, h palavras ou expresses
indicadoras de concluso. Por exemplo, logo, portanto, consequentemente, por
isso, da que, por conseguinte, infere-se que, como tal, assim so termos que
normalmente indicam que a concluso surge imediatamente a seguir. Por sua vez,
palavras ou expresses como porque, pois, dado que, visto que, devido a, j
que, a razo que so termos que normalmente servem para apresentar razes, ou
seja, premissas.
Uma vez identificados os argumentos a favor de uma dada tese ou contra teses
rivais, ainda preciso averiguar se tais argumentos so aceitveis ou no. Isso faz-se
averiguando dois aspetos: um acerca da relao entre as premissas e a concluso e
outro acerca da credibilidade das premissas.
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Validade
O primeiro desses aspetos diz respeito validade. O que, neste caso, se procura
apurar se as premissas apoiam efetivamente a concluso. Quando as premissas
apoiam da maneira mais forte uma concluso isso significa que no h maneira de a
concluso ser falsa caso todas as premissas sejam verdadeiras; ou seja, significa que
as premissas implicam a concluso ou, para falar ainda de outra maneira, significa
que a concluso se segue logicamente das premissas. Quando isto acontece diz-se
tambm que a verdade das premissas garante a verdade da concluso. E isto que
significa dizer que um argumento vlido.
A validade , assim, uma propriedade ou caracterstica dos argumentos como
um todo, e no das premissas nem da concluso.
Para se compreender melhor a noo de validade, atente-se nos dois exemplos
seguintes:
Argumento 1
A Sofia fala francs e portuguesa. Portanto, portuguesa.
Argumento 2
A Sofia fala francs ou portuguesa. Portanto, portuguesa.
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Num argumento vlido
- impossvel todas as premissas serem verdadeiras e a concluso falsa,
simultaneamente.
- a concluso no pode ser falsa, se todas as premissas forem verdadeiras.
- a concluso tem de ser verdadeira, se todas as premissas forem
verdadeiras.
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ter. Logo, invlido. Mas se a resposta for no, no possvel aquela concluso ser
falsa, caso a premissa seja verdadeira, ento o argumento vlido.
Vejamos, ento, se o argumento 1 pode ter a premissa verdadeira e a concluso
falsa. Dado que no conhecemos a Sofia, no sabemos se a premissa verdadeira ou
falsa. Contudo, sabemos que, se ela for verdadeira (se aquela Sofia falar mesmo
francs e for portuguesa), ento a concluso ser tambm verdadeira; a falsidade da
concluso ficou excluda. Estamos, assim, em condies de afirmar que o argumento
1 vlido.
E quanto ao argumento 2? Continuamos a no saber se a premissa do
argumento verdadeira ou falsa. Porm, somos agora capazes de ver que nada
impede a concluso de ser falsa, mesmo que a premissa seja verdadeira. Basta, por
exemplo, dar-se o caso de a Sofia falar francs mas no ser portuguesa. Se for esse o
caso, ento a premissa ser na mesma verdadeira, mas a concluso ser falsa. Logo,
possvel o argumento ter a premissa verdadeira e a concluso falsa, pelo que
invlido.
Solidez
Ficmos a saber que um argumento vlido pode ter premissas falsas. Mas
apresentar argumentos com premissas falsas, mesmo que vlidos, pouco ou nada
convincente. Por isso, temos tambm de acautelar o segundo aspeto acima referido:
precisamos que, alm de vlidos, os nossos argumentos tenham efetivamente
premissas verdadeiras. Chama-se slido a um argumento vlido e com premissas
verdadeiras. A solidez inclui, pois, a validade.
A propsito da validade, perguntmos se as premissas podem ser verdadeiras
(no se elas so mesmo verdadeiras) e a concluso falsa. Mas agora precisamos que
elas sejam mesmo verdadeiras e no apenas que o possam ser.
Que as premissas possam ser verdadeiras muito diferente de elas serem
mesmo verdadeiras. A diferena entre uma proposio poder ser verdadeira e ser
efetivamente verdadeira , assim, de grande importncia.
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Ora, se queremos que os nossos argumentos sejam aceites pelos outros, no
basta que as premissas de que partimos possam ser verdadeiras; preciso que sejam
realmente verdadeiras. Ningum estar disposto a deixar-se convencer por
raciocnios corretos que partam de premissas duvidosas. Precisamos tambm que
elas sejam verdadeiras, para que os nossos argumentos sejam slidos.
No raro as premissas de um argumento serem elas prprias apoiadas por
outras razes. Nesse caso, elas so simultaneamente premissas de um argumento e
concluses de outro, podendo mesmo formar-se uma longa cadeia de argumentos que
convergem para uma concluso final. As teorias filosficas so frequentemente
formadas por encadeamentos de argumentos, em que algumas teses secundrias
convergem para apoiar a tese principal, como ilustrado no grfico seguinte:
Concluso
Premissa 1 Premissa
Concluso
Premissa 1 Premissa 2
Concluso
Premissa 1
Premissa 1
Concluso
Premissa 2 Concluso Premissa 2
Concluso Premissa
Premissa 1 Premissa 3
Concluso Premissa 2
Premissa 2
Premissa 3
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O processo argumentativo aqui esboado nem sempre transparente, pois as
teorias filosficas incluem frequentemente muitos outros aspetos: de carcter
histrico, de contextualizao filosfica, de explicitao de conceitos, de referncia a
perspetivas rivais e outros. Por outro lado, mais do que argumentar a favor de uma
tese, alguns filsofos optam antes por desenvolver modelos tericos explicativos,
procurando basear esses modelos em intuies filosficas fundamentais. Em todo o
caso, umas vezes de forma mais explcita e outras de forma meramente implcita, a
dimenso argumentativa tem sido um aspeto marcante de toda a histria da filosofia.
O QUADRADO DA OPOSIO
Uma caracterstica notria da histria da filosofia que os filsofos discordam
entre si, chegando mesmo a defender teses opostas. Muitas vezes os filsofos
defendem teses universais, como Todo o conhecimento tem origem nos nossos
sentidos ou Nenhuma ao motivada apenas pelo interesse pessoal moralmente
correta. Outros filsofos discordam, isto , negam que as coisas sejam mesmo assim,
considerando falsas essas teses. Mas no chega dizer que no se concorda. tambm
importante saber discordar, isto , saber como se nega uma dada proposio e o que
se segue da.
Por vezes, temos alguma dificuldade em saber o que se segue da negao de
uma dada tese ou proposio e no raro pensarmos que discordamos sem, afinal,
discordarmos realmente. Imaginemos, por exemplo, que o Srgio defende que alguns
doces no fazem bem sade e que a Sofia discorda. Para mostrar que a afirmao do
Srgio falsa, a Sofia alega que alguns doces fazem bem sade, e at consegue dar
vrios exemplos. Ser que a Sofia discorda mesmo do Srgio? A resposta que aquilo
que a Sofia diz no nega o que o Srgio afirma, pois pode perfeitamente ser verdadeiro
o que ambos defendem. Ora, duas afirmaes que podem ser simultaneamente
verdadeiras, nunca so a negao uma da outra. Se duas afirmaes forem a negao
uma da outra, ento no podem ter ambas o mesmo valor de verdade: a verdade de
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uma implica a falsidade da outra e vice-versa. Assim, a negao de Alguns doces no
fazem bem sade no Alguns doces fazem bem sade. Vejamos, ento, como
se negam teses ou proposies.
H vrios maneiras de classificar proposies. Uma das mais comuns tem em
conta o uso de quantificadores. Como o prprio termo indica, os quantificadores
quantificam. Por exemplo, quando falamos de portugueses, tanto podemos estar a
referir a totalidade dos portugueses ou apenas uma parte deles. Tudo depende dos
quantificadores usados. Assim, se juntarmos os termos todos ou qualquer aos
portugueses, estamos mesmo a referir a totalidade dos portugueses; mas se, em vez
disso, usarmos alguns, h, certos, muitos, estamos a referir apenas uma parte
do universo dos portugueses. No primeiro caso, usamos quantificadores universais e
no segundo usamos quantificadores particulares. Temos, neste caso, dois tipos de
proposies: as universais e as particulares, respetivamente.
Mas as proposies costumam tambm ser distinguidas pela sua qualidade, ou
seja, por afirmarem ou negarem uma dada qualidade ou predicado a um certo sujeito.
Assim, dizer que os filsofos so inteligentes atribuir aos filsofos o predicado de
ser inteligente, ao passo que dizer que os algarvios no so espanhis negar o
predicado de ser espanhol aos algarvios. Daqui resultam mais dois tipos de
proposies: as afirmativas e as negativas.
Porm, as proposies podem combinar qualidade e quantidade, o que d
origem a quatro tipos de proposies: (Tipo A) universais afirmativas; (Tipo E)
universais negativas; (Tipo I) particulares afirmativas; (Tipo O) particulares
negativas. o que se encontra no chamado quadrado da oposio seguidamente
apresentado e que foi originalmente pensado para referir coisas que realmente
existem. Assim, o quadrado da oposio funciona da maneira abaixo descrita apenas
porque no tem em conta termos vazios como marcianos, sereias, lobisomens,
pessoas com mais de 3 metros de altura, etc.
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Este quadrado permite-nos compreender melhor a relao entre esses quatro
tipos de proposies e especialmente til para aprendermos a negar proposies
quantificadas. Uma vez que j sabemos o que temos em cada uma das pontas do
quadrado, precisamos agora de interpretar corretamente as setas que se observam,
comeando pela descrio associada a cada uma.
As setas que se cruzam indicam uma relao de contraditoriedade, a qual se
verifica apenas entre proposies com diferentes quantidades e qualidades. Por sua
vez, a seta que se observa no topo do quadrado indica uma relao de contrariedade,
que se verifica apenas entre proposies universais. Por ltimo, a seta que se observa
na base do quadrado indica uma relao de subcontrariedade, que se verifica apenas
entre as proposies particulares. Mas o que so exatamente proposies
contraditrias, contrrias e subcontrrias? A resposta est na tabela seguinte.
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Tipo de relao Descrio da relao Implicaes Observaes
Posto isto, torna-se agora bastante mais fcil determinar qual a negao de
uma dada proposio. Assim, a negao de Todos os ricos so felizes no Nenhum
rico feliz mas antes a sua contraditria Alguns ricos no so felizes. E, claro, a
negao de Alguns ricos no so felizes Todos os ricos so felizes. Podemos,
ento, resumir da seguinte maneira: a negao de uma dada proposio quantificada
um proposio com os mesmos termos mas com diferente quantidade e diferente
qualidade. Isto significa, por exemplo, que se uma proposio particular afirmativa
(Tipo I), a sua negao uma universal negativa (Tipo E).
Note-se que h outros tipos de proposies que o quadrado da oposio no refere
sequer, como o caso das chamadas proposies singulares. As proposies
singulares so aquelas que dizem respeito a um s indivduo ou objeto singular, como
a prpria palavra indica. Eis alguns exemplos de proposies singulares: Fernando
Pessoa espanhol, O rio Douro no tem afluentes, A baleia um peixe. Todavia,
a negao de proposies deste tipo no levanta qualquer dificuldade: Fernando
Pessoa no espanhol, O rio Douro tem afluentes e A baleia no um peixe,
respetivamente.
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FORMAS DE INFERNCIA VLIDA
Inferir concluir a partir de algo. Assim, uma inferncia genericamente um
raciocnio ou argumento. Como tal, as inferncias tanto podem ser vlidas como
invlidas. H um nmero infinito de formas de inferncia vlidas, mas algumas
merecem uma ateno especial, por serem muito comuns na nossa argumentao.
As formas de inferncia vlida de que vamos falar aplicam-se, em grande parte
dos casos, a argumentos constitudos por proposies de tipo diferente das referidas
na seco anterior. Por isso, vamos comear por esclarecer de que tipo de proposies
estamos a falar.
Conectivas proposicionais
As proposies podem ser simples ou complexas; para os nossos propsitos
iremos considerar simples uma proposio que no contenha qualquer uma das cinco
conectivas que iremos estudar, como a conjuno (e). Assim, Marcelo Rebelo de
Sousa gosta de fado simples, ao passo que Marcelo Rebelo de Sousa gosta de fado
e de rock complexa. excepo das proposies complexas que resultam
exclusivamente da negao, todas as outras so no fundo compostas por mais de uma
proposio. Neste caso, temos duas: a expressa pela frase Marcelo Rebelo de Sousa
gosta de fado e a expressa pela frase Marcelo Rebelo de Sousa gosta de rock,
estando ambas ligadas pela conectiva e.
As conectivas so muito importantes, pois o mesmo par de proposies
simples ligadas (numa proposio complexa) por uma dada conectiva pode ter um
valor de verdade diferente do que teria se estivessem ligadas por outra conectiva
diferente. Por exemplo, A ponte da Arrbida fica em Lisboa ou no Porto
verdadeira, mas A ponte da Arrbida fica em Lisboa e no Porto falsa.
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A chamada lgica proposicional a teoria lgica que trata dos argumentos que
resultam do uso das conectivas. A maioria dos argumentos que usamos
habitualmente so deste gnero.
As conectivas so cinco: negao (no), conjuno (e), disjuno (ou),
condicional (se) e bicondicional (se e s se). A nica que no liga duas proposies
a negao, havendo por isso quem considere no se tratar de uma verdadeira
conectiva como as outras. Cada conectiva tem um smbolo prprio, como indicado no
quadro abaixo.
Uma vez que, para determinar a validade dos argumentos, o que interessa a
sua forma lgica, e no tanto o seu contedo, h vantagem em recorrer a uma
linguagem lgica diferente da linguagem natural portuguesa, de modo a representar
com clareza a estrutura dos argumentos e das proposies que os constituem. Da
que se usem tambm as letras P, Q, R, etc., para representar proposies simples
sendo, por isso, chamadas letras ou variveis proposicionais. As proposies simples
podem agora ser mais rigorosamente definidas: qualquer proposio que no
contenha qualquer ocorrncia de qualquer uma das cinco conectivas.
O quadro seguinte mostra, com exemplos, como representar a forma lgica de
proposies.
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Como se pode ver, a formalizao a representao da forma lgica de uma
proposio ou, quando o caso, de um argumento. A formalizao , assim, uma
espcie de radiografia da estrutura lgica da proposio ou do argumento, revelando
apenas o que interessa. Ao processo inverso de partir de uma frmula para
reconstrumos a proposio expressa na linguagem natural chama-se
interpretao de frmulas.
Se prestarmos ateno ao quadro anterior tambm ficamos a compreender
melhor por que razo se diz que as letras P, Q, etc., so variveis proposicionais: elas
podem representar qualquer proposio, cabendo-nos a ns estabelecer qual,
recorrendo a um dicionrio. Por sua vez, os smbolos , ,, e so constantes,
representando cada um deles sempre a mesma conectiva.
importante realar que as conectivas no representam apenas aquelas
palavras exatas, destacadas no quadro anterior, mas qualquer palavra ou expresso
que operem do mesmo modo. Assim, uma conjuno tanto pode ser expressa na
linguagem natural pela palavra e como pela palavra mas ou por expresses como
tanto... como... e outras. Eis alguns exemplos.
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Esta linguagem proposicional tem a vantagem de permitir representar
proposies bastante mais complexas. Apenas preciso recorrer aos parntesis para
representar adequadamente proposies com duas ou mais conectivas. Vejamos
alguns exemplos.
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Tabelas de verdade
Mas para que precisamos de formalizar proposies numa linguagem
simblica diferente da linguagem natural? A resposta que assim podemos calcular
de uma forma relativamente simples em que circunstncias uma dada proposio
verdadeira e em que circunstncias ela falsa. Comecemos pela mais fcil, que a
negao.
Imaginemos a frmula proposicional P, em que P significa Portugal uma
monarquia. Em que condies a frmula P verdadeira e em que condies falsa?
A tabela seguinte apresenta todas as circunstncias possveis na coluna da esquerda
e que, neste caso, so apenas duas: P verdadeira ou P falsa. Assim, quando P
verdadeira, a sua negao, P, falsa; e quando P falsa, a sua negao, P,
verdadeira, como se verifica na coluna da direita. (Note-se que este um dos aspectos
da lgica proposicional clssica, que difere de outras lgicas que aceitam que h mais
de dois valores de verdade. Muitas destas lgicas alternativas so especulativas e
polmicas.)
P P
V F
F V
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a primeira ser verdadeira e a segunda falsa, pode a primeira ser falsa e a segunda
verdadeira e podem ambas ser falsas, num total de quatro combinaes.
Na coluna da direita verificamos que, se ambas forem verdadeiras (se for
verdade que o Mnaco um estado e que tambm uma cidade), ento a conjuno
ser tambm verdadeira. E essa a nica circunstncia em que a conjuno
verdadeira: nas restantes sempre falsa.
P Q PQ
V V V
V F F
F V F
F F F
P Q PQ
V V V
V F V
F V V
F F F
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significado de ou da proposio expressa pela frase O Ricardo viveu em Braga ou
Santarm. Neste sentido da disjuno, a ideia no excluir a possibilidade de ambas
as proposies serem verdadeiras.
Contudo, usamos por vezes a mesma palavra ou para exprimir uma
disjuno exclusiva: O Ricardo nasceu em junho ou em julho exclui a possibilidade
de ele ter nascido em ambas os meses. Neste caso, a conectiva diferente, e apresenta
as seguintes condies de verdade:
P Q P Q
V V F
V F V
F V V
F F F
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P Q PQ
V V V
V F F
F V V
F F V
P Q PQ
V V V
V F F
F V F
F F V
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das proposies simples (P, Q e R) que a compem. Podemos, ento, perguntar: qual
o valor de verdade da proposio complexa se cada uma das proposies que a
compem for tambm verdadeira? Uma tabela de verdade d-nos a soluo, no s
nesse caso mas em todos os casos possveis. Vejamos a tabela, que tem agora trs
variveis, pelo que as combinaes possveis aumenta para oito, em vez de quatro.
P Q R P (Q R)
V V V V F V F F
V V F V V V V V
V F V V F F F F
V F F V F F F V
F V V F V V F F
F V F F F V V V
F F V F V F F F
F F F F V F F V
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o valor de verdade da conjuno de R, que acabmos de verificar ser falso, com Q.
Dado que na primeira linha R verdadeira, o resultado que a conjuno falsa, como
nos recordamos da tabela da conjuno. Ficamos assim a saber qual o valor de
verdade (em cada linha) do que est entre parntesis. Falta apenas uma conectiva: a
bicondicional entre P e o que est entre parntesis. Dado que P verdadeira (na
primeira linha), a bicondicional falsa, pois para ser verdadeira ambas as
componentes teriam de ter o mesmo valor de verdade e no tm.
Assim, a tabela permite-nos concluir que a proposio falsa quando cada uma
das suas componentes verdadeira. Curiosamente, se cada uma das suas
componentes for falsa, ento a proposio verdadeira, como se verifica na ltima
linha. O facto de isto poder ser surpreendente, mostra que as tabelas podem ser muito
teis, ajudando-nos a decidir que condies tm de se verificar para uma dada
afirmao ser verdadeira.
Apesar do que foi dito, a utilidade maior das tabelas revela-se quando
precisamos de testar a validade de argumentos. No estranho usar o mtodo das
tabelas de verdade para testar a validade de argumento, pois ainda que os
argumentos no sejam verdadeiros nem falsos (mas antes vlidos ou invlidos), eles
so constitudos por proposies (as premissas e a concluso), que so verdadeiras
ou falsas. Uma vez que j sabemos que um argumento vlido s no pode ter
premissas verdadeiras e concluso falsa, podemos ento colocar lado a lado as tabelas
de verdade das premissas e a da concluso, de modo a ver se alguma vez se verifica
aquelas serem verdadeiras e esta falsa. Se tal acontecer uma vez que seja, ficamos a
saber que o argumento invlido.
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Para determinar se vlido ou no comeamos por representar a forma lgica
de cada uma das proposies, depois de explicitar um dicionrio:
O que fazemos agora uma sequncia de tabelas de verdade, uma para cada
premissa e outra para a concluso, a que se chama tambm inspetor de
circunstncias:
P Q PQ P Q
V V V F V
V F V F F
F V V V V
F F F V F
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Se Deus existe, a vida faz sentido.
Porm, Deus no existe.
Logo, a vida no faz sentido.
Usando o mesmo dicionrio que usmos antes, a forma lgica deste argumento a
seguinte:
PQ
P
Q
P Q PQ P Q
V V V F F
V F F F V
F V V V F
F F V V V
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reconhecveis. Trata-se de formas argumentativas em que a verdade das premissas,
sejam elas quais forem, garante a verdade da concluso.
PQ
Se Deus existir, a vida tem sentido. Ora, Deus existe.
Modus ponens P
Logo, a vida tem sentido.
Q
PQ
Se Deus existir, a vida tem sentido. Dado que a vida no tem
Modus tollens Q
sentido, segue-se que Deus no existe.
P
PQ
Silogismo Deus existe ou a vida absurda. Ora, Deus no existe. Da que
P
disjuntivo a vida seja absurda.
Q
PQ
Silogismo Se a arte agrada, ento bela. Se bela, tem valor. Logo, se a
QR
hipottico arte agrada, tem valor.
PR
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Porm, precisamos de estar atentos, pois h padres ou formas
argumentativas que se assemelham a algumas das anteriores e que podem, por isso,
levar-nos ao engano. Os argumentos que tm tais formas so falaciosos.
PQ
Falcia da afirmao da Se Deus existir, a vida tem sentido. Dado que a vida
Q
consequente tem sentido, segue-se que Deus existe.
P
PQ
Falcia da negao da Se Deus existir, a vida tem sentido. Dado que Deus
P
antecedente no existe, segue-se que a vida no tem sentido.
Q
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TIPOS DE ARGUMENTOS E FALCIAS INFORMAIS
Indutivos
Argumentos
no Por analogia
dedutivos
De autoridade
Generalizao
precipitada
Amostra no
representativa
Lgica informal
Falsa analogia
Apelo ilegtimo
autoridade
Apelo
ignorncia
Falso dilema
Falcias
informais Falsa relao
causal
Boneco de
palha
Derrapagem
Petio de
princpio
Ad hominem
Ad populum
29
Quando um argumento dedutivamente vlido, impossvel que tenha
conjuntamente premissas verdadeiras e concluso falsa. Mas quando um argumento
no-dedutivamente vlido, no impossvel que tenha premissas verdadeiras e
concluso falsa: apenas improvvel. A diferena que a validade dedutiva exclui a
possibilidade de a concluso ser falsa se as premissas forem verdadeiras. A validade
no-dedutiva no exclui esta possibilidade, mas torna-a improvvel. Eis um exemplo
da diferena entre a impossibilidade e a improbabilidade: no impossvel que uma
pessoa ganhe dez vezes seguidas o primeiro prmio do Euromilhes, mas
muitssimo improvvel. Do mesmo modo, no impossvel que as premissas de um
bom argumento no-dedutivo sejam verdadeiras e a sua concluso seja falsa, mas
muito improvvel. Por isso, h quem considere ser mais adequado falar de fora em
vez de validade para os argumentos no dedutivos, sejam eles generalizaes e
previses indutivas, argumentos por analogia ou argumentos de autoridade.
A lgica formal adequada para captar a validade dedutiva quando esta
resulta da forma lgica dos argumentos. Contudo, no caso dos argumentos no-
dedutivos, a validade no resulta da forma lgica. Por isso, no temos uma lgica
formal para este tipo de argumentos: com a mesma forma lgica tanto podemos ter
argumentos indutivos bons como maus. Apesar disso, dispomos de alguns critrios
informais que ajudam a avaliar argumentos no-dedutivos.
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Critrios de avaliao Exemplos Violao do critrio
Os x tm as propriedades A, B, C, D.
Os y, tal como os x, tm as propriedades A, B, C, D.
Os x tm ainda a propriedade E.
Logo, os y tm tambm a propriedade E.
Os x so E.
Os y so como os x.
Logo, os y so E.
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Os relgios so criados por algum inteligente.
A Natureza como os relgios.
Logo, a Natureza criada por algum inteligente.
Argumentos de autoridade
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Os argumentos de autoridade so muito comuns porque a maior parte do que
sabemos obtido por meio de outras pessoas, nomeadamente os especialistas das
diversas reas: estamos convencidos que devemos tomar certos medicamentos
quando estamos doentes porque o medico nos disse para os tomar; evitamos comer
certos alimentos porque o nutricionista diz que devmos evit-los; aceitamos que
uma certa ponte seja encerrada para obras porque o engenheiro inspetor diz que deve
ser encerrada; acreditamos que uma a gua constituda por H2O apenas porque os
cientistas o afirmam, e no porque ela o tenha verificado pessoalmente; e, claro,
acreditamos que os salrios na Dinamarca so, em mdia, mais elevados do que em
Portugal porque lemos isso numa publicao de referncia ou porque algum amigo
nosso l viveu e nos contou tal coisa. assim, que obtemos vrias informaes
corretas sobre coisas banais, e no vamos verific-las todas.
Mas, apesar de grande parte dos argumentos de autoridade serem bons, eles
tambm so frequentemente utilizados de forma abusiva. Como distinguimos um uso
correto de um uso incorreto dos argumentos de autoridade? Eis quatro critrios:
Falcia do apelo
A autoridade invocada
Invocar Einstein para defender ideias sobre ilegtimo
tem de ser realmente
2 fsica (mas no sobre economia, dado no ser autoridade
uma autoridade na
conhecido como economista). (autoridade no
rea.
reconhecida)
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Se invocada a opinio de um investigador
ambiental sobre o efeito de uma dada indstria,
ele no dever trabalhar para as empresas da Falcia do apelo
A autoridade invocada
rea nem suas concorrentes. (Por sua vez, no ilegtimo
no deve ter fortes
4 aceitvel um eventual argumento dos autoridade
interesses pessoais ou
mecnicos de automveis com o intuito de nos (falta de
de classe no assunto.
convencer que nenhum carro seguro se no imparcialidade)
for obrigatoriamente oficina uma vez por
trimestre).
FALCIAS INFORMAIS
Como vimos, uma falcia formal uma deduo invlida que parece vlida.
Mas h tambm as informais. Uma falcia informal um erro de argumentao que
no depende da forma lgica do argumento, o que significa que, com a mesma forma
tanto pode haver argumentos bons como argumentos maus. Temos, por isso, de olhar
para outros aspetos como o prprio contedo do que se afirma.
Algumas falcias informais foram apresentadas na seco anterior,
nomeadamente aquelas que constituem violaes diretas dos critrios de avaliao
dos diferentes tipos de argumentos no dedutivos: as falcias indutivas da
generalizao precipitada e da amostra no representativa, a falcia da falsa analogia
e a falcia do apelo ilegtimo autoridade.
Vejamos mais algumas muito comuns.
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Apelo ignorncia
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de mostrar tal coisa, cantando sempre desafinado. Por sua vez, se o professor de
matemtica concluir que um aluno copiou no teste por este no lhe conseguir mostrar
o contrrio, ento o professor estar a argumentar falaciosamente.
Em geral, a nossa ignorncia (ou desconhecimento, ou falta de provas)
relativamente a uma coisa nada prova quanto sua existncia ou inexistncia, ou
quanto sua verdade ou falsidade. Da nossa ignorncia nada de certo legtimo
concluir, a no ser que somos falveis.
A falcia da falsa relao causal (tambm conhecida pelo seu nome latino post
hoc ergo propter hoc: depois disso; logo, causado por isso) um erro indutivo que
consiste em concluir que h uma relao de causa-efeito entre dois acontecimentos
que ocorrem sempre em simultneo ou um imediatamente aps o outro. Um exemplo
desta falcia :
O trovo ocorre sempre depois do relmpago. Logo, o trovo causado pelo relmpago.
Esta inferncia falaciosa porque no se pode excluir, por exemplo, que ambos
os eventos sejam causados por um terceiro. Neste caso, precisamente isso que
acontece: tanto o relmpago como o trovo resultam de uma descarga eltrica. Do
mesmo modo, o carteiro toca campanha da porta da Sara sempre que ela tem
correio, mas no por causa do carteiro tocar campanha que ela tem correio, mas
sim porque algum decidiu escrever-lhe. Noutras situaes, o facto de dois
acontecimentos ocorrerem sempre juntos pode ser meramente acidental, sem que
um seja causado pelo outro. Por exemplo, sempre que viaja de avio o Carlos reza e
este no cai. Contudo, isso no nos autoriza a concluir que o avio no cai por causa
da reza do Carlos.
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Petio de princpio
Sem dvida que as pessoas nunca agem de forma verdadeiramente desinteressada, pois so
todas egostas.
Falso dilema
P ou Q.
Mas no P.
Logo, Q.
Andorra um reino ou uma repblica. Dado que no uma repblica, segue-se que um reino.
A disjuno falsa porque Andorra pode no ser uma coisa nem outra,
havendo mais possibilidades: pode, por exemplo, ser um principado, como sucede na
realidade. Sempre que num argumento usamos uma disjuno entre duas coisas e
queremos concluir uma delas negando a outra, temos de garantir que no h pelo
menos uma terceira possibilidade igualmente plausvel. Quando esta existe, o
argumento no adequado porque a disjuno falsa.
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Quando o tema do argumento mais filosfico, mais fcil cair na falcia:
Derrapagem
Tambm a falcia da derrapagem (ou bola de neve) se baseia numa forma
lgica vlida:
Se P, ento Q.
Se Q, ento R.
Se R, ento S.
Logo, se P, ento S.
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Todas as condicionais usadas so aceitveis porque so ligeiramente
provveis; porm, so tambm so ligeiramente improvveis. Ora, esta
improbabilidade ligeira vai-se acumulando e, quando chegamos ltima condicional,
o resultado surpreendente.
A falcia mais difcil de ver quando o tema filosfico, como no seguinte
exemplo:
Boneco de palha
Os professores que mandam trabalhos para casa aos alunos so maus porque no querem ser
eles a ensinar as matrias nas aulas.
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Ad hominem
A pessoa a afirmou P.
Mas a no credvel.
Logo, P falso.
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Ad populum
Um ilustrao disso :
A maioria das pessoas pensa que s o que natural bom para a sade. Logo, s o que natural
bom para a sade.
O problema deste tipo de inferncia que a maioria das pessoas podem estar
simplesmente enganadas, como sempre o estiveram em muitos outros assuntos. Houve
tempos em que a maioria das pessoas pensava que a Terra era plana, que o Sol girava em
torno da Terra e tantas outras coisas falsas. A verdade ou falsidade de uma afirmao no
tem de depender da opinio das pessoas e, mesmo que dependa das opinies, seria
injustificado considerar que a opinio da minoria falsa.
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BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
Santos, Ricardo (2014). Lgica, in Galvo, Pedro (ed). A Filosofia por disciplinas.
Lisboa, Edies 70.
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